tese micro correntes carlos ruiz
Transcrição
tese micro correntes carlos ruiz
Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Carlos Ruiz da Silva “Efeito da corrente elétrica de baixa intensidade em feridas cutâneas de ratos” São José dos Campos, SP 2006 Carlos Ruiz da Silva “Efeito da corrente elétrica de baixa intensidade em feridas cutâneas de ratos” Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Universidade do em Vale Bioengenharia do Paraíba, da como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica Orientador: Prof. Dr.Renato Amaro Zângaro. Orientadora: Profa. Dra. Renata Amadei Nicolau. São José dos Campos, SP 2006 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho as minhas filhas, Fernanda, Caroline, Karina e Larissa, para minha amada esposa, Elaine, pelo estímulo, paciência e fé nas horas de dificuldades, e também pelas horas de alegria que me proporcionam todos os dias, a meu pai e minha mãe pelo exemplo de luta, que me estimularam a vencer barreiras. . AGRADECIMENTOS Ao Deus eterno e imortal invisível mais real, que em todo os momentos me sustentou com o braço forte, e ao Senhor Jesus Cristo, por estar comigo em todos os momentos, inclusive neste. Agradeço ao Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro, que em um momento complexo da pósgraduação, me recebeu como orientador, acreditando na técnica de micro estimulação, me dando apoio e direção para realizar este estudo. A Profa. Dra. Renata Amadei Nicolau, abençoada de Deus e guiada por miríades, pela paciência, pelos ensinamentos passo a passo com compreensão, e pelas horas que deixou seu convívio familiar para me ajudar neste trabalho. Agradeço aos amigos Daniel Sonnewend e Jorge L. R. Oliveira por dividirem seus conhecimentos e ajuda que ofereceram no tratamento dos animais de laboratório. Agradeço também ao Dr. Martin Sauer, proprietário da Kroman ind. e Com. de equipamentos eletrônicos, por ter me incentivado, desde 1999, a pesquisar novas técnicas e equipamentos de eletrotermofototerapia, ainda quando estagiário na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Acreditando na eficiência das micro correntes, em 1995 quando apresentei o projeto da microterapia celular acabou por fabricar o protótipo para este experimento, agora concluído. Ao amigo Missionário Alexandre Borges pelas orações e intercessão. Agradeço, ainda, aos professores e colegas da Universidade do Vale do Paraíba. “Veracidade é o coração da moral.” Thomas Huxley (1825 –1895) “Achadas as tuas palavras, logo comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó Senhor, Deus dos Exércitos.” Jeremias: 15,16. RESUMO O crescimento tecnológico na área de Engenharia Biomédica, propiciou o desenvolvimento de novas modalidades de eletroterapia, que por sua vez permitem modificações nos tecidos biológicos acelerando o processo curativo. A micro corrente é uma destas novas modalidades que consiste na utilização de corrente modulada em baixa freqüência e intensidade inferior a 1 mA ou subsensoriais. Esta intensidade de corrente não atinge o limiar de ativação das fibras nervosas sensoriais subcutâneas, não provocando dor. O presente estudo foi realizado com o propósito de verificar o efeito da corrente elétrica de baixa intensidade e baixa freqüência, utilizando forma de onda quadrada simétrica bipolar em feridas cutâneas de ratos. O experimento utilizou 3 grupos de animais, todos com ferida cirúrgica de 8 mm de diâmetro na região do dorso, sendo um grupo controle, um segundo grupo tratado com intensidade de corrente de 30 µA (G30) e um terceiro grupo tratado com intensidade de corrente de 160 µA (G160), durante 30 minutos, imediatamente após a realização da lesão cirúrgica. Os grupos G30 e G160, foram estimulados com micro corrente utilizando canal duplo e técnica de interferência simples, sendo que o canal 1 foi ajustado para operar em 0,3 Hz e largura de pulso de 1,6 s, e o canal 2 ajustado para operar em 0,8 Hz e largura de pulso de 0,8 s. Todos os animais foram clinicamente avaliados e fotografados diariamente durante os 7 dias póscirúrgicos, e em seguida sacrificados. A região lesionada foi biopsiada e fixada em formol a 10%, processada histologicamente e analisada por um sistema de tratamento digital de imagem (Leica Qwin). A análise estatística revelou que os grupos G30 e G160, apresentaram significativa redução de células inflamatórias (p<0,001) na região superficial da derme, quando comparados com o grupo controle, uma aceleração na proliferação de fibroblastos superficiais (p<0,05) em relação ao grupo controle. Verificou-se também diferença significativa na redução do diâmetro das feridas, nos períodos de 72 horas (p<0,05), 144 (p<0,01) e 168 horas (p<0,05) do grupo G160 em relação ao controle. Os animais do grupo G30 apresentaram significativa redução no diâmetro da ferida (p<0,05) em relação ao grupo controle, após 144 horas de cirurgia. Estes resultados demonstram que a técnica de micro corrente com intensidade de 160 µA, quando aplicada em feridas cirúrgicas de ratos, apresentou aceleração da cicatrização na sua fase inicial, diminuição do processo inflamatório e aumento da produção de fibroblastos. Palavras Chave: Micro corrente, estimulação elétrica, cicatrização de ferida, fisioterapia, odontologia. ABSTRACT The technological development in Biomedical Engineering induced the development of new electroterapy modalities, allowing biotissue modifications and accelerating the healing process. Micro current is one of these new modalities, wich consists of using low frequency modulated current with intensity lower than 1 mA, called subsensorial current. This current intensity does not reach the subcutaneos sensorial fiber nervous limits, thus, not allowing pain. This study was accomplished in order to verify the low intensity electrical current operating in low frequency, using a simetric bipolar square wave in cutaneos rat wounds. The experiment used 3 animal groups, all of them with surgical 8mm diameter wound, in the back region. One group is control, the second group was treated with 30 µA (G30), and the third group treated with 160 µA (G160), during thirty minutes, immediately after the surgical lesion. The G30 and G160 groups were stimulated with a micro current, using double channel and simple interference technic. Channel 1 was ajusted to operate in 0,3 Hz, with 1,6 s pulse width. Channel 2 was ajusted to operate in 0,8 Hz, with 0,8 s pulse width. All the animals were clinically observed and photographed everyday during 7 days after surgery, and then sacrified. A biopsy of the lesioned region was made and fixed in 10% formol, then submitted to a histological process and analysed by a digital image treatment system (Leica Qwin). Ths statistic analysis, revealed that the G30 and the G160 groups, presented a significant reduction of the inflamatory cells (p<0,001) on the derme superficial region, and an increase of the superficial fibroblast development (p<0,05), when compared with the control group. It was also verified a significant difference in the reduction of the wounds diameter, in a period of 72 hours (p<0,05), 144 hours (p<0,01) and 168 hours (p<0,05) of G160 group, when compared with the control. The G30 group animals presented a significant reduction of wound diameter (p<0,05), after 144 hours from the surgical procedure, when compared with the control group. These results reveals that the micro current (160 µA) technic, when applied to surgical wounds in rats, presented in its initial phase, an healing acceleration, reduction of the inflamatory process and increase of the fibroblasts production. Keywords: micro current, electrical stimulation, wound healing, physiotherapy, odontology. Lista de figuras e tabelas Pág. Tabela 1 – Principais tipos de colágeno ( COTRAN et al., 2000) 08 Figura 1: Camadas da pele: epiderme e derme 09 Figura 2: Atividade dos componentes celulares durante a cicatrização de ferida, (FONSECA et al., 1997) 13 Figura 3: Detalhe de uma taça de Sosias (50 a.C.), que mostra Aquiles fazendo curativo nas feridas de Pátroclo, cena típica dos campos de batalha, onde os guerreiros tratavam mutuamente de suas feridas. (GUILLEN et al, 1987) 16 Figura 4: Sistema de pulso: A) corrente constante, e B) voltagem constante. 35 Figura 5: Forma de ondas bipolares. 36 Figura 6: Pulsos retangulares distribuídos de forma monofásica. 36 Figura 7: Corrente contínua (galvânica). 36 Figura 8: Corrente retangular bifásica simétrica. 37 Figura 9: Classificação quanto ao número de fases que a onda apresenta. 38 Figura 10: Classificação quanto à simetria da intensidade de corrente durante as fases. 38 Figura 11: Classificação quanto ao equilíbrio da carga da fase 39 Figura 12: Forma quadripolar de colocação de eletrodos 39 Figura 13: Área de intersecção dos canais na forma de aplicação quadripolar de eletrodos 40 Figura 14: Procedimento cirúrgico 45 Figura 15: Animal submetido à terapia 47 Figura 16: Microscópio Leica® Slandasd. 49 Figura 17: Contagem automática da área dos adipócitos, programa Leica® Qwin 50 Figura 18: Contagem automática das células inflamatórias, programa Leica® Qwin 50 Figura 19: Cálculo e porcentagem da área das células inflamatórias 51 Figura 20: Lesão cutânea em dorso de rato (0,5 cm2) pós-procedimento cirúrgico 55 Figura 21: Diâmetro da lesão nos diferentes grupos entre 48 e 168 horas pós-cirurgia 56 Figura 22: Dinâmica do edema entre 48 e 168 horas pós-cirurgia nos animais tratados com terapia com micro correntes em comparação com os animais controle 58 Figura 23: Dinâmica do exsudato inflamatório nos grupos controle, G30 e G160 59 Figura 24: Presença de crosta pós-cirurgia nos animais de diferentes grupos experimentais 60 Figura 25: Número de células inflamatórias evidenciadas na derme (por área de 50.805 µm2), superficial e profunda dos grupos tratados e controle 62 Figura 26: Número de fibroblastos encontrados na derme (por área de 50.805 µm2), superficial e profunda dos grupos tratados e controle 64 Figura 27: Número de vasos encontrados na derme (por área de 50.805 µm2) superficial e profunda, dos grupos tratados e controle 64 Figura 28: Grau de evolução na cicatrização 66 Figura 29 - Fotomicrografia do grupo controle. Presença de células inflamatórias predominantemente superficiais (seta). H&E, 200x 67 Figura 30 – Fotomicrografia do grupo controle. Observa-se úlcera delimitada por tecido de granulação caracterizado por infiltrado inflamatório intenso e difuso. H&E, 100x 68 Figura 31 - Fotomicrografia do grupo controle. Observa- se tecido de granulação, com células fibroblásticas composta por núcleo ovalado (seta). H&E, 200x 69 Figura 32 – Fotomicrografia do grupo controle. Observa-se presença de fibroblastos de núcleo ovalado (seta). H&E, 400x 70 Figura 33 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 30µA. Observa-se a presença de vasos dilatados e congestos (setas) na derme superfícial. H&E, 400x 71 Figura 34 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 30µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas), e algumas células inflamatórias (cabeça de seta) no quadrante inferior da derme. H&E, 200x 72 Figura 35 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa- se tecido de granulação,presença de fibroblastos fusiformes composta por células de núcleos achatados (seta). H&E, 200x 73 Figura 36 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa- se tecido de granulação, e fibroblatos fusiformes composta por células caracterizada por núcleo achatados (seta). H&E, 400x 74 Figura 37 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa- se deposição de colágeno no centro da lesão, acentuada na região reticular (seta). H&E, 200x 75 Figura 38 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas). H&E, 200x 76 Figura 39 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas). H&E, 400x 77 Figura 40 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se intensa proliferação fibroblástica composta predominantemente por células de núcleo fusiforme (seta). H&E, 400x 78 Figura 41 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se colágeno denso no tecido conjuntivo em processo de maturação, com fibras desorganizadas superficialmente e já alinhado na porção mais profunda (seta). H&E, 200x 79 Figura 42 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se crosta recobrindo a superfície completamente re-epitelizada (seta). H&E, 100x 80 Lista de Abreviaturas e de Símbolos A : área ADP: difosfato de adenosina ATP : Adenosina Trifosfato Ca: cálcio cm : centímetro cm2 : centímetro quadrado COBEA : Colégio Brasileira de Experimentação Animal COX2: ciclooxigenase II ETR: Enhancement of Tissue Repair g : gramas GMP: guanosina monofosfato H&E: hematoxilina – eosina Hz: Hertz J: Joule Kg: quilogramas mA: miliampéres mg: miligramas ml : mililitro mm : milímetros mm2: milímetros quadrados mmHg : milímetros de mercúrio mV: mili Volts MTC: micro terapia celular TMC : terapia com micro correntes µA: micro Ampéres µm: micrômetros µm2: micrômetros quadrados Na: Sódio nm : nanômetro O2: oxigênio s: segundos SNC: sistema nervoso central W : Watts SUMÁRIO PAG 1- Introdução ...........................................................................................................01 2- Revisão bibliográfica .........................................................................................04 2.1- Pele ..................................................................................................................05 2.1.2- Definição.............................................................................................05 2.1.3- Componentes teciduais.......................................................................05 2.1.3.1–Epiderme ..........................................................................................05 2.1.3.2 - Derme .............................................................................................07 2.1.4- Processo de cicatrização da pele e elementos celulares envolvidos ...........................................................................................................09 2.1.5- Tipos de cicatrização .......................................................................12 2.1.6- Fatores que influenciam no processo de cicatrização......................14 2.1.7- Processo de neoformação vascular (angiogênese)...........................14 2.2 – Tratamento das feridas......................................................................15 2.2.1- Histórico da eletroterapia..................................................................17 2.2.2- Conceituação da terapia de micro corrente.......................................18 2.2.2.1- Sistema bioelétrico...........................................................................18 2.2.2.2 - Ação oxigenante das correntes elétricas.........................................23 2.2.2.3 - Ação da terapia com micro correntes no Adenosina trifosfato......23 2.2.3 – Utilização da corrente modulada em baixa intensidade...................26 2.2.4 - Equipamentos para estimulação de baixa intensidade......................34 3- Objetivo................................................................................................................41 4- Métodos................................................................................................................43 4.1 - Aprovação pelo Comitê de Ética............................................................44 4.2 - Equipamentos .........................................................................................44 4.3 - Modelo animal ........................................................................................45 4.4 - Instrumental cirúrgico .............................................................................45 4.5 - Divisão e organização dos grupos e tratamento .....................................46 4.6 - Sacrifício e obtenção das Amostras........................................................47 4.7 - Preparação das lâminas para análise histológica....................................48 4.8 - Critérios para análise histológica das amostras.....................................49 5- Resultados .............................................................................................................54 5.1 – Analise clínica ..............................................................................................56 5.2 Análise histológica por microscopia óptica....................................................61 6- Discussão ...............................................................................................................81 7- Conclusões.............................................................................................................87 Bibliografia ................................................................................................................89 Anexo ....................................................................................................................... 103 Anexo A- Comitê de ética................................................................................ 