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escritório vencedor Curta metragem Manta do empório Beraldin 2012 Andando de bicicleta rumo ao trabalho, Alexandre viu a casa de vila, hoje com 120 m2, onde moraria com a mulher. No meio do projeto, a surpresa: Thomaz estava a caminho. Acompanhe a história desta reforma com final feliz Por deborah apsan (visual) e lara muniz (texto) Projeto superlimão studio Fotos maíra acayaba Personagem principal da obra, o revestimento de chapas metálicas (Ingecold) também leva a assinatura do Superlimão Studio. As placas cobrem todo o anexo de vidro erguido nos fundos da casa (vire a página e veja-o inteiro). Em dias claros, as sombras dos recortes se espalham por pisos e paredes, como neste detalhe. 64 Arquitetura & Construção julho 2013 julho 2013 Arquitetura & Construção 65 “o antigo e o novo convivem nesta casa. a parte restaurada ficou bem integrada aos elementos modernos” lula gouveia arquiteto truque esperto Esta grade metálica guarda uma passagem direta para a lavanderia. As roupas usadas chegam ao destino por aqui. P arece filme: indo para o trabalho de bicicleta, um caminho diferente levou o diretor de arte a parar diante de uma vila na zona sul de São Paulo. “Fora do carro, a uma velocidade menor, você enxerga as coisas com outros olhos”, conta Alexandre Manisck. Por trás da placa de “vende-se”, havia uma casinha centenária que nunca tinha visto uma reforma. A oferta valia a pena, mas seria preciso uma intervenção radical. Convocada, a trupe do Superlimão Studio, também de São Paulo, ficou a cargo do trabalho. “Tivemos que pensar uma forma de reforçar a estrutura do imóvel, que sofreu com o crescimento 66 Arquitetura & Construção julho 2013 aparência industrial Com a estrutura aparente, o anexo de vidro abriga o banheiro da suíte. Entre os acabamentos, cimento queimado, granilite colorido e torneiras artesanais. do bairro. Ao mesmo tempo, não queríamos perder as características originais da casa, tão marcantes”, revela Lula Gouveia. O plano incluía o trabalho de um restaurador, que trouxe vida nova à escada e às esquadrias. Enquanto isso, do lado de fora, subia uma extensão de metal e vidro, espaço que receberia as áreas molhadas. Ao final do primeiro ato, a reviravolta: Vanessa ficou grávida. Uma segunda versão do projeto entrou em cena, com um dos quartos transformado em suíte. O casal se mudou quando faltava pouco mais de um mês para a chegada de Thomaz. “O cliente mais jovem da história do Superlimão”, brinca Lula. Exígua, a largura de apenas 4 m não é sinônimo de discrição: o sobrado agora se destaca com sua fachada roxa e seus detalhes em amarelo. A porta, antes central, foi realocada para a esquerda e agora abre de frente para o eixo de circulação. “Ao entrar, a vista alcança até os fundos da casa. Assim, o espaço parece ser maior”, afirma Lula. anexo inteligente Erguido na parte de trás do sobrado, o bloco de vidro com estrutura metálica gerou 20 m² extras à planta. Ele abriga lavanderia e lavabo no térreo e banheiro e closet no andar de cima. cartela de cores Tons fortes e contrastantes fazem parte deste roteiro Vermelho: calor e proteção O visual quente do zarcão envolve a estrutura metálica dentro e fora de casa, oferecendo ainda propriedades anticorrosivas. amarelo para iluminar Portas internas, alguns trechos do teto, calhas e até a caixa de correio ganharam pinceladas da mais solar das cores. a ousadia do roxo A boa entrada de luz permitiu o uso do matiz escuro sem tornar o ambiente pesado. E a fachada virou referência entre os imóveis da vila como a única colorida. julho 2013 Arquitetura & Construção 67 A escada que dá acesso ao pavimento superior passou por um processo de restauração, que devolveu sua cor original. No quarto, as paredes foram descascadas. Revelados, os tijolos maciços, em ótimo estado, permaneceram aparentes e formam um belo conjunto com a esquadria de madeira, também original do imóvel. As nuances marcantes da fachada se repetem do lado de dentro, criando uma identidade visual. Sofá de Fernando Jaeger e tapete By Kamy. A estante sob a escada e a mesa lateral do quarto são do Superlimão Studio. planta enxuta e bem resolvida Com a construção do bloco de vidro em dois patamares, foi possível conceder mais 20 m2 de área útil à morada sem comprometer o espaço do jardim N QUARTO 2,50 x 3,45 m QUARTO 3,60 x 3,70 m CLOSET 1,80 x 2,70 m BANHEIRO 1,80 x 2,65 m superior: 40 m2 COZINHA 3,70 x 3,70 m SALA 3,70 x 4,50 m SERVIÇO LAVABO 1,70 x 2,30 m 1,70 x 1,95 m edícula 3,70 x 2,70 m placas metálicas A trama criada pelos profissionais do Superlimão Studio se espalha pela área externa à noite, quando as luzes internas se acendem. térreo: 40 m2 + 40 m2 de área externa Ilustrações: Fabio Flaks ÁREA: 120 M2; construção: foco engenharia; restauro de escada, caixilhos e portas: Guri restauração; placas metálicas: ingecold reforço funcional O anexo abriga as novas áreas molhadas e o closet da suíte. A solução comporta o peso da estrutura hidráulica, que poderia sobrecarregar a parte antiga de alvenaria. Acesse este QR Code com seu smartphone e confira o vídeo da reportagem. Centenária, a casa foi cercada de prédios com o passar dos anos e sofreu: para tornar a reforma viável, era preciso reforçar as bases. A estrutura metálica do bloco de vidro avançou até a cozinha e deu firmeza ao conjunto. Os trilhos de iluminação (LD Arti) foram mantidos aparentes. Vida nova na vila Reformar o imóvel da década de 40 foi o gesto inaugural de outra fase para os arquitetos Luis e Thais: agora sob o mesmo teto, o casal saboreia uma rotina singela e amistosa em acomodações práticas, escondidas atrás da fachada antiguinha Por Deborah apsan (visual) e joana L. Baracuhy (texto) Projeto dt estudio Fotos marco antonio Cenas como estas acontecem espontaneamente na rua que une as sete casas da vila: crianças brincam de carrinho (acima) e adultos se aventuram na bicicleta (abaixo); a vizinha de muro ganha uma xícara de café (à dir.) e Thais colhe flores da buganvília (no canto inferior da página) para enfeitar a sala. Feito pelo casal, o paisagismo do corredor lateral do sobrado preseva o clima de interior, reforçado pelo portão baixinho (pág. ao lado), autêntico. A sutil transição entre sala e cozinha e seria imperceptível não fossem a viga metálica (necessária devido à demolição de uma parede) e a superfície de tijolos descascados. Baixa, a janela deixa a vista do jardim e a luz natural entrarem, sem expor o interior da casa. Misto de novo e antigo, o sobrado preserva seu charme e revela as intervenções: na área social integrada, o piso é de pequiá (madeira clara e resistente, da Zanchet), com trechos de Tecnocimento (da NS Brazil, instalado pela Pac Revest). Original, o guarda-corpo da escada foi repintado. N a hora certa, a mesma recomendação feita aos ser planejado para atualizá-la. Definidos os objetivos, os inclientes valeu para os próprios arquitetos: ele- teressados não deram bobeira – avaliaram os itens básicos ger um imóvel antigo para reformar, que, em (telhado, fundação, elétrica e hidráulica) com a ajuda de um geral, apresenta melhor distribuição, ambientes engenheiro e lançaram numa planilha o orçamento dos seramplos e poucos corredores. Fazia pouco tempo que Thais viços e revestimentos necessários ao sonho de incrementar Aquino e Luis Bernardini haviam voltado de uma tempo- o sobrado. “Calculamos tudo na ponta do lápis. Para comerada no exterior e iniciado uma sociedade com um amigo. çar, a casa já tinha dois banheiros, o que traria economia. E, Também andavam com vontade de juntar as trouxas. Nes- como mexeríamos no piso do térreo, valia aproveitar o quebra-quebra e trocar a rede sa fase da vida, a casihidráulica”, explica Luis. nha de vila encontrada O tér m ino da nepor Luis num passeio de gociação de compra foi verdadeira investigação celebrado como uma viimobiliária pela zona sul tória (esse tipo de morade São Paulo parecia preda é muito concorrido) e destinada. “Erguidas 60 marcou o início dos quaanos atrás, as sete unitro meses em que a dupla dades foram preservadas acompanhou diariamente por uma nova geração a obra. Deu certo, novade jovens casais de promente, graças a outra máprietários”, conta Thais. xima compartilhada pelo Com enxutos 100 m2, casal: é preferível adotar a construção original damateriais menos luxuova pistas claras de onde estavam estruturas, ins- Nos fundos, a porta de enrolar (típica de comércio) motorizada, feita de sos a abrir mão dos fortalações e do que poderia chapa perfurada, proporciona segurança e boa ventilação ao interior. necedores de confiança. 76 Arquitetura & Construção novembro 2013 Frequentes no repertório dos arquitetos, as cores ganharam lugar especial no projeto. Na sala, vale o tom sobre tom dos azuis da porta de entrada (ref. X138, da Sayerlack) e da parede ao fundo (cipreste, da Suvinil). Os matizes fortes ficaram na marcenaria: as peças suspensas receberam laca fosca, e as mais sujeitas a riscos, acabamento do tipo gofrato. Depois de muito pensar, Thais e Luis decidiram manter aberto o vão sob os degraus em prol de um visual mais leve. Ele é ocupado apenas pela bancada (com tampo de superfície de quartzo sintético Caesarstone, da Di Mármore). O dente de alvenaria junto à viga de aço é o apoio do patamar da escada, evidenciado depois da remoção da divisória. No andar superior, o clima é mais nostálgico, a começar pelo granilite da escada, que passou por um restauro. Novos, os ladrilhos hidráulicos hexagonais (Dalle Piagge) mantêm o espírito do tempo e se somam aos tacos autênticos. Antigas, as portas almofadadas foram tingidas de azul. aberturas pontuais atualizam a planta Uma única parede veio abaixo para unir os espaços. De resto, houve pequenas mudanças visando melhorar iluminação e ventilação – bastante favorecidas pelo corredor lateral quarto 3,80 x 4 m sala 3,80 x 3 m banheiro 1,80 x 2,80 m N demolido construído superior: 38 m2 banheiro 3,20 x 3 m cozinha 3,75 x 6,15 m sala Esquadrias de alumínio preto (Max Maia) marcam as áreas modificadas. Na nova edícula, os caixilhos alternam tela metálica perfurada e vidro para ventilar e dar privacidade. 