centro alpha de ensino associação paulista de

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centro alpha de ensino associação paulista de
CENTRO ALPHA DE ENSINO
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA
ADRIANA GOMES PEREIRA MAURMO
TOSSE E TRATAMENTO HOMEOPÁTICO
SÃO PAULO
2014
ADRIANA GOMES PEREIRA MAURMO
TOSSE E TRATAMENTO HOMEOPÁTICO
Monografia apresentada a Alpha/APH
como Exigência para obtenção do título
de especialista em Homeopatia.
Orientador: Sergio Eiji Furuta
SÃO PAULO
2014
Gomes Pereira Maurmo, Adriana
Tosse e tratamento homeopático / Adriana Gomes Pereira Maurmo, -- São
Paulo, 2014.
34f.
Monografia – ALPHA / APH, Curso de Especialização em Homeopatia.
Orientador: Sergio Eiji Furuta
1. Homeopatia 2. Tratamento homeopático 3. Tosse I. Título
Agradecimento:
Ao Dr. Sérgio Eiji Furuta, pela sua
orientação, dedicação e paciência.
À Renata Menezes pela gentileza
e disponibilidade.
À minha mãe, minha irmã e ao
meu
pai
(in
incondicional
memoriam)
e
pelo
pelo
exemplo
amor
de
persistência, coragem e força.
À Deus, causa primária de todas
as coisas.
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é fazer uma breve revisão sobre o sintoma tosse
analisar o tratamento convencional e propor o tratamento homeopático como
possibilidade terapêutica segura e eficaz.
Palavras-chave: Homeopatia, Tratamento homeopático, Tosse
ABSTRACT
The objective of this paper is to briefly review the symptom cough analyze
conventional treatment and propose homeopathic treatment as safe and effective
therapeutic option.
Keywords: Homeopathy, Homeopathic Treatment, Cough
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Anatomia do reflexo da tosse ...................................................................... 12
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
2.
DEFINIÇÃO ............................................................................................................... 11
3.
CLASSIFICAÇÃO ..................................................................................................... 13
3.1 Aguda....................................................................................................................... 13
3.2 Subaguda .................................................................................................................. 13
3.3 Crônica ..................................................................................................................... 13
4.
SUBTIPOS.................................................................................................................. 14
4.1 Tosse pós- infecciosa ................................................................................................ 14
4.2 Tosse idiopática ........................................................................................................ 14
5.
CAUSAS ..................................................................................................................... 15
6.
INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA .......................................................................... 17
7.
PARTICULARIDADES DA TOSSE EM CRIANÇAS ............................................ 18
8.
TRATAMENTO CONVENCIONAL ........................................................................ 21
9.
TRATAMENTO HOMEOPATICO.......................................................................... 22
9.1 Principais medicamentos homeopáticos .................................................................... 23
9.1.1 Drosera rotundifolia ......................................................................................... 23
9.1.2 Aconitum napellus ............................................................................................ 23
9.1.3 Spongia tosta .................................................................................................... 24
9.1.4 Cuprum metallicum .......................................................................................... 24
9.1.5 Moschus ........................................................................................................... 25
9.1.6 Sambucus Nigra................................................................................................ 25
9.1.7 Aralia racemosa ............................................................................................... 25
9.1.8 Bryonia alba ..................................................................................................... 25
9.1.9 Arsenicum album .............................................................................................. 26
9.1.10 Lobelia inflata .............................................................................................. 26
9.1.11 Ipeca ............................................................................................................. 26
9.1.12 Senega .......................................................................................................... 26
9.1.13 Blatta orientalis ............................................................................................ 27
9.1.14 Dulcamara .................................................................................................... 27
9.1.15 Grindelia robusta.......................................................................................... 27
9.1.16 Antimonium tartaricum ................................................................................. 28
9.1.17 Lachesis ........................................................................................................ 28
9.1.18 Chammomila................................................................................................. 28
9.1.19 Hepar sulphur ............................................................................................... 29
10. DISCUSSÃO............................................................................................................... 30
11. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 32
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 33
9
1.
