Acontece – Edição 94
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Acontece – Edição 94
Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo Edição nº 94 Maio de 2011 Ano VIII O tsunami e a angustia da falta de comunicação Drama dos familiares aflitos com a falta de notícias com parentes das áres atingidas no Japão. Página 5 3 6 8 5 O gagos querem respeito e não serem alvo de preconceito A múcisica eletrônica e o desafio da era pós instrumentos Loja de moda popular investe em coleções de estilistas internacionais Acontece • Página 1 Disturbios de sono ainda é fronteira desconhecida Editorial Está é a edição número 97 do jornal-laboratório Acontece, realizado pelos alunos de Comunicação Social do curso de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. E é justamente com um grave problema de comunicação que trata a matéria que abre a publicação, a gagueira. O problema ganhou o foco da mídia por ser retratada no filme O discurso do Rei, que venceu o Oscar de melhor ator, apesar de cerca de 5%, sofrerem deste problems, um quinto dos quais de forma crônica. A música, e por que não, outra forma de comunicação, rompe os limites impostos pelos instrumentos, consagrando o sucesso da música eletrônica com mesmo filme qua baseou a primeira matéria também vencendo a estatueta de Hollywood contra trilhas tradicionais orquestradas. A moda carrega, necessariamente, o componemte do glamour, e isto a afasta, muitas vezes, das lo- Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretora: Esmeralda Rizzo Coordenador: Oswaldo Hatore Editor: André Nóbrega Dias Ferreira Projeto Gráfico: Renato Santana jas populares de roupas. Mas esta tendência foi posta à prova quando uma grande cadeia popular de roupas lançou modelos assinados por grandes estilistas internacionais. As próprias roupas, em muitos casos, acabam se tornando uma forma de resistência da sociedade em luta por mais tolerância. É este o caso do Pink Shirt Day, uma forma curiosa, e até mesmo romântica, de se combater o Bullying surgida no Canadá. A falda de sono também é um dos causadores de alteraçnao de humor que, muitas vezes, acaba gerando violência. A novidade, nada bem recebida, é o fato de que este problema está cada vez mais atacando jovens e adolescentes que acabam prejudicados em uma fase em que se construiria uma boa base de saude para manter a qualidade de vida no futuro. Os alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo desejam uma boa leitura. Diagramação e reportagem: Aline Cristina, Bárbara Mucciolo, Bruna Gianinni Alves, Camile Mascaro, Daniele Menezes, Jéssica Del Passo, Leonardo Cândido Simões, Lucas Vilela, João Paulo Guedes, Pedro Masi, Vinícius Bopprê. Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo professor André Nóbrega Dias Ferreira, jornalista, MTB n° 26514. Acontece • Página 2 Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares Contatos Para enviar críticas, sugestões, elogios ou comentar as reportagens dessa edição: [email protected] Acesse o nosso site para conferir matéria exclusivas, entrevistas na íntegra e intergarir com a nossa equipe: www.acontecedigital.blogspot.com Ga-ga-go, sim! E daí? Quase dez milhões de barsileiros sofrem com isso, e o preconceito ainda existe Vinícius Bopprê Vinicius Bopprê João Paulo Guedes O vencedor do Oscar de melhor filme O discurso do rei, que conta a história do rei gago George VI, trouxe à tona um tema que não recebe muito destaque. Mesmo tendo atingido outros personagens históricos como Machado de Assis, um dos maiores escritores da história, e até mesmo o emblemático empresário e jornalista Assis Chateaubriand, mais conhecido como ‘Chatô’, a gagueira continua sendo algo obscuro, e por conta disso, vítima de preconceito. De acordo com pesquisa divulgada em 2009 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 5% de toda a população