dia da sergipe
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EDITORIAL QUEM AMA FALA BEM O maior desafio de Londrina hoje é reconquistar a autoestima. Moramos numa cidade linda, admirada por todos que a visitam. Recentemente conversamos com um empresário argentino que adotou Londrina como cidade do coração. Esse pé-vermelho adotivo diz que é capaz de brigar com quem fala mal de Londrina. Infelizmente, os próprios londrinenses muitas vezes se esquecem de que moram numa cidade tão boa, tão acolhedora, tão rica em experiências e realizações. Nos 80 anos de Londrina, que tal parar de falar mal da cidade e exaltar a nossa incomparável história de trabalho e desenvolvimento? Numa reunião do movimento Pé Vermelho Mãos Unidas, um amigo fez uma observação muito interessante: “Na administração pública, é mais difícil combater a ineficiência do que a corrupção”. E é verdade! Em Londrina, as instituições são fortes e vigilantes; aprendemos a combater a corrupção. Mas a ineficiência, a lentidão, a burocracia continuam presentes na gestão pública – como se vê em reportagem publicada nesta edição da revista Mercado em Foco. A ineficiência do setor público não é algo que surge do dia para a noite. Pela primeira vez, em muitos anos, sob a liderança do atual prefeito, vemos uma administração municipal disposta a implantar técnicas de gestão para melhorar a qualidade dos serviços à população. Mas é preciso que nós também façamos a nossa parte. Antes de esperar o que a Prefeitura deve fazer por você, pense no que presente que você pode dar à cidade. Com base na união entre as entidades e o poder público, vamos vencer esse desafio – e os beneficiados serão todos os londrinenses. Desde os tempos da colonização, o setor empresarial tem dado exemplos de eficiência que poderiam servir de modelo para a administração pública. Tudo começou com uma empresa: a Companhia de Terras Norte do Paraná. Pouco tempo depois, foi criada a ACIL. Ao longo das últimas oito décadas, a cidade foi sendo construída com o espírito empreendedor que hoje se mostra no destaque de nossos empresários em concursos nacionais e internacionais. É motivo de orgulho ver seis empresas de Londrina incluídas entre as maiores do Brasil no ranking Valor 1000. É motivo de alegria saber que nossos talentos da TI estão sendo reconhecidos com prêmios na área de inovação. Isso faz a gente amar Londrina ainda mais. E quem ama fala bem. Valter Luiz Orsi Presidente da ACIL DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2014/2016 Fundada em 5 de junho de 1937 Rua Minas Gerais 297 – 1º andar Ed. Palácio do Comércio Londrina (PR) – CEP 86010-905 Telefone (43) 3374-3000 Fax (43) 3374-3060 E-mail [email protected] Valter Luiz Orsi Presidente Rogerio Pena Chineze Vice-Presidente Fabricio Massi Salla Diretor Secretário Alexandra de Paula Yusiasu dos Santos 2º Diretor Secretário Rodolfo Tramontini Zanluchi Diretor Financeiro Angelo Pamplona da Costa 2º Diretor Financeiro Fernando Mauricio de Moraes Diretor Comercial Marcus Vinicius Gimenes Diretor Industrial Marcia Regina Vieira Mocelin Manfrin Diretor de Serviços Claudio Sergio Tedeschi Diretor de Comércio Internacional Luigi Carrer Filho Diretor de Produtos Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected] Adelino Favoretto Junior Diretor Institucional CONSELHO DELIBERATIVO Ary Sudan Carlos Alberto Dorotheu Mascarenhas Eduardo Yoshimura Ajita Flávio Montenegro Balan George Hiraiwa Herson Rodrigues Figueiredo Jr. Paulo Briguet Coordenação Vinicius Bersi Edição Josoé de Carvalho Fotografia Thiago Mazzei Projeto gráfico José Augusto Rapcham Katsumi Sergio Otaguiri Luiz Carlos I. Adati Nivaldo Benvenho Oswaldo Pitol Paulo Fernando Ozelame Wilson Geraldo Cavina CONSELHO FISCAL Diego Rigon Menão Superintendente Claudia Motta Pechin Gerente Comercial Barbara Della Libera Analista de Marketing Guto Rocha Luis Fernando Wiltemburg Michelle Aligleri Renato Oliveira Susan Cruz Colaboradores Fernanda Bressan Giovana Chiquim Gisele Rech Impressão Midiograf Tiragem 8 mil exemplares Titulares Adoniro Prieto Mathias Marcus Vinicius Bossa Grassano Rafael de Giovanni Netto Suplentes Carlos Alberto de Souza Faria Rafael Lopes Rogério Silvano da Silva Agenda novembro 2014 ATENDIMENTO E VENDAS FINANÇAS Administração do tempo Niceia Henrichsen 03 e 04 de novembro 19h às 22h Intensivo em faturamento e emissão de notas fiscais Rosangela da Silveira 26 e 27 de novembro 19h às 23h • Transmitir noções gerais de legislação do ICMS e IPI • Apresentar os respectivos tratamentos fiscais conferidos pela legislação • Demonstrar a emissão de notas e documentos fiscais • CFOP e CST: cancelamentos, possibilidades e conseqüências • SPED Fiscal: analise das principais operações • Venda a ordem, a entrega futura, demonstrações, industrialização, exposição em feiras e retorno de mercadorias não entregues Não associados R$ 250,00 Associados R$ 195,00 • A venda competitiva no mercado globalizado • As qualidades do profissional de vendas • Estratégia de vendas e negociação • O reforço positivo do pós-venda Não associados R$ 152,00 Associados R$ 76,00 • Dicas práticas para uma cobrança eficiente visando recuperação de crédito • Como negociar com inadimplentes • Código de defesa do consumidor Não associados R$ 152,00 Associados R$ 76,00 • Custo liquido do produto • Estoque mínimo e máximo • Rotação geral de mercadorias • Custo financeiro do estoque parado Não associados R$ 152,00 Associados R$ 76,00 Como treinar sua Equipe de Vendas – Palestra Natasha Bacci 19 de novembro 19h às 21h WEB DIVERSOS Opinião do associado • Passo a passo da venda • Estratégias de um vendedor consultor • Pré-venda, venda , pós venda • Técnica de Fechamento de Venda Não associados R$ 152,00 Associados R$ 76,00 Negociação e vendas Sidney Kayamori 04 e 05 de novembro 19h às 23h Como gerenciar compras e controlar estoque Charles Vezozzo 17, 18 e 19 de novembro 19h às 23h GESTÃO DE RH Prepare- se para vender mais Sheila Dal Ry 25 e 26 de novembro 19h às 23h • O significado do tempo e sua importância • Comportamento Pessoal em relação ao Tempo • Conhecendo e controlando os desperdiçadores do tempo • Você pode ser muito ocupado ou muito produtivo. Esta escolha será sempre sua • Como você desperdiça (ou usa) seu tempo Não associados R$ 130,00 Associados R$ 65,00 Análise de crédito visando à prevenção da inadimplência Braz Vendramini 10 e 11 de novembro 19h às 23h MARKETING Oratória: a comunicação na profissão Maria Cristina Consalter 26 e 27 de novembro 19h às 23h Carla Polonio, da Importex Brasil: “Adorei o curso “Qualidade de Serviço de Recepção e Secretaria”; ótima instrutora, muito dinâmica e possui muito conhecimento” ABRASEL NORTE DO PARANÁ CURSO DE BOAS PRÁTICAS E HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES DE ALIMENTOS 25, 26 e 27 de novembro 13h30 às 17h30 Local: Blue Tree Premium Av. Juscelino Kubtischek, 1356 Informações: 3327 0202 Não associados: R$100,00 Associados ACIL: R$70,00 • Comunicação para pequenos e grandes públicos • Oratória aplicada na relação com o cliente e em reuniões • Técnicas para falar em público Não associados R$ 152,00 Associados R$ 76,00 Chefia e Liderança Filomena Regina Storti Minetto 28 e 29 de novembro Dia 28 – das 19h às 22h Dia 29 – das 8h às 17h • O processo de tomar decisões • Delegação de atribuições e autoridade • Liderança gerencial (característica e estilos da boa liderança) • Incentivo através do feedback Não associados R$ 173,00 Associados R$ 86,00 • Os passos da venda • Investigar a necessidade do cliente • Vendedor consultor Não associados R$ 65,00 Associados R$ 32,00 Saiba mais: 3374.3000 [email protected] ou 3374.3082 com Tatiana Gaffo: [email protected] Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Norte www.acil.com.br Curta ÍNDICE SEGURANÇA DO NEGÓCIO SPC protege da inadimplência ............................................. 16 8 Avalie a qualidade da sua INSEGURANÇA DO NEGÓCIO 11 RESÍDUOS SÓLIDOS 12 PLANO DIRETOR 18 Comércio é alvo de furtos e assaltos .................................... O destino correto do lixo ...................................................... A bússola do desenvolvimento ............................................ QUALIDADE DE VIDA 20 CLASSE C E-SOCIAL Impactos do sistema que unifica informações trabalhistas, previdenciárias e sociais ............................... 22 ARTIGO 30 Os desafios da economia brasileira .................................... Um mercado a ser conquistado no mundo digital 26 PERFIL Os livros e ideias de Rubens Augusto .................................... TALENTO LONDRINENSE 36 Prêmios conquistados por empresas locais consolidam a cidade com um polo da TI ............................. 38 COLUNA DA ACIL 41 A festa do comércio de rua no Dia da Sergipe ...................... ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A ineficiência que trava o desenvolvimento 32 CONSUMO INFANTIL A força do segmento voltado às crianças Associação Comercial e Industrial de Londrina 7 INADIMPLÊNCIA 8 outubro de 2014 | www.acil.com.br Por Guto Rocha Inflação e taxas de juros crescendo mais do que os rendimentos dos trabalhadores criam um cenário propício para a elevação da inadimplência. Foi o que se confirmou no último mês de julho, quando o SPC Brasil (Serviço de Proteção de Crédito) e a Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) registraram um aumento de 4,43% de consumidores inadimplentes, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Por isso, vender às cegas pode colocar em risco a saúde financeira das empresas. O alerta é da gerente comercial da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), Cláudia Motta Pechin. Cláudia afirma que a ACIL está preparada para fornecer ferramentas que garantem segurança contra mal pagadores. A gerente afirma que a entidade tem uma preocupação constante de conscientizar e preparar empresários a não vender sem fazer uma consulta prévia. “O SPC é uma importante ferramenta de análise de crédito”, comenta. A gerente observa que o sistema de análise de crédito evoluiu muito e, atualmente, conta com uma base de dados mais completa, que permite uma análise de crédito mais segura. “Antes, só era possível consultar se o comprador tinha ou não alguma restrição de crédito. Hoje, o sistema analisa outros tipos de informações, como histórico de passagens, relacionamento com fornecedores, possibilitando avaliar como a pessoa se comporta no mercado”, explica. Segundo Cláudia, o SPC, operacionalizado pela ACIL, faz parte da BCF (Base Centralizadora FACIAP de Proteção ao Crédito), que reúne a maior parte das associações comerciais do Paraná. Esta base paranaense, observa a gerente, está enriquecida, por meio de uma parceria com o SPC Brasil e a Serasa Experian. “Com isso, contamos com uma base de dados com credibilidade e cobertura nacional”, afirma. A ferramenta de proteção de crédito permite que o empresário faça consultas de diferentes níveis, desde as mais simples às mais elaboradas. “Ele pode utilizar o SPC para consultar um cheque, que é o processo mais simples, até situações mais complexas que envolvem, participação em falência e concordata, ações judiciais, protestos e até participação em outras empresas”, salienta. O serviço pode ser utilizado para checar a situação de pessoas físicas e jurídicas. Claudia afirma que o SPC oferece um amplo portfólio de consultas para que o empresário possa escolher o que lhe for mais adequado para o valor da venda. “Uma venda com valor menor pode ser feita com uma consulta mais simples. Já uma negociação que envolve um valor mais alto, deve ser feita após uma consulta mais completa, pois o risco também é mais alto”, explica. A gerente alerta que da mesma maneira Tão importante quanto que o empresário consultar o cadastro deve se preocupar em dos inadimplentes é averiguar a situação do comprador no negativar quem não sistema de crédito, pagou as dívidas ele também precisa fazer a negativação do Claudia Motta Pechin, devedor. “É preciso melhorar esta cultura gerente Comercial da ACIL da negativação em “ “ Associação Comercial e Industrial de Londrina todo o Paraná. Se o comerciante não negativa, o inadimplente continua comprando e o sistema é comprometido”, orienta. Para Cláudia, a negativação acaba funcionando também como um processo de cobrança. Pois, quando o mau pagador é negativado, ele recebe uma correspondência e tem 10 dias para efetuar o pagamento. Ela explica que somente após esse prazo, caso o inadimplente não saldar sua dívida é que o sistema passará a informar que ele está negativado. A orientação da ACIL é que as inclusões no SPC só sejam feitas depois o processo de cobrança e negociação, valorizando assim o relacionamento da empresa e seu cliente. Vale ressaltar que depois que o negativado quita a dívida, a empresa tem até cinco dias úteis para retirar o nome do cliente do cadastro do SPC, conforme entedimento do Superior Tribunal de Justiça, porém no Paraná existe uma Lei Estadual n° 15967/2008, em vigor, que obriga a empresa que promoveu o registro a baixar a informação em até 48 horas após a quitação, devendo a empresa observar tais prazos para evitar o ajuizamento de ação de indenização por parte do consumidor. “Tanto o processo de inclusão como o de baixa é ágil e simples e pode ser feito um a um ou em lotes, de acordo