a gestão de pessoas e de conhecimento para o
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53 A GESTÃO DE PESSOAS E DE CONHECIMENTO PARA O CRESCIMENTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E CORPORATIVA Guilherme Campaner Petersen – Acadêmico do Curso de Administração do centro Universitário Estácio Uniseb Simone Santana Costa – Acadêmica do Curso de Administração do centro Universitário Estácio Uniseb Victor Lucas Caldeira - Acadêmico do Curso de Administração do centro Universitário Estácio Uniseb Elizabete David Novaes – Dra. Em Sociologia (Unesp- Araraquara), Docente do centro Universitário Estácio Uniseb, orientadora do presente trabalho. Resumo Esse artigo destaca a importância da qualificação de mão de obra e as dificuldades enfrentadas atualmente pelas organizações para desenvolvê-la, assim como a qualificação interna de seus empregados, bem como a retenção destes e de seu conhecimento tácito. Considera que a gestão de diferentes gerações pode ser um fator primordial nessa tentativa, gerando forte concorrência entre as organizações na procura dos profissionais mais qualificados. Palavras-chave: Gestão de pessoas; Gestão do conhecimento; Qualificação profissional; Educação corporativa Abstract This article highlights the importance of workforce qualification and the difficulties currently faced by organizations to develop it. It aims to show the difficulties of an organization in the internal qualification of its employees as well as the retention of these and their tacit knowledge. It considers that the management of different generations can be a major factor in this attempt, generating strong competition among organizations in finding the most qualified professional. Keywords: skilled labor; Generation X, Y and BB; Management of Tacit Knowledge. 1 Introdução É possível que a crise econômica no Brasil ainda venha a se agravar antes de melhorar e grande parte dos problemas foi criada pelo próprio país, aponta o jornal britânico Financial Times (FT). Este é o cenário do ano de 2015, que se mostrou um desafio nacional, onde Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 54 pequenas e grandes empresas viram-se diante de uma queda no consumo e uma avalanche de impostos. Dentro desta realidade, a qualificação profissional coloca-se como uma questão muito importante para as organizações atualmente, visto sua grande busca pela qualidade, diferenciação e lucros. Mas este fator tem-se tornado um grande problema, dada a significativa expansão dos mercados, num ritmo que não tem sido acompanhado pela qualificação profissional. Outros fatores que interferem na qualificação de mão de obra são o gerenciamento de diferentes gerações no ambiente de trabalho, alta competitividade das empresas na busca por profissionais qualificados e qualificação nas bases, como estagiários e trainees. Muitas empresas, na busca por bons profissionais, passaram a oferecer vários benefícios para conquistar a mão de obra da concorrência, mas nem sempre o investimento feito gera a produtividade esperada. Essa rotatividade gera a perda de conhecimento tácito, que é adquirido a partir da experiência humana em situações de trabalho que não podem ser escritas em manuais ou registradas de alguma forma, para serem utilizadas, com sucesso, por pessoas inexperientes. Portanto, reter este tipo de conhecimento tornou-se algo fundamental para o bom andamento nas empresas. Cada vez mais diversas organizações buscam qualificar seus funcionários internamente, com cursos ou até mesmo escolas que capacitem pessoas para desempenhar as atividades necessárias para aquele setor. Tal processo requer investimentos elevados, mas, que se geridos de maneira correta, podem gerar altos níveis de produtividade e retorno. Portanto, a gestão correta de pessoas de gerações, culturas e níveis de conhecimento diferentes pode ser um fator determinante para o sucesso de uma empresa. Para discutir tal problemática, o presente artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa exploratória (GIL, 2008), visando proporcionar maior familiaridade com o problema da relação paradoxal entre necessidade de qualificação e as dificuldades de obtenção desta qualificação. Para tanto, pautou-se em levantamento bibliográfico. 