variabilidade de parâmetros meteorológicos associados a

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variabilidade de parâmetros meteorológicos associados a
VARIABILIDADE DE PARÂMETROS METEOROLÓGICOS ASSOCIADOS A ANOMALIAS
DO PACÍFICO
José Hilário Ferreira - Professor do CEFET de Campo Mourão-PR
Jonas Teixeira Nery - Professor Associado, UEM/DFI –PR [email protected]
Maria de Lourdes Orsini - Técnica em Física
ABSTRACT
The relationship between series of rainfall and maximun and minimun temperatures provide by Instituto
Agronômico do Paraná (IAPAR), and the anomaly sea surface temperature in the Pacific Ocean (SST) was
investigated for the Paraná State, Southern Brazil. Twenty nine series of data colleted from 1979 to 1998 were
analyzed. The results showed a strong relationship between rainfall in Paraná and SST. On the other hand, there
was no evidence of any relationship between SST and minimun or mean temperature.
Key words: El Niño, La Niña, precipitation, hydric balance, interannual variability.
INTRODUÇÃO
Inegavelmente, a cultura humana está fortemente vinculada aos fenômenos climáticos os quais influem,
direta ou indiretamente, nos elementos sócio - econômicos regionais.
Normalmente tende-se a associar as variações da atmosfera à época do ano, mas nem sempre essas
associações mostram-se acertadas, pois, diferente do que podemos esperar, o tempo tem variações interanuais.
Essas variações, ou anomalias, afetam mais as atividades humanas por serem, na maioria das vezes, não previstas.
Alguns casos de anomalias de precipitação no sul do Brasil estão associados a fenômenos externos, sendo,
portanto, muito importante o estudo da circulação da atmosfera para melhor conhecer os processos que atuam nesta
região. Segundo diversos estudos de Kousky e Cavalcanti (1984), as anomalias de precipitação no Brasil estão
associadas ao fenômeno El Niño - Oscilação Sul (ENOS). Situada ao sul do paralelo de 23º27’, a região Sul
apresenta forte sinal do fenômeno, que determina, principalmente, grande variabilidade da precipitação pluvial,
conforme demonstraram, entre outros, Rao e Hada (1990), Studzinski (1995), Fontana e Berlato (1997) e Grimm et
al. (1997). A variabilidade interanual da precipitação pluvial, por sua vez, é o principal fator determinante da
variabilidade dos rendimentos e da produção agrícola dessa região do país (Berlato, 1992 a, b; Berlato et al., 1992).
A agropecuária, principalmente a produção de grãos e pecuária, é a atividade econômica básica da região
Sul do Brasil. Dos 73.5 milhões de toneladas de grãos produzidos no país, média no período 1993-1995 (IBGE,
1996), 37.2 milhões foram produzidos nos três Estados sulinos (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul),
representando 51% da produção nacional.
O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre o fenômeno ENOS e as características climáticas do
Estado do Paraná, por meio de vários parâmetros meteorológicos (precipitação, temperatura do ar e temperatura
mínima), utilizando cálculos estatísticos (média, anomalias e função da distribuição) e o balanço hídrico de
Thornthwaite-Mather, para estudar a variabilidade das séries meteorológicas associadas à variabilidade interanual.
O fenômeno El Niño parece assunto imbatível no noticiário dos jornais, que, ao mesmo tempo, mostram
muito e esclarecem pouco. Monteiro (1999) refere-se a esse problema de informação, chamando-o de "monstro
impiedoso", satirizando a maneira como a mídia o trata, e ressalta o caráter global do fenômeno, com sua influência
sobre todo o globo. Reis (1998) afirma que o fenômeno El Niño ganhou espaço na mídia a partir do evento de
1983 em função de enchentes e secas, em vários países, associadas ao mesmo.
O fenômeno El Niño - Oscilação Sul é um fenômeno de grande escala espacial que altera as circulações
atmosféricas, gerando perturbações climáticas de âmbito global. Esse fenômeno afeta de maneira diversa o norte,
o nordeste e o sul do Brasil: há secas na Amazônia e no Nordeste e chuvas no Sul, na fase positiva do fenômeno (El
Niño), e na fase negativa (La Niña) ocorre o contrário, (Nery, 1998).
O ENOS foi evidenciado como parte importante do sistema climático global na escala das oscilações
interanuais por Kidson (1975), Trenberth (1976) e Arkin (1983) citados por Nery (1998). El Niño - Oscilação Sul
(ENOS) é uma variabilidade interanual que tem sua origem no Oceano Pacífico Equatorial. O fenômeno é
constituído por dois componentes: um de natureza oceânica (El Niño), associado a anomalias positivas na
temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial, e outro de natureza atmosférica (Oscilação Sul), relacionado
à correlação inversa existente entre a pressão atmosférica nos extremos leste e oeste desse Oceano (Glantz et al.,
1991; NOAA, 1994, Grimm et al. 1997, Trenberth, 1997). Arena (1990) afirma que o fenômeno ocorre devido a
uma alteração espacial da circulação de Walker sobre o Pacífico (Figura 1). Com esse ponto a maioria dos
autores concorda, mas quanto à causa dessa variação periódica pouca certeza existe.
888
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados foram obtidos junto ao Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Londrina. Foram utilizadas 29
séries de temperaturas média e mínima, dados mensais, período 1979 a 1998 e 21 séries de precipitação, período
1966 a 1996. As estações foram numeradas em ordem crescente levando-se em conta a ordenação alfabética.
