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EDIÇÃO ABRIL/2016
NESTA EDIÇÃO...
03 MATÉRIA PRINCIPAL
INTERVENÇÃO ANALÍTICO COMPORTAMENTAL EM CRIANÇAS
COM DÉFICIT NO CONTROLE INIBITÓRIO
08 ENTREVISTA
AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EM CRIANÇAS AUTISTAS
11 RELATO DE PESQUISA
OS EFEITOS DO GENE APOE 4 NAS HABILIDADES VISUOESPACIAIS
E SUA ASSOCIAÇÃO COM CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
DO LOBO TEMPORAL MEDIAL EM DIFERENTES ESTÁGIOS DA VIDA
15 RESUMO DE ARTIGO
O CONSUMO ABUSIVO DE ÁLCOOL DURANTE A ADOLESCÊNCIA
PREJUDICA AS FUNÇÕES EXECUTIVAS?
17 POLÍTICAS PÚBLICAS
TEA: CONFIGURAÇÕES ATUAIS NO CAMPO DA SAÚDE
20 NOTÍCIA RELEVANTE
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA A SERVIÇO DO TRATAMENTO DO
TEA
MATÉRIA PRINCIPAL
Intervenção Analítico
Comportamental em Crianças com
Déficit no Controle Inibitório:
Uma Interface com a Neuropsicologia
Desenvolver a habilidade de regular
pensamentos, emoções e comportamentos é um processo importante
para uma melhor adaptação e interação
da criança ao ambiente em que está
inserida. Tal habilidade é denominada
controle inibitório, e juntamente com
o utro s p rocesso s co mo me mó ria
operacional, capacidade de planejamento, tomada de decisões, flexibilidade cognitiva, atenção seletiva e
fluência verbal integram as funções
executivas. Alguns autores referemse às funções executivas como um
conceito guarda-chuva que engloba
diversas funções que são essenciais
para garantir um bom desempenho
acadêmico, emocional e social (1).
Para Malloy-Diniz e cols.(2), “controle
inibitório é a capacidade de inibir
uma resposta para qual o indivíduo
apresenta uma forte tendência, mas
que não é adaptativa ou eficiente”.
Dessa forma, essa habilidade é muito
importante, pois nos ajuda a compreender como as crianças aprendem a
emitir adequadamente determinado
co mp o rt a me n to d en tr e u m vasto
repertório. Segundo Malloy-Diniz e
cols.(3) , evidências empíricas sugerem
que o déficit no controle inibitório
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esteja relacionado a lesões envolvendo
os circuitos pré-frontais orbitofrontais.
Inúmeros transtornos com início na
infâ ncia sã o ca ract erizado s pelo
déficit no controle inibitório, como o
Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH), Transtorno
De sa f i a d o r d e Op o si çã o ( T DO) ,
Transtorno Explosivo Intermitente
(TEI) e Síndrome de Asperger (1).
Quando a cri ança possui um
comprometimento das habilidades
executivas e mais especificamente
um déficit no controle inibitório, ela
a p re sen ta di fi cul da de s e m i nibir
co mp o r t a me n t o s i mp r ó p r i o s, e m
estabelecer novos repertórios
co mp o r t a me n t a i s p a ra an t e cip ar
consequências e menor frequência de
comportamentos pró-sociais, o que
acarreta diversos problemas à vida
diária (4).
William Gaddes (5) acreditava que a
interface entre neuropsicologia e
te ra pi a co mp o r ta me n tal se ria
especialmente útil para os distúrbios
de aprendizado da infância. Horton (5)
afirmou que uma perspectiva neuropsicológica aumenta a habilidade do
terapeuta comportamental em fazer
discriminações precisas quanto à
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etiologia dos comportamentos do
paciente possibilitando um plano de
intervenção mais eficaz. A Análise do
Comportamento é uma abordagem
psicológica baseada nos pressupostos
filosóficos do Behaviorismo Radical
de B.F. Skinner. Seu objeto de estudo
é o comportamento que Skinner (6)
definiu como a interação entre o
organismo e o meio em que ele vive.
A psicoterapia analítico comportame n t a l se b a se i a n o mo d e l o d e
causalidade, ou seja, como causa e
efeito estariam relacionados e onde e
como as causas de comportamentos
deveriam ser procuradas ( 7) . Para
investigar essa causa e efeito, utilizase um método denominado análise
funcional, que consiste em identificar
o comportamento alvo e as condições
ambientais que o mantém. A análise
funcional é considerada o caminho
mais efetivo para o planejamento da
intervenção clínica comportamental
(8)
.
Após identificar os comportamentos
alvo e o que os mantém, o próximo
passo do psicoterapeuta comportamental é determinar a intervenção
apropriada, selecionando as técnicas
mais eficazes para cada caso. Essa
seleção vai depender se o foco está
no estímulo antecedente, no próprio
comportamento ou nas suas consequências (9).
A s i n t e r ve n çõ e s c o m f o co n o
estímulo antecedente enfatizam o
contexto em que aquele determinado
comportamento ocorre. Nesse caso,
opta-se por técnicas como: autoconhecimento, autocontrole, fading e regras.
As intervenções com foco no próprio
comportamento, que neste momento
é considerado inadequado, têm como
objetivo estabelecer e fortalecer um
melhor repertório de respostas mais
b e m ad apt ada s àq uele con te xto ,
assim, para isso, utiliza-se técnicas
como modelação ou role-playing. As
intervenções voltadas para as consequências do comportamento devem
reduzir ou eliminar o comportamento
disfuncional e dentro dessa perspectiva, utiliza-se técnicas como extinção,
modelagem, punição e reforçamento
diferencial (DR) (9) . Posteriormente,
cabe ao psicoterapeuta monitorar o
progresso da intervenção.
A Terapia Analítico Comportamental
Infantil (TACI) assume a Análise do
Comportamento como ciência fundamental para o trabalho de intervenção
na clínica infantil (10). Para Vermes (11),
os objetivos gerais da TACI são:
“identificar as principais variáveis
envolvidas nos comportamentos alvo
da criança; habilitar os pais, e, se
possível a própria criança à realizar a
análise funcional; ensinar à criança
r e p e r t ó r i o s a l t e r n a t i vo s à q u e l e s
considerados problemáticos, e instruir
os pais a utilizarem condutas mais
saudáveis e efetivas”. A intervenção
comportamental em criança com déficit
no controle inibitório segue essas
etapas.
