Os longos caminhos para a democracia

Transcrição

Os longos caminhos para a democracia
1 de janeiro Dia Mundial da Paz
Na sua Mensagem para o Dia Mundial da
Paz, o Papa Francisco alerta-nos para o
flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem. Apesar da escravatura
ter sido formalmente abolida do mundo,
ainda hoje milhões de pessoas – crianças,
homens e mulheres de todas as idades –
são privadas da liberdade e constrangidas
a viver em condições semelhantes às da
escravatura. p1
Ação Missionária
deseja aos seus leitores
um 2015 cheio de Paz
e de Fraternidade.
JANEIRO 2015
ano 74 nº 854
diretor Tony Neves
administrador Nuno Rodrigues
Congregação do Espírito Santo
www.espiritanos.pt
publicação mensal de formação e informação missionária
Os longos caminhos
para a democracia
ANGOLA D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo do Lubango e Presidente da Conferência Episcopal
de Angola e São Tomé, em entrevista ao jornal Ação Missionária, aponta desafios para a
Igreja e Sociedade do país.
campanhas de
solidariedade
Neste ano de 2015, a solidariedade Família Espiritana vai tentar responder
a dois projetos concretos,
em dois continentes: na
Amazónia, a convite do
P. Farias, vamos apoiar a
construção da residência
de uma paróquia do Tefé, e
em Moçambique, a convite
do P. Raul Viana, vamos
apoiar a construção de
uma nova residência e casa
de formação, na Beira. p9
jovens
comprometidos
Em Portugal e além-fronteiras, são muitos os que
aceitam o desafio de se
comprometerem na Igreja e
no mundo. No Ano da Vida
Consagrada, somos chamados também a escutar o
Senhor que continua a convidar para compromissos
mais definitivos e radicais.
p10
Oração pela Unidade dos Cristãos
“DÁ-ME
DE BEBER!”
(João 4,7)
Há 50 anos, no Decreto
‘Unitatis Redintegratio’
sobre o Ecumenismo, o
Concílio Vaticano II sublinhava que a oração é a alma
do Movimento Ecuménico e
conviadáva-nos à observância da Semana de Oração. A
tradição já tem mais de 100
anos: de 18 a 25 de Janeiro,
período entre as festas de
São Pedro e São Paulo, somos convidados, cada ano,
a rezar pela Unidade dos
Cristãos. O tema e o material
de oração deste ano partem
do diálogo de vida entre
Jesus e a mulher samaritana
(João 4, 1-41) e foram preparados pelas Igrejas presentes no Conselho Nacional
de Igrejas Cristãs do Brasil.
Em Portugal, a celebração
a nível nacional ocorrerá na
Sé de Setúbal, no dia 24 de
Janeiro. p4
Navegue connosco na internet
www.espiritanos.pt • Facebook: espiritanos.pt
2
JANEIRO2015
Refugiados no mundo
«A Igreja tem o dever de mostrar a todos o caminho da conversão, que induz a voltar
os olhos para o próximo, a ver no outro – seja ele quem for – um irmão e uma irmã em
humanidade, a reconhecer a sua dignidade intrínseca na verdade e na liberdade»
editorial
Tony Neves
Arminda Camati
em Angola
monsenhor joaquim carreira
D. António Barroso
José Campinho
Para recordar a memória de D.
António Barroso e celebrar o
160.º aniversário do seu nascimento, a associação dos «Amigos
de D. António Barroso» promoveu, no dia 8 do mês de novembro, uma sessão de homenagem
a este ilustre barcelense que foi
Missionário em três continentes
e insigne Bispo do Porto e também figura emblemática da Igreja portuguesa nos tempos difíceis
da Primeira República.
A cerimónia decorreu no auditório da Biblioteca Municipal
de Barcelos e foi presidida por
D. Abílio Ribas, que foi Missionário em Angola e Bispo de S.
Tomé e Príncipe, e teve como
orador o Prof. Doutor João Marques, da Universidade do Porto,
que dissertou sobre «A política colonial e a evangelização da
África Portuguesa nos finais de
séc. XIX: D. António Barroso e
o Comissário António Enes», relevando a herança missiológica
legada pelo homenageado, donde
é possível destacar vários temas
que ilustram a sua mentalidade
inovadora e que realçam algumas
virtudes humanas e cristãs que
fizeram dele um missionário modelo.
Olhando a história da Igreja missionária em Portugal, a
figura de D. António Barroso,
como missionário e missiólogo,
sobressai de entre os mais notáveis da história portuguesa, seja
nas primeiras e determinantes
aventuras do Congo, seja como
incansável Prelado de Moçambique, seja como resistente construtor da comunhão em Meliapor, porque a sua extraordinária
capacidade de associar o pensamento reflexivo ao trabalho
concreto que ia realizando se
traduziu numa enorme inovação
para a igreja missionária portuguesa, na época de charneira em
que viveu. De facto, ao defender
a revisão dos métodos do trabalho missionário, o planeamento
e a criação de missões em pontos estratégicos, a valorização
do clero autóctone, a formação
verso... e o reverso
Prof. Doutor João Francisco Marques
do pessoal missionário, a valorização da vida comunitária, a importância da Irmãs Missionárias
e dos Irmãos Leigos, do ensino
e da formação da juventude e a
importância da organização e
do trabalho na missionação, que
praticou sempre no respeito pelo
homem e pelos seus direitos,
com prudência, simplicidade e
honradez de caráter, deram-lhe
uma experiência evangelizadora,
que se viria a confirmar no Porto, para onde foi nomeado Bispo,
em 1899, cuja conduta haveria de
espiritano na casa do pai
Espiritanos em Portugal
Ir. António Gonçalves
António Moreira
Ir. António Gonçalves
(15-01-1927 — 01-12-2014)
O Ir. António Gonçalves nasceu
em 15 de janeiro de 1927, na Ribeira do Fárrio, concelho de Ourém.
Filho de Manuel Gonçalves e de
Luisa de Jesus, entrou na Congregação do Espírito Santo, em Braga, com 25 anos. Professou também no Fraião, em 9 de setembro
de 1954. Aí continuou até 1957.
A sua missão foi sempre em
Portugal, no apoio de retaguarda
aos missionários que partiam e
regressavam das Missões noutro
país.
A sua principal atividade foi
a de alfaiate que já exercia antes de ingressar na Congregação,
acumulando com o cuidado do
refeitório e, por vezes, mesmo da
cozinha. Isto em quase todas as
comunidades onde esteve colocado.
Assim, em 1957 trabalhou na
comunidade do Seminário da Silva, que era o noviciado dos seminaristas.
Em 1959, regressou ao seminário do Fraião para, no ano seguinte, ir para o Seminário da
Torre d’Aguilha.
Em 1979 foi colocado em Coimbra, na Animação Missionária.
ser sempre pautada pro critérios
de justiça, mesmo quando teve
de enfrentar Afonso Costa, o
ditador e perseguidor da Igreja,
pela mão de quem experimentou
as agruras do exílio, mas só depois de, pela bondade fraternal
e pela firmeza militante da sua
condução pastoral, ter conquistado o coração dos portuenses.
Morreu no Porto, em 31 de
agosto de 1918, com fama de santidade, depois de ter «saboreado
as glórias do Tabor e sobretudo o
fel do seu calvário»...
Esse mesmo serviço prestou durante algum tempo na comunidade de Benfica, em Lisboa, voltando para Coimbra em 1994.
Passou para a Comunidade da
Estrela (Lisboa) em 2004.
A saúde foi-se deteriorando e
o peso da idade começou a fazer-se sentir. Foi então que regressou ao Fraião, ao Lar Anima Una.
Tinha 86 anos.
Uma vida de serviço na humildade de quem está sempre
disponível nas mãos dos seus
superiores para trabalhar onde e
quando fosse necessário.
O Senhor veio buscá-lo para a
Sua Glória no dia 1 de dezembro.
A Ele pedimos a paz eterna para
o nosso Irmão.
Os funerais foram realizados
no dia 2. De manhã, na Capela
do Seminário do Fraião onde se
concentraram todas as comunidades do norte – Fraião, Viana,
Silva e Porto. De tarde, na Mata
do Fárrio (Ourém), com as comunidades do sul: Estrela (Lisboa), Mértola e Torre d’Aguilha.
Na homilia, o P. Tony Neves salientou a vida do Irmão António
totalmente entregue à Missão.
Depois da Eucaristia, foi a sepultar no jazigo de família em Freixianda, também do concelho de
Ourém.
A TURQUIA acolheu o Papa
Francisco. Ao abrir as portas, o
governo deste país de maioria
islâmica permitiu ao mundo
inteiro a escuta de palavras fortes
na contestação aos fundamentalismos que matam e semeiam o
pânico, sobretudo entre cristãos.
A Turquia não tem apoiado os
grupos islâmicos mais radicais e
tem acolhido muitos refugiados
idos das áreas em conflito. Francisco encontrou-se com numerosos refugiados a quem prometeu
todo o apoio da Igreja. A visita
papal permitiu ainda a aproximação entre o líder católico e o líder
ortodoxo, selado por um simbólico abraço.
Os REFUGIADOS constituem
uma nódoa na consciência da
humanidade. Resultam, sobretudo, de conflitos e outras
violações frontais dos direitos
humanos. O Presidente da Caritas Internacional, D. Óscar Maradiaga, cardeal das Honduras,
recordou o drama dos milhões
de refugiados. Cita os casos dramáticos da Síria, Iraque e Sudão
do Sul, países onde praticamente todos os dias famílias inteiras
são obrigadas a fugir, para escaparem à morte. D. Maradiaga
diz que a Cáritas cumpre a sua
missão de apoiar todos quantos
caíram nas periferias do mundo
e perderam tudo.
PAZ segundo o Papa Francisco. A
tradição mantém-se e o Papa publicou uma Mensagem para o Dia
Mundial da Paz. O tema escolhido
foi o ‘fenómeno abominável’ da
escravatura e do tráfico humano.
São muitas e bárbaras as formas
escolhidas para traficar. São milhões as vítimas. Francisco apela
a uma sensibilização de todos
contra o tráfico humano. E pede
que se ponham fim às guerras e
conflitos que dão ninho aos traficantes de todas as qualidades.
‘Já não escravos, mas irmãos’, é o
tema que condena a rejeição do
outro, os maus-tratos às pessoas,
a violação da dignidade e dos
direitos fundamentais, a institucionalização de desigualdades.
O VULCÃO NO FOGO, em Cabo
Verde, começou a vomitar lava
como já há muito não acontecia.
Primeiro viu-se o espetáculo das
televisões. Depois, com o agravar da situação e o alastrar das
correntes de fogo, foi necessária
a evacuação das povoações
afetadas ou em risco de serem
engolidas pela lava. Só por fim,
após constatação da catástrofe humanitária, começaram a
nascer ondas de solidariedade.
Muitas famílias ficaram despojadas dos seus bens, após fuga.
Bandidos saquearam casas e
campos. O vulcão mantém a sua
atividade, desgraçando a vida de
muita gente na Ilha do Fogo.
NA CASA DO PAI
Os Missionários do Espírito
Santo estão em Portugal
desde 1867. Hoje são cerca
de 120 membros, dos quais
35 trabalham em missão no
exterior do país.
Luís Filipe Carvalho Cruz
Durante este Ano da Vida
Consagrada, a partir do
próximo mês, queremos
apresentar-lhe cada uma das
11 comunidades
desta família
religiosa, quem
são e o que
fazem.
Paz à sua alma!
Madorna, Cascais
Um dos elementos fundadores do grupo da LIAM
- MADORNA, tendo desempenhado durante os
primeiros anos a função de presidente do grupo.
Maria Cândida Lopes R. Ferreira
N. 04-09-1917
F. 03-11-2014
S. Paio de Antas, Esposende
Primeira responsável do núcleo da LIAM da sua
paróquia e que muitas vezes acolheu em sua
casa o P. José Felício.
Paz à sua alma!
Maria Irene Gonçalves Patrão
N. 15-12-1924
F. 23-11-2014
Marinhas, Esposende
Dª Irene foi uma grande amiga das missões, quer
através da divulgação da imprensa missionária,
quer através da motivação de várias pessoas, e
até famílias, para a participação em campanhas
a favor das missões, na atribuição de bolsas de
estudo e no compromisso de custear as despesas totais de jovens seminaristas candidatos à
vida missionaria.
Paz à sua alma!
“Justo entre as nações”
VICTOR SILVA
MISSIONÁRIO EM TRÊS CONTINENTES
JOSÉ CAMPINHO
Indiferença, escravatura, tráfico,
corrupção. Mas também, e sobretudo, paz, liberdade, dignidade, compromisso, fraternidade.