104 Anexo B – Tabelas de estatística ......................................................................105 1 – INTRODUÇÃO 1 – INTRODUÇÃO A reparação tecidual é um fenômeno de grande interesse para os profissionais da área da saúde. Sua eficiência acelera o processo de reabilitação, com subseqüente retorno mais rápido ao trabalho, atividades de lazer e até o convívio social (SAY et al., 2003). A reparação tecidual normal é uma integração de processos interativos dinâmicos que envolvem mediadores químicos; elementos figurados do sangue; produção de matriz extra celular e células parenquimatosas (COTRAN et al., 2000). No processo de reparação, a regeneração e a cicatrização, devem ser considerados como eventos distintos, no entanto, ambos os processos estão ligados, ocorrendo conjuntamente (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998). Os eventos de cicatrização podem ser divididos em inflamação, fase de formação de tecido de granulação com depósito de matriz extracelular e a remodelação tecidual (CLARK, 1988). Acredita-se que os fatores que influenciam o processo de cicatrização, local ou sistêmico, também influenciam na aparência final da cicatriz (ROSS; ROWNELL, 1993). Os fatores sistêmicos como a desnutrição e falta de vitamina C, inibe a síntese de colágeno, o diabetes, estado circulatório com inadequado suprimento sangüíneo e os hormônios, que influenciam diversos componentes da inflamação e da fibroplasia, além de inibirem a síntese de colágeno. Já os fatores locais como a infecção e a presença de corpos estranhos retardam o processo cicatricial porque mantêm a reação inflamatória em atividade (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998; ROSS; ROWNELL, 1993). A baixa perfusão tecidual decorrente de lesões vasculares ou perturbações hemodinâmicas interferem por reduzirem o fornecimento de oxigênio. A abordagem a uma ferida não cicatrizada, ou com dificuldades de cicatrização, é um desafio para médicos, enfermeiros, bioengenheiros, cirurgiões dentistas e fisioterapeutas. A maioria dos livros – texto sobre cicatrização de feridas e reparação tecidual falha tanto ao discutir a fisiologia das correntes elétricas endógenas naturais na cicatrização de feridas quanto à aplicação de correntes elétricas externas (exógenas) para acelerar a cicatrização e a reparação de tecidos. Entretanto, os textos escritos por profissionais em reabilitação enfatizam a aplicação de agentes físicos e modalidades eletroterapêuticas para a cicatrização de feridas (NELSON et al.,2003). Alguns clínicos acreditam que existe um número insuficiente de trabalhos controlados, tanto de revisão clínica quanto de ciência básica, que confirmem a efetividade e a adequação das correntes elétricas exógenas usadas para acelerar o processo de cicatrização, enquanto outros clínicos acreditam que as pesquisas são inconclusivas e que alguns tipos de correntes, por exemplo, corrente elétrica direta, podem potencialmente lesar o tecido comprometido (NELSON et al.,2003). Com o crescimento tecnológico na área da Engenharia Biomédica, foram descobertas novas modalidades de eletroterapia, que promovem mudanças fisiológicas nos tecidos, acelerando o processo curativo (CARLEY; WAINAPEL, 1985). A micro corrente é uma destas novas modalidades que consiste em utilização de corrente modulada em baixa freqüência e intensidade inferior a 1 mili Ampéres ou subsensorias. A aceitação por parte do paciente é total, pois não existe sensação desagradável. Estas correntes não conseguem ativar as fibras nervosas sensoriais subcutâneas e por isso não causam dor nem sensação de formigamento (ROBISON; SYNDER-MACKLER, 2001). Quando ocorre uma perda da continuidade do tecido superficial, ocorre uma alteração elétrica, chamada de corrente de lesão por -Matteucci (1830), Dubois-Reymond (1843) e Barker (1980), e a eletricidade endógena evita a área da lesão, para Nordenstron a cura provém de um pequeno estimulo elétrico aplicado na área lesionada (NORDENSTRON, 1983). Trabalhos relatam o efeito da corrente elétrica de baixa intensidade na cicatrização de feridas, que resultaram na aceleração do processo cicatricial, e sugerem aumento na velocidade de cicatrização (WOLCOTT; WHEELER, 1969; GAULT; GATESN, 1976; ROWLEY; WOLCOTT, 1974; GOLDIN, 1981; CARLEY; WAINAPEL, 1985; BARON; JACOBSON, 1985; JERAN, 1987; DAYTON; PALLADINO, 1989; LERAN, 1990; MULDER, 1991; KAADA et al., 1991; LUNDEBERG et al., 1992), mais os efeitos, parâmetros e padronização de correntes ainda não foram estabelecidos, sendo os dados controversos no tocante a intensidade, e forma de onda da corrente (ALVAREZ et al., 1983; NESSLER; MASS 1985; DUNN et al., 1988; KLOTH; FEEDAR, 1988; IM et al., 1990; MERTZ et al., 1993). Este trabalho é uma colaboração na busca de especificar os parâmetros mais efetivos na aplicação da micro corrente como fator coadjuvante para a diminuição do tempo de cicatrização de feridas e atenuação da sintomatologia causada por estas lesões objetivando melhor qualidade do tecido cicatricial. 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Pele 2.1.2 Definição A pele constitui o maior órgão do corpo humano e forma a cobertura externa do corpo e com seus derivados formam o sistema tegumentar. É um órgão cuja integridade é fundamental, para a vida do homem e para o perfeito funcionamento do organismo (NUNES, 1997). É constituída por duas camadas principais: a epiderme (ectoderme), constituída por epitélio pavimentoso estratificado, que está em contato com o meio externo, e a derme (mesoderme), formada por tecido conjuntivo. Abaixo da derme encontra-se outra camada a hipoderme (tecido adiposo), ou de tecido subcutâneo, sendo constituído por células chamadas adipócitos (SPENCE, 1991). A quantidade de tecido adiposo pode variar de indivíduo para indivíduo. A pele desempenha inúmeras funções, tais como; proteger o restante do organismo de lesões físicas; químicas e biológicas; impedir a perda de água por evaporação; serve como um grande receptor para as sensações de dor, pressão, tato e temperatura; converte moléculas precursoras em vitamina D; funciona na regulação térmica e excreta certas substâncias através das glândulas sudoríparas (ROSS; ROMWELL, 1993; MARTIN, 1997). 2.1.3 Componentes Teciduais 2.1.3.1 Epiderme A epiderme é constituída por um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado com espessura de 0,04 a 0,4 mm. O epitélio contém, células que estão próximas, em íntimo contato, unidas entre si por um complexo juncional e por desmosomos. Além de revestirem toda a superfície externa do corpo, as células do epitélio formam a porção secretora das glândulas cutâneas. O epitélio está separado da derme subjacente por uma camada de espessura variável, constituída de colágeno e proteoglicanos, denominada lâmina basal. Acredita-se que a lâmina basal favoreça a diferenciação e proliferação das células epiteliais que estão em contato com ela, além de atuar como barreira seletiva à movimentação de substâncias (ROSS; ROMWELL, 1993). O epitélio que constitui a epiderme é denominado pavimentoso por conter células superficiais achatadas, que possuem medidas de largura e comprimento com superiores à da altura. Este tecido é ainda formado por camadas ou estratos, daí a denominação de estratificado. A camada basal situa-se imediatamente acima da lâmina basal, constituída de células cúbicas. O núcleo desta células é ovalado, o nucléolo proeminente e o citoplasma contendo numerosas organelas. As células da camada basal são responsáveis pela produção de queratinócitos. Esta camada contém ainda melanócitos, os quais são responsáveis pela produção de melanina (pigmento castanho), que funciona como filtro endógeno contra raios ultravioleta do sol, células de Langerhans, são células dendríticas que captam e processam sinais antigênicos, comunicando as informações para as células linfóides e células de Merkel, que formam uniões sinápticas com terminações nervosas periféricas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Acima da camada basal, encontra-se a camada espinhosa composta por, queratinócitos, células escamosas que estão em contato devido a pequenos prolongamentos citoplasmáticos contendo tonofibrilas. As tonofibrilas associadas aos desmossomos mantêm a coesão entre as células da epiderme aumentando a resistência ao atrito entre as células. A camada espinhosa é a principal responsável pela produção de queratina no epitélio quertinizado (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). A camada granulosa, situada mais superficialmente na epiderme, é formada por células que apresentam achatamento de suas formas, fato este que pode ser mais evidente à medida que estas células se aproximam da superfície livre da epiderme. A camada granulosa possui células poligonais, mais achatadas, e têm grânulos basófilos grosseiros em seu citoplasma (queratohialina) que são precursores da queratina do estrato córneo. À medida que estas células envelhecem, o núcleo sofre processo de necrose e o citoplasma apresenta-se densamente composto por querato-hialina. Outra camada presente na epiderme é a lúcida, composta por células eosinófilas, achatadas, hialinas com ausência de núcleos e organelas citoplasmáticas. Estas duas últimas estruturas sofrem digestão pelos lisossomos das células epiteliais vão se achatando e formam estruturas lamelares. Estas células são precursoras da queratina que formará a camada mais superficial e acelular do epitélio estratificado, a camada córnea. A camada córnea possui espessura variável composta por células pavimentadas, necróticas e com núcleo ausente, cujos citoplasmas mostram-se repleto de queratina (ROSS; ROMWELL, 1993; RIGAU, 1996; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; COTRAN et al., 2000). 2.1.3.2 Derme A derme esta situada abaixo da epiderme, também chamada de tecido conjuntivo, é um tecido de sustentação e nutrição da epiderme. Nela se originam os anexos epidérmicos, assim como os vasos sangüíneos, terminações nervosas e drenagem linfática. Apêndices como unha, cabelo e glândulas são derivados e ligados a ela. A derme possui saliências chamadas de papilas dérmicas que dão maior adesão à pele. Em geral apresenta duas camadas a papilar, formada de tecido conjuntivo frouxo; prende a derme à epiderme e a reticular formada por tecido conjuntivo denso; dá resistência à pele por meio das fibras elásticas (COTRAN et al., 2000). Os fibroblastos e fibrócitos são células presentes na derme, responsáveis pela produção de fibras colágenas, elásticas e reticulares, além da substância fundamental e matriz extracelular do tecido conjuntivo. No tecido em reparação, o fibroblasto apresenta uma basofilia no seu citoplasma devido ao acúmulo de retículo endoplasmático granular. Apresenta também núcleo ovalado e um grande nucléolo. Quando jovem, esta célula tem morfologia arredondada, sendo que a célula madura apresenta aspecto fusiforme. Uma substância amorfa composta de proteoglicanas e glicosaminoglicanas circunda a porção celular e as fibras na derme. Enquanto a epiderme não possui vasos sanguíneos, a derme apresenta um sistema vascular desenvolvido. Na região subjacente à derme reticular situa-se o tecido adiposo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). A pele apresenta uma rica inervação, não mielínica, que atua sobre o fluxo vascular e anexos cutâneos. Apresenta também um sistema aferente de inervação mista (mielinizada e não mielinizada) e numerosas terminações nervosas, responsáveis pelas sensações de dor, temperatura, pressão e tato. Dentre estas terminações sensitivas encontram-se os corpúsculos de Pacini e de Meissner (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O colágeno é o principal tipo de proteína fibrilar insolúvel na matriz extra-celular do tecido conjuntivo. Existem pelo menos quatorze tipos de colágeno e os do tipo I, II e III são mais abundantes e formam estruturas fibrilares ou similares. O tipo IV, forma retículos bidimensionais e é o principal componente na lamina basal. A Tabela 1 mostra os principais tipos de colágeno, suas características e suas distribuições no organismo (COTRAN et al., 2000). Tabela 1 – Principais tipos de colágeno. ( COTRAN, et al., 2000 ) TIPO CARACTERÍSTICAS DISTRIBUIÇÃO I Feixes de fibras em bandas Pele (80%), osso (90%), tendões, a com elevada força elástica maioria de outros órgãos. II Fibras delgadas, estrutural. III Fibrilas delgadas, elásticas Vasos sangüíneos, (10%). IV Amorfo Todas as membranas basais V Amorfo / Fibrilas finas 2-5% dos tecidos intersticiais, vasos sangüíneos. VI Amorfo / Fibrilas finas Tecidos intersticiais VII Filamento de ancoragem Junção dermoepidérmica. VIII Provavelmente amorfo Membrana do endotélio. IX proteína Cartilagem (50%), humor vítreo. útero, pele Possível papel na maturação Cartilagem. da cartilagem A pele constitui uma excelente barreira mecânica de proteção contra o meio externo, participando da termorregulação, excreção de eletrólitos e das percepções táteis, pressão dor e temperatura, e a perda de integridade pode ser rapida e eficientemente reparada (CORRÊA et al., 2003). Na fase inicial do processo de reparação tecidual em feridas, encontramos coágulo, iniciando à formação da cicatrização. As feridas são definidas como qualquer lesão que interrompem a estrutura anatômica ou função fisiológica do tecido, sendo classificadas em agudas ou crônicas (BORGES et al., 2000). É fundamental entender a fisiologia da reparação tecidual onde, sinais ativam a proliferação de linhagens celulares especificas (granulócitos e macrófagos) para a margem da ferida. Estudos têm evidenciado diversos fatores de crescimento e componentes de matriz que estão disponíveis para fornecer sinais de regulação em feridas (MARTINS, 1997). Figura 1 – Camadas da pele: epiderme e derme (www.saudeparavoce.com.br/. ../histologia.htm) 2.1.4 Processo de cicatrização da pele e elementos celulares envolvidos A cicatrização de feridas na pele é um processo complexo pelo qual um tecido é substituído por um tecido conjuntivo vascularizado, sendo um processo semelhante para lesões traumáticas ou necróticas (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998), requerendo colaboração de diferentes tecidos e linhagens celulares. No processo de reparo, enquanto o agente agressor é destruído, uma seqüência de eventos ocorre no intuito de substituir o tecido lesado através da regeneração de células parenquimatosas nativas ou por proliferação de um tecido cicatricial fibroblástico ou mesmo pela associação destes dois eventos. Ao receber estímulos endógenos ou exógenos, o organismo vivo desenvolve uma resposta protetora que promoverá a eliminação do fator irritante. Esta resposta é a inflamação, que pode ser aguda ou crônica , está intimamente relacionada à reparação do dano causado pelo agente agressor e a eliminação deste agente (KUMAR et al., 1994; BECKER, 1997). A inflamação aguda apresenta início brusco, intensidade máxima e evolução rápida, durando apenas alguns dias. Ao contrário desta, a inflamação crônica possui longa duração (meses até anos), intensidade moderada e início lento. Na inflamação aguda encontramos alterações no calibre vascular, em conseqüência, ocorrem variações no fluxo sangüíneo aumentando-o, alterações na estrutura da microvascularização, migração de leucócitos e acúmulo destes no local da lesão, proporcionando então o desenvolvimento dos cinco sinais flogistícos clássicos da inflamação aguda: rubor, tumor, calor, dor e perda da função. A vasodilatação causa rubor visível no local agredido, enquanto que o aumento do fluxo sangüíneo originado, favorece o calor local. Na seqüência destes eventos, com o aumento da permeabilidade vascular, ocorre extravasamento de líquidos rico em proteínas (exsudato) e os vasos tornam-se concentrados de hemácias. Os leucócitos exibem nesta fase do processo inflamatório uma tendência a se aderirem ao endotélio das paredes dos vasos. Após a marginação leucocitária, estas células migram para o tecido intersticial por quimiotaxia. Os neutrófilos são os primeiros a migrarem, e nas primeiras quarenta e oito horas, o infiltrado inflamatório é predominantemente composto por estes. Após as primeiras quarenta e oito horas de duração do estímulo, o infiltrado passa a ser predominantemente composto por monócitos, devido à curta vida dos neutrófilos. Os leucócitos exercem a fagocitose sobre os agentes agressores, promovendo a morte dos migroorganismos. Entretanto, muitas vezes, este processo origina a liberação de produtos para o meio extracelular, os quais podem ser causadores de lesões endotelias e sobre os tecidos locais, aumentando o efeito inflamatório inicial. Neste caso, o leucócito torna-se o próprio agressor (KUMAR, 1994; BECKER, 1997; AIRES, 1999). A inflamação aguda não reparada por persistência do agente agressor ou por qualquer outra interferência no processo de restauração das funções normais, pode originar uma inflamação crônica. Uma inflamação crônica pode ter início por reação a agentes lesivos menos agressivos que aqueles atuantes nos processos agudos. Algumas vezes, em processos de inflamação crônica o organismo estabelece reações imunes contra tecidos do próprio organismo, originando as doenças auto-imunes. As inflamações crônicas se caracterizam por infiltrado inflamatórios de células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos), destruição tecidual e fibrose. Diferentemente das inflamações agudas, os processos crônicos não provocam tumor ou rubor local, nem calor ou dor. Os processos inflamatórios manifestam-se com presença de febre e leucocitose, ou seja, aumento do número de leucócitos circulantes (KUMAR, 1994; BECKER, 1997). Muitas lesões de pele são curadas rápida e eficientemente com uma ou duas semanas. No entanto, o final do produto nem sempre é estético nem funcionalmente perfeito. Apêndices epidérmicos que têm sido perdidos no local da lesão, não se regeneram, e quando a ferida se recompõe, há sobra de um tecido conjuntivo (cicatriz); isso ocorre quando a matriz de colágeno é pobremente reconstruída, em densos feixes paralelos; diferentemente o mecanismo eficiente tece uma rede de colágeno sem corda, rapidamente na derme. O objetivo da cicatrização biológica da ferida é que a parte externa da pele possa ser induzida para se reparar o mais perfeitamente possível (MARTIN, 1997). A formação do coágulo serve como barreira temporária, protegendo a ferida exposta produzindo uma matriz provisória, através da qual as células podem migrar durante o processo de reparação. O coágulo consiste de plaquetas embutidas em uma malha de conexão de fibras de fibrina derivadas pelo corte de trombina no fibrinogênio, junto com uma pequena quantia de plasma de fibronectina, vitronectina e trombospodina. O coágulo também serve como um reservatório de citocinas e fatores de crescimento que são liberados como atividade de granulação plaquetária. Este “pool” de fatores de crescimento inicia o processo de fechamento da ferida, ele fornece o momento certo da quimiotaxia para recrutar células inflamatórias da circulação para o local da ferida, inicia movimentos teciduais de re-epitelização e contração do tecido conjuntivo, e estimula a característica reação angiogênica da ferida (MARTIN, 1997). A matriz extracelular de vários tecidos conjuntivos, tais como a pele, é formada por um complexo macromolecular, constituído por colágeno, elastina, e glicosaminoglicanas. A biosíntese destas macromoléculas envolvem várias reações específicas que estão freqüentemente sob rigoroso controle enzimático (ABERGEL et al., 1984; ROMANOS et al., 1995). A rede de acúmulo de tecido conjuntivo é dependente do balanço preciso entre a síntese e degradação dos componentes do tecido conjuntivo. O acúmulo excessivo de tecido conjuntivo é um sinal de várias desordens, sendo que a ausência de remodelação de colágeno é a principal disfunção em uma cicatrização (ABERGEL et al., 1984). 2.1.5 Tipos de cicatrização No processo de reparação, a regeneração e a cicatrização devem ser considerados como eventos distintos; na regeneração a reposição tecidual é feita por células do mesmo tipo das que foram perdidas. Assim, se o estroma estiver pouco alterado, há reparação completa da lesão. Já a cicatrização é o processo pelo qual um tecido lesado é substituído por um tecido conjuntivo próprio: a cicatriz (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998; ROSS; ROMWEL,1993). Os eventos de cicatrização podem ser divididos em fase de inflamação, fase de formação de tecido de granulação com depósito de matriz extra celular e a remodelação tecidual (CLARK, 1988). São fases que ocorrem sobrepostas no tempo, segundo Mckinney (1989), fatores que influenciam neste processo também caracterizam a aparência final da cicatriz. De uma maneira geral, o processo de cicatrização tem a mesma intenção que o processo de regeneração, preencher o espaço perdido por uma lesão (MAJNO et al., 1996). Nas feridas cujas bordas são aproximadas por sutura (feridas incisionais) e que não tenham sido infectadas, a cicatrização é mais favorável e é denominada cicatrização primária ou por primeira intenção. Já em ferida mais ampla (excisional), de bordas afastadas ou que tenha sido infectada, a cicatrização ocorre por segunda intenção (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998; ROSS; ROMWEL, 1993). A cicatrização por primeira intenção é mais rápida e leva à formação de cicatrizes menores, visto que a destruição tecidual nas bordas é menor, quando comparada à ferida excisional (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998). O sangue extravasado pela lesão forma um coágulo que ocupa o espaço entre as margens da ferida. A partir do coágulo e do tecido lesado, surgem fatores quimiotáticos e vasoativos que promovem o extravasamento de fagócitos do sangue para as margens da lesão e após este fato, um tecido conjuntivo vascularizado cresce preenchendo o espaço antes ocupado pelo coágulo e recebe o nome de tecido de granulação (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998; ROSS; ROMWEL, 1993) Com perda mais extensa de células e tecido, o processo reparador torna-se mais complexo. A reparação das células parenquimatosas é incapaz de recompor por completo a arquitetura original. Ocorre um crescimento de abundante quantidade de tecido de granulação a partir da margem da ferida para completar o reparo, que difere a cicatrização por primeira intenção (onde não ocorre perda de tecido) da cicatrização por segunda intenção em vários aspectos; tais como, reação inflamatória mais intensa, formação de maior quantidade de tecido de granulação, e a contração da ferida, que ocorre em grandes feridas superfíciais. A contração tem sido atribuída, em parte pelos miofibroblastos - fibroblastos alterados que possuem características ultra-estruturais de células musculares lisas (ROSS; ROMWEL, 1993). A Figura 2 mostra em um esquema, a atividade celular durante a cicatrização de feridas. Figura 2 – Atividade dos componentes celulares durante a cicatrização de ferida (FONSECA et al.,1997). 