música de Marisa Monte, Vilarejo, inspira a escrita deste
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música de Marisa Monte, Vilarejo, inspira a escrita deste
dezembro 2015 / janeiro 2016 nº 83 Ribeirão Preto música de Marisa Monte, Vilarejo, inspira a escrita deste Editorial. Nela, há referência a um vento bom na varanda que gera calmaria ao coração. Lares de mães, peitos fartos, filhos fortes. Local de frutas em qualquer quintal, com portas e janelas sempre abertas para a sorte entrar. Sonhos semeando o mundo real. Em tempos de turbulências mundiais, acalanta-nos saber que nos localizamos em um espaço de criação e desenvolvimento, como é nossa SBPRP, que está completando 10 anos como Sociedade plena. Vilarejo precioso! Ao término de mais um ano de realização do Boletim, nós, da Comissão Editorial, agradecemos: a dedicação de todos os colaboradores; a disponibilidade dos colegas que enriqueceram nossa publicação com suas escritas; e a companhia viva dos nossos leitores. Em suas páginas, desfilaram informações e emoções que constituíram a característica de mais um vilarejo expressivo de nossas verdades. Nesta edição, contamos com as dicas da “Agenda Cultural”, confeccionada por Cybelli Labate e Júlio Labate. Em “Com a Palavra”, Maria Bernadete A. C. de Assis faz referência ao sonho criativo-gerador da SBPRP enquanto Sociedade componente da IPA. O artigo de Ana Rita Nuti Pontes, no “Tema Livre”, traz um clima de aconchego e acolhimento, sob os sabores do encontro com Franco Borgogno. No tópico “Notícias da SBPRP”, temos a divulgação de valorosos eventos do próximo semestre. Maria Bernadete Figueiró de Oliveira escreve sobre o entrelaçamento entre o “Cinema e Psicanálise” e a Universidade, num intercâmbio inovador. O “Programe-se” traz referências de atividades locais e internacionais. No “Espaço dos Membros Filiados”, Alessandra Paula Teobaldo Stöcche reflete sobre a ausência de pressa no processo de formação psicanalítica, para que haja tempo de construções sensíveis e ricas em experiências. Ajoelha-se o sol de 2015, para acordarmos com a claridade de um novo ano. Que a paisagem de 2016 se mestice de alegrias e levezas, contemplativas de espaços florescentes e imprevistos improvisos, que tragam renovação. Que comporte as cantorias da meninagem em recreio de escola, com esperanças reavivadas e olhos que possam arco-iriscar! A todos os que agora nos leem, nossos votos de que seja possível o encontro com recantos luminosos, em cada cantinho interno e nas relações de afetos que os compõem. Feliz Natal! Arejados vilarejos neste Novo Ano! Agenda Cultural Página 2 Com a Palavra Página 3 Tema Livre Páginas 4 e 5 Notícias da SBPRP Páginas 6 e 7 Cinema e Psicanálise Página 8 Programe-se Página 9 Espaço dos Membros Filiados Página 10 Francisco de Goya, La gallina ciega, 1788 2 Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 Em comemoração ao centenário da publicação de “A metamorfose”, de Franz Kafka, a mostra propõe uma releitura desta obra, relacionando-a a aspectos da vida do autor tcheco e à sua influência sobre outros autores. Casa das Rosas | Av. Paulista, 37 – Bela Vista – São Paulo – SP até 29 de fevereiro de 2016 | www.casadasrosas.org.br AINDA DÁ TEMPO! Amazônia João Farkas Unibes Cultural Rua Oscar Freire, 2500 (ao lado da estação Sumaré do Metrô) até 20/02/2016 www.unibescultural.org.br · Presidente: Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis Diretora Secretária: Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida Nesta mostra sensorial, não há quadros ou outras obras expostas. O público é dividido em grupos e levado por um guia, deficiente visual, a explorar quatro ambientes totalmente escuros, usando os outros sentidos. Nesta situação, onde os papéis se invertem e quem enxerga não enxerga, os participantes têm a oportunidade de explorar outras possibilidades de contato com o mundo e de refletir sobre as potencialidades de cada um. Diretor Financeiro: Alexandre Martins de Mello Diretora Científica: Silvana Maria Bonini Vassimon Diretora de Cultura e Comunidade: Patrícia Rodella de Andrade Tittoto Diretor do Instituto: José Cesário Francisco Junior Diretora Secretária do Instituto: Denise Lopes Rosado Antônio Editora: Ana Regina Morandini Caldeira Coeditores: Cybelli Morello Labate Júlio César Tadeu C. Labate Luciano Bonfante Maria Aparecida