São palavras ou ideias que estão
muito presentes na Mensagem do
Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz. Todas as suas baterias
estão apontadas contra o tráfico,
nas suas muitas e variadas expressões.
O flagelo da exploração do homem pelo homem é um fenómeno abominável e tem uma raiz: a
ideia de que as pessoas podem ser
tratadas como objetos, compradas
e vendidas, usadas e deitadas fora
quando já não atingem objetivos
traçados.
É verdade que a escravatura
foi abolida pelas leis dos Estados.
Mas continua a ser praticada pelo
trabalho infantil e forçado, pela
exploração sexual, pela prisão
sem julgamento e com maus tratos, pelo tráfico de órgãos, pelos
militares recrutados à força (alguns ainda crianças), pela utilização de pessoas para tráfico de
droga e armas, por grupos terroristas que fazem reféns, por redes
mafiosas que traficam pessoas sob
pretexto de emigração, etc.
A corrupção também merece
vivo repúdio e combate por parte
do Papa Francisco. Há gente que
para enriquecer está disposta a
tudo.
Sejamos humanos e tudo se
resolve. Não se pode permitir que
as pessoas sejam espezinhadas
nos seus direitos, que a sua dignidade seja calcada.
O Papa salienta o trabalho
arriscado e discreto de muitas
Congregações Religiosas e Instituições contra toda a espécie de
tráfico humano. Este compromisso em favor das pessoas ajuda a
globalizar a fraternidade e a construir um mundo de paz e justiça.
Na sua visita ao Parlamento
Europeu, o Papa Francisco já tinha alertado para os perigos de
uma cultura do descartável e do
consumismo exagerado. Contestava uma Europa fechada, egoísta
e medrosa. Lamentava o facto do
Mar mediterrâneo se ter transformado no maior cemitério da
Europa, pois ali morrem milhares
de pessoas que tentam cá chegar,
à procura de melhor sorte.
Alertou ainda os políticos para
as guerras e violências que matam por esse mundo fora, quantas
vezes perante o silêncio, a indiferença e até o conluio da Europa.
Condenou as políticas agrícolas
que deitam bens alimentares fora,
enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo. Finalmente,
pediu que a economia não matasse as pessoas, pois o melhor do
mundo não são as riquezas, mas
os seres humanos.
Ação Missionária deseja aos
seus leitores um 2015 cheio de Paz
e de Fraternidade. Tentaremos ser
a voz dos mais pobres e chamar
a atenção para o que se passa no
mundo, para que este seja cada
vez mais humano e fraterno.
Nos últimos 10 anos, o número de refugiados não pára de aumentar.
No final de 2013 eram cerca de 51,2 milhões,
o maior número desde a Segunda Guerra Mundial.
E o número não pára de aumentar.
Só da Síria, estima-se que sejam, no final de 2014, 4,1 milhões.
Papa Francisco - Mensagem para o Dia Mundial da Paz
TONY NEVES
Sim à Paz,
Não à escravatura!
3
JANEIRO2015
O Monsenhor Joaquim Carreira não deixou escrito qualquer “diário” sobre os tempos de guerra e perseguição em Roma.
O seu sobrinho, o espiritano P. João Mónico, oferece-nos, no seu livro, dados históricos importantes para compreender este
sacerdote de corpo inteiro.
João Mónico
Quem é este “justo entre as nações? Porquê?
Na verdade, não é habitual
ler, ouvir e ver textos com este
título. Por isso, e numa atitude de
memória e gratidão para quem
promoveu e concedeu esta nobre
distinção, deixo algumas palavras.
O “justo entre as nações” é
o nosso saudoso P. Dr. Joaquim
Carreira, nascido a 8 de Setembro, no lugar do Souto de Cima,
freguesia e Vila da Caranguejeira, concelho e diocese de Leiria.
Faleceu, em Roma, a 7 de Dezembro de 1981. Em 2001, os seus
restos mortais foram trasladados
para o cemitério da terra natal.
Em 1920, deu entrada no seminário de Leiria.
De 1926 a 1931, em Roma, na
Universidade Gregoriana, termina os seus estudos eclesiásticos.
Ordenado sacerdote, regressa a
Leiria, para ser professor no seminário. De 1931 a 1940, assume
ser capelão da Boavista, para
onde se deslocava na sua bicicleta, chovesse, ventasse ou fizesse
sol. Foram anos de laboriosa missão. Pelo seu carácter, talento, espiritualidade, dedicação pastoral
e social, deixou marcas profundas. Empreendedor e decidido,
ainda encontrou tempo para, em
1940, tirar o “Brevet” de piloto civil, em Alverca.
A pedido do seu Bispo, aceita voltar a Roma. Despediu-se
dos familiares e amigos, dizendo: “Para o que uma mãe criou
um filho”! “Confio na Mãe do
céu, Rainha da paz”! Corria o
ano de 1940. Iria assumir o cargo
de Reitor do Pontifício Colégio
Português. Roma estava a ferro e
fogo. Os soldados alemães, perseguiam os judeus e antifascistas.
De 1940 a 1943, viveu momentos
de martírio, de guerra, de morte,
de penúria, de medo e de “caça
ao homem”!
Sempre determinado a cumprir as orientações dos seus Superiores e o mandamento da caridade cristã, arriscou a própria
vida e a invasão da Instituição a
que presidia, acolhendo, no Colégio, quantos à sua porta batiam,
judeus e não judeus. Pela lista
que nos deixou, falamos de cinco
dezenas.
Era a “hora da caridade”!
Este pregão, vindo do Vaticano,
corria, de boca em boca, para os
Colégios, Institutos Religiosos,
Conventos de clausura e casas
particulares. Era urgente abrir as
portas e acolher os que fugiam de
uma guerra absurda, da perseguição injusta e de leis desumanas.
O Papa Pio XII e o Vaticano, colaboravam materialmente, sem
alarido.
O Reitor do Pontifício Colégio Português, P. Dr. Carreira,
aceitou e viveu a “hora da caridade”, acolhendo e alimentando
os refugiados. Magros eram os
recursos materiais. A segurança
era limitada. Criou esconderijos.
Distribuiu indumentária, apropriada ao momento. Deu instruções práticas e rigorosas para
salvar aquelas vidas, sempre ansiosas.
Porquê este título, “justo entre as nações”?
Em Jerusalém, há um departamento – Yad Vashem -, que analisa os casos das pessoas propostas
para este título que só pode ser
atribuído “à pessoa que esteve
envolvida directamente no resgate de judeus ameaçados de morte
ou de deportação para campos
da morte, arriscando a sua vida,
liberdade ou posição”.
Reunidos os documentos escritos, sobretudo cartas dos refugiados dirigidas ao Reitor do
Colégio, P. Dr. Joaquim Carreira,
bem como depoimentos orais, recolhidos e gravados pelo jornalista António Marujo, procedeu-se
ao envio do “Processo”, para Jerusalém, em 2013. Uma vez aceite
e estudado o “Processo”, o título
de “justo entre as nações”, foi-lhe
conferido em Setembro de 2014.
O testemunho do judeu italiano
Elio Cittone, que foi recebido
pelo Reitor do Colégio, ao tempo
com apenas 16 anos de idade, determinou a decisão final.
“Estamos contentes por poder
informar que o seu tio Joaquim
Carreira, foi admitido como “Justo entre as Nações” pela Comissão
encarregada de escolher o “justo”.
Entretanto, vamos enviar-lhe uma
carta protocolar”.
Esta informação, assinada
pela Sra. Dvora Weis, membro do
Departamento para a escolha do
“Justo”, chegou ao P. João Mónico, por email, a 9 de Dezembro
de 2014.
Assim, o P. Dr. J. Carreira, declarado “justo entre as nações”
pelo Yad Vashem, é o 4º Português, numa lista de mais de 25 mil
nomes estrangeiros. Os judeus
reconhecem-no “justo entre as
nações” pelo bem que fez. Os outros portugueses são: O Cônsul
Aristides Sousa Mendes, Carlos
Sampayo Garrido e José Brito
Mendes.
No livro sobre Mons. Carreira, escrito pelo seu sobrinho
P. João Carreira Mónico, há dados históricos, importantes para
compreender este sacerdote de
corpo inteiro que não nos deixou
qualquer “Diário” escrito sobre
este tempo e a vida, dentro e fora
do Colégio. Por humildade? Sim.
O tempo era de guerra, de censura, de vigilância e de desconfiança. Todo o cuidado e reserva era
pouco. Para ele, era “hora de caridade”: alimentar, proteger e salvar vidas ameaçadas; um imperativo sacerdotal e cristão. Preferiu
fazer o bem sem olhar a quem,
sem procurar o seu interesse e
tudo suportar, pois a caridade
nunca acabará (1 Cor. 13, 4-8). Vai
tu também e faz o mesmo (Lc. 10,
37).
Obrigado sincero.
4
SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
J. C. FERNANDES
NA CHINA foi libertado da
prisão o bispo de Yujiang, detido desde 30 de maio último.
Contudo, está proibido der
exercer o ministério episcopal. A prisão de D. John Peng
Weizhao ocorrera um mês
depois de ser nomeado bispo
pelo Vaticano. Pertence, pois,
à Igreja católica fiel a Roma.
Atualmente há vários bispos
e sacerdotes fiéis a Roma que
estão detidos.
Jorge Pina Cabral
Bispo da Igreja Lusitana
NA SÍRIA, nos primeiros nove
meses de 2014 houve pelo
menos 35 ataques a escolas
que causaram a morte a 105
crianças, segundo a ONU.
Outros países que se revelaram trágicos para as crianças
foram a República Centro-Africana, o Sudão do Sul, a
Ucrânia e a Palestina.
«‘Dá-me de beber!’
é um apelo que
quebra preconceitos
religiosos e culturais,
que abre ao diálogo
na diversidade e que
revela a importância
do acolhimento e
da partilha de dons
como expressão
da necessária
complementaridade
que deve existir,
entre cristãos e
Igrejas.»
NO IRAQUE milhares de cristãos participaram na vigília
e procissão da Imaculada
Conceição na noite de sábado, 6 de dezembro, na cidade
de Erbil. Esta cidade acolhe
muitos refugiados cristãos
vindos de Mossul e de outras
localidades atacadas por jihadistas. Na vigília os participantes puderam escutar uma
vídeo-mensagem de encorajamento enviada pelo papa
Francisco.
NA ÍNDIA, um movimento
radical hindu (Dharam Jagram
Samiti) lançou uma campanha de recolha de fundos
para apoiar a reconversão de
milhares de cristãos e muçulmanos ao hinduísmo. Os alvos
são famílias pobres, como
imigrantes provenientes do
Bangladesh, a quem é oferecida comida e dinheiro para se
tornarem hindus. Segundo a
agência Asianews neste Natal
o movimento pretendia que
4 mil famílias cristãs e 1000
muçulmanas se tornassem
hindus.
De 18 a 25 de Janeiro de 2015
terá lugar o tradicional Oitavário de Oração pela unidade dos
cristãos. O tema e o material de
oração foram este ano preparados pelas Igrejas presentes no
Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs do Brasil (CONIC) e
que são: Igreja Católica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil,
Igreja Presbiteriana Unida e
Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia. O CONIC tem como
missão trabalhar pela unidade
das Igrejas cristãs, acompanhando a realidade brasileira
e confrontando-a com o Evangelho e as exigências do Reino
de Deus. No meio de crescente
intolerância religiosa, o CONIC procura o diálogo entre as
Igrejas e outras religiões como
forma de reduzir o impacto do
fundamentalismo religioso.
É neste contexto social e religioso que se insere a escolha
do tema do oitavário sustentado no apelo feito por Jesus à
mulher samaritana: «Dá-me de
beber!» (João 4,7). Um apelo
que quebra preconceitos religiosos e culturais, que abre ao
diálogo na diversidade e que
revela a importância do acolhimento e da partilha de dons
como expressão da necessária
complementaridade que deve
existir, entre cristãos e Igrejas.
O rico e sugestivo diálogo
de vida entre Jesus e a mulher
samaritana (João 4, 1-41), será
então aprofundado diariamente ao longo do Oitavário tendo
por base os dois grandes símbolos presentes nesta narrativa
bíblica e que são; o caminho e
a água. Duas questões iniciais
ajudam também aprofundar
o sentido dos símbolos e das
celebrações propostas:qual é
o caminho da unidade, a rota
que devemos assumir, para que
o mundo possa beber da fonte
da água da vida, que é Jesus
Cristo? E ainda: qual é o caminho da unidade que mostra
o devido respeito pela nossa
diversidade? A caminhada de
unidade proposta para os oito
dias começa com uma proclamação, que conduz à denúncia,
à renúncia e ao testemunho
conjunto. A reflexão bíblica
que ajudará a este caminhar,
sustenta-se na Leitura Contextual da Bíblia muito presente
na América Latina e que promove uma abordagem do texto
bíblico que sendo académica
não deixa de ser popular procurando ter a vida quotidiana
como seu ponto de partida.
