História da Igreja II

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História da Igreja II
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História da Igreja II
Notas
A Reforma Protestante (1517-1648)
Para apresentações:
 Martinho Lutero
 Ulrico Zuínglio
 João Calvino
 Conde von Zinzendorf
 John Wesley
 William Carey
 George Whitefield
O protestantismo responde de maneira diferente ao
catolicismo as seguintes perguntas:
1. Como uma pessoa é salva?
2. Em que repousa a autoridade religiosa?
3. O que é a Igreja?
4. Qual a essência da vida cristã?
 Lutero (1483-1546)
o Atingido por um raio, entra para um monastério
o Profundo senso de pecaminosidade e da majestade de Deus
o Em 1515, estudando Romanos (1.17), compreende a justificação
somente pela fé  choque com a doutrina católica que ensina
justificação pela fé e pelas obras
o A fé nasce e é alimentada pela Palavra de Deus, não precisa da
mediação da igreja
o Segunda convicção: as Escrituras, e não os papas e os concílios,
fornecem as diretrizes da fé e do comportamento cristão.
o Ele se opõe à venda de indulgências na Alemanha (p/ construção da
Basílica de S. Pedro) – arrependimento era irrelevante; questiona a
autoridade papal sobre o purgatório
o Em 1517, 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, p/ debate público
o Lutero escreve panfletos p/ o povo alemão levando suas posições ao
povo
o Se pronuncia contra 5 dos 7 sacramentos da Igreja Católica, denuncia
a necessidade de um clero, dando mais importância a comunidade
cristã, denuncia o monasticismo e prega a necessidade do serviço
cristão
o 1521 declarado herege e excomungado pelo papa Leão X
o Dieta (Assembléia) de Worms – convocado pelo imperador Carlos V –
Lutero confirma suas convicções e é condenado
o Duque Frederico da Saxônia lhe deu asilo em seu castelo. Lutero uso
o tempo para traduzir o NT para o Alemão. A revolta contra a Igreja se
espalhava.
o Lutero voltou p/ Wittenberg. Celibato foi abandonado (se casou com
noviça Katherine von Bora), posição de bispo abolido, liturgia em
alemão, comunhão com pão e vinho p/ os leigos, ênfase dos cultos
passou a ser a pregação e o ensino da Palavra de Deus.
o Campesinos exigiam uma reforma nas esferas social e econômica,
mas Lutero não quis apoiá-los. A revolta foi duramente reprimida em
1525 com a morte de 100 mil camponeses. Os Príncipes apoiavam o
“luteranismo”, pois entre outras coisas, permitiam controlar a igreja em
seu território.
o 1530 – conferência de líderes reformadores em Augsburgo. Lutero
representado por Philip Melanchthon. Confissão de fé de Augsburgo.
o Luteranismo tornou-se religião de Estado em grande parte da
Alemanha; espalhou-se para Escandinávia. As igrejas tinham relação
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estreita com o Estado, pois dependiam dela política e financeiramente.
Igrejas são sustentadas pelo Estado.
o Lutero foi um homem com falhas pessoais: grosseiro, dois pesos e
duas moedas, anti-semita.
 Ulrich Zuínglio (1484-1531)
o Liderou a reforma em Zurique – rejeitava tudo que a Bíblia não
prescrevesse: velas, estátuas, música e pinturas.
o Enfatizava o estudo da Bíblia
o Diferença com Lutero quanto à eucaristia; Zuínglio via a ceia como
puramente simbólico (sem a presença de Cristo) e memorial.
o Todo recém-nascido era batizado e considerado membro da igreja;
igreja = sociedade
o Quando surgiram os anabatistas, o Concílio de Zurique determinou o
batismo de todas as crianças ou seriam banidos da cidade (1525).
o 1526 – Concílio de Zurique determinou que toda pessoa que fosse
rebatizada seria condenada à morte por afogamento. Félix Manz foi o
primeiro mártir anabatista.
 Anabatistas (“rebatizadores”) – conhecidos como radicais
o 21/01/1525 em Zurique, Suíça. Líderes: Conrad Grebel, Felix Manz e
George Blaurock
o Não reconheciam batismo de crianças como sendo válida; só batismo
do crente.
o Crença na separação da igreja e do estado, recusavam fazer parte da
política. Primeira igreja livre dos laços do Estado.
o Igreja não é sociedade, mas comunidade dos verdadeiramente
discípulos de Jesus.
o 1526 – Concílio de Zurique determinou que toda pessoa que fosse
rebatizada seria condenada à morte por afogamento. Félix Manz foi o
primeiro mártir anabatista.
o Irradicado dos arredores de Zurique. Se espalhou p/ Alemanha, Suíça
e eventualmente toda a Europa.
o Durante a reforma, 5 mil foram executados por se rebatizarem.
o Em 6/9/1529 George Blaurock foi queimado na fogueira pelos
Católicos
o Os menonitas descendem diretamente deste movimento
o Princípios do movimento:
 Discipulado (estilo de vida transformado)
 Amor (pacifistas, ajuda mútua, redistribuição de riquezas)
 Visão congregacional da autoridade da igreja (questões de
doutrina, disciplina)
 Separação entre igreja e Estado (primeiros a pregar completa
liberdade religiosa) – igreja é distinta da sociedade
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 João Calvino (1509-1564) e o calvinismo
o Nasceu na França. Estudou na Universidade de Paris.
o Se converteu na França. Forçado a abandonar Paris em 1533 e se
refugiar na Basiléia.
o 1536 publicou 1ª edição de Institutas da religião cristã.
o Convocado por William Farel, reformador na cidade de Genebra, para
administrar a reforma protestante na cidade em 1536.
o Ausência de Genebra entre 1538-1541. Foi pastor de uma igreja em
Estrasburgo.
o Instituiu uma disciplina moral bastante severa.
o Apoiou a condenação e queimada na fogueira de Michael Servetus
como herege por negar a trindade.
o Doutrina central era a soberania de Deus (de Lutero era a justificação
pela fé). Deus age através de decretos pessoais que fazem os homens
percorrerem seus caminhos.
o Sem saber quem são os eleitos de Deus, 3 testes podem ajudar a
identificá-los: participação nos sacramentos (batismo e santa ceia),
vida moral correta, confissão pública de fé.
o A conseqüência da fé é o tremendo esforço para se introduzir o reino
de Deus na Terra.
o Conseqüência da doutrina da soberania de Deus: nenhum ser humano
tem concessão do poder absoluto. Encorajou resistir à tirania dos
monarcas. Principal responsável pelo desenvolvimento dos governos
constitucionais modernos.
o Eucaristia teria somente a presença espiritual de Cristo.
o Genebra se tornou um modelo para calvinistas que exportaram as
suas idéias rapidamente para toda a Europa.
o Os calvinistas franceses ficaram conhecidos como huguenotes, e
ameaçavam tomar o poder.
o Os calvinistas na Holanda formaram a Igreja Reformada da Holanda
o John Knox um inglês) levou o calvinismo para a Escócia (não pode
ficar na Inglaterra). Após guerra civil, desenvolveu os artigos de fé
aceitos pelo parlamento, abolindo o catolicismo. Nascimento da Igreja
Presbiteriana.
o Teodoro Beza (1519-1605) – discípulo de Calvino e continuador da
sua obra.
