Roteiro de aula EPILEPSIA

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Roteiro de aula EPILEPSIA
4º ANO DE GRADUÇÃO DE MEDICINA - 2015
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NEUROLÓGICAS DE FAMERP
EPILEPSIA
Prof Moacir Alves Borges
[email protected]
ROTEIRO DO CURSO
1. DEFINÇÃO DA EPILEPSIA
a) Crise epiléptica
b) Epilepsia
2. EPIDEMIOLOGIA DA EPILEPSIA
a) Países desenvolvidos
b) Países emergentes
3. FENOMENOLOGIA DAS CRISES EPILÉPTICA
a) Contada pelo paciente
b) Contada pelo acompanhante
4. CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES E DAS SÍNDROMES EPILÉPTICA, SEGUNDO A ILAE
1984,198 e 2010
a) Crises
I- focais
II- generalizadas
III- Não Classificadas
b) Generalizadas I-tônico/clônica
II- Ausência
III- Mioclônica
IV- atônica
c) Síndromes I- Idiopáticas
II- Criptogenéticas
III- Sintomáticas
d) Ver as diferenças dessa classificação com a proposta de 2012
5. ABORDAGEM TERAPÊUTICA FAMACOLÓGICA E NÃO FARMACOLÓGICAS DAS
CRISES EPILÉPTICA
a) Fármacos antigos (indutores): fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, ácido valpróico
b) Fármacos novos (não indutores): lamotrigina topiramato, levetiracetan
c) Dieta cetogênica, estímulação vagal, cirurgia
6. CONTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS EXAMES COMPLEMENTARES PARA O
DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DE PESSOAS COM EPILEPSIA
a) Eletrencefalograma, Vídeo/EEG
b) Imagens: Tomografia computadorizada, Ressonância magnética encefálica.
c) Liquor cefalorraqueano
Prof Dr Moacir Alves Borges
[email protected]
CRISES EPILÉPTICAS
E EPILEPSIA
DEPARTAMENTO DE
NEUROFISIOLOGIA DA FAMERP
18/07//15
Prof Moacir Alves Borges
[email protected]
Definições
Crise epiléptica
É um distúrbio decorrente da descarga
transitória anormal de neurônios
cerebrais, levando à fenômenos
identificáveis pela pessoa que a
experimenta ou por um observador
EPILEPSIA
Quando se tiver uma ou mais crises não
provocadas em espaço de tempo maior
que 24 h.
OU
Desde a primeira se houver:
EPILEPSIA
EEG, CT ou RM alterados
Identificação de causas remotas
Exame neurológico alterado1
Crises de ausência típica, mioclônica, focal
complexa com evolução para crise
Tônico-clônica de início2
1Hesdorffer at
Epidemiologia
al 2009; 2Berg 2006
Epidemiologia
 Em países em desenvolvimento
 Incidência estimada: 50/105 hab/ano
 Prevalência estimada: 5/1.000 habitantes
 Estima-se que no Brasil (185,7 milhões hab)
 pelo menos 106 de pessoas com epilepsia
 São 105 casos novos/ano.
 Incidência São José Rio Preto 111,6/105
hab/ano
Borges et al, 2012
Incidência da epilepsia idade ajustada,
considerando o sexo 2003 a 2012
A incidência média anual bruta da
epilepsia nos dez anos de 2003-2012
foi 105,8/105 hab/ano, sendo maior no
sexo masculino com 125,2 e 88 para o
feminino (p-valuer = 0,0001)
Borges et al, 2014
Incidência da epilepsia idade ajustada,
considerando o sexo 2003 a 2012
MEAN AGE-ADJUSTED INCIDENCE OF EPILEPSY
105inhabitants/year
160
140
120
100
80
60
40
20
0
149,1
99,9
males
females
111,6
Total
Borges et al, 2014
Incidência da epilepsia idade ajustada,
considerando o sexo 2003 a 2012
Borges et al, 2014
Incidência da epilepsia
Hauser,
WA
(1997)
Borges
et al,
2014
Incidência da epilepsia
Hauser,
WA (1997)
Borges
et al, 2014
Incidência da epilepsia idade ajustada,
considerando o sexo 2003 a 2012
Borges et al, 2014
Fatores de risco
Fatores de risco
Ambientais
 Meio rural
Assistenciais

 Populações de periferias
urbanas.

