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Clipping Nacional de Educação Terça-feira, 15 de Setembro de 2015 Capitare Assessoria de Imprensa SHN Qd2Edifício Executive Office Tower Sala 1326 Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br O GLOBO 15/09/15 A realidade sem tirar nem pôr Um governista constata que o Palácio do Planalto terá que ter uma articulação política que não tem para aprovar as medidas anunciadas ontem. O PMDB, a oposição e as siglas de centro da base vão contestar a volta da CPMF. Com o agravante de que ela ficará apenas com a União. Não será partilhada. Governadores e prefeitos estão indignados. Os ruralistas vão resistir à revisão da subvenção aos preços agrícolas. O PT tem vários temores. Cortes na agricultura familiar, no Pronatec, no Fies, no ProUni e no Bolsa Família, além do Minha Casa Minha Vida. Mas o mais candente será o do salário do funcionalismo. Esse segmento é uma base forte e organizada do partido. PANORAMA POLÍTICO O GLOBO 15/09/15 O PAÍS Mais impostos do que corte de gastos Depois da perda pelo Brasil do grau de investimento, governo Dilma anuncia medidas para equilibrar contas; recriação da CPMF é a principal proposta Catarina Alencastro, Geralda Doca, Washington Luiz, Simone Iglesias e Eliane Oliveira BRASÍLIA Cinco dias depois de ter a nota de investimento do Brasil rebaixada pela agência Standard & Poors, o governo apresentou ontem um duro ajuste fiscal, propondo um aumento de R$ 40,2 bilhões na arrecadação, com R$ 32 bilhões provenientes de uma nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), desta vez voltada para pagar aposentadorias. Além disso, o governo anunciou um corte de R$ 26 bilhões nas despesas. Foi revelado também que a projeção de déficit do orçamento 2016, enviado ao Congresso há duas semanas, é maior que R$ 30,5 bilhões. Ontem, o Executivo deixou claro que as receitas foram superestimadas em R$ 5,5 bilhões, e os gastos com o seguro desemprego subestimados em R$ 1,3 bilhão. Ou seja, o rombo sem os cortes de despesas e aumentos de receitas ficaria em R$ 37,3 bilhões. A revisão dos dados será enviada hoje ao relator da proposta orçamentária. A nova CPMF terá duração de pelo menos quatro anos e será voltada para abastecer os cofres da Previdência. Será cobrada alíquota de 0,2% de qualquer movimentação financeira. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou minimizar o impacto da nova cobrança sobre o bolso dos contribuintes, afirmando que é temporária e que corresponde a apenas "dois milésimos" do valor das compras feitas pelos brasileiros. A alíquota é menor do que a da CPMF cobrada pelo governo até 2007, de 0,38%. fim dos concursos públicos previstos para o ano que vem. O governo também vai renegociar contratos de aluguéis e prestação de serviços nos ministérios; otimizar os gastos dos servidores com viagens e telefone e cortar ministérios e cargos de confiança. Os brasileiros que vendem imóveis também serão mais tributados. O aumento será escalonado. Quem vende um imóvel de até R$ 1 milhão continuará pagando alíquota de imposto de renda de 15%. A partir daí, a alíquota sobe de forma escalonada até chegar a 30% para imóveis vendidos por mais de R$ 20 milhões. Os programas sociais do governo também serão afetados. Uma das principais vitrines de Dilma, o Minha Casa Minha Vida, terá redução de R$ 4,8 bilhões em sua terceira fase, cuja previsão orçamentária era de R$ 15,6 bilhões em 2016. Em contrapartida, passará a conta para o FGTS. Para justificar o aumento de tributos, o governo apresentou a fatura dos cortes na própria carne, como insistiu Levy. - É um esforço bastante concentrado, não sei se shakespeareano de cortar na própria carne, mas são reduções importantes - justificou Levy. As principais medidas nessa área são o adiamento do reajuste dos servidores para agosto de 2016 e o - Não é uma economia elevada do ponto de vista econômico, mas é uma economia necessária para melhorar a eficiência do governo justificou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. A presidente Dilma Rousseff avisou na reunião de coordenação política, ontem pela manhã, que anunciará a reforma ministerial na próxima semana. Segundo uma fonte que participou da reunião, Dilma disse estar reformulando a proposta que recebeu de Barbosa, com a possibilidade de corte de 15 ministérios. Estavam previstas, por exemplo, a incorporação do Desenvolvimento Agrário à Agricultura ou ao Desenvolvimento Social e a extinção do Ministério do Turismo. 15/09/15 15/09/15 15/09/15 O GLOBO 15/09/15 O PAÍS Das 16 medidas anunciadas, só uma não depende de aval do Congresso Emendas na conta Eduardo Cunha chama pacote de "pseudo corte" de gastos; Renan apoia Washington Luiz, Cristiane Jungblut, Júnia Gama e Simone Iglesias BRASÍLIA O Congresso Nacional é imprescindível para a implementação do pacote anunciado ontem pela equipe econômica. Das dezesseis medidas anunciadas pelos ministros, apenas uma, a que altera a alíquota do Reintegra (um programa de incentivo à exportação) e que prevê arrecadação de R$ 2 bilhões, depende apenas de decreto da presidente Dilma Rousseff para entrar em vigor. A proposta de retorno da CPMF, com a qual o governo pretende arrecadar R$ 32 bilhões, vai precisar passar pelo Congresso. No primeiro semestre deste ano, o Parlamento impôs várias derrotas ao Planalto, que já promovia o ajuste fiscal. Já nas nove medidas anunciadas para cortar R$ 26 bilhões dos gastos, nenhuma depende apenas do governo. Medidas como o adiamento do reajuste dos servidores e mudanças no Minha Casa Minha Vida vão exigir aprovação de projetos de lei pelos parlamentares e alterações na peça orçamentária encaminhada ao Congresso no fim de agosto. O governo anunciou ainda que contará com as emendas parlamentares para suprir R$ 3,8 bilhões que previa gastar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outros R$ 3,8 bilhões que investiria na saúde. Durante a apresentação dos cortes, Levy fez questão de ressaltar que o corte de gastos não depende apenas da boa vontade do governo. - Eu acho que ficou evidente para todos a necessidade desse esforço. E eu acho que agora, nós próximos meses, temos aí dois, três meses, para que se possa converter em realidade essas medidas, principalmente através da votação dos projetos de leis, eventualmente até das PECs. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adotou um tom ponderado, destacando que o Congresso terá a "palavra final" sobre as medidas e que caberá ao Legislativo propostas. "melhorar" as - É melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada, e o Congresso vai dizer se a coisa que está sendo proposta é a coisa certa. O governo, sem dúvida nenhuma, está demonstrando que está querendo vencer o imobilismo, que está recuperando a sua capacidade de iniciativa, e isso é muito bom - disse Renan. "Não podemos recusar debate" Renan disse que o Congresso não pode se negar a debater a proposta de recriação da CPMF, mas admitiu que não se sabe o que vai ocorrer na sua tramitação. Ele esteve ontem com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto às 15h, antes do anúncio das medidas, após ter recebido em casa, das mãos do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), o pacote que seria anunciado mais tarde. Dilma fez um apelo a Renan no sentido de garantir a governabilidade e impedir aprofundamento ainda maior da crise econômica. - O Congresso não pode recusar o debate (sobre CPMF). O que vai acontecer no final da tramitação não sabemos, não cabe ao presidente do Congresso dizer. Só sabemos que tudo que passa pelo Congresso sai melhorado - disse. 15/09/15 Cerca de uma hora após encontrar-se com Renan, a presidente Dilma Rousseff telefonou para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), para comunicar as propostas que seriam apresentadas. Na ligação, que durou poucos minutos, Dilma disse que, apesar de saber que o presidente da Câmara não concordava com a recriação da CPMF, esta seria uma das propostas para cobrir o deficit. Cunha disse à presidente que acreditava ser "muito difícil" a medida alcançar os 308 votos necessários para ser aprovada na Câmara, mas garantiu que não iria atrapalhar a tramitação da proposta. Após o anúncio público do pacote, Cunha deu uma entrevista coletiva, na qual chamou o conjunto de medidas de "pseudo corte" de despesas e disse que o governo decidiu fazer ajuste "na conta dos outros". - É muito pouco provável que passe (CPMF). O governo está com uma base muito frágil aqui. Se o governo perdeu a CPMF numa época que estava muito forte, não é agora que governo está com a base muito mais fraca que vai conseguir passar um aumento tributário, mesmo que a alíquota seja menor do que aquela que entrou em vigor naquele momento, ainda mais sem compartilhamento com estados e municípios e por um período muito maior - pontuou. O GLOBO 15/09/15 O PAÍS Medidas causam resistência na base e na oposição Líderes se dizem descrentes de que CPMF será aprovada no Congresso Isabel Braga, Simone Iglesias, Cristiane Jungblut, Maria Lima e Eliane Oliveira BRASÍLIA As medidas anunciadas pela equipe econômica já encontram resistência entre os líderes no Congresso, tanto da oposição quanto da base aliada. Eles deixaram claro que a tarefa do governo de aumentar a arrecadação e fazer cortes não será fácil. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que é muito difícil a CPMF prospere no Congresso porque, além de se tratar de aumento da carga tributária, teria uma função diferente da original, que era o financiamento da Saúde. Jucá cobrou o detalhamento da reforma administrativa e da redução de ministérios, que ainda não foi apresentada pelo governo. Ontem, a área econômica estimou os cortes em ministérios em R$ 200 milhões, mas só irá anunciar as pastas que serão extintas na semana que vem. A oposição reagiu ontem à proposta de recriação da CPMF e trabalha para tentar evitar sua aprovação pelo Congresso. O DEM chegou a anunciar a criação de uma frente dos partidos de oposição contra o aumento de impostos. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que é "inaceitável" a volta da CPMF. Ele criticou o fato de o governo ter optado pelo aumento da carga tributária como caminho para tentar aumentar a arrecadação. anunciadas pelo governo, mas argumentou que isso é necessário: Em nota, Aécio disse que o governo de Dilma quer um "cheque em branco". Para Aécio, o aumento de impostos ocorre num cenário de recessão, o que pode piorar. Já o senador Lindbergh Faria (PT-RJ) fez duras críticas ao pacote. Para ele, o pacote é "uma declaração de guerra a todos os servidores". Ele afirmou que haverá uma reação dez vezes maior do que a reação ao primeiro ajusta por parte dos movimentos sociais, da CUT e do PT. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi direto: - A volta da CPMF é um delírio puro. A simples menção desse item entre as medidas do ajuste destrói a credibilidade de tudo o mais disse Aloysio. Apesar dos discursos, até mesmo na base aliada do governo a avaliação é que há dificuldades para se aprovar a volta da CPMF. O líder do governo no Senado, senador Delcídio Amaral (PTMS), disse que as medidas exigem uma "forte articulação política". Delcídio admitiu que não será tarefa fácil aprovar as medidas - As medidas exigem forte articulação política do governo. Tarefa dura mas necessária! A aprovação da CPMF depende muito dos governadores, porque eles podem se beneficiar de um eventual aumento de alíquota disse Delcídio, apesar de a CPMF anunciada ontem ficar toda com a União. - É claro que vai ter reação! Passamos oito anos criticando Fernando Henrique Cardoso por causa do congelamento do salário dos servidores e agora copiam a receita de FHC? - protestou Lindbergh. Para o petista, ao invés de atacar o funcionalismo e cortar investimentos de forma criminosa, o governo deveria ter optado por onerar mais o "andar de cima" com a tributação de lucros e dividendos, o que renderia uma receita de cerca de R$ 50 bilhões. 15/09/15 Líder defende debate O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), defendeu um debate no Congresso sobre a CPMF: - O aumento de impostos é um debate que tem que ser feito. Se vai passar ou não, é outra história. A CPMF tem que ser discutida, o primeiro passo é fazer o corte, mas, por mais duro que seja falar em aumento de impostos, neste momento é importante discutir isso, sobretudo para estados e municípios. Em alguns casos, situação fiscal de alguns estados e municípios é mais grave do que a União - afirmou Picciani. Para o líder peemedebista, o momento fiscal pede uma discussão séria sobre como enfrentar o problema, e o governo deu o primeiro passo, anunciando os cortes. Sobre a proposta de adiar o aumento dos servidores públicos, Picciani afirmou que todos devem compreender a situação enfrentada pelo país - Na iniciativa privada, pessoas estão perdendo o emprego. Os servidores terão que ter compreensão, não perdem o emprego pela estabilidade, mas terão que compreender que o momento pede cautela. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), antevê dificuldades para aprovar a CPMF no Congresso. Para Rosso, o governo ainda deve anunciar medidas de estímulo à produção. O líder também não é favorável a adiar o reajuste dos servidores públicos. O momento exige responsabilidade. É muito cedo para ter uma avaliação mais profunda, mas minha percepção pessoal é da enorme dificuldade que o governo terá para aprovar a nova CPMF. O governo também deveria reavaliar a questão dos servidores públicos, isso desmotiva e pode desencadear reação em cadeia. Ainda tenho esperança que o governo anuncie medidas para o setor produtivo, de incentivo à competitividade, conceder prazos, ampliar o sistema de concessão, ampliar mercados fora do país - afirmou Rosso. O GLOBO 15/09/15 O PAÍS Servidores ameaçam convocar greve geral Fórum que representa 90% da categoria prepara reação a adiamento de reajuste salarial e corte de abono Leticia Fernandes, Sérgio Roxo, Geralda Doca e Catarina Alencastro RIO, SÃO BRASÍLIA PAULO E O anúncio do corte de gastos não foi bem digerido pelos servidores federais, que podem ter reajustes de salário adiados para agosto de 2016. Para dar uma resposta rápida ao governo, o Fórum dos Servidores Públicos, que reúne 23 entidades sindicais e centrais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, se reunirá hoje, em Brasília, e poderá convocar greve geral. O Fórum representa 90% dos servidores federais, incluindo auditores da Receita, servidores do INSS, do Banco Central e da Controladoria Geral da União (CGU). Movimentos sociais, tradicionais bases de apoio do PT, também preparam manifestações para a semana que vem. - A avaliação do fórum é que o governo está esvaziando o quadro de servidores, levando à precarização dos serviços públicos e penalizando aqueles que mais precisam. É uma coisa que não dá para aceitar. O déficit é originário deste governo que está aí, por que temos que pagar a conta? Por isso, é possível que se aponte para uma grande greve geral dos servidores - disse Rudinei Marques, um dos integrantes da organização. a correção salarial para agosto de 2016. Anunciada ontem no pacote de ajuste fiscal, a medida reduzirá R$ 7 bilhões em gastos. No ano inteiro, o impacto, segundo o Ministério do Planejamento, seria de R$ 13 bilhões. O acordo previa ainda mais 5% a partir de janeiro de 2017. Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Sandro Alex Cezar disse ver com "muito maus olhos" o congelamento do reajuste salarial para os servidores e chamou as medidas de "velho receituário": O governo anunciou ainda a suspensão dos concursos públicos para economizar mais R$ 1,5 bilhão. Também foi anunciado o fim do pagamento do chamado abono de permanência do serviço público - que corresponde a 11% do salário, pago aos servidores que completam as condições para se aposentar. Segundo o Planejamento, há 101 mil servidores com direito ao abono e 123 mil que teriam direito a essa condição nos próximos anos. - O governo fez a opção errada de política econômica e não estamos dispostos a pagar a conta. Essas medidas eram um velho receituário que a gente pensava que estivesse esquecido. Não foi com apoio a essas medidas que a presidenta Dilma foi eleita. Para adotar essas medidas, melhor que tivesse sido eleito o candidato da oposição. A medida não ajuda o governo federal e ainda agrava a relação com os trabalhadores afirmou o servidor, cuja categoria está em greve desde julho. Após mais de três meses de negociação com sindicatos e de ter fechado proposta formal de aumento para a categoria, com reajuste de 5,5% a partir de janeiro, o governo recuou e adiou O congelamento do reajuste também irritou servidores do Judiciário. Para Cledo Vieira, coordenador geral da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Fenajufe) e Ministério Público da União, a categoria - cujo reajuste foi aprovado pelo Congresso e vetado pela presidente Dilma Rousseffenfrenta um desafio "mais político que econômico": - É um massacre a que os servidores estão sendo impostos, e a categoria vai para cima. Nosso instrumento é a greve. 15/09/15 Crítica a corte no minha casa As medidas também agravaram o distanciamento entre o governo e os movimentos sociais. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) prepara atos contra os cortes no Minha Casa Minha Vida. O Movimento dos Sem Terra (MST) também está descontente. Na avaliação desses movimentos, o governo repassou a conta aos mais pobres. O governo cortará R$ 4,8 bilhões previstos para o programa. Em contrapartida, pretende passar a conta para o FGTS. Assim, poderá financiar famílias com renda acima de R$ 6 mil. - O que nos deixa indignados é o corte no Minha Casa Minha Vida. É inaceitável e lamentável. Significa disposição do governo de, mais uma vez, jogar a conta da crise fiscal nos mais pobres. Tentar aliviar a crise fiscal aprofundando a crise social afirmou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST. Boulos disse que o movimento planeja mobilizações nas principais capitais. Semana passada, o MTST já fizera ameaças. Em nota, disse que"não aceitamos pagar a conta da crise. Se o ajuste fiscal continuar, o país vai parar". O MST também se opôs aos últimas anúncios do governo. - Há um descontentamento completo. Cada medida que o governo toma, vai perdendo apoio de uma base de sustentação que tinha. Isso é mais preocupante. Não vamos aceitar passivamente que as medidas afetem os mais pobres. Vai haver luta se isso acontecer afirmou Joaquim Pinheiro, da coordenação nacional do MST. O GLOBO 15/09/15 O PAÍS O GLOBO 15/09/15 SOCIEDADE Conteúdo escolar em debate A primeira versão da Base Nacional Comum, que pode ser apresentada pelo Ministério da Educação (MFC) hoje ou amanha, promete mobilizar o meio pedagógico. Apesar de muitos especialistas defenderem a existência do documento para nortear o conteúdo do ensino básico no país, uma pesquisa qualitativa com professores e gestores mostra que a pasta enfrentará oposição, sobretudo, entre docentes do ensino superior. A consulta feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), por iniciativa da Fundação Lemann, identificou uma concentração de opiniões contrárias à proposta, principalmente no meio acadêmico. Por outro lado, uma pesquisa quantitativa