Jornal O Sexto - Ano 7

Transcrição

Jornal O Sexto - Ano 7
40
JORNAL ESCOLAR
COLÉGIO PAULO VI
UMA VERDADEIRA ESCOLA DE VALORES
FUNDADA EM 1964
COM ELEVADA QUALIDADE DE ENSINO
SEGURANÇA E VIGILÂNCIA CONSTANTES
PERMANENTE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA
JAN. 2006
Ano VII • Nº 1
www.colegiopaulovi.com
SEXTO: 3º lugar a nível Nacional
O nosso objectivo não era o de chegar e vencer, mas acabou por acontecer isso mesmo quando em Outubro recebemos a surpreendente notícia de que O SEXTO foi contemplado com o 3º lugar no Concurso
Nacional de Jornais Escolares do Jornal PÚBLICO. Agora o rosto do nosso Colégio é também um campeão!
(p. 3)
7
razões para te matriculares
no COLÉGIO PAULO VI:
- boa preparação académica
- óptimas instalações
- ambiente acolhedor e
familiar
- segurança
- fomento à actividade
desportiva
- projectos de inovação
pedagógica e fomento das
novas tecnologias
- orientação vocacional e
apoio psicológico
Creche
Ensino Pré-escolar
Ensino Básico
Ensino Secundário
Curso de Ciências e Tecnologias
Curso de Ciências Socioeconómicas
Curso de Ciências Sociais e
Humanas
Conversa com
o escritor
Richard Zimler
O FUTURO COMEÇA HOJE:
SOMOS FINALISTAS!
Comparticipações do Ministério da Educação:
A festa foi temperada com vários momentos de entretenimento,
alongando-se entre encontros e abraços, sessões de fotografia e
muita animação.
o Subsídio para o Ensino Pré-escolar (Contrato de Desenvolvimento)
o Subsídio para o Ensino Básico (Contrato Simples)
o Ensino gratuito no Ensino Secundário (Contrato de Associação)
Informações: (dias úteis das 08h30 às 12h30 e das 13h30 às 17h30)
Av. Gen. Humberto Delgado, 201 4420-155 Gondomar
Tlf. 22 464 60 27 Fax 22 464 58 54 Telm.: 91 2301989 / 96 2044244
http://www.colegiopaulovi.com
(p. 5)
UM INVESTIMENTO EM GRUPOS
TEMÁTICOS
Ver o mundo através dos sentidos
das minhas personagens é, para
mim, o maior desafio.
(p. 23)
O grande investimento do Programa Porta Aberta para este ano
é a inclusão dos alunos em projectos de grupo que abordem
assuntos controversos e da actualidade, jogos de lógica, raciocínio e memória, literatura, entre outros.
(p. 14)
PUBLICIDADE
2
ÍNDICE
Grande Colégio
03
Grande Colégio
– actividades
EDITORIAL
Em cada ano que passa, há
comemorações que se repetem
e nos enchem de alegria sempre
que as festejamos, tais como o
nosso aniversário, os dos nossos familiares e outros tantos
momentos, que marcam as nossas vidas e nos trazem felicidade. Mas o Natal é um momento
diferente: há encantamento e há
verdade nesta época. Celebrar
o Natal é abrir o coração aos
outros, nem que seja através de
uma simples lembrança, ou de
um gesto singelo que expresse
a nossa amizade. A comemoração do Natal não se vive apenas
a 25 de Dezembro, esta deve
ser renovada a cada dia do ano,
com gestos de amizade e de
atenção para com os outros. A
organização que envolve a campanha da já tradicional ida aos
orfanatos é uma forma autêntica
de celebrarmos o Natal e, sempre que é necessário colaborar
e ajudar, sabemos que podemos
contar com o apoio da comunidade do Colégio Paulo VI.
O trabalho realizado pela equipa
do jornal “O Sexto” é um exemplo de entrega e dedicação. O
resultado final é um jornal autêntico que já recebeu um merecido
prémio a nível nacional. Às coordenadoras e restante equipa os
meus sinceros parabéns. Para
os alunos, um bom ano e sucesso para os vossos estudos e
não se esqueçam que “só no
dicionário é que o êxito aparece
antes do trabalho.”
Prof.ª Cláudia Branco
07
Desporto
12
Porta Aberta
13
Artes e Letras
23
Página da Saúde
31
Nosso Mundo
33
Página do Inglês
35
Passatempos
36
Matemática Divertida
37
Publicidade
38
Última Página
40
FICHA TÉCNICA
Coordenadoras
Prof.ª Mónica Sanches
Dr.ª Conceição Gomes
Dinamizador de edição
Prof. João Vieira
Dinamizadores de redacção
Prof.ª Joana Magalhães e
Prof.ª Marta Rodrigues
Fotografia e imagem
Prof.ª Conceição Cardoso
Colaboradores
Prof.ª Cláudia Branco, Prof. Luís
Cravo, Prof. Paulo Koch,
Prof.ª Cristina Silva,
Prof.ª Raquel Almeida Silva,
Prof.ª Paula Ramos, Prof.ª Ana
Cristina Fidalgo, Prof.ª Anabela
Matoso, Prof.ª Raquel Silva,
Prof. Sérgio Botelho,
Dr.ª Daniela Alves
Alunos do Clube do Jornal
Alunos do Programa Porta Aberta
Periodicidade
Trimestral
Tiragem
1000 exemplares
Distribuição Gratuita
39
38
GRANDE COLÉGIO
PUBLICIDADE
3
O inconfundível sabor da Vitória
Montar um jornal é uma obra de amor: a escolha de cada foto, o arranjo de cada frase, o
retoque de cada página é um momento de profunda dádiva. E, quando o produto final aparece é um instante de plena euforia… a obra nasceu!
N
ão se trabalhou todo o ano
lectivo com o objectivo de chegar e vencer, mas acabou por
acontecer isso mesmo quando
em Outubro recebemos a feliz e
surpreendente notícia de que O
Sexto teria sido contemplado
com o terceiro lugar no Concurso Nacional de Jornais Escolares do Jornal PÚBLICO. Tratase de um concurso promovido,
anualmente, pelo Projecto
PÚBLICO na Escola, que conta
com o apoio do Ministério da
Educação; da Ciência Viva –
Agência Nacional para a Cultura
Científica e Tecnológica; do
Centro Português de Design; e
da Porto Editora. Este concurso
tem como principal objectivo
“estimular a prática de um jornalismo escolar crítico e imaginativo, alargando-o a um número
maior de escolas e com redobradas preocupações de qualidade; aumentar a importância
da utilização dos jornais escolares no processo de ensino/
aprendizagem e na construção
da identidade das escolas; fazer
dos jornais escolares um instrumento cívico para a discussão
de temas relevantes para a
comunidade escolar e para a
promoção de relações entre a
escola e o meio envolvente (…);
aprofundar o conhecimento das
virtualidades e limitações da
actividade jornalística; contribuir
para o desenvolvimento da Educação para os Media; promover
a utilização das Tecnologias da
Informação e da Comunicação
na produção de jornais escolares; e utilizar o jornal escolar
como um instrumento de divulgação científica”.
Mas não nos ficámos apenas
pela classificação do jornal pelo
todo. Alguns dos nossos textos
foram seleccionados, pela sua
qualidade, para integrar o boletim PÚBLICO na Escola,
nomeadamente os artigos “Uma
conversa com Agustina BessaLuís”, “Uma conversa com Mário
Cláudio” e “Dima”.
Saúde da Câmara Municipal de
Gondomar e que contou com o
apoio de vários estabelecimentos de ensino oficiais e particulares.
Como educar para
a saúde?
Como educar para a saúde? foi
a pergunta lançada pelo Jornal
PÚBLICO, através do seu Boletim mensal PÚBLICO na Escola,
como desafio para o concurso
nacional de jornais escolares.
Sem dúvida, esta foi uma pergunta pertinente e que suscitou
diversas respostas nos muitos
jornais que concorreram. O Sexto tentou responder a este questão, não só através das suas
Secções do Desporto Escolar e
da Saúde mas, essencialmente,
através das actividades desenvolvidas e que deram rosto aos
artigos publicados no jornal. Os
artigos de opinião tentaram
abordar questões relacionadas
com áreas de risco para a saúde
individual e para a saúde pública, tais como os malefícios do
tabaco, os riscos da poluição
atmosférica, ou as consequências da anorexia na adolescência. Por outro lado, foram também abordados aspectos como
as vantagens de se ter uma alimentação saudável ou de assumir posturas correctas nas actividades do quotidiano. As actividades em torno deste tema
foram particularmente bem acolhidas pela população do Colégio. De salientar, foi a integração do tema relacionado com
os malefícios do tabaco na
Quinzena da Saúde 2004, iniciativa promovida pela divisão de
Nesta iniciativa, a participação
do nosso Colégio fez-se sentir
através de diversas actividades
relativas aos temas: (1) os malefícios do tabaco; (2) rastreio do
monóxido de carbono; (3) saúde
ambiental e reciclagem; e (4)
sexualidade e afectos. Ainda
enquadrado na Quinzena da
Saúde 2004, realizou-se um
convívio desportivo de futsal
feminino e basquetebol masculino. Estas actividades contam
4
com um breve artigo na página
13, ano 6, nº 1, deste jornal. E,
como não podia de deixar de
ser, a secção do Desporto Escolar deu sempre especial relevo à
prática do desporto, relacionando esta com o bem-estar e a
saúde.
GRANDE COLÉGIO
dentro e fora da escola, sendo
que a ministra ressaltou o trabalho de todos os que coordenam
tal trabalho, mostrando que é
possível ter escolas que não
estão “reduzidas ao mínimo e
não se limitam às aulas, mas
concretizam trabalho que está
MATEMÁTICA DIVERTIDA
E agora…?
Não queremos que este tão
querido Prémio nos “suba à
cabeça” e, provavelmente, a
resposta mais sensata será
dizer que não vamos mudar
muito, mas sim melhorar. Tal
como na educação, num jornal,
a obra nunca está concluída e
quando se pensa que já se vai
longe, olha-se para trás e novamente para a frente. Nesse
momento, somos confrontados
com uma ainda longa caminhada que temos de percorrer. Pois
assim parece ser.
O Sexto é um Jornal que
serve,
cada
vez
mais,
como o rosto do nosso
Colégio, dos nossos valores, das nossas ambições
e da nossa identidade.
Um grande momento para
gente em grande
Tudo correu como bem se esperava. A cerimónia de atribuição
do prémio pela reconhecida
qualidade do nosso Jornal aconteceu no Auditório da Fundação
de Serralves, no passado dia 23
de Novembro, e contou com a
presença da Ministra da Educação, a Prof.ª Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues, e de todos os
representantes dos vários organismos que apoiam esta iniciativa, nomeadamente, o Eng. Vasco Teixeira, Director da Porto
Editora, a Drª Paula Gris, Presidente do Centro de Português
de Design, a Drª Rosário Oliveira, representante da Ciência
Viva - Agência Nacional para a
Cultura, Ciência e Tecnologia, o
Eng. Hugo Figueiredo, em
representação do Jornal PÚBLICO, entre outras individualidades. Cada um dos presentes
destacou o importante papel do
Jornal Escolar como peça fundamental de comunicação
muito para além da sua obrigação restrita”. O nosso Colégio
esteve igualmente bem representado, através da presença da
Prof.ª Mónica Sanches e da Dr.ª
Dulce Machado, como elementos da coordenação do Jornal e
da Direcção do Colégio, respectivamente.
Outros elementos que colaboram com a dinamização do Jornal, professores e alunos, estiveram também presentes na cerimónia, numa tão ansiada tarde
de reconhecimento.
No momento da atribuição do
prémio (1250 euros), recebido
vaidosamente pela Prof.ª Mónica
Sanches, esta salientou que,
numa altura em que os professores se lamentam da dificuldade
em motivar os alunos para a
escrita, é com enorme orgulho
que, enquanto professora de
Português, descobriu o meio
ideal para ver os alunos escreverem, e escreverem bem, sobre
temas dos seus interesses.
O Sexto irá melhorar com algumas mudanças na disposição
gráfica, que o transformem num
meio de comunicação mais apelativo e cada vez mais actual.
Serão valorizados, cada vez
mais, os artigos que se distingam pelo seu conteúdo e pela
sua qualidade jornalística – as
entrevistas, as notícias, as crónicas e as reportagens. Mas,
acima de tudo, irá haver uma
colaboração maior de uma equipa dedicada e competente de
alunos e professores.
Há, no entanto, algo que para
nós fica bem claro: O Sexto é
um Jornal que serve, cada vez
mais, como o rosto do nosso
Colégio, dos nossos valores,
das nossas ambições e da nossa identidade. É um rosto que já
é visto por muitos e em muitos
lugares. Inegavelmente, esta é
uma gigantesca responsabilidade!
Dr.ª Conceição Gomes
Prof.ª Mónica Sanches
Humor Matemático
{[(Poema de Millor
Fernandes)]}
"Às folhas tantas do livro de
matemática,
um quociente apaixonou-se
um dia doidamente por uma
incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base.
Uma figura ímpar, olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua uma vida paralela à dela até que se
encontraram no infinito.
"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical.
"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos,
mas pode me chamar de hipotenusa".
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética,
corresponde a almas irmãs, primos entre si.
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da
luz
numa sexta potenciação traçando ao sabor do
momento e da paixão rectas,
curvas, círculos e linhas sinodais.
Nos jardins da quarta dimensão,
escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
e os exegetas do universo finito.
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas
e, enfim,
resolveram casar, constituir um lar, mais que um lar,
uma perpendicular.
Convidaram os padrinhos:
o poliedro e a bissectriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro,
sonhando com uma felicidade integral e diferencial.
E casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos
e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal,
vira monotonia.
Foi então que surgiu o máximo divisor comum,
frequentador de círculos concêntricos viciosos,
ofereceu-lhe,
a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um
denominador comum.
Ele, quociente percebeu que com ela não formava
mais um todo, uma unidade.
Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema,
ele era a fracção mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser moralidade,
como, aliás, em qualquer Sociedade ..."
Millor Fernandes
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PASSATEMPOS
36
GRANDE COLÉGIO
Estes três pares de desenhos parecem iguais. Na realidade, existem pelo menos seis diferenças
entre eles. É um teste à tua capacidade de observação. Descobre-as.
5
O futuro começa hoje: somos finalistas!
Assim, a Direcção do Colégio
congratulou aqueles que almejaram e alcançaram médias finais
extraordinárias, na voz da Dr.ª
Dulce Machado e do Eng.º Rui
Castro.
No final da gala, todos os presentes foram convidados para
um Porto d’ Honra, que teve
lugar no Colégio onde decorreu,
seguidamente, o jantar.
Mais uma vez, no dia 19 de
Novembro, o Colégio Paulo VI
acolheu os alunos que terminaram o 12º ano, numa festa de
homenagem seguida de um Porto d’ Honra e de um jantar muito
animado.
ANEDOTAS
Um homem para Deus:
— Deus, porque é que fizeste as mulheres tão belas?
Deus:
— Para vocês gostarem delas.
Homem:
— E porque é que as fizeste tão parvas?
Deus:— Para elas gostarem de vocês.
Numa relojoaria:
- Quanto pede o senhor por este relógio?
- Cinco euros. O mesmo que dei por ele.
- Ora essa! Então onde tira o seu lucro?
- Nos consertos.
Diálogo entre soldados:
- Não me incomodes. Não vês que estou a escrever à
minha noiva?
- E porque é que escreves tão devagar?
- Porque ela não sabe ler depressa.
Solução p. 35:
J.K.Rowling
Após vários dias de preparativos, emoção e ansiedade, Sábado acordou chuvoso e triste,
rebatendo a alegria que se esperava… No entanto, não havia
condições atmosféricas que
fizessem esmorecer o entusiasmo de todos os que participaram
neste evento.