 Tiago (Jacó, Jacob ou Jacobus) Arminius (Armínio) (1559/60-1609)
o Estudou com Beza em Genebra entre 1582-1588
o Ordenado pastor em Amsterdã em 1588.
o Pela sua proeminência e fama, foi convidado a refutar as opiniões do
teólogo Dirck Koornhet que criticava a teologia de Calvino. Ao
investigar, começou a ter sérios problemas com a teologia calvinista
que tinha aprendido
o Diferenças com o calvinismo: 1) o homem pode, pela graça de Deus,
responder a Deus; a eleição é condicionada a aceitação do homem
(Calvino ensinava que a eleição é somente uma escolha de Deus); 2)
a morte de Cristo é suficiente para a salvação de todas as pessoas
(Calvino ensinava que a propiciação de Cristo era limitada aos eleitos);
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3) é possível resistir à graça de Deus e ser condenado (Calvino
ensinava que para o eleito, a graça de Deus é irresistível)
o A perseguição à Arminius foi grande. Ele morreu de tuberculose. Seus
seguidores foram conhecidos como Remonstrantes.
o Após a sua morte, em 1610, seus seguidores sistematizaram sua
teologia e publicaram “Os Cinco Artigos dos Remonstrantes”.
o Em 1618-1619 o Sínodo de Dort se reuniu para julgar a teologia dos
Remonstrantes e foram condenados e considerados “anátema”. A
perseguição durou até 1625.
Calvinismo
Depravação do homem
Eleição
Propiciação
Possibilidade em resistir
à graça de Deus
Possibilidade de
apostasia (perda da
salvação)
Arminianismo
Depravação total: o homem não
pode responder a Deus. Deus faz
tudo
Eleição sem condições
Limitada
Graça irresistível
Depravação total: o homem pode
responder a Deus por causa da
sua graça
Eleição condicionada à fé
Ilimitada, universal
Graça resistível
Impossível retroceder e perder a
salvação
Perseverança do crente: a
salvação passada, presente e
futura depende da fé; é possível
perder a salvação
 Inglaterra rompe com Roma
o A separação se deu a partir dos problemas conjugais de Henrique VIII.
o Sua rainha, Catarina de Aragão tinha-lhe dado 5 filhos, mas só uma
filha sobreviveu. Quando ela tinha 40 anos, Henrique começou a se
preocupar com a sua sucessão.
o O papa recusou a anulação do casamento.
o Em 1533 uma corte inglesa declarou o casamento de Henrique com
Catarina nulo e ele se casou com Ana Bolena. O papa o excomungou.
Henrique decidiu separar o seu país da igreja de Roma. Os sacerdotes
foram ordenados a cortarem suas relações com Roma.
o Em 1534 uma lei fez do rei o chefe da Igreja da Inglaterra que passou
a ser chamada também de anglicana. O rompimento foi mais político
do que doutrinário, com exceção da doutrina da supremacia do papa.
A doutrina da igreja continuou a ser a mesma, mas agora ela estava
sob a autoridade do Estado.
o Outras mudanças: supressão dos monastérios e publicação da Bíblia
inglesa para uso nas igrejas.
o Com a morte de Henrique, seu filho frágil, Eduardo VI, assumiu o trono
em 1547 com 10 anos de idade. Seus conselheiros fizeram mudanças
que levaram a Igreja Anglicana a adotar uma doutrina muito parecida
com a reforma protestante.
o Com a morte de Eduardo em 1553, uma filha de Henrique, Maria,
assumiu o trono. Ela era católica devota e tentou conduzir a Inglaterra
de volta aos caminhos de Roma. Em apenas 4 anos ela mandou a
fogueira cerca de 300 protestantes, fazendo deles mártires. Em 1571
John Foxe escreve o Livro dos Mártires, contando as histórias deste
período.
o Em 1558 Elizabeth I (1558-1603), outra filha de Henrique, assumiu o
trono. Ela levou a Igreja da Inglaterra a assumir um caminho do meio
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(Via Media) entre o protestantismo e o catolicismo. A liturgia mantinha
vários elementos católicos, mas aceitava a Bíblia como autoridade
final e reconhecia apenas o batismo e a Sagrada Eucaristia como
sacramentos instituídos por Cristo. Os Trinta e Nove Artigos de 1563
eram essencialmente protestantes.
 Inácio de Loyola (1491-1556)
o Passou por uma forte experiência religiosa próxima a Barcelona, na
Espanha, com uma mudança radical na sua vida. Passou a meditar
muito mais. Foi interrogado três vezes pela Inquisição Espanhola.
Estudou latim. Foi a Paris continuar seus estudos.
o Escreveu Exercícios Espirituais, relatando sua experiência religiosa e
dando conselhos sobre meditação e exercícios espirituais para se
aproximar de Deus.
o Formou uma pequena sociedade conhecida como Sociedade de
Jesus, aprovada pelo papa em 1540. Era tenazmente fiel ao papa e
militante e se propôs ir aonde fosse necessário para lutar contra os
infiéis, fossem eles pagãos ou protestantes.
 Sociedade de Jesus (jesuítas)
o Seu primeiro general foi Loyola
o Usavam uma estratégia de ensino, tanto das letras clássicas, da
ciência como da religião.
o Eles deveriam ser cavaleiros de Jesus, móveis, versáteis, prontos para
ir aonde quer que o papa determinasse, realizando qualquer tarefa.
Fizeram os mesmos votos de castidade e de pobreza das ordens
monásticas.
o A influencia desta sociedade fez muito para conter o crescimento do
protestantismo na Europa, conseguindo mesmo reconquistar áreas
que tinham sido perdidos para os protestantes. Diminuíram a influencia
dos protestantes de metade da Europa para um terço.
o Também foram responsáveis pelas missões ao oriente (como primeira
chegada do cristianismo ao Japão) e à América Latina.
o Francisco Xavier (1506-1552), companheiro de Loyola, foi o
missionário mais importante. Ele foi pioneiro das missões ao Oriente:
Goa (Índia ocidental), Malásia, Japão e China.
o Os jesuítas foram a principal arma da Contra-Reforma.
