Proteses e Orteses

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Proteses e Orteses
Prótese e órtese 2014
Amputação
Segundo Palmer & Toms (1988 ) amputações são o procedimento cirúrgico mais antigo .A
amputação de uma mão ou pé era punição comum em muitas, assim chamadas, antigas civilizações e
ainda hoje levada a cabo em algumas culturas. As guerras resultaram em muitas amputações .
Evidências arqueológicas sugerem que, mesmo entre os povos pré-históricos , havia um
pequeno número de amputações tanto nos casos de portadores de anomalias congênitas esqueléticas
dos membros, quanto nos casos de sobreviventes à perda de extremidades.
Amputação talvez tenha sido um dos primeiros tipos de cirurgia na história da Medicina. Nas
guerras, quando as pessoas perdiam parte dos pés, das pernas ou dos braços, esses membros eram
amputados sem anestesia, de forma cruenta, na tentativa muitas vezes frustrada de salvar a vida desses
pacientes.
De algum modo, herdamos um pouco a visão desse impacto causado pelas primeiras
amputações, embora na medicina moderna elas tenham significado e indicação absolutamente diferente
das intervenções realizadas no passado.
Hoje, a amputação pode representar a única possibilidade de a pessoa voltar a andar, de
reassumir suas atividades e de levar vida absolutamente normal.
A maioria das amputações é atualmente realizada por doença vascular periférica: arteriosclerose
, combinada ou não com diabetes, ou algum outro tipo de patologia vascular. Esta indicação é mais
freqüente em pessoas idosas, porque tanto o diabetes melitos como as doenças vasculares , são muito
comuns nesta faixa etária.
A gangrena em um membro, devida a arteriosclerose, é em geral mais difícil de tratar na
presença de diabetes melitos, porque têm uma cicatrização pior e são mais susceptível à infecção.
A segunda indicação mais comum para amputação é o trauma, sendo que nos adultos com
menos de 50 anos de idade acontece sua maior incidência . O traumatismo que requer amputação é mais
freqüente entre os homens e mais comum nos membros inferiores.
Um traumatismo agudo é causa de amputação quando o suprimento sangüíneo do membro em
questão é irreparavelmente destruído , ou quando o membro é tão firmemente danificado que qualquer
reconstrução razoável é impossível .
Atualmente a amputação pode ocorrer por várias causas, podendo ser por doenças vasculares,
traumáticas, queimaduras, infecções (osteomielite), tumores malignos, má formação congênita e outros.
Incidências das amputações :

Cronologicamente , a maior incidência de perda de membros ocorre na faixa etária de 50 a 75
anos e está principalmente relacionada á doença vascular , com ou sem diabetes . Em adultos
jovens a amputação é , com mais freqüência , associada a traumas e suas seqüelas .

Em criança as deficiências nos membros é congênita em 60% dos casos , sendo as amputações
adquiridas de um trauma ou tratamento de doença maligna .

Cerca de 75% de todos os amputados são homens ; associados ao trabalho ou não, são maiores
para os homens do que para as mulheres , e as amputações devido a doença são mais comuns
em homens . Aproximadamente 85% de todas as amputações são realizadas nos membros
inferiores mas o numero de amputações é igual do lado esquerdo e direito .
Indicações gerais da amputação:

Doença vascular periférica;

Trauma;
Um traumatismo agudo é indicado para amputação quando o suprimento sangüíneo do membro
em questão é irreparavelmente destruído , ou quando o membro é tão firmemente danificado que
qualquer reconstrução razoável é impossível .

Queimaduras :
Queimaduras ou congelamentos podem destruir tecidos suficientes para tornar necessária uma
amputação e, nestas circunstâncias , a amputação deverá ser aberta . Como regra geral as feridas por
queimaduras devem ser adequadamente avaliadas e a amputação realizada ao nível mais
distal,compatível com uma boa cicatrização com raras exceções.
A lesão por frio, também deve ser tratada através dos meios tradicionais até que a área de
gangrena esteja estabilizada e bem demarcada .

