1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
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1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO. ESTUDO DE CASO: ESTAÇÃO DE TRATAMENTO MORRINHOS, MONTES CLAROS – MG WATER SUPPLY FOR HUMAN CONSUMPTION. CASE STUDY: MORRINHOS TREATMENT STATION, MONTES CLAROS - MG. Jaqueline Fonseca Maia1 Lucas Raphael Mourão Gonçalves2 Patrícia Aparecida Soares Mendes3 Raíssa Gabriela Mourão Gonçalves4 Thatyane Aguiar Viana5 RESUMO O recurso hídrico é vital na existência da humanidade, foi através desse recurso que a vida se desenvolveu, seria difícil a sobrevivência de qualquer ser vivo sem a oferta dos recursos hídricos. O presente trabalho vem discorrer sobre a atual situação de qualidade e preservação dos mananciais Lapa Grande, Rebentão dos Ferros, Rio Pacuí e Todos os Santos que abastecem a Estação de Tratamento de Água Morrinhos, município de Montes Claros-MG, utilizada como fonte de abastecimento humano. O processo de tratamento é realizado de forma convencional, cada etapa é desenvolvida de acordo a legislação definida pelo Ministério da Saúde, evitando assim danos e riscos para a saúde humana. PALAVRAS-CHAVE: ABASTECIMENTO HUMANO. LEGISLAÇÃO. RECURSOS HÍDRICOS. ABSTRACT The water resource is vital to the existence of humanity, it was through the water that life developed, it would be difficult to experience any living being survive without water supply. This paper discusses the current situation of quality and preservation of water sources Lapa Grande, Rebentão dos Ferros, Pacuí e Todos os Santos which supply the Station Water 1 Bacharel em Direito pela Unimontes e Tecnologa pela UNOPAR. Licenciatura em Geografia pela Unimontes, Bacharel em Engenharia Ambiental pela Santo Agostinho e Pósgraduado em Educação a Distância pela Unimontes. 3 Bacharel em Engenharia Ambiental pela Santo Agostinho. 4 Bacharelanda em Medicina pela UFS. 5 Bacharel em Engenharia Ambiental pela Santo Agostinho 2 1 Treatment Morrinhos, located in Montes Claros, Minas Gerais, which is used as a source of supply human. Where their treatment process is carried out in a conventional manner with each step developed according the rules and potability standards that are set by the Ministry of Health to water poses no health risk. KEYWORD: HUMAN SUPPLY. LEGISLATION. WATER RESOURCE. INTRODUÇÃO A água é o elemento base de sustentabilidade da vida na terra, tendo parcela importante na constituição de todos os seres viventes. Na vida humana ela possui não só relevância do ponto de vista da sobrevivência mais também é fundamental para nossas atividades econômicas. O crescimento populacional e o avanço de atividades industriais e agrícolas, impulsionadas pelo crescente aumento do consumo, exerceram uma enorme pressão sobre os corpos hídricos, elevando o consumo a níveis que a natureza não foi capaz de suprir. Se antes a água era considerada um bem infinito, hoje ela já é vista com um bem finito merecendo atenção especial. Nos últimos anos tem se feito diversos estudos direcionados nas técnicas de tratamento de água e na busca de indicadores adequados para verificar a potabilidade da mesma para o consumo humano, identificando e priorizando perigos e riscos em um sistema de abastecimento de água. A qualidade das águas para consumo humano está detalhada na Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 357 de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Montes Claros está situado em uma região onde a pluviosidade média é em torno de 1000 a 12000 mm anuais. Todavia este volume de chuva é mal distribuído durante o ano, com uma estação seca de abril a setembro, o que contribui para que as reservas de água da região tenham grandes variações. JUSTIFICATIVA A necessidade de estabelecer a atual situação dos mananciais que abastecem a Estação de Tratamento de Água - ETA