 Endemias

Familiares
 História familiar de
epilepsia.
Acesso limitado aos
serviços de saúde
Programas de imunização
deficientes
Atenção obstétrica
deficiente
Condições Sócio-econômicas
Fatores de risco de epilepsia em São José
do Rio Preto 2003 a 2012
Borges et al, 2012
Fatores precipitantes de crises
 Foto-sensibilidade,
 Febre (em crianças)
 Privação de sono,
Estresses
 Interrupção da medicação anti-epiléptica
 Abuso ou suspensão brusca de certas drogas
 Período peri-menstrual
Distribuição
sócioeconômica
Diagnóstico
Diagnóstico de epilepsia
É essencialmente clínico e se baseia:
 Na história clínica, elaborada com dados obtidos com:
 o paciente
 alguém que tenha presenciado as crises
 No exame clínico
Os exames complementares podem auxiliar na
classificação da crise e síndrome epiléptica
História clínica
Descrição das crises
Epilepsia
Diagnóstico diferencial das
crises
Diagnóstico diferencial das crises
Mais frequentes:
 Síncope
 Migranea
 Pseudocrise(ENEP)
Menos freqüentes:
 Ataque de pânico
 Hiperventilação
 Alterações do sono.
Transtornos
metabólicos
Classificação das crises
Classificação das crises
(de acordo com o início da descarga neuronal anormal ILAE 1981l)
Focais
 Início em uma região localizada do
córtex cerebral
 As manifestações clínicas (motoras,
sensoriais ou psicomotoras) dependem
da localização da origem das crises
 Sem perda de consciência, inicialmente
Classificação das crises
(de acordo com o início da descarga neuronal anormal ILAE 1981l)
Generalizadas

Acometem simultaneamente e desde o início
todo o córtex cerebral

Provocam perda de consciência desde o
início da crise, freqüentemente do tipo
tônico-clônicas
Classificação das crises
(de acordo com o início da descarga neuronal anormal ILAE 1981l)
Crises não classificáveis
Crises focais simples
 Sem perda de consciência ou amnésia posterior
 Movimentos tônicos, clônicos,localizados
 Paralisia de um membro.
 Alucinações/ilusões (ópticas, olfatórias, gustativas,
auditivas)
 Parestesias (adormecimento em face ou membros)
 Sintomas neurovegetativos
 Sintomas afetivos (medo, choro, riso,etc)
Crises focais com automatismo
 Sempre se acompanham de alterações de
consciência.
 Sintomas similares aos das crises focais
simples
 Duração do ataque de segundos a vários
minutos
 Cefaléia, sono ou confusão após o ataque
(pós-ictal)
Crises generalizadas
 Comprometimento simultâneo de todo o
córtex cerebral desde o começo da crise
 Perda de consciência desde o início
Tipos de crises generalizadas
 Convulsivas:
 Crises tônico-clônicas
 Crises clônicas
 Crises mioclônica
 Crises atônicas
 Crises tônicas
 Não convulsivas
 Crises de ausência (pequeno mal)
Crises generalizadas
 Crises clônicas
 contrações rítmicas em todo o corpo de duração
variável
 Crises mioclônicas
 contrações inesperadas de grupos musculares que
causam movimentos em todo o corpo ou parte
dele, de brevíssima duração
 Estes ataques nem sempre são patológicos (ex:
mioclonias do sono)
Crises generalizadas
 Ausências (pequeno mal)
 Ocorrem quase exclusivamente em
crianças e adolescentes
 Perda de consciência segundos de
duração. coexistir com crises
mioclonias atônicas e/ou crises
generalizadas tônico-clônicas
Evolução das crises
Crises focais isoladas
simples ou automatismo
Crise focaL
simples
Crise tônico-clônica desde o
início
Crise focaL
complexas
Crise tônicoclônica
Epilepsia
Exames complementares
Exames complementares
 Eletrencefalograma (EEG)
 Tomografia Computarizada (TC)
 Ressonância Magnética (RM)
 Análise laboratorial pertinente a cada caso
Epilepsia
(do Grego: “ser apanhado de surpresa”)
Isabela F. Politi
Isabela Rossi
Jéssica T. Bruxelas
João Eduardo T. Sartori
nº 22
nº 23
nº 24
nº 25
Histórico
• Desde 3.500 a.c.: Descrições de crises epiléticas
atribuídas a egípcios e sumérios.