Deste modo, procura-se que o
texto bíblico ensine e transforme de forma a criar um testemunho da vontade de Deus no
contexto em que vivemos.
Como habitualmente, o material litúrgico editado, sem
desvirtuar a proposta original,
é adaptado para a realidade
Portuguesa, num trabalho conjunto do Conselho Português
de Igrejas Cristãs (COPIC)
e da Comissão Episcopal da
«Missão e Nova Evangelização» da Igreja Católica Romana. O material está editado em
livro que poderá ser solicitado
às Igrejas. Cabe agora às diferentes Igrejas e comunidades,
transpor este manancial litúrgico e bíblico, para a vida e
necessidades concretas da sociedade portuguesa. Se o souberem fazer em conjunto, mais
credível e transformador será
o seu testemunho.
Em Portugal, prevê-se a
realização de um conjunto diversificado de celebrações e de
encontros ao longo da semana
de oração. A celebração a nível
nacional, que contará com a
presença dos hierarcas das diferentes Igrejas, ocorrerá na Sé
Católica da cidade de Setúbal,
no dia 24 de Janeiro de 2015 pelas 16h00.
Publicação conjunta MissãoPress
“Uma injustiça e uma vergonha da humanidade”
Viagem, sol escaldante, cansaço,
sede… “Dá-me de beber!” É um
pedido de todo o ser humano!
Deus, que se fez humano em
Cristo e se esvazia para compartilhar a nossa humanidade (Fl 2,
6-7), é capaz de pedir à mulher
samaritana: “Dá-me de beber!”
(Jo 4,7). Ao mesmo tempo, esse
Deus que vem ao nosso encontro
oferece a água viva: “ A água que
eu lhe der se tornará uma fonte
que jorrará para a vida eterna.”
(Jo 4,14)
O encontro entre Jesus e a
mulher samaritana convida-nos
a experimentar água de um poço
diferente e também a oferecer
um pouco da nossa própria água.
Na diversidade, enriquecermonos uns aos outros. A Semana
de Oração pela Unidade dos
Cristãos é um momento privilegiado para oração, encontro
e diálogo. É uma oportunidade
para reconhecer a riqueza e o
valor que estão presentes no
outro, no diferente, e para pedir
a Deus o dom da unidade.
“Quem bebe desta água sempre volta” – diz um provérbio
brasileiro, utilizado quando
uma pessoa que nos visita vai
embora. Um copo refrescante de
água é um sinal de acolhimento,
diálogo e convivência. O gesto
bíblico de oferecer água a quem
chega (Mt 10,42), como forma
de acolhimento e partilha, é
algo que se repete em todas as
regiões do Brasil.
“Dá-me de beber” traz consigo
uma ação ética que reconhece a
necessidade que temos uns dos
outros na vivência da missão
da Igreja. É algo que nos impele
a mudar a nossa atitude, a nos
comprometer com a busca
da unidade no meio da nossa
diversidade, através da nossa
abertura para uma variedade de
formas de oração e espiritualidade cristã.
Subsídios para a Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos
Simon Ayogu
JUSTIÇA E PAZ
Q
uando caem os investimentos bancários e as
grandes empresas falham, achamos que a crise está a tomar conta de
nós. Mas se pessoas morrem de
fome, é como se não se passasse
nada. Subscrevendo as palavras
sábias do Papa Francisco, aproveito para afirmar que esta realidade, além de ser uma tragédia
maior do que a crise financeira,
é uma vergonha da humanidade.
Num mundo mais rico do
que nunca, é absolutamente
inaceitável que haja quem morra de fome. Sem menosprezar
o Programa Alimentar Mundial
que é, de resto, a maior agência
humanitária do mundo a operar
em 80 países e que consegue
pôr pão na mesa de cerca de 90
milhões de pessoas anualmente,
nem a Igreja Católica, que de variadíssimas formas se identifica
com a sorte dos pobres, consegue dar resposta a este problema. A verdade seja dita: há gente
que vai para cama esfomeada.
Lembro-me um dos álbuns musicais mais famosos de Michael
Jackson em parceria com Lionel
Richie, “We are the World”, lançado em 7 de Março 1985, que
vendeu milhões de cópias e que
arrecadou mais de 55 milhões de
dólares destinados a combater a
fome em África. Estes exemplos
e muitos outros levam a acreditar que o mundo está atento à
questão da fome, mas ainda há
muito para fazer, pois é de crer
ser possível acabar com a fome
antes que ela acabe connosco.
É verdade que o número dos
famintos tem vindo a diminuir,
mas hoje, cerca de 842 milhões
de pessoas no mundo não comem o suficiente para serem
saudáveis. Isso significa que uma
em cada oito pessoas na terra vai
para a cama com fome todas as
noites. (Fonte: FAO, 2013).
Se a fome fosse só um problema de alguns adultos que não
trabalham ou simplesmente um
castigo para indolência, talvez
isso nos poupasse a nossa responsabilização. Porém, um terço
das mortes geradas pela malnutrição é de crianças com menos
de cinco anos de idade, especialmente, nos países em desenvolvimento. Mais ainda, em muitos países em desenvolvimento,
uma em cada quatro crianças
sofre de atrofia, o que significa
que o seu crescimento físico, espiritual, moral e mental é prejudicado por causa da alimentação
inadequada.
Estes atrasos verificados no
desenvolvimento das crianças repercutem-se no desenvolvimento
do mundo, quer no presente, quer
no futuro. Enquanto houver uma
criança que passe fome, o mundo
não estará bem, pois, o que toca
às crianças toca a todos.
É de realçar que este não é
um problema exclusivo de África subsaariana e de partes da
Ásia, mas tão só o espaço onde
esta realidade é mais evidente.
Trata-se, portanto, de um problema mundial dado que, mesmo nos países poderosíssimos,
há gente que passa fome.
Fome e carência nunca são
inevitáveis, mas geralmente resultam das políticas dos governos.
Pergunto-me, será isso uma
irresponsabilidade total, dependência escusável e falta de fibra
moral ou pessoas a tornarem vítimas de uma realidade económica
brutal em que os lucros exagerados vêm antes das pessoas?
Soluções das Palavras Cruzadas
Horizontais: 1. Malefícios; Além. 2. Alamar; Miam; Asa. 3. Cábula; Irras;
Tc. 4. Arola; Atonia; Ré. 5. Cera; Afa; Ás; Gel. 6. Os; Árido; Rola. 7. Rim;
Moradoras. 8. Punas; Salutar. 9. Poiares; Lúcidas. 10. Sentirem; Danosa.
11. Soneca; Adas. 12. Cu; Sana; Usos; La. 13. Ova; Sarar; cor. 14. Sais;
Recapacita. 15. Esses; Saloiadas.
Verticais: 1. Macacos; Psicose. 2. Alares; Põe; Uvas. 3. Labor; Ruins; Ais.
4. Emula; Inatos; Se. 5. Fala; Amarinas. 6. Ira; Ar; Serenar. 7. Afim; Secares.
8. Imitados; Má; Aca. 9. Oiro; Oral; Ural. 10. Sarna; Aludas; Pó. 11. Mais;
Ducado; Aí. 12. Sã; Rotinas; Cá. 13. Lá; Gorados; Cid. 14. Estrelaras; Lota.
15. Macelas; Safaras.
A Paz é «coisa» de irmãos...
não de escravos
«Se queremos um mundo de paz e de justiça
há que pôr decididamente a inteligência ao
serviço do amor.»
Antoine de Saint-Exupery
Fátima Monteiro
eSPIRITUALIDADE(S)
A história da Igreja está repleta
de papas guerreiros e inquisidores que nem sempre honraram o
legado cristão da procura da paz
num mundo atravessado pela violência e amante de guerras.
Hoje, Francisco, um Papa que
está a voltar às origens do cristianismo primitivo e solidário, capaz
de respeitar o facto de se poder
ser diferente sem necessidade de
sentir-se inimigos, devolve com
os seus gestos a construção da
paz e conciliação que tantas vezes
a Igreja, ao mundanizar-se, foi esquecendo pelo caminho.
Na sua Mensagem para o quadragésimo oitavo Dia Mundial da
Paz, revela mais uma vez por que
é considerado um forte candidato
ao Prémio Nobel da Paz.
Mais uma vez, não parecendo
de todo um homem da política,
ele põe o assento nas políticas do
trabalho, como chave para a construção de um mundo mais justo…
logo mais pacífico!
Assim, o Papa considera que as
“escassas” oportunidades de trabalho são a grande causa para esta
aparição desenfreada de novas formas de escravidão moderna.
Por outro lado, as empresas
deveriam oferecer, segundo Francisco, aos seus colaboradores
“condições de trabalho dignas
e salários adequados” e critica
como forma de opressão moderna
“a corrupção daqueles que estão
dispostos a fazer qualquer coisa
para enriquecer”.
Embora não seja propriamente
novidade, nem mesmo nos documentos da Igreja, o Papa volta a realçar como causa da “escravatura
moderna” a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão combinadas com a falta generalizada de
acesso à educação ou “com uma
realidade caracterizada pela escassez, para não dizer inexistentes,
oportunidades de trabalho”.
Mais uma vez aproveita a
oportunidade para mostrar a sua
indignação pela forma como são
tratados os imigrantes “que, na
sua dramática viagem, sofrem a
fome, vêem-se privados de liber-
dade, despojados dos seus bens
ou até mesmo daqueles de quem
se abusa física e sexualmente”.
Imigrantes que “depois de uma
viagem duríssima e com medo
e insegurança, são detidos em
condições inumanas e se veem
obrigados à clandestinidade por
diferentes motivos sociais, políticos e económicos ou, com a finalidade de se manterem dentro da
lei, aceitam viver e trabalhar em
condições inadmissíveis”.
É extenso o rol de inumanidades que esta Humanidade comete e que com desassombro o
Papa elenca. Será fácil ao leitor
(da Mensagem Papal) imaginar o
coração deste homem que se vem
dando a conhecer pela sua humanidade divinizante que não deixa
indiferente crentes ou não crentes
(e dos crentes, não importa muito
a religião), uma das suas marcas
é precisamente crer no diálogo e
no respeito pelos diferentes, começando por aceitar como irmãs
todas as confissões religiosas.
Com esta mensagem, este
Papa continua a demarcar-se dos
seus antecessores. Não são assim
tão poucos os cristãos que criticam a dimensão política da Igreja
e do papado alegando que a Igreja
“não deve meter-se na política”. É
certo que muitos papas assemelharam-se mais a chefes de Estado
que a representantes do apóstolo
Pedro, que morreu perseguido
pelo poder romano.
Francisco, no seu ainda breve mas rico pontificado, está a
esforçar-se por purificar a Igreja
dos seus pecados de indevidas
ingerências políticas, geralmente
a favor dos ditadores, ao mesmo
tempo que lhe devolve o seu verdadeiro valor.
Foi ele que recordou que o ser
humano é um “animal político” e
que por isso também os cristãos
devem ocupar o seu lugar neste
vasto campo de ação. É como que
admitir que não é possível separar
o corpo da alma quando se quer
lutar por uma sociedade mais justa… logo mais cimentada e movida por gestos de Paz.
Brasil Espiritanos abrem nova comunidade em São Paulo
J. C. FERNANDES
NO BANGLADESH foi inaugurada a primeira Universidade
Católica do país. Os primeiros
cursos são Inglês, Economia,
Direito, Filosofia e Gestão. A
nova universidade, situada na
capital Daca, é dirigida pelos
missionários da Santa Cruz,
que já dirigem desde 1949
um dos melhores colégios do
país.
A fome hoje
«Dá-me de beber!» (João 4,7)
NA MONGÓLIA foi ordenado o primeiro diácono do
país. A ordenação ocorreu na
Coreia do Sul, onde o jovem
frequentou o seminário. O
cristianismo foi introduzido
na Mongólia pela primeira
vez no século 13, durante o
império mongol, mas desapareceu cem anos depois. Nova
tentativa de evangelização
inicia-se no século 19 para
desaparecer com o regime
comunista. Recomeçou em
1991, após a queda do regime
e a introdução da democracia.
Atualmente há no país cerca
de mil católicos.
5
JANEIRO2015
Bispo Jorge Pina Cabral com os jovens no XVI Fórum Ecuménico Jovem, em Coimbra.
