edição em pdf - Associação Brasileira de Santa Gertrudis

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edição em pdf - Associação Brasileira de Santa Gertrudis
NOTÍCIAS DO
SANTA GERTRUDIS
Setembro de 2012 | Publicação da Associação Brasileira de Santa Gertrudis
PALAVRA DO PRESIDENTE
EVENTOS
Homenagem
Santa Gertrudis na
Expointer 2012
Hoje, desejo usar este espaço
para homenagear um dos mais
importantes gertrudistas que já
conheci: Luiz Bannwart Junior.
Falar sobre ele não é simples,
pois, com certeza, poderei apenas
acenar sobre alguns aspectos
dos 88 anos de uma existência
tão marcante. Desde 1988,
quando comecei a criar Santa
Gertrudis, tive uma experiência
ímpar de relacionamento com
esta figura dócil, que o tempo foi moldando e tornando cada vez
mais “arredondado”, sem “pontas de desconforto”. Era muito fácil
relacionar-se com o Sr. Luiz.
Vamos relembrar alguns fatos da sua vida e na Associação
Brasileira de Santa Gertrudis:
O jovem técnico agrícola trabalhou por 18 anos com a família
Wirth, onde, além de uma grande experiência adquirida com a
cultura do café, iniciou o seu contato com a raça Santa Gertrudis,
através do cruzamento industrial. Em 1969, a convite do então
presidente da Associação, Carlos Francisco Alves, tornou-se o
responsável técnico pela raça no Brasil, sendo o primeiro técnico
aprovado pelo King Ranch para o registro dos animais aqui.
Durante os mais de 30 anos de trabalho incansável, Sr. Luiz
construiu amizades verdadeiras, através de um relacionamento
autêntico e excelente com os criadores. Colaborou de maneira
extremamente profissional para o melhoramento da raça, que
muito deve àquele olhar experiente, capaz de detectar detalhes
importantíssimos, que passavam despercebidos a muitos. Sua
contribuição junto ao conselho técnico para que a raça atingisse
esse patamar moderno e funcional que tem hoje, foi inestimável.
Mas, aquilo que mais chamava a atenção no contato com ele era
a humildade, sua voz baixa e ligeiramente rouca, capaz de atrair
a atenção e o respeito de várias gerações de criadores. Nunca
negava informações preciosas, como um mestre que tira da
sua biblioteca informações antigas e novas, feliz em transmitir a
própria experiência, adquirida com não pouco esforço.
Luiz Bannwart nos precede numa viagem que, mais cedo ou
mais tarde, todos seguiremos. Se no céu estavam precisando de
alguém para cuidar do rebanho, quem melhor e mais dedicado do
que ele?Esta figura deixou-nos exemplos, mais do que palavras,
e agora as palavras são insuficientes para dar-lhe o destaque
merecido.
Antonio Roberto Alves Correa
Presidente da ABSG
A raça Santa Gertrudis marcou presença na 35ª edição da
tradicional Expointer, promovida no Parque Assis Brasil, em Esteio
(RS), de 25 de agosto a 2 de setembro. O julgamento dos animais
foi realizado no dia 29 de agosto pelo médico veterinário Thiago
Amstalden.
A Cabanha 53, propriedade de Ruy Selbach Barreto, teve
dois animais premiados: o Grande Campeão, Tsunami 53, e a
Reservada Grande Campeã, Syrena 53.
O título de Grande Campeã foi para Exemplar UB, da Fazenda
União do Brasil, de Antonio Roberto Alves Correa, e o de
Reservado Grande Campeão foi concedido a Douradilho 4850, da
Cabanha Douradilho, de Eduardo Filizola do Nascimento.
Os criadores participaram de um jantar de confraternização. Em
seguida, foram entregues as premiações para os vencedores,
além dos certificados para os tratadores e o juiz.
O evento também foi palco para o lançamento da campanha “Eu
crio Santa Gertrudis”, idealizada pelo criador Gustavo Barretto e
que contou com a distribuição de adesivos e camisetas para os
associados. Confira a galeria de fotos completa no site www.
santagertrudis.com.br.