▫ Exemplo: Papiro de Smith
(1700 a.c.)
• “Mestre, eu te trouxe o meu filho,
que está com um espírito que o impede de falar.
Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele
espuma pela boca, range os dentes e fica rígido...”.
Trecho da Bíblia
"Os homens pensam que a
epilepsia é divina meramente
porque não a compreendem.
Se eles denominassem divina
qualquer coisa que não
compreendem, não haveria
fim para as coisas divinas.“
Hipócrates “pai da Medicina” (400 a.C.)
• “Transtorno crônico, em que a característica
indispensável é a recorrência de convulsões que
são tipicamente não provocadas e geralmente
imprescindíveis”
Tratado de neurologia 12ª edição (2011), pág. 933,
Lewis P. Rowland e Timothy A. Pedley
• “Condição crônica, ou um grupo de doenças que
tem em comum crises epiléticas que recorrem na
ausência de doença tóxico-metabólica ou febril”
Epilepsia (1993) , pág. 11,
Carlos A. M. Guerreiro e Marilisa M. Guerreiro
Crise epilética
• Manifestação neurológica anormal, de início
repentino, causada por descargas elétricas anormais e
excessivas em uma parte do cérebro ou em sua
totalidade. Estas descargas elétricas surgem do
funcionamento anormal de um neurônio ou de um
grupo deles em um determinado momento.
Classificação das crises epiléticas
• Crises epilépticas parciais (focais): descarga
elétrica anormal ocorre em uma parte localizada do
cérebro e os sintomas da crise dependem da função
desempenhada pela área do cérebro cujos neurônios
estão disfuncionais.
• Crises epilépticas generalizadas: descarga elétrica
anormal ocorre de maneira sincronizada em todo o
cérebro, causando um desmaio desprovido de
indícios prévios.
Vídeos
• Crise epilética generalizada
https://www.youtube.com/watch?v=CCp6ZYBG7qg
• Crise epilética focal
https://www.youtube.com/watch?v=9HsRXgPzNKA
https://www.youtube.com/watch?v=UeF8q022HIw
Epilepsia
Definição conceitual (científica) de epilepsia:
“Epilepsia é um transtorno do cérebro caracterizado por uma predisposição
duradoura a crises epilépticas, e pelas consequências neurobiológicas, sociais,
cognitivas e psicológicas desta condição. A definição de epilepsia requer a ocorrência
de pelo menos uma crise epiléptica”.
Fischer et. Al, ILAE 2005
Prática clínica:
Epilespsia é uma doença do cérebro caracterizada por uma das seguintes condições:
• Pelo menos duas crises não provocadas (ou duas crises reflexas) ocorrendo em um
intervalo superior a 24 horas
• Uma crise não provocada (ou uma crise reflexa) e chance de uma nova crise estimada
em pelo menos 60%
• Diagnóstico de uma síndrome epiléptica
• A epilepsia é considerada resolvida naqueles indivíduos que tiveram uma epilepsia
relacionada a uma determinada faixa etária e que agora ultrapassaram essa idade ou
naqueles que tiveram a última crise há mais de 10 anos e estão há pelo menos 5 anos
sem usar medicações antiepilépticas.
Fisher et. Al, 2014
Epilepsia
Duas ou mais crises não provocadas em espaço de
tempo maior que 24 h.
Desde a primeira se houver:
EEG, CT ou RM alterados
 Identificação de causas remotas
Exame neurológico alterado
Crises de ausência típica, mioclônica, focal complexa
com evolução para crise
Tônico-clônica de início
Estigma da epilepsia
Principais motivos:
• Doença mental
• Medo do desconhecido
• Falta de informação e conhecimento
O estigma afeta negativamente:
• relações sociais
• oportunidades escolares e de emprego
• aspectos emocionais
Relato de caso
Identificação: R.M.C., 32 anos, casada .