2.1.6 Fatores que influenciam no processo de cicatrização O processo de cicatrização é influenciado por fatores locais ou sistêmicos, reduzindo, retardando ou impedindo esse processo (ROSS; ROWNELL, 1993). Os fatores sistêmicos mais comuns são: desnutrição (falta de vitamina C, inibe a síntese de colágeno), estado metabólico (diabetes), estado circulatório com inadequado suprimento sangüíneo e os hormônios, como os glicocorticóides, que possuem efeito antiinflamatório, que influenciam diversos componentes da inflamação e da fibroplasia, além de inibirem a síntese de colágeno. Já os fatores locais como a infecção e a presença de corpos estranhos retardam o processo cicatricial porque mantêm a reação inflamatória em atividade; fatores mecânicos (movimentação precoce das feridas), presença de corpos estranhos, além das irradiações que interferem nas mitoses e podem causar úlceras crônicas (BRASILEIRO-FILHO et al., 1998; ROSS; ROWNELL, 1993). A baixa perfusão tecidual decorrente de lesões vasculares ou perturbações hemodinâmicas interferem por reduzirem o fornecimento de oxigênio. 2.1.7 Processo de neoformação vascular (angiogênese) Durante o desenvolvimento embrionário, o sistema vascular é um dos primeiros órgãos a serem formados. Os processos do desenvolvimento vascular foram divididos em vasculogênese e angiogênese. A angiogênese ou geração de novos vasos a partir dos angioblastos mesodermais, definida como a diferenciação in situ de precursores mesodérmicos em células endoteliais, que posteriormente organizam-se em um plexo capilar primário. A angiogênese, por sua vez, é a formação de vasos a partir de brotamentos de uma árvore vascular preexistente e que participa em diversos processos fisiológicos e patológicos, incluindo o crescimento tumoral e de metástases (BECK, 1997; RISAU, 1997). O desenvolvimento vascular, entretanto, apresenta uma complexidade maior. A vascularização inicial do saco embrionário se dá certamente pela fusão de ilhotas de sangue em um processo de vasculogênese e os vasos principais, tais como a aorta e o coração surgem pela agregação de angioblastos, gerando áreas de vascularização onde antes não havia (FOLKMANN,1995). A formação subseqüente destes vasos envolve a produção de veias colaterais através de dois mecanismos diferentes: brotamento (RISAU, 1997) e divisão celular (PATAN, 1997). Os plexos vasculares resultantes são remodelados para diferenciar grandes e pequenas veias e vascularização arterial de venosa. O endotélio é então preenchido por células acessórias (periócitos e células musculares lisas). A importância da angiogênese está baseada no fato de que este processo é a chave numa série de eventos fisiológicos como ovulação, formação de corpo lúteo e cura das feridas e algumas doenças como artropatias crônicas, psoríase, retinopatia proliferativa, crescimento tumoral e disseminação metastática, o que faz de todos os mecanismos que participam na angiogênese alvos promissores da terapêutica neste grupo de doenças chamadas angiogênese-dependente (NEEMAN et al., 1997). 2.2 Tratamento das feridas Durante séculos, o tratamento de feridas vem buscando melhorar os resultados cicatriciais em menor tempo possível. Em uma revisão de literatura, Andrade (1992) descreve que na pré-história vários agentes como extratos de plantas, água, neve, gelo, frutas e lama eram aplicados sobre as feridas. Na Mesopotâmia, elas eram lavadas com água ou leite e o curativo era realizado com mel ou resina. Lã de carneiro, folhas e cascas de árvore eram utilizados para sua cobertura. Os egípcios concluíram que uma ferida fechada cicatrizava mais rápido do que aberta, por isso, utilizavam tiras de pano para manter unidas as margens da lesão. Hipócrates sugeria que as feridas contusas fossem tratadas com calor e pomadas para promover a supuração, remover material necrótico e reduzir a inflamação. No início da era cristã, Celsus preconizava o fechamento primário das feridas recentes e desbridamento das contaminadas para posteriormente em suturadas. Além disso, classificou os diferentes tipos de lesões de pele e deu detalhes do tratamento de cada uma delas. A introdução das armas de fogo nas guerras européias no século 14 levou ao surgimento de um novo tipo de ferida de cura mais difícil, e Ambroise Paré, na Renascença reformulou seu tratamento (ANDRADE, 1992; ABLA; ISHIZUKA, 1995). Figura 3 – Detalhe de uma taça de Sosias (50 a.C.), que mostra Aquiles fazendo curativo nas feridas de Pátroclo, cena típica dos campos de batalha, onde os guerreiros tratavam mutuamente suas feridas. (GUILLEN et al., 1987). 2.2.1 Histórico da Eletroterapia A eletroterapia tem sido utilizada desde 2750 a.C., segundo retratos em templos egípcios indicando que já usavam o peixe gato do Nilo (malopterurus electricus), com propósitos terapêuticos (LEITÃO, 1967; AGNES, 2004). Os primeiros relatos sobre o uso de corrente elétrica são descritos na Roma e Grécia antigas para tratamento de cefaléias, nevralgias e outras doenças, onde utilizavam as descargas elétricas do peixe elétrico. Galen (130 a C.) empregava como agente calmante da dor o choque produzido pelo Peixe torpedo ou Tremelga que vive no mar Mediterrâneo. As descargas elétricas produzidas por este peixe ocorrem com tensão de 50-80 Volts e freqüência da ordem de 200Hz. Scribonius Largus (46 a C.) relatou o efeito analgésico da estimulação elétrica, manejando peixes elétricos, para tratamento da gota (AGNES, 2004). O termo eletricidade está intimamente ligado a Tales de Mileto que fez algumas experiências com uma barra de âmbar, uma espécie de resina. Tales verificou que depois de atritada com um pelo de animal, esta resina adquiria a propriedade de atrair pequenos corpos como penas e cabelos. A palavra âmbar provém do grego eléktron. Daí o surgimento da palavra eletricidade (AGNES, 2004). Otto Van Guericke, que girou uma bola de enxofre solidificado para criar eletricidade estática em 1672, inventou o primeiro instrumento elétrico feito pelo homem (KIRSCH; MERCOLA, 1995; KIRSCH; LERNER, 1987). Luigi Galvani aparece como um dos primeiros fisiologistas a investigar as correntes de excitação nervosa. Em 1791 publicou o tratado De viribus electricitatis im motu muscularis (sobre a ação da eletricidade no movimento muscular). Alessandro Volta analisando o experimento de Galvani pesquisou a produção de eletricidade por meio químico e, em 1800 construiu a primeira pilha elétrica. Como conseqüência, a corrente contínua foi batizada de corrente “galvânica” em homenagem ao amigo L. Galvani (AGNE, 2004). Com a descoberta do fenômeno da indução por Faraday, em 1831, surgiu a possibilidade de estimular músculos e nervos com correntes elétricas alternadas, surgindo os trabalhos de Duchenne de Boulogne, a Lei de Du Bois-Raymond, a Lei de Remarck, e a inversão da fórmula polar de Erb (LIANZA, 1985) . Muitos tratados de eletroterapia registram, que um dos autores mais importantes deste ramo da medicina, no século XVI, foi o notável médico da rainha Elizabeth, Willian Gilbert, que escreveu 20 importantes trabalhos sobre o assunto, tornando- se assim o pai da eletroterapia moderna. Estes fundamentos estão descritos na obra “De Magnete” (LEITAO, 1979; LIANZA, 1985; AGNE, 2004). A utilização de corrente elétrica em fraturas teve inicio em 1841, com Harishome que tratou um paciente com uma pseudoartrose na tíbia, com descargas elétricas diariamente, no espaço entre os ossos por 6 semanas. Em 1850, Lente relatou o caso de três fraturas não consolidadas, tratadas com corrente galvânica por 10 minutos e três vezes por semana, por várias semanas, relatando que essas lesões foram curadas com sucesso. Por razões ainda não muitos claras, não ocorreram relatos de tentativas posteriores de tratamentos por corrente elétrica durante 103 anos (BRIGHTON,1981). O interesse foi retomado por Yasuda em 1953, que demonstrou a existência de uma nova formação óssea na vizinhança do cátodo (eletrodo negativo), quando micro corrente foi aplicada por 3 semanas em fêmur de coelho. Em 1971, Friedenberg foi o primeiro a relatar a cura de pseudoartrose com uso de corrente galvânica. Em 1974, Basset relatou o uso de estímulos elétricos no tratamento de pseudoartrose com bons resultados (BRIGHTON,1981). Watson relata que em 1977 comprovou-se auxílio na aceleração de consolidação óssea com uso de micro correntes (WATSON, 1998). 2.2.2 Conceituação da terapia com micro correntes 2.2.2.1 Sistema bioelétrico Jaffer e Vanable (1984) provaram que as células dos mamíferos (nos seres humanos e em cobaias) podem manter potenciais elétricos transcutâneos de até 80mV (positivas internamente à membrana) com densidade de corrente da ordem de 1 µA/mm2 no local da lesão. Em 1830, Carlos Matteucci provou que, uma corrente iônica era observada no tecido ferido. A existência de corrente de lesão foi primeiramente observada experimentalmente por Dubois- Reymond em 1843, onde aproximadamente 1 micro Ampére de corrente foi medido de uma ferida de pele humana (JAFFER et al.,1984). Illingsworth e Backer (1980) mediram um coto amputado da ponta do dedo de uma criança, sendo que a corrente do coto variava entre 10 a 30 µA. A intensidade de corrente normal na falange é de aproximadamente 10 µA, porém quando uma fratura ocorre, a intensidade da corrente é diminuída para zero. Cinco dias após o potencial está próximo do normal e no décimo quinto dia, o potencial está totalmente normalizado. (ILLINGSWORTH; BARKER, 1980; BORGENS et al., 1980; BECKER, 1985; WATSON, 1998; CRAFT, 1998). A maioria dos animais adultos, incluindo o homem, são totalmente incapazes de regenerar massas de tecido complexo, como o crescimento de membros. Alguns, contudo, notavelmente a salamandra, tem a habilidade de fazer crescer um novo membro após a amputação cirúrgica. Em salamandras (capazes de regenerar um membro), os níveis tipicos de corrente variavam entre 20 e 100 µA/cm2. Entretanto, com o bloqueio de Na+, e conseqüente alteração de corrente, um terço das salamandras não foi capaz de regenerar seus membros amputados. Em pele de humanos, o bloqueio dos canais de Na+ das membranas externas interrompe o transporte da maioria dos cátions, essa interrupção reduz, ou inverte o potencial transepitelial (BECKER,1985). Isso parece ser possível graças a formação de blastoma próximo do local da amputação onde células não diferenciadas se desenvolvem para formar os tecidos do novo membro. A inervação e uma micro corrente associada na região da lesão parecem ser componentes essenciais. Um anfíbio semelhante, como o sapo, que não tem capacidade regenerativa, mostra uma densidade de corrente muito inferior na região da lesão (7 µA/cm2). Existem indicações de regeneração parcial em animais que não se regeneram, produzidas pela aplicação de correntes externas em diferentes experimentos (CHARMAN, 1990). Alguns tecidos eletricamente excitáveis, por exemplo nervos e músculos, geram pulsos elétricos, detectáveis na superfície do corpo. Técnicas tais como eletroencefalograma, eletrocardiograma e eletromiograma, registram estes sinais. Os tecidos não excitáveis também apresentam potenciais elétricos que são mais ou menos estáticos e incluem potenciais de bateria da pele, potenciais relacionados ao crescimento e cicatrização do tecido, assim como potenciais gerados pela distensão do tecido conjuntivo (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). Existe uma voltagem transcutânea na pele humana conhecida como bateria da pele. O extrato córneo tem cargas negativas (barreira de Rein descrita em 1924) em relação à derme, com uma diferença de potencial médio de 23 mV (FOULDS; BARKER, 1983). Superfícies da pele relativamente sem pelos, como as mãos e os pés, apresentam maior diferença de potencial, mas sempre negativa em relação à derme, com todos os indivíduos testados. Experimentos em animais, mostraram que, essas cargas poderiam conduzir correntes através de margem de um corte na pele (BARKER et al., 1982). Quando a pele é ferida, produz uma redução da bioimpedância que provoca um curto circuito na bateria epidérmica, permitindo que a corrente se propague para o exterior da lesão. Acredita-se que, tais potenciais sejam gerados na região basal da epiderme, que apresenta grande atividade metabólica e que, uma incisão na pele faça com que íons carregados positivamente se movam. Esse efeito parece ser provocado pela atividade da bomba de sódio/potássio nas células da epiderme. Correntes de lesão similares têm sido encontradas em humanos, assim como mudanças de potencial sobre locais de incisão cirúrgicas em processo de cicatrização. Essas e outras evidências sugerem que a cicatrização de feridas pode ser parcialmente controlada por sinais elétricos e desse modo a estimulação elétrica poderia influenciar na cicatrização das feridas (ROBINSON; SNYDERMACKLER, 2001). Eaglstein e Mertz em 1978, mostraram que, feridas úmidas curaram 40% mais rápido do que feridas expostas ao ar. Falanga em 1988, descobriu que, certos tipos de curativos oclusivos como Duoderm, aceleram a cura de feridas, provavelmente devido a promoção de um meio úmido (KULING et al., 1991). Uma lesão cutânea desidratada, apresenta bloqueio da corrente iônica (BECKER, 1985). A estimulação elétrica da ferida tende também a aumentar a quantidade dos receptores-fatores que aumentam a quantidade de formação de colágeno (FALANGA, 1987). Na década de 60, Becker demonstrou que, uma corrente elétrica é o gatilho que estimula a cura, o crescimento e a regeneração de todos os organismos vivos. Ele provou que, a cura de lesões ocorre em resposta a sinais oriundos de um sistema elétrico controlado, e sugere que este sistema torna-se menos eficiente com a idade (KIRSH; LEMER, 1997). Becker e Murray (1967), documentaram inicialmente a polaridade do tecido não excitável tal como epiderme, derme e tecido subcutâneo. Relatam que, normalmente a pele na região da medula espinhal é positivamente carregada com relação à periferia, propagando que a polaridade do tecido inverte após a lesão. Esta teoria da corrente de lesão propõe que, as feridas são inicialmente positivas em relação ao tecido circundante, e que, essa polaridade positiva dispara o início do processo de reparo. A teoria da corrente de lesão parecia ser sustentada pelo fato de que a polaridade positiva é transitória; feridas abertas crônicas não possuem mais esse sinal responsável pelo inicio da cicatrização (BECKER; MURRAY, 1967). Taubes (1986), relata que, outro possível condutor de eletricidade é o sistema circulatório, especialmente os vasos capilares. A corrente é aumentada sempre que ocorre algum dano no sistema circulatório (vasos capilares). Isto acontece quando em resposta a um trauma, normalmente as paredes tornam-se menos permeáveis aos íons. Com isso forçam o organismo a aumentar o fluxo elétrico no ponto de reparo. Em 1983 Nordenstrom, demonstrou que, o trauma afeta o potencial elétrico das células do tecido, como a corrente elétrica se propaga sempre pelo caminho de menor resistência, as cargas elétricas que atuam no corpo atingem a célula afetada. A cura, segundo o autor, provêm da corrente elétrica , que circula pelas células Schwann e Glial, atingindo os neurônios vizinhos. Portanto uma corrente menor que penetre na célula e a balance eletronicamente, pode restaurar o estado fisiológico da célula afetada. A micro corrente aplicada, segundo Becker, atua no interior das células de Schwann, células satélites no gânglio de raiz dorsal e células da glia no SNC. Este sistema de condução de corrente elétrica, opera de um modo semelhante a um semicondutor no qual, pequenas quantidades de corrente elétrica são transmitidas com ambas polaridades. Em um tecido vivo, quando ocorre um estímulo provocado por um trauma, amputação, anestesia ou aplicação de micro corrente, os potenciais da superfície lesada se alteram em dois segundos após o estímulo. Este processo ativa um semicondutor biológico responsável pela transmissão de dados para o cérebro, que, registra uma mudança de potencial elétrico da superfície lesada (BECKER, 1995; CRAFT, 1998). Pequenas cargas elétricas podem ser de grande ajuda na perpetuação das reações eletroquímicas do processo de cura. Nordenstrom (1984) propõe que, a bioeletricidade é conduzida pelo sistema circulatório via capilares, quando uma lesão ocorre, uma carga positiva se instala na área, e apresenta diferença de potencial elétrico servindo como uma bateria bioelétrica pronta para ser ligada. Esta carga bioelétrica, é então ativada por uma mudança de propriedades elétricas nas membranas capilares. Como as membranas se tornam menos permeáveis para o fluxo de íons, o fluxo intrínseco da bioeletricidade, se propaga pela circulação sangüínea dirigindo-se assim para a área de coágulo (NORDENSTROM, 1984). Com a descoberta da teoria dos semicondutores, que estão entre um isolante e um condutor de carga elétrica, e transportam pequenas cargas de corrente elétrica (micro corrente e nano corrente), conduzindo esta a longas distâncias, compreendemos o transporte de carga no corpo humano, que antes de 1930 era obscuro (BECKER, 1985). As proteínas no tecido humano são semicondutores e todas as moléculas que formam a matriz viva são semicondutores. A teoria dos semicondutores aplicadas aos tecidos biológicos foi uma grande descoberta e pode-se através dela compreender que ocorrendo a geração de uma corrente na área de lesão, no corpo esta corrente é conduzida via célula de Schwann e célula glial, que envolvem neurônios, deste modo ativando a reparação tecidual (BECKER, 1981). O colágeno, a proteína mais comum no nosso organismo, pode se comportar como um semicondutor. (MORGAREIDGE; CHIPMAN, 1990). Um trauma afetará o potencial elétrico das células do tecido lesado. Inicialmente o local atingido tem uma resistência maior do que os tecidos próximos da lesão. O decréscimo do fluxo elétrico na área lesionada diminui a capacitância celular. Esta pode ser uma das razões para as reações inflamatórias. Dor, calor, inchaço e vermelhidão são características de tecidos inflamados. A eletricidade flui mais rapidamente através destes fluidos inflamados. A correta aplicação das micro correntes em um local lesionado aumenta o fluxo de corrente endógena. Isto permite à área traumatizada recuperar sua capacitância. A resistência deste tecido lesionado é então reduzida permitindo a bioeletricidade entrar para a área afim de restabelecer a homeostase (WINDSOR, 1993). 