Guia de exploração - WMF Martins Fontes
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Guia de exploração - WMF Martins Fontes
Guia de exploração Para o professor SÃO PAULO 2010 Índice Bhajju Shyam, Durga Bai, Ram Singh Urveti Biografias resumidas 3 A vida secreta das árvores Sumário 4 Aplicação didática Objetivos e estímulos didáticos 5 Índia Informações sobre a Índia 8 Adivasis – habitantes originais da Índia 9 Fichas de atividades para aulas A morada do Criador 11 A noite do sembar brilhante 12 O sonho do esquilo 13 O pavão 14 Penas dançarinas 15 Serpentes 16 Mais serpentes 17 Populações autóctones 18 Técnicas de impressão 19 Encadernação 20 O teste da árvore 21 Outras publicações dos artistas e respostas 22 Guia de exploração do livro A vida secreta das árvores, de Bhajju Shyam, Durga Bai e Ram Singh Urveti, Editora WMF Martins Fontes, 2010 Autoras: Regula Rappo-Raz e Eveline Masilamani-Meyer Redação: Sonja Matheson e Marianne Gujer Editores: Baobab Fundo para o Livro Infantil e Alliance Sud Diagramação: Homberger und Minet Diagramação da edição brasileira: Moacir Katsumi Matsusaki Tradução: Gercélia Batista de Oliveira Mendes Adaptação: Monica Stahel Copyright © 2008 by Baobab Children’s Book Fund Originalmente publicado em 2008 by Baobab Children’s Book Fund, Basileia, Suíça. Bhajju Shyam – Durga Bai – Ram Singh Urveti Foto: © Sonja Matheson Bhajju Shyam nasceu em 1971, na aldeia de Patangarh, estado federado de Madhya Pradesh, região central da Índia. Quando menino, já ajudava a mãe a pintar figuras nas paredes de sua casa. De família pobre, desde cedo ele fazia pequenos trabalhos. Aos 16 anos, mudou-se para Bhopal, onde se tornou aluno de seu tio, Janghar Shyam, artista gonde já famoso na época. Bhajju Shyam foi premiado em 2001 como melhor artista autóctone da Índia, e suas obras já foram expostas na Índia e na Europa. No livro The London Jungle Book [O livro da selva londrina], por exemplo, ele representa com originalidade as experiências durante sua estada em Londres, mantendo a fidelidade à tradição visual dos gondes. Foto: © Sonja Matheson Durga Bai nasceu em 1974 na aldeia de Mandla, em Madhya Pradesh. Já aos 9 anos começou a fazer pinturas tradicionais, com tinta de argila, nas paredes das casas. Jovem, mudou-se com o marido para a cidade de Bhopal, pois seu filho estava doente e não havia possibilidade de tratamento médico no interior. Em Bhopal, começou a ilustrar histórias que ouvira da avó, utilizando como material apenas papel, lápis e pincel. Ela é uma artista gonde inovadora, cuja obra se destaca por seu estilo próprio. Além deste A vida secreta das árvores, ilustrou outros dois livros infantis, Sultana’s Dream [O sonho de Sultana] e One, Two, Tree! [Um, dois, árvore!]. Seus trabalhos já lhe valeram diversos prêmios. Foto: © zVg Ram Singh Urveti nasceu em 1970, na aldeia de Patangarh, em Madhya Pradesh. Conhecido por seu estilo delicado e detalhado, é muito valorizado por outros artistas gondes. Ao procurar trabalho na cidade, recebeu apoio de Janghar Syam. Seus primeiros desenhos em formato grande representam divindades gondes. Seus trabalhos foram essenciais para que os mitos gondes se tornassem conhecidos no mundo todo. Ram Singh Urveti foi premiado várias vezes, e em 1988 recebeu o prêmio indiano “National Art for Tribal Art”. Hoje vive em Bhopal, onde trabalha no National Museum of Mankind. Ver outras publicações dos artistas na página 22. 3 A vida secreta das árvores Sumário O nascimento de uma fruta Quando esta árvore produz seu primeiro fruto, faz-se uma cerimônia de casamento, como para seres humanos. O sonho do esquilo Um esquilo estava numa árvore, sonhando. Como seria bom transformar-se em algo que não fosse esquilo! Mas… é melhor continuar sendo um esquilo numa árvore! A árvore da música O grande Deus apareceu no sonho de um homem e disse que, para cultuá-lo, o rapaz deveria sentar-se debaixo da árvore saja e tocar música. Agora o saja é a árvore da música. Serpentes e terra A terra está contida nas curvas da deusa serpente. Se alguém quiser desenhar a terra, poderá representá-la em forma de serpente. O casamento de desejo e intoxicação O cânhamo e a árvore maurá são marido e mulher. Shan- A noite do sembar brilhante kar Bhagwan, o criador, chamou-os de ganja e maurá, câ- Um vaqueiro deu