3,80 x 3,20 m Quintal 6,50 x 3 m escritório corredor lateral 1,60 x 10 m Térreo: 62 m2 80 Arquitetura & Construção novembro 2013 Fabio Flaks 3,30 x 3 m ÁREA: 100 M2; construção: tm construtora; marcenaria: real móveis A cozinha se abre para o quintal e para a edícula (repare na caixa metálica que esconde a porta de enrolar, da Portas Carneiro). Ladrilhos hidráulicos nos mesmos tons daqueles usados no corredor do andar de cima cobrem a área externa – em versão quadrada, porém, são mais econômicos. viver Viver Por silvia Gomez [email protected] O avermelhado da fachada (Lukscolor, ref. LKS 468) realça as esquadrias azuis, desenhadas por Neza e encomendadas a uma serralheria. Trabalhar com mais alegria Uma designer e um fotógrafo transformaram parte de sua casa num delicioso estúdio Reportagem Visual deborah apsan Fotos Marco antonio Os filhos cresceram e a morada, de repente, ficou grande demais. Também já era hora de simplificar a vida e se ver livre do trânsito paulistano para chegar ao escritório. Foi assim que a designer de interiores Neza Cesar e o fotógrafo Sergio De Divitiis resolveram converter em estúdio metade do andar de cima do sobrado onde residem há 25 anos. Entra-se na área de 150 m2 por uma escada na garagem, o que resguarda a privacidade do resto. As duas antigas suítes agora são salas, e um dos closets virou biblioteca de referências. Com janelas generosas, os cômodos olham para o jardim. Também compartilham a virtude da cor, que deixa tudo mais feliz. “É um jeito bem atual de trabalhar e morar – adoro essa possibilidade. Só requer disciplina para não misturar as coisas”, observa Neza. Nas prateleiras e gavetas do antigo closet, as roupas cederam espaço a revistas e livros de arquitetura. Tinta esmalte amarela da Lukscolor (ref. LKS 2065). Nesta sala, a designer projeta e recebe fornecedores. Ao fundo, sob a foto de Sergio De Divitiis, lambri pintado de esmalte à base de água (Lukscolor, ref. LKS 2167). 38 Arquitetura & Construção novembro 2013 A sala de reuniões é envolta por janelas metálicas pintadas de azul (Lukscolor, ref. LKS 2166). O antigo carpete deu lugar a um laminado que imita madeira (Tarkett). novembro 2013 Arquitetura & Construção 39 viver Da esquerda para a direita: Thais Mauad, Cecilia Lotufo e Carolina Tarrio, representantes dos muitos voluntários do Movimento Boa Praça. Onde se partilha a cidade Grupo em São Paulo conserva as praças como pontos de encontro e celebração da vida urbana A programação oferece atividades para as crianças, com oficinas, brincadeiras e teatro. Reportagem Visual carolina diniz Fotos Evelyn müller Há algumas funções ambientais objetivas para a existência de uma praça, como a drenagem do solo e o combate à poluição. Mas ela é também um espaço de diálogo e diversão. “Um lugar no qual você lida com o diferente e se mistura com o mundo”, define Cecilia Lotufo, uma das voluntárias do Movimento Boa Praça, que surgiu há cinco anos para revitalizar três áreas na zona oeste da capital paulista e está exposto como caso de estudo na 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo, no Sesc Pompeia. “A ideia nasceu quando minha filha quis comemorar o aniversário numa delas, a François Belanger. Comentei que estava suja e ouvi: a gente conserta.” A festa trocou os presentes por doações, os vizinhos apareceram, a subprefeitura ajudou. “Logo entendemos que era preciso criar algo que alimentasse o interesse em mantê-la.” Desde então, além de reuniões semanais, o grupo promove piqueniques abertos no último domingo de cada mês e até comanda um projeto de lei sobre gestão participativa. “A convivência gera segurança. É vantagem para todos.” “basta pensar nos condomínios fechados: Uma cidade como são paulo não sabe mais dialogar” cecilia lotufo, administradora A Praça das Corujas ganhou uma horta cuidada em revezamento por um mutirão de vizinhos. São empregadas soluções simples e sustentáveis, como transformar pneus em vasos. A ação chegou a outras praças, como a das Corujas, no bairro Vila Beatriz, mais um exemplo de revitalização. Nestas fotos, cenas do piquenique ocorrido em setembro. 40 Arquitetura & Construção novembro 2013 novembro 2013 Arquitetura & Construção 41 viver viver Quando espaço é luxo Apartamento de apenas 25 m2 na Itália pôde acolher uma família de quatro pessoas graças ao uso criativo e contemporâneo da planta texto Liège Copstein Fotos Maria Teresa Furnari/divulgação A tarefa parecia impossível, mas o desafio seduziu o arquiteto italiano Renato Arrigo: reformar o imóvel de medidas enxutíssimas para abrigar um casal de engenheiros apaixonados por design. Ah, e também suas duas filhas adolescentes. Tudo bem – eles não moram lá. Trata-se de uma casa de fim de semana, localizada em Taormina, cidade medieval a 260 km de Palermo, onde vivem e trabalham. A limitação de área é compensada pelos predicados do local, à beira do mar Jônico, e pelos recursos bem bolados do projeto de feições minimalistas e soluções multiúso, batizado pelo arquiteto de Espaço é Luxo. “Imaginei duas configurações, uma diurna e outra noturna”, diz Renato. Exemplo? As duas poltronas viram camas para as meninas à noite. Quase todos os móveis foram executados sob medida. Ao todo, a obra saiu em conta para os padrões europeus: € 28 mil. sobe e desce Durante o dia, a cama do casal – um tatame de bétula de 2,20 x 2 m e com espaço de apoio nas laterais – permanece suspensa a 20 cm do teto. À noite, basta acionar um interruptor para fazê-la descer. O mecanismo elétrico fica oculto sob o forro e é composto de quatro polias, nas quais se enrolam os cabos de aço que sustentam o leito. O toque de humor fica por conta da frase “Space is luxury” (espaço é luxo), grafitada na base da cama suspensa na sala de estar. Muitos à mesa lá fora Quando está completamente aberta, a bancada de resina e fibra de vidro atinge 4,50 m de extensão, acomodando convidados até o final do terraço, de 7 m2. A porta de vidro se encaixa na divisória formada com a ajuda da prancha móvel da bancada e permite isolar a área ao ar livre do apartamento. tampo móvel Um suporte de traves metálicas apoia essa parte. Levantada, ela se prende a um sistema de ganchos internos para compor um trecho da divisória entre sala e varanda. 42 Arquitetura & Construção novembro 2013 online @revistaaec @revistaaec Arquitetura & Construção presença no instagram Nosso perfil traz cenas da vida urbana e projetos incríveis Todo mundo gosta de mostrar aquele prédio bacana, revelar uma ideia diferente. Nós também! Quer ver? Um exemplo é a praça abaixo, reformada pelo escritório Estudio Arquitetura, um dos projetos vencedores do prêmio O Melhor da Arquitetura 2013. Deu o que falar. Siga @revistaaec Ficamos muito honrados com a premiação! @estudioarquitetura Lindo. Já tenho a nova edição da revista e adorei as matérias. Parabéns! @steer_ego o galpão do camp and furnace contém os módulos do bar e da cozinha, além de trailers. as especialidades: café da manhã, assados e piqueniques. Merecidamente! @renatocanhina 1 comida e boa arquitetura Convidamos o trio do escritório paulistano FGMF Arquitetos a escolher os dez restaurantes mais interessantes do mundo rústicos a espaços com um quê barroco – todos condizentes com o estilo culinário, claro. Um exemplo original é o Camp and Furnace (acima), em Liverpool, assinado pelo escritório britânico Smiling Wolf Studio. A lista completa e comentada aparece em http://abr.ai/restaurantes-incriveis Depois de muito pesquisar sobre o tema (o restaurante Deliqatê, concebido por eles, acaba de ser inaugurado em São Paulo), Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz selecionaram os endereços mais surpreendentes que encontraram. Entre os eleitos, há de lugares espelhos multiplicam visualmente os 19 m2 do imóvel. Design na era digital Este é o tema da entrevista exclusiva com o egípcio Karim Hashid Autor de objetos e móveis premiados, ele conta como é trabalhar alinhado à estética da informação e detalha sua recente linha de papéis de parede com efeito 3D, a Multiverse. http://abr.ai/karim-rashid 2 a arte de viver em pouco espaço O repórter Nilbberth Silva investigou como morar em apenas 19 m2 e aponta os erros e acertos mais comuns de quem habita lugares compactos Especialista no assunto, o americano Graham Hill participou do desenvolvimento de um recente lançamento imobiliário: apartamentos alardeados como os menores de alto padrão do Brasil. Ele explica os truques de circulação e mobiliário que via14 Arquitetura & Construção dezembro 2013 bilizam o dia a dia em exíguos 19 m2 no link http://abr.ai/premio-aec-video. Também revela os pontos positivos e negativos de ambientes pequenos, exemplificados em propostas do CasaPro, nossa rede social de arquitetos e designers: http://abr.ai/erros-apes-peq 1 FOTOS: 1. divulgação 2. nilbberth silva 1 outro exemplo de boa distribuição é a cozinha, assinada pela arquiteta karla madrilis, de brasília. 1 comente a&[email protected] facebook.com/arquiteturaeconstrucao Casa no campo Achei a matéria Traçado perfeito (pág. 64) fantástica. casa.com.br Marcia Nassrallah, Campinas, SP Fale com a Redação PISCINA NA COBERTURA | CHALÉ DE MADEIRA | AS CORES DE 2014 | APARTAMENTO DE 94 M2 Dúvidas sobre sua assinatura, reclamações e alteraçÕES de endereço Telefone: (11) 5087-2112, Grande São Paulo. Outras localidades, ligue de graça: 0800-7752112, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 h. Fax: (11) 5087-2100. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 6o andar, CEP 05425-902, São Paulo. E-mail: abril.sac@ abril.com.br Site: www.abrilsac.com.br UM CHALÉ DE MADEIRA PLANTA SIMPLES E OBRA EFICIENTE SÃO O TRUNFO DO REFÚGIO NO CAMPO DELÍCIA DE APARTAMENTO A PRAIA É AQUI MARCENARIA E LADRILHOS HIDRÁULICOS REMOÇAM TRÍPLEX CARIOCA DE 94 M2 A CONSULTORA DE ESTILO GLORIA KALIL FEZ SEU RESORT PARTICULAR (COM PISCINA ATÉ NA COBERTURA!) PERTINHO DE CASA E DO TRABALHO OS PRÓXIMOS TONS DA MODA AZUL, TANGERINA, VERDE-PETRÓLEO E LILÁS: 20 PRODUTOS NAS CORES DE 2014 1 DEZEMBRO DE 2013 Temperos à mão R$ 13,00 _ DEZEMBRO DE 2013 ATENDIMENTO AO LEITOR Se você quer fazer comentários, sugestões, críticas ou tirar dúvidas, ligue para o telefone (11) 3037-4597, de segunda a sextafeira, das 10 às 12 h e das 14 às 17 h. Fax: (11) 3037-5277. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 5o andar, CEP 05425902, São Paulo. E-mail: a&c.abril@atleitor. com.br Site: www.casa.com.br/arquitetura A matéria ficou linda! TECNOLOGIA DE PONTA DO PISO À FACHADA, PESQUISAMOS OS MELHORES LANÇAMENTOS DA BATIMAT, A MAIOR FEIRA MUNDIAL DA CONSTRUÇÃO Paula Galbi, paisagista e autora da horta da pág. 112 [ no facebook ] A casa da capa, obra do arquiteto Angelo Bucci para a consultora de moda Gloria Kalil, despertou os comentários dos internautas Que privilégio... Lindo lugar! Assinaturas Telefone: (11) 3347-2121, Grande São Paulo. De outras localidades, ligue de graça: 0800-7752828, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 h. Fax: (11) 5087-2100. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 6o andar, CEP 05425-902, São Paulo. E-mail: abril.sac@ abril.com.br Site: www.assineabril.com.br Bell De-Bernardes Adorei o projeto e adoro também a Gloria Kalil. Viver no Rio Daniele Muniz A reportagem “Oásis Carioca” (pág. 74) foi nossa preferida: o apartamento ficou cheio de estilo. Projeto sensacional do Angelo Bucci. Um verdadeiro oásis em São Paulo. Equipe da Fractau Arquitetura, São Paulo Gustavo Viana Edições anteriores Devem ser solicitadas a seu jornaleiro. O preço será o da última edição em banca. Atendimento sujeito à disponibilidade no estoque. Essa casa é muito linda. Dá vontade de morar. Caio Roberto Ameeeiii! Anúncios Telefone: (11) 3037-3485. Fax: (11) 30375682. E-mail: casaeconstrucao@abril. com.br Site: www.publiabril.com.br Maria Salete Silva Muito bem idealizada... Show! 2 “O artigo ‘Encontro entre o céu e o mar’ está fantástico. Obrigado.” Vasco Matias Correia, arquiteto português autor da casa da pág. 56 10 Arquitetura & Construção JANEIRO 2014 Trabalhe conosco www.abril.com.br/trabalheconosco fotos: 1. DéBORA oliveira 2. feliz da silva Luiz Sampaio Correção Dezembro de 2013 Chicago, tema do Diário de Viagem (pág. 36), é a principal cidade do estado norte-americano de Illinois, e não sua capital, como informa a legenda. viver Viver Por silvia Gomez [email protected] Cinema ao entardecer A área verde com infraestrutura para projeções de primeira é a atração desta casa em São Paulo Reportagem Visual deborah apsan Foto evelyn Müller Como forma de escape à turbulência das grandes cidades, muitos espaços externos não se limitam a plantas e um gramado. “Hoje, as pessoas querem curtir o jardim, não só contemplá-lo. Meus projetos têm cada vez mais elementos com características de ambientes de estar, como lareira e sofá”, afirma Caterina Poli, autora do paisagismo desta morada, assinada pela arquiteta Fernanda Marques. Aqui, o destaque é o cinema – basicamente, um projetor embutido no forro da varanda. Integrado ao sistema de automação da residência, o aparelho desce quando acionado e projeta os filmes no paredão oposto, num trecho do muro pintado de branco, ao longo do deck de cumaru. “Temos caixas de som até perto da piscina, pois são modelos que podem ficar expostos ao tempo. Usamos o local todos os dias, mesmo quando está frio: já fizemos sessões com cobertores e vinho”, conta a proprietária. Ao redor, foram mantidas as árvores originais do terreno, como camélia e limeira-da-pérsia, combinadas aos novos filodendro-roxo, guaimbê, grama-são-carlos e grama-preta. Graças à boa qualidade do projetor, o trecho branco de 1,50 x 2,80 m não precisou de pintura especial. De alta resolução e 3D, o projetor garante ótima imagem no muro à frente. Escondido no forro da varanda, fica protegido da chuva. Encaixada nesta moldura, a lareira a gás aquece as noites mais frias. Abaixo dela, a iluminação se dá com uma mangueira de led. A poltrona em que está a moradora é da Firma Casa. Próximo à piscina, vaso (L’oeil) com a suculenta orelha-de-elefante. viver viver A luz vinda de grandes aberturas destaca a textura das paredes, que têm de 0,70 a 1 m de espessura. Elementos como divisórias metálicas (acima) e armários de desenho reto deixam claro onde ficam as intervenções. Entre paredes de pedra A fachada manteve suas feições, ressaltadas pela varanda e pela moldura das janelas, todas de metal. No coração de uma das cidades mais antigas do mundo – Jaffa, cujos primeiros registros datam do século 18 a.C. –, a construção de 180 m2 nunca revelou sua idade aos profissionais do escritório Pitsou Kedem Architects. “Não conseguimos determinar com precisão, mas ficou evidente durante a obra que ela tem mais de 300 anos”, afirma Omer Dagan, integrante do estúdio. O charme de morar sob domos sustentados em paredes de pedra foi o que atraiu os proprietários. Também havia aquela paisagem típica do porto: o Mar Mediterrâneo é visto pelas janelas da sala, da cozinha e do quarto principal. Esses ambientes foram recriados para atender ao uso atual, com intervenções de visual minimalista e ultracontemporâneo. “Surpreendentemente, o estilo limpo dialogou muito bem com os traços autênticos. A tensão de tal contraste valorizou a atmosfera única do imóvel, que ganhou espaços abertos e fluidos, além de acabamentos de aço inox e ferro”, diz a arquiteta. Fotos: amit geron Nada de disfarçar: a reforma desta casa em Israel realçou e deu vida a seus materiais originais Ao longo dos anos, a casa passou por modificações. O restauro removeu essas camadas para chegar à estrutura original, cuja atmosfera lembra um templo antigo. viver O lixo não existe Por meio de ações e instalações divertidas, um coletivo de arquitetos espanhóis, com escritório também no Brasil, procura debater a questão dos resíduos e dos pontos urbanos abandonados Em 2001, estudantes de arquitetura da Universidade Politécnica de Madri resolveram dedicar atenção aos descartes decorrentes do consumo nas grandes cidades. E se batizaram de Basurama (basura significa “lixo”, em espanhol). “Com o tempo, passamos também a considerar como resíduo edifícios e paisagens modificados pelo homem, mas sem uso. Qualquer coisa relegada – do pneu velho ao cemitério de aviões – é matéria-prima para nós”, define Miguel Rodríguez (acima), um dos integrantes. O que eles fazem? Projetos de design e arte, publicações e intervenções urbanas lúdicas, todos focados na transformação social e das ruas (veja exemplos nas fotos abaixo). A história com o Brasil começou em 2007, época em que o grupo foi convidado a colaborar na recuperação de uma praça no bairro paulistano da Mooca. Algum tempo depois, em 2011, com a crise econômica espanhola em seu auge, Miguel decidiu morar em São Paulo. “Achamos uma boa oportunidade para trabalhar em rede. Agora somos oito pessoas pelo mundo. Por aqui, há muitos espaços públicos inutilizados que poderiam ser alterados com ideias simples e a participação coletiva. Quanto mais usamos as ruas, mais segurança criamos”, complementa. “Um espaço público de qualidade muda a emoção e a responsabilidade das pessoas em relação À cidade” Miguel Rodríguez arquiteto fotos: Divulgação 1 2 3 36 Arquitetura & Construção fevereiro 2014 a cidade É para brincar Essa proposta permeia as criações do grupo, como sugerem as ações realizadas na capital paulista: 1. Em estudo para virar um parque municipal, a área de 25 mil m2 conhecida como Parque Augusta ganhou a instalação Rede de Colaboração e Sonecas, feita coletivamente em oficinas no ano passado. 2. Primeiro projeto do Basurama no país, o Brás Madri, em 2007, atuou na praça do Parque Benemérito Brás, na Mooca, para melhorar a vegetação e o mobiliário e criar brinquedos com retalhos de EVA doados. 3. Intervenção no Vale do Anhangabaú durante a Virada Cultural 2013, em maio. Sob o Viaduto do Chá, 15 balanços de pneu reciclado convidavam quem passava a interagir. J a r i e d a M o ã o r ã d ç pa demoli de “Apesar da idade, ela é atual e versátil: permite abusar de outros materiais, pois combina com tudo” FOTOS: divulgação re ú s o . o d o g ic . o ecoló a superfície l e p a n ao em ade e tempo d o i l d antigo , a s l u a a q c u r s à a i o da s m tar o v untas: afinal e o s ucess d d u a a e d a s i iv ia rg r ib u e m exclus r para ndústr mas pe a i u d g a i l u a u c o Un s at encionam a e ev am m a que l agem, escolha as sobr Outros ridade é tant ica e vinil. M zer uma boa nal da report a d e a fi la o cerâm ais? Como f f idelid – e, no m A popu r i o m c u o g s c e n o ent ito rigi sas acabam êm as peças o a as resposta z e m s e u efe u xto) Vej ev lo (te re p ro d de ond ainda mais? Capel e a u n q ia os giul m ual) e iment t durare s an (vis e s p v a e h bora ça r Por de co nhe 70 Arquitetura & Construção março 2014 E quanto à autenticidade? “Um jeito de checáá sabemos: madeira legal é aquela que tem, no mínimo, o Documento de Origem Flo- la: pedir à fábrica para visitar o estoque e observar o restal (DOF), emitido pelo Instituto Bra- estado original das tábuas. Elas chegam com pregos, sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos vestígios de tinta e marcas”, sugere Sérgio Fuzaro, Naturais Renováveis (Ibama). O atestado dá ao con- proprietário da Ouro Velho, uma das pioneiras na sumidor a garantia de que o produto não resulta do comercialização. Questionar a procedência e pedir corte descontrolado de árvores. Nos últimos anos, documentos (fotos e atestados da demolidora, entre com o crescimento da procura por materiais de outros) também ajudam. “Vale ainda confirmar se baixo impacto ambiental, surgiram selos que ofe- a marca permite ao cliente acompanhar algumas etapas de transformação do recem mais pistas sobre o material”, completa Sérgio. caminho dessa matériaIsso evitaria o engano de prima até nossa casa. Mas adquirir exemplares trabalhae no caso das peças de dedos para parecerem antigos. molição? Como saber de Empresas interessaonde vieram? “A procedas em aumentar a credidência é duvidosa, pois não bilidade e conquistar um existe um sistema de certidiferencial nesse mercado ficação para elas. O Ibama podem recorrer à certificanão exige qualquer tipo ção voluntária do Conselho de cadastro”, afirma Marde Manejo Florestal (FSC). cio Nahuz, do Instituto de José Ricardo Basiches “Quem já tem o selo ou trabaPesquisas Tecnológicas do Arquiteto lha exclusivamente com maEstado de São Paulo (IPT). Por isso, como ele indica, deve-se escolher um forne- deira de demolição passa por uma auditoria e incedor sério, com boa reputação. Nesse sentido, algu- clui uma certificação específica para materiais mas informações prévias importam: o IPT considera recuperados, mais comum entre as indústrias de madeira de demolição aquela que compôs a estrutura papel e papelão”, afirma Guilherme Stucchi, do de algum edifício (servindo de viga, caibro, ripa ou Imaflora, uma das principais certificadoras do país. Com o aumento da demanda e a redução dos esassoalho) que tenha sido simplesmente desmontada. Grande parte dessas situações ocorre hoje no Sul do toques, o consumidor já sente a alta nos preços. “Essa Brasil. “Muitas casas e galpões de antigas fazendas matéria-prima dá trabalho, pois precisa ser beneficiada de café no Paraná e em Santa Catarina estão sendo até