o papel da ciência e tecnologia nas atividades do

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o papel da ciência e tecnologia nas atividades do
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
TC ÁUREO DIAS JÚNIOR
O PAPEL DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NAS ATIVIDADES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
Rio de Janeiro
2014
TC QEM Aureo Dias Júnior
O Papel da Ciência e Tecnologia nas Atividades do
Exército Brasileiro
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como prérequisito para matrícula no Programa de
Pós-graduação lato sensu em Ciências
Militares.
Orientador: TC Cav Sberni
Rio de Janeiro
2014
D 541 Dias Júnior, Áureo.
O Papel da Ciência e Tecnologia nas Atividades do
Exército Brasileiro. / Áureo Dias Júnior. 2014.
72 f.: il ; 30cm.
Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando
e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014.
Bibliografia: f. 71-72.
1. Ciência e Tecnologia. 2. Soberania. 3. Base Industrial
de Defesa. I. Título.
CDD 355.2
Ten Cel QEM ÁUREO DIAS JÚNIOR
O PAPEL DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NAS ATIVIDADES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Ciências
Militares.
Aprovado em 10 de outubro de 2014.
COMISSÃO AVALIADORA
___________________________________________________
Alessandro Sberni – TC Cav – Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
___________________________________________________
Renato Vaz – TC Inf – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
___________________________________________________
Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior – TC QEM – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha esposa, meus filhos e meus
pais e avós, fontes de inspiração e
exemplo.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida, da paz, da felicidade, da tranquilidade e da saúde.
À minha esposa, MariaTeresa Dias, meus filhos Kinn Dias e Kaio Dias pelo apoio,
incentivo e carinho em todos os momentos, pessoas fundamentais na minha vida e
no sucesso da conclusão deste trabalho.
Aos meus pais Áureo e Any e meus avós João e Rita, pela minha educação e
formação, me mostrando a importância da dedicação, do trabalho e da disciplina,
como fontes prementes do sucesso pessoal.
A minha querida Tia Alcéia, in memorium, por tantos anos de amizade.
Ao Exército Brasileiro, pela oportunidade em realizar o Curso de Direção para
Engenheiros Militares e ampliar meu conhecimento profissional.
Ao meu orientador, o TC Cav Sberni, não apenas pela orientação, mas também pela
amizade, camaradagem, incentivo e confiança.
“[...] a persistência de entraves à paz mundial requer a
atualização permanente e o reaparelhamento progressivo das
nossas Forças Armadas, com ênfase no desenvolvimento da
indústria de defesa, visando à redução da dependência
tecnológica e à superação das restrições unilaterais de acesso
às tecnologias sensíveis”. (Política de Defesa Nacional)
RESUMO
Desde o início da civilização, passando pela Revolução Industrial até a
atualidade, as maiores realizações da humanidade estiveram associadas ao
desenvolvimento bélico, tais como a corrida espacial, ligada à guerra fria e o
desenvolvimento dos computadores pela Agência Especial Americana (NASA).
Nos dias de hoje, cientistas do mundo inteiro reconhecem a importância do
desenvolvimento tecnológico, principalmente nos países menos desenvolvidos, para
impedir a dominação pela ação de potências estrangeiras.
Mas foi a partir da Segunda Guerra Mundial que os militares tomaram
consciência do caráter estratégico da Ciência e Tecnologia que se tornou um dos
pilares da soberania das nações. Posteriormente, no período da Guerra Fria, uma
guerra jamais declarada oficialmente, que durante quase meio século dividiria o
mundo em dois blocos, impulsionou a ciência e a tecnologia de um modo jamais
visto durante toda história da humanidade.
Com a globalização e a importância atribuída ao comércio entre as nações
cresceu a necessidade de ampliar o espectro do relacionamento internacional. Este
cenário se colocou em contraposição com as questões de segurança nacional
brasileira. Neste contexto, a história mostra o papel da Indústria de Defesa que é a
maior defensora, em conjunto com as Forças Armadas, da soberania nacional.
A Indústria de Defesa se caracteriza por criar novas tecnologias, na maioria
das vezes de caráter dual. Como exemplos de desenvolvimento de origem militar,
pode-se citar: os satélites artificiais, os transístores, os computadores entre outros
tantos.
No Brasil, fruto da ação de integração de setores importantes da sociedade
brasileira, o Exército Brasileiro (EB) criou seus Projetos Estratégicos que são um
instrumento de execução de Projeto de Transformação de Exército, previsto para
estar concluído no ano de 2030, que representam um modelo de gestão com base
em projetos de interesse do EB. Este fato demonstra que o Brasil tem consciência
de que as futuras guerras serão decididas pela evolução tecnológica e que a
segurança nacional depende principalmente do desenvolvimento tecnológico e do
fomento da Base Industrial de Defesa no Campo Militar, fator primordial para o Brasil
manter-se como uma nação autossuficiente e preparada para a guerra, mas que
acima de tudo, pretende manter a lei e a ordem.
Palavras-chave: Ciência e Tecnologia; Soberania; Base Industrial de Defesa.
ABSTRACT
Since the beginning of civilization, through the Industrial Revolution to the
present, the greatest achievements of humanity were associated with developments
in weapons, such as the space race, tied to the Cold War and the development of
computers by the American Space Agency (NASA).
Nowadays, scientists around the world recognize the importance of
technological development, especially in less developed to prevent domination by the
action of foreign powers countries.
But it was after the Second World War that the military became aware of the
strategic nature of science and technology that has become a mainstay of the
sovereignty of nations. Later, during the Cold War, war never officially declared,
which for almost half a century divides the world into two blocs, boosted science and
technology in a way never seen throughout the history of mankind.
With globalization and the importance attached to trade between nations grew
the need to broaden the spectrum of international relations. This scenario is put in
contrast with the Brazilian national security issues. In this context, the story shows
the role of the Defence Industry is the biggest advocate, together with the Armed
Forces of national sovereignty.
The Defense Industry is characterized by creating new technologies, mostly
dual character. Examples of development of military origin, one can cite: artificial
satélites, transistors, computers, among many others.
In Brazil, the fruit of action for the integration of important sectors of Brazilian
society, the Brazilian Army launched the yours Estrathegics Projects, which is a
planning instrument in accordance with the Strategic Design Army an management
model based on projects of interest to the EB.
This shows how the country is aware that future wars will be decided by
technological change and national security depends on the technological
development in the Military Field, prime factor for Brazil to remain as a self-sufficient
and prepared for war nation, but that above all, want to maintain law and order.
LISTA E SIGLAS DE ABREVIATURAS
C&T
Ciência e Tecnologia
P&D
Pesquisa e Pesenvolvimento
NASA
Agência Espacial Norte Americana
GPS
Sistema de Posicionamento Global
EMBRAER
Empresa Brasileira de Aeronáutica
IMBEL
Indústrial de Material Bélico
MCT
Ministério da Ciência e Tecnologia
MD
Ministério da Defesa
ONU
Organização das Nações Unidas
EB
Exército Brasileiro
IPEN
Instituto de Pesquisas Nucleares
IPT
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
CTA
Centro Tecnológico da Aeronáutica
CTEx
Centro tecnológico do Exército
D Log
Departamento Logístico
BID
Base Industrial de Defesa
PRODE
Produto de Defesa
VANT
Veículo Aéreo Não Tripulado
END
Estratégia Nacional de Defesa
PMT
Política Militar Terrestre
PND
Política Nacional de Defesa
SIPLEx
Sistema de Planejamento do Exército
SCTEx
Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército
DCT
Departamento de Ciência e Tecnologia
MEM
Material de Emprego MIlitar
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
12
2
METODOLOGIA
16
3
AS ATIVIDADES DE CIÊNCIA E E TECNOLOGIA NO EXÉRCITO
BRASILEIRO
18
3.1 O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NO MUNDO ATUAL
20
3.2 A GUERRA FRIA E A CORRIDA TECNOLÓGICA
23
3.3 A PESQUISA MILITAR NO BRASIL
27
3.4 O PAPEL DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NAS ATIVIDADES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
33
3.5 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO BRASIEIRO
33
3.6 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA
43
4
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
12
1 INTRODUÇÃO
Desde as origens da humanidade até os dias atuais, as realizações da
humanidade sempre estiveram associadas aos desenvolvimentos militares. Essa
afirmativa pode ser comprovada pelo exemplo da corrida espacial, motivada pela
competição tecnológica entre os EUA e a antiga URSS, denominada Guerra Fria, de
onde surgiram vários avanços para a sociedade civil, tais como: TV via satélite,
celulares, GPS, dentre outros. No passado este fato era evidenciado pela produção
de canhões e navios de guerra, que simbolizavam o poderio militar e a capacidade
técnica das nações.
Outro fato histórico que evidenciou a importância da tecnologia para o
desenvolvimento da sociedade foi a Revolução Industrial, pois até então, os estados
demonstravam sua supremacia por meio de conquistas territoriais. Nesta época o
conhecimento era restrito a núcleos seletos e havia o obstáculo da fragilidade e a
lentidão dos meios de comunicação para a divulgação dos conhecimentos. Com o
passar do tempo esse óbice passou a ser a restrição do acesso ao conhecimento e
a imposição de tecnologias obsoletas aos países menos desenvolvidos.
Após a Revolução Industrial a tecnologia passou a ter expressão destacada,
motivada pela expressão do poder econômico, que nesta ocasião passou a dividir a
comunidade internacional em desenvolvidos e subdesenvolvidos. Este cenário
propiciou que surgissem grandes conglomerados industriais, que ultrapassaram os
limites políticos entre as nações, interferindo em assuntos estratégicos das nações,
possibilitando a expansão do capitalismo e o fortalecimento do modelo urbano.
Em um instante posterior, outra época de grande avanço tecnológico da
humanidade foi a Guerra Fria, período após a segunda Guerra Mundial. O ambiente
de competição no mundo bipolarizado entre duas grandes potências dominantes
alavancou inúmeros avanços tecnológicos e construiu os alicerces para a revolução
da Informação, que veio logo em seguida, consequência das profundas mudanças
tecnológicas advindas do período da Guerra Fria, mudando profundamente todos os
campos da sociedade, o que resultou em uma evolução exponêncial para a
humanidade.
Após a queda do muro de Berlim, surgiu a Era da Globalização, que tendo
como base os meios de comunicação, impôs o princípio da interdependência
consentida entre nações e blocos econômicos. Eis que uma das principais
13
ferramentas da globalização, a Internet, foi concebida para o uso militar, projetada
com uma estrutura de acesso não hierarquizada para preservação no caso de
ataque nuclear. Cabe ressaltar que esse modelo permitiu que surgissem formas
nocivas de utilização, tais como a guerra da informação, que é uma ameaça
constante à segurança das nações.
Nos dias atuais, as grandes potências hegemônicas promovem a degradação
progressiva do princípio da igualdade soberana dos Estados. Neste contexto, as
atividades de Ciência e Tecnologia se tornam sinônimo de conhecimento e poder. A
geração de conhecimento significa a capacidade de mudar a realidade e representa
fator preponderante para projeção de um país no cenário mundial. A força motriz da
obtenção do conhecimento é a característica dual da tecnologia militar, que desta
forma, sempre se manteve como propulsora do avanço científico da humanidade. A
História comprova que, a cada avanço obtido na área militar, é gerado como
consequência um benefício para a sociedade civil, e não por acaso, as maiores
potências bélicas também são as maiores nos campos econômico, social e político.
Com base nesta integração e na Doutrina da Força Terrestre, os Projetos
Estratégicos do exército são resultado do esforço do Exército Brasileiro em prover as
suas tropas com armamentos modernos e pessoal qualificado, além de desenvolver
a Indústria de Defesa Nacional, que é o principal vetor do progresso tecnológico
brasileiro.
Com base no exposto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a
importância da Ciência e da Tecnologia para as atividades do Exército Brasileiro.
1.1 O PROBLEMA
O Exército Brasileiro está atento à evolução do cenário atual, conforme
explicitado no texto a seguir:
O
sistema
internacional
experimenta
transformações
profundas
e
aceleradas. Há incertezas no horizonte imediato de uma nova ordem, que o
Brasil almeja que seja multipolar. Nessa conjuntura, existem muitas
oportunidades para os países chamados emergentes ou novos atores
globais, entre eles o Brasil, que tendem a participar, cada vez mais, dos
grandes processos decisórios mundiais (BRASIL, 2011, p.5).
14
No mundo atual, pesquisadores e cientistas reconhecem que se um país não
investir no desenvolvimento de tecnologia, ele estará condenado a não manter sua
soberania, ficando sujeito a dependência estrangeira. Esta dominação será
caracterizada principalmente pela retração dos setores industrial e científico,
ocasionada pela ausência de investimentos em tecnologia militar, que devido ao seu
caráter de dualidade de aplicação, impulsiona o desenvolvimento de uma nação.
Com base na Doutrina da Força Terrestre e em ações de amplo espectro, o
Plano Básico da Ciência e Tecnologia e a concepção dos Projetos Estratégicos do
Exército, surgem como resultado do esforço do Exército Brasileiro em prover as suas
tropas com armamentos modernos e pessoal qualificado, além de desenvolver a
Indústria de Defesa Nacional, que é o principal vetor do progresso tecnológico
brasileiro.
Em face do acima exposto, definiu-se o seguinte problema:
Como as atividades de Ciência e da Tecnologia impactam a sociedade
brasileira e mundial e qual sua importância para nortear as atividades do Exército
Brasileiro?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral desta pesquisa é de mostrar a importância das atividades de
Ciência e Tecnologia para a sociedade civil e no âmbito do Exército Brasileiro.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para tanto, foram criados os seguintes objetivos específicos:
- Descrever e interpretar as principais áreas da C&T;
- Apresentar a situação atual da Gestão da C&T no Brasil e em particular no
Exército Brasileiro.
15
1.3 SUPOSIÇÃO
Após as leituras preliminares e o problema apresentado, formulou-se a seguinte
suposição:
- A correta política de C&T contribui para o aumento da eficácia operacional das
Organizações Militares do Exército Brasileiro.
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O delineamento da pesquisa contemplará a importância que o incentivo às
atividades de Ciência e Tecnologia voltadas para o desenvolvimento de materiais de
emprego militar têm para a segurança nacional brasileira. O estudo deverá mostrar a
necessidade
do
Brasil
em
fomentar
progressivamente
a
Pesquisa
e
Desenvolvimento (P&D) de materiais de alta tecnologia para emprego nas Forças
Armadas Brasileiras, necessidade esta, que nunca foi tão evidente como na
atualidade, à medida em que o alto comando do Exército planeja seu futuro, por
meio de projetos estratégicos e ações de amplo espectro, face a um cenário
internacional cada vez mais hostil, multifacetado e competitivo.
1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Conforme relatado anteriormente a filosofia do Exército se traduz pela busca
de soldados capacitados, equipamentos de alta tecnologia e doutrina adequada para
aplicação nas operações militares. Este padrão de atuação reflete-se nos diversos
setores da sociedade civil e nos mais deferentes campos do conhecimento. Para
concretizar esta filosofia é necessária uma forte integração entre os diversos setores
industriais brasileiros, de forma que a sociedade como um todo seja beneficiada pelo
processo evolutivo, na medida em que se beneficie dos avanços tecnológicos
conquistados e das melhorias nos campos econômicos, psicossocial, político e
militar da nação brasileira.
16
2 METODOLOGIA
Este capítulo tem o objetivo de definir o tipo de pesquisa a ser realizada, bem
como os meios empregados para a coleta de dados, além do instrumento utilizado
para o tratamento dos dados adquiridos. Tal metodologia será realizada utilizandose a taxonomia definida por Vergara (2009).
Quanto à classificação desta pesquisa, define-se como qualitativa e
fenomenológica, já que se almeja identificar, descrever e interpretrar a evolução
histórica das atividades de C&T no mundo e relacionar esta realidade às
particularidades do Brasil.
De acordo com a taxonomia de Vergara (2009), os critérios para a classificação
do tipo de pesquisa serão a finalidade da pesquisa e os meios utilizados para a
realização.
Quanto à finalidade da pesquisa, caracterizaremos o presente trabalho como
exploratório, descritivo e aplicado.