“Tenho epilepsia, minha primeira crise foi em uma sala de aula, com 13 anos de idade, passei a enxergar
tudo distorcido, escutar tudo estranho e a crise veio, só me lembro de ter acordado com meus pais e meu
professor a minha volta. Meus pais não esperaram eu ter outra crise e procuraram um Neurologista para
me examinar, passei por dois Neuros antes de conseguir encontrar um neuro que soubesse como me
tratar, pois os dois por quem eu passei não conseguiram ajudar muito.
A medicação no começo não resolveu muito, eu tive um problema no uso dos remédios, meu cabelo
caía muito e eu me sentia muito mole, com muito sono, o que dificultava bastante a minha vida na
escola, pois eu estava em plena formação escolar terminando o ensino fundamental.
Dos 13 aos 14 anos eu sofri muito com as crises, pois sempre que as tive a maioria foi em público, o que
me fazia sentir mal, menor, culpada, etc...
Entrei na juventude e prossegui meus estudos, com as crises já controladas, fiz faculdade de História e
pós graduação em filosofia e sociologia.
No período da faculdade nunca ninguém soube o que eu tinha, eu nunca gostei de falar sobre o
assunto, sempre me sentia mal, cresci em uma família cristã protestante, onde eu escutei de muitos
parentes que o que eu tinha era um "mal espiritual”.
Me casei com 21 anos, ainda não tenho filhos, pois sonho com o ambiente acadêmico, atualmente
estou desempregada, pois não passei no exame admissional, justamente por ter epilepsia. Não é fácil ser
rejeitada, não é fácil ouvir que você não pode ocupar uma função por ter epilepsia. A partir deste dia eu
voltei a falar no assunto e criei um Blog, onde falo sobre como é viver com epilepsia.
Coloquei em minha cabeça desde os 13 anos de idade que não é a epilepsia que me domina, e sim, eu
posso controla-la seguindo a risca as orientações do meu neuro, e os horários da minha medicação.”
Referências
• Silva, AV, & Cavalheiro, EA (2004). Epilepsia: uma janela para o cérebro.
Multiciência, 3ªedição.
http://www.multiciencia.rei.unicamp.br/artigos_03/a_05_.pdf
• Fernandes, PT, & Li, LM (2006). Percepção de estigma na epilepsia. J Epilepsy
Clin Neurophysiol; 12(4):207-218.
http://www.scielo.br/pdf/jecn/v12n4/a05v12n4.pdf
• Gomes, MM (2006). A história da epilepsia: um ponto de vista epidemiológico.
J Epilepsy Clin Neurophysiol 2006; 12(3):161-167.
http://www.scielo.br/pdf/jecn/v12n3/a09v12n3.pdf
• Rowland, LP, & Pedley, TA (2011). Tratado de neurologia. Grupo Editorial
nacional, 12ª edição, pág. 933.
• Guerreiro, CAM, & Guerreiro, MM (1993). Epilepsia. Editora Lemos, pág. 11.
• Fisher RS, van Emde Boas W, Blume W, et al. Epileptic seizures and epilepsy:
definitions proposed by the International League Against Epilepsy (ILAE) and
the International Bureau for Epilepsy (IBE).Epilepsia2005;46:470–472
Larissa Furlan, 33
Lucas Abrahão, 34
Lucas Cardoso, 35
O que é o ILAE?
 Trata-se da organização que luta contra a Epilepsia
 Existe há cerca 100 anos
 Faz a classificação das crises epilépticas
Critérios de 1981 das crises Epiléticas Parciais
Critérios de 1981 das crises Epiléticas Generalizadas
Classificação de 1989
Classificação de 2010
Epilepsia e Crises Epiléticas
CONTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS EXAMES
COMPLEMENTARES PARA O DIAGNÓSTICO E
ACOMPANHAMENTO DE PESSOAS COM
EPILEPSIA
Marcia Tanaka – n°40
Maria Amélia Santili – n°41
Maria Carolina Ribeiro – n°42
Principais exames complementares para
diagnóstico de Epilepsia:
•
EXAMES LABORATORIAIS:
I. Exames sanguíneos de rotina: identificar causas metabólicas mais
comuns da crise epiléptica. Ex: anormalidades nos eletrólitos,
glicose, cálcio ou magnésio e doenças hepática ou renal.
