Revista Ciências da Saúde - Universidade Federal de Santa Catarina
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Revista Ciências da Saúde - Universidade Federal de Santa Catarina
REVISTA CIÊNCIAS DA SAÚDE Editora da UFSC REVISTA CIÊNCIAS DA SAÚDE ISSN 0101 – 9546 Revista Ciências da Saúde Florianópolis V. 27, N. 2 P. 1-48 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitor: Álvaro Toubes Prata Vice-Reitor: Carlos Alberto Justo da Silva CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretora: Kenya Schmidt Reibnitz Editoração eletrônica STUDIO S ● Diagramação & Arte Visual [email protected] (48) 3025-3070 Capa Paulo Roberto da Silva Revisão Rodrigo Brasil Secretário Luiz Vicente Vieira Revista Ciências da Saúde é uma revista semestral editada pelo Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina. Comissão Editorial: Tânia Silvia Fröde (Editora-chefe-UFSC), Roberto Henrique Heinish (Clínica Médica – UFSC), Inês Beatriz Rath (Estomatologia-UFSC), Liliane Janete Grando (Patologia-UFSC), Elisabeth Wazlawik (Nutrição-UFSC), Maria Itayra Coelho de Souza Padilha (Enfermagem-UFSC), Patrícia Haas (Análises ClínicasUFSC). Comissão Consultiva: Roberto Heinisch (UFSC), Elisabeth Waslawik (UFSC), Mauro Amaral Caldeira de Andrada (UFSC), Rubens Rodrigues Filho (UFSC), Maria da Consolação Vieira Moreira (UFMG), Maurício Pereima (UFSC), Francisco Vasconcelos (UFSC), Luciane Peter Grillo (UNIVALI), Vera Tramonte (UFSC), Mercedes Gabriela Ratto Reiter (FURB), Emilia Addison (UFSC), Rosita Saupe (UNIVALI), Eumenia Costa da Cunha Castro (UF Triângulo Mineiro). (Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina) Revista Ciências da Saúde / Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. -- v.1, n.1 (1982)- , - Florianópolis: Imprensa Universitária, 1982. v.: 27cm Semestral ISSN 0101-9546 1.Ciências Médicas. 2. Saúde – pesquisas I. Universidade Federal de Santa Catarina. II Centro de Ciências da Saúde. Indexada na Base de Dados LILACS Endereço: Revista Ciências da Saúde - Secretaria do Centro de Ciências da Saúde da UFSC Campus Universitário - Trindade Caixa Postal 476 88040 970 - Florianópolis - SC Telefone (0xx) 48 3721-9525 / 3721-9783 / (0xx) 48 3721-9712 ramal 211 SUMÁRIO Editorial............................................... 06 O USO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E O RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA. [The use of Informed Consent and the Respect of the Human Dignity.] Daniel Alexandre Menezes Pedrosa Malta; Armando Rodrigues Lopes Pereira Neto; Gianina Salton Mattevi; Marcos Ximenes Ponte Filho; Vera Lúcia Bosco; Inês Beatriz da Silva Rath............................................ 07 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DA INGESTÃO DE RAÇÃO COMERCIAL PARA ROEDORES EM RELAÇÃO ÀS RECOMENDAÇÕES DO INSTITUTO AMERICANO DE NUTRIÇÃO DE 1993. [Analysis of centesimal composition and intake of a commercial rodent chow reporting the recommendations of the American Institute of Nutrition 1993.] Jaqueline Minatti; Rafaella Cristina Dimbarre de Miranda; Gerson Luis Faccin; Lina Cláudia Sant’Anna; Betina Moritz; Elisabeth Wazlawik................. 13 RELAÇÃO DA INGESTÃO DO ÁCIDO GRAXO ÔMEGA-3 E DO NADO NO PESO CORPORAL DE RATOS. [Relationship of omega-3 fatty acid intake and swimming to body weight of rats.] Jaqueline Minatti; Rafaella Cristina Dimbarre de Miranda; Bettina Moritz; Elisabeth Wazlawik…………………… 20 ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR E MULTIPROFISSIONAL PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DISLIPIDEMIA NA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA [Interdisciplinary and multiprofessional attendance for prevention and treatment of dyslipidemia in the universitary comuunity] Ana Maria Passos; Cláudia Marques Silva; Maria da Graça Balen; Elizabeth Martins Hermes; Rodrigo Schütz; Geny Aparecida Cantos............................... 27 ASPECTOS PREVENTIVOS NO DESENVOLVIMENTO DA ATEROSCLEROSE [Preventive aspects in atherosclerosis development] Kenya Thiesen; Gisele Carine Signor; Liliete Canes Souza...................................... 34 Normas Editoriais................................ 44 Revista Ciências da Saúde Editorial Prezado Leitor, Segundo Platão, o conhecimento humano integral fica nitidamente dividido em dois níveis: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar. Estas definições da antiguidade estão em concordata com a definição de César Lattes na contemporaneidade, em que a ciência não pode prever o que vai acontecer, só pode prever a probabilidade de algo acontecer. Sistematizar e socializar o saber filosófico, científico, artístico e tecnológico, consta como objetivos da UFSC. A revista do CCS vem corroborando com a divulgação científica, divulgando os manuscritos de nossos colaboradores, agregando as áreas da saúde. De acordo com novo Ranking Web of World Universities (Webometrics) a UFSC é a sétima Universidade na América Latina e a 304ª no mundo em conteúdo científico disponibilizado na web. No mapeamento das instituições brasileiras, a UFSC fica em quinto lugar, e entre as Federais, ocupa a terceira colocação. Neste contexto, a Instituição no período de 2002 a 2007, registrou uma produção significativa, totalizando, 3.732 artigos publicados no exterior e 6.665 artigos publicados no país. Este expressivo número de publicações reflete diretamente a importância e seriedade da comunidade científica desta instituição de ensino, que visa difundir o conhecimento científico. Boa leitura! Patrícia Haas 6 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 O USO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E O RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA. [The use of Informed Consent and the Respect of the Human Dignity.] Daniel Alexandre Menezes Pedrosa Malta¹; Armando Rodrigues Lopes Pereira Neto²; Gianina Salton Mattevi²; Marcos Ximenes Ponte Filho4; Vera Lúcia Bosco5; Inês Beatriz da Silva Rath6. Resumo: os valores morais do ser humano devem ser sempre exaltados e aplicados no cotidiano. Tais preceitos se estendem também para o âmbito da pesquisa científica. Algumas normas foram estabelecidas para que o indivíduo seja sempre respeitado independente de sua condição financeira, sexo ou raça. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é um requisito fundamental nesse processo, dando autonomia para o sujeito, não só no ramo da pesquisa, como no âmbito da assistência, para decidir, voluntariamente aquilo que lhe traga algum beneficio. Desta forma, este trabalho visa explorar tal documento quer para sua utilização em pesquisa, quer no consultório odontológico. Palavras-chave: consentimento livre e esclarecido; ética; pesquisa. Abstract: the human being values are common forgot nowadays, but it must be exalted and practiced by every one day after day. These concepts should be always considered related to scientific research. Some norms had been established so that all participants of a research must be respected besides financial condition, sex or race. Informed Consent is a basic requirement on the process in the human research and inside dental clinics. It protects and gives the participant chance to decide what is better. Therefore, this paper aims to explore the Informed Consent and its application on human research and dental clinics. Keywords: informed consent; ethics; research Introdução Quando falamos em experimentos com seres humanos, pensamos logo em pesquisas na área de Medicina. No entanto, estes estudos podem ser desenvolvidos por pesquisadores de outras áreas, tais como a Odontologia, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia, Educação Física, dentre outras1. Uma igualdade entre todas as pesquisas com seres humanos, em qualquer _______________ área do conhecimento, deve ser a voluntariedade do participante. Podemos chamar essa voluntariedade de consentimento esclarecido, consentimento voluntário, consentimento informado, consentimento pós-informado, consentimento após-informação ou consentimento livre e esclarecido2. O consentimento informado deve fazer parte, também, do exercício da profissão. Devemos respeitar a autonomia do paciente para ¹ Doutorando em Odontologia, Área de concentração em Dentística, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] ² Mestrando em Odontologia, Área de concentração em Implantodontia, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] ³ Mestranda em Odontologia, Área de concentração em Saúde Coletiva, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] 4 Mestrando em Odontologia, Área de concentração em Odontopediatria, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] 5 Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Disciplina de Bioética, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] 6 Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Disciplina de Bioética, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected] 7 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 Decidir submeter-se ou não ao tratamento proposto, depois de fornecidas as informações sobres os riscos e benefícios da terapia proposta². O objetivo deste artigo é fazer uma síntese sobre o uso do consentimento informado, tanto para experimentos científicos com seres humanos, como para o atendimento clínico de pacientes, como exercício legal da profissão das diversas áreas da saúde. Histórico O consentimento informado ou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tem suas bases nas atrocidades cometidas em experimentos científicos do passado. A busca pelo conhecimento, muitas vezes mascarada pelo ego ou mesmo a crueldade dos “pesquisadores” ao longo dos tempos, levou a sociedade a criar mecanismos que regulam os trabalhos de pesquisa que envolva os seres humanos em qualquer esfera. A sociedade começou a se mobilizar contra os experimentos sem o consentimento informado em meados do século XVIII. Naquela época Médicos tratavam seus pacientes com terapias inovadoras sem explicar o que elas poderiam causar. A lenta mobilização da sociedade perdurou por dois séculos e meio até os dias atuais. Hoje, inúmeras Declarações e Resoluções dirigem as pesquisas com seres humanos3. As bases para estes documentos começaram a ser escritas em 1830 com a publicação de um livro, em Londres, sobre legislação e exercício profissional em Medicina. Mais tarde, em 1900, o Senador americano Jacob Gallinger apresentou uma proposta que é considerada precursora dos documentos dos dias atuais. Os pontos principais da proposta do Senador eram: autorização dos participantes previamente informados; aprovação prévia de um comitê; garantia de voluntariedade e capacidade; possibilidade de interrupção do projeto; garantias de relatos de situações não previstas; preservação dos grupos vulneráveis; e avaliação prévia dos riscos envolvidos no experimento3. Outros documentos foram tornados públicos em outras partes do mundo, como na Alemanha, mas eles não impediram que os abusos continuassem a serem cometidos. Os piores métodos aconteceram durante a Segunda Grande Guerra. Os crimes de guerra cometidos pelos nazistas foram julgados no Tribunal de Nuremberg, em 1947. O Código de Nuremberg é uma parte da sentença retirada do julgamento dos Médicos, sendo este o primeiro documento de peso internacional. De acordo com o Código de Nuremberg o pesquisador tinha que obter o consentimento dos participantes, assegurar o acesso as informações e garantir que não houvesse nenhuma restrição a 1, 3,4 voluntariedade . A Associação Médica Mundial reuniu-se algumas vezes e criou também documentos regulamentando os experimentos com seres humanos. Em 1964, com base nestes registros foi criada a Declaração de Helsinque que dizia que o consentimento informado com liberdade e pleno esclarecimento é uma condição indispensável para a realização de pesquisa clínica1,3. O impacto causado por esses documentos não foi suficiente para coibir os experimentos sem consentimento e voluntariedade naquela época. A declaração de Helsinque é revisada até os dias atuais nas reuniões da Associação Médica Mundial. No presente momento vivemos um período onde os periódicos exigem a aprovação por uma comissão quando a pesquisa envolve a participação de seres humanos1, 3. No Brasil, em 1975, o Conselho Federal de Medicina (CFM) adotou a primeira Declaração de Helsinque como guia para experimentação com seres humanos. Em 1983, a segunda Declaração de Helsinque foi adotada pelo CFM. A Resolução 01, de 1988, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), estabeleceu o 8 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 modelo de consentimento informado. Mais tarde, com a Resolução 196/96, de 1996, que regula os experimentos científicos com seres humanos no Brasil, este passou a ser chamado de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido3,4. Esta resolução é apreciada por diversos países e serve com modelo para outros documentos, com o mesmo propósito, elaborado em todo o mundo, colocando o Brasil em posição de destaque no campo dos experimentos científicos éticos com seres humanos. Sinonímia e resolução Após sua criação o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido passou por certa “crise de identidade” e diversas denominações a ele foram atribuídas, tais como: consentimento informado; consentimento voluntário; consentimento pós-informado; consentimento após2 informação . Dentro destas a que se destacou e ficou consagrada foi exatamente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Isto porque tal nomenclatura engloba todos os requisitos que este documento deve conter. Seu conteúdo deve estar ao alcance do público alvo, possuir uma leitura fácil, apresentar ao sujeito da pesquisa ou ao paciente a essência deste documento, que nada mais é que um convite para participação na pesquisa ou para a realização de um tratamento. A consagração desse documento se deu no ano de 1996 com a criação da resolução 196/96 do Ministério da Saúde que regulamenta de forma ampla todo o tipo de pesquisa com seres humanos. Nesta resolução as normas éticas para qualquer tipo de pesquisa que envolva seres humanos estão descritas e, entre elas, o TCLE e todos os itens que este documento deve conter1. Deve ser ressaltado que este documento deve ser utilizado, não só na pesquisa com seres humanos, mas também no consultório, a fim de evitar problemas com nossos pacientes e nos resguardar juridicamente. Termo de