É exploratório porque, apesar de possuírem inúmeros trabalhos a respeito da
C&T relacionados ao Exército Brasileiro, não foi encontrado nenhum estudo na
mesma direção, nem no campo militar, nem no campo acadêmico que realizasse a
mesma abordagem do presente estudo.
Denomina-se descritivo porque estuda as políticas C&T adotadas pelo Exército
Brasileiro traçando paralelos com o cenário internacional.
Chama-se aplicada por ser focada no modelo de Gestão de C&T do Exército
Brasileiro e poderá gerar uma demanda por estudos mais aprofundados acerca do
assunto para que surjam propostas de modificação na estrutura de C&T do Exército
Brasileiro.
No tocante aos meios de investigação, a pesquisa será classificada como
bibliográfica e documental, pois se utilizará de consultas a bibliografia de inúmeros
tipos e diversos autores, além da documentação interna e oficial, como manuais,
portarias e documentos diversos, principalmente do Exército Brasileiro.
A pesquisa bibliográfica será realizada por meio de consultas à biblioteca da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, biblioteca da IMBEL/FJF e Google
Acadêmico. Também serão levantadas informações em documentos não publicados,
como regulamentos internos, circulares, pareceres, portarias, despachos em
processo e relatórios, entre outros.
17
Como resultado do tipo de pesquisa e dos meios de coleta de dados
apresentados anteriormente, será realizado um trabalho de interpretação dos dados
levantados, realizando, após o trabalho de confronto das metodologias, a
comparação com os resultados das pesquisas bibliográfica e documental.
Após isso, será realizada a comparação da solução da análise dos dados
coletados com a suposição anteriormente apresentada, proporcionando a resposta
aos questionamentos do problema anteriormente citado.
Será empregado como método de tratamento de dados para a pesquisa o
Método Comparativo, já que os dados conseguidos podem possuir enfoques
diferentes, além de serem diferentes fontes de dados, o que exige um tratamento
mais pormenorizado no presente trabalho.
Após isso, terá sido realizada a análise e interpretação dos resultados, com o
objetivo de responder aos questionamentos do problema apresentado.
Em relação ao tratamento dos dados, destacam-se as limitações da condição
de militar do pesquisador, mesmo sabendo da necessidade de manter-se neutro e
distante nas interpretações dos dados coletados. Este fato é agravado quando
associado ao tempo de serviço no Exército, o que transmite a este pesquisador a
vivência necessária para ter argumentos pessoais, exigindo constante preocupação
com a isenção no trabalho em questão.
Mesmo com limitações, parte-se da premissa que a metodologia escolhida é
coerente e possibilita atingir o objetivo final desta pesquisa de forma objetiva.
18
3. AS ATIVIDADES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO EXÉRCITO BRASILEIRO
3.1. O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NO MUNDO ATUAL.
No mundo atual, pesquisadores e cientistas reconhecem que se um país não
investir no desenvolvimento de tecnologia, ele estará condenado a não manter sua
soberania, ficando sujeito a dependência estrangeira. Esta dominação será
caracterizada principalmente pela retração dos setores industrial e científico,
ocasionada pela ausência de investimentos em tecnologia militar, que devido ao seu
caráter de dualidade de aplicação, impulsiona o desenvolvimento de uma nação.
Cada nova tecnologia modifica as dimensões da relação do ser humano com
o mundo, da percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço. Como
exemplo pode-se citar o telefonema interurbano e o uso de celulares, que antes, por
serem caros e difíceis, eram usados somente em casos de grande necessidade.
Com o barateamento das chamadas, falar para outro estado ou país tornou-se
habitual e, ao acrescentar o fax ao telefone, é possível enviar e receber textos,
dados e desenhos de forma instantânea. Cada inovação tecnológica bem sucedida
modifica os padrões de lidar com a realidade anterior e também muda o patamar das
exigências de uso. As expectativas vão modificando-se com a evolução da
tecnologia (HOBSBAWN, 1995).
O telefone celular proporcionou uma mobilidade inimaginável alguns anos
atrás, ao possibilitar a comunicação sem a dependência de cabos ou redes físicas.
Constata-se que miniaturização possibilita facilidades para a individualização dos
processos de comunicação. As pessoas ficam disponíveis em qualquer lugar e
horário. Este tipo de tecnologia expressa de forma patente a ênfase do capitalismo
no ser individual em relação ao coletivo, bem como a valorização da liberdade de
escolha. Outra inovação nesta linha, a videoconferência via rede possibilita a
comunicação entre várias pessoas, em lugares deferentes, viabilizando o trabalho
conjunto e a troca de informações. Muitas atividades que antes tomavam tempo,
podem ser resolvidas através das redes, em qualquer lugar e a qualquer momento
(SEVCENKO, 2001).
19
Com o aperfeiçoamento dos sistemas de captação e processamento da voz
humana, há uma menor dependência da digitação. A língua inglesa, por sua vez,
perde em importância, uma devido ao aperfeiçoamento de programas de tradução
simultânea. A realidade virtual permite simular diversas situações e fenômenos
científicos, através de modelos matemáticos e algoritmos, possibilitando a realização
de prognósticos e previsões. Estes fatores somados extrapolam a relação dos
sentidos com a intuição e rompem com as barreiras para a comunicação.
A tecnologia está progressivamente integrando os diversos setores da
sociedade mundial e tornando-se simultaneamente em instrumento de trabalho,
comunicação e lazer, além de ser uma ferramenta de proteção nacional se vista sob
a ótica militar. O mesmo tipo de tela que serve para assistir televisão, fazer compras
ou enviar mensagens também pode atuar na área militar, comandando a defesa do
território brasileiro, contra um ataque inimigo.
Hoje em dia, o mundo é comandado pela rapidez do fluxo de informação. No
campo militar avanços na tecnologia de informação estão mudando a face da guerra
e o comportamento diante dela. Um exemplo é a Guerra de Informação, um campo
em rápida evolução e de grande interesse para as nações modernas, pois sua
filosofia é obter a vitória economizando meios e evitando o combate direto com o
inimigo. A origem do interesse que este assunto desperta nos círculos do poder,
governos e conglomerados econômicos, reside na chamada Quarta Revolução,
também conhecida como Revolução da Informação, determinada pela rápida e
contínua evolução do ciberespaço, microcomputadores e tecnologias afins
(DRUCKER, 1998).
Maneira sutil de combate, a Guerra de Informação, que é basicamente
tecnológica, ainda é um conceito em evolução. Contudo, é possível perceber a
utilização do ciberespaço para afetar a economia e as operações militares
estratégicas, bem como infligir danos nas infraestruturas de informação nacional de
um país-alvo (THOMAS, 1998). Outra característica deste tipo de guerra é o fato de
as nações hostis serem desconhecidas, dificultando a identificação da origem dos
incidentes (ALLEN, 2004). Ações que parecem ser trabalho de rackers podem ser,
na realidade, trabalho de organizações de inteligência adversas, interessadas em
20
desestabilizar os Poderes Constituídos e a Ordem dentro do território inimigo
(MOLANDER,1998).
Deste
modo,
o
mundo
globalizado
incorporou
inúmeras
inovações
tecnológicas ao seu cotidiano, mudando as características das relações humanas.
Isto se reflete nas doutrinas de combate, onde a Guerra da Informação é a
expressão máxima da influência dos avanços tecnológicos na área militar, pois as
ações de combate se passam no ciberespaço, mudando uma das faces da guerra.
3.2. A GUERRA FRIA E A CORRIDA TECNOLÓGICA
A partir da primeira guerra mundial, a comunidade científica engajou sua
colaboração com o esforço de guerra das grandes potências. No intervalo entre as
duas guerras mundiais, os governantes dessas potências já estavam convencidos
da importância da pesquisa científica e tecnológica para as guerras futuras. Mas foi
depois da Segunda Guerra Mundial que os militares tomaram consciência do caráter
estratégico da Ciência e Tecnologia (C&T) na guerra moderna. Um momento de
destaque deste esforço foi o Projeto Manhattan nos Estados Unidos da América
(EUA), que inaugurou a era nuclear e definiu o modelo de organização que viria a
ser adotado posteriormente nas pesquisas de natureza militar, principalmente nos
grandes complexos científico-tecnológicos do pós- guerra, transformando a Ciência
e a Tecnologia em elementos essenciais das estratégias governamentais.
Em março de 1946, o mundo ainda se recuperava da Segunda Guerra
Mundial e, Winston Churchill, recém-saído do cargo de primeiro ministro britânico,
discursava em Fulton, EUA: “Desceu uma cortina de ferro que corta o nosso
continente”. Com veemência, Churchill atacava o comunismo em resposta a outro
discurso, o de Stalin que, por sua vez, considerava o capitalismo uma ameaça à paz
mundial (MAIOR, 1988). Estava deflagrada a Guerra Fria, uma guerra jamais
declarada oficialmente, mas que durante quase cinquenta anos, dividiria o mundo
em dois blocos, ameaçando por inúmeros momentos exterminar a humanidade. Por
outro lado, a tensão gerada pela queda de braço entre capitalistas e socialistas
serviu como um enorme estímulo para as atividades de Ciência e Tecnologia a nível
global de um modo que nunca antes ocorreu durante toda a história da humanidade.
21
Testemunhas da importância do conhecimento científico durante a Segunda
Guerra, Estados Unidos e União Soviética sabiam que não poderiam prescindir
desse poder que auxiliou a máquina de guerra nazista, que foi fundamental na
criação da bomba atômica (MOTA, 2000). Entretanto, não só a indústria bélica foi
beneficiada; o computador, a internet, o relógio digital e a viagem do homem à Lua
também são frutos dessa época, assim como outras tecnologias das mais variadas
áreas também foram influenciadas por ela. Sem esta rivalidade, o desenvolvimento
de satélites e foguetes se daria em outro ritmo. Há quem acredite que sem a sombra
do Kremlin, os Estados Unidos sequer se interessariam pelo desenvolvimento de
foguetes, isso porque muitos militares do alto escalão americano acreditavam que os
aviões bombardeiros eram o transporte ideal da grande vedete do setor bélico: a
bomba atômica. Deslumbrados com o grande poder destrutivo dessa arma,
demonstrado em Hiroshima e Nagasaki, os militares concentrariam esforços e
dinheiro no desenvolvimento de artefatos nucleares, deixando descobertos outros
setores de pesquisa. Contudo, os avanços dos foguetes soviéticos não deixaram os
EUA dormirem no ponto. Os embates deram-se como numa partida de xadrez, em
que cada movimento de um dos lados era seguido de uma resposta, quase que
imediata, do oponente.
Completando a primeira década da era espacial, uma grande contribuição
científica da Guerra Fria viria em outubro de 1958, com a criação de uma das suas
mais ilustres filhas: a Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Beneficiária do
investimento americano na corrida e espacial, a NASA encabeçou os principais
feitos espaciais do ocidente. Foi ela a responsável pelo projeto Apolo, que levou o
homem à Lua, em 1969; resposta americana ao passeio, em 1961, de Yuri Gagarin;
o primeiro astronauta a orbitar a Terra.
É também da NASA o primeiro satélite de comunicação do mundo: o Echo 1,
que girou em volta da terra em 1960 repassando sinais entre duas estações de rádio
no solo. Lançado em 16 de agosto, ele tinha capacidade para transmitir 12 ligações
telefônicas simultâneas ou um canal de TV. Dois anos depois, uma empresa
americana lançava o Telstar, um satélite de comunicação que podia ampliar o sinal
que recebia. E, em 1964, os Jogos Olímpicos de Tóquio entraram para a história
como os primeiros a serem transmitidos para o mundo via-satélite. Mas os satélites
22
artificiais também teriam outra utilidade, em 1960, os EUA lançaram Corona, um
satélite espião, que retornou com fotos do território soviético tiradas de 160 mil
metros de altura. Na época, ele foi rebatizado com o nome de Discovery 14 e foi
divulgado que se tratava de um aparelho científico para dissimular seus objetivos
militares. O desenvolvimento das técnicas de digitalização permitiu o envio
instantâneo de imagens à Terra, tornando os Coronas obsoletos. Os satélites atuais
utilizados na agricultura, na meteorologia e em diversas outras áreas devem muito à
Guerra Fria, que investindo na espionagem, foi a maior incentivadora das
tecnologias de sensoriamento remoto.
Também durante a Revolução da Eletrônica, que se daria na segunda metade
do Século XX, houve a influência da disputa entre capitalistas e comunistas. Já em
1948, as enormes válvulas utilizadas nos computadores foram substituídas pelos
transistores. Contudo, com o aumento da complexidade dos circuitos e com a
miniaturização cada vez mais presente nos equipamentos e dispositivos eletrônicos,
tornava-se mais difícil a conexão entre os componentes. A solução veio através de
milhões de dólares injetados pelo Departamento de Defesa Americano em empresas
de microeletrônica, com o objetivo principal de aumentar a precisão e a
confiabilidade dos sistemas que guiavam mísseis e torpedos.
Nos meados dos anos 70, uma outra invenção militar cairia nas graças dos
civis. Originalmente criado para orientar mísseis e guiar tropas por lugares ermos, o
Sistema de Posicionamento Global (GPS) foi resultado do investimento de cerca
de10 bilhões de dólares em 24 satélites. Este sistema compara dados enviados
pelos satélites e bases terrestres e fornece a latitude, longitude e altitude do usuário
(TRACY, 2004). Armas de última geração, como o míssil Tomahawk, utilizam esse
sistema para atingir o alvo. Hoje em dia, o GPS ajuda exploradores em terrenos
selvagens, equipa embarcações, aviões e carros, nos quais, associados a mapas,
guia motoristas fornecendo trajetos instantaneamente.
Pelo exposto, nem mesmo Churchill imaginava que a Cortina de Ferro, ícone
da Guerra Fria, que assombrou o mundo e quase destruiu o planeta, seria a
motivadora de grande parte do avanço científico e tecnológico do Século XX. E que
a mesma ciência que continuaria desenvolvendo armas terríveis também
beneficiaria a humanidade através do caráter dual de seus subprodutos.
23
3.3. A PESQUISA MILITAR NO BRASIL
Os exemplos anteriormente mencionados mostram a importância que o
incentivo às atividades de Ciência e Tecnologia voltadas para o desenvolvimento de
materiais de emprego militar têm para a segurança nacional brasileira. Neste
contexto, o Brasil deve fomentar a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de materiais
de alta tecnologia para emprego nas Forças Armadas Brasileiras, necessidade esta,
que nunca foi tão evidente como na atualidade, à medida em que o alto comando do
Exército planeja seu futuro, por meio de projetos estratégicos e ações de amplo
espectro, face a um cenário internacional cada vez mais hostil e competitivo
(CAVAGNARY, 1996).
A filosofia moderna do Exército se traduz pela busca de soldados
capacitados, equipamentos de alta tecnologia e doutrina adequada para aplicação
nas operações militares. Este padrão de atuação reflete-se nos diversos setores da
sociedade civil e nos mais deferentes campos do conhecimento. Para concretizar
esta filosofia é necessária uma forte integração entre os diversos setores industriais
brasileiros, de forma que a sociedade como um todo seja beneficiada pelo processo
evolutivo, na medida em que se beneficie dos avanços tecnológicos conquistados e
das melhorias nos campos econômicos, psicossocial, político e militar da nação
brasileira.
Os países emergentes devem acelerar seu desenvolvimento tecnológico para
competir em todas as áreas com as nações de primeiro mundo, eliminando o hiato
cultural resultante de séculos de exploração e arbitrariedade impostas pelas ações
imperialistas. Esta aparente desvantagem, no entanto, não deve ser desmotivadora.
É significativo, no caso do Brasil, a evolução e o conhecimento verificados nas áreas
aeroespacial, de sistemas inteligentes, construção, indústria naval, munições e
armamentos, telecomunicações e desenvolvimento de novos materiais de
engenharia (GRINSPUN, 1999).