Morrinhos é reforçada pelas características da região, como chuvas mal distribuídas e ação antrópica, que podem interferir diretamente na qualidade da 2 água que é aduzida para a ETA Morrinhos e consequentemente nas características da água distribuída para a população. Assim, este trabalho vem como uma ferramenta para a caracterização da situação de qualidade, preservação e contribuição dos mananciais de captação da ETA Morrinhos para o município de Montes Claros/MG. OBJETIVOS Objetivo geral Avaliar a atual forma de tratamento e atenção dados aos mananciais de captação da ETA Morrinhos, Montes Claros/MG, assim como seu procedimento de tratabilidade da água para o consumo humano. Objetivos específicos • Avaliar a Qualidade das águas brutas dos mananciais de captação da ETA Morrinhos, Montes Claros/MG; • Analisar o tratamento empregado na ETA Morrinhos, Montes Claros/MG. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A água no mundo Nenhum ser vivo sobrevive sem água, todavia o homem vem a cada dia usufruindo deste bem sem os cuidados necessários para a sua manutenção. Isto reflete sua importância e relevância no contexto mundial. Quanto à distribuição, encontramos um novo cenário de preocupação. Cerca de 97% da água é salgada e apenas 0,8% de água doce disponível para consumo, estando, deste 0,8%, 97% abaixo do solo, ou seja, temos apenas 3% destes 0,8% de água superficial. (VON SPERLING, 2005) Enquadramento de Corpos Hídricos segundo a Resolução Conama nº. 357/05 Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 357/05 é considerado um dos instrumentos de gestão de recursos hídricos pela Política Nacional de Recursos Hídricos, o enquadramento encontra-se disposto, também, em resolução específica (Resolução nº 12/2000) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH. (SILVA; RIBEIRO, 2006) 3 De acordo Resolução CONAMA nº. 357, de 17 de Março de 2005, o curso hídrico deve possuir um conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros; a qualidade apresentada do curso hídrico deve se enquadrar dentro dos termos de segurança necessários ao atendimento das metas intermediárias estabelecidas para o enquadramento do mesmo. O enquadramento é a definição por parte do poder público e pela sociedade qual qualidade dos corpos d`agua querem ter, sendo que esta qualidade é traduzida em parâmetros encontrados na legislação ambiental e de recursos hídricos (PAGANINI, 2010). O enquadramento dos cursos d`água visa assegurar a qualidade compatível da mesma com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. (CONAMA, 2005) Ainda de acordo Resolução CONAMA nº. 357/05, o enquadramento dos corpos de água ocorre de acordo o CNRH. Pois as atividades que necessitam de outorgas, licenciamento, dentre outras, deverão basear em metas e aprovadas pelo órgão responsável. O recurso hídrico pode adotar as seguintes definições: águas doces, águas salobras, águas salinas, sendo essas três classificações presentes no território brasileiro e classificadas segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes. A Tabela 1 demonstra os limites de salinidade para as classes de água. (CONAMA, 2005) Tabela 1. Limites de salinidade para águas de acordo Resolução CONAMA nº. 357/05 Classificação Águas doces Águas salobras Águas salinas Limites de salinidade Salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰. Salinidade entre 0,5 ‰ e 30 ‰. Salinidade igual ou superior a 30 ‰. Fonte: CONAMA (2005). Tratamento da água para consumo humano O abastecimento público é o uso mais nobre destinado a água e tem prioridade sobre todas as outras formas de utilização. A água utilizada para o abastecimento público deve atender padrões onde se assegure a qualidade da mesma como forma de proteger a saúde da sociedade, além de promover a sua utilização sustentável. Pois a água quando destinada para ser