brasileira, cerca de 9,5 milhões de pessoas (número maior do que os habitantes da cidade do Rio de Janeiro), sofre com a gagueira, sendo que 1%, ou seja, cerca de 1,9 milhão de brasileiros possuem gagueira crônica. Mas, afinal de contas, o que é esse problema que assola quase 10 milhões de brasileiros? De acordo com o IBF (Instituto Brasileiro de Fluência), a gagueira é cientificamente denominada pela Classificação Internacional de Doenças como um distúrbio ou transtorno de fluência ou fala, podendo ser causada por herança genética (quase 55% dos casos) ou por lesão cerebral (45% dos casos). Segundo a fonoaudióloga Dra. Ana Maria Gonzaga, a gagueira é um problema iniciado na maioria das vezes na infância, “algumas crianças não conseguem desenvolver corretamente a fala, e controlam sua própria voz com o ouvido algumas vezes pelo lado esquerdo, outras vezes com o lado direito, com isso na passagem de um para o outro [ouvido] há uma repetição de silabas”, explica. A maior dificuldade está no fato de que até hoje não foi encontrada nenhuma solução eficaz para o problema, “depende muito do paciente, mas só conseguimos recuperar efetivamente 50% da fala”, ela completa. O mercado de trabalho não perdoa: exige currículos cada vez mais extensos, cursos profissionalizantes, ensino superior e a comunicação impecável é unanimidade nas entrevistas de emprego. Estevão Olympio, 17, gago desde a infância, ainda não saiu em busca de empregos, mas ao perceber sua dificuldade ao falar em público na escola já percebeu os obstáculos que encontrará daqui para frente: “quando muitas pessoas te olham é ainda mais complicado; estou elaborando uma monografia sobre gagueira já faz um ano, e não Acontece • Página 3 sei como farei para apresentá-la aos mestres e doutores”, lamenta o estudante. A gagueira precisa ser enxergada como um distúrbio igual a tantos outros, para que as pessoas que sofrem com isso tenham seu espaço no mercado de trabalho, nas escolas e na sociedade sem serem vítimas de preconceitos ou gozação. Afinal de contas, todos precisam de uma chance para mostrar que suas qualidades podem superar seu problema e que no Brasil poderão existir outros Machados e Chatôs. Violinos na gaveta e sintetizador na mesa A música eletrônica impõe respeito e conquista o maior prêmio do cinema Leonardo Cândido Simões Lucas Vilela A símbolos da cultura pop. Com seus arranjos despojados; sons robóticos; e batidas dispostas a não deixar ninguém parado no meio da pista de dança, esses profissionais conquistaram respeito da indústria, público e crítica. David Guetta, é requisitado por grandes nomes como ����������������� Akon, Madonna e Rihanna. Foi nomeado o DJ de House número 1 do mundo em 2008. Alem de ter incontestavel reinado de acessos no site Youtube, recorde de “mais assistido” entre todos os artistas do gênero música eletrônica com mais de 32 milhões de visualizações do seu clássico de 2007, “Love is Gone”. Segundo dados do Rio Music Conference, o mercado de música eletrônica no Brasil crescerá 170% em 2010, atingindo um público de 12 milhões de pessoas no país. No entanto, engana-se os apostadores na facilidade em achar a batida perfeita. “A música eletrônica não é so batida. Ela depende de notas musicais para tudo! Para o grave, que seria um baixo em uma banda; aquela guitarra que entra; a voz; tudo é baseado em notas musicais, e não é apenas um batidão”, defende Tiago. “Meu trabalho é fazer com que aquela música remixada seja ‘nova’, que ela vire algo diferenciado e que a galera curta sem perceber que a musica mudou”, conclui. Sobre a simbiose entre os dois estilos, Conrado finaliza: “não se pode olhar esses dois estilos(clássico e eletrônico) como se fossem inimigos, a música não tem regras. Há grandes obras da música clássica sendo realizadas em grandes estúdios nesse momento”. Lucas Vilela música