falta de uma de suas vacas. Encontrou-a nabis e álcool. na floresta, debaixo de um sembar iluminado pela luz de uma multidão de vaga-lumes. A árvore da intoxicação Os gondes fazem uma bebida alcoólica das flores do mau- Os visitantes se vão rá. Se você tomar demais, poderá mudar de forma e se À noite, os visitantes deixam o sembar. transformar em camundongo ou tigre, em porco ou pombo. A criação das árvores Flechas no sembar No tempo em que não havia cereais, as árvores é que nos Certa vez uma menina foi morta pelas flechas de seus ir- alimentavam com seus frutos. mãos mais velhos. O irmão caçula gostava muito dela e a A morada do Criador enterrou. Naquele lugar nasceu uma bela árvore. Shankar Bhagwan, o Criador, mora no pimpol. Por isso os A árvore entrelaçada gondes e os hindus veneram essa árvore. Dizem que uma casa bem construída com casca de maha- A árvore dumar lain dura cem anos. O dumar abençoa casamentos, ocasião em que sua madeira é usada para fazer o dossel nupcial. A crista da serpente O nagphani parece morder, com seus galhos cheios de es- A árvore da Deusa Serpente pinhos e suas folhas em forma de crista de serpente. A Deusa Serpente carrega o mundo na cabeça. Se alguém a perturbar, a terra será sacudida por terremotos assustadores. O khirsali envolvente A morada do bicho-da-seda Antes de ser coletado, o bicho-da-seda se aloja entre os fios que ele mesmo faz, na árvore bamur. Com o khirsali construímos cercas, telhados e portões que nos protegem. A árvore de doze cornos O pavão Às vezes uma árvore é um verdadeiro veado de doze cor- Quando o pavão dança na floresta, as árvores mudam de nos, que fica no alto de uma colina que abriga o ninho de forma, transformando-se em penas chamejantes. um pássaro. 4 Aplicação didática Objetivos O livro A vida secreta das árvores nos leva a descobrir os gondes, uma etnia dos adivasis, população autóctone da Índia. Os desenhos mostram uma coleção de árvores magníficas, que, vistas em conjunto, formam uma maravilhosa e misteriosa floresta. Para cada árvore, uma história nos incita a sonhar, a sorrir e a refletir. Uma vaca que é encontrada no meio da noite iluminada por uma multidão de vaga-lumes, serpentes que sustentam o mundo, um esquilo que reflete sobre sua identidade… artesanalmente. A partir dele, é possível abordar os diversos processos de impressão e encadernação, desde os mais rudimentares até os mais avançados. A simplicidade das instruções possibilita que os alunos façam suas próprias experiências nas aulas de trabalhos manuais e educação artística. OBJETIVOS Pretende-se que crianças e adolescentes observem as ilustrações e captem suas peculiaridades e sua qualidade artística. Pesquisando a origem dos contos e das gravuras, descobrirão os gondes e o mundo em que vivem. Os temas podem ser abordados de diversos modos e associados a diferentes áreas Por exemplo: – do ponto de vista da antropologia ou da história: quem são os gondes, onde e como vivem? O que são populações autóctones? O que são direitos humanos? Que outros povos autóctones vivem situações semelhantes às dos gondes? – do ponto de vista da mitologia: quais os animais presentes nos contos? E as árvores? Que mitos de outros povos fazem referências a esses mesmo animais e plantas? – do ponto de vista da arte e da produção gráfica: o livro A vida secreta das árvores foi criado e produzido PROJETO DE TRABALHO Os diferentes temas do livro podem ser utilizados no âmbito de um curso interdisciplinar ou de um projeto temático. Como complementação, podem ser planejados passeios a parques ou visitas a museus. Foto: © Alice Fiorilli FAIXA ETÁRIA O guia de exploração é dirigido a alunos do 4º- ao 6ºano escolar. Mulheres gondes pintando suas casas. 