consumida pelos seres humanos, preparação de alimentos e outros fins domésticos exigem, por exemplo, ausência de substancias tóxica, microorganismos, vírus causadores de doenças. De acordo o Decreto-Lei 243 de 2001, a água para consumo humano deve atender as normas de qualidade, verificação de conformidade, garantia de qualidade, medidas corretivas 4 e restrições de utilização, materiais e produtos químicos em contato com a água, dentre outros. Adotando assim metodologias que vão avaliar os riscos a partir da fonte, passando pelo processo de tratamento até a distribuição para consumo humano. Logo após a escolha do manancial a água deve passar por processos que constituem na sua purificação, pois será distribuída para a sociedade, são eles: aeração, coagulação, floculação, sedimentação ou decantação, filtração e desinfecção. (COPASA, 2008) Trata-se uma água para atingir as metas de se obter uma água segura para consumo e esteticamente agradável. Para isto pode ser utilizados vários tipos de tratamentos. (MENDES, 2006) Quanto água ser segura deve-se analisar a as qualidade microbiana, subprodutos da desinfecção, toxinas de cianobactérias, pesticidas, substancias tóxicas inorgânicas e desautores endócrinos químicos e farmacêuticos. (VON SPERLING, 2005) Já quanto aos aspectos estéticos deve-se atentar para os subprodutos da desinfecção, residuais de produtos químicos, corrosividade e odor. (COPASA, 2008) O tratamento de água pode conter o pré-tratamento e o tratamento em si. O prétratamento deve ser compatível com a próxima etapa, podendo reduzir ou estabilizar cargas orgânicas ou microbiológicas. Esta fase consiste na aeração, uso de pré-oxidantes, filtros grosseiros, micro peneiras, reservatórios de água bruta, filtração em margem e aplicação de carvão ativado em pó, com ou sem a inclusão de tanques de contato. O tratamento propriamente dito pode conter as fases de coagulação, floculação, sedimentação ou flotação e filtração promovem a remoção de partículas, substâncias e elementos dissolvidos e microrganismos patogênicos. Além disso, deve prevenir o crescimento microbiológico, a corrosão dos materiais, a formação de biofilmes e depósitos na rede de distribuição, além de promover o devido tratamento aos resíduos. (MENDES, 2006). Escolha do manancial Manancial é a fonte ou a origem da água utilizada para o abastecimento, podendo ser de três tipos (BRASIL, 2006): Água superficial: são os córregos, os ribeirões, os rios ou os lagos, isto é, os corpos de água formados pela água que escorre sobre a superfície do solo; Água subterrânea: formada pela água que se infiltra e se movimenta abaixo da superfície do solo, ou seja, no interior da crosta terrestre, e que se manifesta por meio de nascentes, poços rasos, poços profundos, drenos, etc. Pode pertencer ao lençol não-confinado ou freático, no qual a água mantém a pressão atmosférica, ou ao lençol confinado, onde a água está sob pressão, entre camadas impermeáveis do subsolo; 5 Água de chuva: água que se precipita em direção à superfície do planeta e é aproveitada antes que atinja essa superfície, durante as chuvas. Em um projeto de abastecimento de água a maior importância e responsabilidade é a escolha de um manancial, o projetista deve levantar as possíveis alternativas, comparando as técnicas e se é economicamente viável. (NETTO; RICHTER, 2003) De acordo com Brasil (2006), ter o adequado conhecimento da bacia hidrográfica a montante da captação de água, incluindo fatores físicos, bióticos e socioeconômicos, aspectos relacionados à geologia, ao relevo, ao solo, à vegetação, à fauna e às atividades humanas aí desenvolvidas. Para tanto, é essencial que se realizem periodicamente diagnósticos de uso e ocupação do solo e inspeções sanitárias nas bacias contribuintes aos mananciais. Segundo Brasil (2006), havendo mais de uma opção na escolha do