Lucas Duarte. No dia 8 de Dezembro, os Missionários Espiritanos
que trabalham em São Paulo reuniram-se no bairro de Vila Prudente,
na Zona Leste, para inaugurar mais uma comunidade espiritana na
cidade. Formada por Assis Tavares (Cabo Verde), Geraldo McNamara
(Irlanda) e Michael Foody (Irlanda), a comunidade está dedicada ao
serviço dos mais pobres seja nas favelas da região, nas prisões ou com
os migrantes.
Na Eucaristia presidida pelo superior do Grupo Sudeste, Jorge Boran, ele sublinhou que assim como a espera pelo Natal de Jesus é a
continuação do sonho num projeto de libertação, a realização desta
inauguração também. Sonho que começou na década de 1970 com
a chegada de Patrck Clarcke, que no próximo ano completa 50 anos
como padre, e seu envolvimento nas favelas da Zona Leste de São
Paulo. Depois de mais de trinta anos dedicado a esta população o
grupo tomou a decisão de não deixar este sonho morrer.
assim
sim
Afonso Cunha
CANTE ALENTEJANO
Alentejo põe Portugal a cantar
vitória. O “cante” é Património
Cultural Imaterial da Humanidade. Em Paris foi realizada a
eleição e o galarão vai motivar
os cantadores.
POUPANÇA
A crise levou os portugueses a
poupar muito mais. Os depósitos continuam a ser o instrumento de poupança preferido e
os certificados de aforro.
FINANÇAS
O Governo vai lançar o Mapa
do Cidadão para pôr a Administração Pública à distância de
um clique. O objetivo é evitar
as longas filas de espera e de
deslocações.
10 MILHÕES DE ESTRELAS
A campanha de Natal da Cáritas
reverteu para apoio às famílias
carenciadas e para ajudar as
vítimas da guerra da Síria. Uma
oportunidade de partilha e solidariedade.
CIDADE DO PORTO
O Porto foi eleito “Melhor Destino Europeu 2014”, entre outras
19 cidades a concurso. É a primeira cidade europeia a vencer
por duas vezes o concurso.
assim não
CASAMENTO FALSO
Em quatro anos, passou-se de
80 para 200 casamentos falsos.
Jovens com pouco mais de 20
anos, de famílias pobres, casam
com homens da Índia e do
Paquistão.
EXPLORAÇÂO
Restaurantes aproveitam as peregrinações a Fátima para subir
preços aos peregrinos. Há quem
tenha pago seis euros por uma
sopa e um sumo e 60 cêntimos
por um pão.
DEMOGRAFIA
Há 74 divórcios por cada 100
uniões. Portugal é o país da EU,
a seguir à Letónia, com mais
separações. No número médio
de filhos, ocupa o último lugr
dos 28 países europeus.
RTP
Os contratos para decorar cada
um dos 30 carros custaram 33
mil euros. Gastou em média 1111
euros para identificar os veículos da sua frota com o logótipo
da empresa.
JUNIOR BRANDINI
breves
JANEIRO2015
FAMÍLIA
Metade dos agregados familiares não tem filhos. Casamento
perde importância para as
uniões de facto, que quadruplicam em duas décadas.
6
JANEIRO2015
7
JANEIRO2015
Entrevista a D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo do Lubango e Presidente da CEAST
para dizer que as relações pode-se dizer que são boas, na medida
em que o Estado procura olhar
também para as infraestruturas
da Igreja destruídas durante a
guerra, mas, do lado da liberdade de expressão, liberdade de
imprensa, eu acho que ainda temos muito a fazer. Recordo ainda a obra da Basílica da Muxima,
que pela segunda vez, cinco anos
depois, o Sr. Presidente da República voltou a apresentar ao Papa
Francisco, depois de ter apresentado ao Papa Bento XVI… é um
bocado estranha esta espera, mas
pensamos que, desta vez, ela vai
mesmo aparecer. Este é um santuário muito importante para o
nosso país. Ganha cada vez mais
devotos, de ano para ano, e é significativo. Tem mesmo um carácter nacional.
Há ainda a considerar que
aquele acordo geral entre a Santa Sé e o Estado Angolano está
ainda por assinar, não sei bem
porquê… mas de qualquer modo
tudo acabará por melhorar mais
a nossa relação com o Estado.
2. A Igreja, a cuja conferência
episcopal preside, como tem
enfrentado os tempos do pós-guerra civil?
Às vezes é muito mais fácil em
tempo de guerra porque as vidas
obrigam-nos a uma maior comunhão, a muita maior entreajuda.
Em tempo de paz, a pastoral é
sempre um pouco mais delicada,
pois devemos apostar nos aspetos mais virados para o desenvolvimento e para uma pastoral
direta. A CEAST, ultimamente,
com a escolha de triénios pastorais tem demarcado uma orientação para a pastoral na Igreja de
Angola. Tivemos um triénio que
foi dedicado mais às questões de
fé. Tivemos um triénio dedicado
à família (“Família e matrimónio”, “Família e reconciliação” e
“Família e Cultura”) e agora
estamos neste outro triénio
que é todo virado para a
nova evangelização (o
primeiro ano incidiu
mais sobre os agentes
de pastoral, missionários
enraizados
em Cristo; este
ano de 2015 será dedicado ao leigo, ao laicado – reavivar a fé dos
leigos; para, o terceiro ano, 2016,
teremos as atenções mais viradas para a comunidade local, ou
a paróquia – a paróquia enquanto centro de evangelização. Em
período de paz, a nossa atenção
é mais fazer com que as mazelas
do período da guerra sejam colmatadas e fazer também com que
a evangelização em profundidade aconteça mais.
3. O mundo dos media continua desafiante. Que meios
de comunicação social tem a
Igreja ao seu dispor e utilizado para a difusão dos valores
evangélicos?
A missa dominical é transmitida pela televisão estatal, assim
como alguns acontecimentos de
Igreja muito importantes para o
país. Mas o meio principal de que
a Igreja em Angola se serve é a rádio, a Rádio Ecclesia que, por sinal, funciona apenas em Luanda,
onde tem transformado um pouco o ambiente, tem criado espaços sobretudo nos debates, também na denúncia das situações
e – porque não dizer? – também
na formação. É verdadeiramente
uma pena que nós não possamos
ter esta rádio estendida por todo
o país, até porque o Sr. Presidente
da República insiste sempre em
dizer que a Igreja tem de ajudar o
país no que chama o resgate dos
valores, os valores morais. É uma
boa ideia, mas, se nos corta as
asas, naturalmente esta ideia não
passa disso mesmo, uma ideia,
uma boa ideia, uma boa intenção,
mas que não poderemos concretizar! Além disso, nós temos dificuldade em utilizar a informação
escrita porque a maior parte do
nosso povo não lê. E os jovens
que sabem ler não têm hábitos
de leitura… preferem passar tempo na internet. A rádio será
uma grande solução
para aquilo que nós
nos
propusemos,
que é a evangelização.
«Sem os consagrados
a Igreja em Angola
não seria o que é»
4. Angola encheu-se de imigrantes idos de Portugal, do
Brasil, da China, dos países
vizinhos…que presença consegue manter a Igreja junto
destas comunidades estrangeiras?
Temos uma grande presença de
portugueses e de brasileiros, vindos de países cristãos, mas muito
afastados da Igreja. Dou-lhe um
exemplo: no Lubango, eu encarreguei aos missionários claretianos
a coordenação da pastoral junto
dos imigrantes, especialmente os
portugueses. Não tem sido fácil.
Os emigrantes estão mais ligados ao trabalho das empresas do
que à prática cristã. Nós colocamos, por exemplo, na cidade do
Lubango, três missas ao sábado
à tarde… à tardinha. Na Sé ainda
conseguimos ter lá algumas pessoas. Quase não aparecem. Recordo-me que, quando o cônsul
visitou o Lubango, eu dei-lhe essa
informação de que os Portugueses que estão na cidade poderiam
facilmente encontrar-se com os
padres claretianos que estão na
Imaculada, logo aí à entrada da
cidade... A nível de Angola, há
ano e meio, falamos com os salesianos sobretudo para a pastoral
com os chineses, os vietnamitas
e outros asiáticos. De facto, veio
um sacerdote enviado pelo conselho geral dos salesianos. Ele
esteve em Angola e foi visitar algumas empresas e encontrou-se
com certas pessoas, mas o que
ele nos disse no fim: havia muito
receio de serem vigiados. Mas no
bispado do Lubango, apareciam
uns seis ou sete casais vietnamitas. Com os imigrantes do Brasil
a coisa é mais fácil até porque
temos muitos missionários brasileiros. E aí os compatriotas conseguem juntar-se.
Estamos a tentar implementar
a pastoral da migração. É uma comissão que se fortalece com vários tipos de pastoral: a pastoral
do mar, a pastoral de estrada, e
também dos aeroportos – já pedimos às autoridades que tenhamos nos aeroportos um espaço
para rezar.
5. Estamos em pleno ano
da Vida Consagrada. Qual o
papel que os Consagrados/as
desempenham na Igreja e na
sociedade angolana?
Desde a primeira hora, a Igreja de
Angola, sem os consagrados, não
seria o que é. Os missionários
que mais se destacaram na criação da igreja de Angola são todos
membros de institutos religiosos:
Capuchinhos, Espiritanos, Beneditinos. Isso do lado masculino.
Mas, do lado feminino, ainda
mais. Hoje, a pastoral é assegurada principalmente pela presença
das pessoas de vida consagrada
cujos carismas cobrem um grande leque de aspectos da nossa
missão: educação, saúde, formação profissional, evangelização
direta. Temos também a presença de Institutos de Vida Contemplativa, com bastantes vocações.
Portanto, nós não podemos
falar da missão em Angola sem a
vida consagrada. Não temos hipótese. Eu, por exemplo, no Lubango, tenho 17 noviciados, três
masculinos e 14 femininos. E tenho 11 postulantados, todos femininos. Falar da missão em Angola
e pôr de lado a vida consagrada é
o mesmo que dizer nada. Significaria dizer que realmente tudo
cairia. Foi assim no passado, é
assim no presente e, pelo andar
da carruagem, vai continuar a ser
assim. Portanto, o ano da vida
consagrada será vivido muito
fortemente.
6. A Igreja em Angola prepara-se para a celebração dos 150
anos da chegada dos Espiritanos. Que significado tem este
jubileu e como vão celebrar
tal evento?
Para já, nós temos previsto o primeiro congresso eucarístico nacional em 2016. Os Espiritanos,
para a chamada segunda evangelização de Angola, são incontornáveis. Deram um impulso muito
grande... este carisma virado sobretudo para os mais pobres, para
os mais marginalizados, para os
mais injustiçados, para os menos
lembrados... tudo isso acabou por
ter uma influência muito grande
na ação missionária, na escolha
das missões, lá para o interior, lá
para as zonas onde dificilmente
a gente tem acesso, e acabou, de
certa forma, por levar Angola a
dar um pulo em termos de evangelização. Os bispos decidiram
então viver estes ano, marcando-o com o primeiro congresso
eucarístico nacional, a realizar
no Huambo. Também estamos a
estudar com os Espiritanos a melhor forma de podermos viver esses 150 anos. A última assembleia
plenária da CEAST referiu-se a
esta preparação. É uma celebração conjunta. Os Missionários
do Espírito Santo estiveram presentes em todo o país, do norte
ao sul, de Cabinda ao Kunene,
deixando as sementes cujos frutos estamos a recolher. Há também outras Congregações que se
preparam para celebrar, ou 50 ou
25 ou 75 anos da sua presença. E
acho que é bom que assinalemos
isso com muita força.
Carta para Deus
TONY NEVES
Angola mudou.
As armas calaram-se
e pode-se finalmente
construir o desenvolvimento e a democracia.
O caminho pela frente é
ainda longo.
Preparando-se para
celebrar o 150º aniversário da chamada
“segunda fase da evangelização”, onde os
espiritanos e outros
religiosos assumiram
um papel importante,
a Igreja de Angola quer
responder aos novos
desafios que este diferente contexto social
coloca. Fiel à sua missão, procura usar os
meios ao seu alcance
para fazer chegar os
valores do Evangelho
a todos, sobretudo as
famílias e os jovens, e
ser um membro ativo
na construção de uma
sociedade mais humana,
justa e fraterna.
1. Angola 2015. Treze anos depois do cessar fogo, quais são
as alegrias e as preocupações
dos angolanos?
