PARA SEMPRE, MAURICIO

Transcrição

PARA SEMPRE, MAURICIO
Setembro/15 • Edição 74 • Ano VII • Distribuição gratuita
PARA SEMPRE,
MAURICIO
Aos 80 anos, o mais famoso
cartunista brasileiro quer
eternizar a Turma
da Mônica
|1
EM TEMPO DE CRISE - AS ESTRATÉGIAS DE QUEM BUSCA LUCRO POR MEIO DE IDEIAS E TALENTOS
2 | www.voxobjetiva.com.br
|3
EDITORIAL
Sem credibilidade, sem acordo
O Governo Federal vem tentando, sem sucesso, restabelecer o ambiente positivo para negócios no país. O ministro Joaquim Levy tem se esforçado em entrevistas para convencer analistas e investidores de que houve uma retomada
do controle das contas públicas e dos ajustes necessários para a volta do crescimento.
Carlos Viana
Editor Executivo
[email protected]
“... O povo que conhece o seu
Deus se tornará forte e ativo.”
(Daniel 11:32)
Na prática, o responsável pela pasta da Fazenda sabe que o mercado e os
eleitores não querem mais promessas nem discursos que terminem vazios no
embate entre o Congresso e uma presidente da República cada vez mais enfraquecida e acuada.
Levy tem falado ao vento. Junte-se ao momento político ruim, as notícias desalentadoras sobre a economia dos principais parceiros de comércio do Brasil,
em especial, a China, para onde Dilma e a equipe econômica voltaram os olhares como que pedindo um socorro que não virá.
A experiência recente já nos mostrou que, no jogo internacional do desenvolvimento, sem credibilidade não há jogo. A derrocada da imagem pública brasileira começou por uma eleição presidencial em que dados foram manipulados,
omitidos e promessas foram feitas sem a possibilidade de se tornarem realidade.
A credibilidade perdida com o eleitor e os empresários não será retomada apenas com palavras. É preciso garantir que os governantes aprenderam a lição e
que novas e futuras eleições sejam feitas de forma realista e em bases verdadeiras.
A Vox Objetiva é uma
publicação mensal da Vox
Domini Editora Ltda.
Rua Tupis, 204, sala 218,
Centro, Belo Horizonte - MG
CEP: 30190-060
Se não houver uma correção ética e jurídica sobre o atual rumo da vida pública brasileira, nós vamos reforçar às futuras gerações a certeza de que para ser
vitorioso na vida ou nos negócios, vale a pena qualquer tipo de desonestidade
ou de uso incorreto da máquina pública. Quem mente na entrada, carrega a
fama até a porta de saída. Governabilidade plena só pode ser exercida quando
não se trai a confiança obtida nas urnas eleitorais.
Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Lailson dos Santos l Chamada Noivas: Juliana Lery
e Serapião l Reportagem: André Martins, Ariane Oliveira, Érica Fernandes, Haydêe Sant’Ana, Rafael Sandim, Tati Barros, Thalvanes
Guimarães | Correspondentes: Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@
voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: [email protected] (31) 2514-0990 | Revisão: Versão
Final l voxobjetiva.com.br
4 | www.voxobjetiva.com.br
OLHAR BH
Primavera
Foto: Felipe Pereira
|5
SUMÁRIO
12
Breno Mayer
8
Felipe Pereira
26
21
Arquivo Pessoal
40
Bete Nicastro
CAPA
8
MAURICIO DE SOUSA
Criador da Turma da Mônica fala sobre
processo criativo e revela planos para a
turminha
METROPOLIS
12
16
SALUTARIS
21
“POLIGLOTINHAS”
26
CEDO DEMAIS?
32
PRIMAVERA
Criando filhos em ambientes multiculturais
Vaidade ou autoestima? Especialistas opinam
sobre intervenções estéticas em jovens
COMPARTILHANDO...
Para sentir pouco a crise, economia
colaborativa é saída para pequenos
empresários e população
PODIUM
COBERTOR CURTO
Inflação em alta e reajustes salariais inadequados testam resiliência do brasileiro
6 | www.voxobjetiva.com.br
Setembro chegou e, com ele, as estampas
florais ditam os tons vivos da estação
35
TÍTULOS E DÍVIDAS
Times brasileiros na mira do Legislativo Federal
39
32
Shutterstock
Cidade Olimpica/Divulgação
Arquivo Pessoal
42
Felipe Pereira
HORIZONTES
39
42
LONGA JORNADA
Conheça a história do mineiro que
percorreu 59 países em cima de
uma bike
KULTUR
NA ERA DA INTERNET...
Bibliotecas ainda são muito
frequentadas;belo-horizontinos
são destaque
20
25
IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira
Combata a falta de educação no condomínio
METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis
Os cuidados com os raios
29
PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
50
CRÔNICA • Joanita Gontijo
É proibido buzinar!
32
ARTIGOS
19
JUSTIÇA • Robson Sávio
Violência e crise
Limitar para crescer
SAPORIS
RECEITA – Bouquet Garni
Polenta com Ragu de Linguiça Funghi Porcini
33
VINHOS – Nelton Fagundes
De pai para filho
|7
CAPA
O mentor
Aos 80 anos de idade, Mauricio de Sousa revela que trabalha em
projetos para expandir a marca Turma da Mônica pelo mundo
Fotos de Lailson dos Santos
m
ilhões e milhões de brasileiros nascidos após a década
de 60 tiveram a infância
marcada pela turminha encabeçada
por uma menina dentuça e irritadiça. Ela só se vestia de vermelho e
carregava um coelho de pelúcia a
tira-colo. Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão são apenas alguns
dos representantes de um verdadeiro império do entretenimento
infantil brasileiro. O maior deles.
Aos quatro personagens somam-se
diversos outros que saíram de dentro da cabeça inventiva do paulista
Mauricio de Sousa.
O cartunista iniciou a carreira
fazendo desenhos para veículos de
comunicação da cidade natal, Mogi
das Cruzes, na década de 50. Quase na virada da década, Mauricio
começou a desenhar histórias em
quadrinhos, depois de uma peregrinação por São Paulo e passagem
pela redação da Folha da Manhã
como repórter policial. Ele começou a desenhar as primeiras histórias aos 24 anos. O artista tinha
o futuro bem traçado na cabeça. E
tudo saiu melhor do que a encomenda. A internet surgiu e fez com
que a turminha mais famosa do
Brasil colocasse os pés onde não
se imaginava.
Em entrevista exclusiva à Vox
Objetiva, Mauricio de Sousa conta como tudo aconteceu, uma história que se reinventa a cada dia
com a criação de personagens e a
8 | www.voxobjetiva.com.br
maturação do célebre quarteto da
turminha. O artista fala também
sobre a influência do Japão em seu
trabalho e revela um vigor jovial ao
contar os planos para os próximos
anos.
Quando o senhor começou a
desenhar, imaginava que um dia
seria responsável por esse império do entretenimento infantil? O
que o senhor vislumbrava para o
futuro naquela época?
Quando iniciei minha carreira de
desenhista, meu desejo era planejar
bem o lançamento das historinhas,
montar uma equipe e ir galgando
as etapas naturais dessa atividade: histórias em quadrinhos e suplementos para jornais, revistas,
depois desenhos animados, licenciamento, filmes para o cinema e
parques temáticos. Só não planejei
a internet porque não sou adivinho. Mas ninguém planeja o sucesso; planeja, sim, fazer um serviço
bem-feito que, se o mantiver, vira
sucesso.
Os gibis e mangás são materiais
característicos da cultura japonesa. O Japão teve alguma influência para que o senhor escolhesse esse caminho?
Era uma ideia antiga que foi reavivada pela nossa participação
nas comemorações dos cem anos
de imigração japonesa em 2008.
Criamos as mascotes Tikara e Kei-
Sempre me
esforço para que
o meu trabalho
seja uma boa
influência
para essas
novas gerações
que aprenderam
a ler e a
desenhar com a
turminha
ka para a Comissão de Organização das Comemorações. Unimos,
então, o estilo “mangá” (Quadrinho
Japonês) com nosso estilo para que
atingíssemos os jovens em pré-adolescência que estavam deixando de
ler Turma da Mônica clássica para a
linguagem da época que é o mangá.
Embora seja para um público jovem,
a nova revista também criou uma
curiosidade das crianças menores,
resultando no maior sucesso de
bancas dos últimos 30 anos. Portanto, creio que tenha dado certo,
não é?
CAPA
9 | www.voxobjetiva.com.br
99||www.voxobjetiva.com.br
www.voxobjetiva.com.br
|9
CAPA
Qual foi o contato do senhor
com a cultura japonesa na infância e na juventude?
Apenas com família de japoneses
que morava em nossa rua Ipiranga,
lá em Mogi das Cruzes. Mas comecei a me aprofundar muito mais
quando viajei pela primeira vez ao
Japão em 1976. Lá conheci o mestre dos mangás, Osamu Tezuka.
Depois ele veio ao Brasil e ficamos amigos. Foi uma ligação imediata entre nossas filosofias.
Em 2013, o senhor recebeu
uma condecoração do governo
japonês por contribuir com a
propagação da cultura nipônica
no Brasil. Qual o retorno que o
senhor tem dos fãs da Turma da
Mônica do outro lado do mundo?
Nos países em que conseguimos entrar com nossas histórias
em quadrinhos, a repercussão e a
aceitação por parte das crianças
é igual à do Brasil. A turminha já
fala mais de 20 idiomas e está em
mais de 30 países, entre revistas,
produtos, jornais e desenhos animados. No Japão não é diferente.
Nessa última viagem que fiz por
lá, em maio, acertamos a volta da
publicação do Horácio e a estreia
da Turma da Mônica no
jornal Moranguinho
da SanRio.
Os seus mais reconhecidos personagens
foram inspirados nos
seus filhos. Na opinião
do senhor, por qual razão esse universo que lhe
é tão peculiar e íntimo caiu nas
graças do povo?
Acredito que essa minha inspiração em filhos, amigos e lembranças da minha infância para
desenvolver personagens tenha
sido uma das razões do sucesso da
Turminha. De alguma forma, os
10 | www.voxobjetiva.com.br
leitores sabem que minhas histórias não são apenas criações, mas
um espelho do que vivemos no dia
a dia.
Muitos dos personagens do
senhor nascem em um período
político conturbado no Brasil.
O senhor sofreu algum tipo de
cerceamento criativo ou algo do
tipo? Passava pela cabeça do senhor trabalhar questões relativas
à política e ao governo da época?
Como o meu público é o infantil,
eu não poderia carregar nas tintas
políticas nas historinhas. Mas em
algumas colocava um rei leão que
não queria dar liberdade
aos seus súditos; o
Astronauta visitando um mundo
onde cantar era proibido, e assim
por diante... Era para lembrar as
crianças sobre a liberdade de expressão. Mas nunca fui importunado pelos militares.
Alguns personagens do senhor
homenageiam
personalidades
importantes do futebol brasileiro: Pelezinho, Ronaldinho Gaúcho, Neymar Jr., dentre outros. O
Mauricio de Sousa é um aficionado por futebol? Para qual time
torce? O senhor acompanha campeonatos e o que está acontecendo dentro das quatro linhas?
Não me considero um aficionado.
Mesmo porque tenho dez filhos e
vários torcem por times diferentes. O meu filho que
sabe tudo de futebol é
CAPA
o mais novo, Marcelinho. Até entrou em uma escolinha de futebol
porque queria ser jogador. Ele é
corinthiano, e costumo ir com ele
a alguns jogos do Corinthians.
Quando vou com ele, geralmente
o Corinthians ganha. Por isso, ele
sempre quer me levar a esses jogos. Só que sou são-paulino. Mas
pai é pai, certo?
É o senhor que pensa nos
roteiros das histórias? Como
é desenvolvido esse trabalho
de texto e a interlocução com
as ilustrações?
Tenho uma equipe de profissionais para desenvolver as mais de
1,2 mil páginas de produção mensal. São roteiristas, desenhistas,
arte-finalistas, letristas,... E examino todos os roteiros de quadrinhos com minha filha Marina, que
também inspirou a personagem de
mesmo nome da turminha.
O senhor está sempre em diálogo com essa nova geração de
ilustradores. Há livros lançados pela Panini que recriam, ao
modo desses artistas, personagens da Turma da Mônica. Como
o senhor avalia essa safra de desenhistas?
A linha de graphics novels MSP
é um dos grandes presentes que
ganhei. Começou com uma homenagem que um de meus editores
na MSP, Sidney Gusman, resolveu
publicar quando completamos 50
anos da empresa. Ele lançou uma
edição com 50 desenhistas brasileiros produzindo histórias com
meus personagens, mas em estilo
próprio. Depois mais dois livros
com outros cem desenhistas foram
publicados na sequência. Aí, para
continuar o sucesso, foi criada a linha de graphic novels em que alguns
desses desenhistas poderiam desenvolver um livro inteiro. Assim fui
sendo apresentado para essa nova
geração de autores nacionais, que é
sensacional: Danilo Beyruth, Vitor e
Lu Cafaggi, Gustavo Duarte, dentre outros. Entreguei meus brinquedos para eles, e o resultado é
algo comovente.
Como o senhor se sente ao
perceber que todos esses novos
desenhistas têm o senhor como
referência?
Quando começamos, todos nós nos
espelhamos em alguns ídolos. Para
mim foi Will Eisner. Meu desenho
é diferente e mais simples do que o
dele, mas a forma de contar história
veio muito dessa influência. Então a
responsabilidade aumenta. Sempre
me esforço para que meu trabalho
seja uma boa influência para essas
novas gerações que aprenderam a
ler e a desenhar com a turminha.
No mês que vem, o senhor completa 80 anos, mas parece ter um
ímpeto juvenil para o trabalho. O
senhor sente o peso da idade? O
que impele o senhor a desenhar,
produzir e planejar trabalhos
aos 80 anos?
Claro que ter 80 anos não é o
mesmo que ter 20 nem 30. Mas
sempre me cuidei e chego nesta
idade com todo o fôlego para ter
mais e mais ideias. Meu médico
disse que neste momento nasceu a
criança que vai viver 120 anos.
Portanto, a gente não envelhece
mais; a gente evolui na idade.
O que o senhor pode nos
adiantar em termos de trabalhos futuros?
Vamos continuar com a produção de animações para TV porque
é necessário inclusive para entrarmos mais no mercado internacional. Após o sucesso da Turma da
Mônica Jovem, pretendo produzir
a Turma da Mônica Adulta daqui a
alguns anos. Cada personagem vai
ser desenvolvido nas histórias em
tempo real. Assim o leitor percebe
que, a cada ano, o personagem faz
aniversário e vai envelhecendo...
Cada vez mais vamos desenvolver
produtos para as plataformas digitais e, quem sabe?, voltamos com
as animações para o cinema.
| 11
METROPOLIS
NA ERA DO COMPARTILHAMENTO
Nova tendência mundial, economia colaborativa
inaugura forma de consumo que valoriza experiências
Texto de Haydêe Sant’Ana
Fotos de Felipe Pereira
ense numa sociedade em
que a troca e o empréstimo
se tornem atividades tão
corriqueiras quanto o ato
de comprar. Agora imagine poder
alugar um quarto na casa de um
desconhecido em vez de se hospedar em um hotel, durante uma
viagem. Imagine-se também desfrutando de jantares íntimos na
casa de alguém que você nunca
viu. Parece estranho, não? Mas
esse modelo social já está transformando a realidade de muitas
pessoas de vários países. Trata-se
12 | www.voxobjetiva.com.br
de uma nova forma de consumo:
a economia compartilhada ou colaborativa.
Essa nova modalidade inaugura uma forma de transação que
prioriza o empréstimo, o aluguel
e o compartilhamento. Com a crise econômica, o desemprego e as
altas taxas de juros, a economia
compartilhada se tornou bastante
atrativa financeiramente. É uma
alternativa viável para a população suprir a necessidade de consumo.
Doutor em Economia Aplicada e
professor universitário, Fernando
Agra observa que o sucesso desse
tipo de economia reflete o momento.
“Quando as pessoas perdem empregos, têm suas rendas diminuídas ou
mesmo, quando há inflação, o poder
de compra cai e as mercadorias ficam mais caras. Isso estimula as trocas e os empréstimos”.
O dinamismo da economia colaborativa chama a atenção. Por meio
desse modelo, é possível ter acesso a
serviços de um motorista particular
METROPOLIS
até a trabalhos domésticos ou a produtos. A internet possibilita buscar
ou oferecer serviços. Isso propicia
novas formas de interação e impulsiona o empreendedorismo e a abertura de negócios.
