Revista Ciências da Saúde - Universidade Federal de Santa Catarina

Transcrição

Revista Ciências da Saúde - Universidade Federal de Santa Catarina
REVISTA
CIÊNCIAS
DA SAÚDE
Editora da UFSC
REVISTA
CIÊNCIAS
DA SAÚDE
ISSN 0101 – 9546
Revista Ciências da Saúde
Florianópolis
V. 27, N. 2
P. 1-48
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor: Álvaro Toubes Prata
Vice-Reitor: Carlos Alberto Justo da Silva
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretora: Kenya Schmidt Reibnitz
Editoração eletrônica
STUDIO S ● Diagramação & Arte Visual
[email protected]
(48) 3025-3070
Capa
Paulo Roberto da Silva
Revisão
Rodrigo Brasil
Secretário
Luiz Vicente Vieira
Revista Ciências da Saúde é uma revista semestral editada pelo Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina.
Comissão Editorial: Tânia Silvia Fröde (Editora-chefe-UFSC), Roberto Henrique
Heinish (Clínica Médica – UFSC), Inês Beatriz Rath (Estomatologia-UFSC), Liliane
Janete Grando (Patologia-UFSC), Elisabeth Wazlawik (Nutrição-UFSC), Maria Itayra
Coelho de Souza Padilha (Enfermagem-UFSC), Patrícia Haas (Análises ClínicasUFSC).
Comissão Consultiva: Roberto Heinisch (UFSC), Elisabeth Waslawik (UFSC),
Mauro Amaral Caldeira de Andrada (UFSC), Rubens Rodrigues Filho (UFSC), Maria
da Consolação Vieira Moreira (UFMG), Maurício Pereima (UFSC), Francisco
Vasconcelos (UFSC), Luciane Peter Grillo (UNIVALI), Vera Tramonte (UFSC),
Mercedes Gabriela Ratto Reiter (FURB), Emilia Addison (UFSC), Rosita Saupe
(UNIVALI), Eumenia Costa da Cunha Castro (UF Triângulo Mineiro).
(Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina)
Revista Ciências da Saúde / Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de
Ciências da Saúde. -- v.1, n.1 (1982)- , - Florianópolis: Imprensa Universitária, 1982.
v.: 27cm
Semestral
ISSN 0101-9546
1.Ciências Médicas. 2. Saúde – pesquisas I. Universidade Federal de Santa
Catarina. II Centro de Ciências da Saúde.
Indexada na Base de Dados LILACS
Endereço:
Revista Ciências da Saúde - Secretaria do Centro de Ciências da Saúde da UFSC
Campus Universitário - Trindade
Caixa Postal 476
88040 970 - Florianópolis - SC
Telefone (0xx) 48 3721-9525 / 3721-9783 / (0xx) 48 3721-9712 ramal 211
SUMÁRIO
Editorial............................................... 06
O
USO
DO
TERMO
DE
CONSENTIMENTO
LIVRE
E
ESCLARECIDO E O RESPEITO À
DIGNIDADE HUMANA. [The use of
Informed Consent and the Respect of
the Human Dignity.] Daniel Alexandre
Menezes Pedrosa Malta; Armando
Rodrigues Lopes Pereira Neto; Gianina
Salton Mattevi; Marcos Ximenes Ponte
Filho; Vera Lúcia Bosco; Inês Beatriz da
Silva Rath............................................ 07
ANÁLISE
DA
COMPOSIÇÃO
CENTESIMAL E DA INGESTÃO DE
RAÇÃO
COMERCIAL
PARA
ROEDORES
EM
RELAÇÃO
ÀS
RECOMENDAÇÕES DO INSTITUTO
AMERICANO DE NUTRIÇÃO DE 1993.
[Analysis of centesimal composition and
intake of a commercial rodent chow
reporting the recommendations of the
American Institute of Nutrition 1993.]
Jaqueline Minatti; Rafaella Cristina
Dimbarre de Miranda; Gerson Luis
Faccin; Lina Cláudia Sant’Anna; Betina
Moritz; Elisabeth Wazlawik................. 13
RELAÇÃO DA INGESTÃO DO ÁCIDO
GRAXO ÔMEGA-3 E DO NADO NO
PESO
CORPORAL
DE
RATOS.
[Relationship of omega-3 fatty acid
intake and swimming to body weight of
rats.] Jaqueline Minatti; Rafaella Cristina
Dimbarre de Miranda; Bettina Moritz;
Elisabeth Wazlawik…………………… 20
ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR E
MULTIPROFISSIONAL
PARA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE
DISLIPIDEMIA
NA
COMUNIDADE
UNIVERSITÁRIA [Interdisciplinary and
multiprofessional
attendance
for
prevention and treatment of dyslipidemia
in the universitary comuunity] Ana Maria
Passos; Cláudia Marques Silva; Maria
da Graça Balen; Elizabeth Martins
Hermes;
Rodrigo
Schütz;
Geny
Aparecida Cantos............................... 27
ASPECTOS
PREVENTIVOS
NO
DESENVOLVIMENTO
DA
ATEROSCLEROSE [Preventive aspects
in atherosclerosis development] Kenya
Thiesen; Gisele Carine Signor; Liliete
Canes Souza...................................... 34
Normas Editoriais................................ 44
Revista Ciências da Saúde
Editorial
Prezado Leitor,
Segundo Platão, o conhecimento humano integral fica
nitidamente dividido em dois níveis: o conhecimento sensível,
particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual,
universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro
conhecimento, mas que dele não se pode derivar. Estas
definições da antiguidade estão em concordata com a
definição de César Lattes na contemporaneidade, em que a
ciência não pode prever o que vai acontecer, só pode prever a
probabilidade de algo acontecer. Sistematizar e socializar o
saber filosófico, científico, artístico e tecnológico, consta como
objetivos da UFSC.
A revista do CCS vem corroborando com a divulgação
científica, divulgando os manuscritos de nossos colaboradores,
agregando as áreas da saúde. De acordo com novo Ranking
Web of World Universities (Webometrics) a UFSC é a sétima
Universidade na América Latina e a 304ª no mundo em
conteúdo científico disponibilizado na web. No mapeamento
das instituições brasileiras, a UFSC fica em quinto lugar, e
entre as Federais, ocupa a terceira colocação. Neste contexto,
a Instituição no período de 2002 a 2007, registrou uma
produção significativa, totalizando, 3.732 artigos publicados no
exterior e 6.665 artigos publicados no país. Este expressivo
número de publicações reflete diretamente a importância e
seriedade da comunidade científica desta instituição de ensino,
que visa difundir o conhecimento científico.
Boa leitura!
Patrícia Haas
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Malta, D. A. M. P. et al.
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O USO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E O
RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA. [The use of Informed Consent and the Respect
of the Human Dignity.]
Daniel Alexandre Menezes Pedrosa Malta¹; Armando Rodrigues Lopes Pereira Neto²;
Gianina Salton Mattevi²; Marcos Ximenes Ponte Filho4; Vera Lúcia Bosco5; Inês
Beatriz da Silva Rath6.
Resumo: os valores morais do ser humano devem ser sempre exaltados e aplicados no cotidiano. Tais
preceitos se estendem também para o âmbito da pesquisa científica. Algumas normas foram
estabelecidas para que o indivíduo seja sempre respeitado independente de sua condição financeira,
sexo ou raça. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é um requisito fundamental nesse
processo, dando autonomia para o sujeito, não só no ramo da pesquisa, como no âmbito da
assistência, para decidir, voluntariamente aquilo que lhe traga algum beneficio. Desta forma, este
trabalho visa explorar tal documento quer para sua utilização em pesquisa, quer no consultório
odontológico.
Palavras-chave: consentimento livre e esclarecido; ética; pesquisa.
Abstract: the human being values are common forgot nowadays, but it must be exalted and practiced
by every one day after day. These concepts should be always considered related to scientific research.
Some norms had been established so that all participants of a research must be respected besides
financial condition, sex or race. Informed Consent is a basic requirement on the process in the human
research and inside dental clinics. It protects and gives the participant chance to decide what is better.
Therefore, this paper aims to explore the Informed Consent and its application on human research and
dental clinics.
Keywords: informed consent; ethics; research
Introdução
Quando falamos em experimentos
com seres humanos, pensamos logo em
pesquisas na área de Medicina. No entanto,
estes estudos podem ser desenvolvidos por
pesquisadores de outras áreas, tais como a
Odontologia,
Nutrição,
Farmácia,
Fisioterapia, Psicologia, Educação Física,
dentre outras1. Uma igualdade entre todas as
pesquisas com seres humanos, em qualquer
_______________
área do conhecimento, deve ser a
voluntariedade do participante. Podemos
chamar
essa
voluntariedade
de
consentimento esclarecido, consentimento
voluntário,
consentimento
informado,
consentimento
pós-informado,
consentimento
após-informação
ou
consentimento livre e esclarecido2. O
consentimento informado deve fazer parte,
também, do exercício da profissão. Devemos
respeitar a autonomia do paciente para
¹ Doutorando em Odontologia, Área de concentração em Dentística, Universidade Federal de Santa Catarina
– UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. [email protected]
² Mestrando em Odontologia, Área de concentração em Implantodontia, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina,
Brasil. [email protected]
³ Mestranda em Odontologia, Área de concentração em Saúde Coletiva, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina,
Brasil. [email protected]
4
Mestrando em Odontologia, Área de concentração em Odontopediatria, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina,
Brasil. [email protected]
5
Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Disciplina de Bioética, UFSC, Florianópolis,
Santa Catarina, Brasil. [email protected]
6
Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Disciplina de Bioética, UFSC, Florianópolis,
Santa Catarina, Brasil. [email protected]
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Malta, D. A. M. P. et al.
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Decidir submeter-se ou não ao tratamento
proposto, depois de fornecidas as
informações sobres os riscos e benefícios da
terapia proposta². O objetivo deste artigo é
fazer uma síntese sobre o uso do
consentimento informado, tanto para
experimentos científicos com seres humanos,
como para o atendimento clínico de
pacientes, como exercício legal da profissão
das diversas áreas da saúde.
Histórico
O consentimento informado ou
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) tem suas bases nas atrocidades
cometidas em experimentos científicos do
passado. A busca pelo conhecimento, muitas
vezes mascarada pelo ego ou mesmo a
crueldade dos “pesquisadores” ao longo dos
tempos, levou a sociedade a criar
mecanismos que regulam os trabalhos de
pesquisa que envolva os seres humanos em
qualquer esfera.
A sociedade começou a se mobilizar
contra os experimentos sem o consentimento
informado em meados do século XVIII.
Naquela época Médicos tratavam seus
pacientes com terapias inovadoras sem
explicar o que elas poderiam causar. A lenta
mobilização da sociedade perdurou por dois
séculos e meio até os dias atuais. Hoje,
inúmeras Declarações e Resoluções dirigem
as pesquisas com seres humanos3.
As bases para estes documentos
começaram a ser escritas em 1830 com a
publicação de um livro, em Londres, sobre
legislação e exercício profissional em
Medicina. Mais tarde, em 1900, o Senador
americano Jacob Gallinger apresentou uma
proposta que é considerada precursora dos
documentos dos dias atuais. Os pontos
principais da proposta do Senador eram:
autorização dos participantes previamente
informados; aprovação prévia de um comitê;
garantia de voluntariedade e capacidade;
possibilidade de interrupção do projeto;
garantias de relatos de situações não
previstas;
preservação
dos
grupos
vulneráveis; e avaliação prévia dos riscos
envolvidos no experimento3.
Outros documentos foram tornados
públicos em outras partes do mundo, como
na Alemanha, mas eles não impediram que
os abusos continuassem a serem cometidos.
Os piores métodos aconteceram durante a
Segunda Grande Guerra. Os crimes de guerra
cometidos pelos nazistas foram julgados no
Tribunal de Nuremberg, em 1947. O Código
de Nuremberg é uma parte da sentença
retirada do julgamento dos Médicos, sendo
este o primeiro documento de peso
internacional. De acordo com o Código de
Nuremberg o pesquisador tinha que obter o
consentimento dos participantes, assegurar o
acesso as informações e garantir que não
houvesse
nenhuma
restrição
a
1, 3,4
voluntariedade
.
A Associação Médica Mundial
reuniu-se algumas vezes e criou também
documentos
regulamentando
os
experimentos com seres humanos. Em 1964,
com base nestes registros foi criada a
Declaração de Helsinque que dizia que o
consentimento informado com liberdade e
pleno esclarecimento é uma condição
indispensável para a realização de pesquisa
clínica1,3.
O impacto causado por esses
documentos não foi suficiente para coibir os
experimentos
sem
consentimento
e
voluntariedade naquela época. A declaração
de Helsinque é revisada até os dias atuais nas
reuniões da Associação Médica Mundial. No
presente momento vivemos um período onde
os periódicos exigem a aprovação por uma
comissão quando a pesquisa envolve a
participação de seres humanos1, 3.
No Brasil, em 1975, o Conselho
Federal de Medicina (CFM) adotou a
primeira Declaração de Helsinque como guia
para experimentação com seres humanos.
Em 1983, a segunda Declaração de
Helsinque foi adotada pelo CFM. A
Resolução 01, de 1988, do Conselho
Nacional de Saúde (CNS), estabeleceu o
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modelo de consentimento informado. Mais
tarde, com a Resolução 196/96, de 1996, que
regula os experimentos científicos com seres
humanos no Brasil, este passou a ser
chamado de Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido3,4. Esta resolução é apreciada
por diversos países e serve com modelo para
outros documentos, com o mesmo propósito,
elaborado em todo o mundo, colocando o
Brasil em posição de destaque no campo dos
experimentos científicos éticos com seres
humanos.
Sinonímia e resolução
Após sua criação o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido passou
por certa “crise de identidade” e diversas
denominações a ele foram atribuídas, tais
como:
consentimento
informado;
consentimento voluntário; consentimento
pós-informado;
consentimento
após2
informação .
Dentro destas a que se destacou e
ficou consagrada foi exatamente Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Isto
porque tal nomenclatura engloba todos os
requisitos que este documento deve conter.
Seu conteúdo deve estar ao alcance do
público alvo, possuir uma leitura fácil,
apresentar ao sujeito da pesquisa ou ao
paciente a essência deste documento, que
nada mais é que um convite para
participação na pesquisa ou para a realização
de um tratamento.
A consagração desse documento se
deu no ano de 1996 com a criação da
resolução 196/96 do Ministério da Saúde que
regulamenta de forma ampla todo o tipo de
pesquisa com seres humanos. Nesta
resolução as normas éticas para qualquer tipo
de pesquisa que envolva seres humanos estão
descritas e, entre elas, o TCLE e todos os
itens que este documento deve conter1. Deve
ser ressaltado que este documento deve ser
utilizado, não só na pesquisa com seres
humanos, mas também no consultório, a fim
de evitar problemas com nossos pacientes e
nos resguardar juridicamente.
