NOV 2012.pmd - Jornal do Bairro Alto
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Novembro/2012 Crônicas de ontem Verso & Reverso Marco Polo - Jornalista, editor do JBA Rui Werneck de Capistrano - Publicitário, poeta, contista, escritor, autor de NEM BOBO NEM NADA, romancérele de 150 capitulos do capeta. Só lembranças Um Embaré, uma bala de ovos, de côco queimado, de gasosa da Todeschini, um dolé vermelho, uma maria caxuxa, um pirocóptero, um drops dulcora, um chicletes Ping Pong, um Mentex e um Diamante Negro, um cigarrinho e um guarda-chuvinha de chocolate. Uma camisa Volta ao Mundo, uma calça de tergal, uma blusa de banlon, um sapato Passodoble, uma bota sete-vidas, um chinelo de corda Alpargatas, um keds azul marinho, um tênis Bamba e um Kichute. Um sofá de napa, uma radiola Telefunken, uma televisão Colorado RQ, uma cristaleira, um congólio e uma cadeira de balanço. Um filtro de barro, um bule de alumínio, um coador de Cotidiano pano, uma leiteira com funil, um fogão de tijolos com serpentina, um caixão de lenha, um lampião de gás. Uma cama de estrado, um colchão de palha, um travesseiro de pena, um bidê, um radinho Spica, um guarda-roupas de pinho, uma cômoda, uma penteadeira, um urinol. Um avental branco, uma mala de couro, um penal de lata johann faber, um compasso, um esquadro, um transferidor, uma caneta nanquim, uma borracha vermelha e azul, pra lápis e caneta, um atlas geográfico, um caderno de caligrafia, um maço de papel almaço pautado, um calendário escolar e uma merendeira. Um carrinho de corda, um patinete de madeira, um Abordagens ou encontrões? Marketing x propaganda jipe de pedal, uma bola Goá número 5, uma chuteira Chanca, um jogo de camisa doado por candidato, uma cartucheira, um revólver, um rolo de espoleta de papel, um bete de ripa de cerca, um saco de bolinha de búrico com cafezinha, pimpolão e olhinho, uma raia bidê, um barquinho de papel, um balão travesseiro, uma setra, um pião e uma fieira, uma infância e mil lembranças que só acabam quando acaba o espaço. Roberto Monteiro - Jornalista/Editor do JBA Achados & Perdidos Curitiba é mesmo uma cidade de shoppings. É praticamente inútil e impossível evitá-los. Mas da última vez que estive num desses locais tive uma surpresa, nem boa nem má é certo, mas que me deixou pensando em como as ações impulsivas podem causar complicações. Estava eu percorrendo os corredores de um shopping quando reparei num menino, de uns quatro ou cinco anos, que estava na porta de uma loja. Ele olhava de um lado e do outro e começava a querer chorar. Não agüentei e fui conversar com ele. O pequeno estava perdido. Perguntei o nome dele e com quem ele estava no shopping. O menino só me disse: “a mamãe está comprando roupa”, tentei acalmá-lo e o choro foi evitado. Assim, meio que brincando, fomos procurar a mãe que àquela altura ain- Para ler, ouvir e sentir 12 da não tinha sentido a falta do garoto. Andamos pouco, uns cem metros, talvez menos, até que ele avistou a mãe e a irmã numa loja. Eu perguntei se ela era a mãe e avisei que o menino estava perdido, do outro lado do corredor. A mãe ficou assustada e me agradeceu. Depois fiquei pensando que poderia ter dado um susto na mãe, levando o pequeno para tomar sorvete e esperar que ela se desse conta do desaparecimento do menino. Felizmente não o fiz. Aliás, depois achei que foi imprudente levar o menino até a mãe. O correto seria ter comunicado imediatamente o caso a um segurança do shopping. Poderia ser mal interpretado e a mãe poderia achar que eu tentara seqüestrar o garoto. Ainda bem que não houve traumas para ninguém. Isso me lembrou a história de um amigo que passou uma temporada em Leia mais no www.cartunistasolda.com.br Compre Nem Bobo nem Nada pelo email: [email protected]> Londres. Um dia ele encontrou uma carteira no metrô. Como bom cidadão que é, levou-a ao guichê da entrada da estação. Ele quase foi preso, porque o procedimento correto é comunicar a segurança. Na Europa solidariedade é artigo raro e se alguém perde um documento no metrô provavelmente os documentos não serão usados para fraudes, mas dificilmente um cidadão comum os devolverá ao proprietário. O normal é procurar na sessão de “achados e perdidos”. Talvez eles mudem de atitude se acharem uma criança, como me aconteceu no shopping. João Triska * Email: joã[email protected] www. myspace.com/joaotrikska Neste mês de novembro me dei a licença poética de aqui fazer uma homenagem a ela que é uma das maiores poetas que o Paraná já teve, e que no dia 12 de outubro completaram-se 100 anos do seu nascimento. Sabem de quem estou falando? Da grande Helena Kolody. De poesia lírica e versos profundos e singelos, as palavras de Helena tocam no fundo da alma, são demonstrações da sutileza e sinceridade dessa poeta Paranaense dos Haicais das Araucárias; deixemo-la tocar-nos com sua própria obra, aqui vos deixo com Helena: Título: Agora “Se tens um elogio a proferir, é tempo agora. Não aguardes que o vento da morte desvaneça da areia da vida o nome que o merece. Se há um agravo pungente a perdoar, é tempo, é hora. O mais profundo ranço não resiste a um apelo de braços abertos”. Nos bons tempos da propaganda risonha e franca, eu implicava