virar tábuas com largura e espessura padronizadas, além de ser de ótima qualidaderrubadas para dar lugar de e naturalmente resistente ao plantio de álcool e soja”, a cupins e brocas”, justifica conta Marcílio Marques, difique de olho Jessé Lopes, gerente da Aroeiretor comercial da Vitrine, Cruzetas, dormentes ra. Para reduzir o desperdício, loja que incluiu a peroba e a e postes de iluminação: muitas empresas vendem as canela (as mais comuns) em use só em áreas externas réguas em larguras variadas. seu catálogo. “Até a década “Por terem ficado expostos ao “Dá um efeito ainda mais rúsde 60, usavam-se menos estempo, é grande a chance de estarem impregnados com creotico e interessante”, afirma pécies na construção civil, soto, produto tóxico derivado do a arquiteta Marta Sá Oliveio que explica a pouca variealcatrão, injetado sob pressão na ra. Vire a página e leia mais dade hoje”, complementa madeira para aumentar sua duopiniões e recomendações Marcio Nahuz, somando ao rabilidade”, alerta Marcio Nahuz. de quem entende do assunto. seleto grupo o ipê e a aroeira. [ ] Março 2014 Arquitetura & Construção 71 “ Marcílio Marques diretor comercial da Vitrine Como é muito resistente, apostei em aplicá-la até no banheiro para deixá-la envelhecer naturalmente Naoki Otake arquiteto cada placa cerâmica no padrão demolição imbuia mede 45 x 90 cm. da viarosa, R$ 73 o m². “ à prova d’água limpeza segura “Para a madeira não apodrecer, é essencial protegê-la da umidade”, sentencia Marcio Nahuz. Há diversos tipos de ceras e vernizes. A escolha depende do local da instalação e do resultado estético pretendido (natural, fosco ou brilhante). “No piso do estar, pode-se passar só cera de carnaúba. Mas áreas externas pedem resina com filtro solar”, recomenda Sérgio Fuzaro. Nem pense naquele pano molhado! Evite qualquer contato com a água. “Depois de varrer ou aspirar o pó, use pano levemente úmido, quase seco. A sujeira ou alguma mancha pontual saem com palha de aço, recurso que funciona muito bem nessas situações”, ensina Sérgio Fuzaro. De tempos em tempos, sempre na superfície já limpa, aplique cera ou verniz seguindo a indicação do fornecedor. [] a coleção síntese oferece porcelanato com tamanho de assoalho: 0,20 x 1,20 m. da eliane, R$ 136 o m². “Sabemos que não existem fornecedores suficientes para lidar com a demanda desse material precioso, cada vez mais raro”, afirma Bira Castellano, responsável pelo marketing da empresa ParquetSP, explicando a motivação para lançar uma linha que atendesse ao desejo do mercado. “De 20 pedidos, 15 querem o efeito da madeira de demolição”, ressalta. Outros fabricantes, também de olho no gosto do consumidor, saíram em busca de alternativas. A IndusParquet, por exemplo, usa toras maciças com lixamento, escovamento e tingimento especiais. Há ainda as opções de porcelanato, cerâmica e os pisos vinílicos, de PVC e até bambu. inspirada nas casas de colônias italianas, a linha painted hd, da portinari, sai por R$ 189,90 o m². as peças medem 0,20 x 1,20 m. novidade, a linha de vinílicos decore (eucatex) tem placas de 23 x 91,5 cm e camada de verniz com proteção uv. preço sob consulta. a linha wood planks ii, da episo, reúne 22 versões de pisos vinílicos com cara de madeira. o modelo brasília, de 0,20 x 1,22 m, custa R$ 35,50 o m². vida útil Quanto, em média, dura a madeira de demolição? “É difícil dizer porque são peças de excelente qualidade e naturalmente longevas – desde que não sofram condições extremas, como a exposição ao fogo ou a um regime de molha e seca”, avalia Marcio Nahuz. A idade avançada traz ainda outra vantagem, além da beleza de veios e ranhuras. “Elas trabalham menos do que os exemplares novos depois de instalados, reduzindo problemas como rachaduras”, garante Marcílio Marques. FOTOS: divulgação “ manutenção nota 10 No dia a dia, precauções simples garantem a beleza e aumentam a durabilidade do revestimento é de bambu o modelo de alta densidade com encaixe macho e fêmea. cada peça mede 9,6 x 91,5 cm. o m² vale R$ 258. da neobambu. Com novas tecnologias, a indústria de revestimentos já fabrica opções bem semelhantes à madeira de demolição “ Marta Sá oliveira arquiteta de pvc, a coleção ambienta inclui o modelo amaranto, com réguas de 18 x 95 cm. por R$ 90 o m², na tarkett. não é mera coincidência Escolher um fornecedor que realmente saiba trabalhar a madeira rústica é essencial para ter um piso elegante e garantir um acabamento impecável Jessé Lopes gerente da aroeira 72 Arquitetura & Construção março 2014 Gui Mattos arquiteto “ “ “ Apesar de sabermos a origem de nossa matériaprima, os clientes, na verdade, ainda não perguntam muito sobre ela “ uso esse material há anos. é bem aceito pela maioria dos clientes “ “ O processo de demolição é muito cuidadoso. Chamamos esta etapa de desmontagem de antigos galpões e fazendas desativados de madeira maciça, o black gold faz parte da linha antiquity, com chapas de 19,5 cm de largura e comprimento entre 40 cm e 2,20 m. por R$ 351 o m² instalado, na indusparquet. O antigo em nova versão A rusticidade, o efeito acolhedor e a sugestão de um passado cheio de histórias emplacam a madeira de demolição em projetos contemporâneos. Vinda de casarões da região Sul, ela encontra segunda chance nos mais diversos ambientes Por deborah apsan (visual) e giuliana Capello (texto) Fotos eduardo pozella no hall O revestimento cria unidade visual ao cobrir a superfície de 3,90 m na chegada do apartamento A ideia era simples: camuflar as duas portas (a social, com 1,40 m de largura, e a do lavabo) que dividiam a parede de entrada deste imóvel, em São Paulo. Como solução, a arquiteta Claudia Pecego forrou tudo de peroba. As réguas de 15 cm vestem não só os painéis pivotantes como também suas laterais. Dentro do banheiro, o mesmo material – desta vez, instalado na horizontal – ressalta a faixa espelhada. “Além de trazer harmonia e uniformidade, conseguimos aquecer o clima moderno e limpo da decoração, oferecendo contraste em relação ao piso de limestone”, diz a arquiteta. Como tratamento, a madeira fornecida pela Aroeira recebeu cera de carnaúba. Natural e incolor, ela realça os veios da matéria-prima. na cozinha Réguas de tamanho irregular no chão e tom acinzentado reforçam o apelo rústico Trazida do Sul do Brasil, a canela reveste todo o piso deste apartamento paulistano – inclusive a cozinha – de tábuas de larguras variadas. “Essa irregularidade atualiza o material”, diz a arquiteta Marta Sá Oliveira, que assina o projeto. Já na parede, a espécie surge em painéis com ripas de 10 cm. Eles foram aproveitados para embutir parte da elétrica do ambiente, além de abrigar as prateleiras, fixadas com ferragem invisível. A matériaprima (R$ 320 o m² com instalação) passou por um tingimento de efeito acinzentado, serviço feito pelo fornecedor, o Studio N Mobili Design. Como proteção, aplicou-se verniz fosco à base de água (Bona). “Para limpar, basta um pano úmido”, garante Marta. Cuidado essencial: na área da pia, uma faixa de porcelanato evita o contato direto com a água. no banheiro Sem medo de ousar, projeto emprega tábuas brutas até ao redor da banheira Nesta sala de banho, no interior de São Paulo, o jovem casal não teve receio – aceitou plenamente a proposta do arquiteto Naoki Otake e combinou cimento queimado a madeira de demolição como acabamentos. “Gosto muito dessa mistura, pois remete a uma atmosfera simples, mas calorosa”, afirma Naoki. A peroba antiga do piso, em vários tamanhos, veio da Vitrine (R$ 429 o m²). A instalação e a marcenaria são da Armário e Cia, que, com o mesmo produto, montou as pranchas em balanço, cuja sustentação de ferro vai embutida na parede. Resina incolor e sem brilho, à base de poliuretano (Milesi), garantiu o efeito natural e a proteção necessária contra a umidade. Toalhas da Trousseau e da Collectania. na escada no teto O tom palha do forro de peroba confere clima acolhedor à casa de estrutura metálica Deu trabalho. Primeiro, veio o esqueleto de cimento, sustentado por tirantes verticais de aço presos na viga por uma barra rosqueável. “A madeira surge, então, como uma caixa para empacotar cada degrau”, explica o arquiteto Arthur Casas, autor do projeto de visual cinematográfico, pensado para a residência paulistana de um jovem casal com filhos. As réguas de canela da ParquetSP (a partir de R$ 490 o m² instalado) apresentam larguras entre 10 e 30 cm e têm juntas desencontradas. “Elas estão presentes em todo o piso do imóvel, o que dá continuidade ao conceito”, complementa Arthur. Para finalizar, aplicou-se verniz fosco (Loba Brasil), produto de fabricação alemã que aumenta a proteção. No chão, em itens do mobiliário, nas portas e em todo o forro (na foto, vê-se o mezanino): a madeira é o destaque neste projeto do arquiteto Gui Mattos no interior paulista. “Ela dá um ar quase relaxado ao ambiente, traz história. É diferente de um imóvel em que tudo parece novo”, comenta. Só no teto, foram quase 500 m² revestidos de tábuas de peroba de 10 cm de largura com encaixe macho e fêmea (a partir de R$ 320 o m²), fixadas em barrotes presos na estrutura de metal. “Para um resultado mais atual e menos pesado, as peças de demolição originais, bem escuras, foram clareadas com cloro”, explica Sérgio Fuzaro, proprietário da fornecedora Ouro Velho, que há anos garimpa essas relíquias no Sul do país. Por último, veio a cera de carnaúba incolor. Fernando guerra/fG+SG Em sintonia, arquitetura e marcenaria formam degraus de concreto forrados de canela viver Viver Por silvia Gomez [email protected] Brincar, receber, contemplar Sombra sinuosa Das crianças às visitas, todos têm direito a este quintal de 180 m2, em São Paulo O aço-carbono do pergolado ganhou banho de vinagre para adquirir o tom avermelhado. A trepadeira jasmim-de-madagascar acompanha seu desenho. Reportagem Visual deborah apsan texto laís semis Fotos Evelyn müller Ana e James desejavam apenas um quarto de hóspedes com mais privacidade, nos fundos do jardim. Mas Rodrigo Ohtake, arquiteto responsável pela obra, não pôde desperdiçar o potencial da generosa área que encontrou. “Faz parte da profissão oferecer além do esperado pelo cliente. Queria criar também um espaço lúdico para os pequenos”, afirma. A inspiração veio de Sasha, um dos filhos do casal. “É você que vai desenhar nossa casa na árvore?”, perguntou o menino de 4 anos. Dito e feito: o ipê e o coqueiro na lateral do terreno viraram a estrutura principal do brinquedão, erguido pela OTK Construtora com