2.2.2.2 Ação oxigenante das correntes elétricas As correntes elétricas também podem ser aplicadas para aumentar a pressão de O2 em tecidos subcutâneos e feridas. Uma corrente uniforme eleva o gradiente de oxigênio na região da lesão pela ação química do íon carreador de corrente (por exemplo, íons de cálcio pode atrair oxigênio). Outra possibilidade pode ser a criação de um gradiente iônico intracelular pela corrente (por exemplo, as proteínas da membrana plasmática). As proteínas móveis de membrana se redistribuem pela superfície da membrana a partir de um campo elétrico tão pequeno quanto 1 mV por mm 2 da região lesionada (ROBINSON, 1985). Apenas alguns autores relacionam a medição do oxigênio com a estimulação elétrica. O gradiente de tensão lateral na borda da ferida cria um pólo positivo no centro da ferida, podendo atrair o oxigênio (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). Gagnier e colaboradores (1988) trataram as feridas de pacientes paraplégicos usando correntes com três formas de ondas (monofásica com picos simétricos invertidos, bifásica e corrente alternada). A pressão parcial de oxigênio transcutânea medida por 1hora e 30 minutos mostrou um aumento significativo no oxigênio após trinta minutos de estimulação, o oxigênio também havia aumentado nas feridas tratadas com corrente alternada. Dodgens e colaboradores (1987) estudaram um grupo de pacientes diabéticos tratados com corrente simétrica bifásica. O oxigênio transcutâneo aumentou de 4,9 para 5,8 mmHg (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 2.2.2.3 Ação da terapia com micro correntes no Adenosina trifosfato Existem duas forças importantes no trabalho celular, uma delas é o elétrico; um íon positivamente carregado, migra para o lado mais negativo da membrana (cargas elétricas de polaridades distintas se atraem). Outra e a força de íons em alta concentração. Qualquer íon se difunde mais facilmente para um região com menor concentração deste mesmo íon. A célula a todo momento, faz uso de ambas as forças para que íons sejam bombeados ativamente através da membrana celular. Geralmente existe uma maior quantidade de íons sódio no meio extracelular e íons potássio no meio intracelular. Os íons no exterior da célula, são utilizados como formas de transporte, que gerará a energia celular. É permitido que íons de sódio fluam abaixo do gradiente de concentração celular, enquanto ocorre transporte ativo de glicose e moléculas de aminoácidos (que estão acima do gradiente de concentração) para o interior da célula, gerando energia (BECKER, 1985). Toda energia acumulada é armazenada na mitocôndria, também denominada “poços de energia” celular, definida como uma organela intracelular composta de várias membranas, sendo responsável por todas as reações do metabolismo aeróbico. Dentro desta estrutura intracelular, existe uma combinação de várias enzimas especiais que transportam os íons de hidrogênio liberados pela degradação metabólica da glicose e gordura. A estes íons são permitidos o fluxo através da membrana, dando assim, origem ao trifosfato de adenosina (ATP), a principal fonte de energia química celular (MITCHELL, 1976). Durante a micro estimulação celular, os eletrodos reagem com as moléculas de água (cátodo), para produzir íons hidroxilas (OH-), enquanto que no lado do ânodo, prótons (H+) são formados. Assim, entre a interface do ânodo e cátodo, um gradiente de prótons e um gradiente de potencial através do tecido e o meio é criado. Em conseqüência disso os prótons, sob a influência do campo elétrico e com a diferença de concentração de íons, movem-se do ânodo para o cátodo. Ocorre um aumento do gradiente de prótons, formando cargas positivas na parte exterior da membrana interna da mitocondria. Esse gradiente forma uma força próton motriz Isso ocorre porque a membrana interna é impermeável aos prótons, estes só podem retornar ao interior da mitocôndria e desfazer o gradiente através de sítios específicos localizados na membrana interna, esses sítios são constituídos pelo complexo ATPase, enzima que cataliza a conversão de ADP em ATP. As enzimas oxidativas, através de uma série de reações seqüências fazem o H se combinarem com o Oxigênio. No desenrolar destas reações, a energia liberada durante a combinação do hidrogênio com o oxigênio é usada para ativar a ATPase e dirigida a reação, de modo a produzir enormes quantidades de ATP a partir de ADP. Podemos então dizer que, o processo de síntese de ATP está intimamente ligado a um processo elétrico fisiológico. Este processo é acelerado pela terapia com micro correntes que aumenta a formação desse gradiente de prótons, fornecendo à membrana externa íons positivos, e íons negativos para a membrana interna, aumentando a diferença elétrica entre as duas membranas, e assim gerando uma maior força próton motriz, força essa que leva à formação de ATP (MITCHELL, 1976; CHENG et al., 1982; MARZOCO, 1990; KIRSCH; MERCOLA, 1995). O ATP é um fator essencial no processo de cura. Grandes quantidades de ATP são requeridas para controlar funções primárias como o movimento do sódio, potássio, magnésio e cálcio, para dentro e para fora das células. Isto também sustenta o movimento dos resíduos dos produtos metabólicos para fluir para fora das células. Tecidos lesionados são pobres em ATP, e diversos trabalhos demonstraram que, micro correntes reabastecem o ATP, fazendo com que nutrientes possam novamente fluir para o interior das células lesionadas e os resíduos dos produtos metabólicos possam fluir para o exterior destas células. O ATP também abastece de energia os tecidos, para que estes aumentem a síntese de proteínas e o transporte de íons através das membranas (CHENG et al., 1982). Cheng et al. em 1982, demonstraram o aumento da concentração de ATP, geração da síntese de proteínas, transporte na membrana e outros efeitos em nível intracelular, decorrentes da aplicação de micro correntes. O sistema de geração de ATP tem funções fisiológicas extracelulares (BURNSTOCK, 2000). O ATP extracelular foi identificado como um mensageiro intracelular e também como um co-transmissor de funções celulares, ativando efeitos receptores purinérgicos de P2 (DUBVAK, 1993). Há alguns tipos diferentes de receptores de P2, as duas classes principais são P2X e P2Y receptores. Estes receptores incluem diversos sub tipos que podem ser ativados por ATP extracelular (DUBVAK, 1993; DING, 2000). Os receptores de P2X são canais de ligação e bloqueio dos íons visto que, os receptores de P2Y são proteína G acoplada (DUBVAK, 1993; DING, 2000; KENNEDY, 2000). As canaletas de ligação e bloqueio P2X dependentes do ATP podem ser permeáveis aos íons sódio, potássio ou cálcio. Através destas canaletas, o ATP extracelular pode causar a despolarização ou aumento no nível intracelular do cálcio nas células ativadas (DUBVAK, 1993; DING, 2000; KENNEDY, 2000). Cinco receptores acoplados P2Y (P2Y 1.2.4.6.11) proteína G humana, foram identificados e todos ativam a fosfolipase C. Através da formação de inositol-3-fosfatase (IP3), os níveis intracelular do cálcio são aumentados, ativando então muitas funções celulares dependentes do cálcio (KENNEDY, 2000). O receptor de P2Y 11, ativa especificamente a adenil ciclase, causada pela eletroestimulação (COMMUNI, 1997 ; KENNEDY, 1999). A fosfolipase A2 é também ativada pelo ATP extracelular, pode conduzir ao aumento dos níveis de ácido aracdônico nas células eletroestimuladas (KENNEDY, 1999; OSTROM, 2000). Um outro papel possível para o ATP extracelular como mediador da sensação de dor, foram descritos por diversos grupos (DING, 2000; DI VIRGILLO, 2000; BLAND-WARD, 2000; HAMILTON, 2000; SOUSLOVA, 2000). Um aumento da dor durante o processo inflamatório é devida aos mediadores químicos liberados durante o processo, especialmente a prostaglandina, cuja síntese se inicia com a ação da ciclooxigenase II (COX2 ) sobre o ácido araquidônico. O ácido araquidônico é liberado pela membrana celular após o estímulo lesivo. É um acido graxo não saturado precursor de prostaglandinas que apresentam efeitos inflamatórios. Os intermediários do ácido araquidônico e a prostaglandina podem estimular o GMPc (guanosina monofosfato) e inibir a enzima adenilato ciclase, que forma AMPc (CANTIERI et al., 1980; apud ROOK et al., 1986). Os mecanismos celulares envolvidos no tratamento da dor com eletroterapia, ainda não são completamente conhecidos. Mecanismos que podem possivelmente ser afetados após á exposição a um campo elétrico inclui: A) liberação de encefalinas, especial ss - endorfinas (ULETT, 1998; SEEGERS, 2002), B) Internalização dos receptores da substância P (ALLEN, 1999), C) Teoria de controle da porta da dor (NAM, 1995), D) Ativação dos receptores de diferentes opióides (SLUKA, 1999). Os efeitos da estimulação elétrica, na liberação do ATP, podem também afetar a sensação da dor, tendo se mostrado que, a estimulação elétrica ativa a liberação do ATP intracelular em estudos in vitro (FERGUSON, 1997). A oxidação dos substratos, que é acompanhada pela migração dos prótons através das membranas pode igualmente ser estimulada pela corrente induzida de prótons ativando um processo de feed back. A aplicação de micro correntes em um local lesionado aumenta o fluxo de corrente endógena, permitindo à área traumatizada recuperar sua capacitância. A resistência deste tecido lesionado é então reduzida, permitindo a bioeletricidade atuar na área e restabelecer a homeostase (KIRSH; MERCOLA, 1995). 2.2.3 Utilização da corrente modulada em baixa intensidade. Estudos com corrente de baixa intensidade foram iniciadas a mais de 300 anos, quando folhas douradas carregadas com eletricidade estática foram utilizadas para prevenir cicatrizes da varíola, segundo Robinson (1925), e aplicando-se lâmina de ouro para cura da perfuração timpânica. Em 1964, foi relatado a utilização da lamina de ouro na melhora da úlcera de pele isquêmica em diabetes. Ainda que os mecanismos de ação não estivessem claros, havia evidências da influência eletrostática e/ou eletroquímica do ouro, hoje se sabe que, as folhas de ouro eletricamente carregadas podem não ser um exemplo de estimulação para reparação tecidual, mas um exemplo de iontoforese (WOLF et al., 1964). Assimacopoulus (1968) publicou um estudo de três casos clínicos experimentais, no tratamento de úlcera do pé devido à insuficiência venosa crônica, em pacientes voluntários, com a utilização da corrente contínua negativa de baixa intensidade. Obteve como resultado, um denso tecido conectivo, rico em fibras colágenas hialinizadas, dispostas em paralelo. As cicatrizes não apresentaram glândulas sudoríparas, sebáceas e folículo piloso. O trabalho mais freqüentemente citado na história da cura de feridas pela eletricidade foi publicado por Wolcott e Wheeler . Eles aplicaram correntes com intensidade de 200-800 µA, a cada três dias, em 67 pacientes, sendo o grupo controle foi tratado com os métodos tradicionais (assepsia e medicamentos tópicos). O grupo tratado mostrou uma melhora da taxa de cicatrização de 2 a 3,5 vezes mais rápida que a taxa do grupo controle (WOLCOTT; WHEELER, 1969). Gault e Gatesn em 1976, repetiram o protocolo de Wolcott e Wheeler, e adicionaram 76 pacientes que possuíam 106 úlceras de pele isquêmica. Todos pacientes eletroestimulados obtiveram uma taxa de cicatrização duas vezes mais rápida que o grupo controle (GAULT; GATESN, 1976). Rowley e Wolcott em 1974, estudaram um grupo de 250 pacientes com úlceras isquêmicas provenientes de vários tipos de diagnósticos. As úlceras estimuladas eletricamente tiveram um processo de cura quatro vezes mais rápido quando comparado ao grupo controle. Rowley demonstrou também, uma redução de 38,8% na taxa de crescimento da Escherichia coli in vitro com aplicação de corrente catódica de baixa intensidade, e efeito bacteriostático com corrente contínua de baixa intensidade, negativa, em feridas de coelhos contaminadas por Pseodomonas aeruginosa bastonete Gram negativo, que, comumente, contamina as feridas humanas (ROWLEY; WOLCOTT, 1974). Estes estudos demonstraram uma melhora em relação à contaminação das feridas. As feridas que foram inicialmente contaminadas com Pseodomonas aeruginosa e ou Proteus sp, foram esterilizadas depois de muitos dias de micro estimulação. Outras investigações também demonstraram melhorias similares, e encorajaram o uso desta terapia como tratamento ideal para úlcera indolente (GOLDIN, 1981; CARLEY; WAINAPEL, 1985; BARON; JACOBSON, 1985; JERAN, 1987; DAYTON; PALLADINO, 1989; LERAN, 1990; MULDER, 1991; KAADA et al., 1991; LUNDEBERG Et al., 1992), nenhum efeito adverso resultante de eletroterapia sobre as feridas foi encontrado (WEISS, 1990). Uma revisão da literatura, feita por Dayton e Palladino, mostrou a efetividade da terapia com micro correntes, concluíram que é um suplemento efetivo e seguro para tratar casos de úlcera recalcitrante, sem cirurgia (DAYTON; PALLADINO, 1989). Jorgensen aplicando micro correntes, em 28 pacientes com fratura de tíbia reduzidas com a utilização de aparelho de Hoffmann, obteve aumento na velocidade de consolidação óssea, utilizando corrente assimétrica, com intensidade de 40 µA e freqüência de 0,1 Hertz (JORGENSEN, 1977). Tomoya em 1982, aplicou 50 µA em um dos lados das maxilas de um grupo de cães com fratura de maxilar, sendo o outro lado controle. Os autores, no final de 52 dias de observação, concluíram que, a micro corrente promove a formação normal do osso na área lesionada acelerando o processo de regeneração (TOMOYA, 1982). Cheng e colaboradores, em 1982, demonstraram o aumento da concentração de ATP, geração da síntese de proteínas, transporte na membrana e outros efeitos em nível intracelular, decorrentes da aplicação da micro corrente. Utilizou-se pele de rato preparada ex vivo, dividindoa em duas partes iguais, uma para o grupo controle e outra para o grupo experimental; utilizou-se também, marcadores radioativos expondo o grupo experimental a uma corrente elétrica que variava entre 0,1 µA e 30.000 µA. Os resultados demonstram que, a faixa terapêutica está situada entre 10 µA e 1.000 µA, sendo que o maior aumento de incorporação, em relação ao grupo controle, de glicína e acido aminoisobutírico na proteína da pele, ocorreu na intensidade de 500 µA, aumentando mais de 75%. O transporte de aminoácido aumentou de 30 a 40 % no intervalo de 100 a 500 µA, em comparação com o grupo controle. Quando a intensidade da corrente foi aumentada, excedendo 1000 µA, estes efeitos provocaram a redução do transporte de aminoácidos de 20 a 73%. O aumento da síntese de proteínas iniciava-se com a aplicação na intensidade de 10 µA e atingia nível máximo com 100 µA, porém, correntes de 1 a 5 mA, provocaram diminuição destes níveis, e com 5 mA, a síntese de proteína era diminuída de até 50% em relação ao controle.Verificou-se neste experimento que a concentração de ATP celular, aumentava cerca de três a cinco vezes na faixa de 50 µA a 1000 µA, sendo que com correntes entre 100 µA a 500 µA, os efeitos estimulatórios foram similares, excedendo–se os 1000 µA, os valores retornavam aos níveis do grupo controle. Cheng estudou também, o efeito latente e a influência da micro corrente no DNA, através da presença de timidina incorporada, não tendo se comprovado neste caso, tanto o efeito latente, como alterações no metabolismo do DNA (CHENG, et al.,1982). Foi demonstrado por Alvarez et al. (1983), a ativação da biosíntese de colágeno na derme e na epiderme na espessura relativa da ferida, utilizando corrente contínua de 50 a 300 µA em porcos Yorkshire. Estes, após lavagem com solução salina estéril, eram anestesiados e então se produziam ferimentos retangulares superficiais na região paravertebral e torácica. Os animais foram divididos em três grupos, um controle, um experimental e um placebo, sendo que este último não recebia corrente elétrica. No grupo experimental, a corrente foi aplicada decrescendo linearmente a partir de 300 µA até atingir 50 µA, no final do período do tratamento de 24 horas. A capacidade de biosíntese do colágeno foi encontrada entre o quinto e o sétimo dia após o ferimento. O grupo submetido à corrente contínua de baixa intensidade obteve um aumento significativo na produção do colágeno em relação aos demais grupos. No estudo da microflora dos ferimentos, não ocorreram diferenças significativas comparando-se os três grupos (ALVAREZ et al., 1983). William Stanish, médico do comitê olímpico Canadense, aplicou corrente com intensidades de 10 a 20 µA, o que acelerou a recuperação de atletas lesados, com rupturas de tendões, de 18 meses para apenas 06 meses (STANISH, 1985; STANISH, 1993). Outros estudos demonstram o efeito positivo de micro correntes na recuperação de tendão em modelos animais. Nessler e Mass (1985), estimularam 80 tendões de coelhos que eram cirurgicamente lesionados. Foram divididos em 4 grupos de 20 animais, sendo 10 coelhos estimulados com 07 µA de corrente e 10 controles não estimulados. Foi demonstrado o aumento de 91 % da taxa de Prolina depois de 7 dias de estimulação, enquanto a hidroxiprolina era acrescida em 255 % em referência ao grupo controle. Concluíram que a plasticidade dos tendões é realçada pela microestimulação (NESSLER et al., 1987). A aceleração da cicatrização de feridas foi verificada em protocolo clínico em 1985, por Carley e Wainapel, que estudaram os efeitos da corrente contínua de baixa intensidade, 300 µA à 700 µA, em 30 pacientes hospitalizados, selecionados de acordo com a idade, diagnóstico, localização e etiologia da ferida. Utilizaram pacientes com úlceras localizadas em regiões abaixo do joelho ou na área sacral, um grupo recebeu tratamento convencional (controle) e outro grupo tratamento com micro corrente (experimental). Os pacientes do grupo tratado com micro correntes demonstraram, de 1,5 a 2,5 vezes a aceleração da velocidade de cicatrização, em relação ao par controle os quais foram observados na terceira, quarta e quinta semanas do tratamento. Também observaram que a micro corrente atua em processos álgicos. Relataram em seu trabalho a redução do processo álgico, porém não efetuaram um protocolo específico para esta medição, pois não utilizaram a forma mais aceita cientificamente que é a escala analógica da dor proposta por Hunskisson (HUNSKISSON, 1982). Os parâmetros utilizados foram semelhantes ao estudo de Wolcott (1969), e concluíram que a micro correntes diminui também a infecção da região tratada (CARLEY; WAINAPEL, 1985). Robert Becker e Bjorn Nordenstrom, propuseram uma base racional para esta vasta e efetiva forma de intervenção eletroterápica que Kirsch nomeou em 1995 de “Terapia das Micro correntes Elétricas” (KIRSCH; MERCOLA, 1995). Brown e Gogia (1987) estudaram o efeito da micro corrente na cicatrização de feridas em coelhos. Aplicaram eletroestimulação com freqüência de 80 Hz e intensidade de 2 mA, durante duas horas por dia, em grupos diferentes. No grupo controle foi aplicado o cátodo sobre a ferida, e os animais cicatrizaram após sete dias. Já no grupo experimental foi aplicado o ânodo sobre a ferida, resultando, no fechamento da ferida mais acelerado, entre os quatro primeiros dias (BROWN; GOGIA, 1987). Dunn et al. (1988) em pesquisa utilizando porcos da Índia, observaram o efeito da corrente elétrica na matriz de colágeno, com eletrodos implantados no centro das feridas na derme. Aplicaram 50 µA com o cátodo sobre a ferida, obtendo aumento da migração de fibroblastos e o alinhamento de colágeno, enquanto que na região do ânodo colocado sobre a ferida verificou-se maior concentração de células inflamatórias (DUNN