universidade de yôga

Transcrição

universidade de yôga
DeROSE
ORIGENS DO
YÔGA
ANTIGO
UMA LUZ SOBRE OS EVENTOS HISTÓRICOS QUE INFLUENCIARAM AS
METAMORFOSES DO YÔGA, ABORDANDO: ÁSANA YÔGA, RÁJA
YÔGA, BHAKTI YÔGA, KARMA YÔGA, JÑÁNA YÔGA, LAYÁ YÔGA,
MANTRA YÔGA TANTRA YÔGA, KUNDALINÍ YÔGA, ASHTÁNGA
YÔGA E OUTROS.
UNIVERSIDADE DE YÔGA
registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o n o . 37959 no 6 o . Ofício
www.uni-yoga.org.br
Al. Jaú, 2000 − Tel.(005511) 3081-9821 − Brasil
Endereços nas demais cidades encontram-se no final do livro.
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ELABORADO PELO AUTOR
DeRose, L.S.A., 1944 –
Origens do Yôga Antigo/ DeRose. – São Paulo :
Nobel.
Inclui bibliografia.
1. Yôga 2. DeRose 3. Yôga na literatura 4. Mestres de Yôga. I. Título
CDD– 181.45
ISBN
Senhor Livreiro.
Este livro não é de auto-ajuda, nem terapias e, muito menos,
esoterismo. Não tem nada a ver com Educação Física nem com
esportes. O tema YÔGA merece, por si só, uma classificação à parte.
Assim, esta obra deve ser catalogada como YÔGA e ser exposta na
estante de YÔGA.
Grato,
O Autor.
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DeROSE
DeRose é o fundador da Universidade de Yôga. Com quase 50 anos de magistério, mais de 20 livros escritos e 24 anos de viagens à
Índia, recebeu o reconhecimento do título de Mestre em Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber pela FATEA – Faculdades
Integradas Teresa d’Ávila (SP), pela Universidade do Porto (Portugal), pela Universidade Lusófona, Lisboa (Portugal), pela
Universidade Estácio de Sá (MG) e pela UniCruz (RS). Possui título de Comendador e Notório Saber em Yôga pela Sociedade
Brasileira de Educação e Integração; e de Comendador pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História. Foi fundador do
Conselho Federal de Yôga e do Sindicato Nacional dos Profissionais de Yôga. Fundador da primeira Confederação Nacional de
Yôga do Brasil. Introdutor do Curso de Formação de Instrutores de Yôga nas Universidades Federais do Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do
Norte etc.; Universidades Estaduais do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia etc.; PUCs – Pontifícias Universidades Católicas do
Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e outras. Em Portugal, foi introdutor do Curso de Formação de
Instrutores de Yôga na Universidade Lusófona, de Lisboa, e na Universidade do Porto. Na Argentina foi introdutor do Curso de
Formação de Instrutores de Yôga na Universidade Nacional de Lomas de Zamora. É aclamado como o principal articulador da
Regulamentação dos Profissionais de Yôga cujo primeiro projeto de lei elaborou em 1978. Por lei estadual, em São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, a data do aniversário de DeRose foi instituída como o Dia do Yôga em todo o Estado.
ORIGENS DO
YÔGA
ANTIGO
UNIVERSIDADE DE YÔGA
registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o n o . 37959 no 6 o . Ofício
www.uni-yoga.org.br
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Al. Jaú, 2000 − Tel.(005511) 3081-9821 − Brasil
Endereços nas demais cidades encontram-se no final do livro.
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MESTRE DeROSE
 Copyright 2.002:
DeRose, L.S.A.
1ª edição em papel, 2.004.
Execução da capa:
Produção gráfica:
Editora Uni-Yôga,
órgão de divulgação cultural da
Primeira
Universidade de Yôga do Brasil,
registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício,
divisão da
UNIÃO INTERNACIONAL DE YÔGA
www.uni-yoga.org.br
Al. Jaú, 2.000 − São Paulo − Brasil − Tel.:(11) 3081-9821
Permitem-se as citações de trechos deste livro em outros livros e
órgãos de Imprensa, desde que mencionem a fonte e que tenham a
autorização expressa do autor.
Proíbe-se qualquer outra utilização, cópia ou reprodução do texto,
ilustrações e/ou da obra em geral ou em parte, por qualquer meio
ou sistema, sem o consentimento prévio do autor.
-
À ATENÇÃO DO LEITOR
Como a maioria dos leitores costuma só travar contato com um ou dois
livros de cada autor, até por não dar tempo de ler tudo o que gostaria,
adotamos o procedimento editorial de reproduzir alguns dos principais textos
da nossa obra global em mais de um livro. Portanto, sempre que você
localizar um desses trechos, não o salte. Releia-o com atenção. A repetição
terá sido intencional por tratar-se de assunto de suma importância.
Esta obra foi adotada como livro-texto dos cursos de Formação de
Instrutores de Yôga das Universidades Federais, Estaduais e
Católicas, e é recomendado pela Confederação Internacional de
Yôga.
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SUMÁRIO
Definição de Yôga
Demonstração de que a palavra Yôga tem acento
Como ler este livro
Introdução
A proposta dos livros da Universidade de Yôga
A História do Yôga no Brasil
Prefácio
Que confusão!
A confusão gerada pelos livros
A confusão gerada por desinformação
A confusão gerada pelo mercado
A estrutura do Hinduísmo
Vamos localizar o fio da meada
Shruti
Upanishad
Smriti
Itihasas
Puránas
Ágamas
Shaiva (Shivaísmo)
Vaishna (Vishnuísmo)
Shakta (Shaktismo)
Darshanas
Yôga
Sámkhya
Vêdánta
Purva Mimansa
Nyáya
Vaishêshika
Quadro sinótico do Hinduísmo
O que é o Yôga
A palavra Yôga
A definição do Yôga
Como se classifica
Uma viagem no tempo e no espaço
A opção do Yôga Pré-Clássico
Qual é o Yôga mais autêntico
A cronologia histórica do Yôga
A principal diferença entre o Yôga Antigo e o Yôga Moderno
São, portanto, correntes antagônicas
O Yôga original não era místico
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Os quatro troncos do Yôga
O Yôga mais antigo não é o Yôga Clássico
O criador do Yôga era drávida
A origem das castas para segmentação étnica
O Yôga Clássico formaliza a arianização
Yôga Medieval: começa a vedantização do Yôga
O Hatha Yôga é tântrico
O Yôga Contemporâneo é Tantra-Vêdánta
As escrituras antigas:
Upanishadas (mais de 1.000 a.C.)
Yôga Sútra (cerca do século III a.C.)
Vivêkachudamani (século VIII d.C.)
Hatha Yôga Pradípika (século XI d.C.)
Mestres contemporâneos
Trash books
O Yôga Pré-Clássico é Tantra-Sámkhya
Correntes incompatíveis
Exercício de revisão de matéria
Resumo histórico dos eventos que influenciaram o Yôga
Vamos entender os quatro troncos do Yôga
O Yôga não tem teoria, logo, não pode doutrinar
Como se processou a transformação de um tronco no outro
Associemos cada tronco a um período histórico
Como identificar cada tronco
Os verbos das raízes:
Yôga – poder; Sámkhya – saber; Vêdánta – crer; Tantra – sentir; Brahmáchárya - dominar
Yôga, Sámkhya e Tantra
As raízes, o tronco e os ramos
As raízes
O tronco
Os ramos
O que são os diversos tipos de Yôga
Descrição de várias modalidades de Yôga
O Yôga Clássico
yama
niyama
ásana
pránáyáma
pratyáhára
dháraná
dhyána
samádhi
O tronco Pré-Clássico
SwáSthya Yôga, o tronco Pré-Clássico
Definição
SwáSthya, o Yôga Antigo
I Características
II Prática ortodoxa
III Prática heterodoxa
Diferenças entre o SwáSthya e o Hatha Yôga
Ashtánga yantra
O que é uma codificação
A Mecânica do Método DeRose
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MESTRE DeROSE
1 Bio-Ex
2. ashtánga sádhana
mudrá
pújá
mantra
pránáyáma
kriyá
ásana
yôganidrá
samyama
3. bhúta shuddhi
4. maithuna
5. kundaliní
6. samádhi
Recursos suplementares
Sat sanga
Sat chakra
Nyása (Shiva Natarája nyása, Satguru nyása sádhana)
O ego e o SwáSthya Yôga
ANEXO: Esta divisão destina-se à divulgação cultural do SwáSthya Yôga
Relação de material didático
Endereços de Instrutores Credenciados
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
S UMÁRIO DAS ILUSTRAÇÕES E QUADROS SINÓTICOS
Quadro sinótico do hinduísmo
Cronologia Histórica do Yôga
As 4 linhas do Yôga
Como se processou a transformação de um tronco no outro
A transformação de um tronco no outro, em processo cíclico (2D)
O mesmo quadro anterior em gráfico espiral (3D)
Associemos cada tronco a um período histórico
A árvore do Yôga
SwáSthya Yôga ortodoxo e heterodoxo
Diferenças entre o SwáSthya Yôga e o Hatha Yôga
Quadro da progressão no Yôga Antigo
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MESTRE DeROSE
SUMÁRIO DO LEITOR
Este sumário é para ser utilizado pelo leitor, anotando as passagens que
precisarão ser localizadas rapidamente para referências posteriores.
ASSUNTOS QUE MAIS INTERESSARAM
PÁGINAS
Ao ler, sublinhe os trechos mais importantes para recordar ou que suscitem
dúvidas, a fim de localizá-los com facilidade numa releitura.
-
DEFINIÇÕES
Yôga1 é qualquer metodologia estritamente prática que
conduza ao samádhi.
Samádhi é o estado de hiperconsciência e autoconhecimento que
só o Yôga proporciona.
SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo,
Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo.
As características principais do SwáSthya Yôga (ashtánga guna) são:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
sua prática extremamente completa, integrada por oito
modalidades de técnicas;
a codificação das regras gerais;
resgate do conceito arcaico de seqüências encadeadas sem
repetição;
direcionamento a pessoas especiais, que nasceram para o
SwáSthya Yôga;
valorização do sentimento gregário;
seriedade superlativa;
alegria sincera;
lealdade inquebrantável.
1 O acento indica apenas onde está a sílaba longa, mas ocorre que, muitas vezes, a tônica
está noutro lugar. Por exemplo: Pátañjali pronuncia-se “Patânjali”; e kundaliní pronuncia-se
“kúndaliní”. O efeito fonético aproxima-se mais de “kún-daliníí” (jamais pronuncie “kundalíni”).
Para sinalizar isso aos nossos leitores, vamos sublinhar a sílaba tônica de cada palavra. Se o
leitor desejar esclarecimentos sobre os termos sânscritos, recomendamos que consulte o
Glossário, do livro Faça Yôga antes que você precise. Sobre a pronúncia, ouça o CD Sânscrito
- Treinamento de Pronúncia, gravado na Índia. Para mais conhecimentos, o ideal é estudar os
vídeos do Curso Básico de Yôga.
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DEMONSTRAÇÃO
DE QUE A PALAVRA YÔGA TEM ACENTO
NO SEU ORIGINAL EM ALFABETO DÊVANÁGARÍ:
Extraído do livro Faça Yôga antes que você precise, deste autor.
= YA (curta).
= YAA ∴ YÁ (longa).
= YOO* ∴ YÔ (longa).
= YÔGA C.Q.D.
* Embora grafemos didaticamente acima YOO, este artifício é utilizado
apenas para o melhor entendimento do leitor leigo em sânscrito. Devemos
esclarecer que o fonema ô é resultante da fusão do a com o u e, por isso, é
sempre longo, pois contém duas letras. Nesta convenção, o acento agudo é
aplicado sobre as letras longas quando ocorre crase ou fusão de letras iguais
(á, í, ú). O acento circunflexo é aplicado quando ocorre crase ou fusão de
letras diferentes (a + i = ê; a + u = ô), por exemplo, em sa+íshwara=sêshwara
e AUM, que se pronuncia ÔM. Daí grafarmos Vêdánta. O acento circunflexo
não é usado para fechar a pronúncia do ô ou do ê, já que esses fonemas são
sempre fechados. Não existe, portanto, a pronúncia “véda” nem “yóga”.
BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA ESPANHOL:
Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.
BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA INGLÊS:
Pátañjali Aphorisms of Yôga, de Srí Purôhit Swámi, Faber and Faber,
Londres.
BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA PORTUGUÊS:
Poema do Senhor, de Vyasa, Editora Relógio d’Água, Lisboa.
Se alguém, supostamente entendido em sânscrito, declarar que a palavra Yôga não tem acento, peça-lhe
para mostrar como se escreve o ô-ki-matra. Depois peça-lhe para indicar onde o ô-ki-matra aparece na
palavra Yôga (ele aparece logo depois da letra y). Em seguida pergunte-lhe o que significa cada uma das três
partes do termo ô-ki-matra. Ele deverá responder que ô é a letra o; ki significa de; e matra traduz-se como
acento. Logo, ô-ki-matra traduz-se como “acento do o”. Então, mais uma vez, provado está que a palavra
Yôga tem acento.
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COMO LER ESTE LIVRO
Jamais pegue um livro didático para ler se não tiver papel e
caneta com que possa fazer anotações. Caso contrário, você
pensa que aprendeu e esquece tudo mais tarde.
Sublinhe e faça anotações também no próprio livro. Organize
um sumário dos assuntos que mais lhe interessaram, com as
respectivas páginas, e anote isso na página de abertura do
livro estudado para ter tais dados sempre à mão.
No final de cada capítulo pare e releia-o, observando as
anotações feitas.
Releia sempre os bons livros antigos, já anotados.
-
INTRODUÇÃO
Alguns livros de DeRose são obras de fôlego, com 400 a 700 páginas.
Por esse motivo, em atenção ao leitor interessado num tema
específico, decidimos lançar uma coleção de livros menores, em que
cada volume aborde um tema em particular, pertinente ao Curso de
Formação de Instrutores, que o Mestre ministra desde a década de 70
nas Universidades Federais, Estaduais e Católicas de vários estados do
Brasil, bem como em Universidades da Europa. Isso nos permitirá
editar livros mais acessíveis, que possibilitarão ao público travar
contato com o Yôga Antigo mais facilmente.
Este opúsculo tratará de mais um tema que desperta muito interesse e
que as pessoas, geralmente, interpretam de uma forma um tanto
limitada, deixando que suas crenças ou sua cultura regional interfiram
na visão mais clara do assunto. Como sempre, o DeRose abordará a
matéria sob um prisma diferente, novo e mais abrangente.
Comissão Editorial
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A PROPOSTA DOS LIVROS
DA UNIVERSIDADE DE YÔGA
A proposta desta coleção é proporcionar aos estudiosos o resultado de
uma pesquisa desenvolvida durante mais de 40 anos, sendo 24 anos de
viagens à Índia. É o resgate da imagem de um Yôga Ancestral que,
fora da nossa linhagem, já não se encontra em parte alguma.
Muito se escreveu e escreve-se sobre o Yôga Moderno, mas quase
nada há escrito sobre o Yôga Antigo, que é muito mais fascinante. O
Yôga Pré-Clássico é uma peça viva de arqueologia cultural,
considerada extinta na própria Índia, seu país de origem há mais de
5.000 anos. O que é raro é mais valioso, mas, independentemente
desse valor como raridade, o Yôga Pré-Clássico é extremamente
completo e diferente de tudo o que você possa estereotipar com o
cliché “Yôga”. Além disso, ao estudar essa modalidade, temos ainda a
satisfação incontida de estar dedicando-nos ao Yôga original, logo, o
mais autêntico de todos. Não obstante, como estudar o Yôga mais
antigo se não há quase nenhuma bibliografia disponível?
No início não existia a escrita e o conhecimento era passado por
transmissão oral. Depois, na fase do Yôga Clássico, por volta do
século III a.C., não existia a imprensa, os livros tinham de ser escritos
a mão e reproduzidos um a um pelos copistas, o que tornava o produto
literário muito caro e as edições bem restritas. Por essa época havia
uma quantidade irrisória de obras e uma tiragem de sucesso teria algo
como uma centena de exemplares. Dessa forma, foi relativamente
fácil perderem-se obras inteiras, por incêndios, terremotos, enchentes,
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
guerras ou, simplesmente, por perseguições ideológicas. Não nos
restou quase nada.
Por outro lado, do Yôga Moderno praticamente tudo foi preservado.
Primeiro, devido ao menor decurso de tempo que transcorreu entre a
época da publicação e o momento presente. Depois, com o
barateamento dos livros, graças ao advento da tipografia, muito mais
obras foram escritas e suas tiragens alcançaram a cifra dos milhares de
cópias. Assim, sempre haveria uns quantos exemplares em outro local
quando ocorressem os incêndios, os terremotos, as enchentes, as
guerras ou as perseguições.
O resultado disso é que hoje quase todos os livros, escolas e
instrutores de Yôga são de linha Medieval2 ou fortemente
influenciados por ela. O Yôga Contemporâneo ainda não teve tempo
suficiente para uma produção editorial relevante. Pior: a maior parte
está contaminada pelos paradigmas da fase anterior e confunde-se
com o Medieval, até pelos próprios jargões utilizados e pela distorção
do significado dos termos técnicos aplicados.
Assim sendo, sem dispor de vias já trilhadas de acesso ao Yôga mais
antigo, para chegar aonde cheguei foi necessário ir revolvendo,
polegada por polegada, o entulho dos séculos. Primeiramente analisei
o Yôga Contemporâneo. Depois, voltando para o passado mais
próximo, esquadrinhei a vertente do período anterior, o Yôga
Medieval. Passados uns bons 15 anos de estudos, tendo esgotado a
literatura disponível, estava na hora de viajar à Índia para pesquisar in
loco. Em Bombaim enfurnei-me no Yôga Clássico e nos Himalayas
em tradições, talvez, mais antigas. Um belo dia, descortinei uma
modalidade que ficara perdida durante séculos, o Yôga Pré-Clássico.
Mais 20 anos se passaram, durante os quais, indo e vindo da Índia,
tratei de aprofundar minha pesquisa nos Shástras, na meditação e nos
debates com swámis e saddhus de várias Escolas. O resultado foi
impactante e pode mudar a História do Yôga.
2 Numa história de 5.000 anos, Medieval é considerado Moderno. Estude o quadro da
Cronologia Histórica, que é explicado em detalhe no livro Origens do Yôga.
MESTRE DeROSE
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É esse resultado que vou expor no texto desta coleção de mais de
vinte livros publicados sob a chancela da Universidade de Yôga.
COLEÇÃO UNI-YÔGA
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
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DeRose, Tudo o que você nunca quis saber sobre Yôga, L&PM.
DeRose, Yôga, Mitos e Verdades, Nobel.
DeRose, Programa do Curso Básico de Yôga, Uni-Yôga.
DeRose, Faça Yôga antes que você precise, Nobel.
DeRose, Eu me lembro..., Nobel.
DeRose, Encontro com o Mestre, Matrix.
DeRose, Sútras – máximas de lucidez e êxtase, Nobel.
DeRose, Alimentação vegetariana: chega de abobrinha!, Nobel.
DeRose, Tantra, a sexualidade sacralizada, Nobel.
DeRose, Alternativas de relacionamento afetivo, Afrontamento.
DeRose, A regulamentação dos profissionais de Yôga, Uni-Yôga.
DeRose, Boas Maneiras no Yôga, Nobel.
DeRose, Mensagens do Yôga, Nobel.
DeRose, Origens do Yôga Antigo, Nobel.
DeRose, Karma e dharma – transforme a sua vida, Nobel.
DeRose, Chakras e kundaliní, Nobel.
DeRose, Corpos do Homem e Planos do Universo, Nobel.
DeRose, Meditação e autoconhecimento, Nobel.
DeRose, ÔM – o mais poderoso dos mantras, Nobel.
DeRose, Yôga Sútra de Pátañjali, Nobel.
DeRose, Guia do Instrutor de Yôga, Uni-Yôga (esgotado).
DeRose, Prontuário de Yôga Antigo, (esgotado).
Santos, Sérgio, Yôga, Sámkhya e Tantra, Nobel.
Santos, Sérgio, Escala Evolutiva, Uni-Yôga.
Flores, Anahí, Coreografias do Swásthya Yôga, Nobel.
Marengo, Joris, 50 Aulas práticas de Swásthya Yôga, Nobel.
A H ISTÓRIA DO Y ÔGA NO B RASIL
Texto escrito na década de 70 pela Comissão Editorial do Prontuário de Yôga Antigo,
atualizado com os eventos que ocorreram posteriormente.
Há muita estória mal contada, muita afirmação reticente sobre este tema
polêmico. Os verdadeiros introdutores do Yôga no nosso país estão mortos
e há muito pouca gente disposta a defendê-los publicamente.
Afinal, quem foi o primeiro a ensinar Yôga no Brasil? De quem foi o primeiro
livro de Yôga de autor brasileiro? Quem lançou a campanha para a
regulamentação da profissão? Quem introduziu o Curso de Extensão Universitária para a Formação de Instrutores de Yôga nas Universidades Federais, Estaduais e Católicas? Quem fundou a Primeira Universidade de Yôga
do Brasil? Já está na hora de divulgarmos esses fatos.
QUEM INTRODUZIU O YÔGA NO BRASIL
Quem inaugurou oficialmente a existência do Yôga no Brasil foi Sêvánanda
Swámi, um francês cujo nome verdadeiro era Léo Costet de Mascheville.
Ele colocava o termo swámi no final do nome, o que era uma declaração de
que não se tratava de um swámi (monge hindu), mas que usava essa
palavra como sobrenome, e isso confundia os leigos. Muitos desses leigos
se referiam a ele como “Swámi” Sêvánanda, pois um dos mais relevantes
Mestres de Yôga da Índia, que viveu na época, chamava-se Swámi Sivánanda.
Sêvánanda viajou por várias cidades fazendo conferências, fundou um
grupo em Lages (SC) e um mosteiro em Resende (RJ). Ele era um líder
natural e sua voz era suficiente para arrebatar corações e mentes. Com
Sêvánanda aprenderam Yôga todos os instrutores da velha guarda. E
quando dizemos velha guarda, estamos nos referindo aos que lecionavam
na década de 60, cuja maioria já partiu para os planos invisíveis.
Sêvánanda enfrentou muitos obstáculos e incompreensões durante sua
árdua caminhada. Enfim, esse é o preço que se paga pelo pioneirismo.
Todos os precursores pagaram esse pesado tributo.
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Ao considerar sua obra bem alicerçada e concluída, o Mestre Sêvánanda
recolheu-se para viver em paz seus últimos anos. Todos quantos o conheceram de perto guardam-lhe uma grande admiração e afeto, independentemente dos defeitos que pudesse ter tido ou dos erros que houvesse cometido, afinal, errar, erramos todos.
QUEM ESCREVEU O PRIMEIRO LIVRO DE YÔGA
Sêvánanda introduzira o Yôga sob uma conotação pesadamente mística e
em clima de monastério. Quem iniciou o Yôga como trabalho profissional no
Brasil, foi o grande Caio Miranda. Dele foi o primeiro livro de Yôga de autor
brasileiro. Escreveu vários livros, fundou perto de vinte institutos de Yôga
em diversas cidades e formou os primeiros instrutores de Yôga. Assim
como Sêvánanda, Caio Miranda tinha forte carisma que não deixava
ninguém ficar indiferente: ou o amavam e seguiam, ou o odiavam e perseguiam.
Na década de sessenta, desgostoso pelas incompreensões que sofrera,
morreu com a enfermidade que ceifa todos aqueles que não utilizam pújá
em suas aulas, pois essa técnica contribui para com a proteção do instrutor
e os que não a aplicam ficam mais vulneráveis.
A partir da morte do Mestre Caio Miranda ocorreu um cisma. Antes, haviamse unido todos contra ele, já que sozinhos não poderiam fazer frente ao seu
conhecimento e ao seu carisma. Isso mantinha um equilíbrio de forças. De
um lado, um forte e do outro, vários fracos...
Mas a partir do momento em que estava vago o trono, dividiram-se todos.
Por essa razão, os nomes desses profissionais serão omitidos, pois não
merecem ser citados nem lembrados. Pessoas que vivem falando de Deus
e de tolerância, mas por trás semeiam a discórdia no seio do Yôga não
merecem ser mencionadas. São exemplos de incoerência.
QUEM REALIZOU A OBRA MAIS EXPRESSIVA
Em 1960 surgiu o mais jovem professor de Yôga do Brasil. Era DeRose,
então com 16 anos de idade, que começara a lecionar numa conhecida
sociedade filosófica. Em 1964 fundou o Instituto Brasileiro de Yôga. Em
1969 publicou o primeiro livro (Prontuário de Yôga Antigo), que foi elogiado pelo próprio Ravi Shankar, pela Mestra Chiang Sing e por outras autoridades. Em 1975, já consagrado como um Mestre sincero, encontrou o
apoio para fundar a União Nacional de Yôga, a primeira entidade a congregar instrutores e escolas de todas as modalidades de Yôga sem discriminação. Foi a União Nacional de Yôga que desencadeou o movimento de
união, ética e respeito mútuo entre os profissionais dessa área de ensino.
Desde então, a União cresceu muito e conta hoje com centenas de Núcleos, praticamente no Brasil todo, e ainda em outros países da América
Latina e Europa.
MESTRE DeROSE
27
Em 1978 DeRose liderou a campanha pela criação e divulgação do
Primeiro Projeto de Lei visando à Regulamentação da Profissão de
Professor de Yôga, o qual despertou viva movimentação e acalorados
debates de Norte a Sul do país. A partir da década de setenta introduziu
os Cursos de Extensão Universitária para a Formação de Instrutores
de Yôga em praticamente todas as Universidades Federais, Estaduais e
Católicas. Em 1980 começou a ministrar cursos na própria Índia e a lecionar
para instrutores de Yôga na Europa. Em 1982 realizou o Primeiro
Congresso Brasileiro de Yôga. Ainda em 82 lançou o primeiro livro
voltado especialmente para a orientação de instrutores, o Guia do Instrutor
de Yôga; e a primeira tradução do Yôga Sútra de Pátañjali, a mais
importante obra do Yôga Clássico, já feita por professor de Yôga brasileiro.
Desafortunadamente, quanto mais sobressaía, mais tornava-se alvo de uma
perseguição impiedosa movida pelos concorrentes menos honestos que
sentiam-se prejudicados com a campanha de esclarecimento movida por
DeRose, a qual dificultava as falcatruas dos vigaristas3. Em 1994,
completando 20 anos de viagens à Índia, fundou a Primeira Universidade
de Yôga do Brasil e a Universidade Internacional de Yôga em Portugal e
na Argentina. Em 1997 DeRose lançou os alicerces do Conselho Federal
de Yôga e do Sindicato Nacional de Yôga. Comemorando 40 anos de
magistério no ano 2.000, recebeu em 2.001 e 2.002 o reconhecimento do
título de Mestre em Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber em Yôga pela
FATEA – Faculdades Integradas Teresa d’Ávila (SP), pela Universidade
Lusófona, de Lisboa (Portugal), pela Universidade do Porto (Portugal), pela
Universidade de Cruz Alta (RS), pela Universidade Estácio de Sá (MG),
pela Câmara Municipal de Curitiba (PR) e pela Sociedade Brasileira de
Educação e Integração, a qual também lhe conferiu uma Comenda. Em
2.003 recebeu outro título de Comendador, agora pela Academia Brasileira
de Arte, Cultura e História. Em 2004 recebeu o grau de Cavaleiro, pela
Ordem dos Nobres Cavaleiros de São Paulo, reconhecida pelo Comando
do Regimento de Cavalaria Nove de Julho, da Polícia Militar do Estado de
São Paulo.
Por lei estadual, em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a data do
aniversário de DeRose, 18 de fevereiro, foi decretada como o Dia do Yôga
em todo o Estado.
Todas essas coisas foram precedentes históricos. Isso fez de DeRose o mais
discutido e, sem dúvida, o mais importante Mestre de Yôga do Brasil, pela
energia incansável com que tem divulgado o Yôga nos últimos 40 anos em
livros, jornais, revistas, rádio, televisão, conferências, cursos, viagens e
3 A esse respeito, leia as denúncias publicadas nos livros Encontro com o Mestre e A
regulamentação dos Profissionais de Yôga, os dois de autoria do Mestre DeRose.
Denúncias essas, jamais contestadas.
28
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
formação de novos instrutores. Formou mais de 5.000 bons instrutores e
ajudou a fundar milhares de centros de Yôga, associações profissionais e
Federações, Confederações e Sindicatos de Yôga, no Brasil e noutros países.
Sempre exigiu muita disciplina e correção daqueles que trabalham com o
seu método de Yôga Antigo, o Swásthya Yôga, o que lhe valeu a reputação
de perfeccionista, bem como muita oposição dos que iam sendo reprovados
nas avaliações das Federações lideradas por ele.
Defende categoricamente o Yôga Antigo, pré-clássico, pré-vêdico, denominado Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, o qual sistematizou
e denominou Swásthya Yôga, o Yôga Ultra-Integral.
Exemplo de seriedade, tornou-se célebre pela corajosa autocrítica com que
sempre denunciou as falhas do métier, sem todavia faltar com a ética profissional e jamais atacando outros professores. Isso despertou um novo
espírito, combativo e elegante, em todos aqueles que são de fato seus discípulos.
O PRATICANTE DEVE TER OPINIÃO PRÓPRIA
Quem pratica Yôga ou filosofias correlatas, tem que ter opinião própria e
não deixar-se influenciar por especulações sem fundamento.