5 Aplicação didática Objetivos parciais Exemplo de aplicação Método Material Introdução temática Estímulo Observação do título da figura Pensamento associativo: que ideias lhes vêm à cabeça? Coleta das ideias Livro A vida secreta das árvores Mural Informações sobre a Índia Perguntas / pesquisa: o que vocês sabem sobre a Índia? Coleta de ideias Mapa do país, imagens, textos Mural Informação sobre o tema “populações autóctones” Contato com os gondes Observação do livro A vida secreta das árvores, sua criação e sua produção Livro Biografia dos artistas (p. 3) Trabalho com as ilustrações e os textos de A vida secreta das árvores Observação da estrutura do livro Pergunta: o que é uma ilustração? O que é um texto? Livro A vida secreta das árvores Ampliação do vocabulário Contato com o léxico Lista de palavras Preenchimento individual de lacunas Livro Caderno de texto Dicionário Tema: mitos da criação Compreensão de texto Leitura Desenho ilustrando as próprias ideias sobre a origem do mundo Livro: contos “A morada do Criador”, “A criação das árvores”, “A árvore da Deusa Serpente” Caderno de texto Lápis preto, lápis de cor, papel de desenho Debate sobre o tema “identidade” Complementação de texto Teatrinho: “Quem sou eu?” Escrever histórias próprias segundo o modelo Livro: conto “O sonho do esquilo” Caderno de texto Expressão corporal Tema: mitos / animais como símbolos Reflexão e discussão: características e simbologia do pavão Expressão por gestos e movimentos Eventual visita ao zoológico Livro: conto “O pavão” Caderno de texto Técnicas de desenho Tema: penas Observação e desenho segundo exemplos Observar e desenhar penas Livro: todos os contos Caderno de texto Penas de pássaros Papel de desenho, canetas hidrocor de ponta fina, aquarela 6 Objetivos parciais Método Material Tema: serpentes Pesquisa sobre serpentes daqui e de outros países Desenhar serpentes Eventual visita ao zoológico Livro: contos “A árvore da Deusa Serpente”, “Serpentes e terra” Papel de desenho, papel-jornal, lápis preto, canetas hidrográficas, aquarela Fotos e desenhos de serpentes Tema: “populações autóctones, minorias e direitos humanos” Discussão: o que são minorias, o que são direitos humanos, defesa dos direitos de diferentes grupos Eventual trabalho em grupo Caderno de texto Tiras de papel, canetas hidrográficas Técnicas de impressão Experimentar diversos processos de impressão Impressão simples de folhas, partes do próprio corpo, desenhos esculpidos em linóleo, esponja, fatias de batata, etc. Folhas secas, esponja e outros materiais Papel de desenho, papel-jornal, tintas de impressão Técnica de encadernação de livros Produzir um caderno ou um livro, eventualmente reunindo as folhas resultantes dos trabalhos desta série Fotos e documentação sobre técnicas simples de encadernação Papel, linha, cola, papelão, etc. Conclusão e outras ideias Conversa sobre as experiências com o livro Cada aluno mostra o desenho de que mais gosta Livro Compreensão de texto Teste Teste da árvore Nossa relação com a natureza / o espaço vital da floresta / as árvores na cidade Passeio por um parque: observar, tocar, desenhar árvores, inventar e dramatizar histórias, fabricar tintas naturais a partir de terra, carvão, etc. Visita a museus e exposições sobre arte e cultura de populações autóctones, etc. 7 Informações sobre a Índia U I S T Ã O ÍNDIA DÉLHI BUTÃO P A Q Délhi Nova Délhi BENGALA OCIDENTAL M A R Calcutá D A Mumbai (Bombaim) G O L F O D E Á AR R ILHAS ANDAMAN E NICOBAR Ilhas Laquedivas O C E A N O Ceilão MALDIVAS AN Ilhas Nicobar ANDAM I A DE B Ilhas Andaman M A B E N G A L A Í N D I C O INDONÉSIA Superfície: Habitantes: Capital: Produto nacional bruto: Moeda: Expectativa de vida: Línguas oficiais: Línguas faladas: Taxa de alfabetização: Religiões: 3.287.263 km2 1,1 bilhão (2007) Nova Délhi US$ 820 / habitante (2006) rúpia indiana (INR), 33 rúpias = aprox. R$ 0,40 (2009) 63,9 (homens), 66,9 (mulheres) (2005) híndi, inglês 22 línguas nacionais homens: 73%, mulheres: 48% (2001) hinduísmo: 80,5%, islamismo: 13,4%, cristianismo: 2,34% e o restante: sikhismo, budismo, jainismo, parsismo, adivasis e outras. quase só indianos; minorias do Tibete, da China e da Europa. 29% (2006) república democrática, parlamento bicameral 28 estados federados, 7 territórios da União. População: População urbana: Forma de governo: Unidades administrativas: (Fontes: Almanaque Mundial Fischer 2007; sobre a situação das crianças no mundo, UNICEF, 2006) 8 Adivasis – habitantes originais da Índia Durante mais de dois mil anos, o que hoje é a Índia era uma área em que vários soberanos reinavam sobre territórios maiores ou menores. Estratégias militares e governamentais já haviam sido descritas no século II a.C., na obra em sânscrito Arthashastra, mais recente do que os Vedas e composta por textos transmitidos pelos homens. Os Vedas contêm o conhecimento revelado pelos visionários. De 