Entre uma das plataformas de serviços mais conhecidas e utilizadas em
todo o mundo está a Airbnb. Presente
em 190 países e em mais de 34 mil cidades, o site oferece o aluguel de espaços variados, como quartos, casas,
apartamentos, lofts, balões, aviões,
e até mesmo de ilhas particulares.
Para quem busca uma hospedagem
de luxo, como mansões ou castelos,
o site luxury.homeaway.com é uma
alternativa. Esses espaços virtuais
oferecem salas de cinema, adegas,
heliporto, iates e até estábulos.
A designer têxtil Nara Guichon já vivenciou a experiência Airbnb das duas
formas: hospedando-se e oferecendo
hospedagem a turistas. “O Airbnb se
mostra de verdade quando você recebe pessoas em casa. Receber é bastante interessante, pois é sempre uma
surpresa. Você tem que estar atento
para perceber se os seus hóspedes
querem mais privacidade ou interagir.
No geral, as pessoas são muito educadas e usam a casa como se fosse deles.
Sentem-se à vontade e a deixam arrumada quando vão embora”, explica.
O gerente de projetos e piloto de paraglider Fernando Resende administra
uma página no facebook sobre a atividade. Ele conta que teve o primeiro
contato com a economia colaborativa
quando viajou para Veneza e ficou
hospedado na casa de desconhecidos.
“Na época do orkut, eu criei uma página de viagens. Muitos membros não
sabiam sobre a viagem e estavam
negociando preços. Eu andei estudando sobre países, como Croácia,
Tunísia, Itália,... Decidi viajar e cheguei a Veneza no domingo de Páscoa. Cancelei o hotel para ficar na
casa de umas pessoas que estavam
no navio. Em troca, trabalhei como
guia para eles”.
De acordo com Resende, a maior
vantagem da economia compartilhada
é a possibilidade de negociação direta
com as pessoas. “Um exemplo disso
é o Uber: os taxistas veem como um
grande vilão, mas é a tecnologia, o
futuro. E cabe aos taxistas inovar. A
mesma coisa é a rede hoteleira. Os
hotéis e restaurantes precisam inovar, baixar os preços e ser mais competitivos no mercado”, defende.
A possibilidade de serviços oferecidos pelas plataformas on-line ou
mesmo por empresas do ramo que
têm como lema a economia compartilhada é infinita. Exemplo disso é a
locadora de brinquedos Borboletinhas, fundada em 2012 pela psicope-
Atenta ao fato de que crianças se
cansam rapidamente de brinquedos,
Vânia criou uma empresa que aluga
esse tipo de material
dagoga Vânia Beatriz Marra Moraes.
A empresa trabalha com o aluguel de
brinquedos para as crianças de até 6
anos. Todos os brinquedos são voltados para estimular o desenvolvimento e a aprendizagem.
Vânia explica que o aluguel é muito
favorável para as crianças e para os
pais. “Estudos comprovam que, de 20
a 30 dias, as crianças enjoam de um
brinquedo. Então, quando isso acontece, elas abandonam o objeto e partem
para outras descobertas. Para os pais,
alugar brinquedos diminui gastos e
| 13
Ana Corina é uma das poucas
cozinheiras de Belo Horizonte que
recebem clientes em casa
mas on-line voltadas para a gastronomia. KitchenND, Eatwith, Grubclub,
Mealsharing e Dinneer estão entre
as mais novas atrações contemporâneas. Esses sites conectam pessoas
a anfitriões que oferecem almoços e
jantares exclusivos em todo o mundo.
Com apenas login, senha e um cartão
de débito ou de crédito, o cliente escolhe o menu e faz a reserva.
No Brasil, um dos sites que vêm
conquistando o público é o Dinneer,
lançado em junho. Com a proposta
de ser o novo “Airbnb da gastronomia”, a plataforma está presente em
58 cidades do país. Em Belo Horizonte, apenas seis anfitriões oferecem os
serviços.
favorece também a questão do compartilhamento, da sustentabilidade”,
destaca. A despeito da tão falada crise, Vânia ressalta que 2015 tem sido o
melhor ano para a empresa.
Agra acredita que, no futuro, as pessoas estejam cada vez mais envolvidas
em processos de troca e compra. “A
lógica do capitalismo, de estimular o
consumo, tem tornado os produtos
muito descartáveis. Ao emprestar
uma mercadoria ou mesmo trocá-la
com alguém, há um benefício mútuo,
bem como para o meio ambiente que
terá seus recursos poupados”. No entanto, o professor alerta para o risco
de essa tendência dar origem a um
paradoxo. “Comprando menos e vendendo menos, a economia desaquece e
isso pode ampliar o desemprego. Cabe
aos governos buscar alternativas para
conciliar a geração de empregos com
a preservação dos recursos naturais e
o adequado descarte de lixo”, pondera.
EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA
Para quem quer saborear uma boa
comida, a economia colaborativa traz
um novo conceito de refeição: almo-
14 | www.voxobjetiva.com.br
çar ou jantar fora de casa. Imagine
sair para conhecer uma boa comida
e se deliciar com ela na casa de uma
pessoa que você nunca viu na vida.
Muitas refeições são oferecidas por
desconhecidos por meio das platafor-
Para os anfitriões, o importante é a
satisfação e o prazer em receber. Para
o convidado, o que vale é a oportunidade de vivenciar uma experiência gastronômica inovadora. É
o que garante uma das associadas
METROPOLIS
COMPARTILHANDO...
(UseBike)
Conheça alguns sites e plataformas que
oferecem serviços compartilhados
(Zumpy)
(Juntos.com)
ao Dinneer.com., Ana Corina Rachid. Graduada em Direito, Ana
conta que começou a trabalhar
com gastronomia desde a época
da faculdade. “Eu tinha uma queda
grande por gastronomia e fazia as
festas da minha turma. Depois disso, as encomendas e os contratos
foram aparecendo. Por isso, nunca
atuei como advogada”, conta.
Cadastrada na plataforma há
dois meses, Ana oferece jantares
com pratos variados. Ela prepara
tudo sozinha. Por um valor fixo
pré-definido, o jantar inclui três
pratos: uma entrada, o prato
principal e a sobremesa. Bebidas
ficam a cargo do convidado, mas
às vezes, dependendo do tipo
de refeição, elas são oferecidas
como acompanhamento.
Com duração de três horas, os
jantares são direcionados para, no
máximo, seis pessoas. “O diferencial é cozinhar ao vivo. Nada está
pronto. Deixo alguma coisa semipronta, mas a maioria é feita na
hora. Outro ponto é que recebo
seis pessoas numa mesa só, e é só
aquela mesa. É muito interessante
o fato de ser um grupo restrito. As
pessoas interagem mais”, afirma.
Mais do que um almoço ou um
jantar, o Dinneer proporciona às
pessoas uma experiência gastronômica inédita. “As pessoas querem vivenciar uma experiência
gastronômica, degustar um bom
vinho, sair para comer. É o resgate da casa de antigamente, cheia
de gente em volta da mesa. Hoje
as pessoas comem em restaurante,
no sofá sozinhas. Algumas pessoas almoçam em restaurantes há
anos e nunca conversaram com o
dono do estabelecimento”, argumenta Ana.
Além do ambiente mais caseiro
e intimista, usuários ressaltam pontos positivos da plataforma, como as
vantagens econômicas, não ter que
pagar 10% ao garçom, a facilidade de
estacionar e a segurança. “É muito interessante a experiência do Dinneer,
do restaurante secreto, porque você
tem diversas vantagens: a facilidade
de reserva do horário, de estar com
amigos num ambiente familiar, caseiro, comendo tudo do bom e do melhor, experimentando o melhor vinho
e uma gastronomia incrível”, destaca a
defensora pública Mara Olinta Dutra.
Frequentadora de almoços e jantares
na casa da Ana, Mara se derrete pela
anfitriã. “Vir à casa da Ana é impressionante porque ela tem um carinho
especial. Ela tem uma atenção com a
gente e principalmente com a comida
que é um capricho que eu nunca vi em
restaurante nenhum do mundo. E isso
faz toda a diferença”.
| 15
METROPOLIS
Entre a cruz
e a espada
Incidindo sobre bens e serviços
básicos, a inflação e a defasagem
salarial estão entre os principais
desafios para os brasileiros
André Martins
o abrir a conta de energia ou ao
se arriscar nas gôndolas, o brasileiro tem passado por consecutivos testes cardíacos nos últimos meses.
Contrariando o recente discurso do Planalto de que a inflação estava controlada, o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) ultrapassou os 9% e, segundo especialistas, deve se aproximar
ainda mais da casa dos dois dígitos até
o fim do ano.
Os constantes reajustes de preços têm
afastado os compradores e restringido
o consumo, aumentando a percepção
do mau momento econômico no país.
Consideradas os termômetros mais
sensíveis para reajustes de preços, as
donas de casa têm sentido a inflação
na pele. “Com o valor que elas levavam
antes para o mercado, já não compram
16 | www.voxobjetiva.com.br
os mesmos itens. Com isso, as donas
de casa têm preferido substituir produtos ou, às vezes, nem isso”, revela a
presidente do Movimento das Donas
de Casa/MG, Lúcia Pacífico. “A cada semana temos percebido variações. E está
acontecendo em todos os supermercados”, acrescenta.
A inflação galopante era o maior medo
das donas de casa que viveram no final
da década de 80 e no início dos anos 90.
Em 1993, a inflação no Brasil atingiu
2400%. A título de ilustração e utilizando o Real como referência (moeda que
passaria a circular apenas em 1994), um
item que abria o ano custando R$ 10, finalizava o mesmo ano valendo R$ 250.
A situação provocava um alvoroço nos
supermercados com consecutivos escalonamentos de preços e impedia que
as pessoas se planejassem minimamente. Por causar reflexo tão devastador, a
inflação nesse período foi associada à
figura de um dragão.
Embora não passe nem perto do que
viveu no início da década de 90, Lúcia
acredita que o contexto atual requeira
atenção. “Não acho essa elevação da
inflação um movimento natural. Precisamos que nossos governantes tenham
poder para inibi-la. A população já está
fazendo a parte dela economizando
água, energia,... Então é preciso que haja
uma contrapartida do governo. Não se
pode deixar a inflação crescer porque, se
deixar, ela vai embora,...”, conta.
De acordo com o professor de Ciências
Econômicas da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-MG)
METROPOLIS
Lúcia Pacífico, presidente do MDC/MG
Ricardo Rabelo, há vários fatores que
levam ao quadro inflacionário atual
do Brasil. “Um deles é a indexação de
preços à inflação passada, o que leva
a reajustes automáticos de preços. Há
também o impacto da desvalorização
da moeda, que aumenta os preços dos
produtos importados no mercado brasileiro”, explica.
A inflação tem sido puxada principalmente pelos itens da cesta básica e pela
prestação de serviços. Isso tem feito o
brasileiro perder o poder de compra.
“Com isso, diminui-se cada vez mais a
cesta de bens”, resume o professor de
Economia do Ibmec/MG Felipe Leroy.
Entre os produtos industrializados,
MDC/MG / Divulgação
A população
já está fazendo a parte
dela economizando água,
energia,... Então é preciso
que haja uma
contrapartida
do governo.
Não se pode
deixar a inflação crescer
porque, se deixar, ela vai
embora...
quando não dizem respeito apenas aos
preços, os reajustes se dão na redução
de peso ou de volume. Às vezes, as duas
coisas ocorrem ao mesmo tempo.
Segundo levantamento feito pelo Movimento das Donas de Casa, energia elétrica, gás de cozinha, telefone e água são
os serviços que mais têm encarecido.
Hortifrutigranjeiros, laticínios e as carnes têm figurado como os vilões dos supermercados. Entre produtos e serviços
pesquisados todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a cebola era, até julho, o item
que apresentava maior aumento no ano,
uma elevação acumulada de 155,19%.
Poucos foram os produtos que tiveram
redução de preço no período.
A medição da inflação pelo IBGE se
dá por meio de dois índices: o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), que leva em consideração os
gastos de famílias com renda de um a
seis salários-mínimos, e o IPCA, que
leva em consideração os gastos de famílias com renda de um a 40 salários. É
com base no IPCA, que nada mais é que
do que a inflação, que o governo define metas de inflação e a taxa básica de
juros, que em quadros inflacionários é
elevada para manter o controle.
Para Rabelo, a economia brasileira
vive um momento de “estagflação”, a
| 17
Marcos Santos / USP
METROPOLIS
O quilo da cebola tem levado
as donas de casa às lágrimas.
É o item que acumula maior
aumento no ano
quanto isso, itens e serviços sofrem aumentos ao vento de crises energéticas,
baixa safra e da indesejada inflação.
Para Leroy, não ocorreram reajustes
reais dos salários nos últimos anos. “A
inflação acumulada está cada vez maior,
sendo que os aumentos de salários acumulados não conseguiram recompor a
perda ocasionada pela inflação”, argumenta. Para o professor, corrigido pela
inflação dos últimos dez anos, o salário-mínimo, que hoje está em R$ 788, deveria estar próximo de R$ 1,8 mil.
junção entre a estagnação e a inflação.
Segundo ele, o melhor caminho para o
controle inflacionário seria impedir os
reajustes automáticos de preços pela inflação passada e tentar controlar a desvalorização do Real. O outro passo seria
do mesmo modo desafiador: incentivar
o crescimento econômico, que este ano
deve registrar números negativos. O
professor Rabelo ressalta também que a
queda do crescimento pode impulsionar
a inflação.
“É preciso adotar políticas que efetivamente detenham a inflação. Ela não será
reduzida com o aumento da taxa básica
de juros. É preciso adotar políticas amplas para manter o valor da cesta básica.
Uma rede alternativa de comercialização dos produtos componentes dessa
cesta é a única forma de preservar seu
18 | www.voxobjetiva.com.br
valor. É necessário também atacar um
dos fatores da inflação que é a alta dos
preços dos alimentos. Basta o governo
manter e ampliar o Programa de Incentivo à Agricultura Familiar e vinculá-lo
a essa rede alternativa”, sugere Rabelo.
DEFASAGEM
Calculada isoladamente em um produto ou outro, a inflação não parece tão
ameaçadora. Mas à medida que os carrinhos de supermercado se avolumam e
a necessidade por serviços surge, maior
é a sensação de impacto causado pela
inflação. Diante de reajustes consecutivos, muita gente se questiona sobre o
descompasso dos aumentos nos valores
de produtos e serviços com os reajustes
na folha de pagamento. Os salários se
mantêm na folha por meses e anos. En-
O professor do Ibmec entende que,
para corrigir de forma adequada, os salários deveriam ser ajustados com base
no Índice Geral de Preços do Mercado
(IGP-M) acumulado nos últimos dez
anos e não pelo índice de inflação que,
segundo ele, não está na base dos contratos vigentes na economia.
Rabelo também acredita que o mecanismo de cálculo do governo esteja
defasado. Para o professor, no entanto,
o IGP-M e o índice de inflação não são
os melhores índices para a correção
dos salários. “Deveria ser criado um
índice específico, pois o IGP-M também é pouco adequado por ter vários
componentes: de índice de preços ao
consumidor, do atacado e da construção
civil”, indica.
ARTIGO
Kênio Pereira
Imobiliário
Combata a falta de educação no condomínio
Em um condomínio, os problemas de vizinhança não podem ser ignorados, pois, com o passar do tempo, correm
o risco de ser agravados e podem gerar grandes conflitos.
Deixar de enfrentar o problema pode ser a pior atitude,
pois os ânimos podem ficar acirrados e sair do controle.
de 145 por dia, superior às mortes da guerra civil da Síria. No Distrito Federal foram 780 homicídios em 2012,
o que superou os 682 da França. No mesmo ano, a Itália teve 529 homicídios. No Brasil, há cem vezes mais
homicídios que a Itália, conhecida por ter a Máfia.
As pessoas estão a cada dia mais nervosas, impacientes
e individualistas. Certamente você já ouviu de uma mãe
ou de um pai a frase: “meu filho terá tudo que eu não
tive”. O resultado desse tipo de postura é a proliferação de
cidadãos que se acham deuses, que não aceitam nenhuma regra nem frustração, pois foram criados sem limites.
BOA VONTADE NÃO RESOLVE
Com o crescimento das áreas de lazer, as pessoas ficaram mais próximas nos condomínios, o que contribui para a potencialização das situações de conflitos.