2 A Teoria Do Capital Humano E A Qualificação Da Mão De Obra Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 55 De acordo com Saul (2004) a Teoria do Capital Humano foi anunciada por Theodore Schultz, em 1960, e dedicada ao tema do investimento em seres humanos, tal teoria foi publicada em 1962 em suplemento da revista científica americana Journal of Political Economy. O investimento nas pessoas traz retornos imediatos, a médio e longo prazo, essa teoria destaca a importância de investir no capital humano e, de acordo com essa ideia, mesmo enfrentando dificuldades, o retorno é resultado do trabalho e da dedicação das pessoas que foram incentivadas, como países que saíram do caos depois de guerras e se tornaram potencias econômicas. Desta forma a aplicação dessa teoria ao ambiente organizacional, implica investir no capital humano desenvolvendo a área econômica e o campo competitivo. Conforme Azevedo (2009 apud HOLANDA 2007), a qualificação profissional da população promove o crescimento econômico e o desenvolvimento socioeconômico dos países, beneficiando trabalhadores, famílias, comunidades e sociedade em geral O mercado passa por um problema muito relevante para seu bom funcionamento, à medida que as empresas não encontram pessoas que atendam às suas necessidades e exigências, para obter os melhores resultados. Por sua vez, os consumidores não admitem erros, e manter a fidelidade destes é um desafio tão grande que desencadeia uma verdadeira guerra na busca por profissionais competentes. A esse respeito, o SEBRAE aponta que a qualidade dos recursos humanos é, indiscutivelmente, uma das principais causas de sucesso ou fracasso de uma empresa. (SEBRAE, 2015). Chiavenato (2008, p. 496), afirma que o aperfeiçoamento profissional é a educação que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar o homem para seu crescimento profissional em determinada carreira na empresa ou para que se torne mais eficiente e produtivo no seu cargo. Em levantamento feito em 2011 pela Confederação Nacional da Indústria, já se constatava que a falta de mão de obra qualificada atingia 69% das indústrias brasileiras (AGÊNCIA BRASIL, 2011). Segundo Butz et al (2003), em um cenário de escassez de força de trabalho específica, os salários pagos a tais profissionais tendem a se elevar, pois há um aumento na oferta de Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 56 benefícios feita pelas empresas para atrair bons profissionais, porém, não há sempre, em contrapartida, um aumento na produtividade, o que torna o investimento um prejuízo. Conforme Kober (2004, p.154) a qualificação profissional é a preparação do cidadão através de uma formação profissional para que este possa aprimorar suas habilidades para executar funções específicas demandadas pelo mercado de trabalho. O profissional qualificado conhece bem os processos utilizados pela empresa e como bem realizá-los, por isso lida melhor com situações corriqueiras e com as de maior complexidade, executando tarefas em menor tempo e com mais eficiência. Segundo Pastore (apud BURNIER E GONÇALVES, 2012), formou-se no Brasil um desencontro, pois o país tem em sua base educacional um problema de desenvolvimento básico. Nos processos atuais, praticamente todas as tarefas envolvem tecnologia, e isso requer um nível mais avançado de preparo e, por sua vez, as falhas decorrentes da educação básica torna toda a cadeia de qualificação de mão de obra muito mais difícil ou até impossível de ser concluída. As empresas enfrentam avanços competitivos que se aprimoram diariamente, e possuir profissionais que se aperfeiçoem constantemente parece ser a chave do negócio. O profissional deve ser ativo em sua busca por conhecimentos e pela prática eficaz desse knowhow dentro da organização. Portanto, a qualificação vai além do aprendizado padrão, ela se faz no aprimoramento constante e aplicação em situações práticas, viabilizando que a empresa seja a mais produtiva e competitiva possível. Em meio a alta competitividade das empresas na busca por profissionais qualificados coloca-se também a importância da qualificação nas bases, recorrendo a estagiários e trainees, o que parece oferecer algumas vantagens, conforme abordado a seguir. 2.1 As vantagens de contratar estagiários A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, apresenta em seu Art. 1º que: Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 57 O portal Sociedade de Negócios defende a contratação de estagiários pelas ideias novas que esses jovens trazem, pela possibilidade de capacitá-los e por não serem, geralmente, profissionais que já tenham vícios adquiridos pela experiência em outras empresas, facilitando seu preparo e desenvolvimento. (SOCIEDADE DE NEGÓCIOS, 2014). O estágio tem a proposta de qualificar pessoas que têm preparo acadêmico, mas não tem experiência profissional, isso permite que as empresas moldem esses funcionários de maneira a atender suas próprias necessidades