Pessach kasher vesameach (e alegre)!

Transcrição

Pessach kasher vesameach (e alegre)!
Lubavitch views
Ano 23 nº 54 Nissan 5773 - mar/13
Pessach kasher
vesameach (e alegre)!
Especial: Beit Lubavitch
festeja 25 anos com
Rabino-Chefe de Israel,
Rav Yona Metzger
pag. 55
Chabad salva
Brit Milá de ser
proibido na
Alemanha!
pag. 70
Como a neurologia
prova que a alma
existe
pag. 76
Conheça a milagrosa matsá pós
meia-noite!
pag. 14
pag. 86
O PRIMEIRO SANDUÍCHE DA HISTÓRIA!
BEIT LUBAVITCH
uma filial da
MERKOS L’INYONEI CHINUCH
setor educacional do Movimento Lubavitch
D iretor geral
Rabino Yehoshua Biniomin Goldman
Coordenadores educacionais
Rabino Gabriel Aboutboul
Rabino Avraham Tsvi Beuthner
Rabino Moshé Y. Lenczynski
Rabino Eliahu Kaprow
Rabino Chaim Yaakov Broner
Rabino Eliahu Haber
Rabino Israel Kaczala
D epartamento Femi ­­nino
Diretora
Chani Goldman
Coordenadoras
Nancy Aboutboul
Sara Simcha Beuthner
Ayala Lenczynski
Batia Kaprow
Nechama Dina Broner
Ariela Schechter
Rivke Rosenberg
Michal Haber
Chana Esther Kaczala
K olel
Rabino Efraim Schechter
Rabino Meir I. Rosenberg
B eit L ubavitch B arra da T ijuca
Rabino Yossef Simonowitz
Rivka Simonowitz
B eit L ubavitch C opacabana
Rabino Ilan Stiefelman
Deby Stiefelman
P residente
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V ice-presidentes
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Assistente de produção: Suzette Arotchas
J orn. resp. - Miguel Regen (rg:18.280)
Editor - Rabino Avraham Tsvi Beuthner
Revisão - Rachel Ades
D esign gráfico - RF Design
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LUBAVITCH VIEWS
É uma publicação bimestral do Beit Lubavitch
do Rio de Janeiro. Nº 54 - mar 2013
Esta publicação contém termos sagrados.
Por favor trate-a com o devido respeito.
No Seder de Pessach, após comer a matsá e o marór (raiz forte ou alface romana)
fazemos um sanduíche de matsá com marór, e dizemos antes de come-lo: “Isso foi o que
Hilel fez, na época em que o Templo existia. Ele embrulhou um [pedaço] de cordeiro
de Pêssach, matsá e maror e os comeu juntos…” Quem foi Hilel e por que fazemos este
sanduíche?
Hilel foi um sábio da era do Segundo Templo de Jerusalém. Ele explicou que o que
consta na Torá: “[Na noite de Pessach] comerão a carne [do Korban Pessach] assada
sobre o fogo, sobre matsot e ervas amargas (marór) eles a comerão.” — significa que
na mesma mordida deve-se comer o cordeiro de Pêssach, a matsá e o maror. Assim, foi
inventado o primeiro sanduíche da história — com matsá, carne assada e ervas amargas. Os colegas rabínicos de Hilel discordaram: a Torá diz apenas que estes três itens
deveriam ser comidos na mesma refeição de Pêssach. Como a questão não foi resolvida,
comemos a matsá sem marór, marór sem matsá e, finalmente, matsá com marór — por
via das dúvidas.
Espiritualmente, estes três alimentos simbolizam três perfis: o judeu inspirado, o judeu não-inspirado e o judeu amargurado. O sabor delicioso da carne tostada simboliza
o ser humano inspirado, cujo coração está cheio de amor por D’us. O sabor simples da
matsá representa o judeu comum que não está necessariamente “apaixonado por D’us”;
o maror amargo — a pessoa que está amargurada e ressentida com a vida, em geral; por
desconhecer sua própria história e tradição. Hilel nos ensina que para sentir a libertação
de Pessach em toda a sua majestade e profundidade, devemos aprender a unir a carne, a
matsá e o maror num único sanduíche.
Algumas pessoas quando se defrontam com uma perspectiva drasticamente oposta à
sua, sofrem muito ou sucumbem ao ódio. Outros, no entanto, lidam com isso com facilidade, pois têm convicções e ideais tão profundos, aos quais são fiéis, que, justamente por
isso, podem escutar e refletir sobre estas idéias opostas às suas e permanecer inabalados,
sem sucumbir à fúria ou ressentimento. Hilel acreditava que os três perfis simbolizados
por estes três alimentos podem e devem ser levados juntos. O judeu semelhante à carne,
o inspirado e engajado, deve sempre lembrar que sua liberdade somente pode ser atingida se juntar seu coração com o judeu simples semelhante à matsá e o judeu amargurado
semelhante ao maror, para embarcar no caminho que leva à libertação Divina.
Alguém poderia perguntar: “Como posso juntar os três? Como posso me aproximar
de um judeu que está tão distante de minhas crenças e do meu estilo de vida? Como posso realmente amar e abraçar esta pessoa sem esquecer a minha identidade – que me é tão
cara? Hilel demonstrou o que é amor com respeito mútuo. Hoje, quando tudo que nos
resta são judeus do tipo matsá e maror, temos que nos unir num só “sanduíche” e lembrar
como somos indispensáveis ao plano Divino de libertar o mundo das trevas e do mal.
11 de Nissan marca o 111º aniversário de nascimento do Rebe de Lubavitch — um
verdadeiro Hilel dos tempos modernos. Ele ensinou milhares de discípulos e admiradores a fazer o sanduíche envolvente de Hilel; a unir judeus e seres humanos de origens,
educação e denominações muito diferentes.
Este ano o Beit Lubavitch comemora 25 anos de trabalho duro para aproximar todos
os judeus, dos níveis e tipos mais distintos, como dizia Hilel: “amando a paz e buscando a paz, amando as pessoas e aproximando-as da Torá.” Este um quarto de século de
amor e dedicação ao próximo mereceu uma comemoração especial para a qual fomos
honrados com a participação do Rabino Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger — como
vocês poderão ler na revista.
Vamos todos seguir fazendo o que o nosso Hilel, o Rebe, nos ensina e jamais cessar
de “envolver” judeus com mitsvót, de construir pontes entre os judeus no mundo inteiro, para vivenciarmos todos juntos, em breve, a verdadeira liberdade com a vinda de
Mashiach!
Pessach Kasher vesameach — tenham todos um Pessach Kasher e alegre!
Rabino Yehoshua Binyomin Goldman
Editorial
Expediente
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Opção Kasher - Supervisão Rav Berkes
O primeiro sanduíche da história | Por Rabino Y. B. Goldman 3
Índice
EDITORIAL
BICENTENÁRIO DO ALTER REBE
Qual é a missão da nossa geração? | Rabino Gabriel Aboutboul 8
NOSSAS FESTAS
Veja Encarte especial
A saga da massa da matsá: uma aventura milenar
Por Rabino Avraham Tsvi Beuthner 14
Sétimo dia de pessach: a abertura do mar na nossa vida!
Por Rabino Meir Rosenberg 20
Seudat mashiach — mashíach é um ideal ou um mero banquete?
coletânia 22
Pergunte ao rabino | Por Rabino Aron Moss 28
Agenda de pessach 32
Faça você também a mitsvá da contagem do omer — sefirat haomer 5773 – 2013 35
Pessach é ser livre de espírito | Por Rabino Eliahu Haber 37
25 ANOS DE BEIT LUBAVITCH
Especial: Rabino Chefe De Israel, Rav Yona Metzger Shlita, na comemoração
dos 25 anos de Beit Lubavitch 55
Nossas mitsvót
Um decreto contra o brit milá — na Alemanha, em 2012? 70
TORÁ E CIÊNCIA
A neurologia e a alma | Por Dr. Yaakov Brawer 76
A TGB
Deseja a todos
Dignidade | Por Dr. Jay Litvin 82
MAZAL TOV REBE!
Yud Alef Nissan — Homenagem ao 111º aniversário do Rebe
Conselhos do Rebe: trechos de cartas do Rebe 86
Quebrando as barreiras! 90
O conselho que tranformou uma vida | Por Rabino Ilan Stiefelman 95
AT U ALI DADE
Inspirador encontro com Rabino Shmuel Eliahu 97
O trono de Napoleão e Jerusalém 98
O conflito árabe-israelense de acordo com a teoria dos jogos
| Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 100
OI VE I S M I R
Tel.: 2239-7366
Humor Judaico 104
LUBAVITCH
Lubavitch em ação 39
Departamento Feminino 53
Aulas 109
FOTO DA CAPA: Rabino Chefe de Israel, Rav Yona Metzger Shlita no Beit Lubavitch
BEIT LUBAVITCH | tel. 3543-3770
Feliz Pessach
COMPORTAMENTO
Nossas Festas
Qual é a missão da nossa geração?
Rabino Gabriel Aboutboul
(extraído de sua palestra em Yud Shvat, 5773. Transcrição: Simcha Rochlin)
No maamar do Rebe anterior,
Bati Legani, no capítulo ligado
a esse ano, o Rebe faz uma pergunta revolucionária. Revolucionária, porque nós não pensamos
dessa maneira hoje em dia.
E como pensamos hoje em dia?
De uma maneira muito simples: você vê um pessoa de
barba, chapéu e sirtuk (sobretudo “rabínico”) e logo a considera um ET. Você vê alguém
da comunidade judaica co-
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mendo em um restaurante não
kasher, e tudo bem; esta é uma
pessoa normal.
Você vê uma pessoa que cumpre a Torá e as mitsvót — ela está
nadando contra a corrente; você
vê alguém que está alheio à Torá
e às mitsvót, que faz o que quer
— isto é que é o normal; está
bem, está no caminho comum
das coisas; é a coisa natural.
Qual a maneira que nós enxergamos o mundo? Para você po-
der cumprir a Torá e as mitsvót,
você precisa quebrar a natureza;
enquanto que você não cumprir
a Torá e as mitsvót, isso é sim,
aparentemente, é o normal.
E qual é a pergunta revolucionária?
Vem o Rebe e, baseado nos
ensinamentos do Admur HaZaken (o primeiro Rebe de
Chabad-Lubavitch), diz que não
é nada disso. A pergunta não é
como é que um judeu pode cum-
se afastando da Torá e de suas
mitsvót.
Veja uma coisa interessante: um
animal não tem espírito de insensatez e tolice. Se você quer envenenar um animal, você tem que
colocar o veneno dentro de uma
comida saudável. Um animal não
irá comer veneno, ele não comerá
algo que não é bom para ele.
O homem é o único que é capaz
de comer veneno conscientemente. Por quê? Por causa do ruach
shtut, o espírito de insensatez e tolice (o yetser hará) que não nos deixa enxergar que estamos pegando
algo que não nos faz bem.
O que o Rebe está nos esclarecendo aqui? Um iessod (princípio)
básico para todo o trabalho de
kiruv (aproximação) do judeu à
Torá e às mitsvót. Você pensa que
ao falar para um judeu colocar tefilin, comer kasher, cumprir mitsvót está trazendo algo de outro
mundo para ele? Algo fora da realidade? Isso é o normal do judeu,
isso está dentro de sua neshamá
(alma), isso ele carrega com ele. E
O estado normal de um
judeu é cumprir a Torá e
as mitsvót. Quando ele
não cumpre a Torá e as
mitsvót isto não é um
estado normal — é um
estado de doença. É
um estado que vai longe
da norma dele. E como
é possível que uma
pessoa se envenene,
como é possível que
uma pessoa saia da
norma, saia da linha e
faça coisas erradas?
por que ele não está cumprindo
isso? Isso é o ruach shtut, o espírito
de insensatez e tolice.
Mas, a alma está desperta e disposta a cumprir a Torá e as mitsvót.
O Rambam, Maimônides, nos esclarece isso através de dois exemplos da halachá, no seu Mishne
Torá (no qual ele compilou todas
as leis da Torá).
A halachá (a lei da Torá), em relação a guet (divórcio), estipula que
o marido tem que dar o guet por
livre e espontânea vontade. No
entanto, o Rambam nos esclarece
que, no caso em que o guet tem
que ser dado (pela halachá) e o
marido obstinadamente se recusa a fazê-lo, pode-se “bater” nele
(forçá-lo) até ele falar: "Eu quero
[dar o guet]", e ainda assim o guet
é válido. Como pode ser — se ele
não o deu de livre e espontânea
vontade?
Está escrito que a vontade de
cada judeu é cumprir a Torá e as
mitsvót. Se o Beit Din achou que
ele devia dar o guet e ele está sendo dominado pelo seu “espírito de
insensatez e tolice”, seu yetzer hará,
e não quer dá-lo, então “bate-se”
no yetzer hará dele (para que deixe
de ser tolo) e aí então ele falará a
verdade, o que ele realmente quer
— que é fazer a vontade de D’us,
aquilo que estipula a halachá.
O que quer dizer isso?
Não é uma coisa mística e espiritual. É uma questão simples mencionada na halachá, uma halachá
pshutá (simples) do Rambam. Todo
judeu quer cumprir a Torá e as
mitsvót. Só que no mundo da
mentira em que vivemos, da confusão de valores, nós enxergamos
as coisas erradas. Pensamos que
estar agora aqui, festejando Yud
Shvat é anormal, e os normais e
comuns, todos os demais, estão
agora na praia, festejando outras
BICENTENÁRIO DO ALTER REBE
Rapazes da Yeshiva de Chabad-Lubavitch colocando tfilin com o pessoal de uma passeata pró-Israel
prir uma mitsvá, mas sim, como
um judeu é capaz de cometer
uma averá (transgressão)?
É uma visão completamente diferente. A mitsvá é um estado natural
do judeu. A vontade natural do judeu é colocar tefilin, comer kasher.
A vontade do judeu é cumprir as
mitsvót e se ele faz uma averá, isso
sim é uma coisa anormal, fora da
rota dele.
Em português temos um conceito semelhante. Se fala de que
gripe ou certas doenças são coisas
comuns. Quem não acorda com
alguma dor ou problema? Então,
é comum a pessoa estar doente.
Mas, as pessoas se confundem
e em vez de dizer que é comum
estar doente, falam que é normal
estar doente. Normal é estar saudável, comum é estar doente. São
duas coisas completamente diferentes. A norma, o certo, o correto,
a forma como D´us criou as pessoas é para estarem saudáveis. Pode
ser que comumente a pessoa fique
doente, mas ninguém vai falar que
este é o estado normal das coisas.
O que é doença? O corpo não
está trabalhando de forma normal.
O que o Rebe está nos dizendo é
que pode ser comum um judeu
não estar cumprindo a Torá e as
mitsvót, mas que isso não é normal. O estado normal de um judeu é cumprir a Torá e as mitsvót.
Quando ele não cumpre a Torá e as
mitsvót isto não é um estado normal — é um estado de doença. É
um estado que vai longe da norma
dele. E como é possível que uma
pessoa se envenene, como é possível que uma pessoa saia da norma,
saia da linha e faça coisas erradas?
Então o Rebe explica que isso
é causado pelo ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice que
faz com que a pessoa não note
que através destes erros ela está
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BICENTENÁRIO DO ALTER REBE
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vam no Mishnei Torá, no livro de
Maimonides, lá, na prateleira. Um
rosh yeshivá (=reitor de uma academia de estudos talmúdicos) falou um pilpul profundo (exposição
analítica) sobre estas palavras do
Maimônides. Outro, falou que isso
era muito lindo e interessante, e
explicou a fonte talmúdica da qual
o Rambam tirou aquilo e discutiu
tudo isso. Mas, o Rambam continuou na prateleira.
Quem tirou estas duas halachot
do Rambam e aplicou-as na prática? O Rebe. Isso é o dor hashevií, a
sétima geração. Como consta já no
maamar do Rebe, é a nossa geração que tem que trazer a Shechiná,
a presença de D’us, aqui na Terra;
trazer aquilo que está na prateleira
para a vida prática do dia a dia.
O Rebe falou: “Temos que tirar
aquele judeu da condição de carcafta delo manach tefilin”. O Rambam passac (legislou) assim, mas,
desde que o Maimônides decidiu
isso no seu livro de halachá, até alguém se preocupasse que um judeu colocasse tefilin, passaram-se
gerações e gerações!
O alimento saudável
para a alma (sua
neshamá) é a Torá
e as mitsvót. Ele não
sabe disso. Você tem
que trazer isso a ele, e
quando ele souber e
tirar dele mesmo o seu
próprio o espírito de
insensatez e tolice, você
vai ver como aquela
neshamá é boa.
Quando chegou o Rebe, ele tirou
esse psac din lepoal — ele colocou
este conceito do livro para pôr
em prática, através da campanha
internacional de colocação de tefilin com todo e qualquer judeu —
mesmo que seja uma vez na vida,
mas já vai valer!
E a mesma coisa se aplica ao
primeiro conceito citado acima.
Quantos conheciam esse dito do
Maimônides de que a vontade
real de cada judeu é cumprir a
Torá e as mitsvót? Achavam isso
muito bonito, mas não achavam
isso prático. O Rebe tirou isso da
prateleira e trouxe para esse mundo. Dor hashevií (a nossa geração,
a sétima geração desde o Admur
Hazaken) é aquela geração que
devolve a Shechiná para a Terra,
que a traz para o mundo prático e físico. O Rebe não falou dos
mundos espirituais; ele mostrou
como cada judeu está apto e preparado para cumprir a Torá e as
mitsvót, bepoal, na prática, aqui,
neste mundo!
Ele tirou esse conceito de que “a
vontade de cada judeu é cumprir
a Torá e as mitsvót” dos livros e falou: “Se essa é a vontade de cada
judeu, é só revelar essa vontade; é
só você mostrar que isso (a Torá e
as mitsvót) pertence àquele judeu”.
Como várias vezes ficou óbvio, o
Rebe não queria ter o monopólio
sobre a aproximação dos judeus
ao judaísmo; o Rebe queria que
todos os grupos judaicos se empenhassem e trabalhassem nisso.
Porém, vemos que a forma que
o Rebe introduziu esse conceito e
essa ideia é completamente diferente. Primeiro, o Rebe queria dar
o valor de cada mitsvá, mesmo que
cada judeu não a cumpra de forma
completa. Ou seja, o objetivo não
é simplesmente fazer ele cumprir
uma mitsvá, pois uma mitsvá atrai
outra mitsvá (e, assim, ele acabará
cumprindo todas as mitsvót). Mas,
mais do que isso, a visão do Rebe
é: “Não torne a outra pessoa mais
religiosa”. Não é essa a forma de
se chegar à outra pessoa. Não é
nem dessa forma que o Rebe fala
sobre si mesmo: “Eu quero me tornar religioso”, não. O Rebe fala simplesmente: “Torá tsiva lanu Moshé,
Morashá Kehilat Yacov”. A Torá que
D´us deu para o povo de Israel é
uma herança para cada judeu.
Trazendo um exemplo prático:
imagine que você tenha um amigo, e o seu amigo é uma pessoa
bem abastada. Só que este amigo,
por alguma razão lógica e importante, tenha uma grande parte dos
seus bens em outro país, guardados numa conta com números
também meio secretos, codificados. Então ele lhe fala: “Olha, se
acontecer alguma coisa comigo,
você avisa aos meus filhos que eu
não os deixei na mão e que tem lá,
naquela conta no exterior, um valor para cada um deles e eles vão
poder ficar tranquilos”. Ele lhe diz
isso e lhe passa o número da conta.
Imagine agora que o tal amigo
faleça e você, que sabe o segredo e sabe que aquela pessoa não
deixou seus filhos na mão, resolve
não contar nada para eles. Que
coisa grave você está fazendo!
Você tem que chegar para aqueles filhos e dizer: “Olha, seu pai não
lhes deixou na mão! Tem isso e isso
e isso, em tal lugar, e é assim que
vocês chegam lá — e vocês irão
ficar bem”.
O Rebe fala a mesma coisa: “Torá
Tsiva lanu Moshé Morashá Kehilat
Yacov”. D´us deu uma herança para
cada judeu, só que esse judeu não
sabe que o pai dele deixou para ele
de herança os tefilin, as mezuzot,
candelabros de Shabat e cashrut;
...Não tenho que
incentivar outro judeu
a estudar a Torá e
cumprir as mitsvót só
para tornar ele ou ela
mais religioso”. É para
lhe dizer: “Os tefilin são
seus! Os candelabros
são seus candelabros, o
que você vai fazer com
eles, eu também não
sei, mas são seus, sua
herança!”
nada disso.
Você tem o mérito de saber que
isso é herança daquele judeu, que
isso pertence àquele judeu, então,
se você tem esse mérito de saber,
que D´us confiou a você e sabe
que aquele filho tem a sua herança, imagine se você não chega
para ele e lhe fala o que tem que
falar — não fala para ele sobre a
herança que lhe pertence por direito?
É isso que o Rebe fala: “Não tenho que incentivar outro judeu ou
judia a estudar a Torá e cumprir as
mitsvót só para tornar ele ou ela
mais ou menos religioso”. É para
lhe dizer: “Os tefilin são seus! O que
você vai fazer com eles, eu não sei;
os candelabros são seus candelabros, o que você vai fazer com eles,
eu também não sei, mas são seus,
é a sua herança!”
Torá Tsiva lanu Moshé Morashá
Kehilat Yacov. Esse é nosso trabalho, do dor hashivií, de trazer a
Shechiná para a Terra. A gente não
pode ficar impressionado se aquele judeu cumpre ou não cumpre,
se ele vai me ouvir ou não, nada
disso.
Se conta uma história conhecida
de um shaliach (emissário do Rebe)
que foi num prédio importante na
Quinta Avenida para tentar entrar
no escritório de uma pessoa muito
rica. Ele tentou entrar e não conseguiu. Foi por outro lado, como se
diz: “entrou pela janela” de algum
jeito. Quando entrou lá, o rico o
viu e lhe disse: “Vá embora, o que
você está fazendo aqui? Veio catar
dinheiro? Vá embora”. Ele saiu de
lá arrasado e falou: “O yetzer hará
dessa pessoa é muito forte”. Então,
ele decidiu tentar de novo, tentou
uma segunda vez por outro lado
e de novo foi mandado embora:
“O yetzer hará desse homem está
muito forte”, ele falou para um
amigo. Uma terceira vez, ele foi, e
foi colocado para fora correndo.
Então ele falou: “Pôxa, não adianta
mais, vou desistir!”. Então o amigo
respondeu: “Agora, o yetzer hará
forte é o seu, não o dele”.
Não podemos desistir de nenhum judeu. Não podemos
nos entregar a uma realidade
que não é verdadeira. A realidade verdadeira é que todo judeu quer cumprir a Torá e as
mitsvót. E não é só isso: “ki lo idach mimenu nidach” — não é para
sempre que um judeu pode ficar
separado de D´us. Como você vai
chegar até ele? Se é através de
insistência ou de uma estratégia
melhor, isso temos que consultar
pessoas que entendem do assunto — cada um na sua área — para
saber qual a melhor forma de fazê-lo, mas temos que ter a certeza
de que isso é o trabalho de cada
judeu, de cada um de nós que está
aqui, e o Rebe confia em cada um
de nós.
BICENTENÁRIO DO ALTER REBE
coisas... Mas, não! É totalmente o
contrário.
O normal da neshamá do judeu, o alimento saudável para sua
neshamá é a Torá e as mitsvót. Ele
não sabe disso. Você tem que trazer isso a ele, e quando ele souber
e tirar dele mesmo o seu próprio
ruach shtut, o espírito de insensatez e tolice, você vai ver como
aquela neshamá é boa.
A segunda halachá que o Rambam nos traz é um conceito chamado: carcafta delo manach tefilin
— “uma cabeça que não colocou
tefilin”.
Há uma discussão sobre o que
significa “uma cabeça que não colocou tefilin”. Sobre isso no Zohar
e outros livros estão escritas coisas
muito sérias.
Por exemplo: entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, a pessoa é julgada
por D’us, e aqueles que estão meio
a meio, uma das mitsvót que pode
decidir qual o futuro daquela pessoa é se ela é carcafta delo manach
tefilin — “uma cabeça que não colocou tefilin”. Se a pessoa não é um
carcafta delo manach tefilin isso irá
lhe dar uma força muito grande na
hora do julgamento celestial.
Mas, o que realmente significa “uma cabeça que não colocou
tefilin”? E se fulano colocou tefilin
pelo menos uma vez na vida, ele
deixou de ser carcafta delo manach
tefilin? Ou só é possível sair dessa
categoria quando se coloca tefilin
todo dia?
Para sair desta definição tão forte, o Rambam explica e codifica nos
seu livro de leis que, se a pessoa colocou pelo menos uma vez na vida o
tefilin, já sai dessa categoria.
Agora vamos poder apreciar melhor estas duas halachot do Rambam, estas duas leis do Rambam,
do Maimônides.
Até um bom tempo, elas esta-
Lubavitch Views 11
BICENTENÁRIO
N o s s aDO
s ALTER
F e s tREBE
as
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...do sheker haolam,
da mentira do mundo,
temos que fazer
keresh lamishkan, as
paredes do mishkan (o
santuário do deserto).
Sheker e keresh tem
as mesmas letras.
Temos que pegar
a insensatez que
existe nesse mundo e
transportar isso para
o lado da kedushá
(Torá e mitsvót).
do Shulchan Aruch (Código de Leis
Judaicas). Conforme nos esclarece
também o Admur Hazaken, logo
no início do seu Shulchan Aruch,
não podemos nos importar com
quem zomba de nós; muito pelo
contrário, temos que usar esta
mesma força, esta mesma energia,
para o lado da kedushá, para o lado
da santidade, para o lado da espiritualidade.
Por isso, é oportuno lembrar,
hoje, em Yud Shvat, que de um
lado vemos que termina a sexta
geração (com o falecimento do
Rebe anterior nesta data) e começa uma sétima geração (quando, nessa data, um ano depois o
nosso Rebe assume a liderança)
e sabemos que não é pela nossa
boa vontade que chegamos aqui.
Não é porque somos especiais que
somos a sétima geração. Simplesmente somos a sétima geração
porque viemos depois da sexta,
nós temos esse trabalho que é o
final — e como o Rebe escreve no
maamar, o trabalho do sétimo é
a continuação do trabalho do primeiro — do trabalho do Admur
Hazaken.
Nós vemos que foi justamente o
nosso Rebe, de todos os sete Rebes de Chabad-Lubavitch, aquele
que mais implementou o estudo
do Tanya. Ele incentivou sua divulgação por vários meios de comunicação, como o rádio; sua tradução em vários idiomas, e não só
isso, mandou imprimir o Tanya em
todos os lugares onde houvesse
pelo menos um judeu.
Isso, porque o Tanya é o ensinamento do primeiro Rebe e a sétima geração é quem trará a Shechiná para a Terra, é aquela que trará
todos estes ensinamentos do Admur Hazaken, de Chabad — Chochma Bina e Daat, de uma maneira
que aquilo não esteja mais na prateleira, mas que seja usado na vida
prática.
Por isso, já que estamos nos 200
anos do falecimento do Admur
Hazaken, convém lembrar e enfatizar como o nosso Rebe incentivou o estudo do Tanya, do Admur
Hazaken, em todos os níveis e
idiomas. Lembrar como o Rebe fez
questão de divulgar com grande
estardalhaço quando foi impresso o Tanya em braile, possibilitando até aos cegos o seu estudo, e,
como ele sempre frisou, divulgar
a todos que expandir o estudo
do Tanya aproxima a vinda do
Mashiach!
A nossa geração é a geração da
vinda do Mashiach.
Muitas vezes apenas lemos o
Tanya diariamente, mas temos que
começar a estudar. Talvez não dê
para estudar todo o Tanya como se
deveria, mas temos que tirar uma
linha por dia, algo que possamos
levar para a nossa vida prática. Nós
temos que tirar o Tanya (e o Admur
Hazaken) da prateleira e colocar
isso na vida de cada um de nós e
assim nos prepararmos adequadamente para a vinda de Mashiach!
Nossas Festas
O Rebe abriu todos os cofres dos
tesouros espirituais e todas as forças foram dadas para nós. Temos
que encarar as coisas dessa maneira e saber que todo judeu que está
fazendo a coisa normal é aquele
que cumpre a Torá e as mitsvót.
Mas, o Rebe acrescenta ainda
algo a mais no maamar. Quando as pessoas estão tão confusas
e o espírito de insensatez e tolice predomina, aí você não pode
mais ser normal, pois uma pessoa
normal não consegue enfrentar a
doença. Você precisa de algo mais
forte, você precisa de uma insensatez positiva, do lado da kedushá.
Você precisa mostrar que aquele
espírito de tolice que se apossou
da pessoa do lado negativo agora
tem que ser transformado no lado
positivo. Como o Rebe anterior escreve no seu maamar: do sheker
haolam, da mentira do mundo, temos que fazer keresh lamishkan, as
paredes do mishkan (o santuário
do deserto). Sheker e keresh tem as
mesmas letras. Temos que pegar a
insensatez que existe nesse mundo e transportar isso para o lado da
kedushá (Torá e mitsvót).
E como se faz isso? Aquilo que
vemos acontecer no sentido negativo pode ser transformado e
usado no sentido positivo — isto é
o significado de shtut de kedushá.
Isto significa que, como aquela
pessoa que está andando no mau
caminho e não quer ouvir nenhum
argumento, pois acha que está
certa até o fim e segue nisso sem
abrir mão, assim, também, quando
estamos no caminho da Torá e das
mitsvót, devemos seguir sem olhar
para o que falam à direita ou à esquerda. Temos que fazer aquilo
que tem que ser feito da maneira
certa e correta sem nos importarmos e sem ligarmos para o que
falam. Essa é a primeira halachá
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Nossas Festas
por Rabino Avraham Tsvi Beuthner
Aos não iniciados na multimilenar
arte de panificação (como eu, por
exemplo...), convém lembrar certos
conceitos básicos, sem os quais toda
esta narrativa perderia completamente o sentido:
A mera mistura de água com farinha de trigo dá origem a uma “criatura pegajosa” conhecida comumente como “massa de pão”.
[Aliás, a Torá chama de pão ou
matsá ao resultado da mistura de
água e farinha só se a farinha usada
for de trigo ou de cevada, aveia, centeio ou espelta. No nosso dia a dia,
além do singelo pão de trigo, nas
suas mais diferentes formas e feitios,
as pessoas só conhecem o pão de
centeio ou shvartse broit, o pão preto.]
Um fenômeno já registrado por
milhares (senão milhões) de teste-
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munhas ao longo dos anais da história, é o fato desta massa irrequieta
crescer e começar a estufar cerca de
18 minutos depois da mistura (são
pelo menos Chai minutos, independentemente de ser uma ‘massa de
pão’ judaica ou não...).
Chamam este fenômeno de
levedação, palavra que a maioria
dos seres mortais falantes da língua
portuguesa que eu conheço ainda
reluta em usar. Palavras como “levedação, levedado, levedura” têm algo
de “leve”, mas dão origem a pães e
massas cujo consumo produz pessoas “pesadas” ou “obesas”... Enfim,
seja lá qual for o motivo psicológico para esta relutância, as pessoas
preferem chamar o crescimento
da massa de pão de “fermentação”,
já que aqueles bloquinhos ou pozinhos que fazem a massa crescer
mais rápido chamam “fermento”.
[Isto aparentemente é incorreto,
pois fermentação não é o mesmo
que chamets — é um outro processo e que seria permitido em Pessach,
quando não envolve trigo, cevada,
aveia, centeio ou espelta. Por exemplo, usamos vinho em Pessach, pois
é o resultado da fermentação da
uva...]
Só depois de crescida é que se coloca a massa no forno para que saia
depois em forma de pão — gostoso,
crocante e fofinho...
Outro fenômeno, pouco conhecido: nem sempre esta massa de pão
cresce bem. Às vezes, ela azeda e
fica meio chata, dando origem a um
material que dever-se-ia chamar de
“levedura”(e que a Torá chama de
seór) — ou seja, ”que causa levedação”, pois, ao misturar um pou-
Primórdios
Mil novecentos e quarenta e oito
anos depois que D’us criou o mundo, colocando Adam e Chavá (Adão
e Eva) no Paraíso ou “Jardim do Éden”,
nasceu nosso patriarca Avraham
(Abraão). Muita coisa já havia acontecido com toda a humanidade, mas
vamos focar numa família só: a família de Avraham, seu filho Yitschák e
seu neto Yaakóv — a nossa família,
dos nossos patriarcas.
Devido a uma série de circunstâncias, nosso patriarca, Yaakóv (Jacó),
também conhecido como Israel, sai
da Terra Sagrada, que futuramente seria chamada de Terra de Israel
(mas, que naquela época, era chamada de Terra de Canaã ou Knáan) e,
com toda sua família — que incluía
seus 12 filhos e suas famílias — vai
viver no Egito, onde seu filho, Yossef
(José), tornara-se o vice-rei. Knáan
e os outros países vizinhos passam
por uma terrível seca e, graças às
providências que Yosef tomou, inspirado por D’us, somente no Egito
há comida para todos.
Os hebreus (futuros judeus) ou
israelitas, como seriam conhecidos
os descendentes de Israel, vão morar na terra de Goshen, terra fértil no
Egito, onde seguem vivendo em co-
munidade. Assim viveram durante
210 anos.
Nos últimos 80 anos de sua estadia no Egito, Yossef falece e um faraó
perverso e mal-agradecido escraviza os israelitas, forçando-os fazer,
diariamente, exorbitantes cotas de
tijolos de barro (pois não há pedras
no Egito) para com eles construir as
cidades de Pitóm e Ramsés, onde
seriam guardados e protegidos os
tesouros do Egito. Somente uma
tribo não foi escravizada: a tribo de
Levi, na qual nasceu Moshé Rabeinu
(Moisés) e seus irmãos mais velhos,
Aharón e Miriam.