et al., 1988). Kloth e Feedar (1988) provaram a eficácia da micro estimulação, utilizando corrente com intensidade de 105 µA, com duração de 5 minutos/dia, cinco dias por semana. Nove pacientes receberam corrente de baixa intensidade e sete receberam tratamento placebo com o equipamento desligado. Durante um período de oito semanas, o grupo tratado obteve 100% de cicatrização em ulceras de decúbito, enquanto que as feridas do grupo placebo aumentaram, em média, 28,9% sua área (KLOTH et al., 1988). Im et al. (1990) pesquisaram, em porcos, os efeitos da corrente elétrica na isquemia que induzia à lesão tecidual em retalhos cutâneos. Utilizaram corrente pulsada (polarizada), na freqüência de 128 Hz. Estimulou com cátodo a ferida por 30 minutos pós-cirurgia, e nos dias consecutivos, houve duas sessões diárias de 30 minutos de estímulo. O ânodo foi usado do quarto ao sexto dia, voltando a utilizar o cátodo do sétimo ao nono dia. Avaliando os retalhos no 21 º dias pós-operatório, foi observado viabilidade dos retalhos estimulados. Referem, os autores, que a utilização do cátodo no inicio do tratamento, pode prevenir a isquemia severa por meio do bloqueio da vasoconstrição simpática e, minimizar o fenômeno isquemia-reperfusão. Já o ânodo, teoricamente, produziria um efeito antioxidante pela neutralização dos radicais superóxidos (02) devido ao fluxo de prótons (IM et al., 1990). De acordo com a pesquisa clínica feita por Lynn Wallace, existem dois modos de tratamento com micro terapia que produzem bons efeitos. O modo analgésico é usado para reduzir a dor do paciente, este modo consiste em uma forma de onda trapezoidal, com freqüência de 30 HZ, e um pulso que pode variar de 80 µA-100 µA. O modo analgésico é sempre seguido pelo modo de reparação tecidual (Enhancement of Tissue Repair-ETR), denominado modo curativo. O modo ETR consiste de uma forma de onda quadrada, com freqüência de 0,3 HZ e intensidade de corrente entre 20 µA e 40 µA, com estimulação de 10 minutos no módulo analgésico seguida por 20 minutos no módulo ETR (WALLACE, 1990). A eficiência da terapia por micro correntes foi clinicamente documentada por Wallace em um estudo com 1531 pacientes com 12 variedades de diagnósticos agudos, sendo que 94% dos pacientes apresentam redução da dor durante a primeira sessão do tratamento. Nenhum efeito colateral ou aumento dos sintomas relatados foi observado. A média de tratamentos para atingir a proporção 0/1 no nível de dor (escala de 0 a 10 de HUNSKISSON) foi de 3,8 tratamentos. Em 12 casos de ferimentos agudos, os pacientes relataram ausência de dor com média de 4 sessões. Os casos de cervicobraquialgia aguda, com média de 3,5 tratamentos, e lombalgias agudas com média de 4,5 sessões. Dos casos estudados, 88% atingiram o nível 0/1 de dor com menos de 10 tratamentos, comprovando assim efeito analgésico (VODOVNIK; KARBA,1992). A forma de onda utilizada foi à quadrada simétrica bifásica com tratamento diário sem alteração da medicação prescrita ou aplicação de qualquer outra modalidade de tratamento (calor, gelo, eletricidade, ou tração mecânica) foi usada. Wallace relatou neste estudo, 283 casos de lesão por esforços repetitivos ou lesão do trabalhador. O grupo controle que recebeu a terapia convencional (termoterapia, crioterapia, massagens) obteve melhora do quadro álgico com a média de 20,7 sessões, o grupo tratado somente com micro correntes, com 8,7 sessões e o grupo que combinou micro correntes e terapia convencional, com a média de sessões de 8,6, um resultado de 2,3 vezes maior da velocidade da resposta curativa (WALLACE, 1990). Há muitos relatos de tratamentos eficazes para analgesia com micro Ampéres exógenos aplicados sobre a área dolorosa (SEEGERS, 2002). Lundeberg et al. (1992) trataram pacientes submetidos a mastectomia, com utilização de retalhos fasciocutâneos para reconstrução mamária, com baixo suprimento capilar, edema e estase venosa. A estimulação foi feita com corrente quadrada assimétrica bifásica, com freqüência de 80 Hz, 1 ms e intensidade de 1,5 mA. O fluxo sanguíneo foi avaliado, pela técnica de Laser Doppler, na pele do retalho e na mama oposta, antes, durante e depois da micro estimulação, aplicada durante duas horas, duas vezes ao dia, tendo se observado melhora circulatória em sete das nove pacientes tratadas. Os autores atribuíram esse efeito a uma possível liberação do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, sendo considerado um potente vasodilatador (LUNDEBERG et al., 1992). Vodovnik e Karba (1992) e Karba et al (1997), demonstram que a terapia com micro corrente, além de diminuir a dor, promove modificações fisiológicas no tecido e acelera o processo curativo. Relatam que, de acordo com sua revisão bibliográfica, corrente quadrada simétrica bifásica, com intensidade de corrente na faixa de microAmpéres e modulada em baixa freqüência, apresentam excelentes resultados clínicos (VODOVNIK; KARBA, 1992; KARBA et al., 1997). Sersa et al. (1992) estudaram os efeitos anti-tumorais da estimulação elétrica associada a interleucina-2, em fibrosarcoma AS-1 e melanoma B16. Neste caso foram utilizados três cátodos subcutâneos inseridos diretamente no tumor e dois ânodos subcutâneos ao redor do tumor. Após a eletroterapia verificou-se significante redução na ação de crescimento do tumor, as intensidades de corrente utilizadas foram 400, 600, 1400 e 1800 µA. O melanoma B16 possui maior sensibilidade em relação ao fibrosarcoma AS-1. Como conseqüência do aumento do efeito anti-tumoral foi realizado a combinação do tratamento com interleucina-2. Quando ambas as terapias foram associadas, um significante retardo temporal no crescimento do tumor e alta taxa de curabilidade foram encontradas. Os resultados da eletroterapia mostraram efeitos na terapêutica anti tumoral, os quais podem ser potencializados quando associados com a terapia de interleucina (SERSA et al., 1992). Em 1993, o mesmo autor estudou a potencialização da bleomicina anti-tumoral associada à eletroterapia. Onde aplicou em ratas com fibrosarcoma AS-1 250 microgramas de bleomicina relacionado com 600 µA de corrente contínua por 60 minutos. O efeito anti-tumoral do simples tratamento com bleomicina era moderado, mas significante com eletroterapia. Tratamento combinado com bleomicina seguido de eletroterapia era mais eficaz, sobre a diminuição do tumor, que cada tratamento independente (SERSA et al., 1993). Mertz et al. (1993) investigaram, em porcos, o efeito da polaridade da micro corrente no ferimento dérmico. Quatro protocolos diferentes foram usados durante sete dias, freqüência de 150 Hz, 100 µA de intensidade de corrente: a) polaridade alternada a cada dia, b) cátodo sobre a área, c) ânodo sobre a área lesada , d) cátodo sobre a lesão no primeiro dia, e durante os dias restante, ânodo na área da lesão. Todos os métodos foram comparados às feridas tratadas de forma simulada. Com a alternância da polaridade os autores concluíram que ocorria a inibição da epitelização. A polaridade negativa também teve um efeito inibitório. As duas polaridades, seguidas por positiva aumentaram a epitelização da ferida nos animais tratados (MERTZ et al., 1993). Iniciou-se em 1994, por Pleniscar, estudos preliminares em cinco pacientes com metástase ou lesões cutâneas de melanoma primário, aplicando corrente contínua de baixa intensidade, de 1000 µA por 30 minutos. Após 12 aplicações, observou-se regressão do tumor em todas as lesões cutâneas do melanoma; entretanto em quatro pacientes foram classificados como resposta parcial. Este estudo mostrou que, a aplicação local de eletroterapia com corrente contínua de baixa intensidade e polaridade negativa, é um tratamento efetivo na redução da massa tumoral em lesões cutâneas de melanoma humano, podendo ser fator importante na diminuição da disseminação metastática (PLENISCAR et al., 1994). Lennox et al. (2002) fizeram um estudo piloto aplicando micro correntes em pacientes tratados com radioterapia, que induz à fibroses, em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Foram tratados 26 pacientes com o objetivo de melhorar a rotação cervical, a flexão/extensão e a flexão lateral da cervical. No final do tratamento 92% dos pacientes apresentavam melhora na rotação cervical, 85% da flexão extensão e 85% na flexão lateral cervical. Retornaram para controle 22 pacientes após 3 meses, destes 91% mantiveram o ganho da rotação cervical, 82% mantiveram a melhora da flexão extensão e 77% da melhora da flexão lateral da cervical. Concluíram que a TMC é uma promessa para amenizar a limitação dos movimentos que surgem como final dos efeitos da radioterapia nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, porém necessitando de protocolos mais precisos. Lamber et al. (2002), estudaram 30 homens saudáveis, onde induziu a musculatura flexora de cotovelo do braço não dominante, a fadiga através de exercícios excêntricos. Após 24 horas apresentavam um quadro de edema, dor muscular e diminuição de amplitude de movimento do cotovelo. Separou estes homens em 2 grupos aleatoriamente, um tratado com TMC outro com placebo. Após o tratamento concluíram que a Terapia com Micro Correntes reduz a severidade dos sintomas. O mecanismo de ação é desconhecido, mas está provavelmente relacionado à manutenção intracelular de Ca apos exercícios que promovem fadiga muscular (LAMBERT et al., 2002). Uma revisão de várias pesquisas sobre os efeitos da estimulação elétrica da pele (REICH; TARJAN, 1990) concluiu que, alterar a polaridade durante o tratamento traz melhores resultados do que a corrente polarizada. Busca-se determinar parâmetros elétricos apropriados para acelerar a cicatrização e o reparo, mas e falta de relatos detalhados, particularmente sobre a área de aplicação do eletrodo, tornou impossível determinar a densidade da corrente. Reich e Tarjan concluíram que, estimulações com alguns microampéres aplicados por algumas horas, podem acelerar a cicatrização (BYL et al., 2003). 2.2.4 Equipamentos para estimulação com de baixa intensidade de corrente. Robinson e Snyder-Mackler (2001) afirmam que não existe padrão para os equipamentos de micro corrente. Os controles de intensidade normalmente permitem um ajuste de 10 a 1000 µA, com controles de freqüência entre 0,1 Hz a 900 Hz (ROBINSON; SNYDERMACKLER, 2001; PRENTICE, 2002). Os sistemas utilizados para estimulação biológica dividem se em dois, corrente constante e voltagem constante, conforme figura 4. Figura 4: Sistema de pulso: A) corrente constante, e B) voltagem constante. Os aparelhos de corrente constante fornecem intensidade constante independentemente da impedância do tecido (NELSON, 2003). O mercado oferece equipamentos com correntes em várias formas de onda, tais como: senoidal, quadrada, triangular bipolares (figura 5) ; pulsos retangulares distribuídos de forma monofásica (figura 6); corrente contínua (figura 7); corrente quadrada simétrica bifásica (figura 8) (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; WING, 1989). Figura 5: Forma de ondas bipolares. Figura 6: Pulso quadrado monofásico. Figura 7: Corrente contínua (galvânica) Figura 8: Corrente quadrada simétrica bifásica. Durante um tratamento, para um determinado ajuste de intensidade, o estimulador de corrente constante ajustará automaticamente a voltagem quando a impedância eletrodo – corpo variam, mantendo assim o nível de estimulação pré-estabelecido (ROBINSON; SNYDERMACKLER, 2001; NELSON et al., 2003). A terapia com micro correntes, se caracteriza por utilizar uma corrente quadrada simétrica bipolar, com largura de pulso de 1,6 s. e freqüência de 0,3 Hz no canal 1 e 1,0 s e 0,8 Hz no canal 2, aplicada de forma quadripolar (figuras 12 e 13), gerada por um equipamento com amplificador de saída de corrente constante, esta forma de onda e descrita segundo recomenda a Section of clinical electrophysiology of the American Physical therapy Association (Electrotherapeutic terminology in Physical Therapy) (figuras 9,10,11 e 12) (NELSON, et al., 2003). Figura 9: Classificação quanto ao numero de fases que a onda apresenta. Figura 10: Classificação quanto à simetria da intensidade de corrente durante as fases. Figura 11: Classificação quanto ao equilíbrio da carga da fase. Figura 12: Forma quadripolar de colocação de eletrodos. Figura 13: Área de intersecção dos canais na forma de aplicação quadripolar de eletrodos. 3- OBJETIVO 3- OBJETIVO 3.1 Objetivo O presente estudo identifica o efeito da estimulação com corrente constante de baixa intensidade operando com 30 e 160 µA, modulada em freqüência de 0,3 e 0,8 Hz, em feridas cutâneas em ratos. A análise dos resultados foi realizada macroscopicamente avaliando a evolução clínica com posterior análise histopatológica. 4- MÉTODOS 4- MÉTODOS 4.1 Aprovação pelo comitê de ética Neste estudo foram aplicados os princípios éticos da experimentação animal de acordo com a COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal), tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP (ANEXO A). 4.2 Equipamento Para a realização deste estudo, utilizou-se um aparelho de micro eletro estimulação, desenvolvido para este experimento pela empresa Kroman Ind e Com., registro do Ministério da Saúde nº 800.996/8, o MTC, com amplificador de saída de corrente constante, com dois canais o primeiro com freqüência de 0,3 Hz e largura de pulso de 1,6 segundos, o segundo canal com freqüência de 0,8 Hz com pulso de 1,0 segundo. Gerador de corrente com intensidade de 30 µA e 160 µA, a forma de onda quadrada, bifásica, simétrica equilibrada. Foi empregado também um microscópio Leica®, e programa Leica® Qwin para análise das lâminas histológicas, além de câmera digital Polaroide® PDC 3070 e 3,2 mega pixel. 4.3 Modelo animal Neste estudo utilizou-se de 21 ratos machos da raça Wistar (Rattus norvegicus variedade albinus), os quais foram pesados em balança analógica Bender®, verificando se peso corpóreo entre 200 – 250 g. Os animais foram adquiridos junto ao Biotério da Anilab de Paulínia – SP. Os mesmos foram mantidos em gaiolas (cinco animais por gaiola) em condições ambientais de temperatura e luminosidade, alimentados com dieta padrão Labina® e água ad libidum. Os animais permaneceram por um período de ambientação de 15 dias no biotério de passagem do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale do Paraíba. O experimento foi realizado nos laboratórios de Biomodulação Tecidual e Laboratório de Fluorescência, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale do Paraíba. 4.4 Procedimento cirúrgico Foi realizada a pesagem dos animais e administração de pré-anestésico Butorfanol® (Turbogesic, 2mg/kg), associado à Acepromazina® (Acepran, 1mg/kg), ambos administrados em dose única via intramuscular. Após 15 minutos foram administrados Zolazepan e Tiletamina (Zoletil 50®, 40mg/kg). Os animais foram tricotomizados na região dorsal direita. Após a anti-sepsia da região com álcool iodado, foi realizada uma incisão circular com o auxílio de instrumento para biópsia tipo punch estéril de 8 mm de diâmetro, na região tricotomizada, com profundidade suficiente para a remoção do epitélio sem danificar os tecidos subjacentes (figura 14). Para analgesia pós-cirurgia foi utilizado a droga Fentanil® (Janssen Cilag Farmacêutica Ltda), via intra-peritoneal (0,032 mg/kg, de 12/12 horas), por dois dias consecutivos após a lesão. Figura 14: Procedimento cirúrgico. 4.5 Divisão e organização dos grupos e tratamento Os animais foram separados em um grupo controle (n=9) e dois grupos tratados com terapia com micro correntes (figura 15), sendo um tratado com 30 µA (n=6) e outro com 160 µA (n=6). Grupo 1 – GC Participaram deste grupo nove ratos nomeados GC1 a GC9. Foi utilizado código GC para os animais controle. Esta denominação foi acompanhada de um número identificador (1 a 9). Neste grupo de estudo o rato GC3 foi a óbito no decorrer do experimento. Estes animais não receberam nenhum tipo de tratamento pós-cirúrgico, porém foram manipulados como os demais. Grupo 2 – G30 Fizeram parte deste grupo seis ratos codificados G30/1 a G30/6. Foi utilizado o código G30 para designar os tratados com Terapia com micro correntes com intensidade de corrente de 30 µA, após a cirurgia. Esta codificação foi acompanhada de um número identificador (1 a 6). Grupo 3 –G160. Participaram deste grupo seis ratos nomeados G160/1 a G160/6. Foi codificado G160 para designar os tratados com Terapia com micro correntes com intensidade de corrente de 160 µA imediatamente após a cirurgia. Esta denominação foi acompanhada de um número identificador (de 1 a 6). Os animais dos grupos G30 e G160 receberam terapia, com intensidade de corrente de 30 µA e 160 µA, respectivamente, durante 30 minutos imediatamente após a lesão cirúrgica, com eletrodos aplicados na forma quadripolar, o primeiro canal com uma freqüência de 0,3 Hz com largura de pulso de 1,6 s e no segundo canal freqüência de 0,8 Hz e pulso de 1,0 s (figura 15). Figura 15: Animal submetido à terapia (TMC). 4.6 Sacrifício e Obtenção das Amostras A região lesada dos animais foi acompanhada diariamente através avaliação clínica (diâmetro da ferida, presença de edema, exsudato inflamatório e ou crosta). Todos os animais foram fotografados conjuntamente à avaliação clínica para posterior análise digital da área lesionada. Aos 7 dias pós-lesão os animais receberam administração de pré-anestésico Butorfanol® (Turbogesic, 2mg/kg) associado à Acepromazina® (Acepran, 1mg/kg), ambos administrados em dose única via intramuscular. Após 15 minutos foram administrados Zolazepan e Tiletamina (Zoletil 50®, 40mg/kg) e 10mg/kg Intra-cardíaca de pentobarbital. Foram sacrificados com dose letal de cloreto de potássio (KCl, 0,4ml/100g de peso) via intracardíaca. A região lesada foi excisionada em sua espessura integral, com uma margem de 5 mm de tecido saudável circundante, e fixada em formol a 10%. O volume do formol compreendeu 20 vezes o volume da peça, impedindo assim, a degradação das mesmas. 4.7 Preparação das lâminas para análise histológica As amostras foram tratadas uma a uma com o seguinte procedimento: após serem lavadas em água corrente por 15 minutos, as peças sofreram desidratação gradativa por imersão em álcool 70%, 95% e álcool absoluto e posterior diafanização em xilol I-II-III, 30 minutos, em cada. Posteriormente, a peça foi impregnada por parafina derretida (62°C). Decorrida a impregnação da peça, o material foi acondicionado em blocos retangulares (emblocados) e submetidos ao corte em micrótomo de parafina rotativo com espessura de 7 µm. A parafina funciona como um suporte físico, possibilitando a obtenção de cortes finos (7 micrômetros de espessura sem deformação da estrutura e da arquitetura celular). Os cortes foram desparafinados utilizando para tal xilol, durante 10 minutos e em seguida foram re-hidratados através da passagem por uma série gradativa de soluções alcoólicas (álcool absoluto, álcool 95%, álcool 80%, álcool 70%) durante 2 minutos cada. Em seguida lavados durante 10 minutos. Após este procedimento os cortes histológicos foram acondicionados para coloração por hematoxilina – eosina (H&E). Os cortes foram corados com hematoxilina por 2 minutos, lavadas durante 10 minutos, corados com eosina durante 1 minuto e novamente lavados com água destilada. Os cortes corados foram desidratados com álcool (álcool 70%, 80%, 95%, absoluto) durante 2 minutos cada, diafanizados com xilol I-II-III, 5 minutos cada e montados, usando-se um meio de montagem não aquoso (Centellan®). Os cortes seriados foram montados em lâminas. Desta forma, a peça correspondente ao material lesado e tratado tornou-se própria para a análise histológica por microscopia óptica com auxílio de Microscópio Leica Slandasd (figura 16). Figura 16: Microscópio Leica® Slandasd. 