Dois dos Mestres aqui mencionados já são falecidos e foram cruelmente
incompreendidos enquanto estavam vivos. Será que teremos de esperar
que morram todos para então lamentarmos a sua falta? Será que vamos
continuar, como sempre, sujeitando os precursores à incompreensão, injustiça e desapoio para louvá-los e reconhecer seu mérito só depois de mortos?
Ass. Comissão Editorial
MESTRE DeROSE
Documentação do título de Mestre
reconhecido por diversas entidades
29
30
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
QUE CONFUSÃO!
A CONFUSÃO GERADA PELOS LIVROS
Para o leitor leigo, muitos livros de Yôga mais fazem confusão do que
esclarecem. Esperemos que este não contribua para piorar a babel,
mas, ao contrário, possa desfazer essa barafunda.
O motivo dos livros em geral embaraçarem a compreensão é que a
maior parte foi escrita por leigos e o panorama não está claro nem
para eles próprios que os escreveram. Ao tentar explicar, confundem.
Há uma parcela de autores que conhecem o assunto, no entanto esses
pecam por achar que todo o mundo tem algum conhecimento e falam
indiscriminadamente de Vêdas, Puránas, Upanishads, Bhagavad Gítá,
Yôga Sútra, Mahá Bhárata, com bastante intimidade, atabalhoando
tudo, sem esclarecer o que é cada um desses textos e onde se localiza
em relação aos demais. Este livro vai organizar essa miscelânea.
A CONFUSÃO GERADA POR DESINFORMAÇÃO
No Ocidente, quando falamos de Yôga, sempre surge alguém com
alguma pergunta ou declaração que o associe ao Budismo. Ora, para
começar, Budismo é religião e o Yôga é filosofia. Uma coisa não tem
nada a ver com a outra. Para piorar a gafe, na Índia, menos de 1% da
população é budista. Finalmente, para desespero de quem faz esse tipo
-
32
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
de embrulhada, o Yôga faz parte do Hinduísmo4, enquanto que o
Budismo é uma heresia5 do Hinduísmo!
No entanto, o leitor poderá argumentar que encontrou várias
referências em livros, que estabeleciam associações entre Yôga e
Budismo. De fato, isso existe. Na maior parte das vezes ocorre pelas
razões expostas nos primeiros parágrafos deste capítulo. Ademais, o
Hinduísmo é tão antigo, tão vasto e tão multifacetado que poderemos,
eventualmente, encontrar situações insólitas e contraditórias. Registrese, porém, que isso não é a regra: é a exceção.
Existe um Yôga Budista? Sabendo-se que Budismo é uma religião,
falar de um Yôga Budista é o mesmo que mencionar um Yôga
Católico, um Yôga Luterano, um Yôga Adventista. Seria algo como
afirmar a existência de um Golfe Católico, um Futebol Luterano, um
Vôlei Adventista, diferentes dos seus homônimos praticados por
outras religiões. Não que o Yôga seja esporte. Poderíamos fazer a
mesma comparação com outras áreas. Imagine se seria possível uma
Informática Judia, uma Física Nuclear Evangélica ou uma Engenharia
Umbandista, diferentes da Informática, da Física Nuclear ou da
Engenharia praticadas por outras religiões!
Contudo, às vezes encontra-se no Ocidente propaganda oferecendo
“Yôga Cristão” como se isso fosse alguma especialidade. O que o
prestador de serviços quer dizer, nesse caso, é que os cristãos podem
4 Vale a pena esclarecer que o Hinduísmo não é uma religião, mas uma cultura. É como o
Cristianismo. Cristianismo também não é uma religião, mas uma cultura que contém várias
religiões. Alguns livros aplicam uma referência imprecisa como “a religião hindu” ou “a religião
cristã”, induzindo a confusão quem não estiver familiarizado com o contexto.
5 Ocorre uma diferença crucial entre o conceito de heresia do Cristianismo e o do Hinduísmo.
No Cristianismo, através da História, o herege é perseguido, torturado e morto. A simples
pecha de herege já embute um sentido pejorativo. Entretanto, no Hinduísmo o conceito de
heresia é entendido no sentido universal: heresia é quando uma religião ou seita discorda e se
afasta da doutrina-mãe, que constitui tronco principal. O Budismo teve suas origens no
Hinduísmo e constituiu uma contestação a ele, portanto, é uma heresia em relação ao
Hinduísmo. Acontece que o Hinduísmo concede uma tolerância incomensurável às
divergências e as absorve quase todas, fazendo-as constituir correntes do próprio Hinduísmo.
No caso do Budismo as divergências eram muito relevantes e não foi possível absorvê-lo. Por
outro lado, numa demonstração chocante de tolerância, o templo hindu Lakshmí-Narayan (Birla
Temple) de Delhi, possui uma alameda que conduz a um templo budista, construído ao lado
pelo mesmo mecenas, o Sr. Birla. Os devotos visitam o santuário hindu e, muitas vezes,
estendem sua visita ao templo budista – e vice-versa.
MESTRE DeROSE
33
praticar suas aulas sem nenhum conflito com a religião, o que, afinal,
é verdade. Mas Yôga Cristão não é um ramo de Yôga.
A CONFUSÃO GERADA PELO MERCADO
Tão incoerente quanto barafundar o Yôga com religiões é misturá-lo
com nacionalidades. É comum encontrarmos oferta de Yôga Tibetano,
Yôga Egípcio, Yôga Israelense. Ora, Tibet, Egito, Israel, são países.
“Yôga Tibetano” faz tanto sentido quanto “Yôga Brasileiro”, “Yôga
Argentino”, “Yôga Português”. Se existe Yôga no Tibet ele tem que
ser identificado pelo seu nome verdadeiro: Rája Yôga, Hatha Yôga,
Karma Yôga, Bhakti Yôga, etc.
Também ouve-se falar de Yôga Desportivo, Yôga Artístico, Yôga
Fitness, Power Yôga, etc. Trata-se de táticas modernas para tentar
atingir o consumidor onde ele é mais vulnerável: no apelo da
novidade. Yôga Desportivo será Hatha Yôga? Yôga Artístico não será
Hatha Yôga também? Power Yôga e Yôga Fitness não serão
igualmente Hatha Yôga? Mas Hatha Yôga está gasto, ultrapassado,
demodé. Ninguém mais quer praticar Hatha Yôga no Ocidente. Então,
nada melhor que tentar outra denominação.
A ESTRUTURA DO HINDUÍSMO
VAMOS LOCALIZAR O FIO DA MEADA
Para desfazer o imbróglio, vamos estudar a estrutura do Hinduísmo.
Talvez assim compreendamos que ao expressar nossos pontos de
vista, estaremos sendo ortodoxos, sim, mas intolerantes jamais.
Primeiramente, para facilitar a compreensão, vamos dividir o estudo
do Hinduísmo em dois grupos de escrituras: Shruti e Smriti.
I. SHRUTI
Shruti é a parte mais antiga, cujas raízes localizam-se há mais de mil
anos antes da nossa Era.
Shruti significa “aquilo que é ouvido”. Pode estar se referindo à
tradição oral, em que o ensinamento era transmitido de boca a ouvido,
ou então ao fato de que essas escrituras foram recebidas através de
revelação, por meio da qual os rishis “ouviram” os textos.
O Shruti é formado pelos quatro Vêdas – Rig Vêda, Sama Vêda,
Yajur Vêda e Atharva Vêda. Os Vêdas, por sua vez, compõem-se das
divisões denominadas Mantras, Brahmanas, Aranyakas e Upanishads.
Destas, as Upanishads são as que mais nos interessam por apresentar
as mais arcaicas referências hindus sobre o Yôga.
UPANISHAD
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
36
Upanishad significa literalmente sentar-se junto, mas normalmente é
traduzido como comentário. É que as Upanishads são os comentários
dos Vêdas e, por isso, estão situadas no final deles6.
As Upanishads servem para fundamentar filosofias como o Vêdánta e
o Yôga. Há Upanishads especializadas em diferentes temas, como
filosofia, medicina, religião, astronomia, etc. Em seu livro
Yôgakundaliní Upanishad, Sivánanda declara que existem 108
Upanishads. Em uma das minhas viagens à Índia, encontrei nos
Himalayas uma cópia antiga da Rudráksha Upanishad, que explana
sobre a semente de Rudráksha (Lágrima de Shiva), à qual atribuem-se
propriedades medicinais. Interessamo-nos especialmente pelas, assim
chamadas, Yôga Upanishads: Maitrí Up., Yôgatattwa Up., Yôgashára
Up., Yôgakundaliní Up., Dhyánabindu Up., Nádabindu Up., Ksurika
Up, Kathaka Up., etc., pois tratam do Yôga.
UPANISHADS (COMENTÁRIOS) DOS RESPECTIVOS VÊDAS
RIG VÊDA (10 Upanishads)
PRINCIPAL UPANISHAD:
VÊDÁNTA UPANISHADS:
SAMNYÁSA UPANISHADS:
YÔGA UPANISHAD:
VAISHNAVA UPANISHADS:
SHAIVA UPANISHADS:
SHAKTA UPANISHADS:
Aitarêya.
Atmabôdha, Kaushítakí, Mugdala.
Nirvána.
Nádabindu.
Não há.
Akshamálá.
Tripurá, Bahvrichá, Saubhágyalakshmí.
YAJUR VÊDA (51 Upanishads)
PRINCIPAL UPANISHAD:
VÊDÁNTA UPANISHADS:
SAMNYÁSA UPANISHADS:
YÔGA UPANISHAD:
VAISHNAVA UPANISHADS:
SHAIVA UPANISHADS:
Katha, Taittiríya,Ísávásya, Brhadáranyaka.
Akshi, Êkáshara, Garbha, Pránágnihôtra, Swêtásvatara, Sháriraka, Sukarahasya,
Skanda, Sarvasára, Adhyátma, Nirálamba, Paingala, Mántrika, Muktika, Subála.
Avádhúta, Katharudra, Brahma, Jábála, Turíyátíta, Paramhamsa, Bhikshuka,
Yájnavalkya, Sátyáyaní.
Amrtanáda, Amrtabindu, Kshurika, Tejôbindu, Dhyánabindu, Brahmavidyá,
Yôgakundaliní, Yôgatattwa, Yôgashikhá, Varáha, Advayatáraka, Trishikhibráhmana,
Mandalabráhmana, Hamsa.
Kalishántarana, Náráyana, Tárasára.
Kálágnirudra, Kaivalya, Dakshinámúrti, Panchabrahma, Rudrahrdaya.
6 Daí deriva o nome da filosofia Vêdánta, termo que significa literalmente o final dos Vêdas, já
que o Vêdánta é baseado nas Upanishads.
MESTRE DeROSE
SHAKTA UPANISHADS:
37
Saraswatírahasya.
SÁMA VÊDA (16 Upanishads)
PRINCIPAL UPANISHAD:
VÊDÁNTA UPANISHADS:
SAMNYÁSA UPANISHADS:
YÔGA UPANISHAD:
VAISHNAVA UPANISHADS:
SHAIVA UPANISHADS:
SHAKTA UPANISHADS:
Kêna, Chándôgya.
Mahat, Maitráyaní, Vajrasúchí, Sávitrí.
Árunêya, Kundika, Maitrêyí, Samnyása
Jábáladarshana, Yôgachúdámani,
Avyakta, Vásudêva.
Jábálí, Rudrákshajábála.
ATHARVA VÊDA (31 Upanishads)
PRINCIPAL UPANISHAD:
VÊDÁNTA UPANISHADS:
SAMNYÁSA UPANISHADS:
YÔGA UPANISHAD:
VAISHNAVA UPANISHADS:
SHAIVA UPANISHADS:
SHAKTA UPANISHADS:
Prasna, Mándúkya, Mundaka.
Átmá, Súrya.
Náradaparivrájaka, Parabrahma, Paramhamsaparivrájaka.
Páshupatabrahma. Mahávákya, Sándilya.
Krishna. Gáruda, Gopálatápaní, Tripádvibhútimahánáráyana, Dattátrêya,
Nrsimhatápaní, Rámatápaní, Rámarahasya, Hayagríva.
Atharvashikhá, Athavashira, Ganapati, Brhajjábála, Bhasmajábála, Sarabha.
Annapúrna, Tripurátápaní, Dêví, Bhávaná, Sítá.
TOTAL POR TIPO DE UPANISHAD
PRINCIPAIS UPANISHADS:
VÊDÁNTA UPANISHADS:
SAMNYÁSA UPANISHADS:
YÔGA UPANISHAD:
VAISHNAVA UPANISHADS:
SHAIVA UPANISHADS:
SHAKTA UPANISHADS:
TOTAL:
10
24
17
20
14
14
9
108
II. SMRITI
Smriti é divisão mais nova. A maior parte dos textos deste grupo tem
pouco mais de 2.000 anos. Smriti significa memória, referindo-se
provavelmente às recordações posteriores daquilo que o Shruti
ensinara no passado remoto.
Fazem parte do Smriti as divisões: Smriti, Itihasas, Puránas, Ágamas
e Darshanas.
a) ITIHASAS
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
38
Os Itihasas são os épicos Mahá Bhárata (Grande Índia) e Rámáyana (o
caminho, ou a vida de Ráma). Onde fica o Bhagavad Gítá? Ele é um
capítulo do Mahá Bhárata. O Mahá Bhárata é a descrição de uma
guerra. O Bhagavad Gítá (a canção do Sublime) é a descrição de uma
batalha daquela guerra. Relata fatos reais, redigidos de forma poética,
com ensinamentos filosóficos e éticos.
b) PURÁNAS
Purána significa antigo, antiguidade. São textos, mais acessíveis, que
permitem ao indiano médio compreender os ensinamentos antigos sob
uma redação mais simples. Contêm muitos contos, fábulas e outras
formas populares para transmissão do conhecimento. Estes são alguns
Puránas:
Shiva Purána, Vishnú Purána, Brahma Purána, Brahmanda Purána,
Skanda Purána, Linga Purána, Agni Purána, Naradiya Purána, Padma
Purána, Gáruda Purána, Varaha Purána, Bhagavata Purána,
Brahmavaivarta Purána, Markandêya Purána, Bhavishyat Purána,
Vamana Purána, Kúrma Purána, Matysa Purána, etc.
c) ÁGAMAS
Os Ágamas são manuais do culto vêdico, textos que ensinam ao
devoto como oficiar o culto pessoal e doméstico às suas divindades
eleitas. Podemos também entender os Ágamas como tendências
devocionais.
Certa vez, estávamos diante do Gandhi Memorial, em Delhi, e um
distinto senhor, muito solícito como em geral os indianos são,
explicou-nos que, segundo alguns estudiosos, contam-se 330 milhões
de deuses no hinduísmo. Ainda que esse número seja bastante
exagerado, não teríamos espaço nem justificativa para descrever aqui
centenas de tendências devocionais. Portanto, vamos ater-nos às três
principais, aquelas que abarcam a maciça maioria da população. São
elas:
1- Shaiva (Shivaísmo)
MESTRE DeROSE
39
Consta que Shiva foi um bailarino que viveu na civilização
Harappiana ou Dravídica. Atribui-se a Shiva a criação do Yôga.
Shiva tem mais de mil nomes e atributos. Natarája é o Shiva
bailarino. Shankar é o Shiva saddhu, meditante. Rudra é o Shiva
irado. Pashupati é o Shiva senhor dos animais. Representa o
Aspecto Renovador do Absoluto. Talvez por isso seja o patrono
do Yôga, arte de renovação biológica e mental por excelência.
2- Vaishna (Vishnuísmo)
Vishnú é o Aspecto Conservador do Absoluto. É o equivalente
ao Espírito Santo do Cristianismo. Vishnú se manifesta no
mundo através de seus Avatares, que são as encarnações
divinas. O hinduísmo é tão tolerante que reconhece Buddha
como um Avatar de Vishnú, apesar de Sidharta ter renegado o
hinduísmo! Krishna foi outra dessas encarnações. O
Krishnaísmo constitui uma seita do Vishnuísmo. Assim, os Harê
Krishnas pertencem a este Ágama.
3- Shakta (Shaktismo)
Shaktismo é o herdeiro do Tantrismo. Digamos que seja uma
interpretação tântrica do Hinduísmo, ou uma forma aceita pela
sociedade ariana (hindu) de praticar os preceitos tântricos.
Shakta é o adorador da Shaktí. Shaktí significa energia e designa
a mulher que, além de ser parceira, é cultuada como deusa viva.
Notemos que das três tendências devocionais mais expressivas
da Índia, duas delas estão alicerçadas na cultura pré-ariana, prévêdica.
d) DARSHANAS
Darshana significa ponto de vista. O Hinduísmo compreende seis
darshanas, ou seja, seis pontos de vista segundo os quais ele pode ser
professado. Independentemente das religiões e seitas, o Hinduísmo
possui uma profusão de filosofias. Estas seis detêm o status do
reconhecimento formal e acadêmico. Agrupam-se duas a duas, em
função de suas afinidades.
Primeiro par:
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
40
1-Yôga
2- Sámkhya;
Segundo par:
3- Vêdánta
4- Purva Mimansa;
Terceiro par:
5- Nyáya
6-Vaishêshika.
Podemos constatar que o Yôga é casado com o Sámkhya e não com o
Vêdánta, como muitos livros e instrutores insistem em ensinar.
Neste livro tratamos de Yôga. Comentamos um pouco sobre
Sámkhya, já que o Yôga tem mais afinidade com o Sámkhya.
Costumo ensinar aos meus futuros instrutores de Yôga: nosso foco
deve ser o Yôga, portanto, invista 99% do seu tempo a ele. Nosso
Yôga é de raízes Sámkhyas, portanto, dedique 0,9% do seu tempo a
ele. A literatura moderna de Yôga é muito influenciada pelo Vêdánta,
portanto, aplique 0,1% do seu tempo a ele.
Não estudaremos Mimansa, Nyáya, nem Vaishêshika, porquanto
entendemos que o Yôga não tem praticamente nenhuma relação com
esses outros três darshanas.
Agora, que compreendemos a estrutura do Hinduísmo, recordemo-nos
de que o Yôga surgiu séculos antes do advento do Shruti, numa
civilização que foi extinta justamente quando os arianos ocuparam o
seu território. O Vêdismo, que depois foi denominado Brahmanismo,
e, finalmente, Hinduísmo, contém muitos elementos da cultura
dravídica, mas diversos autores costumam negar isso.
Shruti
Vêdas
Rig Vêda
Sama Vêda
Yajur Vêda
Atharva Vêda
Mantras
Brahmanas
Aranyakas
Upanishads
(Yôga Upanishads:
Maitrí Up.,
Yôgatattwa Up.,
Yôgashára Up.,
Yôgakundaliní Up.,
Dhyánabindu Up.,
Nádabindu Up.,
Ksurika Up,
Kathaka Up.)
Smriti
Dharma shástras
Itihasas
Mahá Bhárata (do qual faz parte o Bhagavad Gítá)
Rámáyana
Puránas
Shiva Purána,
Vishnú Purána,
Brahma Purána,
Brahmanda Purána,
Skanda Purána,
Linga Purána,
Agni Purána,
Naradiya Purána,
Padma Purána,
Gáruda Purána,
Varaha Purána,
Bhagavata Purána,
Brahmavaivarta Purána,
Markandêya Purána,
Bhavishyat Purána,
Vamana Purána,
Kúrma Purána,
Matysa Purána, etc.
Ágamas
Vaishnas (vishnuístas)
Shaivas (shivaístas)
Shaktas (shaktistas)
HINDUÍSMO
Smriti
Yôga e
Sámkhya
Darshanas
Vêdánta e
Mimansa
Nyáya e
Vaishêshika
Notas do quadro:
1 O Yôga Pré-Clássico é mencionado nas Yôga Upanishads.
2 O Yôga que consta do Smriti é o Yôga Darshana ou Yôga Clássico, que surgiu cerca de
3.000 anos depois do Yôga Pré-Clássico.
-
yaeg
O QUE É O YÔGA?
A PALAVRA YÔGA
7
O termo Yôga é masculino, deve-se escrever com Y e com acento no
ô. O acento pode variar, dependendo da convenção utilizada
(circunflexo, macro, etc.). Contudo, seja qual for o acento, a palavra
sempre deve ser pronunciada com ô longo e fechado. O vocábulo
Yôga significa união, no sentido de integração ou integridade.
A DEFINIÇÃO DO YÔGA
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao
samádhi8. Esta é a definição mais abrangente e que serve para todas
as modalidades.
COMO SE CLASSIFICA
7 O acento indica apenas onde está a sílaba longa, mas ocorre que, muitas vezes, a tônica
está noutro lugar. Por exemplo: pújá pronuncia-se “púdja”; e yôganidrá pronuncia-se
“yôganídra”. Para sinalizar isso aos nossos leitores, vamos sublinhar a sílaba tônica de cada
palavra. Consulte o CD Sânscrito - Treinamento de Pronúncia para aprender a pronunciar
melhor. [A repetição do texto é intencional e foi admitida como concessão didática.]
8 Samádhi é o estado de hiperconsciência e autoconhecimento que só o Yôga proporciona.
Não tem nada a ver com o satori do Zen, nem com o nirvana do Budismo. Essas confusões
são perpetradas pelos teóricos, que leram muito e tendem a embaralhar os sistemas no afã de
encontrar um ponto em comum ou para exibir sapiência.
-
44
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Em termos de classificação, Yôga é uma filosofia. Filosofia de vida.
Filosofia prática. Há 4 troncos e 108 ramos de Yôga, todos diferentes
e muitos deles incompatíveis entre si. Por isso, quem se dedica a uma
vertente não deve mesclá-la com outra. No desenrolar deste capítulo
compreenderemos a razão. Para tanto, é preciso conhecer a história do
Yôga.
UMA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO
O estudo do Yôga e da sua história é cativante por tratar-se de uma
aventura no tempo e no espaço. Primeiramente, transportamo-nos ao
Oriente, à Índia, região para nós misteriosa, transbordante de magia,
divindades, poderes, fenômenos, montanhas e rios sagrados, templos e
monges.
Além dessa viagem ao Oriente, precisamos realizar uma expedição no
tempo, recuando mil, dois mil, três, quatro, cinco mil anos! Como
seria o povo que viveu naquela época? Quais seriam seus valores e
estrutura comportamental9? Para termos uma idéia mais precisa do
que significa isso, se retornarmos no tempo dois mil anos, estaremos
próximos do ano zero da Era Cristã. Se voltarmos mais dois mil, ainda
faltarão mil anos para chegarmos ao palco temporal em que tudo
começou.
A OPÇÃO DO YÔGA PRÉ-CLÁSSICO
Muita gente pergunta-nos a razão pela qual elegemos para ensinar
especialmente o Yôga Pré-Clássico. Não seria mais confortável
trabalhar com o Clássico ou algum mais moderno, dos quais encontrase bibliografia às mancheias? Por qual motivo dedicar-nos a uma
modalidade que é considerada extinta na própria Índia e de tão difícil
investigação? A resposta é: o Yôga mais antigo é o melhor, o mais
autêntico, o mais completo, o mais forte e o mais lindo. Ainda que ele
não o fosse, constituiria uma experiência fascinante pesquisar o Yôga
Primitivo por tratar-se de um dos mais arcaicos patrimônios culturais
9 Leia, sobre esse tema o livro Eu me lembro..., deste autor.
MESTRE DeROSE
45
da Humanidade, uma verdadeira escavação de arqueologia filosófica.
É deslumbrante resgatar esse tesouro quase perdido.
Um tesouro quase perdido, uma vez que ninguém mais se dedica a
ensinar o Yôga Original. No dias atuais, virtualmente todos preferem
ensinar o Yôga Moderno, que é utilitarista. O Yôga Moderno acena o
tempo todo com benefícios, como se a coisa em si nada valesse e
fosse necessário prometer alguma vantagem em troca da dedicação do
aluno. O que pensaríamos de um professor de violino que, ao invés de
focar pura e simplesmente a procura do público na arte de ser
violinista, preferisse apelar para os benefícios terapêuticos da música?
Sairia dali algum Yehudi Menuhin, alguma Vanessa Mae? O Yôga
Antigo, além de ser uma filosofia, é uma arte. Devemos praticá-lo se
já há algo dentro de nós que nos impele a ele, tal como impele o
artista a pintar.
QUAL É O YÔGA MAIS AUTÊNTICO
Não há dúvida de que o Yôga mais autêntico é o original. Todos
concordam com essa premissa. O primeiro a surgir é o mais legítimo.
As outras variedades modificaram a proposta e a estrutura inicial,
conseqüentemente, passaram a oferecer versões menos genuínas. É aí
que muita gente se melindra com a verdade, pois ela poderia estar
afirmando que o Yôga professado por este ou por aquele não é tão
fidedigno. E isso é difícil de se aceitar. Requer muita humildade e
pouco ego.
Contudo, a verdadeira proposta do Yôga original é relativamente fácil
de se demonstrar pelo estudo da Cronologia Histórica do Yôga.
A CRONOLOGIA HISTÓRICA
DO YÔGA
O Yôga teve sua origem na Índia, ou melhor, no território hoje
ocupado por ela. De fato, essa nação ainda não existia. No tempo,
situa-se há 5.000 anos. Culturalmente, localiza-se na civilização
harappiana ou dravídica, que expandiu-se a partir do Vale do Rio
Indo10. Ao longo de cinco milênios, o Yôga sofreu inúmeras
mutações. Vamos estudá-las.
Convidamos o leitor a ir construindo conosco o quadro da Cronologia
Histórica do Yôga.
Primeiramente, dividimos o Yôga em dois grandes períodos: o Yôga
Antigo e o Yôga Moderno. O primeiro ocupa um espaço de 4.000
anos. O segundo, ocupa apenas os últimos mil anos. Portanto, a
primeira divisão deveria ser quatro vezes maior do que a segunda.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
YÔGA MODERNO
Duração
4.000 ANOS
1.000 ANOS
No entanto, há muito mais registros dos períodos mais recentes. Dessa
forma, a divisão do Yôga Moderno acabou ocupando mais espaço no
nosso quadro sinótico.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
YÔGA MODERNO
Duração
4.000 ANOS
1.000 ANOS
10 Consulte os livros O Vale do Indo, de Sir Mortimer Wheeler, Editora Verbo, Lisboa; e Índia
Antiga, da Time-Life, São Paulo.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
48
A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE
O YÔGA ANTIGO E O YÔGA MODERNO
A diferença mais marcante entre os dois grandes grupos é o fato de
que o Yôga Antigo é de tendência predominantemente Sámkhya,
enquanto que o Yôga Moderno é de tendência predominantemente
Vêdánta.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
YÔGA MODERNO
Tendência
Sámkhya
Vêdánta
SÃO, PORTANTO, CORRENTES ANTAGÔNICAS
O Sámkhya11, é naturalista (não-espiritualista) e interpreta os
fenômenos desencadeados pelo Yôga como ocorrências que obedecem
às leis da Natureza e não são devidos a nenhuma graça divina nem
mérito espiritual do praticante. Naturalismo é a filosofia que atribui
causas naturais a todos os efeitos.
O Vêdánta, é espiritualista, não raro, místico, quase religioso, e
atribui os fenômenos produzidos pela prática do Yôga à graça divina e
ao mérito espiritual do praticante. Espiritualismo é a filosofia que
atribui causas sobrenaturais a todos os efeitos.
O YÔGA ORIGINAL NÃO ERA MÍSTICO
Note que, contrariamente ao que se imagina, o Yôga Antigo não é
místico e nem mesmo espiritualista. Esse é o Yôga Moderno. Sempre
achamos que os antigos fossem mais supersticiosos e místicos. É que
quando nos referimos aos antigos, estamos nos reportando a 200 anos
atrás, 500 anos, 1.000 anos. O Yôga Antigo data de 5.000 anos, um
período denominado proto-histórico, pois nem mesmo histórico ele
11 O hinduísmo é constituído por seis filosofias denominadas darshanas, ou pontos de vista.
Os seis são Yôga, Sámkhya, Vêdánta, Mimansa, Nyáya, Vaishêshika. São organizados em três
grupos de afinidades: o Yôga tem afinidade de origem com o Sámkhya; o Vêdánta tem
afinidade, não com o Yôga, mas com o Mimansa; e o Nyáya, com o Vaishêshika.
As repetições ao transmitir o ensinamento são intencionais para facilitar a memorização dos
termos sânscritos e dos conceitos por parte do estudante.
MESTRE DeROSE
49
chegava a ser, já que não foram encontrados textos que registrassem a
história. A questão é que não conseguimos sequer imaginar como era
aquela civilização. Uma coisa parece certa: não eram religiosos. Nas
escavações levadas a efeito desde o século XIX até o século XXI “não
foram encontradas ruínas de templos, nem esculturas de divindades,
nem de devotos em atitude de oração”12.
O espiritualismo e o misticismo foram se instalando na Índia em
tempos posteriores e tiveram o seu apogeu na Idade Média.
OS QUATRO TRONCOS DO YÔGA
O Yôga Antigo é dividido em Pré-Clássico e Clássico. Mesmo o
Sámkhya que fundamenta esses dois períodos é diferente. O PréClássico é fundamentado pelo Niríshwara Sámkhya, ou “Sámkhya
sem-Senhor”, e o Clássico, pelo Sêshwara Sámkhya, ou “Sámkhya
com-Senhor”. Este último é discretamente teísta, mas ainda não é
espiritualista nem místico.