O fomento em áreas especiais, com características duais é a melhor opção,
podendo-se citar a tecnologia utilizada em aviões supersônicos e no lançamento de
satélites ao espaço que é similar àquela que se usa para mísseis balísticos. Do
mesmo modo, a tecnologia de sensores de câmeras de imageamento terrestres,
24
usados na agricultura e para o planejamento urbano, foram desenvolvidas para fins
de espionagem. Essas são algumas das áreas sensíveis de P&D, cujos estudos
podem ter aplicações tanto para fins civis quanto para militares.
Como exemplos brasileiros de aplicações duais pode-se apresentar um
histórico dos desenvolvimentos militares com aplicações na área civil:
•
1969-1971:
Criação e implantação da EMBRAER. Desenvolvimento dos projetos dos
aviões Ipanema e Xavante, base da indústria aeronáutica brasileira;
•
Década de 70:
Engenhos autopropulsados que deram origem aos mísseis, também foram
base para o lançamento de foguetes para evitar chuvas de granizo e mais
recentemente do Veículo Lançador de Satélites Brasileiro;
O desenvolvimento dos blindados sobre rodas Urutu e Cascavel deram
origem à suspensão “boomerang”, utilizada também em veículos “off-road” de
emprego civil;
Sistema PAL-M de TV, desenvolvido no Instituto Militar de Engenharia
(IME), visando o acompanhamento de operações militares;
•
Década de 80:
O Programa Nuclear da Marinha para o desenvolvimento do submarino
nuclear permitiu o enriquecimento de Urânio por ultracentrifugação.
O Programa Nuclear do Exército desenvolve a tecnologia de reatores, que
se presta, entre outras coisas, para a irradiação de alimentos. Como
consequência, deste projeto, viabiliza-se a obtenção de elevado grau de
pureza a partir do piche mesofásico;
•
Década de 90:
Início da pesquisa para obtenção de fibra de carbono e otimização da
irradiação de alimentos, permitindo o aumento do tempo de estocagem e
eliminação de pragas;
25
•
Época atual:
Os Projetos Estratégicos do Exército, além de outros projetos em
execução,
tais
como:
o
desenvolvimento
de
novos
materiais
de
pavimentação, provenientes de reciclagem, para utilização na construção de
estradas na Amazônia; construção de instalações de biossegurança;
desenvolvimento de sistemas eletrônicos de filtragem para transmissão e
reconhecimento de sinais de voz; sistemas de comunicação para teledetecção e contramedidas eletrônicas, tecnologias de filme finos para células
solares e circuitos dedicados e dispositivos eletrônicos; geração de energia
elétrica a partir de hidrocinéticos com rotor axial, que pode ser utilizado em
Pelotões Especiais de Fronteira; sistema de acompanhamento de tropas
mecanizadas via rede em conjunto com sistema de GPS; pesquisa de fontes
alternativas de energia a partir de fontes nacionais renováveis; segurança na
comunicação por meio da criptografia; Veículos Aéreos Não Tripulados
(VANT); desenvolvimento de pilhas térmicas para acionamento de mísseis e
foguetes; sistemas de georreferenciamento, comando e controle; radares e
sistemas de detecção.
Estes fatos evidenciam a necessidade crescente do uso de métodos
modernos de combate, que exigem soluções tecnológicas eficientes de forma a
proteger a população das ações de grupos que ameaçam a paz mundial, sejam
estas de origem civil ou militar. Paralelamente, a demanda por forças modernas,
leves e eficientes também recai no emprego de modernas tecnologias. Do ponto de
vista da defesa, é necessário que o avanço científico e tecnológico dê suporte à
consolidação do país como potência emergente.
Com essa reflexão, os Ministérios da Defesa (MD) e da Ciência e Tecnologia
(MCT) determinam objetivos, visando ampliar iniciativas para buscar o engajamento
de importantes representações da sociedade, no esforço comum de integração dos
órgãos civis, militares e acadêmicos que têm por missão desenvolver Ciência,
Tecnologia e Inovação. Focados nesta visão, estes ministérios estão trabalhando
para que sejam elaboradas as diretrizes de Ciência, Tecnologia e Inovação para
defesa nacional, sendo seus objetivos:
26
•
Estabelecer a instituição de fóruns e mecanismos permanentes para a
discussão, formatação e realização de projetos e ações de conteúdo de
Ciência, Tecnologia e Inovação, resultantes da interação destes dois
Ministérios;
•
Identificar as necessidades e os anseios dos setores civil e militar, a fim de
que sejam estabelecidas Diretrizes Estratégicas de Defesa, cujas propostas
atuais são:
- Estabelecer canais e mecanismos de cooperação permanente entre o
MD e o MCT;
- Estimular a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a
capacidade de produção, de modo a minimizar a dependência externa do
País quanto aos recursos de natureza estratégica de interesse da Defesa
nacional;
- Tornar as Forças Armadas partícipes do desenvolvimento nacional na
área da Ciência, Tecnologia e Inovação;
- Orientar as atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação faz que as
Forças Armadas atuem de acordo com os princípios da integração e da
articulação entre seus componentes, tornando viável a participação das
indústrias, das universidades e centros de pesquisa nas atividades de
Ciência, Tecnologia e Inovação das Forças Armadas;
- Aplicar os objetivos e os princípios estipulados da Constituição
Federal e os fundamentos das Políticas de Defesa Nacional e de Ciência e
Tecnologia.
Dentro deste contexto, e sendo contemplada por essas diretrizes, a Indústria
de Defesa no Brasil, tal como nos demais países em desenvolvimento, ainda
enfrenta
obstáculos
para
conquistar
o
respeito
internacional.
O
modelo
predominante sempre foi a importação de tecnologias, justificadas por possíveis
ganhos econômicos, que acabam por retardar o desenvolvimento tecnológico
nacional.
Não existe, por parte das grandes potências, nenhum interesse ou incentivo
ao desenvolvimento tecnológico do Brasil. As indústrias na América Latina, por sua
27
vez, atuam como ilhas independentes, apesar de possuírem necessidade e nível
tecnológico equivalentes e às vezes complementares.
O Brasil ainda investe relativamente pouco em pesquisas militares, não tendo
aqui este assunto a mesma atenção dispensada pelas grandes potências. Apesar de
todos os avanços já conquistados e da mobilização do governo para integrar setores
importantes no incentivo à pesquisa, ainda é evidente a defasagem tecnológica
brasileira na atualidade.
3.4. O PAPEL DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NAS ATIVIDADES DO EXÉRCITO
BRASILEIRO
Com o advento da globalização, a relevância atribuída ao relacionamento
comercial entre nações aumentou, seja por meio de um maior intercâmbio, seja pela
implementação de facilidades comerciais, tais como: a intermodalidade dos
transporte, os novos meios de comunicação e a quebra de barreiras políticas. Neste
contexto, cresce a dicotomia entre necessidade de ampliar o espectro do
relacionamento internacional, contraposta às questões relacionada à segurança
nacional.
A Indústria de Defesa do Brasil não está dissociada desse contexto. A história
demonstra que esta indústria sempre foi a base da soberania nacional, além de ser
a maior incentivadora de todo processo evolutivo da área de Pesquisa e
Desenvolvimento, criando novas tecnologias que, na maioria das vezes encontra
aplicabilidade na sociedade civil.
Cada país tem legislação própria para efetuar o controle das tecnologias
consideradas sensíveis ao seu desenvolvimento. Contudo, o comércio de
equipamentos necessários para suprir estas tecnologias é controlado por meio de
acordos internacionais definidos por órgãos subordinados à Organização das
Nações Unidas (ONU). Quando um equipamento industrial ou laboratorial é vendido,
torna-se necessária uma comunicação ao organismo competente. Por exemplo, para
importar ou exportar equipamentos de tecnologia nuclear é preciso uma licença
específica, que para o Brasil é concedida pela Agência Internacional de Energia
Atômica (IEA). Coube à IEA a inspeção realizada em outubro de 2004 em uma das
28
instalações nucleares brasileira. Esse tipo de ação é feito anualmente em diversos
países visando impedir que a tecnologia nuclear seja usada na fabricação de
artefatos bélicos, em casos suspeito como no Irã.
Pesquisas nas áreas sensíveis são solicitadas pelo governo, e realizadas em
instituições, tais como: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o
Instituto de Pesquisas energéticas e Nucleares (IPEN), o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), o Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA), o Centro
Tecnológico do Exército (CTEx) e o Instituto Militar de Engenharia (IME).
Parte integrante da pesquisa cientifica militar, os pesquisadores de
universidades e de institutos de pesquisa civis brasileiros têm liberdade de realizar
trabalhos em áreas sensíveis, tanto por iniciativa própria como atuando em conjunto
com instituições militares. Para este tipo de projeto, os pesquisadores contam com
apoio dos mesmos órgãos de fomento que financiam as pesquisas de áreas de
cunho não militar. Mas a falta de recursos para contratação e treinamento de
pessoal, além das dificuldades para a aquisição de equipamentos, comprometem o
desenvolvimento do país, mantendo-o dependente de tecnologia externa. Nestas
instituições existe certa restrição no que toca ao sigilo nos estudos militares
estratégicos. Quando há um segredo industrial, ele se transforma em patente. Além
disso, o conhecimento produzido nas universidades é divulgado por meio de revistas
à comunidade científica, o que se torna um fator limitante nas questões de
segurança nacional, justificando o direcionamento de grande parte das pesquisas e
desenvolvimentos militares para instituições integrantes das Forças Armadas, tais
como o IME, o CTA, o CTEx e a Indústria de Material Bélico (IMBEL).
O Brasil gastou em 2013 cerca de R$ 1,7 bilhôes na área de defesa. Os EUA
aplicaram em 1997 aproximadamente U$ 50 bilhões somente voltados para
Pesquisa e Desenvolvimento, o que lhes permitiu o fornecimento de U$ 70 bilhões
em material de defesa para as Forças Armadas, sem contar o do que foi exportado
(SEVCENO, 2001). Uma das alternativas brasileiras para direcionar verbas de
pesquisa à área militar é a criação de um fundo, nos moldes dos fundos setoriais,
que seja dedicado tanto à pesquisa quanto à produção. Deste modo, para que haja
retorno financeiro torna-se necessário que tenham exportações de produtos militares
ou afins. Deve ser salientado porém, que a exportação de material de defesa é
29
menos importante do ponto de vista estratégico que o suprimento das Forças
Armadas. A principal razão para um país exportar material de defesa é a
amortização do investimento realizado para sua produção.
Outro aspecto a ser considerado é a globalização, que como não podia deixar
de acontecer, também tem uma forte influência sobre a Indústria de Defesa do
Brasil. As exigências macroeconômicas para a manutenção de equilíbrios
orçamentários ocasionaram a necessidade de reavaliação com cortes de efetivos
militares, nos investimentos em pesquisa e na requisição de menores quantitativos
de armamento. Essa equação apresentou como resultado uma retração na produção
e na demanda da indústria, um círculo vicioso que retarda o desenvolvimento
brasileiro. Somado ao processo de abertura gerado com a globalização, existe
atualmente uma ampla campanha internacional de opinião baseada em quatro
idéias-força que colocam em risco a questão da soberania nacional:
•
Abalar a ordem interna brasileira, qualificando o País como “falido”;
•
Esvaziar na esfera internacional a representatividade do Brasil e de outros
países emergentes, utilizando como pretexto sua “baixa representatividade”,
“baixo desenvolvimento social” ou ainda a sua “incapacidade de preservação
ambiental”;
•
Forçar a diminuição da capacidade estatal pela imposição do endividamento
externo e de modelos econômicos recessivos;
•
Promover o enfraquecimento do Estado-soberano para consolidar o processo
de dominação.
Pelo mencionado, a Indústria de Defesa, além do aspecto econômico,
também deve considerar os fatores políticos e estratégicos. Um exemplo de política
imprópria para o processo de desenvolvimento tecnológico é o grande número de
países que incorporam em suas Forças Armadas submarinos de origem alemã e
aeronaves de procedência americana, pelo fato de possuírem contratos de longa
duração com estes países. Em determinadas situações pode parecer vantajoso
importar ao invés de desenvolver tecnologia própria. Os governantes brasileiros não
podem ter esta visão que mantém o País dependente de fatores internacionais que
podem mudar drasticamente de hora para outra. A diretriz que deve predominar no
30
Exército Brasileiro é dar prioridade aos desenvolvimentos nacionais com o
estabelecimento de uma cadeia de suprimento que possibilite a manutenção dos
equipamentos e uma adequada qualificação de pessoal, beneficiando o crescimento
da Força Terrestre.
O Parque Bélico do Brasil tem suas peculiaridades, mas não despreza os
conceitos de rentabilidade, de custo e de comercialização, aí incluído o setor de
exportação. Estes conceitos têm consequências políticas e estratégicas, tanto a
nível setorial quanto nacional. É difícil imaginar um desenvolvimento industrial sem
seus congêneres no campo econômico, social e militar. Atualmente, agrega-se a
esse somatório à capacidade de Pesquisa e Desenvolvimento existente em centros
e institutos nacionais, para implantar inovações e destacar os produtos não apenas
pelo custo, mas principalmente pela agregação de valor, permitindo o seu sucesso
no mercado.
Mesmo sendo altos os custos de desenvolvimento tecnológico em segurança
e defesa, a Pesquisa e Desenvolvimento de materiais de emprego militar é
extremamente necessária para o Brasil. As ações de fomento da Indústria de Defesa
Brasileira devem estar intimamente conjugadas com metas amplas e comuns com o
sistema produtivo civil, para viabilizar o Parque Industrial Brasileiro como um todo e
beneficiar às atividades do Exército.
No âmbito do Exército Brasileiro, como integrante do Sistema de
Planejamento do Exército, o Plano Básico de Ciência e Tecnologia do Exército
(PBCT) foi o instrumento que a partir da apreciação por parte do Exército na área de
C&T, permitiu o planejamento inicial das ações relativas aos Objetivos da Política de
Ciência e Tecnologia e da Concepção Estratégica do Exército.
A estratégia para o funcionamento do Sistema de Ciência e Tecnologia no
âmbito do Exército Brasileiro tem por base a gestão matricial dos macroprocessos
de C&T, para privilegiar o estabelecimento de canais mais ágeis e eficazes entre o
Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) e o Exército Brasileiro, principalmente
com o EME e com o Departamento Logístico (DLog). Baseia-se no fato de que um
projeto
de
C&T
não
pertencer
apenas
ao
órgão
encarregado
do
desenvolvimento, mas sim uma responsabilidade de todos os integrantes do EB.
seu
31
Deste modo, as atividades de C&T são pré-requisitos fundamentais para o
desenvolvimento do Brasil e para a existência de Forças Armadas modernas,
adestradas, autônomas e com ampla capacidade de mobilização. A C&T sempre
teve impacto na manutenção da soberania, associada às atividades bélicas. Por este
motivo, a Nação brasileira necessita de esforços contínuos, nos moldes do Projetos
Estratégicos de Exército, um instrumento que expressa preocupação do EB com o
progresso, com base no comprometimento de todos os seus integrantes.
A importância da tecnologia vem aumentando continuamente nos negócios,
nas nações e organizações e também na guerra. A tecnologia está presente nos
produtos e nos serviços e é empregada nos processos de fabricação, na
administração das organizações, nas operações de venda e distribuição, e nos
campos de batalha.
A Diretriz do Comandante do EB é bastante clara ao afirmar que a dissuasão
continuará a ser a principal estratégia adotada pela Força Terrestre, demonstrando o
alinhamento do pensamento do EB com a Estratégia Nacional de Defesa (END).
Essa diretriz, determina que o EB deverá perseguir o domínio do conhecimento
científico-tecnológico e a capacidade de inovação, de forma a dotar a Força
Terrestre de modernos equipamentos, prioritariamente produzidos pela indústria
nacional e que o desenvolvimento da pesquisa aplicada e de tecnologias de uso
dual deverão ser tidos como objetivos. (BRASIL, 2007a).
A Política Militar Terrestre (PMT), descrita no Sistema de Planejamento do
Exército, livro 3 (SIPLEX 3), contempla a necessidade do desenvolvimento
tecnológico do EB ao elencar como um de seus objetivos estratégicos a redução do
hiato tecnológico, enunciado da seguinte forma: “Reduzir o hiato tecnológico em
relação aos exércitos de países desenvolvidos e a dependência de material de
emprego militar importado” (BRASIL, 2008). Além disso, a PMT serve para orientar
as ações do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTEx).