sempre foi parceira das imagens na construção dos sentimentos expostos no������ cinema. Já nos primeiros acordes, sua responsabilidade é potencializar as emoções do espectador e acompanha-lo durante todo o filme, como um guia. Este ano, as ecléticas trilhas indicadas ao Oscar, desempenharam tal função, mesclando o moderno ao clássico. Desbancando trilhas mais consevadoras, como O Discurso do Rei, a academia presenteou a dupla de compositores,Trent Reznor e Atticus Ross, pela trilha eletrônica de A Rede Social. Apesar da vitória, não existe unanimidade: “a trilha sonora desse filme não produz nem de longe o efeito que as trilhas dos filmes concorrentes produziram”, opina o produtor musical Conrado S. Lima Santos. Na sua preferência, “O Cisne Negro é um filme que tem a intenção de te levar a ter sensações intensas e, apesar do brilhante trabalho nas gravações das cenas, a música atua de forma viceral para trazer à tona essas sensações”. No entanto, Clint Mansell, compositor do badalado filme, baseou-se em peças de Tchaikovsky, para ruborizar a saga da bailarina Nina, em busca da sonhada vaga como protagonista do espetáculo, O Lago dos Cines, sequer fora indicado. O estudante Júlio Araújo, diz que “é decepcionante, uma trilha como a do Cisne Negro não ter sido indicada”, e releva não gostar de música eletrônica: “acho muito barulhento”. Polêmicas à parte, o sucesso da música eletrônica em meios antes dominantes à partituras eruditas, nos questiona sobre o papel da música como ferramenta de diversão e contemplação, as vezes expressados numa mesma nota musical. dade de se unirem na difusão do gosto pela música. Foi justamente a paixão, que fez Tiago Neves torna-se DJ. Intercalando a calmaria dos livros do curso de Edição e Som do Senac, com as batidas da pica-up (o instrumento do DJ) nas baladas paulistanas, Tiago exemplifica a complexidade da música eletrônica: “no meu caso eu toco House, só que o House tem várias vertentes, como Electro House, Tech House, Deep House, Trance, Acid House, Techno, Hardcore Techno, Breakbeat, Drum ´n´ Bass, Ambient, Tribal”. O ponto zero da música eletrônica foi a apresentação do Concert de Bruits pela Radiodiffusion-Télévision Française. A influência do músico francês Pierre Schaeffer, inventor da música concreta, ou melhor, musique concrète, se deu pelos ruídos gerados por toca-discos, e também por incluir a manipulação sonora através da variação da velocidade ou do sentido de leitura das gravações. Em 1951, o alemão, Werner Meyer-Eppler, e o compositor, Herbert Eimert, uniram-se a Robert Beyer, e juntos criaram o primeiro estúdio de música eletrônica. O surgimento dos sintetizadores musicais, nas décadas seguintes, e a facilidade dos programas de computador na manipulação dos sons, popularizou a música eletrônica como um grito – alto – da juventude: “tem se tornado cada vez mais fácil e comum fazer música com poucos elementos, e muitas vezes nem é preciso ter habilidades musical pra isso”, completa Conrado. Hoje, grandes DJ’s dominam o mercado fonográfico e tornaram-se Á procura da batida perfeita A música clássica e a eletrônica não disputam espaços: elas encaixam-se aos ouvidos de públicos especificos. Porém, ambos os estilos tem capaci- Acontece • Página 4 A tragédia japonesa do ponto de vista dos familiares e sobreviventes Após o maior terremoto da historia do Japão, sobreviventes e familiares aqui no Brasil falam sobre o medo e os dias de incerteza Daniella Menezes Aline Cristina Danielle Menezes Pedro Masi O terremoto e o tsunami em 11 de março deste ano no Japão trouxe impactos significativos para os japoneses e seus familiares que vivem no Brasil. Após o tremor de 8,9 pontos na escala Richter, que matou mais de 14 mil pessoas e deixou outras 13 mil desaparecidas, enquanto o Japão tenta se reerguer, alguns brasileiros que vivem por lá encaram