com a demanda de cada empresa”, garante a gerente comercial. Sistema adaptado a cada empresa A Leo Madeiras, loja que comercializa produtos voltados para marceneiros fabricantes de móveis, contratou há cerca de dois meses os serviços do SPC da ACIL. Na avaliação do analista Márcio Ferreira da Silva, da Leo Madeiras: contábil da empresa, “Temos que nos proteger sempre” Márcio Ferreira da Silva, a ferramenta é fundamental para garantir a segurança nas vendas. “Este tipo de proteção é importantíssima, ainda mais para nossa empresa que atua num mercado em que a informalidade é muito grande”, afirma. Ele explica que a Leo Madeira atende um grande número de pequenos marceneiros, que trabalham com cheques de clientes para pagar suas compras. “Temos que nos proteger sempre”, comenta. Silva observa que, apesar do pouco tempo de utilização do SPC, a empresa está satisfeita com os resultados. A empresa utiliza bastante o serviço SPC Relatório, que é acionado sempre que um novo cliente faz compras no estabelecimento. “Mas também o utilizamos para clientes antigos quando é necessário impor limites de crédito. E ainda temos a vantagem de analisar o sócio do cliente, ampliando a proteção”, comenta. O analista contábil observa que a empresa resolveu migrar para o SPC por causa dos custos mais acessíveis do que o sistema de proteção utilizado anteriormente. Outro fator que fez com que a Leo Madeiras optasse pelo SPC da ACIL é o fato de a ferramenta poder ser operacionalizada por um programa de computador criado 9 especificamente para a empresa. “Temos um software que nos permite fazer a consulta a partir no nosso próprio sistema interno. Quando cadastramos um cliente, podemos, na mesma operação checar a situação dele no SPC. Isso agiliza os processos”, comenta. Serviço local O fato de o SPC da ACIL estar na mesma cidade em que opera, levou a empresa Telhaço Londrina a trocar de serviço há três anos. “Antes trabalhávamos com um serviço que não tinha representantes na cidade e isso dificultava. Agora podemos consultar o SPC sempre que precisamos”, destaca o gerente Anderson Luis Bassetto. Segundo ele, o serviço é acionado toda vez que um novo cliente faz cadastro no estabelecimento. No caso dos clientes antigos, observa Bassetto, a consulta é refeita depois de cerca de quatro meses da última compra. “No caso de vendas pagas com cheque, procuramos sempre fazer a consulta no SPC”, aponta. O gerente observa que a empresa também adota a negativação sempre que necessário. “Tentamos negociar o máximo possível para receber a Anderson Luis Bassetto, da dívida. Mas quando percebemos Telhaço: Proximidade facilita que não tem outra saída, fazemos utilização do serviço a negativação. Além de proteger o sistema, também é uma maneira eficiente de receber os atrasados”, diz. Associada da ACIL desde 2010, a empresa GolSat, passou a utilizar o SPC no ano passado. Segundo o responsável pelo departamento Antonio de Souza, da Golsat: “Negativação é financeiro da empresa, arma poderosa para receber títulos atrasados” Antonio de Souza, a ferramenta de consulta dos registros de clientes junto ao serviço é utilizada no ato da análise de crédito ao cliente. “Analisamos todos os clientes que estão em negociação”, afirma. Souza afirma que o serviço de proteção de crédito é uma ferramenta importante para a segurança da empresa, e observa que as informações fornecidas pelo sistema protegem e norteiam a análise de crédito da GolSat. “A consulta ajuda a prevenir a inadimplência”, comenta. Ele observa que a empresa utiliza outro serviço de proteção de crédito para negativar os clientes que se tornam inadimplentes, e acabam aparecendo nas consultas fornecidas pelo SPC. “Mas 98% das consultas são feitas no serviço da ACIL”, observa. Na GolSat, o processo de negativação é analisado caso a caso. Ele afirma que o procedimento é registrado após 30 dias do vencimento, e a negativação é efetivada depois de 60 dias. “A negativação do nome do devedor, para o setor de contas a receber de qualquer empresa é uma das armas mais poderosas para receber títulos vencidos”, analisa. INSEGURANÇA NO COMÉRCIO ISTO É UM ASSALTO! Só no ano passado, 1813 furtos e 882 roubos foram registrados na região de Londrina Por Vinícius Bersi O telefone toca às três da madrugada. O coração se prepara para uma notícia ruim. Do outro lado da linha, um policial confirma a expectativa e avisa a empresária Cleusa Maria Oliveira que a loja de roupas dela foi roubada. Cleusa vai até o local que fica em uma área bem visível e de bastante movimento da avenida Madre Leônia Milito. A empresária encontra um cenário desolador. Bandidos levaram todas as peças da nova coleção primavera-verão. A loja ficou tão vazia que parecia mais um imóvel recém-construído à espera de uma finalidade. “Eu não tinha palavras para dizer nada, olhando tudo aquilo que eu tinha construído em oito anos indo embora, a gente perde até a reação”, desabafa. O estabelecimento estava sem alarmes. Cleusa havia decidido suspender o sistema por um tempo para pagar outras despesas do negócio. “Como a loja tem uma visão boa para rua e está sempre iluminada, achei que ninguém fosse ter coragem de entrar, mas infelizmente isso aconteceu.” Sem seguro e sem muita esperança de recuperar a mercadoria perdida, a empresária vai ter de arcar com um prejuízo estimado em R$ 45 mil. Os bandidos levaram seis sacos plásticos com 600 peças de roupa, com preços unitários que variam de R$ 33 a R$ 600. Chamou a atenção a sofisticação com que o crime foi executado. Encapuzados, dois ladrões, que aparecem no registro das câmeras de segurança das lojas vizinhas, arrombaram a porta, se afastaram e, por cerca de 5 minutos, ficaram observando para ver se alguém aparecia. Depois retornam, enchem os sacos com as roupas e deixam o local. Para não ter a placa identificada pelas imagens das câmeras, o carro está sempre com luz alta ou com os faróis apagados. Associação Comercial e Industrial de Londrina O drama de Cleusa não é um caso isolado. Segundo os dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública, em 2013 ocorreram 1.813 furtos na Área Integrada de Segurança Pública de Londrina, que inclui os municípios de Tamarana, Ibiporã e Cambé. O número de assaltos registrados na mesma região chegou a 882. Quem também engrossa as estatísticas de furtos e assaltos é a padaria da família do empresário Carlos Alberto de Medeiros. Em 18 anos de funcionamento o local, que fica no Jardim Bancários, foi assaltado e furtado 27 vezes. No ano passado o estabelecimento chegou a ser furtado numa quarta-feira e assaltado no dia seguinte. Tanta insegurança fez o empresário repensar a continuidade do negócio. “Já pensei várias vezes em desistir de tudo, mas é difícil, tenho uma família, temos 46 funcionários, é complicado”, pondera Carlos. As câmeras de segurança e o sistema de alarme da padaria não foram suficientes para inibir a ação de bandidos. O último assalto ocorreu há dois meses. “Você tem que ser uma pessoa centrada, tem muita gente que não aguenta, já me chamaram de vagabundo. Quando o cara está armado, ele tem razão”, ironiza. A Polícia Militar reconhece que não consegue inibir todas as ações criminosas contra comerciantes. “Temos intensificado o policiamento nos locais de maior concentração de estabelecimentos mas a polícia não tem em lugar nenhum do mundo essa força da onipresença”, afirma o capitão Nelson Villa. Para evitar o arrombamento das lojas, a orientação é a manutenção de um sistema de alarmes monitorados. “Os arrombamentos ocorrem principalmente durante a madrugada; ainda que a viatura esteja a um ou dois quilômetros, ela chega muito rápido no local”, completa. CUIDADOS ESPECIAIS NAS DATAS COMEMORATIVAS A Polícia Militar também dá algumas orientações para evitar os furtos que ocorrem quando as lojas estão abertas, em especial nas datas comemorativas, períodos em que o movimento no comércio aumenta. Com a aproximação do Dia da Criança e do Natal vale observar as dicas: • Invista na visibilidade! Quem trabalha sozinho deve colocar espelhos pela loja, de uma forma que o vendedor consiga atender o cliente e, ao mesmo tempo, enxergar tudo que ocorre dentro do estabelecimento sem esforço. As divisórias que bloqueiam a visão devem ser evitadas. • Aumente a atenção! Evite atividades que possam distrair como o uso de celulares, computadores e tablets. É importante estar atento a tudo que ocorre no interior da loja. • Se identificar um comportamento suspeito, avise a polícia. Ao perceber que um furto foi realizado, a orientação também é ligar para 190. Para a sua segurança, não faça a abordagem! • Em caso de assalto, não reaja. Uma reação pode ter consequências mais graves que a perda de patrimônio, como uma lesão séria ou até a morte. Empresário teve a padaria da família furtada e assaltada 27 vezes: “Já pensei em desistir de tudo” 11 RESÍDUOS SÓLIDOS O DESAFIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS Destinação correta do lixo passa por uma mudança de mentalidade das pessoas e das empresas Por Susan Cruz A lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um marco na gestão ambiental do Brasil. A partir dela os desafios para o poder público, empresas e os cidadãos estão lançados diante de um dos maiores problemas da atualidade, o lixo. Em Londrina, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) já havia sido previsto pelo Decreto Municipal 769/2009 e foi reforçado e instituído pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei Federal 12.305/2010 norteada por princípios, instrumentos, e diretrizes para o gerenciamento dos resíduos sólidos. A Lei trata de conceitos de ecoeficiência e esclarece a responsabilidade compartilhada, ou seja, além do setor público é responsabilidade de todos os cidadãos, os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes; todos têm o dever de contribuir com a política nacional de resíduos sólidos. Esse conjunto de instrumentos visa propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). O PGRS tem também como objetivo orientar as ações das empresas para reduzir a geração de resíduos, tratar corretamente o manuseio, a separação, o acondicionamento, transporte e 12 destinação correta daquilo que não for aproveitado dentro da própria empresa, que devem apresentar um documento relatando a quantidade de resíduo produzido desde a fonte geradora até o descarte final. Desde o dia 2 de agosto de 2014 os municípios são obrigados pela Lei a encerrar os seus lixões em cumprimento da PNRS e implantar sua política de gestão de resíduos. A Lei respalda a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e cidadãos em relação ao tratamento dos resíduos. Desde a aprovação da (PNRS), esse marco regulatório, atenta para que a gestão compartilhada promova o descarte correto dos resíduos para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Para Eliene Moraes, analista em gestão ambiental da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina, os princípios mais importantes que remetem a essa lei são primeiramente a não geração de resíduos, a sua redução, o reaproveitamento, a reciclagem e o seu tratamento adequado. A lei passa a exigir a implementação de aterros com normas ambientais. Centros de tratamento de resíduos e sistemas de compostagens para resíduos orgânicos que favorecem ambiental e economicamente a cidade. outubro de 2014 | www.acil.com.br “Dentro do que é função do município trabalhamos para promover a coleta seletiva, por exemplo, que reduz os materiais que vão para o aterro e também promove a geração de renda para quem trabalha com os recicláveis. O lixão foi desativado e temos uma central de tratamento de resíduos (CTR) com uma central de compostagem”, aponta. Hoje são cinco cooperativas que realizam esse serviço de coleta de recicláveis, ainda dentro da política de gestão compartilhada existe a chamada Logística Reversa que estabelece que o fabricante, representante e comerciante que coloca um produto no mercado repense a vida útil do produto, qual o caminho que o produto vai percorrer até o seu destino final. A partir desse questionamento é necessário se posicionar diante das escolhas feitas sobre os materiais utilizados, como podem ser recolhidos, se podem ser reutilizados e se não, quais são as melhores opções para o seu descarte. A logística reversa define as empresas como responsáveis por recolher seus produtos após o descarte feito pelo consumidor. “É importante que as empresas elaborem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos que vai identificar e quantificar o que é produzido pela empresa, com isso é possível traçar um plano eficiente com um técnico e também com as nossas orientações, ajustar a empresa se for necessário dentro Associação Comercial e Industrial de Londrina de uma logística reversa eficiente que pode reduzir custos e o impacto ambiental”, completa Eliene. Já existe uma regulamentação que estabelece a forma adequada de recolhimento de pneus, pilhas, baterias e embalagens agrotóxicas, mas Eliene explica que para os demais itens ainda estão sendo estudadas formas de regulamentação e que os fabricantes podem se antecipar a isso e investir nessa logística. FISCALIZAÇÃO O trabalho do município é feito de forma integrada, além da CMTU atuam a Secretária do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) que