O SCTEx sofreu, no ano de 2005, uma reestruturação. Houve a fusão da
Secretaria de Ciência e Tecnologia (SCT) com a Secretaria de Tecnologia da
Informação (STI), dando origem ao Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT),
que ficou responsável por todas as atividades de ciência e tecnologia,
principalmente as voltadas para a pesquisa e o desenvolvimento dos materiais de
emprego militar (MEM) do EB.
32
A missão do SCTEx tem o seguinte enunciado: “Planejar, executar, controlar
e aperfeiçoar os macroprocessos de Ciência e Tecnologia do Exército, seus
programas e projetos; e fomentar a Indústria Nacional de Defesa.” (BRASIL, 2007b)
A criação do DCT, a sua alocação no Quartel-General do Exército, a
aprovação do PBCT e posteriormente a implantação dos Projetos Estratégicos do
Exército, sob a gerência do Escritório de Projetos Estratégicos de Exército EPEx e o
aumento dos investimentos para pesquisa e desenvolvimento podem ser
considerados pontos de inflexão na política de ciência e tecnologia da Força
Terrestre (ZAMPIERI, 2007). Além desses fatos, houve a inclusão de projetos
estratégicos do EB no Programa de Açeleração do Crescimento (PAC), por parte do
governo brasileiro. Isso demonstra a importância que vem sendo atribuída à área de
ciência e tecnologia no EB, e nos últimos anos dentro do próprio Brasil, com o
objetivo de diminuir o hiato tecnológico com os exércitos mais poderosos e
modernizar o EB preferencialmente com equipamentos desenvolvidos de forma
autóctone, ou na pior hipótese com transferência de tecnologia.
3.5 PROJETOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Diante do atual quadro político mundial, onde predomina a não linearidade dos
conflitos e as pressões de organizações internacionais sobre questões nacionais,
pressões essas muitas vezes apoiadas, pelos governos das grandes potências, é
onde surgem as novas ameaças sobre o Brasil, País possuidor de imenso território e
riquezas imensuráveis, muitas ainda inexploradas, como o petróleo da camada présal.
Nesse contexto, o Brasil decidiu investir mais em recursos humanos e em
pesquisa e desenvolvimento tecnológicos para fortalecer a BID. Diversos projetos
estratégicos vocacionados para a defesa nacional, que diretamente atuam no
desenvolvimento da base industrial de defesa e no aumento da dissuasão estão
sendo conduzidos pelas Forças Armadas do País (VALERIANO, 2001). Esses
Projetos Estratégicos no âmbito do Exército estão apresentados a seguir:
33
3.5.1 SISFRON
Considerado um dos principais Projetos Estratégicos do Exército, o SISFRON
permitirá o monitoramento, controle e atuação nas fronteiras terrestres, contribuindo
para a inviolabilidade do território nacional, para a redução dos problemas advindos
da região fronteiriça e para fortalecer a interoperabilidade, as operações
interagências e a cooperação regional. O SISFRON é um sistema integrado de
sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional cujo propósito é
fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira e
compreende um conjunto abrangente e integrado de recursos tecnológicos,
estruturas organizacionais, processos e pessoas, constituindo um sistema de
sistemas.
A concepção geral e o planejamento inicial do Sistema constam do seu
Projeto Básico, que foi elaborado em 2010 e 2011, mediante contratação de
empresa nacional com experiência na integração de projetos complexos e de grande
vulto. De acordo com previsão do Projeto Básico, o período de implantação do
SISFRON é de 10 anos, a um valor estimado de R$ 11,992 bilhões, sendo R$ 5,930
bilhões para a infraestrutura tecnológica, R$ 3,002 bilhões para a infraestrutura de
obras civis e R$ 3,060 bilhões para a infraestrutura de apoio à atuação operacional.
3.5.2 PROTEGER
O Projeto PROTEGER foi concebido a partir da necessidade do Estado de
proteger as Estruturas Estratégicas Terrestres (EETer) do País, também
denominadas infraestruturas críticas, que compreendem instalações, serviços, bens
e sistemas cuja interrupção ou destruição, total ou parcial, provocarão sério impacto
social, ambiental, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da
sociedade.
Trata-se de um sistema destinado à ampliação da capacidade de atuação do
Exército em ações preventivas ou de contingência na proteção da sociedade em
Grandes Eventos, no apoio à Defesa Civil, na proteção ambiental e em operações
de proteção contra agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares (QBRN)
e contra atentados terroristas, além das operações de Garantia da Lei e da Ordem
34
(GLO). O PROTEGER articula-se com o Mosaico de Segurança Institucional (MSI),
desenvolvido pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
(GSIPR) e com o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). O PROTEGER tem
como finalidades a contribuição para a proteção do cidadão, o desenvolvimento da
base produtiva nacional, a gestão de riscos e a adoção de medidas adicionais de
proteção ao planejamento setorial e aos procedimentos operacionais das EETer.
A implantação do Projeto trará benefícios imediatos, de médio e de longo
prazos nos campos social, político, econômico e militar. Entre esses benefícios,
destacam-se:
•
o desenvolvimento de novas capacidades ao EB, que contribuirão
preventivamente para a proteção das EETer e operacionalmente para
a redução de seus riscos e danos em caso de acidentes e/ou ameaças;
•
a ampliação do desenvolvimento tecnológico nacional, tendo por base
as diretrizes estabelecidas pela Estratégia Nacional de Defesa e pela
Lei nº 12.598, de 21 de março de 2012 (Produtos de Defesa),
resultando em maior indepen- dência tecnológica para o País;
•
o fortalecimento das Empresas Estratégicas de Defesa, contribuindo
para a geração de empregos qualificados, o estímulo à base industrial
brasileira e a consecução do objetivo estratégico do Plano Brasil Maior
de diversificar as exportações e promover a internacionalização das
empresas brasileiras;
•
o estabelecimento de procedimentos de cooperação interagências que
redundem na otimização nos custos de proteção das EETer do País;
•
o aperfeiçoamento de planos setoriais de contingência, contribuindo
para a diminuição das vulnerabilidades dos sistemas e fortalecendo a
continuidade dos negócios;
•
a integração dos treinamentos militares do EB às demandas
identificadas pelo sistema de monitoramento e alerta do GSIPR
(Mosaico de Segurança Institucional), pelos sistemas de Segurança
Pública, Defesa Civil e de Proteção Ambiental e pelos planejamentos
de segurança orgânica das EETer envolvidas.
35
O Projeto PROTEGER, além de manter tropas capacitadas para missões
específicas das EETer sob sua responsabilidade, contará com um Sistema de
Coordenação de Operações Terrestres Interagências e treinamento integrado
interagências, o que trará acentuados benefícios para as ações de prevenção,
alerta/antecipação e atuação em casos de contingência e/ou de ameaça, inclusive
contra atos de terrorismo. Contará ainda com produtos estratégicos de defesa com
capacidade ampliada para efetivo emprego dual (Defesa da Pátria e GLO), tais
como VANT, meios de aviação do Exército com interface de monitoramento e
interoperabilidade, veículos Especializados, armamentos com letalidade seletiva,
equipamento individual compatível com ambientes QBRN (Químicos, biológicos,
radilológicos e nucleares), entre outros.
Em síntese, reforçará a vertente preventiva da proteção das estruturas
estratégicas terrestres nacionais, com base em atividades de cooperação
interagências integradas e permanentes, o que demandará o incremento nas
capacidades do Exército Brasileiro e das demais agências parceiras, capacitando-as
para fazerem frente aos novos desafios de proteção desse imenso patrimônio do
Brasil.
3.5.3 Projeto GUARANI
O Projeto GUARANI tem por objetivo transformar as Organizações Militares
de Infantaria Motorizada em Mecanizada e modernizar as Organizações Militares de
Cavalaria Mecanizada. Para isso, estão sendo desenvolvidas novas famílias de
Viaturas Blindadas de Rodas, a fim de dotar a Força Terrestre de meios para
incrementar a dissuasão e a defesa do território nacional. A primeira viatura
desenvolvida foi a Viatura Blindada para Transporte de Tropa Média de Rodas
Guarani (VBTP-MR Guarani), possibilitando a substituição das viaturas URUTU e
CASCAVEL, fabricadas pela antiga ENGESA.
A plataforma básica (chassis) é a versão 6x6, que, devido a sua
modularidade, permite a migração, com facilidade, para uma versão 8x8, ampliando
a possibilidade de obtenção de viaturas da subfamília média com diferentes versões.
Para a viatura leve, será utilizada a versão 4x4.
36
São características técnicas da VBTP-MR:
transmissão automática; ar
condicionado; capacidade anfíbia e de operação noturna; capacidade para 11
militares; velocidade elevada em estrada e em terreno variado (Max. 100 km/h);
transportabilidade por aeronaves tipo C-130; proteção blindada STANAG 2 (munição
perfurante incendiária, minas anticarro e IED); baixa assinatura térmica e assinatura
radar; aviso de detecção por laser; capacidade de navegação por GPS ou inercial;
baixa dependência logística e facilidade de manutenção; – capacidade de
deslocamentos a grandes distâncias (600 km de autonomia).
Dotadas de tecnologia de ponta, as viaturas do Projeto GUARANI apresentam
robustez, simplicidade no emprego e custo reduzido de manutenção, facilitando sua
vinculação ao conceito de emprego, tanto pelas Forças Armadas como por forças de
segurança pública. A complexidade tecnológica pode ser constatada nos diferentes
sistemas que compõem uma viatura blindada, os quais são dotados de sofisticada
tecnologia e de novos conceitos que lhe conferem modernidade, segurança e
eficiência, virtudes indispensáveis no campo de batalha moderno, assimétrico e
imprevisível. Seu sistema de comando e controle permitirá a aplicação do conceito
de “consciência situacional” e empregará um software de gerenciamento do campo
de batalha com interface com o Sistema C2 em Combate, comunicação externa sem
fio, estrutura para tráfego de voz, dados e imagens, além de ser totalmente
integrado à estrutura eletrônica da viatura e do sistema de armas.
O sistema de armas é apresentado em três versões de torre: manual;
remotamente controlada, dotada de canhão 30 mm ou de metralhadoras; e dotada
de arma de maior calibre, para ser usada na Viatura Blindada de Reconhecimento
(VBR). Entre essas versões, destaca-se a torre REMAx, fabricada pela empresa
ARES, localizada no município do Rio de Janeiro, em parceria com o Centro
Tecnológico do Exército (CTEx), que permite o uso de metralhadora 0.50 pol ou 7,62
mm, além de quatro lançadores de granada 76 mm, sendo a primeira estação de
armas remotamente controlada produzida e desenvolvida no Brasil, conferindo
segurança e eficiência à guarnição da viatura, particularmente em operações
urbanas.
O Projeto, alinhado com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa,
colabora com o desenvolvimento da Indústria Nacional de Defesa, gerando divisas
37
econômicas diretas para o País. Dessa forma, contribui para o resgate da indústria
nacional como produtora e exportadora de produtos de defesa, incrementando a
melhoria dos indicadores produtivos nacionais e as ações de desenvolvimento e
cooperação regional, inclusive por intermédio da exportação para outros países.
Com previsão de índice de nacionalização de cerca de 90%, dualidade de emprego
e modernas características técnicas, sua integração com os sistemas congêneres
das demais Forças Armadas e de outros órgãos públicos possibilitará a realização
de operações conjuntas e interagências em melhores condições.
3.5.4 Sistema ASTROS 2020
O Sistema ASTROS 2020 é um sistema para garantir a dissuasão
extrarregional, que se define como sendo a capacidade que tem uma Força Armada
de dissuadir a concentração de forças hostis junto à fronteira terrestre e às águas
jurisdicionais e a intenção de invadir o espaço aéreo nacional, possuindo produtos
de defesa e tropas capazes de contribuir para essa dissuasão e, se for o caso, de
neutralizar qualquer possível agressão ou ameaça, antes mesmo que elas
aconteçam. Das várias estratégias para atingir essa capacidade, ressalta-se a que
estabelece que a Força Terrestre (F Ter) possua um sistema de apoio de fogo de
longo alcance e com elevada precisão. Para atender a essa estratégia, o
Comandante do Exército determinou a elaboração do Projeto Estratégico ASTROS
2020, a fim de dotar a Força Terrestre de meios capazes de prestar um apoio de
fogo de longo alcance, com elevada precisão e letalidade.
O Projeto ASTROS 2020 contém no seu escopo e estrutura, as seguintes
etapas: a criação e implantação de: uma Unidade de Mísseis e Foguetes, um Centro
de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes, um Centro de Logística de Mísseis
e Foguetes, uma Bateria de Busca de Alvos, paióis de munições, uma Base de
Administração e o Campo de Instrução de Formosa (CIF); a modernização do atual
6º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes, transformando-o em 6º Grupo de
Mísseis e Foguetes; o desenvolvimento de dois novos armamentos: o foguete
guiado, utilizando-se a concepção do atual foguete SS 40, da família de foguetes do
sistema ASTROS II, em uso pelo Exército Brasileiro, e o míssil tático de cruzeiro
com alcance de 300 km e a construção de Próprios Nacionais Residenciais (PNR) e
38
outras instalações necessárias ao bem-estar da família militar na Guarnição de
Formosa (GO).
O sistema irá possibilitar a realização do lançamento, partindo das
plataformas da nova viatura lançadora múltipla universal na versão MK-6, dos vários
foguetes da família ASTROS e também do míssil tático de cruzeiro de 300 km. Além
disso, permitirá fazer toda a preparação para a realização do tiro, desde o
recebimento e análise da missão, o comando e controle, a trajetória de voo e o
controle de danos. O Sistema foi concebido e elaborado pela empresa brasileira
AVIBRAS, sediada em São José dos Campos.
3.5.5 Projeto Estratégico de Defesa Cibernética
Setor de importância estratégica para a Defesa Nacional, o Setor Cibernético
é introduzido no âmbito da Força Terrestre, tendo o Centro de Defesa Cibernética
como órgão encarregado de coordenar e integrar os esforços dos vetores
vocacionados para compor a defesa.
O Setor Cibernético contempla o emprego de modernos meios tecnológicos,
enfaticamente as redes de computadores e de comunicações destinadas ao trânsito
de informações, seja por meio de pessoas, no atendimento de suas necessidades
individuais, seja por organizações diversas, inclusive aquelas. No prosseguimento
da implementação das diretrizes esta- belecidas pela END, atendendo a
determinação do Ministério da Defesa, o Exército Brasileiro (EB), em 2009, instituiu o
Setor Cibernético no âmbito da Força Terrestre.
Nasceu, nesse momento, o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética, e logo
se percebeu a necessidade da existência de um órgão que fosse encarregado de
exercer a governança, de forma colaborativa, entre os vetores naturalmente
vocacionados para compor a defesa no campo cibernético. Essa necessidade foi
atendida com a criação, em 2010, do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), por
determinação do Comando do Exército. As premissas de trabalho deste novo órgão
são coordenar e integrar os esforços dos vetores da defesa cibernética. Para atuar
neste segmento tão específico, iniciou-se, entre outras atividades, o processo de
capacitação
de
recursos
humanos,
possibilitando
o
domínio
de
temas
39
multidisciplinares. Especial enfoque foi destinado ao desenvolvimento de doutrina de
proteção dos próprios ativos, bem como na capacidade de atuar em rede, na de
implementar pesquisa científica voltada ao tema e de coordenar relações com
instituições civis acadêmicas e empresariais.
Produtos como sistemas de segurança da informação, programas de
detecção de intrusão, hardware para a composição de laboratórios e simuladores de
defesa e guerra cibernética, além de estímulo à produção de software nacional,
como antivírus, a realização de seminários e programas de treinamento
especializado são alguns exemplos das ações adotadas para a identificação e o
desenvolvimento das capacidades mencionadas. Em virtude desse conjunto de
ações, o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética incluiu o Exército Brasileiro no
restrito grupo de organizações, nacionais e internacionais, que possuem a
capacidade de desenvolver medidas de proteção e mitigar ataques no campo
cibernético.