Consentimento Esclarecido em Pesquisa Livre e Para entender o contexto do TCLE é necessário entender os princípios básicos da bioética, os quais são: a não–maleficência, a beneficência, a autodeterminação, a justiça e o sigilo1,2. Entende-se beneficência como a obrigação de garantir o bem-estar e de transmitir informações ao indivíduo participante da pesquisa1,2. Já o princípio da não-maleficência assegura que os danos previsíveis devem ser evitados2. A justiça visa dar às pessoas aquilo que é de direito de cada um. Também, afirma que não pode fazer experimentos apenas com determinados grupos como asilados, prisioneiros, simplesmente porque estão em situação de dependência ou de vulnerabilidade1,2. Através do princípio da autonomia, entende-se que todo o indivíduo tem direito de agir de acordo com as suas próprias convicções1,2. A autodeterminação não é privilégio de todos os indivíduos, pois há situações em que podem não possuir tal capacidade, tais como, pacientes com determinadas doenças que levam a redução da capacidade de autodeterminação, velhice ou situação de restrição, como prisão, exílio ou asilo. Em dependência do princípio da autodeterminação é que se torna obrigatório o consentimento esclarecido1. Pesquisas envolvendo seres humanos devem ser realizadas somente com a apresentação do consentimento. É o consentimento que converte o que seria a simples utilização da pessoa em participação consciente do indivíduo em um estudo científico1. O TCLE é um documento que não possui caráter legal, porém ético e tem por finalidade resguardar o paciente e a instituição que realiza a pesquisa. O consentimento deve ser organizado por 9 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 escrito, anteriormente à execução da pesquisa. É indispensável que esse documento faça parte do protocolo de pesquisa e deve ser redigido de forma simples, mas exata, contendo informações minuciosas e claras para que o paciente ou seu representante possa optar ou não pela consciente participação1,4,5. Para obtê-lo é preciso que o pesquisador esclareça toda a conjuntura para o possível participante da pesquisa, de forma simples, contudo exata. Somente após este esclarecimento é que essa pessoa poderá definir, com integral noção da razão do estudo, se participará ou não do experimento e ter a postura com consciência plena do que será realizado. É preciso respeito aos direitos e dignidade do paciente para se obter o consentimento esclarecido1,5,6,7. O conteúdo do TCLE deve ser detalhado, iniciando pelos dados de identificação do paciente e/ou responsável legal, seguido pelo título do Projeto de Pesquisa, objetivo principal, justificativas, procedimentos, potenciais desconfortos e/ou riscos esperados, tempo de duração do experimento (em casos que necessitam acompanhamento do paciente), benefícios do experimento, informações, garantia de esclarecimento dos assuntos relacionados com a pesquisa, através de contato com o(a) pesquisador(a) e a possibilidade da retirada do consentimento, a qualquer momento, sem represália ou prejuízo ao participante da pesquisa4,8. As regras de pesquisa em saúde constituem que o consentimento informado é responsabilidade do pesquisador principal e necessita ser apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição, devendo ser assinado em duas vias pelo participante da pesquisa ou seu representante legal. Ainda, no rodapé de cada folha colher rubrica do sujeito ou responsável legal4,6. O risco do tratamento experimental é uma probabilidade de causar dano que está vinculada à experimentação. Potencialmente, todo experimento pode causar danos de caráter físico, psicológico, social e econômico, no entanto, não se pode ter em mente que todo experimento cause prejuízos1. Em casos em que o participante do experimento sinta-se pior, ao receber determinado tratamento estipulado na pesquisa, a fase experimental deve ser suspensa, isso deve se proceder em qualquer momento que a julgue nociva ao mesmo. Deve-se reconhecer até onde a pesquisa é justificada por seu potencial valor diagnóstico ou terapêutico, não é ético continuar a pesquisa, nesses casos, apenas para ver os resultados1,9. O pesquisador que faz experimentação com crianças deveria ser capaz de entender os sentimentos delas, pois muitas vezes são impossibilitadas de expressá-los. O pesquisador deveria, também, ter a capacidade de entender as atitudes das pessoas que são responsáveis pelas crianças1. Termo de Consentimento Esclarecido em consultório Livre e Apesar de ir contra o código de ética médica, a falta de conhecimento dos profissionais da área de saúde leva a utilização equivocada do TCLE em atendimento clínico. O profissional é responsável por informações a respeito de indicações, resultados esperados, riscos, conseqüências de não fazer, qualidade de vida e alternativas de tratamento2, 10. O TCLE é baseado nos princípios fundamentais da bioética, sendo a ferramenta ideal para repassar tais informações2. Deve ser um documento esclarecedor da terapêutica a ser utilizada no tratamento10. Assim como o TCLE utilizado em pesquisas, na prática diária as informações passadas devem ser simples, inteligíveis e leais, adaptadas a capacidade de compreensão do paciente, por outro lado, não pode deixar nenhuma informação incompleta, obscura, sem total entendimento 10 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 do que está sendo exposto2,4,6. Diante da quantidade de informações repassadas, é recomendável elaborar um documento para cada procedimento, escolher um momento e local adequado para informar, decidir previamente quem irá receber as informações e permitir que o paciente leve o documento por escrito para casa e tenha tempo para pensar sobre o assunto2. O consentimento informado deve ser contínuo. Ele deve estar presente em todas as etapas do tratamento e não somente antes. Embora seja tecnicamente impossível na Odontologia isso poderá prover uma proteção a autonomia e dignidade do paciente11. O TCLE não deve ser considerado um evento e sim um processo. Deve conquistar a confiança do paciente, deixando-o livre para decidir quando deseja ser submetido ao 10 procedimento . Quando o doente é incapaz de decidir, como no caso de menores, deficientes mentais graves, doentes em coma ou outras causas relacionadas à inconsciência do paciente, deve-se procurar o responsável legal para que o TCLE seja repassado e, em casos de urgência, o profissional de saúde é responsável pela decisão da intervenção ou não2, 4,10. A validade ética do consentimento não está relacionada com palavras escritas, mas na natureza e qualidade da interação entre paciente e clínico. Assinaturas e documentos são apenas uma parte o processo. Como o consentimento está baseado em direito morais e respeito pelo paciente, ele não deve ser utilizado como uma arma para prevenção de processos jurídicos, portanto, pelo ponto de vista ético os termos de consentimento escrito versus o que é apresentado oralmente não devem ser motivo de preocupação12. Assim como qualquer direito, o direito a informação pode ser renunciado, por meio de um documento específico elaborado pelo profissional, na ficha clínica ou no próprio TCLE, desde que tal decisão não prejudique a terceiros e nem interesses de ordem pública2. Exercendo sua autonomia, o paciente poderá exigir a revogação do termo a qualquer momento, não significando que implicará na suspensão de um procedimento em execução, o profissional não poderá deixar o paciente exposto a um risco2,4. Pelo código de defesa do consumidor, do ponto de vista econômico, procedimentos realizados sem o devido consentimento do paciente é considerado amostra grátis, portanto livre de qualquer pagamento. Em outras palavras o paciente tem o direito de não arcar com as despesas do procedimento realizado se ele não o autorizou2. As pessoas, em sua grande maioria, preferem ser informadas do seu estado de saúde, sendo ele favorável ou não, porque isso lhes permite resolver problemas pessoais, inclusive familiares, que necessitam de solução antes do desfecho final. Para que essa verdade possa ser colocada, sem confusão e sem inquietações aos sentimentos do paciente, mostra-se essencial uma relação entre profissional da saúde e paciente com base na verdade e confiança13. Considerações finais Através da história da pesquisa podese notar que o ser humano foi, de certa forma, desprezado em seu contexto, pelo fato de não haver alguma forma de supervisão externa das atividades dos pesquisadores e cientistas. À vontade pela evolução científica e a ganância pelo dinheiro e pelo poder, são ameaças constantes à dignidade e integridade dos sujeitos de pesquisa. O fato de, atualmente, existir normas para a pesquisa e para o atendimento clínico, não isenta o pesquisador e/ou profissional de saúde de suas responsabilidades perante o paciente, a sociedade organizada e os órgãos de ética e justiça devendo, os mesmos, serem protetores da vida e da saúde. Assim, o mais importante, tanto em estudos científicos como em procedimentos clínicos, é que o 11 Malta, D. A. M. P. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008 profissional seja responsável, pautado pela conduta ética, no respeito à autonomia do sujeito da pesquisa ou da assistência clínica. REFERÊNCIAS 1. Hossne WS, Vieira S. Experimentação com seres humanos: aspectos éticos. In: Segre M, Cohen C, editores. Bioética. São Paulo: Edusp; 1995. p.127- 46. 2. Silva RG. Consentimento esclarecido no tratamento odontológico. In: Vanrell JP, editor. Odontologia legal & Antropologia forense. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p.178-82. 3. Goldim JR, Clotet J, Francisconi CF. Um breve histórico do consentimento informado. O Mundo da Saúde 2002;26:71-82. 4. Neto JV. Ética em Pesquisa. In: Estrela C, editor. Metodologia Científica: ensino e pesquisa em odontologia. São Paulo: Artes Médicas; 2001. p.421-29. Ética e Profissionais de Saúde. São Paulo: Santos; 1999.p.203-05. 7. Siu C. Consentimento do Sujeito na Pesquisa Biomédica. Jornal Conselho Federal de Medicina 1999;102:6. 8. CEP UFSC – Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: URL: http://www.cep.ufsc.br 9. Lopes FPBF. Responsabilidade na Pesquisa em Seres Humanos. Jornal Conselho Federal de Medicina 1999;102:6. 10. Tavares M. Aspectos Bioéticos do Consentimento Livre e Esclarecido. Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço 2003;31:p.7-11. 11. Shaw D. Continuous consent and dignity in dentistry. Br Dent J 2007;203:p.569-71. 5. Martin LM. Ética em pesquisa: uma perspectiva brasileira. O Mundo da Saúde 2002;26:85-99. 12. Worthington R. Clinical issues on consent: some philosophical concerns. J Med Ethics. 2002;28: p. 377-80. 6. Badeia M. Consentimento Pós-informado como Diretriz Bioética. In: Badeia M, editor. 13. Bergamo W. O direito a verdade ao doente. RBB 2005;1:p.75-79. 12 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DA INGESTÃO DE RAÇÃO COMERCIAL PARA ROEDORES EM RELAÇÃO ÀS RECOMENDAÇÕES DO INSTITUTO AMERICANO DE NUTRIÇÃO DE 1993. [Analysis of centesimal composition and intake of a commercial rodent chow reporting the recommendations of the American Institute of Nutrition 1993.] Jaqueline Minatti 1; Rafaella Cristina Dimbarre De Miranda 2; Gerson Luis Faccin 3; Lina Cláudia Sant’Anna 4; Bettina Moritz 4; Elisabeth Wazlawik 5. Resumo: o presente estudo analisou a composição de macronutrientes de uma ração comercial de acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985) e comparou a ingestão da ração, em ratos, com recomendações do American Institute of Nutrition (AIN-93). A partir da composição centesimal da ração e da média de consumo diário dos animais foi verificado que: 70% das calorias ingeridas foram fornecidas por carboidratos, 20% por proteínas e 10% por lipídeos. Considerando que o AIN-93 recomenda para ratos adultos 75,9% de carboidratos; 14,1% de proteínas e 10% de lipídeos, a ingestão de lipídeos apresentou-se dentro dos valores recomendados. Palavras-chave: composição centesimal, consumo de ração, ração comercial para roedores, AIN-93. Abstract: this study examined the macronutrients composition of a commercial rodent chow using the Analytics Norms of Adolfo Lutz Institute (1985), and compared the intake of chow, in rats, with recommendations of the American Institute of Nutrition (AIN-93). From the proximate composition of the chow and the average daily consumption of the animals was found that: 70% of the calories ingested were supplied by carbohydrates, 20% by proteins and 10% by lipids. Whereas the AIN-93 recommends for adult rats 75.9% carbohydrates, 14.1% protein and 10% of lipids, the intake of the latter presented itself within the recommended range. Keywords: centesimal composition, chow consumption, commercial rodent chow, AIN-93. Introdução A utilização de animais em pesquisa requer a adoção de critérios éticos e cuidados apropriados e, freqüentemente, os animais experimentais utilizados são alimentados com rações industrializadas. Segundo a legislação e ética do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), que dispõe sob criação e uso de animais para atividades de ensino e pesquisa utilizando animais experimentais, os mesmos devem ser mantidos em condições adequadas, o que inclui uma dieta equilibrada para o crescimento e manutenção. Para a produção de dietas, além __________________ de seguir os critérios preconizados pelo Instituto Americano de Nutrição (American Institute of Nutrition-1993, AIN-93), deve-se utilizar matéria-prima de boa qualidade e de fornecedores confiáveis 1. Em 1973 o Comitê do Instituto Americano de Nutrição foi formado para atender a necessidade de padronizar dietas nutricionalmente adequadas para estudos experimentais, reduzindo, assim, a variação dos constituintes da dieta, e conseqüentemente, facilitar a interpretação dos resultados obtidos em pesquisas com animais de laboratório. A primeira padronização foi representada pelo Instituto Americano de Nutrição (American Institute 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected] Residente da Especialização do Programa Saúde da Família 2008-2010. 3 Doutorando em Ciências de Alimentos – CCA – UFSC. 4 Mestres pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. 