através de Eliene Moraes, analista em gestão ambiental da CMTU: “É preciso que fique claro que a empresa que faz o descarte irregular, em algum momento vai pagar por isso, ele é um poluidor pagador e quando identificado pode sofrer sanções graves, levar uma multa por crime ambiental” 13 um trabalho em conjunto de regulamentação e fiscalização podem, se necessário, notificar e autuar os envolvidos no descumprimento da lei. “A irresponsabilidade é um dos principais fatores do descarte inadequado, é preciso que fique claro que a empresa que faz o descarte irregular, em algum momento vai pagar por isso, ele é um poluidor pagador e quando identificado pode sofrer sanções graves, levar uma multa por crime ambiental”, enfatiza Eliene Moraes. A analista também revela que este é um tema que ainda enfrenta muitos desafios, como os ecopontos que foram criados para a destinação correta de entulho da construção civil e de jardinagem, mas que por falta de uma fiscalização maior e irresponsabilidade dos grandes geradores e até mesmo da população, tornaram-se um problema para o município. “Por falta de um sistema aprimorado na fiscalização desses ecopontos e juntamente com a irresponsabilidade no descarte, esses lugares se tornaram lixões, o que inicialmente começou com sete pontos na cidade passou para 300, ou seja, qualquer terreno vazio ou fundo de vale foi visto como uma oportunidade para realizar um descarte inapropriado, gerando um grande problema para a população”, revela. Segundo Eliene, esse problema deve ser resolvido quando forem viabilizados os Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s). “Seria um ecoponto com fiscalização para controlar a entrada e a quantidade do descarte, esse formato ainda depende de orçamento, mas seria uma forma de controlar. O que acontece agora é que qualquer um pode á noite ou nos finais de semana despejar material de forma irregular”, salienta. No setor da Construção Civil é exigido um plano de gerenciamento e recibos de destinação correta dos resíduos para que seja obtido o Habite-se, “é uma maneira de cobrarmos uma postura, mesmo assim, ainda acontece do serviço contratado, como o aluguel de uma caçamba recolher o entulho, receber para dar uma destinação correta, mas fazer o descarte em algum ponto irregular da cidade.” Ela acredita que um fator importante seria uma mudança de mentalidade sobre o tema. “Enquanto os grandes geradores tentarem burlar a lei, enquanto não houver uma preocupação em separar corretamente os resíduos, todo esse trabalho fica comprometido. Por isso é importante a denúncia por parte da população quando observa algo errado, mas também fazer a sua parte, se cada um fizer a sua parte, avançamos”, comenta. O fim dos lixões chegou, mas muitos municípios ainda não conseguiram se adequar a essa realidade, Eliene explica que 14 é possível que estes municípios venham a sofrer sanções, inviabilidade na busca de recursos da União e talvez até reprovações de contas públicas, “é um jeito de forçar a adequação e atuar para buscar soluções econômicas e ambientalmente viáveis.” Em Londrina, segundo a analista, o aterro segue as exigências técnicas, existe uma preocupação com a questão da educação ambiental para a população e a implementação gradativa do projeto Lixo Zero. “É nossa responsabilidade oferecer uma infraestrutura adequada, mas precisamos que haja uma participação comprometida da população na separação do lixo e destinação correta. Para o empresariado já temos a legislação que estabelece que é necessário fazer a segregação correta para evitar prejuízos ambientais e financeiros. É um trabalho contínuo”, comenta. DESAFIOS Apesar de ser um princípio básico que todo cidadão tem de colaborar reciclando e que as empresas têm sua participação buscando soluções para destinação correta do resíduo produzido, para o assessor da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) em Londrina, Gerson Galdi, ainda há um longo caminho a ser trilhado. “Existe uma grande dificuldade das empresas iniciarem voluntariamente esse trabalho. É maravilhoso quando as empresas têm essa visão, mas é raro. Muitos empresários ainda acham que isso é frescura e esperam ser notificados para tomarem uma posição”, afirma. O trabalho de fiscalização segue um cronograma de vistoria e a empresa precisa apresentar seu projeto elaborado pelos consultores ambientais, mas também pode contar com o apoio da Sema, se precisar de orientações para que tudo seja feito da melhor forma. Ainda assim, nesse ponto surgem dois Empresas com um sistema adequado de problemas. Segundo destinação e descarte dos resíduos sólidos Galdi, um deles está contribuem para o nascimento da consciência na segregação dos ambiental nos funcionários outubro de 2014 | www.acil.com.br O MATERIAL VAI E VOLTA resíduos na fonte. É necessário separar, condicionar e destinar corretamente. Outro fator, seria a não execução do plano de gerenciamento apresentado pelas empresas, “ou seja, muitas empresas não cumprem o próprio plano elaborado entregue para Sema, mas esquecem que no prazo de um ano, a empresa vai renovar a documentação e apresentar os relatórios, se for constatado que ela não executa PGRS, será notificada com o prazo de 30 dias para se adequar ou pode levar multa.” Marisa Pissinati, geógrafa da Sema, aponta que o empresariado também enfrenta dificuldades, quando não tem funcionários capacitados, mas que a falta de consciência ainda é o pior. “A falta de funcionários capacitados acaba gerando uma certa tolerância, tem também a questão da alta rotatividade de funcionários em alguns segmentos, mas a falta de consciência ainda é o grande problema, eles entendem que se tem o aterro por que precisam se preocupar? Não entendem que o aterro deveria receber só os rejeitos, por exemplo. A questão é permeada culturalmente, meu avó fez assim, meu pai, por que eu preciso fazer diferente?”, explica. Esse ciclo cultural seria um dos maiores desafios, segundo Marisa, porque quem não faz em casa, não faz na empresa e viceversa, e isso passa de geração em geração. “Quando a gente percebe que no caso do lixo reciclável, por exemplo, temos os catadores, as cooperativas, e que se geramos maior volume, estes também têm mais trabalho, mais renda e menos danos ao meio ambiente, avançamos. Se conseguíssemos separar corretamente pelo menos os recicláveis já teríamos um grande avanço com isso”, ressalta. “No caso dos ecopontos que favorecem a oportunidade do descarte irregular, isso gera um custo financeiro e ambiental muito alto, a CMTU não vence, e o desperdício de material reciclável é muito grande”, pondera Marisa. Galdi comenta que existe um avanço na logística reversa e que esse plano recebe certificação quando executado. “No setor de tintas essa logística é bem eficiente, a lata é devolvida para a loja ou fabricante e são reaproveitadas, também existem exemplos na rede de óleo de cozinha, isso muda a forma de trabalho”, analisa. Exemplos como esses geram oportunidades. O entulho gerado pela construção civil era um problema, mas hoje existe uma tecnologia que tritura e produz um tijolo, resistente e térmico. O isopor é muito utilizado na produção de mudas, substituindo o plástico, além de evitar pragas ele é 100% reciclável. A cada dia surgem novas oportunidades que aliam sustentabilidade e eficiência, são soluções ecológicas que geram economia e ajudam o meio ambiente. Associação Comercial e Industrial de Londrina Exemplo de solução integrada na gestão de resíduos sólidos a indústria Rondopar, fabricante de baterias automotivas, encontrou formas Ary Sudan, proprietário da Rondopar: inteligentes de “Nós nos adaptamos até chegar a um ciclo fechado de reaproveitamento, percebemos cumprir com a que o nosso resíduo tem valor” destinação e o descarte correto. O empresário Ary Sudan, explica que todo o alinhamento necessário foi feito gradualmente. “Nós nos adaptamos até chegar a um ciclo fechado de reaproveitamento, percebemos que o nosso resíduo tem valor”, afirma. Sudan explica que parte desse processo é a destinação correta do que não pode ser aproveitado, por exemplo, os resíduos contaminados, provenientes do manuseio, como as luvas e roupas especiais, são ensacados e enviados para a Central de Tratamento de Resíduos (Cetric) de Santa Catarina. Já os materiais plásticos e papelão são vendidos para recicladores o que gera retorno financeiro que é revertido para a associação dos funcionários e os paletes de madeira são vendidos para o mesmo fornecedor que os reutiliza. O lixo comum é coletado pela prefeitura. A bateria é reciclada em 100%, e ainda de acordo com Sudan, o resíduo de chumbo, material perigoso, vai para uma empresa de tecnologia em Tamarana (PR) e retorna para a produção como matéria-prima. O refugo das caixas plásticas onde as baterias são acondicionadas é separado e vai para o próprio fornecedor que efetua o processo de reciclagem e as devolve com a mesma qualidade, uma caixa nova. “A água utilizada no processo de produção é tratada em uma estação de tratamento de fluentes dentro da própria empresa, e volta para o processo de produção, porém quando é descartada a água está limpa”, revela. Para ele o maior desafio do empresariado é a própria mente do empresário. “O desafio é o que está na cabeça dele, ele precisa se convencer que isso é para o bem. Os obstáculos existem, mas é possível começar primeiro pelo que é mais importante e depois vai aos poucos se adaptando”, ensina. Para Sudan, o esforço vale a pena e todos os funcionários acabam assumindo a preocupação com a destinação correta dos resíduos em todos os setores da vida, “a empresa ensina e o funcionário leva para casa”. Além disso, ele considera que esse é um investimento que se reverte mais tarde para a própria empresa. “O material vai e volta e assim a empresa fica bem com o meio ambiente e com o caixa.” 15 SAÚDE QUAL A QUALIDADE DA SUA VIDA? No corre-corre diário nos esquecemos de pensar em como está o nosso viver. Buscar o equilíbrio é o atalho para encontrar a qualidade de vida Por Fernanda Bressan Qualidade de vida é ter saúde, certo? Bom, também. Na prática, viver com qualidade vai muito além de estar em dia com os exames médicos. Envolve bons relacionamentos, família e trabalho equilibrados, tempo para si e muitas outras coisas. A partir desse mês, a revista Mercado em Foco terá um espaço dedicado a esse ponto tão essencial na vida. Afinal de contas, todos, sem exceção, gostam de incluir a palavra qualidade no dia a dia. De acordo com o cardiologista Ricardo Rodrigues, o importante é buscar o equilíbrio na rotina. “Para mim, qualidade de vida é estar adaptado e se sentir confortável nas várias esferas da vida: profissional, espiritual, familiar e em sociedade”, aponta. Segundo ele, de nada adianta estar super satisfeito com o trabalho se a saúde vai mal, ou ter uma família estruturada e estar desempregado. A meta de quem quer viver com qualidade é buscar a satisfação em tudo o que faz, sente e sonha. Ilusão? Nem sempre. O desafio é driblar a correria do dia a dia. Ela nos faz esquecer de olhar com cuidado para nossa vida e gera o famoso estresse. “Está tudo muito rápido. Atualmente, o trabalho é o maior causador do estresse. Com as novas tecnologias achávamos que íamos trabalhar menos, mas o que aconteceu é que estamos levando trabalho para casa, 16 acessando e-mails profissionais no fim de semana, isso prejudica a qualidade de vida”, alerta o cardiologista Dr. Ricardo. Para quem pensa que são os executivos os mais estressados, o médico traz uma informação nova. “Estudos baseados em questionários de estresse aplicados em empresas mostram que o estresse no trabalho está associado mais à resolutividade que à carga de serviço. Cargos que não têm liberdade e participação nas decisões geram mais estresse. O fato de ter pouca participação gera pouca satisfação”, define. Uma maneira de reverter esse quadro é incluir os funcionários em situações de escolha. “Tem que ter a participação das pessoas, isso gera satisfação. Outra atitude que ajuda a reduzir o estresse é a ginástica laboral”, orienta. Essas atitudes são extremamente importantes para promover a saúde pois prevenem doenças. “O estresse eleva a mortalidade em 30% nas doenças cardiovasculares e também aumenta a incidência de câncer”, frisa o especialista. Segundo ele, estudos já atestaram que o estresse causa uma inflamação no cérebro. “Essas substâncias aumentam ainda a chance desenvolver quadros depressivos e causam alterações imunológicas”, pontua. Além disso, o estresse elevado reduz a produtividade. Mas não se assuste, todos precisamos de um pouquinho de estresse, ele faz parte da vida. O que importa, conforme Dr. Ricardo Rodrigues, é aprender a lidar com ele. “Precisamos usar o estresse em nosso favor. O melhor conceito de estresse negativo é a falta de adaptação à demanda que a vida te coloca. E isso é muito individual. Há quem trabalhe 14 horas e está sempre de bem com a vida e quem trabalhe 6 horas e vive estressado.” Para reduzir essa sensação, há as boas e velhas recomendações. “Exercício físico desinflama o cérebro, comer bem desinflama o cérebro, dormir bem também! E isso não é novidade”, afirma o cardiologista. Para quem não encontra tempo para a atividade física na agenda, ele avisa: quem pratica exercícios, rende mais. “A endorfina