 Concílio de Trento (1545-1563)
o Um longo conflito entre o imperador Alemão e os papas sobre a
convocação de um concílio, finalmente levou ao Concílio de Trento.
Várias correntes buscavam decisões de um concílio que trariam uma
reforma na Igreja Católica.
o O concílio se reuniu em 3 sessões: 1545-47; 1551-52; 1562-63.
o Não houve grandes mudanças doutrinárias, mas a confirmação como
doutrinas dos ensinos da igreja de Roma. A Igreja Católica saiu deste
concílio com um maior renovo espiritual na igreja e muito mais
militante.
o Tudo que a Reforma protestante propôs foi vigorosamente rejeitado.
o Jesuítas tiveram participação decisiva no concílio.
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o Início de um período conhecido como Contra-Reforma.
Reforma Protestante
justificação somente pela fé
salvação somente pela graça
Bíblia é única autoridade espiritual
papa não tem autoridade espiritual
dois sacramentos
culto
um só intercessor entre o homem e Deus - Jesus
o sacerdócio do crente
indulgências são imorais
Cânon bíblico permanece o mesmo dos concílios
ecumênicos
Concílio de Trento
justificação pela fé e pelas boas obras
salvação pela graça e cooperação humana
o supremo ofício da igreja de Roma - papas e
bispos - era o verdadeiro intérprete da Bíblia
o papa permaneceu como autoridade suprema
da igreja
sete sacramentos
sacrifício da missa
diversos intercessores: santos, Maria,
confissão a um sacerdote
sacerdócio do clero da Igreja
indulgências permaneceram
Cânon bíblico acrescido dos livros apócrifos
 Imperialismo Cristão
o Época das descobertas (1500-1650) – era da expansão global do
cristianismo.
o Monges e frades católicos levam o evangelho a América Latina e aos
portos portugueses ao longo das costas da África e da Ásia.
o Evangelho e cultura – adaptação ou conquista. Aos poucos a
evangelização se confundiu com a conquista.
o Durante a vida de Lutero, Espanhóis e Portugueses estavam viajando
para o leste e para o oeste, fazendo novas descobertas de terras, ouro
e um comércio bastante lucrativo.
o Enquanto os comerciantes buscavam o lucro e os conquistadores as
terras, os monges e frades católicos (franciscanos, agostinianos,
dominicanos e jesuítas) com muito fervor evangelizador partiam para a
conversão das almas.
o O fervor religioso levou a violência contra os povos indígenas das
Américas, pois eram considerados guerras santas, cruzadas, contra o
sacrifício humano e a idolatria.
o Bartolomeu de las Casas – defensor dos índios oprimidos e da busca
de conversões por outros meios pacíficos.
o No oriente, por causa das civilizações antigas e sofisticadas, os
portugueses foram obrigados a adotar o método de evangelismo da
adaptação.
 Guerras religiosas:
o Suíça: Guerras entre cantões protestantes (5) e católicos (5). Zuínglio
morreu em uma batalha entre Zurique e Kappel em 1531. Ele tinha
instigado os cantões protestantes a atacarem os católicos.
o Alemanha: 1546-1555 – Católicos x luteranos  Paz de Augsburgo
(1555): deu o direito a cada príncipe de decidir a religião dentro do seu
território.
o Escócia: 1559-1560 - guerra civil contra o governo católico.
Protestantes ganharam.
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o França: guerras contra os Huguenotes (calvinistas) 1562-1598 – Edito
de Nantes (1598). Huguenotes ganharam liberdade religiosa e controle
político de certas regiões. Catolicismo continuou sendo religião oficial
da maior parte da nação.
o Holanda (1560-1618), fortemente calvinista, lutou por independência
da Espanha católica.
o Guerra dos 30 anos na Alemanha (1618-1648) – católicos x
protestantes; paz de Westfália  transição de territorialismo por uma
religião para denominacionalismo; intolerância de dissidência para
tolerância religiosa.
o Guerra civil da Inglaterra (1642-1649) – uma das principais razões da
guerra era por causa de religião – desentendimentos entre Igreja da
Inglaterra, puritanos presbiterianos e puritanos congregacionalistas.
 Puritanismo (1560-1660) na Inglaterra
o Nos tempos mais recentes, o termo “puritano” tem um sentido
pejorativo: religioso esnobe, repleto de medos sexuais, que faz o
máximo para impedir que as pessoas se divirtam, moralista atrasado,
etc.
o Mas nesta época não era este o significado. Puritanos eram pessoas
compromissadas com a Palavra de Deus, querendo colocar os
princípios bíblicos em prática não só na igreja, mas em todas as
esferas da sociedade.
o Pretendiam reformar e purificar a Igreja da Inglaterra.
o Três períodos distintos:
 Reinado da Rainha Elizabeth (1558-1603) – tentativa de
purificar a igreja inglesa de acordo com as linhas seguidas pela
Genebra de Calvino. Um dos grandes pontos de controvérsia
era a de acabar com a posição de bispos indicados pela
monarquia e deixar os membros das igrejas escolherem seus
ministros. Elizabeth não cedeu aos puritanos.
 Reinados de James I e Carlos I (1603-1642) – alguns grupos de
dentre os puritanos começaram a ficar impacientes com a falta
de mudanças dentro da Igreja da Inglaterra e começaram se
encontrar para adorar da maneira que entediam que a Bíblia
lhes orientava, e não segundo os bispos e a liturgia
estabelecida. Este movimento é conhecido como separatista.
Dois destes grupos deixaram a Inglaterra e se refugiaram na
Hollanda.
 A igreja da aldeia de Scrooby foi para Leyden na
Hollanda. Dez anos mais tarde tomaram uma decisão
arriscada de partir para a América. Voltaram primeiro
para a Inglaterra e de lá pegaram um navio, o Mayflower,
para Phymouth, Massachussets, na América. Foi este
grupo que deu início ao Dia de Ações de Graças.
 Outra igreja da aldeia de Gainsborough se estabeleceu
em Amsterdã. O pastor desta igreja, John Smyth,
percebeu que em nenhum lugar da Bíblia aparecia a
prática de se batizar bebês. Eles passaram a perceber
que só eram membros da Igreja de Cristo os que
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
professavam sua fé em Cristo e eram batizados. Smyth e
mais 40 membros foram batizados pela confissão de fé
em Jesus Cristo. Assim nascia a primeira igreja Batista
em 1609, com uma doutrina arminiana. Houve uma
divisão na igreja e uma parte voltou para a Inglaterra e
estabeleceu a primeira Igreja Batista em solo inglês em
1611. A primeira Igreja Batista na América surgiu em
1639. Todas estas igrejas tinham doutrinas arminianas.
 Durante o reinado de Carlos 1, com a sua imposição de
uma Igreja da Inglaterra rígida, muitos se separaram da
Igreja e permaneceram na Inglaterra sob muita
perseguição ou então imigraram para a América (16 mil
pessoas em 10 anos).