5 Professora Doutora do Depto de Graduação em Nutrição e do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected] 2 13 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 of Nutrition-1976, AIN-76), que posteriormente passou por modificações 2. Entre os critérios para as formulações de rações dentro da padronização proposta pelo AIN destacam-se: a sua produção a partir de ingredientes purificados ou prontamente disponíveis por um preço razoável; obedecer às exigências nutricionais determinadas pelo National Research Council (1978); apresentar composição uniforme e reprodutível e poder ser usada em ampla escala de aplicações 2,3. A dieta AIN-93 apresenta duas distintas composições: AIN-93G, onde a letra G indica “growth”, ou seja, “crescimento”; e AIN-93M, cuja letra M remete a “maintenance”, isto é, 3 “manutenção” . A primeira visa atender às fases de crescimento, gravidez e lactação. A segunda composição presta-se à manutenção de roedores adultos. A AIN-93G possui um maior teor de proteínas e gorduras do que a AIN-93M. A dieta de manutenção, AIN93M, por conter menor teor protéico e lipídico é mais segura que a formulação inicial AIN-76, no que se diz respeito a problemas oncológicos e toxicológicos em estudos prolongados 4,5. A recomendação de sacarose, amido dextrinizado e amido de milho para a dieta AIN-93M é de 100, 155 e 470 g/kg, respectivamente, resultando em 725 g de carboidratos em 1 kg de ração; e esses valores podem variar de acordo com a adição de componentes, como, por exemplo, misturas vitamínicas que contenham carboidratos como excipiente, ou mudanças nas concentrações dos outros macronutrientes. Em relação ao preconizado quanto aos lipídeos, para ratos adultos que não estejam na fase de gestação ou lactação, a recomendação atinge 10% e a fonte principal é o óleo de soja que deve atingir 40 g/kg na dieta, sendo necessária a utilização de antioxidantes para prevenção da oxidação lipídica, como a vitamina E. Em se tratando da recomendação protéica, a AIN-93M recomenda o uso de 140 g de caseína e 1,8 g de L-cistina por quilograma de ração, resultando em 14,1% de proteína. A quantidade de fibras propostas é de 50 g/kg e sugere-se a utilização de uma fonte padrão devido a possíveis variações na sua composição 3. Na prática laboratorial, as rações comerciais adquiridas, já prontas para fornecer aos roedores são bastante utilizadas, devido à praticidade. Entretanto, para a manutenção adequada dos animais, sob o ponto de vista nutricional, esta ração comercial deve ser de boa qualidade 6,7, seguindo os critérios da AIN-93 3. Contudo, qualquer ração está sujeita a mínimas alterações na sua composição nutricional, podendo variar de um lote para outro, em conseqüência de fatores multicausais 8 que podem variar desde o armazenamento sob luz e temperatura inadequada, ao uso de matérias-primas similares pelos fabricantes 9. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar uma ração comercial para roedores quanto a sua composição centesimal e comparar a ingestão dessa ração às recomendações do Instituto Americano de Nutrição de 1993 (AIN-93). Método O presente estudo apresenta um delineamento experimental. Foi determinada a composição centesimal e de ácidos graxos de uma ração comercial, bem como, o consumo médio da referida ração ao dia, por animal, fazendo-se a partir disto, comparações com as recomendações preconizadas pelo AIN-93M (para manutenção de ratos adultos). Análise da Composição Centesimal da Ração A ração comercial analisada é indicada para roedores (especificamente ratos e camundongos de laboratório), procedente do Biotério Central da 14 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De acordo com a embalagem, a mesma continha: mistura vitamínicomineral, farelo de soja, calcário calcítico, farelo de trigo, fosfato bicálcico, milho integral moído, cloreto de sódio e alguns eventuais substitutivos: farelo de arroz desengordurado, farelo de girassol, farelo de glúten de milho, óleo de soja degomado, amido de mandioca, sorgo integral moído, gérmen de milho. Conforme informações do fabricante, eram garantidas concentrações máximas de 12% de umidade, 9% de matéria fibrosa, 10% de matéria mineral, 1,25% de cálcio e no mínimo 23% de proteína bruta, 5% de extrato etéreo e 0,80% de fósforo. As concentrações de umidade, cinzas, lipídeos, proteínas e carboidratos da ração estudada foram analisadas de acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985) modificadas 10, no Laboratório de Nutrição Experimental do Departamento de Nutrição, do Centro de Ciências da Saúde da UFSC. Todas as análises forma feitas em duplicata e, a pesagem das amostras, foi realizada no mínimo duas vezes, ou até a manutenção do peso das mesmas. do resultado final da umidade foi utilizada a seguinte fórmula: Umidade Foram colocados 2 cadinhos na estufa a 105ºC por 6 horas. Após esse período, eles foram levados ao dessecador por aproximadamente 30 minutos para esfriar, em temperatura ambiente. Esse procedimento foi realizado para garantir que não houvesse qualquer umidade no recipiente. Em seguida, os cadinhos foram pesados em uma balança analítica e colocados 2 g de amostra (ração comercial) em cada cadinho. A seguir, foram recolocados na estufa a 105ºC por 6 horas e em seguida no dessecador por 30 minutos, sendo então feita a primeira pesagem. Os cadinhos foram novamente colocados na estufa a 105ºC e, após resfriados no dessecador por 30 minutos, foi realizada a segunda pesagem (ou como já referido, até a manutenção do peso). Para a determinação Lipídeos O tubo de ensaio do aparelho de Soxhlet foi colocado na estufa a 70ºC por 6 horas para retirar a umidade e após colocado no dessecador por 30 minutos. Esse tubo foi pesado. Colocou-se em um cartucho de vidro uma amostra de 1 a 1,5 g de ração, entre dois chumaços de algodão desengordurado. Dentro do tubo de ensaio foram adicionados 40 mL de éter etílico. O cartucho de vidro e o tubo de ensaio foram adicionados 40 mL de éter etílico. O éter ficou a 50ºC no bloco, no qual evaporou, condensou e finalmente lavou a amostra, retirando-lhe a gordura. O tubo de ensaio foi para a estufa a 70ºC por 6 horas e em seguida para o dessecador por 30 minutos, sendo finalmente realizada a primeira pesagem. O tubo foi recolocado na estufa e no dessecador pelo mesmo tempo e realizada a segunda g% de umidade = peso inicial – peso final x 100 peso da amostra Cinzas Foram colocados 2 g de amostra em cadinhos, sendo, a seguir incinerados em Bico de Bunsen por aproximadamente 20 minutos, até a amostra ficar carbonizada. Esse procedimento foi realizado em uma capela. Posteriormente os cadinhos foram colocados em uma mufla a 550ºC por 6 horas. A seguir, foram diretamente para a estufa a 105ºC, pelo período de 6 horas e em seguida colocados no dessecador por 30 minutos. Após esse procedimento, foi realizada a primeira pesagem. Os cadinhos voltaram novamente para a estufa a 105ºC por 6 horas e depois de estarem no dessecador por 30 minutos, foi realizada a segunda pesagem. Para o resultado final da determinação de cinzas foi utilizada a fórmula: g% de cinzas = peso inicial – peso final x 100 peso da amostra 15 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 pesagem. Para determinação final de lipídeo foi utilizada a seguinte fórmula: g% de lipídeos = peso inicial – peso final x 100 peso da amostra Proteínas Dentro de um tubo de ensaio especial para o aparelho de Kjeldhal foram colocados aproximadamente 500 mg de amostra. Neles foi adicionado 1,5 g de mistura catalítica (composição: 3,6 g de selenito de sódio, 4 g de sulfato de cobre e 48,5 g de sulfato de sódio) e 10 mL de ácido sulfúrico concentrado. O tubo foi colocado no bloco digestor a 300ºC dentro da capela, até a completa digestão da amostra (adquirindo coloração verde-claro). A amostra foi destilada no aparelho de Kjeldhal, utilizando-se hidróxido de sódio a 50% (para neutralizar o ácido) e ácido bórico a 2% para captar os vapores de amônia. Essa amostra passou por titulação com ácido clorídrico a 0,1 N. Para o resultado final da determinação de proteína foi utilizada a fórmula: g% de proteína = volume de HCl x 0,87543* peso da amostra * Normalidade do HCl (0,1 N) x 14,007 x 0,625 = 0,87543 Carboidratos Para a determinação da fração glicídica foi utilizada a fórmula: g% de carboidrato = 100 – (lipídeos + proteínas + umidade + cinzas) Análise da Composição de Ácidos Graxos da Ração A composição dos ácidos graxos da ração foi analisada através do método oficial da American Oil Chemists Society (AOCS) 11 , no Laboratório de Óleos e Gorduras da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A análise dos ácidos graxos foi realizada por cromatografia gasosa capilar (CGC Agilent 6850 Series GC System). Determinação da Ingestão Comercial por Ratos da Ração Foi utilizada e espécie Rattus novergicus, da linhagem Wistar, n = 10, machos, com um mês e meio de idade e peso entre 150 g e 200 g, obtidos do Biotério Central da UFSC. Os animais foram transferidos para biotério setorial do Laboratório de Nutrição Clínica, Centro de Ciências da Saúde (CCS), UFSC, acondicionados, no número de 5 animais por gaiola moradia de polipropileno (42 cm x 34 cm x 17 cm) cobertas com maravalhas e higienizadas três vezes por semana. Foram mantidos em ambiente com temperatura controlada (22 2° C), com ciclo alternado de claro/escuro de 12 horas. A dieta comercial (ração) e a água foram oferecidas ad libitum. A estimativa de consumo da ração comercial, por rato, por dia, foi obtida através da quantidade total ingerida, calculada através da diferença entre a ração oferecida menos as sobras, em cada gaiola moradia, dividida pelo número de ratos, durante 28 dias. Os dados são apresentados em tabelas com o percentual de valores: da composição centesimal da ração comercial, da estimativa da ingestão diária de macronutrientes por animal e da comparação desta ração analisada com a AIN-93M. Os procedimentos foram realizados de acordo com o Guia de Uso e Cuidados com Animais Laboratoriais do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) 1, sendo aprovados pela Comissão de Ética para o Uso de Animais da Universidade Federal de Santa Catarina (CEUA nº 280/04). 16 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 C18:2 Linoléico 51,16 C18:3 Trans Translinolênico 0,27 C18:3 Linolênico 3,57 C20:0 Araquídico 0,50 C20:1 Gadoléico 0,33 C22:0 Behênico 0,33 Resultados e Discussão Os resultados da análise da composição centesimal da ração são apresentados na Tabela 1. Destaca-se que, apesar de constar na embalagem da ração um valor mínimo de 23% de proteína bruta, isso não foi observado na análise da sua composição centesimal realizada. Tabela 1 - Composição centesimal da ração comercial analisada. Laboratório de Nutrição Experimental – Departamento de Nutrição, UFSC, 2005. O valor médio de consumo da ração comercial por rato, por dia, foi de aproximadamente 23 gramas. Na Tabela 3 encontra-se a estimativa de consumo diário dos macronutrientes, por animal. Composição Centesimal da ração (%) Umidade 8,37 Cinzas 6,81 Carboidratos* 62,8 Lipídeos 3,83 Nutrientes da ração Proteínas 18,19 Carboidratos Proteínas Lipídeos Ácido poliinsaturado α-linolênico Ácido poliinsaturado linoléico Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos saturados * Inclui também fibra alimentar. Por meio do lipídeo extraído da ração comercial foi avaliada a composição de ácidos graxos (Tabela 2). O perfil de lipídeos indicou maior quantidade do ácido graxo linoléico, seguido do oléico e palmítico. Tabela 2 - Composição em ácidos graxos da ração comercial analisada. Laboratório de Óleos e Gorduras – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 2005. Ácidos Graxos (%) C14:0 Mirístico 0,10 C16:0 Palmítico 13,58 C16:1 Palmitoléico 0,14 C18:0 Esteárico 3,14 C18:1 Oléico 26,72 C18:2 Trans Linoelaídico 0,15 Tabela 3 – Estimativa de consumo diário de macronutrientes advindos da ração comercial (g), por animal, por dia. Laboratório de Nutrição Clínica – Departamento de Nutrição, UFSC, 2005. Quantidade (g) 14,60 4,23 0,034 0,456 0,241 0,156 Em relação à quantidade média do percentual de macronutrientes consumidos na ração comercial, encontrou-se diferença ao se comparar os valores deste estudo com os recomendados pelo AIN-93M, no tocante à necessidade diária de ratos adultos. O consumo energético médio, de cada rato, por dia, foi de 82 quilocalorias. Considerando-se o percentual de consumo de macronutrientes da ração comercial em relação ao seu valor calórico total, após a análise de sua composição centesimal, constatou-se que aproximadamente 70% das calorias ingeridas foram procedentes de carboidratos, 20% de proteínas e 10% de lipídeos (Tabela 4). 17 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 Tabela 4: Comparação do percentual de macronutrientes da ração comercial analisada em relação ao preconizado pelo AIN-93M. Laboratório de Nutrição Experimental – Departamento de Nutrição, UFSC, 2005. Carboidratos Lipídeos Proteínas Composição Centesimal da Ração (%) Contribuição ou g/100g energética 62,8 ~ 70 % 3,8 ~ 10% 18,2 ~ 20% O AIN recomenda que 75,9% da energia sejam fornecidos por carboidratos, 14,1% por proteínas e 10% por lipídeos 3. A quantidade de lipídeos da ração comercial analisada apresentou-se de acordo com o recomendado na AIN-93M. Em relação aos demais macronutrientes, constatou-se que as calorias fornecidas por carboidratos foram menores e as provindas de proteínas, maiores, do que a recomendação. Em relação à composição de ácidos graxos da ração comercial utilizada no presente estudo, encontrou-se, aproximadamente, 0,68 g de ácido graxo AIN-93M (%) Contribuição ou g/100g energética 72,7 75,9 % 4,0 10,0 % 12,6 14,1 % Diferença entre a ração analisada e a AIN-93M (%) - 5,9 0 + 5,9 saturado, 1,02 g de ácidos graxos monoinsaturados, 0,15 g de ácido graxo poliinsaturado ômega-3 e 1,98 g de poliinsaturados ômega-6. O recomendado pela AIN-93M é de 0,62 g de ácido graxo saturado, 0,93 g de monoinsaturado, 0,27 g de poliinsaturado ômega-3 e 1,04 g de poliinsaturados ômega-6. Verificou-se, com isso, que o teor de ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 foi inferior, enquanto que a quantidade de ômega-6 foi superior às concentrações recomendadas (Tabela 5). Tabela 5: Comparação da quantidade de ácidos graxos presentes na ração comercial em relação ao preconizado pelo AIN-93M. Laboratório de Nutrição Clínica – Departamento de Nutrição, UFSC, 2005. Composição Centesimal da Ração (g/100g) AG* saturados AG monoinsaturados AG poliinsaturados ômega-3 AG poliinsaturados ômega-6 AIN-93M (g/100g) 0,68 1,02 0,15 1,98 0,62 0,93 0,27 1,04 Diferença entre a ração analisada e a AIN-93M (g) + 0,06 + 0,09 - 0,12 + 0,94 * AG = Ácido graxo. A utilização de rações comerciais que atendam às recomendações preconizadas pelo AIN-93M é uma condição para maior confiabilidade de resultados em estudos experimentais. Assim, se o conteúdo de nutrientes nas rações não é apropriado, conseqüentemente, podem causar impactos significantes na fisiologia dos animais 12,13. Destaca-se que, rações que seguem as especificações do AIN-93M podem ser adequadas em estudos crônicos com roedores, necessitando-se, no entanto, de estudos adicionais, incluindo investigações fisiológicas e histopatológicas 14. Conclusão A ingestão média do percentual de macronutrientes da ração comercial analisada e consumida pelos ratos foi inferior às recomendações da AIN-93M, em relação ao conteúdo de carboidratos e ácidos graxos poliinsaturados ômega-3. Ressalta-se que a análise de rações pode ser relevante para 18 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008 garantir a fidedignidade das pesquisas científicas. Outros estudos, com rações comerciais de diferentes procedências serão úteis para averiguar e assegurar menor variação em resultados com experimentos utilizando animais de laboratório. Agradecimento Os autores agradecem ao Dr. Renato Grimaldi, do Laboratório de Óleos e Gorduras da UNICAMP pela análise da composição dos ácidos graxos da ração comercial utilizada. Referências 1. Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). Projeto de Lei n°1153/95 Procedimentos para o uso científico de animais, 1995. Disponível em: http://www.cobea.org.br/include/PL1153. htm, acesso em 05/09/2008. 2. Reeves PG. AIN-76 Diet: Shoud We Change the formulation? J. Nutr. 1989;119:1081-82. 3. Reeves PG, Nielsen FH, Fahey GCJr. AIN-93 Purified Diets for Laboratory Rodents: Final Report of the American Institute Ad Hoc Writing Commitee on the Reformulation of the AIN-76A Rodent Diet. J. Nutr. 1993;123:1939-51. 4. Coates ME. Guidelines on the Selection and Formulation of Diets for Animals in Biomedical Research. Institute of Biology, London U.K. (1987) apud Reeves PG, Nielsen FH, Fahey GCJr. AIN-93 Purified Diets for Laboratory Rodents: Final Report of the American Institute Ad Hoc Writing Commitee on the Reformulation of the AIN-76A Rodent Diet. J. Nutr. 1993;123:1939-51. 5. Rao GN. Rodent diets for carcinogenesis studies. J.Nutr. 1988; 118:929-31 apud Reeves PG, Nielsen FH, Fahey GCJr. AIN-93 Purified Diets for Laboratory Rodents: Final Report of the American Institute Ad Hoc Writing Commitee on the Reformulation of the AIN-76A Rodent Diet. J. Nutr. 1993;123:1939-51. 6. Newberne PM. Influence of pharmacological experiments of chemicals and other factors in diets of laboratory animals. Fed. Proc. 1975;34:209-18. 7. Knapka JJ. Nutrition of rodents. Vet. Clin. North Am. Exot. Anim. Pract. 1999;2:153-67. 8. Newberne PM, Fox JG. Nutrition adequacy and quality control of rodent diets. Lab. Anim. Sci. 1980;30:352-65. 9. Eastridge ML. Major Advances in Applied Dairy Cattle Nutrition. J. Dairy Sci. 2006;89: 1311-1323. 10. Pregnolatto W, Pregnolatto NP. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3ed. São Paulo: Impressa Oficial do Estado, 1985. p. 262 11. Association of Official Analytical Chemists/AOAC. Official Methods of analysis of the Association Analitical Chemists. 15ed. Washington, D.C.,1998.1298p. 12. Perry HMJr, Erlanger MW. Effect of diet increases in systolic pressure induced in rats by chronic cadmium feeding. J. Nutr. 1982;112 (10):1983-9. 13. Martus W, et al. Commercial rodent diets contain more sodium than rats need. Am. J. Physiol. Renal Physiol. 2005;288(2):F428-31. 14. Duffy PH, et al. Effect of the AIN-93M Purified Diet and Dietary Restriction on Survival in Sprague-Da 19 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 RELAÇÃO DA INGESTÃO DO ÁCIDO GRAXO ÔMEGA-3 E DO NADO NO PESO CORPORAL DE RATOS. [Relationship of omega-3 fatty acid intake and swimming to body weight of rats.] Jaqueline Minatti1; Rafaella Cristina Dimbarre De Miranda2; Bettina Moritz3; e Elisabeth Wazlawik4. Resumo: estudos demonstram vantagens da ingestão adequada do ácido graxo ômega-3 (AG ω-3) à saúde, incluindo benefícios cardiovasculares. Sugerem que AG ω-3 pode contribuir na perda de peso corporal. Investigou-se o efeito da suplementação de AG ω-3 (0,5 e 1,0 g/kg/dia), de óleo de peixe, aliado ou não à prática do nado, no peso corporal de ratos. A quantidade administrada de AG ω-3 não foi efetiva per se na redução ou ganho de peso, uma vez que não foram encontradas diferenças na comparação dos grupos suplementados e não submetidos ao nado, em relação aos controles que receberam água e não nadaram. Palavras-chave: ácido graxo ômega-3, peso corporal, ratos. Abstract: studies have shown health benefits related to the adequate intake of omega-3 fatty acid (ω3 FA), including cardiovascular effects. Research also suggests that ω-3 FA can contribute to weight loss. We investigated the effect of supplementation with ω-3 FA (0.5 and 1.0 g/kg/day), from fish oil, with or without swimming, on the body weight of Wistar rats. The quantity of ω-3 FA administered had no effect per se on body weight, since no differences were found on comparing the groups supplemented and not submitted to swimming with the controls that received water and also did not swim. Keywords: omega-3 fatty acid, body weight, rats. Introdução Os ácidos graxos (AG) são constituintes lipídicos insolúveis em água, indispensáveis na alimentação humana. Além da função energética, conferem sabor, sensação de saciedade, veiculam vitaminas lipossolúveis e exercem também funções estruturais e hormonais nos seres vivos 1,2. Podem ser classificados como saturados ou insaturados. Os insaturados são subdivididos em monoinsaturados (uma única dupla ligação) ou poliinsaturados (AGPI, mais de uma dupla ligação) 3,4. Os AG insaturados ômega têm essa denominação devido à posição metila na molécula, correspondendo à distância entre o radical metila terminal e a primeira dupla ligação da molécula (ligação ômega). Os principais representantes desse grupo são o ômega-3 (ω-3, ácido linolênico), o ômega-6 (ω-6, ácido linoléico e ácido araquidônico) e o ômega-9 (ácido oléico) 4. O ácido linolênico e o ácido linoléico são essenciais, pois não podem ser sintetizados no organismo por precursores 5. A carência de AG essenciais ocasiona sérias deficiências orgânicas, como problemas dermatológicos, neurológicos e visuais 6. Os AG essenciais ω-3 são caracterizados pela presença de uma dupla ligação no carbono 3. Existem 2 subgrupos do ω-3, um derivado de óleos vegetais, compostos por 18 átomos de carbono e 3 duplas ligações, denominado ácido αlinolênico, e outro subgrupo derivado de óleo _________________________ 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected] Residente da Especialização do Programa Saúde da Família 2008-2010. 3 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. 4 Professora Doutora do Depto de Graduação em Nutrição e do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected] 2 20 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 de peixe, composto em sua maioria de eicosapentanóides (EPA – 20:5 n-3) e docosahexanóides (DHA – 22:6 n-3). EPA e DHA podem ser formados no organismo humano a partir da dessaturação e alongamento da cadeia do ácido α-linolênico, porém essa conversão ocorre de forma lenta 7 . Como fontes vegetais consideráveis de AG ω-3 destacam-se os óleos de gérmen de trigo (6,9% do total de lipídeos), de soja (7%), de canola (10%), de nozes (10,4%) e de linhaça (53%)8,9. Nos peixes de águas frias e profundas (marinhos) os AG ω-3 são encontrados em maiores concentrações, com a quantidade de 2,5 g na cavala, 1 a 2 g no salmão, 0,5 g na truta e no atum e 0,5 g a 1,6 g na sardinha, em cada 100 g de peixe 7,10. A recomendação do consumo de AGPI, principalmente no que se refere aos AG ω-3, é ainda controversa. Segundo a DRI (Dietary Reference Intakes, 2002), o consumo de AG ω-3 deve perfazer 0,6% 1,2% do consumo energético total diário 11. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de 5 partes de ω-6 para 1 parte de ω-3 12. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda nas III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, um consumo diário de 4 g de ω-3 13. Além disso, a IV Diretriz, atualizada em 2007, refere que o consumo de 1 g/dia de ω-3 em cápsulas, reduziu em 10% os eventos cardiovasculares (morte, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral), sugerindo que estes ácidos graxos possam ser utilizados como terapia adjuvante na hipertrigliceridemia 10. A Associação Americana do Coração recomenda que adultos saudáveis consumam peixe duas vezes na semana. Ressalta-se que a relação de consumo atual, nos países ocidentais, alcança 20 partes de ω-6 para apenas 1 de ω-3, demonstrando assim que há um consumo desequilibrado desses AG 14. Visto que no organismo humano os AG ω-3 não são convertidos em ω-6, a concentração adequada do primeiro influencia a via da enzima Δ-6-desaturase, modulando a cascata do ácido araquidônico, portanto, o consumo de ω-3/ω-6 deve ser equilibrado 15. Foi proposto que as dietas ricas em AG ω-3 possam diminuir a síntese de lipídeos e auxiliar em tratamentos para redução de gordura corporal ou obesidade 16,17 . Com esse efeito na redução da lipogênese, animais suplementados com AG ω-3, poderiam talvez apresentar alguma modificação no peso corporal. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da suplementação do ácido graxo ômega-3 (EPA+DHA), nas doses de 0,5 e 1,0 g/kg/dia, aliada ou não à prática do nado, no peso corporal de ratos machos adultos. Metodologia Foram utilizados Rattus novergicus da linhagem Wistar, machos, com 1 mês e meio de idade e peso entre 150 g e 200 g, obtidos do Biotério Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e transferidos para o biotério setorial do Laboratório de Nutrição Clínica, Centro de Ciências da Saúde (CCS), UFSC. Os animais foram acondicionados no número de 5 ou 6 por caixa de polipropileno (42 cm x 34 cm x 17 cm) e mantidos em ambiente com temperatura controlada (22 2°C), com ciclo alternado de claro/escuro de 12 horas. Receberam água e ração comercial ad libitum até momentos antes das condições experimentais. Os ensaios biológicos foram realizados de acordo com o Guia de Uso e Cuidados com Animais Laboratoriais do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) 18, e o protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética para o Uso de Animais da Universidade Federal de Santa Catarina (CEUA nº 280/04). Para tratamento dos animais foram utilizadas cápsulas de óleo de peixe de 500 21 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 mg da marca Phytomare®, com 480 mg de óleo de peixe e 20 mg de vitamina E. Continham 0,141 mg de ω-3 (⅔ de EPA, ⅓ de DHA); 0,16 g de ácido graxo saturado e 1 mg de colesterol. A quantidade administrada a cada rato foi relacionada com o peso do animal, e os diferentes grupos receberam 0,5 ou 1,0 g/kg de peso, durante o período de 28 dias. O ω-3 foi administrado em todos os dias do tratamento, às 8h30min, com auxílio de uma agulha curvada para ratos, para a administração através de gavagem. Os animais controle foram submetidos ao mesmo procedimento, no entanto o ω-3 foi substituído por água. A administração da água ou do ω-3 ocorreu 5 horas antes do início do teste do nado, sendo as doses corrigidas de acordo com o peso dos animais. Os ratos foram submetidos ao modelo do nado proposto inicialmente por Porsolt e 19 colaboradores (1977) , colocados individualmente em cilindros plásticos (altura = 46 cm, diâmetro = 20 cm), contendo 38 cm de água 20. Foram submetidos ao nado diariamente, por 28 dias. Nos três primeiros dias, permaneceram por 10 minutos na água, para adaptação ao meio 21 , e a seguir, do 4º ao 28º dia, os animais foram submetidos ao nado por 20 minutos. A cada sessão de nado, para cada animal a água foi trocada e mantida a temperatura de 27ºC ± 1ºC 22. Foram formados os seguintes grupos experimentais: a) grupo basal: sem qualquer tratamento por gavagem e sem ser submetido ao teste do nado; b) grupo-controle: tratado por gavagem com água, não submetido ao teste do nado; c) grupo-controle + nado: tratado por gavagem com água e submetido ao teste do nado; d) grupo ω-3: tratado por gavagem com ω-3, não submetido ao teste do nado, e) grupo ω-3 + nado: tratado por gavagem com ω-3 e submetido ao teste do nado. Os ratos foram pareados de acordo com o peso, antes de qualquer procedimento, de forma que todos os grupos fossem semelhantes. A alteração de peso de cada animal foi verificada pela diferença entre o peso final e inicial. Os dados obtidos foram avaliados estatisticamente por meio de média e erropadrão e testados na curva de normalidade (Kolmogorov-Smirnov); posteriormente foram analisados empregando-se o teste t de Student pareado ou a análise de variância ANOVA de uma via, com nível de significância p<0,05, seguida pelo teste de Tukey. Para avaliação dos dados foi utilizado o softaware INSTAT, versão 3.01. Resultados e Discussão Vários estudos têm demonstrado efeitos benéficos dos ácidos graxos ω-3 23, por diminuírem a sintomatologia ou até a progressão de várias doenças como as cardiovasculares24, 25, as dislipidemias 26 ,27,28 , as doenças inflamatórias crônicas 29, 30, a depressão 31, entre outras 32. A ingestão adequada de AG ω-3 inclui, dentre as vantagens à saúde, a proteção cardiovascular 23. A partir dos resultados de algumas pesquisas foi sugerido também que os AG ω-3 possam contribuir na perda de peso corporal 33,34. Entretanto, considerando-se o valor calórico procedente da dieta através de diferentes fontes lipídicas, faz-se necessário considerar que o excesso de lipídeos e de calorias pode contribuir no aumento de peso, que por sua vez é considerado um fator de risco no desenvolvimento de doenças 10 cardiovasculares . Como não existe um consenso na literatura quanto à relação de diferentes fontes de lipídeos na dieta com o peso corporal 35, o presente estudo investigou o peso de ratos que receberam durante 28 dias 0,5 ou 1,0 g/kg/dia de ω-3 e que foram submetidos ou não ao nado. A figura 1 apresenta o valor médio de ganho de peso corporal (calculado a partir da diferença de peso final e inicial), em gramas, 22 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 A B G an h o d e p eso (g ) dos diferentes grupos, após 28 dias. No protocolo de 0,5 g/kg/dia de ω-3, os animais que foram submetidos ao teste do nado, tanto os do grupo controle+nado quanto os do grupo ω-3+nado, apresentaram menor ganho ponderal (p=0,0025), quando comparados aos grupos basal e ω-3 (que não foram submetidos ao teste do nado). E, no ensaio em que foi utilizado 1,0 g/kg/dia de ω-3, o grupo controle+nado apresentou um ganho de peso menor (p=0,0123), se comparado aos grupos basal e controle. 