Primeiras páginas - A Esfera dos Livros

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Primeiras páginas - A Esfera dos Livros
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DAR À LÍNGUA
Um momento cultural com provérbios espanhóis
Hablando, perderás; oyendo, ganarás.
Perceberam? Calem a boca!
Hablar por los codos, aburrir a todos.
Ora aí está uma grande verdade!
Será a língua portuguesa assim tão diferente da espanhola?
Para começar, não há nada como uma verdade científica: os ingleses
falam inglês, os franceses falam francês, os alemães, alemão, os portugueses falam português, os russos não falam, bebem, os espanhóis falam castelhano! É verdade, os espanhóis não falam espanhol! Falam castelhano
que, como todos sabemos, é a língua que falavam os Castelões antes de se
terem transformado em queijos limianos. E permitam-me uma frase poética,
tão poética como um poema de Rosa Lobato Faria: um povo sem língua é
uma tristeza para os elementos do sexo feminino!
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Quer o português, quer o… espanhol (chamemos-lhe assim por ser mais
fácil de escrever) derivam de uma mesma língua: o latim. Ao contrário do
que o leitor pensa, o latim não era a língua que falavam os Latins. Era a língua dos romanos, que ao contrário do que o leitor pensa, não eram originários da Romã. Seja como for, muitas trocas culturais depois (com muita porradinha pelo caminho) o latim deu origem a várias línguas, entre as quais o
português e o «espanhol» (eh!eh!eh!e, eles não têm língua!!!). Durante muitos séculos, os espanhóis tiveram a mania que nos punham a falar «espanhol» mas os portugueses resistiram heroicamente a essas manias. Foi então,
que o espírito mesquinho e vingativo dos nuestros hermanos se revelou:
inventaram máquinas terríveis para nos porem a falar «espanhol». Foi assim
que foi inventada a Zara, a Maximo Dutti, o Corte Inglés e a Penélope Cruz.
Para mim, há uma coisa que é clara: os espanhóis não fazem o mínimo
esforço para nos tentar perceber. Essa é que é essa. Os portugueses, pelo
contrário, fazem tudo para tentarem perceber que não percebem nada mas
nunca dizem que nada percebem! Nós os portugueses, para além de assassinarmos a língua espanhola, fazemos sempre figuras tristes e infelizes ao
tentar explicarmo-nos na língua (ou lá o que é aquilo!) deles… e aqui, há
que ter a coragem para pôr a nu – com tudo à mostra – um dos objectivos
mais importantes dos espanhóis: expor-nos ao ridículo e testar os nossos
limites, que como toda a gente sabe não existem.
Para mostrar que sabe falar línguas, vale tudo para um português. Não
há português que se preze – do intelectual ao carteirista, do presidente da
Federação Portuguesa de Futebol ao cadáver com menos de 24 horas – que
não faça tudo, mas mesmo tudo, para ajudar o infeliz turista inglês de pé
descalço a tentar encontrar o bar onde pode apanhar a bebedeira pelo preço
mais barato. O espanhol, não. O espanhol, meus amigos, não mexe uma
palha para ajudar um português a encontrar o hospital mais próximo mesmo
que o tuga tenha a cabeça presa por um fio.
Qual é o português que nunca passou por aquela situação em que,
2 metros depois de ter entrado na fronteira espanhola, já está a ser parado
e multado pela Guardia Civil por ter passado um cruzamento a mais de
220 quilómetros à hora? E o português a dizer: «Senhior Guardia estái einganiado, pior favior eiu niem a diez quiolómetrios ia com lo automoviel!»
A única coisa que o polícia espanhol nos responde é: «No te entiendo… no
te entiendo… mira la multa, da me el dinero ou vais a pé para casa que te
f...!». Porque para os espanhóis a língua portuguesa assemelha-se ao sibi-
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lar de uma cobra! Eu explico… por mais que você se esforce por falar, e em
fazer-se entender, todo o vocabulário que sai da sua boca para os ouvidos
de qualquer espanhol resume-se ao som…
Sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss…
É a isto que soa a língua portuguesa para qualquer espanhol, do Julio
Iglesias ao Futre, do Joaquim de Almeida ao José Saramago! Você tanto
pode estar a chamar um táxi ou apanhar um gato na rua, para um espanhol é a mesma coisa! Mais, para um espanhol a maneira de falar de um
português assemelha-se a uma constipação, ou seja, para os nuestros hermanos os portugueses são um povo constantemente doente, com gripe e
que não gosta de ir a médicos a não ser para arranjar uma baixa. Em suma,
nós somos os vizinhos fanhosos de Espanha e esta é a dura realidade, e é
por isso que os espanhóis não movem uma palha para aprender a falar português…«para qué si los portugueses nos entienden!!»