O Yôga Moderno é dividido em Medieval e Contemporâneo, ambos
regidos pelo Vêdánta.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
Tendência
Sámkhya
Período
Yôga Pré-Clássico
Yôga Clássico
YÔGA MODERNO
Vêdánta
Yôga Medieval
Yôga Contemporâneo
O YÔGA MAIS ANTIGO NÃO É O CLÁSSICO
Neste ponto, detectamos um erro gravíssimo cometido pela maior
parte dos autores de livros e pelos professores de Yôga. Declaram eles
com freqüência que o Yôga mais antigo é o Yôga Clássico, do qual
ter-se-iam originado todos os demais. É muito fácil provar que estão
sofrendo de cegueira paradigmática. Primeiramente, nada nasce já
clássico. A música não surgiu como música clássica. Primeiramente
surgiu a música primitiva, que precisou evoluir milhares de anos até
que conquistasse o status de música clássica (tanto faz se música
12 Antigas Civilizações, de Gaston Courtilier.
50
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
clássica européia ou música clássica hindu). A dança é outro exemplo
eloqüente. Primeiro surgiu a dança primitiva, que precisou evoluir
milhares de anos até chegar a ser considerada dança clássica (seja ela
Ballet Clássico ou Bhárata Natya). Nada nasce já clássico. E assim foi
com o Yôga. Primeiramente, nasceu o Yôga Primitivo, Pré-Clássico,
Pré-Ariano, Pré-Vêdico, Proto-Histórico. Ele precisou se transformar
durante milhares de anos para chegar a ser considerado Yôga
Clássico. Provado está que o Yôga Clássico não é o mais antigo,
conseqüentemente, não nasceram dele todos os demais – o PréClássico, por exemplo, não nasceu dele.
Além dessa demonstração, nas escavações em diversos sítios
arqueológicos foram encontradas evidências de posições de Yôga
muito anteriores ao período clássico e textos que precederam essa
época já citavam o Yôga.
Mas como doutos escritores e Mestres honestos cometeram um erro
tão primário?
Acontece que a Índia foi ocupada pelos áryas, cujas últimas vagas de
ocupação ocorreram em cerca de 1.500 a.C. Isso foi o golpe de
misericórdia na Civilização Harappiana, de etnia dravídica. Conforme
registraram muitos historiadores, os áryas eram na época um povo
nômade guerreiro sub-bárbaro. Precisou evoluir mil e quinhentos anos
para ascender à categoria de bárbaro durante o Império Romano. A
Índia foi o único país que, depois de haver conquistado a arte da
arquitetura, após a ocupação ariana passou séculos sem arquitetura
alguma, pois seus dominadores sabiam destruir, mas não sabiam
construir, já que eram nômades e viviam em tendas de peles de
animais.
Como sempre, “ai dos vencidos”. Os arianos aclamaram-se raça
superior (isto lembra-nos algum evento mais recente envolvendo os
mesmos arianos?) promoveram uma “limpeza étnica” e destruíram
todas as evidências da civilização anterior. Essa eliminação de
evidências foi tão eficiente que ninguém na Índia e no mundo inteiro
sabia da existência da Civilização Harappiana, até o final do século
dezenove, quando o arqueólogo inglês Alexander Cunningham
começou a investigar umas ruínas em 1873. Por isso, as Escrituras
MESTRE DeROSE
51
hindus ignoram o Yôga Primitivo e começam a História no meio do
caminho, quando o Yôga já havia sido arianizado.
Tudo o que fosse dravídico era considerado inferior, assim como o
fizeram nossos antepassados europeus ao dizimar os aborígines das
Américas e usurpar suas terras. O que era da cultura indígena passou a
ser considerado selvagem, inferior, primitivo, indigno e, até mesmo,
pecaminoso e sacrílego. Faz pouco mais de 500 anos que a cultura
européia destruiu as Civilizações Pré-Colombianas e as aldeias de
aborígines, e já quase não há vestígio das línguas (a maioria foi
extinta), assim como da sua medicina, das suas crenças e da sua
engenharia que construiu Machu Picchu, as pirâmides, os templos e as
fortalezas, cortando a rocha com tanta perfeição sem o conhecimento
do ferro e movendo-as sem o conhecimento da roda.
Da mesma forma, na Índia, após mil e tantos anos de dominação
ariana, não restara vestígio algum da extinta Civilização Dravídica. O
Yôga mais antigo? Só podia ser ariano! Descoberto o erro histórico há
mais de duzentos anos, já era hora de os autores de livros sobre o
assunto pararem de simplesmente repetir o que outros escreveram
antes dessa descoberta e admitirem que existira, sim, um Yôga
arcaico, Pré-Clássico, Pré-Vêdico, Pré-Ariano, que era muito mais
completo, mais forte e mais autêntico, justamente por ser o original.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
Tendência
Sámkhya
YÔGA MODERNO
Vêdánta
Período
Yôga Pré-Clássico
Yôga Clássico
Época
Mais de 5.000 anos
séc. III a.C.
Yôga Medieval
séc. VIII d.C.
Yôga Contemporâneo
séc. XI d.C.
séculos XIX e XX
O CRIADOR DO YÔGA ERA DRÁVIDA
A tradição, as lendas e mesmo as Escrituras declaram que o Yôga foi
criado por Shiva. Só não confessam que Shiva era drávida. No
entanto, chama-nos a atenção um pormenor artístico. Em todas as
pinturas, Shiva é representado com a pele mais escura que os demais.
As pessoas que aparecem naquelas representações pictóricas têm a tez
clara, porém o criador do Yôga é retratado com a cor violácea. Isso é
bastante revelador, uma vez que os drávidas eram bem morenos,
52
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
tinham olhos negros e cabelos negros, enquanto que os arianos eram
originalmente louros, de pele e olhos claros. Depois, com 3.500 anos
de cruzamentos raciais, deixaram de sê-lo. Hoje podemos encontrar
saddhus nas montanhas, que cobrem com cinzas sua pele escura e
ficam com a mesma cor violácea atribuída ao criador do Yôga.
A ORIGEM DAS CASTAS PARA SEGMENTAÇÃO ÉTNICA
Foi justamente o conflito étnico que gerou a divisão da sociedade
indiana em castas. O termo varna, usado para designar casta, pode ser
traduzido literalmente como cor. É que os arianos “puros”,
encontrados atualmente entre os germânicos são, geneticamente, uma
etnia muito frágil, de genes recessivos. Tanto que se miscigenarem-se
com qualquer outra etnia, a descendência trará preponderantemente os
traços dessa outra, cujos genes serão dominantes. Algo precisava ser
feito urgentemente para que os guerreiros sub-bárbaros não se
caldeassem com os conquistados. Essa medida foi o advento do
sistema de castas que dividia a sociedade ariana por patamares de
pureza racial para efeito hierárquico, bem como de heranças e de
poder. Nas Américas não foi diferente. Índios, negros e mestiços não
tiveram a aceitação dos europeus e seus descendentes. Tantos séculos
depois, ainda não contam com uma perfeita integração cultural, social
e econômica dos países em que vivem e aos quais emprestam sua
contribuição. No entanto, impedir que os senhores cruzassem com
suas escravas era uma empreitada inglória. Por isso, hoje, mesmo os
de descendência e tradição ariana, ostentam os traços dos drávidas:
pele escura, olhos negros, cabelos negros.
Ocorrera uma ironia do destino. Os áryas venceram pela espada e
extinguiram quase todos os drávidas. Entretanto, os poucos drávidas
sobreviventes venceram pelo sexo e extinguiram todos os arianos!
O YÔGA CLÁSSICO FORMALIZA A ARIANIZAÇÃO
Cerca de 1.200 anos depois de instaurada a sociedade ariana na
extensão de terra que passa a ser chamada Bhárata (os ocidentais
chamam-na de Índia), nasce Pátañjali, que codifica o Yôga Clássico,
formalizando sua arianização. Novo erro crasso por parte dos
MESTRE DeROSE
53
escritores de livros sobre o tema: Pátañjali é constantemente
denominado “o pai do Yôga”. Perguntamos nós: como pode alguém
ser pai de algo que já existia milhares de anos antes do seu próprio
nascimento?
YÔGA MEDIEVAL: COMEÇA A VEDANTIZAÇÃO DO YÔGA
No século VIII d.C. Shankaráchárya viaja incansavelmente pela terra
dos Bháratas, para divulgar a filosofia Vêdánta, convertendo, ao longo
dos anos, grande parte da população hindu. A partir de então, as
pessoas convertidas, ao praticar Yôga estariam professando
obviamente um Yôga vêdantizado. Surge a fronteira ideológica que
passará a dividir o Yôga em Antigo e Moderno.
O HATHA YÔGA É TÂNTRICO
No século XI d.C. Matsyêndranatha funda a Escola Kaula, do
tantrismo (Kaulachara Tantra). Praticamente tudo o que existe de
literatura tântrica no Ocidente é originário dessa Escola. Seu
discípulo13 Gôrakshanatha funda o Hatha Yôga.
O YÔGA CONTEMPORÂNEO É TANTRA-VÊDÁNTA
No século XIX começa a surgir um movimento de recuperação do
Tantra Branco, Dakshinachara Tantra (bem mais antigo que o
Kaulachara) e tem início o Yôga Contemporâneo.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
Tendência
Sámkhya
YÔGA MODERNO
Vêdánta
Período
Yôga Pré-Clássico
Yôga Clássico
Yôga Medieval
Época
Mais de 5.000 anos
séc. III a.C.
séc. VIII d.C.
séc. XI d.C.
Yôga Contemporâneo
séculos XIX e XX
Mestre
Shiva
Pátañjali
Shankara
Gôrakshanatha
Aurobindo
UPANISHADAS
13 Se era discípulo de Matsyêndra, seguia a mesma linha. Um discípulo hindu jamais
questionaria ou contestaria seu Mestre, pois a liberdade de escolha é do discípulo. É ele que
escolhe o Mestre e escolhe-o por concordar com suas idéias e com a sua maneira de ensinar.
A partir daí, aceita tudo o que vier dele.
54
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
No que tange à literatura de cada período, Shiva, ao que nos consta,
não escreveu nada. Talvez a escrita nem mesmo existisse. Mas
fazemos constar na primeira coluna o tipo de Escritura denominada
Upanishad, pois é onde se encontram as mais antigas referências ao
Yôga14.
YÔGA SÚTRA
No século III a.C., o grande mérito de Pátañjali foi o de perenizar o
Yôga mediante sua tese Yôga Sútra15. O grande demérito foi que
oficializou-se como Yôga algo que propunha uma postura
comportamental contrária à proposta original. Deixa de ser tântrica
para tornar-se brahmáchárya, seu oposto diametral.
Sútra pode significar cordão ou aforismo. Aforismos são
ensinamentos cifrados em resumidíssimas palavras, somente
inteligíveis para os iniciados naquela linha específica.
VIVÊKA CHUDAMANI
No século VIII d.C., Shankara escreve sua obra Vivêkachudamani,
publicada no Brasil, na década de 1960 pela FEEU (Fundação
Editorial Educacional Universalista). Trata, obviamente, de Vêdánta.
HATHA YÔGA PRADÍPIKA
No século XI d.C., Gôraksha escreve seu livro Hatha Yôga,
modalidade que logo passa a ser perseguida por tratar-se de vertente
tântrica numa época de vigência brahmáchárya. Todos os exemplares
são destruídos e os seguidores desse ramo são torturados. Por medo do
martírio, instala-se o censurável costume, que perdura até os nossos
dias, dos praticantes desse ramo de Yôga tântrico, o Hatha,
declararem-se contra o Tantra! O livro proibido de Gôraksha Natha,
por sua vez, é reescrito de memória por um discípulo, décadas mais
tarde, quando as coisas se acalmam. A obra passa a denominar-se
14 Yôgashára Up., Yôgatattwa Up., Yôgakundaliní Up., Swetaswatara Up., Maitrí Up., Katha
Up., etc.
15 Leia o livro Yôga Sútra de Pátañjali, do Mestre DeRose.
MESTRE DeROSE
55
Hatha Yôga Pradípika. Só questionamos se os nossos discípulos
também teriam a competência de reescrever nossos livros de memória
e se conseguiriam preservar a autenticidade do que declaramos
originalmente...
MESTRES CONTEMPORÂNEOS
Nos séculos XIX e XX surge uma nova geração de Mestres, quase
todos de linha Vêdánta. Citamos vários, uma vez que não sabemos
qual deles será considerado o mais expressivo Mestre do Yôga
Contemporâneo. Só o saberemos daqui a uns duzentos anos ou mais.
Na sua época, nenhum dos Mestres foi considerado a maior autoridade
do respectivo período histórico. Pelo contrário. Em seu próprio tempo,
muitos foram atacados, difamados, perseguidos e torturados.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
Tendência
Sámkhya
YÔGA MODERNO
Vêdánta
Período
Yôga Pré-Clássico
Yôga Clássico
Yôga Medieval
Época
Mais de 5.000 anos
séc. III a.C.
séc. VIII d.C.
séc. XI d.C.
Mestre
Shiva
Pátañjali
Shankara
Gôrakshanatha
Literatura
Upanishad
Yôga Sútra
Vivêka
Chudamani
Hatha Yôga
Yôga Contemporâneo
séculos XIX e XX
Aurobindo16
Rámakrishna
Vivêkánanda
Shivánanda
Chidánanda
Krishnánanda
Yôgêndra
TRASH BOOKS
Quanto à literatura contemporânea, optamos por não mencionar
nenhuma. Seria muito prematuro citar algum livro como o principal
deste período17, pois a bibliografia editada nestes séculos costuma
16 Embora a tendência da maior parte dos Mestres e Escolas continue sendo brahmáchárya,
no período contemporâneo começa a se instalar uma tendência tântrica (dakshinachara)
representada por Aurobindo e Rámakrishna.
17 Nota da Comissão Editorial: muitos professores de Yôga são de opinião de que a obra
mais importante do século XXI é o livro SwáSthya Yôga Shástra, publicado no Brasil com o
título Faça Yôga antes que você precise, do Mestre DeRose. Essa obra é considerada a que
apresenta o maior acervo de técnicas do mundo em toda a História do Yôga e foi elogiada pelo
Presidente da Federação de Yôga da Índia, M. S. Viswanath, como “contribuição monumental
56
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
deixar muito a desejar: erros primários são cometidos, a imagem do
Yôga passa a ser muito mais distorcida, e até caricaturizada, em livros
popularescos escritos por autores que não são autoridade – a maioria
nem sequer é do ramo! É a era do “Yôga em 10 lições” e do “Cure a
sua mazela com o Yôga”.
O YÔGA PRÉ-CLÁSSICO É TANTRA-SÁMKHYA
O Yôga Pré-Clássico é a única vertente Tantra-Sámkhya da História,
isto é matriarcal, sensorial, desrepressora e naturalista (nãoespiritualista). Sua designação completa é:
Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga
Este nome é muito esclarecedor, já que define até quais os hábitos
alimentares e sexuais do praticante, esclarece que o seguidor dessa
corrente professa a liberdade, mas não usa fumo, álcool ou drogas,
abomina o misticismo e cultua a Natureza.
Estudando o quadro sinótico completo, abaixo, compreenderemos que
o Yôga mais antigo é muito diferente de todos os que vieram depois
dele. Como o estudante pode observar, a primeira coluna apresenta
uma proposta comportamental tântrica, que é matriarcal, sensorial e
desrepressora, enquanto que a partir da chegada dos arianos passa a
ser brahmáchárya, que é patriarcal, anti-sensorial e repressora.
Noutras palavras, ocorreu a primeira grande deturpação do Yôga,
invertendo sua proposta original.
CORRENTES INCOMPATÍVEIS
Portanto, primeira barreira é uma fronteira étnica, originada pela
guerra entre os invasores arianos e os donos da terra, os drávidas.
Trata-se de uma fronteira mais séria que a existente entre Sámkhya e
Vêdánta, pois esta outra é apenas ideológica. A que divide o Yôga
Pré-Clássico dos que surgiram depois, é uma fronteira de sangue, que
custou muita dor, torturas, mortes e escravidão. Foi tão intensa que
ficou profundamente impregnada no inconsciente coletivo da
ao Yôga deste século e a mais inestimável dádiva ao do século vindouro ... uma master-piece
no ensinamento do Yôga.”
MESTRE DeROSE
57
Humanidade. Tanto que hoje, 3.500 anos depois, do outro lado do
mundo, se um latino – que não é drávida nem ariano, que não estava
lá e não tem nada a ver com o conflito – ingressa no Yôga,
inevitavelmente, involuntariamente, agrega-se a uma das duas
vertentes e torna-se opositor à outra! Se sua opção foi pelo Yôga de
raízes tântricas, vincula-se ao setor do inconsciente drávida; ou, ao
contrário, se sua opção foi pelo Yôga de raízes brahmácháryas, atrelase ao do inconsciente ariano. Isso se nota imediatamente pelo fato de
que o praticante torna-se fortemente antipático à outra tradição e
começa a manifestar atitudes hostis com relação a ela.
A primeira reação que temos ao tomar contato com essa realidade é a
de não aceitar o antagonismo e querermos conciliar as duas correntes.
Infelizmente, todos os que o intentaram foram execrados por ambas,
como se fossem duplos traidores. Quando o leitor estudar o tema
egrégora, vai entender o motivo pelo qual um indivíduo é sempre o
elo mais fraco, que se rompe ao tentar interferir com fenômenos
grupais, especialmente se envolvem muitos seguidores, se a egrégora
é antiga e já está consolidada. Como este assunto é suficientemente
explanado no nosso livro Encontro com o Mestre, não vamos repetir
aqui aquelas explicações, mas recomendamos veementemente a
leitura da obra mencionada.
Estude, agora, o quadro completo:
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
58
CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA
Divisão
YÔGA ANTIGO
Tendência
Sámkhya
YÔGA MODERNO
Vêdánta
Período
Yôga Pré-Clássico
Yôga Clássico
Yôga Medieval
Época
Mais de 5.000 anos
séc. III a.C.
séc. VIII d.C.
séc. XI d.C.
séculos XIX e XX
Mestre
Shiva
Pátañjali
Shankara
Gôrakshanatha
Literatura
Upanishad
Yôga Sútra
Vivêka
Chudamani
Hatha Yôga
Aurobindo
Rámakrishna
Vivêkánanda
Shivánanda
Chidánanda
Krishnánanda
Yôgêndra
Fase
Proto-Histórica
Histórica
Fonte
Shruti
Smriti
Povo
Drávida
Árya
Linha
Tantra
Brahmáchárya
Yôga Contemporâneo
QUADRO EXTRAÍDO DO LIVRO YÔGA, MITOS E VERDADES, DESTE AUTOR.
EXERCÍCIO: PREENCHA AS LACUNAS DO QUADRO ABAIXO
RESUMO HISTÓRICO DOS EVENTOS QUE INFLUENCIARAM O YÔGA
Pré-história – aborígines australóides
Proto-história – drávidas
História – arianos, gregos, persas, mongóis e outros povos
INFLUÊNCIAS ÉTNICAS E POLÍTICAS
DATAS
EVENTOS QUE INFLUENCIARAM O YÔGA
+ de 3.000 a.C.
Shiva cria o Yôga. Na mesma época surgem o
Tantra e o Sámkhya.
Começo da invasão ariana. No mesmo
período tem início a decadência da
Civilização dravídica do Vale do Indo, mas
alguns historiadores declaram que não teve
nada a ver com a ocupação ariana. Foi
coincidência.
±2.500 a.C.
Os guerreiros nômades arianos destróem as
edificações da Civilização do Vale do Indo, mas,
como viviam em tendas, não sabiam construir
cidades. Isso fez da Índia o único país que,
depois de ter tido a arquitetura, ficou sem ela
por vários séculos.
Vaga final da ocupação ariana, após 1.000
anos de expedições militares e de
colonização.
±1.500 a.C.
O Yôga, o Tantra e o Sámkhya sofrem
discriminação, pois são considerados patrimônio
cultural do povo que perdeu a guerra.
Recrudescem as medidas arianas para
evitar a miscegenação racial com os
drávidas.
±Séc. X a.C.
Surgem as castas (varnas).
±Séc. VIII ao
séc. III a.C.
São escritas as Upanishads. Várias delas
mencionam o Yôga, o que prova que o Yôga já
existia antes de Pátañjali.
±Séc VI a.C.
Nascimento de Buddha.
Civilização do Vale do Indo, também
denominada dravídica ou harappiana.
Invasão persa.
Invasão grega (Alexandre Magno).
Depois das invasões persa e grega, os
arianos atenuam suas restrições quanto ao
Yôga.
-
326 a.C.
±Séc. III a.C.
Pátañjali escreve o Yôga Sútra, formalizando a
arianização do Yôga.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
60
Invasão dos Hunos.
±Séc. V d.C.
Invasão árabe.
Séc. VIII
Shankaráchárya difunde o Vêdánta. Começa a
vedantização maciça do Yôga.
A islamização, discretamente iniciada com a
invasão árabe, vai instalar-se efetivamente
com a próxima invasão.
Séc. XI
Gôrakshanatha cria o Hatha Yôga. Tem início o
costume de oferecer benefícios terapêuticos em
troca da dedicação ao Yôga.
Invasão turco-afegã.
Séc. XII
Invasão mongol (Gengis Khan).
Séc. XIII
Invasão portuguesa.
Séc. XVI
Invasão inglesa.
Séc. XVII
Começa a cristianização do Yôga.
Séc. XVIII
Começa a influência da ginástica britânica sobre
o Yôga.
Charles Masson (codinome de James Lewis)
descobre as ruínas de Harappa.
1826
O arqueólogo Alexander Cunningham
encontra as ruínas mencionadas no diário
de Masson.
1853
Cunningham consegue fundos para as
escavações, mas quando chega ao local ele
já havia sido vandalizado.
1873
A Índia passa a receber hordas de
ocidentais interessados no Yôga, mas que
interpretam tudo errado, de acordo com os
seus paradigmas.
1970
Intensifica-se a deturpação do Yôga no
Ocidente, sob o comando da Califórnia. As
demais culturas acatam sua atitude utilitarista,
mesclante e mercantilista.
Apesar das descobertas históricas e
arqueológicas, os professores de Yôga
insistem em ignorar que existiu um Yôga
Pré-Clássico e persistem em afirmar que o
ariano Pátañjali é o “pai do Yôga”.
2.000
Como reação contra a deturpação do Yôga,
DeRose lança uma ofensiva internacional de
resgate do Yôga Antigo, que estava em
extinção.
VAMOS ENTENDER OS 4 TRONCOS DO YÔGA
Regra áurea do magistério: dizer o óbvio
e ainda repetir três vezes.
DeRose
Declarar simplesmente que você estuda, pratica ou ensina Yôga não
ajuda muito a identificar o que você faz, pois o nome Yôga pode
designar quatro troncos diferentes e divergentes.
Veja o quadro abaixo:
Sámkhya
X
Vêdánta
YÔGA
Tantra
X
Brahmáchárya
As cinco filosofias acima são independentes umas das outras, mas
influenciam-se reciprocamente devido à proximidade territorial e ao
tempo de centenas ou milhares de anos em que conviveram lado a
lado. Cada qual teve sua origem separada e existe independentemente
das demais. As duas de cima, Sámkhya e Vêdánta, são teóricas. A do
meio, o Yôga, é uma filosofia prática. As duas de baixo são
comportamentais, sendo que a maioria dos estudiosos não reconhece o
Brahmáchárya como filosofia e sim como apenas uma tradição de
comportamento.
No que diz respeito à classificação do Yôga, o conceito de filosofia
prática é desconhecido no Ocidente. Academicamente, só se
reconhece como filosofia aquela de tradição grega, que nasceu do
Sámkhya, portanto é teórica. Consta que no início da Grécia Clássica
-
62
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
alguns filósofos indianos foram importados por Atenas. Como nesse
período a Índia também estava passando por seu período clássico, a
filosofia vigente era o Sámkhya. Daí as semelhanças entre o Sámkhya
e muitos dos princípios da filosofia helênica.
O YÔGA NÃO TEM TEORIA,
LOGO, NÃO PODE DOUTRINAR
Consideramos como uma das maiores virtudes do Yôga sua natureza
puramente técnica. Não tem teoria18, conseqüentemente não pode
fazer catequese, não interfere nas crenças nem nas questões de foro
íntimo.
Pelo fato de o Yôga ser estritamente prático, quando precisamos
fundamentá-lo com uma teoria especulativa, recorremos ao Sámkhya,
se tratar-se de Yôga Antigo; ou recorremos ao Vêdánta, se tratar-se de
Yôga Moderno. O problema é que o Sámkhya e o Vêdánta são
filosofias divergentes. Sámkhya é naturalista, enquanto que o Vêdánta
é espiritualista. Então já podemos vislumbrar aqui um antagonismo,
conforme nos reportemos ao Yôga Antigo (de mais de 5.000 anos até
pouco antes da Idade Média) ou ao Yôga Moderno (a partir do século
VIII d.C.).
Independentemente de uma determinada linha de Yôga estar atrelada
ao Sámkhya ou ao Vêdánta, poderá estar simultaneamente associada a
uma das duas filosofias comportamentais, o Tantra ou o
Brahmáchárya. Ocorre que essas duas são ainda mais antagônicas, já
que o Tantra é de características matriarcais, sensoriais e
desrepressoras; e o Brahmáchárya possui características patriarcais,
anti-sensoriais e repressoras.
Isto já deve estar bem compreendido pelo leitor, mas como trata-se de
nomenclatura sânscrita e conceitos novos para muita gente, é melhor
pagar o ônus de uma repetição do que superestimar a capacidade de
18 Se o Yôga não tem teoria, de que tratam os textos de Yôga, inclusive este mesmo livro? As
obras literárias sobre Yôga podem conter em suas páginas a explicação da prática, história,
opiniões dos autores, fundamentação Sámkhya ou Vêdánta e, ainda, conceitos do Tantra ou do
Brahmáchárya. No entanto, Yôga mesmo é quando você cala a boca e pratica.
MESTRE DeROSE
63
assimilação da matéria e passar batido pela possibilidade de algum
estudante não haver compreendido com a clareza necessária.
COMO SE PROCESSOU A TRANSFORMAÇÃO
No período mais antigo, Pré-Clássico, o Yôga tinha
raízes Sámkhya e Tantra. No período Clássico,
preservou a raiz Sámkhya, mas, com a ocupação
ariana, passou a ser Brahmáchárya, uma vez que
esse era o modelo comportamental dos áryas. Na
Idade Média, no século VIII d.C., Shankaráchárya
converte os hindus em massa para sua filosofia, o
Vêdánta, que já existia anteriormente, mas na
antiguidade não era tão popular. O Yôga Medieval
preserva o Brahmáchárya, porém torna-se Vêdánta.
No final do século XIX surge o Yôga
Contemporâneo. Neste, o Vêdánta é preservado, mas
o Brahmáchárya cede lugar ao Tantra, que começa a
se recuperar na opinião pública.
Note que, sempre, uma das duas raízes é substituída
e outra é preservada, pois se ambas fossem alteradas
as pessoas rechaçariam a proposta por não
reconhecê-la. Dessa forma, as mudanças foram se
processando lentamente. Se durante 5.000 anos esse
processo obedeceu a um padrão, podemos fazer uma
projeção para o futuro com uma boa margem de
precisão. Assim, na década de 1960 deduzimos que
a próxima tendência seria novamente TantraSámkhya, como nas origens. Ensinamos isso durante
quase 40 anos e, finalmente, ocorreu. Na passagem
ao ano 2000 o Yôga Pré-Clássico, de raízes TantraSámkhya, desencadeou um expressivo crescimento.
A mesma explicação que estudamos acima em diagrama linear,
vejamos agora numa ótica circular. Tudo começa no ápice do círculo,
com a linhagem original TS (Tantra-Sámkhya). Os yôgins desse
64
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
período eram naturais, felizes, espontâneos, sem repressões e sem
patrulhamento ideológico.
Devido à invasão ariana, o Yôga sofre
uma decadência e torna-se BS
(Brahmáchárya-Sámkhya). É a primeira
grande deturpação. Os yôgins, a partir
dessa época passam a se reprimir e
negar-se.
Todos
os
prazeres,
principalmente o sexual, sofrem uma
caça às bruxas. Na Idade Média o Yôga
sofre outro golpe e vai ao fundo do poço,
tornando-se BV (Brahmáchárya-Vêdánta), ou seja o oposto literal da proposta
original. Além da repressão sexual e
outras paranóias monásticas, essa
modalidade induz a um distúrbio que
denominamos
delirium
mysticum.
Seguindo nossa trajetória circular, por
força da inércia ocorre uma discreta
recuperação.
É
o
movimento
contemporâneo TV (Tantra-Vêdánta). O
Yôga ainda é místico, mas já torna a ser
matriarcal, sensorial e desrepressor.
Volta, portanto, a permitir, pelo menos
em parte, que as pessoas sejam elas
mesmas, que os praticantes possam
dançar e amar de forma espontânea e
saudável.
Prosseguindo em sua ascensão de volta às origens, o Yôga retorna à
sua posição original, TS (Tantra-Sámkhya). É o Yôga do Terceiro
Milênio! Surpreendentemente, o habitante do “futuro-que-chegou”, o
jovem do século XXI, abraça incondicionalmente, com grande
entusiasmo, o Yôga mais antigo, que é também o mais vanguardeiro.
MESTRE DeROSE
65
No entanto, a volta às origens não é bidimensional como no círculo
desenhado no papel. O processo evolutivo é, na verdade, uma espiral.
Portanto, ao retornar ao mesmo patamar, o Tantra-Sámkhya está numa
outra dimensão, milhares de anos no futuro em relação àquela
estrutura das aldeias proto-históricas.
[Inserir uma ilustração da espiral tridimensional.]