Entretanto, muitos fingem que isso não existe, pois
continuam a ser redigidas convenções copiadas e ultrapassadas como se vivêssemos num paraíso, sem impor regras e a possibilidade de o síndico aplicar multas.
Um leitor me enviou o seguinte relato demonstrando sua
frustração: “o juiz anulou a multa que o síndico aplicou ao
morador que perturbava os vizinhos com barulho, um cão
feroz que late o dia todo por ficar sozinho e que ainda estacionava na área de manobra. A sentença foi fundamentada
no fato de o síndico não ter utilizado técnica para aplicar
a multa prevista no Código Civil. A coletividade está revoltada, pois o condômino continua a agredir os vizinhos
com suas atitudes irregulares. Dois moradores acabaram
se mudando do prédio por não aguentar os insultos”.
Poucos sabem que o Brasil é o campeão do mundo em
número de homicídios. O país superou 50 mil em 2012.
Aqui ocorre o mesmo número de assassinatos que na
Índia, que tem população sete vezes maior. A média é
Mesmo com cinco décadas de existência da Lei do Condomínio, está evidente o despreparo das administrações
dos condomínios para coibir irregulares, pois insistem
em agir de maneira primária, baseada na intuição, razão
que acarreta a anulação da multa em juízo. Entretanto, há
como eliminar esses problemas com uma convenção bem-redigida e com uma orientação jurídica.
ENCONTRO IMOBILIÁRIO DA OAB
Diante do desafio de inibir atos irregulares nos condomínios, a OAB-MG promove o XXIII Encontro Imobiliário da OAB. Eu vou ministrar uma palestra sobre diversos
problemas que os condomínios enfrentam. O evento está
programado para as 19h do dia 21 de setembro. Dentre os
temas abordados estão o risco de acabar o “condomínio
fechado” com a nova posição do STJ, como coibir impontualidade e atos irregulares, o rateio de despesas nos edifícios com cobertura e nos prédios com sobrelojas e salas.
Kênio Pereira
Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG
[email protected]
| 19
ARTIGO
Robson Sávio
Justiça
Violência e crise
Desde 2013, presenciamos sinais de uma crise que talvez
aponte o esgotamento do modelo capitalista. Esse esgotamento pode ser percebido em várias dimensões: colapsos do
ecossistema, da política institucional, da economia baseada
na especulação e no rentismo, das instituições tradicionais,…
Quando analisamos a realidade sociopolítica brasileira nos
últimos anos, observamos que o modelo de desenvolvimento
iniciado no governo Lula só foi possível pelo poder de compra do mercado chinês, que subverteu todo o metabolismo
do capitalismo global. A circulação desenfreada e sem lastro
de dinheiro foi a tábua de salvação do capitalismo na última
década. O lulismo teve o mérito de ampliar a cidadania,
sempre altamente regulada no Brasil. Mas apresentou
algumas desventuras: não convidou a classe média para
o banquete. Paradoxalmente, os mais ricos e os pobres
foram os grandes beneficiários das políticas nos últimos
anos. Nunca os bancos lucraram tanto; nunca os pobres
tiveram tantas oportunidades.
Thomas Piketty, autor de “O capital no século XXI”, numa
entrevista recente, demostrou que o foco das tensões sociais
mundo afora está relacionado com a perda patrimonial da
classe média, o que pode explicar, também, o crescimento
da direita e do egoísmo social (não somente no Brasil). Segundo Piketty, na década de 70, a classe média tinha cerca de 30% do patrimônio total. Hoje está mais próximo de
25%. Ao mesmo tempo, observa-se um aumento na concentração de renda nas mãos dos 10% mais ricos. Segundo o IBGE, os 10% mais ricos no Brasil concentram 42%
da renda nacional. Essa perda de posição da classe média,
diz Piketty, poderia levar esse segmento para a extrema-direita: “quando não conseguimos resolver os problemas
sociais de forma tranquila, a tentação é colocar a culpa no
outro: trabalhadores, imigrantes, gregos preguiçosos, etc.”.
20 | www.voxobjetiva.com.br
É importante analisar o fato de parte da classe média brasileira, historicamente acostumada com privilégios no lugar de
direitos, bandeou para um discurso e uma prática que beiram
o radicalismo. Em vez de usar seu poderio político para lutar
por justiça social e equidade, ou seja, contra a concentração de
renda nas mãos de poucos, segmentos da classe média direcionam seu discurso odioso para atacar as conquistas sociais dos
últimos anos ou para agredir os pobres e aqueles políticos e
partidos que representariam esses estratos sociais.
A violência, que sempre determinou a “ordem” das relações
sociais no Brasil, tornou-se o recurso utilizado em doses cavalares por setores da classe média e da elite conservadora que
tentam reposicionar-se num cenário de disputas reais e simbólicas.
Não nos enganemos: não haverá justiça social e igualdade
no Brasil sem tocar nos privilégios historicamente acumulados
por parcelas pequenas da sociedade brasileira. Não é possível
alcançar a paz sem perder nada.
Outro problema político vergonhoso, camuflado nesse cenário de crise, é a intolerância, o racismo, o preconceito – principalmente de matriz socioeconômica - e o fascismo disfarçado
de nacionalismo. Esses “demônios” saíram do armário, e seus
adeptos querem se impor, afrontando a democracia.
O processo civilizatório não deixa dúvidas: a conquista e a
ampliação de direitos, mesmo lenta e gradual, são irreversíveis
em qualquer sociedade minimamente democrática e plural.
Robson Sávio Reis Souza
Filósofo e cientista social
[email protected]
SALUTARIS
CRIANDO
FILHOS
BILÍNGUES
Desmitificando os
aspectos da educação
multilinguística
m português bem-articulado, sem sotaque e com expressões culturais, Isabel
relata sua trajetória de vida.
Doutora em filosofia, artista
plástica, escritora e mãe do Theo,
de 18 meses, ela se comunica com
o filho apenas em português. O
bate-papo no idioma de Camões
e os códigos utilizados por ela
com o filho não seriam novidade,
não fosse o fato de ela ser sueca.
Isabel Löfgren cresceu em um ambiente multicultural. Em casa, a
mãe, brasileira, só falava em português, enquanto o pai, natural de
Estocolmo, só se expressava no
idioma do país escandinavo.
O português e o sueco não foram os únicos idiomas que se
tornaram familiares para Isabel
desde a infância. Os pais se comunicavam em francês, o que
possibilitou que ela aprendesse
mais uma língua. “Quando eles
se conheceram, minha mãe não
falava sueco, e meu pai não falava português”, comenta Isabel,
fluente em cinco idiomas.
Assim como a de Isabel, muitas
famílias convivem em ambientes
Arquivo Pessoal
Gisele Almeida, de Estocolmo
em que o bilinguismo é uma realidade. O contato com diversos
idiomas é natural em famílias
multiculturais em que pelo menos um dos pais é estrangeiro
ou imigrante. Acontece o mesmo
no caso dos pais que optam por
introduzir uma educação multilinguística nos filhos desde o
berço, mesmo residindo no país
de origem.
Eric tem apenas 14 meses, mas a
mãe, Vanessa, já pensa em mudar
de Quebec, no Canadá, onde se fala
o francês, para introduzir a língua
inglesa no cotidiano do filho
O ser humano nasce com a incrível capacidade de aprender
qualquer língua falada no planeta. Estar em contato com diversos idiomas desde a infância se
torna um patrimônio inestimável
| 21
Filha de brasileira, Isabel só se comunica em português com o filho,
Theo, de 1 ano e meio
AS DÚVIDAS
Gisele Almeida
Muitas famílias que pretendem criar os filhos em ambientes multilinguísticos se deparam
com uma dúvida: será que essa
exposição multilinguística não
criaria um atraso no aprendizado da fala ou não poderia confundir as crianças?
para as crianças em vários sentidos para ampliar as oportunidades profissionais ou até mesmo
para preservar a saúde mental.
Estudos coordenados pela
doutora em psicologia e responsável por pesquisas em diversas
áreas relacionadas ao bilinguismo na Universidade de York, no
Canadá, Ellen Biolystok, apontaram várias vantagens para o
desenvolvimento cerebral das
crianças bilíngues. Publicada
na revista científica Neurology,
a pesquisa associa o bilinguismo a um atraso substancial no
aparecimento de sintomas do
Alzheimer. Os pesquisadores
verificaram que os pacientes
bilíngues tinham sido diagnosticados com a doença cerca de
quatro anos mais tarde e relataram o aparecimento de sintomas
cerca de cinco anos depois da
mesma manifestação por parte
dos pacientes monolíngues.
Os estudos também demonstraram que quem fala duas
línguas no dia a dia tem vantagens cognitivas e apresenta
maior facilidade para manter a
concentração na resolução dos
problemas e maior capacidade
de foco.
22 | www.voxobjetiva.com.br
Nosso cérebro
foi feito para
aprender várias
línguas. A maioria
da população
do planeta vive
em locais onde se
fala mais de uma
língua. Nem por
isso, as pessoas são
mais confusas do
que as populações
que vivem
em ambientes
homogêneos
linguisticamente,
como é o caso
do Brasil
Juliana Neves Lindgren
Fonoaudiológa
Para a graduada em Letras pela
Universidade de São Paulo (USP)
e em Fonoaudiologia pelo Karolinska Institutet, da Suécia, Juliana Neves Lindgren, não existe nenhum estudo que aponte o
bilinguismo como atividade que
pode confundir a criança. “Nosso cérebro foi feito para aprender várias línguas. A maioria da
Arquivo Pessoal
SALUTARIS
população do planeta vive em locais onde se fala mais de uma língua. Nem por isso, as pessoas são
mais confusas do que as populações que vivem em ambientes homogêneos linguisticamente, como
é o caso do Brasil”, reflete a especialista atuante na área de distúrbios de linguagem com crianças
em idade pré-escolar.
Para a fonoaudióloga, a ideia de
que o bilinguismo confunde as
crianças é apenas um mito difundido até mesmo entre alguns profissionais da educação. “Crianças
bilíngues atingem os marcos do
desenvolvimento da linguagem na
mesma idade que crianças monolíngues”, afirma. Ela explica que
eventualmente crianças bilíngues
podem demorar mais tempo para
desenvolver o vocabulário nas respectivas línguas, já que aprendem
cada palavra simultaneamente em
dois ou mais idiomas.
Na Suécia, o multilinguismo é
uma realidade na vida escolar.
De acordo com dados do Skolverket, órgão do governo responsável pelo sistema de educação,
as crianças estudam pelo menos
três línguas até a 6ª série da escola pública. Nos primeiros anos de
alfabetização, os alunos estudam
duas línguas: o sueco e o inglês.
Quando iniciam a 6ª série, eles
escolhem mais uma língua estrangeira (espanhol, francês, alemão
ou mandarim). No caso de filhos
de imigrantes residentes no país, é
garantido também o direito a aulas da língua materna desde a pré-escola.
OS DESAFIOS
Entre brincadeiras, músicas e
histórias, a suíça Claudia Boemmels, idealizadora da Revista Digital Brasileiros Mundo Afora e
residente em Berlim, ensina também o português para os filhos
Fabian, de 9 anos, e Anna Lena,
de 6. “É essencial ser positiva e
incentivar a expressividade deles
de várias formas. Adoro quando
eles cantam em português. Eles
se juntam para brincar e cantam
músicas brasileiras”, conta.
Para a criança desenvolver o
aprendizado em diversas línguas
simultaneamente, é essencial
que os pais falem, expliquem,
digam o nome das coisas, leiam
livros e respondam às iniciativas
de comunicação dos pequenos.
Também é importante que eles tenham contato com outras pessoas
falantes da língua materna ou paterna, além da família.
Atento a essa necessidade, em Copenhague, na Dinamarca, um grupo
de mães brasileiras decidiu criar
uma associação para incentivar
o convívio entre crianças que
falam português. “A Associação
Brasileirinhos - DK promove
encontros e atividades para proporcionar às crianças o contato
com a língua portuguesa e com
Músicas, brincadeiras e histórias. É
por meio desses artifícios que Cláudia
ensina o português aos filhos
Arquivo Pessoal
| 23
Maria Eugênia se faz de desentendida quando as filhas usam
o italiano para falar com ela. A
afetividade é outro ponto usado
para estimular as meninas a
aprenderem um novo idioma
Arquivo Pessoal
One Parent One Language (Opol)
que significa (Um parente, uma
língua). Essa técnica consiste em
definir papéis na família em que
cada um dos pais é encarregado
de ensinar um idioma aos filhos.
“Dessa forma, a criança vai saber diferenciar a língua e, futuramente, o ambiente em que ela
será utilizada”, explica a mãe.
a cultura brasileira”, explica Tatiane Due, uma das idealizadoras
do projeto.
Para os pais que criam filhos
bilíngues, a persistência é um
aspecto fundamental para que
os filhos não se recusem a falar um dos idiomas. A jornalista
Maria Eugênia dos Santos, residente em Milão, na Itália, tem
duas filhas: Clara, de 10 anos,
e Eloisa, de 8. Ela observa que,
em certos momentos, as meninas
respondem em italiano porque o
vocabulário na língua do país de
residência é mais rico. “Às vezes
eu finjo não entender o que elas
24 | www.voxobjetiva.com.br
dizem para incentivar a comunicação em português. Elas riem
e repetem a frase novamente”,
conta. Para a jornalista, falar
com o coração é a chave para
uma convivência amigável com
outra língua. “Aqui em casa dizemos ‘Eu te amo’ e não ‘Te voglio bene’, comenta. Ela acredita
que educar com amor e sem cobranças é essencial para manter
o interesse das filhas pelo português.
A empresária Vanessa Kammer
e o marido, residentes há seis
anos no Canadá, optaram por
criar o filho utilizando o método
Vanessa conversa apenas em
inglês com Eric, de 14 meses,
enquanto o pai fala português.
“Moramos na Província do Quebec. Aqui os alunos não aprendem inglês na escola, mas no
futuro eu pretendo me mudar
para uma província inglesa. É
para isso que estou preparando meu filho”, comenta Vanessa,
que revela ser alvo de críticas
pela decisão. “As pessoas acham
que, como sou brasileira, deveria apenas falar em português
com o Eric, mas estou certa de
que estou fazendo o melhor para
o futuro dele”, argumenta.
O brasileiro Marcelo Perrucci,
residente em Brasília, também
resolveu adotar o Opol em sua
família. Pai de Yuna, de 4 anos,
e William, de 2, Marcelo se comunica apenas em inglês com os
filhos enquanto a mãe das crianças é responsável por ensinar o
português. “A língua inglesa é
muito importante na sociedade.
Mesmo vivendo no Brasil, convivemos com o idioma diariamente em filmes, livros ou músicas.
Queremos dar aos nossos filhos
a oportunidade de crescer entendendo melhor a diversidade
cultural do mundo”, comenta
Marcelo.
ARTIGO
Ruibran dos Reis
Meteorologia
Os cuidados com os raios
Pesquisas recentes feitas pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), órgão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que, nos últimos anos, os raios mataram 1,7
pessoa para cada milhão de habitantes na América do Sul. Na
Europa e nos Estados Unidos, o registro de mortes por raios é
17 vezes menor: 0,1 pessoa por milhão.
Em Minas Gerais, a estação chuvosa começa em outubro e
termina em abril, sendo que os meses
de outubro, novembro e fevereiro são os
que apresentam o maior número de raios.
Com a presença do fenômeno El Niño este
ano, a previsão é de que o número de raios
seja de 30% a 40% maior do que o normal. As chuvas com raios devem começar
na segunda quinzena de setembro, principalmente nas regiões Oeste, Sul, Campo
das Vertentes, Zona da Mata e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Pesquisas realizadas pela Agência Espacial Americana (Nasa)
mostravam que a República Democrática do Congo, na África,
era o país com maior número de raios no planeta. O vilarejo
montanhoso de Kifuka seria o local com maior número de registros de raios (média de 158 raios por quilômetro quadrado).
Entretanto, uma pesquisa recente feita por meio de uma rede
mundial de sensores, mostrou que o lago Maracaibo, na Venezuela, é o local onde mais se tem esse tipo
de fenômeno. O lago venezuelano ganhou
lugar no Guiness pela “mais alta concentração de relâmpagos do mundo” (250 por
quilômetro quadrado). A disponibilidade
de umidade associada aos ventos frios que
descem das montanhas à noite favorecem
a formação das nuvens cumulonimbus.
Nas noites de verão é comum ocorrer um
espetáculo de raios por lá.