manancial, sua definição deverá levar em conta, além da pré-disposição da comunidade em aceitar as águas do manancial a ser adotado, alguns critérios como previamente é indispensável a realização de análises do manancial segundo os limites da Resolução CONAMA nº. 357/05; vazão mínima do manancial, necessária para atender a demanda por um determinado período de anos. Na escolha de um manancial deve-se ressaltar que o sucesso das demais unidades do sistema, no que se refere tanto à quantidade como à qualidade da água a ser disponibilizada à população depende da escolha criteriosa do mesmo. Para garantir a qualidade e a quantidade de água necessária nos mananciais de abastecimento devemos conservar ou repor a vegetação das áreas de recarga do lençol, implantar projetos que minimizem as enxurradas e favoreça a infiltração da água de chuva, proteger as nascentes, fazer o manejo correto do solo das culturas plantadas, destinação adequada dos resíduos sólidos, atividades que não agridam o meio ambiente (PADUA, 2009). Etapas de tratamento Segundo Brasil (2006), qualquer água pode ser tratada, porém nem sempre a custos acessíveis ou por meio de métodos apropriados à realidade local. Decorre daí o conceito de tratabilidade da água, relacionado à viabilidade técnico-econômica do tratamento da mesma. De acordo com a Portaria Ministério da Saúde nº. 518, de 25 de Março de 2004, água potabilizável é aquela que apresenta “características de água bruta que permitem obter água potável através de processos técnicos e economicamente viáveis” e tratabilidade a “escolha do processo de tratamento mais adequado e viável para torná-la potável”. O conhecimento das características da água bruta permite uma avaliação de sua tratabilidade, ou a escolha do processo de tratamento mais adequado e viável para torná-la 6 potável. (BRASIL, 2006). Sendo que os objetivos principais da tratabilidade da água são de ordem sanitária onde ocorre toda a remoção dos organismos patogênicos que possam prejudicar a saúde humana e organoléptica, por exemplo: cor, gosto, odor. Brasil (2004, Art. 22) dispõe que “Toda água fornecida coletivamente deve ser submetida a processo de desinfecção, concebido e operado de forma a garantir o atendimento ao padrão microbiológico”. Para se avaliar a qualidade da água não se pode fazer uma única análise, pois características presentes na água podem variar o tempo todo, como também as análises estão sujeitas a erros. (NETTO; RICHTER, 2003) Quando ocorre a tratabilidade adequada da água há um estimulo para aceitação e consumo por parte da sociedade. De acordo Portaria Ministério Saúde nº. 518/04, água para consumo humano possui parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, eles devem atender os padrões de potabilidade de forma que não ofereça riscos à saúde. Sendo de responsabilidade do poder publico a instalação de obras para construção da Estação de Tratamento de Água - ETA, onde a água potável possa ser distribuída para a população. A primeira ação do tratamento de água consiste na coagulação, a concepção básica deste tipo de tratamento consiste em transformar em flocos impurezas em estado coloidal, suspensões. Por adição de um agente coagulante e, posteriormente, removê-los em decantadores. Esta transformação de partículas finas ocorre devido ao rompimento da estabilidade das partículas na água. A coagulação tem como objetivo (OLIVEIRA; LUZ, 2001): • Aumentar a produção de água mantendo sua qualidade; • Reduzir os custos operacionais (retrolavagem ou manuseio da lama) e de reagentes químicos; • Melhorar as propriedades da lama formada ou diminuir seu volume para facilitar seu manuseio. A coagulação pode ser realizada adicionando à água sais de alumínio e ferro. É um processo rápido que depende de fatores como pH, temperatura, quantidade de impurezas. (FILHO; PEREIRA, 2005) A floculação