4.8 Critérios para análise histológica das amostras Para a quantificação das áreas representativas de células inflamatórias, fibroblastos, neovascularização e colágeno, foram digitalizados três campos por lâmina, em um total de três lâminas por animal, considerando que a análise de apenas um campo pode não ser significativo. Todas as imagens digitalizadas através do programa Leica® Qwin, foram padronizadas quanto à intensidade de luz do microscópio e altura do condensador, e aumento de 200 vezes. Para definir o quadrante de medida, utilizou-se o comando Measure e padronizados os Frames em: linha H= 280 e linha W=280, a fim de se obter uma imagem quantificada em 50.805 µm2, calibrada em Ipixel=0,805 µm. A imagem foi adquirida através do comando detect, que seleciona as células de interesse no estudo. O programa executou a contagem automaticamente por comparação conforme figuras 17 e 18, obtendo-se o resultado do cálculo da área ocupada pelas células inflamatórias, fibroblastos e adipócitos quando presentes, pressionando o comando field (Figura 19). Figura 17: Contagem automática da área dos adipócitos (setas), programa Leica® Qwin. Figura 18: Contagem automática das células inflamatórias (setas), programa Leica® Qwin. Figura 19: Cálculo e porcentagem da área das células inflamatórias. Para análise dos resultados estatísticos utilizou-se o programa Graf Pad Instat® aplicando teste ANOVA, com grau de significância de 5% e pós-teste de Bonferroni. Os resultados estão expressos no capítulo 5.2 (ANEXO B). Com a finalidade de se obter avaliação qualitativa, realizou-se análise histológica do tecido lesado de cada animal. Durante esta análise, o tecido sadio da região circunvizinha foi utilizado como parâmetros para comparação ao tecido alterado. O tecido lesado foi analisado em duas porções distintas, divididas em dois quadrantes de 50.805µm2 subseqüentes, uma partindo da superfície da derme é denominada superficial e a outra, logo abaixo denominada derme profunda. Na porção superficial foi observado o grau de proliferação e diferenciação epitelial, características da crosta (caso esta estivesse presente), os vasos neoformados (se estes vasos estavam dilatados, congestos ou não, e quantidade); a presença de células inflamatórias e se constituíam um número discreto, moderado eu intenso; os fibroblastos, se estes estavam em proliferação ou se apareciam em quantidade semelhante a do tecido conjuntivo circunvizinho. Foi observado também o formato do núcleo dos fibroblastos, evidenciando se as células predominantes eram jovens ou maduras. Para uma melhor qualificação dos tecidos analisados, foram estabelecidos alguns parâmetros de observação baseados nos parâmetros propostos por Wei yu (1997), onde: a) A proliferação epitelial foi considerada intensa, caso o epitélio pavimentoso estratificado recobrisse mais de 2/3 da ferida; moderada, caso o epitélio recobrisse de 1/3 a 2/3 da ferida; e discreta quando a proliferação epitelial não atingisse 1/3 da extensão da ferida. b) A angiogênese ou neovascularização foi considerada intensa, quando era numerosa a presença de vasos capilares congestos, dilatados ou não, considerou-se nesse estudo intensa, quando o número era superior 7 (n>7). Conforme os vasos capilares se apresentassem em ordem decrescente com relação à quantidade, a neovascularização seria considerada moderada (n<7 e >5) ou discreta (n<5). c) A proliferação de fibroblastos foi considerada intensa, quando recobria mais de 2/3 da área examinada; moderada, cobrindo de 1/3 a 2/3 da área; e discreta, quando inferior a 1/3 da extensão da área. Sempre comparando a quantidade com a do tecido conjuntivo normal circunvizinho. d) A quantidade de matriz intercelular bem como a densidade das fibras colágenas presentes também foram observadas. O fato de estas fibras estarem organizadas numa direção paralela a superfície da ferida ou não também foi considerado, a fim de que a maturidade do tecido conjuntivo em questão pudesse ser analisada. Concomitante a estas observações, foi atribuído ainda a cada região lesada de cada espécime um grau de evolução da ferida (WEI YU, 1997). Esta atribuição se deu segundo os parâmetros observados e acima descritos. Na classificação por graus de evolução, os cortes histológicos foram distribuídos da seguinte forma: 1-3 Graus - atribuídos às lâminas com re-epitelização nula ou mínima, sem deposição de colágeno, com tecido de granulação quase ausente, neovascularização também ausente, e inexistência de infiltrado inflamatório significativo. 4-6 Graus - atribuídos às lâminas com reepitelização recobrindo ate ½ da lesão, com presença discreta a moderada de fibroblastos na derme e finas colunas de tecido de granulação. Nesta fase as células inflamatórias predominam, alguma capilarização pode ser observada e alguma deposição de colágeno pode ser verificada. 7-9 Graus - atribuídos às lâminas com fina camada de epitélio recobrindo a área de reparação, numerosas células inflamatórias presentes, presença de intensa proliferação de fibroblastos, tecido de granulação muito característico aparente algum tecido adiposo presente e deposição de colágeno no centro da lesão. 10- 12 Graus - atribuídos às lâminas com epitélio um pouco mais espesso que as anteriormente descritas, em diferenciação, recobrindo mais de ½ da lesão, com intensa neovascularização, e tecido de granulação uniforme. As células predominantes na derme, nesta fase, são os fibroblastos e uma moderada ou intensa deposição de colágeno imaturo. 13-15 Graus - atribuídos às lâminas com epitélio espesso e bem diferenciado, com sistema vascular bem definido. As fibras colágenas são mais densas, com orientação paralela a superfície da área de reparação. O número de células inflamatórias bem como de fibroblastos presentes na derme mostra-se discreto. Nos resultados obtidos, embora a região lesionada apresente uma evolução uniforme no processo de reparação, as lâminas receberam graus de evolução diferentes para a derme e a epiderme a fim de que se obtivesse uma melhor qualificação dos resultados quando estas duas áreas fossem observadas. 5 -RESULTADOS 5 -RESULTADOS A partir do momento em que foram realizadas as lesões nos animais, os tecidos em reparação bem como os tecidos circunjacentes puderam ser observados. A figura 20 indica a lesão no momento da cirurgia, apresentando o formato arredondado e a presença de coágulo sangüíneo. Fatores como o diâmetro e área das lesões, e as características das crostas presentes ou até mesmo o deslocamento foram utilizados como indicativos da evolução da cicatrização. Figura 20: Lesão cutânea em dorso de rato (0,5 cm2) pós-procedimento cirúrgico. 5.1 Análise clínica Os resultados da análise do diâmetro das feridas pós 7 dias de cirurgia são apresentados na figura 21. Controle 160 µA Linear (160 µA) 30 µA Linear (Controle) Linear (30 µA) Diâmetro da lesão (mm) 8 7 6 * 5 * . 4 * ** 3 * 2 0 24 48 72 96 120 144 168 192 Tempo pós-cirurgia (horas) Figura 21: Diâmetro da lesão nos diferentes grupos entre 48 e 168 horas pós-cirurgia. Os dados estão expressos em média ± erro (* p<0,05, **p<0,01 em relação ao controle). No período de 48 horas ocorreu uma redução do diâmetro da ferida nos animais estimulados com TMC (G30=6,42 mm2 e G160=6,13 mm2), pode-se notar que os animais apresentaram uma rápida contração da ferida em relação ao controle (GC=7,54 mm2), sendo que em 96 horas todos os grupos apresentaram uma média de diâmetro semelhante (GC=5,54 mm2, C30=5,25 mm2 e C160=5,50 mm2), após o desprendimento da crosta com 120 horas, o grupo tratado com 30 µA evoluiu melhor que os outros (GC=5,55 mm2, C30=4,53 mm2 e C160=5,50 mm2). No final do experimento os grupos estimulados apresentaram um fechamento superior que o controle (GC=5,35 mm2, C30=3,54 mm2 e C160=3,33 mm2). O grupo 160 µA, comparado ao grupo Controle, apresentou diferenças significativas quanto à redução do diâmetro da lesão nos período de 72 horas (p<0,05), 144 (p<0,01) e 168 horas (p<0,05), enquanto que o grupo 30 µA apresentou diferença significativa no período de 144 e 168 horas (p<0,05). Na avaliação do quadro inflamatório pode se observar sinais de inflamação de forma equilibrada, o desenvolvimento de edema entre 48 e 168 horas pode ser observado na figura 22. Controle 30 µA 160 µA 40 Presença de edema (%) 30 20 10 0 40 60 80 100 120 140 160 180 Tempo pós-cirurgia (horas) Figura 22: Dinâmica do edema entre 48 e 168 horas pós-cirurgia nos animais tratados com terapia com micro correntes em comparação com os animais controle. Nas primeiras 48 horas, somente 16,65% (n=1) dos animais do grupo G30, apresentarão edema, contra 33,3 % (n=2) dos grupos GC e G160, sendo que ao final de 120 horas nenhum animal do grupo tratado apresentou edema. Tanto o grupo tratado com 160 µA, como o controle, apresentaram edema após a perda da crosta entre o quarto e o quinto dia. Ao final de 7 dias os animais do grupo tratado com 160 µA não apresentaram edema, enquanto o grupo controle apresentou 16,65% dos espécimes com edema. A presença de exsudato inflamatório pós-cirurgia nos animais dos diferentes grupos experimentais, pode ser observada na figura 23. Nenhum animal do grupo tratado com 30 µA apresentou exsudato inflamatório nos 7 dias em que foram avaliados, no grupo tratado com 160 µA, 25% dos animais apresentavam exsudato até o terceiro dia e o controle 16,65% até o segundo dia. controle 30 microAmp. 160 microAmp. 26 24 Presença de Exsudato (%) 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 40 60 80 100 120 140 160 180 Tempo pós-cirurgia (horas) Figura 23: Dinâmica da presença do exsudato inflamatório nos grupos controle, G30 e G160. A presença de crosta nos animais foi avaliada nos diferentes grupos (Figura 24). No segundo dia observou-se que 33,3% dos animais do grupo G160 e 16,65% do grupo G30, apresentaram crostas, enquanto que no grupo controle observou-se este sinal no terceiro dia com 33,3% e no terceiro dia o grupo G30 apresentou-se com 66,6% contra 49,95 do G160. Todos os animais de todos os grupos apresentaram crosta no quarto dia (100%). O processo de perda da crosta formada, iniciou com 120 horas, sendo mais evidente esta perda no grupo G30 que no final do experimento chegou a 0% contra 16,65% do GC e 33,3% do G160. Controle 30 µA 160 µA Polinômio (160 µA) Polinômio (30 µA) Polinômio (Controle) Presença de crosta (%) 100 80 60 40 20 0 0 24 48 72 96 120 144 168 Tempo pós-cirurgia (horas) Figura 24: Presença de crosta pós-cirurgia nos animais de diferentes grupos experimentais. 192 5.2 Análise histológica por microscopia óptica A análise histológica foi realizada, ao término do período experimental de sete dias, através de microscopia óptica. Para o reconhecimento e contagem de células, foi utilizado o programa Leica® Qwin. Na contagem das células inflamatórias, para todos os grupos, foram selecionadas duas regiões da derme, divididas em dois quadrantes, superficial e profundo, sendo os resultados estão expressos na figura 25. Observa-se que na porção superficial do grupo controle ocorreu uma predominância de população de células inflamatórias, com média de contagem de 2.887 células correspondente a 5,7 % da área aferida, em relação a 779 células e 1,6% da área no G30 e 148 células e 0,3% da área no grupo G160, onde através do teste ANOVA encontrou-se diferença estatisticamente significativa entre o controle e os grupos tratados (p<0,001). Na região da derme denominada profunda (segundo quadrante de 50.805 µm2), foram observadas células inflamatórias em todos os grupos, porém sem diferença estatística entre elas. Células inflamatórias (n°/50.805 µm2) 3500,0 Superficial Profundo 3000,0 2500,0 2000,0 1500,0 *** 1000,0 500,0 *** 0,0 Controle 30µA 160 µA Grupos experimentais Figura 25: Número de células inflamatórias na derme (por área de 50.805 µm2) superficial e profunda, dos grupos tratados e controle. Os dados estão expressos em média ± erro (*** p<0,001 em relação ao grupo controle). Na contagem de fibroblastos encontrou-se os resultados descritos graficamente na figura 26. Constatou-se uma diferença significante (p<0,05) do número de fibroblastos superficiais na derme no grupo G160 (2295 células/50.805 µm2) com relação ao grupo GC (504 células/50.805 µm2), sendo que o grupo G30 (1276 células/50.805 µm2) não apresentou diferenças significantes. Na região subseqüente mais profunda, encontrou-se um aumento do número de fibroblastos em todos os grupos, (G160 = 2034 células/50.805 µm2, G30 = 990 células/50.805 µm2, GC =1585 células/50.805 µm2), resultados sem diferenças significantes. Fibroblasto (n°50.805 µm2) 3500,0 * 3000,0 Superficial Profundo 2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 Controle 30 µA 160 µA Grupos experimentais Figura 26: Número de fibroblastos encontrados na derme (por área de 50.805 µm2) superficial e profunda dos grupos tratados e controle. Os dados estão expressos em média ± erro (* p<0,05 em relação ao controle). Na figura 27 estão expressas as contagens do número de vasos sanguíneos encontrados em cada região avaliada nos grupos deste experimento. Notou-se angiogênese em todos os grupos, sendo mais acentuada superficialmente nos grupos tratados, na região profunda no grupo controle mais sem resultados significantes. Superficial Profundo 14,0 Vasos (n°/50.805 µm2) 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Controle 30 µA 160 µA Grupos experimentais Figura 27: Número de vasos encontrados na derme (por área de 50.805 µm2) superficial e profunda, dos grupos tratados e controle. Na análise qualitativa utilizando aspectos descritos por Wei Yu (1997), obtivemos os seguintes resultados descritos na figura 28. Figura 28: Grau de evolução na cicatrização. No grupo não-tratado (GC), observou-se re-epitelização mínima, sem deposição de colágeno (figuras 29 e 30), com tecido de granulação com o predomínio acentuado de infiltrado inflamatório linfocitário superficial, demonstrando diferença significativa em relação aos grupos tratados (p<0,001) (figura 29), neovascularização discreta na derme profunda, e uma discreta proliferação fibroblástica, contendo células com núcleos ovalados na porção profunda da derme (Figuras 31 e 32). Observou-se ainda na superfície adipócitos atípicos em três animais (33,33%). O grau de evolução na cicatrização, atribuído na análise dos animais do grupo GC, obteve média de 4,4 ± 0,4% (figura 28). Figura 29 - Fotomicrografia do grupo controle. Presença de células inflamatórias predominantemente superficiais (setas). H&E, 200x. Figura 30 – Fotomicrografia do grupo controle. Observa-se úlcera delimitada por tecido de granulação caracterizado por infiltrado inflamatório intenso e difuso (setas). H&E, 100x. Figura 31 - Fotomicrografia do grupo controle. Presença de tecido de granulação, com fibroblastos de núcleo ovalado (setas). H&E, 200x. Figura 32 - Fotomicrografia do grupo controle. Observa-se presença de fibroblastos com núcleo ovalado (setas). H&E, 400x. Na derme de espécimes do grupo G30, foi observada a presença de tecido de granulação, menos freqüente que na região profunda da derme e matriz intercelular em maior quantidade que o grupo GC. Observou-se ainda discreta proliferação de vasos capilares dilatados e congestos, na superfície (figura 33) e quadrante inferior da derme (figura 34), demonstrando a neovascularização e ainda uma presença discreta de infiltrado inflamatório na porção mais profunda da derme (figura 34). Figura 33 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 30µA. Observa-se a presença de vasos dilatados e congestos (setas) na derme superfícial. H&E, 400x. Figura 34 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 30 µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas) e algumas células inflamatórias (cabeça de seta) no quadrante inferior da derme. H&E, 200x. Um aspecto comum a todos os animais foi a proliferação de fibroblastos caracterizados por células maduras cujos núcleos mostravam-se achatados (figuras 35 e 36) e a deposição de colágeno no centro da lesão mais acentuado na região reticular (figura 39). Figura 35 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa-se tecido de granulação, presença de fibroblastos fusiformes composta por células de núcleos achatados (setas), H&E, 200x. Figura 36 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa-se tecido de granulação e fibroblastos caracterizados por células fusiformes composta por núcleo achatado (seta), H&E, 400x. Figura 37 - Fotomicrografia do grupo G30. Observa- se deposição de colágeno no centro da lesão, mais acentuado na região reticular (setas), H&E, 200x. O grau de evolução na cicatrização, atribuído na análise do grupo G30, obteve média de 8,7 ± 1,3% (figura 28). Na análise do grupo G160 notou-se intensa neovascularização, apresentando capilares localizados próximos à superfície, onde se observou a presença de capilares dilatados e congestos (Figuras 38 e 39), porém não foram observadas diferenças estatísticas. Figura 38 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas), H&E, 200x. Figura 39 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se presença de vasos dilatados e congestos (setas). H&E, 400x. O infiltrado inflamatório observado foi discreto. O tecido de granulação caracterizou-se ora por intensa proliferação de fibroblastos maduros (Figura 40) distribuídos em um tecido conjuntivo denso mais rico em fibras colágenas densas com orientação paralela a superfície da área de reparação, e ora pela presença de maior vascularização, porém de menor intensidade de hiperemia que a observada nos outros grupos, e em quantidade bem maior que o grupo estimulado com 30 µA. Apresentaram grande quantidade de colágeno denso composta por tecido conjuntivo em processo de maturação, com fibras desorganizadas superficialmente e já alinhados na porção mais profunda (figura 41). Em relação à epiderme, observou-se pavimentação de células epiteliais recobrindo a ferida, em todos animais deste grupo, caracterizando epitelização espessa (figura 42). Figura 40 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se intensa proliferação fibroblásticas composta predominantemente por células de núcleo fusiforme (setas). H&E, 400x. Figura 41 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA . Observa-se colágeno denso composto por tecido conjuntivo em processo de maturação, com fibras desorganizadas superficialmente e alinhadas na porção mais profunda (setas), H&E, 200x. Figura 42 - Fotomicrografia do grupo estimulado com 160 µA. Observa-se crosta recobrindo a superfície completamente re-epitelizada (setas), H&E, 100x. Este grupo apresentou resultado estatisticamente significante quanto ao número de fibroblastos superficiais (p<0,05), e diminuição das células inflamatórias (p<0,001), quando comparado ao grupo controle. O grau de evolução na cicatrização, atribuído na análise dos animais deste grupo, obteve média de 12,7 ± 0,3%, conforme figura 28. 