Termo de Consentimento
Esclarecido em Pesquisa
Livre
e
Para entender o contexto do TCLE é
necessário entender os princípios básicos da
bioética, os quais são: a não–maleficência, a
beneficência, a autodeterminação, a justiça e
o sigilo1,2. Entende-se beneficência como a
obrigação de garantir o bem-estar e de
transmitir
informações
ao
indivíduo
participante da pesquisa1,2. Já o princípio da
não-maleficência assegura que os danos
previsíveis devem ser evitados2. A justiça
visa dar às pessoas aquilo que é de direito de
cada um. Também, afirma que não pode
fazer
experimentos
apenas
com
determinados grupos como asilados,
prisioneiros, simplesmente porque estão em
situação
de
dependência
ou
de
vulnerabilidade1,2. Através do princípio da
autonomia, entende-se que todo o indivíduo
tem direito de agir de acordo com as suas
próprias convicções1,2. A autodeterminação
não é privilégio de todos os indivíduos, pois
há situações em que podem não possuir tal
capacidade, tais como, pacientes com
determinadas doenças que levam a redução
da capacidade de autodeterminação, velhice
ou situação de restrição, como prisão, exílio
ou asilo. Em dependência do princípio da
autodeterminação é que se torna obrigatório
o consentimento esclarecido1.
Pesquisas envolvendo seres humanos
devem ser realizadas somente com a
apresentação do consentimento. É o
consentimento que converte o que seria a
simples utilização da pessoa em participação
consciente do indivíduo em um estudo
científico1.
O TCLE é um documento que não
possui caráter legal, porém ético e tem por
finalidade resguardar o paciente e a
instituição que realiza a pesquisa. O
consentimento deve ser organizado por
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escrito, anteriormente à execução da
pesquisa. É indispensável que esse
documento faça parte do protocolo de
pesquisa e deve ser redigido de forma
simples, mas exata, contendo informações
minuciosas e claras para que o paciente ou
seu representante possa optar ou não pela
consciente participação1,4,5. Para obtê-lo é
preciso que o pesquisador esclareça toda a
conjuntura para o possível participante da
pesquisa, de forma simples, contudo exata.
Somente após este esclarecimento é que essa
pessoa poderá definir, com integral noção da
razão do estudo, se participará ou não do
experimento e ter a postura com consciência
plena do que será realizado. É preciso
respeito aos direitos e dignidade do paciente
para
se
obter
o
consentimento
esclarecido1,5,6,7.
O conteúdo do TCLE deve ser
detalhado, iniciando pelos dados de
identificação do paciente e/ou responsável
legal, seguido pelo título do Projeto de
Pesquisa, objetivo principal, justificativas,
procedimentos, potenciais desconfortos e/ou
riscos esperados, tempo de duração do
experimento (em casos que necessitam
acompanhamento do paciente), benefícios do
experimento, informações, garantia de
esclarecimento dos assuntos relacionados
com a pesquisa, através de contato com o(a)
pesquisador(a) e a possibilidade da retirada
do consentimento, a qualquer momento, sem
represália ou prejuízo ao participante da
pesquisa4,8.
As regras de pesquisa em saúde
constituem que o consentimento informado é
responsabilidade do pesquisador principal e
necessita ser apreciado e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição,
devendo ser assinado em duas vias pelo
participante da pesquisa ou seu representante
legal. Ainda, no rodapé de cada folha colher
rubrica do sujeito ou responsável legal4,6.
O risco do tratamento experimental é
uma probabilidade de causar dano que está
vinculada à experimentação. Potencialmente,
todo experimento pode causar danos de
caráter físico, psicológico, social e
econômico, no entanto, não se pode ter em
mente que todo experimento cause
prejuízos1.
Em casos em que o participante do
experimento sinta-se pior, ao receber
determinado tratamento estipulado na
pesquisa, a fase experimental deve ser
suspensa, isso deve se proceder em qualquer
momento que a julgue nociva ao mesmo.
Deve-se reconhecer até onde a pesquisa é
justificada por seu potencial valor
diagnóstico ou terapêutico, não é ético
continuar a pesquisa, nesses casos, apenas
para ver os resultados1,9.
O
pesquisador
que
faz
experimentação com crianças deveria ser
capaz de entender os sentimentos delas, pois
muitas vezes são impossibilitadas de
expressá-los. O pesquisador deveria,
também, ter a capacidade de entender as
atitudes das pessoas que são responsáveis
pelas crianças1.
Termo de Consentimento
Esclarecido em consultório
Livre
e
Apesar de ir contra o código de ética
médica, a falta de conhecimento dos
profissionais da área de saúde leva a
utilização equivocada do TCLE em
atendimento clínico. O profissional é
responsável por informações a respeito de
indicações, resultados esperados, riscos,
conseqüências de não fazer, qualidade de
vida e alternativas de tratamento2, 10. O
TCLE é baseado nos princípios fundamentais
da bioética, sendo a ferramenta ideal para
repassar tais informações2. Deve ser um
documento esclarecedor da terapêutica a ser
utilizada no tratamento10.
Assim como o TCLE utilizado em
pesquisas, na prática diária as informações
passadas devem ser simples, inteligíveis e
leais,
adaptadas
a
capacidade
de
compreensão do paciente, por outro lado,
não pode deixar nenhuma informação
incompleta, obscura, sem total entendimento
10
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do que está sendo exposto2,4,6. Diante da
quantidade de informações repassadas, é
recomendável elaborar um documento para
cada procedimento, escolher um momento e
local adequado para informar, decidir
previamente quem irá receber as informações
e permitir que o paciente leve o documento
por escrito para casa e tenha tempo para
pensar sobre o assunto2. O consentimento
informado deve ser contínuo. Ele deve estar
presente em todas as etapas do tratamento e
não
somente
antes.
Embora
seja
tecnicamente impossível na Odontologia isso
poderá prover uma proteção a autonomia e
dignidade do paciente11. O TCLE não deve
ser considerado um evento e sim um
processo. Deve conquistar a confiança do
paciente, deixando-o livre para decidir
quando
deseja
ser
submetido
ao
10
procedimento .
Quando o doente é incapaz de
decidir, como no caso de menores,
deficientes mentais graves, doentes em coma
ou outras causas relacionadas à inconsciência
do paciente, deve-se procurar o responsável
legal para que o TCLE seja repassado e, em
casos de urgência, o profissional de saúde é
responsável pela decisão da intervenção ou
não2, 4,10.
A validade ética do consentimento
não está relacionada com palavras escritas,
mas na natureza e qualidade da interação
entre paciente e clínico.
Assinaturas e
documentos são apenas uma parte o
processo. Como o consentimento está
baseado em direito morais e respeito pelo
paciente, ele não deve ser utilizado como
uma arma para prevenção de processos
jurídicos, portanto, pelo ponto de vista ético
os termos de consentimento escrito versus o
que é apresentado oralmente não devem ser
motivo de preocupação12.
Assim como qualquer direito, o
direito a informação pode ser renunciado,
por meio de um documento específico
elaborado pelo profissional, na ficha clínica
ou no próprio TCLE, desde que tal decisão
não prejudique a terceiros e nem interesses
de ordem pública2. Exercendo sua
autonomia, o paciente poderá exigir a
revogação do termo a qualquer momento,
não significando que implicará na suspensão
de um procedimento em execução, o
profissional não poderá deixar o paciente
exposto a um risco2,4. Pelo código de defesa
do consumidor, do ponto de vista
econômico, procedimentos realizados sem o
devido consentimento do paciente é
considerado amostra grátis, portanto livre de
qualquer pagamento. Em outras palavras o
paciente tem o direito de não arcar com as
despesas do procedimento realizado se ele
não o autorizou2.
As pessoas, em sua grande maioria,
preferem ser informadas do seu estado de
saúde, sendo ele favorável ou não, porque
isso lhes permite resolver problemas
pessoais,
inclusive
familiares,
que
necessitam de solução antes do desfecho
final. Para que essa verdade possa ser
colocada, sem confusão e sem inquietações
aos sentimentos do paciente, mostra-se
essencial uma relação entre profissional da
saúde e paciente com base na verdade e
confiança13.
Considerações finais
Através da história da pesquisa podese notar que o ser humano foi, de certa
forma, desprezado em seu contexto, pelo fato
de não haver alguma forma de supervisão
externa das atividades dos pesquisadores e
cientistas. À vontade pela evolução científica
e a ganância pelo dinheiro e pelo poder, são
ameaças constantes à dignidade e integridade
dos sujeitos de pesquisa. O fato de,
atualmente, existir normas para a pesquisa e
para o atendimento clínico, não isenta o
pesquisador e/ou profissional de saúde de
suas responsabilidades perante o paciente, a
sociedade organizada e os órgãos de ética e
justiça devendo, os mesmos, serem
protetores da vida e da saúde. Assim, o mais
importante, tanto em estudos científicos
como em procedimentos clínicos, é que o
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Malta, D. A. M. P. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 7-12, jul./dez. 2008
profissional seja responsável, pautado pela
conduta ética, no respeito à autonomia do
sujeito da pesquisa ou da assistência clínica.
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com seres humanos: aspectos éticos. In:
Segre M, Cohen C, editores. Bioética. São
Paulo: Edusp; 1995. p.127- 46.
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editor. Odontologia legal & Antropologia
forense. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
2002. p.178-82.
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editor. Metodologia Científica: ensino e
pesquisa em odontologia. São Paulo: Artes
Médicas; 2001. p.421-29.
Ética e Profissionais de Saúde. São Paulo:
Santos; 1999.p.203-05.
7. Siu C. Consentimento do Sujeito na
Pesquisa Biomédica. Jornal Conselho
Federal de Medicina 1999;102:6.
8. CEP UFSC – Comitê de Ética em
Pesquisa
com
Seres
Humanos
da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Disponível
em:
URL:
http://www.cep.ufsc.br
9. Lopes FPBF. Responsabilidade na
Pesquisa em Seres Humanos. Jornal
Conselho Federal de Medicina 1999;102:6.
10. Tavares M. Aspectos Bioéticos do
Consentimento Livre e Esclarecido. Revista
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2003;31:p.7-11.
11. Shaw D. Continuous consent and dignity
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5. Martin LM. Ética em pesquisa: uma
perspectiva brasileira. O Mundo da Saúde
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12. Worthington R. Clinical issues on
consent: some philosophical concerns. J Med
Ethics. 2002;28: p. 377-80.
6. Badeia M. Consentimento Pós-informado
como Diretriz Bioética. In: Badeia M, editor.
13. Bergamo W. O direito a verdade ao
doente. RBB 2005;1:p.75-79.
12
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DA INGESTÃO DE RAÇÃO
COMERCIAL PARA ROEDORES EM RELAÇÃO ÀS RECOMENDAÇÕES DO
INSTITUTO AMERICANO DE NUTRIÇÃO DE 1993. [Analysis of centesimal
composition and intake of a commercial rodent chow reporting the recommendations of
the American Institute of Nutrition 1993.]
Jaqueline Minatti 1; Rafaella Cristina Dimbarre De Miranda 2; Gerson Luis Faccin 3;
Lina Cláudia Sant’Anna 4; Bettina Moritz 4; Elisabeth Wazlawik 5.
Resumo: o presente estudo analisou a composição de macronutrientes de uma ração comercial de
acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985) e comparou a ingestão da ração, em
ratos, com recomendações do American Institute of Nutrition (AIN-93). A partir da composição
centesimal da ração e da média de consumo diário dos animais foi verificado que: 70% das calorias
ingeridas foram fornecidas por carboidratos, 20% por proteínas e 10% por lipídeos. Considerando que
o AIN-93 recomenda para ratos adultos 75,9% de carboidratos; 14,1% de proteínas e 10% de lipídeos,
a ingestão de lipídeos apresentou-se dentro dos valores recomendados.
Palavras-chave: composição centesimal, consumo de ração, ração comercial para roedores, AIN-93.
Abstract: this study examined the macronutrients composition of a commercial rodent chow using
the Analytics Norms of Adolfo Lutz Institute (1985), and compared the intake of chow, in rats, with
recommendations of the American Institute of Nutrition (AIN-93). From the proximate composition
of the chow and the average daily consumption of the animals was found that: 70% of the calories
ingested were supplied by carbohydrates, 20% by proteins and 10% by lipids. Whereas the AIN-93
recommends for adult rats 75.9% carbohydrates, 14.1% protein and 10% of lipids, the intake of the
latter presented itself within the recommended range.
Keywords: centesimal composition, chow consumption, commercial rodent chow, AIN-93.
Introdução
A utilização de animais em pesquisa
requer a adoção de critérios éticos e cuidados
apropriados e, freqüentemente, os animais
experimentais utilizados são alimentados
com rações industrializadas.
Segundo a legislação e ética do
Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal (COBEA), que dispõe sob criação e
uso de animais para atividades de ensino e
pesquisa utilizando animais experimentais,
os mesmos devem ser mantidos em
condições adequadas, o que inclui uma dieta
equilibrada
para
o
crescimento
e
manutenção. Para a produção de dietas, além
__________________
de seguir os critérios preconizados pelo
Instituto Americano de Nutrição (American
Institute of Nutrition-1993, AIN-93), deve-se
utilizar matéria-prima de boa qualidade e de
fornecedores confiáveis 1.
Em 1973 o Comitê do Instituto
Americano de Nutrição foi formado para
atender a necessidade de padronizar dietas
nutricionalmente adequadas para estudos
experimentais, reduzindo, assim, a variação
dos
constituintes
da
dieta,
e
conseqüentemente, facilitar a interpretação
dos resultados obtidos em pesquisas com
animais de laboratório. A primeira
padronização foi representada pelo Instituto
Americano de Nutrição (American Institute
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected]
Residente da Especialização do Programa Saúde da Família 2008-2010.
3
Doutorando em Ciências de Alimentos – CCA – UFSC.
4
Mestres pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC.
5
Professora Doutora do Depto de Graduação em Nutrição e do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da
UFSC. E-mail: [email protected]
2
13
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
of
Nutrition-1976,
AIN-76),
que
posteriormente passou por modificações 2.
Entre os critérios para as formulações
de rações dentro da padronização proposta
pelo AIN destacam-se: a sua produção a
partir de ingredientes purificados ou
prontamente disponíveis por um preço
razoável; obedecer às exigências nutricionais
determinadas pelo National Research
Council (1978); apresentar composição
uniforme e reprodutível e poder ser usada em
ampla escala de aplicações 2,3.
A dieta AIN-93 apresenta duas
distintas composições: AIN-93G, onde a
letra G indica “growth”, ou seja,
“crescimento”; e AIN-93M, cuja letra M
remete
a
“maintenance”,
isto
é,
3
“manutenção” . A primeira visa atender às
fases de crescimento, gravidez e lactação. A
segunda composição presta-se à manutenção
de roedores adultos. A AIN-93G possui um
maior teor de proteínas e gorduras do que a
AIN-93M. A dieta de manutenção, AIN93M, por conter menor teor protéico e
lipídico é mais segura que a formulação
inicial AIN-76, no que se diz respeito a
problemas oncológicos e toxicológicos em
estudos prolongados 4,5.
A recomendação de sacarose, amido
dextrinizado e amido de milho para a dieta
AIN-93M é de 100, 155 e 470 g/kg,
respectivamente, resultando em 725 g de
carboidratos em 1 kg de ração; e esses
valores podem variar de acordo com a adição
de componentes, como, por exemplo,
misturas vitamínicas que contenham
carboidratos como excipiente, ou mudanças
nas
concentrações
dos
outros
macronutrientes. Em relação ao preconizado
quanto aos lipídeos, para ratos adultos que
não estejam na fase de gestação ou lactação,
a recomendação atinge 10% e a fonte
principal é o óleo de soja que deve atingir 40
g/kg na dieta, sendo necessária a utilização
de antioxidantes para prevenção da oxidação
lipídica, como a vitamina E. Em se tratando
da recomendação protéica, a AIN-93M
recomenda o uso de 140 g de caseína e 1,8 g
de L-cistina por quilograma de ração,
resultando em 14,1% de proteína. A
quantidade de fibras propostas é de 50 g/kg e
sugere-se a utilização de uma fonte padrão
devido a possíveis variações na sua
composição 3.