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Analisemos o caso de G.R.M, um
menino de 06 anos diagnosticado com
Transtorno Desafiador de Oposição
( T DO ) q ue foi e n ca mi n ha da à
psicoterapia pelo neuropediatra e pela
neuropsi cól oga, após ter sido
submetido a avaliação com ambos os
profissionais.
Uma entrevista foi realizada com os
pais para compreender melhor os
comportamentos – queixa sobre a
criança, fazer um levantamento sobre
variáveis que podem favorecer a
ocorrência desses comportamentos
(estabelecer causa e efeito) e apresentar a proposta de trabalho. Nessa
se ssão , o s p ai s d e scre ve m q u e
G .R.M é agressivo (bate nas crianças
na escola), não aceita a autoridade da
professora (não faz as atividades
Estímulo Antecedente
A professora passa uma
tarefa e ele não
consegue fazer.
propostas), atrapalha os colegas
durante a aula (levanta o tempo todo,
anda pela sala e por vezes ausenta-se
da sala de aula sem autorização da
professora). Ele já foi “convidado a se
retirar” de duas escolas. Em casa, tem
acessos de raiva quando os pais
negam algum pedido dele, não aceita
regras como hora de tomar banho ou
de fazer as tarefas de casa, sempre
desafia, diz que não vai fazer e corre
pela casa gritando. Os pais relatam
que ele não tem amigos, as outras
crianças não gostam de brincar com
ele porque ele sempre bate nelas.
Após a entrevista, iniciou-se a
análise funcional dos comportamentos
descritos pelos pais. A Tabela 1
demonstra a análise funcional de um
dos comportamentos alvo.
Comportamento
Ele anda pela sala e
rasga a tarefa na frente
da professora.
Consequência
A professora o leva para
a coordenação e ele se
esquiva de fazer a tarefa.
Após a Análise Funcional dos comportamentos alvo descrito acima, foi possível
identificar a relação de causalidade do comportamento. Verifica-se que G.R.M teve
dificuldades em lidar com emoções como frustração e raiva por não conseguir
fazer a tarefa. O comportamento de andar pela sala tinha a função de evitar o
estímulo aversivo (tarefa). Quando a professora chama sua atenção pedindo que
ele faça a atividade como todos os colegas, ele fica com raiva da professora que
não o ajuda e o compara com os colegas (fazendo com que ele se sinta inferiorizado perante toda a sala), se comportando então de forma opositora, rasgando a
tarefa. Nesse momento a professora o tira da sala e manda para a coordenação
para levar uma advertência. Nesse caso, o comportamento de não fazer a tarefa e
se opor à professora está sendo mantido por reforço negativo, a esquiva (o
estímulo aversivo “fazer tarefa” foi retirado do ambiente).
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CONTINUANDO...
Entendida a relação de causa e efeito do comportamento alvo, devem-se
escolher as técnicas mais eficazes. Nesse caso, a intervenção escolhida foi a
modelagem, que é uma técnica usada para ensinar um comportamento novo por
meio de reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamento-alvo
(12)
. O comportamento a ser aprendido era fazer a tarefa, para isso, alguns
comportamentos já presentes no repertório de G.R.M. foram reforçados socialmente (“parabéns”, “muito bem”, “estou orgulhosa de você”, “você conseguiu!”,
passar pela carteira e fazer um carinho) e gradativamente aumentou-se o nível
de exigência, até que G.R.M. conseguiu aprender o comportamento alvo.
Comportamentos selecionados:
 Olhar para a tarefa colocada em sua frente
 Pegar na folha de atividade
 Pegar o lápis e encostá-lo sobre o papel
 Escrever seu nome na atividade
 Ficar sentado durante a explicação da professora
 Fazer o primeiro exercício
 Fazer a tarefa completa
Para facilitar a aquisição do comportamento alvo, o procedimento de
“Fading”ou esvanecimento foi utilizado para mudar o estímulo antecedente por
meio de alterar a atratividade dos estímulos (tarefa). Dessa forma, folhas coloridas com letras maiores e menos exercícios foram inseridas e aos poucos, as
letras maiores, as folhas coloridas foram retiradas, tornando-as mais genéricas
(menos exercícios em uma folha branca, letras maiores em uma folha branca),
até que apenas a presença da atividade (folha branca, com letras normais) se
tornou um estímulo discriminativo para fazer a tarefa.Quando o comportamento
alvo foi inserido em seu repertório, observou-se uma diminuição na emissão de
outros comportamentos inadequados, como andar pela sala, sair da sala sem a
autorização da professora e bater nos colegas. Considera-se ainda que houve a
generalização, já que em casa os comportamentos agressivos também diminuíram de frequência. Através dos dados descritos, pode-se constatar que uma
interface entre neuropsicologia e a análise do comportamento é possível, principalmente porque as duas se preocupam em compreender o comportamento
humano. A neuropsicologia objetiva compreender a relação entre cérebro e
comportamento, enquanto a análise do comportamento investiga quais variáveis
estão envolvidas na ocorrência e manutenção de determinado comportamento (5).
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REFERÊNCIAS
1. Uehara, E., Mata, F., Fichman, H.C., Malloy-Diniz, L.F. (2016). Funções Executivas na Infância.
In Salles, J.F., Haase, V.G., Malloy-Diniz, L.F. (Org.). Neuropsicologia do Desenvolvimento – Infância e Adolescência (Cap. 1, pp. 17-27). Porto Alegre: Artmed.
2. Malloy-Diniz, L.F., Nicolato, R., Moreira, L. Fuentes, D. (2012). Neuropsicologia das Funções
Executivas. In Caixeta, L. & Ferreira, S.B. (Ed.). Manual de Neuropsicologia – dos Princípios à Reabilitação (Cap. 11, pp. 93-98). São Paulo: Atheneu.
3. Malloy-Diniz, L.F., Paula, J.J., Loschiavo-Alvares, F.Q., Fuentes, D., Leite, W.B. (2010). Exame
das Funções Executivas. In Malloy-Diniz, L.F., Fuentes, D., Mattos, P., Abreu, N. (Org.). Avaliação
Neuropsicológica (Cap. 9, pp. 94-113). Porto Alegre: Artmed.
4. Uehara, E. The progress of brazilian neuropsychology: From research to clinical practice. Dementia & Neuropsychologia. v.10, n.1, São Paulo. Jan./Mar. 2016.
5. Dias, N. M., Menezes, A. & Seabra, A. G. (2010). Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 1(1), 80-95.
6. Pontes, L.M.M., & Hubner, M.M.C. (2008). A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psicologia comportamental. Revista Psiquiatria Clínica, 35 (1), 6-12.