1526 a 1707 os islâmicos mogules exerciam o poder na região hoje correspondente ao Norte da Índia. Os primeiros soberanos mogules mostravam-se tolerantes com outras religiões, mas o último deles, Aurangzeb, mandou destruir templos hindus − conflito cujos efeitos se fazem sentir até os nossos dias. Na Índia, assim como em outras regiões do mundo, a designação e a classificação das populações autóctones é uma questão delicada e complexa. Há algum tempo se impôs a noção de adivasi, que engloba, no total, mais de 84 milhões de pessoas de 600 diferentes etnias. Na Índia, elas representam uma minoria que precisa lutar por seus direitos e por seu espaço vital. OS ADIVASIS – PRIMITIVOS HABITANTES DA ÍNDIA Adivasi é a autodesignação das populações autóctones do território da Índia atual. A palavra divasi compõe-se de adi = começo, início + vasi = habitante, ou seja, “habitante desde os primórdios”. Os adivasis não são um grupo populacional homogêneo, mas pertencem a diversas tribos. Os maiores grupos são os kol e os bhil, no Oeste; os gondes, os khonds, os savara e os gadaba, na Índia Central; os dafla, os naga, os khasi e os garo, no Noroeste; os oraon, os munda, os ho e os santal, no Leste; os chenchu, os sholega, os toda, os kota, os irula, os kuruba e os kadar, no Sul da Índia. Oficialmente, 8,2% das tribos autóctones da Índia são “scheduled tribes” (tribos recenseadas)1. Elas não pertencem, como os intocáveis (dalits), à sociedade indiana de castas e são excluídas de muitos meios sociais. Embora a Constituição da Índia conceda-lhes direitos de minoria, elas continuam sendo tratadas frequentemente como marginais: a maioria tem pouca educação, realiza trabalhos pesados, é explorada pelos latifundiários e praticamente não tem direitos. A grande maioria dos adivasis vive em regiões rurais e está distribuída por todo o subcontinente. Muitos praticam a agricultura, a pecuária e o artesanato, quase sempre para seu próprio sustento. Outros continuam vivendo de maneira tradicional nas florestas. Cerca de 10 milhões de adivasis emigraram para favelas urbanas, onde a maioria vive abaixo da linha de pobreza. SEM DIREITOS E SEM RECURSOS Nos últimos tempos, o boom da economia indiana vem relegando os adivasis mais ainda à marginalidade. No âmbito de grandes projetos de viabilização de zonas industriais e de regiões turísticas, os adivasis são deslocados ou expulsos de grandes áreas para dar lugar à construção de barragens, ao cultivo e exploração de matérias-primas, à instalação de indústria pesada, à construção de estradas para parques naturais e de atrações turísticas. Muitos adivasis não têm escrituras válidas de suas terras. Atualmente esperam-se mudanças com a instituição do “Forest Rights Act”, que acaba de entrar em vigor. Trata-se de uma lei que dá aos adivasis a esperança de poder manter sua vida tradicional. Mas a população da Índia cresce rapidamente e, com ela, a demanda por matéria-prima e terras. O governo indiano tem promulgado leis de proteção e realizado muitos projetos específicos para melhorar as condições de vida dos adivasis, como, por exemplo, a proibição de transferir terras adivasis para não adivasis, as reformas agrárias, a proibição de trabalhos forçados ou de comercialização de álcool nos territórios adivasis. No entanto, nem essas leis nem os programas de desenvolvimento da infraestrutura, de promoção da saúde e combate à pobreza conseguiram melhorar significativamente sua situação. As leis continuam sendo falhas, raramente são aplicadas ou passam ao largo da realidade de vida dos adivasis. 1 9 (Fonte: Censo da Índia, 2001) OS GONDES Com quatro milhões de integrantes, os gondes são um dos maiores grupos étnicos adivasis da Índia. A maior parte dos gondes vive em Madhya Pradesh e Chhattisgarh, mas também são numerosos em Andhra Pradesh e Orissa, estados federados da Índia Central. Diferenças linguísticas e culturais dão origem a subgrupos: muria, maria, raj e durve. Os gondes raj (gondes reais) são os mais próximos das tradições hindus e foram soberanos dos reinos de Garha, Deogarh e Chhindwara até o século XVII. A rainha gonde Durgavati perdeu a batalha contra Akbar em meados do século XVI. Depois disso, eles foram reiteradamente perseguidos pelos mogules ou pelos belicosos marathas de Maharashtra, acabando por se retirar