trata-se da aglomeração de material coloidal e em suspensão, após a coagulação por agitação lenta. Na floculação, o peso molecular dos polímeros (floculantes) determinam o andamento do processo, principalmente no que se refere à aparência do floco e à taxa de sedimentação. Os floculantes podem ser catiônicos, aniônicos ou neutros. (OLIVEIRA; LUZ, 2001) 7 Já a sedimentação é o procedimento pelo qual se verifica a deposição de materiais em suspensão, pela ação da gravidade. A remoção de materiais em suspensão é obtida com a diminuição da velocidade da água, a ponto de causar a deposição das partículas em suspensão, dentro de determinado tempo de decantação. A decantação é uma operação de preparo para a filtração. Quanto melhor for a decantação, melhor será a filtração (OLIVEIRA, LUZ, 2001; FILHO e PEREIRA, 2005). Flotação é um método de separação de misturas que utiliza as diferença nas propriedades superficiais de partículas para separá-las com a adição de produtos químicos e oxigênio, a fim de torná-las hidrofóbicas. Com a passagem das bolhas de ar na mistura, as partículas deslocam-se para a superfície. É imprescindível que os flocos formados sejam pequenos para que o processo seja eficiente (COPASA, 2008). A filtração da água consiste em fazê-la passar através de substâncias porosas, capazes de reter ou remover algumas de suas impurezas. A microfiltração e a ultra filtração, que são métodos a baixas pressões, retiram eficientemente partículas e microorganismos. O processo de osmose reversa dessaliniza e remove compostos orgânicos e inorgânicos sintéticos e matéria orgânica natural, enquanto que a nanofiltração remove íons cálcio e magnésio. (OLIVEIRA; LUZ, 2001; FILHO; PEREIRA, 2005) A desinfecção consiste na eliminação de microorganismos patogênicos da água, mas particularmente as bactérias, tornando-a apta ao consumo humano. A água já está limpa quando chega a esta etapa, recebendo assim a adição de cloro a cloração, eliminando os germes nocivos a saúde, garantindo a qualidade da água nas redes de distribuição domiciliares (COPASA, 2008). Com a água já limpa, as águas de abastecimento público recebem a aplicação de uma dosagem de um composto de flúor que é necessária para a prevenção de cáries dentarias. (COPASA, 2008). A estabilização da água pretende controlar sua corrosividade ou sua capacidade de formar depósitos excessivos de substâncias insolúveis na água. A alcalinização corrige o pH da água com a adição de cal (VON SPERLING, 2005). MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo desenvolveu-se a partir de pesquisa descritiva de campo, adotandose para tanto, o método do levantamento, por meio de fontes de dados secundários cedidas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA/MG. 8 A pesquisa tem caráter qualitativo e quantitativo, partindo das análises de dados secundários referentes aos monitoramentos de rotina da água utilizada para abastecimento público no Município de Montes Claros/MG, no tocante aos principais parâmetros microbiológicos e físico-químicos. Os dados da pesquisa foram coletados através de fontes primárias e secundárias no no Laboratório Regional Centro Norte – LRNT da COPASA, Distrito Verde Grande – DTNG, e na ETA Unidade Morrinhos, em Montes Claros – Minas Gerais. Isto feito através da obtenção de dados gentilmente cedidos pela COPASA em conversas informais com os funcionários desta, bem como, foram coletados dados de fontes secundárias dispostos em documentos internos de registro do Controle de Qualidade de Água elaborado pela empresa, referente aos diversos parâmetros físico-químicos e microbiológicos observados nas fontes de água utilizados para abastecimento público. Todos os dados obtidos foram confrontados com a literatura e com parâmetros exigidos pelas legislações vigentes. O que tornou necessária realização de pesquisa bibliográfica