liberada durante a prática deixa a pessoa mais animada. Um estudo da USP focado na capacidade de decisão e velocidade de raciocínio mostrou que quem pratica atividade física trabalha de 1 a 2 horas a menos por dia mas tem mais capacidade de memória e velocidade de decisão. Você não está perdendo tempo, mas está fazendo um investimento”, garante. Para finalizar, ele reforça que quem é ativo reduz em 20 a 30% as chances de ter doenças cardiovasculares e de 10 a 20% o risco de ter câncer. “É importante sempre buscar coisas novas, ler sobre assuntos diferentes, criar um circuito cerebral novo”, acrescenta. Nosso dia tem 24 horas, cabe a nós dividir esse tempo da melhor forma possível! outubro de 2014 | www.acil.com.br PLANO DIRETOR A CIDADE EM BUSCA DE UMA DIREÇÃO Grupo revisor do Plano Diretor de Londrina conclui trabalho e cidade espera que as leis de Ocupação do Solo e Sistema Viário estejam prontas até o final deste ano. Seria um ótimo presente de aniversário para os londrinenses! Por Paulo Briguet O Plano Diretor é uma bússola do desenvolvimento. Está para os empreendedores como o instrumento de orientação estava para os primeiros navegadores. Não por acaso, a primeira pergunta de um investidor sério, quando pretende estabelecer seu negócio numa cidade, geralmente é: “O que diz o Plano Diretor?” Sem esse marco legal, os empresários ficam desamparados em um mar de insegurança jurídica, ao sabor dos ventos políticos. Há seis anos, Londrina espera a aprovação de um novo Plano Diretor. O que temos hoje está completamente anacrônico e desfigurado; virou uma imensa colcha de retalhos costurada sem critério. A sociedade londrinense, especialmente as entidades do setor empresarial, esperam com grande ansiedade a aprovação do novo Plano Diretor ainda neste ano, no mais tardar em novembro. Se os vereadores conseguissem aprovar a matéria em 2014, seria um belo presente nos 80 anos da cidade. Cidade que, por sinal, nasceu de um plano, realizado por uma empresa de capital privado: a Companhia de Terras Norte do Paraná. Na verdade, o que nós chamamos de Plano Diretor é um conjunto de oito leis, das quais duas ainda não estão aprovadas. São elas a Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo Urbano (228) e a Lei do Sistema Viário (229). São justamente as duas leis cuja falta emperra o desenvolvimento da cidade. Por meio dessas legislações, define-se o que pode ou não ser instalado em cada área urbana. Sem elas, cria-se um enorme vácuo de incerteza para os investidores. E sem investimento, como se sabe, não há progresso social nem serviços públicos de qualidade. Em fevereiro, a pedido da Câmara de Vereadores, o Conselho Municipal da Cidade (CMC) organizou uma força- tarefa para revisar os projetos das leis de Zoneamento e Sistema Viário. “Formamos um grupo de trabalho, formado por técnicos e representantes da comunidade, para analisar os projetos item por item”, diz o presidente do CMC, engenheiro Osmar Ceolin Alves. É um trabalho complexo e hercúleo: o projeto da Lei de Zoneamento tem 267 artigos e quatro anexos. O grupo de trabalho do CMC fez 146 alterações e sugestões à Câmara. Na Lei de Sistema Viário, foram sugeridas 18 outubro de 2014 | www.acil.com.br CMC FEZ UM AMPLO TRABALHO DE REVISÃO DO ZONEAMENTO 22 alterações. “Verificamos os textos aprovados em conferência, além dos textos das semanas técnicas realizadas pela Prefeitura, e checamos as compatibilidades e incompatibilidades”, explica Osmar Alves. Várias incongruências foram identificadas durante esse trabalho da comissão. Um exemplo: pelo texto original, igrejas só poderiam ser instaladas em... zonas industriais, rodovias e grandes avenidas! Ou ainda: escolas só poderiam ser construídas em avenidas estruturais. Em um trabalho que consumiu noites em claro, fins de semana, feriados e horas de folga, os membros do CMC, sob a coordenação de Osmar Alves, entregaram à Câmara, no final de agosto, o trabalho de compatibilização do Plano Diretor. Participaram do trabalho os seguintes cidadãos: Gabriela Luizzi de Fontoura, Gerson Guariente Júnior, Getúlio Vanderlei Rodrigues, Humberto Marques, José Gonçalves Neto, João Ulisses Lopes, José Luiz Faraco, José Antônio Bahls Santos, Luiz Guilherme Alho, Maria Clarice Rabelo, Natal Oliveira, Nestor Dias Correia, Nilton Capucho e Sidney Miami Oliveira. Não custa lembrar: é um trabalho totalmente voluntário. O trabalho de revisão do Plano Diretor foi feito em duas etapas: de fevereiro a 15 de maio, foram feitas sugestões de alterações no texto das leis. De maio até agosto, foram apontadas propostas de mudança nos cálculos, fórmulas e conceitos utilizados para regulamentar os usos do solo urbano. O trabalho realizado pelo CMC, segundo Osmar Alves, organizou as informações de maneira bastante didática, facilitando a discussão das propostas pelos vereadores. No relatório final, constam o texto aprovado em conferência; o texto aprovado em audiência pública/semana técnica da Prefeitura; e o texto sugerido pela comissão do CMC. Todas as sugestões vêm acompanhadas de justificativas. Na opinião do presidente do CMC, a Câmara de Vereadores terá condições de aprovar o texto final das duas leis até novembro deste ano. “Os vereadores têm mostrado boa vontade em finalizar o Plano Diretor, até porque nós elaboramos um manual com todas as explicações sobre as mudanças propostas”, afirma Alves. Entre as sugestões elaboradas pelo Conselho da Cidade, está a criação de zonas mistas na área central da cidade, com permissão para prédios comerciais e residenciais. “Assim, evitamos que o centro fique congestionado durante o dia e vazio durante a noite. As pessoas podem trabalhar e morar na área central, o que cria uma ocupação mais equilibrada na cidade e favorece o trânsito.” Osmar Alves: “Vereadores dispõem de um manual com todas as explicações sobre as mudanças propostas pelo CMC. Trabalho pode ser concluído, sem sobressaltos, até novembro” Há também a proposta de potencializar as zonas periféricas da cidade, permitindo um uso melhor dessas áreas. “Sugerimos uma forma de urbanizar os bairros do entorno da cidade, o que vai descongestionar o centro”, observa o engenheiro. “Se dermos mais condições para a instalação de comércio na periferia, diminuímos os problemas de tráfego.” No tocante à industrialização, foi proposto um novo conceito para a classificação de empresas. Antes, as Associação Comercial e Industrial de Londrina indústrias estavam classificadas apenas de acordo com o tamanho – pequenas, médias ou grandes. O CMC sugeriu que se criasse uma classificação pelo risco ambiental. “Isso porque pode existir uma indústria grande que não oferece risco ambiental nenhum, ou uma indústria pequena que polui bastante, portanto deve ficar em área restrita”, explica. Osmar Alves elogia o trabalho das pessoas que doaram tempo e esforço para, finalmente, produzir um Plano Diretor para Londrina. Mas reconhece que podem existir erros. “É um trabalho complexo e podem ter restado alguns equívocos e incompatibilidades. Mas nada que inviabilize o Plano Diretor como um todo. Temos certeza de que o Legislativo e o Executivo vão aprovar as duas leis restantes ainda em 2014, superando as previsões pessimistas de alguns ‘cavaleiros do Apocalipse’”. É o que a cidade espera. Afinal de contas, navegar sem bússola é muito difícil. 19 MARKETING DIGITAL O E-COMMERCE COMO ESTRATÉGIA Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, mostra como conquistar a classe média Por Vinícius Bersi Entre 14 e 16 de outubro a ACIL realiza a III Semana do Empreendedor Digital. O evento, maior da área em Londrina, tem o objetivo de conectar os empresários às oportunidades disponíveis no universo online. “É chegada a hora de perceber o e-commerce como uma chance de sucesso de um negócio e não apenas como um concorrente”, destaca Barbara Della-Libera, analista de Marketing da ACIL. Durante a Sed vão ser realizadas palestras com profissionais reconhecidos na área de Marketing Digital; Daniel Zanco, da Universo Varejo, Felipe Osório, da Google e João Kepler, da Anjos do Brasil estão entre os palestrantes. Além das palestras, os participantes realizam oficinas de estratégia de Marketing. O encerramento no dia 16 é com Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, que se dedica a pesquisas sobre o comportamento e desejos da classe 20 C. Meirelles vai apontar os caminhos para os empresários se aproximarem do segmento de mercado que atualmente concentra 108 milhões de brasileiros. A classe média responde pelo consumo de R$ 1,17 trilhões por ano. A Mercado em Foco antecipa parte dessa conversa na entrevista abaixo. Boa leitura! Mercado em Foco: Como as vendas pela modalidade e-commerce se distribuem entre as classes sociais? Qual é o peso da classe C? Renato Meirelles: A maioria que compra pela internet é jovem, a geração mais conectada, tem entre 16 e 24 anos e pertence à classe C. Em 2013, 11,3 milhões de pessoas da classe média fizeram compras pela internet. Mercado em Foco: O que o consumidor da classe média espera da empresa que vende pelo e-commerce? Renato Meirelles:A classe média vive num momento de otimismo. E, para se comunicarem com o consumidor emergente, as empresas precisam buscar uma linguagem que valoriza suas conquistas, respeite sua visão de mundo e dialogue com seus anseios e valores. Mercado em Foco: Os empresários já perceberam a importância de se conectar com esse público também pela Web? Renato Meirelles: A democratização do consumo no Brasil, alcançada graças à expansão do crédito, é uma das maiores oportunidades para as marcas conquistarem novos públicos, principalmente, a classe média, que hoje em dia tem acesso a bens que antes eram considerados inalcançáveis. Mercado em Foco: As empresas conhecem o público? Há preconceitos em relação a este consumidor? Renato Meirelles: O produto ou serviço que mostrar relevância ao consumidor tende a sair à frente. Sendo assim, é indispensável entender os valores destas pessoas e dialogar sem preconceito com a classe média que compra, e compra bem. Mercado em Foco: Qual a importância de iniciativas que aproximam o empresário do mundo digital como a SED (Semana do Empreendedor Digital), promovida pela ACIL? outubro de 2014 | www.acil.com.br Renato Meirelles: Entender as várias faces deste público é fundamental para que empresas e o poder público desenvolvam estratégias mais eficientes de Marketing e Comunicação, afinal estou falando de mais de 100 milhões de pessoas. Mercado em Foco: Pode-se dizer que o crescimento da classe média no Brasil já está estagnado e que a tendência agora é de desaceleração? Renato Meirelles: A classe média se consolidou e continuará em expansão nos próximos anos. Hoje, temos uma classe média mais robusta, formada por cerca de 114 milhões de pessoas, que movimentam por ano cerca de R$ 1,24 trilhão. Em 2023, 58% da população brasileira deverá pertencer à classe média. Mercado em Foco: Nesse cenário, o que muda no comportamento do consumidor, em especial no ambiente online? Renato Meirelles: O acesso à informação e o aumento do consumo tornaram os brasileiros mais exigentes e conscientes dos seus direitos como consumidor. Quando compra um produto com defeito, as pessoas reclamam e usam a internet como canal para reclamar da marca. Mercado em Foco: O consumidor que passou a ter acesso ao crédito nos últimos anos já tem uma relação mais madura, mais racional, com o dinheiro? Renato Meirelles: Com a expansão da classe média, a oferta de produtos, serviços e soluções tem aumentado significativamente. É importante entender que, apesar do aumento, a renda disponível tem uma limitação e os espaços no “bolso” do consumidor estão cada vez mais disputados. Mas não é por isso que o consumidor da Classe C deixa de valorizar um produto de qualidade. Ele não só valoriza, como o compra. Mercado em Foco: O endividamento das famílias é preocupante? E a inadimplência? Associação Comercial e Industrial de Londrina Renato Meirelles: Nossas pesquisas mostram que os brasileiros acreditam que está mais difícil pagar as contas. A maioria não consegue comprar hoje o que comprava ano passado gastando o mesmo valor. Inflação é sempre muito ruim, mas enquanto tivermos aumento real do salário mínimo a classe média está consolidada. Mercado em Foco: Uma das críticas feitas a este modelo de inclusão social pelo consumo é de que não há promoção da cidadania. Você concorda? Renato Meirelles: Nos últimos anos, o Brasil tem passado por uma das mais profundas mudanças de sua história. A pirâmide de classes econômicas se transformou em losango com o crescimento da classe média e isso favoreceu a classe C ser mais exigente, principalmente no que diz respeito aos serviços públicos. Mercado em Foco: Existe a ideia de que o bem de consumo como a máquina de lavar chegou para quem estava privado pela pobreza mas que os bens culturais e a educação ainda não fazem parte da rotina da nova classe média. Qual é o valor dado pela classe C à cultura e à educação? Renato Meirelles: O brasileiro em geral não encara educação como gasto mas, sim, como investimento, e acredita no retorno disso. Ou seja, estudou mais, tem salário melhor. Por mais que cada vez seja mais caro investir em educação, também é verdade que é um investimento com retorno garantido. Hoje, na classe C, temos