Christiane Florencio de Assis e Ester Cassemiro Rodrigues de Lima

Transcrição

Christiane Florencio de Assis e Ester Cassemiro Rodrigues de Lima
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso
USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA EM
IDOSOS DE UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO
IDOSO DO DISTRITO FEDERAL
Autoras: Christiane Florêncio de Assis
Ester Cassemiro Rodrigues de Lima
Orientadora: Profª. MSc. Neuza Moreira de Matos
Brasília - DF
2011
CHRISTIANE FLORÊNCIO DE ASSIS
ESTER CASSEMIRO RODRIGUES DE LIMA
USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA EM IDOSOS DE
UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO IDOSO DO DISTRITO FEDERAL
Monografia apresentada ao curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Católica de Brasília
como requisito parcial para obtenção do Título de
Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Prof. .Msc. Neuza Moreira de Matos
Brasília – DF
2011
Dedicamos este trabalho a Deus, pela bondade
misericórdia e por mais uma dádiva concedida,
na realização de mais um sonho. Aos nossos
pais, por nos ter ensinado a trilhar um caminho
de determinação, perseverança e fé. À nossa
orientadora Profª. Msc. Neuza Moreira de
Matos, pelo exemplo de profissional, pela
dedicação, competência e compreensão, com
as quais tanto nos incentivou.
AGRADECIMENTO
Ao nosso Deus por nos dar força, paciência e coragem para encarar os obstáculos e os
desafios e porque “o homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dado”
(João: 3- 27).
Aos nossos pais: Ivaldo Rodrigues de Lima e Marta Cassemiro de Lima (Ester) e
Antônio Fernando de Assis e Iracema Florêncio Rocha (Christiane) pelos ensinamentos de
vida e amor que moldaram as pessoas que hoje somos.
Aos filhos, pela maravilhosa oportunidade de ser mãe, e ser a cada dia uma pessoa
melhor. Aos mestres por despertarem em nós nossas próprias expectativas. Aos amigos pela
contribuição direta ou indireta na elaboração deste trabalho e pela amizade dedicada.
“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como
arte, requer devoção tão exclusiva, preparo tão
rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou
escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio
mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o
templo do espírito de Deus? É uma arte; poder-se-ia
dizer, a mais bela das artes!”
Florence Nightingale
“Enfermagem é a arte de cuidar incondicionalmente,
é cuidar de alguém que você nunca viu na vida, mas
mesmo assim, ajudar a fazer o melhor por ela. Não
se pode fazer isso apenas por dinheiro... Isso se faz
por e com amor!”
Angélica Tavares
RESUMO
ASSIS, Christiane. LIMA, Ester. O uso de Sonda Vesical de Demora Suprapúbica em idosos
de um Serviço de Referência em Saúde do Idoso do Distrito Federal. 2011.66. EnfermagemUniversidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2011.
O trato urinário inferior apresenta alterações relacionadas ao envelhecimento, tais alterações
podem ocorrer mesmo na ausência de doenças. A Sondagem Vesical de Demora Suprapúbica
é um método para estabelecer a drenagem da bexiga através inserção de um cateter por via
percutânea ou por incisão da parede abdominal anterior dentro da bexiga, sendo indicada em
casos de incontinência urinária, após o trauma e/ ou cirurgias uretrais, pélvicas e patologias
relacionadas à próstata. O presente estudo tem como objetivo investigar os cuidados dos
idosos em relação à sondagem vesical de demora suprapúbica de um serviço de referência em
saúde do idoso do Distrito Federal. Abordou métodos qualitativo descritivo, exploratório
utilizando como instrumento de coleta de dados questionário estruturado para entrevista
constituído de questões abertas e fechadas. A análise dos dados foi realizada seguindo o
método de Bardin, identificando os cuidados, a percepção e as complicações do idoso em
relação ao uso da sonda. Concluindo que é preciso adotar uma abordagem mais resolutiva no
cuidado de enfermagem quanto à técnica da sondagem e a prevenção das complicações,
buscando a atualização através de pesquisas a sobre da sondagem vesical de demora
suprapúbica.
Palavras-Chave: Sonda Vesical de Demora Suprapúbica, Idoso, Incontinência urinária.
ABSTRACT
The lower urinary tract presents age-related changes, such changes can occur even in the
absence of disease. The Delay catheterization Suprapubic is a method to establish drainage of
the bladder through a catheter inserted percutaneous or through an incision in the anterior
abdominal wall into the bladder, is indicated in cases of urinary incontinence after the trauma
and/ or urethral surgery, and pelvic pathologies related do the prostate. The present study aims
to investigate the care of the elderly in relation to catheterization suprapubic delay a referral
service for health of elderly in the Federal District. Addressed methods qualitative descriptive,
exploratory, using as an instrument of data collection structured questionnaire to interview
consisting of open and closed questions. Data analysis was performed following the method
of Bardin, identifying care, the perception of the elderly and complications regarding the use
of the probe. Concluding that we must adopt a more resolute approach in nursing care and the
technique of probing and prevention of complications, seeking to upgrade from research on
the survey of urinary catheter suprapubic.
Keywords: Suprapubic indwelling catheter, elderly, urinary incontinence.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 10
1.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 12
1.3 HIPÓTESE ......................................................................................................................... 13
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 15
2.1 ASPECTOS GERAIS DO ENVELHECIMENTO ............................................................ 16
2.2 O IDOSO E A INDICAÇÃO DO USO DE SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP).
.................................................................................................................................................. 21
3 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 26
3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 26
3.2 LOCAL/PERÍODO ............................................................................................................ 27
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................................... 27
3.3.1 Critérios de Inclusão ..................................................................................................... 27
3.3.2 Critérios de Exclusão .................................................................................................... 28
3.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 28
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 28
3.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................... 30
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS. ........................... 31
4.1CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM SAÚDE ......................... 31
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E DESCRIÇÃO DOS IDOSOS ......................... 32
4.3 RELATOS DOS IDOSOS QUANTO AOS CUIDADOS COM A MANIPULAÇÃO DA
SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA. ..................................................................................... 33
4.4 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DA SONDAGEM VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP). . 41
4.5 DESCRIÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM IDOSOS EM USO DE
SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA( SVSP). ............................................... 43
4.6 ALERTA SOBRE POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA SONDAGEM VESICAL DE
DEMORA SUPRAPÚBICA( SVSP) ....................................................................................... 46
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 49
REFERÊNCIA........................................................................................................................51
APÊNDICE..............................................................................................................................59
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista......................................................................................59
APÊNDICE B – Descrição dos idosos.....................................................................................60
APÊNDICE C – Informações importantes para os idosos na prevenção de complicações com
o uso de sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP)............................................................62
APÊNDICE D–Descreve o material utilizado para Sondagem Vesical de Demora
Suprapúbica...............................................................................................................................63
ANEXOS..................................................................................................................................64
ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências
da Saúde (FEPECS)..................................................................................................................64
ANEXO B – Cronograma de Atividade da Pesquisa...............................................................65
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................................66
10
1 INTRODUÇÃO
O grupo de pessoas idosas com 60 anos ou mais vem aumentando de forma bastante
acelerada no Brasil. O Ministério da Saúde estima que existam atualmente no país cerca de
17,6 milhões de idosos, constituindo assim um segmento populacional com crescimento
expressivo nos últimos tempos. Dados do Ministério da Saúde demonstram que o
envelhecimento da população configura-se em fenômeno crescente, tal fato ocorre em países
desenvolvidos, como também ocorre em países em desenvolvimento, como o Brasil
(CAVALHEIRO et al., 2010).
Em todo o mundo, a proporção de pessoas acima de 60 anos de idade está crescendo
mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Cronologicamente são considerados
idosos todos aqueles indivíduos com 65 anos ou mais de idade em países desenvolvidos
enquanto nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o ponto de corte etário adotado pela
ONU (Organização das Nações Unidas) como a idade de transição para o segmento idoso da
população é de 60 anos (WELFER, 2007, p. 14).
O envelhecimento pode ser conceituado como “um conjunto de modificações
morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda progressiva
da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, sendo considerado um processo
dinâmico e progressivo”. O declínio das funções orgânicas, manifestadas durante o
envelhecimento, tende a aumentar com o tempo, com um ritmo que varia não só de um órgão
para outro, mas também entre idosos da mesma idade. Essas diferenças no processo de
envelhecimento devem-se às condições desiguais de vida e de trabalho, a que estiveram
submetidas (FERREIRA et al., 2010, p. 1066).
É comum pessoas idosas necessitarem de atenção especial não somente por serem
acometidas por doenças crônicas, mas também pela fragilidade nesta fase da vida, resultando
em incapacidades, alterações na funcionalidade, que em razão do desgaste físico acabam
dificultando ou impedindo o desempenho de atividades cotidianas. As doenças crônicas que
por sua natureza não têm cura, geralmente são os fatores de maior demanda entre os idosos
por um acompanhamento constante. Essas condições comprometem a qualidade de vida dessa
faixa etária e estabelece graus de dependência, que variam entre 15 e 50% (BRASIL, 2007).
O aumento de pessoas idosas que necessitam de acompanhamento e consequentemente
o aumento dos graus de dependência, vem exigindo uma reorganização do Sistema de Saúde,
11
que hoje se depara com um desafio devido às doenças crônicas apresentadas na população de
idosos, além do fato de que incorporam disfunções urológicas nos últimos anos de suas vidas
(BRASIL, 2007).
Portanto que “as alterações inerentes ao processo de envelhecimento não significam
doença, mas a probabilidade de seu aparecimento aumenta com a idade, uma vez que o
envelhecimento torna as pessoas mais vulneráveis aos processos patológicos, caracterizando a
senilidade” (KUSUMOTA, 2004, p. 526).
Tais alterações levam ao envelhecimento da bexiga órgão responsável pelo
armazenamento da urina produzida pelo rim e sua expulsão para o meio exterior, a bexiga é
submetida, no envelhecimento, a alterações próprias do órgão e extravesicais, que podem
levar a exteriorização clínica, cujas repercussões ultrapassam a esfera biológica do individuo,
podendo promover inúmeras limitações no campo psíquico, social e profissional da pessoa
idosa (FILHO; NETTO, 2006).
Sendo assim, Reis et al., (2003) afirma que consequentemente ocorrem disfunções
urológicas é a perda involuntária de urina que pode estar associada à incapacidade de esvaziar
completamente a bexiga. As principais causas de esvaziamento vesical incompleto são a
acontractilidade e a hipocontractilidade da musculatura detrusora, assim como a obstrução ao
fluxo urinário. O déficit contráctil da musculatura detrusora e a obstrução ao fluxo urinário
podem estar presentes isoladamente ou em conjunto. Em situações extremas, a hiperdistenção
vesical faz com que ocorra incontinência urinária por transbordamento, também chamada de
incontinência paradoxal.
É porque a força da instabilidade detrusora em muitos indivíduos idosos continentes
sugere que a relação entre urge-incontinência e instabilidade detrusora seja mais fraca em
pessoas idosas do que em jovens. Uma possível explicação para este fato é que, nos idosos, as
características das contrações involuntárias, de menor amplitude, necessitem de alterações
estruturais e funcionais do esfíncter uretral para que ocorra a urgeincontinência. Fatores como
o trofismo vaginal e a presença de distopias também influenciam a presença da urgeincontinência (REIS et al., 2003).
O papel da enfermeira é voltado para as orientações frente à conduta de reestruturação
da incontinência, prevenindo e melhorando a condição dos idosos incontinentes, através de
cuidados básicos, higiene, prevenção de lesões no períneo, favorecerem um ambiente
adequado para manter a continência, conservando-o seco e evitando outras complicações.
É de fundamental importância, que a enfermeira geriátrica reconheça o impacto que esta
12
condição gera na população idosa, para trabalhar todos os aspectos que influenciam o quadro
do problema: psicológico, social e ambiental (FLORENTINO, 2010).
O mesmo autor op.cit., (2010) reforça que a infecção do trato urinário é uma condição
freqüente em idosos, principalmente com o uso do cateter de demora. O uso do cateter vesical
de demora por período superior a trinta dias aumenta a flora microbiana, porém, o uso do
antimicrobiano, não reduz a incidência de complicações, mas contribui para o aumento da
resistência bacteriana. Por isso, não deve ser feita de forma intempestiva, onde os riscos
superam os benefícios.
Sabe-se que as bactérias multiplicam-se, rapidamente, na urina estagnada na bexiga.
Além disto, a distensão excessiva impede o fluxo sangüíneo para a parede da bexiga,
aumentando a suscetibilidade à infecção por crescimento bacteriano. O esvaziamento regular
e total da bexiga reduz grandemente o risco de infecção (MAGALHÃES; CHIOCHETTA,
2002).
Verificar o conhecimento dos profissionais de saúde que manuseiam e realizam a
instrumentação do trato urinário constitui-se etapa diagnóstica, fundamental para a instituição
de programas operacionais que contribuam para a adesão às medidas recomendadas para o
controle de infecção (SOUZA, 2007).
Esta pesquisa é de caráter qualitativo descritivo e exploratório, e para que os objetivos
fossem alcançados, utilizou como instrumento e coleta de dados questionário estruturado para
entrevista, composto por questões abertas e fechadas.
Dessa forma, o estudo descreve o uso da sonda vesical de demora suprapúbica
(SVSP) em idosos e identifica quais os cuidados do idoso em relação ao uso da SVSP,
verifica a percepção do idoso utilizando o método de Bardin (2009) quanto ao seu uso
descreve detalhadamente a técnica de troca da SVSP e alerta quanto à possibilidade de
complicações pela inobservância de cuidados.
1.1 OBJETIVO GERAL
 Investigar os cuidados dos idosos em relação à sondagem vesical de demora
suprapúbica (SVSP) de um serviço de referência em saúde do idoso do Distrito
Federal.
13
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar quais os cuidados do idoso em relação à manipulação da SVSP;