Tal como se verificou em anos
anteriores, a Gala de Homenagem teve lugar no Auditório
Municipal de Gondomar, durante
a tarde, e contou com a presença de alunos, pais e, como não
poderia deixar de ser, direcção,
professores e funcionários do
Colégio. A par da entrega de
diplomas aos alunos, a festa foi
temperada com vários momentos de entretenimento, desde
ginástica acrobática, até aeróbica, passando pelo ballet. De
salientar que todos os artistas
estavam no seu melhor, pelo
que, mais uma vez, é louvável a
entrega e dedicação com que a
organização, na coordenação da
Profª Cidália Monteiro, e toda a
comunidade escolar trabalhou
para homenagear os alunos
finalistas. Todos os momentos
da gala foram harmoniosamente
conduzidos pelos apresentadores – os professores Paula
Ramos e João Vieira -, que animaram a tarde com a sua boa
disposição e o seu savoir faire.
Após a entrega dos diplomas a
todos os finalistas, houve um
momento dedicado ao sucesso
dos alunos que obtiveram notas
dignas de excelência.
Ao som de músicas bem agradáveis e embebido no aroma
gostoso da cantina, o jantar
alongou-se entre encontros e
abraços, sessões de fotografia e
muita animação. Ainda a sobremesa não tinha sido provada, já
professores e alunos testavam
as suas noções de ritmo, dando
um pezinho de dança.
Mais uma vez, com esta celebração, se reitera a amizade,
companheirismo e ambiente
familiar, sempre presentes no
Colégio Paulo VI.
Prof.ª Raquel A. Silva
Prof.ª Marta Rodrigues
GRANDE COLÉGIO
6
PÁGINA DO INGLÊS
From now on those who like to read and practice their English are welcome to join us in this page
destined to Her Majesty’s language. Read it, criticise it and make any suggestion you find relevant.
Obrigado, Prof. Mota...
Quando uma instituição decide
homenagear alguém, é porque
esse alguém prestou um serviço
de excelência nessa instituição,
tendo-se distinguido pelo contributo inquestionável e legado aí
deixados. Pelo menos, é assim
que eu entendo as homenagens
e as vejo como sendo um acto
profundamente legítimo por parte de quem sabe reconhecer um
excelente funcionário, neste
caso, um excelente professor
que marcou gerações de alunos
que passaram neste Colégio.
No passado dia 4 de Novembro,
numa noite fria mas acolhedora
pelo calor humano que se concentrou no espaço da cantina,
uns quantos amigos, colegas,
companheiros e familiares do
professor Mota, decidiram juntar-se para o homenagear,
numa noite que começou por
uma sessão em que todos puderam ouvir o seu percurso de
vida, contado como só ele próprio sabe contar, acompanhado
por imagens de alguns dos
momentos mais importantes da
sua vida. Chorei a rir, quando o
professor Mota contou as suas
aventuras enquanto professor
em S. Pedro do Sul, e senti as
lágrimas aflorarem aos meus
olhos, já num momento mais
sério, quando o sobrinho do
professor Mota, o Eng.º Rui
The writer’s
corner
Activity on
line
W
elcome to our writer’s cor-
ner. All you have to do is guess
the name of the writer we are
talking about. For that read the
following text attentively:
Castro, falou e abraçou o tio,
porque um abraço como aquele
é a demonstração mais genuína
de gratidão que alguém pode
receber. Após isto, a homenagem prosseguiu com um belíssimo repasto que culminou com
um brinde ao professor Mota e a
leitura de um poema do poeta
Fernando Pessoa, lido pela voz
do professor Costa. Foi uma
noite muito agradável e, se porventura era sexta-feira, final de
uma semana de trabalho, acho
que todos descontraíram ao
máximo porque, ouvir o professor Mota, é um elixir perfeito
para todas as maleitas do espírito. Um bem haja para si, meu
AMIGO!
Prof. Luís Cravo
35
Escola Global
Em mais uma das muitas iniciativas do Colégio Paulo VI, estamos
neste ano lectivo a dar continuidade à formação Escola Global iniciada no ano anterior. O objectivo
principal foi criar um espaço para
a discussão das inúmeras questões que se colocam diariamente
aos pais e educadores, já que
estamos certos de que educar é,
sem dúvida, um desafio repleto de
dúvidas e incertezas aliadas a
uma grande capacidade de improvisar.
No dia 18 de Novembro demos
inicio a mais uma jornada com a
primeira formação do ano subordinada ao tema “Educar, que respostas?”, convidando para oradora
a Dr.ª Ariana Cosme, Professora
da Universidade de Psicologia e
Ciências da Educação da Universidade do Porto, que partilhou
connosco a sua experiência de
largos anos na área da educação.
Outras formações estão já agendadas, com o intuito de ir ao
encontro das necessidades de
alunos, pais e educadores.
Escola Global: porque a escola é
de todos e para todos!
Dr.ª Daniela Alves
She was born in Yate near, Bristol in England. At this time, her
father, Peter, was an engineer
for Rolls Royce and her mother,
Anne, was half-French halfScottish.. Her sister, Diane, is
about 2 years younger than her.
In 1971 her father moved with
his family to Winterbourne and
some years later to Tutshill.
She studied in England, graduated as a French teacher and
came to teach English in Portugal. She met a Portuguese journalist and married him a few
months after that. They had a
daughter called Jessica, who
was born in 1993. Things did not
work out well with her husband.
Therefore, they separated and
she returned to England when
Jessica was only 3 months old.
Back in England, she wrote her
first would-be success. She sent
the manuscript to two agents
without knowing them, only
based on the fact that she liked
their names. One of these two
was immediately captivated by
the manuscript and signed her
on as his client within three days.
It was the beginning of an escalade of best sellers. Who is she?
This is me
as a baby!
Tradition says all children have
to wear funny costumes such as
those of witches, ghosts and
monsters.
Tradition says they all have to
come out on the night of the 31st
of October.
Tradition says they have to go
around their neighbourhood
knocking on doors and saying:
“Trick or treat?”.
Tradition says if they get some
sweets, they go home happy
and, if not, they play a trick.
Music spot
Coldplay performed one of the
best 2005 concerts. What an
excellent way to end the year.
The sound was perfect, the atmosphere exhilarating. The music filled the air. All you could
hear was the sound of thousands of people singing along
the themes chosen to be sung in
this gig. Want some advice? Buy
the CD…
"Fix You"
When you try your best, but you don't succeed
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse
When the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
High up above or down below
When you too in love to let it go
If you never try you'll never know
Just what you're worth
Chorus
Tradition says they must make
Jack O’ lanterns out of pumpkins
and place them at the window.
Paulo VI followed this tradition
and, once again, organized a
pumpkin competition of HALLOWEEN. Once again, the students’ participation was great
and the quality of their work improves year after year. Congratulations to all participants!
Tears stream down your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I...
Tears stream down on your face
I promise you I will learn from the mistakes
Tears stream down your face
And I...
Rogério Lopes, Guilherme Rocha,
João Ferraz, Miguel Lourenço, 6º B
NOSSO MUNDO
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Racismo
Mas afinal o que é ser racista? É
alguém que considera inferiores
outras pessoas de raça, religião
ou etnia diferentes da sua.
Devemos aceitar e respeitar a
diferença, pois é essa diferença
que enriquece e torna tão nobre
a espécie humana.
Muitas pessoas decidem ir para
o estrangeiro para tentar ganhar
mais dinheiro e ter melhores
condições de vida. Procuram
países ricos e civilizados, mas muitas
vezes encontram
países que não são
nada civilizados
socialmente.
O racismo surgiu na Cultura Ocidental quando se começaram a
escravizar as pessoas de raça
negra, e tem-se prolongado até
aos nossos dias. Exemplos flagrantes disso são a política de
Hittler, que teve tantos seguidores, e que defendia uma raça
pura - a raça ariana; o Apartheid, na África do Sul e um
pouco por todo o lado os grupos
de “ Skinheads”, assim como o
Klu Klux Klan, na América.
Halloween no Colégio
terra natal o mais depressa
possível. Para além das saudades, claro.
Inês Martins, 7º A
Catarina A. Soares, 7º B
Migração
O racismo pode manifestar-se
através da discriminação, violência ou abusos verbais. Todos os
anos há imensas manifestações
racistas, a maioria delas contra
a raça negra, que consideram
inferior.
GRANDE COLÉGIO—ACTIVIDADES
Existem
muitos
imigrantes no nosso país, mas também existem muitos
portugueses
nos
outros países. No
entanto, a maioria é vítima de
racismo e xenofobia no país
para onde emigra.
Depois de tantos esforços para
conseguir viver noutro país, os
imigrantes trabalham em sítios
em que os residentes não querem mas, mesmo assim, a estes
não lhes agrada que trabalhem
lá porque, segundo eles, roubam-lhes o trabalho.
Geralmente, os imigrantes
sofrem de racismo em muitos
sítios: no café, no restaurante,
na escola, no trabalho…o que
resulta, muitas vezes, em violência e até morte.
Na minha opinião, o racismo é
uma das coisas mais estúpidas
que pode existir. Eu acho que as
pessoas racistas, de facto, não
devem ser lá muito inteligentes!
Então agora uma pessoa por ser
de uma raça diferente não tem
os mesmos direitos que todos
os outros?
Toda a espécie de racismo e
discriminação leva a que o imigrante nunca se consiga integrar
na sociedade por muito que tente. Sentir-se-á sempre inferior
em relação aos outros e nunca
viverá em paz.
E a liberdade religiosa, não é
perfeitamente compreensível?
Talvez esta seja uma das razões
pela qual os imigrantes desejam
constantemente voltar à sua
Desabafo de
um imigrante
N
o dia 31 de Outubro, no
Amigos, deixei-os todos na
Eslovénia. Também, como é
que eu hei-de fazer amigos aqui
se não sei falar a língua deles?
A língua é um dos principais
problemas, mas o dinheiro também. A minha família é de origem pobre e não tem possibilidades de me vir visitar. Eu também não posso pedir férias agora para ir à minha terra natal,
pois ainda sou nova no emprego. Talvez quando conseguir
juntar mais dinheiro, vá visitar
os meus pais.
Colégio Paulo VI, em Gondomar,
alunos, professores e funcionários comemoraram o dia mais
assustador do ano, o dia de Halloween. Bruxas, vampiros, feiticeiros e fantasmas invadiram
salas e corredores, transformando o colégio num autêntico castelo assombrado.
A curiosidade e o medo reinavam por todo o lado, sobretudo
no hall de entrada do Colégio,
onde bruxas e feiticeiros depositavam as suas abóboras enfeitiçadas, enquanto aguardavam
pelo momento mais esperado: o
Concurso das Abóboras. A abóbora número 28 foi a que revelou
maior encantamento, enfeitiçando o júri, que lhe atribuiu o primeiro lugar.
Assim, envolto num ambiente
temeroso e assustador, o colégio
viveu mais um dia de alucinante
feitiçaria, contagiando todos os
elementos da comunidade educativa.
Por agora, vou ficar aqui neste
supermercado. É um sonho trabalhar como arquitecta outra
vez.
Catarina A. Soares, 7ºB
O Automóvel
no espaço e
no tempo
No dia 11 de Novembro, a turma
A do 9º ano realizou uma visita
de estudo à exposição permanente “O Automóvel no Espaço
e no Tempo”, do Museu dos
Transportes e Comunicações,
situado na Alfândega, no âmbito
das disciplinas de História e
Geografia.
Sou imigrante. Nasci na Eslovénia. Neste momento estou a
trabalhar numa caixa de supermercado.
Eu, que me licenciei em Arquitectura, a trabalhar neste lugar!
Foi muito difícil arranjar emprego, principalmente porque não
percebo nada de Português.
Por vezes, os clientes vêm
pedir-me informações e eu não
percebo o que eles dizem, é tão
humilhante!
7
O nosso
Magusto foi
inspirador!
O dia de S. Martinho
É para divertir.
Quando se assam as castanhas
Toda a gente fica a rir.
Ana Cristina Pinto, 5º D
Ao longo do
estruturas do
evoluindo de
mais eficaz e
lação.
tempo, as infraautomóvel foram
modo a torná-lo
acessível à popu-
Com o passar do tempo, as pessoas começaram a aderir cada
vez mais ao automóvel e, por
consequência, as cidades transformaram-se.
No dia de S. Martinho
Está muito quentinho
Há castanhas a assar
Por isso, vamos festejar.
Alexandre Duarte, 5º D
Clube do Jornal
Esta exposição conta a história
do automóvel e da sua evolução, salientando a importância
da sua invenção, feita por Benz
em 1885/1886. Fala-nos também do seu impacto na indústria
e na economia e no modo como
conferia estatuto social a quem
o possuía.
Para além de todos os conhecimentos teóricos que se adquiriram, houve ainda oportunidade
para uma sessão prática, na
qual todos os alunos participaram, sobre a mudança de um
pneu em caso de furo deste.
Foi uma experiência divertida e
a repetir.
Bruna Anacleto
Luana Lima
Clube de Jornal
8
GRANDE COLÉGIO—ACTIVIDADES
NOSSO MUNDO
Visita de estudo ao Museu dos
Transportes e Comunicações: duas visões
Educar para o consumo: um caminho a traçar
No passado dia quatro de
Novembro, os alunos das turmas 7ºA e 7ºB do Colégio Paulo
VI realizaram uma visita de estudo ao museu dos transportes e
comunicações, na alfândega do
Porto. As turmas dividiram-se
em três grupos de aproximadamente vinte pessoas, e a cada
grupo foi atribuído um guia.
No início da visita, todos os grupos passaram por uma miniexposição sobre a evolução das
tecnologias. Em seguida, depois
de uma breve introdução, o guia
levou-nos a ver todas as exposições e espaços existentes no
museu: informática, expressão
corporal, rádio (onde havia uns
auscultadores nos quais ouvíamos os sons da rádio desde
1948 até aos nossos dias), jornalismo, televisão e ciências.
Quando já estávamos todos
com uma ideia sobre os espaços e a sua utilidade, cada grupo foi guiado até ao espaço de
que iria usufruir.
Ao grupo onde eu estava inserido foi dada a oportunidade de
experimentar a oficina da televisão. Nesta oficina, o objectivo
era aprender a montar um programa de t.v., usar imagens,
trabalhar com as câmaras, controlar o som, entre outras actividades. Para este efeito, o guia
deu alguns exemplos de como
utilizar os aparelhos de imagem
e som. No fim desta explicação,
os alunos sentaram-se nas bancadas do público enquanto
alguns se voluntariavam para
participar no programa como
convidados e apresentadores;
outros foram para a sala de produção – régie -,também houve
camera-men e, os restantes,
ficaram como público.
Depois de uma pequena discussão, os temas escolhidos para o
programa JJ foram os seguintes:
a gripe das aves, a poluição, a
violência doméstica, a escola
(prós e contras), o futebol e as
artes (que seriam representadas
por uma dança).
3... 2…1… e … estamos no ar!
Depois de uma série de ensaios
estávamos finalmente a gravar o
nosso programa. A gravação
decorreu sem problemas de
mais, apenas algumas gafes,
uns poucos gaguejos, mas nada
mal para uma primeira vez.
Todos foram entrevistados, até
na plateia, e o programa foi um
sucesso!
Aos poucos, fomos saindo e o
guia levou-nos para outro espaço: expressão e imaginação corporal. Nesta oficina, a ideia era
exprimir sentimentos, emoções,
representar frases e objectos
através de sons e mímica.