Na prática laboratorial, as rações
comerciais adquiridas, já prontas para
fornecer aos roedores são bastante utilizadas,
devido à praticidade. Entretanto, para a
manutenção adequada dos animais, sob o
ponto de vista nutricional, esta ração
comercial deve ser de boa qualidade 6,7,
seguindo os critérios da AIN-93 3. Contudo,
qualquer ração está sujeita a mínimas
alterações na sua composição nutricional,
podendo variar de um lote para outro, em
conseqüência de fatores multicausais 8 que
podem variar desde o armazenamento sob
luz e temperatura inadequada, ao uso de
matérias-primas similares pelos fabricantes 9.
Diante do exposto, o presente estudo
teve como objetivo analisar uma ração
comercial para roedores quanto a sua
composição centesimal e comparar a
ingestão dessa ração às recomendações do
Instituto Americano de Nutrição de 1993
(AIN-93).
Método
O presente estudo apresenta um
delineamento experimental.
Foi determinada a composição
centesimal e de ácidos graxos de uma ração
comercial, bem como, o consumo médio da
referida ração ao dia, por animal, fazendo-se
a partir disto, comparações com as
recomendações preconizadas pelo AIN-93M
(para manutenção de ratos adultos).
Análise da Composição Centesimal da
Ração
A ração comercial analisada é
indicada para roedores (especificamente
ratos e camundongos de laboratório),
procedente do Biotério Central da
14
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). De acordo com a embalagem, a
mesma continha: mistura vitamínicomineral, farelo de soja, calcário calcítico,
farelo de trigo, fosfato bicálcico, milho
integral moído, cloreto de sódio e alguns
eventuais substitutivos: farelo de arroz
desengordurado, farelo de girassol, farelo de
glúten de milho, óleo de soja degomado,
amido de mandioca, sorgo integral moído,
gérmen de milho. Conforme informações do
fabricante, eram garantidas concentrações
máximas de 12% de umidade, 9% de matéria
fibrosa, 10% de matéria mineral, 1,25% de
cálcio e no mínimo 23% de proteína bruta,
5% de extrato etéreo e 0,80% de fósforo.
As concentrações de umidade, cinzas,
lipídeos, proteínas e carboidratos da ração
estudada foram analisadas de acordo com as
Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz
(1985) modificadas 10, no Laboratório de
Nutrição Experimental do Departamento de
Nutrição, do Centro de Ciências da Saúde da
UFSC. Todas as análises forma feitas em
duplicata e, a pesagem das amostras, foi
realizada no mínimo duas vezes, ou até a
manutenção do peso das mesmas.
do resultado final da umidade foi utilizada a
seguinte fórmula:
Umidade
Foram colocados 2 cadinhos na estufa
a 105ºC por 6 horas. Após esse período, eles
foram
levados
ao
dessecador
por
aproximadamente 30 minutos para esfriar,
em
temperatura
ambiente.
Esse
procedimento foi realizado para garantir que
não houvesse qualquer umidade no
recipiente. Em seguida, os cadinhos foram
pesados em uma balança analítica e
colocados 2 g de amostra (ração comercial)
em cada cadinho. A seguir, foram
recolocados na estufa a 105ºC por 6 horas e
em seguida no dessecador por 30 minutos,
sendo então feita a primeira pesagem. Os
cadinhos foram novamente colocados na
estufa a 105ºC e, após resfriados no
dessecador por 30 minutos, foi realizada a
segunda pesagem (ou como já referido, até a
manutenção do peso). Para a determinação
Lipídeos
O tubo de ensaio do aparelho de
Soxhlet foi colocado na estufa a 70ºC por 6
horas para retirar a umidade e após colocado
no dessecador por 30 minutos. Esse tubo foi
pesado. Colocou-se em um cartucho de vidro
uma amostra de 1 a 1,5 g de ração, entre dois
chumaços de algodão desengordurado.
Dentro do tubo de ensaio foram adicionados
40 mL de éter etílico.
O cartucho de vidro e o tubo de ensaio
foram adicionados 40 mL de éter etílico. O
éter ficou a 50ºC no bloco, no qual evaporou,
condensou e finalmente lavou a amostra,
retirando-lhe a gordura. O tubo de ensaio foi
para a estufa a 70ºC por 6 horas e em seguida
para o dessecador por 30 minutos, sendo
finalmente realizada a primeira pesagem. O
tubo foi recolocado na estufa e no dessecador
pelo mesmo tempo e realizada a segunda
g% de umidade = peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
Cinzas
Foram colocados 2 g de amostra em
cadinhos, sendo, a seguir incinerados em
Bico de Bunsen por aproximadamente 20
minutos, até a amostra ficar carbonizada.
Esse procedimento foi realizado em uma
capela. Posteriormente os cadinhos foram
colocados em uma mufla a 550ºC por 6
horas. A seguir, foram diretamente para a
estufa a 105ºC, pelo período de 6 horas e em
seguida colocados no dessecador por 30
minutos. Após esse procedimento, foi
realizada a primeira pesagem. Os cadinhos
voltaram novamente para a estufa a 105ºC
por 6 horas e depois de estarem no
dessecador por 30 minutos, foi realizada a
segunda pesagem. Para o resultado final da
determinação de cinzas foi utilizada a
fórmula:
g% de cinzas = peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
15
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
pesagem. Para determinação final de lipídeo
foi utilizada a seguinte fórmula:
g% de lipídeos = peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
Proteínas
Dentro de um tubo de ensaio especial
para o aparelho de Kjeldhal foram colocados
aproximadamente 500 mg de amostra. Neles
foi adicionado 1,5 g de mistura catalítica
(composição: 3,6 g de selenito de sódio, 4 g
de sulfato de cobre e 48,5 g de sulfato de
sódio) e 10 mL de ácido sulfúrico
concentrado. O tubo foi colocado no bloco
digestor a 300ºC dentro da capela, até a
completa digestão da amostra (adquirindo
coloração verde-claro). A amostra foi
destilada no aparelho de Kjeldhal,
utilizando-se hidróxido de sódio a 50% (para
neutralizar o ácido) e ácido bórico a 2% para
captar os vapores de amônia. Essa amostra
passou por titulação com ácido clorídrico a
0,1 N. Para o resultado final da determinação
de proteína foi utilizada a fórmula:
g% de proteína = volume de HCl x 0,87543*
peso da amostra
* Normalidade do HCl (0,1 N) x 14,007 x
0,625 = 0,87543
Carboidratos
Para a determinação da fração glicídica
foi utilizada a fórmula:
g% de carboidrato = 100 – (lipídeos + proteínas +
umidade + cinzas)
Análise da Composição de Ácidos Graxos
da Ração
A composição dos ácidos graxos da
ração foi analisada através do método oficial
da American Oil Chemists Society (AOCS)
11
, no Laboratório de Óleos e Gorduras da
Universidade Estadual
de Campinas
(UNICAMP). A análise dos ácidos graxos
foi realizada por cromatografia gasosa
capilar (CGC Agilent 6850 Series GC
System).
Determinação da Ingestão
Comercial por Ratos
da
Ração
Foi utilizada e espécie Rattus
novergicus, da linhagem Wistar, n = 10,
machos, com um mês e meio de idade e peso
entre 150 g e 200 g, obtidos do Biotério
Central da UFSC. Os animais foram
transferidos para biotério setorial do
Laboratório de Nutrição Clínica, Centro de
Ciências da Saúde (CCS), UFSC,
acondicionados, no número de 5 animais por
gaiola moradia de polipropileno (42 cm x 34
cm x 17 cm) cobertas com maravalhas e
higienizadas três vezes por semana. Foram
mantidos em ambiente com temperatura
controlada (22  2° C), com ciclo alternado
de claro/escuro de 12 horas. A dieta
comercial (ração) e a água foram oferecidas
ad libitum.
A estimativa de consumo da ração
comercial, por rato, por dia, foi obtida
através da quantidade total ingerida,
calculada através da diferença entre a ração
oferecida menos as sobras, em cada gaiola
moradia, dividida pelo número de ratos,
durante 28 dias.
Os dados são apresentados em tabelas
com o percentual de valores: da composição
centesimal da ração comercial, da estimativa
da ingestão diária de macronutrientes por
animal e da comparação desta ração
analisada com a AIN-93M.
Os procedimentos foram realizados
de acordo com o Guia de Uso e Cuidados
com Animais Laboratoriais do Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA) 1, sendo aprovados pela Comissão
de Ética para o Uso de Animais da
Universidade Federal de Santa Catarina
(CEUA nº 280/04).
16
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
C18:2
Linoléico
51,16
C18:3 Trans
Translinolênico
0,27
C18:3
Linolênico
3,57
C20:0
Araquídico
0,50
C20:1
Gadoléico
0,33
C22:0
Behênico
0,33
Resultados e Discussão
Os resultados
da
análise da
composição centesimal da ração são
apresentados na Tabela 1. Destaca-se que,
apesar de constar na embalagem da ração um
valor mínimo de 23% de proteína bruta, isso
não foi observado na análise da sua
composição centesimal realizada.
Tabela 1 - Composição centesimal da
ração comercial analisada. Laboratório de
Nutrição Experimental – Departamento
de Nutrição, UFSC, 2005.
O valor médio de consumo da ração
comercial por rato, por dia, foi de
aproximadamente 23 gramas. Na Tabela 3
encontra-se a estimativa de consumo diário
dos macronutrientes, por animal.
Composição Centesimal da ração
(%)
Umidade
8,37
Cinzas
6,81
Carboidratos*
62,8
Lipídeos
3,83
Nutrientes da ração
Proteínas
18,19
Carboidratos
Proteínas
Lipídeos
Ácido poliinsaturado α-linolênico
Ácido poliinsaturado linoléico
Ácidos graxos monoinsaturados
Ácidos graxos saturados
* Inclui também fibra alimentar.
Por meio do lipídeo extraído da ração
comercial foi avaliada a composição de
ácidos graxos (Tabela 2). O perfil de lipídeos
indicou maior quantidade do ácido graxo
linoléico, seguido do oléico e palmítico.
Tabela 2 - Composição em ácidos graxos
da ração comercial analisada. Laboratório
de Óleos e Gorduras – Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), 2005.
Ácidos Graxos
(%)
C14:0
Mirístico
0,10
C16:0
Palmítico
13,58
C16:1
Palmitoléico
0,14
C18:0
Esteárico
3,14
C18:1
Oléico
26,72
C18:2 Trans
Linoelaídico
0,15
Tabela 3 – Estimativa de consumo diário
de macronutrientes advindos da ração
comercial (g), por animal, por dia.
Laboratório de Nutrição Clínica –
Departamento de Nutrição, UFSC, 2005.
Quantidade
(g)
14,60
4,23
0,034
0,456
0,241
0,156
Em relação à quantidade média do
percentual de macronutrientes consumidos
na ração comercial, encontrou-se diferença
ao se comparar os valores deste estudo com
os recomendados pelo AIN-93M, no tocante
à necessidade diária de ratos adultos. O
consumo energético médio, de cada rato, por
dia, foi de 82 quilocalorias. Considerando-se
o percentual de consumo de macronutrientes
da ração comercial em relação ao seu valor
calórico total, após a análise de sua
composição centesimal, constatou-se que
aproximadamente 70% das calorias ingeridas
foram procedentes de carboidratos, 20% de
proteínas e 10% de lipídeos (Tabela 4).
17
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
Tabela 4: Comparação do percentual de macronutrientes da ração comercial analisada
em relação ao preconizado pelo AIN-93M. Laboratório de Nutrição Experimental –
Departamento de Nutrição, UFSC, 2005.
Carboidratos
Lipídeos
Proteínas
Composição Centesimal da Ração
(%)
Contribuição
ou g/100g
energética
62,8
~ 70 %
3,8
~ 10%
18,2
~ 20%
O AIN recomenda que 75,9% da
energia sejam fornecidos por carboidratos,
14,1% por proteínas e 10% por lipídeos 3. A
quantidade de lipídeos da ração comercial
analisada apresentou-se de acordo com o
recomendado na AIN-93M. Em relação aos
demais macronutrientes, constatou-se que as
calorias fornecidas por carboidratos foram
menores e as provindas de proteínas,
maiores, do que a recomendação.
Em relação à composição de ácidos
graxos da ração comercial utilizada no
presente
estudo,
encontrou-se,
aproximadamente, 0,68 g de ácido graxo
AIN-93M
(%)
Contribuição
ou g/100g
energética
72,7
75,9 %
4,0
10,0 %
12,6
14,1 %
Diferença entre a
ração analisada e a
AIN-93M (%)
- 5,9
0
+ 5,9
saturado, 1,02 g de ácidos graxos
monoinsaturados, 0,15 g de ácido graxo
poliinsaturado ômega-3 e 1,98 g de
poliinsaturados ômega-6. O recomendado
pela AIN-93M é de 0,62 g de ácido graxo
saturado, 0,93 g de monoinsaturado, 0,27 g
de poliinsaturado ômega-3 e 1,04 g de
poliinsaturados ômega-6. Verificou-se, com
isso, que o teor de ácidos graxos
poliinsaturados ômega-3 foi inferior,
enquanto que a quantidade de ômega-6 foi
superior às concentrações recomendadas
(Tabela 5).
Tabela 5: Comparação da quantidade de ácidos graxos presentes na ração comercial em
relação ao preconizado pelo AIN-93M. Laboratório de Nutrição Clínica –
Departamento de Nutrição, UFSC, 2005.
Composição Centesimal da Ração
(g/100g)
AG* saturados
AG monoinsaturados
AG poliinsaturados ômega-3
AG poliinsaturados ômega-6
AIN-93M
(g/100g)
0,68
1,02
0,15
1,98
0,62
0,93
0,27
1,04
Diferença entre a
ração analisada e a
AIN-93M (g)
+ 0,06
+ 0,09
- 0,12
+ 0,94
* AG = Ácido graxo.
A utilização de rações comerciais que
atendam às recomendações preconizadas
pelo AIN-93M é uma condição para maior
confiabilidade de resultados em estudos
experimentais. Assim, se o conteúdo de
nutrientes nas rações não é apropriado,
conseqüentemente, podem causar impactos
significantes na fisiologia dos animais 12,13.
Destaca-se que, rações que seguem as
especificações do AIN-93M podem ser
adequadas em estudos crônicos com
roedores, necessitando-se, no entanto, de
estudos adicionais, incluindo investigações
fisiológicas e histopatológicas 14.
Conclusão
A ingestão média do percentual de
macronutrientes
da
ração
comercial
analisada e consumida pelos ratos foi inferior
às recomendações da AIN-93M, em relação
ao conteúdo de carboidratos e ácidos graxos
poliinsaturados ômega-3. Ressalta-se que a
análise de rações pode ser relevante para
18
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 13-19, jul./dez. 2008
garantir a fidedignidade das pesquisas
científicas. Outros estudos, com rações
comerciais de diferentes procedências serão
úteis para averiguar e assegurar menor
variação em resultados com experimentos
utilizando animais de laboratório.
Agradecimento
Os autores agradecem ao Dr. Renato
Grimaldi, do Laboratório de Óleos e
Gorduras da UNICAMP pela análise da
composição dos ácidos graxos da
ração comercial utilizada.
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19
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
RELAÇÃO DA INGESTÃO DO ÁCIDO GRAXO ÔMEGA-3 E DO NADO NO PESO
CORPORAL DE RATOS. [Relationship of omega-3 fatty acid intake and swimming to
body weight of rats.]