Verificar qual a percepção dos idosos em relação ao uso da SVSP;

Descrever detalhadamente a técnica de troca da SVSP;

Alertar sobre as possíveis complicações da SVSP.
1.3 HIPÓTESE
O papel do enfermeiro em relação aos idosos em uso de sonda vesical de demora
suprapúbica (SVSP) é de extrema relevância, sabendo que este é o profissional responsável
pelas instruções passadas a esses idosos quanto aos cuidados. Essas instruções provavelmente
são executadas pelos mesmos. Os idosos que utilizam a SVSP estão devidamente orientados
pelo enfermeiro a respeito dos cuidados necessários a manipulação. Bem como, sobre os
aspectos sociais que envolvem o uso desse procedimento. Estima-se que eles tenham uma
convivência ruim com o uso da SVSP, como também, a literatura é escassa em relação à
descrição detalhada da técnica e dos seus cuidados.
1.4 JUSTIFICATIVA
O envelhecimento populacional constitui uma das maiores conquistas do presente
século. Poder chegar a uma idade avançada, já não é mais privilégio de poucas pessoas
(VELOZ; SCHULZE; CAMARGO, 1999).
Como o crescimento da população idosa é uma realidade, não só no Brasil, mas em
todo o mundo há necessidade de se cuidar de pessoas cada vez mais idosas e cuja expectativa
de vida é cada vez mais longa. Faz-se necessário que os profissionais de saúde direcionem
cuidados específicos rejeitando atitudes negativas. E mesmo para aqueles idosos mais
fragilizados o cuidado deve ser baseado na manutenção da autonomia e da qualidade de vida
(SANTOS, 2000).
Nesse processo vale ressaltar ás alterações estruturais e funcionais, embora variem de
um indivíduo para outro, são encontrados em todos os idosos e são próprias do processo do
envelhecimento normal. Contudo, doenças podem induzir maior intensidade em tais
14
modificações, que consequentemente se manifestam clinicamente, exteriorizando-se de
maneira a tornar possível sua caracterização. Porém, não é fácil estabelecer os limites entre a
senescência e a senilidade, isto é, entre as modificações peculiares do envelhecimento e as
decorrentes de processos mórbidos mais comuns em idosos (WELFER, 2007, p.18).
Nos idosos do sexo masculino a principal causa de esvaziamento vesical deficiente é a
hiperplasia benigna da próstata e, menos freqüentemente, o adenocarcinoma prostático e as
estenoses da uretra. A ocorrência de obstrução em mulheres é menos freqüente que nos
homens e, decorrem da presença de grandes prolapsos genitais ou de complicações das
cirurgias para a correção de incontinência urinária (OLIVEIRA; AMARAL; FERRAZ, 2005).
A indicação para a cateterização vesical de demora suprapúbica (SVSP) em pacientes
cirúrgicos na maioria das vezes, é feita de forma eletiva em pacientes que já estão internados e
apenas eventualmente em situações de urgência. Nos pacientes com patologias clínicas e que
na sua maioria, procedem da comunidade, a indicação da cateterização e feita exclusivamente
em situações de urgência (STAMM; COUTINHO, 1999).
A relevância do tema reside no fato deste procedimento apresentar um menor risco de
infecção aos idosos que utilizam a sonda vesical suprapúbica (SVSP), uma vez que, para que
haja uma melhor assistência a estes idosos, dependerá da capacitação de recursos humanos
para qualificar a assistência de enfermagem. Como consequentemente passaram orientações
importantes aos idosos sobre os cuidados com a sonda, e realizarão a troca da SVSP da
melhor maneira. Embora seja escassa a literatura especializada essa é uma pesquisa que pode
fornecer esclarecimentos sobre a técnica e suscitar pesquisas, abordando aspectos ausentes
neste estudo.
A sondagem vesical de demora suprapúbica tratar-se de uma técnica exercida
exclusivamente pelo enfermeiro ou médico treinado,e esta pesquisa se justifica, na medida em
que o conhecimento e os cuidados sobre essa técnica vão propiciar a adoção de medidas no
sentido de promover o conforto do paciente bem como medidas que propiciem a redução de
infecções.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Nasri (2008) a transição demográfica encontra-se em diferentes fases ao
redor do mundo. Em conjunto com a transição epidemiológica, resulta no principal fenômeno
demográfico do século 20, conhecido como envelhecimento populacional. Esta transição
demográfica exigiu do sistema de saúde uma reorganização, pois os idosos necessitam de
cuidados que se tornam um desafio devido às doenças crônicas que apresentam, além do fato
de que incorporam disfunções nos últimos anos de sua vida.
Tais disfunções podem ocorrem no trato urinário inferior que apresenta alterações
relacionadas ao envelhecimento que acontecem mesmo na ausência de doenças. Além das
alterações decorrentes da senilidade dos tecidos, doenças próprias do indivíduo idoso também
contribuem para o desenvolvimento de incontinência urinária (REIS et al., 2003).
Rodrigues; Mendes (1994) afirma que o tratamento do idoso incontinente deve ser
realizado pela equipe de saúde com a participação do paciente e das pessoas que lhes prestam
cuidados. O trabalho do enfermeiro é identificar a incontinência urinária em idosos, planejar
as estratégias de intervenção, aplicá-las e avaliar os resultados. Sua meta é prevenir novos
casos de incontinência, melhorar a condição dos idosos incontinentes por meio de cuidados
básicos de higiene, da educação para o controle miccional e da prevenção de lesões no
períneo, além de favorecer um ambiente adequado para manter a continência conservando o
idoso seco, evitando dessa forma outras complicações.
Durante muito tempo acreditou-se que a melhor forma de tratar pacientes com
alterações do aparelho urinário seria a utilização de cateteres de demora. Pode-se dizer que,
esse procedimento trouxe juntamente com os benefícios, problemas e riscos potenciais
associados à manipulação do trato urinário. A infecção urinária passou a ocupar um dos
primeiros lugares dentre as infecções hospitalares principalmente entre os idosos
(HOMENKO; LELIS; CURY, 2003).
Os riscos de infecção relacionados aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos
podem ser minimizados, uma vez que dependem diretamente da capacitação de
recursos humanos. Assim, apesar dos avanços e medidas estabelecidas para
prevenção e controle das infecções nesta topografia, têm se observado baixa adesão
às recomendações, sendo um desafio para as instituições de saúde, devido ao
desconhecimento ou à dificuldade em mudar hábitos sedimentados ao longo da vida
profissional (SOUZA, et al., 2007).
16
Marvulo (2001) descreve as consequências clínicas do cateterismo uretral como
resultantes de erros na inserção do cateter, indicação inapropriada para a cateterização
prolongada e assistência imprópria com relação ao cateter de demora. Não só o cateterismo
vesical de demora como também a sonda vesical suprapúbica (SVSP), podem acarretar
complicações, embora com menor frequência.
Para Souza (2007) são várias as vantagens da drenagem suprapúbica: os pacientes são
capazes de urinar mais precocemente, é mais confortável do que uma sonda de demora transuretral, possibilita maior mobilidade ao paciente, maior facilidade de troca da sonda e,
principalmente, apresenta um menor risco de infecção urinária. Como desvantagem apresentase o fato de se tratar de um método cirúrgico.
2.1 ASPECTOS GERAIS DO ENVELHECIMENTO
Para Souza (2010) o processo de envelhecimento é compreendido como processo de
vida, ou seja, o ser envelhece porque vive e muitas vezes sem se dar conta disso. Segundo o
autor o processo de envelhecimento comporta a fase da velhice, mas não se esgota nela. A
qualidade de vida e, consequentemente, a qualidade do envelhecimento guarda relação com a
visão de mundo do indivíduo, com a sociedade em que ele está inserido e com o estilo de vida
conferido a cada ser.
Há cerca de quatro décadas tem sido observado o aumento da população idosa,
particularmente nos países em desenvolvimento. O Brasil é um exemplo típico dessa
afirmativa, onde o envelhecimento populacional tem revelado crescimento exponencial e cuja
projeção para o ano de 2025 mostra que o número de indivíduos com idade igual ou superior a
60 anos será de 32 milhões (Guerra; Caldas, 2010, p. 2932).
Em relação ao envelhecimento da população, Ramos (2003), cita que o maior desafio
no século XXI será cuidar de uma população numerosa de idosos, a maioria com baixo poder
aquisitivo, nível social e educacional desfavorecido além de alta prevalência de doenças
crônicas incapacitantes.
O avançar da idade traz consigo sensíveis alterações no estilo de vida da população
idosa, as quais podem surgir por problemas de saúde ou pelo processo fisiológico do
envelhecimento,
que se configura
como
um
processo
múltiplo
e desigual
de
comprometimento e decadência das funções que caracterizam o organismo vivo em razão do
tempo de vida (GARBIN, 2010).
17
Guerra; Caldas (2010, p. 2932) enumera algumas das dificuldades e problemas
advindos do envelhecimento, assim como, também lista as recompensas atribuídas à velhice:

Dificuldades e Problemas: Incapacidade, perda da utilidade social, aposentadoria,
exclusão devido a questões sagradas, esquecimento, raciocínio lento, desgaste
físico, perda de resistência, demência, senilidade, degeneração física e mental,
inatividade, declínio da imagem, enfretamento da aparência do corpo,
aparecimento de rugas, preconceito, desrespeito aos idosos, à sexualidade,
dependência, inutilidade, exclusão dos prazeres da vida, rejeição familiar,
isolamento, abandono, solidão, tristeza, depressão, institucionalização como morte
social e proximidade da morte.