 O parlamento britânico se dividiu entre monarquistas,
que defendiam o rei, e o parlamentaristas, majoritários e
puritanos. Os parlamentaristas por sua vez se dividiram
quanto ã forma da igreja (presbiterianos e
congragacionalistas).
Guerra Civil da Inglaterra e governo de Oliver Cromwell (16421660) – finalmente irrompeu a guerra civil na Inglaterra em
1642. Os monarquistas, em minoria, foram obrigados a deixar
Londres.
 A Assembléia de Westminster (1643-49) produziu a
Confissão de Fé de Wetminster e o Grande Catecismo e
o Pequeno Catecismo que são usados até hoje por um
grande número de igrejas reformadas.
 O coronel Oliver Cromwell foi o comandante das forças
do Parlamento contra os monarquistas. O rei Carlos foi
obrigado a se render em 1646 e foi executado em 1649.
A monarquia voltou em 1660.
 Denominacionalismo – o denominalionalismo surgiu como maior força na
América do Norte. Com algumas exceções, na América a tolerância religiosa
foi praticada desde o começo, pois muitos dos povos que vieram se instalar
ali fugiam justamente da opressão e perseguição religiosa.
o A palavra denominação passou a ser usado para descrever um grupo
religioso por volta de 1740, mas a teoria em si foi elaborada um século
antes.
o Sectarismo: cada seita clama para si, exclusivamente, a autoridade de
Cristo. É o verdadeiro corpo de Cristo; toda verdade lhe pertence; não
há outra igreja. Por definição, a seita é exclusiva.
o Denominação: a verdadeira igreja não pode se identificar com uma
única estrutura eclesiástica. Nenhuma denominação pretende
representar toda a igreja de Cristo. Cada uma simplesmente constitui
uma forma diferente (adoração, organização, doutrina secundária) na
ampla vida da igreja.
o Os verdadeiros arquitetos da teoria denominacional da igreja foram os
Independentes (congregacionalistas) do século XVII. Basearam-se nos
seguintes princípios:
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
A incapacidade do homem de sempre enxergar a verdade com
clareza, diferenças de opiniões sobre a aparência da igreja são
inevitáveis.
 Diferenças que não envolvem os fundamentos da fé devem ser
praticados como se crê que a Bíblia ensina.
 Nenhuma igreja detém a definitiva e completa verdade divina –
a verdadeira igreja de Cristo nunca pode ser totalmente
representada por apenas uma estrutura eclesiástica.
 A separação não constitui cisma, pois ainda há união em Cristo.
o O denominacionalismo permitiu a convivência pacífica de diversas
opiniões diferentes.
o Não é talvez o ideal de Cristo, mas funcionou para melhorar a situação
das guerras sangrentas entre cristãos.
o Em 1689 o Ato de Tolerância na Inglaterra reconheceu os direitos dos
presbiterianos, congregacionalistas, batistas, quaders e outros de
adorarem livremente e co-existir com a Igreja da Inglaterra.
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Era da Razão e do Reavivamento (Iluminismo) (1648-1789)
O espírito desta época nada mais foi do
que uma revolução intelectual, uma
maneira completamente nova de se olhar
para Deus, para o mundo e para si
mesmo. Foi o nascimento do secularismo.
René Descartes (1598-1650) –
filósofo, matemático – grande
confiança na razão matemática unido
a uma grande desconfiança de tudo
que não estivesse claro e
indubitavelmente comprovado. Duvidar
Idade Média e Reforma: razão servia a fé,
tudo e não crer em nada que não se
mente obedecia à autoridade.
possa comprovar com clareza. Os
Iluminismo rejeitava esta visão.
sentidos enganam e as vezes são
No lugar da fé, colocou a razão.
contraditórios entre si e não podem ser
usados com base para a
Preocupação do homem: não com a vida
comprovação. Começou com o ponto
futura, mas com a felicidade e a satisfação
de partida da sua existência como
agora – nada de emoções, mitos e
indubitável, pois pensa: “penso, logo
superstições.
existo”. Se consigo pensar em algo
melhor e mais perfeito que eu, então
este ser perfeito deve existir e é Deus.
Deus, sendo perfeito, não pode mentir,
e portanto posso crer no meu corpo
como realmente existindo.
 A Renascença
o Redescoberta dos valores clássicos gregos e romanos.
o Diferenças entre Reforma e Renascimento residem na visão do
homem:
Reforma: queda do homem por causa do pecado original
Renascença: visão positiva do homem e do universo, confiança no
homem.
o Cansaço com o preconceito religioso, violência religiosa; anseio pela
tolerância e por verdades comuns a todos os homens.
o Crença na lei e na ordem.
o Contribuições importantes da ciência moderna, descobertas
científicas:
 Copérnico (1473-1543) – sol é centro do universo
 Johann Kepler (1571-1630) – sol emite força magnética que
mantém planetas em órbita
 Galileu Galilei (1564-1642) – telescópio
 Isaac Newton (1642-1727) – lei da gravitação, rege movimento
na Terra e no universo.
 Tensão entre fé e razão
o Mundo-máquina
 Mundo medieval: universo regido por forças espirituais invisíveis
(anjos e demônios)
 Iluminismo: universo regido por leis físicas – rejeição do mundo
espiritual
o Aumento da confiança na razão:
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


John Locke (1632-1704): a razão prova a fé. Deus é produto da
razão, mas é um deus desmistificado.
 Maior parte da teologia é rejeitada; o que importa é que
Jesus é o Messias.
 Ênfase na conduta moral.
 Caráter racional do cristianismo.
Deismo: deus-relogeiro
No séc. XVIII em Paris surgiu uma filosofia mais radical.
 Ascenção dos radicais – início do séc. XVIII
o Voltaire (1694-1778) –
 Personagem mais expressivo do deismo.
 Ceticismo – crítico das igrejas estabelecidas.
 Popularizou a ciência de Newton.
 Defesa da liberdade pessoal e de imprensa
 Culto à razão
o Denis Diderot (1717-1784)
 Discípulo de Voltaire
 “verdade é apenas aquilo que se pode verificar e provar.”