jovens mais escolarizados do que os pais. Eles são os novos formadores de opinião da classe média. Mercado em Foco: Na agenda política quais são as questões que mais preocupam a classe C? O que se espera dos próximos governantes? Renato Meirelles: Os brasileiros estão mais preocupados como será a sua vida no futuro do que com os benefícios já conquistados até agora. Querem ter a segurança de que a vida continuará melhorando. É muito claro que toda a população quer um Brasil diferente do que está hoje. Mercado em Foco: Você e o Celso Athayde estão lançando o livro “Um país chamado favela”. Como foi o processo de produção do livro? Renato Meirelles: Além da pesquisa quantitativa, fizemos pesquisas qualitativas nas favelas brasileiras, buscamos entender como os moradores enxergavam a vida nas comunidades em que vivem, quais são os seus anseios e demandas. Também treinamos mais de 100 moradores para que pudessem trabalhar em etapas da pesquisa. Da preparação ao término da pesquisa foram mais de seis meses de colaboração. Mercado em Foco: Que respostas o livro traz? O que você destacaria? Renato Meirelles: Chamou muita a nossa atenção quando descobrimos que 95% dos moradores das favelas são felizes e a grande maioria não tem vontade de deixar a comunidade onde vivem para morar em outro lugar nem se a sua renda dobrasse. Na favela, quando um precisa, todo mundo ajuda todo mundo. Eles são solidários. Os moradores são otimistas em relação ao futuro. E essa melhora está associada, principalmente, ao aumento da renda e da geração de emprego. Mercado em Foco: O que existe de parecido e de diferente entre as comunidades que vocês visitaram? Qual é a diferença, por exemplo, entre uma favela carioca e uma favela paulistana? Renato Meirelles: Apesar de muito heterogêneas, as favelas estão relativamente concentradas em torno das grandes cidades. Mais do que um fenômeno urbano, as favelas são um fenômeno metropolitano: 89% dos moradores de favelas estão concentrados em capitais ou regiões metropolitanas. Encontramos nas favelas um brasileiro feliz, trabalhador, que chama pra si a responsabilidade sobre a própria vida. 21 GESTÃO Por Renato Oliveira Assim como os dados sobre o imposto de renda, que são unificados e o simples cruzamento de informações do contribuinte pode pegar os sonegadores na malha fina, o governo federal está prestes a implantar o e-Social, que visa acabar com o “jeitinho brasileiro” nas relações entre patrões e empregados. E será fiscalizando dados referentes à medicina do trabalho que vai ser possível evitar fraude em exames admissionais, periódicos e demissionais. De acordo com o delegado regional da Receita Federal em Londrina, David Oliveira, o sistema está sendo desenvolvido em conjunto pela Caixa Econômica Federal, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelos Ministérios da Previdência Social (MPS) e do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). O cronograma da Caixa prevê que a norma será obrigatória a partir do segundo semestre de 2015. “A finalidade é integrar a gestão social das relações trabalhistas. Assim como é exigido das empresas a gestão ambiental para não afetar a natureza, o e-Social vai simplificar a relação em termos de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais”, compara. O delegado da Receita ressalta que não haverá mudanças na legislação David Oliveira, delegado da Receita Federal em Londrina: “O e-Social vai simplificar a relação [das empresas com a Receita] em termos de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais” 22 GUERRA AO “JEITINHO B SISTEMA UNIFICADO DO GOVERNO FEDERAL VAI REUNIR INFORMAÇÕES TRABALHISTAS, PREVIDENCIÁRIAS E SOCIAIS PARA REDUZIR FRAUDES COMO O RECEBIMENTO IRREGULAR DO SEGURO-DESEMPREGO BRASILEIRO” vigente, mas somente na forma de fiscalização destas obrigações e consequente punição. Com relação à medicina do trabalho, o cerco vai se fechar no cumprimento da norma que obriga o funcionário a fazer o exame admissional antes de começar a trabalhar. Ele acredita que as empresas de menor porte vão sofrer mais os efeitos da nova regra e cita o contador, que geralmente é terceirizado nestes casos, como o agente responsável por incutir na mentalidade do empregador as mudanças. “Com o sistema não vai mais existir informações pulverizadas e diferentes em cada órgão. Vai prevalecer como vantagem a boa fé”, diz. Rotina contábil De acordo com o proprietário do escritório de contabilidade Pontocom, o contador Euclides Nandes, para se adequarem ao e-Social, as empresas especializadas em terceirizar serviços contábeis e de recursos humanos para micro e médias empresas tiveram que investir em treinamento e contratação de pessoal especializado e na instalação de softwares específicos, além de ter pela frente o desafio de mudar a cultura do empresariado. Euclides Nandes, contador: “A legislação é a mesma, a maior mudança será cultural” 23 Oscavo Santos, dono da Doutores do Trabalho: Na avaliação do empresário, o e-Social avança no combate a fraudes à Previdência Social, evitando, por exemplo, o pagamento de seguro-desemprego para quem já está empregado “A legislação é a mesma. A maior mudança será cultural. A gente vem conversando muito no sentido de orientar os clientes (empresas que os escritórios atendem) para que observem com mais rigor a legislação trabalhista. Culturalmente, a gente vê que alguns procedimentos não se cumprem à risca”, contextualiza. Nandes cita como exemplo corriqueiro o registro em carteira de trabalho de funcionários com datas retroativas. Segundo o contador, na prática as empresas mandam para os escritórios a documentação para registro do funcionário até 15 dias depois que ele começou a trabalhar, muitas vezes com os exames admissionais prontos. “O grande foco do e-Social vai ser obrigar todos os empresários a cumprirem à risca as 48 horas exigidas pela legislação trabalhista para registro do colaborador. E essa prática de deixar para depois pode incorrer em multa para a empresa se o MTE fizer uma fiscalização”, alerta. Outro caso clássico é o de agendamento de férias com menos de 30 dias da data de saída para gozo do funcionário, exigidos pela legislação trabalhista. “Isso já existe, mas muitos dão um jeitinho e agendam faltando uma semana. Com o sistema integrado pelo e-Social não vai ser mais possível. Vai ter que cumprir o que está na lei”, completa. Medicina laboral Para o proprietário da Doutores do Trabalho, clínica especializada na atividade médica laboral, Oscavo Santos, a mudança para o universo digital vai ajudar a coibir o “jeitinho brasileiro”, principalmente na hora de contratar um funcionário. Ele cita uma situação corriqueira no mercado de trabalho: o patrão segura a documentação, muitas vezes com o exame admissional em mãos, para registrar o funcionário quando ele terminar de receber o segurodesemprego. “É um fato corriqueiro esse acordo entre empregado e patrão, mas é um crime contra o cofre da previdência. O benefício de seguro-desemprego serve 24 para prover o trabalhador quando está desempregado, e não como uma fonte de renda extra, além do salário que é pago pelo patrão”, critica. “Tanto patrão como empregados que fazem isso são desonestos”, completa. Segundo Santos, com o e-Social integrado à medicina do trabalho, a Receita terá condições de saber se a empresa possui no seu quadro de colaboradores algum funcionário sem o devido registro, e assim coibir fraudes. O dono da Doutores do Trabalho frisa que vai ser mais fácil para informar às empresas sobre outros exames periódicos. O processo de solicitação de seguros do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS), como acidentes de trabalho ou doenças, também deve ser facilitado. Informatização De acordo com o coordenador administrativo do Instituto de Saúde Ocupacional (ISO), Wellington Telles Soares, a grande dúvida das empresas que utilizam sua clínica para exames laborais é sobre uma possível mudança na legislação. “Não vai mudar nada nas leis trabalhistas. Ela é a mesma. A informatização vai sim aumentar a possibilidade de multar quem não estiver de acordo”, ressalta. Segundo Telles, o maior impacto será em médias e pequenas empresas que possuem maior mobilidade entre as esferas de decisão. Em grande empresas, por conta do volume de contratações e demissões, raramente se posterga algum exame ou procedimento na medicina do trabalho. “Mas quem tem o departamento fiscal ou de recursos humanos terceirizado vai sentir muito mais na rotina diária”, disse. A própria ISO está passando por mudanças, como treinamento de funcionários, para poder atender quem solicita algum exame laboral dentro das normas que passarão a valer a partir do ano que vem. “Mas o sistema ainda não foi liberado para testes. Até lá ainda vai ter que passar por alguns ajustes. Mas como já postergaram uma vez, com certeza em 2015 ele entrará em vigor.” outubro de 2014 | www.acil.com.br Vamos fazer um Natal diferente e mais especial para a sua equipe? Presenteie com os cartões Gift Card e Cesta Alimentação Natal Cooper Card e inove na maneira de motivar sua equipe. Surpreendente e motivador, o Gift Card é um cartão presente pré-pago ideal para aquisição de produtos ou serviços. Com liberdade de escolha, proporciona alegria a quem presenteia e a quem recebe. Moderno e prático, o Cesta Alimentação Natal substitui as tradicionais cestas de produtos natalinos. Permite a quem você quer presentear, escolher entre alimentos e bebidas, os ingredientes para compor a ceia e o almoço de natal. Solicite a visita de um consultor Cooper Card: 44 3220 5400 ou 0800 200 6263 www.coopercard.com.br ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MAUS SERVIÇOS COM O SEU DINHEIRO Endêmica em todas as esferas, a ineficiência do serviço público atravanca o desenvolvimento, provoca filas em creches e postos de saúde e engaveta processos. E você paga caro por isso! 26 outubro de 2014 | www.acil.com.br Por Luís Fernando Wiltemburg As cenas são recorrentes. Filas em unidades de pronto-atendimento, crianças à espera de vagas em creche, buracos nas ruas. Empresas que não chegam. Prédios inacabados. Projetos abandonados. Filas imensas, protocolos e papelada. Processos que levam cinco, dez anos para terminar. Uma licença ou documento que se perde dentro da burocracia da coisa pública e acaba na gaveta de sabe-se lá qual departamento, sabe-se lá por quê. Reconheceu essas cenas na sua cidade? Provavelmente, se repetirá em qualquer lugar que você for. Em todas as esferas, de todos os poderes, há uma clara insatisfação com o poder público no que se refere à eficiência. O consenso é: paga-se muitos impostos, mas a retribuição em serviços não corresponde à necessidade de quem os procura. Os efeitos dessa ineficiência, entretanto, são sentidos por anos. Em Londrina, a dificuldade de se obter alvarás para funcionamento de estabelecimentos e indústrias é considerado um dos vilões que seguram o desenvolvimento econômico. Outra dificuldade notória, a aprovação de alvarás que viabilizam as atividades econômicas, também é reclamação constante. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), Valter Orsi, considera a má gestão tão nociva para o desenvolvimento de uma cidade quanto a corrupção. “E nós que somos empresários sabemos o quanto é importante a produtividade, com ações econômicas e resultados imediatos. Se não fizermos um trabalho eficiente, perdemos o cliente, a empresa e o patrimônio”, diz. Comparando a administração pública com uma grande empresa, já que a Prefeitura de Londrina emprega mais de nove mil pessoas, Orsi afirma que é necessário uma união com a sociedade civil organizada para melhorar os serviços. Foi com base nisso que surgiu, do envolvimento de 60 entidades, o movimento “Pé Vermelho, Mãos Unidas”. “Temos hoje um prefeito bem intencionado e secretários de alto nível. Uma Câmara de Vereadores compromissada com a cidade, sobre a qual já não se fala mais de ‘rolo compressor’ ou corporativismo. E Associação Comercial e Industrial de Londrina temos um corpo de funcionários públicos comprometidos, competentes, mas existem setores em que há dificuldades. Queremos auxiliar no que pudermos”, diz o presidente. A proposta é criar parâmetros que permitam avaliar os entraves e eliminar a burocracia desnecessária. Para isso, o presidente tem a proposta de criar, dentro da própria ACIL, uma espécie de ouvidoria para descobrir os problemas pontuais e atacá-los. NOVOS PARÂMETROS Egresso da iniciativa privada, Alexandre Kireeff (PSD) elegeu-se prefeito de Londrina com a proposta de moralizar a administração municipal, após sistemáticos casos de corrupção, e tornar os serviços mais eficientes. Entre as iniciativas tomadas está o pacote de medidas batizado de “Londrina pra Frente”, lançado no fim de junho. É composto por uma reestruturação administrativa e reformulação de procedimentos para desburocratizar e agilizar os processos da administração municipal, principalmente no que diz respeito às tramitações de obras e alvarás. Porém, uma outra iniciativa ajuda a cobrar os avanços da prefeitura: o Plano de Metas, instituído no fim do ano passado, com 170 indicadores que podem ser acompanhados por qualquer contribuinte pelo site da prefeitura (www.londrina.pr.gov.br). Na prática, são a tradução dos programas instituídos no Plano Plurianual (PPA), mas numa linguagem simples e quantificada. Vão desde o número de árvores a serem plantadas até a quantidade de crianças em creches e escolas e os atendimentos em unidades de saúde. A evolução será divulgada quadrimestralmente, junto com a prestação de contas da execução orçamentária. “Isso é fundamental para a eficiência da administração. Estabelecer metas claras para que a população possa acompanhar e cobrar. Traduzir os dados em uma forma objetiva de ser mensurada”, diz Kireeff. Com os problemas levantados, é possível, de acordo com o prefeito, atuar sobre a causa e não solucionar apenas os reflexos – que continuariam existindo, já que o motivo gerador não foi atacado. Benilson Borinelli, professor do Departamento de Administração da UEL:“É difícil falar em eficiência administrativa porque quase não há indicadores. Então, a eficiência é para quem? Quem cobra?” 