eucalipto de reflorestamento e cedro (madeira reutilizada das fôrmas empregadas para moldar o concreto do bloco das visitas, executado pela Série 7 Engenharia). O pergolado metálico arremata o conjunto, ligando a residência ao cômodo. Anexo multiúso Fechado com vidro, o ambiente para hóspedes tem, ainda, bancada de escritório e um projetor. segurança nas alturas Construída em torno dos troncos, a casinha não é sustentada somente pelas árvores. O arquiteto Rodrigo Ohtake utilizou a escada de marinheiro e o poste de descida também como elementos estruturais. Além disso, dois tirantes metálicos, pintados de verde, conectam o teto ao piso suspenso, ancorando a base. 42 Arquitetura & Construção março 2014 viver Como montar um microestúdio Conheça os recursos técnicos empregados neste projeto Som na caixa! O morador trocou o lavabo por uma cabine de gravação reportagem Visual carolina diniz texto marjorie okuyama fotos evelyn müller Quando deixou o emprego de engenheiro no barulhento metrô paulistano para seguir a carreira de locutor e dublador, Roberto Rocha percebeu que um estúdio particular lhe traria qualidade de vida. E acertou em cheio. “Além de evitar o trânsito, dobrei minha produtividade, já que, agora, consigo entregar as encomendas em prazos curtos”, conta. Como mora num apartamento de apenas 70 m2, a saída foi transformar o lavabo, pouco utilizado. Comandada pelo arquiteto Diego Revollo, a reforma do ambiente de 2,10 m2 se concentrou em aperfeiçoar a acústica. “Pensamos em construir uma caixa de madeira maciça. Esse visual é reforçado pelo rebaixo do forro, que esconde a tubulação do antigo banheiro”, explica Diego. Engana-se quem acha que Roberto não sai mais de casa. “Sempre levo meu cachorro, o Benedito, para passear.” truque de Cinema Tudo escondido Os fios dos equipamentos estão guardados num fundo falso, solução que deixa o visual mais clean. Duas portinhas ocultam o vão de 10 cm de profundidade. madeira até no teto Para conquistar ainda melhor desempenho acústico no ambiente, saiu o forro de gesso, e entrou o de pínus maciço, aproveitado para embutir o trilho da porta-camarão. Spots direcionáveis clareiam a mesa. Encomendada à Marcenaria Freire’s, a execução da caixa saiu por R$ 9 mil. A obra durou 30 dias. Piso e paredes de Tecnocimento (NS Brazil). Em vez de usar a madeira laminada chapada, o arquiteto optou por painéis maciços ripados. “É a mesma ideia das salas de cinema, que possuem paredes irregulares: o som rebate nos diferentes ângulos e produz um áudio mais limpo”, esclarece. revestimento acústico A espuma de poliuretano absorve as altas frequências, evitando a reflexão da voz na parede. Instaladas atrás da porta e na lateral esquerda do estúdio, as placas não são vistas de fora. março 2014 Arquitetura & Construção 45 viver Cidades mais verdes – e vivas nessas áreas pistas de cooper, brinquedos, equipamentos de ginástica e bancos? Assim, estabelecem-se usos, a calçada fica sempre cheia de gente e, o mais importante, segura. Jardim na cobertura Da vontade de viabilizar telhados verdes mais leves, surgiu a inspiração para o Tec Garden De que é feito o piso permeável? Ele leva pedriscos com cimento ou resina. Atualmente, diversas empresas já o produzem – até com descar tes moídos de cerâmica. Era justamente o que eu queria: mostrar ao mercado que era possível. Dá para formatar essa massa do jeito que quiser, como blocos ou placas. O piso vai assentado sobre areia, e a água consegue chegar à terra. Por não haver rejunte, precisa ser travado com limites nas laterais, a exemplo de muretas e guias. Em que consiste essa proposta? Uma das primeiras facetas é o piso permeável, produto que elaborei depois de muitos testes, em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Para além das calçadas, como pensar os núcleos urbanos Portland (ABCP). Aliás, ele pesou bastante na escolha do hoje? O que chamo de Cidade Verde é uma continuação da escritório para o Prêmio Greening, já que concebemos tam- Calçada Viva. Falamos, agora, de muros, coberturas e viadutos. bém materiais e paisagens. Esse pavimento permite que Vestidas de trepadeiras, essas superfícies seguram o calor das a chuva penetre o solo, diminuindo as enchentes. Se pelo ruas e minimizam a radiação. Por isso, desenvolvi até propostas para habitações sociais com fachadas verdes. A espémenos parte dos 60 mil km de calçadas da capital paulista cie deve ser adequada a cada região. fosse assim, os alagamentos seriam resolvidos. Outra característica es“Se parte dos 60 mil km Aqui, plantas como a falsa-vinha se mostram ideais: perdem as folhas tá na presença de vegetação. Parece de calçadas no inverno, deixando o Sol aquecer o simples, mas ela ajuda a retardar de são paulo fosse prédio, e ficam cheias no verão, o que a chegada da água ao solo, além permeável, os proporciona frescor. Melhoraríamos de originar um ambiente agradáalagamentos seriam não só o clima como também a estétivel, fresco, sombreado e menos ca do entorno. Beleza traz dignidade. poluído. E por que não construir resolvidos” benedito abbud arquiteto paisagista 46 Arquitetura & Construção março 2014 propostas bem boladas Piso drenante As calçadas permeáveis e arborizadas são vitais para prevenir as enchentes, cada vez mais comuns nos centros urbanos divulgação Como seu escritório abraçou a sustentabilidade? Há muito tempo trabalhamos com essa questão e entendemos que a arquitetura paisagística melhora a cidade em vários aspectos, desde a poluição e a temperatura do ar até a segurança das ruas. São Paulo, por exemplo, deixou de ser a Terra da Garoa para se tornar um lugar seco, com o Sol sendo refletido somente por prédios. Cresceu, então, a vontade de discutir a importância da arborização, e isso ficou mais evidente a partir de 2006, ano em que apresentei na edição paulistana da mostra Casa Cor meu projeto Calçada Viva. um piso de plástico reciclado para coFora isso, assino cada vez mais projetos berturas, que reserva a água de chuva, de cidades estruturadas com parques dispensando bombas de irrigação. O lineares. Eles priorizam os percursos excesso é guardado num depósito vazapara quem vai a pé ou de bicicleta e tido embaixo das placas e volta por capiram o foco do carro. São estreitos e lonlaridade para molhar o jardim suspenso gos, envolvidos na vegetação. Acho babenedito abbud (veja na ilustração abaixo, à esq.). Esse cana não trabalhar só para ambientes privados. Afinal, mais da metade da população mundial já sistema suporta até árvores maiores, como palmeiras e frutíferas, mora em cidades, carentes de verde para a qualidade de vida. sobre a laje de casas e garagens, em vez de só grama. Eu o inventei há cinco anos e ofereci à Remaster, que o comercializa. Minhas E os telhados verdes, vistos como alternativa para a falta soluções ocorrem sempre com base nas necessidades reais da de natureza nas metrópoles? São essenciais. Criei, inclusive, prática diária do paisagismo. E acho que os sonhos não devem um produto batizado de Tec Garden. Basicamente, trata-se de ficar no papel – batalho muito para que se materializem. 1 1 2 1. vegetação rica O sistema recebe, inclusive, árvores sem sobrecarregar a estrutura. Isso graças ao substrato especial que substitui a terra, uma mistura de cascas de arroz e café, raspas de madeira e folhas. 2. estrutura suspensa Erguidas com pedestais, as chapas de plástico reciclado formam um espaço vazio para o acúmulo da água. 2 3 3. reserva temporária O volume da chuva fica armazenado aqui. Pavios o conduzem por capilaridade para irrigar a vegetação acima, o que elimina o gasto com energia e bombas. Quem fabrica: Remaster 1 2 3 1. Placas permeáveis Aceitam qualquer formato. O importante é a composição – pedriscos com grânulos de cerca de 1 cm de diâmetro, agregados a cimento ou resina. 2. leito de areia Nada de rejunte. Os blocos são apenas intertravados sobre a primeira camada, de areia. 3. Mix de Pedriscos Sob a areia, acomodam-se outras duas camadas: uma de pedriscos finos e outra de grossos. Elas fazem uma espécie de filtro que deixa a água chegar ao solo. Quem fabrica: Acquadreno, Brasil Revest (linha Renger) e Braston março 2014 Arquitetura & Construção 47 Ilustrações: 1.Campoy Estúdio 2. divulgação O arquiteto paisagista Benedito Abbud é um sonhador. Quando começa a contar sobre sua carreira de 33 anos, não menciona apenas jardins de casas privilegiadas. Suas ideias vislumbram uma vida urbana diferente, construída com calçadas, muros e fachadas verdes e saudáveis. Nesta entrevista, ele partilha esses conceitos, que lhe renderam honrarias como o troféu do Prêmio Greening 2013, do Green Building Council Brasil (GBC Brasil) “mais da metade da população mundial já mora em cidades, carentes de verde para a qualidade de vida” comente a&[email protected] facebook.com/arquiteturaeconstrucao [ no facebook ] A capa de março fez sucesso na rede Esta edição está linda. Adorei tudo! Fale com a Redação Julia Damasio Dúvidas sobre sua assinatura, reclamações e alteraçÕES de endereço Telefone: (11) 5087-2112, Grande São Paulo. Outras localidades, ligue de graça: 0800-7752112, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 h. Fax: (11) 5087-2100. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 6o andar, CEP 05425-902, São Paulo. E-mail: abril.sac@ abril.com.br Site: www.abrilsac.com.br Perfeito. Hyara Rodrigues Amo madeira de demolição. Milena Aparecida Orlandi Adorei! Regiane Golla Madeira, pedras e tijolinhos são de uma beleza sem igual. Simone Siles ATENDIMENTO AO LEITOR Se você quer fazer comentários, sugestões, críticas ou tirar dúvidas, ligue para o telefone (11) 3037-4597, de segunda a sextafeira, das 10 às 12 h e das 14 às 17 h. Fax: (11) 3037-5277. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 5o andar, CEP 05425902, São Paulo. E-mail: a&c.abril@atleitor. com.br Site: www.casa.com.br/arquitetura Gostei de tudo. Telma Lúcia Cenário carioca A casa da artista Bia Lessa (À Sombra do Flamboyant, pág. 90) ficou linda. Morro de saudades do Rio de Janeiro, onde morei por sete anos. A sensação de estar naquela paisagem é única. Ana Paula Brito de Oliveira, Botucatu, SP 2 Foco na energia Paisagismo urbano Fantástica a reportagem Cidades Mais Verdes – e Vivas (pág. 46). Calçadas são um assunto de muita importância, não somente pela absorção das águas mas também pelo acesso de cadeirantes e idosos. André Ribeiro, Rio Claro, SP Gostaria de deixar registrado: a reportagem A Quantas Anda Sua Rede Elétrica? (pág. 102), bastante elucidativa, chamou a atenção para a manutenção e mostrou as consequências de detalhes que passam despercebidos, já que a fiação 2 se encontra oculta nas paredes. Meire Marques Gonçalves, Apucarana, PR Tudo o que é relacionado ao mundo da iluminação me interessa muito. Alessandra Rabelo, Taguatinga, DF Assinaturas Telefone: (11) 3347-2121, Grande São Paulo. De outras localidades, ligue de graça: 0800-7752828, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 h. Fax: (11) 5087-2100. Cartas: av. das Nações Unidas, 7221, 6o andar, CEP 05425-902, São Paulo. E-mail: abril.sac@ abril.com.br Site: www.assineabril.com.br Edições anteriores Devem ser solicitadas a seu jornaleiro. O preço será o da última edição em banca. Atendimento sujeito à disponibilidade no estoque. Anúncios Telefone: (11) 3037-3485. Fax: (11) 30375682. E-mail: casaeconstrucao@abril. com.br Site: www.publiabril.com.br Trabalhe conosco www.abril.com.br/trabalheconosco Parabéns pela homenagem ao mestre Athos Bulcão (pág. 96). Convivi com ele quando o auxiliava durante sua internação no Hospital Sarah, em Brasília. Eu lembro que pediu para comprar um creme dental porque queria cortar um cantinho da embalagem e usá-la num trabalho. 1 12 Arquitetura & Construção abril 2014 Antônio Carlos Bastos, Rio de Janeiro fotos: 1. Divulgação 2.luciana soga Memória de Athos custou R$ 107 mil Em Brasília, um jovem de 24 anos levou apenas três meses para erguer esta morada de 64 m2. Fundações simples e estrutura metálica colaboraram para a obra rápida e econômica Por deborah apsan (visual) e nilbberth silva (texto) Projeto 1:1 arquitetura:design Fotos edgard cesar Sete portas deslizantes formam uma cortina de 8,85 m de vidro temperado nas fachadas sudeste e sudoeste, dissolvendo a fronteira entre o interior e o gramado. Quando abertas, permitem que as festas do morador se estendam da casa ao jardim. 74 Arquitetura & Construção abril 2014 abril 2014 Arquitetura & Construção 75 S e alguém visitar esta pequeao gramado, palco de animadas festas. na casa em Brasília durante Privilegiar a vida social foi justameno dia, é bem provável que oute o ponto de partida para a criação virá a música do compositor da planta. A cozinha é americana, e a francês Claude Debussy fluindo das sala acomoda confortavelmente seis caixas acústicas enquanto o morador, pessoas. As portas de vidro se abrem o advogado Antonio Barra, estuda na em duas laterais, assim as reuniões mesa da cozinha. Caso o visitante chemaiores se estendem sem obstáculos gue à noite, encontrará o rapaz entreaté o exterior. Para utilizar o espaço tendo convidados com jazz e MPB no ao máximo, o projeto de interiores Zeca Bento, o gato, reina sozinho quando home theater. E quem passar ao longo Antonio está fora. Durante as horas de estu- e mobiliário ditou a organização fido fim de semana topará com uma do do dono, o bicho de estimação pede colo. nal. Com a mãe do cliente, Eduardo dezena de companheiros papeando escolheu peças de design brasileiro, ao som de rock. Hoje, o sistema de som ambiente é uma das como a poltrona Xibô (vista na pág. 74), de Sergio Rodrigues. características do lar que mais alegra o jovem, de 24 anos. Sim, a economia na obra foi tanta que sobraram recursos paAntonio se mudou de Portugal há pouco para ten- ra adquirir móveis de design. O arquiteto cortou custos ao tar o ingresso no Instituto Rio Branco, escola que forma simplificar o desenho das esquadrias e usar revestimentos diplomatas. Deixou os pais e a confortável casa do outro baratos, a exemplo do porcelanato com aparência de ladrilado do Atlântico. A saudade? Ele amainou fazendo ami- lho hidráulico. A estratégia viabilizou outro mimo: duas fagos. Para morar, em vez de continuar num flat e pagando chadas ganharam uma fita de aço, que rompe a aparência aluguel, o moço resolveu usar o pé-de-meia, obtido com monolítica da morada e funciona como degrau de entrada. a compra e venda de ações – e esperava ver acontecer em Quem passa e vê a construção não percebe, mas ela é provisua obra o mesmo retorno rápido do mercado financeiro. sória. Quando casar, o rapaz planeja erguer uma residência maior Com arquiteto Eduardo Sáinz, do escritório 1:1 ao lado e transformar esta num anexo da piscina. Divisórias daarquitetura: design, rão lugar a armários decidiu constr uir para adega e biblioteca. utilizando estrutuEnquanto esse sonho ra metá lica, lajes não se realiza, Antonio pré-fabricadas, funestuda, ouve música e dações simples e diacompanha o crescivisórias de drywall. mento da única árvore A residência custou do terreno. A planta R$ 107 mil e ficou tinha 1,50 m quando a pronta em três meses. obra começou. Agora, Seus 64 m2 se voltam quase alcança a laje. O rasgo de 30 cm acima da bancada ilumina naturalmente o granito preto são gabriel, sem diminuir a privacidade no cômodo. O amarelo do gabinete foi sugestão do arquiteto: a cor dialoga com os tons terrosos do porcelanato e do pendente Bossa (Lumini). 76 Arquitetura & Construção abril 2014 O tampo de vidro temperado (0,80 x 1,50 m) da mesa de refeições divide cozinha e sala. Uma das extremidades se apoia num tronco encontrado pelo morador, e a outra foi engastada na marcenaria, reforçada por perfis metálicos. Em primeiro plano, a mesa centroarq, do Estudiobola. abril 2014 Arquitetura & Construção 77 Uma fita metálica, coberta de massa corrida no mesmo tom do aço corten, diminui a insolação sobre os vidros. A peça também atua como degrau para quem entra na casa, além de trazer movimento à fachada. Acima: Antonio e Zeca Bento aproveitam a companhia um do outro na porta que se abre para a rua. O próprio rapaz pintou a fachada de tinta que imita cimento queimado. Abaixo: através da cortina de vidro, o quarto recebe o sol da manhã. abril 2014 Arquitetura & Construção 79 uma casa em quatro etapas As fases abaixo sintetizam o passo a passo da construção, finalizada em julho do ano passado, e representam a maioria dos gastos da empreitada, que saiu por R$ 1 680 0 m2 (sem o custo da marcenaria) estrutura fachada As sete folhas de vidro temperado (2,40 x 8,85 m) estão presas a trilhos de alumínio – simplificar os caixilhos diminuiu os custos do projeto. As paredes externas receberam tinta com efeito de concreto (Suvinil, ref. tubarão cinza, D 380) e uma camada de selante com proteção contra raios ultravioleta. Fabio Flaks A armação metálica é composta de oito colunas (0,15 x 0,15 x 3 m) e quatro vigas. “A obra é muito pequena para sofrer esforços de dilatação consideráveis. Por isso, não previmos nenhuma junta adicional”, afirma o arquiteto. Como cobertura, laje pré-moldada impermeabilizada e telhas de fibrocimento. N 0m 9,8 6,5 0m Fundação acabamentos O terreno plano e resistente do Planalto Central aceita fundações simples. As oito estacas de concreto armado (0,30 x 0,30 x 3 m) apoiam a laje pré-moldada, com contrapiso de 5 cm. O conjunto foi feito em uma semana, economizando no pagamento da mão de obra. O porcelanato Broadway (0,60 x 1,20 m), que imita cimento queimado, reveste o piso de todos os cômodos, com exceção do banheiro. As paredes da cozinha receberam o modelo Rio Retrô, escolhido por se inspirar no bairro carioca do Leblon (60 x 60 cm, também da Portobello). A mesma tinta usada na fachada cobre a face interna das paredes e o drywall. total: R$ 107 mil ÁREA: 64 M2; projetos complementares: MD construções; Projeto de interiores e iluminação: 1:1 arquitetura: design 80 Arquitetura & Construção abril 2014 O patamar onde Zeca Bento aproveita o sol está elevado 25 cm do chão. A ideia é que a futura piscina avance por baixo dele até o limite da sala, quando a atual construção for transformada em anexo. abril 2014 Arquitetura & Construção 81 verve rural As linhas retas, o toque rústico, certo ar europeu... O conjunto harmonioso desta vivenda no interior paulista resulta de uma equilibrada mistura de influências, balanceada pelo arquiteto Gui Mattos Por deborah apsan (visual) e joana l. baracuhy (texto) Projeto gui mattos arquitetura Fotos eduardo Pozella Ingrediente que distingue a construção, o revestimento externo coube à Pedras Capricórnio. Os paralelepípedos de granito, identificados na empresa como tozetos de moledo lavrados à mão, foram assentados com junta seca (sem massa aparente). 46 Arquitetura & Construção abril 2014 Dedicada ao lazer, a casa conta com uma piscina à frente, encaixada no desnível natural. Assim, resta uma área ampla e segura para as crianças brincarem. Com raia e prainha, o tanque ganhou forração de pedras greenstone (10 x 10 cm, da Palimanan). abril 2014 Arquitetura & Construção 47 Amparado em tesouras metálicas, acima de trechos envidraçados no alto das paredes, o telhado parece flutuar sobre a sala de estar. O núcleo revestido de pedra contém a cozinha e reforça o efeito: não encosta no teto e ainda sustenta um mezanino aberto. B em postado entre os nomes que edificam a ar- Oportuna, a ideia convenceu os clientes, que levaram quitetura contemporânea brasileira, marcada outra sugestão à mesa de reuniões: que tal incorporar por volumes puros e concretos, o arquiteto alguma referência ao visual típico da Apúlia? A menção paulista Gui Mattos ficou anos sem projetar às moradias rurais centenárias dessa região da Itália, uma casa com telhado aparente – até receber no es- famosas pela cobertura cônica de pedras acinzentadas critório, em 2010, uma família interessada em erguer e esmaecidas, deu contornos definitivos à construção. O que se viu a seguir foi o amadurecimento de um lugar para passar os fins de semana longe da cidade grande. Estava dada a rara condição: o terreno de um conjunto que mesclava, de modo original, as res2 443 m2, a cerca de 120 km de São Paulo, localiza-se trições do condomínio e os desejos e pedidos do casal, num loteamento dentro de uma antiga fazenda con- sempre com a participação dos dois, que opinaram vertida em empreendimento de lazer. Justamente para decisivamente sobre o que deveria constar do papel e proteger essa atmosfera, o condomínio impõe diversas ganhar materialidade. Um bom exemplo está na estruexigências aos interessados em se instalar por ali. Ve- tura metálica. Eleita quando o proprietário encontrou um fornecedor de confiança, ela tados as lajes planas e os terraços, comparece em todo o refúgio e dá tudo deve ostentar coberturas de alguma leveza a seu visual. Tamduas águas e material orgânico. bém a pedra bruta, essencial para Se, no princípio, tal limitação o toque contadino, entrou na paufez a cabeça do arquiteto pender ta. Das cinco amostras testadas para uma linguagem obviamente no canteiro, em cores e formas brasileira, um fato novo inseriu variadas, elegeu-se a mais retilícoordenadas diferentes no seu nea. Com ela, Gui pôde forrar plaGPS estilístico. “No meio do projenos e quinas sem deixar arestas à to, pensei em organizar a casa em mostra – um desenho geométrico dois blocos. Um seria dedicado à e simples, no qual as telhas cerâconvivência, mais aberto e expanmicas pouco aparecem. Estava sivo, e o outro, íntimo, reservado, gui mattos vencido o desafio contemporâneo. ideal para descansar”, diz ele. arquiteto “Da sala, veem-se a mata e o lago. já os quartos se voltam para o outro lado, são mais contidos” 48 Arquitetura & Construção abril 2014 Quatro folhas de correr unem integralmente a sala à varanda. Para instalar uma esquadria tão larga e pesada, foi preciso fixar uma aba de aço na viga metálica, que sustenta os robustos batentes e acomoda as numerosas guias dos caixilhos. OIrit alit euip it praesse it praesse exer sed mod molorpe rciliqui blaore ting elit, si. Idunt vullaore velesti smolor sed magna faccumsandit praesse tionsed mod tem at nibh erci elesto duipisismod ercil delesse dolor sed euis el ex ea consequis ad tetum verat. Duiscing ex esequip summolorero cons abril 2014 Arquitetura & Construção 49 1 3 1. Os corredores possuem o mesmo assoalho de peroba de demolição clareado que desponta em quartos e salas. 