INTRODUÇÃO
A tosse é uma dos sintomas mais comuns que motivam a consulta de um
paciente ao médico, tanto em adultos,1 quanto em crianças,2 baseado em um
levantamento
do Center for Disease Control and Prevention 3. Tem uma grande
repercussão na qualidade de vida, com prejuízo do sono, incontinência urinária, gera
impacto social negativo
no âmbito familiar e profissional, neste produzindo
absenteísmo.
Constitui-se como o sintoma inicial de uma ampla variedade de doenças
pulmonares e extra-pulmonares, o que explica sua complexidade na avaliação
etiológica
No que diz respeito à terapêutica medicamentosa convencional, 3,14
dispomos daquelas de eficácia bem estabelecida dirigidas às causas específicas
como corticosteróides, antibióticos e antiinflamatórios, porém com grande número de
efeitos adversos e aquelas que encerram em si um aspecto sintomático, ou seja de
controle ou sedação do sintoma, sem evidência do benefício e com muitos efeitos
colaterais.
Cria-se então uma lacuna entre a importância do sintoma, levando-se em
conta sua complexidade clínica e o arsenal terapêutico com alto indice de toxicidade
e efeitos adversos.
Neste cenário a homeopatia27 surge como alternativa de tratamento. Este
método terapêutico, estruturado por Samuel Hanemann em 1796 , tem por pilares a
lei da semelhança (" Simila similibus curentur" - os semelhantes curam-se pelos
semelhantes), as doses mínimas, o remédio único, a experimentação no homem
10
são. Apresenta entre suas maiores virtudes o baixo índice de efeitos colaterais, a
baixa toxicidade com eficácia estabelecida.
11
2.
DEFINIÇÃO
A tosse é um eficiente mecanismo de defesa do sistema respiratório3.
A troca de gases acontece graças à mobilização de ar para o interior das
vias aéreas3. Esse ar carrega partículas que, dependendo do seu diâmetros podem
atingir a traquéia e até os bronquíolos respiratórios e parênquima pulmonar.
As barreiras que defendem nosso organismo das partículas do meio externo
são o clearance mucociliar3, que é o resultado do fluxo cranial de uma fina camada
de muco que englobam as partículas impulsionadas pelos movimentos ciliares na
mucosa respiratória, e a tosse, que elimina as secreções através do aumento da
pressão positiva pleural com consequente compressão das vias aéreas de pequeno
calibre produzindo alta velocidade no fluxo de ar na árvore respiratória. A tosse evita
aspirações de alimentos, secreções e corpos estranhos e é o mais efetivo
mecanismo de proteção quando existe lesão ou disfunção ciliar.
A mecanismo da tosse tem três fases3 (inspiratória, compressiva e
expiratória) é ativado por um arco reflexo que envolve receptores dentro e fora do
trato respiratório, nervos aferentes, centro da tosse no sistema nervoso central,
nervos eferente e orgãos efetores ( figura 1).
12
Figura 1 – Anatomia do reflexo da tosse
Fonte: II Diretrizes Brasileiras no Manejo da Tosse Crônica, 2006.
13
3.
CLASSIFICAÇÃO
3.1
Aguda
É a presença do sintoma por um período de até três semanas 3.
3.2
Subaguda
O sintoma tem um período de duração superior a três semanas porém
inferior a oito semanas3.
3.3
Crônica
A tosse tem duração maior que oito semanas3.
14
4.
SUBTIPOS
4.1
Tosse pós- infecciosa
É um diagnóstico de exclusão3 e deve ser avaliados sob os seguintes
aspectos: tosse subaguda (entre três e oito semanas de duração), avaliação clínica
detalhada sem identificação de uma causa e história de infecção das vias aéreas
nas últimas três semanas.
A fisiopatogenia é multifatorial e envolve inflamação e lesão epitelial da
mucosa das vias aéreas, presença ou não de hiperresponsividade brônquica
transitória, síndrome do gotejamento pós-nasal, acúmulo de secreção nas vias
aéreas inferiores e agravamento do reluxo gastroesofágico. A etiologia está
relacionada na maioria dos casos à infeccões virais.