150 100 * ** B asal C o n tr o le C o n tr o le + n a d o w-3 w-3+ nado 50 G an h o d e p eso (g ) 0 150 *** 100 B asal C o n tr o le C o n tr o le + n a d o w-3 w-3+ nado 50 0 Figura 1 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (ω-3), por gavagem, na dose de 0,5 g/kg/dia (A) ou 1,0 g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, por 28 dias, no ganho de peso (g). Os resultados são expressos como média EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e ω-3; ** p<0,05 comparado ao grupo ω-3; *** p<0,05 comparado ao basal e controle (ANOVA + Tukey). Apesar de os grupos suplementados receberem calorias extras diariamente provenientes do óleo de peixe, não foram encontrados aumentos significativos no peso corporal desses animais em relação aos demais; somente verificou-se que os ratos do grupo submetido ao exercício físico, mas não suplementado com óleo de peixe (grupo controle+nado) apresentaram um menor ganho de peso em relação aos grupos basal e controle no protocolo realizado com 1,0 g/kg/dia de ω-3. Quanto à variação ponderal por grupo, verificou-se um ganho menor naquele grupo submetido ao nado e suplementado com ácidos graxos ω-3 (ω3+nado) no experimento que utilizou 0,5 g/kg/dia de ω-3 e nos grupos controle+nado de ambos os protocolos (0,5 e 1,0 g/kg/dia). O menor ganho de peso encontrado nos grupos submetidos ao nado no presente estudo pode ser justificado pelo fato de os animais terem sido submetidos ao exercício físico por 20 minutos, no período de 28 dias. Como em ambos os protocolos os grupos controle+nado apresentaram menor ganho de peso, pode-se sugerir que o nado promoveu um gasto energético considerável. Ressalta-se que o ganho de peso significativamente menor no grupo ω3+nado em relação ao grupo ω-3 no protocolo de 0,5 g/kg/dia ocorreu provavelmente em função da associação do 23 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 exercício físico, o que não ocorreu quando se compararam os mesmos grupos do ensaio com 1,0 g/kg/dia de ω-3. No grupo suplementado com 1,0 g/kg/dia de ω-3 e submetido ao nado, o maior consumo calórico talvez possa ter compensado os efeitos de menor ganho de peso resultantes da prática de exercício físico, observado ao se comparar os grupos ω-3 e ω-3+nado do protocolo de 0,5 g/kg/dia. Alguns estudos vêm sugerindo que o consumo de AG ω-3 pode estar relacionado ao controle do peso ou à diminuição da adiposidade corporal. No estudo realizado por Venkatraman e colaboradores (1998) 32 foi observada uma redução significativa no ganho de peso de ratos submetidos à dieta rica em ω-3 (9% de óleo de peixe + 1% de óleo de milho) por dois meses, comparado ao grupo que recebeu dieta rica em ω-6 (10% de óleo de milho), independentemente da prática ou não de exercícios físicos (corrida forçada por 30 a 50 minutos, seis vezes por semana). Foi sugerido que esse resultado pode ter ocorrido devido ao maior consumo de AG ω-3, que poderia interferir na síntese de lipídeos, levando a um menor ganho de peso. Destaca-se que a suplementação de lipídeos no referido trabalho foi realizada em iguais concentrações em todos os grupos experimentais, não diferindo assim no total de calorias diárias fornecidas. Na pesquisa realizada por Pellizzon e colaboradores (2002) 36, ratos submetidos ao nado por 2 horas, cinco vezes na semana, por seis semanas, apresentaram menor ganho de peso e adiposidade corporal quando comparados aos grupos sedentários, independentemente do tipo de dieta à qual esses animais foram submetidos: hiperlipídicas e hipercalóricas, (com 33% óleo de peixe + 7% de óleo de soja ou com 33% de óleo de palma + 7% de óleo de soja ou com 40% de óleo de soja) ou normolipídica e normocalórica, denominada dieta controle, com 7% de óleo de soja. O nado durante 20 minutos e cinco vezes por semana, por 28 dias proporcionou menor ganho de peso dos ratos, desta forma, pode-se sugerir que este protocolo de atividade física, equivalente a um esforço de intensidade leve e de curta duração 37, pode ser suficiente para interferir no ganho de peso corporal na referida espécie animal. No presente estudo, não foi averiguado o efeito da suplementação de outro tipo de lipídeo em relação ao óleo de peixe e se alterações no peso corporal ou ganho de peso poderiam ser encontradas se outros grupos tivessem sido também suplementados com outro tipo de óleo, para assim perfazer um total calórico semelhante entre os grupos. Conclusão No presente trabalho, conclui-se que a quantidade administrada do AG ω-3 por meio do óleo de peixe não foi efetiva per se na redução do peso corporal ou ganho de peso de ratos suplementados em ambas as doses, uma vez que não foram encontradas diferenças significativas na comparação dos grupos que receberam óleo de peixe e não foram submetidos ao nado (grupo ω-3) em relação aos grupos controle que receberam água por gavagem e não nadaram. Sugere-se o estudo de dietas isocalóricas em animais comparando diferentes tipos de ácidos graxos e relacionando-os aos efeitos da suplementação do AG ω-3 no metabolismo lipídico e adiposidade corporal de ratos. Agradecimento Agradecemos ao professor Dr. Luis Beirão, do Departamento de Tecnologia de Alimentos (CCA/UFSC), pela doação das cápsulas de óleo de peixe indispensáveis à realização da presente pesquisa. 24 Minatti, J. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008 Referências 1. Santos TM. 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Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR E MULTIPROFISSIONAL PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DISLIPIDEMIA NA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA [Interdisciplinary and multi professional attendance for prevention and treatment of dyslipidemia in the universitary community] Ana Maria Passos1; Cláudia Marques Silva2; Maria da Graça Balen3; Elizabeth Martins Hermes4; Rodrigo Schütz5; Geny Aparecida Cantos6. Resumo: este trabalho trata de uma temática onde se tenta conhecer as relações e situações vividas por pacientes com dislipidemia da Universidade Federal de Santa Catarina, evidenciando a importância de se desempenhar cuidados com os mesmos, tendo como foco a prevenção e a melhora na qualidade de vida. Assim, além do atendimento cardiológico e nutricional, quatro outras modalidades de atendimento foram oferecidas: biodança, vivências lúdicas do coração, watsu e halliwick. Por meio deste trabalho pôde-se perceber a importância de cada pessoa como um ser único, reforçando seu compromisso social e senso de co-responsabilidade, envolvimento, diálogo e espírito participativo. Palavras-chave: dislipidemia, fatores de risco, doenças cardiovasculares, prevenção, qualidade de vida. Abstract: this article is concerned with the theme of trying to discover the relations and situations experienced by patients with dyslipidemia from the Federal University of Santa Catarina, evidencing the importance of taking care of them, focusing on prevention and quality of life improvement. Thus, in addition to cardiology and nutritional care, four other forms of care were offered: biodanza, leisure experiences of the heart, watsu and halliwick. Through this work it was possible to perceive the importance of each person as a unique individual, reinforcing their social commitment with a relationship of co-responsibility, involvement, dialogue and participatory spirit. Keywords: dyslipidemia, risk factors, cardiovascular diseases, prevention, quality of life. Introdução O conjunto de doenças crônicas é considerado o principal problema de saúde da atualidade. O tabagismo, a hipertensão arterial, a obesidade e o estilo de vida sedentário compõem fatores de risco (FR) para doenças cardiovasculares1, 2. Os efeitos negativos do estresse emocional têm sido associados a diversas doenças, destacando-se as cardíacas3, 4. Por outro lado, o estilo de vida moderno, onde impera a televisão, o computador e tantas outras facilidades, conduz o indivíduo a uma forma de vida mais passiva, cômoda e comprometida com o trabalho e menos ativa fisicamente, o que acaba por acumular situações estressantes. Essas situações sociais inadequadas são de suma importância e relevância dentro do aspecto de saúde pública. Assim, os campos da prevenção de doenças vêm se deslocando progressivamente para se tornar o centro das atenções na área da saúde e da educação. É inquestionável a existência de iniciativas importantes, no sentido da prevenção, dos variados setores do governo, das universidades e da sociedade _________________ 1 Aluna de extensão do curso de Farmácia UFSC. Cardiologista do Hospital Universitário UFSC. 3 Nutricionista do Hospital Universitário UFSC. 4 Farmacêutica Bioquímica do Hospital Universitário UFSC. 5 Aluno do mestrado de Farmácia UFSC. 6 Coordenadora. Dr (a) Prof (a) do Departamento de Análises Clínicas UFSC. E-mail: [email protected] 2 27 Passos, A. M. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 em geral5, 6, 7. Contudo, constata-se ainda um vazio de ações, projetos e programas que tratem essas questões de modo integrado. Considerando o acima exposto, desde o início de 1997 o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino e Assistência à Dislipidemia do Hospital Universitário (NIPEAD-HU-UFSC) vem trabalhando com prevenção, tendo como foco pacientes com dislipidemia, de forma a prevenir complicações cardiovasculares 4, 8. Assim, tentando assumir a responsabilidade com a qualidade de vida desses pacientes, estes foram encaminhados ao atendimento cardiológico e nutricional e em seguida convidados a inserir-se em várias modalidades de acolhimento no NIPEAD. Em 2002, surgiu a biodança, que trabalha em grupo e por meio de exercícios específicos, estimulando o potencial de cada participante. A simultaneidade e a inter-relação do atendimento convencional e da atividade alternativa proporcionam significativa melhora da auto-estima do paciente e conseqüentemente do seu bem estar biológico e psicológico9. Na maioria dos casos, a biodança atrai um grupo de pessoas que buscam a superação da timidez e do estresse, além de oferecer condicionamento físico cardiovascular e propor-se a estimular a busca da saúde espiritual10. O programa intitulado “vivências lúdicas do coração” surgiu em 2004 com o intuito de explorar o lúdico, a brincadeira e o prazer para realização de atividades físicas, as quais consistem em dança, caminhadas, jogos, alongamentos, exercícios localizados, relaxamento, exercícios aeróbicos, etc. O princípio básico determinante deste programa tem sido a motivação para a realização do exercício físico regular. As atividades físicas, na forma de vivências lúdicas, têm sido importantes recursos não medicamentosos na terapia e prevenção das doenças cardiovasculares, de forma que seus participantes passam a ter uma vida mais saudável. Este trabalho resultou em uma dissertação de doutorado, que contou com a professora do curso de graduação em Educação Física (UFSC) Albertina Bonetti como mentora e executora do mesmo (2006). O watsu e halliwick são terapias aquáticas complementares que surgiram no NIPEAD em junho de 2005. O método halliwick possibilita o desenvolvimento de habilidades como respirar e controlar o corpo na água com segurança e alegria. O watsu ajuda o indivíduo a liberar o corpo na água, flutuar, dissolver tensões, silenciar a mente e harmonizar a energia. Essas técnicas protegem os músculos, diminuem a tensão, a dor e a fadiga, ampliam os movimentos e a respiração, melhoram a circulação, a postura e a disposição; reduzem o stress e a ansiedade, possibilitando o sono mais tranqüilo e a melhora da consciência do corpo11. Material e Métodos Em consulta ambulatorial, os pacientes com dislipidemia foram convidados a participar do programa oferecido pelo NIPEAD. Os que aceitaram participar do referido programa assinaram o termo de consentimento e foram submetidos à classificação e estratificação do risco de doença coronariana, segundo o Escore de Risco de Framingham (EFR), adotado pelas IV Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose de 200612. Este escore baseia-se em valores numéricos, positivos e negativos, a partir de zero, de acordo com o risco atribuível aos valores da idade, pressão arterial, colesterol total (CT), colesterol das lipoproteínas de alta densidade (HDL-C), tabagismo e diabetes mellitus (DM). A escala obtida corresponde a um percentual de probabilidade de ocorrência de um evento cardiovascular nos próximos 10 anos, com base em dados epidemiológicos. De janeiro a dezembro de 2006 o setor de cardiologia do SASC/HU atendeu 546 pacientes, sendo que 184 voltaram para 28 Passos, A. M. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 re-consultas. Do total de pacientes atendidos, 277 fizeram parte do programa oferecido pelo NIPEAD por apresentarem dislipidemia e, portanto uma maior probabilidade de desenvolver um evento cardíaco nos próximos dez anos. O setor de nutrição atendeu 113 pacientes com dislipidemia, sendo que 70 retornaram para novas consultas. Todos os indivíduos encaminhados à nutrição foram submetidos a exame antropométrico (massa corporal - kg, estatura - m, perímetro da cintura e quadril - cm), aferição da pressão arterial e exame clínico. O índice de massa corpórea (IMC) foi obtido pela divisão da massa corporal, em quilogramas, pelo quadrado da estatura, em metros (IMC = massa (kg) / estatura (m)2). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, considerouse, tanto em homens quanto em mulheres, o sobrepeso com IMC >25 kg/m2 e <30 kg/m2 e obeso àqueles com o IMC superior a 30 kg/m2 13,14. Após o conhecimento dos dados clínicos cardiológicos e avaliação nutricional os pacientes foram convidados a inserir-se em outras modalidades que o programa oferece: vivências lúdicas do coração, biodança, watsu e halliwick. A capacidade total para cada modalidade de atendimento foi de 20 pessoas. As vivências lúdicas foram realizadas levando em consideração as contradições inerentes a estes pacientes bem como as ambigüidades próprias do trato com o corpo e a corporeidade na sociedade ocidental. Explorou-se, sobretudo, o lúdico com atividades bastante variadas como caminhadas, danças, jogos, etc. As sessões de biodança aconteceram uma vez por semana nas dependências do Grêmio-UFSC. Cada vivência levou em média duas horas, sendo que quarenta e cinco minutos foram utilizados para uma introdução teórica e para depoimentos dos participantes referentes às vivências da seção anterior, às descobertas, às mudanças existenciais e para compartilhar o sentir. O restante do tempo foi utilizado para parte prática, onde o professor respeitou o nível motor de cada indivíduo, sem produzir fadiga. Os exercícios foram progressivos e as linhas de vivências foram: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. As técnicas de watsu e halliwick foram realizadas uma vez por semana na piscina da Polícia Militar, tendo duração de uma hora e meia. Nessas técnicas enfatizaram-se as habilidades dos indivíduos, reforçando o lado positivo e não a deficiência, com foco no prazer e no relaxamento, por meio de atividades em forma de jogos em grupos, estimulando que os nadadores encorajassem uns aos outros. A coleta de sangue para realização de exames laboratoriais ocorreu em dias estabelecidos pela chefia do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, por alunos de mestrado e extensão. Agendou-se um dia para estes pacientes responderem aos questionários relacionados ao estresse aplicados no início e no final do tratamento. Abaixo estão relacionados os questionários utilizados: a) Avaliação dos sintomas de estresse15, 16, 17. b) Avaliação da vulnerabilidade ao estresse18. c) Avaliação da tolerância ao estresse e do estado físico19. d) Avaliação do convívio com o estresse, por meio da escala de estresse20. e) Anamnese de eventuais sintomas que os pacientes por ventura sentiram na semana anterior aos exames, além daqueles avaliados pelo questionário de LIPP, em forma de questionário16, com alguns itens elaborados. Todos os participantes deste estudo foram esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos a que seriam submetidos, assinando um termo de consentimento livre esclarecido. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. 29 Passos, A. M. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 Resultados e discussão O NIPEAD-HU-UFSC vem trabalhando com a prevenção de doenças cardiovasculares, tendo como meta buscar um estilo de vida mais saudável para indivíduos que já possuem dislipidemia, ou algum FR associado. As informações obtidas no desenvolvimento das atividades deste projeto, ao longo de 10 anos, têm mostrado que por meio da dietoterapia adequada e de exercício físico os pacientes apresentam melhoria nos resultados bioquímicos21. De fato, sabe-se também que a prática de exercícios físicos de uma maneira geral, melhora o humor devido à liberação do hormônio endorfina que proporciona sensação de bem estar e relaxamento, reduzindo a ansiedade e o estresse, aumentando a funcionalidade do sistema imunológico, acarretando benefícios cardiovasculares e facilitando o controle da obesidade22, 23. Apesar dos benefícios acima citados, a participação ativa dos pacientes do NIPEAD em programas que envolvam exercícios físicos regulares tem sido um desafio para a equipe interdisciplinar e multiprofissional. Uma alternativa para amenizar este problema tem sido o projeto “Vivências do Coração“ coordenado e desenvolvido pela professora Albertina Bonetti, desde o ano de 2004. Este programa, desde então, tem proporcionado ao grupo uma prática continuada, pois enfatiza a sensibilidade, as percepções e as intuições do ser humano e explora, sobretudo, o lúdico. Nesse sentido, as manifestações de espontaneidade, de alegria e prazer por parte dos participantes, têm estimulado a criatividade e têm sido um fator primordial para uma existência saudável24. Na esfera psicológica, a equipe interdisciplinar e multiprofissional tem percebido que a personalidade e a história de vida de cada paciente, muitas vezes constituem fontes de sofrimento aos mesmos. Estudos apontam que o estresse, quando exagerado em intensidade ou duração, desencadeia reações fisiológicas que podem levar a um desequilíbrio no organismo, tendo, portanto, um papel importante nos FR para doenças cardiovasculares25. Ciente deste processo a equipe do NIPEAD tem avaliado o estado de estresse de seus pacientes por meio de questionários anteriormente citados. Trabalhos prévios mostram que 68% dos indivíduos apresentavam resultado negativo ao estresse (diestresse)26. A partir desta constatação a equipe tem procurado contornar este problema oferecendo aos seus participantes terapias alternativas: biodança, watsu e halliwick. Dentro do contexto de cuidado e atenção o grupo do NIPEAD tem colocado elementos quantitativos, além de um componente “subjetivo” para monitorar o estado de saúde dos indivíduos que integraram no programa. Assim, os pacientes têm sido monitorados adicionalmente por meio da realização de exames bioquímicos, pois se acredita que as emoções negativas podem estar relacionadas com aumento do colesterol total, fração LDL-colesterol, triglicerídeos e diminuição da fração HDL-colesterol25. Pôde-se notar que, ao longo do tratamento (biodança, vivências lúdicas do coração e watsu e halliwick) realizado no ano de 2006, 30% dos pacientes apresentaram redução nos níveis de colesterol total, 27,78% tiveram uma diminuição nos níveis de LDL e 20% obtiveram melhoras dos níveis de HDL. No que diz respeito à dosagem dos triglicerídeos, observou-se que no início do tratamento 90% dos pacientes apresentavam níveis ideais e que ao longo do ano este quadro passou para 95%. Neste trabalho, os pacientes ao responderem o questionário elaborado por LIPP (1999), na maioria, relataram a presença de sintomas de estresse, tais como: mãos frias, “nó” no estômago, mudança de apetite, apatia, náusea, tontura. Não obstante, a esses sintomas, na Escala de Estresse 30 Passos, A. M. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 Percebido20, os questionários relevaram que 50% dos pacientes conviviam com níveis elevados de estresses. A avaliação da tolerância ao estresse (avaliação do estado físico)19 evidenciou que: 50% conviviam com níveis indicativos de possibilidade de melhora. Na questão da vulnerabilidade ao estresse18, observou-se que 50% dos pacientes deveriam analisar melhor algumas situações na sua condição pessoal. Contudo, ao longo do ano, com a participação ativa em pelo menos uma das atividades propostas, 50% tiveram uma redução satisfatória de estresse17 e 50% melhoraram também o estado de estresse27. Os resultados do atendimento descrito no presente trabalho sugerem e reforçam que programas similares têm contribuído para mudanças de hábitos por parte dos indivíduos, havendo um sinergismo entre as ações terapêuticas e/ou preventivas. O que se percebeu por relatos é que a maioria dos indivíduos que aderiram a qualquer um dos programas mencionados se sentiu valorizada, cuidada e protegida e membro integrante de um grupo. Por suposto, o grupo servia de suporte para o alcance das metas e em tudo isto havia a questão do prazer de estarem juntos. A hidroterapia, por meio do método halliwick, proporcionou aos pacientes maior liberdade de amplitude de movimento, aumentando a funcionalidade e contribuindo para a realização das atividades na piscina, englobando as diferentes rotações. O medo da piscina foi superado por meio desta técnica que induziu à adaptação, tranqüilidade e independência de modo gradativo e seguro. Por outro lado, os alongamentos e rotações do tronco, a mobilização das articulações realizadas no watsu auxiliaram o relaxamento profundo dos pacientes, melhorando seu quadro geral, sobretudo as dores musculares. Segundo depoimentos dos participantes, com as sessões de biodança houve mudanças positivas no cotidiano e no nível de sensibilidade com as pessoas: nas relações interpessoais (88%), na diminuição na ansiedade (76%), na sensação de depressão (59%), na concentração (53%), na irritabilidade e no sono (47%). Os sentimentos mais expressos foram: afeto (82%); bem-estar (76%); aconchego, integração e alegria (70%); receptividade, felicidade, afetividade e leveza (65 %); harmonia, prazer e entrega (59%); força e união de grupo (53%). Considerações Finais Apesar dos esforços da equipe interdisciplinar e multiprofissional, percebese que há necessidade de uma maior conscientização acerca dos FR para doenças cardiovasculares, e, também, de um maior esforço no sentido da adesão aos programas oferecidos pelo NIPEAD. De fato, as diferenças observadas na responsividade individual ao tratamento, não resultaram apenas das variações biológicas de cada indivíduo sob determinadas circunstâncias, mas expressaram o grau de conscientização a despeito do problema, o que vem mais uma vez, a salientar a importância das reuniões mensais realizadas pelo grupo. Fica ainda evidente a necessidade do trabalho multidisciplinar dos profissionais da área da saúde dentro de um programa integrado e planejado, visando à melhoria da qualidade de vida da população universitária. Reforça-se a importância de perceber cada pessoa como um ser único, singular, apresentando a sua maneira peculiar de conviver com a situação de doença. Uma forma abrangente de prevenir a doença coronariana é, sem dúvida, ampliar o nível de conscientização do indivíduo sobre seu modo de viver, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de metas reais alcançáveis, de tal modo que possa fazer uma coisa de cada vez, melhorando a percepção de que certos hábitos de vida deterioram sua saúde. 31 Passos, A. M. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008 Referências 1. Guedes DP, Guedes JERP, Barbosa DS, Oliveira JA, Stanganelli LCR. Cardiovascular risk factors in adolescents: biological and behavioral indicators. Arq Bras Cardiol, 2006; 86 (6):439-50. 2. Neumann AICP, Shirassu MM, Fisberg RM. Consumption of protective and promotive foods in cardiovascular diseases among public employees. Rev Nutr 2006; 19 (1):19-28. 3. Cantos GA, Waltrick CA, Silva CM, Hermes EH, Ronsein G, Souza SJ. 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Considerando que a ocorrência da doença pode estar associada com o estilo de vida das culturas ocidentais (dieta rica em gorduras saturadas, uso de cigarros e sedentarismo), o presente estudo faz uma breve revisão dos aspectos relacionados à dieta, resistência à insulina, Diabetes mellitus, aspectos hormonais e importância do exercício físico. Palavras-chave: aterosclerose, fatores de risco, dieta, exercício físico, Diabetes mellitus. Abstract: The prevention of coronary heart disease needs the knowledge of personal risk for disease evolution, the identification and control of risk factors. High-risk patients necessitate a careful attention. Prevention strategy applies changes in personal habits and customs, in some cases its necessary a lipid-lowering therapy. Considering that the occidental way of life (saturated fat-rich diet, cigarette consumption, sedentary) could be associated to disease occurrence, this study presents a short review about dietary aspects, insulin resistance, Diabetes mellitus presence, hormonal aspects and physical exercise. Keywords: atherosclerosis, risk factors, diet, physical exercise, insulin resistance, Diabetes mellitus. Introdução A urbanização que ocorreu no século XX no Brasil e no mundo trouxe consigo sedentarismo, alteração nos hábitos alimentares com maior consumo de gorduras, ácidos graxos e de açúcares, redução da ingestão de alimentos ricos em fibras, tabagismo e estresse 1,2 e assim, conseqüentemente, algumas doenças. No Brasil e nos países Ocidentais, as doenças cardiovasculares (DCV) são uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Sua prevenção passa pela identificação e controle, não somente das dislipidemias, mas de todo o conjunto de fatores de risco que levam a predisposição a _____________________ esta patologia3. Dentre as DCV destaca-se a doença arterial coronariana (DAC), da qual a aterosclerose é uma das representantes. A aterosclerose consiste em um processo inflamatório crônico, de evolução lenta decorrente do envelhecimento, partindo de dano endotelial de origem multifatorial, que envolve uma complexa interação entre células e elementos sanguíneos (acúmulo de lipídios, monócitos e linfócitos T na camada íntima) com as células da parede arterial, ocasionando migração e proliferação de células musculares lisas e elaboração de colágeno e matriz na camada sub-íntima, resultando num processo com características de reparo tecidual no local da lesão 4,5. 