3.5.6 Projeto Estratégico do Exército DEFESA ANTIAÉREA
A aquisição de meios modernos de Defesa Antiaérea e a sua nacionalização,
além de reequipar as Unidades e Subunidades com o que há de mais moderno no
segmento de defesa, permitirá ao Exército Brasileiro cumprir missão na defesa de
forças, instalações ou áreas. No cenário internacional, os recentes conflitos mundiais
destacam o Poder Militar Aeroespacial como um dos seus elementos fundamentais.
Nesse contexto, a Defesa Antiaérea (DAAe) é importante partícipe na estratégia de
defesa de um país, por se configurar em elemento de dissuasão de extrema
importância para uma nação que se deseja manter soberana. Importante ressaltar
que não existe a possibilidade de improviso na mobilização de recursos humanos e
materiais de emprego militar, quando do emprego da Defesa Antiaérea (DAAe). Tal
sistema exige total integração com os sistemas de comando e controle e o
adestramento constante, desde o tempo de paz, devido as suas peculiaridades e
complexidade. Tais premissas aplicam-se ao Brasil.
O Projeto Estratégico do Exército DEFESA ANTIAÉREA tem por objetivo
principal dotar a Força Terrestre da capacidade de atender às necessidades de
defesa das estruturas estratégicas terrestres do País, defendendo-as de possíveis
40
ameaças provenientes do espaço aéreo. Sua principal finalidade é reequipar as
atuais Organizações Militares de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro mediante
a aquisição de novos meios, modernização dos meios existentes, desenvolvimento
de itens específicos pelo fomento à Indústria Nacional de Defesa, capacitação de
pessoal e a implantação de um Sistema Logístico Integrado (SLI), para oferecer
suporte aos Produtos de Defesa (PRODE) durante todos os seus ciclos de vida.
Este fato contribuirá para a criação do Parque Tecnológico de Defesa
Brasileiro, gerando empregos e aumentando significativamente a massa crítica de
conhecimento na área de defesa. O País, assim, passa a integrar o seleto grupo de
fabricante de materiais de Defesa Aeroespacial. Como principais produtos do
projeto, pode-se destacar: a obtenção de mísseis, radares, centros de operação/
coordenação, equipamentos de comunicações e de seus meios de transporte para o
Sistema Defesa Antiaérea; a capacitação dos operadores do Sistema nas áreas de
utilização e de manutenção; o desenvolvimento e a aquisição de simuladores para o
Sistema; o planejamento, implantação e execução do Suporte Logístico Integrado
necessário; e a adequação da Infraestrutura Física das Organizações Militares para
o Suporte Logístico Integrado e os novos equipamentos.
Como exemplos de desenvolvimentos já realizados, de materiais para a
defesa antiaérea pode-se citar o Radar SABER M60 e o Centro de Operações de
Artilharia Antiaérea para Seção de Defesa Antiaérea, planejados e construídos em
trabalho conjunto da Empresa Bradar e do Centro Tecnológico do Exército.
3.5.7 Projeto Estratégico Recuperação da Capacidade Operacional (RECOP)
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. (Art. 142 da Constituição
Federativa do Brasil).
O Exército Brasileiro tem a necessidade constante de modernização e
atualização dos meios de que dispõe para cumprir as missões que a Nação lhe
41
confia. Não pode, pois, descurar da responsabilidade da prontidão, da busca da
eficiência nem da inquietude do aprimoramento profissional de seus quadros. É com
tal entendimento que o Exército Brasileiro (EB) percebe a necessidade de
modernizar seus equipamentos e sistemas, agregando-lhes as recentes inovações
tecnológicas. Sendo assim, é dever do EB substituir materiais obsoletos e os que já
ultrapassaram seu limite de utilização.
O Exército, então, identificou como demanda prioritária o recompletamento de
seus Quadros de Dotação de Material (QDM), adquirindo o essencial em produtos
de defesa (PRODE) para atingir a operacionalidade da Força Terrestre (F Ter). Essa
necessidade premente justificou-se, também, pelo emprego da Força, cada vez mais
frequente, em operações para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e em ações
subsidiárias, com destaque para a Defesa Civil, quando das ocorrências de
catástrofes naturais. Tem origem, então, o Projeto Estratégico Recuperação da
Capacidade Operacional (RECOP), que tem por autoridade patrocinadora o Chefe
do Estado-Maior do Exército (EME). Trata das necessidades imediatas para atender
a uma demanda reprimida de equipamentos e adestramento, decorrente da não
previsão no orçamento da F Ter ao longo de vários anos.
Justificam-se, assim, seus altos custos, quando comparados aos recursos
historicamente recebidos pela Força. O RECOP tem por objetivo dotar as unidades
operacionais de material de emprego militar, em seu nível mínimo, imprescindível ao
seu emprego operacional, com a finalidade de atender às exigências de defesa da
Pátria, assim como às operações de GLO e às diversas missões subsidiárias
atribuídas ao Ministério da Defesa. Para atingir tal objetivo, compõe-se de 17
Projetos Integrantes (PI), que são compostos por: modernização da frota; aquisição
de armamento e munição; equipamentos de visão e pontaria; manutençâo e
recuperação
recomposição
de
de
blindados;
estoques
aquisição
de
e
modernização
fardamento,
material
de
de
embarcações,
estacionamento,
equipamentos individual, material aéreo e terrestre, modernização da artilharia de
campanha; aquisição de suprimentos, ferramental e manutenção de meios; compra
de material de comunicações controle e guerra eletrônica; atidades de adestramento
da aviação do exército; manutenção dos estoques de combustíveis, óleos e
lubrificantes; revitalização do material de engenharia de combate; recuperação de
42
aeronaves da aviação do exército; alocar recursos para permitir a aquisição das
quantidades previstas de ração operacional; aperfeiçoamento do adestramento da
força terrestre e recuperação do material de saúde de campanha.
O RECOP é uma necessidade da Força Terrestre, que se mantém fiel a suas
missões constitucionais, aos seus valores e à identificação com a Nação brasileira.
A aquisição de meios modernos e a capacitação dos profissionais militares
embutidas no Projeto convergem para o emprego eficiente da Força, segundo uma
doutrina que lhes oriente.
A base para a atuação inicial do DCT foi o Plano Básico de Ciência e
Tecnologia (PBCT), na medida em que ele definiu as ações a executar e os
objetivos a serem atingidos. Dentre os vinte objetivos estratégicos do SCTEx podese destacar os seguintes:
- Dominar tecnologias que assegurem vantagens estratégicas e operacionais,
priorizando as de acesso negado;
- Desenvolver projetos de P&D de materiais e sistemas de interesse do
Exército;
- Fabricar os PRODE e outros materiais e sistemas de interesse do EB de
hoje;
- Aperfeiçoar as bases física e lógica do Sistema de Comando e Controle do
Exército (SC2Ex).
A busca pelas tecnologias estratégicas, em particular as de acesso negado foi
enfatizada devido à sua importância e à dificuldade em obtê-las, bem como o seu
alto custo.
3.6 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA
O Brasil figura no cenário internacional na condição de uma potência
emergente, indo além os limites do protagonismo regional. Dotado de invejáveis
recursos naturais, de estabilidade econômica e política, o País figura entre aqueles
poucos que reúnem condições de alcançar a posição de grande potência nas
próximas décadas. No entanto, essa condição, de caminhar em direção aos grandes
países, está fragilizada enquanto não houver uma estrutura militar de defesa efetiva.
43
O que se verifica, atualmente, é que a capacidade da Expressão Militar do Estado
Brasileiro não está de acordo com o seu peso geopolítico no âmbito regional e
internacional, o que poderá colocar em “check” a sua projeção internacional e, em
última análise, o seu protagonismo regional. (PRADO, 2008)
A Base Industrial de Defesa (BID) é um setor diretamente relacionado com a
capacidade do Poder Militar do Estado. Nesse sentido, o Brasil vive um momento
difícil, resultado de longo período de baixos orçamentos para a Defesa. Como
consequência, houve pouco investimento em pesquisa e em desenvolvimento na
produção de produtos de defesa (PRODE).
A BID pode ser entendida como o segmento industrial brasileiro que alimenta
e sustenta às ações de segurança e de defesa nacionais, produzindo bens e
serviços de interesse estratégico. O Ministério da Defesa (MD) definiu a BID como o
conjunto das empresas estatais e privadas, bem como organizações civis e militares,
que participam de uma ou mais das etapas de pesquisa, desenvolvimento,
produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa. (SILVA
2007). Deste modo, ela pode ser entendida como o conjunto de empresas que
possuem capacidades técnicas de interesse da nação e que, de maneira geral,
incorporam tecnologias modernas em seus produtos. Via de regra, incorporando
inovações tecnológicas nos produtos e nos processos, a Base Industrial de Defesa é
produtora de material de alto valor agregado que traz, como resposta a uma
adequada política setorial de comércio exterior, importantes receitas para o produto
interno bruto. Além disso, a imagem de marca que seus produtores projetam no
mundo projeta o País no exterior. As indústrias desse setor têm a necessidade de se
manter atualizadas para conquistar competitividade, investindo recursos em
pesquisas tecnológicas, normalmente, geradoras de efeito de arraste, que
impulsionam as diversas áreas empresariais do país, contribuindo para seu
desenvolvimento. (HOBSBAWN, 1995).
Uma das causas da situação da de deterioração da BID está relacionada ao
distanciamento da sociedade brasileira dos assuntos de defesa. O retraimento do
poder civil aos assuntos de defesa gerou uma reação no meio militar de chamaram
para si a tarefa de formular a política de Defesa. Como consequência, os temas de
Defesa saíram da agenda nacional. Executivo e Legislativo passaram a vê-los como
exclusiva agenda militar. Este fato, gerou falta de investimentos, de modernização,
44
de reaparelhamento das Forças Armadas (FA) e de fortalecimento da indústria
nacional de equipamentos bélicos, colocando em risco a Segurança Nacional.
A BID é um setor que deve ser de interesse nacional. Um país que possui
uma BID mal desenvolvida, atrasada em C&T, dependente do mercado externo, sem
incentivos governamentais, impõe um despreparo às suas FA e, em consequência, a
sua Expressão Militar do Poder Nacional. A BID é um setor de interesse nacional.
A condição precária da BID do Brasil desfavorece a sua situação no
subcontinente sul-americano, principalmente face às novas ameaças na região. A
dissuasão, como ferramenta de uma nação para desencorajar os oponentes a
tomarem atitudes que levem a uma escalada da crise ou que, pelo menos, os levem
à dúvida dos resultados dessa possível escalada, só terá seus efeitos concretizados
se houver real capacidade de ameaça. E, para que ela seja real, é necessário que o
País tenha um sólido aparato militar, o que aumentará de modo significativo, a sua
expressão militar, crescendo de importância a Indústria de Defesa do Brasil.
(CAVAGNARY, 1996).
A filosofia moderna do Exército se traduz pela busca de soldados
capacitados, equipamentos de alta tecnologia e doutrina adequada para aplicação
nas operações militares. Este padrão de atuação reflete-se nos diversos setores da
sociedade civil e nos mais deferentes campos do conhecimento. Para concretizar
esta filosofia é necessária uma forte integração entre os diversos setores industriais
brasileiros, de forma que a sociedade como um todo seja beneficiada pelo processo
evolutivo, na medida em que se beneficie dos avanços tecnológicos conquistados e
das melhorias nos campos econômicos, psicossocial, político e militar da nação
brasileira. (GRINSPUN, 1999).
O fomento em áreas especiais, com características duais é a melhor opção,
podendo-se citar a tecnologia utilizada em aviões supersônicos e no lançamento de
satélites ao espaço, que é similar àquela que se usa para mísseis balísticos. Do
mesmo modo, a tecnologia de sensores de câmeras de imageamento terrestres,
usados na agricultura e para o planejamento urbano, foram desenvolvidas para fins
militares. Essas são algumas das áreas sensíveis de P&D, cujos estudos podem ter
aplicações tanto para fins civis quanto para militares. (SILVA,2009)
45
Estes fatos evidenciam a necessidade crescente do uso de métodos
modernos de combate, que exigem soluções tecnológicas eficientes de forma a
proteger a população das ações de grupos que ameaçam a paz mundial, sejam
estas de origem civil ou militar. Paralelamente, a demanda por forças modernas,
leves e eficientes também recai no emprego de modernas tecnologias. Do ponto de
vista da defesa, é necessário que o avanço científico e tecnológico dê suporte à
consolidação do país como potência emergente. Esta condição somente surge e
perdura mediante o suporte de uma BID consolidada, desenvolvida e comprometida
com a manutenção da soberania nacional. (AMARANTE,2012).
A seguir, serão apresentadas as principais empresas integrantes da BID,
atuantes em diversas áreas da tecnologia, associadas à ABIMDE e de interesse o
Exército Brasileiro, destacando suas capacidades e limitações.
3.6.1 Indústria de Material Bélico do Brasil – IMBEL
A IMBEL é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Defesa, por
intermédio do Comando do Exército. Criada nos termos da Lei nº 6.227, de 14 de
julho de 1975, é dotada de personalidade jurídica de direito privado, regida pelo
Estatuto Social, aprovado pelo Decreto nº 5.338, de 12 de janeiro de 2005.
Possui cinco unidades de produção, localizadas nas cidades de Piquete/SP,
Rio de Janeiro/RJ, Magé/RJ, Juiz de Fora/MG e Itajubá/MG, e construiu um portfólio
de produtos estratégicos de defesa capaz de prover, as necessidades do exército
brasileiro Instituições Federais, Estaduais e Municipais ligadas à Defesa e à
Segurança, bem como o seletivo mercado internacional. É considerada uma
empresa estratégica pelo Exército e uma de suas grandes fornecedoras de PRODE.
A missão institucional da IMBEL é desenvolver e produzir material de defesa e
segurança e seus derivados para uso civil, integrando a Base Industrial de Defesa
Nacional em sintonia com os objetivos nacionais, das expressões militar, econômica
e ciência e tecnologia, e para atingir essa missão a IMBEL desenvolve e aplica
novas tecnologias aliadas aos conhecimentos científicos em produtos, tais como:
•
a linha de abrigos temporários SATI desenvolvidas na forma de barracas
modulares de campanha de 20 e 30 m², para atender tanto as necessidades
46
de resistência e segurança do campo de batalha quanto às imposições de
flexibilidade e conforto das situações de desastres naturais ou outras
operações de cunho humanitário;
•
a linha de fuzis IA2, nos calibres 5.56 e 7.62 mm, pistolas de diversos
calibres, capacidades e modelos além de uma linha de cutelaria , para
atender as transformações de doutrina e de emprego que passam as Forças
Armadas e forças de segurança pública;
•
os equipamentos rádio em versão portátil e veicular, dos tipos Mallet e
Rondon, para atender as imposições dos sistemas de comando e controle do
campo de batalha;
•
as munições de calibres variando de 40 a 155 mm de variadas aplicações e
para vários tipos de armamento, dentre os quais pode-se mencionar: arma
leve anticarro, morteiros 60, 81 e 120 mm, obuseiros de artilharia de calibres
105 e 155 mm, carros Cascavel 90 mm e Leopard 105 mm.
Os produtos civis possuem tecnologia similar à dos produtos militares e devido
à amplitude de suas pesquisas, a IMBEL oferece produtos de qualidade apurada, a
partir de processos otimizados e matérias-primas selecionadas. O reconhecimento
dos seus produtos e serviços já é consagrado no Brasil, por aquisições das Forças
Armadas, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal e Forças Auxiliares,
por intermédio das Polícias Civis e Militares, é também consagrado no mercado
externo, a saber, no Continente Africano, na Ásia, América Latina, nos Estados
Unidos, destacando-se, de forma especial, a utilização de seu armamento pelo
Federal Bureau of Investigation, FBI.
3.6.2 Empresa Gerencial de Projetos Navais – EMGEPRON
É uma empresa vinculada ao MD, por intermédio do Comando da Marinha, e
desenvolve atividades gerenciais e comerciais ligadas a projetos e produtos
oriundos da capacitação científico-tecnológica e industrial da Marinha do Brasil.