O quadro clínico em geral é auto-limitado com duração de poucas semanas.
4.2
Tosse idiopática
È uma forma de apresentação da tosse crônica sem causas aparentes 6.
Representa uma entidade clínica distinta, cuja prevalência vem aumentando
nos últimos anos. É observada principalmente em mulheres na no período da
menopausa, no entanto, ainda não está bem estabelecido se há ou não influência
dos hormônios sexuais no mecanismo da tosse ou existe uma associação de outras
doenças como as auto-imunes ou a inflamação brônquica linfocítica.
15
5.
CAUSAS
As causas da tosse podem variar , por exemplo, com o tempo de
aparecimento do sintomas (aguda, subaguda e crônica)
ou com a idade do
paciente3 .
Podemos relacionar a etiologia da tosse aguda no adulto
3
dividindo-as entre
doenças com baixo ou alto risco de complicações e morte .No primeiro grupo estão
o resfriado comum, gripe, rinite aguda, sinusite aguda, laringite, traqueíte, faringite,
bronquite aguda , a exacerbação de doenças pré-existentes (rinossinusopatias, crise
leve de asma ou da doença pulmonar obstrutiva crônica, bronquiectasias),
exposição à alérgenos ou irritantes (ambientais ou ocupacionais), drogas ( inibidores
da enzima de conversão da angiotensina, beta-bloqueadores).O segundo grupo
reúne patologias como a pneumonia, crises graves de asma ou doença pulmonar
obstrutiva crônica, edema pulmonar por insuficiência ventricular esquerda e a
embolia pulmonar.
Na avaliação de causas de tosse subaguda é necessário considerar a
possibilidade de tosse pós-infecciosa observando se há ou não história recente de
infecção de vias aéreas.
Causas da tosse crônica12 conhecidas são classicamente como asma,
doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome da gota pós-nasal, doença do refluxo
gastroesofágico, bronquite eosinofílica e doenças broncopulmonares. O estudo de
Irwin e colaboradores,4,5 demonstrou a frequência das causas de tosse crônica:
síndrome da gota pós-nasal em 29% dos casos, asma em 25% , síndrome da gota
pós nasal e asma em 18%, bronquite crônica tabágica apareceu em 12% , doença
do refluxo gastroesofágico em 10% dos pacientes e as causas diversas (sarcoidose,
16
metástases pulmonares e insuficiência ventricular esquerda ) em 6% dos casos
analisados.
17
6.
INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
A investigação diagnóstica parte de uma anamnese bem feita e exame
clínico detalhado
4,5
. Os exames subsidiários serão definidos de acordo com os
dados colhidos.
A história de tabagismo deve ser sempre avaliada com detalhes, inclusive
carga tabágica e característica da expectoração. A tosse crônica em fumantes é
dose- relacionada e a expectoração mucóide ou mucopurulenta pode ser
consequência da bronquite crônica.
A espirometria ou prova de função pulmonar constitui importante
componente do arsenal propedêutico por ser indispensável na avaliação da fisiologia
respiratória.
Irwin e colaboradores4,5 demonstraram que utilizando um protocolo de
diagnóstico baseado na anatomia e distribuição dos receptores da tosse e nervos
aferentes, na história clínica, no exame físico e na prova de função pulmonar com
avaliação da resposta à broncodilatadores foram capazes de diagnosticar a causa
da tosse em 86% dos casos.
Entre
outros
exames
utilizados
são
radiografias,
tomografia
computadorizada de tórax e seios da face, cintilografia pulmonar, broncoscopia ,
análise citológica e microbiológica da secreção respiratória ( sob a forma de escarro
ou lavado broncoalveolar), estudo da doença do refluxo gastroesofágico (
endoscopia, manometria, pHmetria, trânsito gastrointestinal) e avaliação da função
cardíaca ( ecocardiograma, cateterismo cardíaco).
18
7.