Com a presença do
fenômeno El Niño
este ano, a previsão
é de que o número de
raios seja de 30% a
40% maior do que o
normal
Na minha tese de doutorado pela PUC
Minas, em 2005, gerei um mapa de raios
por quilômetro quadrado Em Minas
Gerais há um cinturão com alta densidade de raios, começando em Bocaina de
Minas, na Região Sul, passando por São
João del-Rei, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Belo Horizonte e
terminando na Serra da Canastra. Na RMBH, a densidade é de
8 a 9 raios por quilômetro quadrado.
Minas é um dos estados que apresentam maior número de
raios no Brasil. O primeiro é o Amazonas; o segundo, o Mato
Grosso; o terceiro, o Mato Grosso do Sul e depois, em quarto
lugar, aparece Minas Gerais. Os raios acontecem em regiões
onde há maior número de formação de nuvens cumulonimbus,
que pode atingir o topo entre 12 quilômetros e 15 quilômetros.
Durante uma tempestade de raios, a pessoa não deve ficar exposta em lugares abertos. Se for apanhada por uma tempestade em um campo aberto, a pessoa jamais
deve procurar abrigo debaixo de árvores.
É preferível os locais planos. A dica é se
manter com os pés juntos e de cócoras.
Dentro de casa, é necessário tomar alguns cuidados: não tomar
banho no chuveiro elétrico, não utilizar telefone fixo, não ficar
próximo às janelas e evitar objetos metálicos.
Ruibran dos Reis
Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas
[email protected]
| 25
ARTIGO
Maria Angélica Falci
Psicologia
Limitar para crescer
Estamos percebendo o crescimento no número de pessoas
dependentes, que não demonstram condições de tomar decisões por elas mesmas e de assumir responsabilidades sem
medos. Como pais, precisamos evitar que as crianças cresçam
sem coragem de se posicionar, sem ousadia nem criatividade ou se sintam incapazes de tomar decisões e desejem
apenas o que é fácil. A desistência acaba sendo o caminho
tomado por muitas.
Cresceram com outra postura aqueles que se viram na obrigação de driblar os momentos econômicos conturbados das
décadas de 80 e 90 e que saíram de famílias numerosas para
conquistar o que hoje têm. Eles deram tudo de si para darem
tudo aos filhos. Acontece, entretanto, que dar tudo de material não implica dar educação. Por esse lado, dar “tudo”
não é um ato de amor. Muito pelo contrário. Colocar os
filhos em uma redoma, satisfeitos em todos os desejos, tem
inúmeras consequências.
Ver uma geração de pessoas perdidas, inseguras, sem boas
referências, sem atitudes, que esperam muito do outro e expressam pouca resistência é sinal de preocupação. Dar conforto e boas condições de vida aos filhos não é o suficiente;
o problema é o engessamento mental. A falta de estímulos
do crescimento psicossocial tem um lastro perigoso e, às
vezes, irreversível.
Dar limites e amor faz parte de uma construção de valor
imensurável. Se você conseguir também fazer com que o
seu filho “descole” de você, sinta-se independente, seguro
e saiba conquistar os próprios objetivos, comemore! É algo
do que se orgulhar.
Muitos sustentam a antiga ideia de “criar bem” os filhos. Mas
a criação nem sempre está associada à educação. Içami Tiba,
26 | www.voxobjetiva.com.br
profissional pelo qual tenho grande apreço e que morreu recentemente, frisou em suas obras muitos pontos dessa relação
pais e filhos que merecem atenção. Em um de seus livros, ele
apontou: “Educar não é deixar a criança fazer só o que quer.
Educar dá mais trabalho do que simplesmente cuidar dela,
porque é necessário prepará‐la para a vida”.
Para construir solidamente a personalidade de uma criança,
impor limites é necessário. Caso contrário, a probabilidade de
a criança se tornar uma pessoa insegura, fragilizada, vulnerável e dependente aumenta. Acredito que não haja maior tristeza para pais que se perguntam “onde errei?”, mesmo tendo
dado “tudo” ao filho. “Dei o meu melhor para o meu filho, mas
infelizmente o que considerou ‘melhor’ trouxe problemas e
conflitos de toda ordem”, alguns se queixam. Quando a criança não se desenvolve e não há nenhuma questão de ordem
neurológica envolvida, geralmente a raiz do problema está no
excesso de proteção dos pais.
A minha dica é a seguinte: faça realmente o melhor para o
seu filho. Encha ele de muito amor, elogios, ajude na construção da autoestima, mas frise que existem limites e que nem
tudo o que ele quer é pertinente ao seu crescimento. Vocês são
pais, não o “Gênio da Lâmpada”.
Termino com mais uma frase de Içami Tiba. Que fique para
reflexão. “E os filhos são como navios... A maior segurança
para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos para singrar os mares”.
Maria Angélica Falci
Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental
[email protected]
Shutterstock
DIANTE DO ESPELHO
Vaidade ou autoestima?
A dualidade nas intervenções estéticas em jovens
Tati Barros
ocê pode não conhecer ou
não saber a razão da fama,
mas certamente já ouviu
o sobrenome Kardashian
em algum momento. O clã liderado pela socialite americana Kim
Kardashian West é o que se pode
considerar um fenômeno mundial.
Tudo o que carrega esse sobrenome passa a servir de influência:
são looks, cabelos ou intervenções
estéticas tão características do cotidiano da família protagonista do
reality show “Keeping Up With
The Kardashians”.
Em matéria de alterações estéticas, a caçula da família, Kylie Jenner, vem se destacando na mídia há
algum tempo. Com apenas 18 anos
completados em agosto, a modelo ganhou os holofotes pela clara
mudança no visual. A atual marca
registrada da garota, os lábios, por
tempos virou motivo de especulação, dado o volume que ganharam
de uns tempos para cá. Houve até
tentativas de negar os procedimentos, usando como desculpa alguns
truques de maquiagem. O visual rapidamente conquistou adolescentes
que, na tentativa de conseguir resultados parecidos, aderiram a métodos caseiros, como a sucção dos
lábios com objetos que provocam o
inchaço momentâneo da região. O
procedimento, vale reforçar, pode
trazer danos à saúde.
Apenas há pouco tempo, em um
dos episódios do reality show,
Kylie assumiu ter alterado os lábios. Embora haja boatos de que a
modelo tenha passado por outros
tipos de intervenção, como lipoaspiração e a aplicação de silicone, o
procedimento na boca foi o único
assumido. O preenchimento labial
de Kylie foi realizado com ácido
hialurônico que, segundo o dermatologista Bruno Vargas, é uma
substância comumente aplicada na
face. Por ser capaz de reter água,
o produto hidrata a pele e atenua
as rugas faciais, criando um visual
harmonioso. O ácido hialurônico
é uma substância absorvível e totalmente inerte ao organismo, pois
está presente naturalmente na pele.
Com a idade, a quantidade do ácido usado na pele diminui gradativamente, ocasionando na perda de
volume e de elasticidade. “A volumização dos lábios com esse ácido
requer cautela, uma vez que, se feito em exagero, pode deixá-los desproporcionais ao rosto”, comenta o
médico.
A criação de expectativas irreais
requer cuidado especial em se tratando de adolescentes que desejam
| 27
Jô Magalhães
SALUTARIS
É preciso determinar cuidadosamente
se realmente
existe uma
alteração corporal que justifique uma
intervenção.
Além disso, é
preciso ficar
atento se a cirurgia é desejo
do próprio paciente ou dos
pais
Patrícia Lana, cirurgiã plástica
alterar o corpo tendo como referência celebridades. Isso é o que
defende a cirurgiã plástica e membro da equipe de Cirurgia Plástica
do Hospital Felício Rocho, Patrícia
Lana. “É importante explicar aos
jovens que não é possível se tornar igual ou parecido com outras
pessoas, mas dá para aperfeiçoar as características do corpo de
cada um”, enfatiza.
Aos 19 anos, a estudante Larissa
Mendonça já passou por três intervenções estéticas. A primeira foi
uma lipoaspiração aos 15 anos. Mas
o motivo não inclui a vaidade nem
o espelhamento em alguma estrela.
28 | www.voxobjetiva.com.br
“Sempre fui aparentemente magra,
mas desde criança tive muita gordura localizada nos lados e que não
saía por nada. Quando cheguei à
adolescência, isso começou a afetar
muito a minha autoestima. Não ia
mais à praia e só usava roupas bem
largas. Isso que parecia algo bobo,
acabava afetando em tudo na minha vida, pois deixava de sair com
os meus amigos e não usava biquíni na frente de outras pessoas”, relembra.
Após frequentar a academia e testar procedimentos estéticos para a
redução da gordura localizada, a
jovem convenceu os pais a darem a
cirurgia a ela como presente de 15
anos. “Minha mãe me levou ao cirurgião plástico dela pra ele avaliar
meu corpo. Na consulta, ele confirmou que essa gordurinha não sairia
completamente só com academia.
Foi aí que meus pais decidiram
marcar a minha primeira cirurgia,
já que isso estava me afetando tanto”, conta. Após a primeira intervenção, Larissa implantou silicone
nos seios e fez outra lipoescultura,
desta vez, reparativa, já que a primeira cirurgia deixou alguns nódulos na barriga.
Os procedimentos corresponderam às expectativas de Larissa,
SALUTARIS
que diz ter recobrado a autoestima.
“É muito bom você se sentir bem
consigo mesma, e as cirurgias me
proporcionaram isso. Por mais que
tenham ocorrido alguns contras no
pós-operatório, fiquei bem feliz por
ter feito e não me arrependo de forma nenhuma”, finaliza.
O MOMENTO CERTO
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o número
de operações realizadas entre 2008
e 2012 em pessoas na faixa dos 14
aos 18 anos cresceu 3,5 vezes mais
do que no público adulto. Passou de
37,74 mil procedimentos para 91,1
mil. Patrícia explica que não existe
uma regra que defina a idade ideal
ou mínima para a realização de cirurgias plásticas e cada caso deve
ser avaliado cautelosamente de
acordo com o desenvolvimento da
região a ser operada.
“Na maioria dos casos, é preferível aguardar o completo crescimento das estruturas, mas existem
exceções. Por exemplo: muitas vezes, pacientes de 16 anos apresentam mamas tão grandes que a espera pelo término da adolescência
pode acarretar deformidades na coluna. No caso das orelhas de abano,
com 6, 7 anos de idade, a orelha já
desenvolveu quase que completamente, e a cirurgia já pode ser feita”, exemplifica. Por outro lado, ela
alerta para a necessidade de avaliar se as expectativas do paciente
são reais e se ele está preparado
para enfrentar os cuidados do
pós-operatório.
Qualquer tipo de intervenção é
indicado pelos psicólogos, após
detecção de que o aparente problema incomoda a ponto de limitar a
vida social do paciente. Para Patrícia, o acompanhamento dos pais
é essencial pois, além de darem o
consentimento para a realização de
eventuais procedimentos, eles trazem informações importantes so-
tisfação, em vez de procurar se
conhecer e se aceitar”, analisa.
bre como o adolescente lida com o
problema e como isso o afeta.
A cirurgiã também alerta para o
fato de que a adolescência é uma
fase em que ocorrem intensas modificações no corpo e nas relações
sociais. Por essa razão, é importante “determinar cuidadosamente
se realmente existe uma alteração
corporal que justifique uma intervenção. Além disso, é preciso ficar
atento se a cirurgia é desejo do próprio paciente ou dos pais”, alerta.
O PSICOLÓGICO
A psicóloga Maura Albano defende que boa parte das intervenções precoces sejam resultado da
sociedade do consumo, em que há
a incitação a experimentar algo
novo, como forma de se encaixar em um padrão. “Nos últimos
tempos, a beleza se transformou
em um bem de consumo, algo extremamente desejado. O grande
problema disso é que o jovem vê
a intervenção como um caminho
mais fácil para alcançar uma sa-
Essa visão é compartilhada pelo
dermatologista Bruno Vargas, que
vê na internet um forte meio de
influência para os jovens. “Cada
vez mais, principalmente com a
internet e as redes sociais, os jovens têm acesso fácil às rotinas de
beleza de famosos, à manipulação
de imagens, a um verdadeiro ‘culto
ao belo’. Isso faz com que essa busca pela perfeição comece cada vez
mais cedo”, acredita.
No campo psicológico, os danos
podem ser ainda maiores, uma vez
que a insatisfação possa não ser
sanada e, diante disso, o adolescente queira fazer cada vez mais
intervenções na busca da imagem
perfeita. Segundo Maura Albano,
os adolescentes, de forma especial,
são impulsionados pelo modismo
e, por essa razão, é necessária a
orientação dos pais e, principalmente, de um bom profissional,
diante da decisão de enfrentar o
bisturi. “Muitas vezes, a questão
não está no problema estético em
si, mas na autoaceitação. Busca-se
a solução externa, quando o problema é interno”.
| 29
SAPORIS
Polenta com Ragu de
Linguiça Funghi Porcini
Receita do Bouquet Garni
60 Minutos
10 Porções
INGREDIENTES RAGU
PREPARO RAGU
1 cebola média picada
50 g de alho amassado
50 ml de azeite
1 kg de linguiça semidefumada
2 latas de tomate Pelati
160 g de Funghi Porcini (Hidratado
em água fria)
Corte a linguiça em cubos. Coloque o azeite em uma panela
grande aquecida e doure a linguiça. Depois acrescente o
alho e a cebola, deixe dourar e entre com o tomate amassado. Na sequência, introduza o funghi com água e deixe cozinhar até reduzir a água. Coloque o sal a gosto e pimenta-do-reino.
PREPARO POLENTA
INGREDIENTES POLENTA
Coloque a água para aquecer e junte dois tabletes de caldo
de galinha, introduza a milharina mexendo sempre. Finalize
com uma colher de sopa de manteiga e 300 gramas de
queijo ralado parmesão.
Divulgação
1 pacote de milharina
5 litros de água
300 gramas de queijo parmesão
30 | www.voxobjetiva.com.br
SAPORIS
garrafa seja um ser vivo, louco para
ser aberto e degustado por alguém
que queira dialogar com ele. O ato
de beber e de desfrutar de um vinho
remete ao cuidado que temos com
nossos familiares, em especial, com
pais e filhos. Beber um vinho com o
pai é um ato simples, mas a atitude
de dividir uma garrafa com quem
coloca você no mundo pode ser um
momento inesquecível.
Harmonização
Polenta com Ragu de
Linguiça Funghi Porcini
Nelton Fagundes, Enoteca Decanter
Divulgação
Todos os elementos presentes
na polenta, no ragu de linguiça e
no funghi, além, é claro, de sua
cremosidade e do perfil aromático,
combinam perfeitamente com
os aromas e com todo o frescor
presente no Carpaneto, de Umbria,
da Itália. Trata-se de um tinto
moldado na Cabernet Sauvignon e
complementado com uvas típicas
italianas, contribuindo para uma
fusão entre taninos macios e a
incrível cremosidade presente na
polenta.
De pai
para filho
Nelton Fagundes
Sommelier da Enoteca Decanter BH
Quem teve a oportunidade de beber
um vinho da sua idade ou um mais
velho sabe como essa pode ser uma
sensação emocionante. Essa experiência única marca um admirador
de vinhos. Eu tive o privilégio de
provar vários da minha idade e vários com muito mais tempo de vida
do que eu. Recomendo a todos
essa experiência!
fícil. Muitos ainda não têm a devida
paciência para isso nem o conhecimento necessário para deixar o vinho
em descanso dentro de adegas para
que o rótulo aprimore as qualidades
organolépticas. Entretanto, muitas
pessoas têm o cuidado de guardar
para deixá-lo evoluir de forma adequada, buscando extrair do vinho o
seu melhor.
Em momentos de pouco tempo para
quase tudo, comprar vinhos para
envelhecer se tornou uma tarefa di-
Neste artigo, trato de paixão, amor e
família! Podemos comparar o vinho
às pessoas e considerar que cada
Eu sou um pai em processo de formação. Meu filho, Benício, vai nascer
daqui a menos de três meses. Planejo
comprar vários vinhos de 2015, com
potencial de guarda e que possam
melhorar com o passar dos anos,
para beber ao longo dos seus aniversários e esperar loucamente que, ao
completar 18 anos, ele possa dividir
comigo uma garrafa com a mesma
idade. Será algo especial! Por enquanto, tenho o privilégio de continuar bebendo vinhos com meu amado
pai que, sempre com muito carinho e
atenção, escuta minhas explicações
sobre o universo enológico.