para as florestas. Estreitamente ligados aos gondes, os pardhan são guardiões e cantores dos mitos gondes. Os gondes se autodenominam koitur ou koitor (homem). Sua língua, o gonde, pertence ao grupo das línguas dravidianas, do qual também fazem parte o tamil (Tamil Nadu), o malayalam (Kerala), o kannada (Karnataka) e o telunku (Andhra Pradesh). Segundo informações oficiais, no estado de Madhya Pradesh, por exemplo, 96% dos adivasis consideram-se hinduístas e 3,2% declararam-se pertencentes a “outras” religiões. Apenas 0,5% dizem-se cristãos e 0,1%, muçulmanos. la até o fim do ensino fundamental. As moradias típicas são construções simples, sustentadas por vigas de madeira. As paredes de bambus trançados são revestidas com barro e quase sempre pintadas. A cobertura é de palha ou de telhas. Quase sempre as pessoas dormem no chão, o que aliás é muito comum na Índia. A cozinha consiste num fogão rudimentar localizado num canto. Anexo à casa há um pequeno jardim. Embora a maioria dos gondes trabalhe na agricultura, eles não são proprietários da terra, apenas a cultivam. Quando têm essa possibilidade e dependem disso, procuram seu alimento na floresta. Caçam animais selvagens, coletam plantas, frutos, madeira e outros. Também podem vender na feira os produtos assim coletados. Como muitos adivasis, os gondes também veem sua existência ameaçada pelo crescente desmatamento, pelas leis de preservação da mata (pela formação de parques nacionais e zoológicos) e pelo confisco de suas terras pelo governo ou por projetos industriais privados. Os gondes também trabalham para o departamento estatal de exploração florestal, na construção de estradas, nas minas ou como operários de fábricas. A falta de formação é a principal responsável pela precariedade das condições de emprego e pela exploração a que são frequentemente submetidos. Foto: © Alice Fiorilli EDUCAÇÃO A taxa de alfabetização entre os gondes está em torno de 50% entre os homens e de 36% entre as mulheres – uma das taxas mais altas entre os grandes grupos adivasis de Madhya Pradesh. Pouquíssimos adivasis conseguem obter um diploma ou concluir um curso universitário (0,1%), e a maioria das crianças deixa a escola antes de concluir o período regulamentar. De fato, apenas cerca de metade das crianças adivasis frequenta a escola: o número de escolas é insuficiente e são poucos os professores que se dispõem a trabalhar nas regiões adivasis. As matérias não são adaptadas às necessidades locais e os professores não falam gonde. Quase sempre as escolas ficam longe, e as crianças são requisitadas para o trabalho doméstico. Em geral os pais não conseguem ajudar os filhos nas tarefas de casa, pois também eles não tiveram oportunidade de frequentar escolas. Hoje, muitos gondes praticam a agricultura. CONDIÇÕES DE VIDA A vida nas regiões rurais não é fácil para os gondes e outros adivasis. O trabalho na lavoura é penoso, e muitos não têm condições de manter os filhos na esco- 10 A morada do Criador Folha de atividades 1. Leia as duas primeiras orações do texto e complete as duas frases a seguir. Se não entender alguma palavra, procure no dicionário. O deus da criação, Shankar Bhagwan, mora Para homenagear essa árvore, as pessoas 2. Leia a última oração do texto. Ela tem uma importância especial: “O detalhe se assemelha ao todo.” Pegue uma folha de desenho e desenhe o pimpol na metade esquerda da folha. Pense na última oração, imagine uma folha do pimpol e desenhe-a na metade direita do papel. 11 A noite do sembar brilhante Folha de atividades 1. Leia a história do sembar brilhante. Coloque as frases seguintes na ordem correta. As letras formam a palavra-chave. R O L S A F S E T Eles entram nas profundezas da floresta e se perdem. O vaqueiro e o bezerro põem-se a caminho para procurar a vaca. O bezerro já chora triste por sua mãe. A vaca está sob o sembar luminoso. De repente, eles veem algo maravilhoso: um sembar, que cintila e brilha como uma joia, porque em cada uma de suas folhas está pousado um vaga-lume. Uma noite, um vaqueiro deu pela falta de sua vaca. Um vaga-lume vê os dois e os ajuda a encontrar a vaca. Anoiteceu, e o vaqueiro e o bezerro estão desesperados e choram. O vaqueiro e o bezerro seguem a luz do vaga-lume através da floresta sombria. Palavra-chave: 2. Você também já viu um vaga-lume? O que sabe sobre esse inseto? 