6- DISCUSSÃO 6- DISCUSSÃO A reparação tecidual é um dos fenômenos mais importantes e interessantes dos seres vivos. A reparação, na sua forma mais abrangente, representa o esforço do organismo para manter um estado estável. Idealmente a reparação deve levar à formação de estruturas morfológicas que possam continuar realizando as atividades e funções fisiológicas. Quando a pele é ferida, produz-se uma alteração elétrica, o trauma afeta o potencial elétrico, e a eletricidade endógena pega a trilha de menor resistência, evitando a área da lesão. A cura, para Nordenstron, provém da eletricidade, que pode restaurar o estado fisiológico da célula afetada (NORDENSTROM, 1983). A chave para a compreensão e sucesso da TMC encontra-se na sua habilidade em estimular atividade celular. A TMC produz sinais elétricos similares aqueles que ocorrem no organismo (ALON, 1985; CARLEY; WAINAPEL, 1985; TAUBES, 1986; GOODHEART; WING, 1987; WING, 1989; WEISS, 1990; GRIFFIN, 1991; KIRSCH; MERCOLA, 1995; BECKER, 1995; CRAFT, 1998; KAHN, 2001; PRENTICE, 2002). Os aparelhos de micro correntes são projetados para mimetizar as funções e os sinais bioelétricos do corpo humano, gerando uma corrente elétrica para compensar a bioeletricidade que está diminuída no tecido lesado, isto aumentará a capacidade do corpo em transportar nutrientes para as células da área afetada (CHENG et al.,1982; BECKER, 1985; WING, 1989; KIRSCH; LENER, 1990; VODOVNIK et al., 1992; BECKER, 1995; CRAFT, 1998; STARKEY, 2001). Vários trabalhos relatam os efeitos do uso da corrente elétrica de baixa intensidade na cicatrização de feridas incisionais e excicionais. Na década de 60 Assimacopoulos (1964) obteve como resultado, um denso tecido conjuntivo rico em fibras colágenas hialinizadas e dispostas em paralelo, realizando tratamento com micro corrente, no presente estudo encontramos os mesmos resultados com apenas uma aplicação pós-cirurgia. A partir do resultado encontrado por Assimacopoulus (1964; 1968), diversos estudos, tanto em vivo (BECKER; MURRAY, 1967; BECKER, 1985; FALANGA, 1987; WINDSOR, 1993; WATSON, 1998) como em ex vivo (MITCHELL, 1976; CHENG, et al. 1982), foram realizados, para demonstrar, a eficiência da técnica e mecanismos de ação fisiológica, subsidiando a hipótese de trabalho que a TMC pode acelerar o processo de cicatrização. Vários autores sugerem o aumento na velocidade de contração, fechamento e cicatrização da ferida nos primeiros dias, com a utilização da micro corrente (WOLCOTT; WHEELER, 1969; GAULT; GATESN, 1976; ROWLEY; WOLCOTT, 1974; GOLDIN, 1981; CARLEY; WAINAPEL, 1985; BARON; JACOBSON, 1985; JERAN, 1987; DAYTON; PALLADINO, 1989; LERAN, 1990; MULDER, 1991; KAADA et al., 1991; LUNDEBERG et al., 1992), resultado obtido em nossa análise clínica nos animais tratados em relação o controle. Apesar dos trabalhos anteriores, os efeitos, parâmetros e padronização de correntes ainda não foram estabelecidos. A literatura analisada mostra, dados controversos no tocante a intensidade, forma de onda da corrente (ALVAREZ et al., 1983; NESSLER; MASS 1985; DUNN et al., 1988; KLOTH; FEEDAR, 1988; IM et al., 1990; MERTZ et al., 1993), mas todos os casos evidenciaram resultados positivos na síntese de colágeno da derme, da epiderme, na espessura da ferida, utilizando correntes com intensidade entre 10 a 300 µA, motivo este pelo qual estabeleceu-se neste experimento duas intensidades nesta faixa, ou seja, 30 µA e 160 µA. Os trabalhos descritos demonstraram grande variedade na seleção de animais experimentais utilizados, o tipo o tamanho de feridas, o método de avaliação dos resultados as diferentes intensidades de correntes elétricas e forma de onda, além do tempo de tratamento e quantidades de sessões utilizados nos experimentos. Os resultados do presente estudo sugerem que os animais controle apresentaram características fisiopatológicas coerentes com a normalidade, que resultaria em uma cicatrização convencional por segunda intenção. Por outro lado, mesmo que o quadro geral observado no grupo tratado também apresentasse uma tendência a uma cicatrização completa das lesões, esta foi diferente quando comparamos os resultados ao do controle ou entre si (30 µA e 160 µA), evidenciando que o uso da TMC resultou em uma bioestimulação da cicatrização das feridas, corroborando citações de Becker (1995), Kirsch e Lener (1990) e de Reich e Tarjan (1990). Observou-se uma diminuição significante dos sinais inflamatórios nos animais tratados em relação ao grupo controle, estes aspectos podem representar um efeito antiinflamatório da TMC, pois ocorreu uma retração da ferida, desenvolvimento precoce da crosta, diminuição do edema, e nenhum animal apresentou exsudato e pus quando estimulado, corroborando com Erickson (1984) e Morgareidge e Chipman (1990) que afirma que aumentando o campo elétrico das feridas obtemos a migração de células epidêmicas, fibroblastos, leucócitos e macrófagos para a margem ferida. Monetta (1998), relata que a crosta interfere na contração da ferida dificultando a fase de cicatrização. Neste estudo os animais tratados desenvolveram crosta nas primeiras horas, e todos animais apresentaram crosta em 96 horas, sendo que os animais do grupo 30 µA perderam rapidamente. Um outro dado importante a ser considerado foi a presença de intensa proliferação fibroblástica nos grupos tratados, principalmente o estimulado com 160 µA, quando comparado ao controle, fato que foi evidenciado por Niinikoski (1977) e Feng et al. (1983). Onde indicaram maior atividade de fibroblastos. Demonstrou-se que, os fibroblastos são células aeróbicas e necessitam de oxigênio tanto para divisão como para síntese de colágeno. Gagnier (1988), Baker (1986) e Dodgen (1987), demonstraram em seus estudos aumento do oxigênio transcutâneo após uso da corrente simétrica bifásica por 30 minutos, parâmetros estes utilizados em nosso estudo. Podemos observar um número maior de células fibroblásticas fusiformes, células estas que, caracterizam um tecido maduro no grupo tratado com 160 µA em relação ao grupo estimulado com 30 µA. Este aspecto indica uma aceleração no processo de proliferação de fibroblastos dos espécimes tratados com 160 µA. A proliferação de fibroblastos foi menor nos animais do grupo controle cujas células apresentavam núcleos ovalados, o que caracteriza um tecido mais jovem, representado por uma cicatrização mais lenta quando comparada ao do grupo tratado (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; ABLA, 1995). Observou-se que o tecido conjuntivo se apresenta mais rico em fibras colágenas quando estimuladas com baixa intensidade, mais evidente com 160 µA, o que novamente seria explicado pelos resultados observados por Cheng et al. (1982) e constatados em estudos anteriores (ASSIMACOPOULUS, 1968; ALVAREZ et al.,1983; DUNN et al., 1988; NESSLER et al., 1987). O grupo tratado com 160 µA apresentou uma neovascularização mais intensa que os outros grupos, apesar dos resultados não serem estatisticamente significativos, e esta em associação a uma proliferação fibroblástica intensa, onde maior a vascularização, maior o aporte sanguíneo. Este aspecto pode representar a manifestação do efeito da TMC sobre o tecido endotelial, o qual poderia ser resultante de uma maior liberação de mediadores químicos da proliferação celular conforme já relatados em estudos anteriores (LUNDEBERG et al., 1992; CHENG et al., 1982; NELSON, 2003). O processo inflamatório no final de sete dias, foi menos intenso e aparentemente mais evoluído nas feridas tratadas que nas do controle, e menor ainda quando tratado com 160 µA, isso poderia ser explicado pelo inicio mais precoce do processo em feridas estimulada, Young (1988), afirma que durante a fase proliferativa o número de células inflamatórias diminui, enquanto o numero de células endoteliais e fibroblastos aumentam. Estes últimos são de grande importância no reparo de pele, não só porque são os principais produtores da matriz extracelular, mas também por que se contraem, reduzindo o tamanho da lesão (CLARK, 1988; YOUNG, 1988; ROSS; ROMWELL, 1993; MARTIN, 1997). Uma resposta inflamatória deficiente, assim como a diminuição dos fibroblastos na ferida reduz em muito a deposição do colágeno (LEIBOVICH; ROSS, 1976; SIMÔES et al.,1985), os resultados notados nos animais tratados com TMC demonstram a eficiência da técnica na diminuição da resposta inflamatória e na estimulação da síntese de colágeno. De acordo com os resultados estatísticos os grupos tratados com micro corrente, 160 µA e 30 µA , apresentaram diferenças significativas (P<0,001), quanto à redução de células inflamatórias superficiais demonstrando a aceleração do processo cicatricial superficial dos grupos tratados com TMC, e que os mesmos encontram-se em fase mais avançada de cicatrização, principalmente o grupo estimulado com 160 µA. Esse resultado é justificado pelo estado adiantado no reparo destas lesões, pois a literatura demonstra que a proliferação celular diminui com redução gradual do tamanho dos fibroblastos (PEARCOK, 1984). Concomitante há um lento aumento na resistência elástica da ferida, pois as fibras colágenas sofrem maior interligação aumentando sua espessura e compactação (CLARK, 1985). Segundo a análise qualitativa (WEI YU, 1997), obteve-se um ganho no processo de cicatrização com a utilização da micro correntes, o grupo tratado com 160 µA obteve 65,4% de ganho e o grupo 30 µA 49,5% em relação ao grupo controle. Os resultados corroboram com estudos feitos em humanos onde, o grupo tratado mostrou uma melhora da taxa de cicatrização de 1,5 a 3,5 vezes na velocidade da resposta curativa que o grupo controle ( WOLCOTT; WHEELER, 1969; GAULT; GATESN, 1976; ROWLEY; WOLCOTT, 1974; CARLEY; WAINAPEL, 1985). Os resultados obtidos permitem afirmar que, a micro corrente em breve deverá se tornar modalidade de uso contínuo para os profissionais da área da saúde. Entretanto, o conhecimento de dosimetria e de mecanismos de ação desta técnica, exigem estudos investigacionais mais detalhados. 7 - CONCLUSÃO 7 – CONCLUSÃO O uso da TMC com intensidades de 30 µA e 160 µA, e freqüências de 0,3 Hz e 0,8 Hz, promove em uma única sessão imediatamente após a cirurgia, aceleração do processo cicatricial, quando analisado clinicamente. A analise histológica, apresentou resultados estatisticamente significativos quanto à efetividade na redução do número de células inflamatórias dos dois grupos tratados (30 µA e 160 µA), e também no aumento do número de fibroblastos superficiais com a utilização de corrente de 160 µA. BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA ABERGEL, R. P.; MEEKER, C.A.; LAM, S. T.; DWYER, R.M.; LESAVOY, M. A.; UITTO, J. Control of connective tissue metabolism by lasers: Recent developments and future prospects. Journal Am. Acad. Dermatology. v. 11, p.1142-1150, 1984. ABLA, L.E.F.; ISHIZUKA, M.M.A. Fisiopatologia das feridas. In: Ferreira LM. Manual de cirurgia plástica. São Paulo: Atheneu. 1995. p. 5-11. AGNE, JE. Eletrotermoterapia – Teoria e Prática . Santa Maria (RS): Editora Orium, 2004. AIRES, M. M. Fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1999. ALON, G. High voltage stimulation – effects of electrode size on basic excitatory responses. Phys. Ther APTA, v. 65, p.890, 1985. ALLEN, B.J.; MENNING, P.M.; ROGERS, S.D,; DHILARDI, J.; MANTYH, P.W.; SIMONE, D.A. Primary afferent fibres that contribute to increased substance P receptor internalization in the spinal cord after injury. J Neurophysiol ;v.81, n.3, p.1379-1390, 1999. ALVAREZ, O.; MERTZ, P.M.; SMERBECK, R.V.; EAGLSTEIN, W.H. The healing of superficial skin wounds is stimulated by external electrical current. Journal Invest Dermatol v.81,p.144-148,1983. ANDRADE, M.N.B.; SEWARD, R; MELO, JRC. Curativos. Rev Méd Minas Gerais ;v.2, n.4, p.228-236.1992. ASSIMACOPOULUS, D. Wound healing promotion by the use of negative electric current. Ann Surg v.34, p.423-431. 1968. ASSIMACOPOULUS, D. Low intensity negative eletric current in treatment of ulcers of the leg due to chronic venous insufficiency. The American Jornal Of Surgery, v.115, p. 683-687, 1968. BAKER, L. et al. The effect of electrical stimulation on cutaneous oxygen supply in normal older adults and diabetic patients. Phys Ther, v.66, p.749, 1986. BARKER, A T.; JAFFE, L.F.; BANABLE, J.W. The Glabrous epidermis of cavies contains a powerful battery. Am J Physiol. v. 242, p.R358-366. 1982. BARRON, J.J.; JACOBSON, W.E. Treatment of decubitus ulcers: a new approach. Minn Med v. 68, p.103-105.1985. BECK, J.L.; D’AMORE, P.A. Vascular development: cellular and molecular regulation. FASEB J , v.11, p.365-373.1997. BECKER, P.F.L. Patologia geral. São Paulo: Sarvier 1997. BECKER, R.. The basis for microcurrent electrical therapy in conventional medical practice. Jornal of advancement in Medicine;, v.8 , n.2, 1995. BECKER, R. The Body Electric. New York: William Morrow and Co, 1985. BLAND-WARD, P.A.; HUMPHREY, P.P.A. P2X receptors mediate ATP-induced primary nociceptive neurone activation. J Auton Nerv Syst., v. 81, n.1-3, p.146-151.2000. BORGES, E.L.; CHIANCA, T.C.M. Tratamento e cicatrização de feridas – Parte II. Rev. Nursing. v.17, n. 23, p. 25-29; 2000. BRASILEIRO-FILHO, G.; PEREIRA, F.E.L.; PITTELA, J.E.H.; BAMBIRRA, E.A.; BARBOSA, A.J.A. Patologia Geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan , 1998. p.73-77 . BRIGHTON, C.T; POLLACK, S.R. Treatment of recalcitrant nonunion with a capacitively coupled electric field. The Journal of Bone Joint Surgery, v. 67A, p.577-585. 1985. BRIGHTON, C.T; POLLACK, S.R. The treatment of non-unions with electricity. The Journal of Bone Joint Surgery. v. 63, p.847-851,1981. BROWN, A.M; GOGIA, P.P. Effects of high voltage stimulation on coetaneous wound healing in rabbits. Phys. Ther., v..67, p. 662-667, 1987. BURNSTOCK, G.; MC MAHON, S..B.; HUMPHREY, P.P.A.; HAMILTON, S.G. ATP (P2x) Receptors. In: World congress on pain progress in pain research and management. Proceedings Seattle : IASP Press, n. 9, v. 16, p.63-76, 2000. BYL, N.N.; MCKENZIE, A.; LONGACKER, M.M.; STERN, R.; HUNT, T.K. H.A. Modulates scar formation: Three week follow up. Eur. J. Rehab. Med., v.3, p.10, 1993. CARLEY, P.J.; WAINAPEL, S.F. Electrotherapy for accelerations of wounnd healing: Low intensity direct current. Arch. Phys. Med. Rehabil. v .66, p.443-446,1985. CHARMAN, R.A. Bioelectricity and electrotherapy – towards a new paradigm. Physiotherapy, v.76, p. 264-272, 1990. CHENG, N.; VAN HOFF, H.; BOCKX, E.; et al. The effect of electric currents on ATP generation protein synthesis, and membrane transport in rat skin. Clin, Orthop v. 171, p.264272, 1982. CLARK, R.A.F.; HENSON, P.M. The molecular and cellular biology of wound repair. New York: Plenum Press, 1988.p.300-342. CRAFT, J. Massage your Horse eith Health, Love, and Jov. Hawaii: Dr Joy Craft, 1998. COMMUNI, D.; GOVAERTS, C.; PARMENTIER, C.; BOEYNAEMS, J.M. Cloning of human purinergic P2Y receptor coupled to phospholipase C and adeylyl cyclase. J Biol Chem v. 272, p.31969-31973,1997. CORRÊA, F.I, et al. O uso do laser HeNe (632,8 nm) no fechamento de feridas. Fisioterapia Brasil. v.4, n.2, p. 144-148, 2003. COTRAN, R.; KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbins Patologia Estrutural e Funcional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 1251p. DAYTON, P D.; PALLADINO, S. Electrical stimulation of cutaneous ulcerations. Journal of the American Pediatric. n.79, p.318-321, 1989. DING, Y.; CESARE, P.; DREW, L.; NIKITAKI, D.; WOOD, J.N. ATP, P2X receptors and pain pathways. J. Auton. Nerve Syst., v. 81, n.1-3, p.289-294.2000. DI VIRGILLO, F. Dr. Jekyll/Mr. Hyde: the dual role of extracellular ATP. J. Auton. Nerve Syst., n.1-3, p.59-63.2000. DODGEN, P.W. et al. The effects of electrical stimulation m cutaneous oxygen supply in diabetic older adults. Phys. Ther., v. 67, p.793, 1987. DUBVAK, G.R.; EL-MOATASSIM, C. Signal transduction via P2-purinergic receptors for extracellular ATP and other nucleotides. Am. J. Physiol., v.;265, p.C577-C606. 1993. DUNN, M.G.; et al. – Wound heating using a collagen matrix: effect of DC eletrical stimulation. J. Biomed. Mater Res. Applied Biomaterials. v . 22, p.191-206 1988. EAGLSTEIN, W.H.; MERTZ, P.M. New methed for assessing epidermal wound healing. The effects of triamcinolone acetonide and polyethylene film occlusion. J. Invest. Dermatol., v. 71, p. 382-384, 1978. AMERICAN PHYSICAL THERAPY ASSOCIATION. .Electrotherapeutic terminology in Physical Therapy, Report by the electrotherapy standards committee of the section of clinical electrophysiology of the American physical therapy Association . 1990. ERICKSON C.A; NUCCITELLI R.L. Embryonic cell motility cam be guided by physiological electric fields. J. Cell Biol., v.98, p.296-307, 1984 FALANGA, V. et al. Electrical stimulation increases the expression of fibroblast receptors for transforming growth factor-beta, abstracted, J. Invest. Dermatol., v. 88, p. 488, 1987. FALANGA, V. Occlusive wound dressings. Arch. Dermatol ., v.124, p.872-877. 1988. FENG, L.J et al. Blood flow changes and leukocyte mobilization in infection: comparison between ischemia and well-perfused skin. Surg. Forum, v.34, p.603, 1983. FERGUSON, D.R.; KENNEDY, I.; BURTON, T.J. ATP is released from rabbit urinary bladder epithelial cells by hydrostatic pressure changes- a possible sensory mechanism. J. Physiol ., v.505, n.2, p.503-511.1997. FONSECA, R. J. et al. Oral Maxillofac. Trauma. v.2, p.803,1997 FOULDS, I.S.; BARKER, A.T. Human skin battery potentials and their possible role in wound healing. Br. S. Dermatol.,, v. 109, p.515-522. 1983. FOLKMANN, J. Seminars in Medicine of the Beth Israel Hospital, Boston. Clinical applications of research on angiogenesis. N. Engl. J. Med., v. 333, p. 1757-1763, 1995. FUKADA, E.; YASUDA, I. On the piezoelectric effect of bone. J. Physiol. Soc. Japan., v.12, p.1158-1162. 1957. GAULT, W.R; GATESN, P.F. Use of Low Intensity Direct Current in Management oflschemic Skin Ulcers. Physical Therapy, v. 56, n.3, March 1976. GAGNIER, K.A . et al. The effects of electrical stimulation on cutaneous oxygen suplí in paraplegics. Abstract and podium presentation. Annual Conference, APTA. Phys. Ther., v.68, p.835, 1988. GOLDIN, H.; et al. The effects of Diapulse on the healing of wounds: a double-blind randomized controlled trial in man. Br. J. Plast. Surg., v. 34, p.267-270. 1981. GRIFFIN, J.W. et al. Efficacy ofhigh voltage pulsed current for healing of pressure ulcers in pacients with spinal cord injury. Phys. Ther., v. 71, p.433-444, 1991. GOODHEART, G.; WING, T. Networx Eletrix, The American Chiropractor. v.1, n. 2., Março 1987 GUILLEN, D.C. et al. Historia del medicamento. Fascículo 2, 1987. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan , 1997. HAMILTON, S.G.; MCMAHON, S.B. ATP as a peripheral mediator of pain. J. Auton. Nerve Syst., v.81, n.1-3, p.187-194. 2000. HUNSKISSON,E.C. Measurement of Pain. The Journal of Rheumatology. v.9, n.5, p.768769,1982. ILLINGSWORTH, C.M.; BARKER, A.T. Measurement of electrical currents emerging during the regeneration of amputated fingertips in children. Clin. Nays Physiol. Meas., v.1, p.87-89. 1980. IM, M.J.; LEE, W.P.A.; HOOPES, J.E. Effect of electrical stimulation on survival of skin flaps in pigs. Phys. Ther., v.70, p.37-40. 1990. JAFFE, L.F.; VANABLE J.W. Electric fields and wound healing. Clin Dermatol v. 2, p. 34-44, 1984. JERAN, M.; et al. PEMF stimulation of skin ulcers of venous origin in humans; preliminary report of a double blind study. J. Bio electric., v. 6, p.181-188.1987. JUNQUEIRA, LC.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan , 2004. JORGENSEN,TE. Electrical stimulation of human fracture healing by means of a slow pulsating, asymmetrical diretor current. Clinical Orthopaedics and Related Research, v.124, p.124-127,1977. KAADA, B.; FLATHEIM, E.; WOIE, L. low-frequency transcutaneous nerve stimulation in mild/moderate hypertension. Clinical Physiology, v. 11, p.161-168.1991. KAHN, J. The basics of electrical stimulation. Whirlpool, Fall.2001. p. 26, 2001. KARBA, R.; SEMROV, D.; VODOVNIK, L.; BENKO, H.; SAVRIN, R. DC electrical stimulation for chronic wound healing enhancement. Part 1. Clinical study and determination of electrical field distribution in the numerical wound model. Bioelectrochemistry and Bioenergetics, v.43, p. 2 65-270. 