para subsidiar o paralelo entre a realidade dos dados coletados e a abordagem teórica de diversos autores, especialistas no assunto, disposta em livros, artigos e sites institucionais. RESULTADOS E DISCUSSÃO MANANCIAIS DE CAPTAÇÃO Os mananciais que abastecem as Estações de Tratamento de Água são reservatórios de águas doces superficiais ou subterrâneos, deve-se levar em consideração a disponibilidade dos recursos hídricos nas estações de seca e chuva. As características biológicas e físico-químicas da água poderão sofrer alterações devido a fatores como: as condições de preservação da vegetação e do solo, a existência de algum lançamento de efluente de origem industrial, doméstica, agrícola nesse corpo hídrico, desmatamentos, queimadas, práticas agrícolas perniciosas, ocupações urbanas desordenadas. Todos esses fatores podem acarretar escassez e diminuição da quantidade útil de água disponível. As figuras de 3 a 6 representam os mananciais que abastecem a ETA Morrinhos Montes Claros-MG. Pode-se perceber que os mananciais se encontram com as áreas de vegetação conservadas com variadas espécies da biodiversidade. 9 O solo se encontra em bom estado, o que faz com que a água das chuvas não tenha um escoamento superficial. Quando a água é escoada superficialmente pode se aumentar a erosão o que levara conseqüentemente ao assoreamento dos rios. Não é lançado nenhum tipo de efluente nesses locais evitando, por exemplo, doenças que sejam vinculadas aos corpos hídricos (COPASA, 2010). A conscientização dos moradores que vivem próximos a essas áreas é um ponto para se destacar uma vez que a educação ambiental fez total diferença na preservação dessas áreas (COPASA, 2010). Figura 3: Rio Pacui Fonte: COPASA (2010) Figura 4: Ribeirão dos Porcos Fonte: COPASA (2010) Figura 5: Rebentão dos Ferros Fonte: COPASA (2010) Figura 6: Rio Pai João Fonte: COPASA (2010) Caracterização do sistema de tratamento 10 Os recursos hídricos quando são levados dos pontos de captação para as estações de tratamento passam por um processo de potabilidade, onde se deve atender todos os padrões exigidos pela legislação. O sistema de abastecimento de água deve ser seguro para proporcionar qualidade para seus consumidores, onde os riscos devem ser inexistentes, as impurezas e substâncias perigosas devem ser eliminadas, remoção de bactérias, correção da cor, odor e sabor. Todas essas remoções possuem finalidades higiênicas e estéticas. Na Estação de Tratamento de Água Morrinhos – MG a água bruta passa por diversos processos que compõem o sistema completo de tratamento incluindo: Desinfecção, Coagulação, Floculação, Decantação, Filtração, Correção do pH e Fluoretação. Esses processos fazem parte do sistema de tratamento convencional. As instalações representadas nas figuras 7 a 16 são utilizadas para realizar o tratamento da água bruta. CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA BRUTA A qualidade da água utilizada para abastecimento urbano deve ser enquadrar na classe 2, segundo os decretos que o governo estabelece como padrão, pois a água mesmo considerada doce de natureza possui presença de microorganismos e partículas que devem ser tratadas para o consumo humano. Quando o recurso hídrico chega às Estações de Tratamento de Água passam por vários processos de tecnologia de tratamentos para eliminar os poluentes e impurezas que podem prejudicar a saúde humana. Para atender aos padrões mínimos exigidos pela legislação devem-se efetuar análises do controle de água e efluentes devendo levar em consideração a importância dessas análises laboratoriais que avaliam os diferentes parâmetros, determinando se a mesma pode ser consumida ou não pelos seres humanos. A escolha do manancial é extrema importância, pois devemos ter cuidado com os mananciais escolhidos se os mesmos não recebem nenhum tipo de efluentes. A