É por isto que todos os espanhóis falam tão bem Inglês, Francês e até
mesmo Português (estou a ser irónico, caso não tenham percebido!) Aliás é
maravilhoso o ouvido que os Espanhóis têm para as línguas.
Não é desconhecida a dificuldade dos espanhóis para aprender e falar
outras línguas. Esta dificuldade advém de uma coisa chamada presunção,
preguiça e falta de jeito!
Já ouviram um espanhol a falar inglês? Já ouviram o Antonio Banderas a
falar inglês? Ao pé dele o Joaquim de Almeida até parece que nasceu em
Oxford! É hilariante… parece que está a falar com uma batata quente na boca!
Já um português acha que fala todas as línguas e de facto onde chega,
melhor ou pior, consegue entender-se e desenrascar-se. Por exemplo: um simples agente estagiário de 2.ª classe do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) chega a uma obra nos subúrbios de Lisboa e é vê-lo, com todo o à vontade, a passar multas em esloveno, ucraniano, russo, etc., etc. Caso o leitor
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não tenha ficado convencido, dou-lhe já outro exemplo: um qualquer jogador de um clube da 1.ª Liga Portuguesa de Futebol chega a uma casa de
alterne e é vê-lo a falar esloveno, ucraniano ou russo sem qualquer problema.
Em Portugal consegue-se entender bem os espanhóis e comunicar com
eles porque se joga muito Pictionary. Quando um espanhol nos faz uma pergunta na sua língua e nós respondemos, a única coisa que sabem dizer repetidamente é: «Num te entiendo! Num te entiendo!» Mas, quando lhes respondemos como se jogássemos Pictionary, fazendo desenhos e gesticulando
como se não houvesse amanhã, o rosto dos espanhóis ilumina-se como se
tivessem sido abençoados por uma inteligência divina! Do taxista ao empregado de mesa (que se for algarvio até latim consegue falar se lhe derem uma
gorjeta), o truque é aumentarmos o volume da voz, abrirmos a boca para
as consoantes e vogais saírem mais claras e dizermos:
«ESTIÁS A GOSTIARE DAS FIERIAS EM PORTUGIALI?»
Acho que é por toda esta capacidade de comunicarmos que os espanhóis
nos consideram sus hermanos! E é por isso, e só por isso, que eles vem cá
na Páscoa comer a nossa comida, apanhar sol nas nossas praias e montar
as suas empresas e as nossas mulheres. (Diga? Claro... sim, eu sei... estou a
ser irónico outra vez). Chegados a este ponto, temos que ser honestos e já
que não somos quando preenchemos o IRS, ao menos que o sejamos aqui.
Nós, os portugueses, exageramos sempre que um estrangeiro (pode ser um
espanhol que ainda é considerado estrangeiro) nos pede ajuda. Imagine que
está de frente para o Mosteiro dos Jerónimos e lhe aparece um casal homossexual de espanhóis (recém-casado) e lhe pergunta onde são os Pastéis de
Belém? Ora, o nosso compatriota, em vez de dizer simplesmente que basta
atravessar a rua e é em frente, começa por dizer que se entraram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso têm de apanhar o IP-5, a A-1, a
Segunda Circular e por aí adiante... mas assim que os espanhóis, agradecidos, viram costas, é ouvir o tuga dizer «paneleiros dos espanhóis, nem vêem
que é ali mesmo em frente!»
Aqui tenho que fazer uma ressalva, para aquelas pessoas que dizem que
o meu amigo Fernando Rocha diz muitos palavrões… vocês já ouviram os
espanhóis a conversar? O leitor já se apercebeu da quantidade de barbaridades que saem daquelas bocas por minuto. Uma conversa banal entre dois
espanhóis resume-se a:
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Do taxista ao empregado de mesa (que se for algarvio até latim consegue falar se lhe
derem uma gorjeta), o truque é aumentarmos o volume da voz, abrirmos a boca
para as consoantes e vogais saírem mais claras.
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AVISO: o diálogo que se segue não é aconselhável a cardíacos com
problemas de coração, grávidas com problemas de barriga, anões com
complexos de inferioridade, etc, etc...
– Hola maricón……blá blá…sí, sí de puta……madre blá blá….no jodas
…….maricón…sí, sí de puta madre blá blá blá…
– Qué tal ….cabrón…hijo de puta….joder…blá blá blá….cabrón….hóstia……que cabróncete….maricón…blá blá blá….
– Sí claro, gilipollas…..tonto del culo….mariconcete…blá blá blá…..
maricón……blá blá…hijo de puta…blá blá….tonto del culo…….
maricón…blá blá blá….
– Pero cabrón…hijo de puta….joder…blá blá blá….cabrón….la hóstia……que cabróncete….maricón…blá blá blá….gilipollas…..tonto
del culo….mariconcete…blá blá blá….. maricón……blá blá…
– Adios, cabrón!