anterior, também da Fundação Lemann, mostra que 82% dos professores no ensino fundamental são favoráveis. O MEC vai enviar o rascunho da base curricular para o Conselho Nacional de Educação (CNE). O objetivo do documento é determinar, pela primeira vez, de forma dara e precisa, o que se espera que o aluno aprenda em cada nível de ensino básico. Estima-se que essa base representará algo em torno de 60% do conteúdo que as 190 mil escolas do país (públicas e particulares) deverão passar aos estudantes. Hoje, o ministério estipula apenas parâmetros de ensino que os colégios não têm a obrigação de seguir. Os outros 40% do conteúdo seriam estipulados pelas próprias instituições e redes de ensino. Desta forma, ficaria preservada a abordagem das diversidades regionais nas escolas. CRÍTICOS DEFENDEM AUTONOMIA ESCOLAR Para a pesquisa do Cenpec, foram entrevistadas 102 pessoas, entre professores da educação básica, gestores de escolas e professores universitários. O trabalho mostrou que muitos docentes do ensino superior, de diferentes licenciaturas— que formam professores para o ensino básico são contrários ao documento por achar que uma escola deve produzir seu próprio currículo, organizando-se a partir do seu entorno, o que seria dificultado pelo documento nacional. Boa parte dos participantes argumentou que a base pode impor uma "cultura dominante". O trabalho também mostrou que, embora a favor do banco nacional comum, professores e gestores do ensino básico se sentem distantes das discussões. Segundo a superintendente do Cenpec, Anna Helena Altenfelder, as respostas revelam alertas sobre a maneira como o trabalho vem sendo conduzido. Ela destaca a necessidade de se tornar mais claro o processo. — Precisamos envolver toda a sociedade. É necessário indicar que projeto de nação está em jogo, a concepção de currículo que será definida, como a diversidade será abordada e qual a autonomia das redes e educadores nesse processo — comenta Anna Helena. Entre os críticos, está Luiz Carlos de Freitas, professor titular da Faculdade de Educação da Unicamp. Para ele, a proposta em curso tem por objetivo final avaliar os professores, o que, afirma, pressionaria ainda mais o sistema de ensino. — O objetivo é ter uma base que permita padronizar as habilidades e competências pára poder avaliar nacionalmente os estudantes e professores e, com 15/09/15 isso, estabelecer consequências associadas ao domínio ou não destas — afirma. - Além disso, o Brasil tem diversidade enorme: povos do campo, quilombolas, indígenas e outros. Esses 40% reservados a conteúdo local não estão incluídos nas avaliações nacionais da base comum. Portanto, haverá nas escolas um estreitamento curricular em prol daqueles aspectos que são incluídos rias avaliações "ESCOLAS PRECISAM DO DOCUMENTO" Por outro lado, uma pesquisa organizada pela Fundação Lemann com mil 1 professores do ensino fundamental da rede pública identificou que 82% deles são favoráveis, ainda que em parte, a uma base nacional comum, ao passo que 93% concordam, em parte ou totalmente, que saber o que é esperado que os alunos aprendam a cada ano facilita o trabalho do professor. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps, apoia: — Melhora a formação dos professores e serve para que os diretores organizem a unidade escolar — argumenta. — O avanço do Brasil na educação se dará naturalmente a partir da definição do que é essencial ser ensinado e aprendido, permitindo mais equidade entre as regiões e o acompanhamento por parte dos pais em relação ao que seu filho deve aprender. A vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Manoelina Cabral, concorda: — As escolas precisam desse documento porque vai nortear todo o trabalho pedagógico — afirma ela. Especialistas afirmam que o governo deve se preocupar mais em envolver toda a sociedade na discussão sobre o currículo. O governo lançou um site dedicado ao tema, no qual os interessados podem se cadastrar e obter informações sobre como participar. — Ainda falta um engajamento real dos professores na construção da base. E isso precisa de um investimento grande, envolvendo sindicatos e entidades. Sabemos que países que conseguem envolver os professores, têm mais sucesso afirma o diretor da Fundação Lemann, Denis Mizné. — Ainda temos alguns setores na academia e na área da educação que são resistentes. E essas pessoas têm muito a contribuir. Mas quem está no chão da escola já está convencido da importância da base — avalia. O GLOBO 15/09/15 ECONOMIA Concursos federais não cumprem cotas para negros Pouco mais de um ano após a sua entrada em vigência, a lei que obriga a reserva de 20% das vagas em concursos públicos federais para negros não está sendo cumprida pelos órgãos do governo. Levantamento da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) identificou que editais de 26 concursos realizados entre setembro de 2014 e abril de 2015 não destinam essa previsão obrigatória. Nas 2.344 vagas ofertadas em cargos de nível superior, foram reservadas 338 vagas para negros, o que repre senta 14,4%. Nos cargos de nível médio, foram oferecidas 1.833 vagas, sendo 300 para negros, o equivalente a 16,4%. Se forem considerados os concursos de universidades e de institutos federais, essa proporção piora. Nessas instituições, das 1.143 vagas ofertadas, apenas 88 foram para negros (7,7%). Nas Forças Armadas, apenas concursos da Marinha aplicam os 20%. Além da reserva de vagas menor do que a prevista, há outro problema no acesso de negros aos concursos. Em audiência pública realizada ontem na Comissão de Direitos Humanos, no Senado, entidades criticaram fraudes no sistema de autodeclaração, com brancos se dizendo pretos ou pardos. —Precisamos que o governo crie mecanismos para punir os fraudadores e evitar novos casos — defendeu Frei David Santos, diretor da Educafro. FOLHA DE SÃO PAULO 15/09/15 EDITORIAL Público e notório saber Até os anos 1960, muitos colégios oficiais integravam a elite do que hoje se chama ensino médio. Com poucas exceções, redes estaduais e municipais perderam terreno para escolas particulares e se tornaram sinônimo de educação de baixa qualidade. Estariam as universidades públicas enveredando pelo mesmo caminho? A hipótese foi levantada por Rogério Meneghini e Estêvão Gamba no caderno especial "Campus Minado", que traz a edição 2015 do Ranking Universitário Folha (RUF). Ainda que não permita conclusão inequívoca, o próprio RUF dá pistas a respeito. Tome-se a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Desenvolvendo-se à sombra da excelência da Escola Paulista de Medicina, ela retrocedeu dez posições na lista, do 12º para o 22º lugar. Seria exagero tomar a Unifesp como representativa do conjunto de universidades públicas e falar em decadência generalizada. Federais e estaduais dominam o RUF até a 50ª posição, pelo menos, e assim permanecerão por bom tempo. Em muitos cursos específicos, porém, as universidades privadas tomam o lugar das públicas. É o caso da FGV, que ultrapassou UFRJ e UFMG em administração, área que viu ainda o Insper saltar da 36ª para a 8ª colocação. O 2º lugar de propaganda no RUF ficou com a ESPM-SP. Em odontologia, o 4º foi para a São Leopoldo Mandic. A maior parte do recuo da Unifesp, cabe anotar, se deu na avaliação do mercado de trabalho. Pela metodologia do RUF, esse quesito pesa mais (36%) na pontuação final de cursos isolados do que na de universidades propriamente ditas (18%), na qual prepondera a qualidade da pesquisa (42%). Portar um diploma da USP (1º lugar no RUF) ou de várias universidades públicas sempre foi passaporte para emprego em qualquer área. Em especial nos cursos mais profissionalizantes, todavia, o prestígio conferido por seus méritos em pesquisa – quase inexistente nas particulares– parece perder importância aos olhos de empregadores. Claro está que a crise de financiamento nas instituições oficiais, resultado do estrangulamento orçamentário do Estado ou do descontrole administrativo interno, contribui sobremaneira para empanar o notório brilho dessas instituições. Tampouco ajuda que docentes, alunos e funcionários promovam greves que só prejudicam quem quer estudar e pesquisar. Enquanto não se derem conta de que o valor do saber lhes é mais crucial que o valor das verbas, as universidades públicas estarão cortejando a própria ruína. FOLHA DE SÃO PAULO 15/09/15 OPINIÃO Atirando nos aliados BERNARDO MELLO FRANCO BRASÍLIA - Os novos cortes anunciados pelo governo vão atingir em cheio os aliados que poderiam defender Dilma Rousseff da ameaça de impeachment. A previsão é do senador petista Lindbergh Farias, que se irritou com o "pacote de maldades" divulgado nesta segunda-feira. Um dos parlamentares mais próximos do ex-presidente Lula, o senador teme a reação do funcionalismo e dos movimentos sociais que ainda se mantêm próximos ao Planalto. Ele diz que o custo político das medidas de austeridade será mais alto do que a futura economia no Orçamento. "O governo voltou a atirar contra a nossa base. A Dilma está atirando no pessoal que pode ir para a rua defender o mandato dela", protesta. Para o petista, o adiamento do reajuste dos servidores vai gerar "uma grande confusão" com sindicatos que apoiaram a reeleição da presidente. Ele prevê mais greves nas universidades e em órgãos que já funcionam de forma precária, como o INSS. O senador também reclama dos cortes em vitrines do governo, como PAC, Pronatec e Minha Casa Minha Vida. "O governo está insistindo numa fórmula que já fracassou. Esse ajuste agravou a recessão, aumentou o desemprego e não resolveu o problema fiscal", protesta. Acuada pelo PMDB e pelo empresariado, a presidente