corporativas. Um profissional experiente pode capacitar o estagiário de maneira a tornar sua mão de obra tão qualificada quanto um profissional padrão, otimizando os processos da empresa, e criando um possível funcionário que atenda a diversas demandas profissionais necessárias naquele contexto. A esse respeito, o Portal SEBRAE defende que cabe ao gestor ter uma visão da remuneração como fator de aperfeiçoamento da empresa e não como fator de custo. Por isso, a contratação de estagiários não deve ser vista apenas como um redutor de custos, pois tal visão impactará negativamente a empresa no longo prazo, dada a falta de fomento ao desenvolvimento profissional e pessoal, e apenas ao retorno financeiro. (SEBRAE, 2015). A contratação de estagiários deve ser vista como a oportunidade de preparação de um novo profissional, potencializando suas capacidades e a empresa em que atua. 2.2 A importância do Conhecimento Tácito Carvalho (2012) afirma que o conhecimento sempre começa com um indivíduo e que as relações que um indivíduo estabelece com outro promovem a troca de alguma forma de conhecimento tácito, como um know-how ou uma crença. Nonaka e Takeuchi (2008) apontam a fragilidade no sucesso das organizações e como é importante as empresas que buscam pelo sucesso adaptarem-se as constantes mudanças que ocorrem no meio em que atuam. De acordo com Nonaka e Takeuchi (2008), a criação do conhecimento se inicia com a socialização e passa através de quatro modos de conversão do conhecimento, formando uma espiral. Segundo os autores, o conhecimento é amplificado através dos modos de conversão descritos a seguir: Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 58 • Socialização: que implica em compartilhar e criar conhecimento tácito através de experiência direta. • Externalização: significa articular conhecimento tácito através do diálogo e da reflexão. • Internalização: envolve a capacidade de aprender e adquirir novo conhecimento tácito na prática. • Combinação: implica em sistematizar e aplicar o conhecimento explícito e a informação. • Internalização: refere-se ao processo de aprender e adquirir novo conhecimento tácito na prática. Na literatura, o modelo também é conhecido como espiral SECI, é ilustrado conforme a figura 1: No que se refere à externalização, Nonaka e Takeuchi (2008) apontam que esta tem sido amplamente negligenciada na literatura organizacional. E é justamente por meio deste modo de conversão que o conhecimento tácito, que é pessoal, específico ao contexto e difícil de formalizar e comunicar aos outros, é convertido em conhecimento transmissível e articulado. Portanto, encontra-se aí então um gargalo que limita o desenvolvimento organizacional, pois a transmissão de conhecimentos torna-se limitada, e a perda de alguns Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 59 profissionais, que levam consigo esse precioso know-how pode ser determinante para a perda de qualidade nas atividades organizacionais. Parte daí, principalmente, a importância de uma gestão que consiga reter e motivar esses profissionais. Métodos como Qualidade de vida no trabalho, a oferta de maiores salários e benefícios, condições favoráveis de trabalho entre outras vantagens são um modo comumente utilizado pelas empresas na busca da retenção desse material humano. O que pode ser determinante nessa permanência é o estilo profissional de cada colaborador, o que pode ser definido pela educação recebida, seu momento atual de vida ou fatores que se somam desde seu nascimento. Como cada geração relaciona-se com essas mudanças tornou-se um novo aspecto relevante para os gestores de Recursos Humanos. 3 Gestão De Pessoas E De Conhecimentos E A Educação Corporativa A gestão de pessoas entende que o material humano torna as empresas cada vez mais competitivas, e identificar, desenvolver e estimular habilidades individuais enriquece o poder competitivo da organização. De acordo com Chiavenato a Gestão de Pessoas (GP) é uma área sensível à mentalidade que predomina nas organizações. O termo Gestão de pessoas é uma das denominações da gestão do capital humano, do capital intelectual de uma organização. Chiavenato (2008, p.7-6) diz que falar de gestão de pessoas é falar de gente, de mentalidade, de vitalidade, ação e pró-ação, sendo também algo que está vinculado ao momento, ou seja, é contingencial, situacional. O papel da gestão de pessoas é identificar os conhecimentos necessários para execução das atividades, administrar a capacidade das pessoas em relação a ocupação que se encontra. O fato da gestão de pessoas administrar os conhecimentos é encontrar também a necessidade de movimentação e aprimoramento de cada colaborador de uma organização, através desta gestão é possível proporcionar melhorias individuais e coletivas, a organização só funciona e se torna competitiva se esses conhecimentos estão sendo alocados corretamente. Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 60 Para Chiavenato (2008, p. 168) as organizações somente começam a funcionar quando as pessoas que devem cumprir papéis específicos ou atividades solicitadas ocupam as duas posições correspondentes. O desenvolvimento organizacional ocorre, basicamente, pelo desenvolvimento de seu material humano, e a qualificação de mão de obra coloca-se como uma questão muito importante para as organizações atualmente, e com o decorrer do tempo a preocupação com a educação corporativa tornou-se cada vez maior. A preocupação também com a forma como os processos são executados na empresa é fundamental para o seu bom desempenho. Conforme explica Eboli (2005) a Educação Corporativa deve permear toda a cultura organizacional e fazer parte do cotidiano da organização, e o papel das lideranças empresariais é crucial nesse sentido. A Educação Corporativa está relacionada com a cultura organizacional da empresa, as ferramentas de gestão de pessoas, as atividades de Treinamento e Desenvolvimento, os estilos de liderança, ou seja, tudo que a gestão de pessoa pode proporcionar ao ambiente corporativo. A Educação corporativa é realizada continuadamente, conforme se posiciona Chiavenato (2004, p. 28) a educação é o preparo para a vida e pela vida. O mundo corporativo e a sociedade em geral têm um crescimento significativo, tudo muda muito rápido e o meio corporativo tem que acompanhar as mudanças, para tal a Educação Corporativa exige um planejamento estratégico da gestão de pessoas com foco na ampliação da capacidade humana e o potencial de aprendizagem organizacional. Não é só a organização que tem o reconhecimento das necessidades de conhecimentos e alocação da mão de obra especializada, os próprios colaboradores também devem procurar estar preparados para os desafios do mercado. Gheringer (2005, p.9) afirma que cada época tem o seu canudo. Um dia foi o diploma de datilografia, hoje é o MBA. Desta forma, a Educação Corporativa esta sempre evoluindo, e a cada dia com maiores exigências, tanto do planejamento organizacional como do conhecimento dos colaboradores. Para Chiavenato (2004, p.334) formar é muito mais do que simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana e as organizações estão dando conta disso. Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 61 A Educação corporativa esta relacionada ao sucesso profissional, e deve atender a essência da filosofia corporativa. Se o mercado evolui, a empresa precisa acompanhá-lo para ser competitiva, se o colaborador não esta capacitado para enfrentar as mudanças, se não evolui e atende às necessidades da organização, a educação corporativa fica comprometida, um problema que a gestão de pessoas enfrenta com a qualificação do seu patrimônio. As mudanças ocorrem em toda parte, assim como na gestão de pessoas, a evolução exige que a administração de pessoas também esteja sempre atualizada, entretanto, para poder se posicionar é necessário conhecer a história desta evolução, assim como as diferenças de gerações. 4 Diversidades De Gerações Quanto À Qualificação Da Mão De Obra Uma questão que torna a gestão de pessoas mais complexa, é diferença que há entre as gerações X, Y e os Baby Boomers, desde seu posicionamento quanto a empresa na qual trabalham, até posturas individuais em seu cotidiano, resultado de educações e momentos históricos em que cresceram diferentes. Gerir essas diferenças na busca de um resultado pleno para a empresa é o novo desafio dos gestores de RH, que precisam alinhar pensamentos e objetivos de carreira diferentes, posicionando o objetivo comum como foco principal, tarefa cada vez mais complexa, isso por conta da grande diferença que existe entre essas gerações. A geração Baby Boomers refere-se às pessoas nascidas entre 1943 e 1963, durante o Baby Boom. Para Oliveira (2009) os anos correspondem a 1940 a 1960. São consideradas pessoas motivadas, otimistas e workaholies (pessoas viciadas em trabalho). Nasceram no período de crescimento econômico, no final e após a segunda Guerra Mundial, por isso idealizavam atuar na reconstrução de um novo mundo pós-guerra. Durante sua trajetória, essa geração, foi educada para competir, trazida com muita disciplina, ordem e respeito pelos outros. Essa definição possibilita entendermos que essa geração é a mais “fiel” as empresas na qual trabalham, e entendem que o sucesso se define em estar numa mesma empresa por muito tempo, como sinal de crescimento. Isso pode ser Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 62 extremamente positivo para uma empresa que busca profissionais com conhecimentos estratégicos, ou mesmo que pretende formá-los e mantê-los por muito tempo na organização. De acordo com Oliveira (2009) a geração X é a dos nascidos entre 1960 e 1980. Engelmann (2009) considera a data como 1964 a 1977. Viveram num momento de revolução e de luta política e social, presenciando escândalos políticos como o assassinato de Martin Luter King. Presenciaram a Guerra Fria, a queda do muro de Berlin, a AIDS e a modificação de conceitos impostos pela sociedade anterior, o que promoveu a adoção de um sentimento de patriotismo. Lombardia (2008, p.4) explicita que as pessoas pertinentes a essa geração “são conservadores, materialistas e possuem aversão a supervisão. Desconfiam de verdades absolutas, são positivistas, autoconfiantes, cumprem objetivos e não os prazos, além de serem muito criativos”. No seguimento profissional procuram por um ambiente de trabalho mais informal e com uma hierarquia menos rigorosa. Apesar de não serem fãs de regras na vida pessoal, consideram sua necessidade no ambiente empresarial. Carregam o fator de terem crescido durante o florescimento do downsizing corporativo e, devido a essa quebra da estabilidade, buscam o desenvolvimento de habilidades que favorecem a empregabilidade. Apresentam um comportamento mais independente e mais empreendedor, focando as ações em resultados (OLIVEIRA, 2009). A geração Y é constituída por indivíduos filhos da geração Baby Boomers e dos primeiros membros da geração X e, segundo Lombardia (2008) são as pessoas nascidas entre 1980 a 2000, já para Engelmann (2009) são as que nasceram entre 1978 e 1994. É conhecida como a geração dos resultados, tendo em vista que nasceu na época das tecnologias, da Internet e do excesso de segurança. Oliveira (2009) observa que esta geração não viveu nenhuma grande ruptura social, vive a democracia, a liberdade política e um contexto de prosperidade econômica. Entender que os membros de cada uma dessas gerações reagem de maneira diferente diante de situações corriqueiras, inclusive no ambiente de trabalho, é fundamental para entender-se, por exemplo, o perfil mais adequado para cada cargo, e como explorar o máximo do potencial desse indivíduo. Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.5, n.5, p.53-64, jan./jun.2015 63 A reação que cada perfil tem para a volatilidade do mercado pode ser um fator que facilite a busca por cada tipo profissional, tornando o processo mais rápido e, posteriormente, mais produtivo. Conclusões A qualificação de mão de obra é uma atividade influenciada por diversas variáveis, e que é, atualmente, um instrumento de diferenciação competitiva no mercado, engajando os gestores de RH a identificar mais pontos que possibilitem e aprimorem esta prática. O novo desafio das organizações é reter profissionais qualificados, pois estes, com a evolução das gerações sociais, passaram a buscar por outros estímulos que não os financeiros. Colaboradores que possuem maior possibilidade de atuação no mercado de trabalho, ao depararse com situações pouco desafiadoras, ou contextos de trabalho desfavoráveis, têm maior facilidade de trocarem de empresas, pois a busca pela qualidade de vida no ambiente de trabalho tem se tornado cada vez maior, e é também um tema importante para estudo posterior, pois é uma variável de forte impacto no ambiente corporativo. Dessa maneira, os estudos e investigações feitos acerca do assunto tornam-se cada vez mais amplos, sempre na busca de resultados melhores para as organizações. Viu-se a importância de entender a necessidade competitiva que a qualificação de mão de obra tem no mercado atual e que práticas como a qualificação por meio do estágio, da retenção de profissionais antigos e a integração destes podem ser um meio de atingir tal feito. Destaca-se também como a diferença existente entre as gerações X, Y e Baby Boomers é determinante para alinhar os interesses da empresa com os de seus colaboradores, inclusive para a gestão eficiente do conhecimento gerado por em cada atividade desempenhada. Referências AZEVEDO, Renata de Albuquerque. Qualificação profissional de trabalhadores na Indústria de óleo, gás e energia na Região Nordeste do Brasil. Dissertação (Mestrado em Administração)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. 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