ASSOCIEMOS AGORA CADA TRONCO A UM PERÍODO HISTÓRICO
YÔGA ANTIGO
YÔGA MODERNO
TS (Tantra-Sámkhya)
BS (Brahmáchárya-Sámkhya)
BV (Brahmáchárya-Vêdánta)
TV (Tantra-Vêdánta)
Pré-Clássico
Clássico
Medieval
Contemporâneo
COMO IDENTIFICAR CADA TRONCO
Ora, cada uma das vertentes acima, tem suas características típicas de
cada momento histórico e é divergente das demais. Por exemplo:
a) Um yôgin do tronco Pré-Clássico,
[S] Por ser Sámkhya, é naturalista (não-espiritualista) e interpreta
os fenômenos desencadeados pelo Yôga como ocorrências que
obedecem às leis da Natureza e não são devidos a nenhuma graça
divina nem mérito espiritual do praticante.
[T] Por ser tântrico, seu comportamento é pautado pelo
matriarcalismo, pela sensorialidade e pela desrepressão. Logo,
coloca a mulher numa posição privilegiada na família, na
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
66
sociedade, e na administração pública; cultiva uma sexualidade
plena e exuberante, sem culpas nem malícias.
b) Um yôgin do tronco Clássico,
[S] Por ser Sámkhya, também é naturalista (não-espiritualista) e
interpreta os fenômenos desencadeados pelo Yôga como
ocorrências que obedecem às leis da Natureza e não são devidos a
nenhuma graça divina nem mérito espiritual do praticante.
[B] No entanto, por já ser brahmáchárya19, é marcado pelo
patriarcalismo, pela anti-sensorialidade e pela repressão.
Conseqüentemente, não admite que o poder recaia sobre a mulher,
cuja função deve resumir-se a gerar filhos e às tarefas caseiras;
não aceita o prazer, a liberdade nem a sexualidade.
c) Um yôgin do tronco Medieval,
[V] Por ser Vêdánta, é espiritualista, não raro, místico, e atribui os
fenômenos produzidos pela prática do Yôga à graça divina e ao
mérito espiritual do praticante.
[B] Por ser brahmáchárya, é vincado pelo patriarcalismo, pela
anti-sensorialidade e pela repressão. Conseqüentemente, não
admite que o poder recaia sobre a mulher, cuja função deve
resumir-se a gerar filhos e às tarefas caseiras; não aceita o prazer,
a liberdade nem a sexualidade.
d) Um yôgin do tronco Contemporâneo,
[V] Por ser Vêdánta, é espiritualista, não raro, místico, e atribui os
fenômenos produzidos pela prática do Yôga à graça divina e ao
mérito espiritual do praticante.
[T] Por ser tântrico, seu comportamento é pautado pelo
matriarcalismo, pela sensorialidade e pela desrepressão. Logo,
coloca a mulher numa posição privilegiada na família, na
sociedade, e na administração pública; cultiva uma sexualidade
plena e exuberante, sem culpas nem malícias.
19 Utilizaremos inicial maiúscula quando nos referirmos ao sistema em si, e inicial minúscula
quando tratar-se de algo referente a ele.
MESTRE DeROSE
67
Assim, se duas pessoas desconhecidas, de linhas diferentes de Yôga,
encontrarem-se por acaso numa livraria, perceberem que têm
interesses supostamente comuns em Yôga, e passarem a conversar,
será apenas uma questão de tempo para que comecem a se
desentender, justamente pelo fato de ambas praticarem Yôga... de
linhas incompatíveis!
Se os dois forem: um de linha Sámkhya e outro de linha Vêdánta, o
primeiro começará a ter muita pena que o outro seja um crente,
enquanto que o segundo ficará indignado pelo fato do primeiro ser um
cético, ateu e materialista. Na verdade, não que é que o primeiro seja
isso tudo, mas é assim que o segundo interpreta.
Se os dois forem: um de linha tântrica e outro de linha brahmáchárya,
o primeiro começará a deplorar que o outro seja tão reprimido e
moralista – ou, talvez, hipócrita – enquanto o segundo ficará revoltado
que o primeiro declare praticar Yôga, mas seja um depravado, imoral,
pervertido. Na realidade, nenhum dos dois é, forçosamente, o que o
outro interpreta, contudo, é como eles se vêem, pois partem de
paradigmas comportamentais antagônicos.
Agora, imagine um encontro entre um Sámkhya-Tantra e outro
Vêdánta-Brahmáchárya! Tornam-se nada menos que inimigos por
causa de uma filosofia que se chama União. Incoerência? Talvez. Mas
se estudarmos a História do Yôga é possível que passemos a
compreender esses antagonismos.
OS VERBOS DAS RAÍZES
Os verbos que melhor explicam estas filosofias, são:
Yôga – poder
Sámkhya – saber
Vêdánta – crer
Tantra – sentir
Brahmáchárya – dominar20
20 Dominar, controlar, não constituem proposta do Yôga e sim do Brahmáchárya. Portanto, não
faz o menor sentido aquele estribilho escutado a torto e a direito pelos praticantes de Yôga:
68
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Colocando lado a lado os verbos acima, poderemos ter uma idéia mais
precisa dos resultados das receitas assim obtidas.
1. Casando poder, saber e sentir, obtemos uma proposta sábia e
sensível da administração do poder. Essa estrutura é a das antigas
civilizações não-guerreiras, a mesma do Yôga Pré-Clássico.
Parece ser a melhor de todas as combinações, a mais humana, a
mais racional e a mais equilibrada. É relacionada com a sapiência
e com a arte.
2. Associando poder, saber e domínio, poderemos obter algo em que
o poder fica mais forte com o conhecimento para conseguir a
dominação das pessoas. Isso é um perigo. O nazi-fascismo tem
essa estrutura.
3. Amalgamando poder, crença e domínio, chegaremos a um
resultado em que o poder respaldado pela crendice torna-se
irracional no desempenho da dominação. Essa foi a estrutura da
Santa Inquisição e é praticada atualmente por alguns grupos
espiritualistas21. Aliás, a própria ciência, que se diz racional, está
contaminada por essa praga.
4. Juntando poder, crença e sensibilidade, obteremos uma
administração sensível do poder, porém conduzido pela crendice,
resultando em atitudes irracionais e emocionais. Produz muitos
sonhos, devaneios e idealismo, porém sem ter os pés no chão. Essa
estrutura foi proposta pela filosofia hippie e é professada pelos
“Você não pratica Yôga? Deveria se controlar melhor.” Na verdade, essa frase é uma
declaração de ignorância a respeito da verdadeira natureza do Yôga e costuma ser aplicada
pelos mais íntimos para manipular o yôgin, a fim de que ele se submeta às conveniências dos
outros. O leigo acha que o Yôga tem essa proposta de dominar-se, controlar-se, pois o único
Yôga que conhece é o Medieval, da vertente brahmáchárya, a qual é repressora. O Yôga não é
repressor. Nem poderia, uma vez que ensina apenas técnicas.
21 Não confunda espiritualista com espírita. São conceitos distintos. Espírita é o que tem por
fundamento os ensinamentos dos espíritos dos mortos recebidos pelos vivos através da
mediunidade. Por definição o espírita é também espiritualista, porém alguns espiritualistas nãoespíritas discordam. Esses combatem o espírita porque não concordam que os espíritos de
pessoas mortas tenham mais sabedoria do que os das pessoas vivas. Muito menos aceitam a
mediunidade, que consideram perigosa e prejudicial. Espiritualistas são, por exemplo, os
teosofistas, eubióticos, antroposofistas, rosicrucianos e mais uma infinidade de escolas de
tendência ocultista. Note bem: isso não quer dizer que todas essas instituições sejam
antagônicas ao espiritismo. Vale também lembrar que este autor não é espiritualista nem
espírita, mas não tem nada contra essas duas correntes.
MESTRE DeROSE
69
seus herdeiros atuais, os alternativos. Têm boas-intenções,
contudo, é mais freqüente que seus projetos terminem em fracasso
do que cheguem a bom termo. Pode conduzir à auto-enganação,
sugestibilidade e hipnose.
Pelas comparações acima, compreendemos que o Yôga mais antigo,
Pré-Clássico, pré-vêdico, pré-ariano, proto-histórico seja considerado
a melhor proposta.
YÔGA, SÁMKHYA E TANTRA22
Uma outra questão é: os Mestres mais sérios defendem o purismo e
desaconselham as mesclas. O que verificamos neste capítulo não
seriam misturas? O Yôga mestiçado com o Sámkhya e com o Tantra
ou com o Vêdánta e com o Brahmáchárya, não ocasionaria choque de
egrégoras?
Não. Na verdade, essas filosofias não estão misturadas, estão casadas,
ou seja, uma apenas complementa a outra num território em que a
outra não interfere. Note que o Yôga, que é prático, combina-se com
uma filosofia teórica e com uma comportamental. Não existe a
possibilidade, por exemplo, de um Yôga Sámkhya-Vêdánta, uma vez
que essas duas correntes são ambas teóricas e, ao se mesclar,
entrariam inevitavelmente em choque. Como seria concebível que um
praticante fosse ao mesmo tempo espiritualista e não-espiritualista? O
mesmo ocorre com as raízes comportamentais. Não se pode mesclar
Tantra com Brahmáchárya, pois são da mesma natureza, logo,
antagônicas. Seria possível alguém ser matriarcal e patriarcal;
sensorial e anti-sensorial; repressor e desrepressor, simultaneamente?
Portanto, as declarações: “não sou de linha nenhuma” ou “sou de
22 Recomendamos a leitura do livro Yôga, Sámkhya e Tantra, do Mestre Sérgio Santos,
Presidente da Federação de Yôga de Minas Gerais, considerado um dos melhores livros já
escritos sobre o tema.
70
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
todas as linhas”, constituem incoerência e, na prática, o cumprimento
dessa premissa é impossível.
AS RAÍZES, O TRONCO E OS RAMOS
AS RAÍZES
Já vimos que o Yôga mais antigo é de bases Tantra e Sámkhya.
Acontece que existem vários tipos de Tantra e vários tipos de
Sámkhya.
O Tantra mais antigo é o Tantra Branco, ou “da mão direita”,
denominado Dakshinachara (dakshinah = direita + achara =
comportamento). Temos então o Dakshinacharatántrika.
Essa modalidade de Tantra é considerada tão antiga que teria suas
origens no neolítico. Assim sendo, não possui todo aquele
emaranhado de símbolos e ritos que complicam a vida do adepto de
um Tantra posterior, como o Vamachara ou o Kaulachara, que
floreceu sob o obscurantismo da Idade Média.
O Sámkhya mais antigo é o Niríshwara (nir = sem + Íshwara =
Senhor). Temos então o Niríshwarasámkhya. O prefixo nir
confundiu alguns estudiosos de linha contrária, os quais quiseram
entender que essa vertente seria ateísta. Na verdade, a intenção é
apenas a de deixar claro que não há nenhuma conotação teísta nem
espiritualista23, tal como na Engenharia, Física ou Química. Séculos
23 Não confunda espiritualismo com espiritualidade. A espiritualidade é um patrimônio do ser
humano. O Yôga de qualquer modalidade, desde que autêntico, desenvolve a espiritualidade.
Espiritualismo é a institucionalização da espiritualidade, ou o sistema que toma por centro o
espírito em contraposição à matéria, baseando-se no conceito da dicotomia entre corpo e alma
como coisas separadas e oponentes.
A espiritualidade é uma função biológica. É como a digestão. Todos a temos: uns, melhor;
outros, nem tanto. O Yôga a aprimora. Contudo, ficar com fixação sobre isso é sinal de
distúrbio psicológico. Você só pensa na sua digestão quando ela não está funcionando bem. É
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
72
mais tarde surge o Sêshwarasámkhya (sa = com + Íshwara = Senhor),
com características discretamente teístas, mas ainda não propriamente
espiritualistas.
Ora, como demonstramos anteriormente, se apenas encontrarmos um
Yôga cujas raízes sejam o Tantra associado com o Sámkhya, já
poderemos afirmar que trata-se da vertente Pré-Clássica. Se, no
entanto, o tipo de Tantra for o mais arcaico e o tipo de Sámkhya for o
mais ancestral, não resta sombra de dúvida de que estamos nos
referindo a uma tradição muito, mas muito antiga. Temos, então, as
raízes:
Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga24
O TRONCO
Como já vimos nos capítulos anteriores, existem quatro troncos: o
Tronco do Yôga Pré-Clássico (Tantra-Sámkhya), o Tronco do Yôga
Clássico (Brahmáchárya-Sámkhya), o Tronco do Yôga Medieval
(Brahmáchárya-Vêdánta) e o Tronco do Yôga Contemporâneo
(Tantra-Vêdánta). Na verdade, todos os troncos nasceram do tronco
mais antigo, como é óbvio, mas cada um deles passou a ter identidade
a mesma coisa com a espiritualidade. Imagine alguém lendo livros sobre digestão, indo a
conferências sobre digestão, debatendo sobre digestão e seguindo Mestres de digestão! Essa
pessoa deve ser doente da função digestiva... Quem assiste a palestras sobre espiritualidade,
lê livros sobre esse tema, debate-o, ou segue Mestres espirituais, por analogia, também deve
ser uma pessoa doente da espiritualidade. Caso contrário, desfrutaria dela com naturalidade e
a aprimoraria com discrição. [Quando afirmamos que a espiritualidade é uma função biológica,
estamos utilizando este termo num sentido amplo, estendendo-o para até onde exista a vida,
bios, e não o limitamos ao âmbito corporal.]
24 Em sua origem, o nome do tronco pré-clássico era simplesmente Yôga, até porque não
havia outro com o qual pudesse ser confundido. A partir do surgimento de outras modalidades
tornou-se necessário distinguir o mais antigo. Assim, quando foi introduzido um Yôga
brahmáchárya precisou-se esclarecer que o mais antigo não era árya, patriarcal e sim Tántrika,
matriarcal. Quando surgiu o Tantra Negro com seus excessos, foi preciso deixar bem claro que
o mais ancestral não tinha nada a ver com aquilo, que o Yôga original era de Linha Branca. Até
então, a Linha Branca nem sequer tinha nome. Era o Tantra de um lado e o Tantra Negro do
outro. Com o tempo, para evitar mal-entendidos, foi preciso criar uma denominação:
Dakshinachara. Nosso tronco original passou a ser conhecido como Dakshinachara-tántrika
Yôga. Quando foi introduzida a vertente Sêshwara-sámkhya, sentiu-se a necessidade de
informar que o tronco mais antigo era Niríshwara-sámkhya. E, assim, o nome foi crescendo até
tornar-se impraticável a sua aplicação no dia-a-dia.
MESTRE DeROSE
73
própria e conflitante com os demais. De cada um deles nasceram
ramos, que são os tipos ou modalidades de Yôga.
Os troncos proporcionam a fundamentação teórico-especulativa
(Sámkhya ou Vêdánta) e comportamental (Tantra ou Brahmáchárya).
Os ramos proporcionam a fórmula ou receita resultante do tipo de
técnicas utilizadas e em que proporção.
OS RAMOS
Os ramos são as diferentes combinações de técnicas, como se fossem
diferentes receitas de bolo. Nesta receita, utilizamos farinha de trigo,
manteiga, ovos, açúcar, sal e fermento. Nesta outra, utilizamos farinha
de milho, margarina, ovos, mel e fermento. Nesta terceira, não usamos
ovos. Nesta quarta, não usamos fermento. Ele fica duro, mas há quem
goste. E há receitas que consistem em substituir a farinha por pó de
serragem, a manteiga por óleo diesel, o açúcar por talco e o sal por
arsênico. Fórmulas ilegítimas, intragáveis e prejudiciais à saúde como
esta, por incrível que pareça, estão no mercado e as pessoas pagam
por ela, por ser desinformadas ou, pior, mal-informadas.
No caso do Yôga, alguns dos ingredientes que constituem as
diferentes receitas (todas legítimas neste exemplo) são:
• Pratyáhára, dháraná, dhyána e samádhi (Rája Yôga Pré-Clássico).
• Yama, niyama, ásana, pránáyáma, pratyáhára, dháraná, dhyána e
samádhi (Rája Yôga Clássico).
• Yama, niyama, ásana e pránáyáma (Hatha Yôga25).
25 O Hatha Yôga, que surgiu em torno do século XI d.C., hoje está desfigurado. Yama e
niyama eram elementos fundamentais, tanto que nos demais tipos de Yôga aplicam-se 5
yamas e 5 niyamas, mas no Hatha Yôga, são 10 yamas e 10 niyamas. No entanto, não se
ensinam mais essas normas éticas. A estrutura aplicada pelo Hatha no século XX era
pránáyáma e ásana (finalizavam a classe com shavásana, que é um ásana de relaxamento). É
admissível incluir mudrás, kriyás e bandhas na sessão de Hatha, o que está igualmente
correto, mas não é obrigatório. Portanto, se a aula não tiver esses elementos, será considerada
completa e correta, de acordo com os parâmetros do Hatha Yôga. E se os tiver, também.
Contudo, no final do século passado já estavam acrescentando elementos apócrifos, tais como
mantra e meditação, que absolutamente não fazem parte do Hatha Yôga. Pior: atualmente,
muitos ensinantes mesclam elementos alienígenas, que não fazem parte sequer do Yôga, tais
como macrobiótica, massagem, do-in, budismo, aquecimento de ginástica, reiki, cristais, florais,
enfim, vale tudo, desde que o mercador ofereça uma versão “nova”, “dele”, diferente do que já
exista, mestiçando as tendências da moda naquele ano.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
74
•
•
•
•
•
•
Kirtan, japa e bíja (Mantra Yôga).
Mantra e pújá (Bhakti Yôga).
Dhyána (Dhyána Yôga).
Ásana (Ásana Yôga).
Sêvá (Karma Yôga).
Et caetera.
São ao todo 108 combinações de técnicas, ou 108 ramos,
homologados no passado como métodos reconhecidos. Em princípio,
todos os ramos poderiam pertencer a todos os troncos26, salvo as
exceções. Por exemplo, o Tantra Yôga é um ramo que não pode
pertencer a nenhum dos dois troncos brahmácháryas, pois
Brahmáchárya e Tantra, são incompatíveis. Fora isso, verifica-se que
alguns ramos não existem num determinado tronco, simplesmente por
ninguém os haver sistematizado. Exemplo: existe um Rája Yôga PréClássico (Tantra-Sámkhya), um Rája Yôga Clássico (BrahmácháryaSámkhya) e um Rája Yôga de estrutura Medieval (BrahmácháryaVêdánta). Poderia existir um Rája Yôga Contemporâneo (TantraVêdánta), mas não existe, porquanto ninguém o codificou.
[Desenho da árvore do Yôga, do livro do Mestre Sérgio
Santos. O copyright do livro é nosso.]
Extraído do livro Yôga, Sámkhya e Tantra, do Mestre Sérgio Santos.
O QUE SÃO OS DIVERSOS TIPOS DE YÔGA
26 Isso nos daria mais de 400 possibilidades!
MESTRE DeROSE
75
Aquelas criativas receitas foram elaboradas empiricamente ao longo
de 5.000 anos para adaptar-se a diferentes tipos de praticantes. As
combinações entre si alcançam uma variedade incalculável e, pode-se
dizer, há pelo menos uma modalidade de Yôga perfeita para cada
pessoa. Ou seja, um método ideal para conduzi-la à meta, que é o
samádhi (a hiperconsciência), desenvolvendo adicionalmente, durante
a jornada, uma série de efeitos colaterais para a saúde, que o leigo
confunde com a finalidade do Yôga em si. Confunde os meios com os
fins.
DESCRIÇÃO DE VÁRIAS MODALIDADES DE YÔGA
Para sua ilustração, vamos descrever alguns tipos de Yôga.
Rája Yôga, o Yôga mental
Rája significa real (dos reis). Consiste em quatro partes ou angas:
pratyáhára (abstração dos sentidos), dháraná (concentração mental),
dhyána (meditação) e samádhi (hiperconsciência). Posteriormente, em
torno do terceiro século antes de Cristo, a estas quatro técnicas, foi
acrescentada uma introdução constituída por outras quatro (yama,
niyama, ásana, pránáyáma) com o que codificou-se o Ashtánga Yôga,
ou Yôga Clássico. Veja, mais adiante, a explanação sobre o Yôga
Clássico.
Do Rája Yôga mais antigo nasceram o Pátañjala Rája Yôga (ou
Ashtánga Yôga), e o Suddha Rája Yôga. Do Ashtánga Yôga, nasceu o
Kriyá Yôga.
Bhakti Yôga, o Yôga devocional
Bhakti significa devoção. O Yôga devocional não é forçosamente
espiritualista. Em suas origens pré-clássicas, sua fundamentação era
naturalista e na região em que floresceu não foram encontradas
evidências da existência de religiões institucionalizadas. O Bhakti
Yôga pré-clássico consiste em cultuar as forças da Natureza, o Sol, a
Lua, as Árvores, os Rios, etc. Já o Bhakti Yôga medieval consiste em
cultuar as divindades e os Mestres espirituais.
76
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Karma Yôga, o Yôga da ação
Karma significa ação. É um Yôga que induz à ação. Sua vertente
medieval passou a ter conotações da filosofia Vêdánta, o que lhe
conferiu um ar de “ação desinteressada”, quando na verdade a
proposta é impelir à ação, ao trabalho, à realização. Por certo, tal
dinâmica em princípio não visa a benefícios pessoais, recompensas ou
reconhecimento.
Jñána Yôga, o Yôga do autoconhecimento
Jñána significa conhecimento. O método dessa modalidade consiste
em meditar na resposta que o seu psiquismo elaborar para a pergunta
“quem sou eu?”, até que não haja mais nenhum elemento que possa
ser separado do Self e analisado. Nesse ponto, o praticante terá
encontrado a Mônada, ou o Ser.
Do Jñána Yôga nasceram o Dhyána Yôga e o Mahá Yôga.
Layá Yôga, o Yôga das paranormalidades
Layá significa dissolução. A intenção neste tipo de Yôga é dissolver a
personalidade, ou seja eliminar a barreira que existe entre o ego e o
Self. Como o Self ou Mônada é o próprio Absoluto que habita em cada
ser vivente, ao se dissolver a barreira da personam, todo o seu poder e
sabedoria fluem diretamente para a consciência do praticante.
Do Layá Yôga nasceu o Kundaliní Yôga.
Mantra Yôga, o Yôga do domínio do som e do ultra-som
Mantra significa vocalização. Trata-se de um ramo de Yôga que
pretende alcançar a meta através da ressonância transmitida aos
centros de energia do próprio corpo, conduzindo-os a um pleno
despertar. Como conseqüência, a consciência aumenta e o praticante
atinge o samádhi.
Do Mantra Yôga nasceram o Japa Yôga e o Náda Yôga.
Tantra Yôga, o Yôga da sensorialidade
MESTRE DeROSE
77
Tantra significa, entre outras coisas, a maneira correta de fazer
qualquer coisa, autoridade, prosperidade, riqueza; encordoamento
(de um instrumento musical). É a via do aprimoramento e evolução
interior através do prazer. Ensina como relacionar-se consigo mesmo,
com os outros seres humanos, família, superiores ou inferiores
hierárquicos, animais, plantas, meio ambiente, tudo enfim. Também
trata de tudo o que se refira à sensorialidade e à sexualidade. Pretende
atingir a meta mediante o reforço e canalização da libido. Para evitar
confusões, registre-se que a literatura do autor Rajneesh (Osho) não
trata de Tantra Yôga, mas simplesmente de Tantra (Vamachara
Tantra).
Do Tantra Yôga nasceram o Hatha Yôga, o Urdhwaratus Yôga e o
Amritá Yôga.
SwáSthya Yôga, o Yôga Antigo, de raízes pré-clássicas, que
compreende todos os anteriores
SwáSthya27 significa auto-suficiência, saúde, bem-estar, conforto,
satisfação. SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga
Antigo, o próprio tronco do Yôga Pré-Clássico, por isso é tão
completo, pois possui o gérmen do que, séculos mais tarde, daria
origem aos oito ramos mais antigos (Ásana Yôga, Rája Yôga, Bhakti
Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Layá Yôga, Mantra Yôga e Tantra
27 Swá significa seu próprio. Também embute o sentido de bem ou bom. Sthya transmite a
idéia de estabilidade. Por isso um dos significados de SwáSthya é auto-suficiência (selfdependence), ou seja, dependência de si próprio, estabilidade em si mesmo; e outro significado
é bem-estar (sound state).
O leitor já deve estar curioso a respeito da grafia adotada neste livro para escrever SwáSthya,
com um S maiúsculo no meio da palavra. Essa é uma medida corretiva que fomos obrigados a
adotar após décadas de perplexidade ao testemunhar pessoas perfeitamente alfabetizadas
pronunciarem sistematicamente “swátia”, ignorando solenemente o segundo S. No início,
achávamos que o problema era do brasileiro que, supúnhamos, entrava em pânico com letras
incomuns na nossa língua, tais como W e o Y. Com o passar dos anos constatamos que
noutros países esse fenômeno também ocorria. Ora, como no passado ninguém teve
problemas em pronunciar swástika e no presente também ninguém se atrapalha para pedir
uma água tônica Schweppes, que, convenhamos, é foneticamente muito mais complicado,
deduzimos que está ocorrendo um problema mundial de aculturação hollywoodiana. Parece
que a partir do seriado S.W.A.T., que foi veiculado pela televisão durante anos em todas as
colônias, o cérebro dos nossos contemporâneos simplesmente se recusa a registrar a
existência de um S entre o A e o T. Esperemos que a concessão didática de escrever o S
medial com maiúscula conte com a sua indulgência e possa corrigir a pronúncia do leigo.
78
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Yôga). Sua prática consiste em oito feixes de técnicas, a saber: mudrá
(linguagem gestual), pújá (sintonização com o arquétipo), mantra
(vocalização de sons e ultra-sons), pránáyáma (respiratórios), kriyá
(purificação das mucosas), ásana (técnica corporal), yôganidrá
(técnica de descontração) e samyama (concentração, meditação e
outras técnicas mais profundas). Trata-se da sistematização do
Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, um proto-Yôga
integrado de origens dravídicas com mais de 5.000 anos.
Do Yôga Pré-Clássico nasceram os oito mais antigos: Ásana Yôga,
Rája Yôga, Bhakti Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Layá Yôga,
Mantra Yôga e Tantra Yôga. Destes, nasceram todos os demais.
Suddha Rája Yôga, uma variedade de Rája Yôga medieval,
pesadamente místico
Suddha significa puro. Dá a entender que pretende ser a versão mais
pura do Rája Yôga, o que não é verdade, já que o Rája Yôga era de
fundamentação Sámkhya e o Suddha Rája é fundamentado pelo ponto
de vista oposto, o Vêdánta. Consiste em mantras e meditação. Aqui no
Brasil, sofreu influência do Cristianismo e passou a ser exercido como
um híbrido de religião cristã. Atualmente é difícil de ser encontrado
no Brasil.
Kundaliní Yôga, o Yôga do poder
Kundaliní significa aquela que tem a aparência de uma serpente. É
um tipo de Yôga que visa ao despertamento da energia que leva o seu
nome (kundaliní). Essa energia está situada no períneo e tem relação
direta com a sexualidade. Seu despertamento e ascensão pela medula
espinhal até o cérebro produz uma constelação de paranormalidades,
culminando num estado expandido da consciência denominado
samádhi, que é a meta do Yôga. Na verdade, não apenas esta
modalidade, mas todos os tipos autênticos de Yôga trabalham o
despertamento da kundaliní, conforme nos diz o Dr. Sivánanda em seu
livro Kundaliní Yôga, Editorial Kier, página 70. Nos Estados Unidos
floresceu uma vertente apócrifa de Kundaliní Yôga, transmitido por
MESTRE DeROSE
79
adeptos da religião sikh28, muito diferente, portanto, do verdadeiro,
que é de tradição estritamente hindu. É curioso que no Ocidente
tenham ocorrido alterações cuja coerência precisa ser analisada, já que
na Índia, sikhs e hindus são inimigos seculares – e o Yôga é de
tradição hindu! Recentemente, na década de 80 do século XX, a
Primeira-Ministra Indira Gandhi, foi assassinada pelos seus próprios
seguranças, que eram sikhs. Em conseqüência, sikhs e hindus, mais
uma vez, trucidaram-se mutuamente em todo o país. Na Índia, nunca
vi um sikh que fosse yôgin29, portanto, estranhei bastante quando
encontrei uma linha de Yôga proveniente dos Estados Unidos em que
todos são sikhs.
Siddha Yôga, o Yôga do culto à personalidade do guru
Siddha significa o perfeito, ou aquele que possui os siddhis (poderes
paranormais). Pelo nome em sânscrito, pode dar a entender que tem
parentesco com o Kundaliní Yôga, mas, na verdade, manifesta pouca
similaridade com ele. Pratica-se muito mantra, pújá e meditação, mas
a base é mesmo a reverência à personalidade do guru. No Brasil, havia
um pequeno grupo de Siddha Yôga no Rio de Janeiro, mas atualmente
não se sabe se está ativo.
Kriyá Yôga, o Yôga que consiste em auto-superação, auto-estudo
e auto-entrega
Kriyá significa atividade. Trata-se de um Yôga que foi muito
difundido nos Estados Unidos na década de 50, onde hoje mantém
ricas instalações. Consiste em três niyamas (normas éticas): tapas
(auto-superação), swádhyáya (auto-estudo) e íshwara pranidhána
(auto-entrega). É citado no Yôga Sútra, livro do século III a.C. Há
28 Os sikhs são aqueles indianos típicos, que usam turbante e barba. Constituem apenas
cerca de 6% da população da Índia, no entanto, quando pensamos num indiano característico,
o que vem à nossa mente é um sikh, de barba e turbante. E os sikhs não são hindus! Quando
cheguei à Índia em minha primeira viagem, tive uma injustificada decepção ao dar-me conta de
que praticamente todos os indianos vestiam-se com calça e camisa, não portavam turbantes
nem barbas, e falavam inglês, uma língua européia.