1997. KENNEDY, C; QI, A; NICHOLAS, RA; HARDEN, TK. - Differential coupling of human P2Y11 receptor to phospholipase C and adeylyl cyclase. Br. J. Pharmacol., v. 126, p.22.1999. KENNEDY, C. The discovery and development of P2 receptor subtypes. J. Auton. Nerve Syst ., v.81, n. 1-3, p.158-163. 2000. KIRSCH, D.; LERNER, F. Innovations In pain management: a practical guide for clinicians. In: WEINER, R.L (ed) Electro medicine . Deutsche Press, v. 23, p.1-29, 1990. KIRSCH, DL,; MERCOLA, JM. The basis for microcurrent electrical therapy in conentional medical pratice. Journal of Advancement in Medicine. v .8, n. 2, 1995. KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. São Paulo: Manole.1998. p. 312-316. KLOTH, LC.; FEEDAR, J.A. Acceleration of wound healing with high voltage monophasic pulsed corrent. Phys. Ther., v. 68, p.503-508. 1988. KULIG, K et al. the effect of micro current stimulation on CPK and delayed onset muscle soreness. Phys. ther. , v. 71, p.6(suppl).1991. KUMAR,V.;CONTRAN, R.S.; ROBBINS, S.L. Patología básica. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan , 608p, 1994. LAMBERT, M.I.; MARCUS, P.; BURGESS, T.; NOAKES, TD. Electro membrace microcurrent therapy reduces signs and symptoms of muscle damage. Med. Sci. Sports Exerc. v. 34, n.4, p. 602-607 , Apr.2002. LEIBOVICH, S.J.; ROSS, R.A. Macrophage dependent factor that stimulates the proliferation of fibroblast in vitro. An. J. Patho., v. 84, n. 3, p. 501-508, 1976. LEITÃO, A R.E. Elementos da fisioterapia. 2.ed. São Paulo: J.C. Santos Editora de Livros Técnicos e Científicos, 1967. LEITÂO, A R.E. Fisiatria clínica. São Paulo: Atheneu, 1979. LENNOX, A J.; SHAFER, J.P.; HATCHER, M.; BEIL, J.; FUNDER, S.J. Pilot study of impedance controlled microcorrent therapy for managing radiation induced fibrosis in head neck cancer patients. International Jounal of Radiation oncology Biology physics , v 54, n. 1, p 23-34. 2002. LERAN, M. et al. Effect of low frequency pulsing electromagnetic fields on skin ulcers of venous origin in humans: a double blind study. J Orthop Res., v. 8, p.276-82.1990. LIANZA, S. Medicina de Reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985. LUNDEBERG, T.C; ERICSSON, S.V.; MALM, M. Electrical nerve stimulation improves healing of diabetic ulcers. Annals of Plastic Surgery , v. 29, n.4, p. 32831, 1992. MARTIN, P. Wound Healing-Aiming for Perfect Skin Regeneration. Science. v.276, n.5309, p.75-81, 1997. MARZOCO, A. Bioquímica Básica. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara. 1990. MAJNO G.; JORIS. I. Cells. Tissue and disease. Principles of general pathology. Lackwell Science. v.116, p.465-482, 1996. MCKNNEY, P.; CUNNNGHAM, B.L. Wound Helaing. Handbook Plastic. Surg. p. 55-70, 1989. MERTZ, P.M.; DAVIS, S.C.; CAZZANIGA, A L.; CHENG, K.; REICH, J.D.; EAGLSTEIN, v.M. Electrical stimulation: acceleration of soft tissue repair by varying the polarity. Wounds; v.5, p.153-159. 1993. MITCHELL, P. Vectoral chemistry and the molecular mechanism of chemiosmotic coupling: Power transmission by proticity. Biochem. Soc. Trans., v. 4, p.400-406. 1976. MONETTA, L. Análise evolutiva do processo de cicatrização em úlceras diabéticas, de pressão e venosas com uso da papaína. 1998. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem/USP. Ribeirão Preto (SP).1998 MORGAREIDGE, K.R. ; CHIPMAN, R.D. Microcurrent Therapy . Physical Therapy Today , p. 50-53, Spring 1990. MULDER, G.D. Treatment of open-skin wounds with electric stimulation. Arch. Phys. Med. Rehabil ., v. 72, p.815-817, 1991. NAN, T.S; BAIK, E.J; SHIN, YU; JEONG, Y; PAIK, K.S. Mechanism of transmission and modulation of renal pain in cats; effects of transcutaneous electrical nerve stimulation. Yonsei Méd. J., v.36, n.2, p.187-201. 1995. NEEMAN, M.; ABRAMOVICH, R.; SCHIFFENBAUER, Y.S; TEMPEL, C. Regulation of angiogenesis by hipoxic stress: from solid tumors to the ovarian follicle. Int. J. Exp. Pathol., v.78, p.57-70.1997. NELSON,R.M.; HAYES, K.W.; CURRIER, D.P. Eletroterapia Clínica. 3.ed. São Paulo: Manole, 2003. NESSLER, J.P.; MASS, D.P. Direct current electrical stimulation of tendon healing in vitro. Clin Orthopedics and Related Research., v. 217, p.303-312. April 1987 NIINIKOSKI, J. Oxygen and wound healing. Clin. Plast. Surg., v. 4, p. 361, 1977. NORDENSTROM, B. Biologically Closed Electrical Circuits. Uppsala: Nordic Medical Publications. a,1983 NORDENSTROM, B. Biologically closed electrical circuits: activation of vascular interstitial closed electric circuits for treatment of inoperable cancers. J. Bio. Electricity v. 3, p.137153.1984. NUNES, M.T. A utilização da Escala de Braden como Instrumento para avaliar o risco de desenvolvimento de úlceras de pressão com pacientes de um serviço de emergência. Rev. Nursing. v.16, n.22, p. 13-19; 1997. OSTROM, R.S.; GREGORIAN, A.; INSEL, P.A. Cellular release of and response to ATP as key determinants of the set-point of signal transduction pathways. J. Biol. Chem., v. 275, n 16, p.11735-11739,.2000. PATAN, S; HAENNI, B; BURRI, P.H. Implementation of intussusceptive microvascular growth in the chicken chorioallantoic membrane (CAM). Pillar formation by capillary fusion. Microvasc. Res. , v.53, p.33-52, 1997. PEARCOK, J.P. The wound repair. Philadelphia: W B Saunders, 1984. PICKER, R. Current trends: low-volt pulsed microamp stimulation. Clinical Management, v.9, n.2, 1989. PRENTICE, W.E. Modalidades terapêuticas em Medicina Esportiva. 4.ed. São Paulo: Manole.2002. p.102-105. PLESNICAR,A;SERSA,G.;VODOVNIK,V.;JANCCAR,J.;ZALETELKRAGELJ,L.;PLESNIC AR,S. Eletric tratment of human melanoma skin lesion with low level direct eletic current:na assessment of clinical experience following a preliminary study in five patients. Eur.J. Surg., v.574, p.45-49,1994. REICH, J.D.; TARJAN, P.P. Electrical stimulation of skin. Int J Derm.,, v. 29, p.395-400, 1990. RIGAU, J. Acción de la luz láser a baja intensidad en la modulación de la función celular. 1996. 211f. Dissertação (Doutorado em Medicina). Universitat Rovira i Virgili. RISAU,W. Mechanisms of angiogenesis. Nature. n.386, p.671-674,1997. ROBINSON, A. J.; SNYDER-MACKKER, L. Eletrofisiologia Clínica: eletroterapia e teste eletrofisiológico. 2 ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2001. ROBINSON, K.R. The responses of cells to electrical fields: A review. J. Cell Biol., v.101, p. 2023-2027, 1985. ROMANOS, G.E.; PELEKANOS, S.; STRUB, J-R. Histological and immunohistochemical observations of the wound-healing processes after the use of the Nd:YAG laser in rat skin : Distribution of collagen types IV and VII in connectrive tissue. J. Clin. Laser Med.Surg. v.13, p. 87-95, 1995. ROMANOS, G.E.; PELEKANOS, S.; STRUB, J-R. Effects of Nd:YAG laser on wound healing processes: Clinical and immunohistochemical findings in rat skin. Lasers Surg. Med. v.16, p.368-379, 1995. ROOK, A ; EBLING, T J G.; WILKINSON, DS.; CHAMPION,R.H.; BURTON, J.L. Textbook of dermatology. 4 ed. Austrália: Blackwwel Scientific Publications, 1986. v.2. ROSS, M. L.; REITH, E.J.; ROMRELL, L. J. Histologia Texto e Atlas. São Paulo: Panamericana, 1993. p. 47-115; 347-376. ROWLEY, B.A.; MCKENNA, J.M.; WOLCOTT, L.E. The influence of electrical Current on an infecting microorganism in wounds. Ann. NY Acad. Sci., n.238 p. 543-551, 1974. SAY, K.G.,et al. O tratamento fisioterapêutico de úlceras cutâneas venosas crônicas através da laserterapia com dois comprimentos de onda. Fisioterapia Brasil. v.4, n. 1, p. 39-48; 2003. SEEGERS, J.C.; ENGELBRECHT, C.A.; VAN PAPENDORP, D.H. – Apulsed DC electric fields affects P2-purinergic receptor functions by alterintg the ATP levels in vitro and in vivolsystems. Medical Hypotheses. v.2, n. 58. p. 171-176, 2002. SERSA,G.; MIKLAVCIC,D.; BATISTA,U.; NOAKOVIC,S.; BOBANOVIC,F.; VODOVIIC,L. Anti-tumor effect of electrotherapy alone or in combination with unterleukin-2 in mice with sarcoma and melanoma tumor. Anti-Cancer drugs v. 3, p.253-260, 1992. SERSA, G.; NOVAKOVIC,S.; MIKLAVCIC,D. Potentiation of bleomycin antitumor effectiveness by electrotherapy. Cancer Letters v.69, p.81-84, 1993. SIMÕES, M.J. et al. Aspectos ultra estruturais do processo de reparação de pele de ratos albinos. Rev. Paul. Méd., v.103, n.3, p.123-126,1985. SOUSLOVA, V. et al. Warm-coding deficits and abherrant inflammatory pain in mice lacking P2X3 receptors. Nature , n.407, p.1015-1017, 2000. SPENCE, A P. Anatomia Humana Básica. 2. ed. São Paulo, Manole. p. 51-61, 77-84, 1991. STANISH, W.D. et al. The use of electricity in ligament and tendon repair. Physician & Sports medicine, v. 13, p.109-116, 1985. STANISH, W.D.; LAI, A. New concepts of rehabilitation following anterior cruciate reconstruction. Clin. Sports Méd., v.12, n.1, p.25-58.Jan.1993. STARKEY, C. Recursos terapêuticos em Fisioterapia. 2. ed. São Paulo: Editora Manole, 2001. SLANDISH, W. Electrical stimulation of torn ligaments cuts rehab time by two-thirds. Medical World News. Feb. 27,1984, p. 67. SLUKA, KA.; DEACON, M.; STIBAL, A.; STRISSEL, S.; TERPSTRA, A. - Spinal blockade of opioid receptors prevents the analgesia produced by TENS in arthritic rats. J.Pharmacol Exp. Ther., v.289, n.2, p.840-8461.1999. TAUBES, G. An Electrifying possiblity . Discovery. April, p. 23-37, 1986. TOMOYA, O. Experimental studies of influences on healing process of mandibular defect stimulated by microcurrent. Shikwa Gakuho, v. 82, 1982. ULETT, G.A.; HAN, J.; HAN, S. - Electroacupuncture: mechanisms and clinical application. Biol. Psychiatry, v.44, p.129-1382.1998. VODOVNIK, L.; KARBA, R. Treatment of chronic wounds by means of eletric and electromagnetic fields. A literature review. Med.Biol. Eng. Comput., v. 30, p.257-266.1992. WATSON, T. Estimulação Elétrica para a cicatrização de feridas. In: KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton.10. ed. . São Paulo: Ed. Manole, 1998. WALLACE, L A. M. Therapy: Clinical Perspectives. Cleveland: privalety published, 1990. v.1. WEISS, D.S. et al. Electrical stimulation and wound healing. Archieves of Dermatology; v.126: p. 222-225. 1990. WING, T. Modern low voltage microcurrent stimulation: A comprehensive overview. Chiropractic Economics; v.37, p.265-271, 1989. WATSON, T. Estimulação elétrica para a cicatrização de feridas. In: KITCHEN, S.; BAZIN,S. Eletroterapia de Clayton . 10 ed. São Paulo: Ed. Manole, 1998. WEI, YU; NAIM, J. O.; LANZAFAME, R. J. Effects of photostimulation on wound healing in Diabetic Mice. Lasers Surg. Med. v.20, p.56-63, 1997. WOLCOTT, L.E; et al. Accelerated healing of skin ulcers by electrotherapy. South Med, J., v. 62, p.795-801.1969. WOLF, M; WOLCOTT, L.E; WHEEKER, P.C. Gold-leaf treatment of ischemic skin ulcers. J. Am. Med . Ass., v. 189, p.923-933,1964. YOUNG, S.R. The effect of therapeutic ultrasound of the biological mechanismo involved in dermal repair. 1988. 412f. (PhD Thesis) University of London. ANEXO ANEXO B Celulas inflamatórias One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== Superf controle 8 2887.2 1258.7 445.00 Unknown Profun controle 8 475.20 542.78 191.90 Unknown Superf 30 micro 6 779.00 577.10 235.60 Unknown Profun 30 micro 6 588.00 394.61 161.10 Unknown Superf 160 micr 3 148.50 34.814 20.100 Unknown Profun 160 micr 3 82.900 73.785 42.600 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== Superf controle vs Profun controle 2412.0 6.461 *** P<0.001 Superf controle vs Superf 30 micro 2108.2 5.228 *** P<0.001 Superf controle vs Profun 30 micro 2299.2 5.702 *** P<0.001 Superf controle vs Superf 160 micr 2738.7 5.418 *** P<0.001 Superf controle vs Profun 160 micr 2804.3 5.548 *** P<0.001 Profun controle vs Superf 30 micro -303.80 0.7534 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 30 micro -112.80 0.2797 ns P>0.05 Profun controle vs Superf 160 micr 326.70 0.6463 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 160 micr 392.30 0.7761 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 30 micro 191.00 0.4431 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Superf 160 micr 630.50 1.194 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 160 micr 696.10 1.319 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Superf 160 micr 439.50 0.8325 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Profun 160 micr 505.10 0.9567 ns P>0.05 Superf 160 micr vs Profun 160 micr 65.600 0.1076 ns P>0.05 Mean 95% Confidence Interval Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 5 3.661E+07 7322117 Residuals (within columns) 28 1.560E+07 557456 ---------------------------- ---------- -------Total 33 5.222E+07 F = 13.135 =(MStreatment/MSresidual) Fibroblastos One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== Superf controle 8 504.00 539.66 190.80 Unknown Profun controle 8 1666.0 927.72 328.00 Unknown Superf 30 micro 6 1276.6 889.65 363.20 Unknown Profun 30 micro 6 989.90 406.37 165.90 Unknown Superf 160 micr 3 2295.0 1132.1 653.60 Unknown Profun 160 micr 3 2034.2 528.97 305.40 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== Superf controle vs Profun controle -1162.0 3.077 ns P>0.05 Superf controle vs Superf 30 micro -772.60 1.894 ns P>0.05 Superf controle vs Profun 30 micro -485.90 1.191 ns P>0.05 Superf controle vs Superf 160 micr -1791.0 3.503 * P<0.05 Superf controle vs Profun 160 micr -1530.2 2.993 ns P>0.05 Profun controle vs Superf 30 micro 389.40 0.9547 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 30 micro 676.10 1.658 ns P>0.05 Profun controle vs Superf 160 micr -629.00 1.230 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 160 micr -368.20 0.7202 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 30 micro 286.70 0.6575 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Superf 160 micr -1018.4 1.907 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 160 micr -757.60 1.419 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Superf 160 micr -1305.1 2.444 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Profun 160 micr -1044.3 1.956 ns P>0.05 Superf 160 micr vs Profun 160 micr 260.80 0.4230 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 5 1.130E+07 2261234 Residuals (within columns) 28 1.596E+07 570330 ---------------------------- ---------- -------Total 33 2.728E+07 F = 3.965 =(MStreatment/MSresidual) Vasos One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== Superf controle 8 4.800 3.960 1.400 Unknown Profun controle 8 5.800 1.697 0.6000 Unknown Superf 30 micro 6 6.500 4.164 1.700 Unknown Profun 30 micro 6 3.900 2.205 0.9000 Unknown Superf 160 micr 3 9.600 4.330 2.500 Unknown Profun 160 micr 3 5.100 2.078 1.200 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== Superf controle vs Profun controle -1.000 0.6246 ns P>0.05 Superf controle vs Superf 30 micro -1.700 0.9831 ns P>0.05 Superf controle vs Profun 30 micro 0.9000 0.5205 ns P>0.05 Superf controle vs Superf 160 micr -4.800 2.214 ns P>0.05 Superf controle vs Profun 160 micr -0.3000 0.1384 ns P>0.05 Profun controle vs Superf 30 micro -0.7000 0.4048 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 30 micro 1.900 1.099 ns P>0.05 Profun controle vs Superf 160 micr -3.800 1.753 ns P>0.05 Profun controle vs Profun 160 micr 0.7000 0.3229 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 30 micro 2.600 1.406 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Superf 160 micr -3.100 1.369 ns P>0.05 Superf 30 micro vs Profun 160 micr 1.400 0.6184 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Superf 160 micr -5.700 2.518 ns P>0.05 Profun 30 micro vs Profun 160 micr -1.200 0.5300 ns P>0.05 Superf 160 micr vs Profun 160 micr 4.500 1.721 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 5 76.366 15.273 Residuals (within columns) 28 287.06 10.252 ---------------------------- ---------- -------Total 33 363.43 F = 1.490 =(MStreatment/MSresidual) Diâmetro grupo 48 horas Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 6 7.540 0.4409 0.1800 Unknown 30 6 6.420 0.6124 0.2500 Unknown 160 4 6.130 1.040 0.5200 Unknown One-way Analysis of Variance (ANOVA) Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 1.120 3.093 ns P>0.05 CONT vs 160 1.410 3.482 * P<0.05 30 vs 160 0.2900 0.7162 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 6.588 1.647 Residuals (within columns) 23 9.050 0.3935 ---------------------------- ---------- -------Total 27 15.638 F = 4.186 =(MStreatment/MSresidual) grupo 72 horas One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 6 6.330 0.4164 0.1700 Unknown 30 6 5.920 0.3674 0.1500 Unknown 160 3 5.830 1.039 0.6000 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 0.4100 1.220 ns P>0.05 CONT vs 160 0.5000 1.214 ns P>0.05 30 vs 160 0.09000 0.2186 ns P>0.05 Mean 95% Confidence Interval Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 1.326 0.3314 Residuals (within columns) 22 7.458 0.3390 ---------------------------- ---------- -------Total 26 8.784 F = 0.9776 =(MStreatment/MSresidual) grupo 96 horas One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 6 5.540 0.3919 0.1600 Unknown 30 6 5.250 0.6124 0.2500 Unknown 160 3 5.500 0.5023 0.2900 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 0.2900 0.9768 ns P>0.05 CONT vs 160 0.04000 0.1100 ns P>0.05 30 vs 160 -0.2500 0.6875 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 0.8935 0.2234 Residuals (within columns) 22 5.818 0.2644 ---------------------------- ---------- -------Total 26 6.711 F = 0.8447 =(MStreatment/MSresidual) grupo 120 horas One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 5 5.550 0.4472 0.2000 Unknown 30 6 4.530 0.8818 0.3600 Unknown 160 3 5.500 0.5023 0.2900 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 1.020 2.531 ns P>0.05 CONT vs 160 0.05000 0.1029 ns P>0.05 30 vs 160 -0.9700 2.061 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 3.529 0.8822 Residuals (within columns) 21 9.303 0.4430 ---------------------------- ---------- -------- Total 25 12.831 F = 1.991 =(MStreatment/MSresidual) grupo 144 horas One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 5 5.630 0.2012 0.09000 Unknown 30 6 4.250 0.6614 0.2700 Unknown 160 3 3.830 0.2944 0.1700 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 1.380 3.549 * P<0.05 CONT vs 160 1.800 3.839 ** P<0.01 30 vs 160 0.4200 0.9251 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 7.813 1.953 Residuals (within columns) 21 8.657 0.4123 ---------------------------- ---------- -------Total 25 16.471 F = 4.738 =(MStreatment/MSresidual) grupo 168 horas One-way Analysis of Variance (ANOVA) Summary of Data Number Standard of Standard Error of Group Points Mean Deviation Mean Median =============== ====== ======== ========= ======== ======== CONT 5 5.350 0.6037 0.2700 Unknown 30 6 3.540 0.9553 0.3900 Unknown 160 3 3.330 0.5716 0.3300 Unknown Mean Comparison Difference t P value ================================== ========== ======= =========== CONT vs 30 1.810 3.597 * P<0.05 CONT vs 160 2.020 3.328 * P<0.05 30 vs 160 0.2100 0.3574 ns P>0.05 Intermediate calculations. ANOVA table Source of Degrees of Sum of Mean variation freedom squares square ============================ ========== ======== ======== Treatments (between columns) 4 12.575 3.144 Residuals (within columns) 21 14.504 0.6907 ---------------------------- ---------- -------Total 25 27.080 F = 4.552 =(MStreatment/MSresidual)