Recompensas:
experiência,
conhecimento,
participação,
independência,
integração, autonomia física e mental, presença de apoio e suporte familiar,
participação em grupos extras familiares, passe livre em transporte coletivo, fila
preferencial.
Seguindo a linha de pensamento de Guerra; Caldas (2010), cita que é possível
observar que muitas das dificuldades citadas, são consequências de fatos anteriores e que, de
modo geral, as recompensas dependem das escolhas e possibilidades internas desses idosos;
quer sejam construídas ao longo da vida, como recursos financeiros, afeto da família e rede
social, quer sejam as recorridas para suprir algumas das dificuldades encontradas na velhice,
como a busca por grupo de terceira idade. Muitas vezes essas recompensas ajudam a manter
os idosos funcionalmente independentes, é o primeiro passo para que os idosos atinjam
melhor qualidade de vida.
O mesmo autor reforça, para que exista melhoria na qualidade de vida dessa faixa
etária, que é necessária a implementação de programas específicos de intervenção, visando a
eliminação de fatores de riscos relacionados com a incapacidade funcional. Além disso, é
imprescindível a elaboração de ações de promoção da saúde, prevenção de doenças,
recuperação e reabilitação, que interfiram diretamente no sentido da manutenção da
capacidade funcional dos idosos.
Ramos (2003) complementa chamando a atenção para a preparação e capacitação de
profissionais no sentido de eliminar fatores de risco relacionados com a incapacidade
funcional:
18
A manutenção da capacidade funcional é, em essência, uma atividade
multiprofissional para a qual concorrem médicos, enfermeiras, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais. A presença desses
profissionais na rede de saúde deve ser vista como uma prioridade. Contudo, para
que a atenção ao idoso possa se realizar em bases interprofissionais, é fundamental
que se estimule a formação de profissionais treinados (RAMOS, 2003, p.797).
No que diz respeito ao treinamento e capacitação de profissionais Nunes (2003) sugere
que esses sejam baseados em estudos sobre o envelhecimento e suas implicações; objetivando
contribuir para a melhoria da qualidade das práticas de saúde dirigidas aos idosos. Conforme
o autor essa tomada de atitude no sentido de treinar e capacitar pessoas na rede de saúde é
especialmente importante, principalmente pelo momento histórico vivido no país em que o
percentual dessa população cresce em ritmo acelerado.
Sabe-se que apesar da atuação da medicina preventiva, ainda há uma alta
prevalência de doenças crônicas na velhice, que compromete o estilo de vida dos
idosos acometidos pelas complicações das patologias e pelas diversas limitações
decorrentes do tratamento, como diminuição na realização de atividades diárias e na
função cognitiva. Dessa forma, a qualidade de vida vai depender do controle desses
quadros patológicos com o tratamento adequado (VITORELI, 2005, p.112).
Os estudos de Lehr (1999, p. 32-33) revelam que o envelhecimento ocorre de diversos
modos, que podem ser: pela herança biológica e genética, fatores sociais, ambientais, culturais
e políticos. Ainda há uma série de influências adquiridas na infância, adolescência, começo e
meio da vida adulta, porém a atual condição de vida do idoso, também influencia no bem
estar do envelhecimento.
O declínio das funções orgânicas, manifestadas durante o envelhecimento, tende a
aumentar com o tempo, com um ritmo que varia não só de um órgão para outro, mas também
entre idosos da mesma idade. Essas diferenças no processo de envelhecimento devem-se às
condições desiguais de vida e de trabalho, a que estiveram submetidos (FERREIRA, et al.,
2010, p. 1066).
Welfer (2007) comenta que o processo do envelhecimento caracteriza-se
biologicamente como um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível o qual inicia
no nascimento e acompanha por todo o tempo de vida possível e só termina com a morte.
Contudo, doenças podem acelerar o envelhecimento. Além disso, a transição demográfica
expressa alteração no perfil de morbimortalidade em que doenças infecciosas são substituídas
por doenças crônicas. As doenças crônicas acarretam incapacidades e alteram a qualidade de
vida do idoso, levando-o a utilizar os serviços hospitalares com mais frequência. O tratamento
das doenças crônicas é mais prolongado, a recuperação é mais lenta e complicada, o que eleva
o custo da assistência à saúde na velhice.
19
Na tentativa de se compreender comumente o processo fisiológico do envelhecimento,
algumas funções de certos órgãos mostram-se alteradas, o que seria decorrente da diminuição
do número de células ou da menor capacidade funcional desses órgãos (FILHO; NETTO,
2006).
O idoso é mais vulnerável a doenças degenerativas de começo insidioso, como as
cardiovasculares e cerebrovasculares, o câncer, os transtornos mentais, os estados patológicos
que afetam o sistema locomotor e os sentidos. Inegavelmente, há uma redução sistemática do
grau de interação social como um dos sinais mais evidentes de velhice (ZASLAVSKY; GUS,
2001, p. 365).
Com o avanço dos anos, o sistema cardiovascular passa por uma série de alterações,
tais como arteriosclerose, diminuição da distensibilidade da aorta e das grandes artérias,
comprometimento da condução cardíaca e redução na função barorreceptora. As estatísticas
mostram que a maior causa de mortalidade e morbidade é a doença cardiovascular. A doença
coronariana é a causa de 70 a 80% de mortes, tanto em homens como em mulheres e a
insuficiência cardíaca congestiva, mais comum de internação hospitalar, de morbidade e
mortalidade na população idosa. Ao contrário da doença coronariana, a insuficiência cardíaca
congestiva continua aumentando (ZASLAVSKY; GUS, 2001, p. 635 - 636).
Neves e Chen (2002) explicam que as alterações cerebrovasculares revelam algumas
das funções psíquicas como memória, concentração, associação, que são mais sensíveis ao
envelhecimento, porém certamente também são determinados por uma série de fatores sociais,
emocionais e de antecedentes pessoais. A relação de vida dessas pessoas pode facilitar muito
o não agravamento destas condições. Por exemplo: manutenção de atividades de leitura,
escrita, jogos, lazer, hobbies e a convivência social.
Os mesmos autores op. cit. (2002, p.2) reforçam que no sistema muscular observam-se
as modificações da massa corpórea, com a queda do metabolismo basal, aumento da
concentração de gordura e enfraquecimento muscular. Neste sentido, há uma predominância
de posturas em flexão pela dificuldade em vencer a força da gravidade. A coluna cervical
curva-se para frente podendo aparecer problemas como uma cifose dorsal, imobilismo da
coluna lombar, os membros tendem a fletir ao nível dos cotovelos, joelhos e articulação
coxofemoral. A atividade física, os exercícios de mobilidade e técnicas corporais podem ser
de grande valia neste processo evitando as deformidades, a imobilidade e as deficiências
físicas ou processos dolorosos.
Vale ressaltar que os pulmões diminuem de volume e perde a elasticidade, os
músculos respiratórios perdem parte de sua capacidade resultando em uma diminuição da
20
ventilação. A capacidade vital no idoso poderá estar diminuída em até 60 a 70% sem que isso
signifique uma patologia respiratória, porém associada à falta de atividade física ou hábitos
como fumo podem acarretar problemas secundários (NEVES; CHEN, 2002, p. 2).
O aparelho digestivo do idoso evolui para alterações fisiológicas próprias da idade,
expressas nos distúrbios motores funcionais, na função secretória e absortiva que se estendem
para as glândulas anexas, principalmente o fígado. O extremo proximal – esôfago e o distal
intestino grosso são os segmentos mais afetados. Nestes as alterações funcionais da peristalse
e do esfíncter inferior dificultam a deglutição coordenada e provocam sintomas, tais quais os
da acalasia e da doença do refluxo gastresofágico (SANTOS, 2003, p. 308).
O mesmo autor op. cit. (2003, p. 308) ressalta que ocorrendo, os sintomas
predominantes que são os da constipação e do aparecimento de divertículos aos quais se
associam várias complicações. O esvaziamento gástrico e a progressão do conteúdo cólico são
lentos no idoso. O fígado sofre diminuição de sua massa, por diminuição do número de
hepatócitos, mas em comparação com outros órgãos sólidos essa glândula sofre menos e
mantém quase intacta a sua reserva funcional.
Segundo Moraes (2008) o rim é um dos órgãos mais sensíveis ao processo do
envelhecimento. Com o advento da senilidade, o rim normal, aquele que não foi atingido por
nenhuma nefropatia, sofre modificações involutivas sob os pontos de vista anatômicos e
funcionais. Essas alterações merecem ser reconhecidas, pois acarreta maior vulnerabilidade
do órgão pela redução da sua capacidade de adaptação, conferindo certa peculiaridade a
enfermidade correspondente encontrada nessa faixa etária.
Uma das modificações dos rins é o peso que é de 50 g no nascimento; pesa entre 230 e
250 g na fase adulta, proporcionalmente a área corporal do indivíduo; e a partir da quarta
década, com o inicio do processo de envelhecimento renal, pode atingir cerca de 180 g. A
diminuição do seu peso, reduzindo a área de filtração glomerular e, consequentemente, das
suas funções fisiológicas, expressa universalmente pela medida do ritmo de filtração
glomerular, em geral quantificada na clínica pela depuração da creatinina endógena (FILHO;
NETTO, 2006, p. 690).
Filho; Netto (2006, p. 693) afirma que ocorre também o envelhecimento da bexiga o
órgão responsável pelo armazenamento da urina produzida pelo rim e sua expulsão para o
meio exterior. A bexiga é submetida, no envelhecimento, á alterações próprias do órgão e
extravesicais, que podem levar a exteriorização clínica, cujas repercussões ultrapassam a
esfera biológica do individuo, podendo promover inúmeras limitações no campo psíquico,
social e profissional da pessoa idosa.
21
Consequentemente no trato urinário inferior ocorrem alterações mesmo na ausência de
doenças. A força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade
de adiar a micção aparentemente diminuem, no homem e na mulher. Contrações involuntárias
da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional aumentam com a idade em ambos
os sexos. Entretanto, a pressão máxima de fechamento uretral, o comprimento uretral e as
células da musculatura estriada do esfíncter alteram-se predominantemente nas mulheres
(KUSUMOTA, 2004, p. 526).
Todas as alterações relacionadas são fisiológicas e ocorrerão de forma individual em
cada idoso. Embora não sendo patológicas, o acúmulo dessas alterações, com o transcorrer do
tempo, pode levar à limitação das chamadas atividades de vida diária do idoso. Esse quadro
torna-se mais acentuado e mais rápido na vigência de doenças geralmente crônico
degenerativo (DUARTE, 1994, p. 191).
Kusumota (2004) conclui que essas alterações são inerentes ao processo de
envelhecimento e não significam doença, no entanto, a probabilidade de seu aparecimento
aumenta com a idade, uma vez que o envelhecimento torna as pessoas mais vulneráveis aos
processos patológicos, caracterizando a senilidade. Dentro desse contexto ressalta-se a
importância não só de cuidados com a saúde do idoso como também um reconhecimento
dessa parcela da população pela sociedade e pelo Estado.
2.2 O IDOSO E A INDICAÇÃO DO USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA
SUPRAPÚBICA (SVSP)
A SVSP está indicada, principalmente, em seis situações: incontinência urinária de difícil
controle; incontinência urinária em pacientes com vida sexual ativa; drenagem urinária após algumas
cirurgias pélvicas e uretrais; retenção urinária aguda, quando não for possível a passagem de um
cateter pela uretra; trauma uretral ou pélvico; problemas persistentes com cateteres uretrais, tais como
irritação uretral ou obstrução frequente da sonda (MONTEIRO; SANTANA, 2006, p. 1274).
Nettina (2003, p. 677) reforça que a SVSP é um método para estabelecer a drenagem
da bexiga introduzindo um cateter por via percutânea ou por uma incisão através da parede
abdominal anterior dentro da bexiga. As indicações de uso desse tipo de sonda condizem com
a situação funcional do idoso embora não seja uma regra.
Outros problemas que levam a SVSP, conforme Napoleão (2009) é a patologia
relacionada à próstata que atualmente atinge um elevado número de homens, especialmente
22
acima dos 60 anos. Dentre as patologias que acometem esta glândula estão a Hiperplasia
Benigna da próstata (HBP) e o câncer de próstata.
Parta Rodrigues (2003) outro fato de que a incontinência urinária (IU) é um dos
problemas silenciosos na geriatria, e guarda relação com o declínio filosófico e funcional da
pessoa idosa, e muitas vezes esse problema é negligenciado pelos profissionais da saúde.
Pode-se verificar que a IU não é considerada como uma patologia do envelhecimento,
mas entendida como uma consequência de várias alterações decorrentes do processo de
envelhecimento. Com o aumento da expectativa de vida é preciso qualificação e
desenvolvimento de aptidões para identificar e tratar a IU na população idosa, o que pode
influenciar significativamente na sua qualidade de vida (VIEGAS et al., 2009, p. 56).
Para Silva e Santos (2003, p. 37) vários fatores têm sido relacionados à ocorrência de
sintomas da IU, sendo considerado o mais importante a idade avançada, [...] e algumas
doenças prevalentes em idosos como o Acidente Vascular Cerebral e o Mal de Parkinson,
além de medicações e cirurgias que são potencialmente capazes de provocara diminuição do
tônus muscular pélvico e/ou gerar danos nervosos. Segundo Nettina (2003, p. 177) existem
quatro tipos básicos de IU:
 Estresse: é a perda involuntária da urina com aumentos na pressão intra-abdominal.
Normalmente causada por fraqueza e lassidão da musculatura do assoalho pélvico, ou
fraqueza do colo da bexiga;
 Urgência: envolve extravasamento da urina por causa da incapacidade de retardar a
micção depois de percebida a sensação da plenitude vesical, o que é associado à
hiperatividade do detrusor, distúrbios do sistema nervoso central ou condições
geniturinárias locais;

Hiperfluxo: ocorre devido a extravasamento da urina decorrente das forças
mecânicas sobre bexiga hiperdistendida, o que resulta da obstrução mecânica ou de
bexiga que não se contrai;

