estudo da ventilação natural proposta para a igreja do bairro século xx
Transcrição
estudo da ventilação natural proposta para a igreja do bairro século xx
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTUDO DA VENTILAÇÃO NATURAL PROPOSTA PARA A IGREJA DO BAIRRO SÉCULO XX Fernanda Perozzo Frizzo Caxias do Sul Novembro 2010 FERNANDA PEROZZO FRIZZO ESTUDO DA VENTILAÇÃO NATURAL PROPOSTA PARA A IGREJA DO BAIRRO SÉCULO XX Monografia apresentada como requisito parcial para a aprovação da disciplina de Laboratório de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul. Orientador: Arq. Ms. Carlos Eduardo Mesquita Pedone Campo de estágio: Escritório Royal Arquitetura Supervisora: Arq. Dra. Maria Fernanda de Oliveira Nunes. Caxias do Sul Novembro 2010 Dedico este trabalho aos meus pais Abrelino e Noeli, em especial, pela dedicação e esforço em todas as etapas desenvolvidas neste trabalho, obrigada. A minha irmã, Veronica, pelo auxílio e compreensão Ao meu querido Fernando, pela paciência. AGRADECIMENTOS À Royal Arquitetura, onde fui muito bem recebida por todos. Ao meu orientador professor e arquiteto Carlos Eduardo Pedone, que demonstrou interesse e atenção durante toda a trajetória. Obrigado pela oportunidade deste estágio. À minha supervisora, professora e arquiteta Maria Fernanda Nunes, obrigada pelo empenho na tomada de decisões e pela dedicação durante todo desenvolvimento do trabalho. Ao Eliseu da maquetaria, que me auxiliou na construção da maquete. A minha mãe, que me ajudou em todas as simulações em maquete. Agradeço a todos em geral que de uma forma ou de outra me ajudaram nesta caminhada. RESUMO Este trabalho tem como finalidade, tratar sobre o conforto térmico, mais especificamente sobre a ventilação natural em ambiente interno. Ele apresenta uma revisão bibliográfica, conceitos e teorias defendidas por autores diante do assunto em questão. Será analisado o projeto da Igreja do bairro Século XX, localizada em Caxias do Sul, RS, para verificação da eficiência do sistema de ventilação natural lançado em projeto, bem como suas dimensões e localização. Para essa análise, foi reproduzida uma maquete do local em modelo reduzido e realizados testes de simulação de fluxo, observando a trajetória do ar. Como resultado o trabalho apresentou muito eficácia diante do fluxo de ar existente para o período de inverno, já para o período de verão, ele apresentou um bom resultado, porém, ele possui um condicionante, a porta de acesso ao batistério, a única abertura de entrada de ar neste período, na maioria do tempo ele precisa permanecer fechada, portanto foi sugerida uma proposta para acrescentar uma nova abertura localizada na fachada sul, permitindo a entrada de ar no interior do ambiente nos casos em que a mesma se encontrar fechada e aumentar a velocidade do fluxo nos casos em que ela estiver aberta. Essa solução encontrada aperfeiçoa por completo o conforto térmico do local e deixa-o apto para ser freqüentado em qualquer estação do ano. Palavras-chaves: conforto térmico; ventilação natural; arquitetura religiosa. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: VENTILAÇÃO PARA CLIMAS TEMPERADOS (A) VENTILAÇÃO DE INVERNO E (B) VENTILAÇÃO DE VERÃO. ........................................................................................ 17 FIGURA 2: DISTRIBUIÇÃO DAS PRESSÕES CONFORME AÇÃO DOS VENTOS. ........................ 18 FIGURA 3: VENTILAÇÃO POR AÇÃO DOS VENTOS. ........................................................... 19 FIGURA 4: INCIDÊNCIA DO VENTO EXTERNO DA FACHADA. ............................................... 20 FIGURA 5: PRESSÕES DO AR DIANTE DA VENTILAÇÃO CRUZADA. ...................................... 21 FIGURA 6: INCIDÊNCIA DO VENTO A 45º (A) VELOCID. MÉDIA (B) VELOCID. ALTA. ............... 22 FIGURA 7: ÂNGULO DE INCIDÊNCIA DO VENTO DIANTE DA ORIENTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO...... 22 FIGURA 8: EXEMPLO DE VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ. ........................................... 23 FIGURA 9: FLUXO DE AR CONFORME ABERTURAS (A) PRESSÃO POSITIVA (B) PRESSÃO NEGATIVA (C) PRESSÃO NEGATIVA......................................................................... 24 FIGURA 10: GRÁFICO PARA DETERMINAÇÃO DO EFEITO SIMULTÂNEO: CHAMINÉ E AÇÃO DOS VENTOS............................................................................................................... 24 FIGURA 11: ALTERAÇÕES NO SENTIDO DA VENTILAÇÃO EM DIFERENTES DISTÂNCIAS. ........ 25 FIGURA 12: EXEMPLOS DE INFLUÊNCIA FAVORÁVEL À VENTILAÇÃO QUE A VEGETAÇÃO PODE PROPORCIONAR. .................................................................................................. 26 FIGURA 13: BARREIRAS EXTERNAS. ............................................................................. 27 FIGURA 14: BARREIRAS INTERNAS (A) INFERIORES (B) INFERIORES E SUPERIORES. .......... 27 FIGURA 15: FLUXO DE AR CONFORME ESQUADRIA (A) DIRECIONANDO PARA O ALTO (B) DIRECIONANDO PARA BAIXO. ................................................................................. 28 FIGURA 16: EXEMPLOS DE FLUXOS DE AR ATRAVÉS DE AMBIENTES VAZIOS....................... 29 FIGURA 17: PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA ROYAL ARQUITETURA............................... 30 FIGURA 18: MAPA COM A LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO SÉC. XX. ......................................... 31 FIGURA 19: FOTO AÉREA DO TERRENO DA IGREJA DO BAIRRO SÉC. XX. .......................... 31 FIGURA 20: PLANTA BAIXA DO QUARTEIRÃO EM QUE A IGREJA SERÁ IMPLANTADA.............. 32 FIGURA 21: FOTO DO TERRENO. ................................................................................... 33 FIGURA 22: BASE GEOMÉTRICA. ................................................................................... 33 FIGURA 23: PROGRAMA DE NECESSIDADES (A) PAVIMENTO SUBTÉRREO (B) PAVIMENTO TÉRREO............................................................................................................... 35 FIGURA 24: PROGRAMA DO PAVIMENTO TÉRREO............................................................ 37 FIGURA 25: SIMULAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO DE AR EM TÚNEL DE VENTO. .......................... 38 FIGURA 26: CONJUNTO DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA SIMULAÇÃO. ....................... 39 7 FIGURA 27: ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO EQUIPAMENTO........................................ 39 FIGURA 28: SIMULAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO DE AR EM MÁQUINA DA FUMAÇA. .................... 40 FIGURA 29: ÁREA DE CONSTRUÇÃO DA MAQUETE. ......................................................... 41 FIGURA 30: PEÇAS FIXAS DA MAQUETE. ........................................................................ 42 FIGURA 31: PEÇAS MÓVEIS DA MAQUETE. ..................................................................... 42 FIGURA 32: PLANEJAMENTO DAS PEÇAS MÓVEIS DA MAQUETE. ....................................... 43 FIGURA 33: PREPARAÇÃO DA MAQUETE PARA OS ENSAIOS. ............................................ 44 FIGURA 34: EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA SIMULAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE AR. ........ 44 FIGURA 35: FOTO DA MAQUETE COM MARCAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES PARA ANÁLISE. ......... 45 FIGURA 36: CAPA DE PROTEÇÃO TRANSLÚCIDA. ............................................................ 46 FIGURA 37: PEÇAS MÓVEIS DA MAQUETE. ..................................................................... 47 FIGURA 38: LOCALIZAÇÃO DAS PORTAS DE ACESSO. ...................................................... 47 FIGURA 39: FLUXOS DE AR EXISTENTES NO PROJETO DA IGREJA DO BAIRRO SÉC. XX NOS PERÍODOS DE INVERNO. ........................................................................................ 49 FIGURA 40: FLUXOS DE AR EXISTENTES NO PROJETO DA IGREJA DO BAIRRO SÉC. XX NOS PERÍODOS DE VERÃO. ........................................................................................... 49 FIGURA 41: FLUXOS DE AR NOS PERÍODOS DE INVERNO.................................................. 51 FIGURA 42: FLUXOS DE AR NOS PERÍODOS DE VERÃO..................................................... 52 FIGURA 43: PROPOSTA DE ABERTURAS PARA A FACHADA SUL. ....................................... 54 FIGURA 44: FLUXOS DE AR NOS PERÍODOS DE VERÃO, COM PROPOSTA............................ 55 FIGURA 45: (A) FACHADA DA BASÍLICA DI SANTA MARIA DEL FIORE. E (B) VISTA LATERAL DO DUOMO COM A CÚPULA E A TORRE DO SINO. ........................................................... 56 FIGURA 46: ED. PLANET WORK (A) VISTA DO EDIFÍCIO E (B) DETALHE DA FACHADA. ......... 57 FIGURA 47: HOTEL UNIQUE (A) VISTA DO EDIFÍCIO E (B) DETALHE DA FACHADA................ 57 FIGURA 48: OCA (A) VISTA EXTERNA E (B) VISTA INTERNA. ............................................. 58 FIGURA 49: MUSEU DO PÃO......................................................................................... 59 FIGURA 50: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO SÉCULO XX EM CAXIAS DO SUL. ............ 86 FIGURA 51: PLANTA DE SITUAÇÃO. ............................................................................... 88 FIGURA 52: PLANTA DE LOCALIZAÇÃO........................................................................... 