7. Skinner, B.F. (1953). Ciência e comportamento humano. 10.ed. São Paulo: Martins Fontes.
8. Sampaio, A.A.S., &Andery, M.A.P.A. (2012). Seleção por consequências como modelo de causalidade e a clínica analítico-comportamental. In Borges, N.B., Cassas, F.A. (Org.). Clínica Analítico Comportamental – aspectos teóricos e práticos (Cap. 7, pp. 77-86). Porto Alegre: Artmed.
9. Carr, E. G. (1994). Emerging themes in the functional analysis of problem behavior. Journal of
Applied Behavior Analysis, 27, 393-399.
10. Lopes, K.V., & Dalmaso, B. (2016). Procedimentos de intervenção em neuropsicologia baseados na análise do comportamento. In Malloy-Diniz, L.F., Mattos, P., Abreu, N., Fuentes, D. (Org.).
Neuropsicologia – aplicações clínicas (Cap. 16, pp. 242-254). Porto Alegre: Artmed.
11. Xavier, R.N. (2011). Probabilidade de transição para o estudo da modelagem em dois estudos
de caso de Terapia Analítico Comportamental Infantil. Dissertação de mestrado, Universidade de
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
12. ermes, J.S. (2012). Clínica Analítico-Comportamental Infantil: a estrutura. In Borges, N.B.,
Cassas, F.A. (Org.). Clínica Analítico Comportamental – aspectos teóricos e práticos (Cap. 24, pp.
214-222). Porto Alegre: Artmed.
13. Moreira, M.B. & Medeiros, C.A. (2007). Aprendizagem pelas consequências: o reforço. In Moreira, M.B. & Medeiros, C.A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento (Cap. 3, pp. 60).
Porto Alegre: Artmed.
Ms. Renata de Moura Guedes
GRADUADA
PELA
UFRJ
EM
E
PSICOLOGIA
MESTRE
MENTE TRABALHA COM
EM
PELA
ANÁLISE
PUC-GO, EXTENSÃO
DO
COMPORTAMENTO
EM
NEUROPSICOLOGIA
PELA
PUC-GO. ATUAL-
PSICOTERAPIA ANALÍTICO COMPORTAMENTAL
COLOGIA E MINISTRA AULAS NO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
E
NEUROPSI-
NEUROAPRENDI-
ZAGEM PELO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM SAÚDE E EDUCAÇÃO (IEPSE-DF).
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Relato
ENTREVISTA
SBNp entrevista:
Patrícia Martins
Avaliação da inteligência em
crianças autistas
1. Qual é a prevalência de deficiência intelectual no autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma variabilidade muito
ampla de perfis fenotípicos. A tríade sintomatológica consiste em déficits na socialização, linguagem/comunicação e problemas comportamentais. Essa heterogeneidade está também relacionada com o perfil cognitivo. A prevalência de deficiência
intelectual é estimada em torno de 70% dos casos, entretanto o uso de testes
tradicionais pode ser um dos aspectos associados com a alta prevalência de
deficiência intelectual. Muitos instrumentos para avaliação da inteligência exigem
habilidades verbais nas suas instruções e na execução, colocando crianças com
TEA em desvantagem.
2. Quais são os testes mais frequentemente utilizados no Brasil
para avaliar inteligência em autistas?
Para avaliação da inteligência em crianças com TEA os instrumentos mais
utilizados são as Escalas Wechsler e Matrizes Progressivas Coloridas de Raven.
Esse também é um padrão dos estudos internacionais, porém é importante
ressaltar que estudos comparando resultados desses dois testes nos mesmos
indivíduos demonstram que as crianças com TEA apresentam melhor desempenho
no Raven, sendo essa diferença estatisticamente significativa. Recentemente no
Brasil tivemos o lançamento da escala SON-R 2 ½ - 7 que é um instrumento não
verbal, utilizando em sua aplicação a manipulação de figuras, mosaicos e
desenhos. A SON-R 2 ½ - 7 permite a avaliação cognitiva considerando duas
dimensões como raciocínio e execução. A escala já possui estudos no Brasil,
mostrando sua adequação para avaliação de crianças com TEA.
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Relato
ENTREVISTA
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3. Na prática clínica e de pesquisa, quais são as principais
limitações encontradas na avaliação dessas crianças?
A variabilidade é a principal limitação. É importante que o profissional/
pesquisador conheça a tríade sintomatológica, mas que considere o perfil comportamental antes de iniciar a avaliação. Para isso algumas sessões de observação e
ensaios comportamentais são importantes para não queimar a aplicação do teste.
Algumas crianças são bastante agitadas e precisam passar por algumas sessões
para adaptação com o ambiente e avaliadores. Outras podem apresentar mais
dificuldade na comunicação, sendo importante a utilização de instrumentos que a
criança possa demonstrar suas respostas de forma mais prática.
4. Atualmente você está elaborando e validando um instrumento
de avaliação da inteligência para crianças com autismo. O teste
é baseado em qual modelo teórico da Psicologia Cognitiva?
Você poderia descrever brevemente o seu estudo e o
instrumento que está desenvolvendo? Já há resultados
preliminares disponíveis?
O estudo que estamos desenvolvendo no Núcleo de Investigações Neuropsicológicas da Infância e da Adolescência (Neurônia-UFBA) em parceria com o
Laboratório de Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo (LABIRINTO) coordenado pela Profª Milena Pondé da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública
(EBMSP) - consiste na elaboração de um instrumento de avaliação da inteligência
considerando as especificidades das crianças com TEA.
Esse projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado da
Bahia (FAPESB) e está em fase de coleta de dados. As primeiras etapas do estudo
foram seleção e análise dos itens, análise dos juízes e estudo piloto. O instrumento
possui 16 tarefas de natureza não verbal com a manipulação de figuras e objetos.
O instrumento foi baseado no modelo Cattel-Horn-Carrol (CHC) da inteligência e
os testes que compõem são para avaliar o desempenho das crianças nas seguintes
dimensões cognitivas: processamento visuoespacial, processamento auditivo,
memória de curto prazo, memória de longo prazo, rapidez de decisão, leitura e escrita,
processamento quantitativo, flexibilidade cognitiva e inteligência fluída.
Inicialmente, verifica-se que a aplicação é bem aceita pelas crianças, apesar de
ser mais lenta, exigindo pelo menos três sessões, porém espera-se que com esse
instrumento seja possível avaliar mais dimensões da inteligência, obtendo mais
informações sobre o perfil cognitivo das crianças com TEA.
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ENTREVISTA
5. Qual a importância da avaliação de inteligência para a
intervenção neuropsicológica com o indivíduo autista?