27 Alexandre Kireeff: “Isso é fundamental para a eficiência da administração. Estabelecer metas claras para que a população possa acompanhar e cobrar. Traduzir os dados em uma forma objetiva de ser mensurada” 28 “ “ Apesar das medidas que obrigam o poder público a ter mais transparência, adotadas a partir dos anos 1990, as informações disponibilizadas não são claras e acabam ininteligíveis pela população DIFÍCIL DE MEDIR REFLEXOS Apesar da cobrança pela eficiência da máquina pública, o professor do Departamento de Administração e do curso de pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina Benilson Borinelli diz que é difícil de aplicar o conceito porque, diante de recursos financeiros e administrativos restritos, é necessário saber qual demanda é mais urgente. Além disso, a falta de dados objetivos prejudica o acompanhamento das ações. “É difícil falar em eficiência administrativa porque quase não há indicadores. Então, a eficiência é para quem? Quem cobra?”, questiona. Neste quesito, o professor diz que a sociedade civil organizada e os observatórios têm aspecto importante, porque têm necessidades definidas que obrigam a otimização do cumprimento da demanda. Para ele, devido à dificuldade de mensurar a eficiência do poder público – uma relação de custo e benefício entre o que é gasto pelas administrações e os resultados obtidos –, o ideal é medir a eficácia (até que ponto as demandas podem ser atendidas) e a efetividade das ações (quando conseguem alcançar os níveis exigidos). Em São Paulo, a mobilização da sociedade construiu o movimento Nossa São Paulo, que estabeleceu indicadores para cada bairro. Com isso, os moradores podem cobrar propostas eficientes dos homens públicos por melhorias e compromissos sérios. “Tem importância fundamental nesse período de eleições”, diz. Lançado há sete anos, o movimento surgiu justamente a partir da percepção do abalo da credibilidade da atividade política e das instituições públicas no Brasil. Quem quiser conhecer o trabalho deve acessar o endereço virtual www.nossasaopaulo.org.br. Articulados, os membros do movimento fazem estudos e levantamentos que se tornam indicadores. O último, lançado em 13 de agosto, indica a insatisfação do paulistano com o transporte público e o tempo gasto no trânsito, mas há dados quantificados sobre os níveis de educação, saúde, orçamento, trabalho e emprego, entre diversos outros. Mas de onde surge a ineficiência do poder público? Para Borinelli, não há preparo na coisa pública para evoluir em seus serviços, porque não há planos de capacitação para os servidores, nem de atualização do quadro de funcionários. Os efeitos para a sociedade, entretanto, são nefastos. O especialista nota a queda na qualidade da educação, a partir dos anos 1990. A deterioração da qualidade de ensino prejudicou uma geração que, agora, tenta se consertar por meio de avaliações como o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que não deixa de ser um indicador. Por outro lado, a má remuneração dos professores acaba atraindo quem não obteve oportunidade onde possa receber salários melhores – ou, claro, os vocacionados, em menor grau. Um reflexo disso, relata, é a dificuldade de encontrar pessoas qualificadas para produzir conhecimento. “A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) só tem aceitado projetos que tenham parceria com o ensino fundamental, porque os alunos saem tão despreparados que não se tornam bons graduandos no futuro”, exemplifica. EM TODOS OS LUGARES A ineficiência no serviço público tem reflexos no Legislativo, que é lento e ineficaz na elaboração de leis, e no Judiciário, que não atende a demanda de julgamentos de forma satisfatória a quem o procura. O advogado e professor de Processo Civil e Processo Constitucional da Universidade Norte do Paraná (Unopar) Thiago Caversan Antunes considera que “o tempo de demora de um processo é o martírio de quem está com a razão”. E, algumas vezes, leva mais de dez anos. Para ele, há um conjunto de fatores que levam a esse cenário. O primeiro é o pouco incentivo produtivo que vai dos juízes até os funcionários dos cartórios. “A pessoa que é muito eficiente ganha o mesmo que o menos eficiente”, frisa. Além disso, os mecanismos de controle de eficiência funcionam apenas em tese. Também pesa o hábito do brasileiro de outubro de 2014 | www.acil.com.br HÁ POUCO INCENTIVO PARA OS MAIS EFICIENTES NO SETOR PÚBLICO buscar na Justiça a confirmação de que tem razão, acumulando volumes nas prateleiras das menores comarcas, que enfrentam falta de juízes e de servidores. “Mas como resolver isso? Mais funcionários exige mais recursos e ninguém está disposto a pagar mais impostos”, lembra Antunes. Thiago Caversan Antunes, professor de Processo Civil e Processo Constitucional da Universidade Norte do Paraná (Unopar): “O tempo de demora de um processo é o martírio de quem está com a razão” POUCO CONTROLE A ausência de indicadores é uma forma de a máquina pública não ser avaliada devido à incapacidade de evoluir. Apesar das medidas que obrigam o poder público a ter mais transparência, adotadas a partir dos anos 1990, as informações disponibilizadas não são claras e acabam ininteligíveis pela população. Para Kireeff, essa ausência de controle é reflexo da falta de vontade política, que acaba fomentando a corrupção. “Estou cada vez mais convencido de que o principal obstáculo para o desenvolvimento de Londrina é político, no sentido de resoluções de problemas políticos”, considera. CITY SHOPPING Um caso icônico devido ao desenrolar recente é o caso do City Shopping, construído em 2012 no centro da cidade. Após levantado, o prédio que abriga uma grande loja de departamentos e outros comércios menores, além de um estacionamento, o empreendimento tornou-se pivô de um imbróglio cujo desfecho parece ainda distante. A construção foi erguida sem alvarás porque o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que embasaria as obras e as contrapartidas exigidas, levou 14 meses para ser apreciado pelo Conselho Municipal da Cidade (CMC), órgão responsável pela análise técnica do documento. O motivo da demora, além da grande demanda que a entidade tem, é a morosidade dos processos na Secretaria de Obras e no Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). Além disso, o CMC ficou seis meses inativo, em 2012, emperrando ainda mais os trabalhos. A obrigação pela nomeação dos membros é da administração municipal. O Empreendimento também é alvo do Ministério Público porque, na visão do órgão, não respeitou os cinco metros exigidos de recuo de fachada – apesar de o projeto protocolado na prefeitura não prever essa metragem. ARTIGO É A ECONOMIA, MEU CARO! Por Marcos Rambalducci O desaparecimento precoce de Eduardo Campos retirou da população a possibilidade de termos um interlocutor hábil com todos os setores da economia, capaz de agremiar posições de distintos matizes em torno de uma causa. Não restam dúvidas que a habilidade de negociar é uma das características indispensáveis a nosso próximo governante, para que possa ser capaz 30 de entender as demandas de setores que muitas vezes são antagônicos. Precisamos entender a situação que está posta em nossa economia e que já nos aflige agora e nos afligirá com mais intensidade neste período próximo. Em toda a mídia pululam notícias acerca da taxa de inflação que vem em um crescente nos últimos anos e que para 2014 a previsão é superar a meta estipulada de 6,5%. No sentido oposto, os indicadores de crescimento econômico mostram que mal chegaremos a 1% para o PIB quando as previsões iniciais traziam uma expectativa em torno de 3%. Um governo que fosse capaz de atuar conjuntamente sobre estes dois indicadores é o que todos gostaríamos. No entanto, o controle sobre os preços e o aumento da produção tendem a ser excludentes, pelo menos quando utilizados os instrumentos de que lança mão o atual governo. Vamos a algumas considerações. Quem viveu os anos 80 e 90 tem nítido na memória o que significava inflação alta e remarcação de preços, duas vezes ao dia. Hoje somos sabedores que o grande vilão da inflação à época era o próprio governo, que financiava seu déficit a partir da emissão de moeda, provocando elevação da base monetária, sem a contrapartida do aumento proporcional na produção, o que provocava aumento generalizado nos preços. É enganoso acreditar que a inflação prejudica mais o trabalhador que as empresas. Atinge a ambos em um processo de retroalimentação, pois quando os preços se elevam tirando capacidade de compra da população, o setor produtivo, que somente ganha se vender, vê os números do consumo caírem obrigando as empresas a diminuírem sua produção e dispensarem funcionários, que desempregados consomem menos e daí por diante a economia outubro de 2014 | www.acil.com.br CABERÁ AO UNGIDO PELAS URNAS ENCONTRAR O PONTO QUE EQUILIBRE A CONTA produtivo sentem-se desestimulados a consumir: o primeiro porque vê um aumento no valor das prestações que pagará e o segundo porque percebe que terá seu lucro reduzido até o ponto de inviabilizar a produção. Ora, o que faz o governo, então? Edita medidas para aumentar o consumo final (através de transferência de renda com seus programas assistencialistas; facilitação do crédito a pessoa física ou redução de IPI sobre automóveis e linha branca). É verdadeiro que isso aumenta consumo final de bens e serviços. Mas tais medidas não incentivam o setor produtivo a aumentar seus investimentos, primeiro porque as taxas de juros consomem boa parte de seus lucros, segundo porque se sabe que, na sequência, as vendas cairão, tanto pela saciedade desses produtos (poucos são os que trocam de geladeira ou carro todo ano) quanto pelo consequente aumento do endividamento das famílias, que atingirá toda a cadeia produtiva. Ato contínuo, com o aumento da inflação, (que tira a capacidade de consumo) e o elevado grau de endividamento das famílias (que pressiona aos que estavam fora do mercado de trabalho a procurarem emprego), as pessoas se deparam com um setor produtivo que não está empregando. A situação está posta. Caberá ao ungido pelas urnas encontrar o ponto que equilibre a conta. Não será fácil “ É enganoso acreditar que a inflação prejudica mais o trabalhador que as empresas. Atinge a ambos em um processo de retroalimentação “ entra em um ciclo de recessão e depressão, produzindo menos que no período imediatamente anterior. Portanto, o combate vigoroso à inflação deve estar na pauta de qualquer governo e isso precisa ficar muito claro para o mercado. E onde estão as causas desta inflação? Primeiro é preciso lembrar que a elevação nos preços pode ser provocada por um consumo maior que a produção, o que é denominado de inflação de demanda, ou em consequência do aumento de algum insumo (fator de produção) que atinge toda a cadeia produtiva, como o petróleo ou a energia elétrica, por exemplo. Neste caso a elevação de preços é chamada de inflação de custos. O governo tem tentado evitar um aumento maior da inflação não autorizando aumento nestes insumos, mas com consequências desastrosas para as empresas do setor elétrico e petrolífero. Do lado do consumo, o combate à inflação precisa de medidas que façam com que os agentes consumidores diminuam seu ímpeto por consumir, seja por parte do consumidor final (nós, que desejamos produtos e serviços para atender nossas necessidades e desejos), seja por parte das empresas (que demandam insumos para produzir bens e serviços). A forma tradicional que o governo tem adotado para arrefecer o consumo é o aumento da taxa de juros . Com isso, tanto o consumidor final quanto o setor e tampouco rápido. A economia se caracteriza por uma inércia que demanda tempo para que as medidas adotadas agora venham a surtir efeito. Por isso, um interlocutor capaz de aglutinar interesses distintos em torno de uma causa comum será de importância vital para que o Brasil volte a se desenvolver de forma sustentável. Prof. Dr. Marcos J. G. Rambalducci é consultor econômico da ACIL. NEGÓCIOS 32 outubro de 2014 | www.acil.com.br LOJA TEM ATÉ UMA VERSÃO INFANTIL DE ULISSES, DE JAMES JOYCE Por Gisele Rech Para a psicóloga Hellen Oliveira pais devem tomar cuidados com modismos e garantir que as crianças tenham brinquedos adequados à idade delas Associação Comercial e Industrial de Londrina Houve um tempo, época que seus pais ou avós devem se lembrar bem, em que os estabelecimentos comerciais vendiam