Jaqueline Minatti1; Rafaella Cristina Dimbarre De Miranda2; Bettina Moritz3; e
Elisabeth Wazlawik4.
Resumo: estudos demonstram vantagens da ingestão adequada do ácido graxo ômega-3 (AG ω-3) à
saúde, incluindo benefícios cardiovasculares. Sugerem que AG ω-3 pode contribuir na perda de peso
corporal. Investigou-se o efeito da suplementação de AG ω-3 (0,5 e 1,0 g/kg/dia), de óleo de peixe,
aliado ou não à prática do nado, no peso corporal de ratos. A quantidade administrada de AG ω-3 não
foi efetiva per se na redução ou ganho de peso, uma vez que não foram encontradas diferenças na
comparação dos grupos suplementados e não submetidos ao nado, em relação aos controles que
receberam água e não nadaram.
Palavras-chave: ácido graxo ômega-3, peso corporal, ratos.
Abstract: studies have shown health benefits related to the adequate intake of omega-3 fatty acid (ω3 FA), including cardiovascular effects. Research also suggests that ω-3 FA can contribute to weight
loss. We investigated the effect of supplementation with ω-3 FA (0.5 and 1.0 g/kg/day), from fish oil,
with or without swimming, on the body weight of Wistar rats. The quantity of ω-3 FA administered
had no effect per se on body weight, since no differences were found on comparing the groups
supplemented and not submitted to swimming with the controls that received water and also did not
swim.
Keywords: omega-3 fatty acid, body weight, rats.
Introdução
Os ácidos graxos (AG) são
constituintes lipídicos insolúveis em água,
indispensáveis na alimentação humana.
Além da função energética, conferem sabor,
sensação de saciedade, veiculam vitaminas
lipossolúveis e exercem também funções
estruturais e hormonais nos seres vivos 1,2.
Podem ser classificados como saturados ou
insaturados. Os insaturados são subdivididos
em monoinsaturados (uma única dupla
ligação) ou poliinsaturados (AGPI, mais de
uma dupla ligação) 3,4.
Os AG insaturados ômega têm essa
denominação devido à posição metila na
molécula, correspondendo à distância entre o
radical metila terminal e a primeira dupla
ligação da molécula (ligação ômega). Os
principais representantes desse grupo são o
ômega-3 (ω-3, ácido linolênico), o ômega-6
(ω-6, ácido linoléico e ácido araquidônico) e
o ômega-9 (ácido oléico) 4.
O ácido linolênico e o ácido linoléico
são essenciais, pois não podem ser
sintetizados no organismo por precursores 5.
A carência de AG essenciais ocasiona sérias
deficiências orgânicas, como problemas
dermatológicos, neurológicos e visuais 6.
Os AG essenciais ω-3 são
caracterizados pela presença de uma dupla
ligação no carbono 3. Existem 2 subgrupos
do ω-3, um derivado de óleos vegetais,
compostos por 18 átomos de carbono e 3
duplas ligações, denominado ácido αlinolênico, e outro subgrupo derivado de óleo
_________________________
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. E-mail: [email protected]
Residente da Especialização do Programa Saúde da Família 2008-2010.
3
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC.
4
Professora Doutora do Depto de Graduação em Nutrição e do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da
UFSC. E-mail: [email protected]
2
20
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
de peixe, composto em sua maioria de
eicosapentanóides (EPA – 20:5 n-3) e
docosahexanóides (DHA – 22:6 n-3). EPA e
DHA podem ser formados no organismo
humano a partir da dessaturação e
alongamento da cadeia do ácido α-linolênico,
porém essa conversão ocorre de forma lenta
7
.
Como fontes vegetais consideráveis
de AG ω-3 destacam-se os óleos de gérmen
de trigo (6,9% do total de lipídeos), de soja
(7%), de canola (10%), de nozes (10,4%) e
de linhaça (53%)8,9. Nos peixes de águas
frias e profundas (marinhos) os AG ω-3 são
encontrados em maiores concentrações, com
a quantidade de 2,5 g na cavala, 1 a 2 g no
salmão, 0,5 g na truta e no atum e 0,5 g a 1,6
g na sardinha, em cada 100 g de peixe 7,10.
A recomendação do consumo de
AGPI, principalmente no que se refere aos
AG ω-3, é ainda controversa. Segundo a DRI
(Dietary Reference Intakes, 2002), o
consumo de AG ω-3 deve perfazer 0,6% 1,2% do consumo energético total diário 11.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda o consumo de 5 partes de ω-6
para 1 parte de ω-3 12. A Sociedade
Brasileira de Cardiologia recomenda nas III
Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e
Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, do
Departamento de Aterosclerose da Sociedade
Brasileira de Cardiologia, um consumo
diário de 4 g de ω-3 13. Além disso, a IV
Diretriz, atualizada em 2007, refere que o
consumo de 1 g/dia de ω-3 em cápsulas,
reduziu em 10% os eventos cardiovasculares
(morte, infarto do miocárdio, acidente
vascular cerebral), sugerindo que estes
ácidos graxos possam ser utilizados como
terapia adjuvante na hipertrigliceridemia 10.
A Associação Americana do Coração
recomenda que adultos saudáveis consumam
peixe duas vezes na semana. Ressalta-se que
a relação de consumo atual, nos países
ocidentais, alcança 20 partes de ω-6 para
apenas 1 de ω-3, demonstrando assim que há
um consumo desequilibrado desses AG 14.
Visto que no organismo humano os AG ω-3
não são convertidos em ω-6, a concentração
adequada do primeiro influencia a via da
enzima Δ-6-desaturase, modulando a cascata
do ácido araquidônico, portanto, o consumo
de ω-3/ω-6 deve ser equilibrado 15.
Foi proposto que as dietas ricas em
AG ω-3 possam diminuir a síntese de
lipídeos e auxiliar em tratamentos para
redução de gordura corporal ou obesidade
16,17
. Com esse efeito na redução da
lipogênese, animais suplementados com AG
ω-3, poderiam talvez apresentar alguma
modificação no peso corporal. Sendo assim,
o objetivo deste trabalho foi investigar o
efeito da suplementação do ácido graxo
ômega-3 (EPA+DHA), nas doses de 0,5 e
1,0 g/kg/dia, aliada ou não à prática do nado,
no peso corporal de ratos machos adultos.
Metodologia
Foram utilizados Rattus novergicus
da linhagem Wistar, machos, com 1 mês e
meio de idade e peso entre 150 g e 200 g,
obtidos do Biotério Central da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e
transferidos para o biotério setorial do
Laboratório de Nutrição Clínica, Centro de
Ciências da Saúde (CCS), UFSC.
Os
animais foram acondicionados no número de
5 ou 6 por caixa de polipropileno (42 cm x
34 cm x 17 cm) e mantidos em ambiente
com temperatura controlada (22  2°C), com
ciclo alternado de claro/escuro de 12 horas.
Receberam água e ração comercial ad
libitum até momentos antes das condições
experimentais.
Os
ensaios
biológicos
foram
realizados de acordo com o Guia de Uso e
Cuidados com Animais Laboratoriais do
Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal (COBEA) 18, e o protocolo
experimental foi aprovado pela Comissão de
Ética para o Uso de Animais da
Universidade Federal de Santa Catarina
(CEUA nº 280/04).
Para tratamento dos animais foram
utilizadas cápsulas de óleo de peixe de 500
21
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
mg da marca Phytomare®, com 480 mg de
óleo de peixe e 20 mg de vitamina E.
Continham 0,141 mg de ω-3 (⅔ de EPA, ⅓
de DHA); 0,16 g de ácido graxo saturado e 1
mg de colesterol. A quantidade administrada
a cada rato foi relacionada com o peso do
animal, e os diferentes grupos receberam 0,5
ou 1,0 g/kg de peso, durante o período de 28
dias.
O ω-3 foi administrado em todos os
dias do tratamento, às 8h30min, com auxílio
de uma agulha curvada para ratos, para a
administração através de gavagem. Os
animais controle foram submetidos ao
mesmo procedimento, no entanto o ω-3 foi
substituído por água. A administração da
água ou do ω-3 ocorreu 5 horas antes do
início do teste do nado, sendo as doses
corrigidas de acordo com o peso dos
animais.
Os ratos foram submetidos ao modelo
do nado proposto inicialmente por Porsolt e
19
colaboradores
(1977)
,
colocados
individualmente em cilindros plásticos
(altura = 46 cm, diâmetro = 20 cm),
contendo 38 cm de água 20. Foram
submetidos ao nado diariamente, por 28 dias.
Nos três primeiros dias, permaneceram por
10 minutos na água, para adaptação ao meio
21
, e a seguir, do 4º ao 28º dia, os animais
foram submetidos ao nado por 20 minutos. A
cada sessão de nado, para cada animal a água
foi trocada e mantida a temperatura de 27ºC
± 1ºC 22.
Foram formados os seguintes grupos
experimentais: a) grupo basal: sem qualquer
tratamento por gavagem e sem ser submetido
ao teste do nado; b) grupo-controle: tratado
por gavagem com água, não submetido ao
teste do nado; c) grupo-controle + nado:
tratado por gavagem com água e submetido
ao teste do nado; d) grupo ω-3: tratado por
gavagem com ω-3, não submetido ao teste
do nado, e) grupo ω-3 + nado: tratado por
gavagem com ω-3 e submetido ao teste do
nado.
Os ratos foram pareados de acordo
com o peso, antes de qualquer procedimento,
de forma que todos os grupos fossem
semelhantes. A alteração de peso de cada
animal foi verificada pela diferença entre o
peso final e inicial.
Os dados obtidos foram avaliados
estatisticamente por meio de média e erropadrão e testados na curva de normalidade
(Kolmogorov-Smirnov);
posteriormente
foram analisados empregando-se o teste t de
Student pareado ou a análise de variância
ANOVA de uma via, com nível de
significância p<0,05, seguida pelo teste de
Tukey. Para avaliação dos dados foi utilizado
o softaware INSTAT, versão 3.01.
Resultados e Discussão
Vários estudos têm demonstrado
efeitos benéficos dos ácidos graxos ω-3 23,
por diminuírem a sintomatologia ou até a
progressão de várias doenças como as
cardiovasculares24, 25, as dislipidemias 26
,27,28
, as doenças inflamatórias crônicas 29, 30,
a depressão 31, entre outras 32.
A ingestão adequada de AG ω-3
inclui, dentre as vantagens à saúde, a
proteção cardiovascular 23. A partir dos
resultados de algumas pesquisas foi sugerido
também que os AG ω-3 possam contribuir
na perda de peso corporal 33,34. Entretanto,
considerando-se o valor calórico procedente
da dieta através de diferentes fontes lipídicas,
faz-se necessário considerar que o excesso
de lipídeos e de calorias pode contribuir no
aumento de peso, que por sua vez é
considerado um fator de risco no
desenvolvimento
de
doenças
10
cardiovasculares .
Como não existe um consenso na
literatura quanto à relação de diferentes
fontes de lipídeos na dieta com o peso
corporal 35, o presente estudo investigou o
peso de ratos que receberam durante 28 dias
0,5 ou 1,0 g/kg/dia de ω-3 e que foram
submetidos ou não ao nado.
A figura 1 apresenta o valor médio de
ganho de peso corporal (calculado a partir da
diferença de peso final e inicial), em gramas,
22
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Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
A
B
G an h o d e p eso (g )
dos diferentes grupos, após 28 dias. No
protocolo de 0,5 g/kg/dia de ω-3, os animais
que foram submetidos ao teste do nado, tanto
os do grupo controle+nado quanto os do
grupo ω-3+nado, apresentaram menor ganho
ponderal (p=0,0025), quando comparados
aos grupos basal e ω-3 (que não foram
submetidos ao teste do nado). E, no ensaio
em que foi utilizado 1,0 g/kg/dia de ω-3, o
grupo controle+nado apresentou um ganho
de peso menor (p=0,0123), se comparado aos
grupos basal e controle.
150
100
*
**
B asal
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w-3
w-3+ nado
50
G an h o d e p eso (g )
0
150
***
100
B asal
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w-3
w-3+ nado
50
0
Figura 1 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (ω-3), por gavagem, na dose de 0,5 g/kg/dia (A) ou
1,0 g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, por 28 dias, no ganho de peso (g). Os
resultados são expressos como média  EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e
ω-3; ** p<0,05 comparado ao grupo ω-3; *** p<0,05 comparado ao basal e controle (ANOVA + Tukey).
Apesar de os grupos suplementados
receberem calorias extras diariamente
provenientes do óleo de peixe, não foram
encontrados aumentos significativos no peso
corporal desses animais em relação aos
demais; somente verificou-se que os ratos do
grupo submetido ao exercício físico, mas não
suplementado com óleo de peixe (grupo
controle+nado) apresentaram um menor
ganho de peso em relação aos grupos basal e
controle no protocolo realizado com 1,0
g/kg/dia de ω-3. Quanto à variação ponderal
por grupo, verificou-se um ganho menor
naquele grupo submetido ao nado e
suplementado com ácidos graxos ω-3 (ω3+nado) no experimento que utilizou 0,5
g/kg/dia de ω-3 e nos grupos controle+nado
de ambos os protocolos (0,5 e 1,0 g/kg/dia).
O menor ganho de peso encontrado nos
grupos submetidos ao nado no presente
estudo pode ser justificado pelo fato de os
animais terem sido submetidos ao exercício
físico por 20 minutos, no período de 28 dias.
Como em ambos os protocolos os grupos
controle+nado apresentaram menor ganho de
peso, pode-se sugerir que o nado promoveu
um gasto energético considerável.
Ressalta-se que o ganho de peso
significativamente menor no grupo ω3+nado em relação ao grupo ω-3 no
protocolo de 0,5 g/kg/dia ocorreu
provavelmente em função da associação do
23
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
exercício físico, o que não ocorreu quando se
compararam os mesmos grupos do ensaio
com 1,0 g/kg/dia de ω-3. No grupo
suplementado com 1,0 g/kg/dia de ω-3 e
submetido ao nado, o maior consumo
calórico talvez possa ter compensado os
efeitos de menor ganho de peso resultantes
da prática de exercício físico, observado ao
se comparar os grupos ω-3 e ω-3+nado do
protocolo de 0,5 g/kg/dia.
Alguns estudos vêm sugerindo que o
consumo de AG ω-3 pode estar relacionado
ao controle do peso ou à diminuição da
adiposidade corporal. No estudo realizado
por Venkatraman e colaboradores (1998) 32
foi observada uma redução significativa no
ganho de peso de ratos submetidos à dieta
rica em ω-3 (9% de óleo de peixe + 1% de
óleo de milho) por dois meses, comparado ao
grupo que recebeu dieta rica em ω-6 (10% de
óleo de milho), independentemente da
prática ou não de exercícios físicos (corrida
forçada por 30 a 50 minutos, seis vezes por
semana). Foi sugerido que esse resultado
pode ter ocorrido devido ao maior consumo
de AG ω-3, que poderia interferir na síntese
de lipídeos, levando a um menor ganho de
peso. Destaca-se que a suplementação de
lipídeos no referido trabalho foi realizada em
iguais concentrações em todos os grupos
experimentais, não diferindo assim no total
de calorias diárias fornecidas.
