Munique 1972 UEF

Transcrição

Munique 1972 UEF
XX JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA: MUNIQUE 1972
Principais dados:
Nações Participantes
122
Atletas
7830
Eventos
195 em 23 esportes
Cerimônia de Abertura
26 de agosto
Cerimônia de Encerramento 10 de setembro
Abertura oficial
Gustav Heinemann
Juramento do Atleta
Heidi Schüller
Entrada da Tocha Olímpica
Günther Zahn
Local
Estádio Olímpico
Munique se preparou muito bem com um orçamento exclusivo para os Jogos de US$
600 milhões. Foi construído o Estádio Olímpico, com capacidade para 80 mil pessoas,
uma piscina para 8 mil espectadores, ginásio de 10 mil lugares e uma excelente vila
olímpica. No complexo Oberwiesenfels estavam praticamente todos os locais de
competição, próximo à vila olímpica e locais de treinamento, facilitando muito a
locomoção durante os Jogos, que reuniram 7.830 atletas de 122 países.
Os Jogos de 1972 tiveram pela primeira vez um mascote, o cachorrinho linguiça Waldi,
e pela primeira vez o juramento olímpico também passou a ser feito pelos juízes.
Os Jogos Olímpicos de 1972
A União Soviética obteve 47 medalhas de ouro, enquanto a Alemanha Oriental
ganhava 40 e os EUA obtinham 34. O Brasil ganhou 2 medalhas de bronze (no
atletismo, com Nelson Prudêncio e no judô, com Chiaki Ishii).
Podemos dizer que, em Munique, começou o uso político das medalhas olímpicas e
investimentos elevadíssimos de alguns países que colocavam os atletas praticamente
em concentração permanente.
A Rodésia foi banida dos Jogos apenas 4 dias antes do início em função de pressão
da Organização da Unidade Africana.
Embora a cidade não possa ser responsabilizada pelo pesadelo, Munique será sempre
ligada ao acontecimento do dia 5 de setembro, quando um grupo de terroristas
palestinos, denominado Setembro Negro, invadiu a Vila Olímpica e entrou na área
onde estava a delegação de Israel.
Enquanto os terroristas tomavam de assalto o alojamento, um israelense deu o
alarme, possibilitando que diversos membros da delegação pudessem escapar pelas
janelas. Dois israelenses morreram no ataque e 9 foram feitos reféns. No final, com a
intervenção da policia, morreram os reféns israelenses, 5 terroristas e 1 policial.
Os Jogos foram suspensos por 24 horas, numa homenagem aos atletas falecidos.
Diversos países pediram a sua suspensão. Noruega e Holanda se retiraram dos Jogos
após o massacre. Mark Spitz, o americano que foi o grande herói dos Jogos com 7
medalhas de ouro, também abandonou Munique por pertencer a uma família judia e
ser um alvo potencial. Durante os Jogos, Michael Morris, Lord Killanin, inglês de
sangue irlandês, foi eleito presidente do COI. Com todas as bandeiras dos países
participantes a meio pau e uma missa no estádio olímpico em honra das vítimas, após
34 horas de interrupção os Jogos voltaram a acontecer, após a insistência e a célebre
frase – para uns realista, para outros polêmica e para muitos, infame – do Presidente
do COI, Avery Brundage: “Os Jogos devem continuar!”
Estes foram os Jogos da eletrônica. Resultados informatizados, chegadas com photo
phinish a cores. As medições dos lançamentos, arremessos e saltos foram feitos com
um refletor prismático que, com um telescópio e dois aparelhos instalados na cabine
de comando, em apenas 1 segundo dava a informação da distância do salto ou
arremesso.
O grande destaque foi o nadador Mark Spitz, que obteve 7 medalhas de ouro, sendo 4
individuais e 3 nos revezamentos. É de se destacar que as 7 vitórias foram com novos
recordes mundiais, numa façanha sem paralelos no mundo do esporte. Além disso,
duas de suas medalhas e recordes foram conquistados na piscina no mesmo dia e
com apenas uma hora de diferença entre elas.
Nos Jogos do México, Spitz já era cotado para ganhar muitas medalhas, mas frustou a
todos por ter ganho "apenas" 2 medalhas de ouro em 2 revezamentos, 1 prata nos 100
borboleta e 1 bronze nos 100 nado livre. Em Munique, mais maduro e consciente,
Spitz deu um verdadeiro show. Após Munique, promovido a patrimônio nacional e
xodó oficial do seu povo – a cerimônia de seu casamento, pouco tempo depois dos
Jogos, teve a cobertura de nada mais nada menos que 600 jornalistas dos EUA e do
resto do mundo - o bem apessoado Spitz ficou milionário como garoto propaganda.
Na natação, o alemão Roland Mathes alegrou os conterrâneos ao manter o domínio
no nado de costas. Venceu os 100 e 200 metros. A australiana Shane Gould foi o
destaque na natação feminina. Venceu os 200m medley, 400m e 200m livre, sendo a
2ª nos 800 e bronze nos 100 nado livre. Herdeira de sua compatriota Dawn Fraser, a
australiana Shane Gould, de 16 anos, que tinha a mania de ir à cerimônia de
premiação no pódio agarrada a um ursinho de pelúcia, ganhou três medalhas de ouro
e duas de prata na natação.