as seguintes opções: ou voltam para retomar a vida ou tentam continuar a rotina por lá. Jonas Utikava Jr, 23 anos, morava em Nagoya há oito anos, e relata que voltou por medo da radiação: “eu tinha a esperança de que agora as coisas melhorassem, já que eu e minha esposa estávamos trabalhando, porém, três dias após o terremoto e o tsunami eu já tinha vendido tudo e estava pronto para voltar para São Paulo. Tenho parentes no Japão, mas eles não querem voltar, tem medo das dificuldades que possam enfrentar e não querem deixar o que já construíram pra trás. Agora estou morando em Osasco, na casa de parentes. Minha esposa já conseguiu emprego, mas eu não, pretendo voltar a estudar para tentar algum emprego melhor”. Sobre as dificuldades, diz que os maiores problemas eram com os racionamentos, “só comida enlatada, e o racionamento de energia elétrica”. Mesmo que não tenham relatos próprios, vários moradores da Liberdade contam a experiência de familiares que presenciaram a destruição. Renato Haruo, 26 anos, chegou a São Paulo em janeiro e trabalha em uma livraria de publicações japonesas contou ao primo que, apesar de não morar perto da área atingida nem perto das usinas atômicas, tem medo da radiação e preferiu voltar com a mulher e o filho, “já meus outros parentes dizem que vão ficar, preferem o medo da radiação a ter que voltar e tentar emprego, casa e o medo da violência”. Onde faltam notícias sobra espiritualidade em oferendas e preces Outro com hist����������������������� ó���������������������� ria para contar é Massao Macutra. Ele veio para o Brasil há 30 anos e disse ter irmãos no Japão, “eles não moram perto da área das usinas, o problema é que os tremores não param, são muito freqüentes”. O bairro da Liberdade concentra um grande número de comércios, restaurantes e associações que auxiliam a ida ao Japão e o retorno para o Brasil, como é o exemplo da CIATE (Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior) e do NIATRE (Núcleo de Informação e Apoio a Trabalhadores Retornados do Exterior). O CIATE funciona como um mediador entre as empreiteiras japonesas e os trabalhadores. Essa associação oferece requisitos básicos para uma boa adaptação no território japonês, entre esses, curso de língua, palestras de integração e orientação sobre direitos trabalhistas. O diretor superintendente da CIATE Yoshiyuki Asano, 53 anos, informou que houve diminuição no número de interessados a trabalhar no Japão desde a crise financeira de 2008, e que agora com o terremoto, esse numero só tende a Acontece • Página 5 cair. Ainda segundo ele, a quantidade de brasileiros atingidos foi pequena porque as cidades mais atingidas concentram poucos imigrantes brasileiros. Já o NIATRE ajuda trabalhadores retornados do exterior de modo geral, porém, por estar localizado na Liberdade, acaba recebendo mais orientais e depois da tragédia a procura por brasileiros que resolveram voltar é bem significativa. Neste, pode-se ter informações sobre emprego, educação, assuntos jurídicos, saúde e previdência social. Vários são os exemplos de solidariedade para as vítimas do terremoto seguido de tsunami, brasileiros e japoneses estão se reunindo em campanhas de ajuda financeira e mensagens de incentivo. No café Kohii (na Rua da Gloria, 326) há um painel para deixar mensagens que serão enviadas para a província de Miagui, o Gambarê. Jun Takaki, 32 anos, dono do café diz que “no dia do terremoto todos aqueles que tinham parentes no Japão se reuniram para tentar contato, e agora estão fazendo o possível para mandar ajuda os afetados pela tragédia”. O popular de ontem torna-se o glamour nos dias atuais Loja de departamento trás estilistas famosos parar valorizar a sua coleção. Divulgação Camile Mascaro Bárbara Mucciolo M uitas lojas de departamento estão convidando estilistas internacionais e nacionais para desenhar