É importante ressaltar que não é
qualquer vinho que envelhece bem.
Devemos escolher o rótulo certo de
regiões que permitem um bom envelhecimento e que possa realmente
nos proporcionar prazer em degustá-lo no seu momento pleno. Com certeza, minha adega terá alguns bons
Bordeaux, Bourgognes, Brunelos,
Barolos e grandes vinhos de todo o
mundo. A intenção é ter uma bela
coleção de ótimos vinhos para desfrutar com meu filho, mostrando a ele
a importância dos rituais e como
algo tão emocionante, como bons
vinhos, pode nos proporcionar situações simples e únicas.
O vinho nos permite isto: sensações e possibilidades infinitas. Um
vinho “bom”, que nos emociona,
deve ser compartilhado com pessoas especiais. Nada melhor do
que beber um vinho com nosso pai
ou com nosso filho.
| 31
ARTERIS
Vestida
em flor
A primavera traz a
feminilidade das estampas
florais para a moda-festa
etembro: mês de mudança de
estação e de nova temporada
para o mundo da moda. A Primavera - Verão 2016 promete ser ainda mais florida que
o habitual. Isso porque as grifes elegeram a estampa floral como o
hit que vai colorir as vitrines e ganhar
as festas mais badaladas. O print pode
até não ser tão inovador, mas é inegável
que em 2015 tenha aparecido com ainda
mais força nas coleções. A moda-festa,
em especial, rendeu-se a essa proposta,
garantindo produções luxuosas e cheias
de feminilidade.
Um exemplo de marca que apostou na
tendência é a mineira Mabel Magalhães.
Na última edição do Minas Trend, a grife
tinha antecipado em seu elogiado desfile
que as rosas trariam o colorido especial
para a coleção inspirada nas musas do
cinema das décadas de 50 e 60. Assim os
prints aparecem em shapes ultrafemininos,
que desenham o corpo e acrescentam volume. A estampa bicolor com silhueta de rosas
em verde e azul klein traz duas versões com
o jogo de cores invertido, permitindo maior
versatilidade nas combinações.
Já a grife Ellizabeth Marques trouxe da China a inspiração floral para a
32 | www.voxobjetiva.com.br
Weber Pádua
Tati Barros
temporada. A botânica oriental, representada pela peônia, é o fio condutor
da coleção. A flor na cultura chinesa é
simbolicamente responsável por anunciar a chegada da primavera. Além disso, ela é considerada a flor do país. A
estamparia digital destaca pinturas
florais de peônias da Dinastia Qinge e
macroasas das borboletas Malachitas
orientais. É romantismo puro!
tampas como as próprias peças produzidas com elas, que ganham formas
diferenciadas em sua modelagem por
meio da estamparia. Outro tipo de
composição especial da temporada são
os florais usados em escalas distintas
dentro da mesma estampa. Flores miúdas misturadas às flores grandes criam
a sensação de estampas distintas na
mesma peça”, explica.
A designer Celene Godói é especializada na criação de estampas e, há
quatro anos, o nome responsável por
assinar os prints das coleções da grife Alphorria. A especialista conta que,
nesta temporada, o floral chega com
uma característica especial: as composições de flores com outros elementos
gráficos, como listras e geométricos.
“Este recurso enriquece não só as es-
O processo de criação dos prints que
vão estampar as peças de uma coleção
está ligado a elementos que vão além
da inspiração da designer. Segundo
Celene, o trabalho se inicia em conjunto, a partir das ideias da equipe de
estilo da marca, do tema da coleção e
até mesmo das tendências internacionais. A partir daí, a designer tem liberdade para interpretar essas demandas
ARTERIS
Weber Pádua
à sua maneira. “Desenvolvo imagens
e desenhos exclusivos para cada estampa que vou criar. Valorizo muito
o trabalho manual e de construção
dessas imagens. Gosto de desenhar,
pintar, fazer colagens e, com isso,
compor minhas estampas. Fotografar
também é uma prática muito comum
no meu processo. Daí, posso ilustrar
sobre os elementos fotografados ou
utilizar as próprias imagens nas estampas”, conta.
Como não poderia deixar de ser, a
estampa floral também está presente na Primavera - Verão da Alphorria.
E as flores aparecem como ilustração do tema desta coleção, que foi
inspirada nas deusas gregas e suas
atmosferas de beleza e feminilidade.
“Pesquisei flores que estariam numa
paisagem grega para compor as estampas. Foi então que as bouganvilleas, flores características do verão
nas ilhas gregas, deram origem a diferentes estampas, utilizadas em fotos e em ilustrações”, explica. Para a
designer, os temas das coleções ajudam na hora de diferenciar um floral
desta estação para a outra, uma vez
que as flores estão sempre presentes
nesta época do ano.
Reprodução
A tendência vai além das peças de roupas e estampam, inclusive, coleções
de marcas de cosméticos. Um exemplo
disso é a L’Occitane au Brésil, que convidou Celene Godói para desenvolver
as estampas da linha Pomar de Flores,
que tem foco nas flores de frutas típicas do Brasil. “Desenvolvi as ilustrações da Flor de Acerola, Flor de Carambola e Flor de Goiaba. Posteriormente,
as estampas corridas de cada uma dessas flores. Tudo isso foi feito a partir
das minhas técnicas e do meu estilo.
Essas ilustrações e estampas foram a
base para a criação das embalagens da
linha, desenvolvidas pela equipe francesa de designers da marca”, destaca.
A tendência aparece ainda em
um mix com bordado floral
Estampas com flores delicadas
e menores dão um toque de
sofisticação às peças
Para quem deseja investir na estampa
para um momento memorável, a dica é
escolher uma padronagem que valorize
o seu biotipo. Quem tem uma silhueta
magra e é mais alta, uma sugestão é
apostar em flores em tamanhos maiores. Já para as mais baixas e que estão
acima do peso desejável, a ideia é investir em prints menores e mais delicados. Um truque de styling para criar o
efeito de uma silhueta mais fina é optar
por peças com fundo escuro, como preto ou azul marinho.
Por fim, para quem não tem medo de
ousar, uma opção moderna é o mix de
estampas. Você pode combinar diversas
padronagens florais ou escolher prints diferentes, como o xadrez - tendência há algumas temporadas -, ou a listra, que está
em alta. Para não errar, aposte em tonalidades parecidas, criando uma harmonia
visual e encantadora.
| 33
UMA ÓTIMA OPÇÃO
DE LAZER ESTÁ VOLTANDO
PARA VOCÊ.
ADIVINHE QUAL É?
ANÚNCIO
Em breve, as famílias vão curtir um espaço renovado pela
Assembleia
Legislativa com a parceria da Prefeitura de BH.
34 | www.voxobjetiva.com.br
Bem
casado
Oswaldo Marra e Jane Magalhães
À MODA
DOS NOIVOS
Uniões personalizadas trazem criatividade ao grande dia
e tornam cerimônias cada vez mais autênticas
Érica Fernandes
s paredes ainda estavam
sendo erguidas, mas Juliana
Gouveia não tinha dúvida: o
museu Caravaggio, na Vila
da Serra, era o lugar ideal para a celebração do seu casamento. Ela não
tinha referência de conhecidos sobre
o que seria selar a união com o então futuro marido, Murilo Guimarães,
nesse espaço cultural da simpática
Nova Lima. Mas a vontade de fugir
da igreja, ou melhor, do tradicional
cenário religioso, animava – e muito
– a empresária.
E a cerimônia surpreendeu. Os
convidados ficaram impressionados com as obras de arte do espa-
ço. E a arquitetura do local trouxe o
requinte e a elegância de que o evento precisava. Para agregar ainda mais
originalidade, o traje dos garçons foi
em estilo medieval, contribuindo para
fazer da celebração uma volta no tempo. A aposta de Juliana foi certeira e
representou um pouco do perfil inovador do casal.
Oswaldo Marra e Jane Magalhães
Se o que une a história de Juliana
e Murilo é o interesse pelo singular,
a de outros sete casais, vencedores
do concurso Rock in Rio, é o amor ao
estilo musical que dá nome ao evento. Eles vão trocar alianças entre os
dias 18 e 27 de setembro na cidade
do rock. A celebração será feita diante
de uma multidão de, pelo menos, 85
mil pessoas. Para fazer parte desse
seleto grupo, os noivos tiveram que
passar por uma rígida avaliação da
comissão organizadora do evento ligada ao setor de casamentos.
Mas casar-se diante de uma multidão de desconhecidos não é o que
apetece grande parte dos noivos. O
casal de Belo Horizonte Dante Gontijo e Carolina Borges preferiu fugir das
multidões. Eles optaram pela presença apenas dos pais, poucos familiares
na cerimônia e convidados mais íntimos que fazem parte da história do
casal. A cerimônia foi celebrada no
paradisíaco arquipélago de Fernando
de Noronha.
Essas histórias são unidas por uma
característica: todos buscaram imprimir a personalidade do casal em cada
detalhe do matrimônio. Essa é uma
das características marcantes das
cerimônias matrimoniais do século
21. Segundo a autora de um blog especializado em casamento, Marcella
Lisa, muitos noivos abandonam tradições e formalidades por uma união
que tenha a “cara” do casal. “Nos últimos anos, o campo, a praia e a casa
se tornaram cenários muito comuns
na preferência dos noivos para celebrar a união. Outra mudança recorrente é o casamento com sentido.
Muitos noivos preferem trocar as
Oswaldo Marra e Jane Magalhães
Juliana e Dante se mostraram
bastante intimistas, mas Shamiah
e Pascal foram muito além. Eles resolveram se casar sem a presença
de convidados em nada menos que
um penhasco. Eles trocaram juras de
amor diante das lentes de um fotógrafo nas montanhas de Yosemite,
no estado americano da Califórnia.
Frank Bitencourt
alianças em um local que tenha a
ver com eles. O casamento diz mais
respeito aos noivos e menos sobre
a sociedade”, acredita a blogueira
com mais de 80 mil seguidores no
instagram.
Reconhecida no mercado mineiro pela experiência de mais de 300
casamentos, a cerimonialista Carol
Namorato avalia essa mudança de
comportamento. “Cada vez mais, os
noivos querem uma cerimônia personalizada, falando do amor e da história deles. Isso, sem contar os votos
não tradicionais, que estão mais lindos e emocionantes”, afirma.
Diante desse cenário, além dos
casamentos em ambientes naturais,
destacam-se as cerimônias em espaços que, até então, não estavam
propriamente relacionados com as
celebrações matrimoniais. É o caso
de hotéis, adegas, resorts e museus.
São espaços que impressionam, fogem do tradicional e não estão ligados aos rituais religiosos específicos.
Esses ambientes proporcionam novas cores, arquiteturas, formas e uma
atmosfera em que todos possam se
sentir bem e celebrar o amor acima
de qualquer coisa.
mentos diurnos: mais uma influência
americana. É o que confirma a gerente de vendas Caroline Marques,
que se casou às 11h na Praça do
Papa, em uma cerimônia-surpresa.
“Amamos esse ponto turístico de
Beagá, e a vista dali é maravilhosa.
Por isso, meu marido, Filipe, achou
que seria perfeito celebrarmos à
luz do dia”, relata Caroline. Ela foi
surpreendida no casamento com a
presença de amigos, familiares e de
um pastor incumbido de celebrar a
união.
Embora defenda que casamentos à
moda antiga nunca saiam de moda,
a empresária do ramo e pós-graduada em planejamento e Gestão Organizacional Patrícia Fortes aponta
os miniwedding – cerimônia com
número menor de convidados – e os
destinations wedding – cerimônias
em praia, florestas ou no campo –
como modelos que estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil.
Patrícia confirma esses perfis como
ótimas escolhas para quem deseja
celebrar de forma original.
Aquela história de que a noiva decide tudo no casamento e quem paga
é o noivo também ficou no passado.
Os homens estão mais presentes na
escolha dos detalhes do casório. Casado há dois anos, o vendedor Rafael Lima fez questão de opinar sobre
detalhes dos preparativos. “Ajudei a
escolher parte da decoração e sugeri como os padrinhos se vestiriam:
segui o modelo norte-americano no
qual as madrinhas e os padrinhos se
vestem igualmente”, conta com o orgulho de quem contribuiu com uma
parcela significativa para o sucesso
do enlace.
Outra forte tendência são os casa-
Juliana Lery e Serapião
Os tempos mudaram
Seu casamento cada vez mais exclusivo!
Um salão de festas moderno, amplo estacionamento e
delicioso buffet fazem do Actuall Convention Hotel a
opção mais atrativa para casamentos e hospedagens.
Rodovia BR 381, n˚ 3443 - Jardim Riacho das Pedras
32341-410 - Contagem, MG - +55 (31) 2104 4000
www.actuallconventionhotel.com.br
/actuallconventionhotel
@actuallconventionhotel
@actuallconventionhotel
Realize o casamento dos seus sonhos
nos Resorts IBEROSTAR.
O complexo hoteleiro IBEROSTAR Praia do Forte é o destino perfeito
para celebrar seu casamento. Um momento especial como esse
merece um lugar inesquecível, rodeado de uma linda praia e com
diferentes opções de espaços para realização de sua cerimônia.
Seus convidados ficarão hospedados em apartamentos amplos e
confortáveis, desfrutarão de nosso sistema all inclusive e viverão
dias incríveis. Não perca tempo e venha viver esse sonho conosco!
BRASIL · BULGÁRIA · CABO VERDE · CUBA · ESPANHA · GRÉCIA · HUNGRIA · JAMAICA
M A R RO C OS · M É X I C O · M O N T E N E G RO · R E P Ú B L I C A D O M I N I C A NA · T U N Í S I A
iberostar.com - 71 3676 4300 - consulte seu agente de viagens
Dri Castro
la de vestido esvoaçante e alvo,
com tules e rendas. Ele de terno
engomado,
gravata e sapatos extremamente lustrados. Essas
são as características que descrevem os trajes de um dos ritos
mais populares no Brasil – a cerimônia de casamento. Em um
país pluricultural como o Brasil,
surpreende o fato de essa cerimônia tradicional prevalecer nas
mais diversas regiões do país. No
entanto, o novo vem ganhando
espaço.
Cada vez com mais frequência,
casais têm optado por peças que
combinem com o próprio estilo.
Antes predominantemente brancos, os vestidos agora ganham
cores. Os sapatos estão abrindo
passagem para botas e tênis.
Tem até quem não use nada! Já
o terno, tradicional peça do guarda-roupa masculino e adotado
nas cerimônias matrimoniais,
agora não é tão usado.
Véu ou
grinalda?
Que nada!
Cores, acessórios
diferenciados e o estilo do dia
a dia influenciam casais que
caminham em direção ao altar
Ariane Lenoir
Para a criadora dos blogs Casando em BH e Casando com
Amor, Bel Ornelas, não existe
uma ruptura com a tradição, mas
a adoção de novidades, como a
personalização de trajes. “O ritual
do casamento está se tornando
mais um momento de escolhas
do que algo fechado. E, por isso,
as pessoas estão dando um toque de mais personalidade às
cerimônias. Consequentemente
casamentos fora dos padrões estão acontecendo com maior frequência”, afirma a blogueira.
Nos dois blogs, Bel já fez postagens sobre quase 800 casamentos. Um pouco da história
dos noivos e fotos do grande dia
estão documentados nas postagens. Ela acredita que os casamentos nos quais os noivos
buscam originalidade no modo
de vestir representem uma minoria,
porém Bel percebe que a ousadia
está sobressaindo diante dos tradicionalismos. “Certamente é possível afirmar que essa tendência tem
crescido”, conta Ornelas.
Por ser um estado muito arraigado às tradições, Minas Gerais não
se destaca tanto quando o assunto
é ousadia. “Em relação às outras
regiões do país, os mineiros são os
que se mostram mais ligados à tradição”, destaca.
Os paulistas Amanda Francelino
e Thiago Bianchisão estão entre os
casais que trocaram o convencional
pelo irreverente. “Nós somos amantes do retrô e do vintage, adoramos
Rock’n’Roll e resolvemos aliar tudo
isso no nosso casamento”, conta
Amanda. Ela não abriu mão do traje
branco, nem do buquê de flores, mas
elegeu um modelo curto para o grande dia.
Não foi somente no vestido que
Amanda ousou. O batom e os sapatos bordôs, típicos das personagens
pin-ups, também marcaram o look.
O noivo, é claro, não poderia ficar
de fora. Outro protagonista no casamento, Thiago abriu mão do paletó,
da barba bem-feita e das abotoaduras e manteve-se fiel ao estilo habitual. “No início, o Thiago achou que
os suspensórios não iriam combinar
com ele, mas, no fim, ficou perfeito”,
confessa a esposa.
