CT 110 Etapas do processamento do morango
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CT 110 Etapas do processamento do morango
110 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ISSN 0103-5231 Setembro, 2007 Rio de Janeiro, RJ Etapas do processamento mínimo do morango Sérgio Agostino Cenci1 Otniel Freitas-Silva2 Simone Gomes Vaz3 Geisa Oliveira Rocha4 Suelen Alvarenga Regis5 Flávio Quitério da Cunha6 Introdução Atualmente, a demanda por produtos minimamente processados tem aumentado de forma considerável devido à praticidade que proporciona ao consumidor e à minimização de perdas domésticas. Características como inocuidade e qualidade nutritiva e sensorial contribuem para o aumento dessa demanda (BERGER; GALLETTE, 2006). Alimentos minimamente processados devem ser similares ao produto fresco, porém, com qualidade microbiológica garantida pela redução dos microorganismos patogênicos e deteriorantes (WILEY, 1997). Isso favorece o aumento da vida útil do produto, uma vez que tais microorganismos, em concentrações elevadas, prejudicam a saúde e alteram as características sensoriais do produto (SILVA et al., 2006). Dentre as frutas minimamente processadas, o morango (Fragariam ananassa Duch) tem lugar de destaque por ter alto valor agregado devido à sua 1 ampla utilização na produção de sorvetes, caldas, tortas, pavês, bolos e outros produtos (MORAES, 2005). O morango é um fruto atrativo devido às suas características peculiares de coloração vermelhobrilhante, odor, textura macia e sabor levemente acidificado. Em virtude de apresentar alta perecibilidade, o que resulta em perdas qualitativas e econômicas consideráveis, a tecnologia do processamento mínimo surge como um fator determinante para prolongar a sua vida útil ao submeter a fruta a processos de seleção de matériaprima, lavagem, sanificação, embalagem e refrigeração (FLORES-CANTILLANO, 2003; SILVA et al., 2006). A presente publicação tem por objetivo propor o fluxograma do processamento mínimo do morango como modelo adequado para a utilização em indústrias de processamento mínimo, a fim de estabelecer procedimentos seguros durante todo o processo, desde a recepção da matéria-prima até o consumo. Eng. Agrôn., D.Sc. em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agrôn., M.Sc. em Fitopatologia e Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos. E-mail: [email protected] 3 Nutric. Especialista em Gestão da qualidade e Segurança dos Alimentos. Bolsista do Cnpq. E-mail: [email protected] 4 Graduanda em Economia Doméstica. Bolsista de Iniciação Tecnológica/Cnpq. E-mail: [email protected] 5 Graduanda em Economia Doméstica. Estagiária da Embrapa Agroindústria de Alimentos. E-mail: [email protected] 6 Quím. especialista em Gestão da Qualidade e Produtividade. Analista Químico da Embrapa Agroindústria de Alimentos. E-mail: [email protected] Etapas do processamento mínimo do morango Processamento O processamento mínimo do morango, por ser este um fruto de tamanho pequeno, consiste apenas na eliminação do pedicelo e sépalas na altura do ombro do fruto (Fig. 1). Como opção, os frutos também podem sofrer cortes em pedaços. Recepção da Matéria-prima: o intervalo de tempo entre a colheita e o pré-resfriamento deve ser mínimo, objetivando reduzir as alterações por perda de massa relacionadas ao processo de transpiração do fruto. Se essa perda for suficientemente elevada, pode comprometer a aparência do produto e, consequentemente, sua aceitabilidade como alimento (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Recomenda-se, também, que a colheita seja realizada nas primeiras horas do dia, quando a temperatura encontra-se mais baixa. O fruto deve ser protegido da incidência direta da luz solar. Durante o transporte, do campo à fábrica, o fruto deve estar acondicionado de forma adequada (quantidade não excedente à capacidade da embalagem, coleta imediata do