II. Triagem para toxinas no sangue e urina de todos os pacientes que
pertençam a grupos de risco apropriados.
III. Punção lombar: em suspeitas de meningite ou encefalite, e em
todos os pacientes infectados pelo HIV.
• EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS
I. Eletroencefalograma: Como a epilepsia é basicamente um
distúrbio da função cerebral, o EEG é o teste mais
importante na avaliação de pacientes que apresentam
crises convulsivas. O EEG ajuda tanto a estabelecer o
diagnóstico de epilepsia como a caracterizar síndromes
epilépticas específicas
II. Vídeo/EEG:O tempo de registro prolongado é
extremamente útil para documentar características clínicas
das crises convulsivas/epilépticas, localizar o início e a
propagação das descargas e classificar corretamente
diferentes tipos de crises epilépticas, possibilitando o
diagnóstico e a programação terapêutica clínica ou
cirúrgica, assim como o seu prognóstico.
III. MAGNETOENCEFALOGRAFIA (MEG): Outro método
não invasivo de avaliar a atividade cortical. Em vez de
medir a atividade elétrica do cérebro, mede os pequenos
campos magnéticos que são gerados por essa atividade.
• EXAMES DE IMAGEM:
I. Tomografia Computadorizada: A TC, com frequência deixa passar
despercebidas lesões epileptogênicas comuns como: a esclerose
hipocampal, a displasia cortical e as malformações cavernosas. Em
pacientes com suspeita de infecção do SNC ou lesão expansiva: TC
em regime de emergência caso não se disponha de RM.
II. Ressonância Magnética Encefálica: É superior à TC na detecção de
lesões cerebrais associadas à epilepsia. Identifica tumores,
malformações vasculares, e outras patologias. A RM deve ser
realizada em todos os pacientes com mais de 18 anos e em crianças
com desenvolvimento anormal, achados anormais ao exame físico ou
tipos de crises que podem ser manifestações de epilepsia
sintomática.
Sobre o EEG:
Diagnóstico é feito na presença de atividade epiléptica eletrográfica
(pontas e ondas agudas) durante o evento clinicamente evidente
-> atividade rítmica repetitiva anormal com início e fim distintos,
porém, a ausência de atividade epiléptica eletrográfica não exclui
um distúrbio epiléptico porque crises focais podem originar-se de
uma região do córtex que não pode ser detectada por eletrodos no
couro cabeludo.
• EEG sempre é anormal durante as crises tônico-clônicas
generalizadas
• Período interictal (Período de pelo menos 24h sem crise): EEG
pode mostrar certas anormalidades sugestivas do diagnóstico de
epilepsia -> salva de descargas anormais contendo pontas ou ondas
agudas.
•
• Paciente com epilepsia confirmada: O EEG interictal de rotina
inicial é normal em até 60% dos casos.
• A presença de atividade epileptiforme não é específica de
epilepsia, mas tem maior prevalência em pacientes com
epilepsia.
• Portanto é importante lembrar que antes de mais nada
a anamnese minuciosa é essencial, pois em muitos
casos o diagnóstico da crise epiléptica se baseia
unicamente em critérios clínicos – o exame físico e os
exames complementares costumam estar normais.
Importância dos exames complementares
para o prognóstico em Epilepsia:
• EEG: classifica os distúrbios epilépticos e ajuda na seleção de fármacos
anticonvulsivantes.
Em um cérebro normal
predomina a frequência
Beta
Frequências:
Alpha – 8 a menos de 13
Beta – 13 ou mais
Theta – 4 a menos de 8
Delta – menos de 4
• Após o diagnóstico, o EEG de rotina ajuda a determinar o
prognóstico:
I. EEG normal: indicativo de um bom prognóstico.
II. Ritmo de base anormal ou atividade epileptiforme profusa:indicativo
de prognóstico reservado.