Infecção :
Infecção aguda e crônica , que não responde a tratamento médico ou outras medidas cirúrgicas ,
pode ser uma indicação de amputação . Das infecções que requerem amputação , gangrena gasosa
fulminante é a mais perigosa , e em geral requer imediata amputação a um nível proximal , através de
tecido normal e viável .
A ferida é deixada aberta . Nesta patologia a amputação é um procedimento que salva a vida .
Terapia com oxigênio hiperbárico , quando disponível , por vezes elimina a necessidade de amputação
viável a um nível mais distal .

Tumores :
Tumores benignos raramente requerem amputação . No entanto , ocasionalmente podem ser tão
grande ou de tal natureza que a ressecção local resultaria em um membro sem função . A amputação é
em geral indicada nos tumores malignos sem evidência de disseminação metastática .

Lesões nervosas :
A indicação comum de amputação após lesões nervosas é o surgimento de úlceras tróficas num
membro anestésico . A úlcera trófica no pé ou na mão com freqüência se torna infectada , levando a
grande destruição de tecidos , por vezes , o membro se forma inteiramente sem função e a amputação e
colocação de uma prótese está obviamente indicada .

Anomalias congênitas :
A ressecção cirúrgica de parte ou total de um membro devido a malformação congênita pode ser
indicada na infância ou na adolescência, o cirurgião pode prever uma função melhor após a cirurgia,
favorecendo a substituição protética.
Aproximadamente 3 a 4% dos recém-nascidos apresentam um defeito congênito importante,
sendo que alguns desses defeitos são descobertos apenas durante o crescimento. Um defeito congênito
é diagnosticado em aproximadamente 7,5% das crianças em torno dos 5 anos, mas muitos desses
defeitos são insignificantes. Não causa surpresa o fato dos defeitos congênitos serem razoavelmente
comuns, considerando-se a complexidade do desenvolvimento de milhões de células especializadas que
constituem um ser humano a partir de um único óvulo fecundado.
Os defeitos congênitos (defeitos de nascença) são anomalias físicas presentes ao nascimento.
Muitas anormalidades importantes podem ser diagnosticadas antes do nascimento. Os defeitos
congênitos variam de leves a graves e muitos podem ser tratados ou reparados. Embora alguns sejam
tratáveis enquanto o feto ainda se encontra no interior do útero, a maioria é tratada após o parto ou
posteriormente. Algumas anomalias não necessitam de tratamento. Outras não podem ser tratadas e;
conseqüentemente, a criança torna-se gravemente incapacitado de modo permanente.
Causas e Riscos
Embora a causa da maioria dos defeitos congênitos seja desconhecida, certos fatores
sabidamente aumentam o risco de sua ocorrência. Esses fatores incluem as deficiências
nutricionais, a radiação, certas drogas, o álcool, certos tipos de infecção e outras doenças
maternas, traumatismos e distúrbios hereditários.
Alguns riscos são evitáveis e outros não. Ainda assim, uma mulher grávida pode seguir todas as
recomendações para conceber uma criança saudável (p.ex., alimentação adequada, repouso
suficiente e evitando o uso de drogas) e ter um filho com um defeito congênito. Uma outra mulher
pode fazer várias coisas que podem prejudicar o feto e dá à luz a um filho sem qualquer defeito
congênito.
Teratógenos
Qualquer fator ou substância que pode induzir ou aumentar o risco de um defeito congênito é
chamado de teratógeno. A radiação e certas drogas e venenos (toxinas) são teratógenos. Diferentes
teratógenos podem causar defeitos similares quando a exposição a eles ocorre em um determinado
momento do desenvolvimento fetal. Por outro lado, a exposição ao mesmo teratógeno em momentos
diferentes da gestação pode produzir defeitos diferentes. Geralmente, uma mulher grávida deve consultar