Sábios, mas supersticiosos, os magos egípcios preveem o nascimento
daquele que iria desafiar o faraó e
salvar o povo israelita da escravidão.
O faraó decreta, então, a morte de
todos os bebês israelitas recém-nascidos, que deveriam ser impiedosamente atirados no Rio Nilo.
Yocheved, a mãe de Moshé (que
até então era conhecido como Tuvia,
além de alguns outros nomes), coloca seu bebê numa cesta (que ela havia impermeabilizado) e a esconde
na margem do Nilo, num monte de
juncos (suf, dos quais os egípcios faziam seus famosos papiros). Miriam
fica ali de guarda, para salvá-lo de
algum perigo ou até que cessasse o
decreto do faraó.
Batia, a filha do faraó, vai banhar-se por ali e encontra a cesta e o
bebê, que decide adotar, chamando-o de Moshé (aquele que foi retirado das águas). Miriam o oferece a
Yocheved para amamentá-lo pelos
dois anos seguintes, quando ele
passa a viver definitivamente no
palácio real. Após várias peripécias,
ele salva um judeu dos maus-tratos
de seu capataz egípcio, mas depois
tem que fugir para salvar sua própria
vida da ira do faraó.
Muitos anos depois vamos encontrá-lo casando-se com Tsipóra,
filha de Yitró, o sacerdote de Midián,
que abandonou a idolatria e passou
a crer num D’us único. Lá, Moshé
trabalhou como pastor do rebanho
dele. Ao pastorear seu rebanho,
próximo do Monte Sinai, Moshé foi
atrás de uma de suas ovelhas que
desgarrou-se, o que o leva a um arbusto que milagrosamente pega
fogo, mas não queima, não se consome. Lá, em frente ao Monte Sinai,
ele ouve a voz Divina que o encarrega de salvar o povo da escravidão.
Moshé questiona: “Sou gago, como
é que o faraó vai me dar ouvido?”.
D’us lhe garante que “é Ele quem colocou a boca (a fala) no ser humano”,
portanto, Ele garante o sucesso de
seus emissários. Mesmo assim, D’us
lhe ordena, então, levar junto consigo seu irmão Aharón, como seu
porta-voz.
Como ambos são da tribo de Levi,
eles são homens livres, que podem
ir ao encontro do faraó, avisando-o
que D’us mandou libertar Seu povo
para que eles possam rezar e oferecer sacrifícios para Ele no deserto.
Caso contrário, D’us castigaria o Egito com dez pragas. Desta forma, Ele
demonstraria o Seu poder ao faraó
e aos egípcios, para que reconhecessem a Sua grandeza e libertassem o
Seu povo.
Nossas Festas
A saga da massa da matsá:
uma aventura milenar
co desta massa azedada com uma
outra massa de pão recém-feita,
esta última passa a “levedar”, ou
“crescer”(estufar) mais rápido graças
à levedura. Mas, como foi citado acima, devido à bizarra relutância em
usar termos “leves”, na melhor das
hipóteses vão chamar esta massa
azedada de “fermento natural” (para
distinguir daqueles bloquinhos e
pozinhos que geralmente são fermentos artificiais, como o Fleischmann ou Itaquara).
Como já esclarecemos alguns dos
termos técnicos necessários, vamos
agora dar início à nossa saga milenar.
Churrasquinho de carneiro (shishkebab?)
Estamos agora no ano 2448 desde a criação do mundo. Cada praga
durou cerca de um mês — a partir
da primeira, informalmente acaba
a escravidão do povo, mas ele não
está livre. O Egito sofre, mas o faraó segue proibindo obstinada e
ilogicamente a saída dos israelitas.
Fazia 430 anos que D‘us havia dito
para Avraham, nosso patriarca, que
seus descendentes seriam escravizados, mas sairiam da escravidão com
grande patrimônio.
No início do mês de Nissán, o mês
da primavera (no Hemisfério Norte),
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Nossas Festas
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Vamos parar um pouco a narração
por aqui e esclarecer alguns detalhes:
Os egípcios idolatravam seus carneiros como um deus, de modo que
aquele “churrasquinho” era uma verdadeira afronta para eles (imagine
alguém fazendo churrasco de vaca
na Índia...). Para piorar mais um pouco, ainda anunciaram a morte dos
primogênitos, uma casta egípcia
nobre e privilegiada. E qual foi a reação dos egípcios? Os primogênitos
fizeram uma verdadeira guerra civil
contra o faraó para que libertasse
os israelitas imediatamente e poupasse suas vidas — mas os soldados
do faraó os derrotaram. Foi uma das
poucas vezes, na história da humanidade, que um grupo de não judeus
lutava contra outro grupo de não judeus para salvar os israelitas...
Finalmente:
massa ou matsá?
Agora prestem atenção num detalhe que normalmente passa despercebido:
No dia 14 de Nissán, véspera da
noite de Pessach, ele foram ordenados por D’us a fazer matsót, ou seja,
roupas aos egípcios, conforme lhes
foi ordenado de véspera, e D’us fez
os egípcios respeitarem e atenderem
o povo de Israel (Shemót 12:35-36).
Isto significa que eles já tinham
feito e comido a matsá antes mesmo
de sair do Egito!
Saída triunfal e o
enigma da matsá
matinal...
Vamos agora ver o que aconteceu
fora das casas dos israelitas, da meia-noite até o dia seguinte:
Calamidade pública total: não há
casa egípcia onde não haja um morto! Gritos de desespero ecoam por
toda parte. O faraó, que até então
fora tão insensível e obstinado, finalmente corre em busca de Moshé e
Aharón para lhes ordenar que tirem
os israelitas do Egito.
Moshe e Aharón provavelmente
estavam em Mitsraim , enquanto o
povo de Israel estava no distrito de
Ramsés, na terra de Goshen . A distância entre ambas é de cerca de 6
parsaót (aprox. 24 km). Durante as
horas entre a meia-noite e o raiar
do dia, a notícia de que o faraó finalmente libertou o povo chegou
até Goshen, onde os egípcios literalmente expulsaram os israelitas do
Egito, gritando: “Saiam logo daqui,
senão morreremos todos nós!”.
O sol raiou e, apesar da confusão
geral gerada por aquela agitada e
da tão esperada saída do Egito, a
recém-adquirida liberdade só ajudou a reforçar ainda mais a crença
e a confiança do povo de Israel em
D’us. Os israelitas embrulharam carinhosamente os restos de matsá e
marór que comeram antes da meia-noite — os restos de uma mitsvá
Divina, que fizeram questão de carregar nos seus ombros. Esta foi uma
das primeiras mitsvót que receberam de D’us, um sinal de Sua aten-
ção e consideração com o Seu povo,
portanto, estes “restos” tinham que
ser tratados com respeito e carinho.
Daí vem o costume sefaradi de embrulhar a matsá e colocar sobre o
ombro no início do Seder. (Obs.: não
sobrou nada dos “churrasquinhos de
carneiro”, o Korban Pessach, pois era
proibido deixar algo sobrar dele até
a manhã seguinte, pois aí então seu
consumo seria proibido e o que sobrou teria que ser queimado.)
Seguindo na nossa milenar saga
da massa, vamos agora tratar de um
trecho que fala de uma outra massa
e de uma outra matsá:
“O povo carregou a sua massa
de água e farinha antes que crescesse (antes que levedasse ou fermentasse) — mish’arotám tserurót
bessimlotam al shichma’m (essa é
a frase que os sefaradim dizem ao
carregar a matsá embrulhada no
ombro), que significa: os restos da
matsá e do marór foram enrolados em seus mantos [e carregados]
sobre seus ombros”(Shemot 12:34).
Ou seja, só agora, de manhã, é
que o povo começou a fazer mais
uma massa de pão para preparar a
comida que ele teriam que comer
na “viagem” (como aqueles providenciais sanduichinhos que se leva
para viagem... Imagine as “idishe mames” gritando para seus apressados
maridos: “E o que é que vocês vão
comer na viagem? Oi guevald! Vocês pensam em sair assim, de mãos
e estômago vazios, lá para o deserto?” E as “idishe mames” sefaradim
devem ter acrescentado algo como
“Majnun!...”)
Pouco mais adiante consta:
“[Os israelitas] assaram a massa
que eles tinham tirado do Egito
em forma de tortas não levedadas
(matsá) pois ela (=a massa) não tinha levedado (=não cresceu, não
fermentou), pois eles tinham sido
expulsos do Egito e não puderam
demorar [nem 18 minutos!], e eles
não tinham preparado qualquer
outra provisão [ou “merenda”, para
a viagem]”(Shemot 12:39). Vemos
aqui a grande fé e confiança que o
povo de Israel teve em D’us, espelhada na sua disposição de sair ao
Seu encontro, no deserto, mesmo
sem ter provisões adequadas — “se
Ele mandou ir, então nós vamos!”.
O Ramban (Nachmânides), um dos
maiores sábios da “idade de ouro”
do judaísmo espanhol (faleceu em
11 de Nissan de 1270, em Israel), expressando a explicação do “peshat”
de seus antecessores, sugere que
eles teriam assado a massa no caminho (produzindo matsót), logo que
saíram do Egito, entre Ramsés e Sucót, ou na sua primeira parada, em
Sucót (onde milagrosamente teriam
chegado em menos de 18 minutos,
como consta no Midrash).
Usando o nível de explicação do
remez (alusão), nossos sábios, no
clássico Mechílta, explicam:
“O povo levou sua massa de pão
antes que levedasse” — ou seja,
eles fizeram a massa, mas no momento da saída do Egito ela [milagrosamente] não levedou — não
cresceu e nem azedou (por isso só
dava para fazer matsá daquela massa)! Assim será também no futuro,
após a vinda de Mashíach, como
consta (em Hoshea 7:4): “[Aí então o
yetser hará, o mau instinto] deixará
de funcionar e, por isso, vai se fazer a massa até que levede [— mas
não levedará]”.
Naquele momento, da saída do
Egito, o yetser hará não teve domínio
sobre os israelitas — “a massa milagrosamente não levedou”. Nossos
sábios comparam o yetser hará com
a levedação da massa. Assim como
a levedura faz a massa se encher de
gás carbônico e inflar, o yetser hará, o
mau instinto, faz o nosso ego ficar inflado, nos atrapalhando ou até mesmo nos impedindo de fazer a vontade de D’us. (Malbim; vide também
Targum Yonatan em Hoshea 7:4)
Nossas Festas
D’us ordena aos israelitas estabelecer um calendário luno-solar, o calendário judaico. Depois, ordena a
realização do sacrifício de Pessach,
para o qual cada família deveria reservar, desde o dia 10 de Nissan, um
carneiro, que seria amarrado ao pé
de sua cama.
Também lhes foi ordenado tirar
todo chamets — todo alimento levedado como pão, bolo, biscoito, e
até bebidas levedadas como cerveja
(levedo de cevada), uísque (levedo
de malte, isto é, cevada) ou vodca
(levedo de trigo).
Matsót (tortas redondas achatadas, não levedadas) deveriam ser
feitas de véspera e marór (alface
romana — ervas amargas) também
deveria ser providenciado, para comer junto com o churrasquinho
(korban) de carneiro.
Curiosos, os egípcios indagam o
porquê amarrar um carneiro ao pé
da cama. A resposta que ouviram
foi: que quatro dias depois, no dia
14 de Nissan, por volta do meio-dia,
este carneiro seria abatido e assado
para ser comido, junto com matsá e
marór, naquela noite, pois os primogênitos egípcios seriam mortos por
D’us e os israelitas finalmente sairiam livres do Egito!
eles deveriam misturar farinha de
trigo com água, fazer uma massa de
pão e não deixar que ela levedasse
e crescesse. Em seguida, tinham que
pegar a massa, tirar dela umas “bolinhas”, “abrir” as “bolinhas” de massa
com algo semelhante a um rolo de
macarrão, achatando-as, e fazer uns
“biscoitos” meio redondos e chatos.
Desde o início da mistura da água
com a farinha até jogá-las no forno
ou sobre as brasas, tudo tinha que
ser feito em menos de 18 minutos!
Só assim conseguiriam cumprir a
ordem de D’us de fazer matsá ou
“pão achatado não levedado e meio
redondo” (— aliás, o pão árabe original deve ser a versão levedada ou
fermentada da matsá...).
Assim, em todas as casas israelitas
no Egito, um carneiro foi abatido
(“shechitado”) de dia, assado por
inteiro, e o sangue dele foi usado
para marcar as portas de suas casas
do lado de dentro, conforme D’us
mandou. Os primogênitos egípcios
foram mortos por D’us à meia-noite. Enquanto isso, D’us não matou
os primogênitos israelitas, pois Ele
“passou sobre as casas dos israelitas”
(“Pass-Over”, em inglês, ou Pessach,
em hebraico), que, até a meia-noite,
estavam comendo as matsót— que
eles fizeram antes deste “mini Seder” no Egito — junto com marór
e pedaços do churrasquinho de
carneiro, que a partir de então foi
chamado de Korban (sacrifício de)
Pessach. (Como hoje não há Beit
Hamikdash, não podemos fazer o
Korban Pessach, de modo que nos
resta apenas a mitsvá de comer
matsá, além, obviamente, da proibição de comer ou possuir chamets,
relatar a saída do Egito etc.).
Mais um detalhe pouco conhecido da história: por ordem de D’us,
nenhum israelita podia sair de sua
casa até a manhã seguinte, quando
finalmente sairiam do Egito (Shemót
12:22). E mais: Foi só de manhã que
pediram artigos de prata e de ouro e
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Nossas Festas
No relato da saída do Egito
encontramos duas matsót: a
matsá de antes da meia-noite
e a matsá de depois da
meia-noite.
Na matsá de antes da meia-noite
encontramos a vontade de D’us
revelada a nós através da nossa
aceitação e submissão consciente
à Sua autoridade — “Se é isso que
D’us quer, então é isso que fazemos”. Por isso, fomos nós que não
deixamos a massa levedar e fizemos a matsá de antes da meia-noite. A matsá de antes da meia-noite
tem essa ideia embutida nela: ela
é simples, chata, sem levedação —
não tem “ego inflado” (chamets),
representado a nossa fé simples
e pura em D’us (yir’á tataá —
bitul hayesh).
Em seguida, D’us revelou-se de
forma direta para o povo de Israel,
pela primeira vez, na noite de Pessach, justamente à meia-noite, na
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hora em que aplicou pessoalmente (e não através de outros emissários) a praga dos primogênitos
e nos revelou Sua misericórdia e
consideração “passando por cima”
e poupando as nossas casas e nossos primogênitos.
Quando há uma revelação de
D’us no mundo, o nosso ego desaparece, ofuscado pela grandeza de D’us, pois fica muito claro e
evidente que é Ele que faz tudo
acontecer; nossa vontade e força
não existem diante da Sua vontade e da Sua força (yir’a ilaá — bitul
bimtsiút).
Portanto, na segunda matsá, a
“matsá de depois da meia-noite”
(a matsá “matinal”, que fizeram ao
sair do Egito), está embutida uma
revelação maior de D’us, pois ela
não é apenas o resultado de “nosso
esforço e aceitação da autoridade
de D’us” — ela é um milagre por si
só, uma prova real de que quando
D’us Se revela não há nem a leve
possibilidade de levedação, não
pode existir “ego inflado”, pois a
massa nem leveda... Esta matsá
“contém” a revelação Divina que
ocorreu à meia-noite — a fé firme
e inabalável em D’us, resultante
desta revelação (ou seja, nós fize-
mos a matsá depois da meia-noite,
mas foi Ele que não deixou a massa
levedar).
Comemos a matsá para cumprir
a mitsvá de “nesta noite comam
matsót” (a matsá antes da meia-noite), mas na hagadá fazemos questão de frisar que nela encontra-se a
revelação de “[D’us,] o Rei dos reis
dos reis, o Santo, bendito seja, Se
revelou a eles [na praga dos primogênitos] e os salvou” (a matsá depois da meia-noite).
Ele Se revela a nós e nos tira do
nosso Egito, nosso mitsrayim pessoal, da nossa limitação e ego humanos — e isto está “embutido” na
matsá que comemos hoje em dia,
ainda antes da meia-noite, nas duas
noites do nosso Seder de Pessach!
O que é Matsá Shmurá?
Significa: “matsá protegida, guardada”. Na Torá, D’us nos ordenou:
“Ushmartem et Hamatsot” — protejam as matsót (ao fazê-las)! Isto não
significa que devemos colocá-las
num cofre ou contratar o pessoal
da segurança para “protegê-las”, e
sim, aprendemos deste versículo
da Torá com que cuidados e rigor
deve-se produzir a matsá shmu-
rá. Os grãos de trigo — que serão
triturados em farinha, da qual será
feita a matsá —devem ser protegidos e resguardados do contato com
a água. Depois, usamos uma água
devidamente resguardada para
este fim e, após misturá-la cuidadosamente com a farinha da shmurá,
não permitimos que a massa de
farinha e água chegue a fermentar
(levedar): desde a mistura da água
com farinha até sair do forno, a matsá shmurá é feita rigorosamente em
menos de 18 minutos.
Como a matsá shmurá redonda é
feita a mão, da mesma maneira que
os nossos antepassados as fizeram
quando saíram do Egito, em cada
etapa do seu feitio ela é consagrada. Esta consagração faz com que a
matsá shmurá deixe de ser um simples “biscoito kasher para Pessach”
para transformar-se numa mitsvá
energizada, numa fonte de fé e
cura para o corpo e para a alma.
O processo de fazer a matsá
shemurá que será usada no Seder
de Pessach é comparável ao processo de fazer um sefer Torá. No início
de seu feitio, ambos, a Torá (mezuzá
ou tefilin) e a matsá, devem ser consagrados, verbalmente, para a mitsvá. Ao preparar a massa e ao assar a
matsá shmurá, a matéria é imbuída
da santidade da mitsvá, pois em
cada etapa do processo foi dito:
“leshem matsát mitsvá”. Isto significa
que, além dos cuidados para evitar
a levedação, a matsá shmurá feita à
mão está imbuída de mais espiritualidade desde o momento que se
mistura a farinha com a água, até o
momento em que ela é colocada no
forno — o que a torna um alimento
e uma mitsvá muito especial.
Seu formato redondo tem um significado profundo e místico: nos lembra constantemente de D’us, que nos
liberta e protege, pois, assim como o
círculo não tem início nem fim, D’us,
é Eterno e Infinito — “não tem início
nem fim”. Daí por que os livros místi-
cos da Torá se referirem a D’us como
sendo o ein sof (“sem-fim”).
Assim, a cabalá e a chassidut nos
dão um entendimento mais profundo e místico desta mitsvá: o próprio ato de comer matsá não é só
um “lembrete” como literalmente
alimenta e fortalece a nossa fé no
Criador! A Torá nos ordena comer
um determinado tipo de alimento
(a “matsá”) na noite de Pessach, pois
na própria matéria deste alimento
encontram-se “luzes divinas elevadíssimas” e o próprio ato de comer
matsá já fortalece a espiritualidade
que se encontra dentro de nós.
A pessoa literalmente nutre-se
desta mitsvá. Em seu corpo físico a
vitalidade de sua alma também se
conecta com a vitalidade (energia)
física que resulta do ato de comer a
matsá na qual se encontra uma forma de essência da Divindade, motivo pelo qual a matsá é chamada (no
Zohar) de michla demehemenuta
(alimento da fé) — pois ao comer a
matsá, no Seder de Pessach, a fé da
pessoa, em D’us, é fortalecida e o
yetser hará (o instinto do mal, a alma
animal da pesoa) não consegue
mais atrapalhar tanto a alma Divina,
permitindo-lhe acreditar com uma
fé completa em algo que a própria
pessoa não consegue captar com
seu raciocínio, e sim, somente com
sua fé.
A cabalá do chamets
(pão levedado) e da matsá
Em hebraico, chamets é CHET,
MEM, TSADIK; matsá é MEM TSADIK
HEI. Ambos tem a letra MEM e TSADIK. A diferença é que chamets tem
um CHET e matsá tem um HEI.
CHET e HEI têm formas similares; ambas têm três linhas e uma
abertura embaixo, mas o HEI (da
matsá) também tem uma abertura
no topo — que o CHET (de chamets)
não tem. A abertura embaixo indica
a decadência, a possibilidade de pe-
car e cair. A abertura no topo do HEI
indica a possibilidade de alguém se
elevar, subir de nível espiritual, mediante a teshuvá (retornando à D’us).
Uma pessoa centrada em si mesma, cheia de egoísmo e chamets,
tem muito mais probabilidade de se
tornar presa do pecado e da decadência espiritual. Além disso, quando ela peca, sua tendência é dar
uma explicação racional para sua
conduta e justificar suas falhas. Contrastando com isso, quando uma
pessoa se caracteriza pelo bitul de
matsá, quando se despoja do egocentrismo, é menos provável que
ela peque. E, se pecar, lamentará seu
erro e usará a “abertura” que lhe é
concedida para se elevar e se voltar
para D’us — para fazer teshuvá.
Nossas Festas
Para complementar esta ideia, eis
aí um pequeno insight chassídico
do Alter Rebe, o primeiro Rebe de
Chabad-Lubavitch, cujos 200 de hilula (falecimento) comemoramos
este ano (vide Likutei Torá, maamar
“Sheshet Yamim Tochal Matsót”):
Na hagadá de Pessach, explicamos
por que comemos a matsá, nas duas
noites do Seder, da seguinte forma:
“Porque a massa dos nossos antepassados [milagrosamente] não conseguiu levedar, pois [D’us,] o Rei dos
reis dos reis, o Santo, bendito seja, Se
revelou a eles [na praga dos primogênitos] e os salvou, conforme está
mencionado [na Torá]: “E assaram
matsót com a massa que trouxeram
[com eles] do Egito, porque não levedou, pois foram expulsos do Egito e
não puderam demorar-se [lá] e também não prepararam [outras] provisões para eles [levarem]”. Quando
D’us Se revela — a massa não leveda,
os egos não se inflam, a verdade e a
bondade são mais aparentes!
Matsá: Alimento
da fé e da cura
O Zohar refere-se à matsá como
sendo “o alimento da fé” e “o alimento da cura” — pois a matsá fortalece
nossa consciência de D’us. Em geral,
comer fortalece a conexão entre
o corpo e a alma. Quando alguém
come matsá, internaliza a conexão
com D’us que transcende o intelecto, permitindo que a fé simples que
todos nós possuímos permeie nossas vidas. E isto se torna “o alimento da cura”, fortalecendo o corpo e
permitindo que à pessoa aprecie o
objetivo para o qual sua alma desceu para este mundo — para transformá-lo numa moradia para D’us,
através de suas boas ações.
Que em breve possamos sair deste estado de Egito e “limitação”
atual e comemorar o Pessach no
Terceiro Beit Hamikdash em Yerushalaim — numa época de paz,
harmonia e alegria universais, com
a vinda de Mashiach!
Pessach Kasher vêssameach!
Pessach Kasher e feliz!
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Nossas Festas
1- Nos fecharmos,
2- Nos deprimirmos,
3- Lutarmos pela autoestima e
4- Rezarmos para Hashém nos ajudar a ganhar autoestima.
Na realidade, cada tipo de
reação mencionada
anteriormente, tem seu
defeito:
Sétimo dia de pessach:
a abertura do mar na nossa vida!
1- Nos salvarmos sem pensar nos
demais é egoísmo, o que contraria
toda a razão da nossa existência,
2- Entregarmo-nos significa viver
sem alegria, coisa oposta ao desejo
de Hashém, que quer que vivamos e o
sirvamos com alegria!,
3- Lutando existe o risco de se perder algo (mesmo ganhando, algo se
perde), e a pessoa sai “machucada”
pelo esforço investido em lutar, quando poderia investir esta energia em
seu crescimento (além do que, muitas
vezes esta ideia de lutar vem do próprio mau instinto).
4- Rezarmos e nos entregarmos com
fé total em Hashém, sem fazer nada,
seria o mesmo que descansar no dia do
Shabat acreditando que é Hashém que
nos alimenta, e também não trabalhar
nos outros seis dias da semana, argumentando a mesma fé em Hashém,
indo contra o mandamento de Hashém
em trabalhar confiando que Ele trará
sucesso ao esforço do trabalhador.
Mas Hashém não recomenda
nada disso, e sim que é preciso procurar avançar, e “o caminho se faz ao
andar”. Ou seja, todas as reações humanas limitam e aprisionam a pessoa. Sair delas e escutar a sugestão
de Hashém significa dar o primeiro
passo para a verdadeira liberdade,
na qual enxergaremos que o (mar
do) materialismo não atrapalha nosso andar, e sim, ele mesmo transforma-se num caminho em direção ao
nosso crescimento, o Monte Sinai.
Somente indo em frente é que reforçamos a nossa autoestima!
(baseado nos ensinamentos do
Rebe)
Nossas Festas
Também no sentido
emocional, quando a autoestima está em perigo, existem
essas quatro reações:
Rabino Meir Rosenberg
A saída do Egito teve duas etapas:
a liberdade da escravidão após a
praga dos primogênitos, no dia 15
de Nissan, e, seis dias depois, a travessia do mar depois de estarem
encurralados e perseguidos pelos
egípcios.
O Midrash deduz das Escrituras
que o povo judeu ficou ali, à beira
do mar, discutindo entre si.
Houve quatro tipos de reação ao
perigo: alguns diziam que deveriam
se jogar no mar, outros queriam se
render e se entregar, alguns queriam lutar e outros reagiram rezando
para Hashém.
Mas Hashém lhes ordenou: Viajem em direção ao Monte Sinai para
receber a Torá e, com ela, entrar na
Terra Santa!
Assim fizeram. O mar se abriu, e o
resto é história.
Os maus hábitos nos aprisionam
e nos limitam, não nos permitindo
crescer. São um tipo de Egito, de
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Mitsrayim, de limitação. Estamos escravizados e viciados neles. A saída
deles também tem duas etapas: 1) A
decisão de escapar da má disciplina
e melhorá-la, e 2) Se liberar dos hábitos e da onda do mundano (o materialismo) que persegue e encurrala aquele que assume melhorar os
seus hábitos com boas disciplinas.
Nessa perseguição dos
hábitos e da onda mundana
(materialismo), também o
instinto da pessoa reage de
quatro formas:
1-“Jogar-se no mar”: mergulhar na
Torá e com isso se salvar, e em relação
aos demais, que se virem!
2-“Se render e se entregar” ao fato
que maus hábitos e vida mundana
são sinônimos de prazer, enquanto
boa disciplina envolve um compromisso (às vezes meio forçado) com
Hashém...
3-“Lutar”, debatendo-se contra o
ideal materialista e ruim, utilizando e
investindo nos bons e sublimes ideais
da boa disciplina...
4-“Rezar para que Hashém” nos torne gente e que não tenhamos prazer
nenhum no materialismo.
No entanto, Hashém recomenda
não ficar observando os defeitos e
maus hábitos, e sim, continuar treinado e se habituando a boas condutas, procurando somente melhorar,
ir em direção da “Terra Santa” — local onde reside a Divindade, o bem!
Como sempre, no desespero, diante de alguma ameaça,
tendemos a reagir assim:
1- Nos salvarmos, e que os demais
se virem,
2- Nos entregarmos e terminarmos
com a ameaça,
3- Lutarmos com dignidade e
4- Rezarmos a Hashém.
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Construindo um mundo de paz
Seudat Mashiach
— um ideal ou um mero banquete?
O Baal Shem Tov costumava comer três refeições festivas em ''Acharón Shel Pessach'' (o último dia de Pessach).
A terceira refeição de ''Acharón Shel Pesach'' era chamada, pelo Baal Shem Tov, de Seudat Mashíach, pois
neste dia os raios da luz do Mashíach brilham de forma revelada.
No ano de 5666 (1906), uma novo procedimento para Pessach foi adotado na Yeshivá Tomchei Temimím, em
Lubavitch: todos os alunos, juntos, comeram as refeições de Pessach, na sala de estudos. Havia então 310 alunos
sentados em 18 mesas. O Rebe Rashab comeu a refeição de Acharón Shel Pessach junto com os alunos. Ele ordenou que dessem quatro copos de vinho para cada aluno e, então, declarou: ''Isto é a Seudá do Mashiach”
(Hayom Yom)
Por que justo no último
dia de Pessach fazemos
“Seudat Mashiach”?
Primeiro respondamos judai-
camente com outra pergunta: o
que é Mashiach?
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No judaísmo, Mashiach é o ser
humano, descendente do rei
David, que vai “salvar” o mundo de sua própria decadência.
O egoísmo, a maldade, e a corrupção escravizam e destroem
a humanidade, afastando-a da
fonte de todo bem e de todas as
bênçãos- materiais e espirituais
– que é D’us. Mashiach é um ser
humano, um rei, que libertará
o povo judeu, e conseqüentemente toda humanidade, das
garras do mal. A voz de Mashiach revelará a todos a bondade
Divina que se encontra em todo
(a) Pessach é salvação.
Assim que D’us nos retirou
das garras da maldade no
Egito, esta época do ano
tornou-se um momento
celestial apropriado para a
futura “salvação” de todos.
Todo Pessach uma energia
de salvação Divina volta a
iluminar o mundo todo —
daí por que ser um momento propício para Mashiach.
Como a salvação total, na
saída do Egito, só ocorreu
no final, após a “abertura
do mar” o oitavo dia torna-se o momento mais propicio para Mashiach dentro
do próprio Pessach;
(b) Em Israel, Pessach
dura sete dias. Fora, na Diáspora dura oito. O ultimo
(oitavo) dia de Pessach foi
instituído por causa do
exílio (Yom Tov Sheni Shel
Galuiot). O oitavo dia deveria ser um dia “mundano”,
simples. Porém, nós “capturamos” estas 24h mundanas e transformamos num
“dia sagrado”, Yom Tov, e
neste caso, um dia sagrado
de Pessach, de Salvação.
Mashiach transformará todos os nossos dias mundanos em “dias sagrados
de salvação”. Daí por que
no oitavo dia de Pessach
comemoremos a Seuda de
Mashiach, pois ele brilha e
reflete a idéia de transformarmos dias de exílio em
dias de Yom Tov e salvação.
Para apreciar melhor esta refeição, “devorem” mais algumas ideias esclarecedoras sobre o assunto, explicadas
pelo renomado Rabino Manis Friedman:
Já não passou
tempo demais?
P: O Rebe de Lubavitch anunciou que a Redenção chegaria
a qualquer instante. Contudo,
muitos anos decorreram desde então!
R: O próprio Rebe fez esta pergunta, abordando-a de duas maneiras.
O Rebe explicou que não existe
resposta que possa explicar a longa demora, principalmente porque todos os sinais descritos por
nossos Sábios já se efetivaram. Ele
transformou esta questão num
sincero clamor a D’us: “Até quando esperaremos?”
No entanto, o Rebe também
enfatizou que esta demora deve
impelir-nos a realizações ainda
maiores, a praticar mais uma boa
ação. Ele nos exortou a aumentarmos nossa generosidade para
com os outros, a intensificarmos
nosso compromisso com a Torá e
seus mandamentos e a apressarmos a Redenção.
Esta deve ser também a nossa
atitude. Temos de fortalecer nossa
confiança na proximidade da Redenção, porém, ao mesmo tempo,
avaliar se nós mesmos, e o mundo
como um todo, contribuímos suficientemente para torná-la realidade. Estas perguntas devem impulsionar-nos a seguir em frente.
Ame seu irmão judeu, estude
sobre a Redenção, pratique mais
atos de generosidade e creia que,
ainda que demore, Mashiach está
a caminho!
Esperar ou participar?
P: A crença em Mashiach parece complacente, desprovida
de envolvimento. Não seria
melhor mudarmos nós mesmos o mundo?
R: Não há contradição entre esperar Mashiach e envolver-se fisicamente em realizar esta mudança.
Na verdade, estas idéias se complementam. Podemos efetuar algumas mudanças mediante nossas
ações, mas há certas transformações que só D’us pode implementar
por intermédio de Mashiach. Devemos realizar o que está ao nosso
alcance, e pedir a D’us que execute
o resto. Permanecer na expectativa
de Mashiach de maneira nenhuma
nos isenta de cumprir a nossa parte.
Se podemos, com nossa influência,
ocasionar uma mudança para melhor, temos obrigação de faze-lo!
Estar à espera de Mashiach não é
desculpa para a inatividade.
Isto implica uma dupla responsabilidade: por um lado, temos de
viver, fazer planos e assumir compromissos de longo prazo como
se nenhuma mudança se delineasse no horizonte; por outro lado,
simultaneamente, devemos ansiar
pela Redenção e pela salvação que
acompanhará sua chegada.
Até parece que somos
“messiânicos”?
P: Todo este tumulto a respeito de Mashiach não cheira
a messianismo fanático?
Nossas Festas
mundo. Agora, vamos à questão
acima:
N oMsassahsi aFcehs tjaás!
R: O fato de muitos grupos desonrosos terem usado Mashiach
para promover seus próprios fins
não pode, apesar de todas estas
conotações, deturpar o verdadeiro significado do título.
Primeiro vieram os cristãos que
utilizaram a idéia de Mashíach para
descrever falsamente o fundador de
sua religião. Em seguida, surgiram
numerosos casos de falsos Messias
ao longo da história, que diziam-se
Mashíach na tentativa de proclamar
que a Redenção já tinha chegado e
assim “abolir” a Torá (como Shabetai
Tsvi); e, recentemente, várias associações e grupos evangélicos, gregos-cristãos-ortodoxos ou missionários
(disfarçados sob o título de “judeus
messiânicos”...) tentam usar o conceito de judaísmo e de Mashíach para
enganar judeus e introduzi-los em
suas religiões
Nós vivemos num mundo de emblemas e títulos; nem todos claramente definidos. O termo “messiânicos” possui conotações e nuanças
incômodas, e é associado a grupos
de vários tipos. O fato de uma organização cristã denominar-se “Judeus
messiânicos” só confunde nosso entendimento desta palavra, dando-lhe um sentido cristão. Portanto,
descartando totalmente idéias pré-concebidas e associações prévias,
passemos a examinar o termo com
mais rigor.
