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A RESPONSABILIDADE SOCIAL NO PROCESSO ESTRATÉGICO DA
GESTÃO DE UNIVERSIDADES E NO DESENVOLVIMENTO DE
CAPACIDADES DINÂMICAS
Recebido em 20/07/2014. Aprovado em 09/09/2014.
Avaliado pelo sistema double blind peer review.
Suzimeri Vilas Boas Pescador1
Viviane Silva2
Heitor Takashi Kato3
Luís Alberto Ferreira Garcia4
Resumo:
Este artigo teve como objetivo verificar a relação da Responsabilidade Social com o processo
estratégico da gestão nas universidades e no desenvolvimento de capacidades dinâmicas. Os
procedimentos metodológicos que serviram de base e nortearam o desenvolvimento do estudo
foram sustentados por uma pesquisa do tipo bibliográfica, que se utilizou de levantamentos
em fontes secundárias como técnica de estudo. Foi possível verificar que, o contexto que
envolve as universidades determina a necessidade de considerar a participação efetiva dos
stakeholders no processo de gestão, pois sua responsabilidade diante da sociedade do
conhecimento está principalmente relacionada com a disseminação deste conhecimento e da
formação humana, visando o desenvolvimento da sociedade e o bem comum. Neste sentido, a
universidade, ao estabelecer o contato com diversos atores sociais, estará cada vez mais
comprometida com a gestão do conhecimento, sua produção, sistematização e disseminação,
o que também contribuirá para o desenvolvimento de capacidades dinâmicas, tanto na
formação de seus acadêmicos, quanto junto aos funcionários e docentes.
Palavras Chave: Universidade,
Capacidades Dinâmicas.
Responsabilidade
Social
Corporativa,
Estratégia,
Abstract:
This study aimed to verify the relationship of Social Responsibility with the strategic process
management in universities and the development of dynamic capabilities. The methodological
procedures that supported and guided the development of the study were sustained by a
bibliographic research, which used surveys of secondary sources as study technique. It was
possible to verify that the context in which universities determines the need to consider the
effective participation of stakeholders in the management process, because their responsibility
of the knowledge society is primarily concerned with the dissemination of this knowledge and
human development, aimed at developing of society and the common good. In this sense, the
university, on establishing contact with various social actors will be increasingly committed
1
Doutoranda em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Professora da Universidade Paranaense
(UNIPAR). E-mail: [email protected]
2
Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected]
3
Doutor em Administração pela EAESP da Fundação Getúlio Vargas-São Paulo (FGV-SP). Professor do Programa de Pós-Graduação em
Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PPGA/PUCPR). E-mail: [email protected]
4
Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo/Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (USP/ESALQ). Professor
Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Pesquisador do GPEA. E-mail: [email protected].
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A RESPONSABILIDADE SOCIAL NO PROCESSO ESTRATÉGICO DA GESTÃO DE UNIVERSIDADES E NO
DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Suzimeri Vilas Boas Pescador; Viviane Silva; Heitor Takashi Kato; Luís Alberto Ferreira Garcia
to knowledge management, production, systematization and dissemination, which also
contribute to the development of dynamic capabilities, in the formation of their academic, as
well as employees and teachers.
Key words: University, Corporate Social Responsibility, Strategy, Dynamic Capabilities.
1 INTRODUÇÃO
A realidade complexa e dinâmica enfrentada pelas organizações, de acordo com
Munck, Silva e Souza (2009), apresenta conflitos, incertezas e mudanças, que determinam a
necessidade de constante adaptação das mesmas a partir das decisões estratégicas dos
gestores. Para tanto, estes agentes sociais são elementos centrais que devem possuir
competências suficientes para manter as organizações eficientes, diante desse ambiente. Para
os autores, essas constatações foram evidenciadas nos estudos de Ramos (1966; 1983), que
afirmam que um processo de mudança organizacional é um agir social. De acordo com Szanto
(1998) apud Munck, Silva e Souza (2009), o sucesso deste “agir social” é diretamente
relacionado às competências dos agentes sociais, que irão conduzir o processo estratégico nas
organizações e que impõe ao mesmo a responsabilidade pelo enriquecimento das ações
organizacionais.