suas coleções, e, com essa ação, estão melhorando sua reputação no mercado. Muitas dessas são lojas populares. A Riachuelo foi a pioneira em chamar estilista famoso para desenvolver sua coleção e logo em seguida a C&A também começou a chamar. A loja C&A no ano de 2011 chamou atenção por convidar a primeira estilista internacional Stella Mccarteny, filha do ex-Beatle Paul Mccarteny, formada pela renomada escola de design Central Saint Martins em Londres e ficou conhecida por ter pecas de design moderno, revelam de forma natural a sensualidade e o poder das mulheres e tem uma alfaiataria tradicionalmente masculina para o universo feminino. Por esses motivos tem uma grande influencia no mundo da moda atualmente. Nos dias atuais o uso de pele e couro de animais estão chamando muita atenção, já que as pessoas estão se conscientizando sobre a ecologia. Stella por ser vegetariana convicta e Maccartney assina modelos Modelos exclusivos fazem lojas populares ainda serem moda ecologicamente responsável, trás para sua coleção um pensamento sustentável e preservando a essência da matéria prima na composição dos tecidos. Não usa couro ou qualquer tipo de pele animal, tecidos utilizados são todos 100% naturais e os cabides foram todos feitos com material reciclado. A coleção é composta por 27 itens, e chegou nas lojas em 23 de março e conta com cabides, tags e sacolas, em três tamanhos especiais, personalizados. “O brasileiro é interessado em moda e está sempre informado sobre as novidades que aparecem dentro e fora do país. O projeto C&A Collection nasceu fundamentado no posicionamento da empresa que visa a democratização da moda e, como esperado, tem atraído todos os públicos interessados em moda”, segundo a porta-voz da C&A. Acontece • Página 6 Com preços populares, nessas lojas, a coleção sai do padrão, suas peças costumam custar mais de R$100, não sendo um valor acessível a maioria das pessoas que costumam freqüentar loja de departamento em busca de preços baixos, para Jovania Rodrigues, 21 anos, quando coleções são assinadas por grandes estilistas o preço sobre um pouco, mas mesmo assim vale a pena pagar um pouco mais pela roupas. Ela também tem como opinião dessa coleção que as roupas de alfaiataria masculina vem se adaptando-se a forma do corpo das mulheres, e diz também que, por as pecas não terem pele e nem couro de animais, influencia em sua compra, pois acha que o equivalente sintético pode ser lindo do mesmo modo. Pink Shirt Day No dia 23 de fevereiro é comemorado o dia mundial anti-bullying; mais conhecido no Canadá por Pink shirt day Bruna Gianinni Alves Jéssica Del Passo H oje em dia, cada vez mais pais, médicos e psicólogos estão preocupados com a violência entre adolescentes nas escolas. Já há algum tempo, vários alunos no mundo todo estão sofrendo com um tipo de violência; chamada bullying. O bullying nada mais é do que uma violência física ou psicológica intencional sempre repetida pela mesma pessoa ou por grupos de pessoas querendo intimidar ou agredir, deixando o indivíduo com medo e sem ter como se defender sozinho, podendo causar conseqüências graves no desenvolvimento psíquico dos alunos, gerando tanto auto-estima baixa como até mesmo o suicídio e homicídio. Com esta situação gravíssima que esta afetando e preocupando todo o mundo, muitos protestos e movimentos anti-bullying estão sendo criados para manifestarem sua indignação sobre o assunto. No dia 23 de fevereiro é comemorado o dia mundial anti-bullying; mais conhecido no Canadá por Pink shirt day. O nome e a data do movimento têm um motivo muito especial de ser. Tudo começou quando um menino em uma escola canadense ao vestir uma camiseta na cor rosa, foi intimidado por alguns colegas, sendo chamado de homossexual e ameaçado por usar rosa. Duas crianças ao observar a cena, tomaram a iniciativa de ir a uma loja nas