agora terá que resistir ao "fogo amigo" por adotar o receituário que eles defendem. As críticas de Lindbergh ecoam um discurso cada vez mais forte no PT. Na semana passada, Lula disse que o ajuste "leva ao empobrecimento e à perda de postos de trabalho". Nesta segunda, o presidente da sigla, Rui Falcão, cobrou "mais receitas e menos cortes". Juntos, os três parecem avisar que Dilma pode perder o apoio de seu próprio partido. O ministro Mangabeira Unger deu enfim uma contribuição o governo. Ao entregar o cargo, abriu caminho para a extinção da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que já vai tarde. FOLHA DE SÃO PAULO 15/09/15 COTIDIANO Não dá para prever como a crise afetará a USP, afirma reitor Orçamento da universidade depende da arrecadação do governo estadual, mas recessão dificulta socorro Melhor colocada no RUF (Ranking Universitário Folha), instituição ainda precisa melhorar, diz Marco Antonio Zago FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO O reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirma ser "impossível saber o tamanho das restrições orçamentárias" que a instituição sofrerá nos próximos anos. Melhor universidade na edição 2015 do RUF (Ranking Universitário Folha), a escola tem cortado gastos desde o ano passado, devido a uma explosão de despesas com folha de pagamento –resultado de reajustes salariais e contratações anteriores. A recessão econômica que o país enfrenta agora agravou o quadro. O orçamento da USP depende da arrecadação do governo estadual. "USP, Unesp, Unicamp, universidades federais, o Brasil como um todo passará por período de restrições financeiras. Não sabemos o tamanho", disse o reitor nesta segunda-feira (14). "Certamente será um processo longo." Apesar da situação incerta, Zago diz que a universidade é uma das mais preparadas para manter a qualidade. Com reserva orçamentária equivalente a quatro folhas salariais mensais, o reitor diz que a instituição entendeu que o problema tem de ser resolvido internamente. "Antes, iríamos pedir mais verba para o governador. Mas aí tiraríamos da Secretaria da Educação?", questiona. A USP recebe um percentual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e tem autonomia para gastar o recurso. Zago diz que, neste momento, não está no horizonte nenhum novo grande corte de despesas. Já foi feito um plano de demissão voluntária, que abrangeu 7% dos técnicos, e o congelamento de grandes obras e contratações. Ainda assim, só a folha de pagamento consome 102% do que o governo repassa. Apesar do predomínio da USP no RUF (teve a melhor graduação em 29 dos 40 cursos considerados), Zago afirma que o ensino da universidade precisa melhorar. 15/09/15 "Já é bom, mas, como reitor, me sinto à vontade para dizer que pode ser melhor." Zago diz que os cursos precisam ter currículos mais flexíveis, que formem os alunos em "habilidades múltiplas". Outro problema, diz o reitor, é que há a sensação de que é mais prestigioso para o professor publicar um trabalho científico do que dar um bom curso de graduação. Assim, muitos docentes se desinteressam pelo ensino. Para tentar mudar esse quadro, a universidade decidiu dar às unidades poder de mudar currículos dos cursos, o que antes tinha de ser analisado por um conselho central. De acordo com o pró-reitor de graduação, Antonio Hernandes, a mudança fez com que um novo currículo possa entrar em prática em três meses; antes, eram 18. Também foi criado para os professores um centro de aperfeiçoamento de ensino, que ajudará tanto a melhorar a técnica do magistério quanto a aumentar o uso de mídias digitais para as aulas. O reitor diz não saber quando surtirá efeito o novo modelo de segurança para a Cidade Universitária, baseado no conceito de policiamento comunitário, com policiais permanentes no local. Antes, a polícia entrava no campus em ações pontuais. "Certo é que o que tínhamos não estava dando certo." FOLHA DE SÃO PAULO 15/09/15 PELO MUNDO Universidade perde posição em ranking A USP caiu da 132ª para a 145ª colocação entre as melhores universidades do mundo no ranking inglês QS, divulgado nesta segunda (14). Apesar da queda, a instituição segue como a melhor da América Latina. O americano MIT (instituto de tecnologia de Massachusetts) lidera a seleção geral. COTIDIANO CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 Fusões & partidos I A reforma ministerial está previsa para 28 de setembro. O governo trabalha para fundir os ministérios da Cultura e do Esporte ao da Educação. Só não bateu o martelo ainda porque tem que arrumar uma colocação de primeiro escalão para os partidos representados ali. Fusões & partidos II A Cultura é bem capaz de terminar na Educação, mas as dúvidas em relação ao Esporte são grandes. É que o PRB, ocupante da pasta, é considerado um leal aliado do Planalto. Além disso, as Olimpíadas de 2016 são consideradas uma boa justificativa para manter o Esporte funcionando em carreira solo. BRASÍLIA-DF Denise Rhotenburg CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 POLÍTICA CRISE NA BASE » A frágil equação da reforma ministerial Dilma aceitou de imediato o pedido de demissão de Mangabeira Unger: pasta será incorporada ao Ministério dos Transportes Com a proposta de reduzir a quantidade de pastas, Dilma encontra dificuldades para fechar a negociação política. Mangabeira Unger pediu demissão da Secretaria de Assuntos Estratégicos PAULO DE TARSO LYRA A presidente Dilma Rousseff terá muitas dificuldades para fechar a equação da reforma ministerial, já que seu governo mergulhou em um clima de intriga e briga de poder entre o PT, os aliados e os movimentos sociais. Atuando isoladamente ou em conjunto, esses grupos poderão zerar todo o esforço da presidente para obter a economia — pequena, diga-se de passagem, de R$ 200 milhões — com a redução do tamanho da Esplanada e realinhar as forças políticas que lhe permitam sobreviver ao risco de impeachment que cresce diariamente. O nível de tensão e desconfiança é tanto que Dilma tirou da comitiva do vicepresidente Michel Temer, que embarcou no sábado para uma viagem à Rússia e à Polônia em busca de investidores, dois ministros que considera leais: Jaques Wagner (Defesa) e Kátia Abreu (Agricultura). O comboio peemedebista aos países europeus foi visto pelo Planalto como uma chance para uma conspiração além-mar, já que a legenda defende o desembarque do governo em novembro, durante o Congresso Nacional do partido. Ao petista Jaques Wagner, ela pediu que permanecesse em Brasília neste momento em que o governo estuda os cortes econômicos e o novo desenho da Esplanada. Para Kátia, sua fiel escudeira no PMDB, o pedido foi semelhante. Mas, antes mesmo da conversa com a presidente, a ministra da Agricultura já cogitava a possibilidade de não embarcar para a Rússia, por ter a exata noção das repercussões da viagem internacional, apesar das ótimas relações — políticas e pessoais — que mantém com Temer. O nível brutal de desconfiança chegou ao ponto de ministros próximos à presidente defenderem que ela definisse, esta semana ainda, as mudanças na Esplanada, sem consultar o vice e o PMDB. Dilma resolveu não comprar uma briga tão explícita e vai esperar para conversar com Temer semana que vem quando o vice-presidente já estiver de volta. Para todos os efeitos, no entanto, a reforma já começou ontem. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Mangabeira Unger, pediu demissão 15/09/15 do cargo, o que foi prontamente aceito pela presidente. Outros vespeiros maiores estão na mesa de Dilma e não se sabe se ela terá coragem de mexer neles. Uma das dúvidas é se ela, agora ou mais para frente, promoverá ou não a mudança na Casa Civil, com a saída de Aloizio Mercadante. Atacado por peemedebistas, petistas, e até pelo ex-presidente Lula, Mercadante mantém-se no posto por conta da histórica teimosia de Dilma. Dois nomes aparecem na bolsa de apostas para substituí-lo, caso a presidente ceda às pressões externas: a própria Kátia Abreu e o ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo. “Rojão” Curiosamente, ambos estavam ontem no Planalto, longe dos holofotes e dos microfones, enquanto os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, explicitavam as medidas para cobrir o deficit de R$ 30,5 bilhões do Orçamento. E podem se encaixar no perfil por razões e perfis diferentes. Aldo é um político habilidoso, clássico, com bom trânsito no Congresso, inclusive com a oposição. Já foi articulador político do governo Lula, mas não é unanimidade. “Ele é bom em condições políticas normais. Tenho dúvidas se, neste momento de crise, ele segura o rojão”, criticou um petista. Kátia Abreu é uma incógnita ainda maior. “O PT vai destruir essa proposta antes que ela surja. A gênese de Kátia é o PFL, ela é reacionária, os movimentos sociais não aceitarão”, esbravejou um senador petista. Contra ela também pesa o fato de não ser uma peemedebista histórica. Se é para acalmar o PMDB com um cargo no coração do Planalto — mais central que a Casa Civil, impossível —, melhor seria se a vaga fosse para um cacique partidário, não para uma cristã nova na legenda. “Kátia é uma gerentona, cópia fiel da presidente, tanto que são amicíssimas”, elogiou um interlocutor governista. Isso poderia fazer com que Dilma faça ouvidos moucos às críticas, que já foram enormes quando Kátia foi escolhida para o Ministério da Agricultura, e devem tornar-se ensurdecedores caso ela seja deslocada para a Casa Civil. Dilma também precisará decidir se preservar os ministérios sociais do PT ou se reúne todos em um Ministério da Cidadania, englobando Direitos Humanos, Igualdade Racial e Política para Mulheres. Por conta da