1 Mestre em Farmácia pelo Programa de Pós-graduação UFSC, Doutora em Ciências pelo Programa de Pósgraduação em Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2Farmacêutica Bioquímica pela Faculdade de Farmácia da Universidade Regional de Joinville. Programa de Pós-graduação de Farmácia da UFSC. 3Mestre e Doutora em Farmácia pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Pós-doutorada em Biociências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professora Associada do Departamento de Análises Clínicas da UFSC. Trabalho Realizado no Departamento de Análises Clínicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina. Endereço para Correspondência: [email protected] 34 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 Vários fatores, agindo isoladamente ou em conjunto, são associados ao aumento do risco de formação de placas ateroscleróticas nas artérias coronarianas e em outros leitos arteriais, por isso a aterosclerose é vista como um processo mórbido complexo 6. A orientação eficiente e efetiva na prevenção de DAC requer um método para avaliar objetivamente o risco pessoal de desenvolver a doença. Uma boa estratégia de identificação permite o desenvolvimento de medidas preventivas a serem direcionadas para aqueles pacientes de alto risco, todavia isso não é uma matéria fácil, visto que, o controle dos fatores de risco requer, às vezes, algumas alterações de hábitos e costumes 7. Para o sucesso das recomendações fornecidas pelas diretrizes médicas, não basta apenas a realização de auditorias locais; os profissionais da saúde devem também, servir de exemplo para os pacientes em termos do seu próprio estilo de vida. Sendo particularmente importante que não se fume, mantenha-se um hábito alimentar saudável, evitando a obesidade e fazendo atividades físicas. Dessa forma, o curso clínico e o prognóstico da DAC podem ser modificados favoravelmente e a base científica para isso se dá através da melhoria de alguns aspectos clínicos8. As prioridades na prevenção de doenças cardíacas, segundo Wood9 são: (i) pacientes com doença aterosclerótica estabelecida ou outra DCV; (ii) indivíduos saudáveis com alto risco de desenvolver aterosclerose ou outra DCV por uma combinação entre os fatores de risco; e, (iii) aterosclerose ou DCV inicial em indivíduos aparentemente saudáveis (sem sintomas) com risco particularmente alto de agravamento. Aspectos relacionados à dieta O excesso de peso (índice de massa corpórea – IMC > 25 kg/m2), principalmente acúmulo de gordura na região abdominal, do tipo central ou androgênico, está associado a um maior risco de doença aterosclerótica10. Algumas pesquisas afirmam que existem correlações entre assistir televisão e ganho de peso devido à alta ingestão de alimentos energéticos e bebidas contendo açúcar, o que efetivamente duplica os riscos para a saúde. O excesso do consumo de bebidas deste tipo implica numa preocupação adicional, já que estas apresentam um conteúdo elevado de açúcar e um baixo valor nutricional11. As fibras solúveis, ingeridas em uma dieta regulada ajudam na eliminação do colesterol. A recomendação de ingestão de fibra alimentar total para adultos é de 20 a 30 g/dia, sendo em torno de 25% (6g) de fibra solúvel 12. Durante as décadas passadas vários estudos sugeriram que as pessoas com grande ingestão de frutas, vegetais e óleo de oliva, os quais são ricos em vitaminas C e E, -caroteno e flavonóides, apresentavam baixos riscos de doenças crônicas. Neste sentido, desde o início dos anos 70, a dieta mediterrânea vem sendo associada com baixa incidência de câncer e, também, de doenças coronarianas 12,13. Numerosos estudos relataram a importância das modificações do estilo de vida na melhoria das concentrações da lipoproteína de alta densidade (HDL). A perda de peso em mulheres e homens obesos propiciou aumento das concentrações de HDL e a consideração mais importante na dieta foi a restrição energética (calorias) para a subseqüente perda de peso 14,15,16,17,18. Certos tipos de gorduras, chamados ácidos graxos trans demonstraram diminuir as concentrações de HDL19, além disso, gorduras monoinsaturadas apresentaram um efeito neutro nas concentrações da HDL. Sendo assim, gorduras saturadas e ácidos graxos trans podem ser substituídos por gorduras monoinsaturadas desidrogenadas como é o caso do óleo de oliva 15,20. O ácido polinsaturado Omega-3 é um dos vários componentes da dieta que têm 35 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 demonstrado benefícios na proteção das cardiopatias. Em populações onde a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é baixa, peixes e óleos de vegetais são os principais tipos de gorduras consumidos. A associação entre os padrões de dieta e a ocorrência de baixo nível de mortalidade pelas doenças cardiovasculares, foi inicialmente identificada do final da década de 1970 a meados dos anos 80, na Alemanha com estudos de cohort (The Zutphen Study) e entre esquimós da Groelândia, avaliando populações que ingeriam grande quantidade de peixe21. Recentemente, este dado foi identificado também em populações que residem no mediterrâneo 22. Os benefícios da dieta rica em peixes foram considerados em estudos realizados em animais, assim, o consumo de óleo de peixe reduziu a síntese e a secreção de lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) pelo fígado, levando a um efeito hipotrigliceridêmico, entretanto, também foi verificada diminuição na atividade dos receptores para lipoproteína de baixa densidade (LDL), o que resultou em prejuízo na retirada das partículas em circulação 23,24. O consumo dietético de fitoesteróis inibiu a absorção intestinal de colesterol (COL), diminuindo suas concentrações plasmáticas, juntamente com as concentrações de LDL-COL (COL constituinte da LDL). Sendo observada redução de até 10 % para os valores de CT (COL total) e de até 13 % para LDL-COL, em estudos realizados com seres humanos. Segundo os autores, tal redução não se restringiu somente à inibição da absorção intestinal, mas também a outros efeitos no metabolismo do COL no fígado e no intestino, ainda não esclarecidos 25. Dados observacionais em humanos sugerem que as vitaminas antioxidantes estão associadas à redução de DCV. Estudos, principalmente em animais, foram consistentes com o conceito de que a suplementação dietética com estas vitaminas ou outros antioxidantes reduz a progressão da aterosclerose26. A lesão oxidativa dos lipídios nas paredes dos vasos sanguíneos parece ser um fator decisivo no desenvolvimento da aterosclerose27, já que a oxidação da LDL a transforma numa partícula reativa potencialmente letal para as artérias28. A vitamina E, segundo alguns autores, tem o efeito mais significante dos antioxidantes na prevenção das coronariopatias, através da inibição da oxidação da LDL29. Neste sentido, em estudo observacional realizado com 120.000 pessoas por Stampfer et al30 o consumo de 200 UI de vitamina E foi associado à redução de 40% no risco de coronariopatias. No entanto, segundo O'Keefe et al29, dosagens com mais de 1.000 UI por dia foram relacionadas a efeitos antiplaquetários que podem aumentar o risco de hemorragias. Portanto, mesmo que o papel da vitamina E venha a ter cada vez mais comprovação científica, deve-se fazer a suplementação somente após uma análise criteriosa do paciente e, acima de tudo, orientá-lo sobre a importância magna da interação dos fatores referentes ao estilo de vida31. Além da Vitamina E outros antioxidantes importantes são os pigmentos carotenóides, a vitamina C, flavonóides e outros compostos fenólicos27. A relação entre COL proveniente da dieta, COL plasmático e aterosclerose é baseada em três linhas de evidência: (i) estudos com modelos animais alimentados com dieta rica em COL; (ii) verificações epidemiológicas e (iii) através de triagens clínicas. Os estudos com modelos animais mostraram, que para muitas espécies, grandes doses de COL foram necessárias para induzir hipercolesterolemia e aterosclerose, embora, para outras espécies pequenas doses puderam induzir 32 hipercolesterolemia . No caso das verificações epidemiológicas, baseadas em análises de regressão simples, foram verificados relatos freqüentes da relação positiva entre injesta de COL e DCV; todavia, quando análises de 36 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 regressão múltipla foram consideras para uma colinearidade entre COL da dieta e calorias de gorduras saturadas, houve uma relação inválida entre COL, morbidade e mortalidade por DCV. Alguns resultados indicaram que o COL da dieta tem pouco efeito na razão plasmática LDL:HDL, um fator de risco no desenvolvimento de DCV. A análise da viabilidade de dados clínicos e epidemiológicos indicou que, para a população em geral, o COL da dieta não contribuiu significativamente para o desenvolvimento da aterosclerose e das DCV. Além disso, dados epidemiológicos de grandes populações mostram consistentemente que o COL tem pouco efeito na incidência de DCV. Há boas evidências indicando que nem todo aumento nas concentrações plasmáticas de CT esteja associado ao aumento do risco de DAC e que mudanças nas partículas de lipoproteínas aterogênicas e antiaterogênicas são 32 determinantes importantes do risco . Considerações quanto à resistência à insulina e a Diabetes mellitus (DM) O aumento de diabetes na população mundial é especialmente alarmante porque é um forte fator de risco da doença coronariana 33,34 . Indivíduos com diabetes e sem histórico familiar de DAC apresentaram taxas de incidências similares para DAC e superiores para mortalidade quando comparados com indivíduos sem diabetes, mas com infarto do miocárdio prévio35. Vários fatores de risco para doença cardiovascular contribuem para o aumento da morbidade de pacientes com DM do tipo 2 (DM2). O risco de desenvolvimento de doença cardiovascular foi associado com o aumento de lipídeos no plasma devido à resistência a insulina 36. Além disso, o mais recente estudo europeu de prevenção de doença cardiovascular recomendou manter sempre um controle de glicemia, lipídeos séricos e pressão sanguínea em pacientes com DM2 para obtenção de redução significante na morbidade cardiovascular37. O susceptível manejo do peso por um longo tempo é mais difícil em pacientes obesos com DM2 que em indivíduos obesos não diabéticos. Muitos pacientes com DM2 que atingem um nível modesto de perda de peso têm um impacto substancial no metabolismo da glicose. Entretanto, nem todos os pacientes com DM2 respondem a perda de peso38. Uma importante condição que deve ser mencionada é a síndrome metabólica, caracterizada pela associação entre obesidade, vários graus de intolerância à glicose, hipertensão e dislipidemia39,40. Os resultados de um estudo realizado recentemente apontaram que o risco de desenvolver DCV em indivíduos com diabetes sem a síndrome metabólica é menor do que os que apresentam diabetes com síndrome metabólica. A hiperglicemia isolada não manifesta um risco alto de desenvolvimento de DCV, a não ser que existam outras desordens metabólicas. Dessa forma, é necessário identificar mais de uma alteração metabólica acompanhada da síndrome metabólica. Detectar apenas diabetes ou pré-diabetes não é um fator suficiente para identificar pessoas com risco de DCV41. Triagens de controle demonstraram que um tratamento rigoroso da hipertensão reduz complicações micro e macrovasculares na DM237. Além disso, o tratamento da dislipidemia como prevenção primária pode determinar uma maior redução na incidência de doença cardiovascular em pessoas diabéticas42. Por algum tempo, achou-se que o melhor controle da glicose poderia reduzir substancialmente o risco de doenças vasculares. Todavia alguns estudos mostraram que o melhor controle reduziu a freqüência de doenças microvasculares (nefropatia diabética, retinopatia e neuropatia), mas a tendência para uma redução da freqüência de doenças 37 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 macrovasculares não foi estatisticamente significante 43,44,45. A Diabetes mellitus é uma das principais causas da insuficiência renal crônica, considerada um fator de risco estabelecido para doenças 46 cardiovasculares , sendo a microalbuminúria (evidência clínica mais precoce da nefropatia diabética) um forte indicativo de surgimento da doença cardiovascular47. A presença de microalbuminúria reflete o processo de dano vascular generalizado, afetando simultaneamente o glomérulo, a retina e a camada íntima das grandes veias. Indicando que estes pacientes precisam de maior atenção e tratamento terapêutico intensivo48. Aspectos hormonais: efeitos dependentes de estrogênio O estrogênio é conhecido pela sua potente propriedade antiaterogênica direta e por seu mecanismo multifacetado não lipídico. Ele é também capaz de induzir mudanças favoráveis sobre lipídeos e lipoproteínas, particularmente aumentando HDL-COL e diminuindo ambos LDL-COL e lipoproteínas. O mecanismo não lipídico de ativação estrogênica inclui diminuição da resistência à insulina e inibição do fibrinogênio sérico, mantendo a integridade das células endoteliais, possuindo potente atividade antioxidante e antagonista de cálcio. Dados clínicos indicaram que a reposição de estrogênio reduz os riscos de DCV em aproximadamente 50% 49. O mecanismo pelo qual o estrogênio aumenta a HDL envolve o estímulo da síntese hepática de apolipoproteína (Apo) transportada pela HDL (Apo A-I) e a redução na concentração de lípase lipoprotéica hepática (LLH) que também reduz a oxidação da LDL 50. No caso de mulheres com anormalidades no metabolismo lipídico o estrogênio oral pode aumentar os valores séricos de triglicerídeos (TG), de forma dose dependente, resultando em hipertrigliceridemia e risco de pancreatite 50. Em modelos animais o uso de estrogênio mostrou que a diminuição das concentrações de CT e de LDL-COL pode ser atribuída à regulação da atividade dos receptores para LDL. No entanto, também foi verificada alteração na composição dos lipídios biliares e aumento da incidência de doenças como cálculo biliar23. Importância do exercício físico O exercício previne a doença aterosclerótica. Tanto a implementação de exercícios de alta como de baixa intensidade, realizados em faixas de 85 a 90% e em torno de 50 a 70% do consumo máximo de oxigênio, respectivamente, podem reduzir os TG e aumentar o HDL-C. Além disso, há melhora da condição cardiorespiratória, melhora da composição corporal, redução da obesidade, do estresse, do nível de catecolaminas, bem como um efeito benéfico na pressão arterial3. Os exercícios físicos em homens sedentários inicialmente aumentam as concentrações de HDL-COL, sendo necessária a prática continua de exercícios moderados para resultar num aumento significativo das concentrações. Embora alguns mecanismos de regulação da HDL tenham sido propostos, ainda é difícil verificar como a resposta da HDL ao exercício deriva da perda de peso. Além disso, em mulheres os exercícios físicos podem não proporcionar um grande impacto nas concentrações de HDL-COL15. O exercício regular baixa a pressão arterial em modelos animais, mas não altera as concentrações de lipídeos plasmáticos ou as concentrações hormonais sugerindo que o exercício na ausência de alterações no peso corpóreo pode ser uma ferramenta efetiva no controle da pressão sanguínea mas que outros tratamentos podem ser necessários para controlar outros fatores de risco para DCV51. Em humanos a baixa da pressão 38 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 arterial tem sido observada com um gasto energético de somente 40% da capacidade máxima do individuo, embora esses estudos segundo Thompson et al52, não tenham sido cuidadosamente examinados. O exercício físico regular vem sendo recomendado para ajudar na redução das complicações cardiovasculares e mortalidade entre os adultos com diabetes53. Em indivíduos com diabetes que realizavam caminhadas foi demonstrada uma redução de duas vezes no risco de todas as mortes e uma redução de cinco vezes no risco de mortes relacionadas com doenças cardiovasculares54. A resistência a insulina é reduzida de forma aguda com exercícios, propiciando melhoria do controle glicêmico, mas o mecanismo e o limiar