 Cristianismo é excluído dos padrões de verdade; a Bíblia não
era “razoável”, milagres não existem.
o Montesquieu propõe em 1748 a república – uma forma de governo que
se baseia na virtude dos cidadãos. O governo é dividido em três
poderes; executivo, legislativo e judiciário.
o Rousseau sustenta que os dogmas e as instituições religiosas são
parte da corrupção que tem marcado o suposto progresso humano;
que é necessário voltar a primitiva religião natural, que consistia na
crença em Deus, na imortalidade da alma e na ordem moral.
o A cultura moderna se livrou da influência formal cristã
 Iluminismo tentou organizar uma sociedade religiosamente neutra
 Resposta do Cristianismo:
o Igreja Católica: reagia como na Idade Média: procurava um controle
rígido sobre o pensamento e sobre a leitura.
o Protestantismo: Principalmente na Inglaterra, muitos autores
procuraram rebater esta nova mentalidade do Iluminismo. Joseph
Butler (1692-1752) foi um dos que conseguiu maior êxito. Seu livro
The Analogy of Religion (A Analogia da Religião) desmontou os
argumentos dos deístas. A partir daí, o deismo entrou em declínio.
 Jansenismo – procura uma volta à piedade e a vida moral dentro da igreja
católica, contra jesuítas
o Cornélio Jansen (1585-1638) – defendendo uma volta à doutrina de
Agostinho: a primazia da graça; o homem está tão depravado que ele
não tem condição de se voltar para Deus. A sua liberdade é só para o
pecado. Só a graça de Deus pode salvá-lo, e isto pela predestinação.
Sua posição era bastante semelhante à de Calvino.
o Blaise Pascal – convertido ao jansenismo aos 31 anos de idade, 8
antes da sua morte.
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 Pietismo – uma reação à frieza e dogmatismo em que tinha caído o
protestantismo com a sua ênfase em crença certa.
o Philip Spener (1635-1705) – “pai do pietismo”. Foi pastor em Frankfurt,
Alemanha. Spener deseja um despertar na fé de cada cristão. Chama
ao arrependimento e ao discipulado. Sua obra principal – “Desejos
Pios” – maior responsabilidade de todos os cristãos, vida devocional,
chamar todos à obediência da Palavra de Deus. Buscou despertar o
povo para uma vida de piedade e santificação dentro da Igreja
Luterana. Lendo o Apocalipse, cria que o fim estava próximo.
o August Hermann Francke (1663-1727) – discípulo de Spenner, levou o
movimento do pietismo para Leipziz, Alemanha. A Universidade de
Halle se tornou um centro do movimento pietista. Francke foi para lá
em 1691. Ele pregava uma fé viva com idéias muito semelhantes às
de Spener, menos a questão apocalíptica. O movimento ganhou muito
em popularidade entre o povo, mas não na cúpula da Igreja Luterana.
Mesmo assim, houve um despertamento entre os luteranos alemães.
o O pietismo também marcou o início da era das missões protestantes.
 Os reformadores não tinham se preocupado com este aspecto.
 Em 1705 o rei da Dinamarca enviou dois missionários formados
pela Universidade de Halle para Tranquebar, na Índia. As
informações que estes missionários enviaram estimulou muito a
participação nas missões.
 A Universidade de Halle se tornou um centro de formação e
arrecadação de fundos para missões.
o Conde von Zinzendorf (Nícolas Luís – 1700-1760) – Estudou na
Universidade de Halle com Francke e depois foi para a Universidade
de Wittenberg, muito mais preocupada com a ortodoxia dogmática,
onde entrou em conflitos com alguns professores. Estudou também
direito.
 Zinzendorf concedeu asilo em suas terras para alguns Morávios
da “Unidade dos Irmãos”, grupo remanescente do movimento
de John Huss. Eles fundaram a comunidade Herrnhut.
 Zinzendorf passou a ser o líder desta comunidade e o tornou
um foco do pietismo.
 Em uma visita a Copenhage em 1731 ele ficou conhecendo
alguns esquimós, fruto do trabalho missionário. À sua volta a
Herrnhut, ele entusiasmou a povo com a visão missionária.
 Em 1732 partiram os primeiros missionários de lá para o Caribe.
Em seguida para a América do Norte, América do Sul, África e
Índia. Uma comunidade inicial de 200 refugiados produziu mais
de 100 missionários nestes países.
 Os missionários se sustentavam no campo, não contavam com
muito apoio de fora, pois a comunidade era pequena para
sustentar tantos missionários.
 Os morávios tiveram um impacto importante na história do
cristianismo protestante por causa da sua influência no grande
despertar missionário do séc. XIX e da sua influência na vida de
John Wesley e do movimento metodista.
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o Substituiu controvérsias da igreja do séc. XVIII com cuidado com as
almas
o Transformou pregação e visita pastoral em objetivos centrais do
ministério protestante
o Contribuiu enormemente com a música cristã
o Compreendeu a importância da espiritualidade dos leigos para a igreja
reavivada
o Regeneração na prática, não só na teoria
o Devolveu a emoção e a experiência religiosa
o Fonte de todos os reavivamentos modernos
 Avivamento Evangélico (Alemanha, ilhas Britânicas e colônias americanas) –
década de 1730  nascimento dos evangélicos.
o Davam ênfase à salvação individual com arrependimento e novo
nascimento e a uma vida de santidade.
o O Grande Avivamento na América começou timidamente entre 17201740, com uma intensificação nas décadas de 40 e 50.
o Jonathan Edwards (América) – além de grande evangelista, foi teólogo
e presidente da Universidade de Princeton.
o Ebenezer e Ralph Erskine (Escócia)
o Howel Harris (País de Gales)
o John Wesley (1703-1791) – inglês, educado em Oxford, filho de uma
grande família de 19 filhos, John e seu irmão Carlos (Charles) faziam
parte de um grupo que se dedicava ao estudo da Palavra de Deus, à
meditação e a visita aos cárceres. Por sua disciplina rigorosa, foram
chamados derrisoriamente de “metodistas” e “clube santo”. Eles eram
todos pertencentes à Igreja Anglicana.
 Os dois irmãos foram para a América para serem pastores de
igrejas lá. No navio, John ficou conhecendo os Morávios, com a
sua fé viva. Isto modificou a sua vida.
 A sua experiência de conversão só veio depois que voltou para
a Inglaterra.
 Em seguida, Wesley se tornou um grande pregador.
 Wesley e Whitefield colaboraram muito no início, mas se
separaram por questões de doutrina. Ambos eram Calvinistas
no que se referia a questões de doutrina tais como o significado
da comunhão, do modo como a fé deve resultar em santidade
de vida, etc. Mas, quanto à predestinação e o livre arbítrio,
Wesley se separava do calvinismo ortodoxo e seguia a linha
arminiana.