12 O sonho do esquilo Folha de atividades Toda pessoa reflete muito sobre si mesma. Perguntas como: “quem sou eu?”, “de onde vim?”, “para onde vou?” acompanham cada um de nós por toda a vida. Também pensamos muito sobre como gostaríamos de ser. Algum dia você também pensou em ser diferente do que é? 1. Leia o texto “O sonho do esquilo” e complete as frases seguintes. O esquilo não queria ser uma árvore, porque Ele não queria ser um mosquito, porque Ele também não queria ser um peixe, porque O esquilo gosta de ser um esquilo, porque 2. Imagine quem você gostaria de ser. Quais seriam as vantagens e as desvantagens do seu novo papel? Junto com um colega, invente um diálogo ou um teatrinho como o esquilo da árvore: “Eu queria ser…” 3. Um aluno usou o poema de Anne Steinwart como base para seu próprio poema. Leia o poema abaixo. sse pude u e sse se pude Ah, u e seu Ah, nto o ve s o m Co anto os c s o Tod er, tas Varr fres s a s ar, toda sopr m i em m rar, umes istu cost m s o u h me moin rede num ra tar, poei a d span o e t e long das para , pesa s n ntar uve pave s e as n e long para sol tar. do o evan l art quan e s einw quer e St n o n ã A n 4. Escreva um poema com o título “Ah, se eu pudesse”. 13 O pavão Folha de atividades O pavão é uma grande ave doméstica da Ásia. Ele é originário da Índia e do Sri Lanka. O macho abre sua cauda de longas penas de cores cintilantes, formando uma imensa roda. Na cabeça, ele tem uma coroa de penas escuras. Quando o pavão se move, ele parece dançar. Na Índia, o pavão é considerado um símbolo de beleza, paixão, vaidade e orgulho. É um animal sagrado e um pássaro nacional; as penas do pavão são utilizadas e trabalhadas como joias. No legendário grego, por sua vez, a deusa Hera criou o vestido de penas de “cem olhos” do pavão com os muitos olhos do gigante Argos. Este deveria tomar conta da bela Io, mas foi morto por Hermes, mensageiro dos deuses. 1. Que significado tem o pavão para nós? 2. Leia este mito da “dança do pavão”. © “Pavões”, de Durga Bai A dança do pavão Na floresta havia uma grande tamareira, e os pavões dançavam em volta dela. Um dia, uns homens estavam colhendo madeira e folhas quando viram os pavões dançando. Alegres, juntaram-se às aves e dançaram com elas. Depois de aprenderem a dança do pavão, os homens voltaram para sua aldeia e a ensinaram aos outros homens. Como o pavão tem um tufo de penas na cabeça e lindíssimas plumas na cauda, os homens se enfeitaram de maneira semelhante. E, como os pavões olham para trás ao dançar, para admirar sua própria beleza, os homens, ainda hoje, quando dançam a dança do pavão olham para trás, para sua própria sombra. 3. Pense em como poderia ser a dança do pavão. Mostre seus movimentos a um colega. 14 Penas dançarinas Folha de atividades Se você observar bem os desenhos do livro, verá como os artistas procederam: primeiro fizeram o contorno das árvores e dos animais. Depois foram preenchendo esses contornos, adicionando linha por linha, até completar o desenho. Às vezes esse desenho é formado também por pontos e círculos. É um trabalho cuidadoso e de muita paciência. 1. Observe as imagens do livro e faça um desenho que você descobriu em cada um dos campos a seguir. Você pode usar caneta hidrocor, lápis de cor ou aquarela. Mas o trabalho com aquarela é mais difícil e exige mais prática. 2. Copie o desenho de uma pena de pavão ou de outro pássaro. Numa folha de desenho, com uma caneta hidrocor de ponta fina, faça uma linha ao lado da outra até a reproduzir toda a pena. 3. O texto diz: “Quando o pavão dança na floresta, todos dançam junto, e as árvores também agitam seus galhos. No crepúsculo, eles se parecem com penas chamejantes.” Pegue um papel-cartão vermelho ou alaranjado e desenhe uma árvore de penas dançantes. 15 Serpentes Folha de atividades Na Índia, inclusive entre os gondes, a serpente é adorada. Por isso ela é a personagem principal de tantos contos e mitos. Conta-se que na Índia, em outros tempos, as pessoas e as serpentes viviam juntas e visitavam-se umas às outras nos dias de festa. As serpentes não mordiam as pessoas, e as pessoas não matavam as serpentes. 1. Que serpentes você conhece? 2. O que você sente quando pensa em serpentes? Que sensação elas despertam em você? 3. O que você sabe sobre serpentes? Procure informações em enciclopédias, em livros sobre serpentes ou na internet. 