O casal Amanda e Thiago se inspirou na moda do rock dos anos 50 e
60 para compor os looks para a celebração do casamento. Para quem
deseja algo menos usual, há muitas
opções. Detalhes e acessórios, assim como a roupa para o grande dia,
tudo pode ganhar um toque de autenticidade.
Se antes as noivas decidiam entre
uma tiara, véu ou grinalda para ornar
os cabelos, agora o leque de opções
se abriu ainda mais. Chapéus, coroas
de flores, headbands, casquetes e
voilettes estão entre os preferidos.
Esse é um quesito em que os homens ainda são tímidos. Alguns se
arriscam com um chapéu ou uma
boina, mas a maioria sobe ao altar
com a cabeça descoberta.
Diferentemente das noivas sempre
de branco, os noivos não tinham uma
cor padrão para o traje. Simplesmente partiam do princípio de que deveriam se vestir com peças de cores
sóbrias. Agora as paletas de cores
foram ampliadas. O uso do terno não
se limita mais ao preto, ao cinza ou
ao azul-marinho. Cores vivas, combinando com os sapatos e os buquês
das noivas ou até o xadrez viraram
alternativas. Para quem quer inovar
ainda mais e aposentar o terno, é
possível usar camisa com suspensórios, coletes e até mesmo uma bata
no leve estilo hippie.
Designer de joias há cerca de 20
anos, Suka Braga identificou, há algum tempo, a falta de opções e o
desejo pela inovação por parte de
alguns noivos. Nos últimos três anos,
ela passou a se dedicar à produção
de peças específicas para casamentos. Além das joias e de alianças personalizadas, voilettes, véus e
acessórios diferenciados para noivas
compõem o catálogo de Suka. “O
que mais me inspira são as palavras.
Por isso, digo que meu exercício tem
um perfume de memória. Quem procura uma tiara de metal com pedras
não vai encontrar isso em minhas
histórias”, conta a artista. Suka utiliza
retalhos, rendas, tecidos garimpados
e peças antigas como matérias-primas para seus produtos.
O importante é ser você
Como é corriqueiro no mundo da
moda, uma tendência que esteve
no auge em algum momento e parece ter caído no esquecimento pode
voltar com força total. É por isso que
tanto se ouve falar no vintage, moda
dos anos 20 aos 60 que traz toda
a sutileza e o romantismo para os
looks contemporâneos.
Com o ar vintage bem-aguçado,
mas sem se limitar a rótulos ou a
conceitos preestabelecidos, a estilista
Gisele Dias uniu a paixão pelo retrô à
procura das noivas por vestidos únicos e românticos para inaugurar o atelier A Modista, em São Paulo, há uma
década. Inicialmente com um trabalho
mais abrangente, com o tempo, a loja
se especializou em modelos para casamentos devido à grande demanda.
Gisele se dedica diariamente às noivas
e define o próprio negócio partindo da
seguinte premissa: “um atelier para
noivas que pensam ‘fora da caixinha’”.
Além dos vestidos que fogem do padrão, inspirados em eternos ícones do
cinema e da moda, como as atrizes
Audrey Hepburn e Grace Kelly, A Mo-
Para Gisele, sentir-se seguro é fundamental para que o casamento seja repleto de
boas recordações
dista dispõe de vestidos conceituais
inspirados na história do casal. As peças antigas dos familiares que são redesenhadas são outra opção. A ideia é
que o vestido agrade em todos os sentidos – como vestimenta e como artigo
de memória afetiva.
Para Gisele, as pessoas precisam
se sentir seguras, arriscando ser elas
mesmas, principalmente em um evento tão importante e protagonizado
por elas: o casamento. “A originalidade vem da própria personalidade;
não de algo imposto. Assim as noivas têm oportunidade de se mostrar
diferentes, verdadeiras e femininas”,
pontua a estilista.
A Xocoalt e a Quebra Nozes agora estão juntas.
Uma doce união para rechear o seu casamento
com bom gosto, sabor e beleza.
Doces e chocolates finos artesanais,
produzidos com originalidade,
sofisticação
e os melhores ingredientes.
Encante-se!
Montamos a sua mesa de doces.
Martha Pinho
Moema Lott
por
por
Rua Espanha, 757 | Loja 6 | Angola
Betim | MG | (31) 3594-2308 | 3371-1344
quebranozesdoceria.com.br
xocoalt.com.br
UM GRANDE CENÁRIO. NOVAS HISTÓRIAS.
TAUÁ GRANDE HOTEL
TERMAS DE ARAXÁ
UM GRANDE CENÁRIO. NOVAS HISTÓRIAS.
Um verdadeiro castelo para os momentos mais especiais!
Casamento, Núpcias e Lua de Mel
com um cenário inesquecível!
| www.taua.com.br | (31) 3236 1900 | Consulte seu agente de viagens
Mimos
Na hora de convidar madrinhas e padrinhos surge a dúvida de qual presentinho dar para evidenciar o quanto esses amigos são especiais. Separamos algumas dicas com comentários da blogueira Bel Ornelas para
você acertar na escolha.
Vela no pote
personalizada
Álbum de figurinhas
personalizado
“Uma ótima escolha!
Afinal, todo mundo
ama velinhas perfumadas!”
“Toda madrinha morre de
amores ao receber um álbum
em que as figurinhas são as
fotos de momentos memoráveis da vida de vocês.”
Balas
artesanais
“Balas! Imagina um pote
de balas personalizadas
artesanais! Supercriativo
e diferente.”
Placa de PVC
adesivada
“As placas de PVC adesivadas no
formato 20 cm X 20 cm são um ótimo
mimo personalizado. Para o padrinho, a sugestão é uma garrafinha de
licor. Para as madrinhas, um esmalte,
um batom ou um aromatizador.”
Nutella
personalizada
“Doce amado por dez em
cada dez formiguinhas! A
Nutella é uma ótima opção
para encantar os padrinhos
com potinhos trazendo o
nome deles.”
Buquês
Ele é o objeto de desejo de muitas noivas e mulheres que sonham em se casar. A hora do lançamento do buquê é o auge de uma
festa de casamento. E pode dar tumulto... Esse importante adorno, que simboliza vida e fertilidade, está ganhando cara nova. Tem
muita gente por aí inovando na hora de escolher flores e materiais.
Antes de encomendar o buquê, é preciso atentar para os significados que cada flor tem. Basicamente elas inspiram sempre coisas muito boas e traduzem a personalidade da noiva que o porta.
Mas não é apenas de flores que os buquês são feitos. Separamos
alguns modelos diferentes. Será que eles combinam com o seu
estilo?
Buquês de papel
Algumas flores são extremamente
sensíveis, e isso torna impossível que
o mesmo buquê seja usado na cerimônia, nas fotos externas e no trash the
dress. Os buquês de papel surgem
como alternativa. De diferentes texturas, cores, estampas e dada a maleabilidade do material, esses buquês são
originais e lindos, quando meticulosamente trabalhados.
Buquês de botões
Os buquês feitos à base de botões
são ideais para quem quer algo muito dife-rente e tenha escolhido uma
cerimônia sem muitos protocolos.
Combinados com acessórios reluzentes, eles podem adquirir um ar
chic. Os modelos com botões mais
simples e em tonalidades claras conferem um ar de romantismo ao look.
Buquês de broches
Eles podem carregar histórias familiares de anos. O adorno pode
levar broches da mãe da noiva, de
avós ou de outras pessoas especiais ligadas à noiva. Existe também a possibilidade de trazerem, amarrado à base, um relicário com fotos dos pais ou dos avós. Tudo isso
faz desse buquê mais que um adereço brilhante: uma peça de valor simbólico e afetivo.
Para
relaxar
A semana que antecede o casamento geralmente é marcada por
uma carga de estresse para a noiva que sonhou com a cerimônia
perfeita ao longo de meses ou até
durante anos. Spas e muitos locais
que cuidam dos detalhes da cerimônia oferecem tratamento VIP
às noivas, tudo visando o relaxamento delas para o grande dia.
Elas submergem em si para conseguir se revigorar por completo, são
assistidas por profissionais de nutrição e de estética em geral para
chegarem ao altar lindas e serenas.
Os pacotes podem incluir diárias e
os mais diversos rituais de beleza.
O penteado, a maquiagem e os
detalhes finais antes do encontro
com o noivo na igreja acontecem
lá também. É uma ótima pedida
para quem quer descansar e não
se preocupar com nada além de
sorrir e ensaiar discursos a serem
feitos antes da tão aguardada hora
de dizer sim.
Especial
Meio Ambiente
Especial
Ouro Preto
Especial
Minas Trend
A Vox Objetiva tem trazido aos leitores encartes com conteúdos pra lá de especiais.
ANUNCIE AQUI!
(31) 2514-0990
[email protected]
KULTUR
O PREÇO ALTO
DO
No futebol brasileiro, a regra é diretamente
proporcional: as dívidas aumentam à
medida que um clube atinge o ápice
do desempenho dentro das quatro linhas
Thalvanes Guimarães
PODIUM
eveu, pagou, certo? Isso é o que
ocorre quando se assume um
compromisso financeiro. No
futebol, entretanto, algumas
regras sociais são distorcidas
em nome do fanatismo e da paixão de
milhões de pessoas. No Brasil, então,
gastar mais do que se ganha é praticamente uma regra. Mas uma hora a conta chega de alguma forma. Seja com os
salários atrasados, com os sete gols da
Alemanha, seja com o rebaixamento.
No futebol nacional, Atlético e Cruzeiro receberam muitos elogios pela gestão
dos clubes no período que conquistaram
títulos como a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Libertadores da
América. Em comparação com os clubes
nacionais, os dois times mineiros foram
certeiros na montagem dos elencos, na
| 35
PODIUM
escolha dos treinadores e em demais
detalhes que resultam em um bom trabalho. Mas, com os triunfos, a dívida de
ambos cresceu substancialmente.
No mundo do esporte, ganhar nem
sempre significa ter grandes lucros. Pelo
contrário. Para montar a equipe vencedora do Brasileirão de 2013 e 2014, o
Cruzeiro não pagou mais de R$ 60 milhões em impostos entre 2011 e 2014.
Quando conquistou os dois títulos seguidos, a dívida do time aumentou 110%.
Já o Atlético, time com uma das maiores dívidas do país, teve um crescimento
nos dividendos de 32%. Se serve de consolo para os mineiros, clubes como São
Paulo e Internacional pioraram as finanças, porém não conquistaram as taças.
Outro time com histórico parecido com
o do Cruzeiro é o Corinthians. Quando
conquistou o mundial em 2012, o Timão
deixou de pagar impostos.
Num momento de intensa crise financeira, a presidente Dilma Rousseff sancionou,
no início de agosto, a Medida Provisória
(MP) 671. O documento trata do refinanciamento das dívidas dos clubes com a
União. No total, o débito gira em torno
de R$ 4 bilhões. Todo esse valor é R$ 1,4
bilhão superior ao estimado para a duplicação da BR-381, antiga reivindicação dos
mineiros, dado o perigo da via.
Para o parcelamento dos débitos com
maior prazo, os clubes devem aderir ao
Programa de Modernização do Futebol
Brasileiro (Profut). E, em troca, vão adotar
31 8685-3955 • 31 9920-8787
[email protected]
36 | www.voxobjetiva.com.br
novas práticas de gestão, adquirindo assim
maior disciplina nos gastos. Os times que
não cumprirem o acordo vão pagar com
o rebaixamento, o que não é pouca coisa
para os mais apaixonados torcedores.
O deputado federal Otávio Leite (PSDB/
RJ), relator da MP, acredita que a série
de medidas se configurem como uma
solução para o futebol brasileiro. “É um
verdadeiro ‘tranco de ajuste’ no futebol
brasileiro. A equação financeira aprovada
certamente não se repetirá na história. É
a oportunidade única para os clubes. É
pegar ou largar! Os torcedores ganham
mais transparência, pois serão impostas
aos clubes diversas obrigações novas por
meio de práticas administrativas saudáveis e modernas”, afirma.
mediante a participação doravante dos
clubes da série B. O mandato será de, no
máximo, quatro anos, permitida apenas
uma reeleição, inclusive nas Federações.
O mesmo ocorre com os regulamentos
dos campeonatos regionais: devem prever o rebaixamento dos clubes que não
estiverem em dia com as mensalidades
das dívidas, o recolhimento dos tributos
correntes e o pagamento de atletas e
funcionários. Tudo isso está bem amarrado juridicamente, pois eu fiz isso por
meio de alterações da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor. Cabe aos clubes exigir a fiscalização da Autoridade Pública de Governança do Futebol (APFut)
e a atuação do Ministério Público, se o
caso requerer. Lei é para ser cumprida”, explicou.
Mesmo com a MP sendo vista pela
maioria dos especialistas em gestão esportiva como uma ótima medida para o futebol nacional, o senador Romário, um dos
críticos expoentes dos dirigentes do esporte, votou contra a aprovação. O ex-jogador
justificou que a lei não garante que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vá
cumprir o regulamento e rebaixar clubes
inadimplentes e que itens importantes
foram retirados do texto do projeto. O baixinho argumentou nas redes sociais que a
bancada da câmara, na CBF, dificultou que
o projeto fosse aprimorado.
O responsável pelo blog Olhar Crônico Esportivo, do Globoesporte, Emerson
Gonçalves, também está otimista com
a nova lei. Para ele, a mera existência
da MP faz com que dirigentes tenham
medo de cometer novas loucuras. “O
futebol brasileiro está passando por
uma mudança. Creio que nosso futebol venha a ser solidificado. Agora é
aguardar que ninguém invente caminhos para burlar a lei. Se essa regulamentação existisse, o Corinthians não
deixaria de pagar; o Cruzeiro e outros
também não”, observa.
No entanto, Otávio Leite comemorou o fato de conseguirem alterar algo
inimaginável para a CBF. “O texto é
claro. Foi ampliado o colégio eleitoral
para a eleição e as assembleias da CBF,
Outro fator apontado pelo especialista como importante nesse processo é a
situação política do país e de grandes
dirigentes do mundo da bola. “Os poderosos estão com medo; estamos vivendo
um momento muito propício para mudanças, de transformação de algo que
é uma zona para uma coisa muito mais
responsável. E isso começou a acontecer
também no grande mundo do futebol.
São transformações profundas que causam grande impacto”, avalia.
Mas as dívidas não são exclusividade de times brasileiros. Real Madrid e
Barcelona devem, juntos, um valor superior a R$ 3 bilhões de reais. Entretanto, por mais que o valor assuste, se
comparadas as receitas aos valores das
marcas, times brasileiros estão numa
Maus lençóis
De 2011 a 2014, Cruzeiro
mais que duplicou a dívida.
Já o Atlético, deve quase
meio bilhão de reais
Fonte: Amir Somoggi
| 37
Alexssandro Loyola
Os torcedores
ganham mais
transparência, pois serão impostas
aos clubes diversas obrigações novas
por meio de
práticas administrativas
saudáveis e
modernas
Otávio Leite, deputado federal
situação pior. Como dois dos clubes
que mais faturam no mundo conseguem reverter os bons resultados
em campo em lucro? Na temporada passada, o Real bateu recorde
de faturamento com R$ 1,6 bilhão
de renda. Só de lucro, o clube espanhol teve R$ 111,7 milhões na
temporada 2013/14.
Com o Barça, mais recordes: nas
últimas quatro temporadas o lucro
acumulado foi de R$ 437 milhões,
com a cotação do euro atual. Pela
dimensão internacional, os clubes
espanhóis certamente não servem
muito como parâmetro para os
clubes brasileiros, mas o resultado de ambos derruba a máxima de
que é necessário dever para ir bem
em campo. “Nas grandes ligas, os
clubes têm gestões empresariais,
38 | www.voxobjetiva.com.br
profissionais. Aqui, no Brasil, são
torcedores que trabalham com o
time do coração. Todos eles deixam
de pagar impostos, gastam além da
conta e deixam isso para o sucessor”, diz Emerson.
MOVIMENTO FUTEBOL MELHOR
Enquanto os dirigentes não pensavam na necessidade de profissionalização do futebol, a iniciativa
privada já contribuía. Em janeiro
de 2013, a Companhia de Bebidas
das Américas (Ambev) liderou a
criação do Movimento por um
Futebol Melhor. Na época, eram
15 clubes com 158 mil sócios-torcedores. Pouco mais de dois anos
depois, agora são 64 clubes participantes com mais de 1 milhão de
torcedores associados. A receita,
que antes era de R$ 57 milhões
anuais, agora chega aos R$ 400 milhões por ano.