Na pesquisa realizada por Pellizzon e
colaboradores (2002) 36, ratos submetidos ao
nado por 2 horas, cinco vezes na semana, por
seis semanas, apresentaram menor ganho de
peso e adiposidade corporal quando
comparados
aos
grupos
sedentários,
independentemente do tipo de dieta à qual
esses
animais
foram
submetidos:
hiperlipídicas e hipercalóricas, (com 33%
óleo de peixe + 7% de óleo de soja ou com
33% de óleo de palma + 7% de óleo de soja
ou com 40% de óleo de soja) ou
normolipídica e normocalórica, denominada
dieta controle, com 7% de óleo de soja.
O nado durante 20 minutos e cinco
vezes por semana, por 28 dias proporcionou
menor ganho de peso dos ratos, desta forma,
pode-se sugerir que este protocolo de
atividade física, equivalente a um esforço de
intensidade leve e de curta duração 37, pode
ser suficiente para interferir no ganho de
peso corporal na referida espécie animal.
No presente estudo, não foi
averiguado o efeito da suplementação de
outro tipo de lipídeo em relação ao óleo de
peixe e se alterações no peso corporal ou
ganho de peso poderiam ser encontradas se
outros grupos tivessem sido também
suplementados com outro tipo de óleo, para
assim perfazer um total calórico semelhante
entre os grupos.
Conclusão
No presente trabalho, conclui-se que
a quantidade administrada do AG ω-3 por
meio do óleo de peixe não foi efetiva per se
na redução do peso corporal ou ganho de
peso de ratos suplementados em ambas as
doses, uma vez que não foram encontradas
diferenças significativas na comparação dos
grupos que receberam óleo de peixe e não
foram submetidos ao nado (grupo ω-3) em
relação aos grupos controle que receberam
água por gavagem e não nadaram.
Sugere-se o estudo de dietas
isocalóricas em animais comparando
diferentes tipos de ácidos graxos e
relacionando-os
aos
efeitos
da
suplementação do AG ω-3 no metabolismo
lipídico e adiposidade corporal de ratos.
Agradecimento
Agradecemos ao professor Dr. Luis
Beirão, do Departamento de Tecnologia de
Alimentos (CCA/UFSC), pela doação das
cápsulas de óleo de peixe indispensáveis à
realização da presente pesquisa.
24
Minatti, J. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 20-26, jul./dez. 2008
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ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR E MULTIPROFISSIONAL PARA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DISLIPIDEMIA NA COMUNIDADE
UNIVERSITÁRIA [Interdisciplinary and multi professional attendance for prevention
and treatment of dyslipidemia in the universitary community]
Ana Maria Passos1; Cláudia Marques Silva2; Maria da Graça Balen3; Elizabeth
Martins Hermes4; Rodrigo Schütz5; Geny Aparecida Cantos6.
Resumo: este trabalho trata de uma temática onde se tenta conhecer as relações e situações vividas
por pacientes com dislipidemia da Universidade Federal de Santa Catarina, evidenciando a
importância de se desempenhar cuidados com os mesmos, tendo como foco a prevenção e a melhora
na qualidade de vida. Assim, além do atendimento cardiológico e nutricional, quatro outras
modalidades de atendimento foram oferecidas: biodança, vivências lúdicas do coração, watsu e
halliwick. Por meio deste trabalho pôde-se perceber a importância de cada pessoa como um ser único,
reforçando seu compromisso social e senso de co-responsabilidade, envolvimento, diálogo e espírito
participativo.
Palavras-chave: dislipidemia, fatores de risco, doenças cardiovasculares, prevenção, qualidade de
vida.
Abstract: this article is concerned with the theme of trying to discover the relations and situations
experienced by patients with dyslipidemia from the Federal University of Santa Catarina, evidencing
the importance of taking care of them, focusing on prevention and quality of life improvement. Thus,
in addition to cardiology and nutritional care, four other forms of care were offered: biodanza, leisure
experiences of the heart, watsu and halliwick. Through this work it was possible to perceive the
importance of each person as a unique individual, reinforcing their social commitment with a
relationship of co-responsibility, involvement, dialogue and participatory spirit.
Keywords: dyslipidemia, risk factors, cardiovascular diseases, prevention, quality of life.
Introdução
O conjunto de doenças crônicas é
considerado o principal problema de saúde
da atualidade. O tabagismo, a hipertensão
arterial, a obesidade e o estilo de vida
sedentário compõem fatores de risco (FR)
para doenças cardiovasculares1, 2.
Os efeitos negativos do estresse
emocional têm sido associados a diversas
doenças, destacando-se as cardíacas3, 4. Por
outro lado, o estilo de vida moderno, onde
impera a televisão, o computador e tantas
outras facilidades, conduz o indivíduo a uma
forma de vida mais passiva, cômoda e
comprometida com o trabalho e menos ativa
fisicamente, o que acaba por acumular
situações estressantes.
Essas situações sociais inadequadas
são de suma importância e relevância dentro
do aspecto de saúde pública. Assim, os
campos da prevenção de doenças vêm se
deslocando progressivamente para se tornar
o centro das atenções na área da saúde e da
educação. É inquestionável a existência de
iniciativas importantes, no sentido da
prevenção, dos variados setores do governo,
das
universidades
e
da
sociedade
_________________
1
Aluna de extensão do curso de Farmácia UFSC.
Cardiologista do Hospital Universitário UFSC.
3
Nutricionista do Hospital Universitário UFSC.
4
Farmacêutica Bioquímica do Hospital Universitário UFSC.
5
Aluno do mestrado de Farmácia UFSC.
6
Coordenadora. Dr (a) Prof (a) do Departamento de Análises Clínicas UFSC. E-mail: [email protected]
2
27
Passos, A. M. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008
em geral5, 6, 7. Contudo, constata-se ainda um
vazio de ações, projetos e programas que
tratem essas questões de modo integrado.
Considerando o acima exposto, desde
o início de 1997 o Núcleo Interdisciplinar de
Pesquisa,
Ensino
e
Assistência
à
Dislipidemia do Hospital Universitário
(NIPEAD-HU-UFSC) vem trabalhando com
prevenção, tendo como foco pacientes com
dislipidemia, de forma a prevenir
complicações cardiovasculares 4, 8.
Assim,
tentando
assumir
a
responsabilidade com a qualidade de vida
desses pacientes, estes foram encaminhados
ao atendimento cardiológico e nutricional e
em seguida convidados a inserir-se em várias
modalidades de acolhimento no NIPEAD.
Em 2002, surgiu a biodança, que trabalha em
grupo e por meio de exercícios específicos,
estimulando o potencial de cada participante.
A simultaneidade e a inter-relação do
atendimento convencional e da atividade
alternativa
proporcionam
significativa
melhora da auto-estima do paciente e
conseqüentemente do seu bem estar
biológico e psicológico9. Na maioria dos
casos, a biodança atrai um grupo de pessoas
que buscam a superação da timidez e do
estresse, além de oferecer condicionamento
físico cardiovascular e propor-se a estimular
a busca da saúde espiritual10.
O programa intitulado “vivências
lúdicas do coração” surgiu em 2004 com o
intuito de explorar o lúdico, a brincadeira e
o prazer para realização de atividades
físicas, as quais consistem em dança,
caminhadas,
jogos,
alongamentos,
exercícios
localizados,
relaxamento,
exercícios aeróbicos, etc. O princípio
básico determinante deste programa tem
sido a motivação para a realização do
exercício físico regular. As atividades
físicas, na forma de vivências lúdicas, têm
sido
importantes
recursos
não
medicamentosos na terapia e prevenção
das doenças cardiovasculares, de forma
que seus participantes passam a ter uma
vida mais saudável. Este trabalho resultou
em uma dissertação de doutorado, que
contou com a professora do curso de
graduação em Educação Física (UFSC)
Albertina Bonetti como mentora e
executora do mesmo (2006).
O watsu e halliwick são terapias
aquáticas complementares que surgiram no
NIPEAD em junho de 2005. O método
halliwick possibilita o desenvolvimento de
habilidades como respirar e controlar o corpo
na água com segurança e alegria. O watsu
ajuda o indivíduo a liberar o corpo na água,
flutuar, dissolver tensões, silenciar a mente e
harmonizar a energia. Essas técnicas
protegem os músculos, diminuem a tensão, a
dor e a fadiga, ampliam os movimentos e a
respiração, melhoram a circulação, a postura
e a disposição; reduzem o stress e a
ansiedade, possibilitando o sono mais
tranqüilo e a melhora da consciência do
corpo11.
Material e Métodos
Em consulta ambulatorial, os
pacientes
com
dislipidemia
foram
convidados a participar do programa
oferecido pelo NIPEAD. Os que aceitaram
participar do referido programa assinaram o
termo de consentimento e foram submetidos
à classificação e estratificação do risco de
doença coronariana, segundo o Escore de
Risco de Framingham (EFR), adotado pelas
IV Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias
e Prevenção da Aterosclerose de 200612. Este
escore baseia-se em valores numéricos,
positivos e negativos, a partir de zero, de
acordo com o risco atribuível aos valores da
idade, pressão arterial, colesterol total (CT),
colesterol das lipoproteínas de alta densidade
(HDL-C), tabagismo e diabetes mellitus
(DM). A escala obtida corresponde a um
percentual de probabilidade de ocorrência de
um evento cardiovascular nos próximos 10
anos, com base em dados epidemiológicos.
De janeiro a dezembro de 2006 o
setor de cardiologia do SASC/HU atendeu
546 pacientes, sendo que 184 voltaram para
28
Passos, A. M. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008
re-consultas. Do total de pacientes atendidos,
277 fizeram parte do programa oferecido
pelo NIPEAD por apresentarem dislipidemia
e, portanto uma maior probabilidade de
desenvolver um evento cardíaco nos
próximos dez anos.
O setor de nutrição atendeu 113
pacientes com dislipidemia, sendo que 70
retornaram para novas consultas. Todos os
indivíduos encaminhados à nutrição foram
submetidos a exame antropométrico (massa
corporal - kg, estatura - m, perímetro da
cintura e quadril - cm), aferição da pressão
arterial e exame clínico. O índice de massa
corpórea (IMC) foi obtido pela divisão da
massa corporal, em quilogramas, pelo
quadrado da estatura, em metros (IMC =
massa (kg) / estatura (m)2). De acordo com a
Organização Mundial da Saúde, considerouse, tanto em homens quanto em mulheres, o
sobrepeso com IMC >25 kg/m2 e <30 kg/m2
e obeso àqueles com o IMC superior a 30
kg/m2 13,14.
Após o conhecimento dos dados
clínicos cardiológicos e avaliação nutricional
os pacientes foram convidados a inserir-se
em outras modalidades que o programa
oferece: vivências lúdicas do coração,
biodança, watsu e halliwick. A capacidade
total para cada modalidade de atendimento
foi de 20 pessoas.
As vivências lúdicas foram realizadas
levando em consideração as contradições
inerentes a estes pacientes bem como as
ambigüidades próprias do trato com o corpo
e a corporeidade na sociedade ocidental.
Explorou-se, sobretudo, o lúdico com
atividades
bastante
variadas
como
caminhadas, danças, jogos, etc.
As sessões de biodança aconteceram
uma vez por semana nas dependências do
Grêmio-UFSC. Cada vivência levou em
média duas horas, sendo que quarenta e
cinco minutos foram utilizados para uma
introdução teórica e para depoimentos dos
participantes referentes às vivências da seção
anterior, às descobertas, às mudanças
existenciais e para compartilhar o sentir. O
restante do tempo foi utilizado para parte
prática, onde o professor respeitou o nível
motor de cada indivíduo, sem produzir
fadiga. Os exercícios foram progressivos e as
linhas de vivências foram: vitalidade,
sexualidade, criatividade, afetividade e
transcendência.
As técnicas de watsu e halliwick
foram realizadas uma vez por semana na
piscina da Polícia Militar, tendo duração de
uma hora e meia. Nessas técnicas
enfatizaram-se as habilidades dos indivíduos,
reforçando o lado positivo e não a
deficiência, com foco no prazer e no
relaxamento, por meio de atividades em
forma de jogos em grupos, estimulando que
os nadadores encorajassem uns aos outros.
A coleta de sangue para realização de
exames laboratoriais ocorreu em dias
estabelecidos pela chefia do Laboratório de
Análises Clínicas do Hospital Universitário
da Universidade Federal de Santa Catarina,
por alunos de mestrado e extensão.
Agendou-se um dia para estes
pacientes responderem aos questionários
relacionados ao estresse aplicados no início e
no final do tratamento.
Abaixo estão relacionados os
questionários utilizados:
a) Avaliação dos sintomas de estresse15, 16, 17.
b) Avaliação da vulnerabilidade ao
estresse18.
c) Avaliação da tolerância ao estresse e do
estado físico19.
d) Avaliação do convívio com o estresse, por
meio da escala de estresse20.
e) Anamnese de eventuais sintomas que os
pacientes por ventura sentiram na semana
anterior aos exames, além daqueles avaliados
pelo questionário de LIPP, em forma de
questionário16, com alguns itens elaborados.
Todos os participantes deste estudo
foram esclarecidos quanto aos objetivos e
procedimentos a que seriam submetidos,
assinando um termo de consentimento livre
esclarecido. O trabalho foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC.
29
Passos, A. M. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008
Resultados e discussão
O
NIPEAD-HU-UFSC
vem
trabalhando com a prevenção de doenças
cardiovasculares, tendo como meta buscar
um estilo de vida mais saudável para
indivíduos que já possuem dislipidemia, ou
algum FR associado. As informações obtidas
no desenvolvimento das atividades deste
projeto, ao longo de 10 anos, têm mostrado
que por meio da dietoterapia adequada e de
exercício físico os pacientes apresentam
melhoria nos resultados bioquímicos21. De
fato, sabe-se também que a prática de
exercícios físicos de uma maneira geral,
melhora o humor devido à liberação do
hormônio endorfina que proporciona
sensação de bem estar e relaxamento,
reduzindo a ansiedade e o estresse,
aumentando a funcionalidade do sistema
imunológico,
acarretando
benefícios
cardiovasculares e facilitando o controle da
obesidade22, 23.
Apesar dos benefícios acima citados,
a participação ativa dos pacientes do
NIPEAD em programas que envolvam
exercícios físicos regulares tem sido um
desafio para a equipe interdisciplinar e
multiprofissional. Uma alternativa para
amenizar este problema tem sido o projeto
“Vivências do Coração“ coordenado e
desenvolvido pela professora Albertina
Bonetti, desde o ano de 2004. Este programa,
desde então, tem proporcionado ao grupo
uma prática continuada, pois enfatiza a
sensibilidade, as percepções e as intuições do
ser humano e explora, sobretudo, o lúdico.
Nesse sentido, as manifestações de
espontaneidade, de alegria e prazer por parte
dos participantes, têm estimulado a
criatividade e têm sido um fator primordial
para uma existência saudável24.
Na esfera psicológica, a equipe
interdisciplinar e multiprofissional tem
percebido que a personalidade e a história de
vida de cada paciente, muitas vezes
constituem fontes de sofrimento aos
mesmos. Estudos apontam que o estresse,
quando exagerado em intensidade ou
duração, desencadeia reações fisiológicas
que podem levar a um desequilíbrio no
organismo, tendo, portanto, um papel
importante
nos
FR
para
doenças
cardiovasculares25. Ciente deste processo a
equipe do NIPEAD tem avaliado o estado de
estresse de seus pacientes por meio de
questionários
anteriormente
citados.
Trabalhos prévios mostram que 68% dos
indivíduos apresentavam resultado negativo
ao estresse (diestresse)26.
A partir desta constatação a equipe
tem procurado contornar este problema
oferecendo aos seus participantes terapias
alternativas: biodança, watsu e halliwick.