 No começo, Wesley não tinha intenções de sair da Igreja
Anglicana. Ele simplesmente buscava um avivamento da fé das
pessoas. Ele organizou “sociedades” que logo foram
conhecidas como “sociedades metodistas”. Com o crescimento
foi necessário separá-los em classes de 12 pessoas com um
líder. O líder era escolhido com base na sua vida e maturidade
cristã.
o George Whitefield (Inglaterra e América) – outro integrante do “clube
santo” de Oxford. Teve êxito pregando na Inglaterra e na América.
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 Separação entre igreja e Estado
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Era do Progresso (1789-1914)
 Revolução Francesa
o O povo tinha passado a acreditar no progresso humano. Acreditava-se
que a raça humana estava melhorando e sendo mais feliz.
o O evangelho democrático da Revolução Francesa baseava-se na
glorificação do homem em vez de se basear na glorificação de Deus.
o Revolução Francesa – liberdade, igualdade, fraternidade
o Surgimento do liberalismo (político e econômico – liberdade para
construir fábricas e acumular riquezas sem interferência do Estado –
laissez faire), socialismo (a classe trabalhadora buscava liberdade
através do socialismo), e nacionalismo.
o França: população de 25 milhões, sendo 200 pertencentes às classes
privilegiadas da nobreza e o clero. Os plebeus suportavam pesadas
cargas tributárias, tanto do Estado quanto da Igreja romana.
o Febre revolucionária
 “Declaração dos direitos dos homens e do cidadão”: outorgava
direitos naturais do homem, como liberdade, propriedade,
segurança e resistência à opressão; liberdade de expressão;
proibia a prisão arbitrária, protegia os direitos do acusado; país
não era propriedade dos monarcas, mas do povo.
 República foi instalada e o rei executado.
 Em 1790 a Assembléia Nacional eliminou a autoridade do papa
e fez o clero prestar juramento ao Estado, sob pena de exílio. A
razão passou a ser a nova religião de Estado.
 Em 1796 uma nova lei dando liberdade de religião foi adotada.
 Insurreições revolucionárias surgiram por toda a Europa. Algumas foram
reprimidas, outras obtiveram sucesso.
 A Igreja romana resistiu à onda de liberalismo.
o Ainda no século XIX Roma mantinha vários Estados papais na Itália
(feudais e absolutistas) no meio de um movimento para a unificação
da Itália.
o Vítor Emanuel é proclamado rei da Itália em 1861 e conquista Roma
em 1870. Os Estados papais chegam ao fim. Fim do governo secular
do papa.
o Só em 1929 Benito Mussolini conclui um tratado com o papa que
concede o uso do Vaticano como sede da Igreja romana.
 Pio IX declara em 8/12/1854 que Maria concebeu sem pecado original
 Concílio Vaticano I – convocado por Pio IX – 8/12/1869 – 1870
o Infalibilidade do papa e sua primazia
 Grã-Bretanha: Rainha do século XIX
o Berço da revolução industrial
o Londres: a maior cidade do mundo e seu centro financeiro
o O comércio britânico rodeava o mundo
o A marinha britânica dominava os mares
o Em 1914 ela possuía o maior império em extensão e em população
jamais criado pelo homem.
 Surgimento de sociedades religiosas não denominacionais na Inglaterra na
virada do séc. XIX (cooperação entre cristãos, sem deixarem suas igrejas):
o Soc. Missionária de Londres (1795)
o Soc. Para Melhorar Condições dos Pobres (1796)
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o Soc. Missionária da Igreja (1799)
o Soc. Bíblica Britânica e Estrangeira (1804)
o Movimento contra escravidão com o fim do tráfico de escravos (17891807). A emancipação dos escravos em todo o império britânico veio
em 1833.
 Grande Era da Expansão Cristã – Missões – séc. XIX
o Século XIX foi a grande era da expansão mundial do cristianismo.
o No início do século XIX o cristianismo quase não existia fora da
Europa e das Américas. Após 18 séculos o cristianismo estava longe
de ser uma religião mundial.
o William Carey – Índia
 “Pai das Missões Modernas”,
 Inglês, pastor Batista, sapateiro, ávido leitor, queira adquirir todo
o conhecimento possível sobre outros povos e nações
 acreditava que nações inteiras poderiam ser evangelizadas.
 1792 – escreveu Inquirição sobre a obrigação dos cristãos de
usar métodos para a conversão de pagãos – livro que marcou
época.
 Co-fundador (junto com outros 12 irmãos) da Sociedade
Missionária Batista em 1792. Foi enviado à Índia por esta
sociedade no ano seguinte.
 Se estabeleceu em Serampore
 Estudou as línguas orientais e o pensamento hindu.
 Até 1824 Carey supervisionou 6 traduções completas da Bíblia,
mais 24 parciais, várias gramáticas, dicionários e livros
orientais.
o Livingstone – África
o Adoniram Judson – Burma
 Enviado pela primeira sociedade missionária ao estrangeiro, a
Junta de Delegados para Missões Estrangeiras fundada em
1810.
o Movimento Voluntário de Estudantes para Missões no Estrangeiro –
seu lema era: “a evangelização do mundo nesta geração.”
o Três características marcantes deste período:
 Decorreu do voluntarismo (ao contrário de outros movimentos
missionários que se valeram de conversões compulsórias)
 Tinha base ampla nas igrejas, incluindo leigos, sem depender
das “cúpulas” das igrejas.
 Levou variedade de ministérios humanitários: escolas, hospitais,
alfabetização, tradução da Bíblia, saúde pública, agricultura,
etc.
 O liberalismo protestante: ponte entre pensamento moderno e experiência
cristã.
Os objetivos do liberalismo protestante:
o A teologia cristã tem que entrar em acordo com a ciência moderna
para ser respeitada pelos homens de inteligência.
o Fé tem que passar pelos testes da razão e da experiência  rejeitam
a autoridade
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o
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A melhor pista para a natureza de Deus estava na intuição e na razão
Mente aberta à verdade de qualquer fonte; tudo sujeito a revisão
Universo fechado com unidade, harmonia e coerência
Valores de unidade e continuidade – tolerância
“Deus” = curso da vida entre homem e natureza
 Teoria da Evolução – Charles Darwin (1809-1882)
o Publicou em 1859 A Origem das Espécies
 Criticismo Bíblico – aplicação dos princípios históricos à Bíblia. O Crítico
Bíblico é um estudioso da Bíblia que procura o seu sentido mais exato.
o Inferior – busca simplesmente uma reconstituição exata do texto
original
o Superior – busca analisar a Bíblia à luz da história e desconsidera o
que não pode ser provado historicamente.
 Novas teorias sobre os autores bíblicos e as datas em que
foram escritos os livros.
 Busca do Jesus histórico.
 Lançou dúvida sobre a confiabilidade da Bíblia e a sua
autoridade em questões de fé e prática cristã.
