Ago - GTI - Administração de Recursos

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Ago - GTI - Administração de Recursos
CARTA DO GESTOR
Jul / Ago 2013
Prezado investidor,
Finalmente o índice IBOVESPA teve seu primeiro
mês positivo no ano. A alta modesta, de 1,6%, ainda é tímida para ofuscar os quase 21% de queda no
ano e maior ainda é o desconforto quando comparamos estes números com números de outras bolsas pelo planeta, em especial aos índices norteamericanos, onde a variação em módulo foi a mesma, mas com sinal trocado.
Os dados econômicos do mês mostraram a economia norte-americana crescendo, próximo a 2% ao
ano com a inflação em torno de 1,7%, ainda abaixo
da meta. O presidente do FED, Ben Bernanke, que
diferentemente de seu antecessor é mais prolixo na
comunicação com os mercados, tratou de esclarecer
que a política monetária mais expansionista será
suavizada de maneira gradual e conforme a economia dê sinais de crescimento, em velocidade que
interfira o mínimo possível neste processo.
Os dados referentes à nossa economia, entretanto,
não foram muito animadores. A geração de novos
empregos segue em desaceleração e o Banco Central divulgou que o crescimento do PIB em Maio foi
tímido 2,28%. Os indicadores de inflação, por outro
lado, começaram a perder força. Acreditamos que
este ano a inflação deve terminar dentro do intervalo definido, provavelmente entre 5% e 6%. Houve
nova elevação na taxa SELIC, para 8,5% e aparentemente este movimento de recuperação de credibilidade por parte do BC deve continuar por pelo menos mais duas reuniões. A curva de juros de mercado, entretanto, está trabalhando com prêmios mais
elevados, que em determinados momentos superaram 300 pontos. Os indicadores de inadimplência
reportados pelo BC também apontaram para uma
ligeira melhora, para 7,2%.
Depois de muito insistir em diversos erros e ainda
insistindo em outros, o governo tem se mobilizado
para recuperar a trajetória de crescimento sustentável. As ruas deram o recado de que a sociedade
não mais tolerará a leniência com a inflação. A presidente Dilma ainda tem um ano para tentar recuperar seu governo, cuja popularidade despencou
para o nível de 30%. Ela sabe que não será com
discursos vazios que conseguirá convencer os empresários a investir. Neste momento precisa haver
ações concretas. A taxa de câmbio está num pata
mar bastante mais confortável para as empresas, os
juros reais ainda se encontram num nível baixo
comparativamente aos últimos 20 anos. O nível de
emprego ainda é alto. A renda real disponível, entretanto, foi reduzida pela inflação crescente. Ainda
que baixo em termos globais, o nível de endividamento das famílias é alto em face aos juros pagos
pelos consumidores. Por outro lado, para que os
salários continuem subindo em termos reais e alimente o consumo doméstico, é fundamental haver
maior aumento de produtividade. E este aumento
recai sobre investimentos no binômio educação e
tecnologia, além de pesados investimentos em infraestrutura. Não haverá mágicas ou artifícios que
recuperem o modelo de crescimento que ora se
esgotou, qual seja, o crescimento baseado na expansão de consumo através de crédito farto e salários reais maiores e superiores aos ganhos de produtividade do trabalho.
É uma agenda pesada e complexa. A presidente,
neste momento, tem pouco apoio no Congresso e
nas ruas. Pela primeira vez nos últimos anos o
componente político voltará a ter o peso e relevância que teve desde a volta das eleições diretas para
presidente em 1989. Percebemos um grande ceticismo entre investidores locais e estrangeiros. A
maioria teme um novo governo PT que sem o respaldo do Congresso poderia buscar apoio nas ruas,
através de políticas mais populistas ou ainda pior, a
migração ainda mais para a esquerda no espectro
político o que enfraqueceria muito a tese de investimento em Brasil no longo prazo. Claro que estes
riscos existem, mas preferimos neste momento
apostar no equilíbrio que historicamente prevaleceu
no país. Também se abriu pela primeira vez em dez
anos uma janela de oportunidade para que a oposição a esta forma de governo se componha de modo
a imprimir no próximo governo um mandato mais
voltado à recuperação de eficiência e gestão. Sem
dúvida que estes assuntos ganharão mais espaço
nas análises, principalmente ao longo do próximo
ano. Os preços dos ativos em bolsa, entretanto, não
parecem contemplar o cenário benigno da ascensão
de um nome de oposição e que possa recuperar a
credibilidade do país junto aos investidores locais,
aos estrangeiros e aos mais diversos setores que
não apenas os de materiais básicos e agricultura.
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CARTA DO GESTOR
Jul / Ago 2013
PORTFOLIO
Dentre os destaques no mês, as ações da Gerdau
subiram 15%, antecipando recuperação de margens
no setor (principalmente nas operações de Brasil e
América do Sul), e as ações da Brookfield
recuperaram 11% de seu valor. No caso da
incorporadora os preços ainda estão próximos a
30% do valor de liquidação dos ativos, indicando
que o mercado ainda acredita em grandes revisões
orçamentárias e segue subestimando o potencial do
mercado imobiliário brasileiro, assim como o da
empresa para os próximos anos. Nós acreditamos
que o segundo trimestre ainda deve contemplar
alguns ajustes relevantes e que o endividamento da
Brookfield ainda deve fazer seu pico, antes de
começar a cair ao longo do segundo semestre de
2013 quando, salvo importantes atrasos em
repasses, a empresa passará a ter geração de caixa
positiva. As posições vendidas a descoberto de
ações da Brookfield estão em torno de um quarto de
seu free float. Diversos fundos de hedge montaram
posições short no segmento de incorporadoras:
tanto a Brookfield como outras empresas com
liquidez neste setor são os veículos buscados pelos
gestores para aplicar suas estratégias. Como o valor
de mercado das principais empresas do setor caiu
para uma pequena fração do que era em 2011,
parece-nos que essa estratégia está sobre
dimensionada. Os números do setor indicam que
grandes ajustes já foram feitos.
financeira. As cadernetas de poupança tiveram no
primeiro semestre de 2013 seu recorde de captação
líquida (R$ 28 bilhões), 75% superior a 2012. O
saldo acumulado também está em seu melhor
momento, com R$ 420 bilhões ou 8% maior do que
no final de 2012. Os dados da ABECIP (Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança) também têm sido bastante animadores:
foram R$ 49 bilhões em novos financiamentos para
o setor, uma alta de 36% quando comparado ao
1S12. Também segundo o SECOVI (Sindicato das
Empresas
de
Compra,
Venda,
Locação
e
Administração
de
Imóveis
Residenciais
e
Comerciais), tivemos encerrado em Maio o melhor
desempenho de vendas sobre oferta desde
setembro de 2011. Foram vendidas 62,7% das
unidades ofertadas. Quanto ao nível de preços,
diversas incorporadoras praticaram descontos para
adequar seus estoques ao novo cenário de menor
crescimento econômico. O preço de novos
lançamentos está mais estável, na média. O Índice
FIPE Zap, que acompanha o preço de imóveis em
16 cidades brasileiras, mostra que os preços
seguem ascendentes ainda que abaixo da inflação.
Entendemos que esta acomodação de preços é
bastante saudável e contribui para reduzir o risco de
uma bolha imobiliária que muitos analistas temiam
em passado recente.
Atenciosamente,
André Gordon
Os números que acompanhamos do setor imobiliário
deixam-nos bastante confortáveis com sua saúde
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