Funcional: envolve o extravasamento urinário associado à incapacidade de chegar até
o banheiro por causa do funcionamento cognitivo e/ou físico.
A IU não é uma doença, mas sim um sintoma e um sinal de disfunção vesical e/ou do
mecanismo esfincteriano uretral. O Comitê de padronização da Sociedade Internacional de
Continência (ICS) considera que IU é “a queixa de qualquer perda involuntária de urina”.
23
Caracteriza-se como um problema comum de eliminação urinária alterada,
principalmente na população feminina. A prevalência de incontinência urinária varia
de 14% a 57% entre mulheres com idade entre 20 e 89 anos, com episódios de perda
urinária que variam de esporádicas a diárias. Entre os homens, a prevalência é bem
mais baixa, em geral cerca de 3% a 11% (HIGA, 2008, p. 566).
Seguindo a linha de raciocínio Higa (2008) alerta que na incontinência urinária por
transbordamento ocorre a perda incontrolável de pequenas quantidades de urina de uma
bexiga muito cheia. A perda ocorre quando a bexiga torna-se dilatada (bexigoma) insensível
devido à retenção crônica de urina. A pessoa pode tornar-se incapaz de urinar porque o fluxo
encontra-se bloqueado ou porque os músculos da parede da bexiga (músculo detrusor) não
conseguem mais contrair.
Higa (2008) afirma que no exame do abdômen o médico freqüentemente consegue
palpar a bexiga cheia. As causas deste tipo de incontinência urinária são: obstrução do fluxo
urinário por aumento da próstata câncer da próstata (CA) e Hiperplasia prostática benigna
(HPB); estenose uretral congênita nas crianças; disfunção nervosa; musculatura enfraquecida
da bexiga e uso crônico de diuréticos. O tratamento imediato para o alívio dos sintomas é a
punção vesical suprapúbica, realizada por médico pronto-socorrista ou urologista. A
sondagem vesical pela uretra, nos casos de obstruções por aumento da próstata, pode ser
perigosa podendo causar lesões na uretra prostática, falso trajeto até a bexiga e sangramento
urinário.
O mesmo autor op. cit. (2008, p. 566) considera que além dos problemas de ordem
física, a IU causa restrições à vida pessoal e profissional das pessoas incontinentes. Assim,
além do tratamento cirúrgico ou medicamentoso, o tratamento comportamental e a orientação
quanto ao manejo adequado do problema devem ser valorizados e implementados tão logo ele
seja identificado.
Ao contrário da incontinência outro problema frequente é a retenção urinária crônica.
Esse problema é decorrente da falta de contração adequada (hipocontratilidade ou ausência de
contração) da bexiga. Dentre as opções de tratamento para essa alteração, pode-se citar:
sondagem de demora, cateterismo intermitente limpo (CIL) e estimulação elétrica
(ZAMBOM, 2009, p. 221).
Segundo Potter (2009) a retenção urinaria é um acúmulo de urina resultante de uma
incapacidade da bexiga em esvaziar adequadamente. Normalmente, a produção de urina enche
lentamente a bexiga e impede a ativação de receptores de distensão, até que ela se distenda a
certo nível, o reflexo de micção ocorre e a bexiga esvazia. Na retenção urinária, a bexiga é
incapaz de responder ao reflexo de micção e assim incapaz de esvaziar. A urina continua a se
24
acumular na bexiga, distendendo suas paredes e causando sensações de pressão, desconforto,
sensibilidade ao longo da sínfise púbica, inquietude e diaforese (sudorese).
O tratamento da retenção urinaria crônica de acordo com de se dá a partir da
drenagem permanente com uma sonda uretral, ou sondagem intermitente ou
cistostomia suprapúbica (cateter inserido através da parede abdominal diretamente
no interior da bexiga) este com a baixa incidência de complicações (TIMBY;
SMITH, 2005, p. 1040).
Complementando os autores supracitados Zambon (2009) postula que o uso de sonda
vesical suprapúbica (SVSP) é uma alternativa terapêutica em casos de retenção ou quando a
família e o paciente apresentam dificuldades para manusear o cateter. Nesse sentido Souza
(2007) ressalta as dificuldades de adesão a esse procedimento pela resistência às mudanças.
Já os pacientes com câncer prostático o cuidado inicial deve ser de drenagem da
bexiga que pode ser por SVSP. Nos casos em que o paciente é um candidato ao tratamento
radical iremos considerar se a tentativa de retirar a sonda por um tratamento cirúrgico
paliativo, tratamento hormonal ou farmacológico (GARCIA, 1996).
Quanto ao diagnóstico urológico mais comum em homens com menos de 50 anos de
idade é a prostatite, constitui 8% dos motivos de consultas de Urologia. A prostatite é
histologicamente, um aumento do número de células inflamatórias no parênquima prostático.
A prevalência em homens com 85 anos que tiveram prostatite aguda ou prostatite crônica é de
26% (OLIVEIRA, 2005, p. 205).
A Prostatite Aguda (PA) geralmente está relacionada com uma infecção bacteriana da
próstata e pode ocorre em homens de qualquer idade. Qualquer organismo capaz de produzir
uma infecção do trato urinário pode produzir uma prostatite bacteriana aguda. As bactérias
mais frequentes que causam a PA são: Escherichia coli, bem como, Kleisellapneumoniae,
Proteusmirabilis,
Pseudômonas
Aeroginosa,
Staphylococus
Aureus,
Enterococos
e
Anaeróbios Bacteróidesspp (LOPEZ et al., 2007, p. 51).
Outra indicação para SVSP são as alteração do funcionamento vesicoesfincteriano
decorrente de problemas neurológicos, que se entende por bexiga neurogênica ou bexiga
reflexa. Normalmente, armazena-se urina em condições especiais e a solta sob o controle
voluntário, nos momentos oportunos. As condições especiais de armazenamento urinário
incluem reservatório com capacidade satisfatória para períodos adequados de autonomia,
baixa pressão de armazenamento que não comprometa os esvaziamentos ureterais, e ausência
de refluxo para os ureteres (MORITZ et al., 2005, p.5).
Dentre as alternativas para tratamento de bexiga neurogênica, apenas a sondagem
vesical de demora pode ser transitória. As outras formas podem ser definitivas, mas exigem
25
que o paciente aceite a perda urinária ou se adapte à realização do cateterismo vesical
intermitente. Este pode ser usado de forma temporária ou definitiva, com ampla aceitação
pelos pacientes e familiares. É necessário o uso de medicação profilática, nos primeiros meses
de cateterismo (MAGALHÃES; CHIOCHETTA, 2002, p. 9).
Vale ressaltar que a bexiga reflexa é potencialmente grave, pois promove perdas
urinárias frequentes, é acompanhada de altas pressões intravesicais causadas pela contração
vesical contra a resistência esfincteriana e persiste com resíduos urinários, devido ao
desaparecimento da contração vesical antes de seu esvaziamento total. Esse padrão de
disfunção miccional causa problemas pela perda urinária frequente e incontrolável. Havendo
consciência do fato e em presença de lesões parciais, há urgência miccional, sendo a tentativa
apressada de esvaziamento causa frequente de quedas e fraturas em idosos (BRUSCHINI,
2006, p. 87-88.).
26
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Esta pesquisa é qualitativa descritiva e exploratória. Para que os objetivos fossem
alcançados, utilizando como instrumentos de coleta de dados, questionário estruturado para
entrevista constituído de questões abertas e fechadas. O uso de múltiplas fontes visa, de
acordo com Vergara (2000, p. 46) conferir maior credibilidade ao estudo que se desenvolveu
em duas etapas principais: revisão bibliográfica e pesquisa de campo.
Segundo Lima-Costa e Barreto (2003 apud Meireles et al., 2007, p. 72) os estudos
qualitativos descritivos têm como objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições
relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar ou as características dos indivíduos. Podem
fazer uso de dados secundários, examinando a incidência ou a prevalência de uma doença ou
condição relacionada à saúde, a qual varia de acordo com determinadas características, como:
sexo, idade, escolaridade, renda, dentre outras.
A pesquisa exploratória, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, é o
estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à
realidade que se pretende conhecer. Uma das características da pesquisa exploratória refere-se
à especificidade das perguntas, o que é feito desde o começo da pesquisa, como única maneira
de abordagem (PIOVESAN; TEMPORINI, 1995, p. 319-321).
A pesquisa foi realizada na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga - Distrito Federal
(UMST). A ideia inicial foi realizar a pesquisa com oito idosos em uso de sonda suprapúbica,
no entanto, dois dos participantes foram excluídos. Um pesquisado era adulto com 28 anos, e
um idoso se recusou a assinar o termo de livre esclarecido.
Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de analise de conteúdo de Bardin 2009
tal procedimento nas áreas das ciências sociais, a história, a psiquiatria ou psicologia visa,
entre outras coisas ir além das estatísticas e das descrições. Há que passar para o campo das
interpretações e das inferências. A análise qualitativa permite fazer interpretações e
inferências.
27
3.2 LOCAL/PERÍODO
A coleta de dados foi realizada durante a consulta de Enfermagem no dia da troca da
sonda no ambulatório de sondagem do Centro de Referência a Saúde do Idoso do Distrito
Federal na UMST-DF. A inviabilidade das pesquisadoras em contato com a maioria dos
pacientes optou-se fazer a aplicação do instrumento na própria residência do idoso, devido à
dificuldade de agendamento na unidade de saúde ou de coletar os dados no mesmo dia da
troca da sonda vesical de demora suprapúbica. A pesquisa foi realizada, no período de agosto
a outubro de 2011.
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA
A população alvo foi composta por seis participantes, sendo quatro idosos com idade a
partir de 60 anos e dois adultos, incluídos por aproximação de idade, respectivamente com 57
e 58 anos. Todos estão em uso de sonda vesical suprapúbica, atendidos no ambulatório de
sondagem do Centro de Referência em Saúde do Idoso, da UMST-DF. Durante a pesquisa
todos serão considerados e chamados idosos.
3.3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Os critérios de inclusão dos sujeitos para participação no estudo foram: ter realizado
troca da sonda vesical suprapúbica no período estabelecido para a coleta de dados;
encontrarem-se na unidade selecionada; encontrar-se consciente, orientado e em condições de
responder às questões constantes do instrumento de coleta de dados; aceitar participar do
estudo; assinar termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com as recomendações
da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos (CONEP). Observados os critérios de inclusão, a amostra foi composta por oito
pacientes. Assim foram aceitos os indivíduos de ambos os sexos, que estão em uso de sonda
suprapúbica, com idade acima de 60 anos ou aproximada (entre 55 e 59), tendo em vista a
raridade dos casos, e que permitiram por livre consentimento participar da entrevista.
28
3.3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos os indivíduos com menos de 55 anos, idosos em uso de sondas
vesical de demora e indivíduos em uso de sonda suprapúbica que se recusaram a participar da
pesquisa ou em assinar o termo de consentimento livre esclarecido.
3.4 COLETA DE DADOS
Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturadas aplicadas aos idosos
com uso de sonda vesical suprapúbica, com questões fechadas e abertas utilizadas na
produção de dados relativos às características individuais: sexo e idade e perguntas
relacionadas ao cuidado e a convivência com a sonda suprapúbica, de forma individual com
gravação autorizada pelos sujeitos, possibilitando ao entrevistado fornecer dados sobre a
sondagem a que são submetidos onde cada idoso por meio de sua vivência pudesse relatar sua
experiência com a sonda suprapúbica (APÊNDICE A).
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
As questões abertas da entrevista (Apêndice A) de 1 a 3 são apresentadas de forma
direta após leitura simples dos dados, e as questões de 4 a 7 são analisadas por meio do
método de (BARDIN, 2009).
Segundo o método de Bardin (2009) a análise de conteúdo é um conjunto de
instrumentos metodológicos que se aplicam a discursos diversificados. É dividido em torno de
três polos cronológicos: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados,
inferência e interpretação (BARDIN, 2009).

Pré-análise: é a fase inicial de organização da pesquisa, que pode utilizar vários
procedimentos, tais como: leitura flutuante, hipóteses, objetivos e elaboração de
indicadores que fundamentem a interpretação;
29
 Exploração das informações: consiste nas operações de codificação, decomposição
ou enumeração dos dados;
 Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: é a categorização, que consiste
na classificação dos elementos segundo suas semelhanças e por diferenciação, com
posterior reagrupamento, em função de características comuns.
O primeiro nível para a análise de entrevistas, segundo Bardin (2009) consiste no
processo de decifração estrutural centrado em cada entrevista. Esta abordagem procura
compreender a partir do interior da fala realizar interpretações, atitudes e valores de uma
pessoa. Trata-se de uma atitude que exige esforço, não excluindo a intuição, na medida em
que, é necessário fazer uma abstração de si mesmo e das entrevistas anteriores. Após a
decifração de várias respostas, outras perguntas se acrescentarão por comparação. Para tal se
faz necessário uma leitura sintagmática (segue um encadeamento) e ao mesmo tempo
paradigmática (tem em mente o universo dos possíveis: isto não foi dito, mas podia tê-lo sido)
(BARDIN, 2009).
Para Bardin (2009) existem diferentes possibilidades analíticas:

Análise temática: o texto pode ser dividido em alguns temas principais;

Características associadas ao tema central: concentrar-se no tema geral de investigação
e buscar características associadas a esse tema nas entrevistas das pessoas;

Análise sequencial: a entrevista é dividida seqüencialmente. Consiste em enumerar as
frases de partida da entrevista; seu desenvolvimento; o aprofundamento do tema; estilo
e encerramento;

Análise das oposições: dois universos opostos;

Análise de enunciação: uma leitura da “maneira de dizer”, separada da leitura
temática, pode completar e aprofundar a análise;

O esqueleto da entrevista (estrutural e semântico): pode-se simplificar a complexidade
da entrevista por uma estrutura base.
Bardin (2009) apresenta seis técnicas de análise de conteúdo: análise categorial
(temática), de avaliação, de enunciação, análise proposicional do discurso, análise da
expressão e análise das relações.
30
No presente trabalho foi usada a análise temática onde se baseou em operações de
desmembramento do texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido
que constituem a comunicação, e posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa seguiu as orientações do Comitê de Ética da Fundação de
Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde (FEPECS), sendo aprovado mediante parecer Nº
0158/2011 (Anexo A). Teve como base a resolução do conselho nacional de saúde (CNS/MS)
Nº196/96 que dispõe as diretrizes e normas em pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil.
Esta pesquisa seguiu o cronograma de atividades da pesquisa mostrado no (Anexo B).
Antes da coleta de dados foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre
esclarecido (Anexo C), em duas vias, uma destinada aos participantes e a outra retirada para o
projeto. Durante a abordagem foi esclarecido que o entrevistado usufruía da liberdade de
recusar-se a participar ou retirar seu termo de consentimento, em qualquer fase da pesquisa,
sem penalização alguma ou prejuízo a sua pessoa. No instrumento utilizado não consta a
identificação pessoal mantendo a identidade preservada.
Ao final da pesquisa, os resultados serão apresentados para docentes e acadêmicos de
Enfermagem da Universidade Católica de Brasília visando um maior esclarecimento sobre os
cuidados de enfermagem em pacientes idosos com uso de Sonda Suprapúbica.
31
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
4.1CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM SAÚDE
Conforme Júlio (2006) no ano de 1980 houve uma reformulação nas políticas dos
postos de atendimento do então órgão responsável pela previdência social; o Instituto
Nacional de Previdência Social (INAMPS) o qual transferiu para as Secretarias de Estado de
Saúde o gerenciamento dos atendimentos. Esse dado está respaldado pelas seguintes leis:

Lei Nº. 233 de 15 de Janeiro de 1992 dispõe sobre a implantação de Ambulatórios e
Clínicas Geriátricas na Rede Hospitalar do Distrito Federal;

Lei Nº. 1.548 de 15 de Julho de 1997 dispõe sobre o atendimento prioritário aos idosos
nos centros de saúde do Distrito Federal;

Lei Nº. 2.282, de 07 de Janeiro de 1999; institui o Programa de Assistência MédicoGeriátrica a Idosos, nos Centros Comunitários de Idosos do Distrito Federal;