 Nega milagres de Jesus, nascimento virginal, soberania de
Deus, depravação inata do homem, expiação de Jesus Cristo
como base para perdão dos pecados, presença do Espírito
Santo essencial à conversão, separação eterna dos salvos e
condenados no céu e no inferno.
 Defensor do Romantismo e da “experiência cristã”:
o Friedrich Schleiermacher (1768-1834) – centro da religião passa da
Bíblia para a experiência de cada um.
 O âmago da religião é o sentimento, e não provas racionais.
 A religião baseia-se na intuição ou num sentimento de
dependência do universo.
 Isso, reconheçamos ou não, é uma experiência de Deus.
 Pecado é quando o homem tenta viver sozinho, isolado do
universo e de seu próximo.
 Para vencer o pecado que separa o homem de Deus e de seu
próximo, Deus enviou um mediador, Jesus Cristo, um homem
com a percepção de Deus num grau supremo.
 Revolução Industrial, Capitalismo –
o Começou principalmente na Inglaterra
o Trouxe transformações sociais:
 tirando o homem do campo
 separando-o do seu clã e família
 péssimas condições de higiene
 péssimas condições de trabalho
 fome
o Questões de propriedade
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 Surgimento do socialismo de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
(1820-1895)
o “Manifesto Comunista” (1848)
o “O Capital” (1867-1894)
 A partir da metade do séc. XIX, um número crescente de cristãos, católicos e
protestantes, lutou por melhores condições para os trabalhadores:
o Desafiaram a filosofia do laissez faire (controles sobre o capitalismo
desenfreado; mas também defesa da propriedade privada contra o
socialismo comunista de Marx).
o Criaram instituições cristãs para aliviar o sofrimento dos necessitados
o Apoiaram a formação de grupos trabalhistas (sindicatos)
o Apelaram ao Estado por uma legislação referente à melhora das
condições de trabalho e moradia
o Católicos de destaque na luta por melhores condições sociais:
 Bispo Wilhelm Ketteler (1811-1877) na Alemanhã
 Cardeal Henry Edward Manning – na Inglaterra
 O leigo Terence Powderly e o Cardeal Gibbons – nos USA
o Evangélicos de destaque na luta por melhores condições sociais:
 George Muller (fraternidade de Phymouth)
 Charles Spurgeon (Batista)
 T. B. Stephenson (Metodista)
 William Booth (fundador do Exército da Salvação)
 Evangelho Social entre os protestantes liberais – movimento pela justiça
social nos USA
 Fundamentalismo como movimento contra o Evangelho Social; afastamento
das questões sociais, preocupando-se com estudo da Bíblia e santidade
pessoal.
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Era das Ideologias (1914-presente)
Ideologias pós-cristãs: nacionalismo, comunismo, individualismo, e pós-modernismo
 1ª Guerra Mundial (1914-1918) –
o Nasceu do nacionalismo; uma exaltação patriótica pôs em conflito o
pan-esvavismo e o pangermanismo.
o Alemanha e Áustria entraram em guerra contra França, Rússia e
Inglaterra.
o Até o fim da guerra, 27 nações entraram na guerra que se estendeu
pelo mundo todo.
o Primeiro conflito de âmbito mundial
o condenação e humilhação da Alemanha
 Surgimento do Nazismo (Nacionalismo Social; nacionalismo racista)
o A Alemanha luterana era monarquista e a igreja protestante perdeu
milhões de adeptos para o socialismo e o nazismo.
o Adolfo Hitler sobe ao poder em 1933 e consegue poderes totalitários.
o Nazismo rejeitava as idéias liberais e se voltou para um passado
germânico romântico.
o Preocupação com a pureza da raça germânica e com a predominância
desta raça em todos os níveis da sociedade.
o Os judeus eram culpados por todos os males da modernidade,
inclusive o cristianismo (“uma conspiração judaica”), o bolchevismo
(“filho ilegítimo do cristianismo”), o capitalismo e marxismo.
o 6 milhões de judeus foram exterminados pelo nazismo.
o Surge entre o clero das igrejas protestantes, uma organização
(Cristãos Alemães) de 3000 pastores que apoiava o nazismo e tudo
que Hitler fazia. Uma organização rival (Liga de Emergência de
Pastores) surgiu para se opor a primeira organização. Ela foi muito
perseguida por Hitler e muitos de seus pastores foram colocados na
prisão. A maioria dos pastores não pertencia a nenhum dos 2 grupos e
ficou silenciosa quanto aos acontecimentos nazistas na Alemanha.
o Hitler assina um tratado com a Igreja Católica em 1933 garantindo-os
a liberdade de exercerem a sua religião. Em 1937 os clérigos
católicos, alarmados com a disseminação do “novo ateísmo”, pedem a
ajuda do papa. Este manda uma encíclica para todas as igrejas
católicas da Alemanha condenando o nazismo. A Igreja Católica passa
a ser inimiga do nazismo.
 A Revolução Russa
o Em 1917 a revolução bolchevista russa de Vladimir Ilich Ulyanov
(Lênin) derruba o governo Russo e instala um governo totalitário.
o Lênin acreditava na violência para derrubar todas as instituições
sociais tradicionais e criar uma sociedade proletária sem classes
sociais.
o O Partido Comunista e o Estado se tornaram um. Presença de terror
generalizado, propaganda, censura, economia controlada e hostilidade
a toda religião organizada.
o A Igreja Ortodoxa Russa era a religião de estado com o czar com
cabeça da igreja. Com a revolução bolchevista, as terras da igreja
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foram confiscadas, os subsídios do Estado cancelados, o casamento
civil decretado e a proibição da educação religiosa para os jovens.
o A Igreja Ortodoxa declarou guerra ao Estado. Na violência, mais de mil
padres e 28 bispos foram mortos.
o O comunismo impôs limites rígidos às atividades das igrejas,
propaganda ateísta e perseguição constante pela polícia secreta.
o Com a morte de Lênin em 1924, uma sangrenta disputa entre Leon
Trotsky e Stalin levou finalmente ao triunfo de Stalin e um período de
terror pior que o de Lênin.
 2ª Guerra Mundial (1939-1945)
o Início com a invasão da Polônia pela Alemanha em 1933
o Alemanha se aliou à Itália fascista de Mussolini e ao Japão, todos com
idéias expansionistas.
o Hitler assinou tratado de não agressão com a Rússia antes de invadir
a Polônia, mas quebrou o tratado 2 anos mais tarde, levando a Rússia
a se aliar a França, Grã-Bretanha e USA para conter o avanço da
Rússia ao oeste e o Japão ao leste.
o A guerra foi uma carnificina com milhões de mortos. A tecnologia tinha
refinado as armas de guerra chegando mesmo a bomba atômica.