NOTÍCIAS DO SANTA GERTRUDIS | Setembro de 2012 | Página 2
RANKING
ARTIGO
Ranking atualizado
O caso da LFTB (gosma
rosada) X poder dos
consumidores nos EUA
REPRODUTORES
1 - Heroi da Pallos Verdes (2930)
2 - Elo da Taquari (2505)
3 - Pontal 2 (2440)
MATRIZES
1 - Jatiuca da Jatoba (1745)
2 - Aroeira da Taquari (1465)
3 - Granada da SJ (1400)
Com o passar dos anos, a ciência evolui e, com ela, as novas
descobertas. Nos alimentos, isso não é diferente. A história que
vou relatar abaixo sobre o LFTB – Lean Fine Texturized Beef,
que na tradução livre seria Carne Magra, Fina e Texturizada,
que a mídia passou a chamar simplesmente de pink slime
ou gosma rosada – traz elementos de um grande filme de
Hollywood, descobertas tecnológicas, dinheiro, sucesso, intrigas,
suspense e um final inesperado, no qual um dos personagens,
o supostamente mais fraco, determina o rumo dos outros mais
fortes.
MACHOS
1 - Damasco UB (1465)
2 - Apelo (1243)
3 - Gold SA TE (1160)
FÊMEAS
1 - Dalila UB (1745)
2 - Enfase da Malagueta (1400)
3 - Garça da Taquari (1040)
CRIADORES
1 - Antonio Roberto Alves Correa (11346,3)
2 - Wladimir Alvares de Mello (9845)
3 - Henricus Joseph Beckers (5660)
EXPOSITORES
1 - Antonio Roberto Alves Correa (10957,5)
2 - Wladimir Alvares de Mello (10185)
3 - Henricus Joseph Beckers (5515)
Confira o ranking completo no site www.santagertrudis.com.br
A raça Santa Gertrudis
agora conta com um
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comunicados e fotos. Acesse
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Dia de Campo e Encerramento do
Ranking 2012 da ABSG
Dia 24 de novembro, na Fazenda Jatobá
Maiores informações em breve
Bem, essa história começa com a necessidade dos Estados Unidos
em ter carne magra para poder abastecer a demanda por carne
moída para o mercado em geral e matéria-prima adequada para
fazer hambúrgueres no mercado de fast food. Essa matéria-prima
para carne moída precisa ter um teor de gordura adequado, o que
naturalmente não é gerada em quantidades suficientes no abate
normal dos bois americanos. Os recortes gordos, acima de 50%
de gordura, necessitam de uma dose de carne magra, com menos
de 20% de gordura, para chegar à composição de gordura ideal
para fazer hambúrgueres e almôndegas. Hoje, esse suprimento de
carne magra tem de ser importado da Austrália e Nova Zelândia,
basicamente.
A busca da indústria americana em reduzir a dependência de
importação dessa carne magra fez surgir o LFTB, que tem em sua
composição apenas de 3% a 6% de gordura, uma solução muito
interessante para o segmento de carne bovina e, por tabela, para
os outros segmentos de carnes, pois retira, mediante um processo
industrial, gordura de recortes de carne muito gorda, com baixo
valor de mercado, transformando-os em “carne magra” com, no
máximo, 6% de gordura, de alto valor. Essa história me remete a
Leonardo da Vinci e sua máquina de transformar chumbo em ouro,
pois este foi o resultado da criação do LFTB.
O processo para obter o LFTB foi desenvolvido na década
de 1990 e o produto resultante era vendido somente para a
indústria de ração animal, por conta do alto grau de contaminação
microbiana. Somente em 2001, com a aprovação do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) pela introdução no
processo de gás amônia (NH3) como um agente sanitizante, a fim
de eliminar qualquer agente nocivo presente no produto final, este
pode ser destinado ao consumo humano. A amônia é largamente
usada na indústria de alimentos, é segura e aprovada pelos órgãos
reguladores americanos e mundiai.
A empresa principal desenvolvedora do processo, a BPI (Beef
Products Inc.), ganhou prêmios por sua inovação tecnológica e
compromisso com a qualidade e segurança alimentar nos Estados
Unidos, o mais recente deles em 2008, o Beef Industry Vision
NOTÍCIAS DO SANTA GERTRUDIS | Setembro de 2012 | Página 3
ARTIGO
Award (Prêmio Visão da Indústria de Carnes), concedido pela
National Cattlemen’s Fundation pelo seu processo inovador e por
ter gerado mais de US$ 250 milhões em agregação de valor na
indústria de carnes norte-americana. O LFTB não só gera valor
para a BPI Inc., como também para toda a cadeia de carne bovina,
pois valoriza um produto, o recorte gordo, no mercado, trazendo
benefícios não somente a ela, mas também a todos ligados à
cadeia bovina; daí a natureza do prêmio conquistado. Esse foi
apenas um dos prêmios concedidos a essa empresa inovadora
nestes últimos anos.