Ao princípio, o guia realizou connosco uma actividade em que
cada um de nós seria um instrumento. Isto é, produzimos sons
através de palmas, batidas, grunhidos, cantando e de muitas
outras formas, formando uma
banda corista perfeita. A segunda actividade que fizemos foi
mímica através de pequenas
expressões, para a qual nos preparámos vendo um vídeo dos
Umbilical Brothers. Nesse vídeo,
os dois artistas fingiam lutar com
uma mosca e, enquanto um fingia, o outro fazia sons que descreviam as acções do primeiro.
Depois deste momento, representámos, então, por gestos e
sons, as pequenas frases que
nos calharam na sorte.
Sexta-feira, quatro de Novembro, era chegado o dia da tão
esperada visita de estudo, ao
Museu dos Transportes e
Comunicação, na Alfândega,
para visitar e participar na exposição da Comunicações – oficina de teatro, jornal e televisão.
Eu já conhecia o espaço mas
nunca lá tinha estado como se
fosse uma aula de Língua Portuguesa, por isso, a excitação
era maior do que a curiosidade.
Por volta das catorze horas,
viajamos rumo ao Museu da
Alfândega. Eu, alguns colegas e
a professora fomos numa
camioneta pequena. Durante a
viagem ouvimos música e
depressa chegamos ao destino.
Já na exposição fomos divididos
em grupos. O meu grupo começou pelo jornal. Aqui, vestimos a
pele de jornalistas por um dia e
investigamos vários assuntos,
entre os quais, o desporto. Foi
uma experiência única, fechar
um jornal com uma notícia de
última hora.
A sociedade de
consumo
A sociedade do século XXI é,
por excelência, uma sociedade
puramente consumista, isto é,
uma sociedade que consome
bens supérfluos continuamente,
sem controlo e sem limites.
Mas, que razões levam as pessoas a comprar, por comprar? A
resposta a esta questão reside
sobretudo na publicidade, muitas
vezes enganosa, que nos
influencia de forma determinante. Todos os dias, somos bombardeados por anúncios e reclames que nos dizem como devemos agir, que roupa devemos
vestir, que produtos devemos
comprar! O resultado? Uma
sociedade materialista assente
em estereótipos.
Por outro lado, mesmo em
“época de crise” o consumo não
diminui. Isto deve-se sobretudo
à contracção de empréstimos e
ao chamado “crédito por telefone”, simples, rápido, sem porquês, mas que exige o pagamento de juros altíssimos,
obviamente não mencionados
no anúncio publicitário.
O facto é que, cada vez mais,
compramos simplesmente para
satisfazer um capricho, para
seguir uma tendência de moda,
para ultrapassar um dia mais
difícil ou simplesmente pelo prazer de ter algo novo (se possível
de marca!).
Desta extrema vontade de comprar nasce uma sociedade em
que sapatilhas, roupas, carros
jóias e perfumes são usados na
tentativa de preencher o vazio
de valores pessoais e intelectuais de cada um. Por outro
Esta visita activou os horizontes, alargou os nossos olhares e
filmou o momento didáctico dos
alunos do sétimo ano do Colégio Paulo VI.
Luís Oliveira, 7ºA
Pedro Filipe Ferro, 7ºB
lado, as rígidas convenções
sociais conduzem a uma sobrevalorização das marcas, cada
vez mais apreciadas e cobiçadas, tanto ao nível do vestuário,
como das tecnologias ou dos
automóveis. Estes produtos,
apesar de acompanhados de
preços muitas vezes exorbitantes, fazem as delícias dos compradores, conduzindo ao endividamento das famílias.
Finalmente, uma das mais preocupantes consequências do
consumismo é o desenvolvimento de uma sociedade materialista, fútil, em que a aquisição de
bens é, não um meio para atingir a realização pessoal, mas
sim um fim!
Depois, fomos ver como se faz
um programa de televisão e
fomos repórteres, mas o nosso
pouco à vontade foi um entrave
para a reportagem. No entanto,
valeu a experiência da descoberta do verdadeiro sentido da
comunicação. Este espaço
museológico viveu mais um dia
a agitação e a descoberta de
novos talentos na comunicação.
Foi uma aula diferente, vivida
com mais intensidade e repleta
da plena capacidade do comunicar/comunicação.
Ainda antes de regressarmos ao
colégio, fomos a uma pequenina
loja do museu, onde existia uma
maqueta do edifício da alfândega, e uma bicicleta com dois
volantes e sem pedais.
33
Em suma, numa sociedade de
consumo as pessoas não compram para viver, mas vivem para
comprar!
De cada vez que ligares a televisão e algum anúncio te seduzir
pelo baixo preço ou pelas facilidades de compra, lembra-te que
as publicidades nunca são feitas
a pensar nos consumidores,
mas sim nos produtores e, o
mais importante, não te deixes
enganar pois neste mundo...ninguém dá nada a ninguém!
Miguel in «Pública», n.º 330 / 22 de Setembro de 2002, pág. 60, Público 4568
Ana Isabel Heleno
Maria Inês Pedroso
Clube do Jornal
PÁGINA DA SAÚDE
32
atento à voz dos sentimentos e
do coração do outro e responder
a essa voz.
a partilha da responsabilidade deve estar presente tanto
para evitar riscos como para
assumir as suas eventuais consequências.
E é este último ponto que, apesar da informação, os nossos
jovens continuam a esquecer ou
ignorar…
É triste ver os nossos jovens,
alguns ainda tão novos, em práticas sexuais para as quais não
estão preparados nem física
nem psicologicamente. Quantas
relações antes do tempo deixam
marcas negativas para toda a
vida. Quantos problemas físicos
e psicológicos resultantes de
situações complicadas com as
quais não se está preparado
para lidar.
A sexualidade é uma capacidade da qual podemos desfrutar
ao longo de toda a nossa vida
no entanto devemos sempre
usufruir desta aptidão de forma
responsável e positiva.
Prof.ª Paula Ramos
A adolescência
A adolescência é uma fase e
também um “estado de espírito”
que só sentimos uma vez na
vida. Muitos acham que a adolescência é uma fase muito boa,
inesquecível, e que traz óptimas
recordações, como o primeiro
namorado, a primeira saída à
noite … e muitas mais. Outros
consideram a adolescência a
pior época, pois é nesta altura
que algumas pessoas aderem
às drogas e aos gangs. Alguns
adolescentes que se sentem
sós, incompreendidos, frustrados e passam a vida a discutir
com a família – pois dizem já
não ser nenhumas crianças -,
recorrem às drogas e entram
por maus caminhos. Estes adolescentes pensam que, ao fazêlo, se livram finalmente dos pais
e se tornam independente. É
exactamente o contrário! Ao se
começarem a drogar tornam-se
escravos de um vício que lhes
pode destruir totalmente a vida.
Esquecem-se que ser adulto
também é ter capacidade de
decidir quando estamos a correr
um risco, e ser capaz de tomar a
opção correcta.
Outro problema na adolescência,
principalmente nas raparigas, é
a anorexia. As meninas que têm
esta doença sofrem de um grave
distúrbio psicológico que pode
causar a morte. As raparigas
anorécticas ficam obcecadas
com o peso e fazem de tudo
para emagrecer; mesmo quando
já estão magras, continuam a
ver-se gordas. Eu penso que
cada um tem a sua forma e o
seu peso e não é preciso fazer
“uma tempestade num copo de
água” por causa de uns quilinhos
a mais.
A adolescência é uma fase em
que já não se é criança, mas
também ainda não se é um adulto. Nesta altura, uns dias acordamos muito bem-dispostos e a
vida parece-nos cor-de-rosa;
noutros dias acordamos de mau
humor, discutimos com toda a
gente e nem nos apetece ver o
sol.
Eu sei que os nossos pais nos
adoram e que lhes custa ver-nos
crescer mas, de facto, por vezes,
tornamo-nos um pouco irritantes.
Eu considero que quando estamos na adolescência devemos
pensar que todos vão passar ou
já passaram por esta fase, e
quando formos adultos até nos
vamos rir de algumas coisas que
agora são a maior preocupação
da nossa vida.
Catarina A. Soares, 7ºB
GRANDE COLÉGIO—ACTIVIDADES
Tratar da Saúde
Este ano, realizou-se mais uma
vez a Quinzena da Saúde entre
os dias 14 e 25 de Novembro
em colaboração com várias
entidades locais. Durante este
período foram realizadas várias
actividades de modo a incentivar a comunidade escolar a
adquirir hábitos mais saudáveis,
tendo sido a alimentação, a
poluição e a sexualidade os
temas abordados.
Entre os dias 14 e 19 foram distribuídos nos tabuleiros da cantina, informações sobre os diferentes nutrientes que ingerimos
no nosso dia-a-dia, assim como
se implementou a venda de fruta no bar. Já nos dias 16 e 17
realizaram-se duas palestras, a
primeira intitulada “A sexualidade e a adolescência”, para o 6º
ano, orientada pela Enfermeira
Ermelinda. A segunda palestra,
para o 8º ano de escolaridade,
subordinada ao tema “A influência da poluição na saúde”, foi
elaborada pela Dr.ª Ana Padilha, Dr.ª Rosabela Baptista e
Dr.ª Selma Ferraz do Centro de
Saúde de Gondomar e Foz do
Sousa. Por fim, foi realizado um
rastreio visual durante os dias
16, 17 e 21 que envolveu o 1º
ciclo e o 5º ano.
No decorrer destas duas semanas, várias actividades, experiências e curiosidades foram
proporcionadas à comunidade
escolar, de modo a sensibilizar
para a importância de uma vida
mais saudável.
Boa saúde e até para o ano!!
Prof.ª Ana Cristina Fidalgo
9
Assembleia na Escola:
ser-se em português
No dia 8 de Maio de 2006, realizar-se-á, à imagem do que tem
acontecido, a sessão do Parlamento Jovem na Assembleia da
República. Este dia tem como
principal objectivo incentivar os
alunos a participarem num excelente desafio: o de viverem um
dia na pele de um deputado!
Com a orientação das professoras Vera Pimenta e Leonor Pinto, os alunos participantes realizarão um projecto de recomendação sobre o papel língua portuguesa no mundo.
Foi precisamente para nos falar
deste tema que esteve connosco
o deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes, que,
com a sua simpatia, nos falou
acerca da diversidade linguística
que a própria língua encerra,
sublinhando a importância dessa
variedade por ser um ponto de
união entre povos. O deputado
portuense salientou, ainda, que
a língua portuguesa para além
de ser usada como troca de
experiências entre os falantes do
português, serve também como
meio de comunicação entre
diferentes povos no plano diplomático. Não esqueçamos que a
nossa língua está presente nos
cinco continentes!
Quanto ao Projecto elaborado
por nós, depois de uma rigorosa
selecção dos trabalhos de cada
região do país, as Direcções
Regionais de Educação procederão ao envio dos trabalhos
para a Assembleia da República.
As escolas seleccionadas terão
de eleger os deputados que
representarão
a
respectiva
escola.
O que é o
Natal?
Quando, finalmente, chegar o
grande dia, os nossos dois
deputados representarão orgulhosamente o nosso ilustre Colégio, expondo as suas ideias com
brilhantismo e determinação.
Será que é a felicidade que se
vê na rua?
Será que é a tristeza?
Será que é um dia normal como
os outros?
Será que é uma tradição, para
estarmos com a família?
Será pelas prendas que recebemos?
Será a neve que se vê?
Será as casas enfeitadas?
Será que é a brincadeira?
Será um dia criado para nos
reunirmos?
Será que é o amor?
Será que é a paz?
Ou então, deve ser tudo isto!
Karla Gonçalves, 10ºD
Pedro Moura, 5ºC
De 6 a 24 de Março e de 18 a
21 de Maio, terão lugar as reuniões de preparação para o
grande dia, nas quais participarão os “deputados jovens” eleitos pelas escolas participantes.
No Natal a
Alegria está no ar.
Temos todos de esquecer
A guerra, em todo o mundo e
Lembrar a paz.
Nós devemos melhorar o mundo.
A alegria, a paz e o amor.
Todos temos de lembrar que,
Em cada Natal, as pessoas
deviam estar:
Reunidas, alegres, pacíficas a
Rir às gargalhadas. Sempre.
Até ao ano seguinte.
Guilherme Henriques, 5ºD
10
PÁGINA DA SAÚDE
GRANDE COLÉGIO—ACTIVIDADES
Bananas com açúcar para
uma tarde de Natal
Eu dou…
Tu dás…
Ele dá…
Nós damos
Mais uma vez o nosso Colégio
se incumbiu da nobre missão de
promover uma campanha de
solidariedade para com os orfanatos da Granja e de Águas
Santas.
O dia quinze de Dezembro de
2005 foi o escolhido para a realização, como já é praxe do colégio, de mais uma festa de Natal,
que teve palco na Cripta da Igreja dos Capuchinhos.
Ao início da tarde desse dia,
enquanto os membros do colégio se dirigiam para a Cripta, as
turmas participantes ainda
faziam os últimos ensaios para
que tudo corresse na perfeição.
Aos poucos a sala foi-se
enchendo de público expectante
e daí a pouco envoltos de
algum nervosismo e ansiedade
as primeiras turmas que iam
sendo anunciadas aos espectadores começavam a actuar.
Actuação após actuação, as
turmas iam subindo ao palco
apresentando o trabalho que
desde cedo haviam preparado
não sendo apenas números de
dança ou canto mas também
com apelos de solidariedade,
sendo que os participantes se
portaram todos de acordo com
as expectativas. Contudo, os
números iam desfilando e
com eles as horas passaram
rapidamente, trazendo consigo o
desfecho desta tarde.
A festa de Natal culminou finalmente com a actuação dos professores e funcionários que protagonizaram a peça a que deram
o título de “Bananas com Açúcar”, que havia prendido o público aos lugares para ver esta tão
aguardada representação.
Terminadas as apresentações,
chegara também a hora do fecho
da festa que promete voltar ainda melhor para o ano.
Fazendo jus aos anos anteriores, a comunidade escolar
mobilizou-se para que as crianças menos afortunadas pudessem ter um Natal mais feliz.
Assim, deu-se início a uma
campanha no âmbito da recolha
de bens alimentares, vestuário
e, para não destoar da época
natalícia, presentes.
Como seria de esperar, a adesão foi grande, atingindo-se os
objectivos propostos.
No dia 13 de Dezembro, um
grupo de alunos acompanhado
por alguns professores, procedeu à entrega dos bens em
ambos os orfanatos, tornando o
ambiente mais festivo. A tarde
começou com um alegre convívio entre os alunos do colégio e
as crianças dos orfanatos,
seguindo-se a tão ansiada
entrega de prendas. Depois de
tanta azafama, nada melhor que
um belo lanche para acabar a
tarde em grande! E como tudo o
que é bom acaba depressa,
esta tarde não foi excepção. Era
hora de voltar para casa…
Depois deste gesto, o Natal
ganhou outro sentido, adivinhando-se nova visita para o
próximo Natal.
João A. Fonseca
Clube do Jornal
João A. Fonseca
André Pereira
Clube do Jornal
31
Reflexões sobre sexualidade e afectos
“Os jovens são apaixonados, irascíveis, capazes de ser levados pelos impulsos, sobretudo os impulsos
sexuais… em relação aos quais não exercem nenhum autocontrolo. Além disso são volúveis e instáveis nos
seus desejos, os quais são tão transitórios como veementes…”
Aristóteles
S
abe-se que todos nós somos
seres sexuados e que existe
sexualidade nas crianças, jovens
e idosos.
Estudos científicos no âmbito da
sexualidade, operados nas últimas décadas por um vasto
número de áreas, tais como: a
biologia, medicina, antropologia,
história, psicologia, sociologia,
ética e filosofia, permitiram a
organização de um conjunto de
conhecimentos
extremamente
ricos e de grande complexidade.