89 FIGURA 53: PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO SUBTÉRREO. ................................................ 91 FIGURA 54: PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TÉRREO....................................................... 92 FIGURA 55: PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO COBERTURA................................................. 93 FIGURA 56: CORTE LONGITUDINAL. .............................................................................. 94 8 FIGURA 57: CORTE TRANSVERSAL. .............................................................................. 95 FIGURA 58: FACHADA NORTE....................................................................................... 96 FIGURA 59: FACHADA SUL. .......................................................................................... 97 FIGURA 60: FACHADA LESTE........................................................................................ 98 FIGURA 61: FACHADA OESTE. ...................................................................................... 99 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: DIREÇÃO DO VENTO PREDOMINANTE EM CAXIAS DO SUL. .............................. 45 QUADRO 2: DADOS ESTABELECIDOS PARA TESTES EM MAQUETE. .................................... 48 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................12 1.1 JUSTIFICATIVAS ........................................................................................................12 1.2 PROBLEMA..................................................................................................................13 1.3 OBJETIVOS..................................................................................................................13 1.3.1 Objetivo Geral:......................................................................................................13 1.3.2 Objetivos específicos:........................................................................................13 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................14 2. A VENTILAÇÃO NATURAL............................................................................................15 2.1 VENTILAÇÃO POR AÇÃO DOS VENTOS ..............................................................18 2.1.1 Ventilação Cruzada..............................................................................................21 2.2 VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ ..................................................................22 2.3 EFEITO SIMULTÂNEO: CHAMINÉ E AÇÃO DOS VENTOS................................24 2.4 ASPECTOS RELEVANTES A VENTILAÇÃO NATURAL......................................25 2.5 PARÂMETROS DE RENOVAÇÃO DO AR..............................................................28 3. MÉTODO E RESULTADOS ............................................................................................30 3.1 OBJETO DE ESTUDO ................................................................................................30 3.2 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA VENTILAÇÃO...................................................37 3.2.1 CONSTRUÇÃO DA MAQUETE ........................................................................40 3.2.2 SIMULAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE AR .......................................................44 3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROPOSTA ATUAL DE VENTILAÇÃO .............46 3.4 PROPOSTAS PARA OTIMIZAÇÃO DA VENTILAÇÃO.........................................52 3.4.1 REFERENCIAIS DE ABERTURAS...................................................................55 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS ...................................................59 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................62 APÊNDICE A – FOTOS: TESTE DE SIMULAÇÃO DE AR ......................................................64 ANE XO A – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO SÉCULO XX EM CAXIAS DO SUL ..........84 11 ANEXO B – PLANTA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO ...........................................................87 ANEXO C – PLANTAS BAIXAS, CORTES E FACHADAS .......................................................90 12 1.INTRODUÇÃO A ventilação natural é um fator de extrema importância aos seres humanos, pois ela possibilita a renovação do ar, a dissipação do calor, a eliminação de vapores, fumaças, odores e poluentes. A substituição do ar interno pelo externo é o que chamamos de ventilação. Para realizar essa substituição através de aberturas, é necessário auxilio de correntes de ar (MASCARÓ, 1991). 1.1 JUSTIFICATIVAS Quando convidado a participar da elaboração do projeto da Igreja do Séc. XX, o escritório Royal Arquitetura partiu do princípio que o terreno, por ser um lote grande e de esquina, geraria grande impacto para a sociedade. Muitos estudos foram feitos, valorizando principalmente a idéia de geometria, proporções e visuais. A edificação é constituída por salas de aula no pavimento térreo e a igreja no pavimento superior. Ela viabilizará seu uso juntamente com um salão comunitário já existente, que sofrerá modificação para compatibilizar com a inserção da igreja. Sua orientação e dimensão dos vãos foram projetadas de maneira a qualificar ao máximo o local, a partir do conceito estabelecido para o local. A ventilação é apenas um dos fatores de análise de conforto, dando andamento ao trabalho desenvolvido na Igreja do Séc. XX pelos colegas, Leandro Daniel Girardi referente ao condicionamento acústico e Manuela Treméa Bof referente à iluminação natural, ambos no primeiro semestre de 2010. Este trabalho já contempla as alterações propostas pelos colegas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 13 Sua principal função é proporcionar conforto aos usuários que freqüentam os interiores de ambientes públicos com grande afluxo de pessoas como no caso de igrejas, além de oferecer projetos eficientes e de qualidade aos clientes. 1.2 PROBLEMA Para atender as necessidades do campo de estágio em analisar o sistema de ventilação natural da Igreja do Século XX, verificando a solução proposta e propondo novas alternativas, o problema deste trabalho foi formulado através da seguinte pergunta: As aberturas propostas em projeto, suas dimensões e localização, são eficientes para a circulação interna do ar? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral: Avaliar a ventilação proposta em projeto da Igreja do Bairro Século XX. 1.3.2 Objetivos específicos: - Apresentar os fundamentos da ventilação em ambientes internos; - Realizar simulações de ventilação interna em maquete; Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 14 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho estrutura-se em quatro capítulos. O primeiro capítulo é constituído por uma breve introdução, descrição dos objetivos a serem desenvolvidos e justificativas a serem definidas. O segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica, no qual o conceito de ventilação natural em ambiente interno é descrita baseada em conceitos fundamentados por diferentes autores sobre esse tema. O terceiro capítulo demonstra os métodos e resultados, apresenta o objeto de estudo e descreve as decisões tomadas para a confecção da maquete. Também serão desenvolvidas as análises diante das simulações feitas, bem como os procedimentos adotados para a realização da análise qualitativa. Por fim, o quarto capítulo descreverá as considerações finais, os resultados obtidos, considerações relevantes e a proposta sugerida. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 15 2. A VENTILAÇÃO NATURAL De acordo com Bittencout e Cândido (2005) desde os períodos antigos, a busca pelo conforto término sempre foi um item importante perante as construções, seja com a utilização de beirais, varandas, criação de pátios internos entre outros. Este capítulo tem como finalidade, apresentar conceitos de ventilação natural, bem como suas subdivisões. Serão descritas informações simples, porém relevantes, capazes de auxiliar no entendimento do desempenho térmico das edificações em projeto, qualificando o ambiente e priorizando o bem estar do usuário, no que se refere à ventilação natural. Para que isso seja possível, diferentes autores serão apresentados, repassando seus conceitos e teorias baseadas no assunto em questão. Rivero (1985) classifica a ventilação em dois grupos: - Ventilação natural. - Ventilação artificial. Toledo (1999) salienta o fato de que a maioria das construções não possui equipamentos mecânicos para renovação do ar, utilizando-se, portanto somente da ventilação natural. Porém cabe ressaltar o fato de Rivero (1985) considerar imprescindível a utilização da ventilação artificial em casos específicos, no qual a ventilação natural não é possível ou é insuficiente, e para os casos de cozinhas, por exemplo, onde a eliminação de fumaça, odores e vapores é primordial. Este trabalho tem seu enfoque somente com relação ao primeiro item citado acima, ventilação natural. Segundo Chávez e Freixanet (1995) o sistema de ventilação natural possui muitas varáveis que interferem no fluxo de ar. Primeiramente deve-se levar em conta o conforto térmico dos usuários mediante a velocidade, direção, freqüência e Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 16 turbulência do vento. E após, analisar o sítio levando em conta as variáveis arquitetônicas e construtivas como: forma e dimensão do edifício; orientação do vento; localização e tamanho das aberturas de entrada e saída de ar; o tipo de esquadria e acessórios; e os elementos arquitetônicos exteriores e interiores. Levando em conta as estações do ano, os ventos predominantes, a topografia do local, a vegetação e as construções vizinhas ao terreno. Cada item desses influencia diretamente no movimento do ar no interior do espaço. Segundo Frota e Schiffer (2001), a ventilação natural é o deslocamento do ar através de aberturas, algumas funcionam como entrada e outras, como saída. A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, e é de grande importância para a higiene em geral além do conforto térmico. Para Rivero (1985) é importante conhecer o funcionamento dos ventos para poder aproveitar seus efeitos favoráveis e se defender de suas desvantagens. De acordo com Chávez e Freixanet (1995), devemos tomar cuidado na utilização de dispositivos de controle solar, como persianas entre outros, pois eles influenciam diretamente na ventilação. Nas regiões predominantemente quentes no Brasil, a arquitetura tem o papel de minimizar a diferença entre as temperaturas externas e internas do ar. (FROTA; SCHIFFER, 2001). Já nas regiões frias, a ventilação tem como objetivo exclusivo a higienização. Nas zonas temperadas, no inverno a ventilação tem somente a função de higienizar, contudo no verão, além de higienizar tem como função oferecer conforto térmico (RIVERO, 1985). O objeto de estudo deste trabalho será inserido na cidade de Caxias do Sul, onde o clima é caracterizado como temperado, ou seja, com verões amenos e invernos relativamente frios. Diante disso, sempre que possível, deve-se levar em conta o fato de adequar as aberturas com diferentes sistemas de ventilação de acordo com cada situação (RIVERO, 1985). Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 17 Essas características consequentemente influenciam na localização, tamanho e modo de abrir das aberturas. A figura 1 apresenta a ventilação própria para climas temperados, de inverno e verão (RIVERO, 1985). (a) (b) (Fonte: RIVERO,1985, p. 113) Figura 1: Ventilação para climas temperados (a) ventilação de inverno e (b) ventilação de verão. Segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), maximizar a exposição da edificação aos ventos de verão de acordo com a orientação adequada de projeto e empregar recursos de acordo com a forma da edificação, favorecem os ganhos de calor além de explorar a iluminação natural. Para Frota e Schiffer (2001) as pressões do ar sobre uma edificação podem ser causadas pelo vento, pela diferença de densidade do ar interno e externo ou por ambas simultaneamente. A força dos ventos pode ser denominada como ação dos ventos, e a diferença de densidade pode também ser chamado de efeito chaminé (FROTA; SCHIFFER, 2001). Podem ser dividida em: - Ventilação por ação dos ventos. - Ventilação por efeito chaminé. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 18 2.1 VENTILAÇÃO POR AÇÃO DOS VENTOS De acordo com Frota e Schiffer (2001), a ventilação por ação dos ventos é quando o ar se desloca paralelamente ao solo, em movimento lamelar, e desvia assim que encontra um obstáculo, uma construção, e após esse desvio volta ao seu movimento lamelar. A parede exposta à ação dos ventos recebe pressões positivas, também chamadas de sobre pressões, diferentemente da parede oposta, que assim como a superfície horizontal superior, recebem pressões negativas, também chamadas de subpressões. A figura 2 ilustra as áreas de pressões positivas e negativas diante do deslocamento do ar. (Fonte: FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 127) Figura 2: Distribuição das pressões conforme ação dos ventos. Essa situação, conforme Frota e Schiffer (2001) permite criar uma abertura na parede com pressão positiva, para funcionar com entrada de ar, e na parede oposta ou teto, permite criar uma ou mais aberturas para a saída de ar, pois estas estão localizadas nas áreas de pressões negativas, conferindo a circulação do ar pelo ambiente interno, ver figura 3. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 19 (Fonte: FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 128) Figura 3: Ventilação por ação dos ventos. A quantidade de ar que atravessa uma abertura é calculada em função da área da abertura de entrada de ar, a velocidade do vento, a relação da dimensão das aberturas de entrada e saída de ar e o ângulo de incidência do vento sobre a abertura (CHÁVEZ E FREIXANET, 1995). A área equivalente das aberturas pode ser calculada em função das áreas das aberturas de entrada e das áreas das aberturas de saída do ar, conforme a equação 1 (FROTA; SCHIFFER, 2001). 1 A0 2 = 1 Ae 2 + 1 AS 2 (1) Sendo que: Ao - Área equivalente das aberturas (m2); Ae - Área da abertura de entrada (m2); As - Área da abertura de saída (m2); Quanto maior for o tamanho da abertura de saída de ar, em comparação com a da entrada, maior será a velocidade adquirida, afirmam Chávez e Freixanet (1995). Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 20 E para calcular a velocidade com que o vento externo irá incidir em uma abertura em ângulo, ou seja, não perpendicular, deve-se utilizar a equação 2 observando a figura 4 (FROTA; SCHIFFER, 2001). V = V0 . cos θ (m / s ) (2) (Fonte: FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 129) Figura 4: Incidência do vento externo da fachada. Sendo que: V0 - Velocidade do vento externo (m/s); θ - ângulo de incidência da fachada; Diante da ação dos ventos, Frota e Schiffer (2001) observam que em áreas urbanas esse efeito é bastante reduzido, devido ao fato das construções estarem muito próximas, dificultando a circulação do ar. Outro fator significativo se refere à direção do vento, pois em áreas urbanas o vento tende a seguir pelo traçado viário, pelo fato de conter menos obstáculos. De acordo com Rivero (1985) essa direção do vento, no sentido das vias, pode ser bastante diferente da direção do vento em áreas abertas. Rivero (1985) afirma que muitas pesquisas foram feitas para procurar entender melhor a velocidade e a direção do vento em áreas urbanas, contudo ainda não existem normas capazes de estabelecer um parâmetro, necessitando serem analisadas caso a caso, ou seja, individualmente. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 21 De acordo com Lamberts, (2000), a ventilação por ação dos ventos, pode ser classificada como: ventilação cruzada e ventilação unilateral. 2.1.1 Ventilação Cruzada É verdadeiramente efetiva quando paredes opostas de um ambiente possuem aberturas, garantindo a entrada de ar, pressão positiva, e a saída de ar, pressão negativa, ver figura 5 (RIVERO, 1985). (Fonte: RIVERO, 1985, p. 115) Figura 5: Pressões do ar diante da ventilação cruzada. De acordo com Serra (2000), a ventilação cruzada é recomendada para os climas quentes úmidos e temperados, e as aberturas devem se situar em fachadas que se comuniquem diretamente com o exterior. Chávez e Freixanet (1995) citam que a ventilação cruzada garante um fluxo constante dentro da habitação, com velocidades interiores de pelo menos 2,5 vezes maior que a velocidade diante da ventilação unilateral, explicada a seguir. Novamente conforme Chávez e Freixanet (1995), eles chamam atenção pelo fato de o vento inserido perpendicular a abertura tenha maior velocidade, porém o que ocorre é o oposto. O vento que incide a 45º aumenta a velocidade média no interior do ambiente. Isso acontece porque o ar que entra angulado não se distribui uniformemente e causa turbulências, já o fluxo de ar que entra perpendicularmente de distribui uniformemente e com pequenos distúrbios. A figura 6 mostra a variação do fluxo interno do ar conforme tamanho da abertura de entrada, já a figura 7 mostra a área do deslocamento do vento conforme a orientação da edificação. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 22 (a) (b) (Fonte: CHÁVEZ E FREIXANET , 1985, p. 60) Figura 6: Incidência do vento a 45º (a) Velocid. média (b) Velocid. alta. (Fonte: CHÁVEZ E FREIXANET , 1985, p. 59) Figura 7: Ângulo de incidência do vento diante da orientação da edificação. Aberturas horizontais dão mais eficiência quando a incidência do vento for a 45º, já as aberturas verticais funcionam mais adequadamente quando a incidência for a 90º, tanto na ventilação cruzada como na ventilação unilateral (CHÁVEZ E FREIXANET, 1995). 2.2 VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ Esse tipo é baseado nas diferenças de pressão entre a temperatura do ar interno e externo a edificação. Frota e Schiffer (2001) explicam que a ventilação por efeito Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 23 chaminé ocorre quando o ar externo se desloca para o interior da edificação por uma abertura inferior, passa pelo ambiente interno e se encaminha a saída passando por uma abertura de maior altura. A edificação por si só tende a ganhar calor pelo simples fato de estar sempre sendo submetida há diversas temperaturas, baseado nisso é possível entender que, ambientes internos tendem a ter temperaturas mais elevadas que os externos. O ar exterior devido a sua baixa temperatura tende a cair, facilitando sua entrada por aberturas mais baixas, já o ar interior, por possuir temperatura mais alta tende a subir, facilitando a sua saída através de aberturas mais altas (FROTA; SCHIFFER, 2001). De acordo com Serra (2000), a própria diferença de densidade do ar, em função da temperatura, faz com que o ar quente saia pelas aberturas superiores, conforme figura 8. (Fonte: SERRA, 1995, p. 53) Figura 8: Exemplo de ventilação por efeito chaminé. Na figura 9, é possível identificar diferentes situações, do efeito chaminé, de casos nos quais as pressões positivas e negativas variam conforme alterações de projeto (CHÁVEZ E FREIXANET, 1995). Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 24 (a) (c) (b) (Fonte: CHÁVEZ E FREIXANET, 1985, p.74) Figura 9: Fluxo de ar conforme aberturas (a) Pressão positiva (b) Pressão negativa (c) Pressão negativa. 2.3 EFEITO SIMULTÂNEO: CHAMINÉ E AÇÃO DOS VENTOS Conforme Frota e Schiffer (2001), esse efeito ocorre quando ambos, a ação dos ventos e o efeito chaminé funcionarem juntos, para isso existem cálculos a serem desenvolvidos em cada caso. Posterior a isso somam-se os fluxos dos dois mecanismos e através do gráfico representado na figura 10, determina-se o efeito simultâneo. Nenhum dos efeitos pode ocorrer em oposição ao outro, é preciso cada um estar funcionando individualmente, em benefício de um ao outro. (Fonte: A.S.H.R.A.E. apud FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 138) Figura 10: Gráfico para determinação do efeito simultâneo: chaminé e ação dos ventos. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 25 2.4 ASPECTOS RELEVANTES A VENTILAÇÃO NATURAL De acordo com Frota e Schiffer (1995), uma inversão do fluxo de vento é provável, pois qualquer obstáculo, como residência vizinha, muro ou até mesma vegetação podem modificar essas pressões sobre a superfície externa, variando de acordo com o espaçamento entre as construções, conforme figura 11. (Fonte: FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 130) Figura 11: Alterações no sentido da ventilação em diferentes distâncias. Com relação a barreiras de vegetação, os casos nos quais as aberturas não se encontram na direção do vento dominante, é possível verificar o efeito favorável que a vegetação, se situada linearmente ao lado de uma das faces da edificação, pode causar no interior da mesma, pois esse elemento funciona como um anteparo. A figura 12 mostra 4 exemplos deste caso. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 26 2 1 3 4 (Fonte: OLGYAY (44) apud FROTA; SCHIFFER, 2001, P. 134) Figura 12: Exemplos de influência favorável à ventilação que a vegetação pode proporcionar. Os elementos de interferência, como marquises, beiras, prateleiras de luz, entre outros, influenciam diretamente no fluxo do vento, pois eles direcionam de acordo com as intenções modificando o percurso do ar (RIVERO, 1985). Na figura 13 é possível observar que na imagem (a), não à presença de elementos de interferências, na imagem (b) houve a inserção de uma marquise, e na imagem (c), a marquise permanece no mesmo local, porém a abertura de saída muda de altura. Conforme os exemplos de Rivero (1985) a idéia de que qualquer mudança implica diretamente na direção do vento, favorecendo ou não a ventilação interna do ambiente é verificada. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 27 (a) (b) (c) (Fonte: RIVERO, 1985, p. 119) Figura 13: Barreiras Externas. Nos casos onde ocorrem interferências internas, Rivero (1985) demonstra como é possível adaptá-las de forma a beneficiar tanto no inverno, como no verão. A figura 14 mostra uma ventilação cruzada, para que essa ventilação esteja adequada diante da estação de inverno, onde os dois ambientes não possuem o mesmo fluxo, ver imagem A. Já para se adaptar a estação de verão, a inserção de placas defletoras corrige a trajetória do ar, distribuindo a mesma quantidade de fluxo em ambos os ambientes. (a) (b) (Fonte: RIVERO, 1985, p. 121) Figura 14: Barreiras internas (a) Inferiores (b) inferiores e superiores. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 28 Existem situações em que o tipo de esquadria determina a direção do vento no interior do ambiente. Para isso deve-se conhecer o funcionamento de todos os tipos de esquadrias para empregá-las em cada caso particularmente de modo inteligente. Ver figura 15 (CHÁVEZ; FREIXANET, 1995). (b) (a) (Fonte: CHÁVEZ; FREIXANET, 1985, p.52) Figura 15: Fluxo de ar conforme esquadria (a) Direcionando para o alto (b) Direcionando para baixo. Para essa escolha é necessário verificar a importância diante dos aspectos ambientais, a ventilação, iluminação natural, controle de som, da chuva e do sol, além dos aspectos estéticos, visuais, privacidade, segurança e custos (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2005). De acordo com Lamberts, Dutra e pereira (1997), o sistema de aberturas pode representar diversas funções em arquitetura. Eles afirmam que aberturas bem posicionadas garantem a circulação de ar nos ambientes internos, e sempre que a ventilação for necessária, que seja de preferência utilizada de forma cruzada. 2.5 PARÂMETROS DE RENOVAÇÃO DO AR Um dos fatores primordiais para garantir qualidade e boa quantidade de ventilação natural em ambientes internos, é definindo o local e as dimensões das aberturas, garantem Frota e Schiffer (2001). A figura 16 representa 5 situações do fluxo de ar em ambientes vazios ou parcialmente divididos, onde sua trajetória se define de acordo com a localização da abertura de saída, desviando dos elementos internos existentes e estabelecendo seu percurso. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 29 1 4 2 3 5 Fonte: OLGYAY (44) apud FROTA; SCHIFFER, 2001, p. 131-132) Figura 16: Exemplos de fluxos de ar através de ambientes vazios. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 30 3. MÉTODO E RESULTADOS Neste capítulo o objeto de estudo será caracterizado e a metodologia utilizada apresentada. Serão abordados também os resultados obtidos juntamente com suas propostas de qualificação para a Igreja do bairro Séc. XX no que diz respeito à ventilação natural. 3.1 OBJETO DE ESTUDO O objeto de estudo foi desenvolvido pelo escritório Royal Arquitetura. O escritório atua desde 1990 na área de pesquisas, planejamento e projetos de arquitetura. Tem como objetivo, atender o cliente de uma forma completa, abrangendo as etapas necessárias para o desenvolvimento do projeto, orientando e adequando as soluções arquitetônicas as solicitações apresentadas. O escritório desenvolve, projetos residenciais, edificações comerciais, industriais, institucionais, arquitetura de interiores entre outros. A figura 17 mostra algumas imagens de projetos elaborados pelo escritório Royal Arquitetura. (Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2010) Figura 17: Projetos desenvolvidos pela Royal Arquitetura. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 31 O objeto de estudo deste trabalho é uma edificação institucional, uma Igreja localizada no bairro Séc. XX, no loteamento Oásis, na cidade de Caxias do Sul, RS. Ver figura 18, (VER ANEXO A). (Fonte: Adaptado de Google Maps, 2010) Figura 18: Mapa com a localização do bairro Séc. XX. A edificação em estudo está em fase de projeto e será implantada em um terreno de esquina de grande impacto visual. Ver figura 19 (VER ANEXO A). N Fonte: Adaptado de Google Earth, 2010) Figura 19: Foto aérea do terreno da Igreja do bairro Séc. XX. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 32 O terreno é circundado por três vias, ao Norte pela Avenida Alcides Webber, ao Leste pela Rua Waldemar Betanin e ao Sul pela Rua Juvenal da Silva, totalizando uma área de terreno de 1.018,00 m². Ver figura 20 (VER ANEXO B). (Fonte: Adaptado de ROYAL ARQUITETURA, 2008) Figura 20: Planta baixa do quarteirão em que a Igreja será implantada. Para a implantação da Igreja no terreno, o Arquiteto Carlos Pedone, levou em conta os condicionantes do local. Por possuir dois pavimentos a edificação aproveitou-se dos desníveis do terreno para criação dos patamares de acesso direto a Igreja, ponto mais alto do terreno (térreo) e os patamares inferiores de acesso as salas de catequese, parte baixa do terreno (subtérreo). Atualmente o terreno possui um salão paroquial, localizado no alinhamento do trecho alto do terreno, ali se desenvolvem atividades esportivas e festas para a própria comunidade do Séc. XX. Ver figura 21. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 33 (Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008) Figura 21: Foto do terreno. O projeto em estudo tem como principais intenções, criar uma composição geométrica que defina as diretrizes de projeto e buscar expressar funcionalmente essa geometria aproveitando-as para suas ocupações, ver figura 22. O arquiteto buscou reduzir ao máximo a ornamentação, diferentemente das igrejas convencionais que tem isso como característica típica, e se utilizou da simplicidade e delicadeza de sua forma para inovar, priorizando a limpeza formal. N (Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008) Figura 22: Base geométrica. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 34 Outra característica principal é a integração com o entorno, o projeto busca respeitar as condições naturais do terreno, levando em conta, os costumes já existentes da comunidade. O programa foi desenvolvido através de estudos e análises de referenciais e guias de igrejas, levando em conta as necessidades do cliente. Esse é constituído no pavimento subtérreo por um hall externo, sala de convivência, salas de catequese e sanitários, já no pavimento térreo ele é constituído por um hall externo, hall interno, nave central, batistério, confessionário, sacristia, presbitério e coro, ver figura 23 (VER ANEXO C). (a) N Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 35 N (b) (Fonte: Adaptado de ROYAL ARQUITETURA, 2008) Figura 23: Programa de necessidades (a) Pavimento subtérreo (b) Pavimento térreo. De acordo com o Arquiteto Carlos Pedone, para a constituição do volume principal, a concepção partiu dos alinhamentos das vias que o circundam. O volume gerado, similar a um trapézio, buscou distribuir seus acessos de forma a facilitar para os usuários, localizando o acesso principal próximo a esquina, no eixo de encontro das vias, além de facilitar o deslocamento dos que se encontram dentro do salão comunitário existente e buscam se direcionar a igreja, facilitando o percurso. O acesso ao batistério pode ser utilizado somente em caso de emergência, pois o ambiente a qual ele da acesso é restrito e busca privacidade. A tecnologia construtiva proposta consistirá na utilização de materiais pré-fabricados como Steel Frame e materiais manuais como o concreto ciclópico1 aparente, colocados nos quatro cantos principais. O revestimento dos fechamentos internos serão executados em placas de gesso acartonado e externamente em placas cimentícias rebocadas e pintadas e/ou texturizadas sobreposta à alvenaria. Os revestimentos internos consistem em piso 1 Técnica de construção que agrega pedras de mão ao concreto para aumentar o volume e peso. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 36 em granilite na nave central, hall interno e batistério. O piso do altar, coro, sacristia e confessionário serão em taco de madeira colado. Os forros receberão placas em gesso acartonado. As portas de acesso externo serão em vidro temperado e as demais, em madeira maciça envernizada. As aberturas serão de PVC branco e os vidros fixos serão em vidro comum montados sobre caixilhos metálicos. Em cada fachada as aberturas se configuram de diferentes formas, estabelecendo critérios de composição, compondo com o volume em si e valorizando a entrada de ventilação e luz natural no interior do ambiente. Na fachada Norte há duas aberturas, uma esquadria de formato quadrado localizada na torre do sino e uma porta que configura o acesso principal. Na fachada Sul há duas aberturas, uma esquadria de formato quadrado localizada na torre do sino, idêntica a da fachada norte, e uma porta de acesso ao batistério. Na fachada Leste não há aberturas. Na fachada Oeste há duas aberturas, uma esquadria em fita, localizada acima dos acessos, e outra abertura de grande dimensão localizada sobre o altar. (VER ANEXO C). Todas as aberturas propostas buscam remeter a religiosidade, gerando efeitos através da incidência da luz natural e criando rebatimentos de luz que ocasionam sensações variadas, valorizando o ambiente e interagindo com o seu uso. De acordo com a demanda do local de estágio, escritório Royal Arquitetura, este trabalho tratará somente da ventilação natural do pavimento térreo, local em que está situada a Igreja. O objetivo real é verificar e qualificar a ventilação interna no ambiente de estudo, elaborando propostas, caso necessárias. Na figura 24, a planta do pavimento térreo é ilustrada, nela estão demarcados os ambientes que apresentam aberturas, sejam portas ou esquadrias. Os capítulos posteriores apresentaram de forma detalhada a área em estudo. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 37 N (Fonte: Adaptado de ROYAL ARQUITETURA, 2008) Figura 24: Programa do pavimento térreo. 3.2 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA VENTILAÇÃO Para esse trabalho o método de simulação utilizado consiste na construção em maquete reduzida do local de estudo e na utilização da máquina de fumaça para visualização da trajetória do ar. Para isso foram analisados alguns modelos de simulação diferenciados, ampliando o campo de conhecimento sobre esse método de análise da ventilação. Em estudos publicados por Olgyay (1998), diversos tipos de ambientes foram analisados diante do túnel de vento, sistema que ele aplica. As figuras 25 ilustram alguns testes em modelo físico aerodinâmico realizado por Olgyay (1998). Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 38 1 2 3 4 (Fonte: OLGYAY, 1998, p. 108) Figura 25: Simulações de distribuição de ar em túnel de vento. Em uma pesquisa desenvolvida por Eduardo Yarke, Alicia Picción e María Noel López (2006), referente à ventilação natural em residências já ocupadas, os estudos foram feitos também em maquete reduzida. O sistema consiste em colocar a maquete sem base inferior sobre um plano translúcido com luminosidade uniforme proveniente de quatro lâmpadas incluídas na caixa que forma a base para apoio da maquete, ver figura 26 e 27. Estas fazem com que o ar interno concentre maior temperatura que o externo. Com o auxilio da fumaça, que avança sobre o volume de cima a baixo, os locais de fluxo de ar são identificados e analisados. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 39 (Fonte: YARKE, PICCIÓN e LÓPEZ, 2006, p. 961) Figura 26: Conjunto de equipamentos utilizados para simulação. (Fonte: YARKE, PICCIÓN e LÓPEZ, 2006, p. 962) Figura 27: Esquema do funcionamento do equipamento. Como referência de escala para posterior análise dos detalhes, em frente à maquete foi colocada uma malha de arame fixa a ela, conforme figura 28. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 40 (Fonte: YARKE, PICCIÓN e LÓPEZ, 2006, p. 963-964) Figura 28: Simulações de distribuição de ar em máquina da fumaça. 3.2.1 CONSTRUÇÃO DA MAQUETE Para analisar a dinâmica da ventilação proposta em projeto para Igreja do bairro Séc. XX pelo escritório Royal Arquitetura foram feitas simulações em maquete (modelo reduzido). Essa análise da distribuição do ar tanto para os períodos do inverno quanto os do verão será verificada qualitativamente podendo ser aprimorada dentro de suas limitações de projeto. A figura 29 mostra o pavimento superior da Igreja do bairro Séc. XX que será reproduzido. As alterações propostas pelos colegas Leandro Daniel Girardi referente ao condicionamento acústico e Manuela Treméa Bof referente à iluminação natural ambos no primeiro semestre de 2010, já estão incluídas. São elas: - Inserção da prateleira de luz; - Ampliação da abertura na torre do sino; - Utilização de vazados sobre o coro; - Inserção de nova abertura na torre do sino; Uma sugestão do Arq. Ms. Carlos Eduardo Mesquita Pedone, diretor do escritório Royal Arquitetura, para aumentar em 0,60m o pé-direito da Igreja também já foi considerada para a simulação. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 41 N (Fonte: adaptado de ROYAL ARQUITETURA, 2010) Figura 29: Área de Construção da maquete. A maquete foi confeccionada na Universidade de Caxias do Sul, Campus 8, sala de Maquetaria e seus materiais cedidos por ela. Para uma análise legível optou-se por construir a maquete na escala 1/33, sendo produzida integralmente em madeira, pintada na cor preta, porém, com partes removíveis, para substituição da mesma por acrílico, possibilitando a visualização do interior da Igreja. Para facilitar a compreensão do funcionamento da maquete, a figura 30 mostra as peças fixas da maquete (madeira) e a figura 31 mostra as peças móveis da maquete (madeira e acrílico). Referente à figura 31, ela mostra respectivamente, parede e teto de acrílico, parede e teto de madeira e fechamento frontal do campanário de madeira e acrílico. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 42 Figura 30: Peças fixas da maquete. Figura 31: Peças móveis da maquete. Foi necessário verificar detalhadamente o projeto para a confecção da maquete. Para isso todas as paredes da Igreja foram feitas individualmente, conforme figura 32, e posteriormente unidas, garantindo a aderência entre as peças. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 43 Figura 32: Planejamento das peças móveis da maquete. Pelo fato da Igreja apresentar uma geometria bastante diferenciada, com nenhum encontro de paredes a 90º ela precisou ser bastante estudada na hora da montagem. As juntas de encontro não poderiam apresentar frestas, sendo assim, na hora de simular os vídeos, todos os possíveis cantos de dissipação de fumaça, mesmo sendo mínimos, precisaram ser tapados e bem fixos, garantindo estanquiedade com relação à fumaça. A figura 33 ilustra a preparação da maquete para os ensaios de análise do fluxo de ventilação. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 44 Figura 33: Preparação da maquete para os ensaios. 3.2.2 SIMULAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE AR Os testes de simulação da distribuição de ar no ambiente foram realizados em frente ao Laboratório de Conforto Ambiental do Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul, por ser mais amplo. Os equipamentos auxiliares são: uma máquina de fumaça, um ventilador e uma lâmpada fluorescente compacta com capa de proteção translúcida. A figura 34 mostra o conjunto de equipamentos utilizados. Figura 34: Equipamentos utilizados para Simulação de Distribuição de ar. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 45 Foram feitas as simulações em dois períodos, inverno e verão. O quadro 1 apresenta a direção predominante do vento em Caxias do Sul. Já a figura 35, identifica a direção dos ventos na maquete da Igreja do bairro Séc. XX. ESTAÇÃO DO ANO DIREÇÃO PREDOMINANTE Verão Sudeste Inverno Noroeste Quadro 1: Direção do vento predominante em Caxias do Sul. SE NO Figura 35: Foto da maquete com marcação das orientações para análise. Em relação ao processo, ele consiste em introduzir fumaça (vapor de glicerina) no interior da maquete, e com o auxílio do ventilador ligado na potência 2 (mediana), simular a direção do vento, observando a trajetória da fumaça, até a sua dissipação, deixando o ambiente como inicialmente. A quantidade exata de fumaça inserida na maquete não é exata para todos os testes, apenas aproximado, porém esse controle foi feito visualmente procurando garantir ao máximo a mesma quantidade para todas as simulações. Diante deste fato é possível salientar que o ventilador só foi ligado após toda a fumaça já se encontrar dentro do ambiente. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 46 Para garantir uma boa visualização interna da maquete durante a simulação da fumaça foi necessário o auxilio de uma lâmpada inserida em seu interior. Além disso, em algumas simulações, ela precisou sem coberta por uma capa de proteção translúcida, conforme figura 36, pois apesar de sua baixa potência da lâmpada ela causava direcionamento excessivo durante a gravação dos vídeos. Figura 36: Capa de proteção translúcida. O processo de simulação foi registrado através de vídeos de uma câmera digital comum, esta foi fixada a um tripé para garantir maior estabilidade e nitidez na gravação dos vídeos, além de assegurar a angulação exata para os testes de acordo com o que se queria mostrar. Para que as considerações sobre a proposta atual, e as novas propostas para otimização, pudessem ser concluídas, foram necessárias várias verificações e testes para os vídeos da maquete, afim de, definir qual seria a melhor forma de apresentar a simulação e transmitir todas as informações necessárias para as análises comparativas poderem ser feitas. 3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROPOSTA ATUAL DE VENTILAÇÃO A análise dos testes de simulação de distribuição de ar no modelo reduzido foi feita observando a trajetória da fumaça, no interior da maquete, verificando os locais por onde ela se dissipava mais rapidamente, levando em conta o tempo de permanência Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 47 da fumaça no interior do objeto. O processo foi registrado em vídeos digitais e transformado em fotos, nos tempos de 0, 5, 10 e 15 segundos (ver apêndice A). Diante dos vídeos feitos, eles foram separados em quatro grupos e registrados quatro vídeos para cada situação, variando somente os materiais dos fechamentos móveis (madeira ou acrílico), para garantir os resultados e facilitar na visualização do fluxo de ar. Foram totalizados 16 vídeos e a partir destes foram geradas 64 fotos, estes constam no CD em anexo. Para fácil visualização de um dos vídeos feitos no período de inverno, acessar o link (www.inverno.vai.la), para o período de verão (www.verao.vai.la) e para a proposta de verão (www.propostaverao.vai.la). O quadro 2 apresenta os dados estabelecidos para os testes em maquete. Para melhor entendimento dos dados estipulados, a figura 37 demarca o local das características descritas no quadro 2, localizando as peças móveis que serão substituídas para os diferentes testes do fluxo de ar. E a figura 38 localiza e numera as portas em análise definidas como situação no quadro 2. N LEGENDA Teto Parede Fechamento frontal do campanário Figura 37: Peças móveis da maquete. N LEGENDA Portas no. 1 (acesso principal) Portas no. 2 (acesso ao batistério) Figura 38: Localização das portas de acesso. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 48 Demarcação das peças móveis Imagem da maquete Característica Situação Teto preto Portas no.1 abertas Parede transparente Portas no.2 abertas Fechamento frontal preto A duas portas abertas Portas no.1 abertas Teto transparente Parede transparente Portas no.2 abertas Fechamento frontal preto A duas portas abertas Teto transparente Parede preta Fechamento frontal preto Portas no.1 abertas Portas no.2 abertas A duas portas abertas Portas no.1 abertas Teto transparente Parede preta Fechamento frontal transparente Portas no.2 abertas A duas portas abertas Quadro 2: Dados estabelecidos para testes em maquete. Após essa etapa procurou-se estabelecer critérios que identificasse os tipos de ventilação existentes na maquete reduzida da Igreja do bairro Séc. XX e representálos. Na figura 39 foram representadas todas as saídas de ar no período de inverno, e na figura 40 no período de verão. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 49 L S N O Fluxo de ar (inverno) Figura 39: Fluxos de ar existentes no projeto da Igreja do bairro Séc. XX nos períodos de inverno. L S N O Fluxo de ar (verão) Figura 40: Fluxos de ar existentes no projeto da Igreja do bairro Séc. XX nos períodos de verão. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 50 Observou-se a presença das duas situações distintas no que diz respeito a efeitos da ventilação natural em ambiente interno, a ventilação causada por ação dos ventos, cruzada e a ventilação por efeito chaminé. Nos períodos de inverno, o principal local para entrada de ar no interior da Igreja é pela porta de entrada principal, portanto ela necessita estar aberta para que as situações descritas abaixo funcionem corretamente. No fluxo no. 1 é possível verificar a ventilação cruzada, apesar de não ser em paredes oposta, o fluxo acessa o interior da Igreja, e é liberado rapidamente, pela abertura em fita localizada na fachada Oeste. Já que, de acordo com Chávez e Freixanet (1995), aberturas horizontais dão mais eficiência quando a incidência do vento for a 45º, como é o caso, o fluxo funciona de modo ideal para os períodos frios. No fluxo no. 2, a ventilação cruzada também pode ser identificada, mesmo que devido à proximidade das aberturas de entrada e saída de ar, pois parte do vento se dissipa para o interior da Igreja, e o restante é liberado através da abertura sul na torre do sino. No fluxo no. 3, a abertura localizada acima do altar, a Oeste, possibilita o efeito chaminé, participando ativamente da distribuição do ar interno para o exterior com grande velocidade. Apesar de possuir um elemento de interferência, no caso, a prateleira de luz, que de acordo com Rivero (1985), é um elemento que influencia diretamente no fluxo do vento podendo modificar o percurso do ar, o fluxo se direciona ao local estabelecido. No fluxo no. 4, apesar da abertura norte, localizada na torre do sino, conter baixa quantidade de ar, ela auxilia o fluxo 2 a distribuir o ar acumulado no interior da torre do sino para o exterior. O fluxo no. 5 funciona somente quando ambas as portas se encontram abertas, ele libera diretamente grande parte do ar que entra no interior, diminuindo a quantidade de fluxo para as demais aberturas. O fluxo no. 6 têm uma função distinta dos demais, ele ultrapassa a torre do sino por completo e se direciona ao sudeste por cima da cobertura da Igreja. Ver figura 41. A presença do sino, localizado no centro da torre, influencia na passagem de ar, contudo não barra a saída do mesmo, já que o ar interno se desloca verticalmente, de baixo para cima, desviando do objeto e seguindo em ambas as direções. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 51 3 4 2 6 1 5 Figura 41: Fluxos de ar nos períodos de inverno. Nos períodos de Verão, o único local por onde o vento pode acessar o interior da Igreja é pela porta de entrada ao Batistério, portanto, ela necessita estar aberta para funcionar corretamente, caso contrário esse efeito não é válido. No fluxo no. 1 observou-se que após a entrada de ar no interior do ambiente, ele percorre o interior da igreja por completo e se direciona a abertura acima do altar localizada na fachada Oeste, podendo constituir um efeito chaminé. O fluxo no. 2 caracteriza uma ventilação cruzada, que apesar de não ser em paredes opostas, diretamente ele é direcionado ao exterior através da janela em fita, porém a quantidade de ar que se dissipa por ela é muito baixa devido à direção do fluxo, que tende a direcioná-lo para o lado oposto a ela, devido às pressões negativas. O fluxo no. 3, assim como nos períodos de inverno, funciona somente quando ambas as portas se encontram abertas, influenciando diretamente na agilidade com que do fluxo de ar se dissipasse. Ver figura 42. Apesar do fluxo de ar inicialmente demorar para adquirir velocidade, ele funciona adequadamente, com exceção da situação em que a porta de acesso ao batistério se encontra fechada, já que não existem aberturas de entrada de ar na fachada leste e nem sul. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 52 1 2 3 Figura 42: Fluxos de ar nos períodos de verão. Com relação ao tempo de dissipação, gerou em torno de 10 a 15 segundos para as situações mais favoráveis e 15 a 20 segundos para as situações de menor desempenho. Ambos os testes, de inverno ou verão, apresentaram um bom resultado diante da ventilação natural proposta em projeto. Cabe destacar que não foram utilizados anteparos novos, além do sino e os elementos que o projeto já contemplava. 