Durante as primeiras análises descobriu-se que a série de precipitação de Mauá da Serra, apresentava uma
interrupção abrupta nos dados (foi desativada). Excluiu-se então, essa estação.
Uma vez obtidas as séries de precipitação e temperatura, que estavam em formato texto (ASCII), as
mesmas foram convertidas para o formato MDB, através do programa Microsoft Access. Este programa foi
utilizado para gerenciar o banco de dados resultante. Utilizando-se do MS Access, foram realizados os cálculos
estatísticos de média e anomalia para os parâmetros meteorológicos propostos.
Para os valores de temperatura média e temperatura mínima utilizaram-se valores médios mensais. Para a
precipitação, utilizaram-se valores totais mensais.
(
)
Para o cálculo de anomalia, utilizou-se a seguinte fórmula: X − X , onde X é o valor de determinado dado
e X é a média desse dado dentro do período utilizado (exemplo X é o valor de janeiro de 1982 e X é o valor
médio de todos os janeiros). Através do cálculo da anomalia, foi verificado se o valor de um parâmetro, em um
dado momento, era maior ou menor do que a média desse parâmetro dentro da série.
Os gráficos de barras foram elaborados através dos “softwares” Microsoft Excel e Statistic, com o Statistic
também se plotou o gráfico de função de distribuição (Box), que permite visualizar os valores máximos, mínimos,
os quartis superior, inferior e mediano, para cada mês, sendo um gráfico por estação.
Para desenhar as isolinhas foi utilizado o software “Surfer”, que utiliza um arquivo com o contorno da área
de estudo (digitalizado, utilizando-se os valores de latitude e longitude) e outro arquivo com os valores de cada
estação e as coordenadas (latitude e longitude). O “software Surfer” utiliza métodos de gradeamento para realizar a
interpolação de dados com os quais vai gerar valores para a construção de isolinhas. Os mapas de contorno com
isolinhas Surfer são criados a partir de dados gradeados. A documentação do “software Surfer” sugere que se
testem os vários métodos de interpolação definidos na mesma (Inverse Distance, Radial Basis Functions, Kriging,
Shepard’s Method, Minimum Curvature e Triangulation) até chegar ao que fornece melhores resultados. O método
Kriging aparece como o método “default”, ou seja, padrão, havendo a indicação de que o mesmo é o mais versátil e
também aquele sugerido para trabalhar com grandes conjuntos de dados. Optou-se, então, por utilizar o método
Kriging por ser o algoritmo que apresent/ou a melhor adequação aos dados, principalmente de precipitação.
A estimativa do balanço hídrico pode ser feita por vários métodos. Optou-se, neste estudo, pelo método
Thornthwaite-Mather. O balanço hídrico por esse método utiliza apenas três variáveis: a temperatura média, a
precipitação e a latitude (utilizada para determinar o número de horas de insolação) e de uma constante que é a
capacidade de armazenamento de água no solo – CAD (Tubelis e Nascimento, 1986). Cada uma das 29 estações
tem dados de precipitação, temperatura média e sua posição geográfica. Quanto ao valor de CAD utilizou-se
100mm (Sentelhas et al., 1999; também recomendado por L. Bernardes IAPAR – Londrina). Para a elaboração do
balanço hídrico, para cada uma das estações, utilizou-se a planilha, em Excel, elaborada por Sentelhas et al. (1999).
Costuma-se representar o balanço hídrico de uma região por meio dos valores mensais de precipitação (P) e
evapotranspiração potencial (EP) e real (EPR) plotados ao longo dos meses. Da análise dessas curvas conclui-se
que sempre que a curva de P cai abaixo da curva de EP, há utilização da água do solo, até que se esgote a água
disponível. Uma vez que se esgote a água disponível, começa o período de deficiência de água, que se prolonga até
que a curva de P ultrapasse a de EP, quando começa a haver reposição da água no solo, até que se complete a
quantidade de água que o solo pode acumular (CAD), (Mota, 1989, Deffune 1994).
Para subdividir o Estado em regiões, optou-se pela regionalização utilizada pelo Sistema Meteorológico do
Paraná – SIMEPAR. Segundo o cartograma do SIMEPAR, o Estado é dividido em 7 regiões: litoral, capital, sul,
sudoeste, central, oeste e norte. Optou-se por selecionar algumas estações (utilizando-se do gráfico da função de
distribuição) que representassem cada uma das regiões: norte – séries de Apucarana, de Bandeirantes e de
Umuarama; centro - séries de Guarapuava de Ponta Grossa; capital - Pinhais; litoral - séries Morretes, sul Palmas; sudoeste - Pato Branco; oeste - Cascavel e Nova Cantu. Foram selecionados, desta forma, onze estações,
cujos gráficos serão apresentados neste trabalho, mas os cálculos foram efetuados utilizando-se todas as estações
disponíveis.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A onda anual quase não aparece, estando marcada apenas em algumas estações como em Morretes.
Aparece mais destacada uma onda com dois picos de mínimas, um no inverno e o outro no início do outono. Podese destacar o mês de julho, para a estação 30, que apresenta pouca variabilidade, ano a ano.