seu médico antes de tomar qualquer remédio; não deve fumar ou consumir álcool; e não deve se
submeter a exames radiográficos, excetuando-se quando eles forem absolutamente necessários. Quando
é necessária a realização de uma radiografia, a gestante deve informar imediatamente o radiologista ou o
técnico sobre o seu estado, de modo que o feto seja protegido o máximo possível.
As infecções contraídas durante a gestação também podem ser teratogênicas, especialmente a
rubéola. Uma mulher que não teve rubéola deve ser vacinada contra a mesma antes de tentar engravidar.
A mulher grávida que não teve rubéola e nem foi vacinada contra a mesma deve evitar o contato com
qualquer pessoa que possa ter tido a doença.
Uma mulher grávida que foi exposta a um teratógeno pode desejar que seja investigado se o seu
feto foi afetado. No entanto, a maioria das mulheres grávidas expostas a esses riscos gera filhos sem
anomalias.
Defeitos Ósseos e Musculares
Os defeitos congênitos podem afetar qualquer osso ou músculo de corpo, embora os ossos e
músculos do crânio, da face, da coluna vertebral, dos quadris, dos membros inferiores e dos pés sejam os
mais comumente afetados. A maioria desses defeitos podem ser reparados cirurgicamente.
Anomalias Faciais
A fenda labial é desfigurante e impede que a criança feche os lábios em torno do mamilo. A
fenda palatina interfere na alimentação e na fala. Geralmente, ambas as fendas (labial e palatina) ocorrem
concomitantemente, afetando uma criança em cada 600 a 700 nascimentos. A fenda palatina isolada
ocorre em aproximadamente 1 em cada 1.800 nascimentos.
Um dispositivo dentário pode vedar temporariamente o palato duro, permitindo que o lactente
sugue melhor. A fenda labial e a fenda palatina podem ser corrigidas permanentemente através da
cirurgia.
Um outro tipo de defeito facial é a mandíbula pequena. Quando ela é demasiadamente pequena,
como ocorre nas síndromes de Pierre Robin e de Treacher Collins, o lactente pode ter dificuldade para
alimentar-se. A cirurgia pode corrigir o problema.
Anomalias da Coluna Vertebral
O torcicolo congênito é uma doença na qual o pescoço do recém-nascido a a cabeça inclinam
para um lado de forma pouco natural. Comumente, a causa é uma lesão dos músculos do pescoço
durante o parto. Outras causas incluem a fusão das vértebras cervicais (síndrome de Klippel-Feil) ou a
fusão da primeira vértebra cervical com o crânio (fusão atlanto-occipital).
A escoliose congênita é uma curvatura anormal da coluna vertebral do recém-nascido. A
escoliose congênita é rara. A escoliose geralmente ocorre em crianças mais velhas. Como a escoliose
pode acarretar uma deformidade grave durante o crescimento, o tratamento freqüentemente com
imobilizadores é instituído precocemente. A cirurgia pode ser necessária quando a curvatura anormal
piora.
Anomalias do Quadril, do Membro Inferior e do Pé
A luxação congênita do quadril é uma doença na qual a cavidade do quadril e o fêmur (cabeça
do fêmur) que se articula com esta estão separados. A sua causa é desconhecida. A luxação do quadril é
mais comum em meninas, em lactentes que nasceram em apresentação pélvica (de nádegas) e naqueles
que possuem parentes próximos com o distúrbio. A ultrasonografia é utilizada para confirmar o
diagnóstico. O uso de duas ou três fraldas é freqüentemente suficiente para corrigir a luxação. Caso
contrário, imobilizadores ou a cirurgia ortopédica podem ser necessários.
A torção femoral é uma doença na qual os joelhos encontram-se antevertidos (apontando um
em direção ao outro) ou retrovertidos (em direções contrárias) ao invés de direcionarem-se para frente. A
torção femoral freqüentemente pode corrigir-se espontaneamente à medida que a criança cresce e é
capaz de manter-se em pé e andar.