O LFTB, apesar de ser obtido por um processo industrial,
grosso modo consiste em aquecimento dos recortes gordos,
centrifugação para separação da gordura dos recortes de carne,
processo de sanitização com injeção de gás amônia (que em
contato com a umidade da carne se converte em hidróxido
de amônia) ou uso de ácido cítrico, dependendo da empresa
utilizadora do processo, congelamento rápido, compactação
e embalagem. O produto não pode ser comercializado ao
consumidor diretamente, somente às indústrias de processamento.
Desculpe-me pelo excesso de informação técnica, caro leitor,
mas ela é importante para você entender o que se passa com
esse produto de verdade. O processo de sanitização, que a BPI
chama de pH enhancement system ou sistema de melhoramento
ou aumento de pH (o pH e a medida do nível de acidez de um
produto em uma escala de 0 a 14, na qual o zero é o nível mais
alto de acidez, o 7 é neutro e o 14 o nível menos ácido), tem por
objetivo elevar o pH da carne (deixá-la menos ácida) e tornar o
ambiente inóspito para micro-organismos patogênicos, eliminando
principalmente a E. coli O157:H7, salmonela, entre outros que
afetam de forma significativa a saúde dos consumidores, podendo
levá-los à morte inclusive.
Claro que um pouco de hidróxido de amônia fica no produto final,
mas não é prejudicial, já que a amônia é também um componente
natural da carne (alguns compostos com base amônia são
naturalmente encontrados em carne bovina, aves, queijos, bacon,
salames, frutas, condimentos, molhos, etc.). O USDA considerou
que o hidróxido de amônia era usado no processo como um
auxiliar para de obtenção do LFTB e não um ingrediente do
produto final, daí não necessitar ser informado nos rótulos dos
produtos que o utilizavam, desta forma, este órgão classificou o
LFTB como carne, seguindo o regulamento USDA 9CFR Ch.III.
A contaminação na carne moída é um problema sério e presente,
pois, ao se expor uma grande superfície de carne ao ar e
contato com superfícies, estas podem introduzir a contaminação
ao produto mais facilmente que os cortes tradicionais de
carne que conhecemos, que têm uma superfície menor de
exposição. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos, a
grande maioria da carne moída é vendida por frigoríficos e
processadores diretamente ao comércio, restaurantes e indústria
de processamento, e não moída na hora a pedido do consumidor
– daí a alta exposição do produto à contaminação. Diversos casos
de recall de carne moída ocorrem nos Estados Unidos todo ano
em razão de contaminação por micro-organismos patogênicos,
e muito se tem feito para eliminar de forma consistente este
problema, com testes e procedimentos sanitários.
O LFTB pode ser adicionado em proporção de até 15% à carne
moída, hambúrgueres, almôndegas ou qualquer outro produto à
base de carne bovina. Dessa forma, passou a integrar a vida dos
americanos de forma silenciosa e, assim, a indústria conseguiu
abastecer os seus clientes de modo a manter a competitividade
dos preços, os volumes crescentes pela indústria do food service e
fast food, e o aumento de sua rentabilidade.
A carne moída é definida na legislação americana como carne
resfriada ou congelada, temperada ou não, com no máximo 30%
de gordura, entre outras restrições que não vem ao caso agora
explicar. Estima-se que 50% da carne bovina consumida nos
Estados Unidos é na forma de carne moída e que 70% da carne
moída produzida no país continha o LFTB em sua composição até
então.
A adição de LFTB à carne moída gerou um impacto positivo
no mercado. Não só a BPI, mas as outras indústrias de abate
e desossa de carne, como Tyson Foods, Cargill e JBS USA,
principais fornecedoras de matéria-prima para a BPI Inc., montaram
seus aparatos para produzir LFTB e aditivar os seus produtos.
Praticamente todos os clientes usavam carnes aditivadas com
LFTB, desde as grandes cadeias de fast food, as indústrias
independentes de pratos prontos, produtos congelados, atacado
e varejo, todos eles tinham em suas gôndolas esses produtos
à disposição dos seus clientes. O USDA também aprovou o
produto para uso na merenda escolar e programas alimentares do
governo, e tudo caminhava muito bem até março de 2012, quando
esta história de sucesso começa a mudar.
No último dia 7 de março, o canal nacional de TV americano
ABC News fez uma reportagem pungente sobre o uso do LFTB
na carne moída vendida no varejo americano e praticamente
tornou conhecida a expressão pink slime para o produto.