889
Calcularam-se as anomalias de precipitação para cada ano dentro do período 1979 a 1998, para o Estado do
Paraná. Calculou-se apresentam as isolinhas das anomalias para os anos de 1981, 1982, 1983, 1985, 1988, 1995,
1997 e 1998, anos normais, anos de El Niño e anos de La Niña (Tabela 3), dentro do período. Para comparar as
anomalias utilizou-se como base uma série de precipitação de 30 anos (1967 a 1996), da qual se calculou a média
anual e foi utilizada para serem definidas as anomalias mais significativas. Pode-se observar uma significativa
variabilidade, com anos de anomalias positivas, tais como 1983, 1997 e 1998 (El Niño) e anomalias negativas, tais
como 1985 e 1988 (La Niña).
O ano de 1981 evidenciou-se como um ano de anomalias negativas em quase todo o Estado, com exceção
de uma faixa ao norte e uma área a noroeste. Ao contrário de 1981, o ano de 1982 destacou-se como um ano de
anomalias positivas, com exceção apenas do noroeste do Estado e do litoral, onde se registraram anomalias
negativas, ainda que não significativas. O ano de 1983 foi claramente o ano de maior anomalia positiva do
período, evidenciando-se as regiões oeste, sudoeste e sul, onde valores de anomalia positiva superiores a 1000mm
foram registrados. Mesmo as outras regiões do Estado apresentaram valores entre 400 e 600mm, destacando-se
comparativamente aos outros anos, sendo comparável apenas com os anos de 1997, na região norte, e 1998, na
região sul. O ano de 1985 diferenciou-se dos demais, como um dos anos de menor precipitação do período, ou seja,
com maior anomalia negativa, sendo comparável apenas ao ano de 1988. O litoral, a capital, o sul e o sudoeste do
Estado foram as áreas de maiores anomalias negativas deste ano. O ano de 1988 foi bastante similar ao de 1985,
apesar de o litoral não ter apresentado anomalias significativas, sobressaindo-se o sul e o sudoeste. O ano de 1995
foi, na média, de anomalias negativas, mas estas se concentraram mais nas regiões sul, sudoeste e oeste, sendo que
o norte, o litoral, o centro e a capital tiveram anomalias positivas. O ano de 1997 foi um ano com anomalias
positivas significativas, aparecendo como centro de maior anomalia positiva o noroeste, região que, segundo Nimer
(1979), é a menos úmida do Estado. O ano de 1998 foi um ano com anomalias positivas em quase todo o Estado,
com exceção de uma faixa ao norte da região da capital; o sul do Estado destacou-se com altos índices de anomalia
positiva.
Anomalia de Precipitação - 1983
Anomalia de Precipitação - 1985
A
-23.00
-24.00
-24.00
-25.00
-25.00
-26.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
B
-23.00
-49.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
Figura 1(A, B, )- (A) Isolinhas de anomalias de precipitação para o ano de 1981, (B) isolinhas de anomalias de
precipitação, ano de 1982,
Anomalia de Precipitação - 1997
Anomalia de Precipitação - 1998
A
-23.00
-24.00
-24.00
-25.00
-25.00
-26.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
B
-23.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
Figura 2(A, B) - (A) Isolinhas de anomalia de precipitação para o ano de 1988, (B) isolinhas de anomalia de
precipitação, ano de 1995,
890
Tabela 1 - Tabela adaptada de Trenberth, por Baldo e Martins (1999) para o fenômeno El Niño (1+2), e La Niña
(1+2) no Oceano Pacífico na costa da América do sul.
Tabela adaptada de Trenberth para o fenômeno El Niño (1+2), e La Niña (1+2)
Eventos de El Niño
(1+2)
Eventos de La Niña
(1+2)
Início / Final
Duração / Meses
Início / Final
Duração / Meses
Jun/79 a jan/80
8
Jan/85 a dez/85
12
Jul/82 a dez/83
17
Abr/88 a dez/88
9
Out/86 a dez87
15
Mai/89 a set/89
5
Nov/91 a jun/92
8
Mar/94 a set/94
7
Fev/93 a jun/93
5
Abr/95 a ago/95
5
Out/94 a fev/95
5
Abr/96 a jan/97
10
Abr/97 a jul/98
15
Fonte: Baldo e Martins (1999)
De maneira geral, pode-se dizer que as regiões de maior variabilidade de precipitação são o sul e o
sudoeste, apresentando grandes valores positivos, mas também grandes valores negativos.
Analisando a variabilidade da precipitação no Estado do Paraná, durante esse período, e comparando-a
com a tabela de Trenberth (1997) (tabela 3), observou-se que os anos de variabilidade positiva podiam ser
relacionados com o fenômeno El Niño e os anos de variabilidade negativa com o anti El Niño, ou La Niña. Em
função disso se reagruparam os dados, não mais em anos, mas de acordo com a duração de cada período do
fenômeno ENOS. Devido à diferença de duração de um ENOS para outro optou-se por fazer a média mensal de
precipitação dentro de cada fase do fenômeno.
Com esses dados foram elaboradas isolinhas para cada fase do fenômeno dentro do período estudado.
De maneira geral, pode-se perceber que em anos de La Niña aparecem centros de maior precipitação no
litoral e no sul, decaindo em direção ao noroeste e ao norte, respectivamente. A precipitação média desse período
também é menor do que em outros períodos.
