Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno

Transcrição

Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
Colóquio APMG 201405
Um Inverno particular
Pedro Viterbo
Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Agradecimentos: Julia Slingo, UK Metoffice
APMG 201405
Colóquio APMG 201405
Com as devidas desculpas a Ettore Scola,
Sofia Loren e Marcello Mastroiani
Um Inverno particular
Pedro Viterbo
Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Agradecimentos: Julia Slingo, UK Metoffice
APMG 201405
Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
• Um número invulgar de tempestades de inverno no
Atlântico Norte
• 17 sistemas depressionários intensos em todo o
Inverno
- 10 com ciclogénese explosiva (A depressão cava pelo menos
24 hPa em 24 horas)
- 2 com ciclogénese explosiva em 2 dias consecutivos
• Janeiro e fevereiro, em particular, com as depressões
a sul do que é habitual
Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
24 Dec 2013 12
Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
24 Dec 2013 12
6 Jan 2014 00
Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
24 Dec 2013 12
6 Jan 2014 00
8 Feb 2014 00
Altura significativa Jan 2014 00 a 7 Jan 2014 00, de 3 em 3 horas
1.25
2.5
3.75
5.0
6.25
7.5
8.75
10.0
11.25 12.5
13.75
15.0
16.25
17.5
18.75
20 m
Tempestades no Atlântico Norte no último Inverno
• Agitação marítima associada a cada um dos sistemas
depressionários
– Swell, com períodos de pico muito longos (> 15 s), com as
ondas a transportar muita energia
– A energia transportada pelo swell causou danos nas zonas
costeiras da Irlanda, Reino Unido, França, Norte de Espanha
e Portugal
Condicionamento próximo: Continente
Norte Americano muito frio
Anomalia de temperatura do ar à superfície
1ª semana de Janeiro
UK MetOffice (2014)
Condicionamento próximo:
Vórtice Polar na baixa estratosfera
Prevalência de ar polar em Dezembro e Janeiro no continente norte
americano (figura da direita), com 4-6 semanas de temperaturas muito
negativas no Canadá e na metade leste dos EUA, condicionando todo o
Atlântico Norte e a meteorologia na Europa.
Climatologia 1981-2010
2014
UK MetOffice (2014)
Condicionamento próximo:
Vórtice Polar na baixa estratosfera
Prevalência de ar polar em Dezembro e Janeiro no continente norte
americano (figura da direita), com 4-6 semanas de temperaturas muito
negativas no Canadá e na metade leste dos EUA, condicionando todo o
Atlântico Norte e a meteorologia na Europa.
Climatologia 1981-2010
2014
Frequente deslocação de massas de ar muito frias do continente Norte
Americano para o Atlântico (cold air ourbreaks), com ciclogénese
associada a enorme geração de energia.
UK MetOffice (2014)
Enorme variabilidade
Imagem IR GOES-E
Vento 250 hPa
UK MetOffice (2014)
Enorme variabilidade
Imagem IR GOES-E
Vento 250 hPa
UK MetOffice (2014)
Um padrão planetário: Janeiro
Climatologia
Janeiro 2014
250 hPa
850 hPa
UK MetOffice (2014)
Um padrão planetário: Janeiro
Climatologia
Janeiro 2014
250 hPa
• 250 hPa: Enorme meandro na circulação Pacífico Leste
– EUA – Atlântico Norte
• 850 hPa: Elipse vermelha assinala a convergência de
de ar de origem polar com ar de origem tropical
850 hPa
UK MetOffice (2014)
Sumário de possíveis causas
• O Oceano Pacífico, nos trópicos e latitudes médias, foi
determinante neste Inverno
– Perturbações na corrente de jato
– Associado a aumento de precipitação na Indonésia e no
Pacífico Oriental
– Anomalias semelhantes ao La Niña, mas não houve La Niña
• O jato no Atlântico Norte foi extremamente intenso
– Ligado à Oscilação Quasi-Bienal (QBO), com ventos de Oeste
muito fortes
– A QBO também contribuiu para um vórtice polar muito
intenso e um jato polar muito forte
Papel das alterações climáticas?
• O problema de atribuição dum evento (ou um
conjunto de eventos) às alterações climáticas não é
fácil, mas será concerteza objeto de trabalhos futuros
• Algumas considerações genéricas:
– Há estudos recentes que mostram
• Um aumento na intensidade das tempestades no Atlântico
• O aumento de intensidade é acompanhado com um desvio para Sul dos sistemas
ativos
• O aquecimento do Atlântico sub-tropical aumenta o vapor de água na atmosfera,
intensificando os sistemas que se desviam para Sul
– Valores de precipitação diária (e horária) estão a aumentar
• As próximas gerações de modelos globais de clima, com
resoluções espacial de 30 km e, antes do final da década,
abaixo de 10 km, permitirão resolver escalas muito mais finas
Qualidade da previsão neste Inverno: Atmosfera
Score Z 500 hPa Europa
Inverno
Score Z 500 hPa Hemisfério Norte
Score (dias)
09/10
7.6
10/11
Inverno
Bloqueio
Score (dias)
09/10
7.5
6.4
10/11
6.9
11/12
7.0
11/12
6.6
12/13
7.2
12/13
6.9
13/14
7.6
13/14
7.3
Muito ativo
Qualidade da previsão: agitação marítima
Altura significativa SI: Atlântico NE
2013/14
Lições deste Inverno: Um Inverno pedagógico
• Um Inverno muito difícil, do ponto de vista do previsor
• A importância dum modelo global (ECMWF)
– Só um modelo global pode descrever padrões atmosféricos que estão
ligados entre si, (Pacífico e Atlântico; trópicos, latitudes médias e
ártico); a resolução (16 km) foi crucial, tendo em conta a escala dos
sistemas mais intensos
• A importância da vigilância meteorológica e os satélites da
EUMETSAT (em particular, geoestacionário) e NOAA
– E ainda os de órbita polar (METOP e NOAA)
• A agitação marítima foi uma parte fundamental do risco
neste Inverno
– A informação dos modelos WAM e SWAN foi utilizada todos os dias
– Este Inverno consolidou o uso dos produtos de agitação marítima
• Agitação marítima tem predictabilidade acrescida: O swell é
um efeito integrado dos sistemas depressionários
• O fator humano