– Hasta mañana, hijo de puta!
De certo está de boca aberta a pensar o mesmo que eu… que bem que
eles se tratam! Mas esta é a crua verdade, e esta verdade não fica por aqui
já que os espanhóis fazem questão, nas conversas que mantêm uns com os
outros, de estar constantemente a fazer menção aos seus órgãos genitais!
Portanto é mais que natural que você uma vez em Espanha se depare com
expressões do tipo… «me toca los huevos», «me toca la polla», «que
mamón», «ME LA SUDA»… e nesta altura você não está a ler um guião de
um filme porno, mas sim dois espanhóis a falarem alegremente do dia que
tiveram ontem!
Você quer mesmo ser «hermano» de pessoas assim? Aliás, preocupa-me
muito que, graças às más influências dos nossos vizinhos do lado e ao facto
dos vídeos porno serem mais baratos de descarregar na Internet espanhola,
99,9% dos adolescentes portugueses iniciem a sua vida sexual em espanhol
e não em português. Estamos no caminho certo para o fim dos orgasmos
em português (mesmo dos fingidos)! E lembre-se o leitor que também já
não temos o lince da Serra da Malcata!!!
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O PROBLEMA DO VOLUME
Momento cultural
No por mucho gritar se habla mejor.
Perceberam? Baixem o volume!
Outra pergunta que se põe é porque é que os espanhóis falam sempre
com o tom de voz da Júlia Pinheiro e com a dicção e o speed da Teresa Guilherme? Porquê tanta gritaria? Têm necessidade de atenção especial? E essa
velocidade toda a falar é com medo de se esquecerem do que querem dizer?
Ou é só mesmo para ficarmos com ar de parvos e termos que dizer:
«Importa-se de falar mais devagar e já agora dava-me muito jeito que não
me cuspisse na cara!» ou como se diria em portinhol: «Impiorta-se de faliar
mais divaguiar e jiá aguiora diava-me miuito jieto quie não mi cuispiesse na
caria!»
É um facto comprovado e científico que Madrid é uma das cidades do
mundo acusticamente mais contaminada: chega ao ponto de falarem tão
alto que qualquer turista pensa que em Espanha todos estão chateados
com todos, tal é a gritaria infernal! Aliás, sabe o caro leitor que foi criada
pela Organização Mundial de Saúde uma tabela comparativa de gritaria para
auxiliar o turista incauto que desembarca nas ruas de Madrid? É verdade
que foi. Em primeira mão, apresento-lhe alguns dados da lista:
Um espanhol a falar ao telemóvel equivale ao som de:
– 5 portugueses a falarem sobre gajas numa festa de homens.
– 57 esquimós a cantarem por terem morto mais uma foca cinzenta.
– 890 finlandeses numa manifestação contra a matança das focas.
Eu nem sei para que é que eles precisam de telemóveis bastava gritarem uns para os outros que conseguiriam comunicar de uma ponta do
país à outra... e a ponta do país é bem grande! E eu pergunto qual é o
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gozo de gritar a um telemóvel? Eles devem achar que pagam menos se
gritarem ou que a bateria dura mais umas horas. Gritar ao telemóvel faz
tanto sentido como falar alto quando se está de férias… Mas os espanhóis
conseguem fazer as duas coisas! Aliás, cada povo tem a sua própria
maneira de falar: os italianos gesticulam por tudo e por nada, os portugueses cospem para o chão e coçam as «partes baixas»... Os espanhóis
falam alto e tanto faz que estejam a reclamar na secção de Perdidos e
Achados a mala que a TAP perdeu (para sempre) ou a falar ao telemóvel.
Está-lhes no sangue.
Em qualquer praia do mundo, em qualquer lugar por mais recôndito que
seja, um espanhol nunca passa despercebido. Eles fazem questão de se fazerem notar através da emissão de ruídos! Para qualquer pessoa normal, as
férias são um sinal de descanso, relax, de fuga ao stress. Para um espanhol,
não. Férias significam continuar a gritaria, mas desta vez fora do país. E se
você, caro leitor, tem o azar de, durante as férias, dar de caras com um grupo
de turistas espanhóis, garanto-lhe que é como se estivesse 24h por dia no
mercado do Bulhão no Porto na secção do peixe, sentado mesmo ao lado
da dona Josefa e da dona Delfina, pois os espanhóis parece que estão sempre a tentar vender algo em Lá maior.
Neste caso sugiro duas alternativas: algodão ou uma arma!
Se não quer chegar a este extremo pode fazer uma coisa que incomoda
qualquer espanhol, em qualquer língua: sussurrar-lhe, falar muito baixinho.