Colocou na frente dos consumidores americanos que um produto
anteriormente usado apenas como alimento para animais ou óleo
para cozinhar, que começou a ser lavado com amônia e agora era
seguro para consumo, estava sendo usado como ingrediente na
carne moída que eles estavam comprando no seu supermercado
preferido. Dois dias antes, o jornal on-line The Daily publicou
que o USDA tinha comprado 3,2 mil toneladas de LFTB para o
programa de merenda escolar. A reportagem também se referiu
ao vídeo Food Revolution, do chef celebridade Jamie Oliver,
exibido em abril de 2011, no qual ele simula para o público como
o LFTB é obtido. Ele usou recortes gordos de carne obtidos de
uma forma tradicional, colocou os recortes em uma máquina de
lavar roupas para centrifugar e retirar a gordura e os misturou
com um desinfetante doméstico à base de amônia, conhecido
aqui no Brasil com amoníaco; misturou os dois, moeu e mostrou
a um público perplexo o produto final, que agora fazia parte da
alimentação dessa plateia. A forma como o processo foi mostrado
impactou os espectadores (veja o vídeo no fim deste artigo).
Esses fatos, aliados hoje à velocidade como as informações
circulam na mídia, se espalharam de forma viral pelos
consumidores americanos. Um blog on-line chamado The Lunch
Tray, focado em crianças, alimentação e merenda escolar, fez
uma petição on-line intimando o USDA a parar de comprar
LFTB para o programa de merenda escolar americano. Mesmo
antes dessa reportagem da ABC News, uma outra reportagem
publicada no jornal NY Times, em dezembro de 2009, já levantava
preocupações sobre a qualidade dos recortes utilizados e do
processo de desinfecção por amônia. A reportagem mostrava
NOTÍCIAS DO SANTA GERTRUDIS | Setembro de 2012 | Página 4
ARTIGO
preocupação por parte de dois ex-funcionários do USDA quanto à
qualidade do produto final e validação do processo de sanitização
por amônia. A reportagem cita e-mails desses funcionários,
datados de antes da validação do processo pelo USDA, que foi
em 2001, chamando o LFTB de pink slime e caracterizando como
fraudulenta a forma de rotulagem da carne moída aditivada com
LFTB apenas como carne moída, sem menção ao LFTB. Prevendo
um desastre à frente, em 2011, as grandes redes de fast food
proibiram que os seus hambúrgueres tivessem o LFTB na sua
composição.
Após a veiculação da reportagem da ABC News, como um
tsunami, consumidores reagiram de forma muito negativa ao
consumo de produtos com LFTB. Indústria, varejo e outros
segmentos ligados ao uso do LFTB em seus produtos viram
que a onda era muito forte e se propuseram voluntariamente a
informar seus consumidores sobre a presença do aditivo em seus
produtos, como forma de aliviar as tensões e restaurar a confiança
do consumidor em comprar carne moída. O governo, também
pressionado pelo clamor público, se viu acuado e publicou,
em 15 de março, uma diretriz passando a responsabilidade da
decisão de comprar carne moída com ou sem LFTB aospróprios
distritos escolares – as escolas compram 60% da sua carne
moída por intermédio do USDA. Em 21 de março, redes
atacadistas e verejistas tomaram posições distintas perante os
seus consumidores. Alguns deles, como SuperValu, Safeway e
Food Lion, grandes redes com lojas espalhadas por todo o país,
disseram que poderiam parar de comprar carne moída com
LFTB. Nos dias seguintes, Kroger, um dos maiores varejistas
americanos, BI-LO/Winn Dixie, Giant e Hy-Vee, anunciaram que
não mais venderiam produtos contendo LFTB. Outras redes, como
Costco e Whole Foods, comunicaram aos seus clientes que não
vendiam carne moída contendo o aditivo. A Wal-Mart revelou que
deixaria a cargo do consumidor escolher o que deseja comprar,
disponibilizando carne moída com e sem LFTB em suas gôndolas.
Mais tarde, em nota à imprensa, a Wal-Mart anunciou que o LFTB
era seguro, mas que havia parado de oferecer o produto em razão
dos pedidos de seus clientes para não disponibilizar carne moída
com o aditivo. Passados mais alguns dias, a rede Hy-Vee revisou
a sua política, baseada em respostas dos seus clientes, e decidiu
oferecer os dois produtos na área de venda e deixar o consumidor
decidir sobre a compra de carne moída com ou sem LFTB.