As alegrias estão mais na linha de
um cessar-fogo que se mantém,
apesar de algumas tensões especialmente aquelas que vivemos
no ano 2013, quando houve manifestações que foram canceladas e
também duas ou três mortes que
não foram bem explicadas. Apesar de tudo isso, não se dispara
mais no país. Esta é a primeira
coisa positiva. Em segundo lugar,
do ponto de vista de estruturas
físicas no quadro da reconstrução do país, tem havido um avanço muito grande. As chamadas
novas centralidades, as vias, estradas, pontes… temos cada vez
mais estradas asfaltadas, o que
ajuda ao progresso. Quando à
vida política, reconheço que ainda há um caminho muito longo
a percorrer no que diz respeito
à democracia. De facto, o país é
considerado um dos que optaram pelo sistema democrático,
mas ainda se vêem ressaibos de
choques entre pessoas de partidos diferentes, entre o MPLA e a
UNITA e, ultimamente, também
a CASA-CE. São os três principais partidos que o país tem,
neste momento, e há dificuldade em se implementar aquilo
que é a democracia real. Mas
isso também se compreende. E
penso que o importante mesmo
é que não se desista do sistema
e dos passos que se devem dar.
Do ponto de vista da Igreja, na
relação com o Estado, eu continuo sempre a dizer que as relações são boas, enquanto não se
faz guerra entre nós, mas deixam
ainda bastante a desejar no que
concerne ao respeito pelas liberdades: a liberdade de expressão,
a liberdade de imprensa… Estou
a referir-me, por exemplo, à Rádio Ecclesia que continua a não
se fazer ouvir no resto do país, e
a desculpa que é dada é uma desculpa que eu chamo esfarrapada,
porque entretanto surgiu a TV
Zimbo, surgiram várias rádios,
por exemplo a Rádio Mais, surgiram vários periódicos escritos e
a nossa Rádio Ecclesia é a única
que continua sem autorização. Só
provocações
Hugo Ventura
D. Gabriel Mbilingi, na Missão do Munhino - Lubango, com grupo de espiritanos
7. Quais as grandes opções
pastorais da Igreja católica
em Angola para os próximos
tempos?
A aposta vai para o grande tema
da evangelização da família. O
Evangelho da família. Porque nós
estamos a perceber que o tema
da família é um tema muito caro
aos angolanos, pois não sabemos
estar na sociedade sem a família.
O conceito de família alargada
diz tudo. Mas nós estamos a ver
que a família está sendo mais
atacada por novas ideologias que
destroem o conceito tradicional
e cristão de família.
E acabamos por ter um olhar
muito particular para a nossa
juventude que, por sinal, vai
abandonando a área rural e vai-se concentrando nas cidades,
com destaque para Luanda. Mui-
tos dos jovens muitos deles não
têm nenhuma educação, nenhum
ensino e, portanto, são presa fácil para todo o tipo de manipulações. Eu costumo dizer que os jovens não são o futuro. Os jovens
são o presente. E isso significa
dizer que, na nossa pastoral juvenil, deveremos estar um bocado
mais próximos desses jovens, sobretudo o jovem que nos dias de
hoje já tende a não se aproximar
da Igreja.
Queremos, como Igreja, trabalhar pelo bem do povo angolano, aprofundando as parecerias
que temos com o Estado, que
considera a Igreja como a sua
melhor parceira. Só que considerar-nos o maior e melhor parceiro e deixar-nos sem possibilidade de trabalhar ... acho que isso
não é muito bom.
TONY NEVES
Tony Neves
VICTOR SILVA
Na altura em que escrevo este artigo, o ritmo do mundo anda ao
som do Natal (mais o comercial
que o do nascimento do Menino)
e, como habitualmente, multiplicam-se as iniciativas solidárias
promovidas pelas mais várias
entidades com o fim de ajudar
determinada causa. Felizmente
estas iniciativas conseguem uma
adesão bastante elevada. Cito dois
exemplos dessa adesão em duas
iniciativas recentes: o já clássico
Banco Alimentar Contra a Fome
(recolheu 2 325 toneladas de alimentos no fim-de-semana de 29 e
30 de Novembro) e a novidade da
iniciativa Toca a Todos (angariou
entre 3 e 6 de Dezembro 410 mil
euros para aplicar em projetos
contra o pobreza infantil).
Indo mais fundo na análise
(e garrindo um pouco as cores)
é curioso observar as motivações
dos vários intervenientes destas
iniciativas e verificar como os
interesses nem sempre são os
mesmos, ao contrário do que inicialmente possa parecer. Temos
as organizações que têm as necessidades (tipicamente IPSSs ou
ONGs), os doadores (as pessoas)
e as entidades que se associam
à causa (tipicamente empresas).
As IPSSs/ONGs sentem as necessidades no seu trabalho diário
com as pessoas e tentam dar-lhes
visibilidade para poderem acudir, muitas vezes só conseguindo
“estancar a hemorragia” e não
resolver o problema de raíz que,
habitualmente, não é de fácil
resolução; os doadores sentem
empatia pela causa e sentem também alguma satisfação por poderem ajudar (às vezes a satisfação
pessoal acaba por ser superior ao
imperativo de fé/ético, tornando
a doação num ato onde o beneficiário já conta pouco); por fim temos as empresas que se associam
à causa onde, muitas vezes, o beneficiário da doação já não conta,
mas apenas procuram o ganho de
imagem que estar presentes lhes
trás. Aqui estamos a falar tipicamente dos Programas de Responsabilidade Social das empresas
que, muitas vezes, não são mais
do que uma maneira mais barata
(e “mais direta ao coração” como
gostam de dizer) de fazer publicidade de si mesmas.
Como corolário, os vários
problemas que originaram as
campanhas “existem” apenas
durante o tempo de duração das
ditas, caindo depois no esquecimento.
Com este (por parte de alguns) “mau uso” do imperativo
de fé/ético da solidariedade entre
os Homens, estamos a torná-la
num produto de consumo rápido,
esquecendo o seu real propósito.
Não sou contra as campanhas de
solidariedade, que infelizmente
necessitamos. Mas sou contra
que se usem as necessidades dos
outros para consumo próprio,
porque as motivações dos atos
também contam.
Os longos caminhos para a democracia
Cristo Rei do Lubango
Novo arcebispo de luanda
D. Filomeno Vieira Dias
J.C. FERNANDES
Solidariedade
«Os Missionários do Espírito Santo estiveram
presentes em todo o país, do norte ao sul, de Cabinda
ao Kunene, deixando as sementes cujos frutos
estamos a recolher.»
VICTOR SILVA
ritmos
do
mundo
Pedro Amorim
O Bispo de Cabinda foi nomeado Arcebispo de Luanda. Aqui
nasceu e para aqui foi nomeado
Bispo Auxiliar. Foi vice-reitor da
Universidade Católica de Angola.
Cabinda acolheu-o como Bispo e
agora está de regresso a Luanda.
Os Espiritanos em Portugal saúdam-no e desejam-lhe excelente
Missão. A sua simpatia e amizade
pela Família espiritana vêm de
longe. Em 2006, aceitou o convite para presidir à Peregrinação da
Família Espiritana a Fátima onde
elogiou o papel desempenhado
pelos Espiritanos na Evangelização de Angola. Desejamos um
fecundo apostolado por terras de
Luanda.
Querido Pai que estás no céu,
obrigado por mais um ano que
passa. Viva 2015!?
Na passagem de ano, entre
o convívio com família e pessoas amigas, não faltou a taça
de champanhe, as passas… e um
pedido! Para este ano trago no
meu coração, não um, mas dez
pedidos!? Peço desculpa pela
ousadia!
1 – Acabar com a miséria e
a fome; 2 – Educação básica de
qualidade para todos; 3 – Igualdade entre sexos e valorização
da mulher; 4 – Reduzir a mortalidade infantil; 5 – Melhorar
a saúde materna; 6 – Combater
o VIH/SIDA, malária e outras
doenças; 7 – Qualidade de vida
e respeito pelo meio ambiente; 8
– Criar uma parceria global pelo
desenvolvimento.
Sim, tenho de confessar, não
fui original. Copiei!? Estes são
os Objetivos de desenvolvimento do Milénio. Em Setembro de
2000, os 189 dirigentes mundiais
reunidos na Cimeira do Milénio
reafirmaram as suas obrigações
comuns para com todas as pessoas do mundo, especialmente
as mais vulneráveis. Comprometeram-se então a atingir um
conjunto de objectivos específicos, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, no que diz
respeito ao combate à pobreza
e ao desenvolvimento sustentável.
Assim, o outro pedido que
Te faço é o seguinte: Que estes
objectivos saiam de letras escritas para compromissos reais por
parte dos países envolvidos e de
todos nós cidadãos. Costuma-se
dizer: “De boas intenções está o
inferno cheio”!?
Dou-Te graças pelos homens
e mulheres de boa vontade,
que não olham a vida de forma
egoísta, mas que procuram pôr
em prática o teu testemunho:
“Eu vim para que tenham vida”.
Obrigado pelos consagrados e
consagradas, que envolvidos
pelo Teu amor, vivem no silêncio dos conventos, nas situações
mais difíceis, que constroem
comunidades e são consagrados
para a missão, onde quer que
seja, e de formas tão diferentes.
Este novo ano é, então mais
uma oportunidade para que eu
possa viver na doação e entrega
aos outros. Recordo-me de um
ditado popular: quem não vive
para servir, não serve para viver!?
Mas não eram 10 pedidos?
Sim.
Querido Pai que estás no
céu, o último pedido que te faço
é que continues a bater ao “coração”, de mais velhos e mais
novos. Que nada nos impeça
de escutar a tua voz, meditar na
Tua palavra e dizer sim ao teu
convite de amor: “Vem e segue-me”. Eis-me aqui, faça-se a tua
vontade!
8
JANEIRO2015
9
JANEIRO2015
Movimento Missionário de Professores
«‘Apostar’ nos docentes, para que, por sua vez,
façam crescer nos seus alunos a inquietação e ação
em prol do bem do outro e da humanidade.»
animação
missionária
Nuno Rodrigues
Cristãos de
cosmética
Hoje em dia a cosmética está
na moda. Em nome da beleza,
tudo se faz para parecermos,
não só bonitos, mas eternamente jovens. Acontece que, com o
passar dos anos, o realismo da
idade não se consegue esconder, muito menos disfarçar.
Numa das suas habituais homilias matutinas, o Papa Francisco, comentando o trecho do
Evangelho de Lucas (11, 37-41)
proposto pela liturgia do dia,
explicou a atitude de Jesus em
relação ao fariseu, escandalizado porque o Senhor não cumpre as abluções rituais antes
do almoço. E frisou que «Jesus
condena» de modo firme a segurança que os fariseus «tinham no cumprimento da lei»,
condena «esta espiritualidade
da cosmética».
«Jesus condena as pessoas de boas maneiras mas com
maus hábitos», porque uma
coisa é «parecer bom e bonito»,
outra é a verdade interior. Ao
mesmo tempo, não serve estar
vinculado exclusivamente à letra da lei, porque «a lei sozinha
não salva. Ela salva quando nos
leva às fontes da salvação». O
Papa Francisco exortou cada
um a fazer um «exame de consciência sobre como é a própria
fé».
Depois, o Pontífice contou
uma história — «uma vez ouvi
um idoso pregador de exercícios espirituais que dizia: “Mas,
como pode entrar o pecado na
alma? Ah, de modo simples! Pelos bolsos...”». Precisamente o
dinheiro é «a porta» pela qual
passa a corrupção do coração.
Assim compreende-se o motivo
pelo qual Jesus afirma: «Dai de
esmola tudo o que tendes dentro».
Quem dá esmola e manda
«tocar uma trombeta» para que
todos saibam, «não é cristão».
Esta atitude, afirmou Francisco,
é uma acção «farisaica, hipócrita».
Se o coração não mudar,
comentou o Papa, a aparência
nada conta. E concluiu: «Hoje
far-nos-á bem pensar como é
a nossa fé, a nossa vida cristã:
é uma vida de cosméticos, de
aparência ou é uma vida cristã
com uma fé activa na caridade?».
Infelizmente, hoje, temos
muitos cristãos que vivem para
o culto da imagem, para o parecer e dar nas vistas. E isto, por
vezes, até parece ser feito duma
forma muito inocente, mas lá no
fundo, há uma enorme fome de
afirmação e de ser o centro das
atenções.
Precisamos de deixar tudo
o que é aparência e vaidade e
manifestarmos uma humildade
característica dos simples e dos
pobres.
Tefé, Amazónia - Brasil
Residência Paroquial
Beira, Moçambique
Residência Missionária e Casa de Formação
Mais sobre o MOMIP em www.espiritanos.pt/momip
momip
Campanhas de
Docilidade ao Espírito
Emília Saramago
Professora, MOMIP
São muitos os que recordam
o Padre José Felício, como um
homem de forte ardor missionário, que canalizou toda a sua
energia para levar ao maior número de pessoas a sensibilização e amor à causa dos Missionários do Espírito Santo. E a sua
docilidade ao Espírito o conduziu a dar atenção à vertente da
Educação: aos professores, aos
alunos mestres.