pressão do Banco Central, a tendência é que ela mantenha o status de ministério do BC, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da ControladoriaGeral da União (CGU). Somado a tudo isso, Dilma ainda precisa retomar a confiança dos aliados no movimento social. “Vamos defender o governo da direita. Mas Dilma precisar colocar em pauta a agenda da esquerda que a elegeu. Caso contrário, vamos às ruas para criticar a presidente”, disse a coordenadora paulista do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Natalia Vernita. » Em que pé está // Quinze dias para o governo decidir o futuro da reforma ministerial na Esplanada O que o governo queria inicialmente » Banco Central, AdvocaciaGeral da União e ControladoriaGeral da União perderia status de ministério » Ministério da Pesca seria agregado ao Ministério da Agricultura » Ministério da Micro e Pequena Empresa seria agregado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio » Secretaria de Aviação Civil e Secretaria de Portos seriam agregados ao Ministério dos Transportes 15/09/15 » Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria de Relações Institucionais e Gabinete de Segurança Institucional (GSI) seriam extintas O que pode ser feito » Banco Central, AdvocaciaGeral da União e ControladoriaGeral da União manterão status de ministério » Ministério do Desenvolvimento Agrário será agregado ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Permanecem de acordo com o modelo original: » Ministério da Pesca será agregado ao Ministério da Agricultura » Ministério da Micro e Pequena Empresa passa a agregar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio » Secretaria de Aviação Civil e Secretaria de Portos incorporada ao Ministério dos Transportes » Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria de Relações Institucionais e Gabinete de Segurança Institucional (GSI) serão extintas O que também defendem os aliados » A substituição de Aloizio Mercadante na Casa Civil » Ministérios sociais (Secretaria de Proteção à Mulher e Secretaria da Igualdade Racial) seriam agregados à Secretaria dos Direitos Humanos CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 BRASIL CEILÂNDIA » Morto em sala de aula Dois adolescentes desentenderam-se, por causa de uma brincadeira, no Centro de Ensino Médio 2, na noite de ontem, e o mais novo atingiu o mais velho com golpes de canivete, primeiro nos corredores do colégio e depois dentro do recinto escolar, em frente aos colegas » NATHÁLIA CARDIM PMs e familiares da vítima em frente ao CEM 2: o suposto agressor foi levado para Delegacia da Criança e do Adolescente de Ceilândia Uma brincadeira com bolinhas de papel teria causado um desentendimento entre dois alunos do Centro de Ensino Médio 2 (CEM 2), de Ceilândia, e a morte de um deles. Um adolescente de 17 anos não resistiu ao ser esfaqueado por um colega da mesma sala de aula, de 16 anos. O crime ocorreu na noite de ontem, na escola localizada na QNM 14, em Ceilândia Norte. De acordo com informações da Polícia Militar, o adolescente de 16 anos recebia ameaças do outro jovem. Por volta das 21h, eles teriam se desentendido na sala de aula após um jogar bolinhas de papel no outro. O adolescente de 16 anos saiu da sala para ir ao banheiro quando o outro colega foi atrás. Após uma discussão, a vítima recebeu um golpe no pescoço e voltou para a sala de aula. O jovem que estava com o canivete foi atrás e esfaqueou o colega mais duas vezes. O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados, mas quando chegaram ao local, a vítima já estava morta. O adolescente de 16 anos assumiu a autoria do crime e foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA II), responsável por investigar o caso. No fim da noite, familiares estiveram na escola, mas não quiseram falar com a reportagem. Os funcionários do CEM 2 também preferiram não se pronunciar. Segundo uma aluna do colégio, que não quis se identificar, mas conhecia bem o jovem morto, ele era “um cara legal, porém muito revoltado com a vida”, nas palavras dela. Segundo ela, o Centro de Ensino é um ótimo colégio, que nunca teve um problema tão sério. “Isso que aconteceu foi uma tragédia”, definiu. Memória 2013 Em 20 de fevereiro, uma menina de 13 anos foi ferida por uma bala perdida em frente à escola onde estudava, o Centro de Ensino Fundamental 3 (CEF 3), em Brazlândia. O autor dos tiros passou de bicicleta na rua do colégio e tentou acertar um adolescente de 17 anos que estava numa quadra de esportes. O motivo da agressão seria, segundo a polícia, um acerto de contas entre gangues rivais. 2014 Em 28 de fevereiro, um adolescente foi baleado no pátio do Caseb, na 908 Sul. Após levar um tiro nas costas, o jovem foi encaminhado ao Hospital de Base, onde passou por cirurgia para a retirada do projétil. O jovem que efetuou o disparo, assim como a vítima, era aluno do colégio. 2015 Em Taguatinga, Diego Henrique Vicente Silva, 20 anos, foi assassinado a tiros dentro do Centro Educacional 6, em Taguatinga, em 25 de março. A hipótese da polícia era de que o crime tinha ocorrido por uma briga entre gangues. Em 6 de abril, um ataque colocou em risco a vida de 490 estudantes do Centro de Ensino Fundamental 1 da Cidade Estrutural. Um homem, aparentemente alcoolizado, entrou na escola e agrediu 11 pessoas, entre funcionários e alunos. CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 ECONOMIA CONJUNTURA » Servidor sem reajuste, CPMF e corte no social Pacote fiscal ressuscita o imposto do cheque e eleva outros tributos, que vão render R$ 39 bilhões ao governo. Os cortes vão ser menores do que o esperado, de R$ 26 bilhões, e afetarão programas como Minha Casa Minha Vida ROSANA HESSEL JULIA CHAIB Mesmo depois de três dias seguidos de reuniões da presidente Dilma Rousseff com seus ministros, o governo não conseguiu fazer uma redução substancial de despesa, e, para piorar, anunciou o aumento da carga tributária sobre os ombros dos brasileiros. Dos quase R$ 65 bilhões do esforço adicional previsto para reequilibrar o Orçamento de 2016, o novo corte “na carne”, nas palavras do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, será de apenas R$ 26 bilhões, afetando programas sociais e os servidores (leia mais na página 7), que terão o reajuste postergado. A maior parte do pacote fiscal — R$ 39 bilhões — é composta de medidas voltadas para ampliação da arrecadação e, para isso, velhas conhecidas voltarão ao dia a dia da população, como a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), o imposto do cheque, que nasceu temporário em 1996 e durou até 2007. A nova alíquota da CPMF será de 0,20% para cada movimentação na conta-corrente dos brasileiros, com duração de no mínimo quatro anos, de acordo com Levy. Esse tributo será recriado por meio de uma emenda à Constituição e será responsável por R$ 32 bilhões a mais na arrecadação em 2016. O bolo não será dividido com estados e municípios, diferentemente do que havia sido previsto inicialmente. “O imposto será destinado apenas para reduzir o deficit da Previdência Social, que deve superar a casa dos R$ 100 bilhões em 2016”, avisou o ministro. Quatro anos “Essa medida (a CPMF) é bastante central, o esforço que foi considerado diante todas as alternativas de tributos. É o caminho que traria menor distorção para a economia e menor impacto inflacionário”, disse Levy. Segundo ele, o objetivo é que a CPMF “não dure mais do que quatro anos”. O titular da Fazenda também anunciou alteração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) sobre ganho de capital. As alíquotas sobre a venda de bens, como imóveis, atualmente em 15%, subirão para até 30% no caso de transações superiores a R$ 20 milhões. Com isso, o governo pretende arrecadar R$ 1,8 bilhão. A redução de gastos da União com incentivos fiscais ao Sistema S e ao Sebrae deverá gerar economia de R$ 8 bilhões. De acordo com o ministro, o governo pretende mudar os parâmetros macroeconômicos e de receita da proposta orçamentária de 2016 e, com isso, haverá um ajuste de R$ 5,5 bilhões na projeção de arrecadação. O ministro da Fazenda informou que muitas das medidas “exigirão apoio do Congresso para se tornarem efetivas”. “Foi sugerido que se procurasse dialogar mais com a sociedade para que se tivesse pleno entendimento sobre a necessidade desse esforço adicional. Nas últimas semanas, ficou absolutamente evidente para todos a necessidade desse ajuste. Temos os próximos meses para converter em realidade essas medidas, principalmente por meio da votação de projetos de lei e PECs”, afirmou. Clima cinzento O anúncio dos cortes foi feito na tarde de ontem por Levy e pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, após a reunião de coordenação política no Palácio do Planalto que durou quatro horas. 15/09/15 “O clima (do encontro) era cinzento”, disse uma fonte ligada ao governo, que prevê muita resistência dos parlamentares da oposição e da base aliada para aprovar as propostas, especialmente, a CPMF, no Congresso. O esforço fiscal está sendo feito para tentar eliminar o deficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento enviado ao Congresso e atingir a meta de superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida) de 0,7% do PIB, de R$ 43,8 bilhões, previsto anteriormente pelo governo. Desse valor, 0,55% (R$ 34,4 bilhões) serão de responsabilidade da União e o restante, de estados e municípios. O ministro Nelson Barbosa informou que vários programas sociais serão afetados. O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, perderá R$ 4,8 bilhões dos R$ 15 bilhões que seriam pagos pelo Tesouro e terá mais dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “O Bolsa Família será preservado”, disse. Ele admitiu que boa parte do impacto será no funcionalismo que terá os reajustes postergados de janeiro para agosto. A medida será feita por meio de projeto de lei. Outra medida será a redução do gasto obrigatório com saúde em R$ 3,8 bilhões. Segundo Barbosa, o governo mandará um adendo à proposta orçamentária que está no Congresso para que as emendas impositivas dos parlamentares sejam voltadas principalmente aos programas prioritários do Ministério da Saúde. Barbosa, no entanto, declarou que a reforma administrativa, com cortes de ministérios e de cargos comissionados, e que será anunciada até o fim do mês, deverá ter impacto fiscal de apenas R$ 200 milhões. “O gasto não é elevado, mas essa medida é necessária para sinalizar o compromisso com a mudança”, disse. 