É um elemento fundamental de
nossa fé que Mashiach trará salvação
para o mundo inteiro. Maimônides
considera este o décimo segundo
dos Treze Princípios da Fé Judaica.
Nossos Profetas o mencionam constantemente, e nossas orações estão
repletas de referências à Redenção.
Os Sábios declararam que uma das
primeiras perguntas que é feita a
todo indivíduo no dia do Julgamento Divino é: “Você esperou pela salvação?” O Talmud também afirma
que toda pessoa é obrigada faxer de
tudo para apressar a Redenção. “Se o
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O que o Talmud
realmente diz é:
“Mashiach não chegará
até que a esperança de
Redenção pareça estar
perdida”; e “Três coisas
vêm inesperadamente:
Mashiach, a descoberta
de um objeto perdido e
a picada do escorpião”
Templo de Jerusalém não foi reconstruído em teus dias — então considera-se como se o Templo tivesse
sido destruído em teus dias!” Se isto
é “messianismo”, então realmente o
judaísmo é uma religião messiânica.
Sim, pois muitos séculos antes que
outros “pensassem” sobre Mashíach,
nós sempre acreditamos em Mashiach, esperando ansiosamente pela sua
vinda. Rezamos para que ele venha
rapidamente e D’us alivie as “dores
do parto” da atualidade, que precedem sua chegada (comparada a um
difícil “parto”...). Temos a obrigação de
antecipar este grande dia, de apressar sua chegada tranqüila e alegre.
Forçando a redenção
P: Toda esta discussão não infringe a proibição de precipitar a
Redenção?
R: Esta proibição muitas vezes é
citada fora de contexto. Examinemos o que dizem nossas fontes
sobre isso.
O Talmud enumera diferentes promessas que D’us obrigou a nação
judia a fazer, uma das quais foi a de
não atrasar a Redenção por meio do
pecado. Rashi, o comentador clássico, traz um texto alternativo que diz
“não precipitar a Redenção”. Em outras palavras, D’us teria intimado Israel a não pressionar para apressar a
Redenção, tentando faze-la ocorrer
antes do tempo determinado.
Esta versão é um tanto problemática. Se estamos sob o juramento de
não adiantar a Redenção, por que
nossos Sábios instituíram sua menção freqüente em nossas orações
diárias? Obviamente, explicam os
comentadores, não é proibido rezar
e rogar pela chegada de Mashiach.
Porém, D’us não permite que lancemos mão de táticas coercivas, ou
seja, meios cabalísticos, com a intenção expressa de forçar a Redenção.
Toda esta discussão se refere a
trazer a Redenção antes da hora.
Atualmente, porém, quando todos
os sinais previstos pelos Sábios se
estão concretizando, provando assim que nos encontramos no limiar
da salvação; e quando muitos de
nossos líderes justos proclamam
que Mashiach chegará brevemente
– com certeza temos a obrigação de
fortalecer nossa crença na Redenção
iminente e fazer todo o possível para
apressar sua venturosa chegada.
não são princípios fundamentais,
e nós ainda somos incapazes de
entender tais acontecimentos.
Na verdade, uma tradição autorizada dos discípulos do Baal
Shem Tov afirma que nós já compensamos o trauma desta batalha com a duração extremamente
longa deste exílio severo. Além
disso, é provável que os horrores
do Holocausto continham as dores do parto de Mashiach, inclusive a guerra de Gog e Magog. O
Rebe de Lubavitch elucidou muitos aspectos da Redenção, porém
pouquíssimas vezes mencionou
esta guerra. Ademais, ele sempre
enfatizou que a Redenção virá de
modo pacífico e brando, acompanhada de milagres e maravilhas.
Devemos adotar esta abordagem
e acreditar que, devido à falta de
clareza que a cerca, D’us nos poupará desta calamidade e tais profecias serão interpretadas de forma diferente. Mereceremos ver a
Redenção numa atmosfera de paz
e harmonia, e que ninguém seja
ferido ou prejudicado físicamente
de nenhuma maneira.
Batalha dramática
Menos preocupação?
P: É verdade que a traumática
batalha de Gog e Magog será um
prelúdio da Redenção?
P: Como vocês conciliam este interesse ativo por Mashiach com
as palavras de nossos Sábios:
“Mashiach só chegará inesperadamente”?
R: Este é um exemplo típico de
perguntas baseadas na falta de
conhecimento. Nossos Sábios não
fizeram tal afirmação! O que o Talmud realmente diz é: “Mashiach
não chegará até que a esperança
de Redenção pareça estar perdida”;
e “Três coisas vêm inesperadamente: Mashiach, a descoberta de um
objeto perdido e a picada do escorpião”. É fato estabelecido que a
Redenção chegará de súbito, sem
conhecimento prévio de uma data
específica.
R: Encontramos menção a esta
guerra nas profecias de Ezequiel
e no Talmud. Não podemos tentar
descrever o que ocorrerá porque,
como escreve Maimônides, estes
eventos não serão conhecidos por
ninguém até que de fato aconteçam. Maimônides também observa que os detalhes desta guerra
não estão claros nos Profetas, e
que nossos Sábios não têm tradição no que se refere ao assunto.
Consequentemente, ele recomenda que não nos detenhamos nestas questões complexas, pois elas
O significado dessas declarações
é que não saberemos o momento
preciso da Redenção. Assim como
não se pode calcular quando um
escorpião atacará, ou quando um
objeto perdido será recuperado, a
chegada de Mashiach também nos
surpreenderá totalmente. Devemos rezar pela Redenção, sempre
esperando que ela venha de imediato – como dizemos em nossas
orações: “aguardamos Tua salvação todos os dias – mas não temos
conhecimento de quando exatamente ela virá”.
A crença verdadeira na Redenção
se reflete e confirma na expectativa
sincera. Jamais devemos mostrar-nos indiferentes a ela. Se a preocupação intensa com este assunto
é inquietante, podem ter certeza de
que a chegada de Mashiach, acompanhada de revelações sublimes
da Divindade, causará admiração a
todos.
Bons presságios?
P: Se a apatia religiosa e o
declínio moral da atualidade
foram previstos por nossos
Sábios como sinais do ad-
vento da Redenção, por que os
judeus estão sendo exortados
a observarem a Torá? Não
estariam eles, na realidade,
cumprindo o que previram os
Sábios?
R: Obviamente, a deterioração
religiosa e moral não é ideal nem
desejável. Os Profetas e os Sábios
prognosticaram acontecimentos
futuros, mas isto não justifica de
maneira nenhuma as nossas más
ações. É completamente errado
argumentar que o atual estado de
coisas é “necessário”.... Pelo contrário; se fôssemos dignos, um processo positivo e virtuoso de Redenção
se teria desenrolado, uma salvação
bastante rápida, e nós seríamos
poupados das agudas dores do
parto que precedem a chegada de
Mashiach.
Até o momento, escolhemos a
rota mais longa e difícil, cheia de
sofrimento e tribulações. Isto não
foi decretado por D’us, e é opção
nossa, decisão nossa. Temos capacidade para transformar e elevar este
processo. É algo que podemos fazer
instantaneamente.
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Nossas Festas
Nossos Sábios definem certas Mitsvot
como possuidoras de uma eficácia especial
para a precipitação da Gueulá-Redenção
Amar outros judeus
O Templo que foi destruído em conseqüência do ódio
sem motivo e será reconstruído por meio do amor gratuito, sem motivo, e do respeito
mútuo. Ainda que seja difícil
achar uma razão para amar
um membro do povo judeu
(principalmente se for membro de sua própria família ou
sinagoga...), devemos amá-lo
assim mesmo, desconsiderando qualquer falha ou imperfeição de caráter. Além disso,
evitar brigas e discussões prepara o caminho para os dias de
Mashiach, quando não haverá
mais guerra nem ódio.
Tsedacá-caridade
A caridade é um dos principais
mandamentos, sendo particularmente útil para a aceleração
da Redenção, como está escrito:
“Tsion será redimida pela justiça e
seus cativos, pela Tsedacá” O Talmud afirma: “Magnífica é a Mitsvá
da caridade, porque ela apressa a
Redenção”. Devemos dar caridade
diariamente e, na véspera do Shabat
e das Festas, doar uma soma adicional também pelo dia seguinte. Toda
casa deve possuir uma caixa de caridade (se possível, fixa na parede), na
qual se possa depositar contribuições periodicamente. É aconselhável ter uma caixa de caridade também no carro e no local de trabalho.
Alegria
A alegria absoluta reinará na Era
Messiânica, como diz o Salmista:
“Então nossa boca se encherá de
júbilo”; e é por meio da alegria
que nós apressamos sua chegada.
Uma alusão a isto se encontra na
raiz da palavra hebraica “a alegria”,
hassimchá, que tem as mesmas letras da raiz de Mashiach e o mesmo valor numérico!
Trabalhando por um mundo melhor!
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Pnimiut hatorá
O estudo da dimensão mais
profunda e esotérica da Torá
é especialmente importante
para a antecipação dos dias de
Mashiach. Esta parte da Torá
permaneceu oculta por muitos
séculos, até ser revelada pelo
grande cabalista, o Arizal, e
mais tarde elucidada pelo Baal
Shem Tov e seus discípulos, que
disseminaram estes ensinamentos como meio de acelerar
a Redenção. Tais conhecimentos constituem uma amostra
da Sabedoria Divina que será
amplamente revelada durante
a Era Messiânica.
Teshuvá (arrependimento e acréscimo
de torá e mitsvót)
Nossos Sábios disseram:
“Quando Israel se arrepender
(= fizer teshuvá), ele será imediatamente redimido”. O arrependimento, ou melhor, fazer
teshuvá, não requer feitos extraordinárias; o simples – porém sincero – ato de lamentar
uma má ação, acompanhado
da determinação de melhorar
nossa conduta, já é arrependimento completo. Toda atitude
positiva, por menor que seja, é
parte do processo contínuo de
preparação do mundo para a
Redenção.
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N oNsossassa sF eFsetsatsa s
Pergunte ao Rabino...
Rabino Aron Moss
Sucesso absoluto, que cativa leitores em todos os continentes, o Rabino Aron (“Ritchie”)
Moss, do Chabad de Sidney, Austrália, continua inspirando a todos com suas respostas
instigantes, inteligentes e bem-humoradas.
Pois é, Pessach está chegando.
De novo. Lá vem mais duas noites
de Seder para se encontrar com parentes distantes dos quais a gente
quase já se esqueceu, para contar
uma história que não podemos
esquecer. Será que depois de 3 mil
anos ainda é realmente necessário
comemorar a liberdade dos nossos
antepassados da escravidão no
Egito? Será que não podemos tratar de questões mais prementes e
atuais?
Meu amigo, você anda lendo a Hagadá errada. O Seder não é apenas
um momento de se ficar relembrando eventos de um passado distante
- é um processo dinâmico de liberdade dos desafios do presente.
Nós ainda somos escravos. Escravos de nossas próprias inibições,
medos, hábitos, cinismo e preconceitos. Estes “faraós” meio ocultos
são camadas de nosso ego que nos
impedem de expressar nosso verdadeiro eu interior, de colocar, na
prática, o nosso potencial espiritual.
Nossas almas estão encarceradas e
presas dentro da preguiça, do egoísmo e da indiferença.
Pessach significa “passar por cima”.
É a época da libertação, quando passamos por cima de todos os obstáculos rumo a nossa liberdade inte-
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rior. Em Pessach, damos uma chance
às nossas almas de se expressarem.
Releia a Hagadá. Toda vez que
constar “Egito” leia “limitações”.
Substitua a palavra “Faraó” por “ego”.
E leia tudo no presente, não no passado — por exemplo:
“Nós fomos escravos do Faraó no
Egito” – seria:
“Somos escravos de nossos egos,
presos em nossas próprias limitações.”
Como podemos nos libertar? Comendo matsá. Só depois de comer
matsá é que os israelitas puderam
sair para fora do Egito e seguir a D’us
no deserto. Isso porque a matsá representa a anulação do ego. Ao contrário do pão, que tem consistência
e sabor, a matsá é chata e sem gosto
— o pão da abnegação.
Normalmente, temos medo de
“anular” os nossos egos, porque
pensamos que vamos nos perder.
Em Pessach nós comemos matsá,
anulamos os nossos egos e ainda
nos encontramos — encontramos o
nosso verdadeiro eu.
Esta noite é diferente de todas as
outras noites porque nesta noite nós
nos liberamos — libertamos nossas
almas ao lhes darmos a chance de
seguir a D’us, sem vergonha. Nós
dizemos: “Posso até não entender o
que isso significa, mas eu tenho uma
alma judaica, e, de alguma forma,
ela é a camada mais profunda da minha identidade”.
Essa alma é a criança inocente
que está dentro de nós, esperando
para ser livre. Neste Pessach, vamos
permitir que a criança em nós possa
cantar: “Má nishtaná haláyla hazê ...”
Caro Rabino,
Eis aí uma coisa que nós discutimos todo ano no nosso Seder de
Pessach: Por que derramar o vinho
quando falamos cada uma das dez
pragas, e o que temos que fazer com
o vinho derramado?
Toda cerimônia judaica é dita sobre
um copo de vinho, seja um casamento, uma circuncisão (brit milá), um
kidush (recepção) ou uma havdalá
(despedida) de Shabat e de Yom Tov,
torna uma parte de nossa realidade
interior.
No entanto, existem algumas palavras que não queremos ingerir. As
dez pragas, descrevendo a aflição
dos egípcios, representam uma energia negativa que nós preferimos não
trazer para dentro de nosso sistema.
Assim, após a leitura de cada praga,
nós derramamos parte do vinho do
copo, banindo as forças negativas de
punição e suas maldições, deixando,
no copo, somente as bênçãos. O vinho derramado deve então ser descartado, pois bebê-lo seria absorver a
negatividade das pragas.
As palavras têm um impacto. Nosso ambiente absorve nossas palavras. Cuidado com o que você diz, e
seja ainda mais cuidadoso com o que
você bebe.
Deixe as pragas para os perversos
opressores. Que tenhamos somente
bênçãos. Sempre. Lechaim!
Está aí algo que eu sempre quis
saber. Nós tradicionalmente terminamos o Seder de Pessach desejando a todos: “No ano que vem — em
Jerusalém!”. E se você já está vivendo em Jerusalém, você diz o quê?
“Este ano, em Jerusalém!?” Ou simplesmente não fala nada disso?
Você pode estar a quilômetros de
Jerusalém, por mais que esteja vivendo lá. E você pode estar do outro
lado do mundo, mas está a apenas
um passo de distância dela. Porque
Jerusalém é muito mais do que uma
cidade. É um ideal que estamos lutando para alcançar.
A história judaica pode ser resumida como uma longa viagem do Egito
para Jerusalém. Além de serem simples localizações geográficas, ambos
simbolizam dois estados espirituais
opostos. A viagem do Egito para Jerusalém é uma odisseia espiritual.
Tanto como nação quanto como indivíduos, nós sempre estamos deixando a escravidão do Egito e indo
em direção à liberdade da Terra Prometida. Ao analisar o Egito psicológico e a Jerusalém interior, vamos ver
como esta é uma estrada na qual ainda estamos viajando.
O nome hebraico para o Egito é
Mitsrayim, que significa limitações,
restrições, obstáculos. Ele representa
um estado em que nossas almas estão presas dentro de nossos corpos,
escravizadas aos desejos materiais
e atadas às limitações físicas. É um
mundo em que a retidão, a justiça e a
santidade são prisioneiras da corrupção e do egoísmo.
Jerusalém significa “cidade da paz”,
um lugar de paz entre corpo e alma,
céu e terra, o ideal e a realidade.
Quando o nosso corpo não se torna uma prisão para a alma, mas sim
um veículo para que ela possa se expressar; quando nós vivemos nossas
vidas de acordo com nossos ideais
em vez de nossos desejos; quando o
mundo dá mais valor à generosidade
e à bondade do que a alguma vantagem ou ganho egoístico, aí então
estamos em Jerusalém — estamos
em paz com nós mesmos e com o
mundo.
Imagine que você está no seu carro, preso no trânsito num congestionamento monstruoso. Você está atrasado para uma reunião importante
e vê alguém saindo de alguma rua
lateral tentando entrar na sua pista.
Você está diante de uma escolha: ser
gentil e deixá-lo entrar ou continuar
preocupando-se com suas próprias
necessidades prementes e seguir
dirigindo, sem abrir espaço para ninguém.
Se você não permitir que ele entre,
justificando para si mesmo com o ar-
N oNsossassa sF eFsetsatsa s
Faça como milhares de judeus sem vergonha em todo o mundo:
e o que mais se destaca é o Seder de
Pessach, que também se realiza com
um copo cheio de vinho, que depois
é consumido.
Por que isso? Será que não podemos recitar orações na base da
“lei seca”, sem tomar nada? Por que
parece que temos que tomar vinho
sempre que surgir uma boa oportunidade?
Dizer uma oração sobre um copo
de vinho tem um poder especial: nos
dá a chance de beber na hora. Em vez
de ficar recitando palavras ao vento,
nós recitamos nossas bênçãos sobre
um copo de vinho, que absorve estas
palavras, e, aí então, nós acabamos
bebendo-as. Nós absorvemos a santidade delas.
Sob o pálio nupcial (a chupá do casamento), a noiva e o noivo bebem
do copo de vinho, para que as bênçãos que consagraram seu casamento sejam devidamente internalizadas
e absorvidas por eles. Em uma circuncisão, até o próprio bebê absorve
uma gotinha do vinho da cerimônia
e das orações, de modo que as palavras sagradas passem a fazer parte
de seu ser. Em cada Yom Tov (festa
judaica) nós bebemos e absorvemos
as mensagens do Yom Tov, de modo
que elas permaneçam conosco mesmo depois do Yom Tov acabar.
No Seder, na noite de Pessach,
nós relatamos novamente a história
de nossos antepassados, que foram
escravos no Egito, e cantamos canções de agradecimento a D’us por
ter dado a eles a liberdade. Quando
contamos tudo isso, há uma taça repleta de vinho ali, absorvendo e captando cada palavra, cada mensagem,
cada canção. Isto é feito de tal forma
que, no final da história, do relato, ao
beber-se o copo, estamos ingerindo
aquele momento. Nós não apenas
lemos o texto da Hagadá de Pessach
— nós o absorvemos, nós o levamos
conosco. Nós bebemos e absorvemos a liberdade; nós ingerimos o milagre. A história de fé e liberdade se
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Nossas Festas
gumento de que está atrasado, então
você ainda está no Egito; seu egoísmo ultrapassou a sua bondade.
Se você superar sua preocupação
com suas próprias necessidades e
deixá-lo entrar, você acabou de sair
do Egito. Você permitiu que a sua
bondade inata prevalecesse sobre
o seu egoísmo instintivo. Tudo bem.
Você está fora do Egito, mas você ainda não está em Jerusalém.
Em Jerusalém, você automaticamente iria deixá-lo entrar, sem preocupações. Sua reunião importante
teria uma pálida insignificância se
comparada com a oportunidade de
fazer um favor para outra pessoa.
Você não teria que dominar a sua natureza, o seu egoísmo; sua natureza
já seria gentil e altruísta. Não haveria
necessidade de uma batalha interior
para se fazer o bem; na “cidade da paz
interior”, na sua Jerusalém interior —
isso viria naturalmente. Eu não sei
quanto a você, mas eu sinto que não
estou lá, ainda.
O povo judeu nasceu no Egito, na
escravidão. Mas eles foram informados de que, do outro lado de um vasto deserto se encontrava o seu destino, sua Terra Prometida. Quando
nossos antepassados saíram do Egito
— há uns 3.325 anos atrás —, eles estavam dando os primeiros passos de
uma longa viagem a Jerusalém. Cada
geração, desde então, tem se empurrado mais para a frente ao longo desta estrada para Jerusalém. A viagem
continua com a gente. Mas ainda não
chegamos lá. Mesmo se você estiver
vivendo em uma cidade chamada
Jerusalém, enquanto ainda existir injustiça, sofrimento e falta de santidade no mundo, não chegamos à Terra
Prometida. Enquanto continuarmos
a ser escravos de nossos próprios ins-
tintos negativos e desejos egoístas,
ainda estamos lutando para realmente sair do nosso próprio Egito.
Ao se sentar no Seder, nota-se que
mais um ano se passou, e nós ainda
temos que completar a viagem. Mas
estamos chegando lá. Estamos muito mais perto da Terra Prometida do
que no ano passado. Nós avançamos
mais alguns passos em uma marcha
para a liberdade que se estende por
gerações.
Talvez, este ano, nossos esforços
para melhorar a nós mesmos e ao
mundo à nossa volta faça com que se
realizem, na realidade, as palavras da
Hagadá:
Este ano estamos aqui; no próximo
ano estaremos na Terra de Israel. Este
ano, somos escravos; no ano que vem,
seremos livres.
No ano que vem — em Jerusalém...
literalmente!
Deseja a toda
comunidade Judaica
Feliz Pessach
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Pessach dura oito dias: começa na noite de segunda-feira,
25 de março e termina na noite de terça-feira, 2 de abril.
D‘US MANDOU COMER MATSÁ NOS 8 DIAS DE PESSACH
– mas também proibiu possuir, usar ou comer
chamets – durante pessach.
Dê uma procuração de venda de Chamets a um Rabino
(informações no Beit Lubavitch 3543-3770). Este serviço é totalmente gratuito — mas o valor da mitsvá realizada é incalculável!
A procuração deve ser entregue de preferência até sexta-feira
22 de março ou depositada na portaria do Beit Lubavitch –
Leblon até segunda-feira dia 25 de março somente até cerca de
10:30h. Para procuração on-line acesse beitlubavitch.org.br ou
chabad.org.br ou chabad.org
Compre Matsá casher com supervisão rabínica ortodoxa adequada (consulte seu rabino) e de preferência Matsá Shemurá
(as redondas originais feitas à mão - pelo menos para as noites
do Seder).
Compre vinho casher para Pessach importado ou nacional
com supervisão rabínica ortodoxa adequada (consulte seu
rabino).
Ashkenazim não usam, em Pessach, grãos e seus derivados,
por exemplo: arroz, milho, feijão, soja, grão de bico, óleo de milho, óleo de soja, etc.). Quanto a sefaradim, depende do costume
específico da comunidade, por exemplo: alguns não usam arroz,
outros verificam todo arroz que vão usar em Pessach sete vezes
antes de Pessach - e só usam em Pessach o que foi verificado.
É importante saber — Em Pessach, a Torá nos proíbe
possuir, consumir ou tirar proveito de produtos comestíveis à
base de grãos fermentados (chamets) de qualquer um dos cinco
principais cereais (trigo, cevada, centeio, aveia e espelta) ou de
seus derivados, mesmo em quantidade mínima. Exemplos de
alimentos chamets: pães, bolos, biscoitos, macarrão, cerveja,
destilados, vodca, uísque, licores, etc. A casa deve ser limpa por
completo e qualquer vestígio de chamets, inclusive migalhas,
removidos antes da véspera de Pessach.
Este ano segunda-feira dia 25 de março é proibido comer chamets a partir das 9h58.
SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MARÇO
De dia coloca-se TEFILIN.
Os primogênitos devem participar de um Sium (conclusão de um
tratado talmúdico) após shacharit ou jejuar desde o início do dia
até o Seder, à noite.
• Só é permitido comer chamets até 9h58
• Queima do chamets restante até 10h58
Após queimar o chamets diz-se: Todo o chamets e tudo o que for
levedado que esteja em minha posse, quer eu o tenha visto ou
não, quer eu o tenha observado ou não, quer eu o tenha eliminado ou não, que seja anulado e sem dono como o pó da terra.
Na TEFILÁ: passamos a dizer “VETEN BERACHÁ” a partir de
arvit (à noite)
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(2 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
quinta-FEIRA, 28 DE MARÇO
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se
a fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL
VEYOM TOV
BARUCH ATÁ A-DO-NAI, E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM,
SHEHECHEYÁNU VEKIYMÁNU VEHIGUIÁNU LIZMAN HAZÊ
Primeiro SEDER - após o anoitecer. Coma o AFIKOMAN antes da
meia-noite.
terça-FEIRA, 26 DE MARÇO
De dia - coloca-se tefilin.
Horário de acendimento das velas de Yom Tov no Rio - 18h33
À noite – BEDICÁT CHAMETS (busca do chamêts): É costume
colocar 10 pedacinhos de pão duro embrulhados em papel
nas diversas dependências da casa pouco tempo antes da
BEDICÁT CHAMETS, de modo que quem a realiza os encontre.
Antes de iniciar a BEDICÁ, diz-se:
• Acenda as velas só após o horário indicado. Acenda a partir de
uma chama preexistente, que estava ardendo continuamente desde antes do pôr do sol de segunda-feira, dia 25 de março.
• Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento
circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos
com as mãos e diga:
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL
YOM TOV
BARUCH ATÁ A-DO-NAI, E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM,
SHEHECHEYÁNU VEKIYMÁNU VEHIGUIÁNU LIZMAN HAZÊ
Segundo seder - após o anoitecer.
Inicia-se a SEFIRAT HAOMER a partir desta noite e continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
SHEVII SHEL PESSACH - sétima noite de pessach:
Costuma-se ficar acordado estudando Torá a noite inteira, pois
nesta noite D’us abriu o Yam Suf (Mar Vermelho).
• A noite, faz-se o kidush de Yom Tov (com vinho e matsá) antes
de jantar
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(6 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE ABRIL DIA DE SHEVII SHEL PESSACH /
NOITE DE ACHARON SHEL PESSACH
sexta-FEIRA, 29 DE MARÇO
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
De dia, faz-se kidush antes do almoço.
Horário de acendimento das velas de Shabat no Rio - 17h36
• Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento
circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos
com as mãos e diga:
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL
VEYOM TOV
(3 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
• Antes deste horário deixe acesa uma chama-piloto (uma vela de
48h ou de sete dias) com a qual voce acenderá as velas de Yom Tov
na terça-feira a noite.
• Hoje, acenda as velas até às 17h40. Após este horário, use a
chama-piloto para acender as velas.
(1 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
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Horário do término do Yom Tov no Rio - 18h32 (após a Havdalá).
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
DOMINGO, 24 DE MARÇO
Deve-se inspecionar com a luz de uma vela em todos
os lugares onde possa haver chamets escondido. Após a
inspeção, deve-se dizer: Todo o chamets e tudo o que for
levedado que esteja em minha posse, que não vi e não
eliminei e do qual não saiba, que seja anulado e sem
dono, como o pó da terra.
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
De dia, faz-se kidush antes do almoço.
Horário de acendimento das velas de Yom Tov no Rio - 17h40
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
Na tefilá: passamos a dizer “VETEN TAL UMATAR LIVRACHÁ”
a partir de MUSSAF.
De dia, faz-se KIDUSH antes do almoço.
BARUCH ATÁ ADONAI ELOHEINU MELECH HAOLAM ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTÁV VETSIVANU AL BIÚR CHAMÊTS
quarta-FEIRA, 27 DE MARÇO
• Após este horário não acenda as velas de modo algum!
• Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento
circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos
com as mãos e diga:
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL
SHABAT Kodesh.
À noite, não esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a fazer
a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(4 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
Horário do término do Yom Tov no Rio - 18h27
• Acenda as velas só após o horário indicado. Acenda a partir de
uma chama preexistente, que estava ardendo continuamente
desde antes do pôr do sol de segunda-feira, dia 25 de março.
• Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento
circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os olhos
com as mãos e diga:
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊ-NU MELECH HAOLAM, ASHER
KIDESHANU BEMITSVOTAV, VETSIVÁNU LEHADLIC NER SHEL
YOM TOV
À noite, faz-se o kidush de Shabat (com vinho e matsá) antes
de jantar.
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(7 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
SHABAT (SÁBADO), 30 DE MARÇO
À noite, faz-se o kidush de Shabat (com vinho e matsá) antes
de jantar.
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
De dia, faz-se kidush de shabat (com vinho e matsá) antes
do almoço e a refeição de seudá shlishit após minchá (reza
da tarde).
TERÇA-FEIRA, 2 DE ABRIL
ÚLTIMO DIA DE PESSACH (ACHARON SHEL PESSACH)
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
De dia, faz-se kidush de shabat e yom tov (com vinho e matsá)
antes do almoço.
(5 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
YIZCOR (antes de MUSSAF) - aproximadamente 11h
Horário do término do shabat no Rio - 18h29 (após a Havdalá)
DOMINGO, 31 DE MARÇO
NOITE DE SHEVII SHEL PESSACH
Não coloca-se tefilin – volta-se a colocar em 3 de abril.
Horário de acendimento das velas de yom tov no Rio - 17h34
• Antes deste horário deixe acesa uma chama-piloto (uma vela
de 48h ou de sete dias) com a qual voce acenderá as velas de
Yom Tov na segunda-feira a noite.
Hoje, acenda as velas até as 17h34. Após este horário, use a
chama-piloto para acender as velas.
• Meninas e moças solteiras acendem uma vela; as casadas acendem pelo menos duas velas. Após acender, faça um movimento circular, com as duas mãos, em torno das velas, cubra os
olhos com as mãos e diga:
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Nossas Festas
Agenda de Pessach 5773 - 2013
SEUDÁT [banquete] MASHIACH - inicie antes das 17h40 (no Rio)
Horário do término do shabat no Rio - 18h26 (após a Havdalá)
Espere mais uma hora antes de retirar e usar seu chamets
(o que foi lacrado, etc.).
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(8 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
QUARTA-FEIRA, 3 DE ABRIL
De dia - volta a se colocar tefilin normalmente.
À noite, não se esqueça de contar sefirat haomer! Continua-se a
fazer a contagem todas as noites após o anoitecer até Shavuót.
(9 do OMER — veja tabela de sefirat haomer, mais adiante)
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Sefirat HaÔmer se conta a partir da segunda noite de Pessach até a noite anterior a Shavuot, logo após a oração de Maariv.
Se esqueceu de contar o Ômer à noite, deve contá-lo durante o dia sem a berachá.
Nossas Festas
%
Fazendo a Mitsvá de Sefirát Haômer na Prática!
BARUCH ATÁ ADONAI ELOHÊNU MELECH HAOLÁM ASHER KIDESHÁNU BEMITSVOTÁV, VETSIVÁNU AL SEFIRÁT HAÔMER.
Bendito és Tu, Adonai, nosso Deus, Rei do universo, que nos santificou com os Seus mandamentos e nos ordenou quanto à contagem do Ômer.
Noite de Março
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Terça, dia 26
Quarta, dia 27
Quinta, dia 28 Sexta, dia 29 Sábado, dia 30
Domingo, dia 31
Contagem do Ômer
Hoje é um dia do Ômer.
Hoje são dois dias do Ômer.
Hoje são três dias do Ômer.
Hoje são quatro dias do Ômer.
Hoje são cinco dias do Ômer.
Hoje são seis dias do Ômer.
Noite de Abril
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Segunda, dia 1Hoje são sete dias, que é uma semana, do Ômer.
Terça, dia 2Hoje são oito dias, que é uma semana e um dia do Ômer.
Quarta, dia 3Hoje são nove dias, que é uma semana e dois dias do Ômer
Quinta, dia 4Hoje é o dia dez, ou seja, uma semana e três dias, do Ômer.
Sexta, dia 5Hoje são onze dias, que é uma semana e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 6Hoje são doze dias, que é uma semana e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 7 Hoje são treze dias, que é uma semana e seis dias do Ômer.
Segunda, dia 8Hoje são quatorze dias, que são duas semanas do Ômer.
Terça, dia 9Hoje são quinze dias, que são duas semanas e um dia do Ômer.
Quarta, dia 10Hoje são dezesseis dias, que são duas semanas e dois dias do Ômer.
Quinta, dia 11Hoje são dezessete dias, que são duas semanas e três dias do Ômer.
Sexta, dia 12Hoje são dezoito dias, que são duas semanas e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 13Hoje são dezenove dias, que são duas semanas e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 14Hoje são vinte dias, que são duas semanas e seis dias do Ômer.
Segunda, dia 15 Hoje são vinte e um dias, que são três semanas do Ômer.
Terça, dia 16Hoje são vinte e dois dias, que são três semanas e um dia do Ômer.
Quarta, dia 17Hoje são vinte e três dias, que são três semanas e dois dias do Ômer.
Quinta, dia 18Hoje são vinte e quatro dias, que são três semanas e três dias do Ômer.
Sexta, dia 19Hoje são vinte e cinco dias, que são três semanas e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 20Hoje são vinte e seis dias, que são três semanas e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 21Hoje são vinte e sete dias, que são três semanas e seis dias do Ômer.
Segunda, dia 22Hoje são vinte e oito dias, que são quatro semanas do Ômer.
Terça, dia 23Hoje são vinte e nove dias, que são quatro semanas e um dia do Ômer.
Quarta, dia 24Hoje são trinta dias, que são quatro semanas e dois dias do Ômer.
Quinta, dia 25Hoje são trinta e um dias, que são quatro semanas e três dias do Ômer.
Sexta, dia 26Hoje são trinta e dois dias, que são quatro semanas e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 27 Hoje são trinta e três dias, que são quatro semanas e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 28 Hoje são trinta e quatro dias, que são quatro semanas e seis dias do Ômer.r.
Segunda, dia 29 Hoje são trinta e cinco dias, que são cinco semanas do Ômer.
Terça, dia 30 Hoje são trinta e seis dias, que são cinco semanas e um dia do Ômer.