A avaliação da inteligência como uma medida da capacidade de aprendizagem
contribui para o planejamento das intervenções cognitivas e o planejamento
educacional orientando melhor o currículo escolar. Por outro lado, o uso de
instrumentos que forneçam mais informações sobre componentes cognitivos
específicos como funções executivas, memória de curto prazo e longo prazo,
velocidade de processamento, contribui de forma mais efetiva, pois informa para os
profissionais e para a família quais são as maiores dificuldades da crianças e como
é possível estimular. A identificação da deficiência intelectual direciona a intervenção
para programas comportamentais para aprendizagem de comportamentos que são
necessários no dia-a-dia. Esses programas são feitos em etapas e priorizam,
inicialmente, a redução ou eliminação de comportamentos inadequados que
podem agravar as dificuldades de socialização. As demais prioridades são definidas
de acordo com a idade e perfil de cada crianças, buscando favorecer o máximo de
autonomia possível, incluindo algum tipo de comunicação.
Para as crianças sem deficiência intelectual a intervenção neuropsicológica
segue protocolos de estimulação cognitiva para ampliar a comunicação e socialização,
assim como melhor desempenho cognitivos para funções da atenção, flexibilidade
cognitiva, memória verbal.
Nos casos de TEA com ou sem deficiência intelectual a orientação dos pais
através de programas de treinamento de pais é necessária. Muitas vezes, a forma
como os pais lidam com a crianças em casa estabelece padrões de comportamento
que não favorecem o desenvolvimento cognitivo, especialmente nos casos de TEA
em que muitos pais sentem-se frustrados pela dificuldade de interagir com seus
filhos.
Patrícia Martins Freitas
PROFESSORA
ADJUNTA DA
NEUROPSICOLÓGICAS
CIÊNCIAS
PELA
DA
SAÚDE,
FACULDADE
TRAÇÃO
DE
PSICOLOGIA
UFBA,
DA INFÂNCIA E
COORDENADORA DO
DO
DA
SAÚDE
UFMG. MESTRE
DESENVOLVIMENTO,
PELA
DA
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CRIANÇA
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PSICOLOGIA,
FACULDADE
HUMANAS DA UFMG E GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA PELA
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DE
INVESTIGAÇÕES
ADOLESCÊNCIA (NEURÔNIA-UFBA). DOUTORA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
MEDICINA
NUCLEO
DE
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ADOLESCENTE,
ÁREA DE CONCEN-
FILOSOFIA
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CIÊNCIAS
MESMA INSTITUIÇÃO.
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Entrevista
DE PESQUISA
RELATO
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Os efeitos do gene APOE 4 nas
habilidades visuoespaciais e sua
associação com características
morfológicas do lobo temporal
medial em diferentes estágios da
vida
A pesquisa tem como proposta
identificar a relação entre desempenho
cognitivo e características morfológicas
do cérebro de indivíduos geneticamente vulneráveis a desenvolver Doença
de Alzheimer (DA) de início tardio.
Pesquisas na área de neuroimagem
vêm se destacando devido à crescente
evidência de que o alelo ɛ4 do gene
apolipoproteína E (APOE), considerado
o maior fator de risco para a DA,
imprime diferenças estruturais e
funcionais no cérebro desde os
primeiros estágios da vida. Nesta
pesquisa, que está sendo realizada no
Centro de Neuroimagem da Universidade de Birmingham (BUIC), na
Inglaterra, imagens por ressonância
magnética estrutural serão analisadas
a fim de examinar as características
estruturais do lobo temporal medial
(LTM) de crianças, jovens e idosos
portadores do alelo ɛ4 do gene APOE.
A avaliação neuropsicológica das
habilidades
visuoespaciais
será
conduzida e associada aos achados
de neuroimagem.
A DA é a causa mais frequente das
demências e seu quadro clínico
caracteriza-se por comprometimento
da memória recente e da orientação
espacial, progredindo com o declínio
de funções executivas, atenção e
linguagem (Caramelli & Barbosa,
2002, Storandt, 2008). A DA tem um
forte componente genético, e dentre
os muitos genes associados a ela,
o gene APOE tem sido reportado de
forma consistente na literatura (Tanzi
& Bertram, 2001). O gene tem três
alelos principais: ɛ2, ɛ 3 e ɛ4, com
frequências na população geral de
aproximadamente 8%, 78% e 14%
respectivamente (Uterman et al.,
1995). Evidências sugerem uma forte
associação entre o alelo ɛ4 e um
maior risco de desenvolver DA
(Caselli et al., 2009, Wolk & Dickson,
2010), com aumento de até oito vezes
para portadores homozigotos (ɛ4/4)
em comparação a portadores dos
genótipos ɛ2/3 ou ɛ 3/3 (Corder et al.,
1993). Estudos têm demonstrado um
efeito negativo do alelo ɛ4 na cognição
de adultos e idosos sem DA, como
déficits visuoespaciais (Borghesi,
2008), de atenção (Green et al, 2014)
e de memória operacional (Reivang et
al., 2010). O início do declínio cognitivo
pode ocorrer 20 anos antes em portadores do alelo ɛ4 em comparação a
não-portadores (Caselli et al., 2009).
Por outro lado, tem-se atribuído ao
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DE PESQUISA
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alelo ɛ2 um papel protetor, associado
a um menor risco de declínio cognitivo
em idosos (Han & Boindi, 2008).
Estudos com crianças e jovens são
escassos, e apesar dos resultados
contraditórios na literatura, achados
têm sugerido superioridade de portadores do alelo ɛ4 em escalas de inteligência (Yu et al., 2000), além de
melhor desempenho cognitivo em
idade escolar (Bloss et al., 2010),
maior proteção em termos de morte
perinatal (Becher, 2006) e menor
frequência de abortos espontâneos
(Zetterberg, 2002). Em contrapartida, o
alelo ɛ2 estaria associado a um pior
desempenho cognitivo em crianças,
especialmente no que se refere a
habilidades visuoespaciais, quando
comparadas a crianças portadoras dos
alelos ɛ3 ou ɛ4 da mesma idade (Bloss
et al., 2010).
Diante desses achados, o gene
APOE tem sido apontado como um
exemplo de pleiotropia antagonista,
que caracteriza a capacidade de
alguns genes manifestarem efeitos
diversos em diferentes estágios da
vida. Pesquisas na área sugerem que
o APOE 4 tem efeito benéfico nos
estágios iniciais do desenvolvimento,
porém com efeito prejudicial na sua
fase tardia (Tuminaello & Han, 2011).
