A assibilação na formação de palavras em português e
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A assibilação na formação de palavras em português e
845 A assibilação na formação de palavras em português e em inglês: análises via Teoria da Otimidade V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação Letícia Stander Farias1(apresentador), Professora Dra. Leda Bisol2 (orientador) 1 2 Programa de Pós-Graduação em Letras, PUCRS. Programa de Pós-Graduação em Letras, PUCRS. Resumo No presente estudo são examinadas quatro propostas sobre a análise não-serial da assibilação em português e em inglês. Primeiramente, são sumariadas as seguintes teorias: Teoria da Correspondência Transderivacional (Benua,1997), Teoria da Anti-Fidelidade Transderivacional (Alderete, 2001), Conjunção Local de Marcação e Fidelidade (Lubowicz, 2002) e Marcação Comparativa (McCarthy, 2003). A seguir cada uma das referidas teorias é utilizada para exemplificar, preliminarmente, como se conduziria, em cada modelo, a análise do processo de assibilação nas duas línguas em questão. Introdução Processos de assibilação têm sido bastante discutidos na fonologia das línguas do mundo. Raros, por sua vez, são os estudos voltados para a investigação de processos de assibilação na formação de palavras do português e do inglês à luz da Teoria da Otimidade, cujos modelos são os seguintes: Teoria da Correspondência Transderivacional (Benua, 1997), Teoria da Anti-Fidelidade Transderivacional (Alderete, 2001), Conjunção Local de Marcação e Fidelidade (Lubowicz, 2002) e, por fim, a Marcação Comparativa (McCarthy, 2003). Diante disso, justifica-se a presente investigação – parte de um trabalho mais extenso sobre o fenômeno da assibilação – que visa analisar preliminarmente os dados do português e do inglês a fim de estabelecer qual dos referidos modelos é mais simples e mais explicativo para a análise do processo em questão. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 846 Metodologia O presente estudo fundamenta-se nas das seguintes teorias, devidamente resenhadas no trabalho: (i) Teoria da Correspondência Transderivacional (Benua, 1997), (ii) Teoria da Anti-Fidelidade Transderivacional (Alderete, 2001), (iii) Conjunção Local de Marcação e Fidelidade (Lubowicz, 2002) e (iv) Marcação Comparativa (McCarthy, 2003). À luz de cada um dos referidos modelos, dados de assibilação em palavras do português e do inglês, coletados a partir de gramáticas normativas, dicionário Aurélio eletrônico e dicionário Houaiss eletrônico, são analisados e discutidos, a fim de optar pela a teoria que mais bem explica o fenômeno em questão. Resultados e discussão Os resultados preliminares deste estudo indicam que a Conjunção Local de Marcação e Fidelidade (Lubovicz, 2002) é a teoria mais adequada para tratar dos dados de assibilação do português e do inglês, conforme se observa nos Tableaux I e II abaixo. Tableau I Assibilação via sufixo em português pela Conjunção Local de Marcação e Fidelidade [*OCLUS+i&IDENT-F]ω >> *OCLUS+i >> IDENT-F dependente + ia a. dependen[t]ia b. dependen[tS]ia c. dependên[s]ia [*OCLUS+i&IDENT-F]ω *OCLUS+i IDENT-F *! *! * No português brasileiro as africadas são oclusivas, assim como em outras línguas. Diante disso o candidato (b) viola a restrição conjunta por apresentar, ao mesmo tempo, uma oclusiva diante de /i/, desatendendo a restrição de marcação e a obstruinte /t/ palatalizada, violando IDENT-F que exige fidelidade aos traços do input. O candidato (a) é rejeitado pela restrição de marcação. O vencedor é candidato (c) que substitui /t/ por /s/ como um produto da assibilação, cuja análise se explica pela hierarquia das restrições comentadas. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 847 Tableau II Assibilação via sufixo em inglês pela Conjunção Local de Marcação e Fidelidade [*OCLUS+i&IDENT-F]ω >> *OCLUS+i >> IDENT-F dependent + y a. dependen[t]y b. dependen[d]y c. dependen[s]y [*OCLUS+i&IDENT-F]ω *OCLUS+i IDENT-F *! *! * Os dados do inglês ilustram que o candidato (b) fere a restrição conjunta [*OCLUS+i&IDENT-F]ω por apresentar uma oclusiva seguida de /i/ e não ser fiel ao traços do input. O candidato (a) viola fatalmente a restrição *OCLUS+i; em função da sequência /ti/. O candidato (c), que apresenta a alternância /t/ para /s/, é o escolhido como ótimo por apresentar apenas uma violação de IDENT-F, ranqueada mais abaixo na hierarquia. A teoria da Conjunção Local de Restrições de Marcação e Fidelidade oferece, pois, uma análise ao mesmo tempo simples e explicativa do fenômeno em questão. Conclusão Os resultados preliminares sobre processo de assibilação revelam que das quatro teorias examinadas, três chegam ao resultado esperado. Apenas a Teoria da Correspondência Transderivacional parece sobrecarregar a análise sem oferecer o resultado desejado nas línguas em estudo. A Conjunção Local de Marcação e Fidelidade é, por outro lado, a proposta que parece a mais simples e mais explicativa para dar conta do fenômeno em questão. Referências ALDERETE, John. Dominance effects as transderivational anti-faithfulness. [ROA 407 http://ruccs.rutgers.edu/roa.html], 2001. BENUA, Laura. Transderivational Identity: Phonological Relations Between Words. Doctoral dissertation. Amherst, MA: University of Massachusetts, Amherst, 1997. LUBOWICZ, Anna. Derived Environment Effects in Optimality Theory. Lingua 112, p. 243280, 2002. McCARTHY, John. Comparative Markedness [short version]. Theoretical Linguistics. 2003. McCARTHY, John. Comparative Markedness. Rutgers Optimality Archive 489, 2002. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010