Noite de Maio
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Quarta, dia 1Hoje são trinta e sete dias, que são cinco semanas e dois dias do Ômer.r.
Quinta, dia 2 Hoje são trinta e oito dias, que são cinco semanas e três dias do Ômer.
Sexta, dia 3 Hoje são trinta e nove dias, que são cinco semanas e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 4 Hoje são quarenta dias, que são cinco semanas e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 5Hoje é dia quarenta e um dias, que são cinco semanas e seis dias do Ômer.
Segunda, dia 6 Hoje são quarenta e dois dias, que são seis semanas do Ômer.
Terça, dia 7 Hoje são quarenta e três dias, que são seis semanas e um dia do Ômer..
Quarta, dia 8 Hoje são quarenta e quatro dias, que são seis semanas e dois dias do Ômer.
Quinta, dia 9 Hoje são quarenta e cinco dias, que são seis semanas e três dias do Ômer.
Sexta, dia 10 Hoje são quarenta e seis dias, que são seis semanas e quatro dias do Ômer.
Sábado, dia 11 Hoje são quarenta e sete dias, que são seis semanas e cinco dias do Ômer.
Domingo, dia 12 Hoje são quarenta e oito dias, que são seis semanas e seis dias do Ômer.
Segunda, dia 13 Hoje são quarenta e nove dias, que são sete semanas do Ômer.
Após recitar a contagem do dia dizemos:
HARACHAMAN HU YACHAZIR LANU AVODAT BEIT HAMICDASH LIMKOMAH BIMEHERÁ VEYAMENU ; AMEN. SÊLAH.
Que o Todo-Misericordioso restaure o serviço do Templo Sagrado ao seu lugar, imediatamente em nossos dias; Amén. Sêlah.
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Lubavitch Views 35
Nossas Festas
PESSACH É SER LIVRE DE ESPÍRITO
Rabino Eliahu Haber
Feliz Pessach
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Quando chega Pessach, eu me sinto feliz, pois esta festa
me lembra que sou livre de verdade.
(Como assim, rabino, você precisa de alguém para te lembrar que você é livre? Você já é livre! Pode fazer o que quiser, principalmente aqui no Brasil. O que significa ser livre?
Livre de quê? De quem?)
Ser livre no judaísmo significa ter limites, deveres e responsabilidades. E isso só é possível através do cumprimento das mitsvót e do estudo da Torá. Você escolher seus próprios limites não funciona: é como jogar futebol e ser o juiz
da partida ao mesmo tempo, não tem como ser IMPARCIAL.
Você vai sempre dizer que foi falta em cima do seu time – e
que o gol do outro estava impedido. Sou livre justamente
porque não posso fazer o que quiser, pois tenho Hashém
me olhando; e meus atos, bons ou maus, têm uma repercussão e consequências. Viver podendo fazer tudo sem limites é como dirigir em uma rua sem placas ou sinais. Você
fica confuso e pode se machucar. Isso não é liberdade, é
escravidão.
Em uma conversa com um jovem universitário, escutei
dele que, na entrega do Oscar de 2013, uma atriz, ao ir receber o Oscar, tropeçou no vestido e caiu no chão. A reação
dela foi culpar o vestido e ficar com raiva. Por que esta reação de raiva? Por que ela simplesmente não se levantou e
riu? Porque ela estava sendo assistida por milhões de pessoas! Isso mexeu com o ego dela.
(Não posso simplesmente ter tropeçado, isso não pode
estar acontecendo comigo. Justamente agora, que mico! Já
sei, vou culpar o vestido da Dior, eles são os culpados, não
sabem fazer vestidos , fizeram longo demais... pensou ela.)
Se tivesse acontecido na rua ela simplesmente teria se
levantado e continuado a andar. Essa atriz, apesar de toda
a atenção do mundo sobre ela, do glamour de ter ganhado
um Oscar e um montão de dinheiro, é escrava da sua vaidade e do espírito da raiva.
Em Pessach temos muitas responsabilidades com D’us,
família e amigos. O Seder de Pessach é só sobre como educar nossos filhos e a nós mesmos, sobre nossas responsabilidades com Hashém e o mundo. Saímos da escravidão do
Egito e nos tornamos livres de verdade quando recebemos
a Torá no Monte Sinai.
Neste Pessach, convide seus amigos e família para se reunir em sua casa e comemorar com as três matsót e os quatro copos de vinho uma vida cheia de responsabilidades e
deveres.
Uma vida cheia de mitsvót e liberdade de verdade.
Pessach Casher Vesameach!
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“Alimentar um irmão
é salvar uma vida preciosa”
Beit Lubavitch em Ação
Sucót
Salmos na sucá grande.
A leitura dos Salmos, na sucá
grande
do
Beit
Lubavitch
Leblon, foi um sucesso. As mulheres se alegraram com as músicas
do Chazan Nelson Zeitune, ouviram palavras inspiradoras sobre
Simchat Torá com R. Broner, dançaram, fizeram brachá de lulav e
participaram de um delicioso café
da manhã.
O Lar da Esperança tem como missão prover os ingredientes necessários para
que os mais carentes possam viver uma vida saudável, digna e feliz.
Atende atualmente a cerca de 2.000 pessoas carentes, precisamos de você
para continuarmos a manter e ampliar nossos projetos.
Le’chaim na sucá da Puc. A Sra. Diane Kuperman organizou, juntamente com a FIERJ e com o Rab. Eliahu Haber do Beit Lubavitch Leblon, uma reunião na Sucá da PUC- Rio. Como já divulgado, a sucá foi montada na Puc pelos alunos junto com o Rabino
Eliahu Haber. Estiveram presentes à reunião o Reitor da PUC, Padre Josafá Carlos de Siqueira, o Rabino Eliahu Haber, professores, alunos e representantes de outras instituições. O Rabino Eliahu Haber falou sobre a festa de Sucót e o seu significado,
além de agradecer à PUC pelo espaço cedido onde foi construída a sucá. Depois, todos seguiram para um Le´Chaim na sucá e
juntos com o Reitor plantaram uma muda de etrog no jardim bíblico da PUC.
Existem várias formas de contribuir:
Para doações
Para depósito
tel. 2571-3090 - Sra. Raquel Snitcovsky
tel. 3543-3767 - Sr. Messod Azulay
Lar da Esperança
Banco Bradesco - Agência 0551-7 C/C 48158-0
Rua Visconde de Cabo Frio, 29 Tijuca - RJ | Tel. 2571-3090 - Assist. Social Sra. Claudia Vallauri
[email protected] | www.beitlubavitch.org.br | www.bloglarbloglar.blogspot.com
39 Lubavitch Views
be i t lubavitch a melhor opção para a
celebração de sua FESTA
Informações: Karen tel: 3543-3787
Simcha Bat
Fernanda Voloch Soares
pais: Rodrigo e Paula
Upshernish
Shmulik Broner
pais: Rabino Chaim e Nechama Dina
Brit Milá
Beni Binsztok Klainchot
pais: Deborah e Fábio
Daniel Tobianah
pais: Jacob e Danielle
Biniamin Yitzchak Misan Klajnberg
pais: Ricardo e Simone
Beny Crosman
pais: Bruno e Yael
Yossef Yitzchak Rosenberg
pais: Rab. Meir e Rivke
Moshe Gabriel Cohen
pais: Claudia e Celso
Brit Milá de Beni Binsztok
Klainchot.
Brit Milá de Daniel Tobianah.
40 Lubavitch Views
Ilan Gutman
pais: Rachel e Luiz
Bar Mitsvá
Leonardo Guttman
pais: Armin e Lidia
Guilherme Goldenberg
pais: Eduardo e Silvia
Daniel e Eduardo Rotsztejn
pais: Jaques e Adriana
Gabriel Meisler
pais: Marcia e Max
Dovid Beuthner
pais: Rab. Avraham Tsvi e Sara Simcha
José Alberto Romano
pais: Daniela e Daniel
Levi Broner
pais: Rab. Chaim e Nechama Dina
Menachem Mendel Kaprow
pais: Rabino Eliahu e Batia
Leonardo Frydman
pais: Shirley e Marcelo
Brit Milá de Yossef Yitzchak
Rosenberg.
Brit Milá de Beny Crosman.
Brit Milá de Biniamin Yitzchak Misan
Klajnberg.
Alan Garber
pais: Flavia e Julio
Daniel Rabinovitch
pais: Erika e Alberto
Bat Mitsvá
Chava Necha Goldman
pais: Rab. Yehoshua Binyomin e Chana Rivka
Bar Mitsvá de Daniel Rabinovitch.
Bar Mitsvá de Leonardo Frydman.
Bar Mitsvá de Gabriel Meisler.
Bar Mitsvá de Daniel e Eduardo Rotsztejn.
Bar Mitsvá de Guilherme Goldenberg.
Bar Mitsvá de José Alberto Romano.
Bar Mitsvá de Alan Garber.
Bar Mitsvá de Leonardo Guttman.
Bar Mitsvá de Dovid Beuthner.
Bar Mitsvá de Levi Broner.
Bat Mitsvá de Chava Necha Goldman.
Simcha Bat de Fernanda Voloch
Soares.
Brit Milá de Moshe Gabriel Cohen.
Upshernish de Shmulik Broner.
Lubavitch Views 40
Bar Mitsvá de Menachem Mendel Kaprow.
Lubavitch Views 41
Chanuká para crianças
Chanuká
O domingo no Lubavitch Leblon contou com muitas atividades para as crianças. Elas vieram em razão da festa de Chanucá e puderam
confeccionar uma chanukiá de papel, participar de um caça ao tesouro temático, e dar muitas gargalhadas no sensacional “Teatro
dos Macabeus”, escrito e dirigido pela Rebetsin Michal Haber. O texto foi estrelado por um elenco masculino profissional: Daniel Jaimovitch Barcelos, Gilberto Marmorosh e Rafael Mannhrimer; no elenco mirim, e para abrilhantar ainda mais o espetáculo, tivemos a
participação de: Berale Mossé, Mendel Zukin, Chaim Boruch Lenczynski, Shoul Eliahu Goldman e Ariel Haber.
Praia de Copacabana
Mais de mil cariocas participaram do acendimento da Grande Chanukiá ao ar livre na Praia de Copacabana. Entre as principais atrações
houve o acendimento da segunda vela de Chanucá, cuja mensagem
é trazer mais luz ao mundo, a apresentação do grupo de danças do
Colégio A. Liessin, show da banda Kol lev com o Chazan José Mauro
Laufer, e participação dos artistas George Israel, Pepeu Gomes e seus
filhos, que emocionaram a todos com a linda canção “Mashiach” .
Chanucá com Turistas
Israelenses
Acendimento da chanukiá no Hostel Rio Ritz, Copacabana, com jovens israelenses que estão de passagem
pelo Rio.
Apoio
Banco Safra
Demillus
Banco Modal
Agradecemos a Jorge Israel e José Mauro Laufer da banda Kol Lev pelo show emocionante na praia.
42 Lubavitch Views
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Escola Beit Menachem
Se você quer que seu filho saia da escola
sabendo Chumash com Rashi, Mishná e
Talmud, além de pronto para o vestibular,
a melhor opção é o Centro Educacional
Talmud Torá R. M. Stivelman
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Educação Infantil, temos o Espaço ideal para o crescimento intelectual e humano de seu filho.
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Aninha: na oficina
circense as crianças
treinam “malabarismo”.
Aproveitando o sol na hora da atividade aquática.
No berçário os nossos bebês se sentem em casa.
A bagunça acontece na salinha do berçário 2.
Nessa salinha a hora do trabalhinho também é hora de diversão.
As crianças adoram os brinquedos do nosso parquinho. Olha o
poste aí, motorista!
Lubavitch Views 45
Beit Lubavitch Copacabana - Centro M. I. Messer
Beit Lubavitch Barra Centro Aron Birmann
Av. Ministro Afrânio Costa 223 casa - tel. 2408-5036.
Rua Maracanaú, 11 - tel. 2543-0121 - www.lubavitchcopacabana.org
Grande farbrenguen.
Purim temático - anos 70.
Curso para mulheres - mais de 100 mulheres participam de uma palestra sobre a força do Tehilim.
Uma noite muito alegre.
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Petrópolis.
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46 Lubavitch Views
Barra - tel. 2408-5036
AULA DE BAT-MITSVÁ
Rebetsin CHANI
AULA DE BAT-MITSVÁ
Rebetsin Raquel
AULA DE BAR-MITSVÁ
AULA DE BAR-MITSVÁ
Rabino MOSHÉ
Rabino Simonowitz
[email protected]
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Purim
Começou sábado à noite Purim, a festa mais alegre e colorida do ano que foi comemorada no Beit Lubavitch Leblon ao lado das famílias, crianças e jovens que
festejaram muito com suas fantasias, cumprindo assim os nossos costumes. Durante a intensa programação, cerca de mil pessoas passaram pelo Lubavitch. A leitura da Meguilá contou com vários horários para que todos pudessem participar. No interior da sinagoga, foi montado um telão com explicações e ilustrações da
leitura da Meguilá de Esther. No domingo, foi realizado o grande banquete de Purim com a participação de cerca de 200 pessoas que se deliciaram com os melhores
ingredientes do banquete: amizade e alegria de poderem estar todos juntos compartilhando deste grande momento: a felicidade de termos sobrevivido a tantos
acontecimentos marcantes de nossa história.
Logo depois da refeição, as atividades foram voltadas para os pequenos. Houve teatro e muitas brincadeiras envolvendo todas as crianças, que capricharam em suas
vestimentas bem criativas como as de: princesas, rainhas, entre outras. Sanduíches foram servidos à vontade. Agradecemos o patrocínio da Limits e tbg.
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Shushan Purim
Finalizando Purim com chave de ouro
Festa, fantasia, desfile, show, danças e um delicioso jantar compuseram a festa mais
esperada do ano: Shusham Purim - o dia depois de Purim. Um evento só para mulheres que foi organizado pelo depto feminino do Beit Lubavitch Leblon. Foi apresentado um teatro divertidíssimo que teve no elenco a talentosa R. Michal Haber
e convidadas, que, aliás, deram, literalmente, um show ao vivo. O grupo de dança da
escola Beit Menachem fez uma linda apresentação. Teve música com a cantora Varda,
os Twins from France - gêmeos chassidim Chabad vindos dos EUA - deram um sensacional show internacional de malabarismo que animou e divertiu demais!Conforme o
programado, teve um desfile de fantasia com premiações e para finalizar as convidadas participaram do sorteio de uma viagem para NY. Foi um sucesso!
Agradecimentos à colaboração e dedicação de: Olga Erlich, Viviane Guttman, Rina
Hasky, Richela Bendavit, Letícia Lisnovetdky, R. Ariela Shechter, Alexandra Bank e
Varda por abrilhantarem a festa. A Sara Nigri, Vanda Solewicz, Henriete Mansur e
Tamara Tabach pela doação dos brindes.
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para toda comunidade
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àqueles que mais precisam, iluminando os seus dias. Todos os meses, de 7h às 11h, com café patrocinado pelo
Projeto 3 Chai. Informe-se sobre as próximas datas com o Departamento Feminino. Tel.: 3543-3786.
Tehilim de Tishrei - agradecimentos: Rabino Beuthner, Palestrante Rosália Milsztajn e a Pianista Evelyn Dayan.
Tehilim em Sucót - agradecimento: Hazan Nelson Zeitune.
Departamento Feminino
Salmos
PROJETO MAZAL
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Comemoração do aniversário judaico, com bolo,
brindes e um mom
momento
ento de orientação espiritual.
De 2ª a 6ª feira. Horário a ser agendado com a
Rabanit Chani Goldman.
Visitas e entrega de kits às pessoas enfermas, em
hospital ou residência, e visitas aos enlutados.
Se necessitar de visita ou apoio espiritual, entre em
contato - tel.: 3543-3786.
PROJETO TEHILIM
PROJETOS VOLUNTÁRIOS
Leitura de salmos em grupo para mulheres de todas
as idades, coffe break,
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Rosh Chodesh, início do mês judaico.
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Isto é uma grande Mitsvá.
Entre em contato conosco. Diga em que pode ou
gostaria de participar. Quem sairá ganhando é você.
contato - tel.: 3543-3786
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16h30 - Histórias De Rabanit Sara Simcha Beauthner.
O último sábado do mês judaico. Participe de
15 minutos de reflexão em Shabat Mevarchim.
Após a reza, música, história e boa decisão.
No jirau da sinagoga.
Organização de Claudia Chinicz e Feigui Solewicz.
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Toda 3ª feira, de 19h30 às 20h30
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Shabat de seu bebê recém-nascido informações com a
Rabanit Ayala Lenczynski.
Ester - 9858-6003
Larissa - 7823-6833
Monique - 9122-1588
Tehilim de Kislev - agradecimentos: cantora Varda e Rebetsin Sara Simcha Beuthner.
Tehilim de Tevet - agradecimentos: Hazan Yacov Moshe Laufer e Charles Tehilim de Shevat: agradecimentos: palestrante Rabino Ilan
Stiefelman e Rebetsin Ariela Schechter.
Kahn, Palestrante Michele Dorfman e Rebetsin Ariela Schechter.
Visitamos os lares, levando alegria, música, kits e uma
palavra carinhosa. Você também pode participar.
Entre em contato conosco e se torne uma voluntária.
Mensalmente aos domingos e vésperas
de festas judaicas.
Tehilim de Adar - agradecimentos: Michal Haber e música de Evelyn Akstein.
48 Lubavitch Views
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Claudia Chor: 7698-9581, Nicole Yadid: 7855-0610, Rina Hasky: 8866-5000, Richela Bendavit: 8604-3798
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Comemoração dos 25 anos de
Beit Lubavitch
Com a presença do Rabino Chefe de Israel, Rav Yona Metzger Shlita
O Grão-Rabino Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger, veio especialmente ao Rio de Janeiro para
prestigiar a celebração das bodas de prata do Beit Lubavitch — 25 anos de atuação no Rio
— no domingo dia 16 de dezembro de 2012, término de Chanucá (Zót Chanucá).
O consul honorário de Israel, sr. Osias Wurman, abriu o evento, apresentando o ilustre convidado.
Foram homenageados neste evento fundadores e patrocinadores do Beit Lubavitch com placas e
diplomas de reconhecimento que também foram assinados pelo Rabino Chefe de Israel. Rabino Yona
Metzger cativou o público com suas palavras e suas bençãos ao longo do evento.
Rabino Goldman fez um pronunciamento das atividades do Beit Lubavitch ao longo destes 25 anos
acompanhado de um vídeo. O Rabino Yona Metzger elogiou muito as atividades beneficentes do Beit
Lubavitch. O jantar foi finalizado com animadas danças.
Lubavitch Views 55
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
Trecho do discurso do
Rabino Chefe de Israel
Rav Yona Metzger Shlita
para a comunidade judaica do Rio de Janeiro
(Transcrição: Simcha Yehudit Rochlin)
“Mazal Tov pelos 25 anos de atividades e liderança do
Beit Lubavitch do Rio de Janeiro!
...Se você quer juntar judeus, o conselho é que você
tem que dar de si para os outros, sem esperar receber.
O mesmo se aplica a um casal: quando ela se preocupa
em dar aquilo que ele precisa, eles são felizes; quando
ele se preocupa em deixá-la feliz, em dar a ela tudo o
que ela precisa, eles também são felizes. O problema é
quando cada um começa a dizer: “Eu é que mereço isso”;
“por que ele ou ela não está fazendo aquilo por mim?”
Eu creio que este segredo o Lubavitch conhece bem...
Chabad faz isso no mundo inteiro e vocês podem testemunhar isso aqui no Rio de Janeiro. Chabad sabe abraçar
todo judeu, não importa se ele guarda ou não guarda
o Shabat, se ele cumpre mitsvot ou não; o principal é
abraçá-lo e trazê-lo mais perto”.
Parabenizo o Beit Lubavitch pelo seu trabalho educacional e de assistência social (através do Lar da Esperança), e que D’us abençoe abundantemente todos aqueles
que participam e apoiam as suas atividades no Rio de
Janeiro.
...Tive oportunidade de ver, nos vários lugares do
mundo que estive, que onde Chabad chega, faz ressurgir o judaísmo da cidade, e todos se beneficiam
com isso! Vou lhes dar um exemplo:
Em Odessa, antes da guerra, havia 82 sinagogas, mas,
há 15 anos, quando chegou um casal de shluchim do
Rebe (com um bebê), em termos judaicos, a cidade estava desolada. Só havia três sinagogas: duas delas funcionando plenamente, e uma delas, a grande Sinagoga
Brodsky (Brodsky Schul), foi transformada no arquivo
nacional de Odessa.
O casal recém-chegado estava perplexo — eles não
conseguiram encontrar sequer um judeu na rua! Onde
estava a comunidade? Então, a esposa disse ao seu marido:
“Sabe o quê? Vá na quinta feira por volta de 11h lá na
feira, e fique de olho no stand dos peixes. Verifique se
alguma mulher judia aparece para comprar peixe para
guefilte fish. Quem sabe por aí a gente começa.”
E assim foi: ele chegou lá, e depois de uma hora de espera, apareceu uma senhora para comprar peixe, e ele a
abordou:
— “Você é judia?”
— “Sim, como você sabe?”
— “Imagino que você esteja comprando peixe para fazer guefilte fish.”
— “Sim, é verdade.”
Esta senhora foi convidada para almoçar junto com
eles. Fizeram amizade e ela foi juntando um pessoal e
trazendo ao shaliach, e aos poucos foi se formando uma
pequena comunidade. Hoje, há uma grande comunidade que foi “resgatada’ graças às atividades do Chabad-Lubavitch, mas tudo começou, justamente, com um
guefilte fish...
Mais tarde, esse shaliach tornou-se o Rabino Chefe da
cidade e me convidou para fazer a primeira visita de um
Rabino Chefe de Israel à cidade de Odessa.
Quando aterrisei em Odessa, os líderes da comunidade
me disseram que haviam marcado um encontro, às 10h,
com o “Gobernator”. Achei que Gobernator fosse uma espécie de prefeito mas descobri que, na Ucrânia, você tem,
abaixo do presidente, seis Gobernators, que imperam sob
grandes regiões em volta das principais cidades. Aliás,
cada um deles têm seu próprios exército à sua disposição
e possue um grande poder sobre a região.
Quando cheguei ao encontro, às 10h, havia 3 fileiras
de soldados com bandeiras da Ucrânia e de Israel.Tocaram o hino de Israel e isso foi um grande cavod, uma
grande surpresa.
Atravessei as fileiras de soldados e já subia em direção
ao gabinete do Gobernator, quando vi cinco senhores
idosos, judeus, chorando, e lhes perguntei, em iídiche:
“Por que os senhores estão chorando?”
Eles não entenderam, aliás, eles não entendiam iídiche. Então o tradutor foi até eles e explicou: “O grande
Rabino está perguntando o porquê de vocês estarem
chorando.”
Então, um deles respondeu: “Diga ao Rabino, que até
alguns anos atrás, na porta que ele irá entrar agora, tinha uma placa com os dizeres: ‘É proibido a entrada de
judeus e cachorros’. E, a dois quilômetros ao redor desse
prédio os judeus não podiam nem se aproximar. Agora, nosso grande Rabino está sendo recepcionado com
todo cavod, está atravessando esta porta, e nós não vamos chorar?”
Era ainda um palácio da época do Czar, muito bonito,
tapete vermelho pelo caminho e quando eles estavam
subindo pelas escadas, o chefe da comunidade me disse:
— “Rabino, por favor, quando o senhor falar com o Gobernator, poderia pedir a ele devolvesse para a comunidade a grande sinagoga de Brodsky?”
— “Alguém já fez este pedido antes, a ele?”, lhe perguntei.
— “Sim, veio o Chefe do Congresso Judaico Mundial
e pediu para que devolvessem, mas o Gobernator nem
ligou”.
— “E eu, que sou Rabino e não sou nenhum diplomata,
porque que vocês acham que eu sim conseguiria?”
Aí o líder da comunidade judaica me disse:
— “Rabino, o Gobernator não sabe exatamente o que
significa um Rabino Chefe. Ele acha que é como um
papa, uma autoridade muito importante e, quem sabe,
nesta oportunidade, conseguiremos reave-la?”
Entramos e o Gobernator, ao longo da conversa, me
disse várias vezes: “Por que a Ucrânia está fora da União
Européia, porque eles nos excluíram?”
“Bem, eu não sou nenhum diplomata e não mexo com
essas coisas, porque ele está dizendo isso para mim?”
pensei. “Mesmo que eu fosse o presidente de Israel, enfim, não estamos na UE, e o que eu poderia influenciar
em relação à inclusão da Ucrânia na UE? Imagino que ao
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
longo da conversa, o Gobernator irá esclarecer o que ele
espera de mim.”
E assim foi. O Gobernator disse:
— “O senhor, como Rabino Chefe, tem uma influência
muito grande sobre todos os judeus da Europa, e como
todos sabem, eles são muito influentes, têm muito dinheiro, podem influenciar os líderes de seus países e
quem sabe assim conseguiremos ingressar na EU?”
Agora que entendi o que o Gobernator queria de mim,
pensei: “Tomara que tivesse essa influência toda!”, e então eu lhe disse:
— “Não seja por isso. Gobernator. Eu estou disposto a
colocar todo o peso de minha influência para que realmente os judeus da Europa façam exatamente o que o
senhor espera, mas também tenho um pedido a lhe fazer.”
— “Qual é o pedido?” replicou o Gobernator.
— “Nós temos um lugar sagrado, uma sinagoga, onde
as paredes desse lugar estão cheias de dezenas de anos
de lembranças, de memórias fervorosas! Elas testemunharam muito choro, muitas tefilot, muitas orações, muitas emoções judaicas e este lugar faz parte da nossa alma,
do nosso coração! Ele é um lugar muito sagrado para nós,
mas, infelizmente, neste momento foi transformado numarquivo. Hoje, ele é apenas um grande depósito de papéis. Por favor, devolva para nós nossa alma, devolva para
nós este lugar sagrado, a sinagoga Brodsky!”
O Gobernator respondeu:
— “Sim, é verdade, mas, entenda, a culpa não é minha
e sim do governo anterior, dos comunistas, que a transformaram num arquivo. Por outro lado, realmente, faz meio
ano que veio aqui um Chefe do Congresso Judaico Mundial Americano, e me falou desse prédio, mas ele o descreveu apenas como um patrimônio da comunidade judaica,
como um terreno, um lugar do qual poderia se obter algum
lucro patrimonial. E se é só uma questão de pegar um patrimônio, então nós estamos aqui antes, o patrimônio é nosso
e pronto! Por isso, rejeitei o pedido dele de restituição.
Mas o senhor está me dizendo que este não é um prédio simples, um patrimônio. É um lugar sagrado para os
judeus! Eu estou entendendo agora o verdadeiro valor
deste prédio para a comunidade judaica: ele é um pedaço do vosso coração! Agora que entendo que isso tem
um outro significado para vocês, eu estou disposto a
devolver, e não apenas em palavras mas farei disso algo
real. Eu quero que o senhor volte aqui às 18h, e eu lhe
entregarei pessoalmente as chaves da sinagoga!”
Achei, num primeiro momento, que não havia entendido direito. Será que isso estava realmente acontecen-
do? E explicaram-lhe que sim, era realmente isso, pois,
na Ucrânia, às 18h é horário de notícias, e isso tudo seria
transmitido ao vivo e online. Então ele iria estar lá, presente, em cadeia nacional.
Só que em iídiche tem um provérbio que diz que há
certas coisas que as pessoas prometem e não cumprem.
Em Israel, conta-se de um chefe de governo que em certa ocasião perguntaram para ele: “Mas, você não prometeu que...?” e ele disse: “Sim, mas eu não prometi que
cumpriria o que eu prometi.” Então, na prática, como ele
poderia pegá-lo na palavra e ter certeza de que cumpriria o prometido? Perguntei, então, ao Gobernator, diante
dos jornalistas presentes:
— “Posso agradecer pelas chaves na frente de todos
eles?”
E ele respondeu:
— “Claro!”
Foi aí que senti que ali tinha alguma coisa séria.
Quando voltamos as 18h, lá estavam dois púlpitos com
microfones e mais de 30 repórteres de televisão e jornalistas.
O Gobernator começou a falar. Elogiou muito a mim, mas, a
palavra “sinagoga” não foi dita em nenhum momento.
Como não ouvi a palavra “sinagoga” da boca do Gobernator, tomei a iniciativa e comecei a agradecer ao
Gobernator pela entrega do local do arquivo estadual
dos últimos 60-70 anos na U.R.S.S. (atual Ucrânia), para a
comunidade judaica. Agradeci publicamente pela devolução da Sinagoga Brodsky aos judeus.
Assim que eu disse isso, começou um alvoroço entre
os jornalistas e um deles gritou:
— “Mas que absurdo! O Sr. Gobernator vai dar um
patrimônio tão caro para eles, de graça? Os judeus tem
condições de juntar dinheiro e colocar mais de 10 milhões
aqui na mesa e você vai dar isso assim, de graça, só porque conversou com o Rabino Chefe por alguns minutos?”
Achei que tinha feito um dos maiores erros da minha
vida. Fiquei muito receio de como o Gobernator iria reagir a estes ataques.
No entanto, este Gobernator estava muito seguro de
si e não teve medo das reações; ele sabia como reagir
à altura. Como havia sido líder do antigo partido comunista, não teve medo de enfrentar os jornalistas e lhes
respondeu, indignado:
— “Nós não somos ladrões! Este prédio foi construído
pelos judeus, que deram dinheiro para a construção, e
nós devolveremos a eles o que lhes pertence. Quanto aos arquivos, será construído um grande prédio no
acampamento militar para guardá-los.”
Isso tudo foi oficializado às 18h. A chave da Sinagoga
foi oficialmente entregue — uma chave enorme, como
antigamente. Para esta cerimônia, foi preparado um jantar kasher, organizado pelo shaliach Chabad da cidade.
O jantar era para 300 pessoas — só que compareceram
550, pois muitos queriam saber quem era esse Rabino
que conseguira tamanha conquista.
No meio do jantar, um judeu, de nome Sacha, pediu
a palavra, apesar de seu nome não constar na lista dos
oradores daquela noite. Ele disse o seguinte:
“Meu nome é Sacha, por acaso eu sou judeu, por acaso
meus pais são judeus, por acaso eu me casei com uma
esposa que também é judia, por parte de mãe, por acaso
nossos filhos são judeus e eu não sei nada de judaísmo.
No entanto, tem uma coisa que eu sei: quando eu vi o
Rabino na televisão recebendo as chaves da sinagoga,
eu me emocionei muito, e vou lhes dizer o porquê.
Quando eu tinha 14 anos, meus pais estavam trabalhando, eu estava em casa com meu avô, que ainda estava vivo, e eu então vi que ele não estava passando bem.
Eu segurei na mão dele e ele me disse: — ‘Sasha, aqui na
esquina tem uma sinagoga, e meu pai foi gabai desta
sinagoga... — Ah! Você não sabe o que é isso, mas tudo
bem... E nessa sinagoga eu fiz o meu bar mitzvá... — Ah!
Você não sabe o que é isso, mas tudo bem. Saiba que
você vai crescer, vai fazer parte do partido comunista, se
D´us quiser, e terá suas conexões. Por favor, faça de tudo
para trazer esta sinagoga de volta para a comunidade...’ E
agora, vi o Rabino pela televisão e estou disposto a dar a
primeira doação para a reforma desta sinagoga.” Depois
dele várias pessoas fizeram doações para a sinagoga.
Fiquei mais um dia e meio ali, e voltei para Israel. Tempos depois recebi um telefonema do shaliach Chabad:
— “Rabino, o senhor se lembra do Sasha?”
— “Como eu poderia não me lembrar: ele emocionou
todo mundo!”
— “Pois bem. Depois que o senhor foi embora, ele ficou tão emocionado com sua presença que me perguntou: ‘O que eu posso fazer para me tornar mais judeu?’
Pensei um pouco e perguntei: — ‘Você fez brit milá?’.
— ‘O que é isso?’, ele me perguntou — e eu lhe expliquei o que era uma circuncisão.
— ‘Ah, isso eu tenho que perguntar para minha esposa’, respondeu o Sasha.
— “Depois de falar com a esposa e ela concordar, ele
resolver fazer o brit milá. Ele acabou de faze-lo e está
aqui, no telefone, pedindo a sua brachá,” disse o shaliach.
Eu lhe dei uma calorosa brachá e lhe disse:
— “Sasha, eu quero te convidar para o casamento da
minha filha, onde estarão presentes muitas autoridades
de Israel; será um casamento diferente.”
Passaram-se dois meses e Sasha e sua família compareceram ao casamento da minha filha — aliás, ele foi um
dos primeiros convidados a chegar.
Isso tudo aconteceu às 19:30h, e às 22:30 eu estava
conversando com o Ministro das Finanças e com o Ministro do Exterior, quando fui educadamente interrompido
pelo Sasha:
— “Rabino, preciso falar com o senhor.”
Me desculpei com os ministros e fui até o Sasha e constatei que ele e sua esposa estavam muito emocionados:
— “Rabino, nós nunca vimos tantos judeus juntos, é uma
alegria tão grande! Veja, nós nunca fomos casados judaicamente, religiosamente. Bem, nós queríamos que o senhor
viesse para a Ucrânia para fazer o nosso casamento!”
Eu apertei sua mão com muita alegria e combinamos
uma data — eles se casariam em seis meses. Só que eu
não sabia que em seis meses haveria eleições na Ucrânia.
Sasha foi eleito membro do Congresso Ucraniano. E lá,
este cargo significa, realmente, uma fonte de muito dinheiro e poder; é uma posição muito privilegiada.