Lei Nº. 2.009 de 23 de julho de 1998 cria o Cartão Facilitador da Saúde para
atendimento aos idosos na rede do Sistema Único de Saúde - SUS - do Distrito
Federal.
O mesmo autor op. cit. (2006) cita que o processo de reformulação do Distrito Federal
foi progressivo com os postos de atendimento buscando adaptação aos novos programas e
serviços impostos pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
O Pronto Atendimento Médico (PAM) recebeu novo nome passando a denominar-se
Policlínica. Essa instituição presta importante serviços, não somente à cidade onde está
situada como também às cidades vizinhas: Ceilândia; Samambaia; Recanto das Emas,
Brazlândia e cidades do entorno. Taguatinga é tida como a cidade satélite que mais cresce no
DF, sendo uma região considerada independente, pois possui o próprio comércio, indústrias,
bem como hospitais (JÚLIO, 2006).
A Unidade Mista de Saúde de Taguatinga - Distrito Federal (UMST-DF), embora a
comunidade ainda se refira a ela como Policlínica; desenvolve diversos programas de saúde
dentre eles destaca-se o Programa de Atenção à Saúde do Idoso o qual recebeu status de
32
serviço de referência de atendimento em geriatria e gerontologia há mais de 2 anos (JÚLIO,
2006).
Segundo Júlio Duarte em reportagem ao portal da Secretaria de Estado de Saúde do
Distrito Federal, na Unidade Mista o atendimento é integral. Por meio de uma equipe
multiprofissional a equipe se reúne uma vez por semana para discutir as doenças crônicas e os
problemas dos pacientes que justifiquem uma atenção especial (JÚLIO, 2006).
O Centro de Referência em Geriatria visa promover a saúde do idoso, manter a sua
independência e assim tornar o seu convívio no lar mais agradável e evitar a sua internação
em hospitais ou casas de apoio ao idoso. Há aproximadamente dois anos a unidade conta com
o ambulatório de sondagem vesical o que é de grande valia para os idosos visando que estes
merecem uma atenção redobrada, e um atendimento, mas eficaz, que proporcione conforto e
bem-estar (JÚLIO, 2006).
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E DESCRIÇÃO DOS IDOSOS
Inicialmente a amostra foi composta por oito participantes sendo excluídos dois
indivíduos, totalizando ao final da pesquisa seis idosos. Todos do sexo masculino, sendo
quatro idosos jovens (entre 60 e 66 anos) e dois adultos com 57 e 58 anos respectivamente,
que foram incluídos pela proximidade da idade.
Já era esperado durante a pesquisa um maior número de indivíduos do sexo masculino
tendo em vista que estes dados estão coerentes com a afirmação na literatura, que há número
elevado de homens a partir dos 60 anos de idade que apresentam problemas relacionados à
próstata. Apesar de a literatura apresentar o maior índice de incontinência urinária em
mulheres este fator não é relevante para a SVSP, explicando-se pelo fato desta poder ser
reversível pelas cirurgias, como afirma Castro et. al., (2006), já foram descritos
aproximadamente 100 técnicas cirúrgicas para a correção da incontinência urinária de esforço.
Atualmente, as técnicas de eleição têm índices de cura acima de 80%.
Todos os idosos desta pesquisa fazem uso de sonda vesical de demora suprapúbica por
um período menor que dois anos. O tempo de uso entre os pesquisados variou entre (110 dias,
12 meses, 15 meses, 18 meses e 24 meses), apenas um idoso faz uso prolongado da sonda, 24
anos. Estes dados diferem da literatura, visto ser comum o uso prolongado da sonda
suprapúbica. Acredita-se que isso ocorra pelo fato da rotatividade dos indivíduos no serviço na
UMST-DF. Durante a pesquisa dos 15 indivíduos listados, três idosos haviam feito reversão,
33
três haviam mudado o local de troca e um não foi possível contato. A descrição mais detalhada
se encontra no (APÊNDICE B).
Brunner (2009) e Nettina (2003) explicam a periodicidade dessa sonda. O cateterismo
suprapúbico pode constituir uma medida temporária para desviar o fluxo da urina da uretra
quando a via uretral não tem passagem (devido a lesões, estenoses, obstrução prostática),
depois de cirúrgica ginecológica ou outra cirurgia abdominal, quando é provável a ocorrência
da disfunção vesical, e ocasionalmente, depois das fraturas pélvicas. As sondas suprapúbicas
também podem ser usadas em uma base em longo prazo para mulheres com destruição uretral
secundária às sondas uretrais de demora.
Os mesmos autores op.cit.(2003) relatam que a drenagem através do cateterismo
suprapúbico pode ser mantida continuamente durante várias semanas, o cateter suprapúbico
geralmente permanece no local até que o paciente possa urinar com sucesso.
4.3 RELATOS DOS IDOSOS QUANTO AOS CUIDADOS COM A MANIPULAÇÃO DA
SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA
Os relatos dos idosos pesquisados foram colhidos de maneira informal e simples, cada
um o seu modo apresentou suas limitações com poucas palavras, alguns se mostraram até
mesmo tímidos ou tinham vergonha de falar. Já era esperada a vergonha em se expor, visto se
tratar de um tipo de sondagem muito próximo da região genital, além do fato de serem idosos
do sexo masculino e as entrevistadoras serem mulheres.
Todos os idosos fazem a higiene das mãos e o indivíduo 2 reforça que lava as mãos
antes e após manipular a sonda. A maioria (quatro indivíduos) lava a extensão da sonda com
água e sabão durante o banho.
Quanto aos relatos do cuidado com ingestão hídrica, a maioria dos indivíduos (quatro)
relatam fazer uma ingestão hídrica abundante apenas o indivíduo 1 não cita ingestão hídrica
como um cuidado. Apresentado no quadro 1.
34
CATEGORIAS
SUBCATEGORIAS
EXPRESSÕES
DEFINIDORAS
Idoso nº 1 “Eu lavo
bem as mãos, porque
tenho
medo
de
contaminar e ter uma
infecção”.

Risco de infecção
Diminui o risco de
infecção

Contato com secreção e
excreção corporal
Manter higiene
corporal após contato
com a urina
Idoso nº 4 “Eu lavo
bem as mãos porque
tenho
nojo
da
secreção”.
Higiene das mãos
Ingestão hídrica
VERBALIZAÇÕES
(EXEMPLOS)

(Sonda) Material
contaminado
Evitar contato com a
sonda
Idoso nº 2 “Vejo a
sonda
como
um
material contaminado
por isso todas as vezes
que toco nela lavo
minhas mãos”.

Evitar obstrução da sonda
por presença de grumos
Não entupir a sonda
Idoso nº 3 “Sempre
dou uma conferida no
cateter
antes
de
deitar”.

Melhorar o aspecto da
urina e diminuir infecção

Higiene Pessoal
Lavagem da extensão da
sonda durante o banho
Esvaziar a bolsa em
tempo regular, quando
estiver cheia.
Manter a sonda com
aspecto limpo
Idoso nº 2 “Sempre
esvazio a bolsa”.
Indivíduo
nº.
6
“quando saio de casa
fico atento para ver se
ela não enche”.
Idoso nº 6 “Lavo a
extensão da sonda
durante
o
banho,
porque não tem como
não lavar, e acho mais
higiênico”.
Quadros 1 - Cuidados do idoso com a manipulação da SVSP
Os idosos apontaram como principais cuidados com manipulação da SVSP a lavagem
das mãos, a ingesta hídrica e a lavagem da extensão da sonda durante o banho. Outros
cuidados, entretanto devem ser evidenciados pela enfermagem na abordagem ao idoso, como:
35
não desconectar o sistema fechado do coletor, não reinserir a sonda caso a mesma saia, seguir
o tempo de troca recomendados pela enfermagem e realizar a técnica asséptica durante o
procedimento. Apenas os cuidados necessários foram citados, talvez esse fato seja explicável,
pela falta de assimilação de informações, estas prestadas pela enfermagem nos primeiros
contatos com o idoso que faz uso da SVSP.
Quatro idosos da pesquisa fazem uso da bolsa coletora sistema fechado, exceto dois
idosos que usam tubete (tubo de anestesia de lidocaína usado por dentistas) de forma
improvisada, sabendo que o tubete causa maior mobilidade e conforto ao paciente que faz uso
prolongado de SVSP. Vale ressaltar que esses dois idosos têm o maior tempo de uso da sonda
suprapúbica. O indivíduo 4 ainda cita como cuidado o fato de esvaziar a bexiga com
frequência. Já o idoso 3 reforça a importância de deixar o orifício sempre tampado, visto que
o mesmo é cadeirante. E o idoso 1 mantém a bolsa sempre abaixo da cintura.
Sabe-se que a higiene é fundamental para a promoção de saúde e bem-estar
independentemente do estado em que um indivíduo se encontre, isto é, esteja ele saudável ou
não. No caso específico do uso da sonda vesical suprapúbica a higiene é primordial. O risco
de infecção é reduzido quando o procedimento é cuidado com bons hábitos de higiene como
lavar as mãos.
De acordo com Tipple et. al., (2010) as mãos possuem a capacidade de abrigar
microrganismos e transferi-los de uma superfície a outra. Assim, a adoção de medidas como a
higienização das mãos com a água e sabão líquido ou pelo uso do álcool a 70% possui
comprovadamente alta eficácia na prevenção e controle de infecções.
A higienização das mãos surge como a mais simples e mais importante medida na
prevenção da infecção nosocomial. Se feita corretamente, remove os microrganismos
transitórios adquiridos no contato com a sonda. É uma conduta de baixo custo e de grande
valor para a realidade. Deve ser um hábito, mas sua adesão é um desafio (SOUZA, 2007).
Quanto à limpeza da sonda e do orifício da cistostomia esta deve ser estimulada,
segundo Smeltzer (2005) para higienização nesta região deve ser realizada lavagem delicada
com água e sabão durante o banho diário. Estes cuidados ajudam a diminuir o risco de
ocorrência de pressão e tração que podem ter como consequência traumas, infecção,
sangramento.
No que diz respeito à ingestão hídrica do paciente com sonda vesical, Hendricks
(2006) afirma que a ingestão hídrica de 30 ml/kg de peso é atualmente recomendada (a não
ser que os problemas individuais de saúde do paciente imponham restrições), pois este
volume permitirá uma eliminação urinária diária de aproximadamente 1.500 a 2.000 ml em 24
36
horas. Este volume de saída auxilia a manter a urina diluída e ajuda a diminuir incrustações
que possam aparecer no cateter.
O mesmo autor op. cit. (2006) relata ainda que a eliminação urinária adequada possa
auxiliar a diminuir a formação de cálculos e o desenvolvimento de infecções urinárias
associadas ao cateter. Por exemplo, o trato urinário, devido ao funcionamento anormal da
bexiga e a constante manipulação dos cateterismos, apresentam episódios de distensão vesical
e alteração das características da urina, que adquire aspecto turvo devido aos sedimentos
provocados pela infecção.
Pode requerer para seu esvaziamento, a utilização de manobras específicas não
invasivas, como a estimulação suprapúbica (estimulação digital por leves toques com as
pontas dos dedos na região suprapúbica), Credê (compressão em baixo ventre com a mão
espalmada ou fechada), Valsalva (inspiração profunda seguida de expiração forçada, o que
aumenta a pressão intrabdominal), de acordo com a presença ou ausência de atividade vesical
reflexa. É bom lembrar que tais estímulos sensitivos induzem ao esvaziamento vesical
incompleto e sem o controle do paciente (HENDRICKS, 2006).
Mahan (2010) diz que o hábito de ingerir entre dois e três litros de líquido por dia
aumenta o débito urinário e contribui para a prevenção de infecções do trato urinário. Antes
de dormir e uma hora após cada refeição (café da manhã, almoço ou jantar), o esvaziamento
da bexiga deve ser viabilizado.
A falta de ingestão hídrica é relatada pela literatura como fator de risco para
infecção, observa-se pelos dados obtidos na pesquisa que os participantes têm conhecimento
sobre a importância da ingestão hídrica sabendo estes da necessidade relacionada ao volume
de líquidos a ser ingerido, denotam uma deficiência de adesão apenas no início da inserção do
cateter.
37
CATEGORIA
Nenhum constrangimento
e
Convivência ruim
Constrangimento
e
Convivência parcial
Constrangimento
e
Boa convivência
Nenhum constrangimento
e
Boa convivência
SUBCATEGORIA

Não ter
vergonha
EXPRESSÕES
DEFINIDORAS
Incomodado
VERBALIZAÇÕES
(EXEMPLOS)
Idoso nº 1 “Não me sinto
constrangido pelo fato de
ter que usar a sonda. Mais
minha convivência é ruim
não me sinto a vontade”.
Idoso nº 2 “Nunca tive
constrangimento,
mas
minha convivência é ruim
fico muito incomodado”.