G. B. Pellissari Maria Auxiliadora Campos A mostra reúne fotografias realizadas na segunda metade da década de 1980, e retrata a realidade dessa região, em suas diferentes faces: o choque entre a exuberância da natureza e o rastro de destruição deixado pelo modelo de desenvolvimento destrutivo e predador; as histórias de pessoas (garimpeiros, seringueiros, índios e m i g ra nte s ) , o ra v i t i m i za d a s p e l a destruição de sua cultura e do meio ambiente, ora pelo vértice do heroísmo dos pioneiros que partiram do desamparo, em busca de viver sua própria epopeia. Nas palavras do fotógrafo, “mostrar e contar estas histórias nos ajuda a compreender quem somos, como espécie e talvez repensar nossas escolhas”. Instituto Figueiredo Ferraz Rua Maestro Ignácio Stábile, 200 Alto da Boa Vista – Ribeirão Preto – SP até 19 de dezembro de 2015 www.iff.art.br Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 Inspirada no tema do XXV Congresso Brasileiro e no que vivi lá, escrevo o “Com a Palavra”. Em uma aproximação mais superficial com o tema do Congresso, pode-se inadvertidamente pensar que há uma espécie de caminho desejável: do ato ao sonho. Dentro dessa visão, os atos aparecem como atuações não mediadas por elaboração mental e se configuram assim como ações cuja única função é de evacuação de conteúdos mentais não representados. No entanto, dentro de um espectro extenso do que é ato, têm-se aqueles que são produtos de muito trabalho mental, que têm uma longa e complexa gestação onírica e podem, então, ser nomeados de atos criativos. A história de nossa SBPRP é composta por muitos atos nascidos de sonhos. Desde 2005, nos constituímos como sociedade plena, o que significa que passamos do estágio de Sociedade Provisória para Sociedade c o m p o n e n t e d a I PA . Adquirimos, assim, nossa autonomia, no sentido de não ser mais necessária a supervisão de nossas ações e decisões pelo Sponsoring Commitee (um comitê indicado pela IPA para orientar a formação das Sociedades de Psicanálise). Hoje, 10 anos depois, podemos nos orgulhar do que somos. A experiência no último Congresso Brasileiro deixou isso bem claro. A SBPRP não esteve lá como uma sociedade pequena e iniciante, mas como sociedade de considerável relevância. Em número de participantes, estivemos em terceiro lugar do Brasil. Não há como mensurar “participações” como se faz com o número de “participantes”, mas fato é que a presença participativa de nossos membros deixou evidente o alto nível científico, cultural e ético de n o s s a S o c i e d a d e . A l é m d i s s o, t i ve m o s a oportunidade de mostrar que temos know-how em organização de eventos, com alguns de nossos membros colaborando diretamente na estruturação do Congresso. Foram atos criativos, nascidos de nossa condição sonhante, construída durante um longo tempo, em que estivemos todos na lida em nossa Sociedade e em nossas vidas: laborando e elaborando. Gosto muito da palavra “lida”. Ela se associa para mim com o trabalho do homem do campo. Há o revolver do solo, a semeadura, a espera pela chuva e pelo sol; o embate com os elementos mortíferos que ameaçam os brotos, que impedem o florescimento; a paciência da espera pelo tempo da colheita; a tolerância à f r u st ra çã o q u a n d o n a d a d á c e r t o, a plantação morre e há de se recomeçar. Lidar, segundo o d i c i o n á r i o H o u a i s s , é c u i d a r, enfrentar, lutar, manejar, provocar, suportar, trabalhar. Sabemos que é a expansão da capacidade de lida com o interno que nos habilita a um trabalho melhor na vida societária. Diante do desenvolvimento de nossa Sociedade, ao longo de todos esses anos, e da bela colheita que t i ve m o s n o ú l t i m o C o n g re s s o, podemos dizer então que nossa lida tem sido profícua, porque estamos re vo l ve n d o a te r ra , s e m e a n d o, aproveitando o sol e a chuva e enfrentando as ameaças à florescência. Celebremos a colheita! Que ela nos dê entusiasmo para os próximos e contínuos plantios. Escultura Malagã, Artista desconhecido, c.1900 3 4 Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 oi sob uma chuva torrencial que o pequeno aviãozinho que me trazia de Roma aterrissou no pequeno Aeroporto de Cuneo, no sudeste da região do Piemonte, no norte da Itália. Depois de tanta turbulência no ar, e ainda sob a turbulência emocional com a expectativa daquela