de tudo um pouco. Nos armazéns de secos e molhados era possível comprar toda a sorte de produtos alimentícios. Já nos bazares, a oferta ia desde roupas a brinquedos, geralmente artesanais. Hoje, entretanto, a palavra de ordem é segmentação de mercado. E é nessa tendência que os pequenos consumidores ganham, cada vez mais, uma atenção toda especial. Segundo dados fornecidos pelo Sebrae, só em Londrina são 110 estabelecimentos dedicados ao setor varejista de brinquedos. Para o consultor do Sebrae, Rubens Fernandes Negrão, como em qualquer área segmentada, para abrir uma empresa é preciso montar um plano de negócio. “É necessário levar em conta a localização e o fluxo de pessoas, os aspectos financeiros e, principalmente o cenário da concorrência, verificando qual será o diferencial do empreendimento”, diz. Dentre tantas lojas da cidade, uma delas chama a atenção justamente pelo diferencial: a oferta de brinquedos educativos e opções de livros que, em geral, não constam nos catálogos das grandes livrarias. A Ciranda, da empresária Denise Gentil, promove ainda oficinas e atividades para a criançada, unindo com maestria brincadeira e educação. A ideia da loja surgiu há quase 10 anos, quando Denise era a editora do jornal Toques e Manhas, que tratava da relação entre pais e filhos. “Foi a partir deste trabalho jornalístico que veio a percepção da necessidade das mães em ter um apoio na educação dos pequenos”, explica. O começo foi dedicado aos livros feitos especialmente para a criança, mas que fugiam do lugar-comum dos contos de fadas. Temas que cercam o universo infantil como tirar a fralda ou como lidar com a morte, a separação dos pais ou o medo do escuro sempre estiveram na estante da loja. Hoje dividem espaço com obras de linguagem acessível que iniciam a garotada na gastronomia, nas Denise Gentil deixou o jornalismo para se dedicar aos brinquedos educativos. Já são quase 10 anos à frente da loja Ciranda. Cristiane Pelagio, dona da Kid + Brinquedos: “Uma das coisas mais gratificantes de trabalhar com este público é perceber aquele brilho no olhar, que traduz uma felicidade única” artes plásticas, na música erudita e nos grandes clássicos da literatura – há, por exemplo, uma versão infantil de Ulisses, do irlandês James Joyce. Pouco tempo depois de abrir a loja, a empresária percebeu uma demanda também por brinquedos educativos e ampliou o mix do negócio, passando a trabalhar com fornecedores especialmente do eixo Rio-São Paulo. “A ideia sempre foi buscar produtos para pessoas que refletem, não apenas consomem. A intenção é promover sempre uma interação entre a brincadeira e o processo de formação”. Outro ponto destacado por Denise – e que destoa muito do que costumamos ver em lojas de brinquedos, é que ela costuma negociar diretamente com o pai ou a mãe da criança. “A palavra final tem de ser dos responsáveis, de quem faz a compra. Isso faz parte da educação da criança. É a questão dos limites”. Aliás, para a empresária, não há nada mais gratificante do que participar do processo de formação dos seus pequenos clientes. “Esses dias entrou na loja um 33 rapaz de barba, que me chamou de “tia” Denise. Não demorou muito para eu reconhecer naquele jovem uma das tantas crianças que vi evoluir nesse tempo. É um prazer fazer parte da história deles”. Além da satisfação pessoal, a empresária assegura que trabalhar com este público também é rentável. “Além das crianças e dos pais, atendemos muitas escolas que tem demanda por nossos produtos”. E com a aproximação do dia das crianças, as vendas costumam ficar ainda melhores. “Para nós, o Dia das Crianças é melhor do que o Natal. Dobramos as vendas”. Galinha Pintadinha, é o que elas querem agora”. A ênfase no desejo infantil é reflexo do que Cristiane vê a cada cliente que entra na loja. “Antigamente a escolha era da mãe, hoje é a criança. Tem mãe que até evita trazer e vem com uma listinha feita pelo filho”. A empresária acredita que isso seja reflexo da mídia, cada vez mais acessível aos pequenos. “A criança hoje brinca pouco na rua e acaba ficando muito em casa. Os brinquedos acabam suprindo a necessidade do lúdico, especialmente os jogos de tabuleiro, que estimulam, confraternizam e promovem a interatividade entre as crianças e até mesmo os pais”. Mercado dinâmico Cuidados com o consumo A empresária Cristiane Pelagio, proprietária da Kid + Brinquedos, também considera a atividade com a criançada uma das mais gratificantes. Ela decidiu investir no mercado infantil depois de trabalhar algum tempo em um mercado bem diferente: o das joias. O brilho, que outrora reluzia na pedraria A Associação Comercial e e no ouro, hoje ela garante Industrial de Londrina (ACIL) encontrar nos olhos das vai oferecer uma programação crianças. “Uma das coisas especial para o Dia da Criança. mais gratificantes de No dia 11 de outubro, das 9h trabalhar com este público às 14h, no Calçadão, entre as e perceber aquele brilho ruas São Paulo e João Cândido, no olhar, que traduz uma haverá um evento cultural com felicidade única”. muita pipoca e algodão doce, Há oito anos instalada na recreação, contação de história, Avenida Higienópolis, show de palhaços, yoga e até a loja tem uma clientela orientação nutricional voltada fiel, o que proporciona aos pequenos. um atendimento mais No entanto, o mote da personalizado do que nas movimentação, assim como grandes franqueadas do ocorreu no ano passado, é a setor. “Conheço a maioria troca de livros. As crianças dos clientes pelo nome e devem levar exemplares já lidos acompanho o crescimento de muitos deles”, conta. A proximidade permite que Cristiane fale com propriedade da evolução deste público nos últimos anos. “Trabalhar com brinquedo é um eterno aprendizado. É um mercado super dinâmico e quem trabalha nele precisa estar muito atento”. Além do contato diário com a criançada, que a faz saber dos gostos do momento, a empresária participa anualmente de uma feira dedicada exclusivamente aos pequenos consumidores. “É lá que geralmente ficamos por dentro dos últimos lançamentos e podemos buscar o que realmente agradará a criançada”. Na última, ela garante, a grande atração foi a popularíssima Peppa Pig, personagem criada no Reino Unido por Neville Astley e Mark Bake que anda fazendo a cabeça da meninada. “Depois da De acordo com a psicóloga infantil Hellen Oliveira, investir no universo lúdico para educar as crianças é fundamental. “Quando brinca, a criança desenvolve comportamentos sociais, intelectuais e motores. Os brinquedos educativos e até mesmo os industrializados para trocá-los por outros. “A cumprem esse papel, só ideia é incentivar o interesse pela é preciso tomar cuidado leitura. Afinal, queremos futuros com os modismos”, diz. consumidores responsáveis”, Os pais devem ficar explica a analista de marketing atentos, ainda, à da ACIL, Bárbara Della-Líbera. adequação dos A expectativa é superar o brinquedos a cada número de participantes do ano faixa etária, já que passado, que ficou na casa dos acelerar o processo 300. Além de levar os livros para de amadurecimentos trocar no dia, os interessados dos pequenos pode ser também podem fazer doações prejudicial. “Por isso na ACIL em horário comercial. é tão importante que “Os livros excedentes serão o poder da compra se entregues em instituições de mantenha nas mãos caridade”. dos pais. É o adulto que Mais informações pelo telefone sabe o que é bom para a (43) 3374-3000. criança”. Por isso, a psicóloga recomenda que, desde pequenas, as crianças tenham limites – e isso inclui a questão do consumo, que deve ficar concentrado nas datas comemorativas, como Natal, aniversário e Dia das Crianças. “É preciso que os pais tenham firmeza e negar quando o pedido não cabe no orçamento. O diálogo é fundamental. As crianças precisam de parâmetros que devem ser dados pelos adultos”. Outro cuidado é com o bombardeio da mídia, que acaba incitando a criança a querer consumir. “O segredo é encontrar o equilíbrio entre todas as atividades da criança e incentivá-las nas diversas formas de brincar”, conclui. ACIL entra na brincadeira no Dia das Crianças 34 outubro de 2014 | www.acil.com.br PERFIL UM HOMEM DE LIVROS E IDEIAS Ex presidente da ACIL, Rubens Augusto conta como chegou às 34 lojas atuais da rede Vale Verde Por Michelle Aligleri Empreendedor. Se formos usar apenas uma palavra para definir o empresário Rubens Augusto, esta é a mais adequada. Dono da rede de farmácias Vale Verde, ele conta sua história com orgulho e descontração. Com um semblante sério e ao mesmo tempo cordial, é com um sorriso no rosto que ele lembra da cidade em que nasceu: Bela Vista do Paraíso. “Tenho muito orgulho da minha terra e continuo a cada dia mais apaixonado por lá. Adotei Londrina como casa, mas Bela Vista está no meu coração”, comenta. O trabalho ele conheceu cedo e de uma forma pouco usual. Preocupada com o futuro do filho, a mãe de Rubens pediu a um farmacêutico amigo que lhe desse um emprego, mas um emprego que só incluía trabalho e não salário. “Eu tinha 12 anos e trabalhei nesta farmácia durante quatro anos, sem salário e nem registro. Fiquei bravo com a minha mãe na época porque meus amigos iam brincar e eu precisava varrer a frente da farmácia e atender os clientes. Até aos domingos eu trabalhava quando estava de plantão”, lembra. A vinda para Londrina ocorreu por uma necessidade da família, que passava por um momento complicado financeiramente. Rubens tinha 16 anos quando chegou à cidade. “Vim para cá um pouco antes dos meus pais, aluguei 36 uma casa e procurei um emprego, e desta vez eu precisava de um salário”, brinca o empresário. Quando os pais de Rubens chegaram à cidade, ele já estava trabalhando na Farmácia Central, de onde fala com muito carinho. “Foi então que eu entendi e agradeci o que a minha mãe havia feito por mim”, aponta. O ano era 1969, e junto com a vontade de trabalhar e com o gosto pela farmácia surgiu uma grande admiração e amizade. “Alceno Segantin, dono da farmácia era um exemplo de caráter, ele me disse que eu fui um dos melhores funcionários e ficou triste quando eu decidi abrir a minha própria loja, cinco anos depois”, lembra Rubens. O carinho e respeito pelo ex-patrão são tão grandes que Rubens tem até hoje uma foto de Alceno em seu escritório. “Ao lado da foto do meu pai, porque os dois foram figuras muito importantes na minha vida”, justifica. A visão empreendedora de Rubens começou ainda na adolescência, quando tinha vontade de montar uma banca de revistas, mas foi aos 20 anos que ele decidiu que queria mais do que trabalhar numa farmácia e abriu o próprio negócio, com “a cara, a coragem e dinheiro emprestado do banco”, brinca. A Farmácia Augusto, funcionava na Vila Casoni e na época ele não sonhava em ser dono de uma rede. “Para ir de casa até lá eu pegava dois ônibus, chegava às 6h e ia embora perto da meia noite”, lembra. outubro de 2014 | www.acil.com.br Aos 62 anos o empresário avalia a própria carreira e constata que é melhor empreendedor do que gestor O esforço valeu a pena porque alguns anos depois, em 1985, lá estava ele abrindo a primeira loja Vale Verde na avenida JK, esquina com a rua Sergipe. “Nesta época eu decidi que ou seria empresário do ramo ou deveria fazer outra coisa da vida”, conta. O nome da loja foi escolhido por conta da proximidade da farmácia com o Vale Verde. “Havia em Londrina o Cine Augustus e as pessoas faziam confusão com o nome da farmácia, por isso decidi mudar”, explica. Com a abertura desta loja, a esposa Mírian, com quem Rubens havia se casado em 1976, foi então trabalhar com ele. Formada em administração, ela ficou com os setores que Rubens menos gostava: a contabilidade e o departamento financeiro. “A atuação dela foi fundamental para o crescimento e para que a gente virasse uma rede”, destaca. Aos poucos a Rede Vale Verde foi crescendo e alcançando as 34 lojas atuais distribuídas nas cidades de Londrina, Apucarana, Arapongas, Rolândia, Cambé, Ibiporã e Cornélio Procópio, a meta, conforme Rubens, é chegar às 70 lojas em alguns anos, ele já adianta que em 2015 a expansão será na região de Maringá. Além da Vale Verde a família tem a Flora, uma indústria de Cosméticos, e um laboratório de manipulação. Conforme as farmácias foram sendo inauguradas, a família de Rubens e Mirian foi crescendo. Carolina nasceu em 1980, Rafael em 1984 e Mariana em 1991. “Meus filhos nunca foram estimulados a trabalhar na farmácia, eu achava que eles deveriam ter outros caminhos”, conta. Mas a história seguiu seu rumo e hoje, Carolina, farmacêutica industrial, é a executiva da empresa e Rafael, formado em administração é analista no departamento de Marketing. Mariana é formada em Relações Internacionais e a única que mora e trabalha em São Paulo. Rubens afirma que apesar de estar bem no atual emprego ela deve vir para Londrina em dois ou três anos. “Estamos caminhando para uma sucessão, a empresa está andando”, aponta. Associação Comercial e Industrial de Londrina Agora que a sucessão da empresa está tomando forma, Rubens consegue avaliar a sua carreira e se considera melhor empreendedor do que gestor. “Meus filhos, com a experiência que tiveram na faculdade e nas pós graduações, são melhores gestores do que eu. O empreendedor é um sonhador, um criador, um inovador, os meus filhos administram com mais planejamento, eles deixam claro