Os Encontros de professores, momentos de encontro, de
formação cultural e espiritual, e
ainda de partilha, foram ao longo do tempo adaptando-se às
mudanças que foram surgindo,
acompanhados sempre por um
Assistente Espiritano, cada um
com o seu papel fundamental,
até que nasceu formalmente o
MOMIP, e que na altura teve
como “parteiro” o Padre Veríssimo Teles.
E a Chama da causa missionária através da especificidade
dos agentes da educação tem-se mantido ano após ano, umas
vezes com mais fulgor que outras… Mas sentimos que o vento do Espírito nos tem dado a
força, o ânimo e a alegria para
continuar fieis à nossa vocação
e missão de baptizados comprometidos com os mais pobres e
com a missão “ad gentes”, sobretudo nestes momentos mais
conturbados, em que “as crises”
(de valores, religiosos, sociais,
humanos, económicos…) teimam em perturbar o mundo.
O MOMIP como membro,
procura participar na vida da
família espiritana, fazendo também a divulgação da imprensa
missionária espiritana; e como
fruto da angariação de fundos
e partilha dos seus membros,
este ano os donativos do MOMIP distribuíram-se: pelo CEPAC (Centro Padre Alves Correia – Lisboa); pela Escola Padre
Moniz em Cabo Verde; ajuda à
construção da Casa Espiritana
de Formação para Rapazes em
Moçambique; e para Bolsas de
Estudo para dois dos atuais Seminaristas da congregação, em
Portugal.
Mantenhamo-nos unidos em
oração para continuar dóceis
ao Espírito, “apostando” nos
docentes para que por sua vez
façam crescer nos seus alunos a
inquietação e ação em prol do
bem do outro e da humanidade.
Quem sabe se por aí não surgem
novos Jovens sem Fronteiras,
mais Liamistas, Sacerdotes, Religiosos e Leigos Missionários…
Solidariedade
amazónia e moçambique
Campanhas da LIAM para 2015
Centro Vocacional e Seminário
da Praia (Cabo Verde)
Algarve Retiro da LIAM
No passado mês de Outubro, a LIAM do Algarve reuniu-se, na casa
de retiros da Diocese do Algarve, em S. Lourenço do Palmeiral, para
o seu retiro anual. Cerca de 35 liamistas responderam positivamente ao convite. Sob o tema “Cuidar de mim e dos outros”, o Pe. Nuno
Miguel, Assistente da LIAM do Algarve, procurou aprofundar a arte
de cuidar como qualitativo para a nossa acção pastoral e missionária. O Cuidar do Espírito é fundamental para que, como o Papa nos
pede, sejamos, Evangelizadores com Espírito.
Houve também momentos fortes de oração concretamente uma
Oração ao Espírito Santo e uma Lectio Divina. Terminámos com a
Eucaristia dominical e com o almoço.
Este retiro foi, mais uma oportunidade, de fortificar o nosso ser
para que possamos ser estes Evangelizadores que rezam e trabalham.
Magustos Missionários
LIAM Esposende 140,00€
Magusto de Braga
271,72€
LIAM Esposende
105,67€
LIAM Ribeirão
49,80€
Catequese de Beiriz
130,00€
LIAM Lamoso
200,00€
LIAM Caxinas
300,00€
Modesto Costa, Alvarelhos 10,00€
Rosa Campos, Alvarelhos 10,00€
Aires Ferreira, Alvarelhos
20,00€
LIAM Sintra
800,00€
LIAM Falagueira
50,00€
M. Azoia, Pousos
30,00€
LIAM Alfena
585,00€
LIAM Seixo de Mira
500,00€
LIAM Cacia
56,30€
LIAM Ventosa
106,74€
M. Isabel Santos,
Alqueidão da Serra
60,00€
Pároco Alqueidão da Serra 100,00€
LIAM Gondemaria
200,00€
LIAM Benedita
430,00€
Magusto-Torre da Aguilha 6.100,00€
LIAM Carvalhal Benfeito 301,35€
Fundo de
Solidariedade Espiritana
(Leite para as crianças de Angola)
LIAM Fão
250,00€
Casal José Pedro e Joana 80,00€
LIAM Barreiro
50,00€
LIAM Faro
500,00€
António Farias
Missionário na Amazónia, Brasil
Em Tefé, vou-me integrando
cada vez mais na vida pastoral. O
novo Bispo chegou e certamente
irá necessitar de uns bons meses
(talvez anos) para se sentir por
dentro de vida e da caminhada
desta igreja. Nos últimos tempos, alguns confrades deixaram
o Tefé. Diante da situação em
meados de Novembro terei que
assumir a paróquia confiada aos
espiritanos na periferia de Tefé,
a paróquia do Bom Jesus. De
modo precipitado, fora comprada uma casa para servir de casa
paroquial. Acontece que essa
casa não tem garagem e o que é
pior, é muito distante da Igreja
Paroquial. Perante essa situação, o grupo espiritano em Tefé,
achou bem comprar um terreno
para construir uma nova casa paroquial com algumas dependências. O terreno nas proximidades
da Igreja do Bom Jesus foi comprada e foi lavrada a escritura em
nome da Prelazia de Tefé, como
costuma acontecer. Quando
oportuno iremos vender a casa
que até agora serviu como casa
paroquial, onde viveram os dois
africanos, que jamais se entenderam e que regressaram ou vão
regressar aos seus países. O valor
da dita casa paroquial, talvez dê
para 1/4 do custo da construção
da nova casa. Gostaríamos de iniciar a construção no começo de
2015.
Depois deste preâmbulo, aqui
vai o meu, nosso pedido: uma ajuda à LIAM para a construção da
nova casa paroquial da Paróquia
do Bom Jesus, onde já trabalharam alguns confrades da Província de Portugal: Dom Teodoro,
P.es Andrade, Vitorino, Domingos
e agora este humilde servo. Se a
LIAM ajudasse com 25 mil euros,
o que corresponde a 1/4, ficaríamos muito agradecidos.
Raul Viana
Missionário em Moçambique
Nós, Missionários do Espírito
Santo, estamos comprometidos
há 18 anos com a Igreja moçambicana. O compromisso missionário efetivo com as forças locais
de uma Igreja dinâmica e jovem
permite-nos assumir novos desafios pastorais. Nesse sentido, erigimos uma Comunidade Missionária na Arquidiocese da Beira.
O trabalho missionário que
levamos a cabo está inserido na
Igreja local numa sociedade que
se depara com uma grande presença da comunidade muçulmana em constante crescimento. Os
sinais cristãos na vida das pessoas ainda persistem e queremos
com esta comunidade religiosa
dar-lhe maior evidência, solidificando-a.
Deste modo, a ereção desta
Comunidade religiosa situa-se
nas periferias da Cidade da Beira, num bairro habitacional com
bastantes sinais de pobreza, uma
realidade que se enquadra com o
nosso carisma espiritano. Nesse
mesmo contexto pretendemos
assumir um compromisso pastoral direto, trabalhando em Igreja
e promovendo o desenvolvimento integral de todo o Povo de
Deus, a partir dos dinamismos
próprios da Arquidiocese da Beira.
Fruto de uma reflexão profunda e ponderada, e de acordo
com uma situação real e crescente de jovens candidatos à vida
missionária espiritana, sentimos
a necessidade de construir uma
Casa de Formação Missionária
capaz de oferecer a estes jovens
candidatos uma boa e justa oportunidade de discernimento vocacional na fase de Postulantado.
Achamos também que esta opção
visa contribuir para o crescimento e solidificação da Igreja católica local em Moçambique.
Bolsas de Estudo
Etelvina Areias/LIAM
Guimarães250,00€
LIAM S. Pedro de Rates 250,00€
LIAM Faro
250,00€
LIAM Loulé
250,00€
MOMIP (CVE)
500,00€
Outros Projetos Missionários
Missões
LIAM S. Pedro de Rates
Arcos de Valdevez:
208,00€
Associação P. Himalaya, Paróquias
de Sta. Cristina, Cendufe e Miranda
600,00€
Paróquia da Portela
12,00€
LIAM Brandara
30,00€
Paróquia de Rio Frio
21,00€
Ponte de Lima:
LIAM Fontão
LIAM Corelhã
Liamista de Poiares
Viana do Castelo:
10,00€
100,00€
12,00€
Missão e Comunidade
LIAM Vila Mou
50,00€
LIAM Chafé
121,00€
Liamista de V. Nova de Anha21.40€
Escola P. Moniz, Cabo Verde
Fernanda André
80,00€
MOMIP1.000,00€
LIAM DE LEIRIA
Decorreu no passado dia 23 de
Outubro, na Capela do Caneiro – Ourém o magusto missionário da LIAM – Liga Intensificadora da Ação Missionária
da Diocese de Leiria-Fátima.
Estiveram presentes os vários
grupos da LIAM da Diocese e
dos JSF- Jovens Sem Fronteiras
bem como a comunidade local.
Iniciou-se com uma Eucaristia
bem missionária, presidida pelo
Pe. Nuno Miguel dos Missionários do Espírito Santo e onde o
ofertório solene reverteu para
o missionário, Pe. José Gaspar,
natural desta localidade, que
LIAM DO OESTE
actualmente trabalha na Amazónia – Brasil.
Seguiu-se um almoço partilhado e uma quermesse missionária em favor da Missão. A tarde foi ocupada com uma peça
de teatro sobre a comunidade
das ferramentas. Houve também espaço para a música com
a actuação do grupo de cantares
de Seiça. Terminou-se com as
tradicionais castanhas assadas.
Foi um verdadeiro momento
de Missão pois esta também se
faz de convívio e de confraternização.
No passado dia 30 de Novembro,
tivemos o magusto missionário
da LIAM do Oeste na Paróquia
da Atalaia – Lourinhã. Iniciámos
com a Eucaristia ás 11.00h com
toda a comunidade paroquial,
presidida pelo Pe. Nuno Rodrigues, Animador Missionário e
com a presença do Irmão Carmo.
Esta teve um toque missionário
com um ofertório solene.
De seguida houve um almoço
solidário para com as Missões
ondem aderiram mais de 250 pessoas da LIAM, familiares e amigos. Depois do almoço, e duma
pausa para o café, tivemos uma
tarde cultural bem animada. A
animação coube ao grupo ZS –
Grupo desportivo recreativo e
social de Zambujeira do Mar e
Serra do Calvo que nos deliciou
com cantares e músicas populares. Houve tempo ainda para uma
quermesse e leilão missionários
que renderam 1.550,00 euros em
favor dos projectos missionários.
As castanhas fizeram parte do
convívio, e a Alegria e confraternização eram visíveis nos rostos
das pessoas.
Parabéns à LIAM do Oeste
que sabiamente e com muita dedicação, organizou este dia.
P. Firmino, Amazónia
(Compra de barco)
LIAM Sintra
500,00€
Magusto-Torre da Aguilha 1.600,00€
Guiné-Bissau
LIAM Turcifal
223,50€
Magusto-Torre da Aguilha 1.600,00€
Ilha do Fogo, Cabo Verde
LIAM Carregado, Aldeia Gavinha
e Castanheira do Ribatejo 77,00€
Moçambique
MOMIP1.000,00€
LIAM Valença
260,00€
P. Márcio, Bolívia
LIAM Valença
260,00€
Agostinho Tavares
BEBER DA FONTE ESPIRITANA
E
m pouco tempo, o P. Tiago
Laval tinha levado a luz do
Evangelho a muitos corações em Port-Louis. Mas
urgia ir mais longe, sair
das fronteiras da capital e levar
essa luz aos quatro cantos da
ilha Maurícia. Mas dadas as dificuldades impostas pelo governo
britânico, não podia contar com
a ajuda de novos missionários.
Começou, por isso, por ampliar
a partilha da missão com leigos
comprometidos, que uma vez
formados, colocava à frente das
capelas que rápida e sucessivamente ergueu por toda a parte,
qual onda que, partindo da capital, chegou aos lugares mais re-
motos da ilha Maurícia. As cerca
de 40 capelas que construiu no
espaço de dois anos só foi possível graças à colaboração dos
cristãos mais fervorosos, homens
e mulheres, que catequizavam
e mobilizavam as comunidades
para o financiamento e ajuda na
edificação da sua capela.
Vários anos viveu o P. Laval
só, sem poder desfrutar da companhia de outros confrades. Mas
logo que lhe foi possível, Libermann enviou-lhe novos missionários, pois era seu desejo que a
missão fosse vivida em contexto
de comunidade fraterna. Efetivamente, a vinda de dois confrades,
permitiu acelerar ainda mais o
ritmo das conversões e ampliar
os horizontes da missão.