Quando cheguei para fazer o casamento, encontrei
a rua principal de Odessa fechada, com um gigantesco
tapete vermelho estendido e todos os ucranianos, que
tanto mal fizeram aos nossos avós, estavam ali, sem entender o que estava acontecendo, observando o Rabino
Chefe chegar para fazer o casamento de Sasha!
Eles se casaram, tiveram filhos, e eu participei do Brit
milá — e eles se tornaram membros da comunidade
Chabad local”.
Dei aqui apenas um exemplo de como um Shaliach,
um casal jovem de emissários do Rebe, pode mudar
completamente uma cidade em todos os sentidos, e sinto-me feliz em poder ajudá-los! [Hoje a sede de Chabad-Lubavitch em Odessa fica no Brodsky Schul](...)”
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
Discurso do
Rabino Goldman
Boa noite, senhores e senhoras, benvindos ao 25º (vigésimo quinto) aniversário do Beit Lubavitch. Uma noite dedicada a memórias de prata e sonhos de ouro... Uma noite
de celebração e solidariedade, com a presença do Rabino
Chefe de Israel, Rav Yona Metzger.
Estamos hoje aqui reunidos para celebrar um quarto
de século do contínuo crescimento e sucesso alcançados
pelo Beit Lubavitch do Rio de Janeiro.
Hoje à noite, estamos todos juntos para celebrar judaísmo... mitzvot... orgulho judaico... para celebrar o crescimento do judaísmo no Rio de Janeiro. Para sonhar em
maiores picos e alturas para escalar...
Hoje à noite, nos reunimos para sermos solidários com
nossos irmãos e irmãs espalhados no mundo todo.... especialmente em Eretz Israel.
Neste ano, também estão se completando 200 anos do
falecimento do fundador do movimento Chabad Lubavitch, Rebbe Shneor Zalman. Em homenagem a esta data,
vou contar uma história que nosso Rebbe contou há 50
anos atrás, quando foi celebrado o 150º aniversário de
falecimento do Rebbe Shneor Zalman:
O alter Rebbe morava no segundo andar da mesma
casa onde morava o filho dele, Dovber, que morava no
primeiro andar.
Dovber era um grande estudioso da Torá, sendo que,
mais tarde, ele sucedeu o seu pai.
Enquanto ele estava profundamente concentrado em
um estudo da Torá, seu bebê caiu do berço. A criança estava chorando muito e ele não escutou o choro.
O pai dele, o Rebbe, também estava muito mais concentrado nos estudos, porém ele ouviu a criança chorando e desceu, pegou a criança no colo e a acalmou. O
Rebbe percebeu que seu filho continuava concentrado.
Ele se aproximou do filho e falou: “Não importa o nível
de concentração que você esteja, o choro da criança tem
que ser ouvido, está acima de tudo”.
Esta história, na verdade, é a essência que nos estimula
a prosseguir com o nosso trabalho. Será que devemos ir
além dos nossos budgets? Muitas vezes, durante os anos,
tivemos reuniões e nos questionamos sobre o funcionamento do dia-a-dia da nossa Instituição, dos momentos
críticos das nossas finanças. Sempre, nós nos perguntamos
se devemos cortar alguns gastos com eventos em prol dos
jovens, se devemos diminuir algumas bolsas de estudo, ou
se devemos diminuir algumas cestas básicas para as famílias carentes. Olhando racionalmente, ficamos em dúvida.
Mas, lembrando da história do Alter Rebbe, que sempre temos que estar prontos para escutar o choro de
uma criança, podendo ser um choro físico, pela falta de
dinheiro para arcar com a escola ou pagar uma conta de
luz ou gás, ou um choro espiritual que nós não escutamos, mas existe um choro dos nossos jovens se perdendo e se assimilando à nossa frente.
Em 1987, com a minha chegada e de minha esposa
Chani, o Beit Lubavitch no Rio de Janeiro plantou a primeira semente, na Tijuca. Em nossa residência, começamos com as aulas, encontros para jovens e os Sedarim de
Pessach, tudo preparado em nossa cozinha. Depois veio
a D. Ester, que D’us a tenha em boa memória.
Meus queridos amigos, a semente se tornou num
grande tronco, com flores e frutos. Desde então, reformamos a mikve na Tijuca, da Sinagoga União Israel, que foi a primeira mikve moderna. Organizamos
as primeiras colônias de férias no Clube Macabeus e
Monte Sinai. Ajudamos as escolas judaicas: A. Liessin,
com a chegada do Rabino Aboutboul; Talmud Tora,
na Tijuca, com a chegada do Rabino Beuthner; Colégios Barilan e Max Nordau, com a chegada do Rabino
Moshe, enriquecendo a cultura e religião judaica.
Em 1990, abrimos o Beit Lubavitch, no Leblon. Foi
uma época difícil para encontrar uma sede. Sabendo
que o Dr. Israel Klabin estava viajando para Nova York,
eu pedi que ele fosse ao Rebe e pedisse uma brachá,
para encontrar uma casa. Dito e feito, o Rebe deu uma
nota de um dólar para ele encontrar uma casa. Em seguida, apareceu a casa na Visconde de Albuquerque.
Aula no Colégio A. Liessin
Encontros para casais jovens na casa da Visconde de Albuquerque
Aula no Colégio Max Nordau
Aula para jovens na residência do Rabino Goldman
Israel Klabin e o Rebe
Além das outras filiais: Lubavitch Barra, com o Rabino Simonovitz, Lubavitch Copacabana, com o Rabino
Ilan Stiefelman, damos apoio espiritual em várias sinagogas: Sinagoga Agudat Israel de Ipanema, através
do Rabino Gabriel Aboutboul, Sinagoga Maguen David, através do Rabino Kaprow, Sinagoga União Israel,
através do Rabino Gazale e, por último, Rabino Meir
Rosemberg ministrando aulas de Torá na Sinagoga
Beit Yaacov.
Em Teresópolis, reformamos a sinagoga Shalom e, até
hoje, são oferecidas aulas de Kiruv para jovens, e aulas
para crianças que não estudam em escolas judaicas.
Em 2001, de uma forma milagrosa e com a ajuda
da nossa comunidade, inauguramos o prédio da Rua
General Venâncio Flores. Neste complexo de oito andares, oferecemos dezenas de atividades para toda as
idades, de 7.00 da manhã até às 22.00 horas, sete dias
por semana.
Também oferecemos vários projetos de educação
judaica para crianças, como padaria de matzá, distribuição de Hagadot de Pessach colorida, livros de
Padaria de matzá para escolas
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
salmos para todos , folhetos, guias e explicações para
todas as escolas judaicas.
Graças ao Departamento Feminino, dirigido por
minha esposa Chani, foi feita uma revolução no Rio
de Janeiro, até em outras sinagogas, já passando por
outras cidades, o uso do livro dos Salmos. Hoje, é o
livro mais lido, em todos os momentos, de aflição e
alegrias, principalmente, entre as mulheres.
Milhares de cartões de Shemá Israel e Mode Ani,
foram publicados. Eles estão presentes em todas as
cabeceiras das camas da comunidade judaica. Nossos
livros de reza traduzidos e transliterados em português são usados em todas as cidades do Brasil.
Refeitório do Lar da Esperança
Não posso deixar de mencionar uma das nossas grandes obras que é o Lar da Esperança que assumiu um
compromisso de não deixar nenhuma pessoa passar
fome.
Em 1993, abrimos nossa Escola Beit Menachem, com
apenas quatro alunos. Atualmente, a Escola e a Creche
tem 150 alunos, onde os mesmos tem um currículo de
núcleo judaico, incluindo também o currículo completo
em língua nacional.
Hoje, nossa escola forma professoras no núcleo judaico para a próxima geração. Nossas próprias ex- alunas já
estão dando aulas aqui na cidade e em São Paulo.
Para finalizar, gostaria de ler alguns trechos de uma
carta que recebemos recentemente de uma mãe de um
jovem universitário.
Mais de 50.000 cartões impressos de Shemá Israel, Mode Ani,
Shabat e Bençãos
Não temos como calcular o impacto que o Beit Lubavitch transmitiu às pessoas da nossa comunidade,
através das chanukiot instaladas nas ruas públicas,
também com os anúncios gratuitos na TV Globo sobre Chanuká, em horário nobre, fortalecendo o orgulho judaico aos nossos filhos e netos.
Não temos como calcular o número de milhares de pessoas que foram influenciadas pelo Beit
Lubavitch,nos últimos 25 anos. Hoje, colocam tefilin
diariamente, mulheres acendem as velas de Shabat ,
famílias que comem kasher, mezuzot kasher nos lares, centenas de pessoas que participam das aulas de
Torá ministradas pelos nossos rabinos e rebetzin, em
todos os cantos da cidade.
Quantos lares não se desfizeram pelas horas de dedicação dos rabinos, se entregando, de corpo e alma,
ao Shalom Bait (aconselhamento familiar).
“Caro Rabino Haber,
Gostaria de agradecer-lhe pelo trabalho que tem feito com meu filho. Fico feliz em vê-lo dentro do judaísmo de maneira comprometida. Falta uma presença
paterna judia. Nos afastamos muito do judaísmo. Assim que pudermos, iremos toda sexta-feira no Shabat.”
Este exemplo é um das centenas de jovens, que foram despertados para o judaísmo que estava oculto
dentro deles, através de aulas, seminários, encontros
na faculdade, Projeto Kiruv e Shabatons, dirigidos,
hoje, pelos nossos rabinos Broner, Schechter, Kaczala e Haber. Centenas de casais jovens que construíram famílias judaicas, se encontraram e se conheceram em nossos eventos.
Estas são as memórias prateadas dos últimos 25
anos. Tudo isto não poderia acontecer sem a ajuda
dos nossos queridos amigos, sócios, beneméritos.
Não tenho palavras suficientes para agradecer vocês
por este trabalho em conjunto que construímos.
Que D’us abençoe vocês com muita saúde, sustento, iedishe naches de seus filhos e netos.
Não posso deixar de agradecer à minha dedicada
esposa, Chani, que se dedica de corpo e alma a este
grandioso trabalho, deixando de lado sua vida particular. Que Hashem lhe dê força e saúde para continuar este importante e sagrado trabalho e encaminhar
nossos filhos, com saúde, para uma vida judaica e
chassídica.
Também não posso deixar de agradecer a todos
os nossos schluchim e shluchot, que se dedicam de
Dezenas de seminários foram realizados para os jovens
Chanukiá no Palácio
dos Governadores
corpo e alma a este sagrado trabalho. Este trabalho
em conjunto, transformou o Rio de Janeiro. Desejo a
vocês muitas broches e naches.
Que possamos festejar juntos as bodas de ouro do
Beit Lubavitch, em Jerusalem , com a vinda de Maschiach!
Meus queridos amigos .... Nossa celebração de hoje
à noite não é somente uma oportunidade de olhar
para nossas memórias prateadas mas é tempo de
criarmos novas energias e concretizarmos os nossos
sonhos..... sonhos dourados.
Sim, nós chegamos aqui... foi um longo caminho.
Mas isto não é suficiente. Vamos nos comprometer,
hoje à noite... neste lugar sagrado... todos juntos a
dar continuidade a este trabalho... uma comunidade orgulhosa que vai continuar a crescer como uma
grande comunidade judaica, preparando um mundo
melhor com a vinda do Mashiach em nossos dias,
Amem.
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
Comemoração dos 25 anos de Beit Lubavitch
NNoossssaass MFi et s vt aó st
Especial: um decreto contra o brit milá
— na Alemanha, em 2012?
Adaptado da revista Kfar Chabad, nº 1490 (págs. 25-28), por A T Beuthner
A primeira mitsvá da vida de todo judeu, o Brit Milá, corria o risco de ser legalmente proibida na Alemanha, despertando um grande e polêmico debate envolvendo os meios de comunicação e a opinião
pública. A história parecia estar se repetindo após mais de três quartos de século. As trevas da ignorância têm os seus caminhos e artimanhas para ocultar a verdade.
No passado, eram pogroms com hordas de desordeiros que atacavam vilarejos judaicos causando
morte e destruição. Hoje, o estrago físico é muito menor, mas são hordas de juristas e escritores, jornalistas e parlamentares, que fazem um “estrago” espiritual, mas não menos devastador para nós — em
nome da civilização e da ética.
Hoje, passado o susto, é nítido
e cristalino que o motivo por trás
deste decreto contra o Brit Milá, na
Alemanha, não foi o antissemitismo — foi pura ignorância; falta de
conhecimento de noções básicas do
judaísmo. No entanto, a coincidência histórica de acontecer justamente num país onde os judeus perderam o direito de viver como judeus,
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de praticar livremente o seu judaísmo, de forma tão cruel e tão recente,
chega a nos dar calafrios.
Como sempre, foi um pequeno
fósforo perdido que deu origem a
este incêndio...
Em 2012, na cidade de Colônia,
Alemanha, o pai e a mãe de um garoto muçulmano resolveram fazer a
circuncisão dele aos quatro anos de
idade, porém acabaram causando-lhe um ferimento que teve que ser
tratado num hospital. A equipe médica do hospital denunciou os pais
da criança à justiça por maus-tratos
ao menor. O tribunal local (em Colônia) sentenciou que os pais tinham o
direito de realizar a circuncisão, porém, depois que foram apresentadas
queixas contra a sentença do tribu-
...a opinião pública
via isso como uma
agressão contra uma
criança indefesa,
contra a sua vontade,
e não como um ato
religioso. A Europa
inteira acompanhava,
atenta, ao desenrolar
dos fatos.
vam-se às vésperas de eleições, e,
obviamente, estavam muito sensíveis à opinião pública.
O shaliach (emissário do Rebe) em
Berlim, Rabino Yehuda Teichtel (recentemente eleito Rabino-Chefe da cidade), logo percebeu que estava diante
de um momento crucial, de importância histórica não só para a Alemanha
como para toda União Europeia. Um
decreto contra o Brit Milá que prevalecesse, ali, teria repercussão em relação
à liberdade do povo judeu de praticar
sua religião em toda Europa — e talvez até mais além.
“O que havia começado como
pequenas gotinhas, estava virando
uma inundação”, descreve o Rabino Teichtel. “Não tratava-se apenas
de uma questão política ou legal; a
opinião pública via isso como uma
agressão contra uma criança indefesa, contra a sua vontade, e não
como um ato religioso. A Europa
inteira acompanhava, atenta, ao desenrolar dos fatos. Hoje, a Alemanha
é um dos maiores e mais influentes
países dentro da União Europeia. As
suas questões internas costumam
gerar tendências nos outros países,
de modo que ela, proibindo o Brit
Milá, faria com que toda a Europa a
imitasse.”
Os judeus, na Alemanha, foram
diretamente influenciados por esta
campanha negativa, como nos relata o Rabino Teichtel: “Muitos judeus
passaram a ter receio de fazer o Brit
Milá em seus filhos. Tivemos o caso
de uma família que se recusou a fazer o Brit Milá e só depois de muita
insistência e persuasão concordou
em realizá-lo com a condição de que
fosse feito discretamente na casa
dos pais da criança, com não mais
de dez homens presentes e sem
fotos! Para que as coisas não piorassem ainda mais do que já estavam e
pudéssemos manter as tradições e
costumes judaicos sem medo e com
orgulho, uma vivência judaica normal e saudável, tornou-se imperioso
que conseguíssemos fazer o Parlamento votar uma legislação que não
deixasse dúvidas sobre a legalidade
total do Brit Milá”.
Nossas Mitsvót
Rabino Yehudá Teichtel (chabad de Berlim) e Rabino Yoná Metzger na conferência com os jornalistas
nal, os juízes decidiram que, de agora em diante, os pais não teriam o
direito de causar tais ferimentos em
crianças tão pequenas, nem mesmo
em se tratando de uma circuncisão.
Isso não era uma lei, apenas um parecer, uma peça de jurisprudência,
mas que marcava um precedente
que poderia ter consequências a
longo prazo. Originalmente, toda a
questão envolvia muçulmanos, mas
acabou atingindo duramente a comunidade judaica.
Este episódio estritamente local
deu origem a um debate público
que envolveu toda a Alemanha no
mês seguinte. Um artigo enorme,
num famoso jornal alemão, descrevia os pormenores do caso e a decisão final do tribunal de Colônia, instigando seus leitores a questionar a
moralidade da circuncisão, do Brit
Milá. O fato de pais, por assim dizer,
decidirem cortar um pedaço do corpo de seu filhinho de oito dias, chocou a opinião pública. Muitas vozes
exigiam que os pais dessem uma
opção ao filho depois que crescesse para que ele mesmo decidisse se
queria ou não circuncidar-se. Outros
falavam em obrigar os pais a realizar certos procedimentos anestésicos. De uma forma ou de outra, o
cumprimento da mitsvá de Brit Milá
estava sendo atacado por todos os
ângulos possíveis.
Longos meses se passaram, cheios
de acirrados debates públicos e políticos sobre o assunto. Surgiu uma
ideia que acabaria de vez com o
problema: conseguir que o poder
legislativo votasse uma lei que permitisse oficialmente a realização do
Brit Milá, o que reverteria qualquer
problema jurídico resultante daquele caso. No entanto, para conseguir
isso havia um longo e complexo caminho pela frente.
A opinião pública em todo o país
estava claramente contra a realização do Brit Milá. Os membros do
Parlamento (Bundestaag) encontra-
Quais foram as
primeiras providências
tomadas?
“Desde o início percebemos que
teríamos que trabalhar em dois
âmbitos: trabalhar com a opinião
pública, explicando, para o grande
público, o sentido religioso do Brit
Milá e sua importância na vida e na
preservação da comunidade judaica. O outro campo em que teríamos
que investir esforços era em relação
aos membros do parlamento e das
várias comissões envolvidas, lhes
esclarecendo o assunto ao máximo
para que no momento em que tivessem que votar a respeito do Brit
Milá, o fizessem de forma consciente
e positiva.”
O Rabino Teichtel e os outros rabinos e shluchim de Chabad-Lubavitch
na Alemanha contrataram uma famosa agência de relações públicas e
começaram a trabalhar intensamente. Com a ajuda do presidente da co-
Lubavitch Views 71
Atualidade
72 Lubavitch Views
por assim dizer, uma fé que fosse
baseada somente na aceitação da
lógica humana.]
Enquanto isso, Yitschak afirma,
seguro: “Você se orgulha de ter sacrificado [conscientemente] um órgão de seu corpo por D’us. [Eu fiz
um pacto com D’us aos oito dias
de vida. Estou unido com D’us não
somente pela lógica, e sim, por um
pacto acima das limitações da lógica, mais profundo e essencial do
que a minha consciência, por isso.]
Se D’us me pedisse para lhe sacrificar TODOS os órgãos do meu corpo,
eu não hesitaria!”.
O argumento de Yishmael parece
ressoar das bocas e dos artigos que
afirmam que não seria justo os pais
imporem sua “opinião” sobre seus filhos e que seria melhor esperar que,
ao tornarem-se adultos, eles decidissem conscientemente se querem ou
não fazer parte deste pacto. No entanto, eles não conseguem entender
a importância fundamental de realizar o pacto justamente no início da
vida de cada judeu, unindo-o, através
do Brit Milá no seu corpo, com o Criador do Universo. Talvez pela primeira
vez na história os não judeus tiveram
a oportunidade de ouvir explicações
chassídicas profundas dos shluchim
de Chabad-Lubavitch sobre a união
cósmica suprarracional do Brit Milá e
seu impacto profundo na alma, justamente quando é feito antes da lógica
humana poder distorcer essa união
espiritual. Foi assim que os parlamentares e juristas alemães passaram a
entender melhor as bases da filosofia
religiosa judaica.
O Rabino Teichtel relata: “O tempo todo nos aconselhamos com
especialistas que analisavam cuidadosamente a opinião pública e
a dos parlamentares. Desde o início eles mesmos nos esclareceram
que o argumento principal deveria
centrar em torno da ideia que o Brit
Milá é um mandamento do Criador
e que não podemos abrir mão deste mandamento. Eles também nos
aconselharam a não enveredar em
discussões sobre questões de medicina e de estatística, por mais que
tivéssemos bons argumentos também nessas áreas. E o motivo é muito simples: estávamos lidando com
as críticas dos melhores médicos do
país, e eles certamente não iriam se
impressionar com o nosso conhecimento ou estatísticas de medicina...
Obviamente provamos a todos que
o Brit Milá judaico é feito de acordo
com todos os rigores da medicina,
preservando ao máximo a saúde e a
integridade da criança. Mas o principal argumento tinha que ser a questão religiosa. Pudemos ver claramente que quando vieram rabinos e
declararam que os judeus da Alemanha não poderiam viver sem o Brit
Milá — isso sim fez uma profunda e
positiva impressão em todos”.
Uma das providências mais importantes que o Rabino Teichtel tomou foi trazer o Rabino-Chefe de Israel, Rabino Yona Metzger, para uma
vista especial à Alemanha, por causa de toda esta polêmica. O Rabino
Metzger veio por dois dias cheios de
encontros com a elite da política alemã e inúmeras entrevistas nos principais meios de comunicação germânicos. A visita teve um tremendo
impacto sobre a opinião pública. O
fato de o Rabino-Chefe ter se deslocado especialmente de Israel para a
Alemanha só por causa da questão
da proibição do Brit Milá provou, claramente, a grandeza da importância
desta mitsvá para o povo judeu em
todo o mundo. Ao ouvir dele sobre
a importância do Brit Milá, a questão
ganhou um sentido muito mais religioso e espiritual.
Nos conta o Rabino Metzger:
“Quando cheguei na Alemanha,
senti que estava sendo o emissário
de todo o povo judeu, pois a decisão
do Parlamento alemão não teria um
impacto somente local. A opinião
pública negativa já estava dando
origem a processos semelhantes
em outros países como a Suiça, a
Bulgária e a Áustria, com ondas que
chegavam até os Estados Unidos.
Percebi claramente que a mitsvá de
Brit Milá corria o risco de ser proibida
em inúmeras nações. Era preciso estancar este processo negativo logo
no início”.
O fato do Rabinato de Israel ter
um sistema oficial, sob sua rigorosa
supervisão, de capacitação e treinamento de mohalim (aqueles que realizam o Brit Milá; plural de mohel),
ajudou a convencer os parlamentares que tal modelo poderia ser introduzido na Alemanha, de forma a
prevenir eficientemente quaisquer
problemas relacionados com a saúde. Rabino Metzger segue nos relatando:
“Eu fiz questão de lhes explicar
detalhadamente como atua o Rabinato em Israel, hoje em dia. No
início, eles ficaram meio confusos;
confundiram o Brit Milá, como é feito da forma judaica, com a circuncisão praticada pelos muçulmanos.
Tive que explicar a eles como fazemos em Israel: todo mohel tem que
passar pelo crivo de uma comissão
formada por rabinos, mohalim e médicos para ser aprovado como tal.
Ele tem que provar que tem conhecimentos não só da lei judaica como
de vários procedimentos médicos
necessários, inclusive em termos de
primeiros-socorros e casos de emergência. Com isso, ficou provado que
o Brit Milá judaico não afeta, de forma alguma, a integridade física da
criança.”
“Além disso, eu fiz questão de lhes
esclarecer que certamente não resulta do Brit Milá nenhum trauma
residual, seja emocional ou de outra
natureza, pois há séculos os pais tem
feito o Brit Milá em seus filhos e esses nos seus, e assim por diante. Nenhum pai normal, que tenha sofrido
algum trauma com o seu próprio
Brit, faria o mesmo com o seu próprio filho...”.
Um dos pontos altos de sua visita
foi a sua entrevista coletiva para a
imprensa local e internacional, realizada na Associação dos Jornalistas,
no centro de Berlim. É um local importante, onde geralmente a chancelaria alemã e os chefes de Estado,
em visita, fazem seus pronunciamentos públicos para todo o país. O
Rabino Teichtel junto com o Rabino
Metzger também estiveram lá e expressaram com clareza e orgulho a
visão judaica do Brit Milá. O fato de
jornalistas de inúmeros órgãos da
imprensa internacional estarem presentes, demonstrou o quanto a decisão da Alemanha, sobre o Brit Milá,
interessava ao mundo.
Qual foi o principal
argumento que vocês
apresentaram para
justificar o judaísmo?
Rabino Metzger: “Esclarecemos
com firmeza que o Brit Milá é praticado no judaísmo há 4 mil anos,
dos quais, há alguns milhares, na
própria Alemanha, e nós nunca incomodamos ninguém com isso. É
um pacto sagrado entre o judeu e o
seu D’us. Quando um judeu faz um
pacto desses numa idade tão tenra,
ele lembrará que é judeu em toda e
qualquer situação que se encontre,
mesmo que esteja numa ilha deserta, ele saberá que pertence ao seu
D’us e ao povo judeu.
Nos dois dias que estive na Alemanha, trabalhamos intensamente. Eu
gostaria de expressar minha apreciação especial ao Rabino-Chefe
de Berlim, Rabino Teichtel, que me
trouxe e organizou meus encontros
com as pessoas de influência. Ele
identificou, a tempo, o perigo da situação e trabalhou diligentemente
para revertê-la, inclusive ao me convidar para esta visita. Com o passar
do tempo, pudemos nos certificar
o quão influente e benéfica foi esta
visita, pois parte dos líderes com
os quais nos encontramos fizeram
questão de mencionar, nos seus
pronunciamentos no Parlamento
Alemão, o seu encontro com o Rabino-Chefe de Israel e citaram suas palavras ao votarem a favor da legalização oficial do Brit Milá. Os esforços
do Rabino Teichtel foram decisivos
para toda esta empreitada”.
A questão do Holocausto sempre esteve presente nos bastidores
dos debates, mas, explica o Rabino
Teichtel, eles preferiram não acusar o povo alemão de antissemitismo, neste caso: “Não seria correto,
nem inteligente, da nossa parte,
lhes dizer que o motivo por trás da
propaganda contra o Brit Milá era o
antissemitismo, porque vimos claramente que tratava-se de ignorância; eles não estavam entendendo
a importância do assunto para nós,
mas estavam dispostos a ouvir e
entender melhor do que se tratava.
Somente lembramos o Holocausto
para incentivá-los a expressar claramente o interesse deles a favor
da vivência e da liberdade de culto
judaico no país. Explicamos que, justamente no lugar onde há algumas
décadas no passado houve uma escuridão tão grande (o nazismo), era
preciso que o Parlamento alemão se
expressasse, agora, de forma inequívoca sobre a legalização oficial do
Brit Milá, esclarecendo a todos que a
constituição alemã permite e apoia a
prática do judaísmo sem restrições”.
Atualidade
munidade judaica em Berlim, Sr. Piter Grauman, começaram uma série
de encontros com ministros e parlamentares para lhes explicar a necessidade e a importância da legislação
sobre o Brit Milá. Os encontros não
foram fáceis e estenderam-se por
várias horas. Sistemáticos e metódicos como sempre foram, os alemães
queriam explicações detalhadas
para cada coisa, principalmente a
questão da idade da criança: por que
oito dias e não quando ele próprio
pudesse decidir se queria?
As discussões expressavam, na
verdade, duas mentalidades opostas, duas formas divergentes de
encarar o mundo. Curiosamente, as
duas opiniões já discutiam isso há
mais de 3 mil anos. O Rebe explica
magistralmente toda esta discussão
na sua obra Likutei Sichot. Após estudá-la e ouvindo os debates na Alemanha, é como se os argumentos
dos jornais saíssem das páginas do
Midrash e, de repente, aparecessem
na vida real.
O Midrash nos relata que essa era
a discussão entre Yishmael e Yitschak, os filhos de Avraham.
D’us ordenou a Avram a fazer o
pacto do Brit Milá na sua carne quando ele tinha 99 anos, quando passou
a chama-lo de Avraham. D’us também lhe ordenou fazer o Brit Milá de
todos os seus descendentes. Quanto
aos recém-nascidos, eles deveriam
fazer o Brit Milá no seu oitavo dia de
vida (se as suas condições de saúde
assim lhe permitissem). Yishmael era
o filho de Avraham com Hagar, que tinha 13 anos quando fez seu Brit Milá.
Yitschak, filho de Sara, nasceu um
ano depois, e foi o primeiro a fazer o
Brit Milá no seu oitavo dia de vida.
Yishmael se vangloriava de ter feito Brit Milá aos 13 anos de idade: “Eu
sou mais importante do que você
[aos olhos de D’us], pois eu podia
ter protestado e me negado a fazer
o Brit Milá, mas eu o fiz conscientemente, e você, não!”[Ele pregava,
Lubavitch Views 73
Atualidade
O Rabino Metzger também concorda: “Hoje a Alemanha lidera a luta
contra o antissemitismo. Em toda a
Europa, é na Alemanha que encontra-se o menor índice de manifestações antissemitas ou de hostilidade
aos judeus. Não faria sentido acusá-la disso. Muito pelo contrário: fizemos questão de frisar que, como
também é do interesse da Alemanha que os judeus venham viver no
seu território, deve ser do seu interesse lhes possibilitar e permitir que
pratiquem livremente a sua religião
e seus mandamentos”.
Ao longo desta maratona de debates e encontros, o Rabino Teichtel
teve que enfrentar líderes políticos,
médicos, juristas, jornalistas, escritores e formadores de opinião pública.
Com cada um deles era preciso falar
na sua linguagem, mas para todos a
mensagem foi a mesma.
“A Ministra de Assuntos de Família,
que foi um dos personagens importantes destes debates, é uma mãe
que tem um filho pequeno”, explica
o rabino Teichtel, “e no encontro que
tive com ela, expressou uma imensa
dificuldade em entender como alguém poderia se permitir fazer tal
agressão (a circuncisão) numa criança tão pequena. Com respeito, mas
com firmeza, eu lhe expliquei que
isto é praticado pelo povo judeu há
milhares de anos. Isto está baseado
na nossa sagrada Torá e uma tradição ininterrupta de milhares de
anos e milhões de pessoas têm provado que os judeus que praticam o
Brit Milá, no mundo todo, têm uma
vida saudável e feliz, pois a prática
dos mandamentos Divinos não traz
nenhum dano ou prejuízo. Estas palavras têm tido uma influência positiva.”
Como parte de seus esforços de
esclarecimento público, o Rabino
Teichtel participou de um debate
importante numa universidade central de Berlim, na qual o Rebe havia
estudado, na década de 1930. Em
74 Lubavitch Views
frente a centenas de estudantes e
professores, ele sentou-se junto a
um famoso jurista alemão, ao presidente da Associação de Médicos da
Juventude e a um representante de
um partido do governo. Foi um momento histórico, em que um Rabino,
sozinho, teve que debater publicamente com especialistas de distintas
áreas para defender o judaísmo.
Você não se intimidou
de ter que enfrentá-los
sozinho?
“Antes deste evento escrevi ao
Rebe e pedi sua bênção para o sucesso. Foi isso que me deu forças.”
Como se tudo isso não bastasse,
mais um aspecto histórico deste
debate: a grande queima geral de
livros (que não ”agradavam” ao regime nazista) realizada pela juventude
nazista, em 1933, também ocorreu
naquela universidade. O Rabino Teichtel nos conta: “Num dos momen-
“...há alguns anos
atrás, no pátio
daquela universidade,
queimaram livros
judaicos. Os textos
foram carbonizados,
mas o seu conteúdo é
eterno. Este texto é a
nossa sagrada Torá,
e é justamente isso
que nós queremos
continuar a cumprir”.
tos críticos do debate, eu anunciei
que há alguns anos atrás, no pátio
daquela universidade, queimaram
livros judaicos. Os textos foram carbonizados, mas o seu conteúdo é
eterno. Este texto é a nossa sagrada
Torá, e é justamente isso que nós
queremos continuar a cumprir”.
Os esforços para divulgar o verdadeiro sentido judaico e sagrado do
Brit Milá e do judaísmo não foram
em vão. Aos poucos a mensagem
foi sendo assimilada pelo público e
pelos líderes políticos, que começaram a entender que não havia nada
de prejudicial resultante do Brit Milá.
Entenderam a importância central
deste mandamento dentro do judaísmo e que, sem ele, não seria possível dar continuidade à vida comunitária judaica na Alemanha — era
preciso urgentemente que a prática
do Brit Milá no país fosse claramente
protegida por uma legislação que a
permitisse de forma inequívoca.
Esta histórica batalha pela legalização definitiva do Brit Milá na
Alemanha terminou também numa
data histórica: foi justamente durante os dias de Chanucá que o Parlamento Alemão reuniu-se para uma
sessão extraordinária, na qual foi registrada de forma clara e sem deixar
margens à dúvida, na forma da lei,
que o Brit Milá é permitido em toda
a Alemanha!
Conclui o Rabino Metzger: “Nos
dias de hoje, esta decisão da Alemanha é de suma importância. Em
vários países do mundo têm surgido
vozes pregando a proibição do Brit
Milá, até mesmo nos Estados Unidos.
Uma decisão legal favorável ao Brit
Milá, como esta da Alemanha, pode
ajudar muito a resolver questões semelhantes em outros lugares”.
O milagre de Chanucá de 5773!
Ou seja-lá-qual-for o nome que vocês queiram dar para este episódio
histórico. Bayamim hahem — bizman haze! (Naquela época — e também nos dias de hoje!)
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TNoorsás aes CFi eê sn tcai as
Por Dr. Yaakov Brawer (tradução e adaptação: Beuthner)
O ser humano:
Divino ou bioquímico?
No meu primeiro ano de faculdade, há mais de 30 anos, fiz um curso
avançado de neurofisiologia com
cientistas envolvidos nas pesquisas
de ponta daquela área. Após uma
série de palestras espetaculares,
descrevendo como o sistema eletroquímico do cérebro codifica e
analisa a informação visual, o meu
professor concluiu sua apresentação enfatizando que, agora que já
estávamos capacitados a entender a
visão em termos específicos de atividades neurológicas, poderíamos
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explicar, de forma científica semelhante, todas as outras experiências
relacionadas com o consciente. Consequentemente, poderíamos finalmente abandonar a ideia infantil de
que a nossa vida e consciência são o
produto de alguma entidade sobrenatural conhecida como “alma”.