Desse modo, atua em programas de alta complexidade tecnológica, tais como a
modernização de meios navais e a fabricação de munição naval.
47
A EMGEPRON atua no mercado externo, abrangendo a América do Sul, África,
Ásia e Europa. Seus principais produtos estão relacionados com a construção naval,
munição de artilharia, sistemas navais, estudos oceanográficos, sobressalentes de
aeronaves, serviços de reparo, entre outros. Também realiza pesquisa e
desenvolvimento nas áreas de tecnologia nuclear de munição de artilharia, de
construção naval e de oceanografia.
3.6.3 Centro Tecnológico do Exército – CTEx
Criado em 1982, o CTEx, órgão do Sistema de Ciência e Tecnologia do
Exército (SCTEx), apoia o Departamento de Ciência e Tecnologia e tem como
missão realizar a pesquisa científica, o desenvolvimento
experimental, o
assessoramento científico-tecnológico e a aplicação do conhecimento, visando a
produção de materiais de emprego militar de interesse do Exército.
O CTEx desenvolveu, recentemente, um Sensor Radar de Defesa Antiaérea de
Baixa Altura (Radar SABER X60) em parceria com uma rede de organizações
militares, universidades e com a empresa ORBISAT. Seus principais produtos: ALAC
– Arma Leve Anticarro, VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado, Equipamentos de
Visão Noturna, Míssil Solo-Solo (MSS), Viatura Leve de Emprego Geral
Aerotransportável, Radar de Busca e Vigilância para Defesa Antiaérea de Baixa
Altura e Módulo de Telemática Operacional.
3.6.4 Os Arsenais de Guerra
O Arsenal de Guerra do Rio (AGR) se destaca na fabricação do Mrt 120mm M2
raiado e o de São Paulo (AGSP) na revitalização da família de blindados sobre
rodas (URUTU e CASCAVEL). Os dois arsenais atuam na pesquisa e
desenvolvimento dos protótipos da viatura leve aerotransportada e do morteiro 81
mm. Na etapa de produção, atuam na fabricação do morteiro pesado 120 mm e
montagem dos equipamentos de visão noturna Munos e Lunos.
48
3.6.5 ATECH Tecnologias Críticas
Criada em 1997, em São José dos Campos (SP), tem como missão garantir
ao Brasil uma resposta autônoma em soluções para o controle do espaço aéreo e
vigilância territorial. Mantém-se perene e confiável na operação, manutenção e
atualização tecnológica da inteligência dos Sistemas para Proteção e Vigilância da
Amazônia (SIPAM e SIVAM, respectivamente). Seus produtos foram desenvolvidos
com tecnologia predominantemente nacional, e reúnem ferramentas estratégicas
imprescindíveis para a integração de forças no mar, na terra e no ar. A capacidade
principal da ATech é na concepção, operação e manutenção de Sistemas de
Inteligência a serviço da autonomia e evolução continuada das Forças Armadas.
Seu escopo de capacidades também inclui: sistemas de missão crítica para
segurança, eficiência e proteção do território nacional; segurança nas operações
aéreas; processamento em tempo real de dados aéreos, navais, terrestres e de
logística e atividades de planejamento, tomada de decisão e acionamento de meios
de forma rápida e precisa.
Sua principal limitação é a dependência do fornecimento externo de
soluções tecnológicas, principalmente no tocante a aquisição de sensores.
3.6.6 AVIBRÁS
É uma empresa brasileira privada de engenharia, criada em 1961, que atua
no setor de Defesa, Aeroespacial e produtos civis duais. É umas das principais
empresas de defesa atualmente no Brasil, com capital 100% nacional, fornecendo
para todas as FA nacionais e para muitos países amigos.
A AVIBRAS iniciou o desenvolvimento, produção e exportação do sistema de
foguetes de 70mm SKYFIRE-70, para emprego ar-terra, em qualquer tipo de
aeronave ou helicóptero. Também fabrica e comercializa o EDT-FILA (Fighting
Intruders at Low Altitude), unidade de controle de fogo para defesa antiaérea de
baixa altitude, sistema constituído de vários radares, sensores e computadores de
tiro que podem controlar diversos canhões, de 35mm e/ou 40mm, e mísseis terra-ar
para defesa de ponto contra alvos múltiplos a baixa altitude.
Na linha de mísseis, a AVIBRAS fabrica a família de mísseis guiados por fibra
ótica FOG-MPM (Fiber Optics Guided Multiple Purpose Missile) para emprego anti-
49
fortificação, anti-carro e anti-helicóptero, e com capacidade de alcance entre 12 e 60
km. O FOG-MPM pode ser lançado de veículos terrestres, navios e helicópteros.
Também fabrica o míssil TM, míssil tático de cruzeiro, solo-solo, o qual é lançado da
plataforma ASTROS II do tipo fire-and-target, com capacidade de alcance até 300
km. Seu principal produto é o sistema ASTROS II (Artillery Saturation Rocket
System). O ASTROS II é um dos sistemas de foguetes terra-terra mais flexível
disponível no mercado mundial, tendo sido utilizado em combate nas duas guerras
no Golfo Pérsico, nas décadas de 80 e 90. O ASTROS II lança foguetes balísticos a
distâncias que variam de 9 km a 90 km, e possui uma nova família de mísseis,
incluindo o FOG-MPM e o ASTROS TM. Seguindo a linha de lançadores de
foguetes, a AVIBRAS desenvolveu o ASTROS HAWK e o Lançador Múltiplo AV-SS
12/36. O ASTROS HAWK é um sistema de artilharia de foguetes multicalibre para
apoio direto de fogo, montado em veículo 4x4, leve e de alta mobilidade, com
alcance de até 12 km. Já o AV-SS, capaz de lançar cabeças de guerra de até 6 kg a
uma distância superior a 12 km, pode ser rebocado ou transportado por helicóptero.
A AVIBRAS possui um conjunto de centros de desenvolvimento, capacitação
industrial e recursos humanos para atuar em diversos campos tecnológicos, tais
como: química, eletrônica, telecomunicações, transporte, pesquisa espacial,
software e sistemas para defesa. Contudo, muito do exposto das capacidades dessa
empresa depende de tecnologias importadas.
3.6.7 EMBRAER
Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. é sediada em São José dos Campos
e foi fundada em 19 de agosto de 1969, pelo Decreto-Lei nº 770, como empresa de
capital misto, por integrantes da Força Aérea, e privatizada em 07 de dezembro
de1994.
A Embraer cresceu com a fusão das duas culturas: tecnológica industrial e
empresarial, consagrando-se como a maior empresa exportadora do Brasil nos anos
de 1999, 2000 e 2001 e a segunda maior em 2003 e 2004. Mais de 50% da frota da
Força Aérea Brasileira é constituída por aeronaves Embraer, bem como cerca de 20
forças aéreas no exterior. Participa das etapas de projeto, desenvolvimento,
fabricação, venda e suporte pós-vendas de aeronaves destinadas aos mercados
globais de aviação comercial, executiva, defesa e governamental. Atualmente, a
50
empresa produz as aeronaves de treinamento e ataque leve Super Tucano que,
além de terem sido adquiridas pela Força Aérea Brasileira - FAB e pela Força Aérea
Colombiana - FAC, foram recentemente selecionadas pelo Chile e Equador para
comporem as suas forças aéreas.
Fruto do seu sucesso na produção de jatos regionais para a aviação
comercial, que a tornou uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do
mundo, a EMBRAER desenvolveu, a partir da plataforma bem sucedida do jato
regional ERJ-145, três versões militares equipadas com sensores de última geração
para emprego em missões de controle e alarme aéreo antecipado; sensoriamento
remoto, vigilância e inteligência; e patrulha marítima.
As limitações podem ser expressas pelo fato do ERJ-145 ser uma aeronave
civil adaptada cuja a autonomia de voo cai drasticamente quando equipada com os
equipamentos de vigilância e controle, além da dependência de importação de itens
importantes, tais como: turbinas e equipamentos eletrônicos,
3.6.8 HELIBRÁS
A HELIBRAS, Helicópteros do Brasil S.A., foi criada em 1978 em São José
dos Campos (SP), mas inaugurada em Itajubá, MG, em 1980. A empresa é a única
montadora de helicópteros da América Latina, sendo responsável, também, pela
montagem, venda e manutenção, no Brasil, dos helicópteros da linha Eurocopter. A
HELIBRAS comercializou cerca de 500 helicópteros, registrando aumentos
contínuos de participação no mercado civil e militar, sendo o helicóptero esquilo
amplamente utilizado em operações militares de GLO e pacificação. Atuando em
vários segmentos, a empresa responde por 54% da frota de helicópteros a turbina
em operação no país. A empresa é grande fornecedora de aeronaves e peças de
reposição para a Aviação do Exército, sediada em Taubaté, SP.
A principal limitação dessa empresa reside no fato de apenas montar as
aeronaves a partir de peças e subconjuntos oriundos da francesa Eurocopter.
3.6.9 MECTRON – Engenharia, Indústria e Comércio S.A
Está sediada em São José dos Campos (SP) e foi formada pela associação
de engenheiros de aeronáutica, eletrônica e mecânica, tendo iniciado suas
51
atividades em fevereiro de 1991. Ela atua nos mercados de defesa e aeroespacial,
desenvolvendo produtos de alta tecnologia para uso civil e militar. Destaca-se pela
busca da capacitação plena no desenvolvimento e fabricação de mísseis, sensores
eletrônicos, aviônicos e equipamentos para satélites.
A MECTRON participa da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), por
meio do desenvolvimento de subsistemas, para o suprimento de energia da
plataforma multimissão, concebida para integrar os satélites de coleta de dados e
sensoriamento remoto construídos no Brasil pelo INPE.
A MECTRON também está conduzindo a modernização dos helicópteros
esquilo. O objetivo desse projeto é modernizar os trinta e cinco helicópteros HB
350L1 Esquilo e AS550A2 Fennec da AvEx, que são utilizados para as missões de
Reconhecimento e Ataque, inclusive em operações de pacificação, possibilitando o
seu emprego na Força Terrestre por mais trinta anos.
Com essa modernização, o Exército passará a contar com helicópteros de
reconhecimento e ataque, atualizados tecnologicamente, com novos painéis de
instrumentos; sistema de comunicações avançado e seguro; e sistemas de armas
integrados com lançadores de mísseis ar-solo, lançadores de foguetes modernos,
metralhadoras .50 e canhões 20mm, elevando, dessa forma, o poder de dissuasão
da AvEx.
Para este objetivo, o apoio das Empresas HELIBRAS e EUROCOPTER será
de fundamental importância para o êxito do projeto de modernização da frota de
helicópteros de Reconhecimento e Ataque da AvEx.
As principais mudanças são as seguintes:
•
modernização do painel de instrumentos;
•
modernização dos equipamentos de radiocomunicação e de radionavegação;
•
incorporação de medidas de defesa passiva; e
52
•
ampliação da capacidade dos helicópteros de receber armamento, tais como:
o míssil ar-solo; o foguete 70mm Skyfire; o canhão de 20mm; a metralhadora
0.50 pol; e armamento lateral.
Outra parte desse projeto contempla o desenvolvimento de Mísseis Ar-solo
para os Helicópteros de Reconhecimento e Ataque. O EB está desenvolvendo um
projeto para aprimorar o sistema de armas dos helicópteros de ataque AS550A2
Fennec e HB 350 L1-Esquilo, da AvEx. Esse sistema de armas será composto por
lançadores de foguetes com maior alcance e maior precisão, pela metralhadora .50
e por mísseis ar-solo de fabricação nacional.
Esses mísseis, que serão denominados míssil ar-solo MAS 5.1, poderão ser
empregados no ataque a alvos terrestres móveis, blindados ou não, e a instalações.
Esse projeto se beneficiará dos conhecimentos tecnológicos e das
experiências colhidas no desenvolvimento do míssil anticarro MSS 1.2, de
propriedade intelectual do EB e realizado em parceria com a empresa Mectron.
A relevância do projeto é justificada pelo aumento significativo da dissuasão
dos meios de reconhecimento e ataque da AvEx, pela contribuição na elevação da
capacidade do parque fabril nacional no domínio de tecnologias sensíveis de defesa,
na redução da dependência bélica do exterior, na criação de um potencial de
comercialização no subcontinente sul-americano e na geração de empregos, todos
eles convergentes com os objetivos traçados na Estratégia Nacional de Defesa e
nas diretrizes do Comandante do Exército.
Semelhante às outras empresas que atuam na área de eletrônica e softwares,
as limitações da Mectron residem na necessidade de importação de equipamentos e
programas para a montagem dos seus sistemas.
3.6.10 IMG - ArcGIS
A principal empresa no Brasil que vende a solução ArcGIS for Desktop,
software utilizado na Diretoria de Serviço Geográfico e suas OMDS para produção
cartográfica é a empresa denominada IMG, que representa a americana ESRI. A
principal característica desse software é dar poder operacional com Inteligência
53
Geográfica aplicada. Com ferramentas prontas para uso e a habilidade de construir
modelos de processos, scripts e fluxos de trabalho completos, o ArcGIS for Desktop
oferece ferramentas para solucionar problemas, realizar previsões e entender as
relações existentes entre seus dados espaciais. O ArcGIS for Desktop pode ser
usado para resolver questões, tais como:
- Onde estão os clientes?
- Qual é o melhor local para começar um empreendimento?
- Quem é impactado em uma situação de emergência?
- Como agir em uma queda de energia?
- Quais são as maiores áreas de tráfego em uma cidade?
- Qual o impacto ambiental de um novo desenvolvimento?
- Dar consciência situacional em caso de operações militares
O ArcGIS elabora mapas com qualidade a partir de assistentes simples nele
contidos, usando: modelos pré-definidos de mapas, elementos de mapas e
ferramentas avançadas de edição e simbolização. O conjunto de ferramentas
cartográficas do ArcGIS for Desktop automatiza várias normas estabelecidas pela
cartografia, fazendo a produção cartográfica e de mapas temáticos mais eficiente.
Seus mapas completos podem ser salvos, impressos, exportados e embutidos em
outros documentos e aplicações.
3.6.11 BRADAR (Orbisat)
A Bradar é uma empresa pertencente ao grupo Embraer Defesa e Segurança,
criada no início de 2011 para liderar o processo de fortalecimento da indústria
brasileira de defesa e segurança. Beneficiando-se da grande experiência acumulada
pela Embraer S/A ao longo dos seus 42 anos de existência, a Embraer Defesa e
Segurança detém grande capacitação em gestão de integração de tecnologia e
sistemas, estando credenciada a diversificar e investir em outras áreas no setor de
defesa, com foco nas prioridades do Brasil.
Por conseguinte, a Embraer Defesa e Segurança tem implementado
estratégia através de parceiras em áreas críticas de conhecimento, tais como
comando e controle, radares e veículos aéreos não-tripulados (VANTs).
54
No dia 15 de março de 2011, a Embraer Defesa e Segurança comprou 90%
do capital social da divisão de radares da OrbiSat da Amazônia S/A, implicando na
cisão da OrbiSat em duas empresas: a Bradar Indústria S/A, com foco em radares
de defesa e sensoriamento remoto; e a outra atuando no segmento de
equipamentos eletrônicos, com sede em Manaus/AM, a qual continuou sob controle
dos antigos proprietários. A Bradar oferece equipamentos de última geração, e é
líder em tecnologia de radares tridimensionais, vigilância aérea e marítima, detecção
de subsidência e de movimento, mapeamento sísmico e é o único provedor do mais
avançado radar multipolarimétrico interferométrico de abertura sintética, operando
nas bandas X e P para o levantamento dia e noite, em áreas cobertas ou não por
nuvens ou chuva.
A empresa, reconhecida como produtora de mapas precisos, foi responsável
por mapeamento da mata e do solo sob a vegetação da Amazônia brasileira,
mediante a medição de biomassa da floresta natural e secundária e a detecção de
subsidência e detecção de movimentos sísmicos, com uma precisão de 3 mm. A
Bradar é responsável pelo desenvolvimento e implantação de projetos grandes para
defesa, monitoramento do meio-ambiente e desenvolvimento sustentável do Brasil,
tais como:
•
Mapeamento da Floresta Amazônica:
Desde outubro de 2008, a Bradar é responsável pelo mapeamento de mais de 18
milhões de km² de florestas densas, cobertas por nuvens, através de sensoriamento
remoto com radares InSAR operando em bandas X e P.