Munck, Silva e Souza (2009) afirmam ainda que, nesse agir social Maggi (2006),
considera que as ações dos agentes sociais são dotadas de sentido e expressão, em
consequência de seus conhecimentos, experiências e recursos, o que os permite atuar como
propulsores de distintas perspectivas para o processo de adequação das organizações, diante
das transformações do ambiente em que atuam. De acordo com Ambrosini, Bowman e Collier
(2009), as competências dos agentes sociais manifestadas em suas decisões e atitudes no
processo estratégico, promovem capacidades dinâmicas nas organizações, pois surgem da
agilidade dos gestores na percepção das necessidades de mudanças frente a um novo
ambiente. Além disso, a partir dessas capacidades dos agentes sociais ou gestores, são
desenvolvidos ou recombinados os recursos organizacionais disponíveis, a fim de adequá-los
aos fins institucionais, visando melhores resultados frente aos processos de mudança
enfrentados.
Ao considerar esse ambiente complexo e o papel dos agentes sociais no processo
decisório, de modo geral, Leisinger e Schmitt (2001) reforçam a ideia de que empresas devem
cooperar e ser solidárias às pessoas e, além do seu próprio interesse devem buscar o bem
comum. Este é um cenário de mudanças que destaca a importância do desenvolvimento de
capacidades dinâmicas por parte dos gestores ou agentes sociais para lidar com os recursos
existentes na organização.
Neste sentido, considerando a universidade como uma organização com características
peculiares, inserida na sociedade e como tal, também possuidora de responsabilidades para
com a mesma, o objetivo geral deste estudo foi o de verificar a relação da Responsabilidade
Social com o processo estratégico da gestão nas universidades e o desenvolvimento de
capacidades dinâmicas. O estudo justifica-se pelo fato de apresentar teoricamente, a relação
entre a Responsabilidade Social no desenvolvimento de capacidades dinâmicas e no processo
estratégico da gestão de universidades. Desta forma, pretende-se apontar os elementos que
envolvem essa prática em universidades, a fim de despertar a atenção de gestores nessa área
sobre as possibilidades de ampliar as capacidades dinâmicas a partir de decisões estratégicas
pautadas em um agir social ético e socialmente responsável.
Quanto aos procedimentos metodológicos, os dados apresentados foram secundários,
obtidos por meio de levantamento bibliográfico, caracterizando a pesquisa como do tipo
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bibliográfica.
2
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
DAS
UNIVERSIDADES
DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS
E
O
Para Melo Neto e Froes (2001) o problema social é determinado pelo estado de
carência de serviços sociais básicos que afetam determinado grupo ou classe populacional,
estabelecido em uma área geográfica específica e com perfil sócioeconômico e cultural bem
definido. Quando existe a ocorrência deste problema, ocorre um déficit social, o que significa
a falta ou insuficiência de serviços básicos para maior qualidade de vida de uma determinada
comunidade.
Os autores (op. cit.) consideram alguns problemas sociais principais em uma
sociedade. Entre esses se destacam o analfabetismo, a baixa qualidade da educação básica e a
baixa qualidade no ensino universitário. Esta foi constatada a partir dos ‘provões’, mesmo em
universidades públicas que eram tradicionalmente consideradas as melhores do país. Os
problemas vão desde a baixa qualidade no ensino, baixa produtividade, altos custos e
instalações precárias, o que reflete no rendimento do aluno.
A responsabilidade social nas universidades pode, portanto, estar ligada e
condicionada à busca de soluções para os problemas sociais, políticos e econômicos listados
anteriormente. A partir da utilização de seus recursos físicos e humanos as instituições de
ensino superior produzem conhecimento novo, e cumprem sua função maior, de formação de
profissionais com qualidade, proporcionando, também, aos mesmos, visão crítica e o pleno
exercício da cidadania, com responsabilidade social.
No entendimento da responsabilidade social em universidades, o principal desafio que
as instituições teriam diante de si não seria apenas as grandes mudanças provocadas pelo
avanço tecnológico, mas, principalmente, no uso que se fará deste desenvolvimento.