Os sócios dos clubes associados
ao movimento têm descontos em
produtos e serviços das diversas
marcas participantes. Gerente de
Marketing da Ambev e do Movimento por um Futebol Melhor, Rafael Pulcinelli ressalta que os clubes
descobriram a importância da relação
de proximidade com o torcedor. “Essa
é uma fonte crescente de receita e
fundamental neste momento em que
o futebol passa por dificuldades financeiras. E não só os clubes ganharam,
mas os sócios-torcedores que tiveram
mais de R$ 60 milhões em descontos
nas centenas de produtos oferecidos
pelas 12 empresas que formam atualmente o Movimento”, alega.
HORIZONTES
TRÊS ANOS, TRÊS MESES
E TRÊS DIAS... NA ESTRADA
A incrível jornada do mineiro que percorreu 54 mil quilômetros
pelo mundo e conheceu 59 países em cima de uma bicicleta
Rafael Sandim
iante da televisão, assistindo às
competições do Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan, na
Rússia, muita coisa passa pela
cabeça de Danilo Perrotti Machado, de
34 anos. “Eu sonhava estar ali, naquelas águas, competindo, brigando por
medalha”, revela. Mas a história desse belo-horizontino que almejou tirar
ouro das piscinas é uma típica traje-
tória inspiradora que revela o quão
imprevisível a vida pode ser.
Na década de 80, o plano de ganhar
a vida nas águas começou a ser formulado. Danilo tinha 6 anos e dava
as primeiras braçadas nas piscinas do
Minas Tênis Clube. A vida era calma,
alternada entre ocupações escolares
e os treinos no clube pelo qual se tor-
nou profissional na adolescência. Entre
a casa e o Minas, ele fazia o caminho na
companhia de uma bicicleta simples.
Mesmo com bons resultados nas
águas e uma série de competições a
partir dos 13 anos, a trajetória nas
águas não engrenou. “Tem certa hora
que não depende só de vontade. É
preciso talento,... uma série de coisas.
Arquivo Pessoal
| 39
HORIZONTES
Tinham outras coisas reservadas para
mim”, resume. E havia mesmo. Aos 19
anos, Danilo largou as piscinas e iniciou os estudos em Administração na
Faculdade Milton Campos. Em 2005, já
formado, a cidadania italiana de Danilo foi reconhecida e, no ano seguinte,
o jovem administrador partiu para a
Europa. Aprendeu italiano e inglês, ao
mudar-se para Londres. Parte do dinheiro conseguido trabalhando como
garçom foi reservada para comprar
uma bicicleta que seria usada em viagens dentro do continente.
Reprodução
Na página e
na telona
No dia 8 de agosto de 2008, o jovem
partiu para a saga que tinha dia certo
para terminar: 11 de novembro de 2011.
Da primeira pedalada, em Londres, até
a chegada a Belo Horizonte, passaram-se incríveis três anos, três meses e três
dias. Danilo percorreu 59 países e todos
Arquivo Pessoal
É descobrir mais detalhes sobre
a expedição de Danilo Perrotti
Machado por meio do livro
"Homem Livre", da editora Ciao
Ciao, e do filme documentário
homônimo lançado este ano
e dirigido pela cineasta Gisele
Mirabai. Os projetos foram
executados por meio de recursos
da Lei Rouanet.
Aos 27 anos, em Santiago de Compostela, na Espanha, o administrador
teve uma ideia ousada. “E se eu percorresse o mundo em cima de uma bicicleta?”, conjecturou. Por mais louco que
pudesse ser o projeto, Danilo tocou em
frente. Era o início de uma jornada de
resistência e com lições homéricas de
resiliência capazes de impactar qualquer ser humano que acredita na força
dos sonhos.
os continentes do globo. Em síntese, o
que ele levava era a bicicleta, duas mochilas compridas e poucos Euros no
bolso. Ele calcula que tenha gastado,
em média, apenas US$ 5 por dia.
Danilo pedalava cerca de 100 quilômetros por dia. Nos desertos, ele chegou a percorrer 180 mil metros. Engana-se quem pensa que o administrador
tinha luxos ao longo do caminho. Sempre que podia, Danilo pernoitava em
uma barraca de camping simples. “Eu
já estava acostumado a fazer viagens
de bicicleta pela Europa. A questão do
preparo físico é algo que a gente vai adquirindo ao longo das viagens. O maior
problema é o fator psicológico, mental.
Você pedala uma quantidade de quilômetros, aí termina o dia e você não tem
lugar para dormir, para tomar banho,
então aí começam os desafios impostos
pela mente”.
Quando chegava a uma localidade, ele
não tinha tempo para passeios turísticos. Os momentos eram destinados ao
descanso e para colocar o site com seus
registros fotográficos e as impressões escritas no site criado para essa finalidade.
Danilo registrava também toda a jornada
em um diário de bordo.
Antes de colocar o pé em cada local previsto no roteiro, o jovem tinha o costume
de fazer pesquisas para não entrar em
apuros. Ele conta que teve locais em que
chegou a ser hostilizado. “Mas havia muitas coisas que só aprendi na prática, vivendo a situação. O Iêmen, por exemplo,
é um país volátil. Eu o atravessei quando a situação estava boa. Agora ele está
em guerra civil. Hoje o Estado Islâmico
está tomando conta de várias cidades no
Oriente Médio. A situação dos países vai
sempre mudando. Tem coisas que você
só vai descobrir estando lá”.
Além das diferenças culturais, o clima, às vezes extremamente hostil,
Danilo e os amigos feitos ao
longo do caminho. Ao lado,
no Omã e, acima, na Bósnia
Herzegovina
40 | www.voxobjetiva.com.br
Há milhas e milhas de distância,
Danilo se comunicava com a família por meio do Skype. Quando não
havia conexão de internet nem rede
de telefonia, ele usava o Spot - dispositivo de mensagens que funciona via
satélite e informa o ponto em que o
viajante está. O pai e principalmente
a mãe ficavam aflitos ao perceber que
em um dia o filho estava no meio de
um deserto; no outro, atravessando o
perigoso Paquistão.
No entanto, os prazeres da viagem
compensavam qualquer ameaça ou
restrição climática. Danilo conta que
as pessoas ficavam intrigadas ao saber
a que ele se propunha sobre de uma
simples bicicleta. Para ele, a receptividade do povo árabe foi um dos pontos
altos da viagem. “Essa coisa de abrir a
casa, oferecer coisas, comida, dinheiro, de fazer festa era muito legal”.
A rota
Arquivo Pessoal
era um fator que impunha uma série
de dificuldades ao cumprimento das
metas. “Todo dia aparecia uma dificuldade diferente. Não tinha um dia
fácil. A dificuldade era normal. O objetivo era sair dela. Quando você está
em um lugar muito montanhoso, em
um deserto, em um lugar frio e com
chuva, é muito complicado”, revela.
Para que a experiência não fosse
prejudicada, o mineiro viajou totalmente “desarmado”; ele se esquivava de qualquer preconceito ou juízo
de valor. “Como eu estava viajando
com o objetivo de conhecer culturas, eu não fui com esse olhar de
estranhamento. Eu fui para absorver aquelas culturas. Não fui com
o olhar julgador. Não importava se
o cara comia com a mão ou tinha
hábitos que não correspondiam à
minha cultura”, explica.
Momentos marcantes, Danilo teve
aos montes. Mas foi no continen-
te asiático que ele diz ter aprendido mais. O contato com a cultura
hindu, a muçulmana, o budismo
foi importante para provocar uma
importante introspecção. Foi lá que
Danilo pôde conhecer líderes espirituais, como o Nobel da Paz Dalai
Lama e o guru Sathya Sai Baba.
Percorrer 54 mil quilômetros requer força de vontade e persistência. No longo caminho, o administrador revela que pôde conhecer
mais sobre si, o que pode ser um desafio maior do que percorrer milhas
e milhas de bicicleta. “Eu tive contato com várias pessoas e culturas
e aprendi a celebrar as diferenças.
Mas a minha busca como ser humano é eterna, contínua e pessoal”.
Residindo em São Paulo, casado,
e pai de duas crianças pequenas do Davi de 10 meses e da Diana, de
dois anos -, Danilo diz que não faria tudo de novo, por mais que isso
certamente corresponda a mais conhecimento. Ele, no entanto, parece
confortável ao ser provocado a escrever outras páginas de uma história já fantástica ao lado da família.
“Acho que a vida é muito curta para
fazer o que já foi feito. É tipo querer
subir o (monte) Aconcágua depois
de ter feito o Everest. Não faz muito
sentido. Mas, quem sabe?, pedalar
com os filhos, no Japão, por exemplo?”, deixa no ar.
| 41
KULTUR
CASA CHEIA
Nos últimos quatro anos, em plena era tecnológica, o
número de empréstimos de livros nas bibliotecas de
Belo Horizonte praticamente dobrou
Texto de Érica Fernandes
Fotos de Felipe Pereira
o passar pela seção infantil da maior biblioteca pública de Belo Horizonte, Luiz de Bessa,
você provavelmente deve
encontrar a bibliotecária Maria
da Conceição Santos ou Santita, como prefere ser chamada.
Dona de cabelos alvos e mãos
ágeis, ela se dedica aos livros
há mais de 20 anos. Nos últimos dez, Santita tem se ocupado com a organização e o
42 | www.voxobjetiva.com.br
empréstimo do acervo da biblioteca pública.
Pelos corredores repletos de
livros alinhados, a bibliotecária conta que passam diversos
perfis de leitores. O que mais
a chama a atenção é o de um
senhor que busca exemplares
para a filha duas vezes por semana. Pelas contas da funcionária pública, a menina devora,
em média, 80 livros por mês.
A ação desse senhor desconhecido de ir à biblioteca em busca de
livros pode parecer um comportamento ultrapassado. Atualmente tablets, smartphones, o leitor de livros
Kindle e uma porção de dispositivos podem trazer, por meio de um
clique, a história ou a informação
de que você precisa antes mesmo
que esta frase chegue ao final.
Nos últimos quatro anos, cerca de
30 mil pessoas estiveram nos es-
KULTUR
paços destinados à leitura existentes na cidade. A informação é
do Departamento de Bibliotecas
e Promoção da Leitura de Belo
Horizonte. E não para por aí. O
número de empréstimos de livros
quase dobrou. Com isso, não é de
se admirar que a capital mineira tenha aparecido na primeira
posição do ranking das capitais
brasileiras onde mais se lê, segundo pesquisa recente do Target Group Index, do Ibope.
Nos últimos 30 dias, 41% dos belo-horizontinos leram pelo menos
um livro, como aponta o estudo.
A média nacional é de 33%. O levantamento registra a presença de
crianças e jovens no rol dos públicos mais representativos de leitores
da cidade.
As iniciativas de incentivo à leitura e o surgimento das bibliotecas comunitárias estão entre os
fatores responsáveis pelo aumento do público leitor. Essa percepção é da coordenadora da rede de
bibliotecas públicas da Fundação
Municipal de Cultura (FMC), Fabíola Farias. “Nos últimos anos,
as pessoas estão lendo mais e
aumentando a frequência nas bibliotecas. Até porque o número
de espaços destinados à leitura
aumentou em Belo Horizonte. Em
função do fortalecimento das políticas públicas para a Educação
e a Cultura, a cidade tem mais
acesso a livros e a outros materiais de leitura, seja em suportes
impressos, seja nos virtuais”,
ressalta. Belo Horizonte tem 21
bibliotecas públicas, um Ponto
de Leitura e vários centros destinados a esse fim.
a partir de cursos externos e atividades de valorização à leitura, especialmente a ligada à literatura.
Na opinião de Santita, as ações
de incentivo à cultura vêm funcionando bem. “Todo terceiro
sábado do mês temos “A Hora do
Conto”. É um momento em que os
profissionais da área contam de
uma a três histórias para o público presente. Não é só criança
que gosta. Os adultos também se
divertem muito”, relata.
INTERNET VERSUS TRADIÇÃO
Outra ação que vem estimulando
o crescimento do número de leitores é o projeto “Belo Horizonte,
Cidade Leitora”. A iniciativa promove a renovação dos acervos
bibliográficos e a formação continuada dos profissionais da área,
Segundo a doutora e professora
de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) Cíntia Lourenço, a era da
internet não afetou de forma tão
drástica a frequência do público
nas bibliotecas. Para a docente,
embora cada vez mais pessoas
tenham computadores em casa,
o acesso à internet ainda não é
uma realidade para a maioria da
população brasileira.
O professor da Escola Estadual
Juscelino Kubitschek de Oliveira, Edson Alves, corrobora o fato
exposto por Cíntia. “Ainda temos
alguns mitos sobre a internet. A inclusão digital, por enquanto, não é
uma realidade. Muitos alunos ainda não têm acesso à rede mundial
de forma cotidiana. Quando pensamos num trabalho, nós nos preocupamos em garantir uma fonte
tradicional de pesquisa”, comenta.
Mesmo com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, Cíntia lembra que a compra de livro
| 43
KULTUR
não é uma prioridade no país.
“Quem está na vida acadêmica é
que prioriza a compra de obras. A
maioria dos estudantes da UFMG,
por exemplo, utilizam os livros
das bibliotecas. A mesma realidade acontece nas escolas públicas.
Existe também a questão do direito autoral. Muitos livros não estão
disponíveis on-line”, elucida.
concluindo a leitura do clássico
“Cem anos de solidão”, de Gabriel
García Marquez.
Dentro das bibliotecas, a queda
por pesquisas bibliográficas parece
ter sido o maior impacto provocado
pela força da web. “Realmente tivemos uma diminuição do número
de pessoas que vão às bibliotecas
no celular ou no computador”,
completa Santita.
O estudante de Ciência da
Computação Magjeander Oliveira é um dos que trocaram o
espaço físico pelo virtual na
procura por conteúdo. “Tenho
certa dificuldade de concentração. Por isso, encontrei na internet a minha saída. Ela é muito
mais dinâmica e permite que eu
pesquise vários autores ao mesmo tempo. É uma busca muito
mais rápida e prática”, opina.
O FUTURO DAS BIBLIOTECAS
Como consequência da expansão da internet, a tendência é
que mais pessoas estejam on-line, informatizadas e se tornem
leitores virtuais. Percebendo
esse novo momento, as bibliotecas tomam algumas iniciativas
para se adequar à mudança de
comportamento das pessoas.
Guardiã de livros há 20 anos, Santita revela que as bibliotecas passaram a ser pouco
procuradas para pesquisas
Mesmo que os números apontem
para a vivacidade das bibliotecas,
a internet veio para ficar. Até quem
está ambientado há anos no universo dos livros físicos confessa
estar se abrindo às novidades. Ao
ser questionada sobre a frequência com a qual lê os livros da
biblioteca onde trabalha, Cíntia
comenta entre sorrisos que, graças ao Kindle, finalmente ela está
44 | www.voxobjetiva.com.br
para esse fim porque as pesquisas
são feitas cada vez mais pela internet”, reconhece Fabíola. “As pessoas agora vêm muito mais para
pegar livro de literatura do que
para fazer pesquisa. A internet
retirou muito esse perfil de público dos nossos espaços. O “leitor.com” só precisa copiar e levar para o professor. Com todos
os pontos positivos da internet,
um dos aspectos negativos é o
fato de as pessoas estarem perdendo o hábito de guardar a informação porque ela está salva
O WorldCat aparece como uma
estratégia. Idealizada nos Estados Unidos, a nova concepção
de biblioteca promete dar às
pesquisas outra dimensão. Na
busca por um autor, o internauta pode encontrar vídeos,
arquivos eletrônicos, artigos e
outras obras que fazem menção
ao escritor, além dos livros tradicionais, é claro. O WorldCat
ainda está em fase de testes. Por
meio de uma conta, o usuário
vai poder comentar as obras que
achou mais interessante e interagir com outros leitores virtuais.
Outra iniciativa que sobressai
nesse contexto são as Librarythings. Trata-se de um formato
de biblioteca pessoal, tanto com
livros físicos quanto com digitais, em que várias pessoas têm
acesso e podem fazer comentários e promover debates sobre
obras em grupos de discussão.