O fenômeno La Niña que ocorreu no ano de 1985 apresentou três áreas de precipitação um pouco mais
elevada (aproximadamente 100mm): uma no litoral, outra ao sul e a terceira ao norte. Apesar de apresentar-se
como um período de baixa precipitação, talvez um dos menores do período estudado, a média mensal não é tão
baixa, apresentando os menores valores, em torno de 50mm mensais. As áreas de menor precipitação foram a
região ao norte e capital, uma faixa no oeste e o noroeste. No ano de 1988 o fenômeno repetiu-se, não tão intenso
quanto o de 1985, mas com marcada diferença de precipitação em relação a outros períodos. Destacam-se, mais
uma vez, como áreas de maior precipitação o litoral e o sul, mas aparecendo um pico de alta pluviosidade na região
central do Estado. A região de menor pluviosidade ainda é o noroeste.
No evento La Niña de 1989 observou-se uma evolução peculiar da distribuição de precipitação: os valores
mais altos estão ao sul e sudoeste e tendem a diminuir homogeneamente em direção ao nordeste do Estado, com
algumas variações, possivelmente influenciadas pelo relevo. O fenômeno La Niña de 1994 não diverge muito do
anterior, havendo a expansão da área de maior precipitação para o centro do Estado. O fenômeno La Niña de 1995
é juntamente com a La Niña de 1985 uma das mais fortes do período e não apresentou grandes diferenças na
distribuição da precipitação; apenas o pico de precipitação um pouco mais elevado que aparece ao norte em 1985
quase não se destaca neste fenômeno. O fenômeno La Niña de 1996/1997 é, juntamente com o de 1989, um dos
mais úmidos do período, apresentando valores elevados de precipitação, mas em relação à distribuição da
pluviosidade não apresentou grande variabilidade. Durante o período estudado (1977/1998) ocorreram seis eventos
de La Niña, destacando-se dois especialmente fortes: 1985 e 1995.
Dos sete eventos de El Niño, dentro do período estudado, podem-se destacar como particularmente
significativos 1982/1983, 1994/1995 e 1997/1998. O fenômeno El Niño de 1982/1983 foi o mais forte do período
com valores médios de precipitação em torno dos 200mm mensais. As áreas de maior e menor pluviosidade não
mudam muito, comparativamente ao fenômeno La Niña. Ainda se tem o sul e o sudoeste, seguidos do litoral, como
as regiões de maior pluviosidade, havendo uma diminuição em direção ao norte. No fenômeno El Niño de
1994/1995 apareceram áreas mais destacadas no sul, litoral e capital, com uma grande homogeneidade no oeste e
centro do Estado. O fenômeno El Niño de 1997/1998 destacou-se com grandes valores e uma distribuição bem
próxima do padrão da região, que parece ter uma tendência a diminuir a precipitação em direção norte e noroeste.
891
La Niña 1985 - Precipitação Média
La Niña 1988 - Precipitação Média
-23.00
-23.00
-24.00
-24.00
-25.00
-25.00
A
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
B
-26.00
-49.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
La Niña 1989 - Precipitação Média
C
-23.00
-24.00
-25.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
Figura 3(A, B, C) – (A) Isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de 1985, (B)
isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de 1988 e a (C) isolinhas de
precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de1989.
La Niña 1994 - Precipitação Média
La Niña 1995 - Precipitação Média
A
-23.00
-24.00
-24.00
-25.00
-25.00
-26.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
B
-23.00
-54.00
892
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
La Niña 1996-1997 - Precipitação Média
C
-23.00
-24.00
-25.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
Figura 4(A, B, C) - (A) Isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de 1994, (B)
isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de 1995 e (C) isolinhas de
precipitação média mensal para o período do fenômeno La Niña de1995.
El Niño 1979-1980 - Precipitação Média
El Niño 1982-1983 - Precipitação Média
A
-23.00
-24.00
-24.00
-25.00
-25.00
-26.00
-26.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
B
-23.00
-54.00
-53.00
-52.00
-51.00
-50.00
-49.00
Figura 5(A, B, C, D) - (A) Isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno El Niño de 1979/1980, (B)
isolinhas de precipitação média mensal para o período do fenômeno El Niño de 1982/1983, (C) isolinhas de precipitação média
mensal para o período do fenômeno El Niño de 1986/1987 e (D) isolinhas de precipitação média mensal para o período do
fenômeno El Niño de1991/1992.
Em vista dos resultados obtidos com a análise da anomalia da precipitação e da análise da média de
precipitação nos períodos do fenômeno ENOS, positivo e negativo, optou-se por uma técnica de análise que
fornecesse dados mais práticos em relação à precipitação. A técnica escolhida foi o balanço hídrico, pois a
disponibilidade de água no solo, para a vegetação, é fator essencial ao desenvolvimento da agropecuária. E o
balanço hídrico leva em conta, além da precipitação, a evapotranspiração, que é a reposição de água para a
atmosfera (Mota, 1989). Com as diversas séries de precipitação e de temperatura, fez-se o balanço hídrico segundo
Thorntwaite e Mather (1955).
Para a elaboração do balanço hídrico selecionaram-se os períodos do fenômeno ENOS, em suas fases
positiva e negativa (El Niño e La Niña). Na análise dos gráficos de balanço hídrico, selecionaram-se dois períodos
para o fenômeno El Niño (07/1982 a 12/1983 e 10/1986 a 12/1987) e dois períodos para o fenômeno La Niña
(01/1985 a 12/1985 e 04/1996 a 01/1997).