Segundo Drucker (1993) vários aspectos devem ser analisados quanto ao papel das
universidades. O autor afirma que a escola de que se necessita, deve buscar prover uma
educação universal de ordem superior – muito além do que se faz atualmente. Deve também
existir uma preocupação constante em relação ao estado motivacional do acadêmico. Para que
isto seja possível, o sistema das organizações universitárias deve ser cada vez mais aberto e
flexível, propiciando uma via de mão dupla entre universidade e sociedade, comunicando o
conhecimento e permitindo que ele seja utilizado em favor do bem comum da sociedade. O
ensino não pode mais ser monopólio das escolas.
Ainda sobre o novo papel da universidade no mundo moderno, Lampert (1999) afirma
que todo processo de mudança é lento e gera resistências paradoxais. O autor considera que a
universidade do novo século deve possuir estruturas ágeis e flexíveis, antecipando-se a
mudanças e integrando-se vertical e horizontalmente as funções de ensino, pesquisa e serviços
comunitários.
Além das funções clássicas que envolvem o ensino, pesquisa e extensão, a
universidade do século XXI deverá cumprir, especialmente nos países em desenvolvimento,
um papel de “agente de ruptura” do processo de reprodução social das classes dominantes,
promovendo a reflexão crítica sobre a sociedade, em busca de transformações
socioeconômicas e culturais. Caberia à universidade facilitar a mobilidade social e o acesso de
diversos grupos sociais à informação e ao conhecimento (SILVA et al., 1991).
Para Lampert (1999), a universidade do terceiro milênio não pode mais assumir o
papel de conformismo, reproduzindo estruturas já existentes. Precisa encontrar alternativas
para uma nova ordem social, buscando o bem comum. Terá a missão de definir uma proposta
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política voltada às aspirações, expectativas, possibilidades e necessidades da população, além
de tentar reduzir de forma significativa à influência das classes dominantes. Neste sentido,
considera-se fundamental que as universidades desenvolvam constantemente suas
competências e reconfigurem seus recursos, a fim de conseguir acompanhar as mudanças e
atender às novas demandas apresentadas. O conceito de capacidades dinâmicas pode ser uma
proposta para tanto, o que será mais bem discutido posteriormente.
Neste aspecto, existe uma forte relação entre a nova universidade e os conceitos
descritos por Srour (1998) sobre as transformações do capitalismo, modo de consumo, enfim,
uma nova ordem social e econômica que necessita redefinir outros padrões de
relacionamentos entre poder e sociedade. E a universidade como um centro de produção e
socialização de conhecimento deve, cada vez mais, firmar este compromisso com a
comunidade, apresentando propostas que visem reduzir os problemas sociais. Desta forma,
destaca-se a importância das decisões dos gestores serem pautadas nos conceitos de
responsabilidade social e de capacidades dinâmicas, a fim de alcançar competências difíceis
de serem imitadas.
A preocupação da universidade deve estar ligada com a produção de “um saber
voltado à verdade, à universalidade, à cientificidade, à justiça, à igualdade, à beleza, à
preservação, à criação, à criticidade, à construção, à autonomia e, sobretudo, à transformação
social” (LAMPERT, 1999, p.19). As considerações do autor nos remetem a importância das
decisões tomadas com base nos conceitos de responsabilidade social e no alcance desses
resultados, determinados por recursos já existentes, bem como no desenvolvimento dos
mesmos.
A universidade deve representar a consciência crítica da sociedade, ou seja, ter a
responsabilidade de indagar, questionar, investigar, debater, discernir, propor caminhos e
soluções e avaliar, na medida em que exercita as funções de criação, conservação e
transmissão da cultura. A universidade deve ser um contínuo fazer-se.
Ainda quanto a esta nova universidade, Freire (2000) fala da importância da prática
educativo-crítica, propiciando condições para que o educando em suas relações dentro e fora
da universidade se assuma como ser social e histórico, um ser pensante, transformador,
comunicador, realizador. A solidariedade social e política necessária para a construção de
uma sociedade mais justa, mais livre, só podem acontecer a partir de uma formação mais
ampla e democrática.