III. Porém: o valor do EEG no prognóstico é controverso e deve ser
encarado como um fator indireto, correlacionado à etiologia, à idade
do paciente e à freqüência das crises
Referências:
•
Rowland L P, Pedley T A. Tratado de Neurologia. Décima segunda
edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 1409p.
•
http://www.anm.org.br/img/Arquivos/Aulas%20Curso%20Capacita%
C3%A7%C3%A3o%20em%20Urg%C3%AAncia%20e%20Emerg%C3%
AAncias/Crises%20Convulsivas.pdf
BRAUNWALD, Eugene, FAUCI, Anthony S., HAUSER, Stephen L.,
LONGO, Dan L., KASPER, Dennis L., JAMESON, J. Larry HARRISON – Medicina Interna - 2 Volumes - 17ª ou 18ª edição.
Editora Artmed, Rio de Janeiro 2009.
•
Fenomenologia da Epilepsia
Eduarda Menin Nº 14
Juliana Taranha Nº 30
Juliany Roberta Cintra Nº 31
Julio Morgan Nº 32
Introdução
A fenomenologia das crises epilépticas é o primeiro eixo
diagnóstico das Epilepsias.
Trata-se do conjunto de sinais e sintomas que ocorrem
durante a crise e no período pós-ictal.
Fenômenos motores
Fenômenos não motores - incluem manifestações
sensitivas
Fenômenos experienciais
Fenômenos pós-ictais
Fenômenos autonômicos
Permite-nos chegar à classificação dos tipos de crise
apresentados pelo paciente, o que consiste no segundo
eixo diagnóstico das epilepsias. Depende da(s) área(s) do
cérebro acometidas.
Introdução
1) Crises focais ou parciais: se iniciam numa porção
delimitada do cérebro.
• Parciais simples: não há comprometimento da
consciência
• Parciais complexas: ocorre alteração da consciência
(ruptura do contato)
2) Crises generalizadas: se iniciam em ambos
hemisférios simultaneamente e provocam perda de
consciência.
• Crises de ausência
• Crises mioclônicas
• Crises tônico-clônicas (comumente denominadas
convulsões).
Crises parciais simples:
• Sintomas podem ser motores, sensoriais, psíquicos
(estados de consciência), e / ou autônomos.
• Não há perda da consciência.
Sintomas Motores:
• Alternância entre contração e relaxamento de
grupos musculares
• Movimentos dos olhos e virar a cabeça para o
mesmo lado
• Postura assimétrica dos membros
• Fala embargada, vocalização
Crises parciais simples
Sintomas Sensoriais:
•
•
•
•
Ver flashes de luzes ou cores, ilusões e alucinações
Ouvir zumbidos, ruídos sibilantes
Sentir odores e gostos desagradáveis ​
Tonturas, vertigens
Sintomas Psíquicos:
•
•
•
•
•
Desapego, despersonalização
Devaneios
Distorção de memória
Distorção de tempo
Emoção, não provocado: medo, prazer, desprazer,
depressão, raiva, alegria, erotismo
Crises parciais simples
Sintomas Autônomos:
• Ruídos abdominais produzidos pela presença de
gás nos intestinos
• Rubor
• Incontinência
• Náuseas, vómitos
• Piloereção
• Dilatação pupilar
• Sudorese
• Taquicardia
Crises parciais complexas
• A perda de consciência distingue as crises
parciais complexas das parciais simples.
Durante o estado de inconsciência o paciente
apresenta aparência “vaga” ou “assustada” e
pode apresentar os sintomas de uma crise
parcial simples.
• Automatismos podem ocorrer durante a perda
de consciência.
• Há 5 principais tipos de automatismos:
• Alimentar: ato de mastigação, aumento da
salivação, aumento de ruídos hidroaéreos.
• Mimético: expressões faciais de medo, confusão,
mal-estar, tranquilidade, risadas ou choro.
• Gestual: movimentos repetitivos das mãos,
dedos ou gestos sexuais.
• Deambulação ou corrida.