A luxação do joelho é uma doença na qual a perna dobra para frente ao nível do joelho. A
luxação do joelho é rara em recém-nascidos, mas deve ser tratada imediatamente. Uma medida útil é
dobrar delicadamente o joelho do lactente para trás e para frente, várias vezes ao dia, e mantê-lo dobrado
com um imobilizador
o restante do dia.
O pé torto (talipe) é uma doença na qual o pé apresenta uma forma ou posição anormal. O arco
do pé pode ser muito alto ou o pé pode estar inclinado para dentro ou para fora. O pé torto verdadeiro é
causado por anomalias anatômicas. Algumas vezes, os pés parecem anormais devido à posição do feto
no útero, mas, neste caso, não se trata de um pé torto verdadeiro. Quando não existe uma anomalia
anatômica, o defeito pode ser corrigido através de aparelhos gessados e fisioterapia. O tratamento
precoce com aparelhos gessados é benéfico para o pé torto verdadeiro, mas, em geral, a cirurgia é
necessária.
Ausência de Membro
A ausência de membro (amputação congênita) é uma doença caracterizada pela ausência de
alguma extremidade (um membro superior, um membro inferior ou parte de um membro).
A sua causa é freqüentemene desconhecida. A droga talidomida, a qual foi utilizada por
gestantes no final da década de 1950 e no início da década de 1960 contra o enjôo matinal, foi retirada do
mercado após ter sido identificada como causadora deste tipo de defeito. A talidomida causava a
formação de apêndices semelhantes aos membros de uma foca (focomelia) no lugar dos membros
superiores e inferiores. As crianças geralmente acostumam-se com facilidade a utilizar o membro
malformado e uma prótese pode ser confeccionada para torná-lo mais funcional.
Amputação Vascular
A patologia mais frequente que leva a amputação é a arterioesclerose obliterante periférica, além
de deformidades vasculares congênitas, hipertensão venosa crônica e linfedemas.
Arterioesclerose obliterante Periférica
Causas
-maior risco com o envelhecimento
-aumento de lípides na circulação
-hipertensão arterial
-diabetes
-obesidade
-tabagismo
-sedentarismo
-hábito alimentar
Fisiopatologia
-formação de arteroma
-isquemias
-ulcerações
-gangrenas
Amputação Traumática
São as amputações ocorridas na maioria das vezes, por acidente de trabalho, seguido de
acidentes automobilísticos, regiões de guerra e campo minado.
Mesmo assim as amputações traumáticas perdem para as decorridas da diabetes.
Podem ser mecânicos, elétricos, térmicos ou químicos
Amputação Tumoral
As de origem tumoram são provenientes na maioria das vezes por neoplasias
musculoesqueléticas.
Os tumores são classificados em 3 grupos do “Estadiamento de Enneking”:
1-histórico do tumor (G) – visão microscópica do tumor
G0 - benignidade
G1 – malignidade de baixo grau
G2 - malignidade de alto grau
2-compartimentalização do tumor (T)
Exames por imagem
3-presença de metástase (M)
M0 – sem metástase
M1 - metástase
Os parâmetros para indicação do procedimento cirúrgico, vai depender do grau do tumor e região
de localização, no qual sempre é realizado um planejamento pré-operatório.
É necessário lembrar que alguns pacientes que realizam amputação por causa tumoral, vai
necessitar de quimioterapia e radioterapia antes ou após a cirurgia, estando debilitados para o
procedimento cirúrgico ou reabilitação.
Nos procedimentos cirúrgicos deve-se respeitar sempre 2 cm no retalho da pele, como no tecido
subcutâneo.
Estatística dos tumores no Brasil
-40% da neoplasias ósseas primárias sofrem amputação, sendo elas: osteossarcoma e o sarcoma de
Ewing.
Envolvem Vários elementos
teciduais:
-Pele
-Músculos
-Nervos
-Vasos
-Ossos
A) Exame primário
–
Hemorragia profusa
–
Perfusão
B) Exame secundário
–
Avaliar estado da perfusão
–
Identificar feridas abertas, deformidades, fraturas, instabilidade
–