3.4 PROPOSTAS PARA OTIMIZAÇÃO DA VENTILAÇÃO Para um bom funcionamento da ventilação em ambientes internos, assim como no caso de igrejas, é necessário que haja aberturas suficientes para a entrada e saída de ar, diretas para o exterior. Nestes casos os ambientes acabam utilizando instrumentos artificiais, como ar condicionado e ventiladores, ao invés da ventilação natural. Para se obter uma ventilação natural adequada, quanto maior o no. de fachadas com aberturas, maior será o potencial do fluxo, pois ele irá produzir diversos pontos de pressão no ambiente. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 53 Na porta de acesso principal, por receber ventos nos períodos de inverno, ela tem a possibilidade de permanecer fechada ou aberta, conforme o clima. Já na porta de acesso ao batistério, é encontrada a principal fragilidade deste projeto. Por ser um local reservado, normalmente a porta se encontrará fechada, contudo nos períodos de verão, ela é a única abertura por onde o fluxo de ar pode entrar. Para possibilitar o controle destas situações distintas é importante que após a finalização da obra seja descrito um manual de operação, uso e manutenção da edificação a fim de estipular recomendações diante das aberturas de acordo com as estações do ano. Para isso foi verificada a NBR 14037 (ABNT, 1998), Manual de operação, uso e manutenção das edificações, Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação, mais especificamente o item 3.12 que descreve o significado do termo “operação”. Para garantir a eficiência da ventilação conforme critérios estipulados nas considerações da proposta atual e na proposta para otimização, é de grande importância que esse manual funcione adequadamente, garantindo o conforto término e criando condições adequadas de uso da edificação. Diante disso, optou-se por não sugerir novas propostas de aberturas para os períodos de inverno, já que o lançamento atual funciona de forma muito eficiente, priorizando o bem estar do usuário e permitindo com que ele próprio decida sobre a entrada ou não da ventilação no interior da Igreja nas épocas frias, para isso basta abrir ou não a porta de acesso principal. Para os períodos de verão, uma nova proposta capaz de qualificar o espaço neste período, sem impactar no conceito criado pelo escritório Royal Arquitetura para a Igreja do bairro Séc. XX, descaracterizando a sua imagem, será sugerida. Ela tem como objetivo, auxiliar no aumento do fluxo nos dias em que a porta do Batistério se encontra aberta, e caso contrário ela necessita garantir a distribuição total do ar para o interior da Igreja. Essa proposta consiste em criar pequenas aberturas circulares inferiores inseridas na fachada Sul da Igreja, linearmente, totalizando três (03) unidades, ver figura 43. Essa ventilação tende a passar por todo o local onde os usuários se encontram, e se encaminhar a saída através da abertura localizada acima do altar. Essas aberturas precisam necessariamente possuir um baixa altura, para criar uma ventilação Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 54 cruzada, ideal nos períodos de verão, além de beneficiar o conforto término dos usuários. Para que novas propostas pudessem ser sugeridas foram constatados que, devido ao fato do clima da cidade de Caxias do Sul apresentar variações, as aberturas possuiriam um mecanismo de fechamento manual, ou seja, nos períodos de verão as aberturas permaneceriam abertas, garantindo e beneficiando a circulação do ar, e nos períodos de inverno elas passariam a ser fechadas, não impactando no fluxo do inverno. Fluxo de ar (verão) Abertura proposta Figura 43: Proposta de aberturas para a Fachada Sul. Como justificativa principal para a inserção deste modelo de abertura deve-se dizer que, essa tipologia já havia sido comentada pelo Arquiteto Carlos Pedone, porém não se tinha idéia de onde inseri-la e nem qual sua finalidade, não podendo ser apenas estética. Para utilizá-la de forma funcional, ela adaptou-se a real Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 55 necessidade de projeto, ela terá um papel de grande importância nos períodos de verão, garantir o conforto término interno da Igreja do bairro Séc. XX. Conforme figura 44, é possível verificar o fluxo de ar no período de verão juntamente com a proposta inserida. Fluxo de ar (verão) Figura 44: Fluxos de ar nos períodos de verão, com proposta. 3.4.1 REFERENCIAIS DE ABERTURAS Desde o princípio as Igrejas sempre se preocuparam com a geometria e a composição de suas obras. A Basílica di Santa Maria del Fiore é um exemplo, ver figura 45, é a catedral, ou Duomo da Arquidiocese da Igreja Católica Romana de Florença. Obra da arte gótica, do arquiteto renascentista Brunelleschi, é destaque por sua cúpula monumental e pelo campanário, de Giotto. Foi considerada de grande importância para a História da Arquitetura, pois representava a riqueza e o poder da capital da Toscana nos séculos XIII e XIV. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 56 (Fonte: WIKIPÉDIA, 2010) Figura 45: (a) Fachada da Basílica di Santa Maria del Fiore. e (b) vista lateral do Duomo com a cúpula e a torre do sino. Nos dias de hoje, tanto as igrejas como as construções em geral, tendem a minimizar, priorizando a limpeza formal. Como referencial formal das aberturas, podemos citar o Arquiteto Ruy Othake, ele possui vários projetos, de diferentes usos, que contemplam essa esquadria proposta. Ele se utiliza dela de forma muito (a) (b) marcante, destacando-as compositivamente, já que suas obras já possuem uma composição formal bastante ousada. O Ed. Planet Work, localizado em São Paulo, é uma delas, seu projeto foi desenvolvido em 1997 e construído somente em 2002. O edifício de escritórios próximo ao Ohtake Cultural destaca suas fachadas devido à pele de vidro e a parede lateral com suas janelas circulares em diversas posições, apesar da sua disposição, ele apresenta uma tipologia de abertura circular semelhante a que está sendo citada como proposta neste trabalhado, conforme figura 46. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 57 (Fonte: RUY OHTAKE, 2010) (a) Figura 46: Ed. Planet Work (a) Vista do edifício e (b) Detalhe da fachada. O Hotel Unique, localizado em São Paulo, é outro projeto que apresenta uma tipologia de abertura similar a da proposta para a fachada sul da Igreja do bairro Séc. XX, ver figura 47. Novamente projeto de Ruy Ohtake, ele também se destaca pela sua composição formal. Neste projeto as esquadrias circulares são dispostas linearmente e em grande quantidade, devido ao seu uso. O sistema de esquadria, por seu móvel, permite a insolação e a ventilação interna dos ambientes, assim como na proposta. (a) (b) (Fonte: RUY OHTAKE; PROJETO DESIGN, 2002) Figura 47: Hotel Unique (a) Vista do edifício e (b) Detalhe da fachada. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 58 Outra obra que deve ser destacada diante da sua proposta de aberturas é a de Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e a MMBB arquitetos. O Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, conhecido como a Oca, ou a calota do Ibirapuera, situada em São Paulo, é composto por um magnífico domo marcado pelas aberturas em sua base, conforme figura 48. Suas aberturas estão dispostas também linearmente, sendo as únicas aberturas de projeto com exceção da porta de acesso principal. (b) (a) (Fonte: PROJETO DESIGN, 2000) Figura 48: Oca (a) Vista externa e (b) Vista interna. Como referencial do Rio Grande do Sul, o projeto de Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, o Museu do Pão, localizado em Ilópolis, apresenta uma característica em comum. Ele possui dois volumes distintos, um contempla o museu e o outro a escola de panificação, o bloco da escola apresenta aberturas lineares de formato quadrado, contudo elas estão localizadas na parte inferior, constituindo a mesma intenção diante da localização das aberturas de entrada de ar proposta para a Igreja. A figura 49 destaca essa inserção. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 59 (Fonte: adaptado de PROJETO DESIGN, 2008) Figura 49: Museu do Pão. 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS Devido ao fato da simulação em maquete apresentar limitações de precisão, é muito importante a verificação e o cruzamento dos resultados, a fim de melhorar o desempenho da ventilação natural dos ambientes internos e garantir resultados. Cada situação dessas levou em conta o fato de ambas as portas estarem abertas ou não, portanto o manual de operação, uso e manutenção da edificação irá garantir aos usuários do local essa eficiência de acordo com o clima, seguindo as recomendações descritas nele. Como consideração final foi possível observar que para obter melhores desempenhos com relação à ventilação natural, o ideal é que o profissional da área opte por utilizar a ventilação cruzada, se possível em paredes opostas do ambiente. Caso isso não seja possível, ao menos proporcionar ao ambiente, situações de pressões positivas e negativas, a fim de garantir o desempenho das edificações. Com isso, o gasto com equipamentos artificiais diminui ou se anula, privilegiando a utilização do conforto término natural. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 60 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Devido ao fato da renovação do ar influenciar diretamente no conforto término, ocasionando perda ou ganho de calor, ela necessita, portanto que as aberturas de entrada e saída de ar estejam adequadas, caso contrário, alterações em projeto serão necessárias para um bom aproveitamento diante da ventilação natural (FROTA; SCHIFFER, 2001). Este estudo verificou a eficiência do sistema de ventilação natural interna proposta em projeto, suas dimensões e localização. Este se mostrou eficaz diante das dimensões e localização das aberturas de projeto, contudo houve a necessidade de uma pequena intervenção, acrescentar uma nova abertura para aperfeiçoar o sistema de ventilação e deixá-lo perfeitamente apto para ser utilizado pelos fiéis de acordo com a necessidade. Este estudo teve grande importância, para confirmação do funcionamento do sistema de ventilação natural lançado em projeto, podendo ser incluído a proposta sugerida neste trabalho. Diante da revisão bibliográfica foi possível verificar as possibilidades dos processos de ventilação natural, bem como seus benefícios, afim de, garantir qualidade de conforto em ambiente interno. Para isto basta compreender os condicionantes do local, suas limitações, as leis de movimentação de ar, seus efeitos e suas possibilidades. Inicialmente se cogitou a hipótese de indicar o melhor tipo de esquadria a ser utilizada em cada abertura. Este objetivo inicial não pode fazer parte do trabalho, devido ao curto prazo e ao tempo gasto na confecção da maquete e análise de seus resultados. Visto que para isso seria necessário um estudo aprofundado de diferentes tipos de esquadrias a fim de garantir o funcionamento perante o sistema de ventilação esperado. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 61 A minha participação no campo de estágio, do escritório Royal Arquitetura, foi muito significativa, pois me qualificou profissionalmente, garantindo conhecimento nesse assunto e desenvolvimento em minha carreira de Arquiteta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITTENCOURT, Leonardo; CÂNDIDO, Christina. Introdução à Ventilação Natural. Maceió: EDUFAL, 2005. 147 p. CHÁVEZ, José Roberto García; FREIXANET, Víctor Fuentes. Viento y arquitectura: el viento como factor de diseño arquitectónico. México: Trillas, 1995. 196 p. FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual do Conforto Térmico. 5. ed.São Paulo: Studio Nobel, 2001. 243p. LAMBERTS, Roberto: DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência energética na arquitetura. São Paulo: PW, 1997. 192p. MASCARÓ, Lúcia R. de. Energia na edificação: Estratégia para minimizar seu consumo. 2. ed. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda, 1991. 213p. OLGYAY, Victor. Arquitectura y clima: manual de diseño bioclimático para arquitectos y urbanistas. Barcelona: G. Gili, 1998. 203 p. PROJETO DESIGN. Brasil Arquitetura, São Paulo. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/brasil-arquitetura-10-04-2008.html>. Acesso em: 17 out. 2010. PROJETO DESIGN. Igrejas anos 90: Do mínimo ao monumental, São Paulo, dez. 2000. Edição 250. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/igrejasanos-90-08-02-2001.html>. Acesso em: 17 out. 2010. PROJETO DESIGN. Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, MMBB arquitetos: A redescoberta de Niemeyer, São Paulo, mai. 2000. Edição 243. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/oscar-niemeyer-paulo-mendes-da-rochammbb-arquitetos-oca-do-01-05-2000.html>. Acesso em: 17 out. 2010. PROJETO DESIGN. Ruy Ohtake: No início, a forma, São Paulo. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/ruy-ohtake-no-inicio-14-10-2002.html>. Acesso em: 17 out. 2010. RECH, Viviane Cristina; NUNES, Maria Fernanda Oliveira; PEDONE, Carlos Eduardo. Ventilação natural em ambiente interno: estudo para os vestiários de um clube de futebol. In: ENTAC 2006, Florianópolis. 2006. RIVERO, Roberto. Arquitetura e Clima: Acondicionamento térmico natural. 1. ed. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1985. 240p. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 63 RUY OHTAKE. Projetos, São Paulo. Disponível em: <http://www.ruyohtake.com.br/index.html>. Acesso em: 17 out 2010. SERRA, Rafael. Arquitectura y climas. 2.ed. Barcelona, ES: G. Gili, c2000. 94p. (Colección GG Básicos). TOLEDO, Eustáquio. Ventilação natural das habitações. Maceió: EDUFAL, 1999. 169 p. WIKIPÉDIA. Santa Maria del Fiore. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Maria_del_Fiore>. Acesso em: 17 out. 2010. YARKE, Eduardo; PICCIÓN, Alicia; LÓPEZ, María Noel. Metodología de bajo costo para la evaluación de Ventilación natural en viviendas ocupadas. In: ENTAC 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis, UFSC, 2006. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 64 APÊNDICE A – Fotos: Teste de Simulação de Ar Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 65 Simulação 1 - INVERNO Primeira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 1 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 66 Simulação 1 – INVERNO Segunda tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 1 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 67 Simulação 1 – INVERNO Terceira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 1 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 68 Simulação 1 – INVERNO Quarta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 1 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 69 Simulação 2 – INVERNO Quinta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 70 Simulação 2 – INVERNO Sexta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 71 Simulação 2 – INVERNO Sétima tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 72 Simulação 2 – INVERNO Oitava tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 73 Simulação 3 – VERÃO Primeira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 2 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 74 Simulação 3 – VERÃO Segunda tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 2 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 75 Simulação 3 – VERÃO Terceira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 2 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 76 Simulação 3 – VERÃO Quarta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 2 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 77 Simulação 4 – VERÃO Quinta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 78 Simulação 4 – VERÃO Sexta tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 79 Simulação 4 – VERÃO Sétima tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 80 Simulação 4 – VERÃO Oitava tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 81 Simulação 5 – VERÃO PROPOSTA Primeira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 2 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 82 Simulação 5 – VERÃO PROPOSTA Primeira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Somente porta nº 1 aberta. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 83 Simulação 5 – VERÃO PROPOSTA Primeira tentativa 0 segundos 5 segundos 10 segundos 15 segundos Obs: Ambas as portas estão abertas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 84 ANE XO A – Mapa de Localização do Bairro Século XX em Caxias do Sul Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 85 Estes anexos apresentam o acervo completo da Igreja do bairro Século XX desenvolvido pela Royal Arquitetura, contemplando: Mapa de Localização do Bairro Século XX, Planta de Situação, Planta de Localização, Plantas Baixas, Cortes e Fachadas. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 86 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 50: Mapa de Localização do Bairro Século XX em Caxias do Sul. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 87 ANEXO B – Planta de Situação e Localização Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 88 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 51: Planta de Situação. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 89 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 52: Planta de Localização. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 90 ANEXO C – Plantas Baixas, Cortes e Fachadas Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 91 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 53: Planta Baixa do Pavimento Subtérreo. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 92 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 54: Planta Baixa do Pavimento Térreo. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 93 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 55: Planta Baixa do Pavimento Cobertura. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 94 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 56: Corte Longitudinal. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 95 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 57: Corte Transversal. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 96 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 58: Fachada Norte. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 97 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 59: Fachada Sul. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 98 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 60: Fachada Leste. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX 99 Fonte: ROYAL ARQUITETURA, 2008. Figura 61: Fachada Oeste. Estudo da ventilação natural proposta para a Igreja do Bairro Século XX