A sexualidade deixou de ser
sinónimo de reprodução, de
pecado e de impureza para passar a fazer parte integrante dos
afectos, do prazer, da comunicação interpessoal, da paternidade
e maternidade responsáveis.
Se nós fossemos seres assexuados, produziríamos clones de
nós próprios e seríamos potencialmente imortais como o são
ainda hoje, muitos seres unicelulares. Mas a evolução empurrounos para um destino em que a
nossa sexualidade é a causa da
nossa grande diversidade e da
nossa mortalidade. Mas quanto
ganhámos em afectividade??!!!...
De entre muitas definições de
sexualidade, passo a citar a
adoptada
pela
Organização
Mundial de Saúde:
“A sexualidade é uma energia
que nos motiva a procurar o
amor, contacto, ternura, intimidade; que se integra no modo
como nos sentimos, movemos,
tocamos e somos tocados; é serse sensual e ao mesmo tempo
sexual, ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia
também a nossa saúde física e
mental”.
Deste modo, de uma forma clara
e concisa, penso que se pode
definir sexualidade como um
conceito
permanentemente
interligado com os processos
biológicos, psicológicos, afectivos e sociais.
a eventual superficialidade de
alguns valores dominantes. Os
valores devem dar sentido e
significado à nossa vida. Devem
também orientar as nossas decisões.
A sexualidade é um percurso
variável de indivíduo para indivíduo sujeito à influência de
numerosos
factores
sócioculturais e às particularidades
individuais do desenvolvimento
físico e psico-afectivo.
Assim, é importante que os adolescentes e os jovens identifiquem os valores da família, os
valores das pessoas que os
rodeiam e os seus próprios valores.
Quanto a este tema as dúvidas
surgem desde cedo na vida de
um indivíduo, mais evidentes na
puberdade. Tanto para os rapazes como para as raparigas,
uma das tarefas mais difíceis de
realizar, nessa altura, é a de
lidarem com a sexualidade nascente e ajustarem-na ao seu
sentido de identidade e aos
seus valores, sem conflitos ou
ansiedades excessivos. As
mudanças físicas que vêem
acontecer no seu corpo, as
ideias novas que lhes chegam à
mente, os sentimentos e impulsos que experimentam confundem-nos.
A criação de laços afectivos é
uma necessidade inerente ao
ser humano. No entanto, no que
respeita à sexualidade existem
valores fundamentais que não
devem ser esquecidos:
a igualdade entre os sexos é
um valor que assenta nos direitos humanos e pressupõe a
exclusão de desigualdades e
assimetrias de poder nas relações entre sexos.
a sinceridade é, também, um
valor de grande importância.
Dizer com verdade o que se
pensa e sente transmite confiança e segurança à “outra pessoa”
e é uma forma de a respeitar e
de a valorizar.
É importante que descubram
quais são os seus próprios valores, e analisem as possíveis
contradições ou incoerências e
a ternura, a comunicação e a
partilha dos afectos permitem
maior plenitude no encontro com
outra pessoa. É preciso estar
30
Harry Potter e
o Cálice de
Fogo
O novo filme do jovem feiticeiro
mais famoso do Mundo já está
nas salas de cinema mais próximas de ti.
Daniel Alan Radcliffe representa, como sempre, Harry Potter,
acompanhado dos antigos actores, excepto do que interpretava
o papel de Dumbledore, que
faleceu após o segundo filme Harry Potter e a Câmara dos
Segredos -, e que, para muita
tristeza dos fãs, foi obviamente
substituído.
Mais uma vez, no novo filme,
assistimos a um emocionante
jogo de Quidditch, no Campeonato Europeu entre a Bulgária e
a Irlanda.
No filme, para se poder entrar
num importante Concurso de
Magia que se vai realizar em
Hogwarts, é utilizado um cálice
que selecciona três estudantes
que tenham pelo menos dezasseis anos. Alguém coloca o
nome de Harry Potter no cálice;
este, surpreendentemente, não
o rejeita e, mesmo tendo apenas
catorze anos, Harry é seleccionado como quarto concorrente e
tem que participar na competição.
ARTES E LETRAS
Harry enfrenta desafios muito
perigosos e assustadores como
dragões, monstros subaquáticos
e, novamente, Lord Voldemort,
cujos seguidores conseguem
trazer ao mundo dos vivos e
que, como sempre, quer matar
Harry. Quando Lord Voldemort
“ressuscita”, consegue encurralar Harry e reunir os antigos aliados. Harry vê-se a enfrentar Lord
Voldemort e a ter que encontrar
uma forma de voltar a Hogwarts.
Felizmente o
protagonista,
com a ajuda dos
amigos, arranja,
como sempre,
maneira de se
salvar.
É natural que as
pessoas mais
assustadiças se
arrepiem em
certas partes
do
filme.
O
realizador e os
actores conseguiram materializar
– até certo ponto – o que imaginei quando li o livro.
Achei o filme incrível, emocionante e um pouco mais assustador que os outros.
Nuno Tiago, 6ºA
MTV EUROPE
MUSIC AWARDS
2005
No passado dia 3 de Novembro,
como vem sendo hábito, a MTV
organizou a entrega dos prémios
dos EMA (Europe Music Awards)
que, este ano, decorreu em Portugal, mais concretamente em
Lisboa, no Pavilhão Atlântico. A
capital portuguesa foi a escolhida de entre cidades como Paris
ou Copenhaga, candidatas também à organização do evento. O
anúncio da cidade seleccionada
foi proferido pelo presidente da
MTV Networks Europe,que pres-
GRANDE COLÉGIO—ACTIVIDADES
tou vários elogios à cidade de
Lisboa. A capital portuguesa
seria o cenário perfeito para a
realização deste conceituado
evento, uma vez que conjuga
riqueza histórica, arquitectura e
espírito cosmopolita.
O Natal de Nemo
Tivemos, além disso, o prazer
de acolher grandes cantores
mundiais e excelentes bandas
como: Madonna, Robin Williams, Cold Play, The Gift, The
Weasel, Boss AC ou Shakira.
Os grandes vencedores foram
os seguintes:
Assim decorreu a 12ª edição
dos EMA, com Lisboa a suceder
a Roma, Edimburgo e Barcelona, entre outras, na lista das
cidades organizadoras.
Helena Rocha
Márcia Bernardo
Clube do Jornal
Era uma vez…
Era uma vez um
Pai Natal. Era gordo e tinha longas
barbas
brancas
aos caracóis. O Pai
Natal era muito
dorminhoco,
só
pensava em dormir, dormir, e a sua
mulher, a Mãe
Natal, começava a
ficar preocupada,
porque ele só dormia. E o trabalho?
Quem ia dar as
prendas às pessoas de todo o
mundo? E se o Pai
Natal adormecesse
no trenó? O que
iria acontecer?
Lisboa foi o centro de todas as
atenções: eram esperados mais
de cinco mil visitantes e cerca
de oitocentos jornalistas! Pela
televisão, cerca de mil milhões
de pessoas acompanharam
este prestigiado espectáculo.
melhor artista pop – The
Black Eyed Peas;
melhor artista hip-hop –
Snoop Dogg;
melhor artista rock – Green
Day;
melhor artista alternativo –
System of a Down;
melhor artista R&B – Alicia
Keys;
melhor vídeo – The Chemical Brothers, «Believe»;
melhor artista feminina –
Shakira;
free your mind award – Sir
Bob Geldof;
melhor artista masculino –
Robbie Williams;
revelação – James Blunt;
melhor canção – Cold Play,
«Speed of Sound»;
melhor artista português –
The Gift;
melhor grupo – Gorillaz.
11
O Natal do Nemo é cheio de alegria e animação. O dia 24 de
Dezembro é um dia muito especial. Nemo recebe os seus avós,
tios e primos para consoarem
juntos. O jantar é servido na
melhor gruta do fundo do mar,
que é a grande gruta de cristal,
mesmo pertinho do velho barco
azul que por ali naufragou há
trinta anos atrás. Foi o recreio
dos pais do Nemo e, agora, do
filho que lá brincava com os amigos, às escondidas, caçadinhas
e à batalha naval…
A mãe de Nemo recebeu um
lindo colar de pérolas; o pai um
relógio feito de pedaços de
rocha vermelha e ele, uma caixa
de jogos que o pai retirara do
velho barco azul.
Depois de muita agitação na preparação da comida, a noite chegou. Na mesa encontravam-se
deliciosos bolinhos de areia, salpicados de espuma, e o jantar
estava delicioso. Algas verdes e
vermelhas servidas em conchinhas redondas e para beber,
água do mar, servida em grandes búzios amarelos. Depois,
todas as crianças foram dormir
para acordar bem cedinho, pois
queriam abrir os seus presentes.
A manhã chegou e também a
confusão e a alegria de abrir os
presentes. Espalhados pela gruta, encontravam-se conchinhas
brancas e castanhas. Nemo procurou a sua. Foi uma alegria.
Nemo estava feliz. O seu pensamento viajou por mares desconhecidos e lembrou-se de todos
os peixinhos pequenos que
habitavam aquele imenso oceano. Seria possível todos os
outros peixinhos estarem tão
felizes como ele?
Alexandra Salvador, 8º A
Jorge Moura Silva, 7º A
Pedro Carvalho, 6º B
Mas não era este
o único problema.
O Rodolfo também
estava muito em
baixo, quase nem
se mexia, não
comia, não queria fazer nada. O
Pai Natal, como estava a dormir,
ainda não tinha reparado mas,
mal o avisaram, foi logo ter com
a sua rena de nariz vermelho. O
Rodolfo levantou-se imediatamente quando o Pai Natal lhe
fez uma festinha. Ficou logo
alegre e contente. O que o
Rodolfo queria era o carinho do
Pai Natal, que se tinha esquecido dele por passar os dias a
dormir.
Daí em diante o Pai Natal passou a dormir menos e a dar
mais carinho às suas queridas
renas.
Há vários casos, na vida real,
em que os pais estão sempre a
trabalhar e esquecem os filhos.
Não o devem fazer, porque, tal
como o Pai Natal estava sempre
a dormir e o Rodolfo ficou ressentido, também as crianças se
ressentem da ausência dos
pais.
Sara Fonseca, 5ºD
DESPORTO
12
O
ARTES E LETRAS
Desporto para todos!
início de um ano lectivo
traz sempre algo de muito bom.
É hora de reencontros e de voltar a lutar por objectivos
comuns. Tal volta a acontecer
no Desporto Escolar. Mais uma
vez, o “Desporto Para Todos”
ocupa um papel central no Colégio, dando assim a hipótese de
prática de diversas modalidades:
- Ginástica Acrobática (Treinos3ª, 4ª e 5ª feira) Professor responsável - Sá;
- Ginástica Aeróbica (Treinos2ª, 4ª e Sábado) Professor responsável - Salomé Mourisco;
- Voleibol (Treinos- 2ª, 4ª e 6ª
feira) Professores responsáveis
- Jorge Júnior, Sérgio Botelho e
David Barbosa;
- Futsal (Treinos- 3ª e 5ª feira)
Professor responsável - José
Dias;
- Natação (Treinos - 5ª feira de
manhã) Professor responsável Pedro Cunha.
É notório o crescimento e importância da Ginástica Acrobática,
os resultados obtidos no passado e as excelentes exibições realizadas em festas do
Colégio tiveram o seu impacto e
conseguiram cativar mais atletas, sendo de esperar ainda
uma melhoria considerável,
dado o afinco e empenho com
que “lutam” e treinam durante a
semana.
A Ginástica Aeróbica também
promete, conseguiu captar alunas e alunos para uma prática
de uma actividade que, cada vez
mais, está na moda. De certeza
que muita gente ficará impressionada com o resultado final.
O Futsal é uma modalidade que
tem sempre alunos dispostos a
participar. Está largamente
implementada no Colégio e os
treinos decorrem com grande
empenho e participação de alunos.
A Natação ocupa cada vez mais
um papel importante no panorama do desporto escolar. Já são
alguns os alunos que estão dispostos a participar neste desporto, tão competitivo e exigente.
O Voleibol ocupa novamente um
lugar especial no Desporto Escolar. Sempre foi uma modalidade
de grande expressão no Colégio
e continuará a ser nos próximos
anos. Alunos e professores dão
diariamente o seu melhor para
atingir patamares elevados.
É inegável que o Voleibol possui
ingredientes enriquecedores do
vocabulário motor da criança
constituindo um meio formativo
por excelência e é precisamente
nesta linha de entendimento
que surge o Gira-Volei
(novidade no desporto praticado
no Colégio), enquanto perspectiva de abordagem do jogo, e
que sem deixar de contemplar a
estrutura basilar do jogo de
Voleibol, não deixa, de constituir
uma forma divertida da prática
desportiva, promovendo o papel
pedagógico do jogo que é a
obtenção de êxito e prazer nas
crianças. O Gira-Volei tem vindo
a expandir-se a nível geográfico
e a conquistar adeptos e praticantes. Devido ao impacto
social e educativo desta iniciativa junto de Autarquias, Escolas,
Associações e outras estruturas
associativas e culturais, até ao
momento aderiram ao projecto
1.500 centros onde só na última
época estiveram envolvidas 119
cidades e vilas e 36 concelhos.
Assim, o Colégio não poderia
deixar de apostar nesta modalidade tão cativante… Os treinos
já decorrem à 4ª feira e ao
sábado e a evolução e motivação dos alunos é notória.
Como referimos no número
anterior do nosso jornal, o Colégio tem as condições para sustentar um projecto cada vez
mais forte ao nível do desporto
escolar, quer ao nível do voleibol, da acrobática, ou de qualquer outra modalidade. Para tal
é imperativo que os alunos apareçam em massa aos treinos e
que integrem as diversas equipas. Deixamos daqui um apelo
a toda a comunidade escolar:
apareçam para treinar e verão o
que andaram a perder e desperdiçar até agora...Não vão ser os
treinos que vos farão baixar as
notas, pelo contrário, criarão
novos e melhorados hábitos de
estudo de forma a conciliar o
prazer de praticar desporto com
as vossas obrigações escolares.
Venham daí...
Prof. Sérgio Botelho
Auxiliar os alunos na difícil tarefa
de materializar os seus pensamentos em escrita e desmitificar a
sua excessiva dificuldade, é o
objectivo do clube “Qualquer texto
é um pretexto”. Aqui se mostra
como é possível, em dois exemplos diferentes.
Profª Marta Rodrigues
Diante desta folha branca
com longas riscas laranja,
não sei o que hei-de escrever,
de imaginar.
Sei que tenho ideias,
mas elas, matreiras,
não se apresentam.
Tenho que escrever
prosa ou poema.
De desabafar,
de me libertar.
Escrevi sobre a amizade.
Escrevo agora sobre o mundo,
a pobreza, a gratidão.
Um sentimento
ou um problema?
Sem dar por mim,
tenho uma longa folha,
preenchida de letras,
de desabafos,
para ler e relembrar
como é escrever um poema.
Maria Francisca Amorim, 6ºA
Perante esta folha branca, as
palavras custam a nascer dentro
de mim. Não sei o que hei-de
escrever. Vêm-me tantas ideias
à cabeça… E olho para o meu
lápis em busca de alguma inspiração. Hum… Acho que vou
escrever sobre o prazer da escrita.
Uma pessoa que esteja sozinha,
numa casa ou numa sala, se
tiver consigo papel e caneta nunca se sentirá só. Uma folha de
papel pode ser o amigo que
todos procuramos. Compreensível, secreto, pode levar-nos até
onde quisermos. Com uma folha
de papel e uma caneta podemos
sempre criar um amigo imaginário e ficar horas a fio a falar
com ele. É um amigo a quem
podemos contar tudo o que
desejarmos, pois ele manter-seá sempre leal. É óptimo podermos contar com este novo amigo
que nasce na folha de papel, é-
-nos muito útil desabafar com
alguém que é nosso amigo e
nos compreende.