Avaliar neurovascular
–
Identificar movimentos articulares anormais
C) Atendimento inicial das lesões de extremidades
–
Imobilizar com talas e/ou tração
–
Restaurar alinhamento do membros
–
Tratar as feridas
–
Restaurar a perfusão
Cuidados pré-hospitalares
•
devem ser informados e
documentados
– Alterações neurovasculares
– Redução de uma fratura ou
luxação
– Fragmentos ósseos que se
perderam
– Aplicação de curativos e talas
– Procedimentos de liberação
ferragens
Amputação
Traumática
–
Hemostasia prioridade no tratamento das extremidades
–
Ferimento Aberto
–
Qualquer ferimento deve interpretado como comunicante com a lesão esquelética
Níveis de amputação da mão
-art. Interfalangiana distal
-art. Interfalangiana proximal
-amputação de raio (falange e metacarpo)
-raio do indicador,dedo médio, anular, dedo mínimo e múltiplos dedos
Nível do Cotovelo
Técnicas de Amputação
1- Desarticulação do Cotovelo
2- Próximas Cotovelo
3- Distais ao Cotovelo
Nível do Braço
Técnicas de Amputação
1- região supracondiliana
2- osteotomia de angulação do úmero
Nível do Ombro e Desarticulação Cinguloescapular
Técnicas de Amputação
1-amputação alta e desarticulação do ombro
Nível Interescapulotorácica
Nível dos Pododáctilos
Técnicas de Amputação
1- Desarticulação metatarsofalangianas
2- Desarticulação transmetatarsal
Nível de Lisfranc e Chopart
Técnicas de Amputação
1-Lisfranc (tarsometatarsal) ocorre desarticulação dos metatarsos com cuneiformes e cubóides
2-Chopart (médio pé) ocorre desarticulação do navicular e do cubóide com talus e o calcâneo
Nível do Retropé e do tornozelo
Técnicas de Amputação
1-Sime (excisão a nível de talus e calcâneo)
2-Sime em dois tempos (para pctes que podem deambulam com prótese)
3- Boyd (incisão em boca de peixe)
Observações das cirurgias de tornozelo e pé
A cirurgia de Sime é a mais moderna entre Lisfranc, onde é melhor a qualidade do retalho
plantar,acelera o retardo das consolidações ósseas, menor complicações infecciosas, calosidade e
ulcerações.
A cirurgia de Chopart tem mais vantagens em relação a Sime, onde a técnica é mais fácil,
quando associado órteses de pé e tornozelo (OPT), facilitam o uso de calçados, não promove
encurtamento do membro e mantém a independência para locomoção.
Para a realização da Sime em 2 tempo o paciente tem que ser um possível deambulador,o coxim
gorduroso não deve ter lesões abertas,
A pressão sistótica deve ser menor que 70 mmHg, não deve haver infecção no local da amputação, não
deve haver gás nos tecidos as redor e o sangramento intra-operatório deve ocorrer 3 minutos após a
soltura do garrote.
As infecções podem surgir antes ou após as amputações, sendo que as mais frequentes são as
osteomielites agudas e crônicas, sendo elas superficiais ou profundas.
O pé diabético é uma causa importante para as amputações, onde alteração de sensilbilidade,
pressão plantar, ulcerações e deformidades favorecem a amputação.
Nível Transtibial
Das cirurgias essa é uma das mais realizadas, sendo que a protese e independência, fica mais
perto da normalidade.
O melhor nível da amputação transtibial, é o que preserva o máximo comprimento do membro
com melhor cicatrização.
Técnicas de Amputação
1-Amputação aberta
2-Amputação fechada
Nível Transfemural e Desarticulação do Joelho
80% desta cirurgia ocorre por origem vascular, onde o gasto energético destes paciente como
nível da amputação é de 65%.
Na desarticulação do joelho o retalho pode ser feito na região sargital,anterior ou circunferencial,
onde a sargital é melhor em patologias vasculares.
Nível de Quadril e Pelve
Ocorrem mais por patologias neoplásicas malignas, infecções, gangrenas, traumsa e anomalias
congênitas.
Técnica de amputação do quadril
1-Boyd
2-Retalho posterior
Técnica de amputação da pelve (hemipelvectomia)
