CRIAÇÃO ARTIFICIAL DE FILHOTES DE PREGUIÇA-REAL

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CRIAÇÃO ARTIFICIAL DE FILHOTES DE PREGUIÇA-REAL
CRIAÇÃO ARTIFICIAL DE FILHOTES DE PREGUIÇA-REAL (Choloepus sp.)
Marcela Miranda Luppi, Gilson Moreira Rios Neto, Alexandrino Rodrigues da Costa, Marcela
Lanza Bernardes, Marcelo de Campos Cordeiro Malta
Centro de Triagem de Animais Silvestres - CETAS
BR 364 km 9,5, 76801-059, Porto Velho, Rondônia, Brasil, [email protected]
Palavras chave: preguiça-real, dieta, criação artificial
Introdução: As espécies Choloepus didactylus e Choloepus hoffmanni, conhecidas como
preguiça-real ou preguiça-de-dois-dedos, ocorrem na Amazônia Brasileira, são arborícolas,
noturnas e possuem anatomia digestiva adaptada a dieta folívora (1). As dietas em cativeiro
constituem de frutas, folhas e produtos de origem animal (2). Os filhotes ingerem alimentos
sólidos nas primeiras semanas de vida e mamam por três a cinco meses (3). O objetivo do
trabalho é relatar a experiência na criação de quatro filhotes órfãos enviados ao Centro de
Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Métodos: Entre 2010 e 2011 foram recebidos quatro
filhotes de Choloepus sp., nomeados P0 (macho 750g), P1 (fêmea 600g), P2 (macho 540g) e
P3 (fêmea 295g). P0 foi o primeiro a chegar e inicialmente não foi oferecido leite, pois
alimentava-se de Cecropia sp. (embaúba) e frutas. O leite foi inserido na dieta e fornecido duas
vezes ao dia. Consistia na mistura de 27 mL de Pet Milk® com 13 mL de Aptamil 1®,
posteriormente este último foi substituído por Aptamil 1® Soja. P1, P2 e P3 receberam desde o
início uma mistura contendo 150 mL de Aptamil 1® Soja e 50 mL de leite de cabra, fornecida até
cinco vezes ao dia. O leite de cabra é uma boa opção na criação de preguiças, ao contrário do
de vaca que está relacionado a diarréia e óbito (4). Os animais também recebiam brotos de
embaúba, flores de ipê ou hibisco, frutas, legumes e ovos de galinha ou codorna cozidos.
Resultados e Discussão: Durante a criação dos filhotes observou-se que fezes e urina eram
feitas praticamente juntas, com intervalos de um a nove dias. Normalmente os animais
aceitavam bem alimentos sólidos, principalmente embaúba e flores, apresentando preferências
eventuais por determinadas frutas. Dentre as ocorrências veterinárias foram observadas
alterações respiratórias e digestivas, que de acordo com a literatura, são comumente
observadas na espécie (5). P0 permaneceu saudável durante os nove meses em que
permaneceu na instituição e atingiu 1450g. P1, P2 e P3 apresentaram enterite sendo que P1 e
P2 responderam bem ao tratamento, enquanto P3 veio a óbito 20 dias após sua chegada
pesando 350g. P1 e P2 foram diagnosticados com pneumonia, mas se recuperaram com o
tratamento. P1 deixou a instituição após oito meses pesando 1200g, já P2 após sete meses
pesando 1650g. Conclusões: Através da dieta e manejo relatados neste trabalho, obteve-se
sucesso na criação artificial de três dentre quatro filhotes recebidos no CETAS.
Referências:
1. Adam, P.J. 1999. Choloepus didactylus. Mammalian species 621: 1-8.
2. Meritt, D. A. 1976. The nutrition of edentates. International Zoo Yearbook 16:38-46.
3. Veselovsky, Z. A. 1966. Contribution to the knowledge of the reproduction and growth of the two-toed sloth,
Choloepus didactylus, at Prague Zoo. International Zoo Yearbook 6: 147–153.
4. Avey-Arroyo, J. 2002. Sloths. Pp. 81-89 in: Hand-hearing wild and domestic mammals (L. J. Gage, ed.). Iowa State
Press: Iowa.
5. Diniz, L. S. M. & P. M. A. Oliveira. 1999. Clinical problems of sloths (Bradypus sp. and Choloepus sp.) in captivity.
Journal of Zoo and Wildlife Medicine 30: 76-80.
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