Uma onda de alívio permeou a sala
de aula, à medida que o “primitivo
totem da crença na alma” era quebrado em pedaços pelo poderoso
argumento científico. Os alunos acabavam de participar de uma histórica vitória do ser humano na sua luta
contra as “trevas” da superstição.
Para mim, no entanto, este magnífico triunfo da ciência só despertou
uma questão bastante espinhosa:
se até então eu nunca tinha acreditado na possibilidade da existência da alma — como também não
acreditavam meus companheiros
de classe — a partir deste momento
eu comecei a desconfiar que isto era
possível, sim. Talvez realmente existisse esta tal de “alma”, pois foi este
próprio professor quem me apresentou um convincente argumento
a favor da existência dela.
Ele nos demonstrou claramente
que o cérebro codifica estímulos
visuais em organizados padrões de
atividade elétrica, que aí então são
integrados e processados de várias
formas. Por exemplo, observar a cor
estava escondida uma criança medrosa e irracional.
Nós imaginamos que nossas atitudes são formadas e informadas pelo
nosso conhecimento. Nós acreditamos que nossa maneira de encarar
a nós mesmos, de encarar a vida,
em geral, é o resultado evolutivo
de anos de progresso intelectual.
Infelizmente, raramente as coisas
são assim. Nossa visão sobre tudo
o que existe é moldada, basicamente, por temores subrracionais, vícios
emocionais e prazeres ou vontades
primitivas. Não usamos nossa mente
para procurar a verdade; preferimos
criar “verdades” que possam aliviar
nossos temores subrracionais e justifiquem nossos desejos ou vontades. O herói da história acima não
estava interessado em definir o que
era uma vivência consciente, nem
onde estava a consciência do ser humano. Desde o início ele estava fervorosamente comprometido com
sua crença de que o ser humano não
passa de uma mera máquina de carne e osso, um acidente bioquímico
gerado sem objetivo nenhum por
um imenso universo que não está
nem aí para a sua existência.
Da onde vem esta convicção quase “religiosa”? Não resulta da mente,
e sim, dos hormônios. As pessoas temem o desconhecido e o misterioso.
É muito mais confortável imaginar a
si mesmo apenas como algo sujeito
a leis e processos físicos, não espirituais. Aliás, enquanto o ser humano
encara a si mesmo apenas como um
amontoado de produtos químicos,
não muito diferente daqueles que
formam um cachorro, por exemplo,
ele pode sentir-se livre para agir e
viver como um cão.
Qual seria a outra alternativa
para esta visão materialista ou
secular? Seria algo preocupante,
alarmante: Talvez exista uma alma?
Talvez exista um D’us? Talvez se eu
fizer ou disser tudo o que quiser
possa ter consequências? Será que
eu não posso simplesmente viver
livre como um animal?
É por isso que a sociedade espera que os seus grandes acadêmicos
demonstrem que a consciência não
passa de uma atividade elétrica,
que a vida não passa de uma reação química, e que, se nossos antepassados não eram cachorros, que
pelo menos tenham sido macacos.
Isso lhes dá um convincente sistema
pseudointelectual que os “protege”
e isola, lhes poupando o trabalho
de ter que pensar nos mistérios ou
nos objetivos da vida, aliviando seus
“temores de consciência” e lhes justificando seus impulsos animalescos
ou egocêntricos...
Torá e Ciência
A NEUROLOGIA E A ALMA
azul eventualmente evocaria um código elétrico em uma determinada
região circunscrita dentro do cérebro, que aí então seria interpretada
e, subsequentemente, vivenciada
como “azul”. Obviamente o xis da
questão é o seguinte: quem é que
lê este código? Quem transforma
ou “traduz” este padrão de impulso
elétrico na forma de uma experiência consciente de cor, de dor ou de
som? Não pode ser o próprio cérebro, pois, conforme nos esclareceu
o professor, ele somente tem a capacidade de gerar e integrar a atividade elétrica. Isto significa que há
alguma coisa supracerebral, fora da
nossa mente, que decifra e transforma estas mensagens eletroquímicas
numa experiência consciente subjetiva. Em suma, isso prova a existência de algum tipo de “alma”.
Eu estava todo entusiasmado com
a minha descoberta (e não sabia
que um cientista chamado Sherrington já tinha chegado a esta mesma
conclusão há uns 30 anos antes de
mim...). Fui correndo ao gabinete do
meu sábio professor para lhe expor
o meu achado. Com uma enorme
dose de sarcasmo, ele ridicularizou
minha proposição, chamando-a de
absurda. Persisti e lhe pedi que me
demonstrasse claramente onde estava o erro no meu raciocínio. Ele
perdeu a paciência e me expulsou
sumariamente de seu gabinete.
Fiquei magoado e confuso.
Como naquela ocasião eu realmente queria saber a verdade,
caso ele tivesse me mostrado exatamente onde estava o meu erro,
eu teria ficado imensamente feliz.
Foi só muito tempo depois que eu
percebi que o professor não estava
interessado e nem poderia refutar
a minha lógica. Na verdade, a lógica e a verdade não faziam parte da
sua forma de pensar. Por trás daquele exterior assertivo, confiante
em si mesmo, extremamente erudito e científico do meu professor,
Torá e ciência
Frequentemente se ouve
a seguinte pergunta:
“Será que há conflitos entre
a Torá e a ciência?”
Na verdade, não há conflitos entre
ciência e Torá, desde que a ciência
em discussão seja a verdadeira ciência, e não a pseudociência popularizada que é comumente lançada
sobre um público crédulo que não é
capaz de discernir a diferença entre
elas.
De fato, conclusões vindas de uma
autêntica e completa investigação
científica invariavelmente concordam com a Torá. O fato de que a
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Torá e Ciência
A existência da alma
Um bom exemplo disso é a existência da alma. A Torá nos informa
inequivocamente que vida e consciência são fornecidas por uma entidade espiritual que se reveste e é
a operadora da sofisticada máquina
computadorizada que chamamos
de corpo. A Torá está repleta de informação sobre a natureza das almas. Interessante, a existência de
uma entidade consciente não material responsável por operar o corpo
material também foi demonstrada
cientificamente. As observações sobre em que esta conclusão está baseada são numerosas, e algumas um
tanto complicadas.
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Talvez as observações mais simples e mais importantes sejam as
registradas por Wilder Penfield1 , o
fundador do Instituto Neurológico
de Montreal e um dos mais notáveis
neurocientistas que já existiram.
Penfield explorou a função do cérebro estimulando eletricamente diferentes regiões do córtex cerebral
em pacientes conscientes passando
por cirurgia (com anestesia local) em
busca de problemas de apoplexia localizados. Penfield descreveu a ativação do córtex motor, uma área no cérebro responsável por transmitir todo
o movimento consciente voluntário
para os níveis adequados do cérebro
e da medula da espinha dorsal.
Quando ele aplicou uma corrente
elétrica fraca à região “mão” deste
córtex, o paciente começou a mover a mão (no lado oposto do corpo) para frente e para trás. Quando
Penfield perguntou ao paciente por
que ele estava movendo a mão, o
paciente respondeu que não era ele
mesmo que estava provocando este
movimento — era o Dr. Penfield que
o estava causando com um eletrodo.
Quando Penfield estimulou a área
motora que ativa a laringe, o paciente balbuciou uma sílaba. Quando foi
indagado sobre isto, o paciente respondeu que ele próprio nada tinha
a ver com o som, e que fora Penfield
quem o tinha provocado.
A única conclusão válida dessas
observações é que a vontade de
mover e o movimento em si não são
o mesmo. A vontade consciente de
mover emana de algo que é alheio
ao cérebro e é capaz de observar objetivamente a operação daquilo que
nada mais é que um computador
feito de carne.
Existe um “Eu” (como em “Eu não
provoquei o movimento”) que,
quando tem acesso ao computador
(cérebro), pode programar movimentos. Se outra pessoa tiver acesso
ao computador, no entanto, o “Eu”
está plenamente consciente de que
a máquina está sendo operada por
outra pessoa. O “Eu” e o cérebro não
são, portanto, a mesma coisa. O “Eu”
deve ser uma entidade consciente
não cerebral, isto é, uma alma.
Em outros experimentos, Penfield
conseguiu evocar notáveis experiências de memória semelhantes à
vida, estimulando o lobo temporal
doente em pacientes sofrendo de
tremores naquele lobo temporal. Os
pacientes ficaram surpresos por serem capazes de revivenciar eventos
ocorridos há muito tempo. Porém,
eles estavam igualmente conscientes do fato de que estavam, naquele momento, passando por uma cirurgia no Instituto Neurológico de
Montreal. Obviamente, o “Eu” que
estava engajado nessas experiên-
cias era um outro eu, alguém distante do cérebro que era estimulado a
“reviver” essas experiências do passado. A experiência de consciência
e memória dos pacientes não era a
mesma, mas sim o seu “Eu” estava
observando a atividade do cérebro.
Penfield relatou que não há local no
córtex cerebral onde estimulação
elétrica vá fazer um paciente acreditar, decidir ou desejar. Essas não são
funções do cérebro, mas do “Eu” ou
alma.
Estudos sobre como o cérebro
analisa informação sensorial levam
às mesmas conclusões2. As reações
elétricas das células nervosas nas
áreas visuais do cérebro a vários
estímulos visuais têm sido extensivamente estudadas. Células ganglionares da retina respondem a
padrões visuais altamente específicos. Células no córtex visual que recebem conexões da retina (por meio
de corpo geniculado lateral) reagem
a complexos padrões que ativam a
retina.
Assim, cada estágio sucessivo no
sistema visual sintetiza e integra os
padrões aos quais o estágio anterior reage. Toda informação visual é,
portanto, codificada em sequências
complexas de reações elétricas no
nível mais alto do córtex visual. Aqui
está a pegadinha. O cérebro somente é capaz de codificar informação
visual. É preciso que exista um “Eu”
distinto e distante do cérebro físico
que interprete o código. Quando
olhamos para um objeto, percebemos o objeto. Não percebemos
sequências de mudanças elétricas.
Não “vemos” nem sequer estamos
conscientes dos potenciais de ação,
correntes de sódio e outros componentes do Código Morse do cérebro. Existe, portanto, uma entidade
não cerebral que traduz padrões de
mudanças elétricas em percepção
consciente. O argumento de que
talvez uma outra área do cérebro
esteja fazendo esta tradução é in-
sustentável, visto que essas outras
áreas têm as mesmas propriedades
físicas e biológicas do córtex visual,
e, portanto, também são somente
capazes de codificar informação em
sequências de atividade elétrica.
Dinâmica de interação
Estudos mais recentes têm descrito a interação entre o cérebro físico
(o computador) e seu operador não
físico, não cerebral — a alma. Algumas dessas descobertas atuais são
discutidas por Sir John Eccles3, num
excelente artigo sobre o assunto. Um
experimento discutido neste livro é
aquele de Kornhuber e seus associados4. Estes investigadores examinaram a atividade elétrica cortical em
seres humanos antes, durante e depois de um movimento consciente.
As dificuldades em fazer tais registros
e o método engenhoso para dominá-los estão descritos no artigo.
É suficiente dizer que em um ser
humano foi ligado eletrodos na cabeça e lhe disseram para flexionar
seu dedo indicador direito à vontade. Cerca de 800 milissegundos antes da flexão dos músculos do dedo,
uma grande área da superfície cere-
bral em ambos os hemisférios exibiu
um potencial negativo lentamente
ascendente.
Esta foi uma descoberta um tanto
surpreendente. A área cortical transmitindo movimento consciente voluntário ao nível adequado da espinha é uma região altamente restrita
do córtex motor. Como somente o
dedo direito estava envolvido, o que
se esperava era ver atividade elétrica
somente no córtex motor esquerdo.
Essa negatividade bilateral generalizada sobre áreas extensas do córtex
cognitivo tanto tempo antes do movimento real foi interpretada como
uma expressão da vontade de mover o dedo.
Isso confirma a observação comportamental de Penfield, que a vontade de mover-se e o movimento
em si não são idênticos. Eccles considera essa atividade suprageneralizada como representando o “Eu”
não físico dizendo ao cérebro físico
o que deseja fazer, ou seja, a flexão
do polegar direito. Esta conclusão
está baseada no fato de que a atividade generalizada não tem causa eletrofisiológica anteriormente
observável e, portanto, sua iniciação deve refletir em última análise a
Torá e Ciência
maioria das conclusões científicas
sejam incompletas e improvisadas
pode levar alguém a acreditar equivocadamente que a Torá diz coisas
que a ciência não confirma. Quando consideramos esses supostos
conflitos mais cuidadosamente, no
entanto, vemos que devido a dados inadequados ou insuficientes, a
“conclusão” científica não é realmente uma conclusão — trata-se simplesmente de uma hipótese.
Devemos ter em mente que a
ciência está constantemente evoluindo e se desenvolvendo, ao passo que a Torá é completa. É natural,
portanto, que muitos fenômenos
discutidos na Torá não possam ser
tratados cientificamente até que a
disciplina científica apropriada esteja avançada o suficiente para permitir as necessárias observações. Por
outro lado, quando observações suficientes permitem uma conclusão
logicamente válida, invariavelmente
concorda com aquilo que a Torá diz
sobre o mesmo assunto. Isto não é
realmente notável. Como existe apenas uma realidade, meios válidos
diferentes de examinar a realidade
deveriam produzir conclusões semelhantes e complementares.
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Torá e Ciência
influência de algo que não é o cérebro. Cerca de 50 milissegundos
antes do movimento, o encefalograma mostra uma notável focalização
aguda e concentração na atividade
da área altamente restrita do “dedo”
no córtex motor à esquerda.
O que dirige e focaliza a atividade
elétrica inicialmente generalizada
para a região exata do córtex para
iniciar o movimento voluntário?
Mais uma vez, Eccles invoca o “Eu”,
pois isso não pode ser explicado com
base nos eventos elétricos prévios
(que são largamente espalhados e
não seletivos). Assim, Kornhuber e
associados observaram o “Eu” não
físico programando sua vontade
para o computador cortical.
Percepção sensorial
Não somente a “vontade” foi
examinada eletrofisiologicamente,
mas também a percepção sensorial. Num artigo recente, Roland
Pucceti e Robert Dykes revisaram
o que é conhecido sobre o córtex
sensorial básico5. Os autores concluíram que embora seja claro e
óbvio a todos que ver, ouvir e sentir são experiências radicalmente
diferentes, não há base neuroanatômica ou neurofisiológica para
provar as diferenças. O córtex que
recebe conexões auditivas é idêntico em sua histologia, bioquímica
e comportamento eletrofisiológico ao córtex que recebe o sistema
visual ou o córtex que recebe o
sentido do tato6.
Puccetti e Dykes concluem, portanto, que as diferenças em nossa
percepção consciente dessas modalidades (por exemplo: quando
um carro falha, ouvimos em vez
de ver ou sentir isso) não são responsabilizadas pelas diferenças
correspondentes nas regiões apropriadas do cérebro. A atividade das
áreas sensoriais do cérebro devem
ser interpretadas como ver, sentir
ou ouvir através de algo que não
seja o próprio cérebro, mas sim,
algo alheio a ele. O artigo é particularmente esclarecedor, pois
inclui uma variedade de críticas à
sua interpretação e sua refutação
às críticas.
A planta-mestra da realidade
Embora a Torá e a ciência indiquem que a essência da vida humana consciente seja a alma não material, não-cerebral, a qualidade da informação fornecida por cada uma dessas fontes difere consideravelmente. A ciência
pode apenas confirmar que as almas existem, mas não pode nos dar nenhuma informação sobre a sua natureza.
Além disso, a ciência não pode explicar como uma entidade não material pode interagir com um cérebro físico.
A ciência, devido às suas limitações inerentes, somente pode lidar com o aspecto exterior da realidade.
A Torá, por outro lado, é a “planta-mestra” da realidade, conforme nos diz o Midrash (Bereshit Rabá): “D’us
olhou na Torá e criou o mundo”. É a Torá que nos revela a natureza essencial da alma. Portanto, para conhecer sua
alma, para conhecer a essência de tudo o que existe neste mundo, a pessoa deve voltar-se para a Torá.
Joelson Zuchen e Família
desejam a toda comunidade
Feliz Pessach
FTC Engenharia de Avaliações, Consultoria & Perícias
Assessoria e assistência técnica a pessoas físicas e
jurídicas no campo da engenharia e da contabilidade,
elaborando laudos periciais judiciais e extrajudiciais.
Dr. Yaakov Brawer é professor de Anatomia e Biologia Celular da McGill University McGill University , Faculdade de Medicina, e faz palestras sobre Neuroendocrinologia e Chassidut. Ele é autor de dois livros sobre filosofia
chassídica: Something from Nothing e Eyes that See.
Assista a vídeos dele em: http://www.torahcafe.com/scholar.php?id=0000000456
PENFIELD, W. O mistério da mente. Nova Jersey: Princeton University Press, 1975.
Veja qualquer texto padrão sobre Neurofisiologia.
3
POPPER, K. R.; ECCLES, J. C. O ser e seu cérebro. Nova York: Springer-Verlag, 1977.
4
KORNHUBER, H. H. Córtex cerebral, cerebelo e gânglio basil: uma introdução às suas funções motoras. In: SCHMITT; WORDEN (eds.), p.267-280, 1974.
5
PUCCETTI, R.; DYKES, R. Córtex sensorial e o problema. Ciências Comportamentais e do Cérebro, n.3, p.337-375.
6
Uma excelente descrição das observações e conclusões de Penfield é particularmente útil para o leigo inteligente e pode ser encontrado em O mistério da mente, por Wilder Penfield. Este texto apresenta um resumo curto e bastante legível da obra de Penfield e o desenvolvimento de seu reconhecimento da existência
da “mente” em oposição ao cérebro. O livro fornece a origem e o raciocínio para as seguintes questões: p.73: o desafio de todo neurofisiologista é explicar, em
termos de mecanismos do cérebro, tudo que os homens passaram a considerar o trabalho da mente, se ele puder. E isso ele deve fazer livremente, sem preconceitos filosóficos ou religiosos. Se ele não conseguir explicar, usando fatos comprovados e hipóteses razoáveis, então chegará a hora, como aconteceu comigo,
de considerar outras explicações possíveis. p.114: no final concluí que, apesar dos novos métodos, como o emprego de eletrodos estimulantes, o estudo dos
pacientes conscientes e a análise de ataques epiléticos, não há uma boa evidência de que o cérebro, sozinho, possa fazer o trabalho que a mente faz. Talvez os
melhores artigos sobre integração neuronal e análise do sistema visual sejam as seguintes:
HUBEL, D. H.; WIESEL, T. N. Campos receptivos e arquitetura funcional do córtex estriado do macaco. O Jornal de Fisiologia, v.195, n.2, p.215-244, nov. 1978.
HUBEL, D. H.; WIESEL, T. N. Ferier Lecture: Arquitetura funcional do córtex visual do macaco. Procedimentos da Royal Society de Londres, série B, v.198, p.1-59, 1977.
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Comprtamento
— Tudo bem, concordo; eu gritei
um pouco alto demais com a nossa
filha. Sim, talvez ela não merecesse
que eu ficasse tão nervoso com ela
como fiquei, mas depois do que
ela aprontou, ela não merecia uma
bronca? Quero dizer, depois do que
ela fez, eu poderia simplesmente
deixar passar? Não dizer nada? Fingir que não aconteceu nada?
— Se eu não tomar alguma atitude, nossa filha vai acabar se transformando num monstrinho... Devo tolerar tudo o que ela faz só para não
ficar nervoso?
— Ok, eu sei que isso criou um
clima muito desagradável dentro
de casa e acaba estragando o fim do
dia. Depois que eu gritei, ela saiu daqui com aquele olhar no seu rosto,
foi para o seu quarto e fechou a porta — e parece que uma tenebrosa
neblina desceu sobre nosso lar, escurecendo ainda mais a nossa noite.
— Você está certa, isso também
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assusta as outras crianças, que apenas fingem não olhar para mim e
ficam quietas pelo resto da noite,
esperando que eu não fique bravo
com elas.
— E, sim, é verdade; eu estava de
mau humor quando cheguei em
casa; sim, é claro que isso teve alguma influência sobre a maneira como
eu reagi. Mas, mesmo assim, você
ainda acha que eu deveria simplesmente ignorar o que ela fez, sem
mais nem menos? Quero dizer, a
nossa Chaya não precisa de disciplina, de vez em quando? Não temos
que lhe ensinar a se comportar?”,
pleiteei em minha defesa.
— “Sua dignidade”, foi só o que me
disse a minha esposa.
— “O quê? O que a minha dignidade tem a ver com isso?”, lhe respondi.
— “Quando você grita desse jeito,
você perde a sua dignidade”, foi o
que ela me disse.
— “Minha dignidade?” Eu questionei novamente, exasperado. “Eu
pensei que nós estávamos falando
sobre a nossa filha, sobre o comportamento dela, sobre a necessidade
de lhe ensinar o que é certo e o que
é errado.”
— “Você pode fazer isso com
dignidade”, disse ela, novamente.
“Quando você fica nervoso e perde a
cabeça, você perde a sua dignidade”.
Ok, devo admitir que ela me pegou. Sentei-me, pronto para ouvir
mais. Respirei fundo e tentei enfiar
minhas defesas no bolso por um
tempo suficiente para poder ouvir o
que ela tinha a me dizer.
— “Chaya ama você”, ela me explicou, de forma convincente. “Ela
anseia por sua aprovação. Teu mais
leve olhar de desagrado ou reprovação é captado por ela e por todas as
crianças.
— “Se você tivesse simplesmente
olhado feio para ela, já teria lhe dado
— “Você quer me dizer, então, que
se eu simplesmente fizesse cara de
bravo e olhasse feio para as crianças,
elas já iriam entender o recado? Já
iriam captar a mensagem?”
— “Sim”, disse ela. “Talvez você
também tivesse que explicar por
que estava olhando feio para elas,
mas não precisaria gritar para fazer
isso. O seu descontentamento visível já é suficientemente gritante.”
— “E quando eu grito, o que acontece?”, perguntei.
Você é o pai. Elas te
amam e querem que
você esteja feliz com
elas. Quando você
não está, elas notam e
isso importa. Se você
acreditasse nisso, você
não teria que ficar
com raiva.
— “Aí dói, dói muito e atinge as
crianças direto no coração”, disse ela.
“Direto nos seus coraçõezinhos —
os corações que te amam”.
— Ai meu D’us do céu!
— Mas eu não quero ficar o tempo
todo preocupado com meu comportamento, temendo fazer estes
estragos! — chiei, chateado.
— “E o que será da minha espontaneidade? Será que eu nunca mais
poderei ser eu mesmo, de novo?”,
implorei ao Altíssimo.
— “Claro que sim”, foi a resposta
(da minha esposa, não do Altíssimo...). “Só não tem que ficar com
tanta raiva. Você não precisa disso,
e isso fere a sua dignidade — e as
crianças querem que você mantenha a sua dignidade”.
— Dignidade. Que palavra! Que
conceito! O que exatamente isso significa? Como você pode perdê-la?
Onde você pode encontrá-la? — eu
lhe perguntei, preocupado.
— “Você vai descobrir. Pense
nisso e você achará a resposta,
sozinho” — foi o que ela me disse, segura, me dando um voto de
confiança, de tal forma a preservar
a minha.. sim... a minha dignidade.
Terminamos a conversa com o meu
ego intacto.
Comecei, aí então, a minha pesquisa, iniciando a busca onde qualquer bom aluno iria procurar — direto no dicionário*:
Dignidade: Presença de postura
equilibrada e respeito próprio na
conduta de alguém, de modo que
inspire respeito; altivez e graça. Sinônimo: Decoro.
Intrigado, fui pesquisar o significado de w.
Decoro: adequação do modo de
falar e do comportamento ao próprio caráter, ou ao local e ocasião...
Postura equilibrada; serenidade no
comportamento...
Postura, outra vez., Eu precisava
conferir esta palavra.
Postura: Ser equilibrado; o estado
ou condição de ser equilibrado.
Era sobre isso que minha mulher
estava falando, não?
“… adequação do modo de falar
e do comportamento ao próprio caráter, ou ao local e ocasião... Postura
equilibrada; serenidade no comportamento...”
Comprtamento
Dignidade
a sua mensagem; já teria lhe ensinado a lição e ainda deixaria a tua dignidade intacta”, concluiu, amavelmente, a minha esposa.
— “Basta olhar feio para ela e
pronto?” perguntei, incrédulo.
— “Sim, basta olhar feio e fazer
cara de bravo”, ela repetiu. “Chaya e
todas as crianças estão totalmente
em sintonia com você. Você é o pai.
Elas te amam e querem que você esteja feliz com elas. Quando você não
está, elas notam e isso importa. Se
você acreditasse nisso, você não teria que ficar com raiva. E se você não
ficar com raiva, você vai manter a sua
dignidade. E se você manter e cuidar
da sua dignidade, você vai ensiná-las a manter a delas também”.
Uau!! Isso era muita coisa para eu
digerir; uma enorme e profunda lição de vida.
Fiquei muito surpreso: como, de
repente, a minha esposa tinha se
tornado tão sábia? Como é que ela
até teve a coragem de dizer tudo
isso para mim — um marido que,
em geral, não aceita nem a menor
crítica que seja, principalmente se
esta crítica vier da sua esposa! Sim,
principalmente dela, que sempre
acha algum motivo para me criticar
mesmo quando não há nenhum...
Mas, será que realmente havia ali
alguma crítica, alguma reprovação?
Bem, eu procurei, mas não consegui encontrar nenhuma. Sim, senti
que quase estava sendo criticado,
quase. Aquilo ali tinha um pouco da
textura e do cheiro de uma crítica.
Mas havia alguma coisa no jeito que
ela estava me dizendo tudo isso que
fazia com que eu não sentisse que
estava sendo criticado. Muito pelo
contrário: eu me senti muito importante. Senti que isso era algo que eu
tinha que ouvir; eu tinha que tirar o
meu ego da frente e deixar estas palavras entrar nos meus ouvidos.
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Comprtamento
-la. Quando existe o equilíbrio ideal,
tem-se beleza como resultado.
Quando as coisas se encaixam
corretamente, quando a forma combina perfeitamente com o conteúdo, quando ocorre o equilíbrio e as
proporções estão corretas, as coisas
ficam lindas. Elas têm graça e elegância (“postura”).
E, quando isso aplica-se ao comportamento, pensei, se produz dignidade e decoro.
Os cabalistas afirmam que, quando a energia extravasada é maior do
que aquilo que o recipiente pode
conter, o resultado é o “rompimento do recipiente”. Quando a energia
extravasada é muito menor do que
aquilo que o recipiente pode conter,
o resultado é um receptáculo que
ficou em falta (que ficou meio vazio
e inútil). Mas, quando a energia extravasada é na medida certa e o recipiente também é do tamanho certo,
o resultado é uma beleza; é um ajuste perfeito.
Embora parecesse um
desafio, entendi que,
como eu fora criado
à imagem de D’us,
provavelmente Ele
tinha me concedido
os recursos de que
precisava para
realizar algo que
parecia impossível.
Mais uma vez, não foi difícil ver
como tudo isso se aplicava à minha
filha e ao meu comportamento. E, à
medida que eu ia lendo, era como
se as palavras estivessem impressas
sobre um vago esboço do rosto dela
olhando para mim, às vezes sorrindo
e, às vezes, expressando o choque e
a angústia que sentiu quando gritei
com ela.
A passagem continuou descrevendo a maneira pela qual D’us Se
restringe para que cada receptáculo,
não importa o quão pequeno seja,
receba exatamente a quantidade
certa de Divindade, sem se romper.
Eu tinha agora uma ideia vaga daquilo que se esperava de mim. Embora parecesse um desafio, entendi
que, como eu fora criado à imagem
de D’us, provavelmente Ele tinha me
concedido os recursos de que precisava para realizar algo que parecia
impossível.
Eu precisava dosar o modo como
extravazava minhas expressões e
emoções, de acordo com a capacidade que a minha filha tem para recebe-las. Isso requer que eu conheça muito bem qual é a capacidade
dela de receber, de aguentar. Para
isso, eu tenho que sintonizar mais
profundamente com a sensibilidade
dela, com a capacidade dela entender o seu próprio comportamento e
o meu — e tenho que manter este
conhecimento sempre ‘à mão’, na
minha mente e no meu coração.
Voltando ao estudo de Chassidut,
à ordem das sefirot, relacionei este
nível de entendimento à sefirá de
Daat (conhecimento), que precede
e influencia as sefirot de Chessed –
efusão, expressão – e Guevurá – restrição, contenção. Embora Daat seja
precedida pelas sefirot “intelectuais” de Chochmá (sabedoria) e Biná
(compreensão) e também seja uma
combinação delas, Daat não é um
conhecimento que vem do intelecto, um “saber” da mente. Daat é um
tipo de conhecimento mais profundo – uma sensação de intimidade com o outro, que acaba com
o distanciamento entre o sujeito
e o objeto, entre o conhecedor e
o conhecimento (— Daat é mais
do que conhecer o outro; é sentir
o outro).
Pensando sobre minha filha, relacionei Daat ao melhor tipo de
conhecimento que pode ocorrer
entre pais e filhos. É o tipo de conhecimento mútuo que pode existir
entre aqueles que foram criados do
mesmo sangue, semente e óvulo, do
mesmo DNA e alma, da mesma família e lar. Foi difícil para mim refletir
sobre este nível de conhecimento
sem imaginar o profundo amor que
resultaria dele; o desejo avassalador
de dar e de ser generoso com aquilo
e aqueles que se conhece de forma
tão íntima e profunda.
Pensando nisso e na minha pequena Chaya, meu amor e afeição
por ela preencheram a minha consciência, e, à medida que eu me lembrava de como gritei com ela nesta
manhã infeliz, meu comportamento
agora me parecia insuportável —
abominável e cruel.
Vendo agora como foi horrível a
minha forma de agir com a Chaya e
a dor que causei a ela, fiquei maravilhado com a forma bondosa que
minha esposa me tratou. Naquele
momento eu não aguentaria ouvir
alguém que me dissesse como era
horrível o que eu estava fazendo. Se
ela me dissesse isso, eu cortaria suas
palavras e me justificaria. Ela foi muito sábia e soube escolher as palavras
certas que eu seria capaz de ouvir e
com as quais poderia aprender. Ela
não me disse como era horrível o
que eu estava fazendo; ela me falou
sobre dignidade.
Agora, eu estava com um estranho sentimento de que aquele estudo de Chassidut estava me ensinado
como eu poderia me tornar um pai
e marido melhor, e a minha filha e a
minha esposa estavam me ensinando como entender melhor aqueles
ensinamentos da Chassidut — e
como conhecer a mim mesmo.
Comecei a ver que eu não seria
privado de minha espontaneidade,
como eu receava. Embora meu comportamento não devesse mais ser
controlado por explosões de emoção, também não seria o resultado
Daat é um tipo
de conhecimento
mais profundo –
do meu coração aberto, do meu carinho e amor.
Vi que era possível manter a minha dignidade, ao mesmo tempo
em que dava à minha filha a chance
de poder captar e aprender aquilo
que eu desejava lhe ensinar — da
mesma forma como minha esposa
me deu esta oportunidade.
E também vi que o resultado
disso é algo muito belo, da mesma forma que todas as coisas são
belas quando vem da mente para
dentro do coração para, aí então, serem expressas pelas nossas
ações e palavras.
Para minha filha, minhas desculpas. Para minha esposa, minha
gratidão. Para os ensinamentos
da Chassidiut, o meu apreço pelo
refinamento que trouxe à minha
vida.
uma sensação de
intimidade com o
outro, que acaba com
o distanciamento entre
o sujeito e o objeto,
entre o conhecedor e o
conhecimento (— Daat
é mais do que conhecer
o outro; é sentir o
outro).
artificial do raciocínio rígido e premeditado. Ao conhecer melhor minha filha, ou minha esposa, da forma
como ensina a Chassidut, vi que era
possível me expressar de uma forma
espontânea diferente, mais elevada,
que brotaria naturalmente do que
havia de melhor na minha mente,
JAY LITVIN morava
em Rehovot, Israel, e
foi o diretor do Projeto
Chabad para Vítimas
do Terror. Também
atuou como Contato Médico no projeto chabad das “Crianças de Chernobyl”
que retirou mais de duas mil crianças
judias, vítimas do acidente atômicoradioativo de Chernobyl, na Rússia,
removendo-as das áreas contaminadas
pelo desastre nuclear e levando-as para
Israel, onde Chabad organizou todo o
seu tratamento médico, educação e alojamento. Eventualmente, milhares de
pais puderam se reunir com seus filhos,
já sadios, em Israel. Jay Litvin faleceu recentemente após lutar infatigavelmente — sem perder o ânimo e a alegria
— contra a mesma doença que ajudou
incontáveis crianças e jovens a combater. Os artigos de Jay Litvin aparecem
no chabad.org (e no chabad.org.br).
*) Curiosamente, a definição de dignidade do dicionário americano não corresponde exatamente ao que consta no
nosso dicionário de português, mas o
sentido certamente é esse.
Comprtamento
Expressar minha raiva foi uma
atitude desequilibrada em relação
à ocasião e à minha filha. Eu tinha
feito o oposto de “inspirar respeito”.
Comecei a pensar na minha pequena Chaya tentando captar e
conter a minha explosão de energia negativa. Eu estava com raiva
por causa de mim mesmo, não por
causa dela. Além de perder a minha
cabeça, perdi também a minha filha.
