escavações em perímetro urbano
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escavações em perímetro urbano
ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO Enga Geotécnica, D.Sc. Bianca Lobo Milititsky Consultoria Geotécnica ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO Demanda crescente de construção de subsolos cada vez mais profundos em grandes centros urbanos; Enormes desafios de segurança e exequibilidade, previsão e remediação dos possíveis efeitos sobre as construções vizinhas; ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 - Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 1 - INTRODUÇÃO Ressalta-se a complexidade envolvida na solução de problemas desta natureza, envolvimento de profissionais com várias especialidades, comunicação permanente, tomada de decisões imediatas ao ser constatado falha construtiva, risco ou mau desempenho da estrutura. Conhecimentos geotécnicos são essenciais (empuxos, estabilidade da escavação e experiência). ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 - Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 2 - IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Identificação das reais características do problema a resolver: Solo: natureza das camadas, resistência, estado inicial de tensões, permeabilidade, presença de água, eventual contaminação, presença de obstruções naturais (matacões), entre outros; Interferências: estruturas enterradas, fundações, canalizações e elementos enterrados Condições das edificações e serviços vizinhos; Contaminação do solo. 2 - IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Nível de Tensão Resultados de Sondagens – Escavação/Porto Alegre - RS ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 - Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 4 - DECISÕES DE PROJETO Decisões fundamentais a serem tomadas pelo profissional responsável, fruto das condições e circunstâncias de cada caso Tipo de estrutura de contenção e método construtivo (prática regional, equipamentos disponíveis, condições de solo e água, espaço disponível, vizinhança, custos, prazos executivos, etc) Escolha da forma de implantação, baixo para cima ou cima para baixo, “bottom-up” ou “top-down” Solução de fundações para as cargas estruturais internas Contenção da água no período construtivo e durante a vida útil da obra (subpressão) 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO Sistema cima para baixo (top down) 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO Exemplo: obra de pequena extensão, com 3 subsolos, sem a possibilidade de uso de tirantes. Contenções com estacas hélice continua secantes para permitir a execução até a profundidade necessária, pela presença de solos de alta resistência em profundidade inferior à de implantação do 3º subsolo, armadas com perfis metálicos I Execução parcial da estrutura na periferia serviu de suporte durante a escavação. Feita escavação parcial até o nível do primeiro subsolo, foi concretada parte da laje formando um escoramento geral nesta cota Após realizou-se escavação até a cota de implantação do 3º subsolo, com berma calculada para não permitir grandes deslocamentos dos vizinhos com fundações superficiais (prédio com 5 pavimentos). Foram executadas as fundações em sapatas da obra e iniciada a estrutura do prédio Após completar sua construção e apoio das contenções as bermas foram retiradas 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 2 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 2 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO Sistema cima para baixo (top down) Vantagem de não utilizar tirantes Desvantagens: escavação abaixo das lajes ou da estrutura, acuidade executiva necessária para a instalação das fundações e pilares a partir do nível original - dificuldades construtivas importantes 3 - DECISÕES DE PROJETO FORMA DE IMPLANTAÇÃO Sistema de baixo para cima (bottom up) 3 - DECISÕES DE PROJETO SOLUÇÃO PARA AS CARGAS INTERNAS Sistema “top-down” – desejável a utilização de elemento único como fundação dos pilares centrais Típica a utilização de estacas escavadas de grande seção únicas (estacões) por pilar ou “barretes” Alternativamente pode ser utilizado elemento central executado do nível original do terreno, implantação dos pilares e posterior execução de estacas adicionais (tipo raiz, por exemplo) a ser consolidado em bloco único, no caso das cargas não serem compatíveis com elemento único central Dependendo das condições locais de solo e geometria da escavação as fundações dos pilares centrais (não coincidentes com os limites da obra) podem ser executadas a partir do nível original do terreno, ou de nível intermediário 3 - DECISÕES DE PROJETO CONTENÇÃO DA ÁGUA Presença de horizontes permeáveis e nível de água elevado pode condicionar a necessidade de rebaixamento do lençol freático; Em certas circunstâncias, poços