2. Aqui e ali, vidros fixos ajudam na entrada de luz. Este fica na subida que leva aos quartos. 3. As varandas são todas recuadas, como a do casal, dotada de guarda-corpo transparente. 4. Para resistir ao tempo e delinear os vãos, as portas de correr (Mado) levam pínus tratado quimicamente e ebanizado. 2 4 Aparentes na ala social, vigas e pilares empregam dois perfis em forma de C unidos – assim, as peças da armação metálica exibem as quatro faces planas. Nas paredes de alvenaria, tinta à base de terra (Solum). 50 Arquitetura & Construção abril 2014 abril 2014 Arquitetura & Construção 51 O clima de aconchego deve muito ao forro de peroba de demolição (Ouro Velho), clareada para não pesar no visual. O armário a meia altura atrás da cama separa o quarto do banheiro. 52 Arquitetura & Construção abril 2014 Impermeabilizadas, chapas (1 x 1 m) de arenito sandstone mate revestem, de cima a baixo, a sala de banho do casal. Discretos muxarabiês de cumaru (Kits Aero) resguardam o ambiente. abril 2014 Arquitetura & Construção 53 A vista da fachada lateral revela um discretíssimo telhado cerâmico e aberturas que parecem escavadas no enorme monolito. É nesta face, voltada para leste, que se concentram os dormitórios, beneficiados com o saudável sol da manhã. paisagem e claridade a favor A implantação, mirando a mata à frente (mais adiante, existe ainda um lago), casou com a melhor incidência de sol nos quartos, no pátio e na piscina SALA DAS CRIANÇAS N 6 x 6,95 m SUÍTE 10 x 6,95 m SUÍTE varandA 5,55 x 5,50 m 5,55 x 13,60 m SALA de estar 7,80 x 9,20 m SUÍTE 5,55 x 5,50 m SUÍTE 5,55 x 5,50 m cozinha 5,55 x 5,50 m mezanino 5,65 x 5,70 m lav. 3,30 x 3,75 m acesso disfarçado Ele acontece pelos fundos, onde fica a garagem coberta – um pergolado cercado de paredes. Esse foi o modo que o arquiteto encontrou de guardar os carros sem que fossem vistos do corredor entre os dois corpos da casa. 6,15 x 7,65 m Ilustrações: campoy estúdio SUÍTE SUÍTE 5,55 x 5,50 m garagem 6 x 6,95 m primeiro pavimento: 229 m 2 Térreo: 432 m2 ÁREA: 661 M2; sondagem: MecSolo engenharia; projeto de fundações: Appogeo; Projeto de estrutura: Inner engenharia; projeto de instalações: P. D’Aprile Consultoria; Projeto de automação: Luis Arigucci; projeto de ar-condicionado: Thermax; construção: Plano engenharia e construções; estrutura: Systemac sistemas construtivos; Paisagismo: Rodrigo Oliveira; interiores: camila e mariana lellis 54 Arquitetura & Construção abril 2014 Quem entra na morada ou passa de um bloco ao outro atravessa este corredor, com teto de vidro e palha de dendê (Fibra Nativa), solução que barra a chuva e deixa passar uma suave luz filtrada. No piso, pré-moldados de concreto no tom cinza-escuro (ref. 2932), da Stone. abril 2014 Arquitetura & Construção 55 online @revistaaec @revistaaec Arquitetura & Construção O prático drywall Galeria de projetos do CasaPro dá ideias para quem quer usar esse sistema Baixe já em seu tablet e tenha uma experiência única! A possibilidade de ter uma obra limpa e a economia de tempo e espaço estão entre as vantagens do método. Veja mais de 50 exemplos em abr.ai/drywall-casapro casa-ateliê Conheça cada detalhe de um projeto na serra fluminense, pensado como moradia e lugar de trabalho de uma artista plástica Galeria exclusiva Quem não sonha com um refúgio no campo? Só no tablet você encontra mais fotos desta construção inspiradora no interior de São Paulo 2 1 talentos dos quatro cantos A cada dia, um nome diferente. A partir deste mês, acompanhe o perfil de arquitetos de todas as regiões do país O material aparece nesta cabeceira. Autoria de Karla Amaral Madrilis. 2 Bahia, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais... Se você busca um profissional em seu estado, vai adorar seguir a nova série de entrevistas Arquitetos do Brasil. O raio X desses craques inclui fotos de seus variados projetos. Não perca: abr.ai/arquitetosdobrasil Piso do banheiro sem caimento correto, água infiltrada pela janela, peso excessivo sobre estruturas... A falta de orientação técnica dá nisso e pode significar dor de cabeça e gastos extras. Conversamos com o engenheiro civil Sérgio Lima para descobrir os enganos recorrentes. abr.ai/micosdaobra edições no tablet Nova ação permite assinatura digital Já pensou em aderir a um serviço de acesso ilimitado às revistas no tablet? Para ler a versão de ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO e de outros três títulos da Editora Abril, cadastre-se no Iba Clube e tenha acesso gratuito por um mês. Passado esse prazo, o valor mensal é de R$ 19,90. www.ibaclube.com.br 2 Jacqueline Fumagalli criou molduras amarelas para as laterais da janela. 2 no instagram A edição comentada na rede 2 Na sala assinada por Deise Maturana, um painel embute a TV e a iluminação. Já temos mais de 5 mil seguidores. Tire uma foto da capa mostrando seu momento com a gente e marque #revistaaec por dentro das feiras Março foi o mês dos maiores eventos de construção em São Paulo “Nada melhor do que começar um dia de trabalho com inspirações deliciosas! Mesmo na era digital, não abrimos mão de uma boa revista” @portoemanfrin 14 Arquitetura & Construção abril 2014 2 Confira nossa cobertura: produzimos vídeos e galerias de imagens com os lançamentos mais bacanas da Expo Revestir e da Feicon Batimat. abr.ai/eventos-aec fotos: 1. reprodução 2. arquivo pessoal previna-se Oito erros comuns em obras Seleção de arquiteto Convidamos 15 profissionais para eleger seus lançamentos preferidos na Expo Revestir. Confira as apostas deles E muito mais conteúdo editado sob medida Acesse nossas edições com o aplicativo gratuito Preparamos um vídeo rápido e didático, que mostra como fazer o download de sua edição digital. abr.ai/baixe-revistas abril 2014 Arquitetura & Construção 15 cubra o azulejo DE adesivo OBra obra sem drama Continuam em evolução os desenhos e materiais para esse fim. Nas coleções recentes, sobram estampas com apelo retrô e imitações de ladrilho hidráulico, como o modelo da Gecko (abaixo). Além de impermeável, tem uma lâmina fosca na superfície para maior durabilidade. O kit com 20 unidades de 13 x 13 cm sair por R$ 75. Outros fabricantes: Casa do Adesivo, Flok Tecido Adesivo, I-Stick e Papel na Parede. 2 Vidro: bom para revestir Versátil, o DecoCristal vem em chapas grandes (2,20 x 3,20 m) e pode ser aplicado diretamente na parede, desde que ela esteja nivelada e livre de umidade. Com 4 ou 6 mm de espessura, requer apenas silicone – do tipo neutro – para sua fixação (detalhe importante para que, depois de pronto, não apareçam manchas no painel). Brilhante, o produto tem quatro opções de cor: preto, branco, moca (foto) e chocolate. Pode, ainda, ser cortado, lapidado, bisotado e até mesmo perfurado. Da Guardian, sai por R$ 585 o m2 instalado (versão de 4 mm) na Amaral Vidros. Trabalho sim, tragédia não! Com essa meta na cabeça, elegemos 32 produtos e soluções engenhosos, na medida para quem planeja fazer mudanças rápidas e descomplicadas nos acabamentos Por Tatiane Domiciano seis vezes mais prática S 80 Arquitetura & Construção junho 2014 ces de o morador permanecer em casa durante o processo”, explica a arquiteta Thais Aquino, do DT Estúdio, de São Paulo. “Componentes secos, como drywall, manta vinílica e piso pronto, somam pontos nessa hora”, resume a arquiteta Fabiana Stuchi, do escritório paulistano Stuchi & Leite Projetos. Assim como produtos fáceis de aplicar, colar, grudar... Nos últimos anos, a indústria desenvolveu uma série de revestimentos de sobreposição, valiosos nas empreitadas expressas. Um pouco disso tudo você encontra nas próximas páginas. fotos: 1. eduardo pozella 2. Divulgação 1 e construção e reforma fossem ciências exatas, esta reportagem seria desnecessária. Porém, uma série de fatores inesperados costuma surgir – e tumultuar o andamento dos serviços – até mesmo nos mais organizados cronogramas de trabalho. Algumas noções básicas ajudam a minimizar o aparecimento e o impacto de surpresas indesejáveis. “O segredo de uma reforma de sucesso é ajustar três variáveis: tempo, orçamento e projeto. E, numa obra pontual ou rápida, existe um fator extra: há grandes chan- 2 2 A solução é inteligente e super-simples: cada conjunto de seis pastilhas cerâmicas (5 x 23 cm) vem unido em zigue-zague por pontos de cola de PVC, substituindo a tradicional tela aplicada no verso das peças. Intitulado Drop System, também dispensa a utilização de papel sobre a face esmaltada, o que torna o serviço mais limpo e ágil (o fabricante estima ganho de 30% na produtividade). As peças da linha Ônix têm cinco diferentes tons de cinza para uso interno ou externo. Da Atlas, custam, em média, R$ 70 o m2. junho 2014 Arquitetura & Construção 81 carpete modular e livre de cola renove com rolo e pincel Entre as tintas imobiliárias, desponta a versão epóxi para azulejo – grande aliada das reformas. O processo é simples (desde que o produto seja monocomponente), mas exige a limpeza total da parede: elimine toda a gordura, inclusive a acumulada nos rejuntes, e aguarde a secagem completa antes da pintura. Veja três opções à base de água, antimofo e com baixo odor: 1. Cozinhas & Banheiros, da Suvinil. A embalagem com 3,2 litros, na cor drinque refrescante (ref. B313), custa R$ 160, na Tintas MC. Rende até 70 m2. 