29 Isso não quer dizer que não existam. Contudo, reforço, em 24 anos de viagens à Índia,
freqüentando o ambiente de diversos tipos de Yôga, nunca encontrei um aluno ou instrutor que
fosse sikh.
80
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
poucas entidades que o representam no Brasil, sendo a Bahia seu
principal reduto. A maioria o estuda por livros. O melhor livro é o
Tantra Yôga, Náda Yôga e Kriyá Yôga, de Sivánanda, Editorial Kier,
Buenos Aires. Essa é a única obra que ensina abertamente o Kriyá
Yôga, sem fazer mistério.
Yôga Integral, o Yôga de integração nas atividades do dia-a-dia
É chamado Yôga Integral não por ser mais integral que os outros,
como o nome pode sugerir por associação com os alimentos integrais.
Denomina-se assim porque sua proposta é integrar-se na vida
profissional, cultural e artística do praticante. Foi criado por Srí
Aurobindo, que defendia o desejo de que “o Yôga cesse de parecer
alguma coisa mística e anormal que não tenha relações com os
processos comuns da energia terrena”.
Yôga Clássico, um Yôga árido e duro, com restrições sexuais e
outras
O Yôga Clássico – ou Ashtánga Yôga – não é o Yôga mais antigo
nem o mais completo, como se divulga. O mais antigo e completo é o
Pré-Clássico. O Yôga Clássico tem um nome forte, mas sua prática é
inviável para o homem moderno devido à lentidão com que seus
passos são trilhados. A prática é tão restritiva e tediosa que ninguém
pagaria para receber esse tipo de aprendizado. Por isso, o que se vê no
Ocidente são escolas que exploram o célebre nome desse ramo, mas
na prática ensinam um Hatha Yôga modificado. O Yôga Clássico é
constituído por oito partes ou angas que são: yama, niyama, ásana,
pránáyáma, pratyáhára, dháraná, dhyána, samádhi. No Brasil, o
melhor livro é o Yôga Sútra de Pátañjali. (Veja mais adiante o
capítulo sobre o Yôga Clássico.)
Hatha Yôga, o Yôga físico
Hatha significa força, violência, e não o poético “Sol-Lua”, como
declaram alguns livros. Trata-se de uma vertente medieval, fundada
no século XI da era Cristã, portanto, é considerado um Yôga moderno,
surgido mais de 4.000 anos depois da origem do Yôga primitivo! É
constituído pelos quatro angas iniciais do Ashtánga Yôga (yama,
MESTRE DeROSE
81
niyama, ásana, pránáyáma), contudo, nas academias, os dois primeiros
angas não são ensinados, ficando na prática restrito apenas a ásana
(técnicas corporais) e pránáyáma (respiratórios). Outras técnicas
podem ser agregadas, tais como bandhas, mudrás e kriyás, mas não
forçosamente. A meditação não faz parte e não deve ser incluída numa
prática de Hatha. Já foi o Yôga mais popular no Ocidente. No Brasil,
hoje está sobejamente suplantado pelo SwáSthya Yôga. O melhor
livro já publicado em português sobre o tema foi Hatha Yóga, ciência
da saúde perfeita, de Caio Miranda.
Iyengar Yôga, uma variedade de Hatha Yôga
B. K. S. Iyengar é o nome de um professor de Hatha Yôga. Não é
adequado chamar seu método pelo nome do professor (seria o mesmo
que denominar Sérgio Yôga ou Carlos Yôga ao método utilizado por
esses Mestres). Trata-se de uma interpretação extremamente vigorosa
do Hatha Yôga. O método é descrito no livro Light on Yôga. A
tradução castelhana denomina-se Yôga cien por cien. Foi cometida
uma edição em português, tão resumida que não faz justiça ao mérito
da obra.
Power Yôga, outra variedade de Hatha Yôga
Power Yôga é um método pouco praticado no Brasil. Por exemplo, até o
presente momento (ano 2003 d.C.) nenhum professor publicou livro algum
dessa modalidade no nosso país. Trata-se de uma marca de fantasia para
um tipo de Hatha Yôga simplificado, praticado nos Estados Unidos, o que
fica patente pelo próprio caráter híbrido do nome inglês-sânscrito.
O YÔGA CLÁSSICO
A maior parte dos escritores da Índia atribui uma idade de mais de
2.000 anos à obra de Pátañjali, o Yôga Sútra, na qual o Yôga Clássico
foi codificado. Menciona-se o século III ou II antes de Cristo como
data dessa sistematização. No Ocidente, porém, é popular a opinião de
que teria sido estruturado seiscentos ou setecentos anos depois, lá pelo
século IV d.C.
O Yôga Clássico, também chamado Rája Yôga, Pátañjala Yôga,
Pátañjala Rája Yôga, Ashtánga Yôga30, Yôga Darshana ou ainda
Sêshwarasámkhya Yôga, é constituído pelas oito partes mencionadas
no Yôga Sútra, capítulo II, sútra 29:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
yama
niyama
ásana
pránáyáma
pratyáhára
dháraná
dhyána
samádhi
cinco proscrições éticas
cinco prescrições éticas
técnicas orgânicas
expansão da bioenergia através de respiratórios
abstração dos sentidos externos
concentração
meditação
hiperconsciência, megalucidez, autoconhecimento
De acordo com a tradição do verdadeiro Yôga Clássico, o discípulo
somente passa ao anga seguinte quando já dominou o precedente. Isso
significa que, no Rája Yôga, antes de ministrar técnicas orgânicas ou
respiratórias, o instrutor só pode ensinar a parte ética – cinco yamas e
cinco niyamas – e assim permanecer durante anos, até que os
discípulos já tenham assimilado na sua vida cotidiana esses rígidos
30 No século XX, surgiu nos Estados Unidos uma modalidade moderna que usa o nome
Ashtánga Yôga, mas que não é o Ashtánga Yôga de Pátañjali.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
84
princípios. Acontece que muitos ensinantes de Yôga Clássico não
cumprem tais normas éticas e nem mesmo as conhecem. São elas:
yamas
ahimsá
satya
astêya
brahmáchárya
aparigraha
não agredir
não mentir
não roubar
não dissipar a sexualidade
não cobiçar
niyamas
shaucha
santôsha
tapas
swádhyáya
íshwara pranidhána
limpeza
alegria
auto-superação
auto-estudo
auto-entrega
No que concerne ao ahimsá, a não-agressão, conhecemos um bom
número de ensinantes que agridem seus colegas só porque professam
outra linha de Yôga.
Quanto ao satya, não mentir, muitos são os que afirmam inverdades
bem graves a respeito do Yôga e sobre os seus colegas.
Mais freqüente ainda é o desrespeito ao astêya, não roubar, pois,
cotidianamente detectamos o roubo de idéias, métodos, conceitos,
frases e até textos inteiros, utilizados por um instrutor ou escritor, sem
render o devido crédito autoral a quem de direito.
Não apenas o Yôga Clássico, mas qualquer ramo de Yôga de linha
brahmáchárya, reconhece o quarto yama como sendo uma restrição
clara e absoluta à atividade sexual. Somente as modalidades de Yôga
de tradição tântrica é que admitem um sentido mais tolerante, de
“castidade-nos-atos-sexuais”, pois utilizam a sexualidade como
ferramenta para alavancar a evolução interior. Portanto, um praticante
de Yôga Clássico não deveria ser casado. Muito menos um ensinante
dessa modalidade. Mas não é o que se verifica.
Fora isso, o fato de o candidato à prática do Yôga Clássico ter que
iniciar por um demorado processo de reeducação ética antes de
aprender qualquer técnica, estabelece uma verdadeira barreira que
bloqueia o interesse do público.
Mesmo na etapa seguinte, a das técnicas orgânicas, o Yôga Clássico
não possui em seu acervo mais do que posições de meditação,
MESTRE DeROSE
85
sentadas e imóveis. Isso constitui outro obstáculo para a captação de
alunos em número suficiente para manter um estabelecimento que se
dedique a essa modalidade de Yôga. Somente os Yôgas de tradição
tântrica possuem uma grande variedade de técnicas orgânicas. E todos
sabem, ou deveriam saber, que não se podem misturar práticas
tântricas com outras de tradição anti-tântrica.
A conclusão é que o Yôga Clássico possui uma tal aridez que é
simplesmente impraticável sua aplicação em centros de Yôga
ocidentais.
Fora tudo isso, resta uma questão. Se esse Yôga se denomina
Clássico, isso é uma confissão de que não é o mais antigo, afinal, nada
nasce já clássico. O que existia antes do Yôga Clássico era o Yôga
Pré-Clássico, que estudaremos no próximo capítulo.
O TRONCO PRÉ-CLÁSSICO
O Yôga Pré-Clássico não havia sido sistematizado. Um dos motivos
foi porque a vida era bastante descomplicada na civilização primitiva
em que teve origem. Assim, não se preocuparam com
fundamentações, academicismos e outras complicações. No entanto,
hoje sentimos a necessidade de uma codificação daquele Yôga
Antigo, Pré-Clássico, até para poder distingui-lo das correntes mais
modernas e explaná-lo de forma clara e documentada. Esse Yôga
denomina-se
Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga.
Como o leitor há de convir, é um nome muito longo e de difícil
memorização para um leigo. Assim, na década de sessenta do século
XX, com o intuito de facilitar o entendimento, passamos a referir-nos
a esse Yôga Antigo pelo nome de SwáSthya, em alusão a uma de sua
principais características, a auto-suficiência proporcionada pela
utilização de regras gerais.
SWÁSTHYA YÔGA, O TRONCO PRÉ-CLÁSSICO
SwáSthya Yôga (pronuncie: “suástia”) é o Yôga Antigo, o mais
integral que existe. Para compreender melhor, observe o desenho da
árvore no capítulo anterior e, no tronco, substitua o que está escrito
por SwáSthya Yôga. Aí, você compreenderá que (a) o SwáSthya não
é um ramo e sim um tronco; e (b) o motivo por que SwáSthya é tão
completo, pois do tronco Pré-Clássico nasceram todos os demais tipos
de Yôga.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
88
SwáSthya, em sânscrito, língua morta da Índia, significa autosuficiência (swa = seu próprio). Também embute os significados de
saúde, bem estar, conforto, satisfação. Em hindi, a língua mais falada
na Índia, significa simplesmente saúde. Nesse caso, com o sotaque
hindi, pronuncia-se “suásti”. Não permita que pessoas pouco
informadas confundam SwáSthya, sânscrito, método antigo, com
Swásthya (“suásti”), hindi, que daria uma interpretação equivocada
com conotação terapêutica. Consulte a respeito o Sanskrit-English
Dictionary, de Sir Monier-Williams, o mais respeitado dicionário de
sânscrito.
Na Índia, em Jaipur, encontrei um centro de saúde que utiliza o Yôga
como método terapêutico. Chama-se Swásthya Yôga Center (nesse
caso, “Suasti” Yôga Center) e não tem nada que ver com o SwáSthya
Yôga. Trata-se apenas de um Centro de Saúde através do Yôga! Coisas assim podem confundir os que tiverem menos cultura lingüística.
COMO SE ESCREVE SWÁSTHYA YÔGA
EM ALFABETO DÊVANÁGARÍ
Primeiramente, utilizamos as letras abaixo:
s v a s w y
sa va a sa tha ya
yae g
yô ga
Em seguida, modificamos os caracteres, eliminando o fonema a das
letras em que isso for necessário:
S v a S W y
s va a s th ya
yae g
yô ga
Finalmente, juntamos os caracteres para formar uma só palavra. Nessa
operação, a crase formada por duas letras aa, passa a ser sinalizada
com um acento agudo:
SvaSWy yaeg
swásthya yôga
A DEFINIÇÃO FORMAL DO SWÁSTHYA YÔGA:
MESTRE DeROSE
89
SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo,
Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo.
SWÁSTHYA, O YÔGA ANTIGO
A principal característica que distingue o nosso método é a primeira.
Denomina-se ashtánga sádhana. Essa prática, extremamente completa,
em oito partes, contém os seguintes elementos31:
1) mudrá
2) pújá
3) mantra
4) pránáyáma
5) kriyá
6) ásana
7) yôganidrá
8) samyama
gesto reflexológico feito com as mãos;
sintonização com o arquétipo; retribuição de energia;
vocalização de sons e ultra-sons;
expansão da bioenergia através de respiratórios;
Atividade de purificação das mucosas;
técnica orgânica;
técnica de descontração;
concentração, meditação e hiperconsciência.
REGISTRE ESTA INFORMAÇÃO IMPORTANTE
Só é SwáSthya Yôga se tiver estas características. Mesmo a modalidade
heterodoxa, precisa observar os itens 2 a 8, abaixo. Se alguém lhe
ensinar algo com o nome de SwáSthya Yôga e não respeitar estas
particularidades, não é o nosso método.
Ainda que a pessoa em questão tenha feito curso de formação conosco
e possua certificado de instrutor, uma vez formada, tem a autonomia
para ensinar o tipo de Yôga que bem entender, já que o Yôga Antigo
(SwáSthya) contém em si os elementos constituintes de praticamente
todos os demais ramos de Yôga. Alguns instrutores mantêm-se fielmente dentro da linha que os diplomou. Outros se desviam, mesclam
sistemas e passam a transmitir versões apócrifas. Portanto, muita atenção a este tema, você que pratica, você que ensina, você que pretende
tornar-se instrutor.
LEIA COM ATENÇÃO
31 A repetição do texto é intencional e foi admitida como concessão didática.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
90
Estude cuidadosamente as páginas que se seguem. Você precisa incorporar esses ensinamentos de forma a ser capaz de explicar, ensinar e –
principalmente – debater a respeito da sistematização do Yôga Antigo,
conforme os conhecimentos abaixo transmitidos. Se não dispuser de
caneta para fazer anotações, consiga uma. Se estiver com pressa, feche
o livro e deixe para ler mais tarde.
No final do capítulo, não siga em frente. Volte e leia tudo outra vez,
prestando mais atenção às anotações que tiver feito na primeira
leitura.
I. CARACTERÍSTICAS DO SWÁSTHYA
1) ASHTÁNGA SÁDHANA
A característica principal do SwáSthya Yôga é sua prática ortodoxa
denominada ashtánga sádhana (ashta = oito; anga = parte; sádhana =
prática). Trata-se de uma prática integrada em oito partes, a saber:
mudrá, pújá, mantra, pránáyáma, kriyá, ásana, yôganidrá, samyama.
2) REGRAS GERAIS DE EXECUÇÃO
Uma das mais notáveis contribuições históricas da nossa sistematização
foi o advento das regras gerais, as quais não são encontradas em
nenhum outro tipo de Yôga... a menos que venham a ser incorporadas a
partir de agora, por influência do SwáSthya Yôga. Já temos
testemunhado exemplos dessa tendência em aulas e textos de vários
tipos de Yôga em diferentes países, após o contacto com o SwáSthya.
É fácil constatar que as regras e demais características do nosso método não eram conhecidas nem utilizadas anteriormente: basta consultar os livros das várias modalidades de Yôga publicados antes da codificação do SwáSthya. Em nenhum deles vai ser encontrada referência
alguma às regras gerais de execução.
Por outro lado, podemos demonstrar que as regras gerais constituíram
apenas uma descoberta e não uma adaptação, pois sempre estiveram
presentes subjacentemente. Tome para exemplo algumas técnicas
MESTRE DeROSE
91
quaisquer, tais como uma anteflexão (paschimôttánásana), uma retroflexão (bhujangásana) e uma lateroflexão (trikônásana), e execute-as
de acordo com as regras do SwáSthya Yôga. Depois consulte um livro
de Hatha Yôga e faça as mesmas posições seguindo suas extensas descrições para cada técnica. Você vai se surpreender: as execuções serão
equivalentes em mais de 90% dos casos. Portanto, existe um padrão
de comportamento. Esse padrão foi identificado por nós e sintetizado
na forma de regras gerais.
Tal fato passou despercebido a tantas gerações de Mestres do mundo
inteiro durante milhares de anos e foi descoberto somente na entrada
do terceiro milênio da Era Cristã, da mesma forma como a lei da gravidade passou sem ser registrada pelos grandes sábios e físicos da
Grécia, Índia, China, Egito e do mundo todo, só vindo a ser
descoberta bem recentemente por Newton. Assim como Newton não
inventou a gravidade, também não inventamos as regras gerais de
execução. Elas sempre estiveram lá, mas ninguém notou.
No SwáSthya Yôga as regras ajudam bastante, simplificando a
aprendizagem e acelerando a evolução do praticante. Ao instrutor,
além disso, poupa um tempo precioso, habitualmente gasto com
descrições e instruções desnecessárias.
As regras são explicadas no capítulo ÁSANA, subtítulo Regras Gerais do
livro Faça Yôga antes que você precise.
3) SEQÜÊNCIAS COREOGRÁFICAS
Outra importante característica do SwáSthya Yôga é o resgate do conceito primitivo de treinamento, que consiste em execuções mais naturais, anteriores ao costume de repetir as técnicas. A instituição do sistema repetitivo é muito mais recente do que se imagina. As técnicas
antigas, livres das limitações impostas pela repetição, tornavam-se ligadas entre si por encadeamentos espontâneos. No SwáSthya Yôga
esses encadeamentos constituem movimentos de ligação entre os ásanas não repetitivos nem estanques, o que predispõe à elaboração de
execuções coreográficas.
92
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Assim, [A] a não repetição, [B] as passagens (movimentos de ligação)
e [C] as coreografias (com ásanas, mudrás, bandhas, kriyás, etc.), são
conseqüências umas das outras, reciprocamente, e fazem parte desta
terceira característica do SwáSthya Yôga.
As coreografias também não são uma criação contemporânea. Esse
conceito remonta ao Yôga primitivo, do tempo em que o Homem não
tinha religiões institucionalizadas e adorava o Sol. O último rudimento
dessa maneira primitiva de execução coreográfica é a mais ancestral
prática do Yôga: o súrya namaskára!
Ocorre que o súrya namaskára é a única reminiscência de coreografia
registrada nas lembranças do Yôga moderno. Não constitui, portanto,
característica sua. Vale lembrar que o Hatha Yôga é um Yôga moderno, um dos últimos a surgir, já no século XI depois de Cristo, cerca
de 4.000 anos após a origem primeira do Yôga.
Importante: o instrutor que declara ensinar SwáSthya Yôga, mas não
monta a aula inteira com formato de coreografia não está transmitindo
um SwáSthya 100% legítimo. Quem não consegue infundir nos seus
alunos o entusiasmo pela prática em forma de coreografia, precisa fazer
mais cursos e estreitar o contato com a nossa egrégora, pois ainda não
compreendeu o ensinamento do codificador do SwáSthya Yôga.
4) PÚBLICO CERTO
É fundamental que se compreenda: para tratar-se realmente de
SwáSthya Yôga não basta a fidelidade ao método. É preciso que as
pessoas que o praticam sejam o público certo. Caso contrário, estarão
tecnicamente exercendo o método preconizado, mas, ao fim e ao cabo,
não estarão professando o Yôga Antigo. Seria o mesmo que dispor da
tecnologia certa para produzir um determinado tipo de pão, mas
querer fazê-lo com a farinha errada.
5) SENTIMENTO GREGÁRIO
MESTRE DeROSE
93
O sentimento gregário é a força de coesão que nos fez crescer e
tornar-nos tão fortes. Sentimento gregário é a energia que nos mobiliza para participar de todos os cursos, eventos, reuniões e festas
do SwáSthya Yôga, pois isso nos dá prazer. Sentimento gregário é o
sentimento de gratidão que eclode no nosso peito pelo privilégio de
estar juntos e participando de tudo ao lado de pessoas tão especiais.
É o poder invisível que nos confere sucesso em tudo o que a gente
fizer, graças ao apoio que os colegas nos ofertam com a maior boa
vontade. Sentimento gregário é a satisfação incontida com a qual
compartilhamos nossas descobertas e dicas para o aprimoramento
técnico, pedagógico, filosófico, ético, etc. Sentimento gregário é o
que induz cada um de nós a perceber, bem no âmago da nossa alma,
que fazer tudo isso, participar de tudo isso, não é uma obrigação,
mas um privilégio.
6) SERIEDADE SUPERLATIVA
Ao travar contato com o SwáSthya Yôga, uma das primeiras impressões observadas pelos estudiosos é a superlativa seriedade que
se percebe nos nossos textos, linguagem e procedimentos. Essa
seriedade manifesta-se em todos os níveis, desde a honestidade de
propósitos – uma honestidade fundamentalista – até o cuidado extremado de não fazer nenhum tipo de doutrinação, nem de proselitismo, nem de promessas de terapia. Definitivamente, não se encontra tal cuidado na maior parte das demais modalidades de Yôga.
Fazemos questão absoluta de que nossos instrutores e alunos sejam
rigorosamente éticos em todas as suas atitudes, tanto no Yôga,
quanto no trabalho, nas relações afetivas, na família e em todas as
circunstâncias da vida. Devemos lembrar-nos de que, mesmo enquanto alunos, somos representantes do Yôga Antigo e a opinião
pública julgará o Yôga a partir do nosso comportamento e imagem.
Em se tratando de dinheiro, lembre-se de que é preferível perder o
nobre metal do que perder um amigo, ou perder o bom nome, ou
perder a classe.
94
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
Devemos mostrar-nos profundamente responsáveis, maduros e honestos ao realizar negócios, ao fazer declarações, ao evitar conflitos, ao buscar aprimoramento em boas maneiras, ao cultivar a elegância e a fidalguia. O mundo espera de nós um modelo de equilíbrio, especialmente quando tivermos a obrigação moral de defender
corajosamente nossos direitos e aquilo ou aqueles em que acreditamos. Fugir à luta seria a mais desprezível covardia. Lutar com
galhardia em defesa da justiça e da verdade é um atributo dos corajosos. Contudo, lutar com elegância e dignidade é algo que poucos conseguem conquistar.
7) ALEGRIA SINCERA
Seriedade e alegria não são mutuamente excludentes. Você pode ser
uma pessoa contagiantemente alegre e, ao mesmo tempo, seriíssima
dentro dos preceitos éticos e comportamentais que regem a vida em
sociedade.
A alegria é saudável e nos predispõe a uma vida longa e feliz. A
alegria esculpe nossa fisionomia para que denote mais juventude e
simpatia. A alegria cativa e abre portas que, sem ela, nos custariam
mais esforço. A alegria pode conquistar amigos sinceros e preservar
as amizades antigas. Pode até salvar casamentos.
Um praticante de SwáSthya Yôga sem alegria é inconcebível. Se o
Yôga traz felicidade, o sorriso e o comportamento descontraído são
suas conseqüências inevitáveis.
Entretanto, administre sua alegria para que não passe dos limites e
não agrida os demais. Algumas pessoas quando ficam alegres tornam-se ruidosas, indelicadas e invasivas. Esse, obviamente, não é o
caso do swásthya yôgin.
8) LEALDADE INQUEBRANTÁVEL
Lealdade aos ideais, lealdade aos amigos, lealdade ao seu tipo de
Yôga, lealdade ao Mestre, são também características marcantes do
Yôga Antigo. No SwáSthya valorizamos até a lealdade aos clientes
e aos fornecedores. Simbolicamente, somos leais mesmo aos nossos
MESTRE DeROSE
95
objetos e à nossa casa, procurando preservá-los e cultivar a estabilidade, ao evitar a substituição e a mudança pelo simples impulso
de variar (Yôga chitta vritti nirôdhah32). Há circunstâncias em que
mudar faz parte da evolução e pode constituir a solução de um problema de estagnação. Nesse caso, é claro, não se trata de instabilidade emocional. O próprio Shiva, criador do Yôga, tem como um
dos seus atributos a renovação.
Não há nada mais lindo que ser leal. Leal quando todos os demais
já deixaram de sê-lo. Leal quando todas as evidências apontam
contra o seu ente querido, pessoa amada, colega ou companheiro,
mas você não teme comprometer-se e mantém-se leal até o fim.
Realmente, não há nada mais nobre que a lealdade, especialmente
numa época em que tão poucos preservam essa virtude.
II. PRÁTICA ORTODOXA
SwáSthya Yôga é o próprio tronco do Yôga Antigo, Pré-Clássico,
após a sistematização. O SwáSthya Yôga mais autêntico é o ortodoxo,
no qual cada prática é constituída pelas oito partes seguintes:
1. mudrá
2. pújá33
3. mantra
4. pránáyáma
5. kriyá
6. ásana
gesto reflexológico feito com as mãos;
retribuição de energia; trânsito energético;
vocalização de sons e ultra-sons;
expansão da bioenergia através de respiratórios;
atividade de purificação das mucosas;
técnica corporal;
32 Chitta, habitualmente traduzido como mente, significa mais apropriadamente consciência.
Vritti, pode ser traduzido como onda, vibração, modificação, instabilidade. Nirôdhah, significa
cessação, supressão, eliminação. Assim sendo, podemos traduzir Yôga chitta vritti nirôdhah
como “o Yôga é a parada das ondas mentais” ou, numa tradução melhor, “o Yôga é a
supressão da instabilidade da consciência.”
33 O acento indica apenas onde está a sílaba longa, mas ocorre que, muitas vezes, a tônica
está noutro lugar. Por exemplo: kundaliní pronuncia-se “kúndaliní”; e Pátañjali pronuncia-se
“Patânjali”. Para sinalizar isso aos nossos leitores, vamos sublinhar a sílaba tônica de cada
palavra. Se o leitor desejar esclarecimentos sobre os termos sânscritos, recomendamos que
consulte o Glossário, do livro Faça Yôga antes que você precise. Sobre a pronúncia, ouça o CD
Sânscrito - Treinamento de Pronúncia, gravado na Índia. Para mais conhecimentos, o ideal é
estudar os vídeos do Curso Básico de Yôga.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
96
7. yôganidrá
8. samyama
técnica de descontração;
concentração, meditação e samádhi.
Existem vários tipos de ashtánga sádhana. A estrutura acima é a primeira que o praticante aprende. Denomina-se ádi (seguido de palavra
iniciada por vogal, o i se transforma em y, ády). O segundo tipo é o
viparíta ashtánga sádhana. Depois virão mahá, swa, manasika e gupta
ashtánga sádhana, somente acessíveis a instrutores de Yôga.
Entretanto, se você não se identifica com esta forma mais completa,
em oito partes, existe a opção denominada Prática Heterodoxa.
III. PRÁTICA HETERODOXA
As pessoas têm diferentes necessidades ou capacidades. Dess’arte, há
praticantes que não conseguem gostar de algum dos angas ortodoxos.
Um não se adapta ao pújá; outro, ao mantra; outro, ao ásana; e por aí
vai.
Ao longo de um processo de sistematização, que durou mais de 40
anos, fomos descobrindo que o SwáSthya possuía determinadas
características que nem nós mesmos sabíamos. Tratamos de observar
os que professavam esse tronco e ouvir o que tinham a dizer. Com
isso, descobrimos mais: havia praticantes que não se adaptavam com a
versão ortodoxa e deixavam de incluir este ou aquele anga no seu
sádhana, porém, não estavam enquadrados em nenhum outro tipo de
Yôga, uma vez que observavam as demais características – utilizavam
as regras gerais, acatavam o conceito de execução das técnicas
encadeadas, etc. Então, descobrimos que existia uma variação
heterodoxa de SwáSthya Yôga, que precisava ser reconhecida.
Esta variedade é totalmente flexível. A estrutura de cada prática é determinada pelo instrutor que a ministra. Portanto, a sessão pode ser
constituída por um só anga, dois deles ou quantos o ministrante quiser
utilizar, e na ordem que melhor lhe aprouver. Pode, por exemplo, ministrar um sádhana exclusivamente de ásana, ou de mantra, ou de
pránáyáma, ou de samyama, ou de yôganidrá, etc. Ou pode combinar
alguns deles à sua vontade. Ainda assim pode ser SwáSthya Yôga,
desde que obedeça às demais características mencionadas no sub-
MESTRE DeROSE
97
título I (CARACTERÍSTICAS DO SWÁSTHYA) e desde que haja uma
orientação generalizada de acordo com a filosofia que preconizamos.
Todavia, na aplicação desta alternativa o instrutor deverá, de preferência, utilizar todos os angas, conquanto possa fazê-lo em ocasiões diferentes e com intensidades variáveis. Dessa maneira, nas diversas aulas
que ministrar durante o mês, terá proporcionado aos alunos a experimentação e os resultados de todos os oito angas.
O ideal é que o instrutor não adote somente a versão heterodoxa e sim
que a combine com a ortodoxa, lecionando, por exemplo, duas vezes
por semana, uma com a primeira e outra com a segunda modalidade
de prática; ou dia sim, dia não, alternando as duas modalidades.
Já para os exames de habilitação de instrutores perante a Universidade
de Yôga e as Federações Estaduais só é aceita a versão ortodoxa.
O quadro abaixo resume o que foi explicado.
SWÁSTHYA YÔGA
Ortodoxo:
Heterodoxo:
1ª característica – sua prática extremamente completa, integrada por oito
modalidades de técnicas;
Todas as características são observadas,
menos a primeira.
2ª característica – a codificação das
regras gerais;
Assim, podemos executar uma prática
composta de um único anga, ou dois,
três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove,
etc.
3ª característica – resgate do conceito
arcaico de seqüências encadeadas sem
repetição;
4ª característica – direcionamento a
pessoas especiais, que nasceram para o
SwáSthya Yôga;
5ª característica – valorização do
sentimento gregário;
6ª característica – seriedade superlativa;
7ª característica – alegria sincera;
8ª característica – lealdade inquebrantável.
98
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
No quadro da direita mencionamos que o yôgin pode executar uma
prática composta de um único anga, ou dois, três, quatro, cinco, seis,
sete, oito, nove, etc. Essa declaração gera duas questões:
1) Com oito angas não seria uma prática ortodoxa?