1-Anterior
2-Posterior
3- Perineal
Amputação
•
Níveis de amputação de membros inferiores
•
Amputação parcial de pé
Níveis de amputação: Desarticulação interfalangiana, Metatarso-falangiana, Transmetatarsiana,
Lisfranc, Chopart.
•
Parcial Lisfranc/ Parcial Chopart
Cuidados imediatos, enfermaria e domicílio
A prevenção é o objetivo principal da equipe, mesmo antes da amputação. Onde paciente com o
pé diabéticos precisam prevenir, para que possíveis amputações não venham ocorrer, ou que ocorram
tardiamente.
Deve-se orientar sempre:
-
higiene do corpo e local afetado
-
sapatos adequados (bico largo)
-
corte das unhas
-
atividades físicas adequadas
-
exames médicos periódicos
-
observar temperatura do local
-
colorações diferentes na pele
-
utilização de cremes e loções hidratantes
Na presença de lesões ou úlceras, indicar:
-
repouso
-
antibióticos
-
desbridamentos
-
controle glicêmico
-
higiene e curativos oclusivos adequados com soro fisiológico a 0,9% aquecida (37ºC)
Cuidados imediatos, enfermaria e domicílio
Na emergência é necessário cuidados para a manutenção da vida do paciente.
A enfermagem deve:
-
manter o acesso venoso permeável
-
coleta de exames de urgência
-
monitoramento dos sinais vitais
-
preparo do paciente para cirurgia
-
atenção especial para analgesia
-
limpeza do local
O fisioterapeuta juntamente com a equipe multidisciplinar, devem ficar atentos quanto aos
posicionamentos e posturas inadequadas na fase ambulatorial e domiciliar, onde a orientação é
fundamental.
Deve-se evitar a rigidez articulares, não posicionando o paciente em padrões de flexões
articulares,evitar também a utilização de coxins sob o joelho.
Alerta quanto a formação de neuromas ( tumor sensível das células nervosas, que crescem nos
nervos seccionados) e problemas cutâneos pela falta de ventilação nas próteses.
Cuidados imediatos, enfermaria e domicílio
É importante a informação ao paciente quanto a dor e sensibilidade fantasma, onde deve-se ser
realizado a dessensibilização do local.
A utilização do colchão casca de ovo favorece o não surgimento de escaras.
Corrigir em fase ambulatorial se ocorrer o surgimento de posicionar o membro amputado no
apoio da muleta, ocasionando a flexão e postura inadequada já citada anteriormente.
Apó a a cicatrização do membro residual, é importante moldá-lo e maturá-lo para a possível
utilização proteica, com enfaixamento elástico.
O enfaixamento deve ser o mais independente possível para o paciente.
Enfaixamento do coto
São necessários, 2 faixas elásticas superpostas de 15 cm de largura.
Deve-se enfaixar na primeira semana de hora em hora com 5 minutos de descanso. Na 2ª
semana de 2 em 2 horas com o mesmo tempo. Até atingir um total de 6 horas consecutivamentes,
preservando as condições circulatórias
Protocolo de avaliação
Sempre devemos levar em cosideração as alterações físicas, emocionais e socio-econômicas
dos pacientes.
1- Anamnese
2- H.M.A.
3- H.M.P.
4- Inspeção
5- Palpação
6- Exame Físico
6.1- Funcionalidade
6.2- Força Muscular (Escala de Kendalls)
6.3- Movimento Articular (A.D.M. (goniometria))
7- Avaliação do Coto
7.1- Forma do Coto (globosa, cônica, irregular)
7.2- Edema
7.3- Cicatrização
7.4- Proeminências Ósseas
7.5- Movimento Mioplásticos (inserção do músculo)
7.6- Sensibilidade (Dor Fantasma)
7.7- Comprimento (cm)
7.8- Circunferência (cm)
7.9- Força Muscular (Kendalls)
7.10- Mobilidde Funcional (Goniometria)
7.11- Deformidades
Protocolo de avaliação
8- Equilíbrio
9- Análise da Marcha (consume energético, funcionalidade, passos, postura, trabalho resp., etc.)
10- Auxiliadores para marcha (andador, muletas, etc.)
11- Teste de esforço (cicloergômetro, esteira,bike)
12- Avaliação Isocinética
13- Objetivos
14- Conduta Terapêutica
•
Tratamento Pré-Operatório