PARTICULARIDADES DA TOSSE EM CRIANÇAS
Como é bem estabelecido em Pediatria, a avaliação clínica em relação à
sintomatologia e, em última análise, às patologias na criança são diferentes daquela
do adulto. E, em relação à tosse, isso não é diferente.
As diferenças começam sob o ponto de vista fisiológico,8 o caminho do
reflexo da tosse no sistema nervoso central envolve o centro respiratório, local que
passa por um processo de amadurecimento que se completa na adolescência. Isso
explica, por exemplo, a variação de valores normais da frequência respiratória na
criança em comparação ao adulto. Na infância a tosse está relacionada a reflexos
primitivos ( quimioreflexo laríngeo), que define diferenças no processo de deglutição
ao longo da vida. Além disso, Grigg e colaboradores 7 descreveram as diferenças na
citologia da mucosa respiratória de bebês prematuros saudáveis através da análise
do lavado broncoalveolar, onde observaram apenas células epiteliais, sem a
presença de leucócitos. Essa mucosa, a partir dos primeiros dias de vida serão
povoadas de macrófagos e linfócitos 7. Outros sistemas que sofrerão maturação são
a árvore brônquica, a musculatura respiratória, a estrutura da caixa torácica e a
fisiologia do sono.
A anamnese inclui aspectos como a avaliação do número de episódios de
tosse. Na infância existe um número de episódios de tosse esperados ou normais (
34 episódios nem período de 24h),8 o que se constitui também numa informação
para a orientação dos pais. Importa avaliar se existe tosse noturna, que é uma
manifestação característica da asma na infância. A qualificação da tosse como
produtiva ou seca. A análise do tempo de aparecimento do sintoma ( agudo ou
crônico).
19
A classificação pode ser feita entre tosse inespecífica( em geral, seca)9,10 e
específica. Esta última pressupõe a presença de indícios de uma etiologia
subjacente e no exame clínico desta classe podemos observar ruídos adventícios,
disfagia, anormalidades cardiovasculares, deformidades torácicas, dispnéia crônica,
baqueteamento digital, hemoptise, alterações do desenvolvimento neuropsicomotor
e pneumonias recorrentes.
No que diz respeito a etiologia da tosse, algumas doenças são comuns tanto
em adultos como em crianças, porém a forma de apresentação pode variar.
Infecções virais, por exemplo, que no adulto causam resfriado comum, em criaças
podem gerar bronquiolites. Por outro lado, patologias que geram tosse no adulto,
como a doença pulmonar obstrutiva crônica não são reconhecidas como causas de
tosse nas primeiras fases da vida.
São causas de tosse na infância9: infecções respiratórias agudas, inalação
de corpo estranho, lesões de vias aéreas ( traqueomalácia), exposição a agentes
tóxicos pulmonares, desordens respiratórias funcionais (tosse psicogênica), asma,
hiperresponsividade brônquica, bronquite eosinofílica, alergias, medicações (
inibidores da enzima conversora de angiotensina), efeitos colaterais de tratamentos(
estimulação do nervo vago), causas otogênicas ( cerume impactado, colesteatoma)
e doenças das vias aéreas superiores (rinites e sinusites), essas últimas com
prevalência baixa10. A importância de conhecer detalhadamente as causas também
possibilita ao orientação adequada aos pais quanto período esperado para
resolução dos sintomas, em especial nos casos de tosse inespecífica.
A investigação diagnóstica inclui radiografias, exames laboratoriais (
hemograma, etc), tomografia computadorizada de tórax e seios da face,
20
broncoscopia, lavado broncoalveolar ( em crianças maiores de seis anos) e
espirometria.
Particularmente em crianças, revisões sistemáticas não mostraram,2 que o
tratamento medicamentoso disponível, como por exemplo codeína e seus derivados,
não mostraram benefícios significativos. Quando muito foi observado apenas o alívio
sintomático.
Os tratamentos das causas específicas com corticóides, beta-agonistas e
antimicrobianos tem benefício já estabelecido.
Parte fundamental do tratamento, independente da causa, é a interrupção da
exposição à intoxicantes ambientais (fumaça de cigarro, por exemplo).
21
8.