15/09/15 15/09/15 CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 ECONOMIA Propostas decepcionam O tão aguardado pacote de ajuste fiscal que o governo anunciou ontem com corte de R$ 26 bilhões, dos quais R$ 8,6 bilhões de investimentos (33%), e com a volta da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), decepcionou especialistas. A expectativa é que, depois de todos os detalhes serem conhecidos, os mercados reajam negativamente à proposta, ancorada em aumentos impostos e medidas que dependem de aprovação do Congresso Nacional. “Foi muito ruim. O governo não apresentou uma estratégia de médio e longo prazos e fez uma proposta de CPMF sem partilha para estados e municípios, que nunca vai passar no Congresso. Ficou a impressão de que só tentaram tapar um buraco”, avaliou a economista Monica Baumgarten de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, de Washington, e diretora da consultoria Galanto/ MBB. “Todo mundo sabe que o problema estrutural do Orçamento é a Previdência Social e o governo não faz nenhuma menção à estratégia para reduzir o deficit dessa área. Fica a impressão de que eles costuraram a proposta às pressas porque precisavam fazer o anúncio”, comentou. Para ela, o governo precisava dar um sinal mais claro de que pretende reduzir o endividamento, que é uma medida prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal e nunca foi posta em prática. O diretor do Grupo de Pesquisas Econômicas para América Latina do Goldman Sachs em Nova York, Alberto Ramos, lamentou o fato de a maioria das medidas anunciadas ontem dependerem de aprovação do Congresso, pois isso traz um “risco expressivo” para a implementação. Baixa popularidade “Dado o baixo nível de popularidade do Executivo e da base de apoio cada vez mais fragmentada no Congresso, esperamos resistência significativa, principalmente, quanto à CPMF”, alertou. “O anúncio não teve medidas fiscais de médio e de longo prazo para segurar o crescimento previsto para as despesas obrigatórias, a exemplo da reforma na Previdência”, completou. Monica lembrou ainda que o rebaixamento do país pela Standard & Poor’s, na semana passada, ocorreu porque a agência norte-americana identificou “muitos problemas na execução da política fiscal do governo”. O economista-chefe para mercados emergentes da consultoria britânica Capital Economics, Neil Shearing, também criticou as medidas apresentadas pelo governo e afirmou que “não apresentam grandes mudanças”. “O anúncio mostra que o governo está preso na armadilha da austeridade. A economia enfraquecida está aumentando a dificuldade de geração de receita”, afirmou.(RH) CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 OPINIÃO Sociedade educadora sim, pátria não DIOCLÉCIO CAMPOS JÚNIOR Médico, professor emérito da UnB, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria e representante da SBP no Global Pediatric Education ConsortiumGPEC E m a i l : [email protected] Pátria já era. É conceito ultrapassado. Não vai além do país no qual se vive em definitivo ou provisoriamente, dependendo de onde as condições necessárias ao bem-estar sejam realidade. As fronteiras tornam-se simbólicas. Não resistem à expansão do pensamento humanista que abre caminhos para a globalização. É o horizonte mais iluminado da história da humanidade. Projeta uma sociedade humana na dimensão global que lhe é inerente. Pátria não é ente educador. Restringe-se a territórios invadidos, ocupados e colonizados ao longo de uma trajetória em que sempre prevaleceu a lei do mais forte, exatamente a que rege as relações das espécies animais. Tem sido sinônimo do poder exercido pelo Estado em nome de dogmas ideológicos que se sucedem no comando comportamental das pessoas. Capitalismo, comunismo, consumismo, populismo são exemplos do que representa, de fato e de direito, a pátria. Educar nessa lógica não contribui para que a espécie seja mais humana e menos animal. A educação é atributo a ser cumprido pela sociedade, livre de visão ditatorial que deturpe a iniciativa em favor de interesses voltados para a perpetuação do status quo. Não é simplesmente construir escolas. Nem tampouco ampliar a duração de permanência do aluno em espaços desprovidos dos requisitos inegociáveis para sua formação. Educar é ação de gente, não de prédios, carteiras, lousas, projetores, computadores, tabletes etc. Sua versão vem do latim, idioma que remonta a distante passado. Naquela época, educare reunia dois sentidos. O primeiro, próprio, significava criar, amamentar (Cic. Lae. 75); o segundo, figurado, correspondia a instruir, ensinar (Cic. Rep. 1,8). É a definição completa a ser retomada para que o ser humano receba uma educação corretamente concebida e executada. A primeira fase do processo educativo é a vida intrauterina. Requer prevenção de estresse. A gestante deve ser respeitada e apoiada seja pelo nobre papel que exerce, seja pelo direito do feto ao desenvolvimento pleno de seus órgãos e funções, particularmente o cérebro. A ação dos hormônios produzidos pelos estressores sobre o organismo materno pode deixar marcas indeléveis na arquitetura cerebral do nascituro, prejudicando fortemente sua capacidade de aprendizagem. Após o nascimento, a educação iniciada na gravidez não deve ser interrompida. O recém-nascido deverá continuar poupado da exposição ao estresse para que seu potencial cognitivo não seja cerceado. Da mesma forma, a nutrição ideal do leite materno há de ser-lhe assegurada. É período no qual, segundo a etimologia latina, educar é amamentar. Não apenas fornecer o leite humano, mas principalmente o afeto, o aconchego do colo, o contato pele a pele, a linguagem carinhosa, o calor materno, a troca de olhares que transbordam sentimentos e estímulos cordiais. É o cenário com o mais baixo índice de estresse. A educadora-titular neste ciclo tão decisivo é uma só. Chama-se mãe. Assim cresce e se diferencia o cérebro da criança num ritmo de conexões neuronais inimaginável. É quando o ser humano mais sabe aprender durante toda a existência. Se esta oportunidade lhe for negada, chegará à pré-escola com nível intelectual aquém do esperado. Para que o direito à educação seja garantido ao bebê, o único recurso 15/09/15 eficaz é a licença-maternidade de pelo menos um ano, coadjuvada pela licença-paternidade de pelo menos um mês, a fim de que o pai possa realizar o papel de educador-assistente no principal período adaptativo em que sua participação é de inestimável valor. Nas etapas seguintes, a qualificada profissão do magistério tem que ser remunerada como a mais importante da sociedade. É a que cumpre o sentido figurado do educare, ou seja, instruir e ensinar, reproduzindo as virtudes e valores imanentes à maternidade e à paternidade, na versão pedagógica apropriada, que incluem afeto, competência e proteção contra o estresse. A pátria tem outra visão. Entende que educar é mero sinônimo de escolarizar. Daí o fracasso que se pensa corrigir por medidas tais como a redução da maioridade penal; redução da maioridade laboral; e a legalização do porte e consumo de drogas ilícitas. Nada disso tem a ver com a estimulação educacional legítima a que toda criança tem direito. Em síntese, a atividade materna é o cerne da verdadeira educação do novo ser. Cabe, portanto, à sociedade conferir à mulher-mãe o destaque prioritário que merece e conceder-lhe o pagamento a que faz jus como protagonista insubstituível do processo educativo humano e transformador. CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 CIDADES CRISE NO GDF » Um dia crucial para o DF Rodrigo Rollemberg confirma que não pagará os reajustes salariais este ano e anuncia hoje outras medidas para cortar os gastos e aumentar a arrecadação. Ele mesmo entregará a Lei Orçamentária Anual para a Câmara Legislativa » GUILHERME PERA Uma terça-feira para decidir o futuro do Distrito Federal. Após anunciar o adiamento dos reajustes salariais concedidos pelo governo passado, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) vai divulgar às 15h30 de hoje um pacote de medidas que impactarão nas contas da cidade, não apenas de 2016, mas para o resto do mandato. O socialista passou os últimos dias reunido — com a equipe, na residência oficial de Águas Claras, e sindicalistas, no Palácio do Buriti — em busca de alternativas. Com 50,8% do orçamento comprometido em gastos de pessoal (leia mais na página 20), falta de dinheiro em caixa e reajustes salariais que começam a valer no próximo mês, o socialista se encontra em uma situação de uma possível greve geral de um lado e o desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — que pode levar à reprovação das contas no Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) — de outro. Tudo isso no dia em que entrega a Lei Orçamentária Anual (LOA) para a Câmara Legislativa. O pacote amargo deve