proximidades da escola, e com a ajuda dos pais, compraram 50 camisetas na cor rosa. No dia seguinte foram vestidos de rosa e entregaram as demais camisetas aos colegas. Muitos alunos naquele dia ficaram usando a camiseta. Usar a cor rosa, foi atitude das duas crianças em apoio ao colega que sofreu bullying. A idéia tomou força na escola e, nos demais dias, centenas de estudantes apareceram com roupas na cor. O “valentões” que xingaram o menino, não se atreveram a repetir tal atitude. Na verdade, eles é que ficaram constrangidos. No dia 14 de abril do ano de 2010, a província de British Columbia, através do Primeiro Ministro, proclamou o dia 23 de fevereiro, data em que ocorreu o evento, como: Pink Shirt Anti-Bullying Day! Lila Rosana da Costa, de 34 anos, atualmente mora em Vancouver, Canadá, e contou que, ao matricular seu filho, Lucas da Costa, Acontece • Página 7 de dez anos, na escola, logo foi informada pela coordenadora sobre o movimento anti-bullying e ficou a par da visão da escola perante tal assunto. “Ela foi gentil e educada ao dizer que a escola tinha tolerância zero com a prática do bullying. Isso queria dizer também: espero que o seu filho não o pratique e não seja uma vítima dele. Escolas que se preocupam com o bem estar social é um presente nos dias atuais”. Todo dia 23 de fevereiro a escola de Lucas se prepara para o movimento, distribuindo camisetas rosa para todos os alunos. E a campanha não pára por ai: nos shoppings, lojas, nas ruas e demais instituições por toda a cidade de Vancouver, é possível ver faixas, placas, vendas de camisetas a baixo custo e balcões de informações sobre bullying. Lila é psicóloga e escreve em seu blog sempre que pode dicas e informações bem importantes de caráter educacional. “Criei o blog com o objetivo de conscientizar os pais, trocar idéias sobre educação e compartilhar um pouco da minha experiência como psicóloga que trabalha com crianças e orientação de pais”, comenta a psicóloga. Lila ainda complementa falando que ela “realmente deseja que todas as escolas, principalmente no Brasil, possam ter o mesmo nível de conscientização em relação a esta prática tão danosa às nossas crianças e adolescentes”. Fato que infelizmente não é tratado com a devida seriedade no Brasil. Para mais detalhes e informações, o movimento Pink Shirt Day tem seu site próprio que é: http://www.pinkshirtday.ca/ e o blog da Lila Rosana sobre como lidar e educar crianças e adolescentes é: lila-conversandocomospais.blogspot.com De olhos bem abertos Estudos revelam que jovens tem dormido menos, prejudicando sua qualidade de vida no futuro Lucas Vilela Leonardo Simões Lucas Ferreira E xaminando jovens estudantes entre 17 e 30 anos, uma pioneira pesquisa da Clínica do Sono de Minas Gerais, em parceria com Unicentro Newton Paiva, revelou um painel assustador: entre os pesquisados, considerando estudantes de diferentes turnos e cursos, 49% afirmaram que não dormem o suficiente à noite e, 54%, que acordam cansados. O problema do ronco alcança 35,8% dos homens e 17,1% das mulheres. A ansiedade atinge 51% das estudantes e 42% dos rapazes. Os benefícios de uma boa noite de sono não se limitam apenas à renovação das energias para enfrentar os desafios do dia seguinte. Durante o período, por exemplo, o corpo elimina os radicais livres e moléculas responsáveis pelo envelhecimento precoce; evita, que o corpo libere o cortisol, hormônio relacionado ao estresse e à baixa imunidade; atua como agente regulador de somatotrofina, ou GH, o importante hormônio do crescimento para as crianças que, na fase adulta, secretado em quantidades menores, evita a flacidez do corpo. No entanto, o sumário de virtudes pouco desperta atenção numa classe altamente dependente dele: os jovens. Uma pesquisa da Fundação Nacional do Sono dos EUA constatou que apenas 15% dos jovens de 13 a 18 anos dormem