Desenvolver uma sequência de disparo

Transcrição

Desenvolver uma sequência de disparo
CO, / Ar Comprimido
Autor: Miguel Soares
rn tiro bem sucedido nao e sado... tentamos sempre encontrar urn
wn acidente, nem tao pouco atalho para chegar 0 mais rapidamente
obra do acaso. Urn tiro deve possivel ao nosso destino... mas no que
ser planeado, passo a passo, de modo diz respeito a nossa modalidade, e com
a que cada aq:ao exista segundo uma este tipo de atitude, tudo sai errado,
logica em fun~ao do proximo movi­
ficamos te.nsos, doridos, quase sempre
mento, ate que se de a Iibertac;:ao do irritados e O1uitas vezes insatisfe.itos.
projectil e 0 seguimento tinalize todo Encontrar uma sequencia mental de
o processo. Levar um bloco de apon­
cada uma das posic;:6es que garantem
tamentos para a carreira de til"O e assen­
a execuc;:aa de urn born tiro e conse­
tar toda a sequencia cle acc.6es pode ser quentemente urn bomimpacto requer
mais benefico do que se julga. Eu fi-Io muita disciplina. Sim, temos que ser
e ainda 0 fac;:o, e, posso dize-lo que me capazes de nos preparar para cada tiro
tem sido muito litH. Eu explico porque... individuaLmente, e assim executar urn
e naturalmente humano ser-se apres- ap6s 0 autro ate que chegue 0 fim
U
daquele nLlmero de disparos que nos
propusemos a fazer. Ora senao vejamos.
A maior parte das leitores quando
empunham a sua aflna procura01 rapi­
dame.nte fazer "dezes" (ou estou engana­
do) ... ficam oLhando as miras, mirando
o horizonte, olhando, olhando ...
("adormecendo sabre a miras") e quan­ do ja nao tern folego Iibertam 0 projec­
til... e cheio de ansiedade olham 0 alvo
para VeI um oito ou pior. ... de seguida
ficam a lamentar-se que a arma saltou,
desviando-se do ambicionado "10"
00 liltimo momento.
Mas se olharmos atiradores mais
A ACTUAL NUMERO 1 DO RANKING MUNDIAL Katerina Kurkova em Carabina de Ar Comprimido actua repetindo
rigorosos gestos Ilum ritual seguido de um alinhamento de miras perfeito e um disparo inabalavel.
Cal / Ar Comprimido
ESTE TIPO DE TREINO REQUER UMA REPRESENTA~AO
MENTAL CUIDADA, SEQUENCIAl E CONCENTRADA PARA
QUE SEJA POSTA EM PRATICA NA COMPETI\=AO
SEGU,RAN~A NO DISPARO DEPENDE sempre de um trabalho que permita sentir qualquer altera~ao it sequencia,
mesmo sem olhar a I'ocaliza~ao do irnpacto prodUZido - Um dia de treino do nosso colaborador Miguel Soares.
experientes, vemos a calma com que
estes preparam cuidadosamente e lenta­
mente a sua posi~ao. A forma cuida­
dosa com empunham, e, ajustam a sua
anna asua mao ou ao seu corpo fazen­
do dela uma continuar;:ao deles pr6prios,
para depois esperarem que a tranqui­
l.idade treinada inumeras vezes se instale
para s6 a1 levar a arma ao alvo procu­
rando as miras, estabilizando-as sobre
o visual e com confianr;:a clisparar para
o centro deste. Parece um processo longo
para quem nunca viu 0 atirador Joao
Costa a preparar a disparo da sua pisto­
la livre. Grandes campeoes actuam
repetindo rigorosos gestos num rirual
mais au menos lento, seguido de urn
alinhamento de miras perfeito e um
disparo inabalaveL 0 cobi~ado "10" s6
e aicanr;:ado quando 0 atirador enten­
del' que para obter uma habil posi<;ao
que Ihe permita estabilizar a seu corpo
nece sita de "dar tempo ao tempo",
nao pode par isso tel' pressas au
querer atalhar. Sempre que 0 atirador
sustem a arma velozmente procural1­
do olhar as Illiras, sem permitir que 0
conjullto anna/corpo se homogeneize
de uma forma serena, e nao obstante,
a fluhJar;:ao corporal nao diminuir, as
"sapatadas" sobre a lamina do gatilho
acontecerao. Se pelo contrilrio empun­
hal' a arma com serenidade, dando
tempo para que a anna estabilize ao
mesl110 tempo que diminui 0 balan~o
corporal, conferindo tensoes existentes
na suas fibras musculares e verifican­
do a sagacidade mental necessaria para
fruir da melhor atitude interior, ~
'1primido
o atirador caso nao contrarie essa
tendencia a fazer 0 mesmo e em se
aperceber dispara para maus impactos
durante a competi~ao nao obstante as
longas horas empregadas nos treinos.