Durante vários anos, a missão
dos Negros não teve outro centro além de Port-Louis, do qual
todas as capelas dependiam diretamente. Mas a partir de 1848,
Tiago Laval encarrega o P. Thévaux do distrito de Rvière-Noire,
Tiago Laval
começou por
ampliar a
partilha da
missão com leigos
comprometidos
e o P. Lambert do distrito de Flacq. Os resultados não se fizeram
esperar, como atesta o próprio P.
Lambert: «O número de cristãos
aumenta de dia para dia. Por toda
a parte as pessoas mostram a melhor boa vontade do mundo e um
grande desejo de servir Deus».
Quando em 1849, o P. Le Vavasseur, na qualidade de provincial, visitou os seus confrades,
escreveu, admirado, ao superior
geral, o P. Libermann: «Estou
admirado diante de tal trabalho,
mas as bênçãos de Deus são de
tal modo prodigiosas que não
ouso parar nada e limito-me a
ordenar-lhes que usem todos os
meios compatíveis com o seu
trabalho para conservarem a saúde».
O apostolado destes zelosos
missionários acabou por transpor as fronteiras da missão dos
Negros. Em Setembro de 1850 o
P. Thévaux foi passar seis meses
na ilha Rodrigues, situada a 500
km a leste da ilha Maurícia.
10
JANEIRO2015
11
JANEIRO2015
Voluntariado Missionário
Mais de 1.500 portugueses envolveram-se,
em 2014, em ações de voluntariado missionário:
548 em missões internacionais
e 992 em ações dentro do país.
planeta
jovem
Andreia Montes
Costumamos ouvir um pouco
por todo o lado: “Ano novo,
vida nova”. Mas será mesmo
verdade?
Para a maioria de nós, jovens,” vida nova” é um termo
no qual não gastamos muito tempo a refletir. A vida
é demasiado nova em todos
os seus aspectos e, por esse
motivo, não há necessidade
de demarcar esse termo pelo
simples facto de o calendário
avançar umas páginas. Por
vezes, nem temos esse tempo
porque é tudo demasiado veloz.
Contudo, o Evangelho leva-nos todos os dias, independentemente da idade, do género, da cor ou do calendário,
a uma Vida Nova, à Vida Verdadeira.
Mudar de 2014 para 2015
pode significar tudo aquilo
que queremos ser e fazer e,
se assim o aceitarmos, tudo
aquilo que Deus quiser fazer
e ser em nós.
Pode ser sinónimo de um
novo curso a frequentar, aceitar um novo desafio profissional, despender de mais tempo
para dedicar a quem mais precisa à nossa volta, conhecer
novas formas de oração e de
chegar a Deus, estarmos mais
atentos, e tantas outras ideias
ou projetos. Aquilo que é realmente importante é assumir o
nosso papel na Vida e ponderar a possibilidade de mudar
o calendário sempre que sentirmos que não estamos a ser
mais e melhor.
Mudar sempre que for preciso. Refletir para agir.
Deus, que nos conhece inteiramente, sabe aquilo que
cada um é capaz, ama todos
os pormenores, cuida e lima
as arestas que teimam em tornar-se evidentes, limitando-nos, e dá-nos a coragem que
precisamos para continuar
a trilhar o nosso caminho. O
nosso que se constrói lado a
lado com Ele.
Maria, que era a mãe, a
escolhida por Deus, também
temeu o seu futuro mas aceitou-o por ser esse o plano de
Deus para a sua vida. A confiança foi o fator determinante. Confiança em Deus, no Seu
amor, naquilo que Ele pode e
quer fazer em cada um, se assim o permitirmos.
De todas as vezes que a
vida nos pedir um pouco mais
de dedicação, de paciência ou
de amor, saibamos seguir em
frente, munidos das forças
vindas do Presépio de Belém,
da família, da união, do Amor
que renova.
Por isso, papel e caneta
para escrever o que queremos
para 2015, ouvidos e corações
abertos para receber o que
vier e fé para caminhar!
Bom ano de 2015 a todos!
cinema
Lúcia Pedrosa
itoculo - moçambique
Voluntariado Missionário
Rita Coelho e Xana Martins com a Irmã Adelaide Teixeira no Lar Eugénia Caps, Itoculo - Moçambique
Rita Coelho
“A missão é partir e voltar”. E assim, ao fim de um ano, foi hora de
voltar. Foi um ano em que muitas
coisas aconteceram, em que muito em mim mudou.
Mudei como pessoa e mudei
como cristã. Uma eucaristia no
meio daquele povo em nada se
compara a uma eucaristia vivida
cá em Portugal. Ali via uma fé
verdadeira, um verdadeiro gosto
por receber o Corpo e o Sangue
de Cristo. A 1ª comunhão não é
feita só “pela festa”, mas porque
há uma vontade verdadeira de
receber o Senhor. É apenas um
entre milhares de exemplos que
poderiam ser dados de uma verdadeira fé cristã.
E quem fala de exemplos de
fé, fala de exemplos da vida civil de cada um. A minha presença assídua como responsável da
Biblioteca Paroquial de Itoculo
fez-me também perceber como
a educação é importante para
aquelas crianças e jovens. Mas vi
também como sofrem por não ter
as facilidades ao seu acesso como
nós aqui temos. Ver 30 jovens de
cada vez a tentar ver um mesmo
livro, porque é a única forma que
têm de estudar melhor, faz “doer
o coração” até aos mais insensíveis.
E se até agora, por vezes não
compreendia algumas campanhas de solidariedade que existem porque achava que não era
prioritário, depois desta experiência nunca mais o vou fazer. As
mínimas coisas como um simples
livro escolar, podem ser um mundo para alguém.
Por isso, a missão é partir e
voltar, mas depois do regresso o
trabalho vai continuar e o mundo
vai continuar a sorrir para quem
mais precisa.
Xana Martins
Uma experiência de voluntariado
Missionário como a que realizei
este ano em Itoculo, Moçambique é o que aconselho vivamente a todos. Para além de dar uma
grande abertura a novas culturas,
povos e situações também dá uma
experiência humana muito forte
e gratificante. Pelo menos aconteceu assim comigo. Para além
ribeira do fárrio, ourém
JSF em aniversário
do trabalho intensivo e maternal
desenvolvido com as meninas do
Lar Eugénia Caps, o que vivi e
aprendi com as crianças da Infância Missionária, as pequeninas do
centro de Nutrição, os Jovens da
paróquia, e todos os Papás e Mamãs que mostravam sempre tanto
carinho por mim, fez-me sentir
realizada e posso dizer que “fui
feliz todos os dias!”.
O trabalho realizado diretamente na paróquia com as catequeses e o envolvimento com a
Justiça e Paz fez-me ter sede, de
ajudar o povo, sede do Evangelho
e de sabe-lo melhor para transmiti-lo sempre aos que precisam
tanto dele. Um ano é muito pouco, mas consegue-se ver algum do
trabalho feito, já a florescer e isso
traz uma realização e uma satisfação enormes, traz principalmente
um agradecimento Aquele que é o
grande responsável por tudo isto.
Como as meninas da 8ª Classe do
Lar Eugénia Caps de Itoculo me
aconselharam, aconselho-vos eu
também - “Não podemos deixar
para amanhã, amanhã não haverá
tempo”.
Boas Missões.
agenda
UM FILME DE MOHAMED HAMIDI
E por que não tu?
É aos jovens, a eles e a elas, que
agora me dirijo, neste início do
ano que o Santo Padre o Papa
Francisco quis dedicar à Vida Consagrada com os objetivos de fazer
memória agradecida do passado,
abraçar o futuro com esperança e
viver o presente com paixão.
No meio das tuas hesitações e
dificuldades no presente, no meio
das tuas inquietações quanto ao
futuro e perante a necessidade
que sentes de tomar opções
decisivas na tua vida, caro jovem,
não te deixes seduzir pelo que
destrói, pelo poder, pela filosofia
do nada ou pela mesquinha ambição pessoal. Não tenhas medo
dos compromissos definitivos
quando assumidos livre e responsavelmente. O apreço pela vida
como dom de Deus, os apelos que
brotam do seio da comunidade
humana, a atração pelos valores
e as escolhas fundadas e fundamentais reclamam da tua existência um serviço aos outros, ao jeito
de Jesus. Não sentes, porventura,
ecoar, aí no teu coração, o apelo
de Jesus: “Se alguém quer servirMe, que Me siga” (Jo 12, 26)?
Convido-te, pois, a que te ponhas
de sentinela, vigilante, e abras o
teu coração à voz desse Amigo
para que Ele te ilumine e te ajude
a fazer as escolhas que deves
fazer na tua vida! Ele está aí, junto
de ti, a pedir-te que escutes os
seus ensinamentos e apelos, que
fales com Ele, que aprendas com
Ele, que caminhes com Ele, que
confies n’Ele. E porque a vocação
é uma realidade mediada, não
deixes de pedir conselho a alguém
que te possa ajudar a discernir o
teu caminho! Assim, construirás
a história bela da tua vocação e
da tua vida: Deus que te chama
com amor, gratuitamente, e tu que
respondes, também com amor,
livre e responsavelmente, aos
seus desafios, aos desafios da sua
messe.
D. Antonino Dias
Presidente da Comissão Episcopal
Laicado e Família
De qualquer lugar
CIRP
cirp.pt
Sabe quantos Institutos Religiosos
existem em Portugal? E quantas
comunidades religiosas? E quantos religiosos? E quantos estão em
formação? Esta e muitas outras
perguntas encontrarão resposta
no site da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP)
em www.cirp.pt. Trata-se de um
site com um visual bastante leve
e com fácil acesso a muita informação. Logo na primeira página, a
palavra da Bem-Aventurada Madre
Teresa de Calcutá, modelo de vida
religiosa, indicando o caminho da
pequenez humana como caminho
para a grandeza divina. Natural
destaque, vai para o Ano da Vida
Consagrada, inaugurado pelo Papa
Francisco em Roma no passado dia
30 de Novembro, que durará até
ao dia 2 de Fevereiro de 2016. No
site da CIRP, não falta material em
abundância para ajudar a, ao longo
destes 14 meses, “fazer memória
com gratidão; viver o presente
com paixão; abraçar o futuro com
esperança”, conforme os objetivos
propostos pelo Papa Francisco.
publicação mensal de formação e informação missionária
Nº registo: 101394
Depósito legal nº 250/82
Diretor: Tony Neves
Chefe de Redação: Victor Silva
Conselho de Redação:
Tony Neves, Aristides Neiva, Glória Lopes,
Paulo Vaz, Sandra Simões e Victor Silva.
A mística
do instante
LIVRO NOVO DE
TOLENTINO MENDONÇA
Não é apenas mais um livro de
um autor que não pára de nos
brindar com obras de qualidade.
Aponta um caminho de como
chegar a Deus e de como deixar
Deus chegar até nós através dos
sentidos.
Tem duas partes que se completam: Para uma Espiritualidade
do tempo presente; para uma
Teologia dos sentidos. Sobre
esta, os textos também nos
abrem perspetivas. Para falar
do tacto, há uma coleção de
reflexões sob o título: ‘tocar o
que nos escapa’. A abordagem
do gosto é feita com alguns
textos enquadrados no ‘buscar o
infinito sabor’. O olfacto aparece
nos textos intitulados ‘colher o
perfume do instante’. Para uma
reflexão a partir do sentido da
audição há textos com o título
‘Escutar a melodia do presente’.
A parte maior refere-se à visão:
‘olhar a porta entreaberta do
instante’.
A mística do instante reenvianos para o interior de uma
existência autêntica, ensinandonos a ser realmente presentes:
a ver, a ouvir, a tocar, a saborear,
a inebriar-nos com o perfume
sempre novo do instante.
O P. António Spadaro, o jesuíta
que fez a primeira grande entrevista ao Papa Francisco, diz
que ‘ler as páginas de Tolentino é realizar uma experiência
de amizade. As suas palavras
são palavras privadas ditas
em público. São acolhedoras
porque mantêm a raiz profunda
da experiência e abrem a um
diálogo em que o leitor se sente
protagonista’.
Paulinas Editora
JSF, Ribeira do Fárrio
Há 21 anos os Jovens da Ribeira
do Fárrio (região Centro) disse o
seu sim ao movimento missionário Jovens Sem Fronteiras e, a partir desse dia, caminharam juntos
pela missão e ofereceram os seus
talentos e testemunhos à paróquia que os viu nascer.
Este aniversário foi festejado
durante dois dias com o lema “Dá-te mais na Família”. No dia 7 de
dezembro, o grupo realizou uma
oração onde Jovens e comunidade refletiram sobre a importância
do testemunho da família
cristã, escreveram de que
forma podem ser testemunho
de felicidade e amor em Deus
e pregaram-no à Bandeira do
movimento, mostrando que o
grupo e a comunidade formam
uma família unida.