Avaliação física
Segundo ENGSTROM & VAN DE VEN ( 1993 ) o terapeuta deveria começar a avaliação à amputação
antes que a decisão para a amputação tenha sido feita, se o estado do membro parece crítico.
O paciente deve estar recebendo tratamento numa enfermaria geral, cirúrgica, médica, ortopédica ou
cirurgia plástica, onde pode ser observado atentamente durante este tempo. A possibilidade de
amputação não deve ser divulgada para o paciente ; esta é de responsabilidade exclusiva do cirurgião.
A Força muscular, extensão dos movimentos dos ligamentos e mobilidade funcional devem ser
registrados para que sejam possíveis futuras comparações. Durante a medição de um ligamento, um
goniômetro deve serVárias posições podem ser usadas para medir o joelho, mas qualquer que seja o
método escolhido é essencial que as leituras subseqüentes sejam tomadas na mesma posição. O
tamanho e a posição de áreas de frágil pressão devem ser também corretamente registradas.
•
Fatores físicos a serem considerados na avaliação pré-operatória.

Déficit no SNC

Visão

Audição

Força muscular e mobilidade dos ligamentos dos ombros e braços

Força muscular; destreza e sensibilidade nas mãos e nos dedos

Força muscular, mobilidade dos ligamentos e condição da pele da perna afetada-Estado
circulatório

-Força muscular e mobilidade dos ligamentos da coxa e joelho sãos

-Controle da bexiga e dos intestinos

-Força dos músculos do tronco. Mobilidade da espinha e da pélvis. Habilidade de equilíbrio.
Postura geral

-Doença cardio-pulmonar.
•
Avaliação social
Embora a avaliação social não seja separada da avaliação física, fatos específicos devem ser
apurados: com relação o ambiente familiar do paciente, apoio dos parentes ou amigos, local e tipo de
trabalho. Estas perguntas podem ser feitas durante a avaliação física enquanto o paciente estiver
descansando entre uma atividade e outra, de forma que as sessões não sejam muito cansativas.
•
Plano de tratamento

Ensine mobilidade na cama. Uma cama adequada alta/baixa com uma base firme, laterais e uma
estaca deve ser fornecida no período pré operatório de forma que o paciente possa ser ensinado
a ter mobilidade na cama.

Preserve a mobilidade das articulações. Todas as articulações devem ser tratadas. Exercícios
ativos é o método ideal de tratamento. Alongamento passivo e posicionamento podem ser
usados.
Fortaleça todos os músculos. Os músculos do tronco, e dos membros inferiores e superiores devem
todos ser tratados dentro dos limites de tolerância do paciente; isto pode ser apenas uns poucos
exercícios na enfermaria, ou pode ser um programa de meia hora na área de tratamento.

Ensine-o a mover-se na cadeira de rodas.

Andar sempre que possível.