o número mínimo de horas necessárias: oito horas e meia nos dias letivos. Para o médico Eduardo Ferreira Cordeiro, “a adolescência é um período de grande aprendizado, e a privação de sono provoca um grande prejuízo na formação acadêmica por diminuir a capacidade de guardar informações e de concentração.” Habitante do mundo dos insones, o estudante, Thomas Borges, 21 anos, comemora quando pega no sono às cinco da manhã, e profetiza: “eu, definitivamente, não nasci pra dormir”. Personagem comum à realidade atual, Thomas minimiza a sua rotina à “faculdade, computador e balada nos fins de semana”. Aliás, baladas e computadores fazem parte de uma equação cujo resultado sempre se subtrai as horas de sono: “o sono é um fiscal do corpo. Ele emite sinais que é preciso desacelerar e Para Eduardo Cordeiro falta de sono na adolescência gera problemas fazer sua manutenção, por isso quem não dorme bem, tem maiores chances de ficar doente”, conta Eduardo. As doenças provocadas pela ausência de sono são divididas em dois grupos: curto e longo prazo. No primeiro, o cansaço e sonolência germinam as instabilidades de humor, a redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do raciocínio e o comprometimento da criatividade. Em longo prazo, a validade do corpo é comprometida. A leptina, hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade, também é secretada durante o sono. Pessoas que permanecem acordadas por períodos superiores ao recomendado produzem menores quantidades de leptina. Resultado: o corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos. Com a redução das horas de sono, a probabilidade de desenvolver diabetes também aumenta. A falta de sono inibe a produção de insulina (hormônio que retira o açúcar do sangue) pelo pâncreas, e eleva a quantidade de cortisol, o hormônio do estresse. Por seu efeito ser contrario ao da insulina, o risco de diabetes torna-se alto. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Pública de Helsinki, na Finlândia, revelou que não dormir deixa as pessoas insatisfeitas, infelizes, e leva a depressão. Cama, por que te quero? Na puberdade, é normal o adolescente dormir e acordar mais tarde. Isso porque a produção da melatonina, o hormônio que regula a vontade de dormir, sofre um atraso de até quatro horas do restante das pessoas. O problema é que os hábitos Acontece • Página 8 adquiridos pela vida moderna, graças à floresta de opções - internet, o videogame, televisão, rotina repleta de atividades escolares e a vida noturna movimentada – educa-os para serem zumbis. “No meu quarto eu tinha até um frigobar”, confidencia João Paulo Soares, estudante de administração, 22 anos. “Eu passava o dia fora fazendo inglês, natação, mas à noite, em vez de dormir, eu ficava na internet.” E as conseqüências pelas noites em claro não tardaram: “a falta de sono me fez repetir o ano, no ensino médio”, conta pesaroso. Para Thomas, dono de uma rotina intensa, o problema para as complicações, é resolvido “no fim de semana, quando eu durmo pra tirar o atraso”. Apesar do mal necessário, a prática é desaconselhável como subterfúgio, pois ele não reverte os danos já provocados, só abrando-os. Sono de pedra. Foi-se o tempo em que contar carneirinhos era uma solução para pegar no sono. Com o advento de hábitos saudáveis e simples, é possível dormir feito uma pedra. “Não levo relógio e celular para cama. Tirei o computador do meu quarto, e só o leio algum livro se ele for bem ruim mesmo, que daí eu caio de sono na primeira página”, diverte João. “Machado de Assis é um sonífero”. Outras práticas auxiliadoras, de acordo com o doutor Eduardo são “não consumir alimentos de digestão lenta próximo ao horário de dormir, tomar um banho quente, pois relaxa os músculos, e procurar colchões e travesseiros confortáveis. Afinal, eles são seus principais parceiros para acomodá-lo”.