incluir, além da não concessão dos aumentos salariais, o corte de 20% dos cargos comissionados e a fusão de secretarias. Apesar de membros e ex-integrantes do primeiro escalão da equipe — como a secretária de Planejamento, Leany Lemos; o ex-secretário de Fazenda Leonardo Colombini; e o ex-chefe da Casa Civil Hélio Doyle — terem aconselhado a contenção desde o primeiro dia de mandato, Rollemberg resistiu até o último momento na questão dos salários. Agora, viu que simplesmente não há recursos e precisa de um incremento de R$ 2,2 bilhões para acabar o ano em dia com empregados e fornecedores do GDF. Soma-se a isso o fato de a ajuda da União, tão bem-vinda em momentos como esse, estar comprometida: ontem, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), anunciou a suspensão de concursos públicos, a volta da CPMF e o não reajuste de salários de servidores públicos federais. Hoje, o governador deve ir pessoalmente à Câmara Legislativa a fim de entregar a Lei Orçamentária Anual — e as previsões de gastos com pessoal estão na casa dos R$ 20 bilhões para o ano que vem. Em uma última tentativa de negociação com os sindicatos, Rollemberg (PSB) passou a tarde de ontem reunido com 15/09/15 representantes de diversas entidades. Apesar de não chegar a bater o martelo sobre o pagamento de reajustes salariais, Rollemberg afirmou que “não prometeria o que não pode cumprir”. Durante a noite, ele confirmou o cancelamento. Quem participou do encontro descreveu o chefe do Executivo local como “muito abatido, magro e preocupado”. Como tem acontecido, o governador utilizou-se do discurso da herança maldita, tecla batida desde o início do mandato. “A gente até já previa a situação financeira, mas não a orçamentária. A gente percebia que o cenário se deterioraria e dificultaria novas alternativas de arrecadação para superar os obstáculos. Foi por isso que buscamos meios de conseguir fazer os pagamentos. Se não vamos fazer é por total falta de possibilidade. Nós herdamos essa situação”, continuou. Rodrigues. De acordo com Gutemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos (SindMédico) e coordenador do Movimento Unificado em Defesa do Servidor Público — que representa 33 categorias —, afirmou que há indicativo de greve para o quinto dia útil de outubro. O descontentamento era visível antes da reunião. A prévia de pagamentos dos servidores da Secretaria de Educação para o mês de outubro havia desaparecido do site do órgão no horário do almoço, segundo Rosilene Corrêa, diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF). “A relação vinha com reajuste aplicado, mas o documento foi retirado da página na hora do almoço”, disse. Segundo Cleber Soares, também diretor do Sinpro, a categoria ainda não se decidiu, “mas a reação deve ser negativa”. Resta saber se o governo vai conseguir conter gastos e ânimos ao mesmo tempo. Reações negativas O discurso de todos os sindicalistas foi semelhante: o governo encontrará reações negativas caso não conceda o aumento. “Compreendemos a situação difícil que o GDF vive. Mas lutamos pelos nossos direitos e conquistamos. O reajuste salarial é lei e deve ser cumprido”, afirmou a presidente do Sindicato da Saúde (SindSaúde), Marli A Contribuição de Iluminação Pública deve ser um dos pontos apresentados no pacote de hoje para aumentar a arrecadação na cidade (Breno Fortes/CB/D.A Press - 1/7/15 ) A Contribuição de Iluminação Pública deve ser um dos pontos apresentados no pacote de hoje para aumentar a arrecadação na cidade Palavra de especialista “Acabou o milho, acabou a pipoca” A crise é uma situação extrema e o porquê de ter chegado a isso é um processo. O governador cortará na carne, fará redução de despesa. Terá de diminuir secretarias, enxugar a máquina administrativa. Rodrigo Rollemberg deve se adequar porque não há condições de aumentar a receita em curto prazo. Logo quando se assume um governo, o que o gestor quer fazer? Aumentar a receita. Mas há limites para isso. No atual caso, há o problema de atividade econômica em baixa. Não tem jeito de virar o jogo e estimular atividade econômica porque isso não depende só do GDF. É um problema da economia brasileira, ainda mais porque nós vivemos à custa de concursos públicos. O gestor só pode fazer gastos se tiver receita: acabou o milho, acabou a pipoca. Para o ano que vem, ele pode pensar em aumentar impostos, mas aí precisa combinar com a Câmara Legislativa. Outras alternativas são as buscas em soluções na tributação e na procura por parcerias público-privadas, como ele vinha fazendo, porque isso alivia as despesas. Nilton Marques, economista e professor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB 15/09/15 CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 CIDADES CRISE NO GDF » Saídas para evitar o colapso Executivo anuncia que estourou o limite de gastos com pessoal previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Secretário de Fazenda alerta para a urgência de medidas que aumentem a arrecadação e reduzam as despesas com salários » ISA STACCIARINI Meneguetti afirmou que seria necessário R$ 1,5 bilhão por mês para quitar a folha salarial O Distrito Federal corre o risco de entrar em uma situação de colapso financeiro. A realidade é tão crítica que o Buriti pode não ter dinheiro para manter os serviços públicos básicos em funcionamento, como limpeza urbana, compra de medicamentos para a rede pública de saúde e de comida de presos. O secretário de Fazenda, Pedro Meneguetti, detalhou que só havia R$ 3 milhões disponíveis em caixa, na última sexta-feira, ante um orçamento de R$ 29 bilhões. Para piorar, os gastos com pessoal ultrapassaram o limite máximo de 49%, previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No segundo quadrimestre do ano, de maio a agosto, a despesa total com servidores chegou a 50,8%, o que corresponde a um valor absoluto compatível a R$ 9.292.217.673,01. Para solucionar a calamidade financeira, o GDF poderia buscar mais empréstimos, como operações de crédito. Contudo, o Executivo local esbarra na dificuldade econômica do governo federal, que precisa aprovar o processo, mas não autoriza por dificuldade semelhante. A fim de quitar a folha líquida de pessoal, Meneguetti ressalta que seria necessário R$ 1,5 bilhão bruto por mês. O relatório de gestão fiscal do segundo quadrimestre, que contém os dados dos gastos com servidores do GDF, será publicado hoje no Diário Oficial do DF (DODF). Com o descumprimento da LRF, o governo não pode aumentar salários, criar cargos, contratar hora extra ou admitir pessoal, com exceção de repor servidores aposentados ou falecimento nas áreas de educação, saúde e segurança. A fim de voltar ao limite prudencial de 46,55% em oito meses, o Buriti deve reduzir em 20% os cargos comissionados, exonerar servidores não estáveis e até demitir concursados. “O governo tem oito meses para retornar ao limite prudencial. Se isso não acontecer, podemos perder o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”, explicou o secretário de Fazenda. Além disso, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), pode perder o mandato e responder por improbidade administrativa. “O governo precisa adotar as medidas para retornar à situação normal. Para isso, deve atacar fortemente no corte de despesas e, se necessário, em um ajuste na receita. Fizemos essa apresentação para o governador e ele está tomando todas as providências necessárias, cabíveis e dentro das leis”. Números Apenas com pagamento de cargos comissionados, o governo gastou R$ 295 milhões (valor bruto), entre janeiro a agosto deste ano. Do total, R$ 154,5 milhões saíram entre maio e agosto. Segundo a Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização do DF (Segad), o Executivo local cortou 4.077 cargos comissionados sem vínculo com o governo e 312 com ligação, de janeiro a agosto. A queda corresponde a 49,05%, se comparado aos oito primeiros meses de 2014. A ação, de acordo com a pasta, gerou uma economia de R$ 113 milhões. No primeiro quadrimestre do ano, a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB) ultrapassou o limite prudencial com 48,01% da Receita Corrente Líquida (RCL) comprometida para pagamento de servidores. No terceiro quadrimestre de 2014, na gestão de Agnelo Queiroz (PT), o percentual gasto com pessoal atingiu 49,12% da RCL, segundo relatório do Tribunal de Contas do DF (TCDF). CORREIO BRAZILIENSE 15/09/15 CIDADES ENEM » Passaporte para a faculdade privada Usado no ingresso nas universidades públicas, exame tem sido critério de seleção para algumas instituições particulares. Candidatos são atraídos por bolsas e financiamentos » Isabela Bonfim Especial para o Correio Talia Ferreira e Raphael de Jesus apostam nos programas de financiamento do governo para pagar os estudos Principal meio para ingressar em universidades públicas, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também é aceito por instituições privadas e tem encontrado cada vez mais adesão no Distrito Federal. As faculdades usam a prova como parte do processo seletivo ou substituem completamente o vestibular tradicional pela nota. “O perfil do aluno que faz o Enem com o intuito de ingressar em faculdade privada é, em maioria, de escola pública e de renda mais baixa. São estudantes incentivados pelas oportunidades de bolsa e financiamento estudantil”, explica Alexandre Crispi, diretor da rede educacional Alub. Interessado em trabalhar na área esportiva, Raphael de Jesus, 19 anos, quer estudar fisioterapia ou educação física. “O ideal era na universidade pública, mas quero passar logo, e a faculdade particular é mais uma opção.” Ele terminou os estudos no Centro de Ensino