Ana Isabel Köch, 7º A
A notícia que propomos que leia,
de seguida, não é verdadeira! No
entanto, muitos gostariam que o
fosse. Com o propósito de praticar
as marcas específicas do texto
predominantemente não literário,
na variante NOTÍCIA, eis o que a
fusão de diversas realidades
actuais conseguem originar, quando associadas à criatividade.
Prof.ª Raquel Almeida Silva
Bin Laden é apanhado…
a fazer compras
Bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo, foi apanhado,
ontem, no Centro Comercial
Dolce Vita das Antas, no Porto.
A captura foi confirmada pela
GNR. Como? Simples… falta de
munições.
Depois de atacar uma empregada de balcão por não lhe vender
uma mini saia, Osama Bin
Laden chamou a polícia depois
de ter exigido o livro de reclamações e este não lho ter sido
dado. A polícia reconheceu-o
pelas metralhadoras que trazia
nas botas. Iniciou-se um desagradável tiroteio entre a polícia
de choque e o famoso terrorista.
Duas pessoas foram mortas e
17 ficaram gravemente feridas.
A população foi obrigada a intervir, arremessando sacos de
compras e mesmo telemóveis.
Bin Laden ficou sem munições e
foi gravemente ferido, sendo
fácil à polícia capturá-lo. O terrorista foi enviado para junto das
autoridades Iraquianas e a
sentença imediatamente decretada foi a pena de morte. Todas
as pessoas do mundo agradeceram a Portugal e este país
deixou de ser considerado um
“país de 3º mundo”.
Miguel Marantes e
André Silva, 8º C
29
Escrever…
Escrever não é para mim um
passatempo, uma forma de
preencher todos estes tempos
vazios de sentido em que me
pergunto o que faço neste mundo. É uma necessidade, um
constante apelo que vem do
meu interior. As múltiplas personagens que vivem dentro de
mim lutam para sair, querem ter
uma vida própria. Já que ir além
do papel é ir além do sonho,
nada mais posso fazer do que
registar as suas vidas num fundo branco, esperando um dia
poder dar-lhes algo mais.
Entretanto, vou forçando a caneta a marcar o papel (parece tão
mais fácil criar algo com a ajuda
da imagem que tenho em mente) … esperando ser descoberta, vou procurando fontes de
inspiração, algo que me ajude a
concretizar todas estas vidas
que habitam a minha imaginação.
Sonhar o que nunca se viveu,
descrever o que nunca se sentiu, reviver um passado que nunca existiu e exprimir tudo isso
para o papel não é fácil. Mais
difícil ainda é conseguir que
outros ouçam o que tenho para
contar. Mesmo assim não desisto, lentamente hei-de conseguir
ser ouvida. E se não for, nada
terá sido em vão, não terá sido
uma perda de tempo, afinal
escrever não é para mim um
passatempo.
Sara Ranchordás, 12ºB
Visitem o site http:// ourules.no.comunidades.net que
criei com a Joana Alves e onde
cada mês exploramos um tema
diferente e sugerimos filmes,
livros, uma banda e muito mais.
Para consultar os meses anteriores consultem
http://
ourules.blog.comunidades.net.
28
ARTES E LETRAS
PORTA ABERTA
Leitura
Infelizmente, nos dias de hoje, a
leitura ainda surge quase como
uma actividade elitista, a que só
os mais afortunados se dedicam. Este panorama não tem
justificação possível, uma vez
que vivemos na era da informação e todos temos acesso à leitura. Assim sendo, o que encontramos com maior frequência
são estudantes e ex-estudantes
que leram e lêem por obrigação,
não encontrando satisfação e
interesse algum em ler. É frequente saber-se de pessoas
instruídas, que optam por ler
paraliteratura, uma vez que esta
se caracteriza por uma maior
facilidade de compreensão e
maior adequação ao nosso quotidiano. Aqui coloca-se uma
questão fulcral: Onde é que nós,
professores, erramos?
Sim, porque qualquer bom livro
é universal e intemporal, e todas
as grandes obras encerram em
si um universo de significações,
simbologias e aprendizagens.
Parte-se do princípio que é na
escola que os futuros leitores
têm o seu primeiro contacto com
a literatura e, deste modo, cabe
aos professores orientá-los da
melhor forma possível, para que
dela possam usufruir. É a escola
que ensina a ler, porque, de um
modo generalizado, é nela que
aprendemos a “fazer sentido,
literalmente, com a palavra
escrita;”
(PENNAC,
Daniel,
Como um romance). É na escola que aprendemos a associar
sentidos aos diversos textos,
sentidos não só dos textos em
si, mas de nós mesmos. Assim,
a nossa postura como leitores
passou a estar ligada à escola.
Não podemos cingir a aprendizagem da leitura à escola, mas,
de facto, uma maioria significativa de leitores deve-o a esta instituição.
Ler permite-nos conhecer o eu,
o outro e o mundo. Ao ler, o leitor foge do eu, do aqui e do
agora, refugiando-se num outro
mundo. Um livro é algo de
extraordinário, e não deve ser
descurado o seu papel como
companheiro, seja em que altura
e momento da vida for. “Poucos
objectos suscitam, como o livro,
um sentimento de propriedade
absoluta.” (PENNAC, Daniel,
idem), e é este sentido de propriedade e união com o livro que
nos fez e faz crescer e desabrochar, sempre alimentados pela
sede de conhecimento e identificação com o outro e com o mundo.
A par desta componente, a leitura, além de desenvolver as
capacidades intelectuais dos
alunos, contribui para o estudo e
informação. O trabalho dos professores direcciona-se para os
alunos, para o modo de os motivar para o conhecimento, de
modo a contornar o risco de os
ter a não conseguirem captar a
essência de um texto. Arvoro,
então, como professora de Língua Portuguesa, a necessidade
de promover a realização humana e comunitária dos educandos,
fitando, num sobreerguimento de
objectivos, o crescer, no aluno,
da sua personalidade, apoiando
a formação do carácter e da
cidadania, que lhe proporcione
um equilibrado desenvolvimento
global, indo mais longe, muito
mais, do que um mero agregar
no cognitivo do aluno de competências, que nada significariam
se, porventura, não acompanhadas por toda uma significação do
seu papel no mundo.
Tornar os nossos jovens melhores escritores, melhores oradores e mais e melhores leitores,
continua a ser, para nós, professores, um grande desafio. Desafio este que só enfrentam aqueles que ainda crêem, por entre
desencontros e incompreensões,
que ensinar é revelar o mundo e
a vida, conhecimentos, grandes
obras, a cujos sentidos fundamentais, tentamos, numa batalha diária, aceder.
Temos que motivar e ser motivados pelo entusiasmo dos nossos alunos, para toda a aprendizagem, para a leitura de tudo
aquilo que lhes suscite interesse. Porque almejamos formá-los
para a vida e, uma vez que não
há melhor companhia do que
um livro, ao motivar para a leitura, dotamos o outro de um diálogo interior com o mundo, e
com ele próprio, auxiliando-o
neste mundo surdo em que
vivemos.
Profª Marta Rodrigues
Ler
Eu concordo
com a frase
“Sem livros
não se pode
ser feliz” porque os livros
podem contar-nos histórias
divertidas e engraçadas. Com
os livros também conhecemos
coisas novas, e podemos
aprender a História do nosso
país e do mundo. Como os/ as
escritores/as escrevem aquilo
que pensam, ao ler livros podemos conhecer novos pensamentos. Mas é preciso não
esquecer que para nos interessarmos pelos livros precisamos
de os ler.
Guilherme Henriques, 5ºD
Eu gosto muito
de estudar e
de sempre
melhorar
Com a ajuda
dos
professores!
Os meus
objectivos
irei,
Lado a lado com os outros
colegas,
Alcançar!
Nuno Borges, 5º D
Programa Porta Aberta:
Uma caminhada
U
ma
nova abordagem de
intervenção
marcará o
actual ano
lectivo
no
Programa
Porta Aberta.
Assim, e à imagem do grupo
Encontros com a cultura que
teve início no ano lectivo transacto e que foi bem documentado neste Jornal, este ano, o
grande investimento será em
projectos, ou grupos, temáticos
que adoptem actividades e
metodologias de trabalho com os
alunos que continuam a descoberto dentro da escola regular.
Não serão descuradas actividades individuais em função das
características, dos interesses e
das necessidades de cada aluno, mas a inclusão dos alunos
em projectos de grupo que privilegiem tarefas activas de investigação e descoberta, momentos
de debate e reflexão, e a exploração verbal e escrita de diferentes temas são o foco da dinâmica do Programa para este ano.
Os grupos temáticos serão dinamizados por diferentes profissionais da escola para melhor se
responder à multiplicidade de
temas a abordar, que contemplam as artes plásticas, o enquadramento cultural, a abordagem
de assuntos controversos e da
actualidade, jogos de lógica,
raciocínio e memória, a literatura, entre outros. Estão também
previstos diferentes momentos
de avaliação para garantir maior
feed-back do trabalho desenvolvido, tanto no que diz respeito à
eficácia dos objectivos e das
metodologias utilizadas como no
que diz respeito ao grau de
satisfação de alunos, pais e professores.
Por outro lado, continuaremos
a apelar
ao
envolvimento
das famílias. Como tal, os Ateliers temáticos aos Sábados de
manhã, que têm tido uma enorme adesão por parte dos alunos, das famílias e dos professores, irão continuar como um
espaço onde se premeia o convívio, a troca de experiências, a
imaginação e a criatividade.
Em paralelo, crescem também
as parcerias nacionais e internacionais. O intercâmbio de experiências e opiniões e a participação do Programa Porta Aberta
em diversos eventos, dentro e
fora do país, tem vindo a enriquecer a nossa prática e a consciencializar-nos da necessidade
de se continuar esta caminhada.
A título de conclusão, resta dizer
que este Jornal, através da secção do Porta Aberta, servirá
também para informar e divulgar, em conjunto e com grande
vontade, o que por aqui se vai
fazendo.
Dr.ª Conceição Gomes
16º Congresso
Internacional
O Congresso Internacional Bienal do World Council for Gifted
and Talented Children realizouse no mês de Agosto, de 06 a
10, na Cidade de New Orleans,
nos Estados Unidos. Como tem
vindo a acontecer no passado,
este congresso, de grande
dimensão, reúne especialistas
de diferentes disciplinas de todo
o mundo. Este ano, voltou a
contar com mais de 800 participantes e com a presença de
alguns dos mais conceituados
13
especialistas na área da sobredotação como, por exemplo, os
Professores Joseph Renzulli e
Sally Reis da Universidade de
Connecticut, nos Estados Unidos, as Professoras Eunice
Soriano de Alencar e Denise
Fleith da Universidade Católica
de Brasília e da Universidade de
Brasília, respectivamente.
Nesta área da sobredotação, as
diversas comunicações e workshops realizados continuam a
privilegiar temas como a identificação, a avaliação e os programas de intervenção junto de
crianças e jovens sobredotados
e talentosos. No entanto, simultaneamente, uma multiplicidade
de outras abordagens começa a
ser cada vez mais evidente
como, por exemplo, o respeito
pelas
diferenças
culturais,
sociais e éticas; a formação de
professores e o trabalho em
equipa; a educação para o
sucesso; a necessidade de
investir em currículos específicos nas áreas de leitura/escrita,
matemática e tecnologia; a
importância do desenvolvimento
motor em idades precoces; e a
importância da actividade lúdica
nas crianças.
PORTA ABERTA
14
O Prof. Joseph Renzulli, por exem-
plo, fez uma notável palestra
onde tentou valorizar factores de
excelência e relaciona-los com a
criação de capital social, mobilizando características pessoais,
politicas, ambientais, éticas e
morais para o bem-estar e a
riqueza
social. A
comunicação
por nós
apresent a d a
incidiu
e
m
modelos
de intervenção
centrados na
família,
valorizando o
papel
desta no trabalho directo com a
criança ou com o jovem.
Na realidade, a importância de
um congresso internacional desta magnitude reside na enorme
partilha de experiências e preocupações a uma escala global,
ARTES E LETRAS
que sustentam a forma como se
irá valorizar o indivíduo sobredotado neste novo século.
tudo: há eventos culturais, a
Casa da Música, restaurantes,
povos de diferentes culturas…
Não deixou de ser peculiar a
sensação de ter regressado
de New Orleans com a mente
cheia de novas ideias, inquietações, questões e os blocos
cheios de apontamentos para,
logo de seguida, saber que a
cidade, que recebeu especialistas de todo o mundo, unidos por
um só interesse, acabava por
ser abalada por uma das maiores catástrofes naturais de que
temos memória. Aliás, é verdadeiramente arrepiante perceberse na íntegra que os extremos
como, por exemplo, o bem-estar
e a desgraça, a riqueza e a
miséria, se encontram tão próximos.
S.— É contestado na rua por
ser americano?
Dr.ª Conceição Gomes
Atelier de desporto
R.Z.— Já aconteceu. Principalmente as pessoas ligadas à
esquerda política, diziam barbaridades sobre os americanos,
acusando-os, por exemplo, de
falta de cultura, de pouco civismo, etc. Mas, então, quem é
Louis Armstrong, Bob Dylan ou
Martin Scorcese? Agora já não
acontece tanto, mas na altura do
11 de Setembro, algumas pessoas chegaram a ser extremamente indelicadas para comigo,
por eu ser americano. Cheguei a
ouvir barbaridades como, por
exemplo, pessoas que me
diziam que os americanos mereciam o que lhes tinha acontecido
no 11 de Setembro. Para mim,
são apenas pessoas que continuam agarradas a preconceitos
e não querem ver a realidade.
S.— E qual é a realidade?
Foi no passado dia 26 de
Novembro de 2005 que mais
uma vez o Programa Porta
Aberta reuniu no Colégio Paulo
VI pais, alunos e professores
para mais uma animadíssima
manhã desta vez dedicada ao
desporto.
O dia começava cinzento e chuvoso, mas nem mesmo a maior
intempérie fez demover os participantes de se apresentarem
“vestidos a rigor” para as dificílimas provas físicas a que iriam
ser sujeitos no pedipaper preparado para este atelier.
É sempre um grande prazer
verificar a crescente adesão por
parte de todos os envolvidos no
Programa Porta Aberta, tendo
nessa manhã sido ultrapassada
a centena de participantes.
A moral estava alta e a vontade
de começar era grande, pelo que
iniciada a prova, muitas foram as
corridas, as gargalhadas e as
interrogações acerca das diferentes pistas fornecidas.
Desde portas
medidas a palito, brincadeiras
na praia, aros
de metal atravessados por
bolas, ou mesmo um radiador que não
era de carro,
tudo foi pretexto para animar
pequenos
e
graúdos.
R.Z.— A realidade é que os
Estados Unidos têm coisas fabulosas, são um país muito dinâmico, as pessoas têm opções de
vida que cá não existem, mas
onde também há defeitos enormes. Neste momento, são um
país muito conservador.
No final da manhã e findas as
provas, todos os participantes
se juntaram no ginásio para
“brincarem” um pouco mais e
conhecer a equipa campeã.
No entanto este atelier não se
teria concretizado sem a preciosa colaboração de todos os professores de educação física
responsáveis por toda a organização do pedipaper e aos quais
queremos deixar o nosso agradecimento.
Dr.ª Daniela Alves
Acho que as pessoas
ainda não perceberam
que Portugal não é
muito diferente dos
outros países.
com muita qualidade, sobretudo jovens, que fazem excelentes
trabalhos, por exemplo, na área
da ciência. É triste constatar
que há pessoas que se esforçam e trabalham todos os dias
sem qualquer reconhecimento.