No sentido de identificar e orientar os caminhos desta nova universidade, ou seja, aquela
universidade capaz de refletir os anseios de uma nova sociedade faz-se necessário propiciar a
ela a autonomia e liberdade necessárias ao desenvolvimento do processo de ensino, pesquisa e
extensão. No entanto, o controle sobre o limite de poder dessa autonomia deve ser
estabelecido por um modelo de avaliação que envolva todos os stakeholders, comunicando os
resultados de suas ações de forma transparente e utilizando esses mesmos resultados para sua
orientação estratégica. Entenda-se por stakeholders, todos aqueles que de forma direta ou
indireta, fazem parte do processo produtivo de uma organização. No caso das Universidades,
podem ser os gestores, professores, funcionários, comunidade, governo, fornecedores etc.
Desta forma, a instituição buscaria responder aos anseios e necessidades das partes
interessadas, demonstrando de forma ética e transparente o bom uso dos recursos a ela
destinados pela sociedade, apresentando-se como uma organização de transformação social,
sempre com vistas ao bem comum.
Um exemplo de modelo de indicadores para a avaliação da gestão socialmente
responsável em universidades que poderia ser utilizado para verificar tal prática nas mesmas
foi proposto por São Pedro (2004), a partir de uma adequação do Modelo de Indicadores do
Instituto Ethos, do Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ e o Modelo de Avaliação
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Institucional do INEP, conforme se pode observar pelo Quadro 1.
Os resultados levantados por meio da aplicação do modelo de indicadores apresentado
no Quadro 1 vêm ao encontro das conclusões de Tachizawa e Andrade (1999), os quais
afirmam, com base em um modelo de gestão sistêmico, que as Instituições de Ensino superior
devem agir de forma estratégica, planejando e orientando suas ações a partir dos anseios de
todas as partes interessadas (stakeholders, alunos, professores, funcionários,
proprietários/acionistas, fornecedores, parceiros e a sociedade ou comunidade, como um
todo). O planejamento estratégico em universidades depende da utilização de um conjunto
eficaz de indicadores de qualidade e desempenho que comuniquem os requisitos, monitorem
desempenho real, controlem resultados e os utilizem para sua melhoria constante.
DIMENSÃO AVALIADA
1. VALORES E
TRANSPARÊNCIA
2. CAPITAL HUMANO
INDICADORES PROPOSTOS
1.1 Diálogo com Stakeholders
1.2 Compromissos Éticos
1.3 Avaliação Institucional
1.4 Balanço Social
2.1 Políticas de Gestão de Pessoas
2.2 Condições de Trabalho
2.3 Valorização da Diversidade
2.4 Capacitação e Desenvolvimento
3. CONHECIMENTO
3.1 Políticas de Disseminação do Conhecimento
3.2 Gestão Interna das Informações
3.3 Inteligência Competitiva
3.4 PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
4. MEIO AMBIENTE
4.1 Gestão do Impacto Ambiental
4.2 Gestão de Resíduos
4.3 Consciência Ecológica e da Vida Futura na Terra
4.4 Valores Ecológicos na Formação Profissional e da Comunidade
5. FORNECEDORES
6. CONSUMIDORES/
CLIENTES
7. COMUNIDADE
8. GOVERNO E
SOCIEDADE
5.1 Políticas de Avaliação e Seleção de Fornecedores
5.2 Apoio ao Desenvolvimento de Fornecedores
5.3 Erradicação do Trabalho Infantil
5.4 Relações com Terceirizados e Estagiários
6.1 Qualidade no Atendimento
6.2 Relacionamento com a Comunidade Acadêmica
6.3 Integração com o Egresso
6.4 Estrutura Física e Tecnologia
7.1 Relacionamento com a Comunidade
7.2 Relacionamento com Organizações Locais sem Fins Lucrativos
7.3 Gestão da Ação Social
7.4 Envolvimento e Apoio à Ação Social
8.1 Transparência Política
8.2 Transparência Financeira e Conduta Ética
8.3 Liderança Social
8.4 Participação em Projetos Sociais Governamentais
Total de Pontos dos Indicadores
Quadro 1: Dimensões e Indicadores Propostos para Avaliação da Gestão Socialmente
Responsável em Instituições de Ensino Superior (IES)
Fonte: Elaborado, a partir dos Indicadores dos Modelos de Avaliação ETHOS, PNQ e INEP (2003), por São
Pedro (2004).