Sentir-se
envergonhado
Necessidade do
uso

Aceitação da
sonda
Conformado
Idoso nº 3 “Me sinto
muito constrangido não
deixo ninguém ver a sonda
pendurada
na
minha
barriga, eu convivo é
parcial nem boa nem ruim
com ela”.
Adaptado
Idoso nº 4 “Me sinto muito
constrangido tenho muita
vergonha,
mas
minha
convivência é boa porque
sei que é necessário”.
Sensação de bem estar
Idoso nº 6 “Não tenho
nenhum constrangimento
por usar a sonda, e minha
convivência é boa”.
Quadro 2 - Verificação da percepção: Quanto aos constrangimentos e a convivência dos idosos em relação ao
uso de Sonda Vesical de demora Suprapúbica (SVSP).
Durante a entrevista cada um dos participantes foi revelando as dificuldades pelas
quais passavam, e passada a timidez inicial foram revelando seus sentimentos em relação ao
uso da sonda. Foi possível perceber sentimentos como: frustração, incômodo, tristeza e
conformação.
38
Quanto à percepção dos idosos em relação ao uso da sonda SVSP foi variável, não
houve a predominância do constrangimento e nem da ruim convivência. Talvez por serem
idosos, os mesmos acabam por se adaptar ou se conformar com a situação do uso prolongado
da sonda.
Para Napoleão (2009, p. 287) os pacientes que passam por uma cirurgia geniturinária
podem apresentar várias reações, como sentimento de medo, vergonha, desamparo,
hostilidade, raiva e tristeza. Supõe-se que as expectativas em relação ao que poderá ocorrer e
as dúvidas em relação ao autocuidado contribuam para a ocorrência ou exacerbação destas
reações.
A autora ressalta que a equipe de enfermagem possui um importante papel no sentido
de atenuar essas reações, com uma atuação voltada para o provimento de informações, ensino
do autocuidado ao paciente e família, acompanhamento do paciente, encaminhamentos a
outros profissionais em momento oportuno.
As complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da SVSP foram questionadas
com intenção de se saber quais são as mais evidenciadas e com isso poder elaborar um folheto
informativo contendo importantes informações para os idosos na prevenção de complicações
com o uso da SVSP este será disponibilizado na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga,
como forma de contribuição da pesquisa para a unidade (APÊNDICE C).
39
CATEGORIA
EXPRESSÕES
SUBCATEGORIA
Infecções recorrentes

Uso constante de
medicamento

Sinais e sintomas
de infecção

Infecção Urinária
Infecção pelo tempo
prolongado da troca da
Sonda.