viagem, foi que vi o rosto amigo de Franco que já me esperava há mais de uma hora naquele lugar. Recepção calorosa, emoção que a gente sente quando encontra alguém que faz com que a gente sinta que está em casa, já no primeiro momento. “Vuoi che ti preparo um café?” Eram 7 horas da manhã, todos da casa ainda dormiam. Franco estava no jardim de sua casa de campo em Busca, um lugarejo a 20 km de Cuneo, quase na divisa com a França, varrendo as folhas e os galhos das árvores espalhados por todos os cantos, consequência do forte temporal que havia caído durante a noite. Entramos em casa e fomos para a cozinha. Sentei-me à mesa, e Franco preparou a Moka, aquela maquininha de fazer café que todos usam na Itália, com todo cuidado. O cheiro gostoso do café fresquinho inundou a cozinha, assim como a luz do sol de verão que entrava através da enorme janela sobre a pia, de onde se vê um lindo jardim com gerânios, heras e trepadeiras de jasmim. Eu observava tudo curiosa, aquela cozinha numa casa construída nos anos de 1300, exalando histórias de vida, a mesa robusta no centro, testemunha de tantos acontecimentos na vida da família Borgogno. Enquanto me serve o café e pergunta se quero o adoçante, Franco me diz: Sabe que quando estou de férias me lembro mais dos meus sonhos? Tenho sonhado tantas coisas estes dias... Pelo menos tenho mais tempo disponível para estar comigo e tentar entender o que eles me dizem... E assim, Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 entre um café com brioche (nesta região da Itália não se diz cornetto, mas brioche, talvez pela proximidade com a França) e outro, no silêncio da casa ainda adormecida, Franco começa a me contar de como foram os tempos da sua formação, da sua turma, hoje analistas tão conhecidos e importantes no mundo da psicanálise como Stefano Bolognini, Antonino Ferro, Partenope Bion e Dina Vallino, entre outros. Digo a ele que a safra daquele ano tinha sido realmente excepcional! Esta safra foi justamente a que tem tornado a psicanálise italiana mais conhecida e desejada em vários lugares do mundo, e que para nós, brasileiros, tem um sabor especial. Franco como todo bom guloso por doces desta vez pega um brioche recheado de geleia e me oferece outro. Mangia questa, è buona! Eu me percebia ávida, não pelo brioche, mas por continuar ouvindo Franco me contanto suas histórias. E então eu pergunto: O que é para você a psicanálise? Ele termina de mastigar, me olha bem nos olhos e diz: Escuta, Ana Rita, para mim a psicanálise é fundamentalmente uma forma de educação, uma educação para a vida e para o viver que pode parcialmente imunizar, como afirmava Ferenczi, se for capaz de conter o sofrimento sem duplicálo, se for capaz de suportar o medo sem transformá-lo em terror, se for capaz de manter a esperança mesmo nos momentos de dificuldade em que não se vê nada à nossa frente, podendo vislumbrar, mesmo sob a forma de um embrião, um futuro para o paciente e para a sua vida. É, em outros termos, uma aprendizagem da experiência das emoções e dos relacionamentos que, quando funciona, gera uma nova confiança, um novo início, favorecendo o gradual despertar e a progressiva integração de aspectos dissociados e alienados do self! Olho para ele emocionada, que beleza ouvir alguém falar da psicanálise, do nosso ofício diário com tanta humanidade e esperança! E Franco empolgado, também porque percebeu minha emoção, continua: É também certamente uma maneira para tornar o pensamento pessoal mais divertido e livre! Se o paciente puder encontrar no analista uma pessoa honesta e sinceramente empenhada em combater e abster-se do elemento opressivo moralista, superegoico, de superioridade, que pode nos fazer ficar ainda mais fóbicos e amedrontados em relação ao envolvimento emocional com a vida, com os outros e com nós mesmos, a análise poderá ser o caminho pelo qual a pessoa poderá recuperar suas próprias partes exiladas, principalmente as infantis... Ouvimos um barulho, a casa começa a acordar, as pessoas entram na cozinha seguindo o cheiro do café. Eu sei que aquela conversa acabava por ali, naquele momento. Dentro de mim, torcia para que outro momento de intimidade assim acontecesse logo. Franco tem tanto a dizer, fala da história da psicanálise como se estivesse falando das histórias da família, dos avós, tios e primos... Histórias que se tornam mais reais e mais humanas numa mesa de cozinha e regadas com um bom café. Referência: Borgogno F. A Entrevista de Vancouver- Fragmentos de vida e obras de uma vocação psicanalítica. Tradução Antonio Fournier, Imago RJ, 2009. 