TERRA BRASILIS • LITERÁRIA
Renato Russo
Autor: Renato Russo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 160
Preço: R$ 23,90
Reprodução
Entre abril e maio de 1993, Renato Russo passou 29 dias internado numa
clínica de reabilitação para dependentes químicos. Durante esse período, o
músico seguiu os Doze Passos, programa criado pelos fundadores dos Alcoólicos Anônimos que incluía um diário e outros exercícios de escrita. É esse
material inédito que vem à tona depois de mais de 20 anos, graças ao desejo
de Renato de ter sua obra publicada postumamente. Entremeando as memórias do líder da Legião Urbana com passagens de autoanálise e um olhar esperançoso para o futuro, esse relato oferece aos fãs um contato íntimo com o
artista e um exemplo decisivo de superação.
A sorte do agora
Autor: Matthew Quick
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Preço: R$ 29,90
Reprodução
Bartholomew passou seus quase 40 anos morando com a mãe. Depois que
ela morre, ele não faz ideia de como viver sozinho. Wendy, sua conselheira
de luto, diz que ele precisa abandonar o ninho e fazer amigos. Mas como
isso seria possível para um filho-canguru? Bartholomew então descobre uma
carta de Richard Gere na gaveta de calcinhas da mãe. Convencido de que o
ator vai ajudá-lo, ele começa essa nova vida sozinho escrevendo uma série de
cartas altamente íntimas para o ator. De Jung a Dalai Lama, de filosofia a fé,
de abdução alienígena a telepatia com gatos, tudo é explorado nessas cartas,
que revelam uma tentativa dolorosa e sincera dele de se integrar à sociedade.
Quem comanda a segurança pública no Brasil?
Autor: Robson Sávio Reis Souza
Editora: Letramento
Páginas: 336
Preço: R$ 58
Reprodução
O colunista da revista Vox Objetiva, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas e associado do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública Robson Sávio acaba de lançar o livro “Quem comanda a segurança
pública no Brasil?”. A obra disseca aspectos da área de Segurança Pública
no Brasil do governo FHC, passando por Lula até o governo Dilma. O livro
descreve minuciosamente o processo de identificação de atores políticos
com suas ideias e coalizões que alteraram a política nacional de segurança
pública nos últimos 20 anos. Na próxima edição da Vox, o leitor confere um
bate-papo com o autor do livro, Robson Sávio.
| 45
Bairro em
Bairro
Até outubro, quem passar
por Belo Horizonte vai poder
apreciar toda a variedade de
sabores da culinária brasileira. Na maior competição já
realizada entre bares da capital mineira, chamada Bairro
em Bairro, estabelecimentos
duelam entre si para ver quem
oferece os melhores pratos de
acordo com o regulamento da
competição.
Bares de cada regional da
cidade vão apresentar pratos elaborados especialmente
para a disputa. O Bairro em
Bairro vai funcionar como
uma peneira para o tradicional Festival Bar em Bar,
promovido nacionalmente
pela Associação de Bares e
Restaurantes (Abrasel) desde
2007. Eleitos por um júri popular, os três melhores bares
de cada regional estão confirmados na disputa nacional, que este ano acontece de
5 a 22 de novembro.
Além de proporcionar novas
experiências gastronômicas, o
Bairro em Bairro prioriza uma
cartela saborosa e economicamente viável para o público. O
valor dos petiscos varia de R$
12 a R$ 35. Os pratos servem,
no mínimo, duas pessoas. Ao
lado, você confere a relação dos
bares que estão na briga e oferecem pratos do dia 1º ao dia
30 de setembro nas regionais
Norte, Nordeste e Noroeste da
capital.
Calendário
Bairro em Bairro
Norte e Nordeste
Regional Norte
(de 15 de agosto a 15 de setembro)
Pratos com tema da Região Nordeste
do Brasil
Regional Nordeste
(de 1º a 30 de setembro)
Pratos com tema da Região Nordeste
do Brasil
(Pratos com tema da Região
Nordeste do Brasil)
Butiquim Medalhão
Jhones Bar Peixes
O Fino do Alho
Barção Moreira
Pier 76
Noroeste
Regional Noroeste
(de 1º a 30 de setembro)
Pratos com tema da Região
Sudeste do Brasil
(Pratos com tema da Região
Sudeste do Brasil)
Regional Leste
(de 15 de setembro a 15 de outubro)
Pratos com tema da Região Sudeste
do Brasil
Regionais Centro-Sul e Barreiro
(15 de setembro a 15 de outubro)
Pratos com tema da Região Sul do
Brasil
Bar do Véio
Academia da Carne
Botequim Demerval
Gabiroba Butiquim
Vila da Azambuja
Nino Pizzaria
Espetado Bar
Ponto de Prosa
Regional Oeste
(de 15 de setembro a 15 de outubro)
Pratos com tema da Região Centro-Oeste do Brasil
Pier 76 / Divulgação
46 | www.voxobjetiva.com.br
CRÍTICA
Nervoso e
inquietante
Com muita aventura e truques de
ilusionismo, “Missão Impossível
- Nação Secreta” vai além dos
tradicionais filmes de ação
Divulgação
Haydêe Sant’Ana
epois de quatro anos do lançamento de “Missão Impossível - Protocolo Fantasma”, Tom
Cruise está de volta ao quinto
filme da franquia. E nele, o ator demonstra que continua firme. “Missão
Impossível – Nação Secreta” é produzido e estrelado por Cruise. Como se
não bastasse, mesmo no auge dos 53
anos, o ator dispensa dublês. Todas as
cenas de ação continuam sendo protagonizadas por ele.
O novo projeto do ator superou expectativas trazendo cenas muito mais
eletrizantes. O filme é aberto com uma
sequência em que Cruise tenta alcançar a porta de um Airbus A400 em
pleno voo. Para fazer a cena, ele ficou
pendurado em um cabo na parte externa do avião. Uma cena subaquática, sem cortes, também exigiu muito
do astro.
Em “Missão Impossível - Nação Secreta”, Tom Cruise interpreta Ethan
Hunt, um agente da Força Missão Impossível que investiga uma agência
de espionagem internacional: o Sindicato. Sem o apoio do governo dos
Estados Unidos, que desativa o IMF,
Hunt luta para provar a existência do
Sindicato. O apoio de Benji (Simon
Pegg), amigo de Hunt e ex-agente do
IMF, é fundamental para a descoberta
dos planos da organização.
Outra personagem de relevância
que ajuda a dupla, dando pistas e informações sobre o Sindicato, é Ilsa
Faust (Rebecca Ferguson). Agente infiltrada no Sindicato, Ilsa fez parte da
inteligência britânica. Com postura
suspeita, Ilsa se mostra uma personagem dúbia e não muito confiável.
O filme explorou várias locações
com cenários belíssimos: Cuba, Inglaterra, Marrocos e Áustria. As cenas de ação são similares aos dos
filmes de 007: adrenalina pura e
perseguições de tirar o fôlego. Em
uma cena, Cruise pilota uma moto
a mais de 100 km/h, irresponsavelmente sem capacete. Ilsa também
dá um show, fugindo de moto no
estilo bondgirl.
Mas o grande trunfo do filme é, sem
dúvida, o jogo de espelhos e imagens
e o uso de fumaça. O recurso é usado
estrategicamente para iludir e confundir o espectador. A cena em que
Hunt é capturado por agentes inimigos explora bastante o ilusionismo.
Em um uso claro de metalinguagem,
a cena se reproduz quando Hunt
consegue capturar o inimigo Solomon Lane.
O novo Missão Impossível é um filme emocionante em que o espectador
assiste curioso e apreensivo às reviravoltas dos personagens. É uma bela
produção em que roteiro, ações e recursos técnicos estão completamente
alinhados, dando origem a uma história muito dinâmica.
Plantão 24 horas
Av. do Contorno, 10.368
Barro Preto
(31) 9389-7920
| 47
(31) 2535-9977
(31) 9823-6590
Dois
Amigos
Marcílio Godoy
Divulgação
Divulgação
TERRA BRASILIS • AGENDA
É melhor
ser
Corpo
de Baile
Comemorando 50 anos de carreira, Caetano Veloso e Gilberto Gil se
reúnem na turnê “Dois Amigos, Um
século de música”. Na turnê, cada um
apresenta alguns dos sucessos que
ganharam projeção em suas vozes. O
show também explora a amizade, as
histórias e a vivência dos artistas.
De volta com uma turnê nacional
em homenagem às compositoras brasileiras, Simone cria um repertório
que percorre a obra de artistas, como
Zélia Duncan, Marina Lima, Adriana
Calcanhotto e Rita Lee. Além disso,
a cantora interpreta canções de Dolores Duran (“A noite do meu bem”),
Isolda (“Outra vez”) e até mesmo
“Canteiros”, poema de Cecília Meireles transformado em melodia por
Fagner. Imperdível!
Com uma voz encantadora de
meio-soprano e um repertório refinado, a cantora paulistana Mônica Salmaso lança o CD “Corpo de
Baile” no Palácio das Artes. O show
conta com a participação do fotógrafo e cineasta Walter Carvalho,
responsável pela parte artística,
que cria uma movimentação por
meio de um videocenário projetado num tule transparente entre a
plateia e a artista.
Chevrolet Hall
Dia 26 de setembro, às 22h,
e dia 27, às 20h
chevrolethallbh.com.br
Teatro Bradesco
10 de setembro, às 21h
teatrobradescobh.com.br
Palácio das Artes
19 de setembro, às 21h, e dia 20, às 20h
R$ 40 (inteira)
fcs.mg.gov.br
48 | www.voxobjetiva.com.br
TERRA BRASILIS • AGENDA
Decole mais rápido.
Divulgação
Conexão Aeroporto
BH e Betim. Agora,
pela pista rápida e
exclusiva do MOVE.
BH 23,
70
R$
Por trecho.
17° Festival de Curtas
O 17° Festival Internacional de Curtas tem o propósito de divulgar os curtas-metragens, além de promover uma reflexão sobre as formas de produção entre o público e os profissionais da área. Só no ano passado, o festival
teve 3 mil curtas inscritos de 90 países. A programação prevê mostras competitivas, programas especiais e distribuição de prêmios pelos júris oficial
e popular.
Palácio das Artes
De 18 a 27 de setembro
festcurtasbh.com.br
BETIM R$36,05
(HORÁRIOS
ESPECIAIS
VIA FIAT)
Por trecho.
Divulgação / IMA
WI-FI
Semana Internacional do Café
Expominas
De 24 a 26 de setembro, das 11h às 20h
semanainternacionaldocafe.com.br
Uma semana inteira
dedicada ao cafezinho,
tão presente no cotidiano brasileiro. Para
cafeicultores, empresários, baristas e amantes
da bebida, a Semana
Internacional do Café
é o maior evento de
promoção do produto
em Minas Gerais e no
Brasil. O evento busca
desenvolver o mercado
brasileiro e divulgar a
qualidade dos cafés nacionais para os mercados interno e externo.
TEL.
AR
3224 1002
www.conexaoaeroporto.com.br
| 49
CRÔNICA
Joanita Gontijo
Comportamento
É proibido buzinar!
Trânsito congestionado na volta para casa. Filhos esperando
na porta da escola. A lista de supermercado na bolsa me lembrando que a despensa estava vazia e que eu ainda teria que
fazer compras naquela noite. Passava das 8h da noite e tudo o
que eu queria era acabar logo com as tarefas, tomar um banho
e dormir. No carro da frente, um motorista falava ao celular
enquanto dirigia. A luz verde do semáforo se acendeu mas,
distraído, o homem nem percebeu. Não tive dúvidas e apertei a buzina para que ele “tirasse o pé da minha janta”! Para
minha surpresa, nada de som… Apertei de novo e de novo…
Descobri, mais tarde, que meu filho tinha queimado a buzina
do carro comemorando a vitória do nosso time, no último clássico. O sinal fechou sem que eu me movesse um metro sequer.
Considerando minha rotina cheia e o fato de que o estepe do
meu veículo está furado há seis meses e ainda não tive tempo
de ir ao borracheiro, nem precisa dizer que também, até hoje,
não passei no eletricista pra trocar o fusível da buzina. Só me
lembro dela quando algum motorista à minha frente insiste
em manter um ritmo de locomoção tão tranquilo que até ignora a minha pressa. Isso me obrigou a um exercício hercúleo
de paciência. Piscar os faróis e abanar freneticamente as mãos
não fazem o mesmo efeito. Minha única saída diante da lentidão
alheia é esperar.
Resignada ao silêncio do meu carro, o horário de hush tem
sido, para mim, como um remanso. Nas águas paradas há um
excessivo número de barcos e, mesmo quando bate um vento
promissor, alguns condutores insistem em manter a âncora presa às rochas. Como só me resta o silêncio, aproveito o tempo
para tentar me colocar no lugar dos outros motoristas e compreender os motivos para a desatenção e os pensamentos vagantes. Problemas em casa? Paixão nova? Contas no vermelho?
Fim de um casamento? Ao contrário da época em que meu car50 | www.voxobjetiva.com.br
ro resmungava alto, agora, sem o instrumento da ira disponível,
chego a achar justo que eles estejam distraídos.
Respeitar o tempo do outro é fundamental. Crianças e idosos
costumam nos mostrar isso. Nossa vida não é um processo de
produção industrial, mas nos parecemos cada vez mais com
robôs automatizados que têm que bater metas ao final do dia.
Acordo meus caçulas, afobada, para que não se atrasem para
a aula de inglês; atendo ao telefone e peço a minha mãe que
conclua rapidamente a história que ela conta sobre o bolo que
queimou no forno; prometo ligar mais tarde pra conversar com
meu pai porque, apesar de não passar das 9h da manhã, não há
mais tempo; almoço com os olhos no relógio; leio a pauta do
dia enquanto envio mensagem à empregada pedindo a lista de
compras do sacolão… Buzino para os outros e para mim mesma,
o tempo todo.
Quero fazer as pazes com o silêncio. Sei que não posso permanecer com a buzina do carro estragada. A legislação exige e posso ser multada. Em alguns momentos, um alerta ajuda a evitar
acidentes. Além disso, é simpático sinalizar sua presença quando
reconhece algum amigo passando por você nas ruas. Mas, na
minha rotina, preciso me habituar a buzinar menos e frear mais.
Nem sei bem por que corro tanto. O pódio não me interessa.
Quero me demorar numa caminhada longa e leve.
O desafio é grande, mas vi uma frase inspiradora na traseira
de um carro de autoescola que pode me ajudar nos momentos
mais difíceis: “Não buzine. Estou aprendendo.” E quem não está?
Joanita Gontijo
Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela”
[email protected]
Educação em BH
A PREFEITURA ESTÁ FAZENDO A MAIOR
TRANSFORMAÇÃO DA NOSSA HISTÓRIA.
130 UMEIs
até dezembro
Já são 108 UMEIs
funcionando e outras
22 ficarão prontas
ainda este ano.
O trabalho da Prefeitura
não para. Em todo canto,
tem uma obra sendo
entregue. Grandes obras
viárias, novas UPAs, um novo
hospital, novas UMEIs
e centenas de outras obras.
Um investimento de mais
de 7 bilhões de reais que
está transformando a cidade
e a vida das pessoas.
INFRAESTRUTURA DE ALTO NÍVEL.
ATÉ 5 REFEIÇÕES POR DIA.
Pensada especialmente para
receber crianças de 0 a 6 anos.
Merenda de qualidade com
cardápio balanceado e nutritivo.
AJUDE A CUIDAR DAQUILO
QUE CONQUISTAMOS.
EDUCADORES QUALIFICADOS.
CUIDADO, CARINHO E ATENÇÃO.
Projeto pedagógico moderno
e humano.
Desenvolvendo as crianças
de forma integral.
NÃO PARA DE
TRABALHAR POR VOCÊ.
www.pbh.gov.br
| 51
Ministério da Cultura apresenta
Banco do Brasil apresenta e patrocina
Exposição
Longo Caminho de um rapaz apaixonado, 1989. Aquarela e tinta preta sobre papel, 12 x 18cm. Foto: Eduardo Fraipont
Leonilson: Truth, Fiction
As qualidades minimalistas
de um dos maiores artistas
da arte contemporânea brasileira.
Até 28 de setembro,
quarta a segunda, das 9h às 21h
Entrada franca
CCBB Belo Horizonte
Praça da Liberdade, 450
/ccbb.bh
@ccbb_bh
Número do alvará: 2013155660
Data de validade: 12/08/2018
Órgão emissor: Prefeitura Municipal
de Belo Horizonte, Minas Gerais (MG)
/ccbbbh
Apoio
52 | www.voxobjetiva.com.br
Realização

Documentos relacionados