4. Verifique seus conhecimentos: certo errado Serpentes põem ovos. Serpentes mudam de pele. Serpentes têm quatro pernas muito finas. Todas as serpentes são venenosas. As serpentes mordiscam suas vítimas durante muito tempo. As serpentes sentem os odores com sua língua bifurcada. As serpentes engolem suas presas por inteiro. Serpentes são úmidas. Serpentes bebem leite e comem frutas. Respostas na p. 22 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 5. Leia o mito indiano que se segue: Por que as serpentes têm a língua bifurcada Os deuses e os demônios bateram um grande oceano de leite e assim criaram uma bebida que concede a imortalidade. Garuda, o cavalo alado do deus Vishnu, trouxe um caldeirão da bebida preciosa para a Terra, para ofertá-la às serpentes. As serpentes colocaram o caldeirão sobre um tufo de capim sagrado e foram tomar banho. Mas, enquanto isso, um deus roubou o caldeirão. Ao voltarem, as serpentes viram que ele havia desaparecido. As serpentes lamberam o capim fervorosamente, na esperança de conseguir algumas gotas da bebida encantada. Mas o capim era muito duro e cortou a língua delas. Desde então, as serpentes têm a língua bifurcada. (Do antigo livro de histórias indianas, O Mahabharata.) 6. Quais histórias sobre serpentes você conhece? 16 Mais serpentes Folha de atividades 1. Observe atentamente a ilustração do conto “O mundo das serpentes”. Com o dedo, acompanhe o desenho de todas as serpentes, sem tocar o papel. 3. Observe estas imagens com padrões de serpentes. 4. “As serpentes se enroscam em volta das raízes das árvores e, juntamente com elas, sustentam o mundo.” Pegue uma folha de desenho e desenhe um novelo de serpentes, cada uma com um padrão diferente. 17 © “bildÖffner2” schulverlag blmv AG 2. Observe estes desenhos que mostram os movimentos das serpentes. Desenhe serpentes em várias posições: esticada, ondulada, enrolada. Populações autóctones Folha de atividades Na Índia, o grupo populacional dos gondes representa uma minoria. Eles têm uma língua e uma cultura próprias e cultivam determinados usos. Não é fácil subsistir no próprio país como grupo minoritário. E isso vale não apenas para os gondes na Índia, mas para vários povos autóctones em todo o mundo. 1. Pense nos direitos que um grupo minoritário precisa defender para assegurar sua existência. 2. Fale sobre isso com seus colegas. Tentem definir cinco condições e cinco direitos mais importantes que todos os seres humanos devem reivindicar e defender. Escrevam esses cinco princípios em tiras de papel separadas, que poderão ser ilustradas e penduradas num mural. 3. Discutam esses direitos com seu professor ou professora. 18 Técnicas de impressão Folha de atividades A IMPRESSÃO DE UMA MARCA CORPORAL Todos nós conhecemos um processo de impressão muito simples: o de uma marca corporal. Quando você anda com os pés molhados por um piso de cerâmica ou pedra, deixa as marcas de seus pés impressas no chão. Quando você suja os dedos de tinta, também pode imprimir suas impressões digitais num pedaço de pano ou papel SILK-SCREEN As ilustrações do livro foram impressas pelo processo de silk-screen, ou serigrafia. Nesse processo, a tinta é aplicada no papel com um rodo, utensílio semelhante a um puxador, através de uma tela firmemente esticada em um bastidor de madeira. O silk-screen é empregado principalmente em publicidade (faixas), rotulagem e na impressão de tecidos e de cerâmica. Tela Matriz Papel Tinta Rodo Desenho De: Anne Desmet/ Jim Anderson: “Drucken ohne Presse” [Imprimir sem prensa], Paul Haupt Verlag, © A & C Black Publishers, Londres. 1. Coloque aqui sua impressão digital. IMPRESSÃO COM VÁRIOS MATERIAIS Crie uma forma qualquer, desenhe-a num pedaço de linóleo, esponja ou até numa fatia de batata crua e recorte-a. Passe na forma recortada uma tinta de impressão e pressione-a sobre uma folha de papel ou um pedaço de pano. A forma vai ficar impressa no papel ou no pano 2. Procure folhas de árvores ou arbustos de vários formatos bonitos. Escolha uma e tinja-a com o rolo embebido em tinha de impressão. Coloque a folha sobre um papel de desenho. Sobre ela coloque três folhas de papel-jornal e pressione toda a superfície com as costas de uma colher. Agora, retire as folhas de papel-jornal e a folha de árvore, que ficará impressa no papel. 