SANTAS E SANTOS, NO ANO DA SANTIDADE (19) Pe. Joaquim

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SANTAS E SANTOS, NO ANO DA SANTIDADE (19) Pe. Joaquim
 SANTAS E SANTOS, NO ANO DA SANTIDADE (19) Pe. Joaquim Leite De todos os santos chamados João, dois, pelo menos, são portugueses: São João de Brito e São João de Deus. O primeiro é celebrado a 4 de Fevereiro; o segundo, dentro de um mês. Como bons portugueses, ambos “emigraram”: João de Deus para Espanha; João de Brito, para a Índia. João de Brito nasceu e morreu no séc. XVII. Era alfacinha de gema e indiano de coração. Aos nove anos, foi viver para a corte de D. João IV para ser pajem do príncipe D. Pedro. Quer dizer que João tinha sangue azul. Aos onze, ficou gravemente doente. A mãe prometeu a São Francisco Xavier que, se o menino curasse, ele usaria, durante um ano, o hábito dos jesuítas. O rapaz curou e a promessa foi cumprida. Imaginem só o gozo quando ele voltou para a corte vestido de fradinho preto. Os seus companheiros, que já antes o tinham alcunhado de martirinho (gozavam com ele pela sua piedade precoce e sem respeitos humanos), ajuntaram‐
lhe outra alcunha, a de apostolinho. Brincadeiras proféticas! João veio a ser tão grande apóstolo lá na Índia que até lhe chamaram o São Francisco Xavier português. Quanto a martírio, teve‐o e bem cruel aos 46 anos: degolado, decepado de pés e mãos, espetado num poste e exposto na praça pública. Mesmo sem ver, é de arrepiar! No início da adolescência, João passou da corte para o noviciado dos jesuítas, em Lisboa. Logo manifestou o desejo de seguir as pegadas de São Francisco Xavier. Não esperou pela demora. Mal foi ordenado, embarcou para a Índia com dezassete companheiros. Ficou em Goa algum tempo para completar os estudos. Finalmente, partiu para a missão do Maduré, no sul do país, onde viveu plenamente a sua vocação missionária. Certamente que já viram uma imagem de São João de Brito. A sua indumentária nada tem a ver com a batina preta dos Jesuítas. Bizantinice do santo? De modo algum. Perante a enorme dificuldade de penetrar no mundo hostil das castas superiores, João aderiu à novidade missionária introduzida pelo jesuíta Pe. Roberto de Nobili: fazer‐se tudo para todos para levar todos a Cristo. (Isto cheira a São Paulo) Ou seja, adoptar os costumes, cultura, indumentária e alimentação da gente do país para abrir caminho ao Evangelho. De início, a Igreja aprovou. Mas foram tantas as críticas e discussões que, num dado momento, retrocedeu. Que pena| Era o que nós hoje chamamos de inculturação.