2) Nove angas? Como assim, se só existem oito angas?
A resposta à primeira pergunta é que se você tiver oito angas, porém
noutra ordem, não será uma prática ortodoxa. Quantas combinações
conseguiríamos colocando esses oito angas em diferentes posições?
Mais variações do que aquelas que conseguimos com apenas sete
notas musicais!
A resposta à segunda questão é que qualquer outra técnica poderia ser
utilizada como anga, como por exemplo bandha, pratyáhára, etc.
A boa compreensão deste capítulo é imprescindível para a
fundamentação do nosso trabalho, bem como para assimilar a
proposta desta modalidade de Yôga. Seria uma ótima idéia você voltar
e ler tudo outra vez, com mais atenção. Releia um pequeno trecho de
cada vez, pare e analise o que leu.
DIFERENÇAS ENTRE O SWÁSTHYA E O HATHA YÔGA
Todos os 108 tipos de Yôga são diferentes entre si: não apenas estes
dois aqui abordados são distintos um do outro. Ocorre que o Hatha é
mais comum e o leitor poderá utilizar este quadro como parâmetro de
comparação entre uma imagem popular (Hatha) e uma outra mais
ancestral (SwáSthya).
Várias modalidades que utilizam nomes diferentes, modernos,
chamativos ou em inglês, tratam-se de vertentes de Hatha Yôga com
algumas alterações. Portanto, o quadro comparativo da página
seguinte servirá também para aquelas modalidades que, embora com
outro nome, são, na realidade, Hatha Yôga adaptado.
MESTRE DeROSE
DIFERENÇAS
99
SWÁSTHYA YÔGA
HATHA YÔGA
1. FUNDAMENTAÇÃO:
Tantra-Sámkhya
(assumido).
Tantra-Vêdánta (mas um
número expressivo de
instrutores desse ramo
declara-se contra o Tantra e alinha-se como
Brahmáchárya-Vêdánta).
2. FASE HISTÓRICA EM
Pré-clássica
(mais de 5.000 anos).
Medieval
(± século XI da Era
Cristã).
3. CULTURA DE REFERÊNCIA:
Dravídica (pré-ariana).
Ariana.
4. CONSTITUIÇÃO
Oito partes: mudrá, pújá,
mantra, pránáyáma,
kriyá, ásana, yôganidrá,
samyama.
Duas partes: pránáyáma
e ásana. O shavásana
também é ásana.
Além destes oito elementos
mínimos, constitutivos de
uma prática do SwáSthya
Yôga, podem constar ainda
alguns recursos
suplementares, tais como:
chakra sádhana, nyása,
bandha, etc.
Além desses dois elementos mínimos, constitutivos de uma prática de
Hatha Yôga, podem
constar ainda alguns
outros como kriyá, mudrá
e bandha, mas não
obrigatoriamente.
5. REGRAS GERAIS DE
EXECUÇÃO:
O SwáSthya é o único
Yôga que possui regras
explícitas de execução.
O Hatha não usa regras.
Livro algum as menciona.
6. PASSAGENS CO-
O SwáSthya Yôga possui O Hatha Yôga não utiliza
passagens.
passagens.
QUE SITUA SUAS
RAÍZES:
CARACTERÍSTICA DA
PRÁTICA:
(não nos referimos a
todo o conteúdo de
técnicas da modalidade analisada, mas
apenas às que são
consideradas indispensáveis para que a
aula da modalidade
em questão seja considerada autêntica.)
ORDENADAS DE UM
ÁSANA A OUTRO:
7. COREOGRAFIAS:
O SwáSthya Yôga cultiva O Hatha Yôga não cultiva
coreografias.
coreografias, tanto para
demonstrações, quanto
para a prática individual e
para a estrutura da aula.
100
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
O SwáSthya Yôga possui
dois critérios de seleção
aplicados simultaneamente, cruzados,
para obter uma série bem
completa e balanceada.
O Hatha Yôga, em geral,
possui um critério por
Escola, o qual pode variar de uma para outra.
Na prática, a maior parte
dos instrutores não o
aplica por ignorá-lo.
9. REPETIÇÃO:
No SwáSthya Yôga não
se repetem os ásanas, a
não ser em caráter excepcional.
No Hatha Yôga os ásanas são repetidos três
vezes, cinco vezes ou
até 25 vezes.
10. RELAXAMENTO
No SwáSthya, executase o relax como fase
preliminar de cada
ásana, inseparável dele.
É o próprio ásana em
variação sukha.
No Hatha, executa-se o
relax após os ásanas,
entre uma e outra técnica.
Isso cria um ritmo interrompido entre ásanas estanques e repetidos.
11. POLARIZAÇÃO DAS
TÉCNICAS:
No SwáSthya Yôga executamos uma fase passiva e outra ativa em
cada ásana, conforme foi
explicado acima.
No Hatha Yôga, geralmente, aplica-se um
ásana ativo e depois
outro passivo, e assim
sucessivamente.
12. AQUECIMENTO
Nenhum tipo de Yôga
legítimo aplica aquecimento muscular. O aquecimento, assim como a repetição, foi absorvido da
ginástica britânica durante
a colonização da Índia.
O Hatha também não
utiliza aquecimento. Os
instrutores que o adotam,
fazem-no copiando da
Educação Física. Mas é
apócrifo.
Só leciona o SwáSthya
quem for formado e qualificado mediante cursos,
exames, revalidações
anuais e supervisão de
um Mestre. E achamos
que todos esses cuidados ainda não são suficientes.
No Hatha a maioria leciona sem nenhum preparo, sem curso, sem
avaliação, sem certificado e sem registro profissional. Referimo-nos a
uma realidade da maior
parte dos países do Ocidente no século XX.
8. CRITÉRIO SELETIVO
PARA MONTAR UMA
PRÁTICA:
DURANTE OS ÁSANAS:
MUSCULAR PRÉVIO:
13. CRITÉRIO PARA
HABILITAÇÃO DOS
INSTRUTORES:
MESTRE DeROSE
101
14. TIPO DE PÚBLICO
(NO OCIDENTE,
SÉCULO XX):
Pessoas dinâmicas, intelectuais, artistas, escritores, cientistas, jornalistas, empresários, executivos, profissionais liberais, universitários, desportistas, etc.
Alternativos, espiritualistas, idosos, enfermos,
nervosos, gestantes, senhoras donas de casa,
etc.
15. FAIXA ETÁRIA:
Adultos jovens dos 18
aos 50 anos de idade.
Poucas pessoas acima
dessa faixa.
A maioria, dos 50 anos
em diante. Poucas pessoas abaixo dessa faixa.
16. NÍVEL CULTURAL:
Superior e médio.
Médio e básico.
17. CLASSE SÓCIOECONÔMICA:
Todas as classes, mas
especialmente A e B.
Todas as classes, mas
especialmente B e C.
18. SEXO (NO OCIDENTE):
Maior procura por parte
dos homens.
Maior procura por parte
das mulheres.
19. MOTIVO PELO QUAL
PRATICAM:
Prazer de praticar, satisfação pessoal, adquirir
boa forma, qualidade de
vida, definição muscular,
administrar o stress,
autoconhecimento.
Problemas psicológicos,
doenças, expectativa de
vantagens espirituais.
20. PROPOSTA DO
MÉTODO:
O Hatha Yôga não tem a
Como em qualquer tipo
proposta de atingir o
legítimo de Yôga, a proposta é atingir o samádhi. samádhi. Por isso as
maiores autoridades ortodoxas não consideram
o Hatha como um Yôga.
Bem feito é melhor do que bem explicado.
Benjamin Franklin
102
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
ASHTÁNGA YANTRA
O ashtánga yantra é o símbolo do SwáSthya Yôga, o Yôga Antigo. Suas origens
remontam às mais arcaicas culturas da Índia e do planeta. Parte de sua estrutura é
explanada no Shástra Yantra Chintamani. Nessa obra clássica, sob a ilustração
consta a legenda: “Este é o yantra que detém a palavra na boca do inimigo”. Constitui um verdadeiro escudo de proteção, lastreado em arquétipos do inconsciente
coletivo.
Como qualquer escudo de proteção, não pode ser usado como arma de ataque.
Assim, ninguém conseguirá utilizá-lo para fazer mal a pessoa alguma. No entanto,
se alguém agredir um protegido pelo ashtánga yantra, ferir-se-á gravemente. Por
isso, quase todas as pessoas que usam o verbo para atacar o portador do ashtánga
yantra costumam colher tão amargos infortúnios.
Ao reproduzi-lo, atente para o fato de que nas extremidades dos trishúlas não há
pontas angulosas, mas sim curvilíneas. Para respeitar rigorosamente seu traçado,
ao invés de o redesenhar, fotolite ou escaneie a ilustração acima.
Amigo e inimigo são como o yin e o yang: precisamos dos dois.
Uma árvore cresce para baixo e para cima. Para baixo, cria raízes, que se desenvolvem nas trevas, mas sem as quais a
árvore não teria força nem estrutura para manter-se de pé. Os
inimigos são as raízes e os amigos, os ramos que a fazem
florescer.
DeRose
O QUE É UMA CODIFICAÇÃO
Imagine que você ganhou como herança um armário muito antigo (no
nosso caso, de cinco mil anos!). De tanto admirá-lo, limpá-lo, mexer e
remexer nele, acabou encontrando um painel que parecia esconder
alguma coisa dentro. Depois de muito tempo, trabalho e esforço para
não danificar essa preciosidade, finalmente você consegue abrir. Era
uma gaveta esquecida e, por isso mesmo, lacrada pelo tempo. Lá
dentro você contempla extasiado um tesouro arqueológico:
ferramentas, pergaminhos, sinetes, esculturas! Uma inestimável
contribuição cultural!
As ferramentas ainda funcionam, pois os utensílios antigos eram
muito fortes, construídos com arte e feitos para durar. Os pergaminhos
estão legíveis e contêm ensinamentos importantes sobre a origem e a
utilização das ferramentas e dos sinetes, bem como sobre o significado
histórico das esculturas. Tudo está intacto sim, mas tremendamente
desarrumado, embaralhado e com a poeira dos séculos. Então, você
apenas limpa cuidadosamente e arruma a gaveta. Pergaminhos aqui,
ferramentas acolá, sinetes à esquerda, esculturas à direita. Depois você
fecha de novo a gaveta, agora sempre disponível e arrumada.
O que foi que você tirou da gaveta? O que acrescentou? Nada. Você
apenas organizou, sistematizou, codificou.
Pois foi apenas isso que fizemos. O armário é o Yôga antigo, cuja
herança nos foi deixada pelos Mestres ancestrais. A gaveta é um
comprimento de onda peculiar no inconsciente coletivo. As
ferramentas são as técnicas do Yôga. Os pergaminhos são os
ensinamentos dos Mestres do passado, que nós jamais teríamos a
-
104
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
petulância de querer alterar. Isto foi a sistematização do SwáSthya
Yôga.
Por ter sido honesta e cuidadosa em não modificar, não adaptar, nem
ocidentalizar coisa alguma, nossa codificação foi muito bem aceita
pela maioria dos estudiosos. Hoje, esse método codificado no Brasil
existe em todos os Continentes. Se alguém não o conhecer pelo nome
de SwáSthya Yôga, conhecerá seguramente pelo nome erudito e
antigo: Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga.
Seu nome já denota as origens ancestrais uma vez que o Yôga mais
antigo (pré-clássico, pré-ariano) era de fundamentação Tantra e
Sámkhya. Compare estas informações com o quadro da Cronologia
Histórica.
ESQUEMA DE ATUAÇÃO ESCALONADA
DO MÉTODO DeROSE DE YÔGA AVANÇADO
ETAPA FASE
ESTÁGIO
EM QUE CONSISTE
1
Bio-Ex
Preparatório antes do Yôga.
2
ashtánga sádhana
Reforço da estrutura biológica.
3
bhúta shuddhi
Purificação corporal intensiva.
4
maithuna
Canalização da energia sexual.
5
kundaliní
Despertamento da energia criadora.
6
samádhi
Estado de hiperconsciência.
INICIAL
MEDIAL
FINAL
A MECÂNICA DO MÉTODO DeROSE
Capítulo extraído de uma das aulas do Curso Básico de Yôga, em vídeo.
O MÉTODO CONSISTE EM TRÊS ETAPAS:
1. A etapa inicial – tem por objetivo preparar o praticante para
suportar o empuxo evolutivo que ocorrerá na etapa final. O resultado
desse preparo prévio, é o reforço da estrutura biológica com um
aumento sensível e imediato da vitalidade.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
106
2. A etapa medial – tem por objetivo a purificação mais intensiva e
energização da sexualidade.
3. A etapa final – tem por objetivo despertar a energia kundaliní, com o
conseqüente desenvolvimento dos chakras, seus poderes paranormais e,
finalmente, a eclosão da hiperconsciência chamada samádhi.
Noutras palavras, a etapa inicial visa a proporcionar saúde e força
suficientes para que o praticante agüente as prodigiosas alterações
biológicas resultantes de uma evolução pessoal acelerada que ocorrerá
na etapa final.
Por isso, a etapa inicial tende a proporcionar aqueles proverbiais
efeitos que são do conhecimento de todos. É que a fase final vai
trabalhar para tornar o praticante uma pessoa fora da faixa da
normalidade, acima dela. Se alguém está fora dessa faixa para baixo, a
fase inicial vai içá-lo até à normalidade plena, conferindo-lhe uma
cota ótima de saúde e vitalidade. Daí poderemos fazer um bom
trabalho de desenvolvimento interior equilibrado e seguro, no qual o
praticante vai conquistar a evolução de um milhão de anos em uma
década. Para isso, há que adquirir estrutura.
Por esse motivo, existe uma legião de pessoas que adotam o Yôga
apenas visando aos benefícios propiciados pela prática introdutória e
por aí ficam, satisfeitas com os ótimos resultados obtidos.
Vejamos agora, estágio por estágio.
I − BIO-EX
BIO-EX é um pré-Yôga. Foi um desdobramento do SwáSthya
heterodoxo que, todavia, conquistou identidade própria. Não deve ser
confundido com Yôga. Por isso recomendamos que não seja
mencionado em artigos sobre Yôga; e que o Yôga não seja citado em
matérias a respeito de Bio-Ex.
BIO-EX NÃO É YÔGA?
Embora pertença à estrutura global do SwáSthya como um pré-Yôga,
ele sozinho não é Yôga. Bio-Ex não é Yôga uma vez que não se
enquadra na definição técnica do Yôga. Lembra-se dela? Yôga é
MESTRE DeROSE
107
qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi.
Ora, se Bio-Ex não se propõe a conduzir ao samádhi, como de fato
não conduz, então, tecnicamente não é Yôga.
II − ASHTÁNGA SÁDHANA
Uma das principais características do SwáSthya Yôga é o ashtánga
sádhana. Ashtánga sádhana significa prática em oito partes (ashta =
oito; anga = parte; sádhana = prática). Utilizamos diversos níveis
desse programa óctuplo. O primeiro nível, para aqueles que já foram
autorizados a ingressar no Yôga, é o ády ashtánga sádhana (ádi/ády =
primeiro, fundamental), o qual é constituído pelas oito partes
seguintes, nesta ordem:
1) mudrá
2) pújá
3) mantra
4) pránáyáma
5) kriyá
6) ásana
7) yôganidrá
8) samyama
ANÁLISE DOS 8 ANGAS:
1) Mudrá
É o gesto ou selo que, reflexologicamente, ajuda o praticante a
conseguir um estado de receptividade superlativa. Mesmo os que não
são sensitivos podem entrar em estados alfa e theta já nesta
introdução.
2) Pújá (manasika pújá)
É a técnica que estabelece uma perfeita sintonia do sádhaka com o
arquétipo desta linhagem. Com isso, seleciona um comprimento de
onda adequado a esta modalidade de Yôga, conecta seu plug no
compartimento certo do inconsciente coletivo e liga a corrente,
108
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
estabelecendo uma perfeita troca de energias entre o discípulo e o
Mestre.
3) Mantra (vaikharí mantra: kirtan e japa)
A vibração dos ultra-sons que acompanham o "vácuo" das
vocalizações, neste caso do ády ashtánga sádhana, têm a finalidade de
desesclerosar os canais para que o prána possa circular. Prána é o
nome genérico da bio-energia. Somente depois dessa limpeza é que se
pode fazer pránáyáma. O SwáSthya Yôga utiliza centenas de mantras:
kirtan e japa; vaikharí e manasika; saguna e nirguna mantras.
4) Pránáyáma (swara pránáyáma)
São exercícios respiratórios que bombeiam o prána para que circule
pelas nádís e vitalize todo o organismo. E também a fim de distribuí-lo
entre os milhares de chakras que temos espalhados por todo o corpo.
Bombear aquela energia por dutos obstruídos pelos detritos decorrentes
de maus hábitos alimentares, secreções internas mal eliminadas e
emoções intoxicantes, pode resultar inócuo ou até prejudicial. Por isso,
antes do pránáyáma, procedemos à prévia limpeza dos canais, na área
energética.
5) Kriyá
São atividades de purificação das mucosas, que têm a finalidade de
auxiliar a limpeza do organismo, agora no nível físico. Em se tratando
de Yôga, só se deve proceder aos ásanas após o cuidado de limpar o
corpo por meio dos kriyás.
6) Ásana
Esta é a parte mais conhecida e característica do Yôga para o público
leigo. Não é ginástica e não tem nada a ver com Educação Física. São as
técnicas orgânicas que produzem efeitos extraordinários para o corpo
em termos de boa forma, flexibilidade, musculatura, equilíbrio de peso e
saúde em geral. Para aproveitar ao máximo seu potencial, os ásanas
devem ser precedidos pelos kriyás, pránáyámas, etc. Os efeitos dos
ásanas começam a se manifestar a partir do yôganidrá.
7) Yôganidrá
MESTRE DeROSE
109
É a descontração que auxilia o yôgin na assimilação e manifestação
dos efeitos produzidos por todos os angas. A eles, soma os próprios
efeitos de uma boa recuperação muscular e nervosa. Mas atenção:
yôganidrá não tem nada a ver com o shavásana do Hatha Yôga.
Shavásana, como o nome já diz, é apenas um ásana, uma posição, em
que se relaxa, porém, não é a ciência do relaxamento em si. Essa
ciência se chama yôganidrá e ela não consta do currículo do Hatha
Yôga. Por isso muitos instrutores de Hatha Yôga censuram o uso de
música ou de indução verbal do ministrante durante o relaxamento. O
yôganidrá aplica não apenas a melhor posição para relaxar, como
também a melhor inclinação em relação à gravidade, o melhor tipo de
som, de iluminação, de cor, de respiração, de perfume, de indução
verbal, etc.
8) Samyama
Essa técnica compreende concentração, meditação e samádhi "ao
mesmo tempo", isto é, praticados juntos, em seqüência, numa só
sentada (etimologicamente, samyama pode significar ir junto). Se o
praticante vai fazer apenas concentração, chegar à meditação ou atingir
o samádhi, isso dependerá exclusivamente do seu adiantamento pessoal.
Assim, também é correto denominar o oitavo anga de dhyána, que
significa meditação. É uma forma menos pretensiosa.
Portanto, mesmo uma prática de SwáSthya Yôga considerada para
iniciantes, como este conjunto de oito feixes de técnicas que
acabamos de analisar e que constitui a fase inicial do nosso método,
será bem avançada em comparação com qualquer outro tipo de Yôga,
já se prevendo a possibilidade de atingir um sabíja samádhi.
REAÇÃO DOS QUE VIERAM DE OUTRAS LINHAS DE YÔGA
Muitos migram para o SwáSthya Yôga, deparam-se com o ashtánga
sádhana e ficam perplexos. Freqüentemente, após o choque da
primeira aula, repetem a mesma frase:
– Em anos de yóga não aprendi tanto quanto nesta primeira aula de
SwáSthya!
110
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
E isso, tendo conhecido só o ády ashtánga sádhana, a nossa prática
mais elementar. Depois vêm outros mais adiantados: o viparíta
ashtánga sádhana, o mahá ashtánga sádhana, o swa ashtánga sádhana,
o manasika ashtánga sádhana, etc.
Como o SwáSthya Yôga pode ser tão completo? Ele é
prodigiosamente global por tratar-se de um proto-Yôga integrado,
Yôga Pré-Clássico, pré-vêdico, pré-ariano. Yôga original, resgatado
diretamente de seu registro akáshico. Do Yôga Pré-Clássico nasceram
todos os demais e por essa razão ele possui os elementos constitutivos
dos principais e mais antigos ramos de Yôga. SwáSthya é o nome do
próprio Yôga Pré-Clássico após a sistematização. Por isso é tão
completo.
Certa vez, um aluno perguntou-nos se havia alguma literatura que
explicasse o motivo pelo qual o nosso método era tão eficiente.
Indicamos o livro Kundaliní Yôga, do Swámi Shivánanda, página 126
da segunda edição da Editorial Kier. Em poucas linhas, o Mestre
hindu nos proporciona uma excelente elucidação, quando diz:
"Os hatha yôgins o conseguem mediante a prática de pránáyáma,
ásana e mudrá; os rája yôgins, mediante a concentração e o
treinamento da mente; os bhaktas, por devoção e entrega total; os
jñánis, mediante o processo analítico da vontade; e os tântricos,
mediante mantras, bem como pelo kripá guru (a graça do Mestre) por
imposição das mãos, a fixação do seu olhar ou o mero sankalpa."
Aqui cabe uma pergunta: um método detentor, simultaneamente, de
todos esses recursos e outros mais, como se denominaria um Yôga
assim tão completo?
Seu nome é SwáSthya Yôga, sistematizado em 1960 a partir do
Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, hoje extinto.
OUTRAS TÉCNICAS
Independentemente das diversas gradações de ashtánga sádhana
ortodoxo e das miríades de variações heterodoxas, nossa tradição
ainda oferece ao praticante os demais estágios 3, 4, 5, e 6, que se
MESTRE DeROSE
111
seguem e, além deles, as técnicas denominadas suplementares, posto
que não fazem falta, mas auxiliam. Estudemos, a seguir, o estágio
número três.
III – BHÚTA SHUDDHI
É a etapa de purificação intensiva do corpo e seus canais de prána, as
nádís. Na terceira parte do ády ashtánga sádhana (o anga mantra), e
depois na quinta parte (o anga kriyá), já demos os primeiros passos
nessa tarefa. Trata-se agora de especializar e aprofundar a purificação,
não apenas com mantras, kriyás, pránáyámas, mas também com uma
rígida seleção alimentar, jejuns regulares moderados e com um sistema
de reeducação das emoções para que o praticante não conspurque seu
corpo com os detritos tóxicos das emoções viscosas como o ódio, a
inveja, o ciúme, o medo, etc. Também tratamos de regular a quantidade
de exercício físico, de trabalho, de sono, de sexo e de alimentos. Há
uma medida ideal para cada um desses fatores. Qualquer excesso ou
carência pode comprometer o resultado almejado.
Estes e outros recursos são utilizados para deixar os canais desimpedidos, desesclerosados, a fim de que a energia possa fluir livremente
quando for despertada. Caso contrário, se despertarmos a kundaliní sem
termos antes liberado seu caminho pelas nádís, sua eclosão avassaladora
pode romper os dutos naturais e vazar para onde não deve, causando
inconvenientes à saúde. Como os praticantes da "yóga", com ó aberto,
não conhecem os procedimentos corretos, nutrem um justificado medo
de despertar a kundaliní. O homem receia o desconhecido e esse tema,
para aqueles da "yóga", é ignorado, misterioso. Daí o misticismo de
alguns. Na verdade, seguindo as regras do jogo e a orientação de um
Mestre, despertar a kundaliní é menos perigoso que atravessar a rua. Por
isso, os praticantes do Yôga, com ô fechado, não o temem e dominam
perfeitamente esse processo de desenvolvimento.
IV – MAITHUNA
Uma vez obtido o grau desejado de purificação, sempre cultivando a
prática do ashtánga sádhana, chegamos à parte mais fascinante do
currículo tântrico: a alquimia sexual. Evidentemente, nenhuma obra
112
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
ensina as técnicas do maithuna, pois pertencem à tradição chamada
gupta vidyá ou ciência secreta. O que se encontra nos livros são, em
sua maioria, informações falsas e fantasiosas para iludir os curiosos.
Não obstante, transmito no meu livro Tantra, a sexualidade
sacralizada boa parte do que pode ser ensinado por escrito.
Para quem deseja iniciar-se nessa via, é preciso procurar um Mestre
autêntico que aceite transmitir pessoalmente esse conhecimento. Os
poucos instrutores que de fato conhecem tais técnicas, também evitam
ensiná-las, uma vez que a maior parte das pessoas não tem maturidade
e nem sensibilidade suficientes para merecer essa Iniciação. Fora isso,
ainda há os entraves culturais e não foram poucos os Mestres cujos
discípulos, nessa etapa, sentindo as pérolas sob seus pés "voltaram-se
e os despedaçaram" (Mateus, 7:6).
Contudo, o maithuna é o meio mais poderoso e eficiente de atiçar a
serpente ígnea. Segundo esse processo tântrico, temos na região
genital uma usina nuclear, à nossa disposição. Podemos deixá-la
adormecida como fazem os monges e os beatos de quase todas as
religiões. Podemos simplesmente usá-la e desperdiçá-la sob o impulso
cego do instinto, como fazem todos os bichos, inclusive o bicho
homem. Ou podemos cultivá-la, usufruindo um prazer muito maior e
ainda canalizando essa força descomunal para onde quisermos: para
um melhor rendimento nos esportes, nos estudos, no trabalho, na arte
e no objetivo principal dessa prática – o autoconhecimento advindo do
despertamento da kundaliní e pela eclosão do samádhi.
Normalmente poderíamos dizer que em relação ao sexo não há meio
termo: ou você usa ou não usa. O Tantra nos oferece uma terceira
opção: domesticá-lo e passar de escravo a senhor desse poderoso
instinto. Usá-lo sim, e até mais intensamente, mas de acordo com
certas técnicas de reeducação e aproveitamento da força gerada. Para
utilizá-la, é só bombear mais ou menos pressão na caldeira
termonuclear que todos possuímos no ventre. Em seguida, ir liberando
o vapor aos poucos para que sempre haja alta pressão na usina.
V – KUNDALINÍ
MESTRE DeROSE
113
Kundaliní é uma energia física, de natureza neurológica e
manifestação sexual. Kundaliní é o explosivo que, quando detonado,
produz um clarão. Esse clarão é a iluminação ou samádhi.
(Complemente estas informações com as do livro Chakras e
kundaliní.)
VI – SAMÁDHI
Samádhi é o estado de hiperconsciência, de megalucidez, que
proporciona o autoconhecimento, bem como o conhecimento do
Universo.
Os praticantes de outros tipos de Yôga consideram o samádhi algo
inatingível, digno apenas dos grandes Mestres. Algo que simples
mortais não devem nem almejar sob pena de ser considerados
pretensiosos. E quem o atinge, deve negá-lo publicamente para evitar
o escárnio dos demais yôgis! Quanta estupidez! Quanta distorção! Se
a meta do Yôga é o samádhi, todos os que o praticam devem atingir
esse estado de magalucidez.
O sabíja samádhi, ou samádhi com semente, é um estado de
consciência que pode ser traduzido como pré-iluminação e está ao
alcance de qualquer praticante saudável e disciplinado, que tenha
passado por todos os estágios anteriores e permanecido em cada um
deles o tempo prescrito pelo seu Mestre.
Não há perigo nem misticismo algum. É apenas um estado de
consciência.
O nirbíja samádhi34 é o estágio final, em que o praticante atinge a
meta do Yôga, o coroamento da evolução do ser humano. Não há
como descrevê-lo. Conta-se que, quando os discípulos do iluminado
Rámakrishna pediam-lhe para explicar o que era o samádhi, o Mestre
simplesmente entrava em samádhi.
34 Se o leitor desejar esclarecimentos sobre os termos sânscritos, recomendamos que consulte o
Glossário do livro Faça Yôga antes que você precise. Sobre a pronúncia, ouça o CD Sânscrito Treinamento de Pronúncia, gravado na Índia. Para mais conhecimentos, o ideal é estudar os
vídeos do Curso Básico de Yôga.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
114
Aceite-se, apenas, que o fenômeno é um estado de consciência que está
muitas dimensões acima da mente e, por isso, é impossível compreendêlo com o auxílio dos mecanismos mentais, da lógica ou da cultura. Essas
ferramentas só serão úteis depois que o fenômeno tiver sido
experienciado, para conceituá-lo. Isto basta por ora. Desejando
aprofundar-se neste tema, consulte o nosso livro Meditação.
QUADRO DA PROGRESSÃO NO YÔGA ANTIGO
6
SAMÁDHI
HIPERCONSCIÊNCIA, AUTOCONHECIMENTO
5
KUNDALINÍ
DESPERTAMENTO DO PODER INTERNO
4
MAITHUNA
TÉCNICAS DE CANALIZAÇÃO DA ENERGIA SEXUAL
3
BHÚTA SHUDDHI
FASE DE PURIFICAÇÃO INTENSIVA
2
ASHTÁNGA SÁDHANA
REFORÇO DA ESTRUTURA BIOLÓGICA
1
BIO-EX
TÉCNICAS BIOLÓGICAS DE INTRODUÇÃO
MESTRE DeROSE
115
RECURSOS SUPLEMENTARES
Além da estrutura em três etapas e seis estágios, que acabamos de
estudar, o SwáSthya Yôga possui alguns recursos que são
considerados suplementares por não fazerem falta no processo de
crescimento e evolução do praticante, mas que, por outro lado, podem
contribuir para com a sua melhor integração na egrégora, assim como
para proporcionar maior satisfação ao estudante. Tais recursos são:
SAT SANGA
Sat sanga significa reunião em boa companhia, ou simplesmente
associação. Designa um tipo de reunião festiva, geralmente promovida
apenas para executar kirtans. Nessa oportunidade o oficiante pode
aproveitar para fazer uma preleção ou uma meditação com o grupo.