produto após a colheita, transporte refrigerado) a fim de se evitar danos físicos à estrutura. Fig. 1. Morangos minimamente processados. O fluxograma de processo consiste das seguintes etapas: Pré-resfriamento: resfriamento dos frutos, em túneis de resfriamento ou em câmaras específicas, a 5ºC, tornando-os mais firmes para o processamento e com menor taxa respiratória. A temperatura é um fator de extrema importância, pois diminui o metabolismo do fruto, permitindo o controle das atividades enzimáticas, da respiração e transpiração (SILVA et al., 2006). Seleção: remoção das sujidades, dos frutos danificados ou em estado fitossanitário precário (ataque de fungos, etc.) e posterior classificação de acordo com tamanho e estádio de maturação (cor). O excesso de sujidade compromete a eficácia do agente sanificante, diminuindo sua ação sobre os microorganismos, uma vez que sua concentração disponível sofre um decréscimo em decorrência da interação com a matéria orgânica (PIROVANI; GUEMES; PIAGENTINI, 2006). Sanificação: imersão em água resfriada (5ºC a 8ºC) com 150 µL L-1 de cloro ativo, por 10 minutos. A eficácia do cloro depende da quantidade do cloro ativo presente na solução, principalmente sob a forma de ácido hipocloroso (HOCl), que tem sua concentração aumentada à medida que o pH e a temperatura diminuem (GONZÁLEZ-AGUILAR; GARDEA; CUAMEA-NAVARRO, 2005). A imersão em água contendo 50 a 200ppm de cloro ativo é comumente recomendada pela literatura para frutas (PIROVANI; GUEMES; PIAGENTINI, 2006). Entretanto, em estudo recente, foi comprovado que a concentração de 150ppm foi mais efetiva na inibição do crescimento fúngico sem alterar negativamente as características sensoriais do morango (REGIS et al., 2006). Fig. 2. Fluxograma para o processamento mínimo de morangos. O preparo de soluções sanificantes, normalmente, é indicado no rótulo do produto onde a concentração de cloro ativo está expressa em porcentagem. Para 2 Etapas do processamento mínimo do morango calcular a quantidade do produto comercial necessária para o preparo da solução diluída, utiliza-se a seguinte fórmula (CARVALHO et al., 2005): retardar o crescimento da maioria dos microorganismos, também são eficazes na redução da atividade enzimática que degrada sua qualidade (WILEY, 1997). Considerações Finais Enxágüe: após o processo de sanificação, deve ser realizado enxágüe com água clorada a 5ppm a uma temperatura variando entre 0 e 5ºC, para que o excesso do cloro seja retirado e haja redução dos efeitos do corte sobre o metabolismo do tecido vegetal (MORAES, 2005). Corte: retirada da sépala e pedicelo dos frutos (Fig. 3), que são fontes de contaminação devido à sua alta carga microbiana. São utilizadas facas afiadas com lâmina de aço inoxidável bem amoladas e sanitizadas para evitar recontaminação. Dessa forma evita-se que o tecido vegetal seja demasiadamente danificado e minimiza-se a liberação de enzimas que degradam a parede celular, o que contribui para o desenvolvimento de microorganismos (GOMES et al., 2005). Fig. 3. Componentes do fruto retirados durante o processamento mínimo. Drenagem/Secagem: a retirada do excesso de água da superfície dos frutos deve ser realizada como forma de controle do crescimento de microorganismos durante o armazenamento do produto embalado, uma vez que, embora a sanificação promova uma redução dos contaminantes, não os elimina totalmente. Embalagem: bandejas ou copos de polietileno tereftalato (PET) de tampas seladas com fita plástica encolhível, próprios para armazenamento de morangos. Dessa forma, o fruto é protegido de agressões físicas e mecânicas, além de reduzir a perda por desidratação e a taxa respiratória. Armazenamento/ Transporte: a 5ºC, por 10 dias em atmosfera ambiente. O armazenamento e o transporte refrigerados são condições fundamentais para prolongar a vida útil do produto minimamente processado, pois, além de A implementação do fluxograma no processo industrial possibilita a redução de perdas por falhas no processamento e garante ao consumidor um produto microbiologicamente seguro. Desta forma, o estabelecimento de um fluxograma para cada produto a ser minimamente processado, torna-se uma ferramenta importante para assegurar a sua qualidade. Referências Bibliográficas BERGER, H.; GALLETTE, L. Procedimientos utilizados en investigación para lograr inocuidad en vegetales frescos cortados. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 4.; SIMPÓSIO ÍBERO-AMERICANO DE VEGETAIS FRESCOS CORTADOS, 1., 2006, São Pedro, SP. Anais... Piracicaba: USP/ESALQ; CYTED, 2006. CARVALHO, A. V.; VASCONCELOS, M. A. M. de; ALVES, S. de M.; FIGUEIRÊDO, F. J. C. Aproveitamento do mesocarpo do maracujá na fabricação de produtos flavorizados. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. 6 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado Técnico, 147). Disponível em: <http// www.cpatu.embrapa.br /online/comunicado/ com.tec.147.pdf>. Acesso em: 15/01/2007. CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2. ed. rev. e ampl. Lavras: UFLA, 2005. FLORES-CANTILLANO, F. Morango: pós-colheita. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 28 p. (Frutas do Brasil, 42). GOMES, C. A. O.; ALVARENGA, A. L. B.; FREIREJUNIOR, M.; CENCI, S. A. Hortaliças minimamente processadas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 34 p. (Coleção Agroindústria Familiar). GONZÁLEZ-AGUILAR, G. A.; GARDEA, A. A.; CUAMEA-NAVARRO, F. (Ed.). Nuevas tecnologías de conservación de productos vegetables frescos cortados. 1. ed. Hermosillo, Sonora, México: CIAD, 2005. 3 Etapas do processamento mínimo do morango MORAES, I. V. M. Morango processado minimamente e conservado sob refrigeração e atmosfera controlada. 2005. 98 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. PIROVANI, M. E.; GUEMES, D. R.; PIAGENTINI, A. M. Lavado desinfección com soluciones cloradas: una etapa para mejorar la calidad microbiológica de vegetales de hoja frescos cortados. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 4.; SIMPÓSIO ÍBEROAMERICANO DE VEGETAIS FRESCOS CORTADOS, 1., 2006, São Pedro, SP. Anais... Piracicaba: USP/ ESALQ; CYTED, 2006. SILVA, E. O.; BASTOS, M. S. R.; ALVES, R. E.; SOARES, N. F. F.; PUSCHMANN, R. Segurança microbiológica em frutas e hortaliças minimamente processadas. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 4.; SIMPÓSIO ÍBERO-AMERICANO DE VEGETAIS FRESCOS CORTADOS, 1., 2006, São Pedro, SP. Anais... Piracicaba: USP/ESALQ; CYTED, 2006. WILEY, R. C. Frutas y hortalizas minimamente procesadas y refrigeradas. Zaragoza: Acribia, 1997. REGIS, S. A.; SILVA, O. F.; CENCI, S. A.; SOUZA, H. P.; OLIVEIRA, C. M.; VAZ, S. G.; Determinação de concentrações de sanitizantes clorados em morangos cultivar Oso Grande minimamente processados e in natura. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas, RS. Anais... Pelotas, RS, 2006. p. 122-126. Comunicado Técnico, 110 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Agroindústria de Alimentos Endereço: Av. das Américas, 29.501 - Guaratiba 23020-470 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (0XX21) 2410-9500 Fax: (0XX21) 2410-1090 / 2410-9513 Home Page: http:\\www.ctaa.embrapa.br E-mail: [email protected] 1a edição 1a impressão (2006): tiragem (50 exemplares) Comitê de publicações Expediente Presidente: Virgínia Martins da Matta Membros: Marcos José de Oliveira Fonseca, Marília Penteado Stephan, Márcia Nitschke, Ronoel Luiz de O. Godoy e André Luis do Nascimento Gomes Secretárias: Renata Maria Avilla Paldês e Célia Gonçalves Fernandes Supervisor editorial: André Luis do N. Gomes Revisão de texto: Comitê de Publicações Normatização bibliográfica: Luciana S. de Araújo Editoração eletrônica: André Guimarães de Souza CGPE 6389 4
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