O fenômeno La Niña de 1985, se comparado com o fenômeno El Niño de 1982/1983, apresentou-se como
um período de excesso hídrico pouco significativo e, principalmente no segundo semestre, como um período de
“déficits”, especialmente nas regiões norte e central, destacando-se a região oeste com os maiores excessos no
início do ano.
O fenômeno La Niña de 1996/1997 destacou-se como um período de “déficits”, principalmente no período
de maio a agosto de 1996, quando, com exceção das regiões sul e sudoeste, tem-se um período prolongado de
“déficits”.
Durante o fenômeno El Niño de 1982/1983, as regiões sul e sudoeste do Estado tiveram os maiores picos
de excesso de água, especificamente nos meses de novembro de 1982 e maio e julho de 1983, com excedente acima
de 400mm, chegando apresentar valores próximos aos 800mm (Pato Branco) de excesso em pleno inverno. Para
as regiões oeste e central, os valores também são significativos, apresentando “déficit” hídrico significativo no mês
de agosto de 1983. A região do litoral e a da capital apresentaram “déficit” nos meses de setembro de 1982 e de
893
agosto de 1983.
Mas a região que teve o “déficit” mais significativo nesse período foi a região norte,
principalmente as estações de Apucarana e de Bandeirantes, que apresentaram três meses de “déficit” dentro do
período: agosto de 1982, fevereiro de 1983 e agosto de 1983, apresentando-se o restante do período com
significativos excedentes hídricos.
O fenômeno El Niño de 1986/1987 apresentou também um período significativamente úmido, apesar de
não ser tão marcado como o período de 1982/1983 e apresentar valores máximos em torno de 300mm de excesso,
destacando-se os meses de abril, maio e junho de 1987 como meses de maiores excessos. Neste período, a região
que aparece com “déficits” mais significativos é o centro, seguida pela região da capital e o litoral. As regiões que
destacaram-se como de maiores excessos são o oeste e o sudoeste com valores próximos aos 400mm.
Elaborou-se também uma tabela de temperaturas mínimas absolutas para o Estado, dentro do período
estudado, dividindo-a em três: anos de El Niño, de La Niña e anos em que nenhum dos dois fenômenos ocorreu
durante o mês que apresentou a mínima absoluta do ano (tabelas 4, 5, e 6). Esse parâmetro meteorológico, no
Estado do Paraná, aparentemente não sofre influência do fenômeno ENOS, pois não se percebeu um padrão
relacionando os períodos do fenômeno à temperatura mínima. Calcularam-se, então, as anomalias entre as
temperaturas média e mínimas e as normais climatológicas (DNMET, 1992) e selecionaram-se as anomalias mais
significativas de cada ano (tabelas 7, 8, 9 e 10). O resultado revela que as maiores anomalias positivas da
temperatura média ocorreram durante a fase de vigência do fenômeno La Niña, o mesmo ocorrendo nas anomalias
negativas de temperatura média, apesar de também aparecerem anos normais e de fenômeno El Niño entre as
anomalias significativas. Quanto às anomalias positivas de temperatura mínima, os valores estão distribuídos entre
os fenômenos La Niña e El Niño. Já as anomalias de temperatura mínima negativas apresentaram os menores
valores em anos “normais”. De modo que não se pode distinguir um padrão relacionado à variabilidade interanual e
à temperatura.
Tabela 2 - Temperatura mínima absoluta, para anos de El Niño, dentro do período estudado.
Temperatura mínima absoluta, para anos de El Niño – 1979/1998
Estação
1979
1982
1983
1987
1992
1993
1997
1998
1 Antonina
2.4
6.2
5.6
4.0
4.2
2.2
5.2
7.2
2 Apucarana
0.1
6.0
4.0
3.0
1.6
0.8
3.0
6.8
-1.1
7.4
5.0
2.7
2.8
3.0
3.2
7.8
1.4
6.0
5.8
3.2
3.0
1.0
3.4
7.0
5 Cambara
-1.0
6.0
4.2
1.5
1.2
1.4
3.2
4.9
6 Cascavel
-0.4
2.5
1.8
-0.4
-0.2
-1.9
3.4
3.2
7 Cerro Azul
-1.4
5.0
3.4
2.0
3.2
1.0
2.4
10.6
2.2
6.0
4.4
4.4
2.0
0.9
4.6
7.4
-1.4
-0.2
-0.6
-2.4
-3.0
-2.2
0.3
1.0
10 Fernandes Pinheiro
-2.0
0.2
1.1
-1.8
-1.1
-1.6
0.9
1.3
11 Francisco Beltrão
-2.0
2.2
0.6
-1.5
-1.3
-1.8
-1.4
2.4
12 Guarapuava
-3.8
-2.2
0.3
-1.6
-1.4
-3.4
-1.4
1.4
13 Guaraqueçaba
1.0
6.8
5.8
3.4
5.4
1.4
4.8
7.8
14 Ibiporã
1.5
6.6
5.8
4.2
3.9
0.8
5.0
7.9
15 Joaquim Távora
-1.2
4.2
4.6
2.0
1.2
0.0
1.8
4.4
16 Laranjeiras Do Sul
-0.2
0.0
1.5
-2.0
-0.2
-1.6
2.0
2.4
17 Londrina
0.0
5.6
4.7
2.9
1.8
0.8
2.9
6.4
19 Morretes
3.0
6.4
5.4
4.8
4.2
5.2
8.0
7.2
3 Bandeirantes
4 Bela Vista Do Paraíso
8 Cianorte
9 Clevelândia
20 Nova Cantu
-0.4
2.0
3.0
1.4
0.2
-0.2
3.0
4.0
21 Palmas
-3.6
-2.0
-1.0
-4.2
-3.0
-4.4
0.9
1.0
22 Palotina
-1.0
2.3
2.8
-1.2
-0.8
-2.8
1.2
2.4
2.4
6.6
6.0
4.1
1.5
0.1
3.9
6.7
24 Pato Branco
-1.2
1.2
-0.3
-1.8
-0.6
-1.8
2.0
2.2
25 Pinhais
-2.2
0.7
-1.2
-2.6
0.1
-1.4
1.1
1.0
23 Paranavaí
26 Planalto
27 Ponta Grossa
28 Quedas Do Iguaçu
29 Telêmaco Borba
30 Umuarama
0.2
4.2
1.2
1.2
0.4
-0.4
4.6
3.0
-1.8
0.2
-0.8
-1.3
-0.2
-2.0
1.2
1.6
0.4
4.2
3.0
-0.4
1.0
0.1
4.0
3.4
-3.1
1.6
1.2
0.0
1.0
-2.3
1.3
2.3
2.6
5.9
4.5
3.9
2.1
1.3
4.6
5.9
894
Tabela 3 – Anomalias positivas da temperatura média, em relação à normal climatológica (1962/1991), DNMET, para um
conjunto de séries deste parâmetro.