Por extensão pode denominar-se sat sanga uma reunião festiva na casa
de um praticante de Yôga, de preferência se todos os convidados
forem também yôgins.
SAT CHAKRA
Sat chakra é uma modalidade de sat sanga em chakra, em círculo. Não
confundir com termo shat chakra que significa “os seis chakras”.
Sat chakra é um tipo de chakra sádhana, isto é, prática feita em círculo.
Quando o objetivo é realizar um pújá, denomina-se chakra pújá, que é
uma técnica tipicamente tântrica. No nosso livro Faça Yôga antes que
você precise, o tema pújá está mais desenvolvido.
O sat chakra é um exercício em que os praticantes, em número
mínimo de seis pessoas, sentam-se formando um círculo, no qual vão
executar seis angas, a saber:
1.
2.
3.
4.
5.
captação de energia, através de pránáyáma, bombeando a energia do ar para
dentro do organismo e o prána para os chakras;
equalização da energia, através de mantra, realizando os mesmos mantras, ao
mesmo tempo, no mesmo volume e no mesmo ritmo;
dinamização da energia, pelas palmas, ao atritar os 35 chakras que possuímos
em cada mão;
circulação da energia, dando-se as mãos e fechando a corrente;
projeção da energia, por mentalização e/ou imposição de mãos;
116
6.
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
filtro contra retorno kármico, através de mentalização específica. Este é utilizado
quando aplicamos o sat chakra para fins de beneficiar a pessoas enfermas ou
com qualquer outro tipo de problema.
NYÁSA
Nyása significa identificação. Consiste num exercício de origens
tântricas que visa a produzir um fenômeno muito peculiar em que o
praticante se identifica de tal maneira com o objeto da sua concentração
que passa a possuir as características desse objeto. Terminado o nyása, as
características cessam. Contudo, se o yôgin praticar sistematicamente
nyása sobre um mesmo objeto, gradativamente suas qualidades vão
sendo incorporadas pelo praticante.
Assim, se o sádhaka pratica nyása com o seu Mestre, vai compreender
melhor o ensinamento dele. Passa a incorporá-lo como seu. É possível
executar nyása, não apenas com pessoas vivas ou mortas, mas também
com objetos da Natureza, tais como uma flor ou uma pedra. E, ainda,
com egrégoras e com seres mitológicos.
Há várias formas de nyása. Duas delas são: o Satguru nyása sádhana e
o Shiva Natarája nyása.
SATGURU NYÁSA SÁDHANA
Trata-se de uma prática muito forte. Ela é tão poderosa pelo fato de o
discípulo a receber por via direta, de dentro para fora, numa espécie
de catarse desencadeada por ação de presença do Mestre.
Este sádhana só pode ser transmitido pelo Satguru, isto é, pelo Mestre
mais antigo desta linhagem. Sua simples presença catalisa as energias
dos sádhakas e eles passam a executar ásanas, mudrás, pránáyámas,
mantras, bandhas, kriyás, dháraná, dhyána e samádhi sem que o
Preceptor transmita qualquer ensinamento concretamente. Ele apenas
se permite corrigir alguma prática que não tenha sido captada de
forma correta.
SHIVA NATARÁJA NYÁSA
Esta é uma identificação com Shiva no seu aspecto de Natarája,
aquele que dança dentro de um círculo de fogo, marcando o ritmo do
MESTRE DeROSE
117
Universo com seu tambor dhamaru, e pisoteando o demônio da
ignorância, Avidyá (o qual também é conhecido por outros nomes).
Num nível inicial, reprograma a movimentação do neófito para
aprimorar a linguagem gestual associada aos ásanas e suas passagens
nas coreografias. Em nível mais profundo, promove a identificação com
o criador do Yôga, facilitando a sintonia relativa à origem primeira,
conseqüentemente, à autenticidade e legitimidade do ensinamento que
nos propomos a representar.
Se bem feito, o Shiva Natarája nyása pode introjetar a egrégora de
Shiva no inconsciente do yôgin, tornando-o uno com o criador do
Yôga.
O EGO E O SWÁSTHYA YÔGA
As modalidades de Yôga que se tornaram mais conhecidas nos
últimos séculos eram do tronco medieval (Vêdánta-Brahmáchárya).
Uma característica dessa linhagem é o esforço para aniquilar o ego.
Isso confunde muito os praticantes (e até instrutores) do tronco PréClássico (Sámkhya-Tantra), pois esse conceito está bastante difundido
na Índia de hoje e na literatura que proveio de lá. Como estudiosos
que são, nossos adeptos travam contato, de alguma maneira, com a
bibliografia que prega a aniquilação do ego e mesclam-na
inadvertidamente com a proposta do SwáSthya Yôga. Então, vamos
esclarecer o estudante sobre como a nossa linhagem interpreta isso.
Quando alguém nos desagrada, a atitude mais primária é querer livrarnos da pessoa, ao invés de administrar o relacionamento e torná-lo
produtivo. Quando um animal é indomável, a solução primitiva é
castrá-lo. Assim fazem os Vêdánta-Brahmácháryas com o ego.
Nossa estirpe, 4.000 anos mais antiga, tem outra opinião. Nós
entendemos que o ego é uma ferramenta importante do ente humano.
Não queremos acabar com o ego, ao contrário, nosso método de
trabalho atua no sentido de reforçar o ego para poder utilizar sua
colossal força de realização.
Sem ego não há criatividade, combatividade, arte ou beleza. E mais: a
maioria dos que declaram que o ego é isto, que o ego é aquilo, são
hipócritas porque manifestam muito mais ego que os outros;
frustrados por não conseguir eliminá-lo; ou mal intencionados por
utilizar esse argumento para manipular seus seguidores.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
120
Anular o ego seria como castrar um animal de montaria e depois
utilizá-lo, caminhando cabisbaixo, sem libido. Trabalhar o ego
equivale a domar e montar um cavalo andaluz inteiro, fogoso,
orgulhoso, com sua cabeça erguida e suas passadas viris. Você é o
Púrusha, sua montaria é o ego. Você prefere montar um pangaré
derrotado ou um elegante garanhão?
Castrar o ego seria fácil demais. Domá-lo, isso sim é uma empreitada
que requer coragem e muita disciplina. Eliminar o ego corresponde à
covardia e fuga perante o perigo. Adestrá-lo denota coragem e
disposição para a luta.
O SwáSthya Yôga, nome moderno do DakshinacharatántrikaNiríshwarasámkhya Yôga, quer que você não seja castrado. O
SwáSthya reforça sua libido e o seu ego. Em seguida, canaliza essa
força resultante para fins construtivos. Ter ego não é o problema. Têlo deseducado, selvagem, incivilizado, criador de casos e de conflitos
com as outras pessoas, esse é o grande inconveniente. Basta não nos
esquecermos de que devemos mandar nele e não o contrário.
Portanto, no lugar de envidar esforços para destruir, vamos investir
em algo construtivo. Nada de destruir o ego. Vamos cultivá-lo, com
disciplina e a noção realista de que precisamos dele para a nossa
realização pessoal, profissional e evolutiva.
Já está na hora de sabermos converter energias negativas em positivas,
como no quadro abaixo:
POSITIVO
(utilize:)
NEGATIVO
(no lugar de:)
amor
paixão
zelo
ciúme
erotismo
luxúria
raiva
ódio
orgulho
vaidade
ambição
cobiça
admiração
inveja
precaução
medo
MESTRE DeROSE
121
agressividade
violência
sinceridade
franqueza (crudeza)
prosperidade
opulência
diplomacia
hipocrisia
liberdade
anarquia
disciplina
repressão
sugestão
crítica
colaboração
reclamação
Sim, a coluna da esquerda apresenta alguns sentimentos que nossa
cultura judaico-cristã considera depreciativamente. Contudo, a raiva
constrói. A agressividade educada conduz à vitória. Dessa forma,
eliminando o ego, o erotismo, a raiva, o orgulho, a ambição, a
agressividade, todos os tratores do sucesso são igualmente eliminados.
No SwáSthya não queremos lidar com fracassados. Queremos gente
forte, com um ego poderoso, mas educado.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
Como despedida, deixo-lhe estas recomendações:
1. Recomece agora mesmo a leitura deste livro, dando especial
atenção aos trechos que já foram assinalados por você na primeira
leitura. Releia com mais calma, saboreando cada parágrafo e parando
para meditar e assimilar o seu conteúdo.
2. Conheça os demais livros da Coleção Uni-Yôga:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
Karma e dharma, transforme a sua vida;
Alimentação vegetariana: chega de abobrinha;
Tantra, a sexualidade sacralizada;
ÔM, o mais poderoso dos mantras;
Meditação;
Corpos do Homem e Planos do Universo;
O hinduísmo e as origens do Yôga;
Alternativas de relacionamento afetivo;
Eu me lembro...;
Tudo sobre Yôga;
Yôga, mitos e verdades;
Faça Yôga antes que você precise.
Leia e estude especialmente os dois últimos que são os mais
importantes e têm o poder de mudar a vida de uma pessoa.
3. Considere a possibilidade de tornar-se um instrumento para
melhorar, não só o seu karma, mas o destino de milhares de seres
humanos, formando-se como instrutor de SwáSthya Yôga.
-
124
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
SE QUISER SABER MAIS
Se você quiser saber mais sobre este e outros assuntos, recomendamos
que participe do curso de formação de instrutores da Universidade de
Yôga. Caso não seja possível participar pessoalmente, resta a
alternativa de fazer o curso pelos nossos livros, vídeos e CDs, cuja
relação é divulgada no Anexo, que consta no final deste volume. Para
começar, visite o nosso site, pois você já vai aprender muita coisa lá.
www.uni-yoga.org.br
O site da Universidade de Yôga não vende nada. Mas contém uma
quantidade inimaginável de informações e instruções – teóricas e
práticas – sobre o Yôga Antigo, Pré-Clássico, o mais completo que
existe e que deu origem a todos os demais.
Não abrimos concessão aos modismos estereotipados, nem às
invencionices comerciais, nem ao comportamento questionável de
vender benefícios, terapias ou misticismos. O trabalho da Uni-Yôga é
sério e nosso foco é o Yôga Ancestral, sua filosofia de
autoconhecimento e a formação profissionalizante de bons instrutores
que tenham essa mesma visão. Nossa Jurisdição atualmente
compreende Brasil, Argentina, Portugal, Espanha, França e Inglaterra.
O site permite free downloads (sem ônus) de muitos livros e MP3 de
vários CDs com música e com aulas práticas de Yôga, descontração,
meditação, mantras, etc. Tudo sem custo algum. É o único site de
Yôga com essas características.
MESTRE DeROSE
125
ANEXO
Esta é uma divisão suplementar, que não faz parte do livro,
destinada à divulgação do SwáSthya Yôga.
125
COMO CONTRIBUIR COM A NOSSA OBRA
Veja quais das opções abaixo se enquadram nas suas possibilidades.
1)
Organize mostras de vídeo, palestras e cursos na sua cidade, em
universidades, associações, bibliotecas, colégios, clubes, livrarias,
entidades filosóficas. Isso não lhe custará nada e ainda poderá
proporcionar muita satisfação.
2)
Torne-se instrutor de Yôga e ajude a difundir o autoconhecimento, a
qualidade de vida, a alegria, a saúde e o amor. Você pode iniciar a sua
formação aí mesmo na sua cidade através do Curso Básico em vídeo.
3)
Filie-se à União Nacional de Yôga em alguma das diversas categorias.
Informe-se para saber qual delas oferece a melhor relação
custo/benefício para as suas expectativas.
4)
Outra forma de contribuir é adquirindo o material didático relacionado
nas páginas que se seguem.
Qualquer que seja a sua escolha, saiba que terá uma legião de pessoas
beneficiadas com seu gesto.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
128
MATERIAL DIDÁTICO DISPONÍVEL NAS UNIDADES
DA REDE DeROSE
DESCONTOS
Você pode ter de 10% a 50% de desconto nos produtos abaixo. Informe-se por
telefone sobre os descontos existentes e como ter acesso a eles.
LIVROS DO MESTRE DeROSE
FAÇA YÔGA ANTES QUE VOCÊ PRECISE (SWÁSTHYA YÔGA SHÁSTRA): Um
clássico. É considerada uma obra canônica, a mais completa obra do mundo em
toda a História do Yôga, com 700 páginas e mais de 2.000 fotografias. Contém 32
mantras em sânscrito, 108 mudrás do hinduísmo (gestos reflexológicos) com suas
ilustrações, 27 kriyás clássicos (atividades de purificação das mucosas), 54
exercícios de concentração e meditação, 58 pránáyámas tradicionais (exercícios
respiratórios) e 2.000 ásanas (técnicas corporais). Apresenta capítulos sobre karma,
kundaliní (as paranormalidades), samádhi (o autoconhecimento) e Tantra (a
sexualidade sacralizada). Oferece ainda um capítulo sobre alimentação e outro de
orientação para o dia-a-dia do praticante de Yôga (como despertar, a meditação
matinal, o banho, o desjejum, o trabalho diário, etc.). É o único livro que possui uma
nota no final dos principais capítulos com instruções e dicas especialmente dirigidas
aos professores de Yôga. Indica uma bibliografia confiável, mostra como identificar
os bons livros e ensina a estudá-los.
YÔGA, MITOS E VERDADES: A mais importante obra do Mestre DeRose. Contém
uma quantidade inimaginável de informações úteis sobre: História, mensagens,
poesia, mistério, Tantra, vivências, percepções, viagens à Índia, revelações inéditas,
experiência de vida, crônicas e episódios bem humorados. Contém testemunhos
sobre a história do Yôga no Brasil registrados por um dos últimos professores ainda
vivos que presenciaram os fatos para não deixá-los cair no esquecimento. Diferente
de todos os livros já escritos sobre Yôga, é leitura indispensável para o praticante ou
instrutor. É o livro mais relevante do SwáSthya Yôga. Ninguém deve deixar de lê-lo.
128
MESTRE DeROSE
129
TUDO O QUE VOCÊ NUNCA QUIS SABER SOBRE YÔGA: O título provocativo e
bem humorado sugere a leveza da leitura. O texto foi estruturado em perguntas e
respostas para esclarecer aquelas questões que todo o mundo quer saber, mas
nunca nem imaginou formular por não ter alguém confiável a quem perguntar. “Será
que estou praticando um Yôga autêntico ou estarei comprando gato por lebre? Meu
instrutor será uma pessoa séria ou estou sendo enganado por um charlatão? O que
é o Yôga, para que serve, qual sua origem, qual a proposta original, quando surgiu,
onde surgiu, a quem se destina? Há alguma restrição alimentar ou da sexualidade?
Será uma espécie de ginástica, terapia, religião?” Tudo sobre Yôga indica uma
vasta literatura de apoio, ensina como escolher um bom livro, como aproveitar
melhor a leitura, e inclui documentação bibliográfica discriminada, de forma que as
opiniões defendidas possam ser confirmadas em outras obras. Orienta inclusive para
a formação de instrutores de Yôga e é livro-texto da Primeira Universidade de Yôga
do Brasil.
EU ME LEMBRO...: Poesia, romance, filosofia. Este livro tem um pouco de cada.
Como o autor muito bem colocou no Prefácio, este livro não tem a pretensão de
estar relatando fatos reais ou percepções de outras existências. Ele preferiu rotular a
obra como ficção, a fim de reduzir o atrito com o bom-senso, já que há coisas que
não se podem explicar. No entanto, é uma possibilidade no mínimo curiosa, que
DeRose assim o tenha feito pelo seu proverbial cuidado em não estimular misticismo
em seus leitores, mas que trate-se de lembranças de eventos verídicos do período
dravídico, guardados no mais profundo do inconsciente coletivo.
A REGULAMENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE YÔGA: Este livro reúne a
história da luta pela regulamentação da nossa categoria, desde 1978, quando
DeRose apresentou a primeira proposta. Contém documentos úteis para a proteção
dos profissionais da área, o texto e as emendas do novo projeto de Lei, 4680 de
2.001, relatórios das reuniões com as opiniões e o registro histórico das reações das
pessoas a favor ou contra a regulamentação, o depoimento das conseqüências se o
Yôga for encampado pela Ed. Física, a fogueira das vaidades dos “professores” de
“yóga”, relatos dramáticos e outros hilariantes dessa campanha.
ENCONTRO COM O MESTRE: Esta ficção relata a surrealista experiência do
encontro entre o jovem DeRose, com 18 anos de idade e o Mestre DeRose com 58
anos. O jovem candidata-se à prática do SwáSthya Yôga e é recusado pelo velho
Mestre. O que resulta daí é um diálogo com debates filosóficos, éticos e iniciáticos,
envolvendo temas como: o vil metal, a reencarnação, o espiritualismo, o radicalismo,
meditação, sexo, a multiplicidade de mestres e escolas pelas quais o menino
passara, etc. O final apresenta uma surpresa inusitada que a maioria não vai notar,
mas os que tiverem estudado os demais livros vão descobrir... se prestarem muita
atenção!
SÚTRAS – MÁXIMAS DE LUCIDEZ E ÊXTASE: Este livro foi escrito por DeRose
aos 18 anos de idade e estava inédito até agora. Em 1962 chamava-se As Setenta
e Sete Chaves, por apresentar 77 máximas. Algumas são sérias, outras são
engraçadas; umas são cáusticas, outras doces; umas são leves e outras
filosoficamente muito profundas; algumas delas só poderão ser compreendidas no
seu sentido hermético se forem lidas por pessoas com iniciação maçônica ou similar.
129
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
130
Naquela época o único exemplar que existia era usado, pelo próprio autor, como
conselheiro para o dia-a-dia. Ele se concentrava sobre uma questão que desejasse
consultar, e abria o livro numa página aleatoriamente. Lia e meditava sobre o
pensamento e sua relação com a questão. Muitas vezes o resultado era
surpreendente.
ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA – CHEGA DE ABOBRINHA!: A maior parte dos
livros sobre vegetarianismo peca por preocupar-se em demonstrar que a
alimentação vegetariana é nutritiva e até curativa, mas relega o sabor a um sétimo
subplano do baixo astral. Este livro não quer provar que você pode sobreviver sendo
vegetariano, pois as evidências estão aí: um bilhão de hindus, todos os cristãos
adventistas do mundo e todos os praticantes de SwáSthya Yôga (hoje, já mais de
um milhão só no Brasil). O livro apresenta unicamente receitas de-li-ci-o-sas, para
você adotar o vegetarianismo sem que a sua família nem sequer perceba que os
pratos não têm carne e, ainda, incrementando muito o paladar, o refinamento e a
sofisticação culinária.
YÔGA SÚTRA DE PÁTAÑJALI: Nova edição da obra clássica mais traduzida e
comentada no mundo inteiro. Recomendável para estudiosos que queiram ampliar
sua cultura em 360 graus. Depois de 20 anos de viagens à Índia, DeRose revisou e
aumentou seu livro publicado inicialmente em 1980. Sendo uma obra erudita, todo
estudioso de Yôga deve possui-lo. É indispensável para compreender o Yôga
Clássico e todas as demais modalidades.
MENSAGENS DO YÔGA: Este é um livro que reúne as mensagens mais inspiradas
que foram escritas por DeRose em momentos de enlevo durante sua trajetória como
preceptor e mentor desta filosofia iniciática. Aqui compilamos todas elas para que os
admiradores dessa modalidade de ensinamento possam deleitar-se com a força do
verbo. É interessante como o coração realmente fala mais alto. DeRose tem mais de
vinte livros publicados em vários países, leciona Yôga desde 1960 e ministra o Curso
de Formação de Instrutores de Yôga em praticamente todas as Universidades
Federais, Estaduais e Católicas do Brasil há mais de 20 anos. No entanto, muita
gente só compreendeu o ensinamento do Mestre DeRose quando leu suas
mensagens. Elas têm o poder de catalisar a força interior de quem as lê e
desencadear um processo de modificação do karma através da potencialização da
vontade e do amor.
VIAGENS À ÍNDIA DOS YÔGIS: Fotos de vinte anos de viagens de DeRose àquele
país, para nós, tão misterioso. O país mais invadido da História, suas montanhas
geladas, seus desertos escaldantes, seus yôgis, sua comida, suas ruínas, seus
mosteiros, seu povo com tantas religiões e etnias. A sabedoria oriental, as
paranormalidades, os homens santos e os mágicos de rua.
PROGRAMA DO CURSO BÁSICO DE YÔGA: Contém todo o programa do
Seminário de Preparação ao Curso de Formação de Instrutores de Yôga. Esse
curso pode ser feito por qualquer pessoa que queira conhecer o Yôga mais
profundamente e é especialmente recomendado aos que já lecionam ou pretendam
lecionar. Também disponível em vídeo.
130
MESTRE DeROSE
131
BOAS MANEIRAS NO YÔGA: Bons modos são fundamentais para todos. Nós que
não comemos carnes, não tomamos vinho e não fumamos, como deveremos nos
comportar num jantar, numa recepção, numa visita ou quando formos hospedados?
Você já está educado o bastante para representar bem o Yôga? E, refinado o
suficiente para ser instrutor de Yôga ou Diretor de Entidade? Qual a relação entre
Mestre e Discípulo? Algumas curiosidades da etiqueta hindu. Nosso Código de Ética.
GUIA DO INSTRUTOR DE YÔGA: É o único livro no mundo escrito especialmente
para instrutores de Yôga. Orienta sobre como montar um núcleo, como legalizá-lo,
como administrá-lo. Contém textos de várias leis que regem essa profissão e que os
advogados e contadores desconhecem. Como se habilitar legalmente, como tornar
seu ideal economicamente viável, como organizar cursos, como ascender na
hierarquia da profissão e chegar a presidente de uma Federação ou a representante
da Universidade Internacional de Yôga na sua cidade.
TANTRA, A SEXUALIDADE SACRALIZADA: Esta obra disserta sobre o Tantra, a
única via de aprimoramento físico e espiritual através do prazer, tradição secreta da
Índia antiga que começa a ser desvendada pelo Ocidente. Aborda a questão da
sexualidade de forma natural, compreensível, a um só tempo técnica e poética.
Ensina exercícios e conceitos que otimizam a performance e o prazer dos
praticantes, independentemente de idade, canalizando a energia sexual para a
melhor qualidade de vida, saúde, criatividade, produtividade profissional,
sensibilidade artística, rendimento nos esportes, autoconhecimento e evolução
interior. Tantra, a sexualidade sacralizada ensina como conseguir uma relação
erótica com a duração de três horas ou mais; como transformar uma vida conjugal
acomodada e já sem atrativos em uma experiência plena de remotivação e alegria
de viver; como vivenciar o hiper orgasmo, um estado inebriante de hiperestesia
sensorial que nenhuma droga externa seria capaz de proporcionar, mas somente
obtenível pelas drogas endógenas, segregadas pelo próprio corpo, com suas
endorfinas. E ainda introduz a proposta de alcançar elevados níveis de
aperfeiçoamento interior a partir do prazer!
LIVROS DOS EX-ALUNOS DE DeROSE
YÔGA, SÁMKHYA E TANTRA: do Mestre Sérgio Santos, ilustrado com vários
quadros sinóticos, é prefaciado e recomendado pelo próprio DeRose como um livro
extremamente sério, profundo e honesto, que destrincha e explana com linguagem
simples questões até então muito complexas ou controvertidas. A obra é a tese de
Mestrado do autor e, por isso mesmo, severamente fundamentada sobre citações
das escrituras hindus (os Vêdas, os Tantras, as Upanishades, o Gítá, o Yôga Sútra,
o Mahá Bhárata) bem como de livros célebres das maiores autoridades da Índia e da
Europa nos últimos séculos (Sivánanda, John Woodroffe, Mircéa Éliade, Tara
Michaël) sobre Yôga, Sámkhya, Tantra, História, Arqueologia, Antropologia, etc..
O GOURMET VEGETARIANO: da Profa. Rosângela de Castro, é um livro de
alimentação refinada. Além das receitas, fornece dados importantes sobre nutrição,
assimilação e excreção. Como todos os nossos livros, este também não é sectário e
não quer convencer ninguém de que a alimentação vegetariana é a melhor.
Simplesmente, fornece dados e receitas aos que aspiram por uma nutrição ultra-
131
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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biológica, sadia e deliciosa. Contém um guia sobre vitaminas e sais minerais.
Praticantes de Yôga, desportistas e profissionais que precisam de uma alimentação
que proporcione o máximo ao corpo e à mente, não podem deixar de adquirir este
livro.
COREOGRAFIAS DO SWÁSTHYA YÔGA: da instrutora Anahí Flores, uma das
melhores demonstradoras internacionais. O livro ensina como montar uma prática de
SwáSthya, com técnicas corporais e mudrás, para utilização tanto de iniciantes
quanto de veteranos e instrutores. Todos os alunos deveriam estudar as dicas
ensinadas pela autora, bem como adquirir seus lindíssimos pôsteres e postais.
COLEÇÃO CURSO BÁSICO DE YÔGA
CADA UM DOS LIVROS ABAIXO TAMBÉM EXISTE
NA FORMA DE CURSO GRAVADO EM VÍDEO
TANTRA, A SEXUALIDADE SACRALIZADA: Esta obra disserta sobre o Tantra, a
única via de aprimoramento físico e espiritual através do prazer, tradição secreta da
Índia antiga que começa a ser desvendada pelo Ocidente. Aborda a questão da
sexualidade de forma natural, compreensível, a um só tempo técnica e poética.
Ensina exercícios e conceitos que otimizam a performance e o prazer dos
praticantes, independentemente de idade, canalizando a energia sexual para a
melhor qualidade de vida, saúde, criatividade, produtividade profissional,
sensibilidade artística, rendimento nos esportes, autoconhecimento e evolução
interior. Tantra, a sexualidade sacralizada ensina como conseguir uma relação
erótica com a duração de três horas ou mais; como transformar uma vida conjugal
acomodada e já sem atrativos em uma experiência plena de remotivação e alegria
de viver; como vivenciar o hiper orgasmo, um estado inebriante de hiperestesia
sensorial que nenhuma droga externa seria capaz de proporcionar, mas somente
obtenível pelas drogas endógenas, segregadas pelo próprio corpo, com suas
endorfinas. E ainda introduz a proposta de alcançar elevados níveis de
aperfeiçoamento interior a partir do prazer!
ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA – CHEGA DE ABOBRINHA!: A maior parte dos
livros sobre vegetarianismo peca por preocupar-se em demonstrar que a
alimentação vegetariana é nutritiva e até curativa, mas relega o sabor a um sétimo
subplano do baixo astral. Este livro não quer provar que você pode sobreviver sendo
vegetariano, pois as evidências estão aí: um bilhão de hindus, todos os cristãos
adventistas do mundo e todos os praticantes de SwáSthya Yôga (hoje, já mais de
um milhão só no Brasil). O livro apresenta unicamente receitas de-li-ci-o-sas, para
você adotar o vegetarianismo sem que a sua família nem sequer perceba que os
pratos não têm carne e, ainda, incrementando muito o paladar, o refinamento e a
sofisticação culinária.
KARMA E DHARMA – TRANSFORME A SUA VIDA: Ensinamentos revolucionários
sobre como comandar o seu destino, saúde, felicidade e finanças.
CHAKRAS, KUNDALINÍ E PODERES PARANORMAIS: Revelações inéditas sobre
os centros de força do corpo e sobre o despertamento do poder interno.
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MESTRE DeROSE
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MEDITAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO: A verdade desvendada a respeito dessa
técnica adotada por milhões de pessoas no Ocidente e por mais de um bilhão no
Oriente.
CORPOS DO HOMEM E PLANOS DO UNIVERSO: A estrutura dos veículos sutis
que o ser humano utiliza para se manifestar nas diversas dimensões da Natureza.
ÔM – O MAIS PODEROSO DOS MANTRAS: As várias formas de pronunciar o
mantra que deu origem a todos os demais mantras, e como evitar erros perniciosos.
PROGRAMA DO CURSO BÁSICO DE YÔGA: Contém todo o programa do
Seminário de Preparação ao Curso de Formação de Instrutores de Yôga. Esse
curso pode ser feito por qualquer pessoa que queira conhecer o Yôga mais
profundamente e é especialmente recomendado aos que já lecionam ou pretendam
lecionar. Também disponível em vídeo.
POSTERES
POSTER COM AS FOTOS DA PRÁTICA BÁSICA: Didático e decorativo, apresenta
dezenas de fotografias de DeRose executando as técnicas descritas
pormenorizadamente no CD Prática Básica.
POSTER DO SÚRYA NAMASKÁRA: Mostra a mais antiga coreografia, a única que
ainda resta no acervo do Yôga Moderno, a Saudação ao Sol, em doze ásanas
executados pelo próprio DeRose.
CDS COM AULAS E MANTRAS
YÔGA - PRÁTICA BÁSICA: Contém 84 exercícios entre técnicas corporais,
respiratórios, relaxamentos, mantras, meditação, mudrás, kriyás e pújás com a
descrição pormenorizada para permitir perfeita compreensão ao iniciante. As
ilustrações referentes às técnicas, bem como instruções detalhadas encontram-se
no livro FAÇA YÔGA ANTES QUE VOCÊ PRECISE.