O resultado do retorno da onda do tsunami foi que, três semanas
depois do fato, a BPI Inc. sentiu o impacto e foi obrigada a fechar,
temporariamente, três das suas quatro unidades de produção em
Garden City no Kansas, Amarillo no Texas e Waterloo em Iowa,
dispensando 650 funcionários; a quarta fábrica, em Sioux City,
Nebraska, continua em funcionamento. Dessa forma, a produção
de LFBT foi severamente afetada, passando de 680 toneladas
diárias para 318 toneladas. A produção da Cargill também foi
impactada, uma vez que seus consumidores agora demandam
apenas carne moída sem LFTB. Em 2 de abril, a primeira vítima
fatal, a empresa AFA Foods, empresa processadora de carne
moída da Pensilvânia, entrou com processo de falência. A empresa
tinha cinco unidades com capacidade de processar até 36 mil
toneladas de carne moída anualmente com LFTB e foi vitimada
pelo colapso do mercado de carne moída.
Estima-se que a produção anual de LFTB chegou a ser de 385
mil toneladas, sendo BPI e Cargill responsáveis pela fabricação
de 270 mil toneladas em 2011. Outros 3 mil processadores de
alimentos que usam o aditivo em seus produtos também serão
afetados no correr do tempo. Para se ter ideia do impacto no
mercado, para fazer 0,45 kg de LFTB, usa-se de 0,9 kg a 1,3 kg
de recortes com 50% de gordura (outras fontes afirmam que os
recortes são muito mais gordos – 60% a 70% de gordura). Alguns
analistas calcularam que será necessário abater mais 1,5 milhão de
cabeças de gado para produzir a carne que hora deixa de estar
disponível na forma de LFTB no mercado.
Se o leitor se lembrar de meu último artigo [RNC nº 422], verá que
os Estados Unidos estão passando por um momento de baixa na
produção de carne bovina. A oferta de carne irá diminuir neste
e o no próximo ano, por causa da seca que assola o meio oeste
e pelos preços altos do boi, fazendo com que os criadores não
retivessem as matrizes, o que tem feito os estoques de animais
baixarem significativamente a ponto de ser o menor rebanho nos
Estados Unidos desde a década de 1950.
Portanto, a ausência do LFTB no mercado afetará de modo
significativo os preços da carne moída e dos recortes gordos no
mercado, que desde março acumulam baixa de 42%, enquanto os
recortes magros continuam com preços altos sem movimento. Mas
espera-se que os preços subam na proporção que necessitam
para repor o LFTB nas formulações de carne moída. Nessa
esteira de preços, outras proteínas também têm seus preços
impactados, como foi a baixa dos recortes de suíno, movidos
pela baixa dos recortes gordos bovinos. Não apenas a indústria
perde, mas também os pecuaristas e confinadores, já que o valor
dos animais (preço por @) também é afetado quando os recortes
obtidos das carcaças têm uma desvalorização tão acentuada –
aproximadamente um animal gera 25% do seu peso de recortes
gordos. Analistas estimam que um decréscimo no valor dos
animais de US$ 10 por cabeça é esperado como efeito do LFTB.
Essa história, contrariamente ao que coloquei no primeiro
parágrafo, ainda está longe de acabar. O novo equilíbrio de
preços ainda está por vir. O consumidor americano está se
recuperando de uma séria e longa crise, e alimento mais barato
é fundamental para esta recuperação. A indústria de bovinos
também se recupera de outro tsunami chamado BSE ou mal da
vaca louca, com novo caso relatado no fim de abril, sendo que em
2011 passou o Brasil nas exportações mundiais de carne bovina e
recuperou preços também. A BPI, o USDA e as indústrias têm um
longo caminho de ensinar e convencer os consumidores que o
produto é seguro e importante para manter os preços acessíveis
de carne para mais consumidos na América – resta saber se serão
bem-sucedidos nesta empreitada. Nessa esteira de incertezas,
outras alternativas podem surgir para conquistar a confiança do
consumidor americano e o Brasil pode ser uma delas. Nossa carne
é magra e, nos próximos anos, ganhará competitividade de preços
ante a alternativa que os Estados Unidos têm atualmente para
carne magra. Na crise, as grandes oportunidades aparecem. Quem
se habilita?