Estação
Mês
ano
T. média
Normais
Anomalia
2
8
1995
22.19
14.10
8.09
La Niña
2
11
1985
23.99
17.00
6.99
La Niña
2
6
1984
18.99
12.30
6.69
Normal
2
5
1984
20.78
14.10
6.68
Normal
2
11
1993
23.61
17.00
6.61
Normal
2
6
1992
18.91
12.30
6.61
El Niño
2
9
1988
22.19
15.60
6.59
La Niña
2
9
1994
22.14
15.60
6.54
La Niña
2
7
1987
19.50
13.00
6.50
El Niño
2
8
1988
20.57
14.10
6.47
La Niña
2
11
1990
23.46
17.00
6.46
Normal
2
11
1986
23.44
17.00
6.44
El Niño
2
7
1995
19.39
13.00
6.39
La Niña
2
10
1984
23.32
17.00
6.32
Normal
2
5
1981
20.27
14.10
6.17
Normal
2
3
1980
24.12
18.00
6.12
Normal
2
3
1988
24.11
18.00
6.11
Normal
2
3
1990
24.07
18.00
6.07
Normal
2
6
1995
18.32
12.30
6.02
La Niña
2
7
1984
19.00
13.00
6.00
Normal
2
11
1981
22.97
17.00
5.97
Normal
2
6
1986
18.21
12.30
5.91
Normal
2
8
1994
20.01
14.10
5.91
La Niña
2
8
1996
19.97
14.10
5.87
La Niña
2
11
1987
22.82
17.00
5.82
El Niño
2
8
1985
19.92
14.10
5.82
La Niña
2
7
1983
18.79
13.00
5.79
El Niño
2
6
1991
18.07
12.30
5.77
Normal
2
8
1979
19.81
14.10
5.71
El Niño
2
6
1979
17.99
12.30
5.69
El Niño
2
10
1985
22.66
17.00
5.66
La Niña
2
12
1985
24.65
19.00
5.65
La Niña
2
2
1984
25.05
19.40
5.65
Normal
2
11
1998
22.64
17.00
5.64
Normal
2
9
1981
21.23
15.60
5.63
Normal
2
4
1990
23.02
17.40
5.62
Normal
2
11
1995
22.60
17.00
5.60
Normal
2
9
1997
21.18
15.60
5.58
El Niño
2
6
1982
17.88
12.30
5.58
Normal
26
10
1984
24.82
19.30
5.52
Normal
2
5
1994
19.60
14.10
5.50
La Niña
2
10
1994
22.50
17.00
5.50
El Niño
2
11
1991
22.47
17.00
5.47
El Niño
2
11
1994
22.47
17.00
5.47
El Niño
2
10
1990
22.45
17.00
5.45
Normal
2
8
1981
19.53
14.10
5.43
Normal
19
11
1993
24.01
18.60
5.41
Normal
2
3
1993
23.39
18.00
5.39
El Niño
2
11
1996
22.39
17.00
5.39
La Niña
2
11
1984
22.38
17.00
5.38
Normal
895
Tabela 4 - Anomalias negativas da temperatura média, em relação à normal climatológica (1962/1991), DNMET, para um
conjunto de séries deste parâmetro.