Portanto, a utilização de indicadores para a avaliação da responsabilidade social em
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universidades com base em modelos aplicados às empresas pode auxiliar no alcance de
informações que possibilitem orientar ações futuras das instituições, no sentido de identificar
os seus pontos fortes e fracos em relação às suas ações e frente aos seus stakeholders. Desta
forma, os resultados da aplicação de um instrumento de avaliação da gestão socialmente
responsável em Universidades, conforme modelo proposto por São Pedro (2004) possibilita as
mesmas desenvolverem seus planejamentos estratégicos de forma proativa, percebendo essa
nova consciência cidadã, que aprova ou reprova, que mantém ou extingue as organizações do
futuro. E, com certeza as universidades, mesmo com suas características peculiares, também
fazem parte dessas organizações. De acordo com Meyer Jr. (1988) o planejamento estratégico
tem se caracterizado como uma importante ferramenta de gestão para universidades,
auxiliando o administrador universitário a identificar e solucionar problemas críticos inerentes
ao seu segmento.
Além disso, considerar a necessidade de constante desenvolvimento das capacidades
necessárias para alcançar um melhor desempenho e acompanhar às mudanças no ambiente,
remete à necessidade de interpretar a aplicação do conceito de capacidades dinâmicas também
sobre as universidades.
Quanto à relação da Responsabilidade Social e o desenvolvimento de capacidades
dinâmicas na organização é possível verificar que os gestores como agentes sociais, quando
pautados pelos aspectos estabelecidos no modelo de gestão socialmente responsável em seu
processo decisório, podem alcançar resultados melhores na utilização dos recursos existentes
na organização, conforme Ambrosini, Bowman e Collier (2009).
3 O DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS
A Teoria das Capacidades Dinâmicas procura explicar a maneira como as empresas
conquistam e mantem vantagens competitivas frente a seus concorrentes de modo sustentável,
inovando continuamente, a partir da reconfiguração de sua base de recursos. Agregar,
combinar e recombinar recursos novos cria novas fontes de renda e tem mais importância do
que estocar recursos, segundo Vasconcelos e Cyrino (2000).
Segundo os autores (op. cit.), elaborar uma teoria da formação das competências da
organização em ambientes e cenários complexos e com alta mutabilidade vem das ideias
formuladas pela Teoria das Capacidades Dinâmicas, quando enquadradas nas teorias da visão
baseada em recursos (RBV) e dos processos de mercado.
Para Teece (2007), assim como a teoria da visão baseada em recursos, a teoria das
capacidades dinâmicas, aplicada a estratégia das organizações, procura o desenvolvimento das
empresas na busca de desempenhos sustentáveis superiores. Apesar disso, esta teoria aplica-se
especialmente às economias de mudanças rápidas nas tecnologias e nas economias abertas,
isto quer dizer, nos locais onde a criação de recursos e inovação são muito rápidos. Ao
considerar que as empresas devem, a partir do desenvolvimento das capacidades dinâmicas,
buscar desempenhos sustentáveis, não se pode deixar de aplicar os conceitos da
responsabilidade social na decisão dos gestores sobre o uso de seus recursos.
A teoria das capacidades dinâmicas possibilita, ainda, habilitar as empresas a proteger
seus ativos intangíveis, quando da busca por vantagens competitivas.
Segundo Winter (2003), são muitos os pensadores na área da estratégia empresarial
que desacreditam e questionam a teoria das capacidades dinâmicas, enquanto outros afirmam
que a mais importante fonte de vantagem competitiva é fornecida por esta teoria. E ainda há
os que entendem que as capacidades dinâmicas não sejam fruto dos esforços ou uma opção
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dos gestores e sim acontecem tanto de uma forma natural como não natural ou ainda, nem
acontecem.
A teoria das Capacidades Dinâmicas analisa a origem e os métodos de
criação de riqueza das empresas privadas, principalmente em ambientes de
rápida mudança tecnológica. A vantagem competitiva é vista como as
diferenças nos processos de coordenação e combinação, moldados pelos
recursos das firmas e pelo caminho evolutivo adotado. Se e como as
vantagens competitivas aparecem depende da estabilidade do mercado, do
seu desenvolvimento interno e da capacidade dos competidores imitarem,
assim, a criação de riqueza depende das condições organizacionais internas,
tecnológicas e da gerência dos processos da organização (TEECE, PISANO
e SHUEN, 1997, p.509).