TRATAMENTO CONVENCIONAL
A base da terapêutica será sempre uma avaliação clínica completa e a
definição do diagnóstico etiológico.
O
tratamento
clássico
medicamentoso
do
sintoma 11
incluem
os
antitussígenos narcóticos (codeína e derivados), não-narcóticos de ação central
(dextrometorfano),
antihistamínicos
não
narcótico
de
(dexclorfeniranamina,
descongestionantes
(pseudoefedrina
ação
periférica
(levodropopizina),
desloratadina,
loratadina,
fenilefrina),
expectorantes
e
hidroxizina),
(ambroxol,
bromexina, iodeto de potássio, guaiacolato de glicerina, guaiafenesina e sobrerol),
mucolíticos (N-acetilcisteína, dornase alfa), mucocinéticos (nucleotídeos triciclicos,
beta-agonistas e metilxantinas) , promotores do clearance pela tosse (surfactantes
aerossóis) agentes mucorreguladores (corticosteróides, indometacina aerossolizada,
anticolinérgicos).
Os guidelines e artigos de revisão
11,13,14,15,16,17,18,21
mostram que não há
eficácia comprovada do uso de supressores da tosse e não exite nenhum estudo
controlado que demonstrou eficácia e segurança de antitussígenos em crianças.
estes são especialmente contra-indicados em crianças menores de dois anos.
22
9.
TRATAMENTO HOMEOPATICO
A Homeopatia é usada há 200 anos por milhares de pessoas no mundo, nos
diferentes continentes, com destaque para Europa. É a terapia complementar mais
popular na França onde seu uso está difundido entre aproximadamente 36% da
população20.
O remédio homeopático é preparado a partir da substância-base ou tinturamãe , diluída em solução hidroalcoolica por várias vezes e agitado vigorosamente
(processo de sucussão) de acordo com as farmacopéias oficiais 25.
O tratamento homeopático27 busca o simillimum (algumas vezes chamado
de remédio de fundo), ou seja, o remédio que reúne em si as caracteristicas
semelhantes à doença e capaz de restaurar o equilíbrio do organismo tratando a
causa de base, tornando-o mais adaptado. Também tem caráter preventivo.
Quando o remédio homeopático é usado num quadro agudo de tosse, com o
objetivo de controlar do sintoma, será individualizado levando-se em consideração
as características da tosse. Faz-se oportuno conhecer, então, a apresentação do
sintoma tosse em seus mínimos detalhes (modalizações) para posteriormente
compará-los às diversas matérias médicas disponíveis, outra grande vantagem da
homeopatia.
Abaixo foram relacionados os medicamentos homeopáticos mais utilizados
no tratamento da tosse e sua matéria médica correspondente 26.
23
9.1
Principais medicamentos homeopáticos
9.1.1 Drosera rotundifolia
Tosse
seca,
dilacerante,
profunda,
latida,
rouca,
espasmódica
e
atormentadora, que sobrevém em violentos paroxismos ou acessos que sucedem
rapidamente, que quase não dão tempo de retomar a respiração e é de tal
intensidade que precisa sustentar o abdome ou o tórax com as mãos; é
acompanhada de náuseas, arcadas, vômitos alimentícios ou mucosos, ligeiramente
estriados de sangue, rosto cianótico ou vermelho e, muitas vezes, epistaxe, olhos
salientes, suores copiosos e angústia. A criança fica muito inquieta entre os
acessos. A tosse piora depois da meia-noite, às 2 horas pelo calor, deitado, ao falar,
ao beber e ao cantar rir ou chorar. Tosse constante, palpitante, espasmódica,
coqueluchosa ou não, em crianças, que começa mal a cabeça encosta no
travesseiro. Tosse profunda em jovens tuberculosos, com escarros purulentos ou
hemoptoicos, que com frequência aliviam a tosse. Tosse asmática. Tosse com
convulsões. Tosse seca á noite depois do sarampo. Tosse: por causa de secura na
garganta, como se fosse causada por pó; ao beber por causa de cócegas ou
irritação laríngea ou traqueal; ao ler em voz alta; pela fumaça do cigarro; deitado ao
anoitecer e à noite; durante a febre; durante ou depois do sarampo; ao falar;
sufocante; esgotante; simpática; nervosa. Asma ao falar, piora quando sentado e
melhora caminhando, com contrações na garganta a cada palavra que emite.