Contudo, os mecanismos de associação entre DA e APOE não são totalmente conhecidos e o debate sobre
pleiotropia antagonista do gene APOE
permanece ativo na literatura.
Estudos de neuroimagem têm
revelado diferenças estruturais e
funcionais no cérebro de portadores do
alelo ɛ 4. Os achados indicam um
impacto negativo do ɛ4 tanto na
função cerebral, como a redução do
fluxo sanguíneo no cérebro de idosos
portadores desse alelo (Filipini et al,
2011), quanto na estrutura cerebral,
como a redução do volume do hipocampo (Pievasni et al., 2011) e da
espessura cortical (Shaw et al., 2007).
Quantificar essas diferenças e propor
marcadores de neuroimagem mais
precisos tem-se mostrado um grande
desafio, porém um passo importante
para entender os fatores que de fato
contribuem para essa maior susceptibilidade de desenvolver DA. Assim,
estudos com população de risco têm
se mostrado especialmente promissores nesta direção.
O objetivo do estudo é investigar as
habilidades visuoespaciais de portadores do alelo ɛ4 em diferentes idades
por meio
de testes de memória
operacional visuoespacial, memória
espacial e efeito binding objetolocalização. Ressonância magnética
estrutural tambem será realizada a fim
de identificar características morfológicas do LTM de portadores do alelo ɛ4
em diferentes estágios do desenvolvimento.
A expectativa deste estudo é a de
que crianças e jovens portadores da
variante ɛ4 apresentem um melhor
desempenho em testes visuoespaciais
comparados a não portadores. O
contrário é esperado para idosos
portadores do ɛ4, que deverão exibir
um desempenho inferior quando
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comparados àqueles sem o alelo ɛ4.
Espera-se que os resultados desta
pesquisa possam contribuir para elucidar questões controversas acerca
da hipótese da pleiotropia antagonista,
além de identificar padrões estruturais
relevantes no cérebro de portadores e
relacionar esses
achados ao desempenho cognitivo.
Em relação aos métodos, os participantes serão agrupados em duas
categorias: portadores do alelo ɛ4 (se
apresentarem pelo menos uma cópia
do gene) ou não portadores do alelo
ɛ4. A genotipagem se dará por amostras de sangue ou saliva, coletadas e
analisadas na própria Universidade de
Birmingham. Dados de neuroimagem,
como por exemplo, medidas do volume
cerebral total e de regiões de interesse
(ROI) como o hipocampo e medida da
espessura do cortex entorrinal, serão
analisados por meio de ferramentas
como o FSL e o FreeSurfer. Dentre os
testes visuoepaciais selecionados, os
testes com componentes visuoespaciais
da bateria CANTAB (Cambridge
Neuropsychological Test Automated
Battery), que têm sido utilizados com
resultados consistentes em pesquisas
na área de demência, serão aplicados
em todas as faixas etárias. Outro
destaque da avaliação neuropsicológica
é o TAA (Teste de Arrumação do
Armário), que avalia memória espacial
e efeito binding objeto-localização.
Este teste, criado pelo neuropsicólogo
e pesquisador José Neander de
Abreu, vem se destacando como um
instrumento de alta validade ecológica
e com versões adaptadas para a
população infantil e adulta (Abreu et
al., 2014).
A reunião de diferentes áreas do
conhecimento utilizadas neste estudo,
como a genética, a neuropsicologia e
a neuroimagem, traz contribuições
importantes para a compreensão dos
efeitos do gene APOE na estrutura do
cérebro e na capacidade visuoespacial
em diferentes estágios da vida. Além
disso, espera-se que este estudo
tenha aplicabilidade no âmbito da
pesquisa em demência e no contexto
clínico, por meio do desenvolvimento
de novas abordagens e intervenções
mais precoces.
Juliana Pinto Jezler
PSICÓLOGA PELA FACULDADE RUY BARBOSA, NA BAHIA. ESPECIALISTA EM
GERONTOLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA). MESTRE
EM NEUROPSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE DE BRISTOL, INGLATERRA.
ATUALMENTE DOUTORANDA EM NEUROPSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE DE
BIRMINGHAM, INGLATERRA.
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Entrevista
DE PESQUISA
RELATO
CONTINUANDO...
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MAR/16
REFERÊNCIAS:
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Abreu, N., Menezes, I. G., Siquara, G., Villa, S., & Villa, R. (2014). The Wardrobe Arrangement Test for Children: Content Validity of a Test of Visuospatial Working Memory.
Submitted.
2.
Becher, J. C., Keeling, J. W., MacIntosh, N., Wyatt, B., & Bell, J. (2006). The distribution
of apoliprotein E alleles in Scottish perinatal deaths. J Med Genet, 43, 414-418.
3.
Bloss, C. S., Delis, D. C., Salmon, D. P., & Bondi, M. W. (2010). APOE genotype is associated with left-handedness and visuospatial skills in children. Neurobiol of Aging, 31, 787
-795.
4.
Borghesani, P. R., Johnson, L. C., Shelton, A. L., Peskind, E. R., Aylward, E. H., Schellenberg, G. D., & Cherrier, M. M. (2008). Altered medial temporal lobe responses during
visuospatial encoding in healthy APOE*4 carriers. Neurobiology of Aging, 29, 981-991
5.
Caramelli, P. & Barbosa, M. T. (2002). Como diagnosticar as quatro causas mais frequentes de demencia? Rev Bras Psiquiatr, 24 (1), 7-10.
6.
Caselli, R. J., Dueck, A. C., Osborne, D., Sabbagh, M. N., Connor, D. J., Ahern, G. L., . .
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N Engl J Med, 361 (3), 255-263.
7.
Corder, E. H., Saunders, A. M., Strittmatter, D. E., Schmechel, D. E., Gaskell, P. C.,
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risk of Alzheimer’s disease in late onset families. Science, 261, 921-923.
8.
Filippini, N., Ebmeier, K. P., MacIntosh, B. J., Tractenberg, A. J., Frisoni, G. B., Wilcock,
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9.
Green, A. E., Gray, J. R., DeYoung, C. G., Mhyre, T. R., Padilla, R., DiBattista, A. M., &
Rebeck, G. W. (2014). A combined effect of two Alzheimer’s risk genes on medial temporal activity during executive attention in young adults. Neuropsychologia, 56, 1-8.
10. Han, S. D., & Bondi, M. W. (2008). Revision of the apoliprotein E compensatory mechanism recruitment hypothesis. Alzheimer’s & Dementia, 4, 251-254.