•
Cálculo automático de biomassa:
Devido a importância do comércio de carbono, a Bradar, junto com o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveu um sistema que permite o
cálculo de biomassa de florestas naturais e secundárias, com base na recompilação
dos dados InSAR.
•
Monitoramento do meio-ambiente:
Os radares InSAR da Bradar podem monitorar uma área de 5 milhões de km²
com uma resolução de 10 metros em até cinco dias, permitindo a detecção de
atividades desconhecidas ou ilícitas.
55
•
Vigilância de Espaço Aéreo em baixa altitude:
A Bradar desenvolveu a tecnologia de ponta em sistemas de radares
tridimensionais para vigilância e a aquisição de alvos em até 60 km (Radar SABERM60), projetado para integrar o controle de tráfego aéreo, sistemas antiaéreos de
defesa em baixa altitude, vigilância de fronteiras e o combate ao tráfico de drogas e
armas.
Atualmente se encontra em fase de desenvolvimento o radar SABER-M200,
um sistema de vigilância por radar de médio alcance para todas as condições
climáticas e ambientais para a detecção e rastreamento de alvos aéreos, mísseis,
helicópteros, veículos aéreos não tripulados e outras ameaças a baixa altitude
dentro de um ângulo de 70º com a linha do horizonte, a uma distância de até 200
km.
•
Mapeamento:
O sistema InSAR da Bradar pode executar vigilância aérea de grandes
superfícies, com ou sem vegetação, em condições climáticas favoráveis ou
desfavoráveis, dia ou noite, monitorando áreas críticas e detectando, em tempo real,
estradas, aeroportos ou construções camufladas ou ocultas sob a vegetação da
floresta.
A Bradar desenvolveu o radar de vigilância terrestre SENTIR-M20; o radar
tridimensional de longo alcance para vigilância aérea primária e secundária SABERM200; e a miniaturização do OrbiSAR para aplicações em veículos aéreos nãotripulados (MiniSAR), entre outros projetos. Na versão Saber X-60, o protótipo tem a
capacidade de acompanhar até 40 alvos, tendo as mesmas funções que a unidades
de tráfego aéreo em grandes aeroportos e a capacidade de trabalhar até em
ambientes hostis, tais como florestas densas e áreas de pacificação.
Esta empresa é reconhecida por seus produtos e serviços de alta qualidade,
tendo executado trabalhos na Suíça, Venezuela, Panamá e Alemanha, e possui em
sua carteira de clientes as maiores empresas brasileiras, assim como a Força Aérea
Brasileira e o Exército, citadas a seguir:
•
2009 - Desenvolvimento do segundo membro da família de Radares para
vigilância aérea, SABER-M200, em conjunto com o Exército Brasileiro.
Construção do Radar SABER-M60 no Arsenal de Guerra do Exército
Brasileiro (AGSP).
56
•
Início do projeto de IFF Modo 4, juntamente com o Departamento de Ciência
e Tecnologia Aeroespacial da Força Aérea Brasileira (DCTA/FAB).
•
Em março de 2011, a divisão de Radares e sensoriamento remoto da OrbiSat
é adquirida pela Embraer - Defesa e Segurança, um ramo da multinacional
brasileira Embraer, a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo
•
OrbiSat inicia o desenvolvimento dos seguintes equipamentos relacionados a
obtenção da consciência situacional nas operações de pacificação: Radar de
vigilância terrestre, SENTIR-M20; Radar de vigilância primária e secundária.
SABER-M200, de médio-alcance; Miniaturização do Radar de Abertura
Sintética de bandas X e P para uso em veículos aéreos não-tripulados
(MiniSAR); Fabricação de 9 radares SABER-M60 para o Exército Brasileiro;
Suprimento de 6 Centros de Ressalte-se que, embora o funcionamento
básico seja em modo de vigilância, a capacidade computacional do sistema
faz com que ele possa desempenhar, simultaneamente, as funções de radar
primário e secundário, rastreamento de mísseis, artilharia, InSAR e
meteorologia.
O COAAe (Centro de Operações Antiaéreas) é um refúgio militar
transportável, equipado com equipamentos eletrônicos de comunicação, comando e
controle, interceptação e monitoramento. Além de ítens padrão, tais como arcondicionado, gerador, baterias e unidades de iluminação, o COAAe conta também
com telas LCD, notebooks, roteadores Ethernet, Modems e outros ítens de
comunicação de acordo com os requisitos e necessidades dos clientes.
3.6.12 INPE
O Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, Satélite SinoBrasileiro de Recursos Terrestres) nasceu de uma parceria, no setor técnicocientífico espacial, entre Brasil e a China. Com isto, o Brasil ingressou no seleto
grupo de Países detentores da tecnologia de geração de dados primários de
sensoriamento remoto. Um dos frutos dessa cooperação foi a obtenção de uma
poderosa ferramenta para monitorar o imenso território brasileiro, com satélites
próprios de sensoriamento remoto, buscando consolidar uma importante autonomia
neste segmento.
57
O Programa CBERS contemplou num primeiro momento apenas dois satélites
de sensoriamento remoto, quais sejam, os CBERS 1 e 2. O sucesso do lançamento
pelo foguete chinês Longa Marcha 4B e o perfeito funcionamento do CBERS-1 e
CBERS-2 produziram efeitos imediatos.
Ambos os governos decidiram expandir o acordo e incluir outros três satélites
da mesma categoria, os satélites CBERS-2B e os CBERS-3 e 4, como uma segunda
etapa da parceria Sino-Brasileira.
A família de satélites de sensoriamento remoto CBERS trouxe significativos
avanços científicos ao Brasil. Essa significância é atestada pelos mais de 70.000
usuários e de mais de 3.000 instituições (Ibama, Embrapa, IBGE, Universidades,
Petrobras, Vale, Incra, Chesf etc.), cadastrados como usuários ativos do CBERS, e,
também, por mais de 800.000 imagens do CBERS distribuídas até o presente. No
país, praticamente todas as instituições ligadas ao meio ambiente e recursos
naturais são usuárias das imagens do CBERS.
As imagens do CBERS são usadas em importantes campos, tais como no
controle do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal, no monitoramento de
recursos hídricos, nas áreas agrícolas, no acompanhamento do crescimento urbano,
na ocupação do solo, na educação e em inúmeras outras aplicações. As imagens
também são fundamentais para grandes projetos nacionais estratégicos, tais como o
PRODES, de avaliação do desflorestamento na Amazônia, o DETER, de avaliação
do desflorestamento em tempo real, e o monitoramento das áreas canavieiras
(CANASAT).
A busca por meios mais eficazes e econômicos de observar a Terra motivou o
homem a desenvolver os satélites de sensoriamento remoto. Mas os altos custos
dessa tecnologia tornam os países em desenvolvimento dependentes das imagens
fornecidas por equipamentos de outras nações. Na tentativa de reverter esse
contexto, um importante acordo, entre os governos do Brasil e da China, foi
assinado em 06 de Julho de 1988, firmando uma parceria envolvendo o INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a CAST (Academia Chinesa de
Tecnologia Espacial) para o desenvolvimento de um programa de construção de
dois satélites avançados de sensoriamento remoto.
Com a união de recursos financeiros e tecnológicos entre o Brasil e a China,
num investimento superior a US$ 300 milhões, foi criado um sistema de
responsabilidades divididas (30% brasileiro e 70% chinês), tendo como intuito a
58
implantação de um sistema completo de sensoriamento remoto de nível
internacional. A união entre os dois países é um esforço bilateral para derrubar as
barreiras que impedem o desenvolvimento e a transferência de tecnologias
sensíveis impostas pelos países desenvolvidos.
No final da década de 1980, o governo chinês traçava diretrizes de
desenvolvimento intensivo nos setores industrial e espacial. Com o emprego de
novas tecnologias, os chineses emergiram de duas décadas de isolamento para
elevar o nível de suas competências científicas e tecnológicas. No Brasil, o avanço
nos diversos programas de satélites da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB)
incentivava as pesquisas na área. O interesse em convergir os avanços espaciais
em aplicações industriais visava fortalecer a economia interna e facilitar a busca por
novos parceiros internacionais que colaborassem neste processo.
A experiência chinesa na construção de satélites e foguetes lançadores
tornou-se o grande aliado estratégico para o governo brasileiro. Por outro lado, as
grandes áreas despovoadas e com vastos recursos naturais no território de ambos
os países se somaram a esses interesses. Além dos grandes potenciais agrícolas e
ambientais, tanto o Brasil como a China tinham necessidade de monitorar
constantemente essas áreas.
O Programa CBERS contemplava o desenvolvimento e a construção de dois
satélites de sensoriamento remoto, que também levassem a bordo, além de
câmeras imageadoras, um repetidor para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados
Ambientais. Os CBERS-1 e 2 são idênticos em sua constituição técnica, missão no
espaço e em suas cargas úteis (equipamentos que vão a bordo, como câmeras,
sensores, computadores entre outros equipamentos voltados para experimentos
científicos). Os equipamentos foram dimensionados para atender às necessidades
brasileira e chinesa e, ainda, para permitir o ingresso no emergente mercado de
imagens de satélites, até então dominado pelos países que integram o bloco das
nações desenvolvidas.
Em 2002, foi assinado um acordo para a continuação do programa CBERS,
com a construção de dois novos satélites - os CBERS-3 e 4, com novas cargas úteis
e uma nova divisão de investimentos de recursos entre o Brasil e a China - 50%
para cada país. Porém, em função de o lançamento do CBERS-3 ser viável apenas
para um horizonte em que o CBERS-2 já tivesse deixado de funcionar, com prejuízo
para ambos os países e para os inúmeros usuários do CBERS, o Brasil e a China,
59
em 2004, decidiram construir o CBERS-2B e lançá-lo em 2007. O CBERS-2B operou
até o começo de 2010 e o CBERS-3 estava cronograma de lançamento previsto
para 9 de Dezembro de 2013. Já o CBERS-4, segue em ritmo normal de construção
e com lançamento para cerca de dois anos após o lançamento do CBERS-3. A
grande limitação desse projeto está concentrada na parceria brasileira com uma
potência mundial, colocando em risco a confidencialidade e o sigilo de informações
importantes do ponto de vista estratégico.
3.6.13 Centro de Defesa de Santa Maria
Única cidade do país a abrigar VANTS (aviões não tripulados), em sua base
aérea militar, e um centro que prepara instrutores de veículos blindados, em Santa
Maria localiza-se o comando da 3ª Divisão de Exército (3ª DE), a Base Aérea local
(BASM) e um número expressivo de organizações militares do Exército, que
compõem um dos maiores efetivos militares do país. Cerca de 17.500 homens da
força terrestre integram a 3ª DE, além dos 1.600 efetivos da Força Aérea Brasileira
(FAB) que atuam na BASM, transformando a cidade em um importante centro
estratégico de defesa. Assim, Santa Maria tornou-se um pólo importantíssimo para a
defesa brasileira, e, sendo um pólo de defesa importante, é natural que se torne
também um pólo da indústria dessa defesa.
A empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW), que produz os carros de
combate Leopard, lançou na cidade o centro de desenvolvimento, manutenção e
fabricação da KMW no Brasil. No local, será executada a manutenção dos 220
Leopard 1 A5, que foram adquiridos há dois anos pelo Exército Brasileiro. Segundo
especialistas, os blindados alemães estão entre os melhores do mundo. Além disso,
também está sendo erigidas, no Campo de Instrução de Santa Maria (CISM), as
instalações do Simulador de Apoio de Fogo (SAFO), constituída de uma arena com
software e maquinário voltada para a simulação de combates. Há também a Base
Aérea de Santa Maria (BASM), onde está localizada uma parte importante dos
esquadrões de jatos do tipo caça da FAB, bem como um esquadrão de aeronaves
de asas rotativas.
Ressalta-se que será para a BASM que irão os primeiros caças subsônicos A1 (AMX), que estão sendo revitalizados na planta industrial da Embraer, em Gavião
60
Peixoto, no interior paulista. Desenvolvidos na década de 80, numa parceria entre o
Brasil e a Itália, os AMX ganharão sobrevida de 20 anos após a modernização. Ao
todo, 43 unidades serão revitalizadas, tornando-se os principais caças a operarem
no país. A entrega do primeiro lote, de oito unidades, está prevista para o início do
ano que vem.
Outra novidade é a chegada de dois novos VANTs para o Esquadrão Hórus.
Criado em 2011, o Hórus tem a missão de desenvolver a doutrina que permitirá à
FAB se familiarizar com o uso desses equipamentos. A Base Aérea de Santa Maria
é a única do país a abrigar Vants prontos para uso militar.
Atualmente, duas aeronaves Hermes 450, de fabricação israelense, têm sido
utilizadas pelo esquadrão. Além de missões locais, esses Vants, já foram
empregados em quatro edições da Operação Ágata, de proteção das fronteiras, e na
conferência Rio+20.
Em 27 de Março de 2014, foi realizada a primeira reunião do Comitê do Polo
de Defesa de Santa Maria (COMDEFESA/SM). O encontro reuniu representantes do
executivo, do exército, da aeronáutica, de instituições de ensino superior, de
entidades, associações e empresários. Como primeiro ato do encontro, após a
apresentação dos presentes, ocorreu a instalação efetiva do COMDEFESA/SM.
Segundo o Diretor Presidente da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria,
Vilson Serro, o objetivo principal do Comitê foi reunir periodicamente as pessoas e
instituições envolvidas para consolidar Santa Maria como um Polo de Defesa.
Há, também, a intenção, por parte o governo, em apoiar à UFSM na abertura
dos cursos de Engenharia Aeroespacial e Engenharia de Telecomunicações, dentre
outras ações. Participam, dentre outros do Polo de Defesa, o Centro Regional Sul do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRS/INPE); o Comitê Gaúcho da
Indústria de Defesa e Segurança da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul
(COMDEFESA/FIERGS); a KMW do Brasil Sistemas de Defesa Ltda.; o Arranjo
Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação da Região Central
(APL CentroSoftware); o Arranjo Produtivo Local Metal Mecânico da Região Central
(APL Metal Centro).
61
3.6.14. CDS (Centro de Desenvolvimento de Sistemas do Exército)
No final do ano de 1996, época em que o conceito de Tecnologia da
Informação (TI) difundia-se mundialmente e englobava a simples concepção de
Informática, o antigo Departamento de Engenharia e Comunicações (DEC) resolveu
criar um órgão setorial responsável por adequar o Exército à revolução tecnológica
que se avizinhava.
O Centro de Desenvolvimento de Sistemas, atualmente, subordinado ao
Departamento de Ciência e Tecnologia, é o órgão do Sistema de Ciência e
Tecnologia do Exército responsável por conceber, gerenciar, desenvolver, integrar e
aperfeiçoar sistemas, programas, aplicativos e estruturas físicas e lógicas dos
diversos sistemas corporativos e sistemas de informações operacionais do Exército.
Compete, ainda, ao Centro, assessorar o DCT e demais Organizações Diretamente
Subordinadas e realizar a manutenção dos sistemas corporativos.