Médio Setor Leste, no ano passado, e começou o cursinho preparatório este semestre. “No Enem, há essa vantagem de fazer uma prova e concorrer a várias faculdades”, explica. Ele vai avaliar as opções conforme o resultado no exame, mas tem preferência pelo UniCeub. Fabiano de Andrade, secretário adjunto do UniCeub, concorda que o uso do Enem no processo seletivo traz comodidade. “É mais uma oportunidade para o aluno.” A instituição aderiu ao Enem pela primeira vez este semestre, oferecendo as 186 vagas restantes dos dois vestibulares realizados. Para concorrer, o candidato pôde apresentar o resultado do Enem realizado desde 2012 com nota superior a 250 pontos. De acordo com o secretário, o sistema deve ser mantido nos próximos anos, mas não vai substituir completamente o vestibular tradicional. “Não podemos usar apenas o Enem, porque temos interessados que saíram da escola há mais de 10 anos e não tiveram a oportunidade de fazer a prova”, justifica. Para o vice-reitor do centro universitário Iesb, Edson Sousa, o Enem como processo seletivo é uma vantagem também para a instituição. “Quando abrimos o período de matrículas, já temos a listagem de alunos e o ranking”, explica. Além do vestibular agendado, o Enem é aceito como método de seleção na instituição desde 2013. É preciso que o candidato tenha realizado a prova nos últimos dois anos e obtido nota superior a 300 pontos. Segundo o vice-reitor, a adesão vem crescendo. No último semestre, 30% dos matriculados ingressaram com a nota do Enem. “Está crescendo bastante. Imagino que um dia não precisaremos do vestibular, os alunos vão apenas apresentar a nota do Enem.” Financiamento O que tem tornado o Enem um chamariz para quem deseja ingressar em faculdade particular não é apenas a comodidade, mas as oportunidades de bolsas e financiamentos do governo. Para concorrer a bolsas no Programa Universidade para Todos (ProUni) ou liberação do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), é preciso ter nota superior a 450 15/09/15 pontos no Enem e não zerar a redação. O estudante Raphael acredita que esse será mais um auxílio para dar continuidade aos estudos. “A bolsa ajuda a inserir a pessoa pobre no ensino superior. Meu pai e meu avô não fizeram faculdade porque não tinham dinheiro para se preparar ou para pagar o curso”, conta. Para Talia Ferreira, 18 anos, conseguir uma bolsa é fundamental. Os pais não têm condições de arcar com os custos de uma faculdade particular. Ela terminou o ensino médio no Centro Educacional 02 de Planaltina, no ano passado, e faz curso preparatório para o Enem desde fevereiro. “Na escola, não havia preparação para o vestibular, tanto que precisei recorrer ao cursinho”, conta. Ela tentou uma vaga para psicologia na Universidade de Brasília (UnB) no meio do ano, mas não foi aprovada. O objetivo agora é conseguir uma boa colocação no Enem e tentar a bolsa do ProUni. “Se eu tirar uma boa nota, posso conseguir até uma bolsa integral. É uma grande oportunidade para quem não pode pagar.” Como usar o Enem para estudar nas particulares Instituições particulares Informações diretamente com a instituição. Em geral, as faculdades determinam uma nota mínima e aceitam notas de exames antigos. ProUni Concede bolsas de 50% e 100%. Para concorrer, é preciso ter participado da última edição do Enem e cursado o ensino médio em escola pública ou em particular com bolsa integral. Critérios: nota final superior a 450 pontos no Enem e nota na redação maior do que zero; renda familiar bruta inferior a três salários mínimos per capita. Fies Concede financiamento da mensalidade da faculdade com taxa de juros de 6,5% ao ano. Para concorrer, é preciso ter participado do Enem em 2010 ou posteriormente e já estar matriculado na faculdade. Critérios: nota final superior a 450 pontos no Enem e nota na redação maior do que zero; renda familiar bruta inferior a 2,5 salários mínimos per capita. Fonte: Ministério da Educação (MEC) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) 24.735 É o número de contratos do Fies firmados no DF em 2014 10.192 É a quantidade de bolsas concedidas pelo ProUni no DF o primeiro semestre de 2015 JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 Sindicatos são chamados para negociar reajustes POLÍTICA JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 POLÍTICA JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 POLÍTICA 15/09/15 JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 POLÍTICA JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 15/09/15 CIDADES METR O - BRASÍLIA METRO 15/09/15 BRASÍLIA No limite, GDF não pagará reajustes dos servidores 15/09/15 METR O - BRASÍLIA METRO 15/09/15 BRASÍLIA CORREIO WEB INFORME ON LINE 15/09/2015 ANA MARIA CAMPOS / HELENA MÁDER GHILHERME PERA / MATHEUS TEIXEIRA Prévia de pagamentos sumiu de site da Secretaria de Educação, diz sindicato A prévia de pagamentos dos servidores da Secretaria de Educação para o mês de outubro desapareceu do site do órgão, segundo o diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa. De acordo com o sindicato, a relação dos salários que estava no ar vinha com reajuste aplicado, mas o documento foi retirado da página na hora do almoço. A categoria ainda não decidiu o que irá fazer, mas, a reação “deve ser negativa”. Quem afirma é o também diretor da entidade, Cleber Soares. O ESTADO DE S. PAULO 15/09/15 NOTAS & INFORMAÇÕES Impasse e caos na educação Quase dez meses depois de a presidente Dilma Rousseff ter anunciado que o lema de seu segundo mandato seria “Brasil, Pátria Educadora” e que a educação seria a principal prioridade de seu governo, a área encontra-se num impasse político e caos administrativo. Funcionalmente, a responsabilidade pela formulação de uma política educacional para os próximos quatro anos cabe ao ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, que assumiu o cargo no início de abril. Mas foi ao ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Roberto Mangabeira Unger, que a presidente da República encomendou a elaboração de um “plano de concepção” com base no lema do governo. Cumprindo a tarefa que lhe foi designada por Dilma, Unger convocou autoridades educacionais, solicitou a colaboração de associações de professores e apresentou um projeto para reformar estruturalmente o ensino básico, cujo estado classificou como “calamitoso”. Entre outras medidas, propôs maior cooperação entre União, Estados e municípios na área educacional, a criação de um Exame Nacional do Ensino Médio digital, a oferta de ensino diferenciado aos alunos com melhor desempenho, o aproveitamento de novas tecnologias, a capacitação dos diretores de escolas públicas e o afastamento daqueles que não forem bem avaliados. Sem criticar publicamente a SAE, a cúpula do MEC queixou-se de não ter sido ouvida. Também manifestou total discordância com relação às propostas de Unger, lembrando que elas não contemplariam as metas previstas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Para conter a desenvoltura de seu colega de Ministério na área de ensino, o ministro Renato Janine Ribeiro aproximouse do vice-presidente Michel Temer. E pediu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recomendou a Dilma que mantivesse o PNE como a principal bandeira do governo no campo da educação. Os problemas se agravaram quando Unger incluiu em seu projeto de reforma da educação básica uma proposta de diretrizes curriculares para a Base Nacional Comum da Educação. Essas diretrizes definem o que as autoridades educacionais esperam que os alunos das 190 mil escolas do País aprendam em cada etapa do ensino básico. Ocorre que, no MEC, Janine Ribeiro já vinha formulando outra proposta para a Base Nacional Comum da Educação, com base no PNE. Desde então, os dois ministros vêm fazendo declarações desencontradas e contraditórias sobre a matéria. Tão grave quanto o impasse político é o caos administrativo numa das áreas essenciais para a formação de capital humano de que o País tanto necessita para poder passar a níveis mais sofisticados de produção. Se as propostas da SAE pecam pela ambição e pelo irrealismo, a ênfase do MEC ao PNE prima pelas concessões ideológicas e corporativas. Aprovado com um atraso de três anos e meio, esse documento define diretrizes e metas que devem ser atingidas pelos municípios, Estados e União em todos os ciclos de ensino, entre 2011 e 2020. Por sua importância, o PNE deveria ter sido escrito por técnicos de competência reconhecida. Mas, submetido a centenas de consultas públicas, ele foi preparado com base em reivindicações de sindicatos de professores e servidores, entidades estudantis e movimentos sociais. As demandas políticas e corporativas contempladas foram tantas que o PNE acabou desfigurado – a ponto de ter sido classificado por muitos pedagogos como um “aleijão”, com diretrizes e metas que oscilam entre utopias e inconsequências. Por pressão de partidos de esquerda e das entidades mais radicais de docentes, servidores e estudantes, o PNE prevê que o Estado gaste, no mínimo, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto no setor educacional, o que desorganizaria as finanças públicas, obrigando os governantes a reduzir gastos em outras áreas importantes. O impasse político e o caos administrativo no setor educacional dão a medida da desorganização reinante no governo Dilma Rousseff. N. da R.: Este editorial já estava na página quando chegou a notícia da demissão do ministro Mangabeira Unger. O ESTADO DE S. PAULO 15/09/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 15/09/15 Secretaria aumenta efetivo de PMs na USP METRÓPOLE 15/09/15 O ESTADO DE S. PAULO 15/09/15 METRÓPOLE