Diferentes competências, inovadores e distintos procedimentos e processos, estruturas
organizacionais e flexibilidade em decidir são aptidões que não se desenvolvem e implantamse facilmente mas, em contrapartida, uma vez desenvolvidas, estabelecidas e implantadas, são
difíceis de copiar (TEECE, 2007).
Identificar novas oportunidades de mercado e se organizar internamente eficiente e
eficazmente com o objetivo de aproveitar melhor essas oportunidades são fundamentais para
se criar sustentável vantagem competitiva, dentro de uma perspectiva (TEECE, 2007).
Zahra, Sapienza e Davidsson (2006) apresentam as descrições de capacidades
dinâmicas encontradas na literatura acadêmica (Quadro 2).
Autor
Helfat (1997)
Teece et al. (1997)
Eisenhardt e Martin
(2000)
Griffith e Harvey (2001)
Lee et al. (2002)
Rindova e Taylor (2002)
Zahra e George (2002)
Zollo e Winter (2002)
Winter (2003)
Definição
Um conjunto de competência/capacidades que permitem que as empresas criem
novos produtos e processos e respondam a circunstâncias mutantes de mercados.
A habilidade da firma de integrar, construir e reconfigurar competências internas e
externas em face de ambientes rapidamente mutantes.
Os processos da empresa que usam recursos – especificamente os processos para
integrar, reconfigurar, ganhar e disponibilizar recursos – para responder ou até
mesmo criar mudanças no mercado. Portanto, capacidades dinâmicas são rotinas
organizacionais e estratégicas por meio das quais as empresas atingem novas
configurações de recursos na medida em que o mercado emerge, colide, se espalha,
desenvolve e morre.
Uma capacidade dinâmica global é a criação de combinações de recursos difíceis
de imitar, incluindo a coordenação efetiva de relações interorganizacionais, em
uma base global que pode prover uma vantagem competitiva para a empresa.
Uma nova fonte de vantagem competitiva na conceituação de como as empresas
são capazes de superar mudanças ambientais.
Capacidades dinâmicas surgem em dois níveis: uma micro-evolução a partir da
melhoria de capacidades de gestão da firma e uma macro-evolução associada com
a reconfiguração das competências de mercado.
Capacidades dinâmicas são essencialmente capacidades orientadas para a mudança
que auxiliam as empresas à redefinir e reconfigurar sua base de recursos para
responder demandas de consumidores e estratégias dos competidores que estão se
desenvolvendo.
Uma capacidade dinâmica é um padrão estável e aprendido de atividade coletiva
por meio do qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas de
operação para adquirir melhorias efetivas.
Aquelas que operam para estender, modificar ou criar capacidades.
Quadro 2 – Definições de capacidades dinâmicas, segundo diferentes autores.
Fonte: Zahra, Sapienza e Davidsson (2006).
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A gestão estratégica nas capacidades dinâmicas é considerada um processo coletivo de
aprendizagem, o qual se concentra em desenvolver distintas aptidões pouco prováveis de
serem imitadas. Portanto, considerar a ideia apresentada pelos conceitos da responsabilidade
social corporativa, de envolvimento de todos os stakeholders no processo de gestão e até
decisão, pode estar ligado ao processo coletivo de aprendizagem e por consequência de
desenvolvimento de aptidões difíceis de serem imitadas. O desenvolvimento das capacidades
dinâmicas é, pois, um processo que integra conhecimentos das diversas partes envolvidas na
cadeia produtiva e que trazem suas melhores contribuições para a sustentabilidade da
organização.
Ao considerar as capacidades dinâmicas frente ao dinamismo do mercado, observa-se
aspectos já mencionados quanto às novas demandas e a necessidade das organizações atuarem
mais próximas aos seus stakeholders. De acordo com Munck, Silva e Souza (2009) as
organizações devem buscar a cooperação em um processo estratégico e desenvolver meios de
obter a cooperação dos agentes sociais em suas decisões. Para os autores, deve-se tentar fazer
com que tais decisões sejam dotadas de sentido com base nos objetivos organizacionais em
um processo estratégico. Nas ações particulares dos agentes sociais, deve-se propiciar a
manifestação e construção de competências que favoreçam àa adaptação e competitividade da
organização em seu contexto. Desta forma, a atuação desses agentes sociais junto aos
stakeholders, contribui para que as decisões considerem a demandas das várias partes
interessadas, o que pode contribuir com decisões mais assertivas e ajustadas.