19 Encadernação Folha de atividades As páginas do livro A vida secreta das árvores foram impressas manualmente, numa gráfica da Índia. Cada uma dessas páginas é uma obra de arte original. Depois, elas foram reunidas e encadernadas, formando o livro que agora está nas suas mãos. FAZENDO UM CADERNO ENCADERNANDO UM LIVRO 1. Dobre ao meio 10 folhas de papel formato A3. Utilize uma régua sólida ou uma dobradeira de metal para marcar bem a dobra. 2. Dobre ao meio uma folha de papel grosso formato A3. 3. Marque três pontos na dobra do meio e fure-os com um furador ou com uma agulha grossa. 4. Ajeite as 10 folhas dentro da folha grossa, como se esta fosse uma pasta. Os furos previamente feitos devem coincidir. 5. Enfie numa agulha uma linha grossa de algodão. Com a agulha, faça um furo no meio da dobra, conforme a ilustração, de dentro para fora. Preste atenção para furar todas as páginas e deixar um pedaço de linha sobrando. 6. No ponto de cima, passe a linha de fora para dentro; no ponto de baixo, novamente de dentro para fora. 7. Agora, enfie a agulha pelo furo do meio novamente de fora para dentro, onde sobrou um pedaço da linha. 8. Amarre bem os dois pedaços da linha. O nó deve ficar sobre a parte central da linha, senão as folhas não ficarão presas. 9. Esse caderno será o resultado da sua leitura do livro A vida secreta das árvores. Faça uma capa para seu caderno. Se você quiser, cole no caderno todas as fichas de atividades, só que antes corte-as no formato certo. A encadernação de livros é um trabalho artesanal antigo. Hoje quase sempre os livros são feitos mecanicamente. Nas ilustrações acima, você pode observar qual o princípio da fabricação de um livro. Imagine vários cadernos, como esse que você fez, atados juntos, com uma lombada de linho e com uma capa e uma contracapa reforçadas. 20 O teste da árvore Folha de atividades Complete com as palavras e os nomes das árvores. Nome da árvore Características das árvores Pimpol É adorada por ser sagrada. 1 As pessoas derramam Sembar 3 2 sobre seu . É uma árvore amiga. Oferece proteção e é habitada por bons espíritos. Muitos animais vivem nela durante o dia; à noite, os vaga-lumes pousam 4 em seus galhos e a fazem brilhar como uma Dumar . É sagrada e adorada na Festa de Navratri durante nove noites. 5 Seus frutos parecem . Nenhum mortal jamais viu suas flores. Saja Ela é a árvore do canto e da música. 6 Com sua madeira são fabricados Bamur Mahua . 7 Ela é um bom esconderijo para os 8 . Ela dá frutos deliciosos. As flores servem de alimento para os gondes. 9 A partir delas também é destilado , que, em pequenas doses, é usado como remédio. 10 Ela tem que se parecem com dentes, e folhas semelhantes a cristas 11 de cobras. Sua madeira é dura como Khirsali 12 Ela está sempre perto dos gondes, protegendo-os. Com sua madeira são fabricados 13 Mahal . Sua seiva tem efeito curativo. 14 , 15 e . Ela cresce nas profundezas da floresta. Os gondes usam sua madeira para construir casas. Entre a mahalain e os gondes 16 existe uma profunda 21 . Respostas na p. 22 Nagphani Outras publicações dos artistas e respostas OUTRAS PUBLICAÇÕES DOS ARTISTAS Durga Bai (III.) / Anushka Ravishanakar, Sirish Rao (texto) “Eins, zwei, drei!” [Um, dois, três!] Livro de imagens. Hanser Verlag, 2006 ISBN 978-3-446-20636-6 (Edição francesa: “Um, deux, trois… dans l’arbre!” Actes Sud Junior, 2006, ISBN 978-2-7427-591-6. Edição inglesa: “One, Two, Tree!” Tara Publishing, 2003. ISBN 978-81-86211-80-9.) RESPOSTAS Página 16 Certo: 1, 2, 6, 7 Errado: 3, 4, 5, 8, 9 Página 21 1 água 2 tronco 3 sembar 4 joia 5 pequenos pássaros 6 violinos 7 bichos-da-seda 8 mahua 9 aguardente 10 espinhos 11 ferro 12 khirsali 13 cercas 14 tábuas de telhados 15 portas de entrada 16 amizade Bhajju Shyam (III.)/ Sirish Rao (texto) “That’s how I see things” [É assim que vejo as coisas] Livro de imagens (em inglês) Tara Publishing, 2007. ISBN 978-81-86211-10-6 (Edição francesa: “Voilà comment je vois les choses”, Syros, 2007, ISBN 978-2-74850-567-2.) Bhajju Shyam (III.) “The London Jungle Book” [O livro da floresta londrina] Livro de imagens (em inglês) Tara Publishing, 2006. ISBN 978-81-86211-87-8 (Edição francesa: “Mon voyage inoubliable”, Syros, 2006, ISBN 978-2-74850-402-6.) 22