11. Pievani, M., Galluzzi, S., Thompson, P. M., Rasser, P. E., Bonetti, M., & Frisoni, G. B.
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13. Shaw, P., Lerch, J. P., Pruessner, J. C., Tayler, K. N., Rose, A. B., Greenstein, D., . . .
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16. Tuminello, E. R., & Han, S. D. (2011). The Apoliprotein E antagonistic pleiotropy hypothesis: review and recommendations. Int J of Alzheimer’s Disease, 2011, 1-12.
17. Utermann, G., Langenbeck, U., Beisiegel, U., & Weber , W. (1980). Genetics of the apolipoprotein E system in man. American Journal of Human Genetics, 32, 339–347.
18. Wolk, D. A., & Dickerson, B. C. (2010). Apoliprotein E (APOE) genotype has dissociable
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PNAS, 107 (22), 10256-10261 Yu, Y. W., Lin, C., Chen, S., Hong, C., & Tsai, S. (2000).
Intelligence and event-related potentials for young female human volunteer apoliprotein E
Ɛ4 and non- Ɛ4 carriers. Neuroscience Letters, 294, 179-181.
19. Zetterberg, H., Palmer, M., Rickslen, A., Poirieri, J., Palmqvist, L., Rymo, L.,… (2002).
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RESUMO DE ARTIGO
ABR/16
MAR/16
O consumo abusivo de álcool
durante a adolescência
prejudica as funções executivas?
O artigo “Executive performance
and dysexecutive symptoms in binge
drinking adolescents” de Gil-Hernandez
e Garcia-Moreno (2016), publicado na
revista “Alcohol”, alerta para o impacto
nas funções executivas de adolescentes
que consomem álcool abusivamente.
O álcool é a droga de abuso legalizada
mais comumente consumida, sendo
importante analisar os efeitos neurocognitivos do álcool em jovens, devido
à alta prevalência de abuso dessa
substância entre esta população
(European Commission, 2010). Apesar
disso, há poucas pesquisas que
abordam as possíveis consequências
de um menor de idade beber, por este
ser um hábito relacionado a um fenômeno transitório, comum na maioria
dos alunos do ensino médio e universitários (Bachman et al., 2002).
Gil-Hernandez e Garcia-Moreno
(2016) investigaram a associação
entre o uso abusivo de álcool e disfunção executiva em adolescentes que
ingeriam álcool no padrão chamado de
“binge drinking”, definido como um
consumo que eleva a concentração de
álcool no sangue para cerca de 0,08%
ou mais, em aproximadamente duas
horas (Courtney & Polich, 2009). Participaram 223 adolescentes (12-18 anos
de idade) que responderam um questionário anônimo sobre os padrões de
seu consumo de álcool, com a amostra
dividida em três grupos: 48 que
consumiam álcool no padrão “binge
drinking”, 53 que bebiam esporadicamente dosagens baixas e 122 que não
bebiam. Foram aplicados Span de
Dígitos e Espacial, Sequência de
Números e Letras, Fluência Verbal
(fonológica e semântica), Trail Making
Test, Stroop Task e Five Digit Test. Os
participantes também responderam o
Frontal Systems Behaviour Scale e o
Dysexecutive Functioning Questionnaire
para avaliar a presença de disfunção
executiva em situações de vida diária.
Uma sintomatologia disexecutiva foi
mais evidente entre os grupos que
bebem em resposta aos questionários
(sintomas de desinibição, disfunção
executiva, intencionalidade, memória
executiva, afeto positivo e negativo),
mas não nos testes neuropsicológicos.
Os grupos de adolescentes que
bebem tiveram desempenho superior
em algumas tarefas neuropsicológicas
(Span Espacial, Fluência Verbal
semântica, Trail Making Test form B,
Stroop Task e Five Digits Test), com
maiores escores do grupo que bebe
no padrão “binge drinking”, em comparação com o grupo que não bebe.
Essa diferença entre os grupos pode
estar relacionada a diferenças nas
características pessoais dos participantes, como apresentado no estudo
de Randall, Elsabagh, Hartley, & File
(2004), onde não bebedores e bebedores esporádicos apresentam níveis
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CONTINUANDO...
RESUMO DE ARTIGO
mais elevados de ansiedade somática
e humor agressivo do que os bebedores moderados (Randall, Elsabagh,
Hartley, & File, 2004). Além disso, em
termos de funcionalidade do cérebro,
o fato de adolescentes bebedores do
tipo “binge drinking” não apresentarem piores resultados do que os nãobebedores poderia ser devido a
algum tipo de mecanismo compensatório na atividade cerebral. Assim,
haveria um recrutamento adicional de
recursos neurais e m indivíduos
“binge drinking” para executar as
tarefas com o mesmo nível que o
grupo controle (Zöllig, Martina, &
Kliegelb, 2010).
Os autores ressaltaram que os
testes neuropsicológicos utilizados
foram construídos com propósitos
clínicos, sendo que é necessário
haver deterioração neurológica para
mostrar déficit cognitivo, enquanto os
q u e sti o ná ri o s co mp o r t a me n t a i s
mostram os prejuízos na vida cotidiana. Portanto, neste estudo é demonstrado que o consumo de álcool por
adolescentes afeta o funcionamento
executivo dessa população, relacionada à disfunção no córtex préfrontal. No entanto, essa alteração
n ã o é e n co n t ra d a pel o s t e ste s
neuropsicológicos, mas sim no autorelato dos participantes, ressaltando
características de impulsividade e
desinibição.
REFERÊNCIAS:
Bachman, J. G., O’Malley, P. M., Schulenberg, J. E., Johnston, L. D., Bryant, A. L., &
Merline, A. G. (2002). The decline of substance use in young adulthood: Changes in
social activities, roles, and beliefs. Mahwah, NJ: LawrenceErlbaum Associates, Inc.
Courtney, K. E., & Polich, J. (2009). Binge drinking in young adults: Data, definitions,
and determinants. Psychological Bulletin, 135, 142-156.
European Commission. (2010). Eurobarometer. EU citizens’ attitudes towards alcohol. Brussels, Belgium: TNS Opinion & Social.
Gil-Hernandez, S., Garcia-Moreno, L. M. (2016). Executive performance and
dysexecutive symptoms in binge drinking adolescents. Alcohol, 51, 79-87.
Randall, D. C., Elsabagh, S. H., Hartley, D. E., & File, S. E. (2004). Does drinking
have effects on mood and cognition in male and female students? Pharmacology,
Biochemistry, and Behavior, 78, 629-638.