Estação
Mês
Ano
T. média
Normais
Anomalia
22
7
1988
12.93
16.80
-3.87
22
7
1990
13.21
16.80
-3.59
Normal
22
7
1989
13.82
16.80
-2.98
La Niña
22
7
1996
13.87
16.80
-2.93
La Niña
17
9
1980
17.07
20.00
-2.93
Normal
22
7
1981
13.99
16.80
-2.81
Normal
22
7
1992
14.01
16.80
-2.79
Normal
20
7
1990
13.53
16.20
-2.67
Normal
22
9
1980
17.22
19.80
-2.58
Normal
17
9
1983
17.45
20.00
-2.55
El Niño
25
9
1983
12.47
15.00
-2.53
El Niño
17
7
1990
14.14
16.60
-2.46
Normal
22
4
1995
19.45
21.90
-2.45
La Niña
25
9
1980
12.56
15.00
-2.44
Normal
22
8
1987
16.02
18.40
-2.38
El Niño
22
9
1990
17.49
19.80
-2.31
Normal
22
5
1987
16.30
18.60
-2.30
El Niño
22
5
1995
16.30
18.60
-2.30
La Niña
26
2
1993
23.21
25.50
-2.29
El Niño
22
4
1997
19.66
21.90
-2.24
El Niño
26
2
1987
23.26
25.50
-2.24
El Niño
26
5
1987
15.57
17.80
-2.23
El Niño
19
8
1984
15.00
17.20
-2.20
Normal
22
9
1983
17.62
19.80
-2.18
El Niño
22
5
1979
16.43
18.60
-2.17
Normal
19
6
1988
15.04
17.20
-2.16
La Niña
17
9
1990
17.85
20.00
-2.15
Normal
5
2
1993
22.57
24.70
-2.13
El Niño
22
8
1984
16.30
18.40
-2.10
Normal
19
1
1979
22.03
24.10
-2.07
Normal
25
8
1984
11.94
14.00
-2.06
Normal
22
7
1985
14.74
16.80
-2.06
La Niña
25
1
1979
17.55
19.60
-2.05
Normal
19
6
1979
15.17
17.20
-2.03
El Niño
25
8
1992
12.03
14.00
-1.97
Normal
25
10
1989
14.54
16.50
-1.96
Normal
22
8
1992
16.46
18.40
-1.94
Normal
10
9
1980
13.08
15.00
-1.92
Normal
25
7
1996
10.89
12.80
-1.91
La Niña
22
6
1983
14.82
16.70
-1.88
El Niño
22
9
1989
17.93
19.80
-1.87
La Niña
22
6
1996
14.90
16.70
-1.80
La Niña
25
10
1981
14.71
16.50
-1.79
Normal
17
2
1993
22.21
24.00
-1.79
El Niño
17
7
1981
14.82
16.60
-1.78
Normal
26
1
1989
23.65
25.40
-1.75
Normal
25
7
1988
11.05
12.80
-1.75
La Niña
19
6
1987
15.45
17.20
-1.75
El Niño
26
2
1988
23.77
25.50
-1.73
Normal
22
4
1992
20.20
21.90
-1.70
El Niño
896
La Niña
Tabela 5 - Anomalias positivas da temperatura mínima, em relação à normal climatológica (1962/1991), DNMET, para um
conjunto de séries deste parâmetro.
Estação
Mês
Ano
T. Minim
Normais
Anomalia
2
8
1995
18.17
10.50
7.67
La Niña
26
7
1987
16.27
9.20
7.07
El Niño
26
7
1995
16.04
9.20
6.84
La Niña
2
7
1995
16.27
9.60
6.67
La Niña
2
5
1984
17.38
10.80
6.58
Normal
2
6
1992
15.91
9.60
6.31
El Niño
2
11
1990
19.60
13.30
6.30
Normal
27
6
1992
13.23
7.00
6.23
El Niño
2
7
1987
15.74
9.60
6.14
El Niño
27
7
1987
12.68
6.60
6.08
El Niño
2
3
1980
20.46
14.50
5.96
Normal
27
7
1995
12.52
6.60
5.92
La Niña
2
4
1990
19.37
13.50
5.87
Normal
2
7
1983
15.44
9.60
5.84
El Niño
2
5
1981
16.58
10.80
5.78
Normal
26
7
1997
14.94
9.20
5.74
El Niño
20
7
1987
16.10
10.40
5.70
El Niño
2
9
1988
17.48
11.80
5.68
La Niña
20
6
1992
15.78
10.10
5.68
El Niño
2
3
1990
20.15
14.50
5.65
Normal
2
6
1984
15.24
9.60
5.64
Normal
27
5
1983
14.53
8.90
5.63
El Niño
26
8
1995
15.78
10.20
5.58
La Niña
27
11
1990
17.56
12.00
5.56
Normal
2
5
1983
16.33
10.80
5.53
El Niño
20
7
1995
15.93
10.40
5.53
La Niña
2
11
1997
18.82
13.30
5.52
El Niño
2
8
1979
16.01
10.50
5.51
El Niño
27
7
1983
12.08
6.60
5.48
El Niño
2
11
1985
18.78
13.30
5.48
La Niña
2
8
1988
15.97
10.50
5.47
La Niña
2
3
1988
19.97
14.50
5.47
Normal
26
8
1982
15.67
10.20
5.47
El Niño
26
10
1984
19.34
13.90
5.44
Normal
26
8
1979
15.63
10.20
5.43
El Niño
2
11
1986
18.71
13.30
5.41
El Niño
2
6
1995
15.00
9.60
5.40
La Niña
2
8
1982
15.90
10.50
5.40
El Niño
2
5
1994
16.17
10.80
5.37
La Niña
2
6
1991
14.96
9.60
5.36
Normal
27
8
1995
13.23
7.90
5.33
La Niña
2
7
1984
14.90
9.60
5.30
Normal
26
6
1992
15.29
10.00
5.29
El Niño
2
10
1993
18.14
12.90
5.24
Normal
2
11
1993
18.52
13.30
5.22
Normal
2
5
1980
15.94
10.80
5.14
Normal
2
5
1986
15.94
10.80
5.14
Normal
2
9
1997
16.91
11.80
5.11
El Niño
26
8
1981
15.30
10.20
5.10
Normal
2
10
1984
17.98
12.90
5.08
Normal
897
Tabela 6 - Anomalias negativas da temperatura mínima, em relação à normal climatológica (1962/1991), DNMET, para um
conjunto de séries deste parâmetro.