de captação são suficientes para permitir a implantação da obra A presença de nível de água pode ser resolvida do ponto de vista dos efeitos de subpressão com a parede de contenção levada até profundidade em que seus efeitos sejam mínimos, ou através de laje de subpressão, ou com elementos tracionados (fundações ou tirantes), ou drenagem permanente (também com seus efeitos a serem avaliados quanto às estruturas vizinhas) Programas de cálculo de percolação - avaliar o efeito da presença das contenções até níveis diferenciados de profundidade ou atingindo horizontes impermeáveis ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 - Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 4 - PROJETO A elaboração do projeto envolve: Determinação das solicitações Avaliação dos efeitos da implantação na vizinhança Dimensionamento dos elementos das contenções Elaboração das plantas com especificações construtivas Detalhamento do controle e instrumentação Verificação da segurança referente aos estados limites, ou seja, quanto a todos os mecanismos possíveis de colapso, como mostrado de forma esquemática na figura a seguir 4 – PROJETO DETERMINAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES E SEGURANÇA 4 – PROJETO DIMENSIONAMENTO DO ESCORAMENTO Escoramento das paredes de contenção: Metálico (pouco usado no Brasil) Bermas Banquetas de solo e tirantes Elementos de solo grampeado: mobilização de resistência é condicionada a certo deslocamento da massa de solo, os mesmos não são usualmente utilizados junto a prédios sensíveis Escoramentos metálicos têm dimensionamento específico de estruturas metálicas, cabendo comentário sobre a necessidade de levar em conta os efeitos de temperatura e que a vinculação dos mesmos com elementos de concreto da contenção deve ter detalhamento especifico e execução cuidadosa 4 – PROJETO DIMENSIONAMENTO DO ESCORAMENTO Bermas Tratada com o devido cuidado - mobilização do empuxo passivo na massa de solo pressupõe a existência de volume considerável de material (ver CIRIA, 2003) Necessária a preservação de geometria (prevenção de erosão e estabilidade) Tirantes Prática corrente - farta literatura técnica específica Cuidados específicos no projeto de cada elemento devem incluir a verificação dos comprimentos livres e ancorados, para que o mesmo não se situe dentro da cunha virtual de ruptura Várias abordagens podem ser utilizadas no cálculo sempre essencial a recomendação de comprovação experimental dos comprimentos e procedimentos executivos 4 – PROJETO DIMENSIONAMENTO DO ESCORAMENTO Posições dos elementos de suporte da parede devem ser escolhidas de forma a não interferir na implantação da estrutura da futura edificação Fundações das estruturas vizinhas e utilidades identificadas devem ser objeto de cuidados específicos Localização das mesmas em projeto e posicionamento dos tirantes de forma a evitar as interferências 4 – PROJETO MÉTODOS DE ANÁLISE Dentre os métodos de análise, podem ser utilizados: Métodos de equilíbrio limite Métodos usando simulação de viga com apoio elástico (subgrade-reaction) Métodos de elementos finitos e diferenças finitas 4 – PROJETO MÉTODOS DE ANÁLISE Método de Cálculo Equilibrio Limite Reação do Subleito/Elementos pseudos-finitos Parâmetros do Solo Peso Coeficiente específico de empuxo do solo ao repouso Resistência ao Cisalhamento Parâmetros Estado limite Estado limite de de rigidez último serviço do solo Tensão Tensão Tensão Tensão Total Efetiva Total Efetiva c' , f ' c' , f ' Su Su gb K0 (1) (1) (1) (1) (1) Elementos Finitos/Diferenças Finitas elasto-plástico, modelo MohrCoulomb Modelos de rigidez não linear Nota 1. Parâmetros de entrada especiais requeridos dependendo do modelo analitico adotado 4 – PROJETO No dimensionamento da parede deve-se considerar cada etapa da implantação cada nível de escavação, cada implantação de escoramento ou tirantes, com a geometria detalhada de escavação e as ações decorrentes desta condição (empuxos de solo, água e vizinhança) nesta situação devem ser calculados, e o dimensionamento final será aquele que cubra a envoltória em todas as situações verificadas A condição final de apoio na estrutura deve ser objeto de verificação do projetista estrutural, pelas solicitações que serão transferidas quando da desativação dos escoramentos ou tirantes. ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 – Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 5 - CONSTRUÇÃO O planejamento das várias atividades que concorrem para a implantação de subsolo A escavação e remoção do solo, sua sequência sincronizada com a execução dos tirantes ou apoios, as diversas atividades de execução de tirantes e sua protensão e teste, com prazos definidos, caracteriza um bom ou mau andamento dos serviços Atrasos e interferências nas etapas de efetiva ativação do escoramento conduzem a aumento nos efeitos sobre deslocamentos permitidos Definição e planejamento dos trechos a escavar/cotas para a implantação dos escoramentos - fundamentais para o bom andamento da implantação da obra (parte do projeto) 5 – CONSTRUÇÃO ESTACAS SECANTES 5 – CONSTRUÇÃO PERFIL PRANCHADO 5 – CONSTRUÇÃO PERFIL PRANCHADO 5 – CONSTRUÇÃO PERFIL PRANCHADO 5 – CONSTRUÇÃO PAREDE DIAFRAGMA Estruturas tipicamente moldadas in loco em lamelas com largura usual de 2,50 m e espessura de 0,3 a 1,2 m 5 – CONSTRUÇÃO PAREDE DIAFRAGMA 5 – CONSTRUÇÃO PAREDE DIAFRAGMA 5 – CONSTRUÇÃO PAREDE DIAFRAGMA 5 – CONSTRUÇÃO Milititsky (2012) ressalta a importância do controle dos aspectos construtivos de cortinas, relatando que os casos históricos de acidentes de contenções em paredes diafragma e cortinas de estacas justapostas são tipicamente associados a dificuldades de concretagem e falta de estanqueidade das juntas. O colapso de contenções é raramente associado a erros na determinação dos esforços ou dimensionamento de cortinas propriamente ditas. ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 – Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 6-EFEITOS NAS EDIFICAÇÕES VIZINHAS O sistema construtivo das contenções, suas características de rigidez, etapas e cuidados na implantação, afetam diferentemente os deslocamentos provocados na vizinhança: Elementos cravados → vibrações; Cortinas de estacas escavadas justapostas → solos granulares abaixo NA ou em argilas moles → perda de solo; Cortinas ancoradas com tirantes: tempo decorrente entre a escavação, a implantação dos tirantes e a sua protensão → efeito marcante nos deslocamentos provocados; Cortinas com bermas como elemento de estabilização: proteção contra a erosão, e a infiltração da água da chuva, para se evitar problemas de deslocamentos excessivos ou a instabilização da contenção. 6-EFEITOS NAS EDIFICAÇÕES VIZINHAS Controle e acompanhamento durante a implantação é elemento essencial para a comprovação das premissas de projeto, verificação do desenvolvimento da obra e segurança da mesma O monitoramento de desempenho de estruturas adjacentes às escavações deve ser realizado através de controle de recalques, controle de verticalidade, controle de fissuras e quantificação dos danos 6-EFEITOS NAS EDIFICAÇÕES VIZINHAS CONTROLE DE RECALQUES Tão importante quanto o valor absoluto dos recalques medidos é a sua velocidade de ocorrência: Milititsky (2000) cita os valores de velocidade e seus riscos associados, como orientação geral: - até 50 /dia: seguro. - até 80 a 100 /dia e atenuando: razoável, usual. - entre 100 e 200 /dia e constantes: necessária a adoção de medidas corretivas no processo executivo, cautela e aumento da regularidade de medidas. - acima de 200 /dia: situação de urgência, reaterro ou adoção de medidas cautelares. - acima de 400 /dia: emergência e risco de acidente. ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 – Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 7- ACOMPANHAMENTO E INSTRUMENTAÇÃO DA OBRA Controle e o acompanhamento durante a implantação é elemento essencial para a comprovação das premissas de projeto, verificação do desenvolvimento da obra e segurança da mesma A observação dos dados de instrumentação, ensaios nos elementos ancorados e controle de fissuras são essenciais para a prevenção de acidentes; Permitem a adoção de medidas corretivas a tempo de não comprometer o desempenho da estrutura Piezômetros, Inclinômetros, Células de carga; Ferramentas numéricas de análise aliado aos resultados da instrumentação da obra, se constitui em valioso auxilio e entendimento do real comportamento das contenções, contribuindo para o aperfeiçoamento de procedimentos e técnicas construtivas. ESCAVAÇÕES EM PERÍMETRO URBANO 1 - Introdução 2 – Variáveis desconhecidas: Identificação do problema 3 – Escolhas: Decisões de projeto 4 - Projeto 5 - Construção - cuidados e suas implicações 6 – Efeitos nas Edificações vizinhas 7 - Acompanhamento e Instrumentação da obra 8 - Recomendações 8- RECOMENDAÇÕES (MILITITSKY, 2013) Não existem critérios absolutos de aceitabilidade ou segurança quanto a recalques admissíveis decorrentes de escavações, nem de velocidade de recalques seguros, mas indicações são feitas e podem servir de recomendação inicial É de absoluta importância a comunicação permanente entre todos os participantes, especialmente na etapa de implantação dos serviços, e da tomada de decisões imediatas ao ser constatado falha construtiva ou sinalização de risco ou mau desempenho no acompanhamento do desenvolvimento dos serviços 8- RECOMENDAÇÕES (MILITITSKY, 2013) A instrumentação disponível, nem sempre utilizada na rotina de engenharia, é extremamente importante no acompanhamento das etapas construtivas, seja para a confirmação das premissas de projeto, seja para fornecer dados essenciais sobre a segurança dos trabalhos OBRIGADA PELA ATENÇÃO [email protected] [email protected]