Em Portugal não há grandes
incentivos, ninguém diz a ninguém que está a fazer um bom
trabalho. O português não elogia
com facilidade e isso é muito
mau.
Por outro lado, há os dois extremos de atitudes. Isto é, em Portugal, há pessoas que acham
que tudo aqui é mau. Eu acho
que é uma questão de complexo
de inferioridade, mas que se vai
conseguir ultrapassar. Depois,
há pessoas que acham que só o
que é português é que é bom.
Encontram-se pessoas que se
dizem muito orgulhosas de ser
do Porto, muito bairristas, mas
depois deitam lixo para o chão
ou conduzem como monstros
dentro da sua própria cidade.
Para mim, esta atitude, este
orgulho da sua cidade, é muito
difícil de entender. Prefiro os
actos e os gestos.
27
a casa dela. Há uma distância
maior entre as pessoas.
S.— Voltando ao tema da literatura, o que acha da literatura portuguesa? Tem algum
autor português preferido?
R.Z.— Leio pouco em português… Leio sobretudo em
inglês para não enfraquecer o
vínculo à minha língua. Mas,
Eça de Queirós e António Lobo
Antunes são escritores que considero muito interessantes. Também posso dizer que gosto muito de Ana Gusmão. Não é muito
conhecida mas tem uma escrita
muito simples e acessível. Gosto de alguns poetas como Al
Berto e Pedro Támen.
S.— Pensa enveredar por
outra via que não a ficção histórica?
R.Z.— Sim, o próximo romance
a publicar em Portugal é mais
contemporâneo. Passar-se-á em
vários lugares como os Estados
Unidos, Israel, França e eu próprio serei uma das personagens.
O livro será um misto de memórias e de ficção.
Qual foi a maior alegria
que Portugal lhe trouxe?
R.Z.— Depois de todo o
trabalho investido em O
último cabalista de Lisboa, e de este ter sido
recusado por 24 editores
norte-americanos, foi ver
a obra publicada em Portugal e ver a reacção das
pessoas. Senti que afinal
podia ser escritor.
S. - E a maior decepção?
S.— Pegando nessa ideia, o
que acha que os portugueses
ainda não descobriram em
Portugal?
R.Z.— Boa pergunta… Acho que
as pessoas ainda não perceberam que Portugal não é muito
diferente dos outros países.
Pode ser pior nuns aspectos e
melhor noutros. É importante
reconhecer que existem pessoas
R.Z.— Não posso falar
numa decepção. Tenho
os mesmos problemas
que teria nos Estados
Unidos. Talvez sinta
mais a falta de amigos.
Nos Estados Unidos é
fácil fazer amigos mas
aqui podemos conhecer
uma pessoa durante 10
ou 15 anos sem nunca ir
Dr.ª Conceição Gomes
Prof. ª Mónica Sanches
26
como somos. Então, eu acho
mais real falar subtilmente das
gerações e ramos diferentes da
mesma família. Por isso, costumo dizer que estou a criar um
mundo paralelo.
S.— Já agora e uma vez que
escreve romances históricos
baseados na história portuguesa, faria o mesmo em relação à história americana ou
considera a história portuguesa mais rica?
R.Z.— Eu diria que ambos os
países têm uma história muito
rica. A riqueza da história portuguesa para mim tem um significado diferente porque Portugal
foi um local de cruzamento de
muitas culturas e etnias diferentes durante muitos séculos.
Depois, Portugal tinha um império, o que quer dizer que, por
razões históricas ligadas à inquisição, também tem uma diáspora. Os judeus foram para as
Caraíbas, para a Índia, Itália,
Turquia, Africa do Norte, e
outras partes do mundo e isso é
uma riqueza enorme para mim
porque eu posso pegar em qualquer parte do mapa e ir para
qualquer parte do mundo, inclusive os Estados Unidos, e
encontrar judeus cujos antepassados passaram por Portugal.
Charlston era a maior cidade
judaica dos EUA do séc. XVIII e
a maioria desses judeus era de
origem portuguesa. A riqueza
maior reside aí, no facto de
haver uma interacção entre os
continentes, Portugal era um
país de confluências gastronómicas, musicais e culturais. A
história portuguesa é riquíssima
nestes aspectos.
S.— Quando se lêem os seus
livros, há todo um universo de
sensações que nos marca,
parece que se conseguem ver
as ruas, ouvir os ruídos, sentir
os cheiros do passado…
R.Z.— Isso para mim é um elogio. É uma parte do desafio de
escrever um romance histórico.
Tento criar o ambiente para mim
ARTES E LETRAS
e para o leitor para que este se
sinta à vontade naquela época e
que possa reconhecer os espaços.
S.—Como é que isso se processa num escritor que não é
português? Não sente dificuldade em transpor para a escrita todo esse universo tão português?
R.Z.—Não, porque o grande
desafio de qualquer escritor é
entrar na cabeça do outro. Ver o
mundo através dos sentidos das
PORTA ABERTA
houve um acontecimento pessoal e familiar desagradável na
minha vida que me traumatizou
- estamos a falar dos finais dos
anos oitenta. É muito difícil de
explicar, mas eu precisei de
refazer a minha vida. Surgiu
então a oportunidade de vir
para Portugal, isto porque, há
28 anos, que tenho um amigo
português muito próximo e, nessa altura, ele recebeu um convite para vir trabalhar para o Instituto de Biomédicas Abel Salazar, no Porto. Ele também nunca tinha vivido em Portugal pro-
Encontros com a cultura
Apresentação do Projecto
aos alunos do 9º ano
Parecia mais um momento de
recepção ao caloiro, numa qualquer faculdade, a reunião que
ocorreu no passado dia 7 de
Outubro, em que os alunos do
Programa Porta Aberta do 9.º
ano, tiveram o seu primeiro contacto com o Projecto Encontros
com a Cultura.
Minhas personagens é, para
mim, o maior desafio. Isso sim, é
difícil mas creio que tenho essa
capacidade que resulta também
da minha pesquisa e da minha
experiência. Para mim, é fantástico imaginar como seria estar na
Rua dos Ingleses em 1820, por
exemplo, e como estaria uma
pessoa vestida nessa época, ou
que cheiros sentiria. É a imaginação do escritor que é desenvolvida com treino diário, ou
seja, o escritor desenvolve a
capacidade de entrar na cabeça
do outro.
S.— Agora uma pergunta de
carácter pessoal que, do nosso ponto de vista, nos parece
inevitável: O que faz um americano no Porto?
R.Z.— Eu vivia na Califórnia e
priamente, pois apesar de ser
português, tinha nascido em
Moçambique, e para ele tudo
seria novidade também. Fiquei
um pouco confuso na altura
porque me parecia haver obstáculos a mais: a cultura, a língua,
etc. Mas, acabei por aceitar o
desafio e vim viver para o Porto.
Os primeiros anos foram difíceis
por causa da adaptação e da
diferença cultural. Resolvi frequentar aulas de Português,
aceitei dar aulas no antigo Instituto de Jornalismo e escrevi o
meu primeiro livro. Depois dos
primeiros quatro ou cinco anos
senti-me adaptado. O Porto era
uma cidade sombria, fechada e
de uniformidade. Agora gosto
muito de viver aqui, já não o
faria se não gostasse. Neste
momento, o Porto é uma cidade
mais aberta onde se encontra
15
À Cátia, ao Cláudio, à Fátima,
ao Gonçalo, ao Hugo, ao Josué,
à Luisa, ao Miguel, ao Pedro, ao
Ricardo, ao Ruben e ao Rui, um
abraço muito forte pelo vosso
empenho, interesse e dedicação
a este projecto. Sem vocês, isto
não seria possível...
Assim, a fazer as honras da
casa, estiveram, para além do
coordenador do projecto e da
psicóloga Dra. Conceição Gomes,
os alunos Hugo Moreira (10ºA) e
Ruben Costa (10ºE), já veteranos nestes Encontros com a Cultura. Estes alunos deram o seu
testemunho da experiência de
um ano neste projecto, tendo
respondido às questões dos 14
caloiros que, a partir deste ano
lectivo, iniciam uma nova etapa
no Porta Aberta.
1ºAniversário do Encontros
No passado dia 15 de Novembro, o Projecto Encontros com a
Cultura festejou o seu primeiro
ano de existência. Um ano de
encontros com a pintura, com a
escultura, com a fotografia, com
o cinema, com o teatro...enfim,
um ano em convívio permanente
com a arte e a cultura e de discussões frutíferas sobre as mesmas.
Quantas músicas encerra a
casa da música?
...Isto é um poliedro não convexo!
Miguel Regala, 10ºA
Isto de ter um grupo de trabalho
composto, na esmagadora
maioria, por jovens oriundos das
ciências tem as suas coisas,
para o bem e para o mal! Esta
observação do Miguel Regala
aquando do primeiro contacto
com o imponente edifício da
Casa da Música, não foi isolado.
Logo de seguida, a Luisa Carvalho (10.ºB) acrescentou : “ as
linhas não são nada simétricas...”, e a Fátima Mendes
(10.ºA) rematou: “ ...sim, na verdade, é um poliedro bastante
irregular!”. Resumi-me à minha
ignorância nestas coisas da
geometria, como bom homem
das belas letras que sou, e ouvi
encantado as explicações deste
bando de jovens cientistas e,
confesso, fiquei a perceber
alguns rudimentos de geometria.
A Mafalda Lima(9ºB) baralhoume novamente, ao afirmar,
alguns dias depois: “... professor, aquilo é um heptágono!!!...”.
Socorro!
Para além das cogitações matemáticas, a Casa da Música surge aos olhos do nosso grupo
como um exemplo da arquitectura mais futurista e moderna que
actualmente se faz no nosso
país e na Europa em geral. Não
é o Gugenheim de Bilbao, mas é
do melhor que temos no país.
Ninguém pode ficar indiferente
quando passa na Rotunda da
Boavista e se depara com este
“ . . .d i a m a n te m a l l a p i d a do...”(Josué,8ºC)
ou
“...meteorito...”(Inês Soares,
9ºA), mesmo no meio do caos
que é aquela parte da cidade.
Aliás, o grupo não imagina
aquele edifício enquadrado noutra parte da cidade, porque acha
que o contraste que estabelece
com os edifícios envolventes é
das coisas que mais chama a
atenção. Para além disso, o edifício obriga-nos a associações
mentais imediatas, ao primeiro
contacto com o mesmo:“...a pessoa pode imaginar o que quiser
sobre o edifício...” (Catarina
Rocha, 9ºB). Esta deambulação
com o exterior da casa da Música levou os alunos a outra questão: “O que estará lá dentro?...” (Francisco Amorim, 9ºB).
PORTA ABERTA
16
Viagem ao interior do
colosso
...conjugação do presente,
passado e do futuro de Portugal.
Mafalda Lima, 9ºB
A Casa da Música é uma espécie de Torre de Babel dos tempos modernos; “ A irregularidade
lá de fora, continua cá dentro...” (Fátima Mendes,10ºA). Na
verdade, esta obra prima do
arquitecto holandês Rem Koolhas, pretende ser isso mesmo,
um desafio constante à nossa
imaginação. Cada canto é uma
surpresa e há locais onde a respiração nos é cortada por força
da beleza aí patente. Há um
sem número de salas, com
designações a condizer e que
marcaram de forma diferenciada
cada um dos alunos. A sala
roxa, a sala laranja e a sala
cyber fizeram as delícias dos
elementos do grupo.
Estas foram as salas
que, de uma forma
ou de outra, marcaram os alunos e que
ainda hoje são motivo de conversa entre
eles. Relativamente à
sala laranja, uma
sala interior, o Rui
Sousa (10ºA) refere,
a seu respeito: “...dá
vontade de rebolar...”; o Miguel Regala (10ºA) corrobora:
“Aquela rampa tinha algo de
especial...”; outros alunos como
o Diogo Castro (9ºA), chamaram
mais uma vez a atenção para a
rampa e para o facto de ser uma
sala aconchegante. A sala laranja é assim chamada por ter uma
rampa forrada a alcatifa cor de
laranja onde, quando nos sentamos, somos possuídos por uma
incrível sensação de relaxamento, se calhar ajudada pela luz
laranja que ilumina a sala. Todavia, a sala roxa, também ela interior, deixou a maioria desta gente fascinada: “Dá vontade de
sentar no tecto!” (Rui Sousa,
10ºA). Esta sala é, como disse o
Diogo
Castro
(9ºA),
“...enganadora...”. Ao entrarmos,
parece-nos um compartimento
pequeno porque, ao fundo, não
notamos que existe uma bancada que nos conduz a uma
espécie de palanque onde podemos, sem dificuldade, tocar no
tecto.
ARTES E LETRAS
À entrada, a luz púrpura ofuscanos a vista e engana-nos, decididamente. “Isto parece uma
casa ao contrário...” (Hugo
Moreira,10ºA). A sala cyber,
baptizada de casa dos bicos,
pela inspiração que o arquitecto
foi buscar à famosa Casa dos
Bicos, em Lisboa é, sem sombra para dúvidas, um dos espaços que mais agradou devido,
sobretudo, às paredes forradas
de pequenas pirâmides verdes
(que, ao mesmo tempo, servem
para insonorização do espaço),
mas também devido a uma verdadeira parede de vidro (uma
janela gigantesca) virada para
uma das áreas que compõem a
Boavista. O piso e os degraus
desnivelados também chamaram a atenção. Outras salas
surpreenderam o grupo: A sala
Sintra, inspirada nos magníficos
azulejos de Sintra, mereceu
comentários diferenciados por
parte dos alunos. Assim,
enquanto o Diogo Norte (9.ºA)
achou esta sala pirosa (SIC), o
David Ferreira, da mesma turma, contra-atacou, defendendo
que: “...não é pirosa, porque é
uma sala que faz uma boa ligação entre passado, presente e
futuro...”.
-lhe o manuscrito em inglês, o
que, na minha ingenuidade, não
me parecia muito correcto, pois
eu não fazia ideia que os editores portugueses liam manuscritos em inglês todos os dias.
Depois de dois meses e meio,
ainda
não
tinha
recebido
qualquer resposta e resolvi telefonar-lhe. Nessa altura, ela
disse-me para ir a Lisboa para
conversarmos.
Sinceramente,
pensei que seria uma grande
perda de tempo ter de viajar de
comboio mais de três horas para
cada lado para ouvir o que já
tinha ouvido vinte e quatro vezes
antes. Mas, mesmo assim, resolvi ir. Quando lá cheguei pensei que tinha ouvido mal quando
ela me perguntou, logo no início
da entrevista, qual era a imagem
que eu queria escolher para
colocar na capa. Pensei que
tinha ouvido mal, uma vez que o
meu português era ainda muito
fraco. Mas não, eu tinha que
escolher apenas a capa para a
publicação do meu primeiro romance. Não me lembro do que
se passou além disso nessa reunião, porque eu fiquei de tal
maneira entusiasmado que não
ouvi nada da restante conversa!
O livro foi traduzido e foi publicado em Abril de 1996. Apesar de
me terem dito que poderia não
vender bem, uma vez que o livro
trata o massacre de Lisboa de
1506, um momento pouco positivo para a história portuguesa,
vendeu muito bem logo nas primeiras semanas e chegou a
estar no top das vendas. Foi
assim que começou a minha
carreira.
Também a sala Vip suscitou
comentários
diversos:
“Representa muito bem Portugal!”(Luís Alves, 9ºA); “É um
excelente tributo do arquitecto a
Portugal....” (Miguel Regala,
10ºA). Todas estas salas se
encontram ligadas à sala 1,
a mãe de todas as salas, através de um vidro ondulado, de
espessura considerável, para
S.— Por curiosidade, é sempre
a mesma pessoa que traduz
os seus livros?