que não adianta só empreender se não tiver uma base para ajustar”, ressalta. Crente de que os filhos fazem um bom trabalho, Rubens se permite descansar durante algumas tardes e se dedicar à leitura que tanto gosta. O gosto pela literatura veio ainda quando criança e hoje ele tem uma biblioteca que já chega a quatro mil livros. “Não li todos, sou um colecionador”, justifica. Para ele, a literatura auxilia no autoconhecimento e no conhecimento das outras pessoas e do mundo. “A gente se torna um pouco político, filósofo e historiador. Os livros ensinam a não se amarrar no passado, mas olhar o que os outros fizeram para que façamos igual ou melhor”, destaca. Ele conta que atualmente está lendo um livro que fala sobre as facetas da personalidade humana. “O escritor japonês Shusako Endo traz no livro “Escândalo” que as pessoas tendem a ser politicamente corretas, mas nem sempre conhecem o outro lado da sua personalidade. Não vou falar mais para que todos busquem ler”, recomenda. Para ele, a leitura e a educação são o ponto básico para o progresso de um país. “Para iniciar qualquer infraestrutura tem que ter educação, mas não pode ser ideológica, tem que fazer as pessoas pensarem por elas próprias para que consigam ser melhores por seu mérito e não por ideologias baratas”, comenta. Apesar de dedicar muito do seu tempo às farmácias, Rubens afirma que é um homem que valoriza muito a família e garante que as dificuldades sempre foram partilhadas com os filhos e a esposa. Para ele, as raízes e a criação foram fundamentais para que alcançasse o que tem hoje. “Tive uma criação moral muito importante”, aponta. Apesar de nunca ter participado da política partidária, Rubens sempre esteve presente em sindicatos e foi presidente da ACIL na gestão 2006-2008. Ele afirma que renovar as pessoas e as ideias é fundamental. “Não estou atualmente na ACIL porque acredito que é preciso dar espaço para novas pessoas e novos talentos. O Valter Orsi foi presidente há 14 anos, deixou espaço para outros atuarem e voltou ao cargo porque neste momento a ACIL estava precisando novamente de uma pessoa como ele”, justifica. Atualmente Rubens faz parte da diretoria da Associação Brasileira de Rede de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e é um dos conselheiros do Hospital do Câncer. “Eu gostaria de poder ajudar mais o hospital, de qualquer forma é um prazer fazer parte de uma diretoria como a atual”, complementa. Durante a entrevista tentamos focar a pauta na vida do Rubens marido, pai e amante da literatura, mas por várias e inevitáveis vezes a farmácia vinha à tona e se tornava o assunto principal da conversa, prova de que a conquista de Rubens é resultado da dedicação de anos de vida e que não é possível separar o homem empresário dos outros papéis que ele assume. 37 INOVAÇÃO Por Giovana Chiquim A adoção de softwares e aplicativos para aperfeiçoar os modelos de gestão, o atendimento aos clientes e até mesmo para treinar os funcionários, se tornou uma necessidade para os empreendedores que desejam aumentar a competitividade do negócio. E é exatamente a busca pela inovação dos processos, produtos e serviços, que alimenta a indústria de TI, responsável pela criação de ferramentas capazes de implementar melhorias no cotidiano de empresas de todos os portes e segmentos. No cenário brasileiro o Paraná se destaca na produção de softwares e está apenas atrás de São Paulo no números de empresas que receberam a certificação MPS-BR, que garante a qualidade dos produtos. Das 38 certificações paranaenses, 19 delas foram conquistadas por empresas que fazem parte do Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação de Londrina e Região, o que comprova o potencial do território geográfico na fabricação de produtos de alto valor agregado. Segundo o presidente do APL de TI de Londrina e Região, Gabriel Henríquez, uma das características que favorecem o desenvolvimento do mercado de softwares na região norte é o porte das empresas. “Grande parte são microempresas e o fato de serem pequenas contribui para a identificação de oportunidades de negócios”, diz. Para ele, a vantagem das pequenas empresas é a facilidade para mudar a configuração do negócio sem esbarrar em burocracias, como acontece nas grandes corporações. A Oniria é um exemplo de empresa que nasceu com a vocação de produzir games de entretenimento e que mais tarde investiu nos simuladores virtuais. “Em 2006 a empresa praticamente quebrou e se reergueu em 2007 quando olhou para o mercado corporativo”, conta Nícholas Bender Haydu, um dos sócios da Oniria. A empresa surgiu na Intuel, uma incubadora tecnológica de empresas dentro da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e formalizou o negócio em 2002. O mercado de games ainda era 38 outubro de 2014 | www.acil.com.br incipiente no Brasil e a Oniria foi uma das pioneiras. Em 2005 chegou a vender para clientes na Europa. Em 2006, a empresa tentou investir em um próprio jogo, inspirado na estética de desenhos japoneses, mas o projeto não decolou em virtude de mudanças no mercado mundial de games. Diante de um cenário de incertezas, a Oniria focou em soluções para treinamentos corporativos e engajamento com simuladores virtuais e gamificação. “Um simulador virtual aborda o realismo para criar um ambiente de treinamento ideal, já a gamificação usa estratégias iguais as dos games para engajar as pessoas no treinamento e no trabalho”, explica Rodrigo Martins de Souza, sócio da Oniria. Foi a nova plataforma de negócios que trouxe o reconhecimento. O primeiro troféu veio em 2009, quando a Oniria ficou em 2º lugar no “Prêmio Petrobras Melhores Fornecedores de Serviços”. Um dos produtos desenvolvidos para a petrolífera foi um simulador de guindaste offshore para treinamento de operadores. “As variáveis para a simulação do equipamento eram tão grandes que o próprio cliente afirmou que depois que terminássemos tal simulador seríamos capazes de fazer qualquer outro”, relata Nícholas Haydu. E o cliente estava coberto de razão. De lá pra cá a Oniria acumulou diversos cases de sucesso e se tornou uma colecionadora de troféus: já são nove prêmios que refletem o reconhecimento dos projetos inovadores por parte dos clientes e do mercado. Em 2013 a Oniria conquistou a Imagine Cup, competição de tecnologia da Microsoft, com a criação do simulador “InsuOnline”. A ferramenta será utilizada pelos médicos para prescrever insulina e melhorar o controle de pacientes diabéticos. O game foi vencedor na categoria Cidadania Mundial e durante a cerimônia de premiação o projeto foi o escolhido, entre os três finalistas, para representar o Brasil na etapa mundial da competição, que aconteceu no ano passado, na Rússia. O “InsuOnline” será lançado no mercado no próximo ano. Na opinião de Nícholas e Rodrigo, o reconhecimento mais importante é o “Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas - MPE Brasil 2012”, realizado em parceria pelo Sebrae, Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), Movimento Brasil Competitivo (MBC) e Gerdau. O prêmio teve mais de 90 mil inscritos e entre os 127 finalistas de todo o Brasil a Oniria sagrouse campeã na categoria “Destaque Inovação” e foi reconhecida como a pequena empresa mais inovadora do Brasil. Nícholas Haydu explica que o MPE Brasil estimulou a implementação do “Modelo de Excelência em Gestão” (MEG) na corporação, que aborda os nove critérios de qualidade da FNQ. “Implantamos o MEG na cultura da nossa empresa e o prêmio é o reconhecimento do nosso trabalho”, acrescenta Nícholas Haydu. Associação Comercial e Industrial de Londrina REDUÇÃO DE CUSTOS E AGILIDADE NO ATENDIMENTO Ser reconhecido como um parceiro na área de tecnologia capaz de ajudar o cliente a encontrar soluções que podem melhorar sua performance é o objetivo das empresas LB2 Consultoria e Inovare, dirigidas pelo empresário Luister Bonzanini. A LB2 comercializa softwares fabricados por multinacionais e a Inovare atua no desenvolvimento de softwares. Luister Bonzanini investe na qualificação dos profissionais, o que reflete no desenvolvimento de produtos inovadores Equipe da Oniria tornou-se uma colecionadora de troféus. Só nos últimos cinco anos, foram nove prêmios 39 Bonzanini apresentou no IBM Connect 2014, um evento em Orlando, nos Estados Unidos, o case de um produto desenvolvido para a Sercomtel. A ferramenta ajudou a organização a armazenar e proteger um dos seus ativos corporativos mais preciosos: seus dados. Com a implementação do produto a empresa de telefonia ganhou na agilidade do atendimento e economizou aproximadamente R$ 100 mil por ano. O diferencial na ferramenta, de acordo com Luister Bonzanini, é a concentração do conhecimento da empresa numa única plataforma para facilitar a comunicação. “É como se fosse uma rede social corporativa. Todas as informações são centralizadas no mesmo espaço.” Outro destaque da Inovare é o desenvolvimento de um software para o Hospital Evangélico, de Londrina, para a manipulação de imagem para cirurgias de alta precisão, principalmente nas especialidades de neurocirurgia e ortopedia. A adoção do videogame em salas de cirurgia ajuda a diminuir o risco para o paciente e demonstra que a tecnologia traz resultados imediatos na rotina das organizações. A TI também está presente nos negócios de pequeno porte. A Kiwano Tecnologia criou o Cuke, um aplicativo gratuito dirigido para os profissionais de vendas diretas para ajudá-los no fluxo de caixa. Trata-se de uma ferramenta que armazena as informações dos clientes, as vendas, os produtos, as compras e o estoque. “A solução afeta positivamente o cotidiano de milhões de pessoas que tem como única fonte de renda a venda de porta em porta. Essa é a proposta dos profissionais de TI: fazer a diferença na vida das pessoas. Para isso, a TI cria aplicativos que oferecem facilidades, como aqueles que ajudam a pegar um táxi ou a pedir uma refeição em casa”, relata Gabriel Henríquez, proprietário da Kiwano. Para Gabriel Henríquez, o crescimento da indústria de TI é transversal, já que atende necessidades de empresas de diversos segmentos ESPELHO VIRTUAL Os empresários londrinenses Leandro Martini e Luís Carlos de Albuquerque Silva criaram um provador virtual que utiliza a tecnologia 3D para codificar peças de roupas e uma câmera que filma o cliente. Com o Digiglass as pessoas podem escolher os modelos à distância a partir do posicionamento das mãos em frente ao totem e visualizar como ficariam vestidas com as roupas selecionadas. Além de facilitar a prova, o dispositivo armazena informações sobre o perfil dos clientes e gera relatórios. “Não identificamos outro produto parecido no Brasil, que forneça um pesquisa de mercado”, comenta Leandro Martini. O projeto recebeu aporte financeiro do Senai, que também colaborou no desenvolvimento do dispositivo. 40 outubro de 2014 | www.acil.com.br COLUNA DA ACIL DIA DA SERGIPE – A FESTA DO COMÉRCIO DE RUA O Dia da Sergipe foi uma grande confraternização entre comerciantes, famílias e entidades. A festa em uma das vias de comércio mais tradicionais de Londrina contou com show musicais, shows de palhaços, apresentações artísticas, sorteios de brindes, oficinas culturais, exposições de arte, brinquedos para as crianças, orientação para educação no trânsito e orientação ambiental. Quem passou pela via em um belo sábado ensolarado também recebeu orientação financeira e teve a oportunidade de realizar aferição de pressão, teste de glicemia, corte de cabelo, transformação “antes e depois” com maquiagem, hidratação e massagem, cadastro de doadores de medula óssea e – é claro! – a qualidade e o bom preço das lojas. O Dia da Sergipe, realizado anualmente, é um dos pontos altos do Projeto Nova Sergipe, que vem mudando a face da rua comercial. O evento é promovido numa parceria entre as seguintes entidades e órgãos públicos: ACIL, CEAL, CMTU, E-Lixo, Fecomércio PR, Hemocentro de Londrina, Ippul, Lar Anália Franco, Museu de Arte de Londrina, Polícia Militar, Prefeitura de Londrina, Rede Massa, Secretaria Municipal do Ambiente, Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Obras, Sesc, Senac, Sincoval, Unifil. O diretor, Angelo Pamplona, o presidente, Valter Orsi, e o superintendente da ACIL Diego Menão, prestigiaram a festa. Quem também aproveitou foi o pequeno Gael Associação Comercial e Industrial de Londrina 41 NOVOS ASSOCIADOS SERVIÇOS AGÊNCIAS DE PROPAGANDA Nobre Propaganda Rua Nevada, 692, Jardim Quebec CONDOMÍNIOS PREDIAIS Galeria Benjamin Rua Benjamin Constant, 1053, Centro CONSULTORIA Audare Rua Porto Alegre, 653, Jardim Agari Escolha Rua Montese, 163, Jardim Higienopolis Target-Q Assessoria em Sistema de Gestão Guarulhos-SP ESTETICISTA Espaço Márcia Morita Avenida Luiz Rosseto, 591, Jardim Caravelle IMOBILIÁRIAS E CORRETORAS G A Imóveis Rua Santos, 308, Centro IS Santos Rua Figueira, 1235, Jardim Santa Rita COMÉRCIO AUTOPEÇAS K1 Autopeças Rua Araguaia, 397, Vila Conceição CAFÉ Agro Brasil Coffee Avenida Rio de Janeiro, 221, Centro PRODUTOS E ALIMENTOS Equilibrium Natural Rua Borba Gato, 1113, Jardim América COLCHÕES Megasono Colchões Rua Sergipe, 1028, Centro VIDRAÇARIA TR Santos Avenida Arthur Thomas 1950, Jardim Novo Sabará CONFECÇÕES Derla e Gil Confecções Rua Tremembes, 444, Vila Casoni T-Sixter Av. 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