Como ele não está habituado, nem programado a reagir e a interagir com
um volume de voz tão baixo, o mais provável é ele entrar em paranóia e
acabar por cometer uma loucura, o que para si significaria umas férias em
paz e sossego.
FACTO CIENTÍFICO: descobri recentemente que os espanhóis
gostam de ouvir o Toy a cantar. Porque será? A resposta já a seguir…
ou não.
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Em qualquer praia do mundo, em qualquer lugar por mais recôndito que seja,
um espanhol nunca passa despercebido. Eles fazem questão de se fazerem
notar através da emissão de ruídos!
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Os Espanhóis e a Mania das Dobragens
E já que estamos a falar do jeito espanhol para a língua estrangeira, falemos de uma virtude que os espanhóis têm: o facto de produzirem grandes
bandas e grandes canções, grandes filmes, grandes actores e depois fazerem de tudo isto um êxito à escala mundial, deixando que os países alterem
os nomes de espanhol para inglês ou para qualquer outra língua, sem que
haja com isso qualquer problema de identidade. Claro que é de domínio
comum que os Rolling Stones são espanhóis e que o seu nome original é
Piedras Rolantes. Como os Stones há muitos outros, como o caso dos
Pimientas Rojos e Picantes que mundialmente são conhecidos por Red Hot
Chilli Pepper.
Veja-se também a evolução dos espanhóis na indústria cinematográfica.
Enquanto em Portugal os filmes estrangeiros têm que ter legendas, em Espanha não é preciso. A verdade é só uma (e esta revelação que vou fazer de
seguida pode chocar muita gente): os actores de Hollywood, na realidade,
são todos nascidos e criados em Espanha! O que acontece é que os espanhóis exportam os seus filmes para o estrangeiro (e para os espanhóis estrangeiro é já a contar com a Catalunha), e como os americanos, tal como os
espanhóis, não falam outra língua que não seja a deles, dobram tudo em
inglês lá nas Américas! Quem é que não foi ao cinema em Espanha e ouviu
o Tom Cruise a falar espanhol com a Nicole Kidman? Até a própria Guerra
das Estrelas tem o seu Darth Vader com respiração em espanhol e tudo! Eles
não brincam em serviço e dobram todas as séries e filmes, desde os Teletubies, aos Sopranos, passando pelas Missões Impossíveis e todos os filmes do
John Wayne, nem os filmes do Manuel de Oliveira escapam! (mas nem assim
eles conseguem dar mais ritmo à coisa!) Nós, a única coisa que dobramos
em Portugal são as costas sempre que o Governo tem mais uma das suas
ideias geniais!
A indústria pornográfica também é muito versátil, os espanhóis chegam
a frequentar cursos superiores de línguas para poder chegar ao topo da carreira nesta indústria, onde dobrar um gemido não é tarefa fácil. Quando
alguém liga SEM QUERER o canal Vénus, pode apreciar SEM VERGONHA
as maravilhas da dobragem espanhola. Aquilo que dantes era um simples
«Humm! Humm! Humm...» em inglês, passa a ser em espanhol:
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– Tioma! Tioma! Tioma! Te Gusta?
– Dame-la, dame-la!!!!
– Ui qui bion, tioma más, tioma! Tioma! Tioma!
...Mas passadas umas cenas, os actores espanhóis ambientam-se, não se
contêm e lá vem a tradicional maneira deles se exprimirem uns com os
outros:
– Tioma, puta madre, tioma, tioma! Te gusta, cabrona?
– Dame-la, cabrón, dame-la!
– Ui qui bion, puta madre, tioma, tioma, tioma!
É claro que se isto fosse dobrado em português seria uma coisa deste
género:
– Há duas semanas... upa… que estava à espera de poder... upa... fazer
amor com a shô dona, e olhe... upa, upa... que estou a gostar. Upa, upa, se
estou, isto cansa é... upa... um bocado… upa... não... upa... é?
Pior que uma má dobragem em espanhol de um filme porno só uma boa
dobragem em espanhol de uma série de desenhos animados. Aliás, não sei
se o caro leitor já pensou nisso, mas no Japão todos os bonecos falam espanhol... pelo menos a julgar pelos filmes de animação que passam no Canal
Panda (em espanhol, Canial Piandia). Mas é claro, que também neste caso
– e mesmo sabendo que podem estar algumas crianças a ver, sobretudo as
que estão de castigo – os actores que dobram a voz de uma Heidi, de um
Marco ou de uma Abelha Maia (em espanhol «Abielhia Miaia») não se contêm e vai daí lá saem disparadas as habituais frases do dia-a-dia:
– Tioma Heidi, puta padre, tioma, tioma! Te gusta, cabrona?
– Dame-la, Marco, cabrón, dame-la!
– Ui qui bion, puta madre, Heidi, tioma, tioma, tioma!
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