Estação
Mês
ano
T. Minim
Normais
Anomalia
22
9
1980
11.67
18.60
-6.93
Normal
22
9
1984
12.04
18.60
-6.56
Normal
22
9
1990
12.30
18.60
-6.30
Normal
22
9
1989
12.50
18.60
-6.10
La Niña
22
9
1996
13.42
18.60
-5.18
La Niña
22
9
1983
13.43
18.60
-5.17
El Niño
22
9
1986
13.55
18.60
-5.05
Normal
22
7
1988
6.54
11.50
-4.96
La Niña
22
9
1987
13.77
18.60
-4.83
El Niño
22
9
1979
13.77
18.60
-4.83
El Niño
22
9
1985
13.90
18.60
-4.70
La Niña
22
9
1981
14.01
18.60
-4.59
Normal
22
9
1992
14.24
18.60
-4.36
Normal
22
7
1996
7.55
11.50
-3.95
La Niña
22
9
1995
14.74
18.60
-3.86
Normal
22
7
1989
7.65
11.50
-3.85
La Niña
22
7
1981
7.74
11.50
-3.76
Normal
22
9
1988
14.93
18.60
-3.67
La Niña
22
9
1993
15.01
18.60
-3.59
Normal
22
9
1994
15.31
18.60
-3.29
La Niña
22
9
1998
15.47
18.60
-3.13
Normal
22
4
1995
13.99
17.10
-3.11
La Niña
22
5
1995
10.99
14.10
-3.11
La Niña
22
8
1987
10.14
13.20
-3.06
El Niño
22
4
1997
14.07
17.10
-3.03
El Niño
22
3
1987
16.95
19.90
-2.95
El Niño
22
7
1990
8.56
11.50
-2.94
Normal
22
2
1993
18.30
21.20
-2.90
El Niño
22
9
1991
15.70
18.60
-2.90
Normal
22
2
1991
18.32
21.20
-2.88
Normal
22
10
1988
14.21
17.00
-2.79
La Niña
22
9
1982
15.90
18.60
-2.70
El Niño
22
7
1985
8.81
11.50
-2.69
La Niña
22
10
1989
14.42
17.00
-2.58
Normal
19
8
1984
11.86
14.30
-2.44
Normal
22
2
1987
18.83
21.20
-2.37
El Niño
22
8
1993
10.84
13.20
-2.36
Normal
22
8
1988
10.85
13.20
-2.35
La Niña
22
6
1985
9.65
12.00
-2.35
La Niña
22
9
1997
16.26
18.60
-2.34
El Niño
19
6
1979
11.61
13.90
-2.29
El Niño
19
6
1987
11.64
13.90
-2.26
El Niño
19
6
1988
11.67
13.90
-2.23
La Niña
22
6
1987
9.79
12.00
-2.21
El Niño
22
2
1988
19.00
21.20
-2.20
Normal
25
9
1980
8.62
10.80
-2.18
Normal
22
10
1986
14.87
17.00
-2.13
El Niño
22
7
1992
9.38
11.50
-2.12
Normal
19
1
1979
18.40
20.50
-2.10
Normal
22
2
1990
19.11
21.20
-2.09
Normal
898
CONCLUSÕES
Analisando-se a distribuição da precipitação no Estado, dentro do período estudado, vê-se que a
variabilidade para um mesmo mês é significativa, sugerindo que a precipitação é um parâmetro meteorológico que
sofre grande variação de ano para ano. Comparando-se essa variável com as anomalias de precipitação, percebe-se
que aparecem anos de maior anomalia positiva para todo o Estado (exemplo: 1983), anos de anomalia positiva para
algumas áreas e negativas para outras (exemplo: 1981) e anos de anomalias negativas para todo o Estado (exemplo:
1985). Comparando-se essas observações com a tabela de Trenberth (tabela 3) e os gráficos de balanço hídrico,
percebe-se que os anos do fenômeno El Niño geralmente são mais úmidos, para quase todo o Estado,
principalmente o sul e sudoeste. Os anos de fenômeno La Niña geralmente apresentam menor precipitação em
relação à média, exceção à região noroeste do Estado, que em alguns anos de La Niña apresenta uma precipitação
significativamente acima da média para a área. O balanço hídrico apresenta excedentes para o noroeste do Estado,
destacando-se as regiões sul e sudoeste como regiões de excedente significativo, pois áreas de precipitação média
próxima a 300mm (1967/1996) apresentam, no fenômeno El Niño de 1982/1983, excedentes hídricos superiores a
700mm em alguns meses. Fica claro, então, que a variabilidade interanual influencia bastante a climatologia da
precipitação do Estado do Paraná. Mas, o mesmo não pode ser dito da temperatura mínima e média, pois, apesar de
observar-se uma variabilidade ano a ano desse parâmetro, elas, aparentemente, não estão relacionadas com o
fenômeno La Niña e o Fenômeno El Niño.
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