preservação deve ser mantida para garantir o recurso hídrico para a população. A Portaria Ministério Saúde nº. 518/04 chama atenção para este fato, pois determina que todo recurso hídrico utilizado para abastecimento deve estar ausente de organismos prejudiciais para sociedade, pois podem levar até a morte quando ingeridos de forma incorreta. Os parâmetros analisados nos meses de julho e dezembro dos anos de 2009 e 2010, foram de grande importância para avaliar a qualidade dos recursos hídricos desses manaciais. Foram monitorados seguindo as diretrizes estabelecidas pelas resoluções CONAMA 357 e COPAM 01/2008, os resultados obtidos foram enquadros como permitidos ou não permitidos de acordo com essas resoluções. 11 O alumínio, cloreto, cor aparente, clorofila a, DBO total, dureza total, fenóis, nitrito, nitrogênio amoniacal, oxigênio dissolvido, pH, sólidos dissolvidos totais, sulfatos e turbidez. Todos esses parâmetros sofreram interferências nas épocas de seca e chuva. Segundo a resolução COPAM nº. 01/2008 o cloreto pode ter valor máximo permitido de 250 mg/L Cl os valores analisados e representados na tabela 01 se encontram dentro do permitido, o manancial Rebentão dos Ferros obteve um maior valor no mês de Julho de 2009. O pH obteve os seus valores entre neutro, variando entre 7.2 a 8.0, sendo que o pH influencia no grau de ionização das espécies químicas que se encontram na água. Segundo o COPAM nº. 01/2008 o oxigênio dissolvido em qualquer amostra não é recomendável inferior a 5 mg/L O2, porém no mês de dezembro 2010 no manancial Rebentão dos Ferros atingiu o valor de 4.49, onde pode-se considerar inadequado, pois quando a concentração de oxigênio dissolvido baixar para níveis críticos, os organismos aquáticos que realizam respiração aeróbia não sobrevivem. A dureza foi observada no recurso hídrico e reconhecida como dura quando dissolvidos sais dos cátions Ca2+, Mg2+ e Fe3+. Em baixas concentrações, a presença destes íons não chega a ser prejudicial ao uso doméstico da água, mas concentrações maiores destes íons interferem por exemplo na ação de limpeza de sabões, os valores analisados estão dentro do estabelecido pela Resolução Conama 357 sendo classificada como dureza temporária. A cor aparente é resultante das matérias orgânicas presente no recurso hídrico, a sua estética é fundamental uma cor inadequada pode provocar certa rejeição. A turbidez pode ocorrer devido a presença de materiais sólidos em suspensão, que reduzem a sua transparência. Pode ter também presença de algas, plâncton, matéria orgânica. Segundo o COPAM nº. 01/2008 o valor Máximo permitido é de até 100 UNT, no mês de dezembro de 2010 o manancial Rebentão dos Ferros atingiu o valor de 82 UNT, não ultrapassou o valor permitido mais diferenciou dos demais valores analisados. 12 Tabela 01 – Sistema de controle de qualidade de água e efluentes SISTEMA DE CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA E EFLUENTES CAPTAÇÃO REBENTÃO DOS CAPTAÇÃO LAPA GRANDE CAPTAÇÃO RIO PACUÍ FERROS Parâmetro Unidades jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 s Alumínio mg/L 0,129 <0,100 <0,100 <0,100 Cor uH 5 6,5 <0,2 2,1 aparente Cloretos mg/L 4,3 3,6 4 3 Clorofila a µg/L 0,59 0,67 DBO total mg/L 0,44 <0,02 <0,020 Dureza total mg/L 205 Fenóis Fósforo total Nitrato mg/L 0,087 0,121* 0,031 mg/L <0,05 mg/L <0,5 - mg/L 0,009 mg/L Nitrito Nitrogênio amoniacal Oxigênio dissolvido pH Sólidos dissolvidos totais Sulfatos jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 <0,100 <0,100 <0,100 0,333* <0,100 0,164 <0,100 <0,100 0,135 <0,100 <0,100 <0,100 1,5 0,8 0,4 >100 9,8 72 5 6,4 1,8 4 2,5 6,1 5 3,9 5,7 3,2 5,3 2,8 4,7 3 4,4 3,4 4,6 3,1 1,11 0,3 0,82 0,59 0,61 11,8 32,07 7,38 10,69 1,18 1,48 2,62 1,84 1,2 <0,02 <0,02 0,228 0,212 <0,02 0,18 0,574 1,39 <0,02 <0,02 0,515 1,09 198 280 274 285 140 135 91 104 86 132 198 180 