com marqueteiros que se metiam nas campanhas criadas e então me pediram pra dar uma idéia concreta do que significa: Marketing é uma coisa que se faz com o produto. Propaganda se faz na cabeça do consumidor. É fácil. É mole pro gato! Sabe como inventaram essa pomada Vick Vaporub? Um cara estava vendo um lugar de exploração de petróleo nos EUA. Viu que saía junto com o ouro negro uma pasta incolor. Ele perguntou o que faziam com aquilo. Nada, foi a resposta. Só enchia o saco deles ter que separá-la. Ele pegou, passou na mão e viu que era bem pegajosa. Resolveu testar como lubrificante. Deu certo! Ele seguiu pensando, pensando… e viu que, se misturasse um líquido balsâmico virava uma pomada que podia ser passada no peito das pessoas com problemas respiratórios. Aí são dois cases de marketing: o primeiro mostra a substância pura servindo de lubrificante de máquinas. O segundo evoluiu pra algo melhor. O caso da Coca-Cola é semelhante. Um cara inventou um xarope pra ser digestivo, aliviando estômago pesado. Foi tentando novidade e acrescentou o gás. O xarope virou o refrigerante que é. Isto é trabalho dos marqueteiros: dar aos produtos novas dimensões, novos nichos de mercado, novos usos. Remexer produtos com problemas de aceitação e dar nova vida a eles. O trabalho da propaganda é levar a novidade ao consumidor. Fazendo isso de forma persuasiva. Só isso. O problema é que a maioria das empresas contrata marqueteiros sem saber pra que servem. Os marqueteiros também não sabem bem o que fazer. Aí, os donos da empresas, sempre ocupados, botam eles pra ficar de olho e dar pitacos nas campanhas de propaganda que as agências criam. Não mexem no produto porque o dono tem ciúme e não admite que haja algo errado. Se não vende, ele sempre põe a culpa na propaganda. Como se ela é que tivesse que buscar nova dimensão e novas utilidades pro produto. Rui Werneck de Capistrano é publicitário do piso ao teto. Terminemos esta homenagem com uma prece daquela que viajou em pensamento pela imensidão do mundo: “Concede-me, Senhor, a graça de ser boa, De ser o coração singelo que perdoa, A solícita mão que espalha, sem medidas, Estrela pela noite escura de outras vidas E tira d’alma alheio o espinho que magoa”. * João TriskaJoão Triska é curitibano, através dos versos vem expressando em palavras a fascinante e misteriosa experiência de ser um cidadão e artista latino-americano. Além de escritor, é poeta, músico e compositor. MINISTÉRIO DIVINA GRAÇA José Luiz Batista (*) Daqui para a eternidade Há pelo menos três tipos de comportamento diante da eternidade. Para uns, tudo acaba aqui, outros acham que alguma coisa continua, mas não sabem o que é, e outros acreditam numa nova existência que pode ser apenas no plano espiritual, ou repetir-se no plano físico. Nenhuma das três conclusões nos isenta da obrigação de viver aqui com responsabilidade, e essa vivência precisa gerar frutos que favoreçam também a caminhada do próximo, portanto, o primeiro passo a ser dado é buscar se libertar do egoísmo. Foi o que o Mestre recomendou ao jovem rico que o procurou em Lucas 18.18-23. Jesus, a exemplo de outros grandes seres iluminados, nos oferece uma opção de vida que se expande até o infinito se atentarmos para algumas ações que ele mesmo praticou. Não devemos assumir nenhuma conduta sem antes meditar nos efeitos que ela produzirá não só imediatamente, mas no futuro e como ela afetará as pessoas, mesmo aquelas que não estão próximas. Precisamos também ter consciência de que atitudes são manifestações pessoais, embora, no mundo em que vivemos, as pessoas prefiram adotar padrões de comportamento que as insiram no modelo coletivo, mesmo que isto custe a perda da própria identidade e do livre arbítrio. Como já vimos, nenhuma decisão é somente para hoje, por isso, ao estabelecer uma conduta devemos estruturá-la para nos levar o mais lon- ge possível. Perde tempo e esforços quem necessita estar mudando constantemente suas práticas pessoais para poder se ajustar às contingências do cotidiano. Uma coisa é avaliar e corrigir, outra é ter sempre que começar tudo de novo. Finalmente, sempre teremos que enfrentar as dificuldades e os obstáculos que inevitavelmente surgirão na caminhada, os quais somente serão transpostos se desde o início da jornada tivermos o cuidado de prever essas situações e nos prevenirmos para superá-las. Somente aos trinta anos Jesus sentiu-se capacitado a tornar pública sua missão, nos anos antecedentes que o Novo Testamento não menciona ele certamente acumulava as energias físicas, morais e espirituais de que precisaria na sua difícil missão. É notável como aquele que detinha tamanha riqueza e certeza, se detinha antes de qualquer atitude para pedir em oração a orientação divina e desejar que as suas virtudes se reproduzissem nas demais criaturas. É também marcante como ele nos ensina a viver cada dia como se fosse o último nesta dimensão e o primeiro da eternidade, respondendo assim às dúvidas e confirmando as certezas dos três grupos de pessoas que referimos no começo deste escrito. Ninguém é tão grande que não precise fazer esta caminhada, nem tão pequeno que não possa concluí-la. * [email protected] - Cel. (41)99584921