exigido para este efeito não estão definidos. O efeito do exercício nas concentrações de TG e HDL-COL parece aumentar com a energia total gasta, possivelmente por redução do TG intramuscular, além disso, exercícios prolongados se fazem necessários para efeitos nas concentrações de LDL-COL5. Outros Fatores Os fatores de risco para a doença cardiovascular aterosclerótica estão presentes desde o útero e continuam ao longo de todo o curso da vida. Quando o ambiente intrauterino é desfavorável, o feto pode apresentar retardo de crescimento intrauterino ou macrossomia. Estas condições clínicas foram associadas ao desenvolvimento tardio de diabetes, doença cardiovascular, dislipidemia e hipertensão arterial55. Estudos observacionais indicaram que bebês que ingerem exclusivamente leite materno, rico em gorduras saturadas, apesar de apresentarem níveis elevados de colesterol no início da vida podem desenvolver uma regulação hepática do metabolismo das lipoproteínas. Desta forma, estas crianças que foram alimentadas com leite materno desenvolveriam posteriormente um perfil lipídico mais favorável quando comparadas a crianças que receberam fórmulas artificiais - tendem a permanecer em níveis iguais ou inferiores a 150mg/dl, e os primeiros apresentam perfil lipídico mais favorável na adolescência56,57. Em um estudo com mulheres Koreanas, foi documentado que o vício de fumar é um fator de risco forte e independente para DCV e eventos ateroscleróticos. O estudo também demonstrou que o cigarro é um fator de risco significante para DCV tanto do tipo trombótica quanto para a hemorrágica58. Em outras análises, ex-fumantes tiveram um baixo riso de doença isquêmica do coração (DIC) do que os fumantes. O risco de DCV em ex-fumantes não foi significativamente diferente do que em não fumantes. Esse padrão sugestiona que o alto risco de DCV diminui após parar de fumar, enquanto o risco de DIC persiste por mais tempo58. O estresse também foi descrito como um dos possíveis fatores contribuintes para o desenvolvimento da aterosclerose por meio de uma ação direta e contribuindo para a etiologia de outros fatores de risco, como a obesidade, depressão, hipercolesterolemia e o sedentarismo59. Vários estudos prévios, mas não todos, reportaram uma associação positiva entre os níveis de ácido úrico e eventos cardiovasculares, mas essa relação ainda está sendo muito debatida. O estudo realizado concluiu que níveis altos de ácido úrico foram encontrados sendo positivamente associados com doença aterosclerótica60. Apesar de não ter um mecanismo conhecido, a microalbuminúria é considerada um fator de risco para as DCV. É possível que exista uma associação com fatores os quais alteram a homeostasia no sistema de coagulação, aumenta a permeabilidade vascular, e aumenta a resposta inflamatória que causa a aterosclerose. Um estudo recente, em adultos com 65 anos de idade ou 39 Thiesen, K. et al. Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008 mais, associou a microalbuminúria com DCV, seja com a presença ou não de hipertensão ou diabetes61. Considerações finais As duas principais tentativas de controle de dislipidemias são a intervenção no estilo de vida e o uso de fármacos que modificam a concentração lipídica. As modificações no estilo de vida são a primeira linha de intervenção em indivíduos com risco de desenvolver DCV. Indivíduos que respondem fracamente a intervenções no etilo de vida e aqueles com alto risco de desenvolver aterosclerose em curto prazo são sérios candidatos para o uso de fármacos terapêuticos62. A Associação de Cardiologia Americana recomendou uma dieta alimentar para manutenção do peso corpóreo apropriado, com a eliminação de itens específicos da dieta. Estas diretrizes para dieta exibem metas para um modelo de alimentação saudável; peso corpóreo apropriado, pressão sanguínea e perfil desejável de COL e lipoproteínas. Restringindo calorias; limitando a ingestão de comidas ricas em gorduras saturadas e COL; substituindo estes por grãos e gorduras insaturadas provenientes de vegetais, peixes, legumes e nozes; além é claro da limitação no uso de sal e na ingestão de álcool. Uma dieta com ênfase nas frutas, verduras e laticínios com pouca gordura ou sem gordura 62,63 . O conhecimento quanto às causas de doenças coronarianas e ateroscleróticas é vasto, porém incompleto. Havendo ainda muito que aprender sobre o aparecimento de fatores de risco e sua relação para identificação e manejo de indivíduos de alto risco e pacientes com a doença estabilizada. Assim, a atenção evidente estabelecida por fatores de risco é suficientemente forte para justificar ações no nível médico e social. Referências 1. Batista M, Rissin A. A transição nutricional no Brasil - tendências regionais e temporais. Caderno de Saúde Pública 2003; 19(suppl1):181-91. 2. Mendonça CP, dos Anjos LA. 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Serão aceitos, no máximo 2 (dois) artigos originais por autor que, destinados exclusivamente à Revista Ciências da Saúde, serão submetidos à avaliação e aprovação de uma Consultoria Científica e Comissão Editorial. 2. A Comissão Editorial assegura o anonimato do(s) autor(es) no processo de avaliação pela Consultoria Científica. 3. Um dos autores, pelo menos, deverá ser assinante(s) da Revista Ciências da Saúde. Anexar comprovante de assinatura. 4. Trabalhos apresentados em eventos (congressos, simpósios, seminários...) serão aceitos desde que não tenham sido publicados integralmente em anais e autorizados, por escrito, pela entidade organizadora do evento, quando as normas do mesmo assim o exigirem. 5. Excepcionalmente, serão aceitos trabalhos já publicados em periódicos estrangeiros, desde que autorizados pela Comissão Editorial do periódico onde o artigo tenha sido originalmente publicado. 6. A Consultoria Científica se reserva o direito de sugerir eventuais modificações de estrutura ou conteúdo do trabalho, que serão acordadas com os autores. Não serão admitidos acréscimos ou alterações após o envio para composição editorial. 7. As opiniões emitidas nos trabalhos, bem como a exatidão, adequação e procedência das citações bibliográficas, são de exclusiva responsabilidade dos autores. 8. A revista classificará os textos encaminhados de acordo com as seguintes seções: 8.1 EDITORIAL – matéria de responsabilidade da Comissão Editorial da Revista. 8.2 ARTIGOS ORIGINAIS: a) PESQUISA – constará de relatos de investigações científicas concluídas. b) REVISÃO – abrangerá revisões de literatura sobre temas específicos. c) RELATO DE EXPERIÊNCIA/CASOS CLÍNICO – incluirá descrições de atividades acadêmicas assistenciais e de extensão. d) REFLEXÃO – apresentará materiais de caráter opinativo e/ou análise de questões que possam contribuir para o aprofundamento de temas relacionados à área a que se destina a revista. 8.3 OUTRAS SEÇÕES: a) ENTREVISTA – espaço destinado a entrevistas de autoridades / especialistas / pesquisadores. b) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO – RESUMOS E ABSTRACT c) PÁGINA DO LEITOR. 9. NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS 9.1 – FORMATO – O trabalho deverá ser encaminhado em 02 (duas) vias. Na digitação deverá ser utilizado espaço 1,5; com margem esquerda 3 cm; margem direita (superior e inferior) 2 cm; letra Times New Roman, tamanho 12, observando a ortografia oficial, editor Word For Windows. O título deverá ser em caixa alta, negrito, espaço 1,5 simples e justificado. Os autores deverão estar abaixo do título do artigo, em negrito, espaço simples e em caixa baixa. O texto deverá conter seus respectivos títulos, de acordo com as características do trabalho (ex. Artigo de pesquisa: Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, etc.), formatados em caixa baixa, negrito. É obrigatório o envio de disquete ou CD-ROM na primeira etapa do trabalho. 9.2 – PADRÃO DE APRESENTAÇÃO – a) ARTIGOS ORIGINAIS – redigidos de acordo com as normas da Revista do CCS devendo conter no máximo 15 laudas de texto para artigos originais e 25 para revisões 44 Normas de Publicação Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008 e observar o que segue: Título do artigo em português (caixa alta) e inglês (caixa baixa) e entre colchetes. Nome(s) completo(s) do(s) autor(es). Em nota de roda pé a(s) credencial(is) e local de atividade do(s) autor(es) (espaço 1,5 cm), email para correspondência. Resumo indicativo em português, de acordo com as normas da Revista do CCS, com até 100 palavras, em espaço 1,5. Palavras-chave - palavras ou expressões que identifiquem o artigo. Para determinação das palavras-chave consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde – DECS-LILACS”, elaborada pela BIREME e/ou “Medical Subject Heading – Comprehensive Medline”. Texto – incluindo ilustrações (quadros, fotos, modelos, mapas, desenhos, gravuras, esquemas, gráficos e tabelas), com seus respectivos títulos e fontes (quando houver). Exceto gráficos e tabelas, todas as ilustrações deverão ser designadas como figuras. As despesas com os fotolitos de figuras somente coloridas serão de responsabilidade dos autores Abstract – tradução do resumo em inglês, em espaço 1,5 cm. Keywords – tradução das palavraschave para o inglês. As referências (Normas de Vancouver) no texto deverão ser numeradas consecutivamente de forma crescente e na ordem que aparecem no texto pela primeira vez, identificando assim os autores SOMENTE POR NÚMEROS. A numeração, no texto, portanto deve ser em ORDEM CRESCENTE e SOBRESCRITO. NÃO LISTAR OS NOMES DOS AUTORES NO TEXTO. No setor de referências: (Normas de Vancouver) A listagem de referências deverá seguir a mesma ORDEM NUMÉRICACRESCENTE do texto. NÃO COLOCAR OS AUTORES EM ORDEM ALFABÉTICA. EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS A) Artigos de revistas 1. Artigo padrão de revista: Listar os primeiros seis autores seguido por et al. Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary disease. Ann Intern Med 1996;124:980-3. Mais do que seis autores: Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Childhood-leukaemia in Europe after Chernobyl: 5 year follow-up. Br J Cancer 1996;73:1006-12. 2. Organização como autor: The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996;164:282-4. 3. Sem menção de autor: Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994;84:15. 4. Volume com suplemento: Shen HM, Zhang QF. 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Invest Ophthalmol Vis Sci 1994;35:1083-8. 14. Artigo com erratum publicado: Hamlin JA, Kahn AM. Herniography in symptomatic patients following inguinal hernia repair [erratum publicado encontra-se em West J Med 1995;162:278]. West J Med 1995;162:28-31. B- Livros e outras monografias 1. Autor(es) individual: Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leadership skills for nurses. 2nd ed. Albany (NY): Delmar Publishers; 1996. 2. Editor(es), compilador, como autor: Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill Livingstone; 1996. 3. Organização como autor e editor: Institute of Medicine (US). Looking at the future of the Medicaid program. Washington: The Institute; 1992. 4. Capítulo de um livro: Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis, and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. p. 465-78. 5. Livro de atos de conferência, congresso, encontro: Kimura J, Shibasaki H, editors. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996. 6. Comunicação em conferência: Bengtsson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p. 1561-5. 7. Relatório técnico ou científico: Publicado pela entidade financiadora ou patrocinadora: Smith P, Golladay K. Payment for durable medical equipment billed during skilled nursing facility stays. Final report. Dallas (TX): Dept. of Health and Human Services (US), Office of Evaluation and Inspections; 1994 Oct. Report No.: HHSIGOEI69200860. Publicado pela entidade executora: Field MJ, Tranquada RE, Feasley JC, editors. Health services research: work force and educational issues. Washington: National Academy Press; 1995. Contract No.: AHCPR282942008. Sponsored by the Agency for Health Care Policy and Research. 8. Dissertação: Kaplan SJ. Post-hospital home health care: the elderly's access and utilization [dissertação]. St. Louis (MO): Washington Univ.; 1995. 46 Normas de Publicação Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008 9. Patente: Larsen CE, Trip R, Johnson CR, inventors; Novoste Corporation, assignee. Methods for procedures related to the electrophysiology of the heart. US patent 5,529,067. 1995 Jun 25. C).Outras publicações 1. Artigo de jornal: Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions annually. The Washington Post 1996 Jun 21;Sect. A:3 (col. 5). 2. Material audiovisual: HIV+/AIDS: the facts and the future [cassette video]. St. Louis (MO): MosbyYear Book; 1995 3. Texto legal: Legislação publicada Preventive Health Amendments of 1993, Pub. L. No. 103-183, 107 Stat. 2226 (Dec. 14, 1993). Legislação não promulgada: Medical Records Confidentiality Act of 1995, S. 1360, 104th Cong., 1st Sess. (1995). Code of Federal Regulations: Informed Consent, 42 C.F.R. Sect. 441.257 (1995). Audição: Increased Drug Abuse: the Impact on the Nation's Emergency Rooms: Hearings Before the Subcomm. on Human Resources and Intergovernmental Relations of the House Comm. on Government Operations, 103rd Cong., 1st Sess. (May 26, 1993). 4. Mapa: North Carolina. Tuberculosis rates per 100,000 population, 1990 [demographic map]. Raleigh: North Carolina Dept. of Environment, Health, and Natural Resources, Div. of Epidemiology; 1991. 5. Livro da Bíblia: The Holy Bible. King James version. Grand Rapids (MI): Zondervan Publishing House; 1995. Ruth 3:1-18. 6. Dicionário e referências semelhantes: Stedman's medical dictionary. 26th ed. 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Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993. 10.O(s) autores deverão encaminhar o artigo para análise acompanhado de uma carta com os seguintes dizeres: (Cidade, data) À Comissão Editorial Revista de Ciências da Saúde Os autores abaixo assinados transferem come exclusividade, os direitos de publicação, na Revista de Ciências da Saúde do artigo intitulado: (escrever título do artigo) e garantem que o artigo é inédito e não está sendo avaliado ou foi publicado por outro periódico. (incluir nome completo de todos os autores, endereço postal, telefone, email, fax, e assinaturas respectivas. 47 48