RELAX - REPROGRAMAÇÃO EMOCIONAL: Relaxamento profundo com ordens
mentais para beneficiar a saúde, desenvolvimento interior, aprimoramento do caráter
e dos costumes, obter maior produtividade no trabalho, nos estudos, nos esportes;
melhor integração social e familiar. Para ser utilizada após a prática de Yôga ou
antes de dormir. Ou, ainda, enquanto trabalha, lê, etc. para que vá diretamente ao
seu subconsciente. Não deve, entretanto, ser utilizada enquanto conduz qualquer
tipo de veículo por descontrair muito e, eventualmente, reduzir reflexos.
DESENVOLVA A SUA MENTE: Ensina exercícios práticos para o aumento do
controle mental, estimula o despertar de faculdades latentes e aprimora a
sensitividade, visando a conduzir aos estados alfa, téta e outros mais profundos.
Induz à meditação, ensina a transmitir força e saúde pelo pensamento, testa o índice
de paranormalidade, treina a projeção astral e oferece muitos outros exercícios.
SÂNSCRITO - TREINAMENTO DE PRONÚNCIA: Não cometa mais gafes! Alguns
termos mal pronunciados podem ter significados embaraçosos... Gravada na Índia
pelo Dr. Muralitha, Mestre de sânscrito para hindus, esta fita contém entrevistas com
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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swámis indianos sobre a importância mântrica de pronunciar corretamente os termos
técnicos do Yôga, explanações teóricas e exercícios de dicção. O apoio bibliográfico
a esta gravação são os livros FAÇA YÔGA ANTES QUE VOCÊ PRECISE e TUDO O QUE VOCÊ
NUNCA QUIS SABER SOBRE YÔGA.
SAT CHAKRA - CÍRCULO DE ENERGIA: Gravada originalmente nos Himalayas por
DeRose, contém respiratórios, mantras, mentalizações, técnicas de projeção e
canalização de energia para fortalecimento pessoal, bem como para moldagem do
futuro de cada participante. É utilizada por praticantes e professores de todo o
mundo para estabelecer uma forte sintonia recíproca. Todas as quartas-feiras (ou,
pelo menos, nas terceiras 4as feiras de cada mês), à mesma hora, os professores
acionam esta gravação em seus Núcleos de Yôga. Os demais interessados podem
adquirir o CD de Sat Chakra para reunir seus familiares ou amigos e praticar este
poderoso exercício gregário.
MANTRA, PRINCÍPIO, PALAVRA E PODER (do Mestre Carlos Cardoso):
Experimente a maravilhosa sensação de ouvir mantras de várias linhas de Yôga,
vocalizados em sânscrito por um coral a 4 vozes, constituindo um manancial inédito
de musicalidade ancestral. Para ser utilizado nas práticas diárias ou simplesmente
energizar o ambiente com estes sons poderosos.
ÔM, O SOM ETERNO (do Mestre Carlos Cardoso): “Em todas as escrituras da
Índia antiga o ÔM é considerado como o mais poderoso de todos os mantras. Os
outros são considerados aspectos do ÔM e o ÔM é a matriz de todos os demais
mantras. É denominado mátriká mantra, ou som matricial.” Sinta a força de mais de
100 vozes entoando este som primordial. Sinta o incontável número de sons
harmônicos naturais gerados para lhe propiciar concentração e meditação.
KIRTANS, OS MANTRAS DA ÍNDIA ANTIGA (do Mestre Carlos Cardoso): Estes
mantras fabulosos da Índia têm uma aceitação e respeito de ordem mundial. Nas
suas letras, de cunho folclórico, épico ou mitológico, exaltam-se e reverenciam-se os
personagens mais importantes da história indiana - como Shiva, Ganêsha, Parvatí,
Ráma, Krishna - que remonta mais de 5.000 anos.
BÍJA, O SOM DOS CHAKRAS (do Mestre Carlos Cardoso): No despertamento da
kundaliní, os chakras desempenham um importante papel como elementos
catalisadores e distribuidores do prána (bio-energia). Os bíjas, sons-semente dos
chakras, induzem, desenvolvem, organizam os chakras para um funcionamento mais
adequado ao que se deseje obter. Elaborados com um efeito sonoro relaxante,
ensina a vocalização correta desses sons primordiais.
MANTRA (do Prof. Edgardo Caramella): Este CD é recomendado para escutar em
casa, no carro e até para animar as festas! É lindíssimo, acompanhado de uma
primorosa percussão executada pelos próprios instrutores de SwáSthya que fazem
parte do coro. Foi produzido por uma das representações da Universidade de Yôga
na Argentina.
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MESTRE DeROSE
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COREOGRAPHIA (do shakta ZéPaulo): Músicas orquestradas, sem vocal,
cronometradas no tempo certo, para utilizar na demonstração de coreografias.
Também podem ser utilizadas como música ambiente. Constitui um trabalho
impecável. Foi produzido por uma das representações da Universidade de Yôga em
Portugal.
TANTRA MUSIC (do Prof. Roberto Locatelli): Contém músicas compostas e
executadas no computador pelo próprio Prof. Locatelli. São músicas que têm um
sentimento vibrante de força, poder e energia – dinâmicas como o SwáSthya Yôga.
INCENSO KÁLÍ-DANDA
Um dos melhores do mundo e dos raros que realmente são elaborados com a
matéria prima chamada incenso. Durante a queima são liberadas substâncias
provenientes do amálgama alquímico com a propriedade de dissolver larvas e
miasmas astrais. Limpa e purifica ambientes e as auras das pessoas. Auxilia a
concentração e a meditação.
PERFUME TÂNTRICO CAREZZA DE ALTA FIXAÇÃO
Essência pura, o Carezza é extremamente energético e estimulante. Leia a Lenda
do Perfume Carezza nos livros já mencionados.
MEDALHA COM O ÔM
(SÍMBOLO UNIVERSAL DO YÔGA)
Cunhada em forma antiga, representa de um lado o ÔM em alto relevo, circundado
por outras inscrições sânscritas. No reverso, o ashtánga yantra, poderoso símbolo
do SwáSthya Yôga. O ÔM é o mais importante mantra do Yôga e atua diretamente
no ájña chakra, a terceira visão, entre as sobrancelhas. Para maiores informações
sobre o ÔM, a medalha, o ashtánga yantra e os chakras, consulte os livros acima
citados.
FAÇA O SEU PEDIDO PARA:
BRASIL:
(00 55 11) 3088-9491
(00 55 11) 3081-9821
ARGENTINA:
(00 54 11) 48 64 70 90
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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PORTUGAL:
(00 351 21) 84 53 974
(00 351 22) 60 03 212
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MESTRE DeROSE
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VOCÊ SABE O QUE É A UNIÃO NACIONAL DE YÔGA?
DESCULPE, MAS NÃO SABE.
A Uni-Yôga foi criada e existe para auxiliar você a melhorar seus
conhecimentos de Yôga, sua qualidade de aula, seu sucesso na profissão,
bem como para aumentar o número dos seus alunos e, conseqüentemente,
beneficiá-lo economicamente.
O MAIS INTERESSANTE É QUE A FILIAÇÃO É GRATUITA.
Você sabia? Claro que não sabia, pois, se soubesse, já estaria filiado e creditando essas vantagens na conta da sua Unidade, Núcleo ou Academia.
Os professores que entenderam a proposta da União usam-na para ampliar
seu patrimônio a cada mês que permanecem filiados e, dessa forma,
crescer não apenas na qualidade e autenticidade do Yôga que ensinam,
mas também melhorando as instalações para proporcionar mais conforto e
bem-estar a si mesmos e aos seus alunos... e, a médio prazo, comprar a
sua sede própria para afastar as preocupações materiais. Afinal, elas não
devem interferir com a sua missão de difundir o Yôga mais legítimo.
Se você responder: “é, mas agora não dá”, saiba que você tem um
problema sério de paradigma. Nesse caso, não podemos fazer nada por
você. Os outros instrutores vão continuar crescendo e você vai permanecer
estagnado. Só você pode decidir melhorar o karma da sua vida e profissão.
Queremos você na nossa família, queremos a sua amizade, queremos
ajudar-nos mutuamente.
Ass. Seus Amigos da Uni-Yôga
A força está na União; na separação, a fraqueza.
DeRose
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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PARA QUE SER FILIADO À UNI-YÔGA
A motivação maior das pessoas é o carinho e a vontade de fazer parte
desta grande família. Contudo, uma filiação traz certas vantagens. Algumas
delas são (por ordem de importância):
1. Ter o privilégio de poder declarar-se filiado à União Nacional de Yôga.
2. Contar com o respaldo do nome e da experiência do Mestre DeRose.
3. Trocar conhecimentos e desfrutar de um largo círculo de amizades
com outros instrutores de Yôga.
4. Ser convidado para dar cursos ou fornecer algum produto seu noutras
cidades.
5. Se for Credenciado, ter a possibilidade de ocupar o cargo de
Presidente da Associação de Professores de Yôga da sua cidade
(deixando de ser Credenciado, precisará devolver a pasta).
6. Contar com descontos em cursos e eventos para o Diretor, os
Instrutores e os praticantes da sua Unidade.
7. Contar com descontos na compra de livros, CDs, vídeos e outros
produtos da Uni-Yôga.
8. Se for Credenciado, ter gratuidade ao participar de cursos, congressos
e festivais que forem classificados como prioridade A.
9. Ser indicado pela União Internacional de Yôga como um instrutor sério
e competente.
10. Seus alunos poderão freqüentar gratuitamente as demais unidades
da rede quando em viagem por todo o Brasil e exterior.
11. Ter a possibilidade de se cotizar com os demais filiados para a
publicação de divulgação em veículos nobres.
12. Todos os demais benefícios de fazer parte de uma grande rede de
Núcleos de SwáSthya Yôga, inclusive o de estar sempre atualizado,
recebendo notícias e as últimas novidades para saber o que está
acontecendo na área de Yôga, o intercâmbio cultural, a documentação,
o aprimoramento contínuo e o apoio dos seus companheiros, não
apenas para o trabalho, mas para a vida social. Afinal, ninguém pode
ficar só. Todo instrutor de Yôga deve estar filiado a alguma entidade. A
questão é fazer uma escolha acertada.
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O QUE É A
UNIVERSIDADE DE YÔGA
Universidade de Yôga é o nome da entidade legalmente registrada em cartório de
Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Essa é a razão social. Temos dois registros:
um como PRIMEIRA UNIVERSIDADE DE YÔGA DO BRASIL, registrada nos termos dos arts.
18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício e outro como
o
o
UNIVERSIDADE INTERNACIONAL DE YÔGA, registrada sob o n . 232.558/94 no 3 . RTD,
com jurisdição mais abrangente, para promover atividades culturais na América
Latina e Europa.
DEFINIÇÃO JURÍDICA
PRIMEIRA UNIVERSIDADE DE YÔGA DO BRASIL é o nome do convênio firmado entre a
União Nacional de Yôga, as Federações de Yôga dos Estados, e as Universidades
Federais, Estaduais ou Católicas que o firmarem, visando à formação de instrutores
de Yôga em cursos de extensão universitária. Esse convênio apenas formaliza e dá
continuidade ao programa de profissionalização que vem se realizando sob a nossa
tutela, naquelas Universidades desde a década de 70 em praticamente todo o país.
PROPOSTA E JUSTIFICATIVA
Queremos compartilhar com você uma das maiores conquistas da nossa classe
profissional. Nos moldes das grandes Universidades Livres que existem na Europa e
Estados Unidos há muito tempo, foi fundada a Primeira Universidade de Yôga do
Brasil.
Inicialmente esta entidade não pretende ser um estabelecimento de ensino superior
e sim ater-se ao conceito arcaico do termo universitas: totalidade, conjunto. Na Idade
Média, universitas veio a ser usada para designar “corporação”. Em Bolonha o termo
foi aplicado à corporação de estudantes. Em Paris, ao contrário, foi aplicado ao
conjunto de professores e alunos (universitas magistrorum et scholarium). Em
Portugal, universidade acha-se documentado no sentido de “totalidade, conjunto (de
pessoas)”, nas Ordenações Afonsinas (Dicionário Etimológico da Língua
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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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Portuguesa). O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de
Ciências de Lisboa, oferece como primeiro significado da palavra universidade:
“conjunto de elementos ou de coisas consideradas no seu todo. Generalidade,
totalidade, universalidade”. No Brasil, o Dicionário Michaelis define como primeiro
significado da palavra universidade: “totalidade, universalidade”. E o Dicionário
Houaiss, define como primeiro significado: “qualidade ou condição de universal”.
Portanto, o conceito de que Universidade seja um conjunto de faculdades é apenas
um estereótipo contemporâneo.
Tampouco somos os primeiros a idealizar este tipo de instituição. A Universidade
Livre de Música Tom Jobim (mantida pelo Estado de São Paulo), a Universidade
Corporativa Visa (de São Paulo), a Universidade SEBRAE de Negócios (de Porto
Alegre), a Universidade Holística (de Brasília), a Universidade Livre do Meio
Ambiente (de Curitiba), e a Universidade de Franchising (de São Paulo), são alguns
dos muitos exemplos que podemos citar como precedentes.
O que importa é que a sementinha está lançada e queremos compartilhá-la com
todos os nossos colegas. Conto com o seu apoio para fazermos uma UNIVERSIDADE
DE YÔGA digna desse nome!
DeRose
Reconhecimento do título de Mestre em Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber pelas Faculdades Integradas Teresa d’Ávila (SP),
pela Universidade Estácio de Sá (MG), UniCruz (RS), Universidade do Porto (Portugal) e Universidade Lusófona de Lisboa.
Comendador e Notório Saber em Yôga pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração.
Comendador pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História.
Fundador do Conselho Federal de Yôga e do Sindicato Nacional dos Profissionais de Yôga.
Introdutor do Yôga nas Universidades Federais, Estaduais e Católicas do Brasil.
Fundador da primeira Confederação Nacional de Yôga do Brasil.
Criador da Primeira Universidade de Yôga do Brasil e Universidade Internacional de Yôga, em Portugal.
Criador do primeiro projeto de lei em 1978 e principal articulador da Regulamentação dos Profissionais de Yôga.
140
A maior entidade de Yôga do país com 205 unidades no Brasil, Merco-Sul e na Europa
SÓ É PERMITIDO
INGRESSAR PARA
A PRIMEIRA AULA
COM A FOTO NA
FICHA
Turma
Agenda
FICHA DE PRATICANTE
USE LETRA BEM LEGÍVEL
Nome:
_____________________________________________
Nº
de
controle:
_____________
Endereço
____________________________________________________________
Bairro:
__________________________________
______________________
CEP:
_______________
_____________
Cidade:
residencial:
Telefones:
(_____)
______________________________
Estado:
Profissão:
_______________________________________
________________________
Cargo:
Empresa:
_________________________________________
_______________________
e-mail:
Endereço
____________________________________________________________
profissional:
Bairro:
__________________________________
______________________
CEP:
_______________
_____________
Cidade:
Telefones:
(_____)
_______________________________
Data
de
nascimento:
___________________________________
_____/_____/_____
Estado
Estado:
civil:
Deseja praticar Yôga ou Bio-Ex? _____________ Motivo pelo qual decidiu praticar:
___________
____________________________________________________________________________
__
Já praticou antes? __________ Já leu algo a respeito? _________ Livros que leu:
____________
____________________________________________________________________________
__
Já se dedicou a
_________________
alguma
modalidade
similar?
____________
Qual
(ou
quais)?
____________________________________________________________________________
__
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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Indicado
___________________________________________________________________
por:
ASSINALE COM UM X OS CURSOS QUE VOCÊ GOSTARIA DE FAZER NO FUTURO:
❏ Alimentação biológica
❏ Ásanas (técnicas corporais)
❏ Mantra
❏ Karma – transforme a sua vida
❏ Formação profissional
❏ Tantra
❏ Chakras e kundaliní
❏ Curso Superior de Yôga (3º grau)
❏ Meditação
142
MESTRE DeROSE
143
EXAME MÉDICO OBRIGATÓRIO – NÃO ACEITAMOS ATESTADO
O atestado médico declara apenas que o interessado pode fazer Yôga. Isso é uma redundância, já que todas as
pessoas podem praticá-lo, com qualquer estado de saúde. Alguém que tivesse, ao mesmo tempo, pressão alta,
problemas cardíacos, problemas graves de coluna, asma e úlcera, tudo junto, ainda poderia praticar até 90% das
técnicas de Yôga, a saber: todos os mudrás (gestos reflexológicos feitos com as mãos); quase todos os kriyás
(purificações orgânicas); um bom número de ásanas (técnicas corporais) dos quais se suprimiriam os contraindicados pelo médico; todos os yôganidrás (relaxamentos); e todos os samyamas (exercícios de concentração,
meditação e outros dessa natureza).
Por essa razão, apresentamos as ilustrações abaixo, para que o competente julgamento do médico autorize ou
contra-indique os exercícios, conforme o caso. E não o Yôga, como um todo!
Médicos de convênios, clubes e empresas poderão não aceitar esta ficha por motivos administrativos. Nesse caso,
procure o seu médico particular ou solicite indicação na sua Unidade da Rede De Rose.
PARA USO DO MÉDICO
Os exercícios assinalados são contra-indicados para este praticante
Declaro que examinei o paciente em questão e que ele não é portador de doenças infectocontagiosas, nem afecções graves e, portanto, está autorizado a praticar Yôga e/ou Bio-Ex,
exceto as contra-indicações que eu eventualmente tiver assinalado nos desenhos acima.
Nome
do
________________________________________________________________
Endereço:
____________
_________________________________________________
Local
e
Data:
________________
______________________________________________
Médico:
Telefone:
CRM:
Assinatura:
_____________________________________________________________________
TERMO DE RESPONSABILIDADE DO PRATICANTE
Estou ciente das contra-indicações assinaladas pelo médico e comprometo-me a
observá-las, assumindo total responsabilidade a respeito e, portanto, isentando meu
143
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
144
instrutor, a Unidade onde pratico e a União Nacional de Yôga de toda e qualquer
responsabilidade.
Local
e
____________________________________________________________________
Assinatura
do
Aluno
_________________________________________________
144
ou
data:
responsável:
MESTRE DeROSE
145
CARTA ABERTA AOS MÉDICOS
Prezado Doutor.
Nestes mais de quarenta anos de trabalho com Yôga Técnico, temos recebido
muitos clientes enviados por Clínicos e Especialistas de diversas áreas. Queremos
agradecer a confiança depositada em nosso trabalho e, ao mesmo tempo, prestar
um esclarecimento à classe médica.
A bem da honestidade é nosso dever informar que Yôga pode ser um excelente
sistema para manter a boa saúde, mas não é uma terapia. Não é para enfermos,
nem para idosos, nem para pessoas com problemas. O instrutor de Yôga não tem
formação de terapeuta e, por uma questão de seriedade, não pode extrapolar sua
atuação para além dos limites legais e morais da profissão. Tanto a ética quanto a
legislação o determinam.
Um dos motivos deste posicionamento é o fato de que nós não conseguiríamos
ensinar verdadeiramente Yôga àquele público pelas razões expostas neste livro. Há
algum tempo surgiram, principalmente no Ocidente, interpretações consumistas
diferentes da que acabamos de expor. Tal distorção foi gerada pelo fato de o Yôga,
praticamente, não ter contra-indicações. Isso criou a ilusão de que seria um
exercício para quem não contasse com idade ou saúde para dedicar-se aos
esportes. Não é assim.
O Yôga Antigo (SwáSthya Yôga) nada tem a ver com a imagem ingênua que lhe foi
atribuída por ensinantes sem habilitação. É forte, mas possui a característica de
respeitar o ritmo da cada um.
O Yôga trata-se de um conjunto de técnicas para pessoas jovens e saudáveis, que
desejam preservar a saúde, aumentar a energia, reduzir o stress e maximizar seu
rendimento no trabalho, na arte, nos estudos e nos esportes.
Isto posto, queremos convidar o prezado leitor Médico a experimentar o método para
confirmar seu sofisticado nível técnico. E colocamos nossas instalações à disposição
dos seus pacientes jovens que estejam saudáveis e necessitem apenas fazer
exercícios inteligentes*.
Cordialmente,
* Os portadores de problemas psicológicos, psiquiátricos ou neurológicos não devem ser
encaminhados à prática do Yôga. Um Yôga verdadeiro e forte poderia agravar seus males.
145
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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ADVERTÊNCIA
O SwáSthya Yôga cresceu muito nas últimas décadas e difundiu-se por toda parte.
Centenas de estabelecimentos sérios e milhares de profissionais honestos estão
realizando um ótimo trabalho nos núcleos de Yôga, bem como nas empresas, clubes
e academias de todo o país. Nas livrarias, os livros de SwáSthya Yôga não
esquentam prateleira. Assim que chegam, esgotam-se.
No entanto, precisamos reconhecer o outro lado da medalha: bastante gente diz que
ensina SwáSthya Yôga, mas muitos nem sequer prestaram exame na Federação,
outros foram reprovados, outros nem curso de formação fizeram, e todos esses
tentam vender um grosseiro engodo aos seus crédulos alunos.
Para defender-se, bem como proteger a sua saúde e poupar o seu dinheiro, tome as
seguintes precauções:
1. Peça, cordialmente, para ver o certificado do profissional. Algo como: “Ouvi
dizer que o certificado de Instrutor de Yôga do Mestre DeRose é lindíssimo! Dizem
que o documento é expedido por Universidades Federais, Estaduais e Católicas. Eu
gostaria de vê-lo. Você pode me mostrar o seu?”
2. Se o ensinante não mostrar, desconfie. Por que alguém não teria todo o
interesse e satisfação em exibir seu certificado de instrutor de Yôga? Ele se
melindrou? Então é porque não é formado. Fuja enquanto é tempo.
3. Se o profissional mostrar algum papel, leia com atenção para constatar se o
documento declara expressamente que é um Certificado de Instrutor de Yôga, ou
se é apenas um certificado de pequenos cursos, que qualquer aluno pode conseguir
num workshop de duas horas, o qual, obviamente, não autoriza a lecionar. Verifique
também se não é uma mera falsificação feita em casa, no computador. Se for,
denuncie. Lugar de falsário é na cadeia.
4. Confirme pelos telefones da Uni-Yôga, (11) 3081-9821 e 3088-9491, se essa
pessoa é mesmo formada, se o seu certificado é verdadeiro e se permanece válido.
Casos de descumprimento da ética, de desonestidade ou de indisciplina grave
podem resultar na cassação da validade do certificado. Você não gostaria de ser
aluno de uma pessoa com esse tipo de caráter, gostaria?
5. Independentemente de o profissional ser mesmo formado e seu certificado estar
válido, caso ele ensine algo que esteja em desacordo com os livros do codificador do
SwáSthya Yôga, o Mestre DeRose, essa é uma demonstração cabal de que não
está havendo fidelidade. Não aceite um instrutor que adultere o método. A garantia
de segurança e autenticidade só existem se o método for respeitado na íntegra.
Portanto, é importante que você, aluno, leia os livros de SwáSthya Yôga
recomendados na bibliografia, assista aos vídeos com aulas e utilize os CDs de
prática. Se tiver dificuldade em encontrá-los, ligue para a Uni-Yôga pelos telefones
acima.
Com estes cuidados, temos a certeza de que você estará respaldado por uma
estrutura de seriedade, honestidade e competência que lhe deixarão plenamente
satisfeito.
146
MESTRE DeROSE
147
147
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
148
O QUE AS NOSSAS UNIDADES CREDENCIADAS OFERECEM A VOCÊ
Desenvolvemos um trabalho extremamente sério e gostamos que seja assim. Nosso
público também gosta. Dessa forma, se a sua Unidade não têm:
•
Processo seletivo para admissão ao Yôga;
•
Testes mensais para avaliação de aproveitamento;
•
Estrutura com doze atividades culturais;
Então, sentimos informar: se não oferece os três itens acima, não é uma Unidade
Credenciada pelo Mestre DeRose, mesmo que o seus dados ainda constem da
relação de endereços nas páginas seguintes. Quanto ao terceiro item, confira abaixo
em que consiste.
ESTRUTURA COM DOZE ATIVIDADES CULTURAIS
Oferecemos um programa diversificado com doze atividades culturais, visando,
essencialmente, à formação profissional e que permite aos mais dedicados
comparecer de segunda a sábado e, cada dia, praticar ou estudar coisas diferentes.
PRÉ-REQUISITO:
1. curso básico: terças-feiras às 21 horas; reprise, em vídeo, noutros dias e
horas. Na semana em que o inscrito faltar ao curso básico, ficará impedido de freqüentar
qualquer outra atividade. Poderá, no entanto, repor essa aula assistindo-a em vídeo.
ATIVIDADES ELETIVAS (INCLUÍDAS NA MENSALIDADE):
2. mantra (sat sanga);
3. meditação;
4. mentalização (sat chakra);
5. treinamento de coreografia;
6. círculo de leitura;
7. prática regular com a orientação de instrutores formados;
8. horários para a prática livre, sem instrutor;
9. biblioteca, com livros, vídeos e CDs: quando utilizados na Universidade;
10.mostras de vídeo: com documentários e filmes pertinentes.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES (NÃO INCLUÍDAS NA MENSALIDADE):
11.cursos e workshops: com autoridades nacionais e internacionais em fins-desemana;
12.além das atividades acima, que todas as Unidades mantêm, cada qual
promove algumas outras atividades recreativas, tais como jogos, jantares,
bazares, passeios, Yôga trekkings, Yôga SPAs, Yôga camps, Yôga surfs, etc.
SE A SUA UNIDADE NÃO FUNCIONA DESTA FORMA, PROCURE OUTRA.
148
INSTRUTORES CREDENCIADOS EM TODO O BRASIL E NO EXTERIOR
Peça sempre referências do instrutor pelos nossos telefones
Há mais de 5.000 instrutores que foram formados pelo Mestre DeRose em todo o Brasil e
no exterior nos últimos 40 anos. Não aceite a simples declaração feita por um instrutor ou
estabelecimento, de que ele seja nosso representante, filiado ou credenciado. Muita
gente o declara sem ser. O fato de terem sido formados por DeRose não significa que
estejam filiados à Uni-Yôga ou supervisionados por ele. Só a supervisão constante, os
exames anuais de revalidação e o controle de qualidade da filiação podem garantir o
padrão de exigência e sobriedade que nos caracterizam.
A MAIOR DO MUNDO
A Uni-Yôga é a maior rede de Yôga técnico do mundo, com mais de 200 Unidades no
Brasil e dezenas noutros países da América Latina e Europa. Apesar disso, continuamos
com o mesmo zelo e atenção pelo aluno, o que constitui o segredo do nosso sucesso:
turmas pequenas, orientação personalizada e instrutores de Yôga formados nas
Universidades Federais, Estaduais e Católicas, selecionados entre os que foram
aprovados com excelência técnica.
NO ENTANTO, DeROSE SÓ TEM UMA UNIDADE
Chamamos de Rede DeRose ao conjunto de entidades autônomas (escolas, núcleos,
centros culturais, associações e federações) que, em vários países, reconhecem a
importância da obra desse educador e que acatam a metodologia por ele proposta. É
como a rede mundial de escolas Montessori. São milhares. Nem por isso alguém acha
que pertençam à professora Maria Montessori. Apenas uma Unidade pertence a DeRose.
As demais, cada qual tem o seu proprietário, diretor ou presidente. Todas decidiram unirse por uma questão de intercâmbio cultural e outras facilidades operacionais.
A LISTA DE ENDEREÇOS
A listagem das nossas Unidades é freqüentemente alterada por estarmos em constante
crescimento. Todos os meses algumas sedes são trocadas por instalações melhores.
Assim sendo, não devemos imprimir aqui todos os endereços onde você encontra o
nosso método. Afinal, o livro permanece, mas os endereços vão-se alterando.
Certamente temos uma Unidade Credenciada perto de você. Estamos em praticamente
todas as capitais e mais de 150 cidades do Interior. Desejando a direção da Unidade
mais próxima, entre em contato com a Central de Informações da União Nacional de
Yôga, tel.: (11) 3081-9821 ou da Universidade de Yôga, tel.: (11) 3088-9491.
Por disposição estatutária, só podem ser divulgados os endereços de Unidades
Credenciadas Efetivas, conseqüentemente, que estejam em dia com seus compromissos
de quaisquer naturezas com a União Nacional de Yôga. Se você solicitar um endereço e
a Central informar que essa Unidade está com o “credenciamento sob interdição”, isso
significa que ela deixou de satisfazer a algum requisito do nosso exigente controle de
qualidade.
Caso você tenha interesse em tornar-se instrutor de SwáSthya Yôga e/ou representá-lo
na sua cidade, pegue o telefone e entre em contato conosco agora mesmo. É importante
fazer-nos saber que deseja trabalhar conosco e expandir o Yôga pelo nosso país e pelo
mundo. Conte conosco. Queremos ajudar você.
-
ORIGENS DO YÔGA ANTIGO
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INSTRUTORES CREDENCIADOS EFETIVOS
Seria impossível relacionar todos os endereços da nossa Rede. Selecionamos, então, alguns
dos melhores e mais fiéis cumpridores das nossas normas. Vamos indicá-los como
reconhecimento pela sua qualidade, disciplina e regularidade na observância das nossas
recomendações.
Se você estiver inscrito em qualquer uma dessas Unidades Credenciadas, terá o direito de
freqüentar todas as demais quando em viagem, desde que comprove estar em dia com o seu
pagamento à Unidade de origem e apresente os documentos solicitados (conveniência esta
sujeita à disponibilidade de vaga).
PARA CONHECER NOSSOS ENDEREÇOS ATUALIZADOS, QUEIRA CONSULTAR O SITE
www.uni-yoga.org.br
SÃO PAULO − AL. JAÚ, 2000 − TEL. (11) 3081-9821 E 3088-9491.
RIO DE JANEIRO − R. DIAS FERREIRA, 259 − cobertura − TEL. (21) 2259-8243.
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