R.Z.— Não. O último cabalista
de Lisboa foi traduzido por José
Lima, que traduziu também o
meu segundo livro publicado
em Portugal, que não é um
romance histórico e que não
vendeu tão bem, chama-se Trevas de luz, um romance contemporâneo. Depois outras duas
25
primeiro lugar, porque eu adoro
fazer pesquisa. Não estudei história, mas dá-me imenso prazer
procurar e estudar pormenores
de época. A segunda razão é
porque é um desafio interessante para mim dar voz àqueles que
foram esquecidos na história
como, por exemplo, minorias ou
os que foram sistematicamente
silenciadas pelos poderes, pelos
Bispos, etc. Dá-me um enorme
prazer substituir essas pessoas
por personagens vivos nos
meus romances. Por exemplo,
no meu livro Goa e o guardião
da aurora, dá-me imenso gosto
dar voz a um hindu que é perseguido pela inquisição e que, se
não fosse o meu romance,
jamais seria ouvido. Não estou a
dizer que não haja outras formas de o fazer, mas esta é a
minha forma de dar voz a pessoas que viveram, pessoas que
sofreram, pessoas que se apaixonaram, e que ajudaram na
construção da história. A terceira razão para este interesse
pela ficção histórica é que em
três romances meus, O último
Curiosamente, admito, que há
cabalista de Lisboa, Meia noite
passagens dos meus livros que
gosto mais de ver escritas em
ou o principio do mundo e Goa e
o guardião da aurora, eu estou a
português do que originalmencriar um universo paralelo, ou
te em inglês, uma vez que as
seja, estes
personagens são
portuguesas e os
Muito do que nós r o m a n c e s
falam
de
acontecimentos
somos (…)é o resultado ramos e de
são passados em
dos nossos antepassa- gerações difePortugal.
dos e o que vão ser os r e n t e s d a s
Obviamente que
nossos filhos e os nos- mesmas famítambém me orgusos netos também tem lias. Não são
trilogias, não
lho pelo facto do
que ver com o que nós é preciso ler
livro tratar um
somos e como somos.
um para ler o
evento importante
seguinte, mas
para a história de
estão interligados. Por exemplo,
Portugal e de homenagear pespara mim dá-me muito prazer e
soas que foram mortas e esqueacho que torna o romance
cidas.
mais real saber que o narrador
de O último cabalista de Lisboa
S.— Por de trás de cada um
é o bisneto do narrador de Goa
dos seus livros, tal como
e o guardião da aurora. Muito do
acontece em Goa e o guardião
que nós somos, a nossa profisda aurora, há um trabalho
são, a nossa maneira de ser, a
amplo de investigação histórinossa cor de cabelo, é o resultaca. Porquê esse interesse pela
do dos nossos antepassados e
ficção histórica?
o que vão ser os nossos filhos e
R.Z.— Eu gosto muito de
os nossos netos também tem
escrever ficção histórica. Em
que ver com o que nós somos e
pessoas traduziram Meia noite
ou o principio do mundo e Goa e
o guardião da aurora. O meu
novo livro, que sairá em Maio de
2006, voltou a ser traduzido por
José Lima. Em Portugal, e noutros países, são os editores que
escolhem os tradutores e não os
autores. Claro que para mim, a
minha escolha seria pelo melhor
tradutor possível. A tradução é
extremamente importante, pois
tudo tem de ser adaptado à língua em questão e tem de fazer
sentido para a cultura dessa
mesma língua. Eu faço uma
revisão muito cuidadosa da tradução para português porque
surgem sempre muitos lapsos e
eu sou muito atento a essas
falhas. Faço o mesmo para uma
tradução em francês, embora
não o faça com a mesma qualidade como acontece com a língua portuguesa, que já domino
bastante bem. Mas, a verdade é
que não o posso fazer quando
são feitas traduções para outras
línguas que não estas.
24
acho a língua portuguesa muito
difícil para uma pessoa com um
cérebro americano. Para mim, é
uma complicação, apesar de eu
falar francês bastante bem e
também um pouco de italiano.
Em português, só escrevo cartas
ou textos pequenos, não tenho
grande fluência na escrita, mas
acho que as línguas são de facto
diferentes. O português e o
inglês são línguas muito ricas
em termos de palavras, construções, metáforas, conceitos e
com uma história longínqua que
se adapta muito bem à expressão literária de qualquer escritor.
Claro que a gramática portuguesa é muito diferente da gramática da língua inglesa moderna.
No português actual podem-se
escrever frases muito mais complicadas, muito longas e cheias
de ideias interligadas. E pode-se andar às voltas e às voltas
com o mesmo assunto na mesma frase. No inglês moderno
isso não é possível. As frases
têm de ser curtas e mais directas. O inglês não permite frases
e construções muito longas.
Penso que este aspecto está
relacionado com a evolução diferente que ambas as línguas
sofreram e, como tal, não se trata de haver uma língua mais rica
do que outra, mas sim de línguas que são muito diferentes
na sua essência.
PORTA ABERTA
ARTES E LETRAS
publicá-lo em Portugal. É uma
história muito longa mas levei
dois anos para publicar o livro.
Demorei um ano para fazer a
parte da pesquisa, depois demorei dois anos a escrever o livro
e, por fim, enviei o manuscrito a
diferentes editores. Cada editor
recebeu o livro, guardou-o
durante dois ou três meses e,
depois de dois anos de espera,
24 editores americanos tinham
recusado o livro dizendo “é um
livro fascinante, muito bem
escrito, com uma boa história,
com personagens originais e
únicas mas não parece que suscite interesse por parte dos leitores”. Argumentavam que, tratando-se de uma história sobre Portugal em 1506, não iria vender.
Os americanos não sabem onde
fica Portugal no mundo. Para os
americanos em geral, o mundo
começa em Massachusetts e
acaba na Califórnia. Uma
história de ficção científica sobre
Marte ou Vénus seria muito
mais interessante e venderia
melhor. Após algum tempo de
desespero, tive uma ideia louca,
pois pensei que, uma vez que a
história decorre em Portugal,
1506, com personagens e situações portuguesas, era interessante experimentar mostrar o
manuscrito a um editor português. Como não conhecia ninguém no mundo literário português, fui sondando uns amigos
até que cheguei ao nome de
Maria da Piedade Ferreira, Directora da Quetzal Editores. Foi
nessa altura que decidi enviar -lhe o manuscrito depois de a
contactar pelo telefone. Enviei-
insonorizar as mesmas. A sala 1
é o coração do colosso, onde os
espectáculos mais importantes
decorrem. A filha mais velha
desta sala é a sala 2, onde
decorrem
espectáculos
que
agrupam, geralmente, um menor
número de espectadores. Todas
as outras salas referenciadas
são as filhas mais novas da sala
1. Uma última referência à maravilhosa varanda no topo do
colosso: Este espaço precipitase sobre a Rotunda da Boavista
e, ao deparar-se-nos, temos a
sensação de queda súbita que,
em segundos, desaparece quando nos aperçebemos que não há
qualquer perigo. Como a beleza
desta varanda e a sua limpeza
são evidentes, o Francisco Amorim (9ºB) haveria de acrescentar:
“...isto é uma sala sem tecto!”.
custa 1 euro e tem-se direito a
visita guiada.
Workshop de iniciação
hiperscore
Uma forma diferente
de fazer música?
O grupo Encontros com a Cultura (9º e 10ºanos) foi experimentar este desafio que decorreu na
Casa da Música, de 01 de Outubro a 15 de Dezembro último.
As expectativas eram muitas e o
contacto com o evento fica aqui
registado.
Completamente diferentes.” (David Ferreira,9ºA). A limpeza, a constante preocupação
com a insonorização, os corre-
S.— Em termos de reconhecimento literário, pela sua obra,
é mais fácil ou mais difícil serse um escritor no Porto ou um
escritor em Nova York?
R.Z.— Ambos são difíceis mas
por razões diferentes. Nos Estados Unidos é difícil por causa da
competição. Em Portugal é mais
fácil publicar um livro mas é difícil fazê-lo chegar a outros países.
Outras características da
personalidade do colosso
... O facto de ser abstracto é para
obrigar as pessoas a pensar.
Inês Soares, 9ºA
O meu primeiro livro, O último
cabalista de Lisboa, por exemplo, foi primeiro publicado em
Portugal. E isto porquê? Porque
24 editores americanos tinham
recusado editar o livro. Então,
não tive alternativa
senão
No fundo, é a diferença patente
neste edifício que marcou os
alunos, tanto do 9º como do 10º
anos: “... As salas são tão diferentes que todos os elementos do grupo podem ter opiniões
17
dores amplos e com paredes
falsas, a ideia das salas viradas
para um núcleo central, os elevadores estilizados e o bar fantástico com as paredes luxuosamente decoradas com estofos
dourados, foram outras das
impressões positivas deixadas
pelo colosso nesta incursão pelo
pater familias da música do Porto. Não custa nada ir dar uma
volta por este já magnífico ícone da arquitectura europeia. Só
O Programa Hyperscore, desenvolvido pela Harmony Line, dá a
possibilidade a pessoas de
todas as idades e sem terem
qualquer conhecimento no campo musical, de se tornarem criadores de música, através do
recurso ao simples desenho de
linhas com cores e formas variadas, no ecrã de um computador.
O software hyperscore foi
desenvolvido como parte integrante de um projecto internacional de música e tecnologia
para crianças, o Toy Symphony,
idealizado por Toy Machover e
pelo seu grupo de pesquisa do
Massachussetts Institute of
Technology, Media Laboratory.
Este projecto tem como objectivo principal, promover a aquisição e o desenvolvimento de
algumas competências básicas
em música, uma sensibilização
para a riqueza expressiva do
som e a exploração de uma ferramenta tecnológica de apoio à
composição; sendo que este
último ponto é aquele que o grupo considerou mais pertinente
nesta iniciativa.
Os alunos criaram expectativas
demasiado elevadas e, feito o
contacto com o programa, ficaram desiludidos, pelo menos a
grande maioria. Os reparos vão,
essencialmente, para os sons
dos instrumentos que, segundo algumas opiniões, não estavam nada parecidos com o real,
PORTA ABERTA
18
(muito em particular, a guitarra
eléctrica e a bateria): “...sons
não são nada parecidos com o
real...” (Rui Sousa, 10ºA); “Os
tempos e as divisões das notas,
os compassos, não são certos...” (Ana Isabel Castro, 9ºA).
Em geral, os alunos acham que
não produziram música (“O que
fizemos não foi música!” - Catarina Silva, 9ºB). Em jeito de conclusão, os alunos acham que o
programa Hyperscore é inovador porque a ideia é poder fazer
música sem ter que ser músico,
embora a opinião do grupo seja
a de que tal objectivo não é concretizável sem alguns rudimentos musicais. Os alunos acham
que esta iniciativa permite fazer
sons mas não música; por isso,
diz o Rui Sousa, “...foi interessante ver o que inventámos, a
conjugação de vários sons.”.
Tendo em consideração que a
música é uma arte, achamos
que o computador desumaniza a
arte e, dado que não houve
emoção, “...não considero que
tenhamos produzido música...”
(Catarina Silva, 9ºB).
Museu de Arte
Contemporânea
No passado dia 13 de Dezembro, os alunos do 9ºano do grupo Encontros com a Cultura, fizeram uma viagem até ao
mundo sempre alucinante das
novíssimas correntes artísticas
que o MAC Serralves encerra.
Objectivo? Contactar com os
últimos trabalhos do escultor Rui
Chafes e observar o cocktail
explosivo da união deste artista
com os vídeos do realizador
Pedro Costa; passar os olhos
pela exposição do polémico Thomas Hirschhorn; deliciar os sentidos vagueando pela exposição
Tableux Vivants e, finalmente,
tomar contacto com os trabalhos
vídeo da artista Filipa César,
Ringbahn.
O primeiro contacto foi com a
exposição Fora!, do escultor Rui
Chafes em conjunto com o realizador Pedro Costa. Ambos os
artistas realizaram obras específicas para esta sua apresentação
em conjunto, no MAC Serralves.
As esculturas imponentes em
ferro, fruto do imaginário de Rui
ARTES E LETRAS
Chafes,
traduzem
objectos
comuns (como as gigantescas
colheres que, logo à entrada da
exposição, atraem o nosso
olhar) que nos fazem pensar o
que é que, para além do objecto
que ali está implicitamente
representado, Rui Chafes pretende representar. Pedro Costa
não é propriamente um realizador de cinema light, mas aquilo
a que convencionámos apelidar
de realista. De facto, as suas
películas como Ossos, ou O
quarto de Vanda, entre outros,
mostram o lado mais negro da
vida quotidiana: a pobreza, a
exclusão social, a marginalidade. Esta exposição cruza as
obras dos dois artistas criando
uma sobreposição de situações
que, sendo independentes,
levam o espectador anónimo a
interrogar-se perante tudo aquilo que lhe surge à vista. Assim,
tivemos
oportunidade
de
vaguear por vários espaços
onde os filmes de Pedro Costa
passam a cada momento,
enquanto nos vamos confrontando com as peças de Rui
Chafes, como o Confessionário,
que atraiu uma significativa parte das atenções dos elementos
do grupo.
Tableaux Vivants é uma selecção de trabalhos de variados
artistas, trabalhos esses que
pertencem à Colecção da
Fundação de Serralves que
confrontam e fazem interagir
23
Uma
conversa
com
Richard
Zimler
Esta é a minha forma de
dar voz a pessoas que
viveram, pessoas que
sofreram, pessoas que
se apaixonaram, e que
ajudaram na construção
da história.
R
ichard Zimler nasceu nos
subúrbios de Nova York em
1956. Licenciou-se em Religião
Comparada pela Duke University e completou o grau de mestrado em Jornalismo pela Stanford University. Durante oito
anos, trabalhou como jornalista
em São Francisco e, em 1990,
mudou-se para a cidade do Porto, onde ainda vive e onde é
professor de jornalismo na
Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Richard Zimler
é hoje um escritor conceituado.
Ao longo da última década,
escreveu mais de 20 contos e
seis grandes romances e continua a escrever para o jornal L.A.
Times e para o jornal San Francisco Chronicle.
O Sexto encontrou-se com este
escritor, jornalista e professor
universitário para mais uma conversa. Desta vez, o ponto de
encontro foi a foz do Porto,
numa agradável sala de chá.
Eram cinco e meia da tarde,
caía o pôr do sol, tombando
reflexos dourados sob as águas
algo agitadas do mar que banha
esta cidade. Estávamos numa
tarde de Outono, calma, sombria
e nostálgica, como muitas outras
que se vivem no Porto, e que
serviu de ambiente perfeito para
uma conversa acerca de literatura, de interesses históricos, de
ficção e das diferentes culturas
que enchem a vida de Richard
Zimler.
A sua postura cosmopolita, serena e agradavelmente acessível,
convida-nos a entrar no seu
mundo de interesses variados e
de uma vida algo conturbada
que o trouxe a vir descobrir Portugal e o Porto, cidade que assume agora como sua. A sua obra,
uma batalha longa até à primeira
publicação, abraça um enorme
contributo cultural, que tem surpreendido positivamente os editores, os críticos e os leitores.
Saborear a obra de Zimler seria
encontrar pedaços completos e
incessantes da história, seria
caminhar por terras, ruas e praças que o tempo fez desconhecidas, seria desfrutar de cheiros
intensos e ricos em perfumes de
ervas e especiarias, seria um
encontro com a nossa descendência cultural e espiritual, hoje,
assumidamente, esquecida e
homenageada em cada um dos
seus livros.
Sem se conseguir separar o
escritor da pessoa, nesta conversa de fim de tarde, Richard
Zimler fala-nos, tão simplesmente, de si e da sua obra.