9.1.2 Aconitum napellus
Tosse pelo ar frio e seco. com ruídos semelhantes a latidos, crupal, rouca e
seca, durante a febre ou pela irritação ou prurido das vias aereas, piora a meia
noite. Expectoração hemoptoica de sangue vermelho brilhante
24
9.1.3
Spongia tosta
Tosse seca, " de cachorro", crupal, raspante, oca, espasmódica, silvante,
como se serrasse uma tabua de madeira, de dia e à noite; que aparece ou piora
com ventos frios, bebidas frias, por uma excitação, por irritação ou cócegas na
laringe, deitado com a cabeça baixa, ao fumar, ao comer doces, ao ler, falar, cantar
ou engolir; melhora ao comer ou beber, principalmente coisas quentes; com choro,
cefaléias, epistaxes, incontinência fecal e de urina, e suores; com dor na traquéia e
na laringe; com grande secura nas mucosas respiratórias.
Expectoração escassa, salgada, aderente, amarelada, endurecida ou
membranosa; expectora de manhã mas a traga; ou com odor de leite.
9.1.4
Cuprum metallicum
Tosse paroxística, espasmódica, violenta, em acessos prolongados ou
interrompidos, persistente, sufocante; constante; esgotante; dura; piora das 23 horas
à 1 hora, por causa do ar frio, por comer, rir, falar, vento do mar, engolir e respirar
fundo; melhora pelas bebidas frias; com constrição laríngea; convulsões. A tosse
tem som de gorgolejo, como ao sair água de uma garrafa. Coqueluche violenta, com
três acesso seguidos em rápida sucessão; com rosto cianótico, unhas pálidas, olhos
virados pra cima; tosse até ficar em apnéia; está duro rígido; vomita a comida;
parece morto como em estado catatônico, depois de cada ataque; logo volta a
respirar e vomita; melhora bebendo água fria. Durante paroxismos, elimina
expectoração mucogelatinosa ou pútrida.
25
9.1.5
Moschus
Brusca sensação de fechamento da laringe, como se causada por vapores
de enxofre.
9.1.6 Sambucus Nigra
Tosse sufocante à meia noite com expiração ruidosa ou suspirosa, piora em
repouso, na cama ou com a cabeça baixa, por ar frio e seco, profunda, oca, rouca ou
contínua, com expectoração salgada ou doce, escassa e mucosa só de dia.
9.1.7 Aralia racemosa
Tosse seca, em acessos, que sobrevêm antes da meia-noite ou às 23
horas, ou logo após se deitar ( com piora quando deitado) ou mais assiduamente
depois do primeiro sono ou de um sono curto. Asma ao se deitar, a noite, ou depois
do primeiro sono, preferencialmente antes da meia-noite ou às 23 horas, com
cócegas na laringe; precisa sentar e tossir violentamente, a inspiração é mais
ruidosa e difícil que a expiração.
9.1.8 Bryonia alba
Tosse ao respirar fundo ou entrar em aposento quente; seca durante a
febre, como se viesse do estômago com as mãos ; pela irritação no epigástrio, ao
falar ou fumar, ao comer ou beber ( com vômitos); como se tivesse fumaça na
laringe; fraca de manhã; dolorosa; como se a cabeça e o tórax fossem estourar;
espasmódica. Expectoração: de manhã; marrom sanguinolenta ou estriada de
sangue; cor de ferrugem; mucosa e fria; amarelada; sanguinolenta.
26
9.1.9 Arsenicum album
Tosse ao anoitecer na cama, ou à noite, ás 3 horas da manhã, com piora
pelo ar frio, ao caminhar ao ar livre, causada por friagem ou por ingerir bebidas frias,
melhora pelas bebidas quentes; piora depois de beber e deitado à noite; precisa se
sentar ao começar a tossir. Tosse úmida durante a febre, esgotante, por causa de
cócegas laríngeas, com sensação de vapores de enxofre. Expectoração só de dia,
cinzenta ou estriada de sangue, como suco de cerejas, copiosa, espumante, de odor
fétido e gosto salgado.