• Verbal: repetição de frases curtas ou
xingamentos.
• Os pacientes que apresentam crises
parciais complexas durante muito tempo
podem desenvolver uma “queda súbita”
devido à perda do tônus postural seguida
de perda de consciência.
Crises tônico-clônicas (grande mal)
Apresentam:
• Perda abrupta da consciência,
• Contração tônica (contração muscular mantida
por segundos a minutos)e depois clônica
(contração seguida de relaxamento – abalos
musculares)
Podem começar como crises parciais simples ou
complexas que pela propagação do estímulo se
tornam generalizadas.
Aura - em alguns casos, mas os pacientes muitas
vezes não se lembram dessa fase.
Crises tônico-clônicas (grande mal)
A fase tônica consiste em:
• Queda
• Perda de consciência
• Expulsão do ar pela glote fechada – grito
epiléptico
• Extensão de braços, pernas, e / ou face
• Dedos e mandíbula cerrados
Crises tônico-clônicas (grande mal)
Sintomas autonômicos:
•
•
•
•
•
•
•
•
Aumento da pressão arterial
Taquicardia
Aumento da pressão da bexiga
Rubor
Sudorese
Sialorreia
Broncorreia
Apnéia
Crises tônico-clônicas (grande mal)
A fase clônica consiste em:
Relaxamento dos músculos seguido de sua contração ->
abalos rítmicos do corpo e da cabeça.
A fase pós-ictal consiste em:
• Sialorreia
• Mordedura da língua, bochecha, ou lábio
• Liberação esfíncteriana
Período pós crítico:
• Confusão mental
• Sonolência
• Fraqueza
O paciente pode permanecer inconsciente por um tempo,
não despertar e entrar em sono ou despertar após a crise.
Crises de ausência (Pequeno Mal)
Esse tipo afeta crianças. Crises de ausência são
crises generalizadas que têm um rápido início e são
caracterizados pelo seguinte:
• Automatismos (por exemplo, lambendo os lábios,
mordendo, fazendo uma careta, coçando,
atrapalhado com roupas)
• Olhos Abertos em branco
• Mudança na expressão facial
• Falta de consciência, capacidade de resposta,
memória
• Movimentos bruscos das extremidades
• Confusão pós-ictal, sensação de tempo "perdido"
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=fjzCgYJngu
8
Referências
• http://www.healthcommunities.com/epilepsyseizures/symptoms.shtml
• http://www.ilae.org/
• Associação brasileira de epilepsia
http://www.epilepsiabrasil.org.br/
• http://www.epilepsia.pt/
• A Neurologia que Todo Medico Deve Saber 2ª
Edição - Nitrini, Ricardo; Bacheschi, Luiz
Alberto
TRATAMENTO
EPILEPSIA
Tratamento
Farmacológico
Objetivos
• Eliminar ou reduzir ao máximo a frequência de convulsões;
• Evitar os efeitos colaterais associados ao tratamento;
• Restaurar ajustamento psicossocial na sociedade;
Qualidade de Vida
Informações Gerais
• Prolongado – meses a anos;
• Nunca retirar medicamentos de forma abrupta, exceto
quando houver resposta alérgica;
• Maioria possui metabolização hepática;
• Monitoramento dos riscos das medicações,
através de controle hematológico – hepático
três a seis meses após introdução medicação,
e anualmente quando assintomático;
• Em caso de falha do primeiro fármaco 
substituição gradual por outro,
mantendose a monoterapia.
de
primeira
fazer a
escolha,
• Em caso de falha na segunda tentativa de tratamento em
monoterapia  tentar a combinação de dois fármacos
anticonvulsivantes.
• A esolha depende do tipo de Crise que o paciente apresenta
Fenítoina
• Indicação: prevenção de crises parciais e crises tônico-clônicas;
generalizadas;
• Mecanismo de Ação:
• Diminui excitação neuronal por bloqueio dos canais de sódio;
• Sistema Saturável de Oxidação Hepática: aumento pequenas doses 
grandes elevações séricas;
• Dose: 200 – 400 mg/dia.