Ela foi simplesmente sufocada
pela intensidade da minha raiva,
incapaz de absorve-la ou entende-la. Ela estava assustada, e eu podia
imaginar a sua pequena mente e coração explodindo por causa da força
da minha voz, das minhas palavras
e da minha expressão facial. Não
havia nenhuma maneira dessa raiva
ter algum efeito positivo. Minha raiva me foi apenas satisfatória por ter
sido expressa, posta para fora. E, ao
me comportar desta forma eu tinha
perdido, como minha esposa disse,
a minha dignidade — e minha filha
tinha sofrido as conseqüências.
Mais tarde, naquele dia, eu estava
estudando um livro sobre as sefirót,
os dez “Atributos Divinos” através
dos quais D’us Se expressa, a fim de
criar e interagir com a nossa existência.
Eu estava aprendendo sobre
chessed (bondade / poder de extravasar ), guevurá (disciplina; restrição
/ poder de contenção), e como estas
sefirót convergem para formar tiféret
(beleza, ou o que eu poderia chamar, hoje, de dignidade).
Na descrição que eu estava lendo,
a palavra “equilíbrio” foi usada para
descrever tiféret, como o dicionário
tinha usado esta palavra para descrever dignidade, decoro e postura (graça).
A passagem estava descrevendo
o equilíbrio entre a energia extravasada e o receptáculo que vai contê-
MAZAL TOV REBE!
Sucesso e parnassá
— para quem faz a sua missão...
Trechos de Cartas do Rebe
em homenagem a Yud Alef Nissan, 111º aniversário do Rebe,
traduzidos por Beuthner
Saúde do Corpo e da Alma
O fortalecimento da alma leva ao
enfraquecimento do corpo (Zohar I,
pág. 170b)
Isto que significa que, quando fortalecemos a alma, preenchendo as
suas demandas espirituais, enfraquecem-se [e diminuem] as demandas
do corpo — mas não que diminua a
sua saúde, D’us nos livre, pois é óbvio
que quando a pessoa está sadia ela
pode realizar muito mais coisas em
todas as áreas da sua vida, especialmente em relação aos assuntos relacionados com o amor a D’us, amor à
Torá e amor ao próximo...
(Cartas do Rebe – Igrót Kodesh, vol. IV, pág. 341)
Se, no passado, enfatizava-se o
princípio de “mente sã em corpo
são” [a saúde espiritual, da mente,
depende da saúde do corpo], hoje é
aceito o princípio de que até mesmo
um pequeno dano espiritual pode
causar um grave dano físico. Quanto
mais saudável o espírito, maior será
sua influencia sobre a saúde física do
corpo... Até em casos de tratamento,
os remédios e procedimentos tem
mais efeito quando acompanhados
da força de vontade e determinação
do paciente de cooperar...
(Cartas do Rebe, 2 de Rosh Chodesh Tamuz 5715)
A Cura e o Médico
“...e certamente ele vai curá-lo”(Shemot/Exodo ) — vemos aqui
que D’us deu aos médicos a permissão de curar (Talmud, Berachot 60a)
86 Lubavitch Views
A cura e a força vem de D’us, porém, a Torá nos informa que D’us
quer que a cura venha através de
um agente [físico] — através de um
médico específico e através de um
remédio ou tratamento específico...
(Cartas do Rebe, Igrot Kodesh vol. III, pág. 298)
faze-lo e ficar satisfeito com esta
oportunidade que se lhe apresenta de cumprir a vontade de D’us...e
com alegria! Dessa forma, D’us lhe
ajudará a ver que, em breve, você
realmente terá muitos motivos
para ficar feliz e satisfeito.
(Cartas do Rebe, Igrot Kodesh vol. VIII. Pág. 39)
De acordo com a chassidut, D’us
não apenas dá “permissão ao médico de curar” como também lhe dá
o poder de efetuar a cura com sucesso... e deve-se confiar em D’us
que Ele mandará Sua cura através
de “um médico e um medicamente
(ou tratamento) específico” (Cartas
do Rebe, Igrót Kodesh IV, pág. 444)
Eu lhe disse e também lhe escrevi especificamente que você
deve seguir as instruções dos médicos e especialistas. Eu lhe disse
e também lhe escrevi várias vezes
que você não deve se impressionar
com os seus prognósticos e previsões negativos, conforme afirma o
Tsemach Tsedek (o terceiro Rebe
de Lubavitch) que “D’us deu aos
médicos a permissão de curar” —
mas não, D’us nos livre, de gerar
tristeza e desespero [— declarando que coisas terríveis vão acontecer, etc...]
(Cartas do Rebe, Igrót Kodesh X, pág. 148)
...Para você não deveria fazer diferença se vai cumprir a vontade
de D’us fazendo uma determinada mitsvá [=mandamento Divino]
ou outra — o importante é faze-lo
sem receio. Consequentemente,
se D’us lhe ordenou obedecer as
instruções do médico, você deve
MAZAL TOV REBE!
Conselhos do Rebe
...obviamente a declaração do
médico de que trata-se de um
caso perdido [=não tem cura] é
totalmente inapropriada. No máximo o que ele pode dizer — aliás,
tudo o que um ser humano tem a
capacidade de dizer — é que ele
não assume a responsabilidade
pelo futuro, mas não mais do que
isso.
(Cartas do Rebe, Igrót Kodesh XX, pág. 183)
Já vimos claramente que D’us
pode realizar milagres... e, em várias ocasiões, mesmo após uma
série de exames e testes os médicos podem errar no seu diagnóstico, principalmente no tocante aos
órgãos internos. Além disso, novos tratamentos e medicamentos
surgem, praticamente, todo dia...
Isso não exclui a importância de
receber a opinião de pelo menos
dois especialistas nesta área sobre como deve ser o tratamento.
O Tsemach Tsedek (terceiro Rebe
de Lubavitch) afirma que “D’us
deu aos médicos a permissão de
curar” — mas não, D’us nos livre,
de gerar tristeza e desespero [—
declarando que coisas terríveis
vão acontecer, com certeza, etc...]
(Cartas do Rebe, Igrót Kodesh VII, pág. 282)
Shalom uvrachá (Saudação e
bênção)!
(...)Está explicado nos livros [sagrados do judaísmo], e esta também é a crença simples e pura de
todo judeu, que o Oibershter [o Altíssimo - D’us] é aquele que “zan
umefarness lacol” — ou seja, que é
D’us quem alimenta e dá sustento a todos, sejam eles indivíduos
(pessoas físicas) ou instituições e
organizações (pessoas jurídicas)
— conforme recitamos no Bircát
Hamazón (bênção de agradecimento a D’us após a refeição), na
primeira bênção que foi instituída
por Moshé Rabeinu (Moisés): ”...
nosso D’us, rei do universo, que
alimenta o mundo todo... pois Ele
é o D’us [Todo-Poderoso] que alimenta e dá sustento a todos”.
Como D’us deseja dar mérito
aos judeus através de mitsvót (ou
seja, Ele quer nos dar, sempre, mais
oportunidades de termos méritos
através da realização dos Seus mandamentos — “mezake zain yidn mit
mitsvois”), pode acontecer muitas
vezes de D’us resolver testar um indivíduo, colocando nas mãos dele a
parnassá (sustento) que é de outro
indivíduo ou instituição. Depois,
Ele fica observando lá do céu para
ver se a pessoa, nas mãos da qual
Ele deixou este dinheiro, é alguém
confiável e fiel. D’us quer ver se tal
pessoa entende que o dinheiro realmente pertence a D’us; por isso,
Ele resolveu dar a esta pessoa o
mérito de ser o Seu emissário e encaminhar este dinheiro para aquela
outra pessoa (ou instituição).
Assim que D’us se certifica de
que tal pessoa [a quem entregou
o dinheiro] é alguém em quem Ele
pode confiar [pois ela encaminhou
o dinheiro para quem precisava
dele], aí, então, além de ganhar
a recompensa por ter realizado a
mitsvá de tsedacá (caridade) —
pela qual a pessoa “ganha o lucro
neste mundo e ainda mantém o
capital intacto no mundo vindouro” — esta pessoa ainda ganha a
confiança de D’us e Ele continuará
lhe dando outras missões [e tarefas semelhantes].
D’us lhe dá sucesso nos seus
negócios e também lhe dá bastante parnassá (sustento) para
que esta pessoa possa ajudar a
dar sustento a outras pessoas ou
instituições, de modo que esta
pessoa continue sendo um tsinor
(o canal) através do qual o sustento chegará para os outros.
Em outras palavras, D’us lhe
dá sucesso nos seus negócios e
também lhe dá bastante parnassá (sustento) para que esta pessoa possa ajudar a dar sustento
a outras pessoas ou instituições,
de modo que esta pessoa continue sendo um tsinor (o canal)
através do qual o sustento chegará para os outros.
É óbvio que o yetser hará (o mal
instinto) não aguenta ver algo assim [tão bom] e usa de todos os
meios e artimanhas para convencer tal indivíduo de que o dinheiro
que ele lucrou não foi porque D’us
assim quis [e Ele lhe deu uma tarefa a realizar com este dinheiro] e
sim, que [o seu sucesso e lucro] foi
alcançado única e exclusivamente através de seu próprio esforço
e porque ele é muito inteligente
(chachám), além de ser um grande
homem de negócios — de modo
que tudo foi graças ao seu próprio
poder e inteligência.
Assim sendo, [o yetser hará
convence este doador de que] o
dinheiro realmente é dele; é ele
que faz o que quer com o dinheiro
dele. Já a pessoa que ele teve que
ajudar é uma coitada [=não é tão
inteligente...], por isso não consegue ganhar tanto dinheiro quanto
ele, e, portanto, é alguém que está
abaixo do nível dele. Tal doador
sente que está fazendo um grande
favor (a toiva) de ajudar a pessoa
carente lhe dando alguns centavinhos de tsedacá.
Por isso (pensa o doador), a pessoa carente, a quem tal benfeitor
ajudou, deveria reconhecer que
este benfeitor lhe fez um tremendo favor e, portanto, tal carente
deveria, lehavdil [com as devidas
ressalvas], “abençoar” ao seu benfeitor — e não [abençoar a D’us]
como consta no Bircát Hamazón,
que é “D’us, o rei do universo,
quem dá o sustento a todos”. Tal
benfeitor é levado a crer, pelo seu
yetser hará, que é ele, um ser mortal de carne e osso, quem alimenta
e dá sustento ao carente...
Consequentemente, se tal indivíduo carente, a quem ele ajudou, não
reconhecer e não abençoar seu ben-
Lubavitch Views 87
MAZAL TOV REBE!
feitor, ele, o benfeitor, não irá mais
ajudá-lo, pois afinal de contas ele
[acha que] é o verdadeiro dono do
dinheiro [e não D’us...].
Para evitar que sejamos convencidos por tal argumentação falsa
[do yetser hará], todo judeu diz
no início do dia, logo ao acordar
de manhã: [Mode ani lefanecha —
Agradeço a D’us] “...shehechezarta
bi nishmáti bechemlá” — “que restituiu em mim a minha alma com
misericórdia”— ou seja, tudo é
graças à misericórdia de D’us, que
resolveu lhe restituir a alma [ao
acordar, senão, nem vivo tal “benfeitor” estaria...].
Também o primeiro pedido
que se faz no Shmonê Esrê (trecho principal das orações) é “Atá
chonen leadám dáat... chonenu
meit’chá...” — “Tu concedes conhecimento (inteligência) ao ser
humano...”. Desta forma, todo judeu declara e reconhece que ele
mesmo não é chachám (inteligente) nem tem sechel (raciocínio) e
nem tem dáat (conhecimento) —
pois tudo isso depende de D’us
[como consta no primeiro pedido
do Shmonê Esrê], e precisamos o
tempo todo, a cada instante, da
bondade de D’us.
Conforme foi esclarecido acima,
a conclusão é que enquanto merecermos e não nos deixarmos en-
ganar pelo yetser hará, vamos continuar a ser os emissários de D’us
— tendo muito sucesso e dinheiro
para dar sustento aos outros também — por longos dias e anos de
vida [caso contrário...].
Vamos seguir sendo os emissários de D’us através dos quais Ele
dá dinheiro tanto para pessoas físicas como também para [instituições e] realizações que incentivam
o estudo e cumprimento de Torá e
mitsvót (...)
Trecho de uma Carta do Rebe [nº 2033]
— Igrót Kodesh vol. VII, pág. 173-177 – 4
de Adar 5713 (19 de fevereiro de 1953)
DR. MARCOS GROISMAN
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Novos céus / nova terra
Quebrando as barreiras!
(Fonte: The Avner Institute 1526 Union St, 2 Fl. Brooklyn N.Y. 11213/ Fev. 2013)
O relato a seguir foi contado por
membros da família Dulitzky (Tel
Aviv):
Era dezembro, Kislev, de 1957. Já
haviam passado oito anos desde
que o Rebe Yossef Yitschac Schneersohn, o Rebe anterior, fundara
Kfar Chabad, e, assim, uma aldeia
abandonada transformou-se em um
reduto de chassidim de Lubavitch.
Mas surgiu um problema: não havia mais apartamentos disponíveis.
Quando, a cada dia, mais e mais
chassidim eram rejeitados pelo Kfar
Chabad por falta de moradia, a situação ficou caótica e eles escreveram
em desespero ao Rebe atual.
Desde 1955, o Rebe tinha feito
contactos com Zalman Shazar (que,
mais tarde, tornou-se presidente de
Israel) sobre a construção de um
novo bairro em Kfar Chabad. O Rebe
lhe garantiu que ia encontrar fontes
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de financiamento. Ele também escreveu a [empresários] ativistas de
Chabad em Erets Yisrael (Israel), lhes
cobrando mais ações concretas sobre o assunto.
Em 3 de dezembro de 1957, o
Rebe escreveu a Shazar a seguinte
carta:
“...Como eu sou muito otimista em
relação ao que eu lhe escrevi em minha carta anterior, que você deveria
participar do farbrenguen (alegre
reunião chassídica) em Kfar Chabad
no Yom HaGueula – Chag HaChaguim, Yud Tet Kislev, o dia do [resgate] Gueulá e vitória do Alter Rebe
e, com ele, da Torat Hachassidut (os
ensinamentos do chassidismo) e
seus assuntos – e que este [também]
seria um momento auspicioso para
anunciar a inauguração do novo
bairro. Grande é um chassidishe farbrenguen para quebrar as paredes e
remover as barreiras, inclusive para
remover a barreira entre o bom e
desejável — e o possível. Que haja
plena possibilidade e que se concretize no cumprimento total do bom e
desejável.”
Simplificando, o Rebe pediu a
Shazar para anunciar oficialmente a
inauguração de um novo bairro em
Kfar Chabad, e o Rebe definiu a data:
19 de Kislev 5718/1º de dezembro
de 1957, nove dias depois. Shazar
seguiu as ordens: no principal farbrenguen de 19 de Kislev em Kfar
Chabad, ele anunciou um novo bairro Chabad. Em sua carta seguinte, o
Rebe lhe agradeceu.
O novo bairro tornou-se um fato.
A única questão continuava sendo:
de onde viria o dinheiro para tanto?
Ninguém sabia o que aconteceria
poucas horas depois no farbrenguen do Rebe em Crown Heights -
Em uma audiência privada vários
dias antes do farbrenguen, o Rabino
Pinie Altheus foi questionado pelo
Rebe sobre as finanças da construção do novo bairro em Kfar Chabad.
O Rabino Pinie respondeu tristemente que a situação era terrível e
que as pessoas ricas não estavam
sendo tão generosas como previsto.
O farbrenguen, em Nova York,
ocorreu em um grande salão de festas na (avenida) Eastern Parkway,
na esquina da (rua) Nostrand. No
final da sua terceira sichá (pronunciamento), o Rebe falou sobre a
conclusão anual cíclica do Tanya e
o tema de “novos céus e uma nova
terra”. Após um discurso chassídico
(maamar) e mais pronunciamentos
(sichót), o Rebe descreveu o que seria um intermediário entre o mundo
físico e sua contrapartida espiritual,
e seu objetivo final. O intermediário
era Erets Yisrael; seu objetivo final
era trazer para nossa realidade o dia
em que “D’us nos diz: vou remover o
espírito de impureza da terra”, quando a terra física será completamente
purificada, refinada espiritualmente.
O Rebe começou a sichá seguinte
com uma pergunta: Por que gashmiut (o mundo material) seria necessário no futuro, quando tudo
será completamente refinado espiritualmente? A resposta: É através do
mundo material que uma morada
para D’us é “construída”. Isto está relacionado com a tsedaká (caridade)
dada em prol de EretsYisrael, cujas
qualidades especiais foram apropriadamente descritas pelo Alter
Rebe, autor do Tanya.
O Rebe concluiu acrescentando
dois assuntos neste Yud Tet Kislev:
um relacionado com os céus e a ter-
ra espirituais e outro com os céus e a
terra físicos.
O primeiro: Neste Yud Tet Kislev
estavam sendo publicados manuscritos inéditos de discursos chassídicos do Alter Rebe, nunca antes
impressos!
O segundo: Se realizaram o meu
pedido, que eu escrevi para a Terra
Santa, então hoje marca a fundação
(pelo menos o anúncio verbal que
levará à ação) de um novo bairro em
Kfar Chabad, que foi fundado pelo
Rebe, meu sogro, o sucessor dos
nessiím (líderes, Rebes) de Chabad,
desde o Alter Rebe, o baal hasimcha
(o grande homenageado na comemoração de Yud Tet Kislev).
O Rebe anunciou que, embora
em Yud Tet Kislev geralmente não
se faça campanhas de arrecadação,
a construção de um novo bairro é
uma situação excepcional, única.
Portanto, o Rebe convocou todos os
presentes a fazer generosas doações
em prol desta construção, tanto
hoje quanto no próximo dia (amanhã) ou até daqui a dois dias (depois
de amanhã).
A multidão ainda não tinha se
recuperado do choque, quando o
Rebe disse:
“Em geral, eu não me envolvo nem
digo minha opinião sobre quanto cada um deve doar. Eu recebo o
que é dado, e uma de duas coisas
acontece: ou eu fico satisfeito com
a quantia ou eu não fico satisfeito,
mas mantenho minha insatisfação
comigo mesmo. Mas, como esse
caso é completamente excepcional,
eu também agirei de forma completamente excepcional, de forma diferente do que o habitual, e se me parecer que alguém está dando muito
pouco, eu vou superar a minha vergonha e dizer-lhe — por força das
questões para as quais o dinheiro é
necessário (isto é, da construção do
bairro) — para aumentar a quantidade como eu achar correto. Se eu
fizer isso não estando durante o farbrenguen, não sei se iriam me dar
ouvidos, mas, quando todos estão
juntos num farbrenguen, sem dúvida vocês terão vergonha de rejeitar
o que digo...”
Em resumo: nesta ocasião única, o
Rebe decidiu pessoalmente quanto
cada pessoa deveria doar. O Rebe
abençoou a todos dizendo que,
quem quer que fizesse doações,
iria receber as bênçãos de Hashém
(D’us).
MAZAL TOV REBE!
uma história incrível, que começou
naquele farbrenguen, continuou na
Bélgica e foi concluída alguns meses
depois em Erets Yisrael.
Lubavitch Views 91
MAZAL TOV REBE!
Cinco vezes mais
entre as pessoas que estavam no
meio daquela multidão encontrava-se Reb Naftali Dulitzky, um chassid
e comerciante de diamantes de Tel
Aviv. Sempre que ele visitava o Rebe,
ele trazia uma grande soma de dinheiro com a qual ele comprava diamantes a preços mais baixos na Bolsa
de Diamantes de Nova York para depois vender com um bom lucro em
Erets Yisrael e na Europa.
Como todo mundo lá, Dulitzky
entregou um pedaço de papel para
o Rebe, que incluiu o seu nome e a
quantidade de dinheiro que ele estaria doando. Inspirado no farbrenguen, Dulitzky escreveu uma grande
quantia, 20 por cento (um quinto) do
dinheiro que ele tinha trazido consigo para Nova York para fazer negócios.
No farbrenguen, ao liderar a todos
com o nigun (melodia) “O beinoni”,
o Rebe elogiou o bairro em Kfar Chabad, dizendo que, no futuro, ele seria
uma ferramenta importante para espalhar as fontes da Chassidut. Após o
nigun “Lechat’chila Ariber”, o Rebe começou a ler as notas com as promessas de doação, dizendo a cada pessoa
o quanto acrescentar: para uns dizia
para dar o dobro, enquanto para outros mandou que dessem 200 vezes
mais do que prometeram por escrito.
O Rebe repetiu a brachá (bênção)
que dissera anteriormente:
“Há pessoas que têm medo de
dar a sua doação agora, já que eu
anunciarei publicamente o quanto
eles precisam adicionar, e eles preferem dar o seu donativo em outra
92 Lubavitch Views
ocasião, quando as coisas estiverem
mais tranquilas. Mas agora é o Yom
Tov do Alter Rebe, um momento auspicioso, a simchá (alegria) do Alter
Rebe, e, portanto, se vocês derem a
sua doação agora, além de Hashém
reembolsar-lhe quatro vezes mais,
ou 10 vezes mais, vocês podem ser
abençoados com coisas espirituais e
materiais de acordo com o que o Alter Rebe é capaz de realizar.
Assim, vale a pena correr o risco e
‘pôr-se em perigo’, que eu lhes diga
agora para aumentar o seu valor a
fim de merecer as brachót (bênçãos)
do Alter Rebe nas coisas que vocês
precisam.”
Reb Dulitzky percebeu que teria
que dar pelo menos o dobro do que
ele escreveu, mas não imaginava
o quanto mais seria pedido dele.
Quando sua nota foi lida pelo Rebe,
o Rebe anunciou:
“Tula Dulitzky — cinco vezes
mais!” (Tula é uma abreviação de
Naftali; é assim que o chamavam).
Dulitzky parecia atordoado. O Rebe
o tinha deixado sem um centavo
para suas transações comerciais. No
entanto, como um chassid fiel, ele
não fez perguntas, e tão logo o farbrenguen acabou, ele deu o valor total ao Rebe. Embora ele não soubesse
o que iria fazer no dia seguinte, um
chassid não fica perturbado com este
tipo de preocupações.
No enterro
a próxima parte da história nos foi
contada pela filha de Naftali Dulitzky,
que a ouviu do Rabino Chatskel (Yechezkel) Besser, da Organização Religiosa
Mundial Agudath Israel, o qual conhecia Reb Naftali há muitos anos e foi
muitas vezes “schlepado” (convencido
a vir ou elegantemente arrastado) por
Dulitzky para os farbrenguens do Rebe.
Conta Rabino Besser:
“Era para eu ir para aquele farbrenguen
com Reb Dulitzky, mas a neve e o frio
da noite congelou o motor do meu carro e eu acabei perdendo o farbrenguen.
No dia seguinte, quando eu me encontrei com Dulitzky, eu me desculpei e lhe perguntei como tinha sido
o farbrenguen. Ele me disse, com um
sorriso, que foi uma sorte eu não ter
participado, porque eles tiveram que
dar enormes quantidades de dinheiro para o Rebe... Ele me confidenciou
que havia sido instruído a dar todo o
seu dinheiro para o bairro novo em
Kfar Chabad.
Eu estava um pouco surpreso. Eu o
conhecia como um chassid que daria
tudo para o Rebe; até aí, tudo bem.
O que eu realmente não entendi foi
por que o Rebe precisou “tirar” todo
o dinheiro dele. Nós conversamos
por mais alguns minutos e depois nos
despedimos.
Um pouco mais de um ano depois,
eu estava em Erets Yisrael para tratar
de um assunto comunitário. Foi justo
nessa ocasião que ocorreu o primeiro
roubo armado em Israel e um comerciante de diamantes, chamado Zerach
Pollack, foi assassinado. Todo mundo
ficou abalado, especialmente aqueles
que faziam negócios com diamantes.
Todos os diamantários, sem exceção,
compareceram ao funeral, dos melhores amigos do homem assassinado
aos seus piores concorrentes.
Eu também compareci ao funeral
e lá me encontrei com Reb Dulitzky.
Nós nos cumprimentamos e mencionei nossa conversa anterior que teve
lugar em Manhattan, sobre o último
farbrenguen do Rebe e as doações.
Dulitzky me disse: “Essa você não vai
acreditar. Eu tenho que te contar o que
aconteceu depois do farbrenguen”.
minha passagem já estava comprada.
Na sexta-feira, o navio ancorou no
porto de Londres. Como eu não queria ficar para o Shabat em um lugar
onde eu não conhecia ninguém, decidi viajar para a Antuérpia, onde eu
tinha muitos amigos do comércio de
diamantes.
Cheguei ainda de manhã e fui para a
Bolsa de Diamantes, onde fui imediatamente saudado por um conhecido:
’Dulitzky, você não sabe como estou
feliz em ver você!’. Compreendendo
minha surpresa, ele explicou que queria fazer um negócio com grandes
diamantes, e ele sabia que essa era a
minha área de especialização.
Eu expliquei a ele que não tinha
nenhum dinheiro ou diamantes
para vender; no entanto, ele insistiu
que eu o acompanhasse: ‘Pelo menos venha comigo para ver os diamantes’, ele me pediu.
Eu tentei me esquivar disso tudo,
mas ele estava determinado e seguiu
insistindo. Eu finalmente cedi e aceitei,
na condição de que estaria ali apenas
para aconselhá-lo.
MAZAL TOV REBE!
E o Rebe concluiu:
“Se parecer a alguém que lhe foi
dito para dar uma quantia que ele
é incapaz de dar, a minha intenção,
neste caso, é de que Hashém lhe
abençoe dando-lhe pelo menos
quatro vezes esse valor e, portanto,
se você adicionar mais mil dólares,
Hashém lhe dará 4 mil dólares!”
Eu olhei para os diamantes que
lhe ofereceram e lhe recomendei
comprá-los. Eles eram muito bons e
o preço, em relação à qualidade, foi
bastante razoável. Eu calculei que já
tinha acabado de fazer o meu ‘serviço de consultoria’ — mas ele tinha
outros planos.
Ele queria fazer uma parceria comigo. Por mais que eu tentasse lhe explicar que eu não tinha dinheiro nenhum
para investir, ele se recusou a me dar
atenção. Ele queria uma parceria, e,
honestamente, eu não sei por que,
mas acabei concordando. Assinei um
contrato e prometi enviar-lhe a minha
parte quando voltasse para Israel.
Quando voltei para Israel, enviei-lhe
uma carta pedindo os detalhes sobre
o pagamento que eu lhe devia. Ele
enviou-me um telegrama dizendo que
eu não lhe devia nada.
Alguns dias depois, recebi uma carta
em que ele explicava que tinha conseguido vender todos os diamantes de
forma rápida e que tinha tido um bom
lucro. Ele prometeu enviar-me a minha
parte dos lucros.
Quando eu li a linha seguinte, fiquei
chocado. A soma do lucro que ganhei
foi de quatro vezes a quantidade que eu
tinha doado ao Rebe em Yud Tet Kislev!”
Insistente
Reb Dulitzky me disse, então:
“Poucos dias depois do farbrenguen,
eu embarquei em um navio de volta
para Erets Yisrael. Meu plano original
era de parar por alguns dias na Europa
para vender os diamantes que eu teria
comprado nos EUA Embora agora eu
não tivesse nenhuma razão para perder tempo por lá, não tinha jeito —
Lubavitch Views 93
Nossas Festas
MAZAL
N o s s TOV
a s REBE!
Festas
O Conselho que tranformou uma vida
Rabino Ilan Stiefelman (Beit Lubavitch – Copacabana)
No mês de novembro do ano passado participei do Congresso Mundial
Anual dos Emissários de Lubavitch
em Nova York. Gostaria de narrar uma
das muitas histórias que ouvi; essa,
tocante, me foi relatada pelo shaliach
de Lubavitch na Bélgica, Rabino Shabtai Slavatitsky.
Uma vez ele esteve em Londres, e
em uma determinada sinagoga reparou que havia um senhor que distribuía balas para as crianças de uma
maneira muito diferente: ele não só
as distribuía, mas abraça e beijava
cada criança com muito amor. Impressionado, o rabino quis saber um
pouco mais da vida deste homem.
Dirigiu-se até ele e apresentou-se.
Conversa vai conversa vem, o senhor
acabou abrindo o seu coração com o
rabino.
“Eu sobrevivi ao Holocausto”, ele
foi contando, “e após os horrores que
vivi, onde perdi minha esposa e filhos,
entrei em depressão profunda e me
94 Lubavitch Views
O Rebe me perguntou
por que eu não tinha
me casado novamente e
expliquei que meu amor
pela minha esposa era
tão forte que jamais
conseguiria esquecê-la”.
tornei uma pessoa chata, sempre
criticando tudo e todos”.
“Após muitos anos sofrendo
fui buscar o conselho do Rebe de
Lubavitch. O Rebe me perguntou
por que eu não tinha me casado
novamente e expliquei que meu
amor pela minha esposa era tão
forte que jamais conseguiria esquecê-la”.
“Naquele momento o Rebe me
disse algo que mudou completa-
mente a minha vida: ‘Você tinha um
amor profundo por sua esposa e filhos, seria uma pena que esse amor
fosse perdido. Case-se novamente
e na sinagoga distribua balas para
as crianças. Isto restituirá a você a
alegria de viver”.
“No Shabat seguinte cheguei na
sinagoga com um saco de balas,
mas não tinha coragem de distribuí-las. Até que uma criança se
aproximou e pediu uma bala. À partir daquele momento aquela casca
grossa que me impedia de ser positivo se derreteu....
Me casei novamente, tivemos filhos e todo Shabat faço questão de
distribuir balas para todas as crianças”.
“Cada um de nós”, concluiu o Rabino, “tem uma alma, um bem interior, e muitas vezes escondemos
esta luz tão bem que nem mesmo
sabemos aonde encontrar. Basta
começar a praticar o bem que
este se revelará!”
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Inspirador encontro com
Rabino Shmuel Eliahu
Sexta-feira, 19 de outubro de
2012, uma delegação de rabinos do
Beit Lubavitch vieram dar as boas-vindas ao Rabino Shmuel Eliahu,
Rabino-Chefe sefaradi da cidade de
Tsfat (Israel), por ocasião de sua visita ao Rio de Janeiro. Rabino Shmuel
é filho do famoso e reverenciado
Rabino Mordechai Eliahu, antigo
Rishón Letsion, Rabino-Chefe sefaradi de Israel, falecido há poucos
anos. O encontro, que originalmente seria de 20 minutos, mas que, prazerosamente, durou mais de uma
hora, ocorreu na Kehilat Moria, em
Copacabana.
Rabino Shmuel mencionou a ligação profunda entre seu pai e o
Rebe de Lubavitch— “uma ligação
de almas, e de todo coração” — e
comentou que “onde se vê shluchim de Chabad (emissários do
Rebe), nos sentimos como irmãos”.
Ele afirmou que com certeza, de
96 Lubavitch Views
forma espiritual, tanto o Rebe
quanto seu pai seguem unidos e
dando bênçãos a todos.
O rabino pediu para que lhe contassem sobre a visita do seu pai ao
Rio de Janeira há cerca de 20 anos.
Foi lhe dito que, naquela ocasião,
seu pai, o Rabino Mordechai Eliahu,
esteve presente numa das primeiras
obras do Beit Lubavitch no Rio de
Janeiro — a reinauguração do míkve
da Sinagoga União Israel, na Tijuca,
que foi reformada e modernizada
sob a responsabilidade e orientação
do Rabino Yehoshua Binyomin Goldman. Rabino Mordechai Eliahu falou
sobre a importância e a grandeza do
míkve para o povo judeu e para a
comunidade, com seu característico
fervor e entusiasmo, o que deixou
em todos uma forte impressão.
Rabino Shmuel contou várias
histórias sobre o seu pai e também
sobre o quanto estava intimamente
ligado com o Rebe, a ponto de ele
próprio ter a oportunidade de atender a chamados do Rebe para o seu
pai, inclusive no meio da noite!
Rabino Shmuel Eliahu comentou
que toda vez que ele entra numa
instituição de Chabad-Lubavitch,
sente a brachá do Rebe presente
nela. Ele concluiu falando da grandeza do trabalho de trazer judeus
de volta para o judaísmo. Rabino
Shmuel ainda enfatizou a importância de todos trabalharem juntos,
nesta tarefa, por um objetivo maior,
parabenizando e abençoando a todos pelo seu árduo e belo trabalho
com a comunidade.
Aproveitando a data de nascimento do Rebe, Yud Alef (11 de)
Nissan, publicamos esta história,
ocorrida com o saudoso Rabino
Mordechai Eliahu, que tinha fortíssimos laços de amizade e cooperação com o Rebe
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Nossas Festas
O trono de Napoleão e Jerusalém
Os membros da embaixada de
Israel, na França, estavam agitados,
organizando a visita oficial do então rabino-chefe Sefaradi de Israel,
o Rishon LeTsión Rabino Mordechai
Eliahu, a se realizar no palácio presidencial. Todos já conheciam a sua
opinião sobre os assuntos relacionados com a Terra de Israel e como ele
defendia com firmeza e sem medo
a presença judaica em toda a terra.
Por isso mesmo trabalhavam duro
para garantir que tudo transcorresse em paz, sem que houvesse atritos
diplomáticos desnecessários, apesar
de a França ter uma postura notoriamente não muito favorável aos
judeus e a Israel.
As relações diplomáticas entre Israel e a França estavam um pouco
estremecidas. O presidente da França na época, Jacques Chirac, não era
visto como amigo de Israel, e geralmente posicionava-se do lado das
nações árabes. Por isso, ele vivia insistindo que Israel deveria entregar
98 Lubavitch Views
aos árabes várias partes de Israel, inclusive Jerusalém, em busca de uma
“ilusória” paz.