Fonte: Artigo de Hudson Carvalho Silveira, publicado no portal
Beef Point (www.beefpoint.com.br). Hudson Carvalho Silveira
é formado em Engenharia Química Industrial com MBA em
Administração pela FundaceUSP. Possui experiência de 15 anos
no setor, em empresas como Wal-Mart Brasil, Bertin e JBSFriboi. Hoje, atua como consultor internacional no segmento de
alimentos.
NOTÍCIAS DO SANTA GERTRUDIS | Setembro de 2012 | Página 5
MELHORAMENTO GENÉTICO
Pesagem Intermediária
da PGP do IZ de
Sertãozinho
A Associação Brasileira de Santa Gertrudis participa da 62ª Prova
de Ganho de Peso do Centro de Pesquisas em Pecuária de
Corte do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho (SP). A avaliação
começou no dia 08 de maio e vai até 23 de outubro de 2012.
A Prova de Ganho de Peso de Sertãozinho (PGP) é um teste
de desempenho individual onde os animais são avaliados por
meio de um índice (IPGP), que leva em conta o ganho diário em
confinamento e o peso final padronizado aos 378 dias.
Trata-se de um processo de eficiência comprovada para seleção
de reprodutores, já que, tanto o ganho de peso, como o peso final
possuem herdabilidade alta, fazendo com que indivíduos que
se destaquem nesses atributos possam transmitir com grande
probabilidade essas características a seus filhos.
Podem participar da PGP de Sertãozinho touros nascidos entre 15
de agosto e 15 de novembro de 2011, que sejam controlados pelas
respectivas Associações. A entrada dos animais aconteceu entre
os dias 30 de abril e 04 de maio. No dia 08 de maio foi realizada
a pesagem inicial do período de adaptação; no dia 03 de julho
aconteceu a pesagem final do período de adaptação e inicial da
prova; dia 28 de agosto foi a vez da pesagem intermediária da
prova. A pesagem final acontecerá no dia 23 de outubro.
NOTÍCIAS DO SANTA GERTRUDIS | Setembro de 2012 | Página 6
NOTÍCIAS
Reunião do Conselho
Dr. Marcio Magano
Deliberativo Técnico da representa o Brasil no
ABSG
Congresso Mundial
de Santa Gertrudis
Australiano
No dia 1º de setembro, foi realizada reunião do Conselho
Deliberativo Técnico da ABSG na Fazenda União do Brasil, em
Buri (SP).
Presidido pelo médico veterinário Thiago Amstalden
Rubega, o encontro teve por objetivo tratar das conclusões
e recomendações do relatório de auditoria técnico fiscal e
operacional do Ministério da Agricultura e Abastecimento junto à
Associação.
O diretor jurídico da ABSG e criador Dr. Márcio Magano
representou o Brasil no Congresso Mundial de Santa Gertrudis
realizado na Austrália, em agosto.
Os procedimentos recomendados pela auditoria realizada foram
aprovados.
O país possui sete milhões de quilômetros quadrados e é figura
importante no mercado de carne, sendo o segundo maior
exportador mundial.
Resultados da Expopar
Márcio participou ativamente do Congresso, onde fez uma
explanação sobre o Santa Gertrudis no Brasil e sobre a Associação
Brasileira de Santa Gertrudis.
No dia 2 de julho, durante a Expopar 2012, em Paranaíba (MS), foi
promovido um julgamento de animais, realizado por Sergio Cury,
além de um leilão na mesma data, que obteve bons resultados.
O criador também visitou diversas fazendas, onde pode observar a
qualidade do gado australiano.
O título de Grande Campeão foi para Damasco UB, de Antonio
Roberto Alves Correa. Já o Reservado Grande Campeão foi
Filósofo da Malagueta, de Wladimir Alvares de Mello.
Entre as fêmeas, ambos os criadores também obtiveram sucesso:
Dalila UB, de Antonio Roberto Alves Correa, foi agraciada com
o título de Grande Campeã, enquanto Gaveta da Malagueta, de
Wladimir Alvares de Mello, foi a Reservada Grande Campeã.
No mesmo dia do julgamento, foi realizado o tradicional leilão da
raça que acontece durante a exposição. O remate obteve bons
resultados.
Família de Louise e Burnett Joyce, Heather e Dr. Márcio Magano
Envio de fotos para o Espaço
dos Criadores do site
Prezado associado, temos no site da Associação
Brasileira de Santa Gertrudis o ESPAÇO DOS
CRIADORES, uma seção especialmente montada
para você divulgar seu rebanho e os resultados do
Santa Gertrudis na sua propriedade.
Envie suas fotos para [email protected]
e divulgaremos com a maior satisfação.

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