No dia 8 de dezembro, a
Eucaristia presidida pelo Padre
Tony Neves e pelo Padre David
Barreirinhas juntou antigos elementos do grupo, amigos, família
Jovens Sem Fronteiras de toda a
região para comemorarem mais
um ano de existência. A festa terminou com um almoço partilhado
e muito convívio.
bre então, o país onde estão as suas
raizes mais profundas, que lhe eram
completamente alheias.
Recém-chegado e ainda a tentar
adaptar-se aos costumes daquelas
gentes tão diferentes de si, ele depara-se com uma situação inesperada: o primo direito – que partilha
o mesmo nome – rouba o seu passaporte e foge para França, o país
que nunca teve a oportunidade de
conhecer. Assim, impedido
de sair dali durante um período de tempo indefinido,
Farid tem uma oportunidade
um pouco forçada pelas circunstancias de descobrir as
raízes da sua família e as suas
próprias num lugar que, apesar de pobre, tem muita coisa
bela para lhe oferecer… desde um conjunto de personagens fantásticos cujo humor
e simplicidade o vão tocar
profundamente. Realização
do francês Mohamed Hamidi, uma comédia dramática
que reflecte sobre emigração
e identidade, com base na experiência pessoal do realizador de ascendência argelina.
Um filme cheio de simplicidade, detalhes, encontros...
assinaturas 2015
RENOVAÇÃO E PAGAMENTO
Dia Mundial da Paz
18 janeiro
Assembleia Diocesana da
LIAM de Lisboa e Setúbal
Espiritanos, Estrela - Lisboa
18 a 25 janeiro
Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos
24 janeiro
Celebração Ecuménica
Nacional
Sé de Setúbal
Início da novena de
Libermann
25 janeiro
Dia Mundial dos Leprosos
31 janeiro
Reunião da Direção
Nacional da LIAM
Fátima
1º Prémio nº 07209
2º Prémio nº 01570
3º Prémio nº 06471
Poderão faze-lo por transferência bancária
(NIB 0010 0000 1997 7900 001 18),
Cheque ou Vale postal indicando sempre
à ordem de MISSIONÁRIOS DO ESPÍRITO
SANTO
Os vencedores devem
enviar o talão da rifa
para:
Para esclarecimentos:
Telef. 21 393 3002
ou mail: [email protected]
– Administração da LIAM
Rua Santo Amaro, à Estrela, 51
1200-801 Lisboa
A Administração agradece
e deseja Bom Ano de 2015
Pe. Nuno Rodrigues
Epifania do Senhor
Infância Missionária
resultado do sorteio
missionário
A Administração do jornal Ação Missionária pede aos seus assinantes que
façam, no início do ano 2015, o pagamento da sua assinatura (7 euros anual).
Pe. Nuno Rodrigues
Parabéns
Peregrinação à Terra
Santa e Jordânia (Petra)
Setembro 2015
Acompanhado pelo
Pe. Agostinho Brígido
Tel. 962 503 407
[email protected]
Propriedade, administração e redação:
Província Portuguesa da Congregação do
Espírito Santo
Rua de Santo Amaro à Estrela, 51
1200-801 Lisboa
Tel: 213 933 000
Fax: 213 933 019
PALAVRAS CRUZADAS
Joaquim Pereira Francisco
Pessoa coletiva nº 500729360
Administrador: Nuno Rodrigues
Jessica Sousa
1 janeiro
4 janeiro
Farid de 26 anos nascido e criado
em França é um jovem estudante
de ascendência argelina que nunca
conheceu a terra dos seus progenitores. No momento final de exames
na área de direito, o pai fica gravemente doente. A casa de família na
Argélia em risco de ser demolida,
ele como filho progenitor vê-se na
obrigação de viajar até à Argélia
para resolver o problema. Desco-
Conselho de Administração:
Nuno Rodrigues, J. Lopes de Sousa, Carlos
Salgado e Casimiro Oliveira
[email protected]
Assinaturas (Portugal):
anual: 7€ avulso: 0,75€
Impressão:
Empresa do Diário do Minho, Lda.
www.diariodominho.pt
Na internet:
www.espiritanos.pt
Tiragem: 12.000 ex.
Membro de:
Soluções na pág. 5
Ano novo é mesmo
vida nova?
um mês,
um
site
miguel ribeiro
Horizontais: 1. Maldades; mais
adiante. 2. Cordão metálico que
guarnece pela frente uma peça de
vestuário; os gatos fazem-no; membro de ave. 3. Estudante que não se
aplica; interjeição de aborrecimento
(pl.); Tribunal Constitucional. 4. Armadilha; falta de tonicidade; a acusada. 5. SÉ feita pelos preguicosos
e pelas abelhas; canseira; a carta
mais alta do baralho; fixador para
cabelo. 6. Ósmio (s.q.); estéril; ave
columbina. 7. Víscera dupla; residentes. 8. Castigues; que faz bem à
saúde. 9. Vila do distrito de Coimbra; que usam a razão. 10. Perceberem pelos sentidos; prejudicial.
11. Sesta; nome feminino (pl.). 12.
Cobre (s.q.); cura; costumes; sexta
nota musical. 13. Ovário de peixe;
curar; tinta de pintar. 14. Substância
resultante da substituição do hidrogénio de um ácido por átomos metálicos ou radicais (pl.); reexamina
a tua persuasão. 15. Os que estão
próximos daquele com quem se
fala; ditos de saloio.
Verticais: 1. Símios; doença mental
grave. 2. Que fazem de asa; coloca;
frutos da videira. 3. Faina; maus;
gemidos. 4. Concorrente; que nascem com a pessoa; condicional. 5.
Linguagem; preparas uma bebida a
partir da amêndoa amarga. 6. Raiva;
respiração; acalmar. 7. Semelhante;
enxugares. 8. Feitos à semelhança;
perversa; larva do queijo. 9. O símbolo da riqueza; de viva voz; rio que
passa pela Rússia e pelo Cazaquistão.
10. Doença de pele acompanhada de
grande prurido; faças referência; poeira. 11. Em maior número; território
sob a jurisdição de um Duque; nesse
lugar. 12. Integra; prática constante
(pl.); entre nós. 13. Naquele lugar;
frustrados; apelido de um cantor
português. 14. Prepararas um ovo na
sertã sem o mexer; local onde depois
da pesca se vende o peixe. 15. Planta
e flor também chamadas camomilas
(pl.); salvaras-te.
JANEIRO2015
Congregação do Espírito Santo
Rua de Santo Amaro à Estrela, 51 1200-801 Lisboa
Tel: 213 933 000 | Fax: 213 933 019 | Email: [email protected]
Do Livro do Inverno
crónica
Aristides Neiva
A natureza envelhece e deixa-se vencer pelo
esquecimento. É assim cada inverno, depois
do desprendimento do outono e antes da
vaidade da primavera. Mas ao contrário do
envelhecimento humano, que como dizia o
humorista é para o resto da vida, o do inverno
tem prazo de validade. A natureza despoja-se
e parece esquecer as exuberâncias passadas
mas os humanos lembram. Lembram o que
já houve e agora falta: a luz, o calor, as flores,
os frutos. Lembram o que passou mas que
sabem que voltará na primavera. No inverno a
recordação não é só o que passou, é também
o que virá. No inverno a lembrança é uma
profecia. O esquecimento é uma promessa.
Como escreveu Vinicius de Moraes no poema
Natal: “para isso fomos feitos: para lembrar
e ser lembrados / (…) pois para isso fomos
feitos: para a esperança no milagre”.
Neste mês de janeiro assinalam-se os cem
anos do nascimento do monge trapista
Thomas Merton (1915-1968), um dos maiores
mestres de espiritualidade do século XX. Nasceu e morreu no inverno mas foi a anunciar
o brilho do sol que ele viveu. “Fazer parte
da espécie humana é um destino glorioso,
mesmo se a nossa espécie se dedica a muitos
absurdos e comete muitos erros terríveis:
apesar de tudo isso, o próprio Deus gloriou-se
de vir a fazer parte da espécie humana. Parte
da espécie humana! E pensar que essa perceção, que é um lugar comum, pode subitamente parecer a notícia de que tens o bilhete que
ganhou o primeiro prémio na lotaria cósmica
(…). Ah, se toda a gente pudesse dar-se conta
disto! Mas isto não pode ser explicado. Não
há como dizer às pessoas que todas elas
andam pelo mundo brilhando como o sol!”
(“Reflexões de um espectador culpado”).
No inverno há estrelas que só a espécie
humana pode fazer. Há milagres que só a
esperança faz acontecer.
Centro Espírito Santo e Missão
Eduardo Ferreira
Diretor do CESM
O CESM – Centro Espírito Santo
e Missão – situado no Seminário
da Silva, em Barcelos, pretende
ser um espaço de aprofundamento da fé e da vida espiritual,
privilegiando a atenção à ação
do Espírito Santo, numa perspetiva de comunhão eclesial e de
Missão.
OBJETIVOS
a animação destas e outras
atividades. Pode, de igual modo,
oferecer acompanhamento
espiritual, num clima de silêncio
e interiorização, que permita
encontro com Deus e consigo
próprio; acolher sacerdotes,
religiosos/as e leigos que desejem beneficiar de um tempo de
descanso e retempero espiritual
e acolher famílias que desejam
usufruir de um ambiente de tranquilidade e espiritualidade, por
um breve período de tempo.
PROPOSTAS
O CESM visa, antes de mais, proporcionar aos leigos em geral, e
particularmente aos membros
dos vários ramos da Família Espiritana (LIAM, Leigos Associados
Espiritanos, JSF, Fraternidades
Espiritanas, MOMIP, ASES), um
aprofundamento espiritual da
vocação a que cada um é chamado, bem como uma formação
contínua no plano da fé e da
dedicação à Missão.
Faz parte dos seus objetivos
abrir seus espaços para jornadas de encontro e/ou retiros de
movimentos eclesiais de leigos,
de sacerdotes e religiosos/as e
de grupos paroquiais. Eventualmente, o CESM pode assegurar
O CESM, faz propostas na área
da Espiritualidade (retiros para
jovens, casais, pessoas a atravessar a provação e recoleções
do Advento, Quaresma e Pentecostes) e leva a efeito iniciativas
na área da formação e consciência critica, em fins de semana com temáticas específicas
(eneagrama, relação pastoral de
ajuda) e tertúlias mensais do ciclo MISSÃO NA PRAÇA. A última,
que se realizou a 29 de Novembro, sob o tema “os comportamentos e a saúde” contou com a
presença de 140 pessoas.
Ao longo de 2014 o movimento
da casa, em traços gerais pode
ser assim resumido: pessoas,
integradas em grupos, a ocupar
1 dia com almoço e
sem dormida: 800
(95 da Família Espiritana); pessoas,
em grupos, a fazer
pensão (de 1 a 30
dias): 1.000 (sendo 274 da Família
Espiritana).
PRÓXIMAS ATIVIDADES
A REALIZAR NO CESM
16-18 de janeiro
Retiro das Fraternidades Espiritanas
Região Norte
CESM, BARCELOS
24-25 de janeiro
Retiro das Fraternidades Espiritanas
Região Sul
SEMINÁRIO DA TORRE D’AGUILHA
7-8 de fevereiro
Eneagrama - Nível I (a partir de 21 anos)
ORIENTADO POR FÁTIMA MONTEIRO
27 de fevereiro - 1 de março
Retiro para casais: “Entre marido e mulher,
ninguém meta a colher?”
- Espiritualidade na vida Matrimonial
ORIENTADO POR P. JORGE VILAÇA
E CASAL JORGE E ALEXANDRA TEIXEIRA
28 de fevereiro
Tertúlia do ciclo MISSÃO NA PRAÇA:
Solidariedade globalizada
P. TONY NEVES
Curso “Relação Pastoral de Ajuda”
em 5 sessões (sexta-feira das 21:00h às 22:30h)
ORIENTADO POR P. JOSÉ CASTRO
16 e 30 de janeiro;
13 e 27 de fevereiro;
06 de março
Para mais informações, consultar:
www.espiritanos.pt/cesm
«No lugar do dinheiro
como ‘valor principal’
é necessário colocar a
pessoa humana.»
etc...
J. C. Fernandes
«As teorias sobre a
globalização económica
devem dar primazia
à ‘globalização da
solidariedade’»
D. Óscar Maradiaga
Presidente da Cáritas Internacional, em Lisboa, na conferência “Dimensão Social da
Evangelização no Mundo de
Hoje”, promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz.
www.ecclesia.pt/cnjp/