Dentro do contexto de cuidado e atenção o
grupo do NIPEAD tem colocado elementos
quantitativos, além de um componente
“subjetivo” para monitorar o estado de saúde
dos indivíduos que integraram no programa.
Assim, os pacientes têm sido monitorados
adicionalmente por meio da realização de
exames bioquímicos, pois se acredita que as
emoções negativas podem estar relacionadas
com aumento do colesterol total, fração
LDL-colesterol, triglicerídeos e diminuição
da fração HDL-colesterol25.
Pôde-se notar que, ao longo do
tratamento (biodança, vivências lúdicas do
coração e watsu e halliwick) realizado no
ano de 2006, 30% dos pacientes
apresentaram redução nos níveis de
colesterol total, 27,78% tiveram uma
diminuição nos níveis de LDL e 20%
obtiveram melhoras dos níveis de HDL. No
que diz respeito à dosagem dos
triglicerídeos, observou-se que no início do
tratamento 90% dos pacientes apresentavam
níveis ideais e que ao longo do ano este
quadro passou para 95%.
Neste trabalho, os pacientes ao
responderem o questionário elaborado por
LIPP (1999), na maioria, relataram a
presença de sintomas de estresse, tais como:
mãos frias, “nó” no estômago, mudança de
apetite, apatia, náusea, tontura. Não obstante,
a esses sintomas, na Escala de Estresse
30
Passos, A. M. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 27-33, jul./dez. 2008
Percebido20, os questionários relevaram que
50% dos pacientes conviviam com níveis
elevados de estresses. A avaliação da
tolerância ao estresse (avaliação do estado
físico)19 evidenciou que: 50% conviviam
com níveis indicativos de possibilidade de
melhora.
Na questão da vulnerabilidade ao
estresse18, observou-se que 50% dos
pacientes deveriam analisar melhor algumas
situações na sua condição pessoal. Contudo,
ao longo do ano, com a participação ativa em
pelo menos uma das atividades propostas,
50% tiveram uma redução satisfatória de
estresse17 e 50% melhoraram também o
estado de estresse27.
Os resultados do atendimento
descrito no presente trabalho sugerem e
reforçam que programas similares têm
contribuído para mudanças de hábitos por
parte dos indivíduos, havendo um sinergismo
entre as ações terapêuticas e/ou preventivas.
O que se percebeu por relatos é que a
maioria dos indivíduos que aderiram a
qualquer um dos programas mencionados se
sentiu valorizada, cuidada e protegida e
membro integrante de um grupo. Por
suposto, o grupo servia de suporte para o
alcance das metas e em tudo isto havia a
questão do prazer de estarem juntos.
A hidroterapia, por meio do método
halliwick, proporcionou aos pacientes maior
liberdade de amplitude de movimento,
aumentando a funcionalidade e contribuindo
para a realização das atividades na piscina,
englobando as diferentes rotações. O medo
da piscina foi superado por meio desta
técnica
que
induziu
à
adaptação,
tranqüilidade e independência de modo
gradativo e seguro. Por outro lado, os
alongamentos e rotações do tronco, a
mobilização das articulações realizadas no
watsu auxiliaram o relaxamento profundo
dos pacientes, melhorando seu quadro geral,
sobretudo as dores musculares.
Segundo
depoimentos
dos
participantes, com as sessões de biodança
houve mudanças positivas no cotidiano e no
nível de sensibilidade com as pessoas: nas
relações interpessoais (88%), na diminuição
na ansiedade (76%), na sensação de
depressão (59%), na concentração (53%), na
irritabilidade e no sono (47%). Os
sentimentos mais expressos foram: afeto
(82%); bem-estar (76%); aconchego,
integração e alegria (70%); receptividade,
felicidade, afetividade e leveza (65 %);
harmonia, prazer e entrega (59%); força e
união de grupo (53%).
Considerações Finais
Apesar dos esforços da equipe
interdisciplinar e multiprofissional, percebese que há necessidade de uma maior
conscientização acerca dos FR para doenças
cardiovasculares, e, também, de um maior
esforço no sentido da adesão aos programas
oferecidos pelo NIPEAD.
De fato, as diferenças observadas na
responsividade individual ao tratamento, não
resultaram apenas das variações biológicas
de cada indivíduo sob determinadas
circunstâncias, mas expressaram o grau de
conscientização a despeito do problema, o
que vem mais uma vez, a salientar a
importância das reuniões mensais realizadas
pelo grupo.
Fica ainda evidente a necessidade do
trabalho multidisciplinar dos profissionais da
área da saúde dentro de um programa
integrado e planejado, visando à melhoria da
qualidade de vida da população universitária.
Reforça-se a importância de perceber cada
pessoa como um ser único, singular,
apresentando a sua maneira peculiar de
conviver com a situação de doença. Uma
forma abrangente de prevenir a doença
coronariana é, sem dúvida, ampliar o nível
de conscientização do indivíduo sobre seu
modo de viver, sobretudo no que diz respeito
ao estabelecimento de metas reais
alcançáveis, de tal modo que possa fazer
uma coisa de cada vez, melhorando a
percepção de que certos hábitos de vida
deterioram
sua
saúde.
31
Passos, A. M. et al.
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ASPECTOS PREVENTIVOS NO DESENVOLVIMENTO DA ATEROSCLEROSE
[Preventive aspects in atherosclerosis development]
Kenya Thiesen1, Gisele Carine Signor2 , Liliete Canes Souza3
Resumo: A prevenção da doença arterial coronariana requer conhecimento do risco individual para
desenvolvimento da doença, identificação e controle dos fatores de risco. Pacientes de alto risco
devem ser cuidadosamente acompanhados. As medidas preventivas requerem alterações nos hábitos e
costumes, e em alguns casos torna-se necessário o uso de fármacos que modificam a concentração
lipídica. Considerando que a ocorrência da doença pode estar associada com o estilo de vida das
culturas ocidentais (dieta rica em gorduras saturadas, uso de cigarros e sedentarismo), o presente
estudo faz uma breve revisão dos aspectos relacionados à dieta, resistência à insulina, Diabetes
mellitus, aspectos hormonais e importância do exercício físico.
Palavras-chave: aterosclerose, fatores de risco, dieta, exercício físico, Diabetes mellitus.
Abstract: The prevention of coronary heart disease needs the knowledge of personal risk for disease
evolution, the identification and control of risk factors. High-risk patients necessitate a careful
attention. Prevention strategy applies changes in personal habits and customs, in some cases its
necessary a lipid-lowering therapy. Considering that the occidental way of life (saturated fat-rich diet,
cigarette consumption, sedentary) could be associated to disease occurrence, this study presents a
short review about dietary aspects, insulin resistance, Diabetes mellitus presence, hormonal aspects
and physical exercise.
Keywords: atherosclerosis, risk factors, diet, physical exercise, insulin resistance, Diabetes mellitus.
Introdução
A urbanização que ocorreu no século
XX no Brasil e no mundo trouxe consigo
sedentarismo,
alteração
nos
hábitos
alimentares com maior consumo de
gorduras, ácidos graxos e de açúcares,
redução da ingestão de alimentos ricos em
fibras, tabagismo e estresse 1,2 e assim,
conseqüentemente, algumas doenças.
No Brasil e nos países Ocidentais, as
doenças cardiovasculares (DCV) são uma
das principais causas de morbidade e
mortalidade. Sua prevenção passa pela
identificação e controle, não somente das
dislipidemias, mas de todo o conjunto de
fatores de risco que levam a predisposição a
_____________________
esta patologia3.
Dentre as DCV destaca-se a doença
arterial coronariana (DAC), da qual a
aterosclerose é uma das representantes. A
aterosclerose consiste em um processo
inflamatório crônico, de evolução lenta
decorrente do envelhecimento, partindo de
dano endotelial de origem multifatorial, que
envolve uma complexa interação entre
células e elementos sanguíneos (acúmulo de
lipídios, monócitos e linfócitos T na camada
íntima) com as células da parede arterial,
ocasionando migração e proliferação de
células musculares lisas e elaboração de
colágeno e matriz na camada sub-íntima,
resultando num processo com características
de reparo tecidual no local da lesão 4,5.
1
Mestre em Farmácia pelo Programa de Pós-graduação UFSC, Doutora em Ciências pelo Programa de Pósgraduação em Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2Farmacêutica
Bioquímica pela Faculdade de Farmácia da Universidade Regional de Joinville. Programa de Pós-graduação
de Farmácia da UFSC. 3Mestre e Doutora em Farmácia pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo, Pós-doutorada em Biociências pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo. Professora Associada do Departamento de Análises Clínicas da UFSC.
Trabalho Realizado no Departamento de Análises Clínicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Endereço para Correspondência: [email protected]
34
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
Vários fatores, agindo isoladamente
ou em conjunto, são associados ao aumento
do risco de formação de placas
ateroscleróticas nas artérias coronarianas e
em outros leitos arteriais, por isso a
aterosclerose é vista como um processo
mórbido complexo 6.
A orientação eficiente e efetiva na
prevenção de DAC requer um método para
avaliar objetivamente o risco pessoal de
desenvolver a doença. Uma boa estratégia de
identificação permite o desenvolvimento de
medidas preventivas a serem direcionadas
para aqueles pacientes de alto risco, todavia
isso não é uma matéria fácil, visto que, o
controle dos fatores de risco requer, às vezes,
algumas alterações de hábitos e costumes 7.
Para o sucesso das recomendações
fornecidas pelas diretrizes médicas, não
basta apenas a realização de auditorias
locais; os profissionais da saúde devem
também, servir de exemplo para os pacientes
em termos do seu próprio estilo de vida.
Sendo particularmente importante que não se
fume, mantenha-se um hábito alimentar
saudável, evitando a obesidade e fazendo
atividades físicas. Dessa forma, o curso
clínico e o prognóstico da DAC podem ser
modificados favoravelmente e a base
científica para isso se dá através da melhoria
de alguns aspectos clínicos8.
As prioridades na prevenção de
doenças cardíacas, segundo Wood9 são: (i)
pacientes com doença aterosclerótica
estabelecida ou outra DCV; (ii) indivíduos
saudáveis com alto risco de desenvolver
aterosclerose ou outra DCV por uma
combinação entre os fatores de risco; e, (iii)
aterosclerose ou DCV inicial em indivíduos
aparentemente saudáveis (sem sintomas)
com risco particularmente alto de
agravamento.
Aspectos relacionados à dieta
O excesso de peso (índice de massa
corpórea – IMC > 25 kg/m2), principalmente
acúmulo de gordura na região abdominal, do
tipo central ou androgênico, está associado a
um maior risco de doença aterosclerótica10.
Algumas pesquisas afirmam que
existem correlações entre assistir televisão e
ganho de peso devido à alta ingestão de
alimentos energéticos e bebidas contendo
açúcar, o que efetivamente duplica os riscos
para a saúde. O excesso do consumo de
bebidas deste tipo implica numa preocupação
adicional, já que estas apresentam um
conteúdo elevado de açúcar e um baixo valor
nutricional11.
As fibras solúveis, ingeridas em uma
dieta regulada ajudam na eliminação do
colesterol. A recomendação de ingestão de
fibra alimentar total para adultos é de 20 a 30
g/dia, sendo em torno de 25% (6g) de fibra
solúvel 12.
Durante as décadas passadas vários
estudos sugeriram que as pessoas com
grande ingestão de frutas, vegetais e óleo de
oliva, os quais são ricos em vitaminas C e E,
-caroteno e flavonóides, apresentavam
baixos riscos de doenças crônicas. Neste
sentido, desde o início dos anos 70, a dieta
mediterrânea vem sendo associada com
baixa incidência de câncer e, também, de
doenças coronarianas 12,13.
Numerosos estudos relataram a
importância das modificações do estilo de
vida na melhoria das concentrações da
lipoproteína de alta densidade (HDL). A
perda de peso em mulheres e homens obesos
propiciou aumento das concentrações de
HDL e a consideração mais importante na
dieta foi a restrição energética (calorias) para
a subseqüente perda de peso 14,15,16,17,18.
Certos tipos de gorduras, chamados
ácidos graxos trans demonstraram diminuir
as concentrações de HDL19, além disso,
gorduras monoinsaturadas apresentaram um
efeito neutro nas concentrações da HDL.
Sendo assim, gorduras saturadas e ácidos
graxos trans podem ser substituídos por
gorduras monoinsaturadas desidrogenadas
como é o caso do óleo de oliva 15,20.
O ácido polinsaturado Omega-3 é um
dos vários componentes da dieta que têm
35
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
demonstrado benefícios na proteção das
cardiopatias. Em populações onde a taxa de
mortalidade por doenças cardiovasculares é
baixa, peixes e óleos de vegetais são os
principais tipos de gorduras consumidos. A
associação entre os padrões de dieta e a
ocorrência de baixo nível de mortalidade
pelas
doenças
cardiovasculares,
foi
inicialmente identificada do final da década
de 1970 a meados dos anos 80, na Alemanha
com estudos de cohort (The Zutphen Study)
e entre esquimós da Groelândia, avaliando
populações que ingeriam grande quantidade
de peixe21. Recentemente, este dado foi
identificado também em populações que
residem no mediterrâneo 22.
Os benefícios da dieta rica em peixes
foram considerados em estudos realizados
em animais, assim, o consumo de óleo de
peixe reduziu a síntese e a secreção de
lipoproteína de muito baixa densidade
(VLDL) pelo fígado, levando a um efeito
hipotrigliceridêmico, entretanto, também foi
verificada diminuição na atividade dos
receptores para lipoproteína de baixa
densidade (LDL), o que resultou em prejuízo
na retirada das partículas em circulação 23,24.
O consumo dietético de fitoesteróis
inibiu a absorção intestinal de colesterol
(COL), diminuindo suas concentrações
plasmáticas,
juntamente
com
as
concentrações
de
LDL-COL
(COL
constituinte da LDL). Sendo observada
redução de até 10 % para os valores de CT
(COL total) e de até 13 % para LDL-COL,
em estudos realizados com seres humanos.
Segundo os autores, tal redução não se
restringiu somente à inibição da absorção
intestinal, mas também a outros efeitos no
metabolismo do COL no fígado e no
intestino, ainda não esclarecidos 25.
Dados observacionais em humanos
sugerem que as vitaminas antioxidantes estão
associadas à redução de DCV. Estudos,
principalmente
em
animais,
foram
consistentes com o conceito de que a
suplementação dietética com estas vitaminas
ou outros antioxidantes reduz a progressão
da aterosclerose26. A lesão oxidativa dos
lipídios nas paredes dos vasos sanguíneos
parece ser um fator decisivo no
desenvolvimento da aterosclerose27, já que a
oxidação da LDL a transforma numa
partícula reativa potencialmente letal para as
artérias28.
A vitamina E, segundo alguns
autores, tem o efeito mais significante dos
antioxidantes
na
prevenção
das
coronariopatias, através da inibição da
oxidação da LDL29. Neste sentido, em estudo
observacional realizado com 120.000
pessoas por Stampfer et al30 o consumo de
200 UI de vitamina E foi associado à
redução de 40% no risco de coronariopatias.
No entanto, segundo O'Keefe et al29,
dosagens com mais de 1.000 UI por dia
foram relacionadas a efeitos antiplaquetários
que podem aumentar o risco de hemorragias.
Portanto, mesmo que o papel da vitamina E
venha a ter cada vez mais comprovação
científica, deve-se fazer a suplementação
somente após uma análise criteriosa do
paciente e, acima de tudo, orientá-lo sobre a
importância magna da interação dos fatores
referentes ao estilo de vida31. Além da
Vitamina E outros antioxidantes importantes
são os pigmentos carotenóides, a vitamina C,
flavonóides e outros compostos fenólicos27.