125 0,061 <0,025 0,68 0,033 0,802* 0,068 0,123 <0,025 0,098 0,05 0,072 <0,05 <0,050 <0,050 <0,05 <0,05 <0,050 <0,050 <0,05 0,06 <0,050 <0,050 <0,05 <0,05 <0,050 <0,050 <0,500 <0,50 <0,5 - <0,500 <0,50 <0,5 - <0,500 <0,50 <0,5 - <0,500 <0,50 0,01 0,006 <0,005 0,007 0,008 0,006 0,041* 0,011 0,016* 0,005 <0,005 0,009 0,007 0,007 <0,005 0,04 0,1 <0,030 <0,03 0,06 0,13 <0,030 <0,03 0,11 0,15 0,7 0,12 <0,030 <0,03 mg/L 7,16 5,61 7,45 6,45 5,06 6,75 7,17 4,49 4,69 2,44 6,93 5,69 7,04 4,7 7,38 5,66 - 8 7,8 7,7 7,8 7,6 7,5 7,7 7,4 8 7,2 7,8 7,6 7,9 7,8 7,8 7,9 mg/L 184 274 226 196 290 180 310 160 152 106 116 96 246 234 226 220 mg/L 7,1 9,56 2,83 3,58 5,82 8,91 3,89 10 5,85 9,36 4,1 3,41 4,31 9,74 5,49 5,03 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 1,22 4,09 0,47 82,8 4,68 4,97 0,89 2,15 Sulfetos mg/L Turbidez uT 202 0,59 CAPTAÇÃO TODOS OS SANTOS 173 <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 2,14 7,99 0,32 0,84 13 0,222* 0,074 <0,030 0,14* <0,050 <0,050 <0,050 <0,050 12,2 66 2,77 2,3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a realização desse estudo foi analisado todo o processo de tratamento de um recurso hídrico. Através das analises d`água bruta, pode-se identificar alguns parâmetros fora do permitido pelo o que a legislação estabelece, sendo que para atingir esses valores foi levado em consideração alguns fatores como precipitação ou interferência de algum fator externo. Nos pontos de captação a vegetação se encontra preservada, o uso e a ocupação adequada do solo nas bacias contribuíram e influenciaram diretamente na preservação da qualidade das águas dos mananciais, resultando em um fornecimento de água para consumo humano de melhor qualidade. Para efetuar a construção da ETA Morrinhos foi feito todo um estudo das características físico-químicas e biológicas dos mananciais que abastece a ETA, a demanda do recurso hídrico oferecido, estudos demográficos sobre o solo, reservatório e rede de distribuição. O empreendimento possui um sistema de tratamento convencional, em todas as etapas são feitas analises para verificar seus perigos e suas medidas próprias de prevenção para atingir os valores padrões dessas amostras. Foi verificada a inexistências de riscos para a saúde humana, a sociedade que consome esse recurso hídrico se encontra em total segurança pela qualidade do serviço que a COPASA-MG oferece. REFERÊNCIAS ASSIS, E. G. A Salinidade das Águas Superficiais e sua Interferência nas Condições SócioEconômicas na Sub-Bacia do Rio Caraibeiras Curimataú Paraibano. 2002.134p Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente -UFPB -PRODEMA. João Pessoa, PB. 2002. BASTOS, R. K. X.; NASCIMENTO, L. E.; BETÔNICO, G. C. Otimização do controle de qualidade da água tratada e distribuída para consumo humano -implementando a Portaria 1.469/2000 In: Congresso Brasileiro De Engenharia Sanitária E Ambiental, 22., 2003, Joinville-SC. Anais.Riode Janeiro: ABES, 2003b. BORGES, L. 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Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências." Diário Oficial da União.18 de março de 2005. COPASA. Relatório de Qualidade da Água. 2008. Disponível em: http://www2.copasa.com.br/fotos/folders2008/M/MontesClaros.pdf. Acesso em 28 de Novembro de 2010. COPASA. Relatório de Qualidade da Água. 2010. Disponível em: http://www.copasa.com.br/ /M/MontesClaros.pdf. Acesso em 20 de Maio de 2011. FILHO, D. G. M. PEREIRA, A. G. Remoção de ferro em águas de abastecimento, maximização da eficiência dos processos oxidativos, seguidos de filtração direta-condicionantes e resultados práticos. In: 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2005. MAGALHÃES, S. C. M. MAGALHÃES, R. M. A gestão do saneamento em Montes Claros MG e sua relação com a degradação ambiental do rio Vieira. 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