9.1.10 Lobelia inflata
Cocégas na laringe, com ataques frequentes de tosse curta. Asma
espasmódica.
9.1.11 Ipeca
Tosse seca espasmódica, violenta, incessante, aparece bruscamente,
sufocante, tira a respiração e reaparece a cada inspiração, sem expectoração;
durante os acessos, a criança fica cianótica e rígida; com numerosos estertores finos
nos brônquios: piora a noite; pelo movimento, deitado do lado esquerdo, comendo,
caminhando ao ar livre ou ao inspirar, melhora pelo repouso e pelo calor
9.1.12 Senega
Tosse seca, continua, violenta, brutal, causada por cócegas ou irritação
laríngea, que piora pelo ar frio e de manhã, que sacode o paciente da cabeça aos
pés, com gosto de cobre na boca, e com um grande acúmulo de muco nos
brônquios, com respiração ruidosa e oprimida, estertores úmido e sibilos numerosos
27
e generalizados; há uma verdadeira paresia bronquial, com expectoração difícil, nula
ou escassa (que, de todas as maneiras não alivia) de muco muito aderente e
filamentoso, transparente, semelhante a clara de ovo ou cinza.
9.1.13 Blatta orientalis
Severos ataques de tosse com dispnéia. Os ataques pioram em climas
chuvosos. Sufocação iminente causada por grande acúmulo de muco.
9.1.14 Dulcamara
Tosse por causa de clima úmido e frio, ao se molhar e pelas mudanças de
tempo; precisa tossir muito para conseguir expectorar, principalmente em crianças e
idosos. Tosse seca e áspera, rouca e frouxa, com expectoração mucosa copiosa.
Tosse como latido e ofegante, como coqueluche, piora cada vez que respira fundo.
Tosse crônica depois de um sarampo. Coqueluche com tosse espasmódica e
excessiva secreção mucosa traqueobronquial., que expectora facilmente com estrias
de sangue. Tosse com rouquidão e pontadas, piora quando deitado, pelo calor do
aposento, ao respirar profundamente ou pelos esforços; melhora ao ar livre.
Expectoração esverdeada.
9.1.15 Grindelia robusta
A tosse pode aparecer por reflexo. Expectoração mucosa difícil de expulsar.
O sintoma chave é que, ao dormir, ao iniciar o sono ou já dormindo, a respiração
pára ou fica muito difícil, e não prossegue até que a sufocação desperte
sobressaltado.
28
9.1.16 Antimonium tartaricum
Tosse com estertores, espasmódica, sufocante, às 3 ou às 4 horas, ou às
23 horas, ou das 22 horas à 1 hora da manhã, causada pela menor ingestão de
alimentos, por menor que seja, ou por ingerir bebidas quentes, obrigando-o a sentarse na cama, ( amparado por outra pessoa por causa de sua grande fraqueza), com
náuseas e vômitos, melhora arrotando, com escassa ou nenhuma expectoração.
9.1.17 Lachesis
Tosse constante, irritante, seca, curta, originada por cócega na laringe, peito
e epigástrio e que aparece ou piora ao pressionar ou apenas tocar a laringe, ou ao
conversar, ao falar ou por qualquer coisa que aumente a secura na laringe; ao
dormir, enquanto dorme ( a tosse o sufoca tão rapidamente que cai em um sono
profundo), depois de dormir e ao acordar ou se levantar da cama: com constrição
laríngea ao se dispor a dormir; nas cardiopatias, tosse simpática. Tosses muito
crônicas. tosse com expectoração difícil e dores na garganta, na cabeça e olhos. A
tosse pode ser diurna.
9.1.18 Chammomila
Tosse à noite e por um acesso de ira. Tosse seca dormindo. Tosse por
causa de irritação laríngea, cócegas na região supraesternal ou atrás do esterno.