Quando 0 cuidado estiver mais sobre
os aparelhos de pontarla e no disparo,
sernpre que 0 atirador tiver como verda­
deira que se for rigoroso nessas ac~6es
sera bem sucedida, carre a passibili­
dade de debilitar a boa execUl;ao destes
fu ndamentos. LJ 111 "mal" detectavel
naqlleles atleta- que treinam contan­
clo pontos e seJies. No treino deve-se
TREINAR BEM PERMITE TORNAR GESTOS SEPARADOS
EM SEQUENCIAS RAPIDAS E AUTOMATICAS
dando-Ihe garantias que ao fitar as miras
estas apareceram alil1hadas l11uito perto
do centro do alva. Existinclo uma
man ipllla.;ao cal rna, trabal hada da
rela~ao atleta-aJma-alva vai ser possivel
obter natllralmente um auto-dominio
dos gestos do atirador. Provido de uma
convic~ao interior que Ihe permite er
capaz de visaJ os aparell10s de pOl1taria
e "espontaneamente" disparar rapida
mas eficiente. Este tipo de treino requer
lima representa\3o mental cui dada,
sequencial e conc ntrada para que seja
posta em pratica na competi~ao.
o verdadeiro dominio e auto controle
clo atleta sobre a sua forma de proce­
der refIectir-se-a nos seus movimentos.
Os atiradores, sejam pistoleiros ou cara­
bineiros tem de acreditar que 0 ex.ito do
seu disparo, esta subordinado aex.igen­
cia nos gestos sequenciais que pratica
ate ao instante que pre ede 0 disparo.
OIhar as miras e disparar rapido fica ao
alcance daqueles que conseguem uma
cuidadosa composi<;:ao. 0 atirador que
pretende incremntar a suas perfor­
mances tem de deixar de "culpar" as
mira', a munil;ao, 0 punho, ou 0 gati­
tho porque na verdade um mau impaeto
e 90){ das vez s originado pela falta de
uma correcta prepara.;ao do mesmo.
Sabendo que este processo e muitas
zes monotono, e por essa razao, 0
atirador tende a desenvolver uma fraea
prepara<;:ao "semi-automatica" que nos
t.reinos 0 le\ a a arriscar 0 maior nllmero
de lidezes" e rnuitas das vezes a
consegui-Io), faz COIll que esse mesmo
incidir fundamentalmente na procura,
enos aill tes, das aq:6es correctas que
permitem obter lim bom equilibrio,
e.stabilidade, lim boa posi~ao interior,
uma correcta aproxima<,:ao aos apare­
lhos de pontaria, a pressao exacta e
continua sobre a lamina do gatilho, 0
disparo e no seu seguimento. A esta­
biUdade dos gestos, a aprendizagem e
dominio dos movim.entos do corpo
separados e naturalmente em conjul1­
to, pOI' isso e fundamental que e treine
com cUidado. t necessario ensaiar e
visualizaJ a sequencia. SusteT a arma,
ajusta-la a mao. e ou ao corpo, relaxar
e conscienciaJizar que se tem as quali­
dades que se requer au se deseja para
executar um disparo segura, seguido
de outro e mais outro. Esta equencia
Algumas dicas:
- Se 0 atir;ldor est,1 it ler uiiiculuadL's de Sl' nmceotrar ou
de ellCOlllrar tl mOll1enlo certo dOl'nquadramellto n'rlll
das miras!alvo, l'1\.' tem dc' t\.'otar nao oillar II alvo ate que
se 'iinli! nlC'llt,lInH'111e ilpto a aCCiOllitr 0 gitlilflO. Sugiro
que haixc' a visl,l, olIH' (1 punho, 0 prolollgallll'lll11
Ilra<;ll!ca 110. I'nrqul' num [llano cit' al'~'ao Iimitauo - qu\.'r
se gosll' ou 1l,10 - II ;ltirador tl'm dl' wr capal de disparar
setll tel' sua aten\',j(l dividida, entre n l'quillbrin, as miras
\.' II Llccionar do disparador.
- LIS(' semllre !O millutos lie prepara~-Jo seiil el11 Irl'illn ou
c()mpeti~'ao para fazl'r tiro seco. Encolllrl' naturalml'lltl'
a 'iequl'llci,t l' eSlJlJdl'<;a (l ritmo dl''ita, Vai ver que' com
Ulll tralJalllO l' rasa hel11 kilo s<i ira precisar de :-l a b
disparo'i l'm Sl'CO para ClJlllCI.;<Jr twm.
,j
14
Abril 2007 I AErIiI
- htl'ja lIluilO atellto it posi<;ao un declo sohre a laminLl
do gatilllO. :'-iao so LlS preSS()l'S lall'rJis, mas lamlJ('111 ilS
\·l'rlicais. ~,ltlilOS dm galill10s lelll umJ marcJ~-ju, l'sta
SC'1\'(' para ll'rll1l1~ a Cl'rtl'Zil ua correeta eolol'il\',io do 110S'iO
dedo: l'ste sCl1timl'llto dt'vl'-se tOrIlClr fJJlliliar.