Zöllig, J., Martin, M., & Kliegel, M. (2010). Forming intentions successfully: Differential
compensational mechanisms of adolescents and old adults. Cortex, 46, 575-589.
Autora do resumo: Jaqueline de Carvalho Rodrigues
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Políticas Públicas em TEA:
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Configurações atuais no campo da saúde
O Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) é uma condição neurodesenvolvimental que apresenta múltiplas
etiologias, e se caracteriza por comprometimentos sociocomunicativos e
pela presença de comportamentos
repetitivos e estereotipados American
Psychiatric Association [APA], 2013).
Trata-se de um transtorno de início
precoce e curso crônico e por isso,
está entre os mais graves transtornos
que afetam o desenvolvimento infantil.
Estudos epidemiológicos
recentes
têm apontado um crescimento importante nas taxas estimadas de prevalência do transtorno em todo o mundo,
sendo que o último estudo realizado
pelo Centers for Disease Control
Pr e ve n t io n (CDC), encontrou uma
prevalência de aproximadamente 1%
(1 em cada 68 crianças) em várias
regiões dos Estados Unidos (Centers
for Disease Control and Prevention
[CDC], 2016). Portanto, as características
do transtorno e as taxas de prevalência
atuais indicam que, identificar e tratar
os sintomas o mais cedo possível é
uma questão urgente de saúde pública.
De fato, os últimos anos têm sido
marcados por conquistas relevantes
nas políticas públicas voltadas ao TEA
no Brasil. Acredita-se que do ponto de
vista histórico, um marco importante
no campo ético e legal para o avanço
de políticas públicas voltadas ao TEA,
tenha sido a “Convenção sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência”
realizada em 2007 em Nova Iorque. A
Convenção resultou em uma mudança
paradigmática das condutas oferecidas
à pessoa com deficiência, elegendo a
acessibilidade como ponto central na
garantia dos direitos individuais.
Como consequência, o estado
Brasileiro promulgou o decreto 6.949
em 25/08/2009 no qual assumiu
perante a comunidade internacional, o
compromisso de respeitar, obedecer
e fazer cumprir as obrigações
previstas na Convenção.
Essa mudança de paradigma teve
impacto direto na formulação de
políticas públicas que desde então,
precisavam estar comprometidas com
a ampliação do acesso da pessoa
com deficiência a programas de
habilitação e reabilitação particularmente
nas áreas da saúde, emprego, educação
e serviços sociais, de forma a garantir
a autonomia e melhorar as condições
de vida dessa população.
Especificamente no campo do TEA,
a publicação da “Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista” (Lei
12.764 de 27/12/2012) também foi um
marco histórico. A partir da instituição
da lei, pessoas com TEA passaram a
ser consideradas pessoas com
deficiência para todos os efeitos
legais. Entre as diretrizes estabelecidas
pela lei, está o acesso a ações e serviços de saúde atendendo à atenção
integral às suas necessidades de
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saúde, incluindo: a) o diagnóstico
precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia
nutricional; d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no
diagnóstico e no tratamento.
Sendo assim, a partir da construção
da lei, o TEA parece ter sido oficialmente colocado na agenda das
políticas em saúde. Entre 2011 e
2012 foram formados grupos de
trabalho compostos por técnicos do
Ministério da Saúde, da Secretaria
Nacional de Promoção dos Direitos
das Pessoas com Deficiência, assim
como representantes de universidades
e da sociedade civil com o objetivo
de construir diretrizes de atenção
em saúde às pessoas com TEA. O
esforço desses grupos de trabalho
deu origem a dois documentos
intitulados “Diretrizes de Atenção à
Reabilitação da Pessoa com
Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA)” (Brasil 2014) e “Linha de
cuidado para a atenção às pessoas
com transtornos do espectro do
autismo e suas famílias na Rede de
Atenção Psicossocial do Sistema
Único de Saúde” (Brasil, 2015).
Atualmente, os dois documentos tem
sido utilizados como referência para
as práticas dos serviços de saúde
pública com o objetivo de ampliar o
acesso e a qualificação da atenção
às pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias.
As diretrizes e ações sugeridas nesses documentos têm como base os
princípios de integralidade preconizados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), portanto, ambos os documentos apontam a necessidade de que
as ações sugeridas estejam articuladas em toda a rede de atenção
SUS, assim como aos serviços de
proteção social (Centros dia, CRAS,
CREAS) e à educação. Dentre as
ações sugeridas para a rede de atenção SUS, encontram-se diretrizes
quanto à responsabilidade pela identificação e tratamento das pessoas
com TEA. Quanto à identificação
busca-se a qualificação das equipes
de atenção básica para o reconhecimento de sinais precoces do TEA,
inclusive constam nesses documentos, os instrumentos de uso livre para
o rastreamento de problemas de desen vol vi men to co mo o IRDI
(Indicadores clínicos de risco para o
desenvolvimento infantil) e um instrumento de rastreamento de sinais de
TEA, M-CHAT (Modified Checklist for
Autism in Toddlers). Apesar de
utilizar abordagens um pouco
distintas, ambos os documentos
apresentam o conceito de TEA e os
principais indicadores de risco, ou
sinais precoces do TEA, assim como
apresentam sugestão de perguntas
para realização de entrevista de
anamneses com as famílias.
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Quanto à habilitação/reabilitação,
ambos os documentos seguem os
princípios do SUS quanto à referência
para serviços de maior complexidade
na rede, a partir da identificação de
risco. Seguindo a determinação do
SUS, conforme a Portaria nº 336/2002, o CAPSI (ou outra modalidade de CAPS nos municípios onde
não houver CAPSI) é indicado como
serviço de referência à criança com
TEA, embora não se dirija de modo
exclusivo a essa clientela. Como
estratégia de tratamento, o Projeto
Terapêutico Singular (PTS) deve ser
desenvolvido pela equipe multiprofissional do CAPSI a partir da identificação das necessidades dos sujeitos e de suas famílias. Quanto à abordagem ou método de tratamento,
os documentos não apontam uma
única diretriz, mas esclarecem que
essa escolha deve respeitar a
singularidade de cada caso e as
possibilidades do serviço.
Sendo assim, é importante destacar
que a publicação desses documentos
caracteriza-se como o primeiro passo
para a qualificação das políticas de
atenção à saúde voltadas às
pessoas com TEA. Considerando a
sutileza e a especificidade dos
comprometimentos relacionados ao
TEA, o desenvolvimento de estudos
de avaliação de resultados poderia
apontar indicadores de efetividade,
assim como identificar possíveis fragilidades dessa política, subsidiando
novas ações e políticas no campo do
TEA baseadas em evidências.