Por fim, considera-se que os conceitos apresentados, corroboram com os princípios de
responsabilidade social, pois reafirmam a necessidade de fazer com que os agentes sociais e
as organizações se auto-organizem em prol de reestabelecer a cooperação mútua. Reed (2007)
apud Munck, Silva e Souza (2009), no seu modelo de meta-narrativa interpretativa de
integração, afirma que as organizações não alcançam sucesso na solução de problemas de
integração social no contexto de instabilidades da sociedade moderna. Tal modelo de
integração é fundamentado pela identificação de formas de vincular as organizações
contemporâneas ao sentimento de comunidade e cooperação entre seus indivíduos. Portanto,
percebe-se que o equilíbrio está sustentado na forma pela qual os agentes sociais realizam a
construção de competências permeada de sua racionalidade substancial e ética responsável. É
portanto, sobre esse elemento em especial, que considera-se fundamental a relação da
responsabilidade social, o processo estratégico e o desenvolvimento de capacidades
dinâmicas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve por objetivo verificar a relação da Responsabilidade Social no
processo estratégico da gestão de universidades e no desenvolvimento de capacidades
dinâmicas. Para alcançar tal objetivo, buscou-se apresentar o papel das universidades no
contexto social contemporâneo. Neste sentido, considerou-se em especial que, assim como as
demais organizações, é necessário que as universidades estejam atentas ao ambiente que as
circundam e considerar as mudanças e novas demandas em suas decisões. Essa decisões e
ações estratégicas são tomadas pelos agentes sociais ou gestores, sob a perspectiva de suas
racionalidades, que devem considerar a ética. Portanto, as expectativas e desejos dos
stakeholders, devem ser considerados, pois sua participação é essencial para implementação
de estratégias bem-sucedidas.
Neste sentido, foi possível verificar conforme objetivo específico proposto que a
prática da responsabilidade social também deve ser considerada como um processo de
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administração estratégica, pois a partir do envolvimento dos stakeholders na gestão, é possível
identificar as expectativas e demandas dos mesmos, além dos pontos fortes e fracos da
organização em sua visão. Com base nessas informações e na participação dos mesmos no
processo decisório, a empresa tem maior probabilidade de acerto na implementação de
mudanças que alcancem o equilíbrio competitivo, o que também é possível ser aplicado no
caso das universidades.
Ao propor a verificação da prática da responsabilidade social e o desenvolvimento de
capacidades dinâmicas nas organizações, neste caso específico em universidades, foi possível
perceber tal relação a partir dos conceitos apresentados por Munck, Silva e Souza (2009), com
base nos conceitos de Ramos (1966; 1983) e Maggi (2006) sobre a racionalidade substantiva,
a participação dos agentes sociais nas decisões organizacionais e sua influência na utilização
dos recursos existentes na empresa e o desenvolvimento de capacidades dinâmicas.
Desta forma, considerou-se que os conceitos apresentados, estão diretamente
relacionados com os conceitos de responsabilidade social, reafirmando a necessidade de fazer
com que os agentes sociais e as organizações se auto-organizem em prol de reestabelecer a
cooperação mútua a partir da consideração e envolvimento dos stakeholders no processo
estratégico e de decisão. Além disso, reforçaram que o modelo de integração é fundamentado
pela identificação de formas de vincular as organizações contemporâneas ao sentimento de
comunidade e cooperação entre seus indivíduos. Portanto, percebe-se que o equilíbrio está
sustentado na forma pela qual os agentes sociais realizam a construção de competências
permeada de sua racionalidade substancial e ética responsável. Desta forma, considera-se que,
é sobre esse elemento em especial, que se fundamenta a relação da responsabilidade social, o
processo estratégico e o desenvolvimento de capacidades dinâmicas.
REFERÊNCIAS
AMBROSINI, V.; BOWMAN, C; e COLLIER, N. Dynamic Capabilities: an exploration of
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