Falta de ingestão
hídrica
VERBALIZAÇÕES (EXEMPLOS)
DEFINIDORAS

Idoso nº 5 “Eu tive varias infecções. Tive
que fazer urocultura quinzenalmente e usei
muitos medicamentos, tinha muito mal estar
quando a infecção me atacava”.
Idoso nº 6 “Quando eu coloquei a sonda
perdi as contas de quantas vezes tive
infecção à urina mudava a cor e o cheiro e
me dava febre”.
Idoso nº 4 “Tive muita dificuldade para
trocar a sonda pela minha debilidade e por
precisar da ajuda de alguém pra ir até um
Falta de assistência posto de saúde, minha esposa cuida de mim,
dos profissionais
mas me levar no posto é difícil pra ela, tenho
ou de recursos
que esperar meu filho ficar de folga para me
materiais.
levar. Ele me levou em todos os postos aqui
perto, mas não foi trocada, a gente teve que
ir a um posto de outra cidade ai deu certo”.
Falta de suporte
Idoso nº 5 “Deixei passar mais de 30 dias
familiar.
para trocar a sonda pela falta de atendimento
do posto de saúde próximo e pela demora de
atendimento do hospital. Consegui no posto
perto do meu trabalho”.
Infecção
decorrente da
Falta de ingestão
hídrica.
Idoso nº 3 “Quando comecei usar sonda eu
não tinha costume de beber água, mesmo
tendo orientações de que deveria beber
muita água, eu tomava de pouco em pouco e
por isso tive infecções, mas quando comecei
a tomar água direito nunca mais tive nada”.
Indivíduo nº 2 “Se eu não beber muita água
eu sei que mais na frente eu vou ter infecção,
às vezes eu me esqueço e fico dois três dias
sem beber água ai já me sinto mal’’.
Quadro 3 - Complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da (SVSP).
Em abordagens aos pacientes submetidos ao uso de sonda, observou-se a falta de
adesão dos idosos no inicio da cateterização, a necessidade do ensino quanto aos cuidados
com o cateter urinário, sinais de complicação e conduta diante dos mesmos. Foi possível
40
verificar que as dificuldades financeiras, assistência ineficiente da família e falta de
assistência profissional ou recursos materiais foram tidas como as causas do tempo
prolongado para a troca.
Embora não tenha sido abordado entre os pesquisados o assunto acerca do
conhecimento dos familiares quanto ao cuidado, identifica-se a necessidade desta abordagem
para que o plano de cuidados dos pacientes responda mais adequadamente às necessidades
dos mesmos.
Segundo Potter (2009) um cuidado de enfermagem de alta qualidade é essencial no
tratamento do idoso. Quando os idosos se tornam dependentes de outros para o cuidado
pessoal, a manutenção de sua saúde urinária entra no domínio da prática de enfermagem.
Quanto ao problema das infecções os pesquisados, em sua simplicidade de
entendimento colocam suas preocupações de forma generalizada, para eles o uso de
medicamento é a solução mais fácil. Dois indivíduos acreditam que a demora da troca é o
maior fator de infecções.
No entanto não há um período preestabelecido para a troca do cateter vesical e não se
recomenda sua troca em intervalos fixos. O ideal é que se faça uma avaliação constante de sua
necessidade, a fim de se detectar sinais que indiquem sua troca, como: formação de resíduos,
vigência de sepsis, febre de origem desconhecida, obstrução da luz do cateter ou tubo coletor;
suspeita ou evidências de incrustações no lúmen do cateter, contaminação do cateter por
técnica inapropriada na instalação ou no manuseio, desconexão acidental do cateter com o
tubo coletor, mau funcionamento, deterioração do cateter, tubo ou saco coletor e finalmente
piúria visível. É importante lembrar que deve ser trocado todo o sistema, ou seja, cateter, tubo
e saco coletor (SOUZA, 2007, p.734).
É de responsabilidade de o enfermeiro orientar os indivíduos em uso de sonda SVSP
sobre a manipulação do cateter para evitar possíveis traumas devido à falta de conhecimento
sobre sua manipulação.
Recomenda-se ao paciente e a sua família, que se faça o registro da ingesta hídrica, do
padrão miccional, da quantidade, do aspecto da urina e também de quaisquer sensações
sistêmicas incomuns que estiverem ocorrendo.
Pode-se concluir que a abordagem por diagnósticos de enfermagem junto aos
pacientes em uso de sonda vesical suprapúbica pode oferecer um embasamento eficiente para
que sejam elaborados planos de cuidados enfatizando o relevante papel que a enfermagem
possui junto a estes pacientes em relação aos cuidados específicos com a sondagem vesical
supraúbica.
41
Conclui-se que com este estudo foi possível discutir o conhecimento dos cuidados dos
idosos que fazem uso de SVSP e tudo aquilo que a mesma representa para os sujeitos que a
vivencia.
4.4 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DA SONDAGEM VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP)
Esta técnica é de execução relativamente complexa, suas dificuldades não devem ser
subestimadas, pois qualquer insucesso pode resultar em um ferimento vesical extraperitoneal.
Para realização da cateterização vesical suprapúbico é importante que se tenha bastante
cuidado. Primeiro orientar o paciente quanto ao procedimento, lavar as mãos, reunir todo o
material, colocar um biombo para manter a privacidade do idoso, deixá-lo numa posição
confortável, realizar a aplicação correta da técnica asséptica, higienizar o orifício da
cistostomia (é uma conexão criada cirurgicamente entre a bexiga urinária e a pele), utilizando
luvas estéreis. Por sua vez, os antissépticos, utilizados modernamente, são a clorhexidina e o
iodopolividona em solução não alcoólica dergermante ou tópico (CAMARA, 2009).
Para uma adequada assépcia, ao nível do orifício é necessária uma manobra com
ambas as mãos com auxílio de gazes e pinça esterilizada. Todo o material a ser utilizado
durante o procedimento deve estar disponível em mesa auxiliar, com campo estéril. É
desejável se necessário à participação de um auxiliar de enfermagem. Deve-se dispor no
recinto sondas de outros números (ROSSI, 2008).
Os cateteres de Foley são um tipo de sonda de demora, que por disporem de um balão
em sua extremidade, ficam retidas enquanto necessário. Esse balão tem uma capacidade
máxima inscrita na sonda em ml (5, 15, 30 ou 45), o ideal é que a sonda seja dois números
abaixo do diâmetro interno: o motivo é que os tecidos ocuparão parte da luz do mesmo e
dificultarão a passagem se o número for muito próximo ao do diâmetro interno. Para ser
insuflado, é necessário utilizar uma seringa cujo bico seja liso e sem rosca para ser encaixada
na válvula da via do balão. Este deve ser previamente testado, quanto à possibilidade de ser
inflado, desinflado e quanto a vazamentos (CAMARA, 2009).
O campo, seringas, sistema de drenagem fechado, gazes serão obrigatoriamente
estéreis. Utilizar seringa compatível com o volume inserido no balão. Após colocação de
campo fenestrado a etapa seguinte será a aplicação do anestésico, no orifício, e comunicar ao
paciente que vai introduzir a sonda (ROSSI, 2008).
42
Deve merecer destaque a recomendação para que se mantenha a sonda nova enrolada
em uma das mãos e a do orifício na outra, de tal modo que a mão que retira a sonda do
orifício não toque na nova, e vice-versa. Durante a passagem do cateter, é seguro que retire
rapidamente cateter anterior e introduza um novo cateter, de forma que não lesione o orifício
da cistostomia (CAMARA, 2009).
O mesmo autor op. cit., (2009) completada a técnica do exemplo descrito, deve-se
retirar o campo fenestrado, e conectar o coletor de urina com válvula e sistema fechado. A
saída do coletor deve ser previamente fechada. Para permitir adequada fixação da sonda, fixase no abdome, com esparadrapo, para evitar uma tração ocasionada pelo peso da sonda,
extensão, coletor, e da própria urina, sobre o colo vesical. Isso consiste em profilaxia de
estenose uretral, fístulas e divertículos.
A sonda após introdução deve progredir suavemente, até seu final, quando então será
inflado o balão. Discreta resistência ao nível do esfíncter pode significar um espasmo do
mesmo que costuma desaparecer quando o paciente consegue relaxar ou após pressão suave
do cateter por alguns instantes (CAMARA, 2009).
O mesmo autor op. cit., (2009) reforça que para anestesia será necessária à utilização
de lidocaína hidrossolúvel. Infelizmente, a maioria dos produtos industrializados com esse
fim não dispõe de embalagem totalmente estéril. Usualmente, após antissepsia do lacre de
alumínio do tubo e da ponta cônica localizada na parte externa da tampa, um auxiliar
comprime o tubo, após desprezar o jato inicial do anestésico. E importante que se “anestesie”
apenas a sonda.
Rossi (2008) cita que ao insuflar o balão utiliza-se água destilada, por ser preferível ao
soro fisiológico. O receio é que a cristalização na via do balão cause obstrução. O volume a
ser utilizado deve sempre ser o menor possível, uma vez que quanto mais líquido em seu
interior, menos eficiente será a drenagem vesical, pois os orifícios de drenagem estarão mais
distantes do colo vesical. O volume usual é de 5 ml. Enquanto que em pacientes com
prostatectomia transvesical, o volume será determinado na hora conforme a necessidade e as
dimensões prostáticas. Quando o idoso estiver agitado ou em confusão mental e remover o
cateter por tração violenta, ocorrerá trauma vesical, seja qual for o volume do balão.
O mesmo autor op. cit., (2008) informa que o fato intrigante para profissionais
inexperientes é o que ocorre ao se realizar sondagem suprapúbica em paciente com retenção
urinária, que ao ser insuflado o balão, a urina não flui pela sonda. A razão é, evidentemente, a
obstrução da luz do cateter pelo anestésico tópico. Para resolver este problema basta que se
43
aspire ao interior da sonda com a seringa ou se pressione o hipogástrio, ou mesmo que se
solicite ao paciente uma manobra de esforço.
Rossi (2008) complementa que os cateteres vesicais de demora devem ser substituídos
conforme a avaliação do enfermeiro ou médico capacitado. A permanência por tempo
excessivo pode causar a incrustação de cristais. Erro comum é a elevação do coletor acima do
púbis, o que produz refluxo da urina; conquanto exista a válvula na entrada do coletor, é
notório que os pacientes sondados sintam desconforto vesical, quando o mesmo é elevado,
pelo retorno da urina contida na extensão, cuja conexão a sonda não contém válvula. Por
vezes o próprio paciente senta-se sobre o coletor ou o eleva inadvertidamente.
O mesmo autor op. cit., (2008) afirma que nunca se deve clampear uma sonda de
Foley incluindo a via do balão, pois se a borracha ficar grudada dificultará seu esvaziamento.
Para a retirada de um cateter de Foley, deve-se esvaziar o balão, introduzindo-se a
extremidade de uma seringa sem rosca, na válvula da via do balão, e removendo todo seu
conteúdo. A tração suave da sonda permitirá sua saída sem qualquer desconforto. Se houver
dor ou resistência, o balão deve conter ainda algum volume.
Quando um balão não esvaziar, há vários procedimentos que podem ser realizados.
Inicialmente, deve-se rodar a sonda em seu eixo longitudinal e repetir a utilização da seringa.
A hiperdistensão também deve ser abandonada por risco de lesão vesical. Quando a sonda for
finalmente removida deve-se conferir se o balão está completo para que não tenha restado
algum fragmento dentro da bexiga que se torne núcleo de cálculo. Deve-se anotar o
procedimento no prontuário (ROSSI, 2008).
O conhecimento dos cuidados de enfermagem e da técnica detalhada da troca da SVSP
pelos enfermeiros se faz necessária, visto aumentarem o risco de complicações para esses
idosos em uso de SVSP e seus familiares sobre a prevenção das complicações do uso da
sonda, todas às vezes durante a troca e não apenas em uma única consulta. Os materiais
necessários para a sondagem vesical suprapúbica estão descritos no (APÊNDICE D).
4.5 DESCRIÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM IDOSOS EM USO DE
SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA( SVSP)
Os cuidados de Enfermagem para os idosos em uso de Sonda Vesical Suprapúbica,
não é limitado sabendo que na sua maioria os idosos requerem uma atenção redobrada, devido
aos problemas decorrentes do próprio envelhecimento. O acolhimento ao idoso é o primeiro
44
cuidado, a ser realizado visando entender as suas limitações, o idoso que se sente acolhido
pela equipe de enfermagem provavelmente terá uma boa adesão a SVSP.
O enfermeiro como profissional responsável pela coordenação da equipe de
enfermagem, implantação de normas e rotinas ao serviço e a otimização do cuidado por meio
da implementação da educação em serviço, como afirma Souza et al. (2007) deve buscar
meios que tornem reais os cuidados direcionados a estes idosos.
Os cuidados com a sonda devem ser seguidos rigorosamente sem alterar nenhuma
etapa. Segundo Monteiro e Santana (2006) antes da primeira troca da SVSP, que deve ser
feita pelo profissional médico ou enfermeiro treinado, são necessários que já exista um trajeto
formado entre a bexiga e apele do abdome o que ocorre entre dez dias até quatro semanas, a
partir do dia da cirurgia (Cistostomia). Sendo obrigatório o respeito à técnica asséptica, a fim
de diminuir os riscos de contaminação do trato urinário.
É dever do enfermeiro também verificar a prescrição do procedimento do prontuário
médico explicar o procedimento ao paciente e a sua finalidade. Ele deve perguntar ao paciente
a respeito de alergias a látex ou iodo antes de começar o procedimento promover a
privacidade do paciente colocando biombos envoltos do leito, fechando cortinas e portas
fornecendo boa iluminação (MOTTA, et al., 2011, p. 117).
Segundo Souza (2007) vale ressaltar que a prevenção de complicações decorrentes da
inserção de um cateter vesical, de um modo geral, está nas mãos do enfermeiro e se inicia a
partir da decisão pela cateterização, o uso de luvas esterilizadas e a adoção de rigorosa técnica
asséptica devem ser observados sempre na realização de um cateterismo, passando pela
escolha do cateter, do material e numeração ideais, inserção habilidosa, garantia de uma
fixação correta, evitando peso excessivo na bolsa de drenagem e prevenindo a retirada ou
tração acidental do mesmo.
Segundo Timby e Smith (2005) esse procedimento requer atenção; incluindo a
limpeza e troca da sonda cuidadosa do meato uretral ou do local da cistostomia e da porção
proximal do cateter, a manutenção da integralidade do sistema de drenagem fechado, a
fixação adequada do tubo para evitar a tensão e promover a drenagem e alterações
programadas da sonda e do sistema de drenagem de acordo com as normas do serviço.
O autor ainda alerta que na inserção de uma sonda de demora sempre utilizar técnica
asséptica na cistostomia, é preciso que se faça o teste com balão; que se lubrifique a sonda
com hidrossolúvel estéril. Ante a resistência, jamais se deve forçar a sonda. Jamais reinserir
uma sonda de demora que é deslocada acidentalmente, substitui-la por uma nova sonda
estéril. Os cateteres são conectados a um sistema de drenagem fechado e estéril; manter a
45
bolsa de drenagem abaixo no nível da sonda. Trocar as sondas uretrais e de demora de acordo
com a ordem médica ou as normas do serviço.
A maioria dos profissionais utiliza o campo fenestrado aberto (pano esterilizado com
orifício, próprio para a sondagem.), sabe-se que o mesmo assegura a assepsia da técnica e
facilita a sua retirada após a instalação do sistema fechado (SOUZA, 2007).
O teste do balonete visa confirmar sua integridade, evitando a saída acidental do
cateter, com necessidade de nova cateterização. Ressalta-se a possibilidade de trauma quando
o balão é parcialmente preenchido, impedindo a posição ereta do cateter, fazendo com que a
ponta do mesmo fique encurvada, possibilitando lesão na mucosa (SOUZA, 2007, p. 730).
São cinco os principais cuidados do profissional enfermeiro com a cistostomia:
proteger o orifício da cistostomia com gaze seca antes da cicatrização da ferida; lavar, pós a
cicatrização, o sítio de inserção com sabão antisséptico e água, preferencialmente duas vezes
ao dia; evitar talcos, cremes e sabão perfumados; fazer a limpeza do cateter no sentido oposto
ao sítio de inserção; lavar sempre as mãos e usar luvas esterilizadas antes de manipular o
cateter. O intervalo usual entre as trocas é de quatro até dez semanas, despendendo do
paciente, do tipo de cateter e do protocolo do serviço. Existem, no comércio, vários tipos de
cateter, que se diferem, principalmente, em relação ao tipo de material utilizado na sua
fabricação, o que determina maior ou menor período entre as trocas (MONTEIRO;
SANTANA, 2006).
Smeltzer e Bare (2005) afirmam que o enfermeiro que executa o procedimento de
cateterização é responsável por avaliar o sistema de drenagem urinária e a identificação de
sinais e sintomas de infecção do trato urinário.
Após o procedimento o enfermeiro deve registrar as intercorrências ocorridas, o
número o volume de diurese drenada, sua coloração e a presença de sedimentos contidos nela
na quantidade de líquidos para insuflar o balão (MOTTA et al., 2011, p. 116).
Os idosos em uso de sonda suprapúbica devem ser orientados quanto aos cuidados que
precisam ter. Para que não existam complicações os enfermeiros devem estimular o
autocuidado ensinando passo a passo, a fim de desenvolver um trabalho em parceria com o
idoso.
Considera-se que o autocuidado deve ser abordado de maneira criativa e dinâmica,
principalmente com a população idosa, ponderando que o aspecto cognitivo/perceptivo está
sujeito a alterações significativas decorrentes do processo de envelhecimento (BUB et al.,
2006).
46
O autocuidado é uma atividade realizada pelo indivíduo em beneficio próprio, visando
o bem estar biopsicossocial e concomitantemente à promoção da saúde. Além disso, as ações
de autocuidado são voluntárias e intencionais, que envolvem a tomada de decisões e possui o
propósito de assegurar a integridade estrutural, o funcionamento e o desenvolvimento humano
(BUB et al., 2006, p. 80).
4.6 ALERTA SOBRE POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA SONDAGEM VESICAL
SUPRAPÚBICA (SVSP)
A ciência da enfermagem está baseada em uma ampla estrutura teórica, e o processo
de enfermagem é uma das ferramentas por meio do qual essa estrutura é aplicada à prática da
na enfermagem, ou seja, é o método de solução dos problemas do idoso (SAE, 2008). Ao
enfermeiro cabe o processo de sistematização da assistência especialmente se tratando do
idoso em uso de SVSP.
O NANDA (2009-2011) trás o domínio 3 que trata sobre eliminação troca, trazendo
diagnósticos como: incontinência urinária prejudicada e retenção nominaria.
Nos idosos os alertas para as complicações são relevantes devido às alterações
fisiológicas que estes apresentam necessitando de atenção redobrada por parte do enfermeiro.
Os idosos muitas vezes não apresentam sintomas visto que fisiologicamente o corpo do idoso
muitas vezes apresenta-se diferente cabendo o enfermeiro detectar todas as possíveis
alterações que resultarão em uma complicação e até na morte (PITTA, 2008).
Um alerta é a desidratação, os idosos desidratam com muita facilidade pelo fato de não
se lembrarem de que precisam tomar líquidos. Geralmente a desidratação apresenta sintomas
como fraqueza e indisposição para a realização das tarefas do dia a dia; dores de cabeça;
tonturas; boca seca; diminuição do volume de urina, tornando-se de cor amarela escura e de
cheiro forte. A desidratação, e as infecções, devem ser observadas no idoso com uso da SVSP
já que esta apresenta outros sintomas (LENS, 2006).
Krause (2005) a água é responsável por aproximadamente 50% do peso de uma pessoa
idosa, que é 10% menor do que o peso de um adulto jovem. A diminuição está associada a
uma diminuição correspondente na massa corporal magra. A sensação de sede, a ingestão de
fluidos e a função renal são reduzidas e a incontinência urinária aumenta o risco de
desidratação.
47
Com relação às infecções apresentadas no idoso estas muitas vezes são silenciosas
cabendo ao enfermeiro uma identificação precoce, devido a um declínio relacionado à idade
no funcionamento do sistema imunológico, chamado envelhecimento imune, aumenta à
suscetibilidade do corpo a infecção e letífica a resposta imune global (POTTER, 2009).
De acordo com Potter (2009) os idosos são menos capazes de produzir linfócitos para
combater desafios ao sistema imune, quando anticorpos são produzidos, a duração da sua
resposta é mais curta e menos células são produzidas.
Os alertas relacionados às sondagens vesicais no âmbito geral, que é uma atividade
exercida pelos enfermeiros, como aparentemente uma técnica simples em que a enfermagem
tem participação direta e efetiva, entretanto quando algumas medidas não são observadas,
esses procedimentos podem implicar no desconforto ou até mesmo complicações graves para
o paciente (MOTTA, et al. p. 2006).
O enfermeiro deve ter o conhecimento geral desde a indicação para a cistostomia que é
o processo operatório, até os sinais e sintomas que os idosos podem apresentar após a
cirurgia. Entre as complicações pós-operatórias mais comuns Monteiro e Santana (2006)
citam drenagem inadequada de urina pelo cateter; o que pode dever-se a várias causas, como
posicionamento irregular ou obstrução do cateter; infecção do trato urinário; infecção da
ferida cirúrgica; crescimento excessivo de tecido de granulação junto ao orifício de saída;
perda involuntária de urina pela uretra, sendo essa complicação mais comum em mulheres e
podendo estar relacionada à posição irregular do cateter na bexiga, com a mobilização do
mesmo geralmente resolvendo o problema.
A infecção urinária presente em quase todos os pacientes sondados é reflexo da forma
inadequada do procedimento e da assistência prestada, como descreve Lenz (2006) técnica
imprópria da lavagem das mãos, inserção do cateter urinário sem a execução da técnica e
assepsia correta, sonda vesical desconectada do coletor de urina, saída do coletor de urina
tocando a superfície contaminada, urina na sonda vesical ou coletor de urina, sendo permitido
reentrar na bexiga (refluxo), irrigações repetidas da sonda vesical com soluções, o uso
indiscriminado de cateterismo vesical sem que haja indicação necessária, a permanência
aumentada da sonda vesical, além da necessidade do paciente, a dimensão do cateter maior do
que a apropriada para a paciente lesa os tecidos e favorece a colonização, o uso de balonetes
maiores que o ideal faz com que aumente a quantidade de urina residual, aumentando a
probabilidade de infecções.
De acordo com Lenz, (2006) a avaliação do enfermeiro para evitar complicações se
faz necessária desde a avaliação para a troca da Sonda Vesical Suprapúbica que é de extrema
48
importância, já que este não deve ter um prazo estabelecido cabendo uma avaliação constante.
Tanto a falta da troca da sonda quanto o uso prolongado de cateter vesical resultam em
sequelas graves por tempo prolongado do cateter; câncer de bexiga, por demora na troca do
cateter; e a incrustação de sais urinários na luz e no balonete do cateter de Foley. A presença
de câncer vesical está associada a um período muito longo de cateterismo (10 anos, como
pode ocorrer em pacientes paraplégicos).
Um alerta importante é quanto à fixação adequada do cateter e a limpeza do orifício da
cistostomia que deve ser realizado e orientado ao idoso e seus familiares, cuidado esse
realizado pela enfermagem para prevenir trações indesejáveis ou remoção acidental com
consequente lesão de estruturas como a bexiga e infecções.
Para Smeltzer e Bare (2005) a manipulação do cateter é a causa mais comum de
trauma da mucosa vesical no paciente cateterizado. Deve-se ainda evitar a limpeza vigorosa
da junção orifício - sonda.
É importante também que o enfermeiro esteja atento aos medicamentos que podem
comprometer as funções urinárias e renais, como os medicamentos antiinflamatórios não
esteroidais, anticolinérgicos, simpaticomiméticos, antibióticos aminoglicosídeos. Comunicar
de imediato ao médico os resultados anormais da urinálise, urocultura e provas de função
renal. A enfermagem atua de forma direta e indireta na assistência e por representar, na
maioria das instituições de saúde, o maior percentual de trabalhadores, faz-se imprescindível
sua atuação de forma a prevenir e controlar infecções (TIPPLE et al., 2010, p. 51).
Destacam-se nesse contexto, que as medidas de prevenção e as medidas alternativas
ao uso do cateterismo são medidas equivalentes. Dessa forma, o enfermeiro estará sempre
prevenindo as complicações possíveis de ocorrer no idoso. Considerando que utilização de
estratégias corretas propicia á equipe de enfermagem um trabalho de qualidade com maior
conhecimento, fazendo com que a assistência além de individualizada seja plena e eficaz.
49
5 CONCLUSÃO
O estudo apresentado nesta pesquisa investiga o uso de sonda vesical de demora
suprapúbica (SVSP); em idosos de um serviço de referência em saúde do idoso do Distrito
Federal, Identifica quais os cuidados do idoso em relação à manipulação da SVSP; Verifica
qual a percepção dos idosos em relação ao uso da SVSP; Descrever detalhadamente a técnica
de troca da SVSP e alertar sobre as possíveis complicações da SVSP.
Verificou-se que apesar do enfermeiro transmitir as informações necessárias aos idosos
que fazem uso da sonda SVSP para a prevenção de complicações estas ainda ocorrem. Notouse que estes assimilam parcialmente as orientações. Necessitando assim estas serem sempre
reforçadas.
A descrição dos cuidados citados pelos idosos como os principais são, com
manipulação da SVSP: A lavagem das mãos, a ingesta hídrica e a lavagem da extensão da
sonda durante o banho. Entretanto outros cuidados devem ser evidenciados pela enfermagem
na abordagem ao idoso, como: não desconectar o sistema fechado do coletor, não reinserir a
sonda caso a mesma saia, seguir o tempo de troca recomendados pela enfermagem e realizar a
técnica asséptica durante o procedimento.
Quanto à percepção dos idosos em relação ao uso da sonda SVSP foi variável, não
houve a predominância do constrangimento e nem da ruim convivência.
As complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da SVSP foi infecção urinária.
Essa infecção urinária na percepção do idoso se dava pelo fato de usar a sonda
constantemente, por tempo prolongado de troca da sonda ou por falta de tomar água.
O conhecimento dos cuidados de enfermagem e da técnica detalhada da troca da SVSP
pelos enfermeiros se faz necessária, visto acometimento de erros durante a troca, como a
quebra de técnica asséptica e a falta de orientações adequadas aos idosos, aumentarem o risco
de complicações aos usuários.
Embora não tenha sido abordado entre os pesquisados o assunto acerca do
conhecimento dos familiares quanto ao cuidado, identifica-se a necessidade desta abordagem
para que o plano de cuidados dos pacientes responda mais adequadamente às necessidades
dos mesmos.
O importante é que exista investimento não só na capacitação, como na prática do
enfermeiro, para que o idoso em uso de SVSP receba melhor assistência e que esta seja
50
prestada por uma equipe de enfermagem munida de informação, segurança e presteza
tornando possível a diminuição dos índices de infecção do trato urinário.
Uma única medida não será suficiente, é preciso adotar uma abordagem mais
resolutiva quanto à prevenção das complicações possibilitando, programas com trânsito
constante de informações que permitam monitorar e avaliar o cuidado e a educação dos
profissionais de saúde. Especialmente a equipe de enfermagem que atua na assistência do
idoso, visto que o trabalho da equipe é imprescindível para garantir a redução da taxa de
complicações do trato urinário relacionada ao uso da SVSP.
A vergonha e o constrangimento em responder as questões relacionadas à SVSP é um
dos vieses observados durante a pesquisa. Sentimentos que pode ser amenizados quando o
pesquisador já fizer parte do serviço de troca de sonda da unidade pesquisada.
Concluímos que por meio desta pesquisa observou-se a necessidade de novas
pesquisas serem direcionadas para verificar o conhecimento dos enfermeiros sobre a
assistência prestada aos indivíduos idosos em uso de SVSP. Como também, a questão do uso
tubete em comparação a bolsa coletora sistema fechado e suas importância para o usuário,
pois na literatura não consta relatos sobre riscos e benefícios quanto ao uso.
51
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
Disponível em: < http://tede.pucrs.br/tde_arquivos/14/TDE-2007-05-07T054847Z551/Publico/389643.pdf> Acesso em: ago. 2011.
65- ZAMBON, J. P. et al. Qual a melhor escolha para a retenção urinária crônica:
sondagem vesical de demora ou cateterismo intermitente limpo? : São Paulo, 2009, p,
523- 524.
58
66- ZASLAVSKY, Cláudio; GUS, Iseu. Idoso. Doença Cardíaca e Comorbidades. Arq.
Bras. Cardiol, São Paulo, v.79, n. 6, Dez. 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066782X2002001500011&script=sci_arttext
>. Acesso em: out. 2011.
59
APÊNDICE A
Roteiro de entrevista
Idosos em uso de sonda vesical suprapúbica.
01- Sexo F ( ) M ( )
02 - Quantos anos o Senhor (a) tem
________________________________________
03- Há quantos anos você faz uso de sonda vesical de demora suprapúbica?
________________________________________
04- Quais os cuidados que o Senhor (a) tem ao manipular a sonda vesical de demora
suprapúbica.
________________________________________
________________________________________
05- O Senhor já passou por algum constrangimento devido o uso da sonda vesical de demora
suprapúbica?
Não ( )Sim( ) Qual?
________________________________________
________________________________________
06-Como o Senhor (a) convive com o uso da sonda vesical de demora suprapúbica?
Obs: Caso o idoso não entenda a pergunta será dada as alternativas.
*Convive normalmente como um adereço.*Bom pelo fato de ser necessário.*Ruim*Te causa
constrangimento.
________________________________________
________________________________________
07- O Senhor (a) já teve alguma complicação devido ao uso da sonda vesical de demora
suprapúbica?
(
) Não
(
) Sim, qual? E como essa complicação foi resolvida?
___________________________________
60
APÊNDICE B
Descrição dos Pacientes
A pesquisa foi realizada com oito idosos em uso de sonda suprpúbica, visto que dois
dos participantes foram excluídos. Um pesquisado era adulto com 28 anos e um idoso se
recusou a assinar o termo de livre esclarecido.
Idoso 1: 57 anos; 3 meses e 20 dias em uso de sonda vesical suprapúbica – Relata fazer os
procedimentos de higiene no manuseio da sonda (lava as mãos, lava a extensão da sonda com
água e sabão durante o banho), diz não ter tido nenhum constrangimento pelo uso, porém sua
convivência com a sonda segundo ele é ruim, uma vez que se sente incomodado. A
complicação relatada por esse paciente foi o prazo de troca extrapolado por falta desse serviço
na unidade de saúde próxima à sua casa. Atualmente o paciente realiza a troca na cidade mais
próxima, faz uso da bolsa coletora.
Idoso 2: 58 anos 15 meses em uso de sonda vesical suprapúbica pratica a higiene necessária
para o manuseio da sonda, ingesta hídrica abundante, lava as mãos sempre antes e depois de
manipular a sonda. Passou por constrangimento por sentir vergonha de ter que usar sonda. A
convivência com a sonda não é muito boa pelo fato de o paciente se sentir envergonhado. As
complicações só aparecem quando não faz ingesta hídrica necessária, faz uso da bolsa
coletora.
Idoso 3: 60 anos 12 meses, caderante em uso de sonda vesical suprapúbica sempre faz a
higiene necessária para o manuseio da sonda, não deixa o orifício da cistostomia descoberto,
ingesta hídrica abundante, lava as mãos sempre para manipular a sonda. Relata ter passado
por constrangimento com sonda por sentir vergonha de ter que usá-la. A convivência com a
sonda é boa pelo fato de o paciente saber que é necessário o seu uso. Diz ter sofrido
complicações apenas quando não faz ingesta hídrica necessária, faz uso da bolsa coletora.
Idoso 4: 65 anos 18 meses em uso de sonda vesical suprapúbica – relata que toma todos os
cuidados ao manipular a sonda (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão),
ingesta hídrica regular. O paciente não se sente constrangido pelo uso, mas sua convivência
com a sonda é ruim, pois ele diz incomodar muito. Não usa piscina por medo de infecção. A
complicação vivida por esse paciente também se refere a ter excedido o prazo de troca pelo
fato de não encontrar esse serviço na unidade de saúde perto da sua casa.
61
Idoso 5: 66 anos 24 meses em uso de sonda vesical suprapúbica – relata que segue
rigorosamente os cuidados de higiene no manuseio da sonda (lava as mãos, lava a extensão da
sonda com água e sabão), se diz super-rigoroso com a data da troca; ingesta hídrica
abundante. Relata ter passado por constrangimento pelo fato de usar a sonda e a extensão ser
vista pelos colegas de trabalho. Teve complicações devido a infecções recorrentes, tratadas
com avaliação e urocultura quinzenal e medicamentos. Sua convivência com a sonda é ruim
uma vez que ela lhe causa constrangimento, faz uso de tubete.
Idoso 6: 63 anos: 24 anos em uso de sonda vesical suprapúbica; bastante cuidadoso no
manuseio da sonda, (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão), esvazia
sempre a bexiga nunca deixa ficar cheia, ingesta hídrica abundante, pelo tempo de uso
convive bem com a sonda, já encara como normal, pois segundo o paciente, não há outro
jeito... Não teve caso de constrangimento, já teve complicações devido a infecções recorrentes
e por vazamento pelo orifício, o problema da infecção foi sanado com uso de medicamentos e
exames periódicos de urina. , faz uso de tubete.
62
APÊNDICE C
Informações importantes para os idosos na prevenção de complicações com o uso de
sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP).
Lavar as mãos é um ato importante para
prevenção das complicações.
Lave as mãos antes e após tocar na
sonda.
Tome bastante água, porque é necessário
para mantê-lo hidratado e prevenir
infecções urinárias.
Atenção! Não reinsira a sonda quando
esta sair. Procure um serviço de saúde.
Não desconecte a bolsa coletora da
sonda, é um risco para infecções
Fique atento quanto aos sinais; Febre,
mal estar, calafrio, confusão mental, dor
ao urinar e outros sintomas.
Pode esta ocorrendo uma infecção.
Fique atento!Realize a troca da sonda de
acordo com o recomendado pela
Enfermeira (o).
Pois o tempo prolongado da sonda
aumenta o risco de infecção urinária.
Quando for realizar a troca da sonda
esvazie bem a bexiga.
63
APÊNDICE D
Posso (2006, p.108) descreve o material utilizado para sondagem vesical de demora:

Bandeja;

Um pacote de cateterismo vesical estéril (uma cuba rim, uma cuba redonda, uma pinça
cheron, gazes, campo fenestrado);

Sonda vesical (duas vias) de calibre adequado ao paciente;

Um tubo de xilocaína gel;

Um par de luvas estéril;

1 seringas de 20ml;

Uma agulha 40x12;

Uma ampola (10 ml) de água destilada;

Fita adesiva (esparadrapo ou micropore);

Solução anti-séptica aquosa;

Biombo s/n (se necessário);

Saco plástico para lixo;

Bolsa coletora de urina (sistema fechado).
64
ANEXO A
65
ANEXO B
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PESQUISA
JAN.
Atividade 2009
Escolha do Tema
Revisão
Bibliográfica
Preparação do
Projeto
de
Pesquisa
Apresentação ao
Comitê de Ética
em
Pesquisa
(CEP)
da
FEPECS
Pesquisa
de
Campo / Coleta
de dados
Tabulação dos
dados
Análise
e
Discussão
dos
Resultados
Conclusão
e
Finalização da
Monografia
Preparação
Apresentação
Oral
Apresentação
oral a banca
- UCB
Entrega
ao
CEP/FEPECS
FEV.
MAR.
ABR.
MAI.
JUN.
JUL.
AGO.
SET.
OUT.
NOV.
DEZ.
66
ANEXO C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: “Os Cuidados de
Enfermagem para Idosos em uso de sonda vesical suprapúbica em um serviço de referencia
em saúde do Idoso”. O nosso objetivo geral é Descrever os cuidados de Enfermagem para
Idosos em uso de Sonda Vesical de Demora Suprapúbica (SVSP) em um Serviço de
Referência em Saúde do Idoso do Distrito Federal. Objetivos específicos são Identificar quais
os cuidados do Idoso em relação ao uso (SVSP). Verificar qual a percepção dos Idosos em
relação ao uso da (SVSP). Descrever detalhadamente a técnica de troca da (SVSP). Alertar
sobre as possíveis complicações da (SVSP). Descrever detalhadamente a técnica de troca da
(SVSP). Alertar sobre as possíveis complicações (SVSP).
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da
pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo
através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a).
A sua participação será através de um questionário que você deverá responder
Durante a Consulta de Enfermagem ou no dia da troca de sonda no ambulatório de sondagem,
na data combinada com um tempo estimado para seu preenchimento de: 30 minutos.
Não existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado, para responder o
questionário. Será respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Informamos que a Senhor
(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo
desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o senhor
(a).
Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade Católica de Brasília
(UCB) podendo inclusive ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na
pesquisa ficarão sobre a guarda do Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso (Paisi).
Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para
Dra: Neuza Moreira de Matos 3357-2921 ou 9933-5853, em qualquer horário. Ou para as
acadêmicas de enfermagem: Ester Cassemiro Rodrigues de Lima 81407768/33591662 em
qualquer horário e Christiane Florêncio de Assis 84829701/3254740 em qualquer horário.
Este projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF.
As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser
obtidos através do telefone: (61) 3325-4955. Este documento foi elaborado em duas vias, uma
ficará com o pesquisador responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.
____________________________________
Idoso (Assinatura)
_____________________________________
Pesquisador Responsável – Neuza Moreira de Matos
Nome e assinatura
____________________________________________
Christiane Florêncio de Assis e Ester Cassemiro R de Lima
Nome e assinatura
Brasília, __________de __________de __________