Milhares de igrejas foram destruídas.
o Após a guerra, as tentativas de unir as nações (Nações Unidas em
1945) e as igrejas (Conselho Mundial de Igrejas em 1948) falharam
por causa das persistentes paixões nacionalistas.
o O Plano Marshall trabalha para a reconstrução da Europa.
o “Guerra Fria” se instala entre os países ocidentais democráticos e
capitalistas de um lado, e contra a União Soviética e os países
comunistas do outro lado.
 Fundamentalismo, marcado pela publicação de livretos entre 1910-1915
o Ganha força após 2ª Guerra Mundial
o Características da teologia liberal:
 Filosofia evolutiva aplicada à religião
 Visão otimista do homem (humanismo) centrada em sua
experiência religiosa
 Concepção moralista de Deus, facilmente “encontrado” pelo
homem
o Características do fundamentalismo primitivo:
 Jesus sobrenatural atestado por sua ressurreição
 Bíblia é fidedigna, fonte da fé cristã
 Necessidade do homem ter uma “nova visão da vida”, novo
nascimento
 O fundamentalismo passou a ter um estigma de pessoas
bitoladas, ignorantes, beligerantes e separatistas.
 Renovação do cristianismo evangélico
o Billy Graham aparece como evangelista de renome a partir de 1949
o Um segmento dos evangélicos criticavam os fundamentalistas na sua
falha em aplicar as verdades básicas cristãs a problemas cruciais que
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confrontavam o homem moderno. Não desejavam se isolar da
sociedade, mas sim dialogar com ela.
 Pentecostalismo
o “Avivamento” na Missão da rua Azuza em Los Angeles (1906-1909)
com o batismo no Espírito Santo e o falar em línguas. Logo se alastra
para o mundo todo.
o Movimento carismático dentro das igrejas protestantes tradicionais a
partir de 1960
o Renovação Carismática Católica – Movimento carismático dentro da
igreja católica – começou em 1966
 Movimento Ecumênico
o No séc. XVI, apenas 4 grandes divisões separavam as igrejas da
Reforma; no séc. XX, mais de 200 denominações, só nos USA.
o O movimento é centrifugo, com a tendência de divisões e surgimento
de novas igrejas independentes.
o Mas outra força, centrípeta, levou os cristãos à cooperação e à ação
unida, principalmente no âmbito social – o ecumenismo.
o Concílio Mundial de Igrejas – fundada em 1948
 Vaticano II (1962-1965) – conservadores x progressistas
o 2.540 cardeais, patriarcas, bispos e abades
o Mudanças trazidas pelo concílio:
 A Igreja Católica renunciou ao uso de força contra a voz da
consciência
 Reconheceu o direito da pessoa a liberdade religiosa
 A liturgia passou a ser realizada nas línguas nativas em vez do
latim
 A autoridade da Igreja foi um pouco enfraquecida; as decisões
da Igreja não eram mais inquestionáveis
 Aos leigos é permitida a leitura da Bíblia
 Êxodo de padres, frades e freiras da Igreja Católica
 A Igreja encorajou um maior envolvimento dos leigos na liturgia
e na vida da igreja
 Crescimento do cristianismo evangélico na América Latina, Ásia e África
o África
 Surgimento de igrejas independentes africanas: algumas
ortodoxas, outras não (sincretismo)
 Crescimento rápido: 5 novas igrejas por dia.
 1945/ 40 milhões de cristãos; atualmente, mais de 100 milhões
 Países com a Nigéria estão se tornando grandes celeiros de
missionários
o Ásia

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Um continente com um desafio muito grande. As populações
são imensas.
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
O evangelho ainda não pode ser pregado livremente em boa
parte da Ásia.
 Grandes grupos de comunistas (1 bilhão), hindus (600 mil), e
muçulmanos (300 mil) vivem em áreas onde o evangelho ainda
não penetrou massivamente.
 Apesar disto, alguns países como China e Coréia do Sul têm
experimentado um crescimento muito grande do cristianismo.
 Coréia do Sul é um celeiro de missionários.
o América Latina
 Região colonizada por portugueses e espanhóis e
tradicionalmente fortemente católico.
 O catolicismo tem perdido adeptos e autoridade sobre os seus
adeptos.
 O protestantismo tem crescido rapidamente.
 O Pentecostalismo, ou movimento carismático, tem
experimentado uma explosão de crescimento, principalmente
entre a camada mais carente da população.
 Pós-modernismo
o O Iluminismo introduziu a era moderna com a sua ênfase na razão e a
sua visão positiva do homem.
o Cria-se que todos os problemas que a sociedade enfrentava poderiam
ser resolvidos pela inteligência do homem e a aplicação da tecnologia.
o As 2 grandes guerras mundiais, a guerra fria que se seguiu e os
múltiplos conflitos desbancaram esta visão do homem.
o Um pessimismo começou a tomar conta do pensamento humano.
o A sociedade passou a ser muito mais individualista, procurando a
felicidade individual e os interesses egoístas.
o O modernismo estava sendo substituído pelo pós-modernismo.
o Algumas características do pós-modernismo:
 Individualismo: não se pode reivindicar valores e verdades
universais; indivíduo monta a sua própria religião e cria seu
deus à sua imagem.
 Relativismo: morte da verdade absoluta, tudo é relativo;
 Não é mais necessário ser razoável ou coerente: pode-se até
manter duas posições contraditórias. Maior ênfase dado aos
sentimentos e a intuição do que a razão.
 Tolerância como um valor preponderante. Não se pode
defender valores para toda a sociedade.
 Desafios da Igreja e da sociedade para o futuro:
o Diálogo e respeito mútuo dentro da Igreja – A globalização da Igreja
trará pontos de vista diferentes sobre certos aspectos de doutrina e
principalmente de práticas.
o Pureza da igreja – em muitos pontos do mundo a igreja está
crescendo rapidamente, mas sem bons fundamentos. Perigo do
sincretismo.
o Influência do pós-modernismo na Igreja: individualismo, falta de
compromisso, religião “buffet”, esfriamento do evangelismo (por
questões de tolerância e relativismo)
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o Envolvimento da igreja em questões sociais
o Desafio do islã
Protestantismo no Brasil
História dos Batistas Livres




Arminius na Holanda
Smyth na Inglaterra
Batistas Gerais (em oposição aos Batistas Particulares)
Batistas do Livre Arbítrio
o Carolina do Norte (Paul Palmer)
o Maine (Benjamin Randal)
 Fusão com Batistas do Norte
 Reorganização em 1935
 História Batista Livre no Brasil
História da Igreja II
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