A relação entre COL proveniente da
dieta, COL plasmático e aterosclerose é
baseada em três linhas de evidência: (i)
estudos com modelos animais alimentados
com dieta rica em COL; (ii) verificações
epidemiológicas e (iii) através de triagens
clínicas. Os estudos com modelos animais
mostraram, que para muitas espécies,
grandes doses de COL foram necessárias
para
induzir
hipercolesterolemia
e
aterosclerose, embora, para outras espécies
pequenas
doses
puderam
induzir
32
hipercolesterolemia .
No
caso
das
verificações
epidemiológicas, baseadas em análises de
regressão simples, foram verificados relatos
freqüentes da relação positiva entre injesta
de COL e DCV; todavia, quando análises de
36
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
regressão múltipla foram consideras para
uma colinearidade entre COL da dieta e
calorias de gorduras saturadas, houve uma
relação inválida entre COL, morbidade e
mortalidade por DCV. Alguns resultados
indicaram que o COL da dieta tem pouco
efeito na razão plasmática LDL:HDL, um
fator de risco no desenvolvimento de DCV.
A análise da viabilidade de dados clínicos e
epidemiológicos indicou que, para a
população em geral, o COL da dieta não
contribuiu significativamente para o
desenvolvimento da aterosclerose e das
DCV. Além disso, dados epidemiológicos de
grandes
populações
mostram
consistentemente que o COL tem pouco
efeito na incidência de DCV. Há boas
evidências indicando que nem todo aumento
nas concentrações plasmáticas de CT esteja
associado ao aumento do risco de DAC e que
mudanças nas partículas de lipoproteínas
aterogênicas
e
antiaterogênicas
são
32
determinantes importantes do risco .
Considerações quanto à resistência à
insulina e a Diabetes mellitus (DM)
O aumento de diabetes na população
mundial é especialmente alarmante porque é
um forte fator de risco da doença coronariana
33,34
. Indivíduos com diabetes e sem histórico
familiar de DAC apresentaram taxas de
incidências similares para DAC e superiores
para mortalidade quando comparados com
indivíduos sem diabetes, mas com infarto do
miocárdio prévio35.
Vários fatores de risco para doença
cardiovascular contribuem para o aumento
da morbidade de pacientes com DM do tipo
2 (DM2). O risco de desenvolvimento de
doença cardiovascular foi associado com o
aumento de lipídeos no plasma devido à
resistência a insulina 36. Além disso, o mais
recente estudo europeu de prevenção de
doença cardiovascular recomendou manter
sempre um controle de glicemia, lipídeos
séricos e pressão sanguínea em pacientes
com DM2 para obtenção de redução
significante na morbidade cardiovascular37.
O susceptível manejo do peso por um
longo tempo é mais difícil em pacientes
obesos com DM2 que em indivíduos obesos
não diabéticos. Muitos pacientes com DM2
que atingem um nível modesto de perda de
peso têm um impacto substancial no
metabolismo da glicose. Entretanto, nem
todos os pacientes com DM2 respondem a
perda de peso38.
Uma importante condição que deve
ser mencionada é a síndrome metabólica,
caracterizada
pela
associação
entre
obesidade, vários graus de intolerância à
glicose, hipertensão e dislipidemia39,40.
Os resultados de um estudo realizado
recentemente apontaram que o risco de
desenvolver DCV em indivíduos com
diabetes sem a síndrome metabólica é menor
do que os que apresentam diabetes com
síndrome metabólica. A hiperglicemia
isolada não manifesta um risco alto de
desenvolvimento de DCV, a não ser que
existam outras desordens metabólicas. Dessa
forma, é necessário identificar mais de uma
alteração metabólica acompanhada da
síndrome metabólica. Detectar apenas
diabetes ou pré-diabetes não é um fator
suficiente para identificar pessoas com risco
de DCV41.
Triagens de controle demonstraram
que um tratamento rigoroso da hipertensão
reduz complicações micro e macrovasculares
na DM237. Além disso, o tratamento da
dislipidemia como prevenção primária pode
determinar uma maior redução na incidência
de doença cardiovascular em pessoas
diabéticas42.
Por algum tempo, achou-se que o
melhor controle da glicose poderia reduzir
substancialmente o risco de doenças
vasculares.
Todavia
alguns
estudos
mostraram que o melhor controle reduziu a
freqüência de doenças microvasculares
(nefropatia
diabética,
retinopatia
e
neuropatia), mas a tendência para uma
redução da freqüência de doenças
37
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
macrovasculares não foi estatisticamente
significante 43,44,45.
A Diabetes mellitus é uma das
principais causas da insuficiência renal
crônica, considerada um fator de risco
estabelecido
para
doenças
46
cardiovasculares ,
sendo
a
microalbuminúria (evidência clínica mais
precoce da nefropatia diabética) um forte
indicativo de surgimento da doença
cardiovascular47.
A
presença
de
microalbuminúria reflete o processo de dano
vascular
generalizado,
afetando
simultaneamente o glomérulo, a retina e a
camada íntima das grandes veias. Indicando
que estes pacientes precisam de maior
atenção e tratamento terapêutico intensivo48.
Aspectos hormonais: efeitos dependentes
de estrogênio
O estrogênio é conhecido pela sua
potente propriedade antiaterogênica direta e
por seu mecanismo multifacetado não
lipídico. Ele é também capaz de induzir
mudanças favoráveis sobre lipídeos e
lipoproteínas, particularmente aumentando
HDL-COL e diminuindo ambos LDL-COL e
lipoproteínas. O mecanismo não lipídico de
ativação estrogênica inclui diminuição da
resistência à insulina e inibição do
fibrinogênio sérico, mantendo a integridade
das células endoteliais, possuindo potente
atividade antioxidante e antagonista de
cálcio. Dados clínicos indicaram que a
reposição de estrogênio reduz os riscos de
DCV em aproximadamente 50% 49.
O mecanismo pelo qual o estrogênio
aumenta a HDL envolve o estímulo da
síntese hepática de apolipoproteína (Apo)
transportada pela HDL (Apo A-I) e a
redução na concentração de lípase
lipoprotéica hepática (LLH) que também
reduz a oxidação da LDL 50.
No caso de mulheres com
anormalidades no metabolismo lipídico o
estrogênio oral pode aumentar os valores
séricos de triglicerídeos (TG), de forma dose
dependente,
resultando
em
hipertrigliceridemia e risco de pancreatite 50.
Em modelos animais o uso de
estrogênio mostrou que a diminuição das
concentrações de CT e de LDL-COL pode
ser atribuída à regulação da atividade dos
receptores para LDL. No entanto, também
foi verificada alteração na composição dos
lipídios biliares e aumento da incidência de
doenças como cálculo biliar23.
Importância do exercício físico
O exercício previne a doença
aterosclerótica. Tanto a implementação de
exercícios de alta como de baixa intensidade,
realizados em faixas de 85 a 90% e em torno
de 50 a 70% do consumo máximo de
oxigênio, respectivamente, podem reduzir os
TG e aumentar o HDL-C. Além disso, há
melhora da condição cardiorespiratória,
melhora da composição corporal, redução da
obesidade, do estresse, do nível de
catecolaminas, bem como um efeito benéfico
na pressão arterial3.
Os exercícios físicos em homens
sedentários inicialmente aumentam as
concentrações
de
HDL-COL,
sendo
necessária a prática continua de exercícios
moderados para resultar num aumento
significativo das concentrações. Embora
alguns mecanismos de regulação da HDL
tenham sido propostos, ainda é difícil
verificar como a resposta da HDL ao
exercício deriva da perda de peso. Além
disso, em mulheres os exercícios físicos
podem não proporcionar um grande impacto
nas concentrações de HDL-COL15.
O exercício regular baixa a pressão
arterial em modelos animais, mas não altera
as concentrações de lipídeos plasmáticos ou
as concentrações hormonais sugerindo que o
exercício na ausência de alterações no peso
corpóreo pode ser uma ferramenta efetiva no
controle da pressão sanguínea mas que
outros tratamentos podem ser necessários
para controlar outros fatores de risco para
DCV51. Em humanos a baixa da pressão
38
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
arterial tem sido observada com um gasto
energético de somente 40% da capacidade
máxima do individuo, embora esses estudos
segundo Thompson et al52, não tenham sido
cuidadosamente examinados.
O exercício físico regular vem sendo
recomendado para ajudar na redução das
complicações cardiovasculares e mortalidade
entre os adultos com diabetes53. Em
indivíduos com diabetes que realizavam
caminhadas foi demonstrada uma redução de
duas vezes no risco de todas as mortes e uma
redução de cinco vezes no risco de mortes
relacionadas
com
doenças
cardiovasculares54.
A resistência a insulina é reduzida de
forma aguda com exercícios, propiciando
melhoria do controle glicêmico, mas o
mecanismo e o limiar exigido para este efeito
não estão definidos. O efeito do exercício
nas concentrações de TG e HDL-COL
parece aumentar com a energia total gasta,
possivelmente por redução do TG
intramuscular, além disso, exercícios
prolongados se fazem necessários para
efeitos nas concentrações de LDL-COL5.
Outros Fatores
Os fatores de risco para a doença
cardiovascular aterosclerótica estão presentes
desde o útero e continuam ao longo de todo o
curso da vida. Quando o ambiente intrauterino é desfavorável, o feto pode
apresentar retardo de crescimento intrauterino ou macrossomia. Estas condições
clínicas
foram
associadas
ao
desenvolvimento tardio de diabetes, doença
cardiovascular, dislipidemia e hipertensão
arterial55.
Estudos observacionais indicaram
que bebês que ingerem exclusivamente leite
materno, rico em gorduras saturadas, apesar
de apresentarem níveis elevados de
colesterol no início da vida podem
desenvolver uma regulação hepática do
metabolismo das lipoproteínas. Desta forma,
estas crianças que foram alimentadas com
leite materno desenvolveriam posteriormente
um perfil lipídico mais favorável quando
comparadas a crianças que receberam
fórmulas artificiais - tendem a permanecer
em níveis iguais ou inferiores a 150mg/dl, e
os primeiros apresentam perfil lipídico mais
favorável na adolescência56,57.
Em um estudo com mulheres
Koreanas, foi documentado que o vício de
fumar é um fator de risco forte e
independente para DCV e eventos
ateroscleróticos.
O
estudo
também
demonstrou que o cigarro é um fator de risco
significante para DCV tanto do tipo
trombótica quanto para a hemorrágica58.
Em outras análises, ex-fumantes
tiveram um baixo riso de doença isquêmica
do coração (DIC) do que os fumantes. O
risco de DCV em ex-fumantes não foi
significativamente diferente do que em não
fumantes. Esse padrão sugestiona que o alto
risco de DCV diminui após parar de fumar,
enquanto o risco de DIC persiste por mais
tempo58.
O estresse também foi descrito como
um dos possíveis fatores contribuintes para o
desenvolvimento da aterosclerose por meio
de uma ação direta e contribuindo para a
etiologia de outros fatores de risco, como a
obesidade, depressão, hipercolesterolemia e
o sedentarismo59.
Vários estudos prévios, mas não
todos, reportaram uma associação positiva
entre os níveis de ácido úrico e eventos
cardiovasculares, mas essa relação ainda está
sendo muito debatida. O estudo realizado
concluiu que níveis altos de ácido úrico
foram encontrados sendo positivamente
associados com doença aterosclerótica60.
Apesar de não ter um mecanismo
conhecido, a microalbuminúria é considerada
um fator de risco para as DCV. É possível
que exista uma associação com fatores os
quais alteram a homeostasia no sistema de
coagulação, aumenta a permeabilidade
vascular, e aumenta a resposta inflamatória
que causa a aterosclerose. Um estudo
recente, em adultos com 65 anos de idade ou
39
Thiesen, K. et al.
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 34-43, jul./dez. 2008
mais, associou a microalbuminúria com
DCV, seja com a presença ou não de
hipertensão ou diabetes61.
Considerações finais
As duas principais tentativas de
controle de dislipidemias são a intervenção
no estilo de vida e o uso de fármacos que
modificam a concentração lipídica. As
modificações no estilo de vida são a primeira
linha de intervenção em indivíduos com
risco de desenvolver DCV. Indivíduos que
respondem fracamente a intervenções no
etilo de vida e aqueles com alto risco de
desenvolver aterosclerose em curto prazo são
sérios candidatos para o uso de fármacos
terapêuticos62.
A Associação de Cardiologia
Americana recomendou uma dieta alimentar
para manutenção do peso corpóreo
apropriado, com a eliminação de itens
específicos da dieta. Estas diretrizes para
dieta exibem metas para um modelo de
alimentação saudável; peso corpóreo
apropriado, pressão sanguínea e perfil
desejável de COL e lipoproteínas.
Restringindo calorias; limitando a ingestão
de comidas ricas em gorduras saturadas e
COL; substituindo estes por grãos e gorduras
insaturadas provenientes de vegetais, peixes,
legumes e nozes; além é claro da limitação
no uso de sal e na ingestão de álcool. Uma
dieta com ênfase nas frutas, verduras e
laticínios com pouca gordura ou sem gordura
62,63
.
O conhecimento quanto às causas de
doenças coronarianas e ateroscleróticas é
vasto, porém incompleto. Havendo ainda
muito que aprender sobre o aparecimento de
fatores de risco e sua relação para
identificação e manejo de indivíduos de alto
risco e pacientes com a doença estabilizada.
Assim, a atenção evidente estabelecida por
fatores de risco é suficientemente forte para
justificar ações no nível médico e social.
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Diabetes. Am J Med 2002;112:603-609.
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Hipertriglyceridemic
42
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the
unappreciated
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filtration rate. N Engl J Med
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47. Clair LD, Ballantyne CM. Biological
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Enhancing
Cardiovascular Risk Prediction in Type
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Journal of Cardiology 2007;99:80-88.
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microalbuminuria and lipid profile in
patients with Non-Insulin Dependent
Diabetes Mellitus. Arquivo Brasileiro de
Cardiologia 1999;73:17-22.
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role of high-density lipoproteins in
atherosclerosis.
Exp
Gerontology
1999;34:539-548.
50. Seed M. The choice of hormone
replacement therapy or statin therapy in
the
treatment
of
hyperlipidemic
postmenopausal women. Atheroscler
Supplements 2002;3:53-63.
51. Carroll JF, Kyser CK. Exercise training
in obesity lowers blood pressure
independent of weight change. Med Sci
Sports Exerc 2002;34:596-601.
52. Thompson PD, Stephen C, Brett G,
David K, Niall M, Linda P. The acute
versus the chronic response to exercise.
Med Sci Sports Exerc 2001;33:438-445.
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and
metformin
therapy
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cardiovascular disease risk factors in the
diabetes prevention program. Diabetes
Care 2005;28:888-94.
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Walking
decreased
risk
of
cardiovascular disease mortality in older
adults with diabetes. Journal of Clinical
Epidemiology 2007;60:309-317.
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regional blood in the fetus: the origins
for cardiovascular disease? Acta
Paediatrica 2004;93:1559-1560.
56. Dietz WH. Breastfeeding may help
prevent childhood overweight. Jama
2001;285:2506-2507.
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in adulthood by breastfeeding? Lancet
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58. Jee SH, Suh I, Kim IS, Appel LJ.
Smoking
and
atherosclerotic
cardiovascular disease in women with
lower levels of serum cholesterol.
Atherosclerosis 2007;190:306-312.