- .\prelllter (l salwr idelll ificar lIS impaclos SCIll lei de llllJar
o ,t1vo. Dispensc algulll tl'lllpO illlllS a Cl1l1clus:u) da Sl'qtl~ll­
cia PJrLl analisar 0 liro, vl'rifiqul' 51:' \.''ita rl'sultutl 110
impacto ljue esperava; '\c llaO porqUt''!
Ikkrmilll' obicctivo~, lllas Sl'mprl' cumprindo II prngra­
rC'illisla no tl'mpl) do quI:' prdl'lttk ,l!C'IIWar. Fspe[(l
tl'r ajudado c nao 'it' (''\quel,'(llll llS bOIlS lirus lem dl' 'iL'r voces
a falJrica-los!
ll1a
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concisamente repetilia e 0 melhor dos
"alertas" para sempre que nao haja
consistencia para obter um bom
impacto sejamos capaz' de "abortar"
todo 0 processo. 0 atirador que traba­
lllar deste modo pressentira qualquer
altera~ao no seu ' tado geral, e saben­
do que toda esta sequencia termina
obrigatoriamente com 0 disparo,
adquirindo a capacidade de analise de
todo 0 processo mesmo sem olhar a
loca]iza~ao do impacto praduzic\o. Mas
cuidado, uma posi~ao esta... el Ii' pouco
douradora e conserV3-se por pou 'os e
raras segundos. Se nos perdermos na
sequencia 0 oxigenio falta, por i so ao
f'inalizar 0 processo com 0 'isar elas
miras e disparar para 0 centro do alva
tem ell" ser de forma a a provei tar 0
momento ideal. Se 0 atirador se deparar
com uma boa pOSit;30, segura e estavel,
mas se levar muito tempo a disparar ~
UMA BOA PERFORMANCE depende
e
U MATI RADOR EX PERI ENTE como
0 caso de Joao Costa possu i um ri tmo
proprio, por vezes obstinado, atira com a sua PGC numa velocidade constante
com uma estabilidade formidavel.
,
muitas vezes do bom aproveitamen­
to do tempo de preparac;:ao . JOaD
Costa durante os 10 minutos de
ensaio para uma competir;:ao de
Pistola Livre.
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C02 / Ar Comprimido
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NA SEQUENCIA DE DISPARO DA ACTUAL recordista nacional, Joana Castelao,
sequencia e preparada com muita exigencia e cuidado.
ele deve oriental' 0 seu treino de modo
a ganhar confian\=a e acreditar que e
capaz de clisparar decidido e sem pertur­
ba<;oes. Aquele que aspirar evoluir nao
deve perder a lembran<;a que os habitos
prejudidais e a libertinagem nas aC\Des
tl'einadas sao sempre melindrosas
e tendencialmente aparecern em
competi<;ao com mais frequencia do
que a desejada. Treinar bem exige deter­
mina\=ao, objectivos claros e uma
vontade imensa de permanecer no posto
de tiro.
Um atirador experimentado possui um
ritmo pr6prio, par vezes obstinado, ama
numa velocidade constante que leva
ao espectador menos
atento a deduzir que
nao existe qualquer
sequencia em todo 0
processo. E comum
veT atletas de elite a
obter uma estabilidade
fonuidavel num curtis­
sima espa<;o de tempo
impressionado com a
seu estado de alel'ta.
o bam atirador esta
sempre atento a qual­
quer ac<;ao que execute
com menos rigor,
estando pOl' isso pron­
to a interromper a
16
Abril 2007 I AEM
processo se a isso for obrigado.
Treinar bem permite tamar gestos
separados em sequencias rapidas e
automaticas. Mas aten~ao converter
actos automaticos em actos desaten­
tos e descuidados e facil, par isso s6
a correcta manuten<;ao de todos as
pormenores garantira a perfeita
eogrenagem. 0 modelo que apresen­
to mostl'a as fases de execu\30 de urn
sequencia de disparo na posi\ao de
pe (atirador de carabioa) e as exem­
plos sao palavras-chaves para as
diferentes sugestoes de controle.
De facto normalmente necessitamos
de uma longa !ista de etapas que nos
Coloca~ao dos pes, ancas,
contaeto com oombro,
punho, alinhamento
corporal com 0 alvo, relaxe
e facilmente
detectavel que tad a a
"UM TIRO BEM SUCEDIDO NAO E
UM ACASO ... " temos que saber
dispensar algum tempo ap6s a disparo
para analisar se a processo foi bem
conseguido.
permita controlar as nossas ac<;oes,
a que Ihe posso dizer e que estas
podem ser reduzidas com treino a
2 a 3 palavras-chave...
Verificar contactos,
Calma, coloca~ao
da face sobre a arma,
alinhamento de miras
Controle
Ombros relaxados
Estabiliza~ao rapida
Enquadramento com
o centro do alvo
Centro do visual
I
Miras, enquadramento
com 0 alvo, folga,
pressllo, seguimento
Ponto de pressio
Centro do alvo
Ponto de pressio
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