Em final polêmica, a URSS ganhou a medalha de ouro no basquete ao vencer por 51
a 50, interrompendo a hegemonia americana. Foi uma final dramática e, no tempo
regulamentar, os EUA venceram por 50 a 49. Os soviéticos reclamaram que a mesa
havia errado na cronometragem. Após a polêmica, o jogo foi reiniciado com 3' a jogar
e os soviéticos converteram a cesta, assegurando a vitória. O brasileiro Renato
Righeto, que era um dos árbitros do jogo, jamais assinou a súmula do jogo por não
concordar com o tempo extra concedido. Revoltados com o acontecido, se recusaram
a receber as medalhas de prata, que até hoje se encontram guardadas num cofre na
sede do COI na Suíça.
Para os soviéticos, eternos vice-campeões nessa disputa do basquete com os
mericanos, esta conquista teve tamanha importância e alegria, que oito anos depois,
nos Jogos de Moscou, coube ao capitão desta equipe de Munique, Aleksander Belov,
a honra de entrar no estádio empunhando a tocha olímpica na cerimônia de abertura.
O finlandês Lasse Viren foi um dos heróis dos Jogos ao vencer os 5.000 e 10.000m,
fazendo como os finlandeses voadores fizeram na década de 1920. Nos 1.500 metros
o também finlandês Pekkha Vasala venceu com 336.3 superando o incansável
queniano Kipchoge Keino com 3:36.8 e o Rod Dizon, da Nova Zelândia com3:37.5.
Nos 5.000 metros Viren fez 13:26.4 e derrotou o tunisiano Mohammed Gamoudi
medalhista de ouro em 1968 com 13;27.4 em 4º terminou o renomado ASteve
Prefontaine dos USA com 13:28.4. Nos 10.000 Viren fez 27:38.4, novo recorde
mundial para derrotar o belga Emiel Puttemans com 27:39.6 enquanto o etíope Mirus
Yfter ganhava o bronze com 24:41.00 deixando o americano Frank Shorter que se
consagraria dias depois na maratona em 5º com 27:51.4.
Viren ganharia novamente as mesmas provas em Montreal quatro anos depois, numa
dobradinha espetacular, sendo o único atleta a ter conquistado quatro medalhas de
ouro nas duas provas olímpicas de pista de longa distância, o chamado double-double.
O queniano Kipchoge Keino que havia sido medalha de prata nos 1.500 metros
ganhou medalha de ouro nos 3000 com obstáculos com 8:23.6. No atletismo feminino
pela primeira vez são disputados os 1.500 metros com vitória da soviética Lyudmilla
Bragina com 4:01.4, novo recorde mundial. Nas provas femininas houve um franco
predomínio das alemãs orientais. John Akii-Bua entrou para a história ao dar a 1ª
medalha de ouro a Uganda, nos 400m s/ barreiras.
Na ginástica, a soviética Olga Korbut (imagem abaixo) ganhou a simpatia mundial ao
brilhar na TV e popularizou de forma definitiva a ginástica olímpica. Olga obteve as
medalhas de ouro na trave e no solo, além da prata nas barras assimétricas. Na
disputa pelo título individual, Olga liderava a competição mas cometeu 2 erros graves
nas paralelas assimétricas, obteve uma nota baixa e começou a chorar muito. Uma
senhora da platéia invadiu a área reservada e lhe deu um ramo de flores, o que fez
parar o choro da soviética que, imediatamente, levantou-se e ergueu o ramalhete
agradecendo o apoio do público e recebendo uma grande ovação. Olga saiu de
Munique como a rainha dos Jogos.
Os jogadores do Paquistão, ao perderem o jogo final de hockey para a Alemanha,
atiram água nos árbitros. Os 11 jogadores foram proibidos pelo COI de atuar em Jogos
Olímpicos futuros.
Os americanos Vince Matthews e Coyne Collet, que haviam sido 1º e 2º nos 400m,
foram expulsos dos Jogos por terem desrespeitado o Hino de seu País na premiação.
Esta expulsão impediu que os EUA disputassem o revezamento 4 x 400, no qual eram
os favoritos. Sorte para os quenianos, que foram os campeões da prova.
Os velocistas americanos Ray Robinson e Eddie Hayes, franco favoritos na prova dos
100m rasos, ganharam facilmente suas primeiras baterias eliminatórias mas dormiram
demais, perderam a hora da semifinal, foram eliminados e tiveram que assistir pela TV
da vila a vitória do soviético Valery Borzov, que também ganhou a prova dos 200m.
O soviético Valery Borzov vence os 100 metros em 10.14 e os 200 metros em 20.00
quebrando a hegemonia negra e americana.
O americano David Wottle conseguiu a medalha de ouro nos 800m com 1:45.9,
marcando suas atuações por 2 características: corria de boné e sempre ficava em
último no início das provas. Deve ser destacado que o atleta estava em lua de mel
durante os Jogos. Wootle superou a falta de experiência internacional e uma tendinite.