2. Wandepoxy, da Coral. O galão (3,6 litros) de branco sai por R$ 172 e pinta até 60 m2. 3. Epóxi Base Água, da Eucatex. O galão (3,6 litros) no tom rosa (ref. 2269E) vale R$ 137,83, na Vaz Tintas, e cobre 70 m2. Em tempos de metragens enxutas, até o carpete pode ser modular. A linha Sand Herring, da Interface, vem em placas e não emprega cola para fixação: a junção dos quadrados ou retângulos têxteis leva pequenos adesivos, chamados Tac Tiles. Feitos de plástico, são suficientemente fortes para manter o carpete rente ao piso, mas, ao mesmo tempo, permitem a retirada e substituição de apenas um requadro dele se necessário (no caso de uma mancha, por exemplo). Como o carpete não adere definitivamente ao chão, pode ser aplicado em qualquer tipo de revestimento e preserva a base intacta. Além de a fixação ser fácil e não liberar compostos orgânicos voláteis (COVs), as placas de 100% náilon são laváveis – e, por isso mesmo, indicadas para quartos infantis. Com 0,50 x 0,50 m, 1 x 1 m, 0,25 x 1 m e 0,50 x 1 m, custam R$ 200 o m2. Para os que almejam uma pegada sustentável, outra coleção do mesmo fabricante, a Net Effect, usa o náilon de redes descartadas por pescadores. 1 82 Arquitetura & Construção junho 2014 3 2 a nova (e mais bela) face do Laminado Com acabamento alto brilho na frente e fosco no verso – sempre na mesma tonalidade –, as chapas coloridas da linha Cristallo pretendem assegurar a combinação perfeita entre a parte externa e a interna de móveis, gabinetes e painéis. Com visual espelhado e cores vibrantes (são 11 padrões, este é o Acqua), as placas de Madefibra BP (MDF produzido em baixa pressão), lançamento da Duratex, chamam a atenção. Proteção antirrisco e tratamento contra a proliferação de bactérias, mofo e bolor (Microban) figuram como atrativos do material (1,84 x 2,80 m, com 6, 15 ou 18 mm de espessura). Preço médio da opção mais espessa: R$ 230. 1 Quem sonha com um belo assoalho, mas não pode aguardar os 30 dias da colocação pelo método tradicional, tem, agora, uma alternativa: o piso Multiestruturado Nobile. As réguas (de 14 ou 19 mm de espessura, 14,8 cm de largura e comprimento entre 0,30 e 2,14 m) são compostas de lâminas de madeira cruzadas, com 4 mm de alguma espécie nobre por cima (na foto, uma das opções, o ipê), além de oito camadas de verniz e uma de óxido de alumínio para finalizar – garantia de alta resistência à abrasão. Graças aos encaixes do tipo macho e fêmea, a instalação é rápida. Após 24 horas da montagem, o ambiente está liberado para tráfego e disposição dos móveis. Da IndusParquet, varia entre R$ 252 e R$ 267 o m2. fotos: 1. Divulgação 2. eduardo pozella 3. Carol Ribeiro piso pronto, sem delonga 1 2 3 tacos lindos com duas demãos de tinta Solução rápida e econômica para um combalido piso de madeira: pintura. Antes, porém, a raspagem é obrigatória. A arquiteta Thais Aquino, do paulistano DT Estúdio, que assina o projeto acima, indica o Novacor Epóxi, da Sherwin-Williams, na cor preta (ref. 71). O galão de 3,6 litros, que rende entre 40 e 50 m2, custa R$ 138,79. 1 junho 2014 Arquitetura & Construção 83 tijolinho fácil é só grudar Que tal um faça você mesmo? Painéis autocolantes dispensam mão de obra especializada e argamassa de assentamento. 1. Mais de 60 modelos da Mosarte, indicados para paredes internas de alvenaria, drywall ou MDF, sem umidade, são dotados do Semplice: adesivo super-resistente para fixação de mosaicos de mármore e madeira. A versão Pétlas Bege (foto) mede 13,4 x 26,7 cm e custa R$ 70,42. 2. Da Terzian, as placas adesivas Aludesign, com pastilhas de alumínio, podem forrar áreas secas e úmidas, internas ou externas. O modelo C2468 tem 29,5 x 29,5 cm e sai por R$ 275 o m2. os pisos Fininhos estão com tudo Com apenas 1 cm de espessura (contra 5 cm da versão tradicional), o Provence confere a fachadas e interiores o aspecto dos desejados tijolinhos – mas apenas reveste as paredes, não as constitui. Fixado com argamassa comum, poupa espaço e tempo de obra. Mede 6,7 x 21,5 cm e pode ser encontrado nas cores avignon, cassis, marseille, luberon e nice, além da toulouse (abaixo). Da Palimanan, R$ 249 o m2. Ideal para quem não tem tempo a perder, o porcelanato com espessura reduzida se sobrepõe ao piso existente. Para isso, porém, é necessário utilizar a argamassa apropriada (existem várias marcas – algumas oferecem secagem rápida e vão bem até mesmo sobre ardósia e metal). 1. Item da série Colors, coleção Pietra Naturale, que imita o mármore de mesmo nome: crema marfil. Com 54 x 54 cm e 8,2 mm de espessura, tem acabamento acetinado e vale R$ 34,80 o m2. Da ViaRosa. 2. Produzido com tecnologia italiana, o modelo Laminum, da Eliane, possui dois formatos: 1 x 3 m e espessura de 3,5 mm (R$ 433 o m2) e 1 x 1 m com 5,6 mm (R$ 546 o m2). 3. A linha Econative (padrão wengue) integra a coleção Extra Fino, da Portobello. Com 0,20 x 1,20 m e 4,8 mm, permite colocação com rejunte estreito, de 2 mm. Sai por R$ 160 o m2. 1 2 1 2 3 instalação num clique calha vapt-vupt Que o led conquistou seu espaço, não há dúvida. Durável, o dispositivo que poupa energia vem surgindo em luminárias e equipamentos versáteis e fáceis de instalar. É o caso do Perfiled: um perfil de alumínio para fita de led, que pode ser colocado sob prateleiras e armários existentes. Da Labluz, é fornecido com 1 m (R$ 13), 2 m (R$ 24,68) ou 3 m (R$ 37,80), nas cores natural, preto e corten. Acima, projeto de Dado Castello Branco e armários da Ornare. 84 Arquitetura & Construção junho 2014 Uma vez ajustado à furação no forro, o embutido Poli solta molas laterais para garantir sua perfeita fixação. O tamanho destinado ao encaixe é padrão (6 cm de diâmetro). Como não utiliza parafusos, a luminária está instalada em apenas alguns segundos. Além disso, a estrutura de policarbonato resiste à umidade – perfeita para áreas molhadas e projetos no litoral. Precisa trocar? Basta puxar a moldura para acessar as molas, pressioná-las, e pronto! Da La Lampe, a R$ 92. fotos: divulgação luz de encaixar 1 2 3 4 De diferentes materiais, eles dispensam cola, podem ser usados sobre outro piso – nivelado e sem umidade – e retirados com facilidade. Os modelos com encaixe macho e fêmea prometem colocação rápida e menos de 24 horas para livre pisoteio. 1. As réguas vinílicas da linha Essence, da Tarkett, medem 0,20 x 1,22 m e saem por R$ 100 o m2. Na foto, o padrão cajá. 2. Flutuante e retificado, o Porcelanato AS, da Ceusa, imita madeira. As réguas, de 20,2 x 86,5 cm, com 13 mm de espessura (e 3 mm da manta usada sobre pisos existentes), custam a partir de R$ 125 o m2. 3. O laminado Aquaclic, da Formica, tem 0,18 x 1,22 m, 5 mm de espessura e dez padrões amadeirados. Sai por R$ 130 o m2. 4. Laminado Atrative, da Eucafloor (Eucatex), com 0,22 x 1,35 m e 8 mm de espessura, a R$ 89,90 o m2 instalado, em média. junho 2014 Arquitetura & Construção 85 elétrica aparente Obra mais rápida e menos sujeira Deixar a rede que conduz fios e cabos correr à mostra tem suas vantagens: modificação fácil do layout, inclusão de novos pontos sem alterar a parede e manutenção simplificada. Além disso, o material necessário pode ser facilmente encontrado em lojas do ramo e home centers por preços módicos. Na Power Material Elétrico, fornecedora do projeto ao lado, que leva a assinatura do paulista Paulo Mencarini, o eletroduto de aço galvanizado de 3/4 de polegada e 3 m de comprimento sai por R$ 15,90. Já o dailet (a caixinha que recebe as tampas de tomada e interruptor) custa R$ 4. Dica do arquiteto: “Como a tubulação fica aparente, é preciso capricho na execução. Por isso, recomendo contratar um profissional especializado para a instalação.” 1 1 2 2 2 Soluções simples para facilitar a reforma: 1. O Qualigesso Jet é um gesso projetado que funciona como acabamento e revestimento. A mistura elimina as fases de chapisco, emboço e reboco e pode ser aplicada diretamente na alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto. Da Gypsum Drywall, custa R$ 22 o saco de 40 kg. 2. Como o nome indica, o Salva Piso protege o chão contra danos, manchas e riscos. Impermeável, o produto associa plástico bolha resistente a papel Kraft. Sai por R$ 120 o rolo de 30 m2. marca pessoal A parede texturizada em menos de um dia – é o que promete a linha Selfdecor. Após fazer a mistura como manda a embalagem, aplique-a com trincha na superfície nivelada e sem trincas. Abaixo, o efeito metalizado, cor ouro. Da Bricolagem Brasil, vale R$ 10 o m2. 2 você monta placas super-resistentes Ele vem num kit com perfis de alumínio e duas chapas de vidro, com 1,10 m de largura cada uma (as portas abrem até 180 graus). O Box Certo inova pela instalação fácil, realizada sem ajuda profissional: basta seguir o manual. De canto ou frontal, com altura até 2,20 m, o item da Ideia Glass tem preço sob consulta. De drywall ou cimento, elas permitem erguer paredes rapidinho. 1. A Placo Impact soma gesso laminado e fibras sintéticas a um cartão especial. Assim, aguenta até 50 kg por ponto (de prateleiras, por exemplo). Da Placo, a R$ 20 o m2. 2. Feita de cimento reforçado com fio sintético ultrarresistente a impactos, a Eterplac, da Eternit, tem preço sob consulta. Ambas são fornecidas em várias dimensões e espessuras. 2 A instalação da coluna Fresh (20,3 x 48,5 x 144,5 cm e 48,5 cm de profundidade) não implica quebra-quebra, pois a peça usa o ponto de saída de água existente no banheiro. Os jatos de hidromassagem, que alcançam costas, lombar e pescoço, são abastecidos graças a um mecanismo interno. Da Roca, por R$ 9 190. Nada de mexer na rede hidráulica para economizar água. A Salvágua, da Docol, é compatível com diferentes tipos e marcas de registro e reduz o consumo em até 30% apenas pelo acionamento das duas teclas. O modelo Square Black, com pintura preta, custa R$ 88,02. 86 Arquitetura & Construção junho 2014 2 2 1 subindo! fotos: 1. Adriano Escanhuela 2. Divulgação banho a jato toque sustentável 2 Em apenas uma hora, a Do-Up, de 2,20 m, está de pé. Isso é viável porque o conjunto já vem pré-montado: basta fixar os suportes e os degraus, de vidro laminado ou de madeira, na coluna. Vale lembrar que a escada (também na opção de 4,20 m) dispensa alvenaria. Da Glass Vetro, custa R$ 5 mil. 2 2 87