• Necessidade de um ajuste cuidadoso para evitar neurotoxicidade, com
incrementos de 30mg;
• Efeitos Adversos
• Estéticos: hiperplasia gengival, traços faciais grosseiros, Hirsutismo;
• Lábio Leporino (grávidas);
• Agressão.Sedação;
• Osteoporose;
• Ataxia, tremor e nistagmo: quando super-dosagem.
Carbamazepina
Valproato
Fenobarbital
Lamotrigina
• Lamictal ®
• Antiepilético da classe das feniltriazinas – Controle sintomas
de convulsão; estabiliza a atividade anormal do cérebro.
• INDICAÇÃO:
- Crises tônico-clônicas generalizadas;
- Ausência;
- Mioclonia;
- Crises parciais;
• MECANISMO DE AÇÃO: Não conhecido totalmente;
Modula a transmissão pré-sináptica; inibe os canais de sódio;
diminui a liberação do glutamato.
• EFEITOS COLATERAIS COMUNS:
Efeitos neurocognitivos; cefaléia; alterações de humor;
náuseas e vômitos; eritema exudativo multiforme, entre outros.
Benzodiazepínicos
• Os benzodiazepínicos são drogas hipnóticas e
•
•
•
•
•
ansiolíticas bastante utilizadas na prática clínica.
INDICAÇÃO: aliviar ansiedade; tratar insônia; relaxar ou
aliviar espasmos musculares; transtornos de pânico.
Pode causar dependência psicológica;
Podem causar: sonolência, tonturas e imperícia.
MECANISMO DE AÇÃO: se baseia na atuação nos
sistemas inibitórios de neurotransmissão do ácido-gamaamino-butírico (GABA), além de provável ação direta na
indução do sono não REM. Hiperpolarização da célula.
EFEITOS COLATERIAS COMUNS:
Instabilidade; tonturas e delírios; sonolência
Epilepsia Focal
Epilepsia Generalizada
Combinação de Medicamentos
As recomendações da ILAE:
• adultos com epilepsia focal - carbamazepina, fenitoína e
ácido valproico;
• crianças com epilepsia focal - carbamazepina;
• idosos com epilepsia focal - lamotrigina e gabapentina;
• adultos e crianças com crises TCG, crianças com crises
de ausência, epilepsia rolândica e epilepsia mioclônica
juvenil - nenhuma evidência alcançou níveis A ou B.
• Epilepsia idiopática generalizada grávidas: Divalproato,
Lamotrigina, Valproato;
• Epilepsia focal grávidas: Oxcarbazepina, Carbamazepina
Tratamento não-farmacológico
• 1) Cirúrgico
• Quando Utilizar?
• -Focal, resposta não satisfatória a medicamentos
• Como descobrir?
• -Spect, vídeo EEG, RM
• Método
• -Retirada Isolada do foco
• Contra - multifocal
Dieta cetogênica
• -Utilizada em crianças
• -Dieta cetogênica : rica em gorduras, pobre em
carboidratos e proteínas
• -Motivo : estimular cetogênese – estabilização das
conexões
• -Como? Início no hospital – 2 anos em casa.
Monitorização de glicemia e corpos cetônicos
Terapia VNS – estimulação vagal
• Indicação – Epilepsia refratária
• Funcionamento – Modulação dos impulsos vagais
• Comunicação: vago-cerebral
• Considerada terapia adjunta
Bibliografia
• BETTING,
LUIZ EDUARDO et al. Tratamento de Epilpsia. Consenso dos
Especialistas Brasileiros. Arq Neuropsiquiatr 2003;61(4):1045-1070. Link:
http://www.scielo.br/pdf/anp/v61n4/a32v61n4.pdf
• Guerreiro, Carlos A. M.; Guerreiro, Marilisa M. Epilepsia. Lemos Editorial,
São Paulo, 1993.
• Rowland, Lewis P.; Pedley, Timothy A. Tratado de Neurologia. Décima
segunda edição. Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 2011;
• PORTARIA nº 1.319, de 25 de novembro de 2013. Protocolo clínico e diretrizes
terapêuticas – epilepsia do. Ministério da saúde.
Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2013/prt1319_25_11_2013.html

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