REFERÊNCIAS:
American Psychiatric Association [APA] (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5thºed.). Arlington,
VA: American Psychiatric Publishing.
Brasil. (2014). Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília:
Ministério da Saúde, 2014.
Brasil. (2015). Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na
Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.
Centers of Disease Control and Preventions. (2016). Prevalence of autism spectrum disorder among children aged 8 yearsautism and developmental disabilities monitoring network, 11 sites, United States, 2012. Morbidity and mortality weekly
Simone Steyer Lampert
PSICÓLOGA CRP 07/12540
DOUTORA EM PSICOLOGIA
PESQUISADORA NO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO - NIEPED/UFRGS
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NOTÍCIA RELEVANTE
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Educação e Tecnologia a
serviço do Tratamento do
Transtorno do Espectro Autista
Com a popularização dos smartphones, a tecnologia vem a cada dia
mais contribuindo para as intervenções
com crianças com o Transtorno do
Espectro Autista (TEA).
Hoje, no Play Store (plataforma
disponível para downloads de aplicativos
para o sistema operacional Android)
é possível encontrar mais de 20
aplicativos, entre gratuitos e pagos,
para o trabalho com crianças com
TEA. Dentre estes, serão listados abaixo
dois recentemente desenvolvidos.
Em 2014 foi lançado o aplicativo
“ABC Autismo”, desenvolvido por
pesquisadores do Instituto Federal de
Alagoas, que tem por objetivo auxiliar
no processo de aprendizagem de
crianças com TEA por meio de
divertidas atividades. O aplicativo
apresenta 4 níveis de dificuldade,
além de 40 fases interativas e outros
recursos. Sua proposta foi baseada
na metodologia de um programa
mundialmente utilizado: Tratamento e
Educação para Autistas e Crianças
com Déficits relacionados com a
Comunicação (TEACCH) - criado em
1964 na Universidade da Carolina do
Norte (EUA) - com o propósito de
auxiliar no processo de alfabetização
de crianças com Transtornos de
Desenvolvimento.
O “ABC Autismo” já teve mais de
40.000 downloads em todo o mundo
e está disponível para três idiomas:
português, inglês e espanhol.
Mais recentemente, no dia 14 de
abril de 2016, foi lançado o aplicativo
“AUTS” (abreviação da palavra autista)
no Teatro da Universidade do Estado
da Bahia (campus Salvador), durante
o “I Seminário sobre Autismo da
UNEB”, realizado pela Liga de Saúde
e Educação da universidade.
Este aplicativo educativo gratuito
traz como conceito desenvolver as
habilidades da primeira infância
juntamente com o ponto de vista
singular do universo autista. Fazendo
uma interlocução entre cultura digital,
educação e mídias audiovisuais, o
aplicativo reúne animações e atividades
educativas para serem trabalhadas
com crianças em idade de primeira
infância, dentro e fora do espectro.
Baseado em uma série de animação
inédita, o aplicativo estimula o desenvolvimento das habilidades sensoriais,
sociais e lúdicas das crianças. O uso
de desenhos, cores, músicas e palavras
tornam o aprendizado muito divertido.
O protagonista do aplicativo - “Auts” é dublado por Arthur (10 anos), filho
do desenvolvedor. Toda a sua família
também participa emprestando as
vozes aos desenhos. Os personagens
de fácil interação com as crianças
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NOTÍCIA RELEVANTE
CONTINUANDO...
- Au t s , An a , D a vi e Ca ch o r r o
propõem “experiências fascinantes e
divertidas”. Aut s te m f or ma d e
quadrado, Ana de círculo, Davi de
retângulo e Cachorro de triângulo.
Segundo os desenvolvedores, os
formatos geométricos de cada personagem ajudam na comunicação com
as crianças por meio de situações
lúdicas e divertidas.
O projeto AUTS foi cuidadosamente
pensado e desenvolvido pelo artista
Renato Barreto junto com a Takapy
Digital Art e em parceria com o Instituto
Viva Infância. A proposta foi contemplada no edital Arte em Toda Parte
ano III, da Fundação Gregório de
Mattos, vinculada da Secretaria de
Cultura e Turismo do município de
Salvador.
Imagem retirada do site:
http://eusouauts.com/
Fontes:
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.dokye.abcautismo&hl=pt_BR
http://www.correio24horas.com.br/single-educacao/noticia/aplicativo-que-auxilia-criancas-com-autismo-tem-quase-40-mildownloads/?cHash=daf178ce17c39161a5c9cb1ff5bc4756
http://www.bahiaja.com.br/tecnologia/noticia/2016/04/11/auts-para-criancas-dentro-e-fora-do-espectro-autista,91074,0.html
http://gshow.globo.com/Rede-Bahia/Aprovado/noticia/2016/04/projeto-auts-auxilia-na-interacao-de-criancas-comautismo.html
http://varelanoticias.com.br/mesa-de-debate-sobre-educacao-lanca-aplicativo-para-autistas-na-uneb/Mesa de debate sobre
educação lança aplicativo para autistas na UNEB
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Imagem retirada do site:
http://www.autismoalagoas.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:abc-autismo&catid=5:noticias
Cassio Lima
DESENVOLVIMENTO PELO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, RESPONSÁVEL TÉCNICO E COLABORADOR DO LABORATÓRIO DE PESQUISA EM
NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E COGNITIVA – NEUROCLIC UFBA/CNPQ E PESQUISADOR PELA FUNDAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO EM SAÚDE – FIOTEC/ FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ – FIOCRUZ RIO
DE JANEIRO.
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GESTÃO 2015-2017
Presidente: Neander Abreu
Vice-presidente: Gabriel Coutinho
Presidente: Alina Teldeschi
Vice-presidente: Gustavo Siquara
Conselho deliberativo
Comissão SBNp Jovem:
Leandro Fernandes Malloy-Diniz
Adriele Wyzykowski
Paulo Mattos
Camila Bernardes
Jerusa Salles
Cássio Lima
Lucia Iracema
Jaqueline Rodrigues
Conselho fiscal
Rodrigo Grassi-Oliveira
Natália Becker
Natália Canário
Annelise Júlio
Samara Reis
Laiss Bertola
Thais Quaranta
Secretária Executiva
Thales Coutinho
Carina Chaubet D’Alcante Valim
Secretário Geral
Andressa M. Antunes
Comissão SBNp Kids:
Nayara Argollo
Tesouraria Executiva
Beatriz Bitttencourt
Tesouraria Geral
Deborah Azambuja
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Editoração:
Camila Bernardes
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