5 6 Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 MARÇO Dias 10, 11 e 12 II Jornada Interna “NA SALA DE VISITAS” Conversando com Leandro Stitzman ABRIL | Dias 1º e 2 Expansões e Rupturas V | Exercícios clínicos promovidos pela Fepal (working party) Estamos organizando, para os dias 1º e 02 de abril de 2016, o V Expansões: “Exercícios clínicos de observação”, sob o patrocínio do Comitê de Observação Clínica da Fepal. O grupo de trabalho irá se debruçar sobre um caso clínico por 12 horas, distribuídas em grupos de 3 horas, durante dois dias. Trata-se de oportunidade ímpar para todos experimentarem o formato das working parties. Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 SBPRP estará realizando, no período de 19 a 21 de maio de 2016, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, a sua IV Bienal de Psicanálise e Cultura, cujo tema será Psicanálise e Tecnologia: Diálogos Possíveis. Nas edições anteriores, contamos com a presença de aproximadamente 500 pessoas das mais diversas áreas das quais destacamos: psicólogos, psicanalistas, médicos, jornalistas, acadêmicos, artistas e pessoas interessadas em cultura de modo geral, de Ribeirão Preto e região. Como o tema deste ano é Psicanálise e Tecnologia, esperamos abranger também um público ligado à tecnologia, ao marketing, à arquitetura, entre outros. A Bienal tem sido um espaço de difusão, debate e produção de novos conhecimentos que têm contribuído para a compreensão da complexidade do mundo contemporâneo. Esta bienal promete ser muito interessante, teremos palestrantes do mais alto nível, entre outras atrações, que certamente propiciarão um encontro muito fértil e criativo. 7 Prof. Dr. Norval Baitello Junior área de comunicação e artes - PUC-SP Dra. Anette Blaya Luz psicanalista da SPPA Prof. Dr. José Armando Valente área de comunicação e educação - UNICAMP Sra. Jassanan Amoroso Dias Pastore psicanalista da SBPSP Sr. Feco Hamburger fotógrafo/artista (São Paulo). Dr. Júlio César Conte médico, teatrólogo, psicanalista (Porto Alegre) Sr. Marcelino Freire escritor (São Paulo) Sra.Vera Lucia Colussi Lamanno Adamo psicanalista da SBPSP e do Grupo de Psicanálise de Campinas Prof. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda socióloga - USP-SP Sra. Elsa Vera Kunze Post Susemihl psicanalista da SBPSP Prof. Dr. Reinaldo Furlan filósofo, Ribeirão Preto - FFCLRP-USP Comissão Científica da Bienal 2016 Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini: coordenadora Adriana Navarreti Bianchi Ana Rita Nuti Pontes Denise Rosa Goulart Denise Léa Moratelli Luciana Torrano Maria Lucimar Fortes Paiva Defino Maria Roseli Pompermayer Galvani Nilton César Bianchi Sandra Luiza Nunes Caseiro Silvana Mara Lopes Andrade Comissão Científica da SBPRP Silvana Maria Bonini Vassimon - Diretora Científica Luciano Bonfante Maria Aparecida G. G. Brossi Pelissari Maria Roseli Pompermayer Galvani Regina Cláudia Mingorance de Lima Silvana Mara Lopes Andrade Cabeça n.2, Naum Gabo, 1964 8 Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 Ao pensar no projeto Cinema & Psicanálise na Universidade, reverbera em mim uma metáfora, um diálogo entre Sócrates e Platão (séc. IV a.C.), um entrelaçamento da não Academia com a Academia. A proposta de Platão, de uma educação acadêmica, buscando a formação ideal, e a de Sócrates p ro p o n d o u m a e d u ca çã o fo ra d o s m u ro s acadêmicos, o pensar com liberdade. Porém, Platão tinha admiração pelo seu mestre e estabeleceu o diálogo socrático como forma de expressão do pensar filosófico. Assim, ao levarmos o Cinema & Psicanálise para fora da instituição psicanalítica e, ao mesmo tempo, a Universidade se permitir sair dos muros para receber essa atividade, estamos vivendo esse entrelaçamento do acadêmico e do não acadêmico, propiciando um intercâmbio criativo que expande o saber e nos aproxima da comunidade extramuros. Com o objetivo de semear e difundir a psicanálise nesse âmbito, promovendo um espaço de discussão, reflexão e ampliação dos pensamentos psicanalíticos, tanto em relação aos aspectos teóricos quanto à prática clínica, realizamos, nesse segundo semestre de 2015, dois debates por meio dos seguintes filmes: Agosto: Eu matei a minha mãe. Os comentários foram tecidos pela psicanalista Fernanda Passalacqua, membro efetivo da nossa sociedade. Tivemos a presença de muitos estudantes do curso de psicologia. O público demonstrou grande interesse, levantando questões e comentários que promoveram reflexões e ideias a respeito do tema. Setembro: Divã. Os comentários foram tecidos pela psicanalista Suely Delboni, membro associado da nossa sociedade. Foi um encontro muito rico, com participação dos alunos de psicologia, tendo resultado em um convite para um seminário com os residentes em Psiquiatria. Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 LOCAL GRUPOS DE ESTUDO Local: SBPRP Público-alvo: membros da SBPRP Dezembro de 2015 André Green Coordenação: Ana Rita Nuti Pontes Dia 04/12 às 17h Análise de criança Coordenação: Sonia M. M. E. Mestriner Dia 14/12 às 19h45 Escuta da escuta Coordenação: Ana Rita Nuti Pontes Dia 18/12 às 16h Psicodinâmica da família e casal Coordenação: Denise Léa Moratelli Dia 11/12 às 15h Pensamento de Melanie Klein Coordenação: Maria Aparecida S. Polacchini Dia 11/12 às 17h Pensamento de Winnicott Coordenação: Cecília Barreto Dias Dia 09/12 às 11h15 9 EVENTO Evento Cultural: “Roseanas Travessias” Dia 5 de dezembro, das 10h às 11h30. Palestrante: Maria José Bottino Roma Tema: Conversas sobre o texto de Guimarães Rosa “A terceira margem do rio”, em “Primeiras Estórias”. Local: Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto. INTERNACIONAL DEZEMBRO DE 2015 Within, The Violence We Live In Data: de 5 a 6 de dezembro Local: Istambul (Turquia) - İstanbul Psychoanalytic Association for Training, Research and development (PSIKE) http://goo.gl/Pj1eFL Interpretation Today Data: de 4 a 6 de dezembro Local: Londres (Reino Unido) http://goo.gl/yOZ7pi Istanbul Psychoanalytic Association for Training, Research and Pensamento de W. R. Bion Development: Coordenação: PSYCHOANALYTIC VIEWS 9 Maria Aparecida Sidericoudes Polachini “The Violence” Dia 12/12 às 09h What is Recognition? Noel Pearson and Jonathan Lear Pensamento de Donald Meltzer in Conversation Coordenação: The recognition of Aboriginal Guiomar Papa de Morais Australians from psychoanalytic, Dr. Alexandre M. Mello philosophical, constitutional Dia 04/12 às 11h perspectives. Data: 8 de dezembro Reflexões sobre as múltiplas http://goo.gl/khm1ZB manifestações da sexualidade Coordenação: JANEIRO DE 2016 Guiomar Pappa de Morais Dia 12/12 às 09h Malaises identitaires et dé-institutionnalisation: Rencontre avec René Kaës Colloque international Psychanalyse et Sciences Humaines. Data: 14 a 16 Local: Besançon (França) http://goo.gl/6PAe0B Totem da Casa da Estrela, Artista desconhecido Séc. XIX 10 Boletim SBPRP nº 83 dezembro 2015/janeiro 2016 tradição consagrou a obra Odisseia de Homero como referência mítica da travessia humana: a volta para casa, rumo à terra natal. Para o herói grego não lhe faltaram os impasses pelo caminho. Foi exposto a um mar revolto e teve de transcendê-lo a cada momento, deparou-se com a sedução e tantos outros obstáculos. Progressivamente, os superou, adicionando-lhe experiência capaz de ressignificar seu retorno a Ítaca. O modelo, apontado como mito do eterno retorno, foi transformado em reescrituras que poderiam ser a síntese da trajetória de cada ser humano. Konstantinos Kaváfis, poeta grego contemporâneo, em seu poema “Ítaca”, dialoga com o leitor propondo-lhe a demora na travessia, sem pressa de chegar. Faz um convite para conviver no percurso, com “madrepérolas, corais, âmbares, ébanos e perfumes sensuais de toda a espécie para aprender dos doutos”, adquirindo valores em um estado de alma que constituem o humano como ser. A formação em Psicanálise encontra analogia com a arquitetura da travessia a Ítaca: um tempo sem excessiva pressa para que se vá desenvolvendo, ao longo do caminho, uma condição sensível e inteligível no processo de formação analítica. Diferentemente da característica imediatista do mundo contemporâneo que busca resultados a curto prazo, oferece-se andar por trilhas longas, sinuosas, complexas e obstaculizadas, porém ricas em experiências. Tenha todo o tempo “psicanálise” em mente, persevere e assim estará predestinado a lá chegar. Não apresses a viagem nunca. Colagens de Odires Mlászho
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