Expectoração somente de dia, de sangue escuro, amarga ou pútrida.
29
9.1.19 Hepar sulphur
Tosse profunda, rouca; com expectoração, somente de manhã de muco ou
sangue, ou como pus, de gosto ácido ou doce. Tosse profunda e apagada com
dispnéia. Tosse violenta, sufocante, com arcadas. Tosse coqueluchóide depois de
beber. Tosse seca ao entardecer, causada por tomar frio em qualquer parte do
corpo ou quando deitado na cama. Tosse que piora ao entardecer até a meia noite.
Tosse provocada por esfriamento dos membros, ao comer ou beber coisas frias,
pelo ar frio, ao falar ou gritar. Acessos de tosse seca, áspera, oca, com angústia e
sufocação, terminando em lacrimejamento. Tosse de cachorro. Tosse com esputos
de sangue. Ruídos e dor de cabeça durante a tosse, como se fosse explodir.
Espirros e gritos depois da tosse. Tosse ao fechar os olhos à noite. Expectoração
copiosa, amarela, aderente, de manhã.
30
10.
DISCUSSÃO
A tosse é um eficiente mecanismo de barreira do sistema respiratório.
Envolve um engenhoso sistema de ativação com detectores de anormalidades ( os
receptores ) espalhados dentro e fora da árvore respiratória. Isso explica o grande
número de patologias que podem gerar este sintoma 3.
Pode variar suas caraterísticas de apresentação e de etiologia por um semnúmero de nuances em cada fase da vida do paciente de acordo com o
amadurecimento dos diversos orgãos e estruturas que compõe o arco reflexo e o
sistema efetor da tosse7,8,9. Produz um impacto direto na vida de relação do
paciente3.
Trata-se portanto de um desafio na clinica diária. Dispomos de um arsenal
propedêutico variado porém muito melhor aproveitado quando guiado por uma
anamnese detalhada e um exame clínico minucioso.
Chegamos, no entanto, num verdadeiro impasse quando nos deparamos
com o momento da escolha da terapêutica. Naquele grupo de medicamentos
convencionais onde o benefício está estabelecido (corticosteróides, antibióticos)
observamos muitos efeitos indesejáveis3.
No grupo dos medicamentos sintomáticos, a literatura 2,11,13,14,21 mostra que
são ineficientes . Isto especialmente demonstrado nas crianças abaixo de dois anos,
formalmente contra-indicados por carecerem de comprovação de eficácia e
segurança.
Surge uma lacuna na qual a homeopatia figura como uma possibilidade de
tratamento muito interessante.
31
A grande diferença entre as drogas convencionais e os remédio
homeopáticos25 consiste na diluição seriada e a sucussão da substância original. A
alta diluição das medicações reduz drasticamente a probabilidade de efeitos
adversos secundários a toxicidade da droga. Quando existem em geral são discretos
e transitórios. Oportunamente devemos lembrar do conceito de agravação
homeopática25, definido como a piora transitória dos sintomas já existentes que é
considerada uma resposta favorável indicando um ação curativa.
A segurança
do uso
dos medicamentos homeopáticos está
bem
fundamentada em consensos e revisões sistemáticas da literatura25. Sua eficácia
também já foi demonstrada em ensaios clínicos controlados duplo-cego23,24.
32
11.
CONCLUSÃO
Pelo exposto, podemos dimensionar a importância do sintoma tosse , não
só pela alta prevalência, mas também por ser o primeiro sinal de várias patologias
muitas vezes graves e complexas.
No
entanto,
vimos
que
as
opções
terapêuticas
medicamentosas
convencionais ou não conseguem demonstrar eficácia efetiva ou agregam efeitos
indesejáveis, suprimindo um mecanismo de defesa na fisiologia respiratória.
O tratamento homeopático se apresenta como possibilidade terapêutica. No
entanto, mais estudos controlados são necessários para ratificar as vantagens
inferidas à homeopatia e para balizá-la como alternativa aos tratamentos
convencionais disponíveis.
33
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