O soviético Viktor Saneiev, que havia ganho a medalha de ouro no salto triplo no
México ao derrotar o brasileiro Nelson Prudêncio, venceu novamente com 17,35m,
enquanto Prudêncio obteve a medalha de bronze com 17,05m. Prudêncio fez o seu
treinamento visando atingir o pico nos Jogos Olímpicos e muitos entendiam que a sua
ida a Munique era um prêmio pela medalha ganha no México. Mas a nova medalha
conquistada confirmou o talento do triplista e o acerto de sua preparação. O brasileiro
conseguiu passar à final apenas no último salto, quando fez 16,42m.
O americano Frank Shorter venceu a maratona em 2:12.19.8 derrotando o belga Karel
Lismont com 2:14.31.8 e o etíope Mamo Wolde que havia sido ouro no México foi
bronze com 2:15.08.4. A vitória de Shorter deu grande impulso às maratonas,
sobretudo nos EUA, incentivando a participação dos verdadeiros atletas e amadores.
O remo foi dominado pela Nova Zelândia que não só venceu no 8 com timoneiro,
como obteve 3 medalhas de ouro, 1 de prata e 2 de bronze no total.
A amazona alemã-ocidental Liselott Linsenhoff, competindo no Adestramento, tornouse a primeira mulher a conquistar a medalha de ouro individual do Hipismo. O tiro com
arco e o handebol foram re-introduzidos no programa olímpico após grande período de
ausência. Foi a primeira vez que os Jogos Olímpicos foram transmitidos ao vivo para o
Brasil.
A participação brasileira:
O Brasil participou das seguintes modalidades: atletismo, boxe, judô (medalha de
bronze para Chiaki Ishii), halterofilismo, ciclismo, tiro (Marcos José Olsen foi o 8º
classificado tendo feito 191 pontos), hipismo (com Eduardo Alegria Simões e Nelson
Pessoa), futebol (Armando Marques participou como árbitro. A seleção, cujo destaque
era Paulo Roberto Falcão, foi eliminada na 1ª fase), remo, vôlei (destaque para Carlos
Moreno e Luiz Eymard), basquete (7ª colocação com uma seleção cuja base era:
Ubiratan, Adilson, Marquinhos Leite Abdala, Hélio Rubens, entre outros) e iatismo.
O brasileiro Nelson Prudêncio competindo em Munique
No iatismo, o Brasil teve uma participação de destaque em várias classes: na Finn,
Cláudio Biekarck obteve o 8º lugar; na classe Tempest, Mário Buckup e Peter Ficker
ficaram em 7º lugar; na Soling, os irmãos Axel e Eric Schmidt e Patrick Mascarenhas
terminaram em 6º; na classe Flying Dutchman, Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes
ficaram com a 4ª posição e na Star, Joerg Bruder e Jan Willem foram 4º, tendo
inclusive vencido a 5ª regata.
Modalidades disputadas:
Atletismo
Halterofilismo
Remo
Basquete
Handebol
Saltos ornamentais
Boxe
Hóquei sobre grama
Tiro
Canoagem
Hipismo
Tiro com arco
Ciclismo
Judô
Vela
Esgrima
Natação
Voleibol
Futebol
Pentatlo moderno
Wrestling
Ginástica
Pólo aquático
Quadro de medalhas:
Posição
País
Ouro Prata Bronze Total
1
União Soviética
50
27
22
99
2
Estados Unidos
33
31
30
94
3
Alemanha Oriental
20
23
23
66
4
Alemanha Ocidental
13
11
16
40
5
Japão
13
8
8
29
6
Austrália
8
7
2
17
7
Polónia
7
5
9
21
8
Hungria
6
13
16
35
9
Bulgária
5
10
5
21
10
Itália
5
3
10
18
11
Suécia
4
6
6
16
12
Grã-Bretanha
4
5
9
18
13
Roménia
3
6
7
16
Cuba
3
1
4
8
Finlândia
3
1
4
8
16
Países Baixos
3
1
1
5
17
França
2
4
7
13
18
Checoslováquia
2
4
2
13
19
Quénia
2
3
4
9
20
Jugoslávia (Iugoslávia)
2
1
2
5
21
Noruega
2
1
1
4
22
Coréia do Norte
1
1
3
4
23
Nova Zelândia
1
1
1
3
14
24
Uganda
1
1
2
25
Dinamarca
1
26
Suíça
3
27
Canadá
2
3
5
28
Irão (Irã)
2
1
3
Bélgica
2
2
Grécia
2
2
Áustria
1
2
3
Colômbia
1
2
3
Argentina
1
1
Coréia do Sul
1
1
Líbano
1
1
México
1
1
Mongólia
1
1
Paquistão
1
1
1
3
29
31
33
Tunísia
1
1
Turquia
1
1
Brasil
2
2
Etiópia
2
2
Espanha
1
1
Gana
1
1
Índia
1
1
Jamaica
1
1
Níger
1
1
Nigéria
1
1
41
43

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