Sexto — Os seus livros são
escritos originalmente em
inglês?
Richard Zimler — Sempre,
sempre. Escrevo ficção sempre
em inglês porque para escrever
um romance ou um conto, para
criar personagens ou situações
verídicos, o escritor tem que
dominar todas as nuances de
uma língua. Tem de dominar
muitíssimo bem uma língua. Eu
domino bem o português, mas
não domino todas as subtilezas
da língua portuguesa.
S.— Partindo da hipótese que
dominava ambas as línguas
de igual forma, qual das duas
línguas lhe parece ter a maior
fluência literária?
R. Z.—Eu não sou adepto da
ideia de que há umas línguas
que são superiores a outras. Eu
PORTA ABERTA
22
Intercâmbios
A atenção ao aluno que se destaca
por um potencial superior no Brasil
No Brasil, propostas educacionais para o superdotado vêm
sendo implementadas há várias
décadas. Há programas mantidos, por empresas públicas e
particulares, para alunos de baixa renda que apresentam alta
habilidade intelectual e outros
na rede particular de ensino,
como o do Centro Educacional
Objetivo, de São Paulo, que oferece, há mais de 30 anos, cursos extra-curriculares em Tecnologia e Humanidades para
alunos superdotados e talentosos. O sistema público de ensino de alguns estados, incluindo
o Distrito Federal, tem implementado programas de enriquecimento para alunos com altas
habilidades e várias universidades brasileiras mantêm o Programa Especial de Treinamento
para estudantes que se destacam na área académica.
Entretanto, o número de alunos
atendidos é muito reduzido, considerando a população do país
(aproximadamente 180 milhões
de habitantes). Constata-se ainda uma grande discrepância
entre as políticas públicas e a
prática educacional corrente. Há
resistência, por parte de muitos
gestores educacionais e professores, à implementação de um
atendimento diferenciado ao
superdotado, decorrente de
vários factores, como de ideias
errôneas sobre o superdotado.
Uma dessas ideias é a supervalorização de factores genéticos,
colocando-se em segundo plano
o papel do ambiente para o
desenvolvimento das habilidades
e competências. Tal idéia seria
responsável pela consideração
do superdotado como um privilegiado, que apresentaria recursos
intelectuais inatos superiores
que o habilitariam a sobrepujar
as barreiras do ambiente no sentido de expressar o seu potencial
superior. Ademais, em função
dos investimentos limitados e
carências na área educacional, é
também comum resistir a qualquer proposta de implementação
de programas especiais para o
superdotado, com o argumento
de que seria um absurdo investir
nesta área, quando se tem, no
país, um contingente significativo
de analfabetos e de portadores
de necessidades especiais, nas
áreas visual, auditiva ou física,
que não vem recebendo a atenção devida. Estas e outras idéias
errôneas estão profundamente
enraizadas no pensamento
popular, fruto da ignorância, preconceito e tradição, interferindo
e dificultando a implantação de
programas educacionais para o
talento intelectual. Observa-se
ainda no Brasil baixa competência e comprometimento de muitos daqueles responsáveis pela
implementação das políticas
educacionais e poucos cursos,
ao nível do ensino superior, voltados para a formação de docentes habilitados para atender alunos altamente capazes.
É nosso ponto de vista que o
ambiente educacional típico não
está preparado para atender as
necessidades do aluno que se
destaca por um potencial intelectual superior. De modo geral,
o ensino regular é direccionado
PORTA ABERTA
para o aluno médio e abaixo da
média, e aquele que se destaca
na área intelectual, além de ser
deixado de lado, é visto, muitas
vezes, com suspeita por professores que se sentem ameaçados diante do aluno que os
questiona, ou os pressiona com
perguntas e comentários.
Preocupa-nos o enorme desperdício de talento e potencial
humano, resultante das escassas possibilidades oferecidas ao
desenvolvimento e expressão
da inteligência, criatividade e
talento de expressivo contingente de estudantes. Vivemos em
um momento da História caracterizado por uma necessidade
crescente de indivíduos com
competência acentuada nas
mais diversas áreas. São
necessários investimentos
maciços no país no sentido de
se assegurar uma educação de
boa qualidade para todos,
levando em conta as diferenças
individuais e encorajando o
desenvolvimento de talentos e
habilidades diversas.
Prof.ª Dr.ª Eunice S. de Alencar,
Univ. Católica de Brasília
Achas que tens jeito para fotografia?...
Agrada-te poder captar a realidade numa única imagem?...
És um talento escondido e gostavas de mostrar ao mundo
aquilo que vales?...
Então, aguarda!!
Vem aí o …
1º Concurso de Fotografia
do Colégio Paulo VI
técnicas que vão desde a escultura e a pintura até ao vídeo. A
exposição coloca, lado a lado,
perspectiva e movimento, aquilo
a que alguns dos elementos do
grupo se referiram como um jogo
de movimento ou jogo de ideias
e contrastes ou ainda ilusões
ópticas a potes. Na verdade, os
trabalhos patentes nesta exposição transportam-nos para o
mundo da fantasia, da ilusão e
realidade ou, como uma aluna
referiu, virtualidade do movimento. As peças são todas, a priori,
aparentemente simples (caso do
suposto saco de boxe suspenso
do tecto, pelo qual ficamos todos
intrigados) mas, uma observação mais atenta, leva-nos a pensar em algo mais. Somos coagidos a deixar fora daquele espaço todas as preocupações da
rotina diária, muito especialmente quando entramos no segundo
núcleo da exposição. Aqui, sim!
Somos, inevitavelmente, transportados para o mundo do surreal. Peças como a de João
Paulo Feliciano; a cara grotesca
semi-humana e a obra Vou para
Casa dentro de Quarenta Dias,
transportaram todos os elementos, incluindo o coordenador do
grupo, para um mundo completamente fora deste com que
todos os dias contactamos! A
estranha cara grotesca provocou, simultaneamente, atracção
e repulsa, enquanto que a sala
onde se encontrava a obra Vou
para Casa... fez baixar os níveis
de adrenalina da tribo que, derrotada pela beleza das imagens
projectadas, decidiu sentar-se,
observar o movimento do mar
mesmo à sua frente e, como
alguém disse, “...imaginar o
barulho do mar.” Este foi, em
nossa opinião, um dos melhores
momentos da visita, porque o
silêncio
foi
completamente
espontâneo e ninguém, como
referiu uma aluna, queria sair
dali…
Mas saímos!... Fomos até ao
incrível mundo de Thomas Hirschhorn e da sua exposição Anschool. Hirschhorn é um artista
de ascendência suiça que vive e
trabalha em Paris.
Através do uso de elementos do
dia a dia e de materiais reciclados, assim como da organização de arquivos, de imagens e
textos dos mais variados assuntos, denuncia a natureza consumista da sociedade contemporânea (muito particularmente da
sociedade ocidental), a manipu-
lação da informação nos meios
de comunicação social (nas
grandes potências económicas
do mundo desenvolvido) homenageando, ao mesmo tempo,
figuras essenciais da cultura
crítica do século XX. Ora, tudo
isto é apresentado num espaço
que ocupa, porventura, talvez
metade do espaço do MAC Serralves e que, em tudo, se assemelha ao espaço interior de uma
escola, ou melhor será dizer,
anti escola? Nenhum elemento
do grupo teve grandes dúvidas
que Hirschhorn é anti globalização, anti ensino, anti materialista, anti americano, anti belicista... o grupo não tem dúvidas
acerca deste aspecto (O autor
afirma, constantemente que o
melhor é sempre o menos
bom...); pura e simplesmente, a
maioria dos elementos do nosso
grupo acha que tudo isto é em
excessivo excesso! Demasiado
evidente. Um dos elementos do
grupo acabou por referir que
preferia ter descoberto isto ao
longo da exposição. Em suma, é
19
bem patente a ridicularização da
vida humana, dado que somos
constantemente
confrontados
com as contradições da moral.
Os elementos do grupo confessam que se sentiram frente a
frente com as suas próprias convicções e com a sua ideia de
moral e de imoral. Por outro
lado, concluíram que o próprio
autor é, ele próprio, um consu-
midor nato. Uma aluna defende
que “...a quantidade de papel e
cartão, cola e fita-cola usados
permanentemente em todos os
lados da exposição...excesso de
materiais, indicam que ele próprio gostaria, talvez, de ser
menos consumista.”.
No final da nossa incursão,
fomos espreitar a instalação
vídeo de Filipa César. Esta artista pretende abordar o dia a dia
do indivíduo e encontrar uma
estética onde, aparentemente,
ela não existe. No caso de Ringbahn, apresenta-se um projecto
vídeo que oferece uma dupla
perspectiva sobre a vida na
cidade de Berlim.
Os alunos limitaram-se, num
espaço que se assemelhava a
uma mini sala de cinema, a
observar alguns diálogos entre
gente comum da cidade de Berlim, enquanto faziam algumas
das suas actividades mais rotineiras. Esses diálogos traduziam pensamentos, reflexões,
PORTA ABERTA
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angústias e alegrias que, de
maneira geral, incidiam sobre
alguns dos momentos negros da
história mais recente da Alemanha pós 2.ª guerra mundial.
Todas estas exposições estão
patentes no Museu de Arte Contemporânea de Serralves até ao
próximo dia 29 de Janeiro de
2006. Aconselhamos vivamente
uma visita!
pior do ser humano: guerras,
tortura, violação, motins, pobreza, toxicodependência, massacres, entre outros aspectos
degradantes inerentes à espécie
humana. Apesar do choque inicial, os alunos foram digerindo
foto a foto, em completo silêncio,
até concluirem que havia, pelo
menos, de entre o conjunto, uma
foto que mais os marcou. Aqui
ficam as impressões gerais
registadas:
PORTA ABERTA
Conseguimos imaginar os mutilados de guerra. Vê-los aqui,
fotografados, é mais chocante,
diria quase brutal...
Pedro Rocha, 10ºA
World Press Photo
Viagem ao mundo do
Fotojornalismo
No passado dia 22 de Novembro, os alunos membros do grupo Encontros com a Cultura10.º ano, meteram-se na linha C
do metro do Porto e dirigiram-se
rumo ao Fórum da Maia para
observar a exposição internacional da World Press Photo. Esta
exposição é a mais internacional
das exposições de fotografia
porque, durante todo o ano, percorre várias cidades diferentes
do planeta. Depois de Lisboa,
Barcelona, Amesterdão e Nova
Iorque (só para citar algumas
dessas cidades) ei-la que chega
ao recinto do Fórum da Maia.
Esta mostra pouco vulgar de
fotografia que, supostamente,
não é feita por artistas, mas que,
na verdade, até é, traz-nos testemunhos de fotógrafos que trabalham para alguns dos jornais
e revistas mais conceituados do
mundo. Muitos deles, arriscaram
a vida para obter alguns dos
momentos que são apresentados nesta exposição. Digamos
que, nesta exposição, temos
uma parte mais soft e uma parte
mais hard (em alguns casos,
hard demais!). Na primeira parte, podemos observar fotografias do quotidiano de várias
sociedades do mundo actual,
incluindo o panorama mais
recente da sociedade portuguesa. Numa segunda parte, e que
constitui o grosso da exposição
(e é esta parte que tornou o
World Press Photo afamado),
encontramos um sem número
de fotografias que retratam o
Esta viagem ao mundo do fotojornalismo foi de formas diferentes igualmente marcante para
cada um de nós. Esperamos
que algumas das imagens que
aqui expomos possam fazer
surgir no leitor o mesmo misto
de sensações que em nós suscitaram.
Rui Sousa, 10ºA
Grupo Encontros com a Cultura
Prof. Luís Cravo
Inicialmente, esta foto passa despercebida, apesar do olhar da
rapariga. No entanto, quando
começamos a ler a legenda e
sabemos que esta é uma rapariga
da nossa idade que, dias antes,
havia sido violada por quatro
homens, o choque é imediato porque o olhar dela vale mais que mil
palavras.
Escolhi esta foto, porque a exposição é demasiado chocante.
Como fiquei um tanto ou quanto
abatido pelo que vi, não escolhi
nenhuma foto que representasse
sofrimento. Como antítese a
essas, escolhi esta de uma aurora boreal, porque me tranquilizou.
Hugo Moreira, 10ºA
Ruben Costa, 10ºE
A favela em São Paulo a arder é
uma imagem que me fascina e, ao
mesmo tempo, me provoca alguma angústia. A rapariga que ali
aparece, apanhada no momento
fatídico, é o símbolo da fragilidade daquelas habitações a arder.
Ricardo Pereira, 10ºA
Conhecer a
minha terra
Fomos visitar os bombeiros
Somos um grupo do Programa
Porta Aberta, mais exactamente,
10 alunos das turmas A e B do
6.º ano. Somos: a Sofia, o Nuno,
o Ricardo, o André, o Guilherme, o Tiago, o João Vieira, o
João Silva, o Nicola e o Joel.
Miguel Regala, 10ºA
Apanhar, num fragmento de
segundo, o momento da morte
violenta de alguém, neste caso de
uma criança haitiana que fugia
das tropas governamentais, provoca-me um arrepio na espinha...
a expressão desta criança, o horror estampado na sua cara é…
sem palavras.
Prof. Luís Cravo
nossos corações ferviam de
ansiedade. Fomos muito bem
recebidos pelo bombeiro Mário
que, com grande paciência e
simpatia, nos acompanhou na
visita, mostrando e elucidando
todos sobre as diferentes secções do edifício e sua utilização.
Foi engraçado ver como os nossos olhos não se despregavam
daquele jovem bombeiro e mostravam entusiasmo por tudo
quanto viam.
O efeito visual é magnífico! Fotografar uma tempestade de areia
deve ser tarefa tão difícil como
fotografar todas as outras situações arriscadas.
Não sei bem o que me atraiu nesta foto...talvez me tenha identificado com a tristeza desta mulher. O
fotógrafo fez um perfeito trabalho
ao conseguir apresentar a esposa
e a foto do marido falecido como
pano de fundo.
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Agora que estamos apresentados, vamos falar do nosso trabalho. Este ano temos um projecto
diferente, a que chamamos
“Conhecer a minha terra”. E
começamos já a pô-lo em prática.
No dia 25 de Novembro, pelas
14 horas e 30 minutos, fomos
fazer a primeira visita a uma
digna associação da nossa cidade: os Bombeiros Voluntários de
Gondomar. A tarde estava
cinzenta com a chuva, mas os
A nossa curiosidade esteve
sempre desperta, pois questionávamos continuamente o bombeiro sobre tudo que nos chamava a atenção. Aliás, tínhamos
elaborado
previamente
um
questionário sobre os principais
aspectos da vida e do trabalho
dos bombeiros que gostaríamos
de conhecer. E temos a certeza
que o objectivo desta visita foi
plenamente atingido. De facto,
desde os dormitórios dos bombeiros até aos carros de incêndio e ambulâncias, tudo nos foi
mostrado em pormenor. Conhecemos a sala das recordações,
os fatos de incêndio, várias pinturas nas paredes alusivas ao
trabalho dos bombeiros, a escola de treinos, enfim, foram duas
horas e meia dedicadas à
“exploração” dos Bombeiros
Voluntários de Gondomar.
É preciso referir que os nossos
fotógrafos de serviço registaram
todos os aspectos importantes
da visita que, mais tarde, quererão, decerto, recordar.
Valeu a pena. Para nós, ficou a
memória de uma profissão tão
digna como a de bombeiro, e
um melhor conhecimento do
trabalho
e vida
daqueles
homens e mulheres que, dia a
dia e voluntariamente, não se
poupam a esforços e, quantas
vezes, põem a sua vida em risco, para ajudar os outros.
Obrigado aos bombeiros pela
sua missão de paz.
Grupo Conhecer a minha terra

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