Daí porque a preocupação do pessoal da embaixada em relação à visita oficial do Rabino Eliahu no palácio
de Champs-Élysées. Rabino Eliahu
não fazia muita questão de seguir
protocolos diplomáticos; ele expressava sua opinião sem rodeios e com
firmeza — gostassem ou não dela.
A embaixada temia que tal atitude
fosse acirrar ainda mais as relações
diplomáticas entre os países.
Antes do encontro com o presidente, o Rabino foi convidado a fazer uma visita oficial ao Museu Nacional da França, roteiro obrigatório
pelo qual passavam todos os visitantes oficiais. Neste museu estava exposta a história e a cultura da França.
Rabini Eliahu pacientemente ouviu todas as explicações oficiais de
cada item exposto. Quando se detiveram diante do trono imperial
de Napoleão, o Rabino parou e per-
guntou aos seus acompanhantes e
guias: “Quando viveu Napoleão?”.
Os anfitriões ocultaram sua surpresa diante de tal pergunta (afinal de
contas, quem não conhece Napoleão? Ele é famoso até mesmo nos
manicômios de todo o mundo...).
Pacientemente explicaram ao Rabino quem foi Napoleão e a época em
que viveu.
O Rabino ouviu e seguiu perguntando: “E este trono está à venda?”.
O pessoal da embaixada não sabia
onde enfiar a cara de tanta vergonha... Os franceses, disfarçando sua
indignação, responderam que não:
“Trata-se de um objeto de imenso
valor real e histórico. Um patrimônio
histórico nacional obviamente não
está à venda”.
Dali seguiram adiante, para outros
itens do museu, até que chegaram
ao trono do Rei Luís XIV, o Rei-Sol,
que havia sido o maior monarca da
França de todos os tempos. Novamente o Rabino perguntou: “E quem
foi este Luís XIV?”. A esposa do Rabino, a Rabanit Tsivia, fez um sinal para
o marido como quem diz: “Por que
está perguntando estas coisas?”, e
ele lhe fez outro sinal discreto, como
quem diz: “Fique tranquila; eu sei
muito bem o que estou fazendo...”.
Com muito tato e diplomacia os
acompanhantes explicaram ao Rabino quem foi o grande Luís XIV. O
Rabino lhes perguntou então: “Este
rei era um homem de moral?”. E os
franceses lhe responderam: “Não,
mas ele faz parte da nossa história,
a qual respeitamos e da qual nos orgulhamos!”. O Rabino assentiu afirmativamente com sua cabeça, e o
grupo seguiu adiante.
Finalmente a visita ao museu terminou, sem mais nenhum acidente
de percurso. Entraram para a recepção oficial com o presidente da
França. O presidente anfitrião fez
as honras da casa, dando as boas-vindas ao Rabino. Após a saudação,
convidou o Rabino a dirigir suas palavras a todos os presentes. Ao seu
lado, postou-se um membro da embaixada israelense para traduzir suas
palavras para o francês.
O Rabino iniciou descrevendo sua
visita ao museu nacional. Ele descreveu a agitação de seus acompanhantes quando ele perguntou qual era
o preço do trono de Napoleão e se
estava à venda. Todos os presentes
riram ao ouvir o Rabino. Ele relatou a
todos o que lhe disseram no museu,
que patrimônios históricos não estão
nem podem estar à venda.
viveram há 200 ou 300 anos atrás, e
vocês não respeitam os nossos reis,
que viveram há 3 mil anos atrás?
O trono de Napoleão, vocês não
pensam sequer em vender por preço nenhum, mas acham que nós temos que vender e entregar Jerusalém, que é o coração do povo judeu
há milhares de anos?!”
Todo o pessoal da embaixada se
preparou para o pior. Com certeza
o presidente da França e seus assessores aproveitariam para derramar
toda sua raiva e indignação sobre
Israel. No entanto, nada disso aconteceu. Assim que acabou-se de traduzir as palavras do Rabino, todo o
público levantou-se, emocionado, e
bateu palmas por um bom tempo,
entusiasmado!
As palavras do Rabino Mordechai
Eliahu também provocaram uma
forte impressão no presidente Chirac, que apertou a mão do Rabino
e não a largou por muito tempo, de
tanta emoção. Em seguida, voltou-se para seus assessores e lhes cochichou algo no ouvido. O pessoal da
embaixada israelense admirou-se
ao saber que o presidente pedia ao
Rabino que permanecesse no palácio. Ninguém sabia o porquê disso,
até que os assessores de Chirac voltaram com uma caixinha nas mãos.
O presidente da França disse que,
apesar de não fazer parte do roteiro
desta visita oficial, depois de ter ouvido o impressionante discurso do
Rabino, ele decidiu condecorá-lo com
uma medalha de honra especial, com
a qual somente chefes de Estado são
homenageados. Chirac foi até o Rabino e premiou-o pessoalmente com a
medalha ao som de acalorados aplausos de todos os presentes, demonstrando, mais uma vez, que quando
um judeu respeita e orgulha-se de sua
herança milenar, desperta a admiração até mesmo daqueles que, normalmente, lhe tratam com hostilidade.
Sichat Hashavua, Tamuz 5772
Atualidade
Rabino Mordechai Eliahu Z”L
A Rabanit Tsivia percebeu, neste
momento, que o tradutor da embaixada não estava transmitindo
as palavras do Rabino, e sim, estava
tentando “diplomatizar o conteúdo”,
suavizando o seu discurso. Ela discretamente indicou isto ao marido, que
parou de falar e fez a seguinte observação: “O tradutor obviamente não
está acostumado com o meu hebraico rabínico. Como me interessa que o
presidente entenda perfeitamente o
que estou dizendo aqui, peço ao Rabino-Chefe da França, aqui presente,
que faça a tradução”. Obviamente de
agora em diante suas palavras foram
traduzidas com toda exatidão, sem
“jogadas diplomáticas...”.
Todos os presentes ainda não tinham entendido muito bem a intenção do Rabino, mas logo suas palavras,
cheias de fervor, ressoaram pelo salão:
“Pude observar com que respeito
profundo vocês honram o trono de
Napoleão, que viveu há 200 anos
atrás. Vi, também, sua admiração e
reverência ao falar do Rei Luís XIV,
por mais que ele tivesse uma moral
bastante questionável... Todo este
respeito e honra são plenamente justificáveis, pois esta é a sua história. Estes são os vossos patrimônios históricos, dos quais vocês se orgulham e
respeitam. É claro que vocês também
esperam que eu aprecie e saiba demonstrar o devido respeito à história
da França, por mais que eu não seja
francês e more em Israel...
Mas eu lhes pergunto, então: Não
seria lógico que nós, judeus que moramos em Israel, também respeitássemos e nos orgulhássemos da nossa
história? Seria um exagero da nossa
parte esperar que vocês também
soubessem apreciar e respeitar a
nossa história? Nossa história nos ensina que Moisés nos fez herdar a terra
de Israel. Este é o nosso patrimônio
histórico nacional. Depois dele, viveram os reis David e Salomão, que
reinaram em Jerusalém. Por que nós
temos que honrar os vossos reis, que
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Nossas Festas
O conflito
árabe-israelense:
O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE DE
ACORDO COM A TEORIA DOS JOGOS
por Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 (artigo de 2007)
Dois homens, Rubens e Simão, são
colocados em uma pequena sala
com uma mala cheia de notas, totalizando U$ 100.000 (cem mil dólares). O proprietário da mala anuncia
o seguinte:
"Eu vou lhes dar todo o dinheiro
que está nesta mala com uma condição: vocês dois tem que negociar
um acordo sobre como dividi-lo. Só
se vocês dois chegarem num acordo
é que eu me prontifico a lhes dar o
dinheiro; senão, não."
Rubens é uma pessoa racional e
percebe a oportunidade de ouro
que se apresenta diante dele. Ele
se vira para Simão com a óbvia
sugestão: "Você pega metade e
eu vou levar a outra metade, de
modo que cada um de nós terá U$
50.000."
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Para sua surpresa, Simão franze a
testa para ele e diz, num tom que
não deixa margem para dúvidas:
"Olha aqui, eu não sei quais são os
seus planos para o dinheiro, mas eu
não pretendo sair desta sala com
menos de U$ 90.000 (noventa mil).
Se você aceitar, tudo bem. Se não,
nós dois podemos ir para casa sem
nenhum dinheiro no bolso."
Rubens mal pode acreditar em
seus ouvidos. "O que aconteceu com
Simão?", ele pergunta a si mesmo.
"Por que ele tem que ter 90% do dinheiro e eu apenas 10%?" Ele decide
tentar convencer Simão a aceitar sua
visão. "Vamos ser lógicos", ele insiste, "Estamos na mesma situação, nós
dois queremos o dinheiro. Vamos dividir o dinheiro de forma igual e nós
dois vamos sair no lucro."
Simão, no entanto, não parece
perturbado pela lógica de seu amigo. Ele escuta com atenção, mas
quando Rubens termina de falar, ele
diz, ainda mais enfaticamente do
que antes: "90-10 ou nada. Essa é a
minha última oferta. "
Rubens fica vermelho de raiva. Ele
está prestes a dar um soco no nariz
do Simão, mas ele recua. Ele percebe que Simão não vai ceder e que a
única maneira que ele pode deixar
o quarto com algum dinheiro, é dar
para Simão o que ele quer. Rubens
ajeita sua roupa, leva 10.000 dólares
da mala, aperta a mão de Simão e sai
da sala humilhado.
Este processo é chamado de “paradoxo do chantagista", na teoria
dos jogos. O paradoxo é que Rubens,
o racional, é forçado a se comportar
As relações entre Israel e os países árabes são conduzidas ao longo
das linhas desse paradoxo. Em cada
fase de negociação, os árabes apresentam condições cada vez mais
absurdas, impossíveis e inaceitáveis.
Eles agem totalmente seguros de si,
como quem acredita plenamente no
que está pedindo, e deixam claro a
Israel que não há chance de ter o seu
apoio se não for naquelas absurdas
condições.
Invariavelmente, Israel compromete-se com as suas demandas de
chantagem, porque senão Israel
acha que vai sair da sala de mãos vazias. O exemplo mais flagrante disso
é a negociação com a Síria, que vêm
ocorrendo com diferentes níveis de
negociadores durante anos. Os sírios
deram a certeza de que estava claro,
desde o início das negociações, que
não iriam ceder nem um milímetro
das Colinas de Golan — todo o Golan tinha que lhes ser entregue.
Do lado israelense, ansiosos para
ter um acordo de paz com a Síria, a
posição síria ficou tão bem internalizada, que o público israelense está
certo que o ponto de partida para
futuras negociações com a Síria precisa incluir a retirada completa dos
israelenses das Colinas de Golan,
apesar de saber que reter o Golan
é de suma importância estratégica
para garantir a segurança dentro das
fronteiras para Israel.
A Solução: Perder!
De acordo com a teoria dos jogos,
Israel tem de mudar certas percepções básicas para melhorar suas
chances no jogo das negociações
com os árabes e ganhar a luta política a longo prazo:
a. Disposição de renunciar acordos
A posição política de Israel é baseada no princípio de que os acordos
devem ser alcançados com os árabes a qualquer preço e que a falta
de acordos é insustentável.
No Paradoxo do chantagista, o
comportamento de Rubens é o resultado de seu sentimento de que
ele deve deixar o quarto com algum
dinheiro na mão, não importa quão
pequena seja a quantia. Já que Reuben não pode imaginar-se saindo da
sala com as mãos vazias, ele acaba
tornando-se presa fácil para Simão.
Ele acaba saindo com uma certa
quantia de dinheiro na mão, mas
no papel do perdedor humilhado e
bobo. Esta é semelhante à maneira
como Israel lida com as negociações. Sua disposição mental, distorcida pelo paradoxo da chantagem,
faz com que Israel seja capaz de rejeitar sugestões lógicas que fariam
com que eles não tivessem que abrir
mão de seus próprios interesses.
b. Tendo em conta a repetição
A teoria dos jogos diz respeito a
situações que acontecem uma única vez, o que é diferente nas situações em que as coisas se repetem.
Uma situação que se repete durante qualquer período de tempo, cria,
paradoxalmente, a paridade estratégica que leva a cooperação entre
os lados opostos. Esta cooperação
ocorre quando ambos os lados percebem que o jogo vai se repetir, e
que a influência dos movimentos
presentes vai pesar em jogos futuros, o que é um fator de equilíbrio
no jogo. Rubens viu o seu problema
como um evento único, e se comportou de acordo. Se ele dissesse
ao Simão que ele não iria renunciar
ao valor que ele merece, mesmo se
ele perdesse tudo, ele teria mudado
o resultado do jogo por um período
indeterminado. Provavelmente é
verdade que ele ainda teria deixado
o jogo de mãos vazias, mas na próxima reunião com Simão, este lembraria a reação original de Rubens e,
agora sim, estaria disposto a chegar
a um acordo que fosse vantajoso
para os dois (para não sair de mão
vazias, de novo).
É assim que Israel tem que se comportar, olhando para o longo prazo,
a fim de melhorar sua posição em
futuras negociações, mesmo que
isso signifique, agora, manter uma
situação de guerra, negando-se a
fazer acordos nestas condições, mas
esta recusa agora seria algo que, depois, levaria a um acordo duradouro.
c. Fé em suas opiniões
Outro elemento que dá força ao
“paradoxo do chantagista” é a crença inabalável na sua própria opinião — por parte de um dos lados.
Simão exemplifica isso. Essa fé dá
uma confiança interna, ao candidato, em sua causa, desde o início e,
eventualmente, acaba convencen-
Atualidade
por Prof. Robert Aumann – prêmio Nobel de matemática de 2005 (artigo de 2007)
irracionalmente, por definição, a fim
de alcançar resultados máximos em
face da situação que evoluiu de forma absurda. O que provoca esse resultado bizarro é o fato de Simão estar tão seguro de si e não vacilar ao
fazer seu pedido exorbitante. Apesar
de ser ilógica, esta atitude convence
Rubens de que ele deve ceder para
que possa tirar a melhor vantagem
possível daquela situação.
Lubavitch Views 101
Atualidade
do também o seu rival. O resultado
é que o lado oposto também vai
querer chegar a um acordo, ainda
que à custa de condições que são
bastante distantes de sua posição
de abertura.
Vários anos atrás, eu falei com um
oficial superior de Israel, que afirmou que Israel deve se retirar das
Colinas de Golan, no âmbito de um
futuro tratado de paz com a Síria,
porque o Golan é terra santa para os
sírios, e eles nunca vão desistir dele.
Expliquei-lhe que, primeiro os sírios
haviam convencido a si mesmos
de que o Golan é terra sagrada para
eles, e só aí então é que eles foram
102 Lubavitch Views
capazes de convencê-lo também
disso. É esta “crença inabalável” de
que eles, os sírios, tem direito sobre
estas terras, que vai nos convencer
a ceder às suas demandas. A única
solução para isto é que nós mesmos
temos que acreditar de forma inabalável na nossa causa, no fato da
nossa causa estar totalmente justificada. Só a fé completa em nossas
demandas podem ter sucesso em
convencer o nosso adversário a levar
em conta a nossa opinião.
Como em toda a ciência, a teoria dos jogos não toma partido em
julgamentos morais e de valor. Ele
analisa estrategicamente o compor-
tamento de lados opostos em um
jogo onde jogam um contra o outro.
O Estado de Israel está no meio de
um jogo com os seus oponentes, os
seus inimigos. Como em todo jogo,
o jogo entre árabes e israelenses envolve interesses que criam a estrutura do jogo e suas regras.
Infelizmente, Israel ignora os princípios básicos da teoria dos jogos. Se
Israel fosse sábio o suficiente para
se comportar de acordo com esses
princípios, o seu status político e sua
segurança iriam melhorar substancialmente.
Nossas Festas
Oi Veis Mir...
ARTE
o melhor remédio ainda é rir!
Por Rabino Beuthner
LOUCURA?
Nosso tio-avô, o Rebe de Tolna, era conhecido por sua inteligência e sabedoria,
e Papai gostava de relatar histórias que
demonstravam a legitimidade de sua reputação. A seguinte história era uma das
favoritas de Papai.
Um dos discípulos do Rebe de Tolna começou a exibir um comportamento muito
estranho. Sua esposa ficou preocupada,
temendo que seu marido estivesse ficando louco, e insistiu para que ele fosse consultar o Rebe em busca de orientação. O
marido inicialmente resistiu, mas acabou
concordando, com uma só condição: ele
falaria primeiro em particular com o Rebe.
A esposa concordou prontamente.
Quando se viu a sós com o Rebe, o marido disse: “Rebe, eu tenho um grande
problema. A minha esposa ficou louca.
Embora ela se comporte normalmente em
todos os outros aspectos, ela está tendo
uma alucinação e está obcecada com a
idéia de que eu enlouqueci. Ela não me dá
sossego e só me atormenta, dizendo que
eu estou insano. Dentro de um minuto ela
entrará aqui e eu tenho certeza que ela se
queixará de que eu enlouqueci. Rebe, o
Sr. pode falar comigo tanto tempo quanto desejar, e verificar pessoalmente se há
algo de errado com a minha mente.”
Alguns minutos depois, a esposa foi chamada a entrar e imediatamente começou
a contar ao Rebe que o seu marido enlouquecera e o quanto ela estava sofrendo
com a sua loucura. Enquanto ela o fazia, o
marido gesticulava para o Rebe como se
quisesse dizer: “Veja, exatamente como eu
lhe disse. Ela está louca com esta alucinação a meu respeito.”
BURROCRACIA...
Uma noite de inverno no pacato vilarejo judaico de Chélem,
caiu uma camada de neve tão limpa e macia, que quando os
anciãos da cidade se levantaram, de madrugada, eles ficaram
encantados com a sua beleza primordial. Mas então eles se
lembraram que o shamash (servente da sinagoga) costumava ir de casa em casa batendo à porta dos fiéis, acordando-os
para irem ao serviço matinal (shacharit). Com os seus enormes
pés, o shamash pisotearia e destruiria aquela neve linda e adorável. Eles não podiam permitir que isto acontecesse!
Os homens sábios de Chélem reuniram-se em sessão extraordinária, e depois de muita reflexão encontraram uma solução que
seria semelhante, ou quase idêntica, se fosse imaginada pela eficiência da moderna burocracia governamental. Para evitar que o
shamash pisoteasse a neve macia com os seus grandes pés, quatro homens carregariam o shamash de porta em porta...
(Rabino Avraham J. Twersky — “De Geração em Geração”)
SABE O QUE COMEMOS HÁ 3000 ANOS?..
Contam que, em 1954, Ben Gurion, o então primeiro-ministro de Israel, viajou para os EUA para reunir-se com
o presidente Eisenhower e obter seu apoio e ajuda naqueles momentos difíceis para o jovem Estado de Israel.
O Rebe ouviu atentamente e disse em
seguida: “Este caso é extremamente difícil.
Cada um de vocês afirma que o outro perdeu o juízo, e no entanto ambos são coerentes. Isto exige uma análise. Mas antes
de fazê-la”, disse o Rebe, “eu pedirei, como
pagamento, que vocês façam uma doação
para um fundo de caridade que eu estou
coletando.”
O marido voltou-se para a esposa. “Faça
isto, Esther.”, disse ele. “Você ouviu o que
o Rebe disse. Dê ao Rebe algum dinheiro
para caridade.”
Quando a mulher estava pegando a sua
bolsa, o Rebe disse: “Bem, isto já resolve o
caso.” E voltando-se para o marido, ele disse: “Se é ela que administra todo o dinheiro, então é você que deve estar louco...”
(Rabino Avraham J. Twersky
— “De Geração em Geração”)
Em um de seus encontros com o então secretário de Estado, John
Dulles Fuster, foi questionado ironicamente por ele:
“Diga-me, Sr. primeiro-ministro, a quem você e seu país realmente representam? Afinal de contas, os judeus da Polônia, do Iêmen,
da Romênia, do Marrocos, do Iraque, da União Soviética e do Brasil
não são a mesma coisa! Após 2.000 anos de diáspora é possível falar de um único povo judeu, de uma cultura, tradição ou costume
judeu únicos?”
Ben Gurion disse: “Veja bem, Sr. Secretário. Há 200 anos partiu da Inglaterra um navio chamado Mayflower, que transportava os primeiros
colonos que se estabeleceram no que hoje é o grande país democrático dos Estados Unidos da América. Saia na rua e pergunte o seguinte
a 10 crianças norte-americanas: Qual era o nome do capitão do navio?
Quanto tempo a viagem durou? O que a tripulação comia durante a
viagem? Como o mar se comportou durante a viagem? Certamente
não vai receber muitas respostas em tempo hábil...”
“Agora, veja. Há mais de 3000 anos os judeus saíram do Egito. Eu
lhe peço um favor: em alguma de suas viagens ao redor do mundo,
procure falar com 10 crianças judias em diferentes países. Pergunte
a elas o nome do “capitão” que conduziu o povo na saída do Egito;
quanto tempo durou a viagem, o que eles comeram durante a viagem e como mar se comportou. Quando você obtiver as respostas,
e ficar surpreendido, tente se lembrar e avaliar a questão que acabou de me fazer.” Pessach Kasher e Feliz!
Então, o presidente foi avisado do
presente. A mensagem de texto no
seu celular era clara e vantajosa: o artista doaria um vitral para a sinagoga.
Boa notícia, porque são essas
coisas que contam pontos em futuras eleições sinagogais. O vitralista não era lá muito famoso,
mas um vitral grátis é, e sempre será,
um vitral grátis.
Em seguida, o presidente embarcou
para o casamento de um sobrinho
em Israel, de maneira que não acompanhou a instalação do tal vitrô pela
equipe do generoso artífice, que, por
sua vez, exigiu que o mesmo permanecesse coberto até o dia da inauguração.
Dia da inauguração que respeitou
rigorosamente o calendário, e chegou
na hora certa, encontrando a sinagoga apinhada de amigos do artista.
Como a estreia do vitral fora marcada
para entre as orações vespertina e noturna, é justo e de bom-tom registrar
que também havia no local alguns frequentadores habituais, que ali esperavam a próxima reza.
Sinagoga cheia, pois, hora de o rabino ter a honra de puxar a cordinha
que descerraria a obra oculta por um
grosso veludo vermelho. E puxou. Puxou, e aplausos tímidos ecoaram como
o som de um piscar de olhos pelo
grande salão ornamentado com flores
das mais variadas nuances e doações.
Aplausos tímidos, porém, para alívio
dos artistas, tendem a descarar-se em
vibrantes ovações. Só que aqueles permaneceram acanhados. Aquilo não
parecia timidez, e sim um caso de fobia
social. Eram aplausos visivelmente, ou
melhor, “ouvivelmente” constrangedores.
O que era aquele vitrô, afinal? Se a
história da humanidade for realmente
como uma linda tapeçaria, da qual o
homem só enxerga os nós caóticos do
avesso, aquele vitral os representava
com admirável perfeição. Mas teria o
discurso de agradecimento do presi-
dente a coragem de elogiar o artista
por essa improvável abordagem? E se
o vitral simbolizasse apenas um céu de
fim de tarde em Nova Friburgo?
O arrependimento de não ter dado
uma boa olhada no presente vítreo
algumas horas antes do evento afligiu
duramente o presidente, que retornara da Terra Santa apenas no dia anterior. Alguns murmúrios já podiam ser
ouvidos, mas nada eram se comparados aos risos discretos que seus ouvidos treinados detectavam no ar. Pensou em pedir ao rabino que proferisse
algumas palavras, mas este entendia
ainda menos de arte que de business.
Foi então, em meio ao quase desespero, que o presidente teve a ideia de
chamar o próprio artista para comentar sua obra:
— A nossa congregação será eternamente grata ao talentoso doador deste
belíssimo vitral! Meus sentimentos se
revolvem dentro de mim, as emoções
mais sublimes se mesclam perante
o alcance poético da visão do exímio
artesão. Esta data entrará para os anais
da nossa Sinagoga como o dia em que
nosso humilde acervo foi amplamente
enriquecido por tão belíssimo objeto
de arte.
Fingiu secar uma lágrima que desgraçadamente não caía de jeito nenhum, e prosseguiu:
— Peço agora que o artista suba ao
púlpito para tecer algumas considerações acerca da obra tão gentilmente
doada neste evento histórico.
Daí, incentivado pelos amigos, que
também queriam saber do que se tra-
tava o vitrô, o artista se levantou. Caminhou gloriosamente até a tribuna,
onde assumiu o microfone encharcado
pelo suor das mãos do presidente. Respirou fundo, deu uma boa olhada em
sua mais recente criação, e começou a
conectar toda aquela aparente confusão de vidros coloridos bem acima da
arca sagrada:
— ... representando o Templo Sagrado...
“Templo Sagrado onde?”, pensou o
presidente, voltando a ficar desesperado.
— ... e o mar se abrindo perante Moisés...
“Que mar? Aquele caco de vidro azulzinho ali?”
— ...mostrando a vinda do Mashiach...”
“Ué, aquilo dourado é uma coroa?”
E o artista prosseguiu revelando sua
arte à audiência entre extasiada por tamanha genialidade e frustrada por não
percebê-la.
Fim de festa, após abraços, apertos
de mão, fotografias e bufê.
Mas o fim de festa definitivo só se
deu no dia seguinte.
Como o vitral fora instalado na ausência do zeloso presidente, ninguém
mais se apercebeu do risco de colocá-lo
numa parede contígua ao campinho de
futebol do prédio vizinho, de onde um
potente voleio de um galalau chamado
Claudão transformou o pretenso “mar
se abrindo perante Moisés” em simples
gotas num oceano de vidro espatifado.
De modo que toda a burocracia, todo
o enfado, todo o cerimonial e toda a hipocrisia, tudo em vão.
Por Pessach Grinspun,
publicado no ijew.com.br
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missão para continuarmos
com as nossas tradições.
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O Rebe de Lubavitch nos disse que ele fez tudo o que
podia e nos encarregou de fazer tudo o que estiver ao
nosso alcance para trazer o Mashiach e a tão esperada
época da Gueulá (Redenção) imediatamente.
Definindo isto rapidamente: O que é Mashiach? Rei
cumpridor e estudioso da Torá, descendente do rei
David, que trará a Gueulá. O que é Gueulá? Era de paz e
harmonia, saúde, prosperidade e felicidade material e
espiritual para todo mundo.
O Rebe nos orienta que, para tanto, é preciso que todas
as nossas atividades sejam permeadas com a ideia e os
conceitos relacionados com Mashiach e Gueulá, e ainda
enfatizou que devemos fazer o seguinte:
1. Aumentar os nossos horários de estudo de Torá, em
geral, e sobre assuntos de Mashiach e Gueulá, em particular, especialmente o estudo de Chassidut.
Informações para uso da Micve Beit Lubavitch - tel. 3543-3770 a noite
Rua Gal. Venâncio Flores, 221 - Leblon - Rio de Janeiro
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2. Aumentar (em termos de quantidade e de frequência)
a Tsedacá (caridade) todos os dias da semana e antes de
Shabat e Yom Tov.
3. Amar incondicionalmente a outros judeus, praticando
atos de bondade e de generosidade.
4. Ansiar pela Gueulá (Redenção) e exigir verbalmente de
D’us, constantemente: “Nós queremos o Mashiach agora!”
5. Servir a D’us com a alegria e a confiança de que estamos
no limiar da Gueulá.
6. Tentar influenciar outros judeus, de maneira agradável,
a também fazer todas estas coisas.
7. Divulgar aos não-judeus que, para que tenham uma vida
perfeita, uma vida Divina, eles devem seguir as “Sete Leis
Universais dos Filhos de Noé (Noach)”.
O Rebe ressaltou também a importância de praticar toda e
qualquer Mitsvá, não importa o quanto ela pareça pequena
(veja adiante a “Campanha das Mitsvót”). O Rebe pede para
que divulguem a afirmação de Maimônides:
“Toda pessoa deve encarar o mundo, e a si mesma, como
se estivessem sendo julgados por D’us constantemente, e
que a quantidade de boas ações e méritos fossem iguais à
quantidade de atos indesejáveis e de más ações, de modo
que a realização de uma única boa ação faria pender a
balança a seu favor e a favor do mundo inteiro, trazendo
a salvação (gueulá) para todo o mundo!”
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Campanhas das Mitsvót
Nossas Festas
A ul as
Almoço Executivo com aula de Torá
CAMPANHA DAS MITSVÓT
dez passos para um novo começo
Em todas as ocasiões possíveis, o Rebe do Lubavitch insiste numa difusão
maior da campanha entre os judeus, lançada por ele em anos recentes, para estimular o
cumprimento de certos preceitos fundamentais. Através da observância destas dez mitsvót específicas,
o indivíduo e a família virão a experimentar um relacionamento mais profundo
e significativo com a sua herança judaica. São elas:
Ama a teu próximo como a ti mesmo
Homens e meninos (a partir dos 13 anos), devem colocar
Tefilin todos os dias da semana (exceto no Shabat e Yom Tov)
Possua uma caixinha de Tsedacá em sua casa e coloque Tsedacá todos os dias (exceto no Shabat e Yom Tov)
Mulheres e meninas (a partir de três anos) devem acender vela(s) na
véspera de Shabat e Yom Tov, antes do pôr-do-sol, e recitar a(s) bênção(s)
Mantenha Sefarim (livros sagrados básicos)
em sua casa (começando com Sidur, Torá e Tehilim)
Assegure a seus filhos e a qualquer criança judia, uma educação
com o temor a D-us e fidelidade à Torá e seus preceitos.
Estude a Torá diariamente, de dia e de noite
Afixe uma mezuzá kasher no umbral direito da porta
de entrada de cada dependência (exceto banheiros)
Observe as leis de Cashrut tanto para
comida quanto para bebida, em casa e fora dela
Para conservar a família saudável e unida,
observe a tradição do Micve e da Pureza Familiar
Segunda-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12h30 - Rabino Yehoshua Goldman • Almoço seguido de Shiur de Tanya • Av. N.S. Copacabana, 680 s. 1109
12h45 - Rabino Meir • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Graça Aranha 57 sala 504 - Centro
Terça-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter •Almoço seguido de aula de Torá • Av. N.S. Copacabana, 647 sala 301
Quarta-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Graça Aranha 57 sala 504 - Centro
13h - Rabino Yossef Simonowits • Almoço seguido de aula de Torá • Av. Ministro Afrânio Costa, 223 - Barra da Tijuca
13h - Rabino Yehoshua Goldman • Almoço seguido de aula de Torá • Ataulfo de Paiva, 245 3º andar - Leblon
Quinta-feira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13h - Rabino Efraim Schechter •Almoço seguido de aula de Torá • Av. Ataulfo de Paiva, 135 / 18º - Leblon
Informe-se com os rabinos do Beit Lubavitch como organizar uma bela noite (ou dia) com seus amigos, oferecendo
uma aula de Torá ou palestra em suas residências.
ATIVIDADES BEIT BARRA
Atividades
Frequência
Kiruv para Jovens – acima de 18 e teens 13/18 Almoço executivo para homens
Shabat com Kidush e atividades para crianças
Aulas para crianças
Aulas particulares (noivas(os), bar/bat-mitsvá, ...)
Mulheres e homens
Lanche + aula para mulheres com a Rabanit Raquel Aula de culinária com a Rabanit Raquel
Reza de Shabat seguida de almoço
Aula com Rav Simonowits: A Cabalá da Parashá
Teens: 3ª e 5ª às 17h - Bolsa de R$120,00
Jovens: 2ª e 4ª às 20h - Bolsa de R$200,00
Às quartas de 13h às 14h
Sextas a partir de 19h
Terça-feira - 15h30 às 16h30 – 5 a 7 anos
Quarta-feira - 9h às 10h – 8 a 11anos
Combinar com a Rabanit Raquel
Mensal
Mensal
Todos os sábados a partir de 9h30
Todas às quintas - 20h45
PROJETO KIRUV
LEBLON
Universitário
3ª e 5ª das 19h as 21h
Bolsa:R$ 200
Rabino Israel Kaczala 9974-0990
ou [email protected] Rua General Venâncio Flores 221
FLAMENGO Teen 2ª e 4ª 19h as 21h Bolsa:R$ 120
Rabino Israel Kaczala 9974-0990
Universitário
2ª e 4ª 19h as 21h Bolsa:R$ 200 Rabino Israel Kaczala 9974-0990
ou [email protected] Rua Gago Coutinho, 63
TIJUCA Midrasha
2ª, 3ª e 4ª das 19h as 21h
Bolsa:R$ 260
2572-6172 (Lígia) ou [email protected]
Universitário
3ª e 5ªs das 19h as 21h
Bolsa:R$ 200
2572-6172 (Lígia) ou [email protected]
2ªs e 4ªs das 15h as 17h
Bolsa:R$ 200
2572-6172 (Lígia) ou [email protected]
Teens
4ªs e 5ªs das 18h15 as 20h15
Bolsa:R$ 120
2572-6172 (Lígia) ou [email protected] Rua Visconde de Cabo Frio, 29
BARRA
Universitário
2ª e 4ª 20h as 22h
Bolsa:R$ 200
2408-5036 (Tânia)
[email protected]
Rua Ministro Afrânio Costa, 223 Barra
TERESÓPOLIS
Universitário
2ª e 4ª 17h as 19h
Bolsa:R$ 200
2642-4896 (Irene) ou [email protected]
Rua Oliveira Botelho 112 Alto
Se você quer ter aula particular ou formar um pequeno grupo de estudos,
procure Rabinos Efraim ou Meir, do Kolel do Beit Lubavitch (tel.: 3543-3770).
Informe-se também sobre outras aulas no Leblon.
AULAS NAS UNIVERSIDADES
UFRJ FUNDÃO/ URCA: Rabino Israel Kaczala - 9974-0990 ou [email protected]
PUC/ IBEMEC: Rabino Eliahu Haber 8854-2620 ou [email protected]
http://www.facebook.com/#!/lubavitchuniversitario.rio
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