A Divisão de Apoio é responsável por conduzir atividades de administração de
material, de instalações e viaturas, de pessoal, de inteligência, de instrução, de
comunicação social, de segurança orgânica e de cerimonial do CDS. A Divisão de
Sistemas é responsável por desenvolver, manter e realizar manutenção dos
sistemas corporativos do Exército a cargo do Centro de Desenvolvimento de
Sistemas. A Divisão de Engenharia é responsável por conceber projetos de
hardware, redes de comunicações, soluções de interoperabilidade e a infraestrutura
de engenharia necessária à produção dos Sistemas Corporativos do Exército e
prover o suporte técnico necessário à manutenção da rede de computadores interna
e sistemas computacionais de apoio, internos ao CDS. A Divisão de Planejamento,
Coordenação e Controle é responsável por planejar e gerenciar os projetos do
Centro de Desenvolvimento de Sistemas e fazer a gestão dos recursos
orçamentários destinados aos projetos em andamento. A Divisão de Segurança da
Informação (DSI) é responsável por desenvolver projetos que assegurem a
confidencialidade, integridade, disponibilidade, autenticidade, responsabilidade, não
repúdio e confiabilidade das informações do Exército nos padrões adequados à
Política de Segurança da Informação traçada pela Força. A Divisão de Comando e
Controle é responsável por governar e gerenciar a concepção, o desenvolvimento e
62
a evolução tecnológica do Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre
(SC2FTER), coordenando sua interoperabilidade com os sistemas de combate do
Exército e das demais Forças Armadas e apoiando suas evoluções doutrinárias com
relação à Função de Combate de Comando e Controle. A Seção de Inovação
Tecnológica tem como missão estabelecer a proteção adequada das criações
intelectuais geradas no âmbito do Centro de Desenvolvimento de Sistemas – CDS e
promover o desenvolvimento científico e tecnológico dos projetos deste Centro
visando o incentivo à inovação e a transferência de tecnologia através de um
ambiente cooperativo entre a instituição e centros de pesquisas.
O Pacificador Móvel, software muito utilizado em operações de pacificação, é
um aplicativo desenvolvido pelo CDS, para ser utilizado em dispositivos móveis
dotados do sistema operacional Google Android. Esse aplicativo tem como uma de
suas finalidades informar, em tempo real, a posição geográfica do operador, ao
Centro de Operações. Essa aplicação também permite que o operador móvel envie
relatos de incidentes e relatos de situação que serão tratados no Centro de
Operações.
Outro sistema desenvolvido pelo CDS é o Sistema C2 em combate, que
basicamente possibilita a uma Grande Unidade e seus elementos subordinados a
execução das atividades de comando e controle de forma automatizada, segura e
eficiente. Permite a transmissão de voz, dados e imagens a partir do campo de
batalha em diversos meios de comunicação selecionados automaticamente. Para
isso, o sistema realiza a integração de voz rádio/fio/ celular, explora rotas de
comunicação redundantes, além de possuir acesso à Internet/ EBnet e ao sistema
de telefonia pública fixa e móvel.
3.6.15. AGX
A AGX Tecnologia é uma empresa 100% nacional e está localizada no
município de São Carlos, no interior de São Paulo. A empresa é especializada no
desenvolvimento de sistemas para aerofotogrametria e aerofotografia, utilizados
para o mapeamento e a análise agrícola e ambiental. Foi a primeira empresa no
Brasil a desenvolver Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), em conjunto com o
ICMC-USP (Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da Universidade de
63
São Paulo / São Carlos) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária). É, hoje, referência no país na tecnologia de VANTs.
As Aeronaves fabricadas por essa empresa têm asas na faixa de 4 a 7m de
asa, controladas por sistemas de piloto automático ou então por comando em terra e
podem ser destinadas ao monitoramento ou à aerofotogrametria.
A AGX fabrica 3 modelos de VANTS: minivants, médios e táticos, citados a
seguir:
•
Minivants: os minivants, da Família Tiriba, são leves, com capacidade para
decolagem de até 4kg;
•
Médios: os vants médios são da Família Arara. Eles podem levar até 20kg de
carga útil;
•
Táticos: vants maiores, da Família VS-X, têm capacidade de decolar
carregando até 200kg.
A AGX oferece uma ampla variedade de equipamentos e sensores para
serem utilizados nos Vants, tornando-os mais aptos à realização de diversas tarefas,
conforme descrito abaixo:
•
Computador de bordo
o
Controle de missão
o
Acionamento do sensor ótico;
•
Sensor ótico AF/AE SLR de até12 Mega Pixels;
•
GPS datalogger;
•
Software gerador de mosaico e georreferenciamento.
3.6.16 BRVANT
A BRVANT Soluções Tecnológicas desenvolve e fabrica sistemas de Veículos
Aéreos Não Tripulados (VANT/Drones), software aeronáutico embarcado e
simuladores, para clientes civis e militares, além da prestação de serviços em
tecnologia de última geração. Como principal característica, a BRVANT busca a
nacionalização tecnológica e adequação de tecnologia de ponta ao mercado
64
nacional. Seus principais clientes são as Forças Armadas Brasileira, Forças
Públicas, empresas de energia e de agricultura.
A BRVANT é uma empresa Brasileira de reconhecimento nacional e
internacional, onde os produtos e os desenvolvimentos tecnológicos estão em
destaque como referência no segmento.
Atualmente, oferece soluções tecnológicas para quatro segmentos de
mercado: o segmento de Energia, com o desenvolvimento de soluções
customizadas e o uso de sistemas VANT para a inspeção de linhas de transmissão
de alta tensão, o segmento de Segurança Pública, utilizando os sistemas USV, UGS
e VANT para o auxílio das forças de Segurança Pública e privada, o segmento
agrícola, com o emprego de sistemas VANT na agricultura de precisão e no
monitoramento ambiental, além do mercado de Defesa, com o fornecimento de
sistemas VANT e alvos aéreos para as forças armadas.
Como principal produto, destaca-se a Plataforma de Monitoramento Aéreo
Multiuso, que é um completo sistema VANT, totalmente portátil, que permite ao
operador voar e controlar remotamente uma aeronave através de uma estação de
comando e controle. O sistema VANT possui motorização elétrica ou à combustão,
câmeras de alta resolução, sistemas de georreferenciamento (GPS) e sensores
diversos que permitem a estabilização, a navegação e o controle da aeronave de
forma manual ou automática. Devido a sua arquitetura modular, pode-se substituir
e/ou adicionar sensores de imageamento e de navegação para uma perfeita
adequação do sistema à respectiva missão. A aquisição dos dados de navegação,
na terra, na água ou no ar é feita em tempo real por uma estação de comando e
controle. Softwares contidos na estação possibilitam a criação de missões
específicas, atuação em tempo real na plataforma, interface com outros softwares,
além de um completo sistema de navegação via waypoints com uma interface visual
e sonora, contendo instruções de navegação de fácil compreensão, assim como os
sistemas aviônicos de última geração.
Além da produção dos sistemas VANT, a BRVANT presta serviços de
engenharia, desenvolve protótipos para as aplicações específicas, customiza
65
equipamentos do tipo COTS, desenvolve sistemas aviônicos e simuladores em geral
de acordo com as necessidades dos clientes.
A plataforma aérea BRV-02 é um VANT categoria 1, totalmente portátil para o
emprego multiuso. O BRV-02 pode ser utilizado desde o patrulhamento tático de
uma área de uma operação de pacificação ao mapeamento em alta resolução para a
confecção de mapas digitais, sendo a sua operação manual ou automática. Com o
uso de sensores de missão específicos, o BRV-02 pode ser configurado para o
modo de operação FPV, além de possibilitar, em tempo real, o monitoramento
detalhado do cenário operacional, aumentando a segurança e a eficácia das tropas.
3.6.17 Omnisys
Sua fábrica situa-se em São Bernardo do Campo-SP. É uma empresa que
iniciou às suas atividades em São Caetano do Sul, em 1997. Desde 2006, está
associada ao grupo francês Thales. Atualmente fabrica radares Banda L para
controle de tráfego aéreo a longa distância, além de componentes para satélites da
série sino-brasileira CBERS e outros sistemas. A Omnisys vai instalar a linha de
produção do Ground Master 400 (GM400), um radar 3D de defesa aérea.
3.6.18 IACIT
Desde a sua fundação, em 1986, a IACIT se especializou em prover soluções
customizadas, abrangendo projeto, integração, implantação e manutenção de
sistemas, iniciando por aquelas aplicadas às áreas de Defesa, Controle do Tráfego
Aéreo e Auxílios à Navegação Aérea.
Essa especialização criou oportunidades de serviços de suporte técnico para
a implantação de outros projetos de Defesa e Controle de Tráfego Aéreo relevantes
para o Brasil, tais como DACTA I, DACTA II, DACTA III e SIVAM, Sistemas de
Comunicação Via Satélite, Redes Estruturadas e Sistemas para o ATC, bem como
para a realização de outros serviços em aeroportos brasileiros.
66
Nos anos mais recentes, a IACIT tem agregado especializações tecnológicas,
ampliando sua atuação em outros setores tais como Redes Integradas e
Meteorologia.
Em Janeiro de 2008, a IACIT iniciou suas atividades de desenvolvimento e
fabricação de produtos aplicados ao segmento de Defesa – comunicação, vigilância,
navegação e radares meteorológicos.
Em 2009, a IACIT criou o seu Setor de Engenharia e Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação iniciando vários projetos de desenvolvimento com
apoio da FINEP e outros de modernização dos equipamentos de comunicação e
radar meteorológico, utilizados pela Marinha do Brasil e pela Força Aérea Brasileira.
O foco da empresa na inovação de processos e de tecnologias culminou com
a premiação pela FINEP, em 2012, como a empresa mais inovadora do Brasil na
categoria de média empresa. Com a estratégia de investimento na área de Defesa, a
IACIT foi certificada pelo Ministério da Defesa como EED – Empresa Estratégica de
Defesa em Novembro de 2013.
3.6.19 Atmos Sistemas
A Atmos Sistemas é uma empresa 100% brasileira especializada em sistemas
eletrônicos. Atua no desenvolvimento, fabricação e integração de radares
meteorológicos em Banda C, S e X, utilizando tecnologia nacional. Vem atuando
também como integradora de soluções na área de defesa (Marinha e Aeronáutica) e
na disponibilização de dados meteorológicos para entidades públicas e privadas
Áreas de atuação da Atmos Sistemas:
•
Ser provedor de soluções em Eletrônica, incluindo desenvolvimento,
manutenção e reengenharia;
•
Ser Parceiro Estratégico Brasileiro na área de Defesa para Sistemas
Eletrônicos, Radares, Armamentos, Absorção de Tecnologia, Instalação de
Centros de Controle e Salas de Situação;
•
Ser provedor de soluções em Meteorologia;
•
Ser provedor de soluções para infraestrutura de aeroportos, rodovias e
portos;
67
•
Prover
suporte
Comercial,
Tecnológico
e
Logístico
para
Empresas
Estrangeiras na América Latina.
3.6.20 AGRALE S.A.
Sua sede está localizada em Caxias do Sul – RS e possui quatro parques
industriais. Com 40 anos no mercado, é a única empresa brasileira de capital
nacional que produz veículos, tratores, motos e utilitários. Em 2004, a Agrale lançou
o Veículo 4x4 militar MARRUÁ, desenvolvido originalmente pela empresa
“Columbus” e aprovado nas provas técnico-operacionais realizadas pelo Centro de
Avaliações do Exército (CAEx). O “MARRUÁ” pode apresentar versões que
permitem a instalação de lançador de mísseis anti-carro, canhão 106 mm sem recuo,
metralhadora pesada ou leve, equipamentos de comunicação, entre outras.
3.6.21 Companhia Brasileira de Cartuchos – CBC
Fundada em 1926, a CBC é uma das maiores empresas fabricantes de
munições (pequeno e médio calibre) para uso civil e militar no mundo. Sua produção
anual é de cerca de 460 milhões de cartuchos e realiza exportação para mais de 50
países.
Na área militar, a especialização da CBC abrange as munições calibre 9 mm;
5,56 mm; 7,62 mm; 12,7 mm (.50), além das 20 e 30 mm utilizadas em canhões
Vulcan, Oerlikon e DEFA tipo 550.
3.6.22 Empresa Taurus
A Taurus, fundada em 1939, em Porto Alegre (RS), mantém, até os dias atuais,
um compromisso com a melhoria contínua de sua linha de produção e assegura sua
posição no domínio da tecnologia utilizada em seus produtos. É formada pelas
empresas: Taurus Armas, Taurus Forjados, Taurus Blindagem, Taurus Capacates,
Taurus Wotan, TaurusPlast, Taurus Internacional e Famastil (aliança estratégica
entre a Taurus e a Famastil).
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É uma grande fornecedora de MEM ao Exército Brasileiro. Sua subsidiária em
Miami, EUA, fornece armas para várias organizações, entre elas, a polícia federal
daquele país (Federal Bureau of Investigations – FBI).
Conclusão Parcial: apesar do descaso de alguns governos, principalmente
aqueles de cunho liberal, em relação ao fomento da Base Industrial de Defesa, o
Brasil conta com empresas de qualidade e com alto grau de tecnologia neste
segmento. A razão para a manutenção da BID está no incentivo dado pelo EB e
pelas outras FA, às atividades de Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento de
PRODES, que, por possuir caráter dual, consegue manter essas empresas
competitivas. As limitações estão concentradas na dependência do fornecimento
externo de tecnologias sensíveis e em parcerias com empresas estrangeiras, que
podem comprometer a autonomia e a segurança tecnológica dos projetos de
interesse do Brasil.
69
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto no escopo do presente trabalho e pela maneira como o assunto
foi abordado, pode-se formular as seguintes conclusões:
A soberania é o fundamento mais importante da Nação brasileira,
principalmente diante da existência de um cenário mundial globalizado, onde há
fortes indícios de esvaziamento do conceito de Estado-soberano, sendo que vários
episódios políticos, econômicos e militares, confirmam esta realidade. Deste modo,
cabe ao Brasil fortalecer suas expressões econômica, política, psicossocial, militar e
científico, que devem estar integradas em um sistema de poder nacional,
possibilitando ao país enfrentar dificuldades de origem externa.
O incentivo oficial das atividades de C&T é de suma importância para o
desenvolvimento do País e para o bem estar da sua população, pois estas
atividades possuem um caráter dual, gerando a partir de inovações tecnológicas
militares, benefícios para toda sociedade brasileira.
O desenvolvimento tecnológico do Brasil ainda é influenciado por fatores
externos estabelecidos pelas grandes potências, que procuram direcionar as ações
estratégicas mundiais. Torna-se necessário romper com esta realidade, sendo
imperioso que os governantes brasileiros realizem um esforço ainda mais
concentrado para incrementar o setor bélico, atendendo aos anseios da sociedade e
evitando a imposição de modelos externos.
Todas as armas, por mais destrutivas que sejam, serão sempre utilizadas
para vencer o inimigo. Desta maneira, mesmo que a tecnologia existente no Brasil
ainda não consiga materializar o que se imagina para uma guerra, os alicerces
necessários no que diz respeito à modernização das Forças Armadas devem estar
lançados.
Em particular, no âmbito do Exército, a implantação dos Projetos Estratégicos
de Exército é de suma importância para o desenvolvimento bélico e tecnológico, na
medida em que provê a estratégia de funcionamento para o Sistema de Ciência e
Tecnologia, com propostas nas áreas organizacional, de pessoal, de ensino e
70
orçamentária, propiciando condições para a formação de uma Força Terrestre
moderna e poderosa, condizente com a grandeza do país.
O Governo Federal também deve incentivar as instituições de pesquisa civis,
para que haja uma participação mais intensiva na pesquisa científica militar. Esta
participação é importante não apenas pela contribuição direta nas inovações
tecnológicas, mas também para o incremento da formação e do aproveitamento de
recursos humanos capacitados, formados dentro das instituições brasileiras.
A Base Industrial de Defesa é um dos instrumentos mais importantes para o
desenvolvimento brasileiro, pois sua mão-de-obra é a mais qualificada dos campos
industrial e científico. Este tipo de indústria alavanca a Ciência, Tecnologia e
Inovação, gerando benefícios em todos os setores do País. No Brasil, apesar dos
problemas de investimento e incentivo, a BID conta com empresas de alta
qualificação e capacidade tecnológica, devido principalmente ao caráter dual dos
PRODE.
O Governo Brasileiro deve fortalecer o trinômio de sustentação tecnológica do
brasil, que é formado pelas Forças Armadas, Universidades e a Indústria de Defesa,
promovendo uma política de integração, que vai favorecer o desenvolvimento do
Brasil, que necessariamente depende do estímulo à C&T e sua aplicação prioritária
no Campo Militar, para assegurar a defesa da Pátria e garantir os Poderes
Constitucionais, a Lei e a Ordem.
Áureo Dias Júnior – TC QEM Met
71
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