59. Jennings JR, Kamarck TW, Everson AS,
Kaplan GA, Manuck SB, Saonen JT.
Exaggerated blood pressure responses
during mental stress are prospectively
related
to
enhanced
carotid
atherosclerosis in middle-aged Finnish
men. Circulation 2004;110:2198-2203.
60. Shankar A, Klein BEK, Nieto FJ, Klein
R. Association between serum uric acid
level and peripheral arterial disease.
Atherosclerosis, In Press, Corrected
Proof,
Available
online:
www.sciencedirect.com [2007 feb 1].
61. Cao JJ, Barzilay JJ, Peterson D, Manolio
TA, Psaty BM, Kuller L, et al. The
association of microalbuminuria with
clinical cardiovascular disease and
subclinical atheroslcerosis in the elderly:
The Cardiovascular Health Study.
Atherosclerosis 2006;187:372-377.
62. Gotto AM. Lipid management in
diabetic
patients:
lessons
from
prevention trials. The American Journal
of Medicine 2002;112:19-26.
63. Gotto
AM.
Management
of
dyslipidemia. The American Journal of
Medicine
2002;112:10-18.
43
Normas de Publicação
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008
NORMAS EDITORIAIS DA REVISTA CIÊNCIAS DA SAÚDE
1. Serão aceitos, no máximo 2 (dois)
artigos
originais por autor que,
destinados exclusivamente à Revista
Ciências da Saúde, serão submetidos à
avaliação e aprovação de uma
Consultoria Científica e Comissão
Editorial.
2. A Comissão Editorial assegura o
anonimato do(s) autor(es) no processo
de avaliação pela Consultoria Científica.
3. Um dos autores, pelo menos, deverá ser
assinante(s) da Revista Ciências da
Saúde.
Anexar
comprovante
de
assinatura.
4. Trabalhos apresentados em eventos
(congressos, simpósios, seminários...)
serão aceitos desde que não tenham sido
publicados integralmente em anais e
autorizados, por escrito, pela entidade
organizadora do evento, quando as
normas do mesmo assim o exigirem.
5. Excepcionalmente,
serão
aceitos
trabalhos já publicados em periódicos
estrangeiros, desde que autorizados pela
Comissão Editorial do periódico onde o
artigo
tenha
sido
originalmente
publicado.
6. A Consultoria Científica se reserva o
direito
de
sugerir
eventuais
modificações de estrutura ou conteúdo
do trabalho, que serão acordadas com os
autores. Não serão admitidos acréscimos
ou alterações após o envio para
composição editorial.
7. As opiniões emitidas nos trabalhos, bem
como a exatidão, adequação e
procedência das citações bibliográficas,
são de exclusiva responsabilidade dos
autores.
8. A revista classificará os textos
encaminhados de acordo com as
seguintes seções:
8.1
EDITORIAL
–
matéria
de
responsabilidade da Comissão Editorial da
Revista.
8.2
ARTIGOS
ORIGINAIS:
a)
PESQUISA – constará de relatos de
investigações científicas concluídas. b)
REVISÃO – abrangerá revisões de literatura
sobre temas específicos. c) RELATO DE
EXPERIÊNCIA/CASOS CLÍNICO –
incluirá descrições de atividades acadêmicas
assistenciais e de extensão. d) REFLEXÃO
– apresentará materiais de caráter opinativo
e/ou análise de questões que possam
contribuir para o aprofundamento de temas
relacionados à área a que se destina a revista.
8.3 OUTRAS SEÇÕES: a) ENTREVISTA
– espaço destinado a entrevistas de
autoridades / especialistas / pesquisadores. b)
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO
/
DISSERTAÇÕES
DE
MESTRADO
E
TESES
DE
DOUTORADO
–
RESUMOS
E
ABSTRACT c) PÁGINA DO LEITOR.
9. NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE
TRABALHOS
9.1 – FORMATO – O trabalho deverá ser
encaminhado em 02 (duas) vias. Na
digitação deverá ser utilizado espaço 1,5;
com margem esquerda 3 cm; margem direita
(superior e inferior) 2 cm; letra Times New
Roman, tamanho 12, observando a ortografia
oficial, editor Word For Windows. O título
deverá ser em caixa alta, negrito, espaço 1,5
simples e justificado. Os autores deverão
estar abaixo do título do artigo, em negrito,
espaço simples e em caixa baixa. O texto
deverá conter seus respectivos títulos, de
acordo com as características do trabalho
(ex. Artigo de pesquisa: Introdução,
Métodos, Resultados e Discussão, etc.),
formatados em caixa baixa, negrito. É
obrigatório o envio de disquete ou CD-ROM
na primeira etapa do trabalho.
9.2 – PADRÃO DE APRESENTAÇÃO –
a) ARTIGOS ORIGINAIS – redigidos de
acordo com as normas da Revista do CCS
devendo conter no máximo 15 laudas de
texto para artigos originais e 25 para revisões
44
Normas de Publicação
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008
e observar o que segue:  Título do artigo em
português (caixa alta) e inglês (caixa baixa) e
entre colchetes. Nome(s) completo(s) do(s)
autor(es). Em nota de roda pé a(s)
credencial(is) e local de atividade do(s)
autor(es) (espaço 1,5 cm), email para
correspondência.  Resumo indicativo em
português, de acordo com as normas da
Revista do CCS, com até 100 palavras, em
espaço 1,5.  Palavras-chave - palavras ou
expressões que identifiquem o artigo. Para
determinação das palavras-chave consultar
a lista de “Descritores em Ciências da Saúde
– DECS-LILACS”, elaborada pela BIREME
e/ou “Medical Subject Heading –
Comprehensive Medline”. Texto – incluindo
ilustrações (quadros, fotos, modelos, mapas,
desenhos, gravuras, esquemas, gráficos e
tabelas), com seus respectivos títulos e fontes
(quando houver). Exceto gráficos e tabelas,
todas as ilustrações deverão ser designadas
como figuras. As despesas com os fotolitos
de figuras somente coloridas serão de
responsabilidade dos autores  Abstract –
tradução do resumo em inglês, em espaço 1,5
cm.  Keywords – tradução das palavraschave para o inglês.
As referências (Normas de Vancouver) no
texto
deverão
ser
numeradas
consecutivamente de forma crescente e na
ordem que aparecem no texto pela primeira
vez, identificando assim os autores
SOMENTE
POR
NÚMEROS.
A
numeração, no texto, portanto deve ser em
ORDEM
CRESCENTE
e
SOBRESCRITO. NÃO LISTAR OS
NOMES DOS AUTORES NO TEXTO.
No setor de referências: (Normas de
Vancouver)
A
listagem
de
referências deverá seguir a mesma ORDEM
NUMÉRICACRESCENTE do texto. NÃO
COLOCAR OS AUTORES EM ORDEM
ALFABÉTICA.
 EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS
A) Artigos de revistas
1. Artigo padrão de revista:
Listar os primeiros seis autores seguido por
et al.
Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart
transplantation is associated with an
increased risk for pancreatobiliary disease.
Ann Intern Med 1996;124:980-3.
Mais do que seis autores:
Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer
E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Childhood-leukaemia in Europe after Chernobyl: 5 year
follow-up. Br J Cancer 1996;73:1006-12.
2. Organização como autor:
The Cardiac Society of Australia and New
Zealand. Clinical exercise stress testing.
Safety and performance guidelines. Med J
Aust 1996;164:282-4.
3. Sem menção de autor:
Cancer in South Africa [editorial]. S Afr
Med J 1994;84:15.
4. Volume com suplemento:
Shen HM, Zhang QF. Risk assessment of
nickel carcinogenicity and occupational lung
cancer. Environ Health Perspect 1994;102
Suppl 1:275-82.
5. Número com suplemento:
Payne DK, Sullivan MD, Massie MJ.
Women's psychological reactions to breast
cancer. Semin Oncol 1996;23(1 Suppl 2):8997.
6. Volume com parte:
Ozben T, Nacitarhan S, Tuncer N. Plasma
and urine sialic acid in non-insulin
dependent diabetes mellitus. Ann Clin
Biochem 1995;32(Pt 3):303-6.
7. Número com parte:
Poole GH, Mills SM. One hundred
consecutive cases of flap lacerations of the
leg in ageing patients. N Z Med J
1994;107(986 Pt 1):377-8.
8. Número sem menção de volume:
Turan I, Wredmark T, Fellander-Tsai L.
Arthroscopic ankle arthrodesis in rheumatoid
arthritis. Clin Orthop 1995;(320):110-4.
9. Sem menção de número nem de
volume:
45
Normas de Publicação
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008
Browell DA, Lennard TW. Immunologic
status of the cancer patient and the effects of
blood transfusion on antitumor responses.
Curr Opin Gen Surg 1993:325-33.
10. Paginação em numeração romana:
Fisher GA, Sikic BI. Drug resistance in
clinical
oncology
and
hematology.
Introduction. Hematol Oncol Clin North Am
1995 Apr;9(2):xi-xii.
11. Indicação do tipo de artigo, se
necessário:
Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in
Parkinson's
disease
[carta].
Lancet
1996;347:1337. Clement J, De Bock R.
Hematological complications of hantavirus
nephropathy (HVN) [resumo]. Kidney Int
1992;42:1285.
12. Artigo contendo retratação:
Garey CE, Schwarzman AL, Rise ML,
Seyfried TN. Ceruloplasmin gene defect
associated with epilepsy in EL mice
[retractação de Garey CE, Schwarzman AL,
Rise ML, Seyfried TN. In: Nat Genet
1994;6:426-31]. Nat Genet 1995;11:104.
13. Artigo retratado:
Liou GI, Wang M, Matragoon S. Precocious
IRBP gene expression during mouse
development
[retractado
em
Invest
Ophthalmol Vis Sci 1994;35:3127]. Invest
Ophthalmol Vis Sci 1994;35:1083-8.
14. Artigo com erratum publicado:
Hamlin JA, Kahn AM. Herniography in
symptomatic patients following inguinal
hernia repair [erratum publicado encontra-se
em West J Med 1995;162:278]. West J Med
1995;162:28-31.
B- Livros e outras monografias
1. Autor(es) individual:
Ringsven MK, Bond D. Gerontology and
leadership skills for nurses. 2nd ed. Albany
(NY): Delmar Publishers; 1996.
2. Editor(es), compilador, como autor:
Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental
health care for elderly people. New York:
Churchill Livingstone; 1996.
3. Organização como autor e editor:
Institute of Medicine (US). Looking at the
future
of
the
Medicaid
program.
Washington: The Institute; 1992.
4. Capítulo de um livro:
Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and
stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors.
Hypertension: pathophysiology, diagnosis,
and management. 2nd ed. New York: Raven
Press; 1995. p. 465-78.
5. Livro de atos de conferência, congresso,
encontro:
Kimura J, Shibasaki H, editors. Recent
advances in clinical neurophysiology.
Proceedings of the 10th International
Congress
of
EMG
and
Clinical
Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto,
Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996.
6. Comunicação em conferência:
Bengtsson S, Solheim BG. Enforcement of
data protection, privacy and security in
medical informatics. In: Lun KC, Degoulet
P, Piemme TE, Rienhoff O, editors.
MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World
Congress on Medical Informatics; 1992 Sep
6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam:
North-Holland; 1992. p. 1561-5.
7. Relatório técnico ou científico:
Publicado pela entidade financiadora ou
patrocinadora: Smith P, Golladay K.
Payment for durable medical equipment
billed during skilled nursing facility stays.
Final report. Dallas (TX): Dept. of Health
and Human Services (US), Office of
Evaluation and Inspections; 1994 Oct.
Report
No.:
HHSIGOEI69200860.
Publicado pela entidade executora: Field
MJ, Tranquada RE, Feasley JC, editors.
Health services research: work force and
educational issues. Washington: National
Academy Press; 1995. Contract No.:
AHCPR282942008. Sponsored by the
Agency for Health Care Policy and
Research.
8. Dissertação:
Kaplan SJ. Post-hospital home health care:
the elderly's access and utilization
[dissertação]. St. Louis (MO): Washington
Univ.; 1995.
46
Normas de Publicação
Revista Ciências da Saúde, Florianópolis, v. 27 n.2, p. 44-47, jul./dez. 2008
9. Patente:
Larsen CE, Trip R, Johnson CR, inventors;
Novoste Corporation, assignee. Methods for
procedures related to the electrophysiology
of the heart. US patent 5,529,067. 1995 Jun
25.
C).Outras publicações
1. Artigo de jornal:
Lee G. Hospitalizations tied to ozone
pollution: study estimates 50,000 admissions
annually. The Washington Post 1996 Jun
21;Sect. A:3 (col. 5).
2. Material audiovisual:
HIV+/AIDS: the facts and the future
[cassette video]. St. Louis (MO): MosbyYear Book; 1995
3. Texto legal:
Legislação publicada Preventive Health
Amendments of 1993, Pub. L. No. 103-183,
107 Stat. 2226 (Dec. 14, 1993). Legislação
não
promulgada:
Medical
Records
Confidentiality Act of 1995, S. 1360, 104th
Cong., 1st Sess. (1995). Code of Federal
Regulations: Informed Consent, 42 C.F.R.
Sect. 441.257 (1995). Audição: Increased
Drug Abuse: the Impact on the Nation's
Emergency Rooms: Hearings Before the
Subcomm. on Human Resources and
Intergovernmental Relations of the House
Comm. on Government Operations, 103rd
Cong., 1st Sess. (May 26, 1993).
4. Mapa:
North Carolina. Tuberculosis rates per
100,000 population, 1990 [demographic
map]. Raleigh: North Carolina Dept. of
Environment, Health, and Natural Resources,
Div. of Epidemiology; 1991.
5. Livro da Bíblia:
The Holy Bible. King James version. Grand
Rapids (MI): Zondervan Publishing House;
1995. Ruth 3:1-18.
6. Dicionário e referências semelhantes:
Stedman's medical dictionary. 26th ed.
Baltimore: Williams & Wilkins; 1995.
Apraxia; p. 119-20.
7. Texto clássico:
The Winter's Tale: act 5, scene 1, lines 1316. The complete works of William
Shakespeare. London: Rex; 1973.
B) Material não publicado
8. Aguardando publicação:
Leshner AI. Molecular mechanisms of
cocaine addiction. N Engl J Med. Em
publicação 1996. Material electrónico
C) Material eletrônico
9. Revista em formato eletrônico:
Morse SS. Factors in the emergence of
infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial
online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];
1(1):[24 ecrans]. Disponível em: URL:
http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm
10. Monografia em formato eletrônico:
CDI, clinical dermatology illustrated
[monografia em CD-ROM]. Reeves JRT,
Maibach H. CMEA Multimedia Group,
producers. 2nd ed . Version 2.0. San Diego:
CMEA; 1995.
11. Ficheiro de computador:
Hemodynamics III: the ups and downs of
hemodynamics [programa de computador].
Version 2.2. Orlando (FL): Computerized
Educational Systems; 1993.
10.O(s) autores deverão encaminhar o artigo
para análise acompanhado de uma carta com
os seguintes dizeres:
(Cidade, data)
À Comissão Editorial
Revista de Ciências da Saúde
Os autores abaixo assinados transferem come
exclusividade, os direitos de publicação, na
Revista de Ciências da Saúde do artigo
intitulado: (escrever título do artigo) e
garantem que o artigo é inédito e não está
sendo avaliado ou foi publicado por outro
periódico.
(incluir nome completo de todos os autores,
endereço postal, telefone, email, fax, e
assinaturas respectivas.
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