Sensação fantasma. O paciente é avisado de que é perfeitamente normal sentir todo o membro
após a amputação. Esta sensação gradualmente diminui, quando é realizada a reabilitação ativa,
que inclui manuseio do coto, exercícios de resistência e peso.
DISCUSSÃO DA ESCOLHA DO NÍVEL DE AMPUTAÇÃO :

É responsabilidade de cada membro da equipe, comunicar seus pensamentos com relação ao
nível de amputação mais desejável para o cirurgião consultor. Ao tomar esta decisão as
avaliações clínica, física, social e psicológica serão levadas em consideração, junto com as
considerações das possibilidades protéticas.
•
Tratamento do membro residual
Indivíduos que não recebem um curativo rígido ou prótese temporária usam faixas elásticas ou
atrofiadores para a redução da dimensões do membro residual. O paciente ou um membro da família
aplica a faixa, que é usada 24 horas por dia ( exceto durante o banho).
•
Pode haver dificuldade no controle do edema no membro residual, devido as complicações de
diabetes, doenças cardiovascular, ou hipertensão. Terapeuticamente, uma unidade de
compressão intermitente pode ser usado na redução do edema, em bases temporárias. Há luvas
comercializadas, luvas para amputação acima e abaixo do joelho.
•
São importantes a higiene e o tratamento adequados da pele. Uma vez que a incisão tenha
cicatrizado e as suturas removidas, a pessoa pode banhar-se normalmente. O membro residual
é tratado como qualquer outra parte do corpo; deve ser mantido limpo e seco. Deve ser tomada
a precaução de serem evitados cortes, abrasões e outros problemas de peleO paciente é
ensinado a inspecionar o membro residual com espelho a cada noite, para certificar-se que não
existem contusões ou problemas iminentes, especialmente em áreas prontamente não visíveis.
Se o paciente sofreu uma redução na sensibilidade, torna-se particularmente importante uma
cuidadosa inspeção.
Atrofiadores
São peças semelhantes a meias tecidas de algodão fortemente reforçado com borracha; têm
forma cônica e confeccionadas em diversos tamanhos. Os atrofiadores são uma alternativa ao
enfaixamento elástico, e podem ser usados para o controle do edema do membro residual.
Posicionamento
•
Uma das principais metas de início do programa pós-operatório é a prevenção de complicações
secundárias, como as contraturas de articulações adjacentes. As contraturas podem surgir em
decorrência do desequilíbrio muscular,ou como resultado de alguma posição inadequada, como
a posição sentada por períodos longos.
•
Orientar Quanto ao Posicionamento Adequado no Leito :

evitar o posicionamento inadequado no leito de flexão , abdução , rotação externa de coxa e
flexão de joelho quando amputado de perna(transtibial);

manter o membro inferior alinhado ;

não colocar travesseiro em baixo do coto e entre as pernas, pois evitará contraturas musculares;

evitar ficar na cama com o coto fletido;

evitar flexionar o joelho em amputações transtibiais quando estiver sentado ;

não apoiar o coto sobre a muleta .
•
Também devemos observar as sobras dos retalhos cirúrgicos nas extremidades, chamadas de
orelha de cão que podem vir a interferir no processo de protetização.
•
Neste momento, devemos observar se existe um coxim gorduroso adequado, pois o coto ideal
deve ser compacto evitando uma massa muscular exagerada que fique sobrando, causando
movimento inadequado junto ao osso e também ao contrário, com ausência de massa muscular,
o contato da prótese passa a ser direto no osso do coto, podendo causar feridas de compressão.
•
Dessensibilização
Definição : são estímulos sensitivos que são realizados na extremidade distal do coto que irão levar ao
saturamento dos receptores e das vias aferentes sensitivas , visando uma normalização da sensibilidade
local .
Objetivo : alcançar a diminuição da hipersensibilidade local para que seja suportável a adaptação à
prótese , através de movimentos lentos e graduais, começando do estimulo mais fino para o mais áspero,
sendo passado de uma fase para outra à medida que o próprio paciente relate não ser mais um incomodo
o estimulo realizado pelo terapeuta .
•
Etapas de Dessensibilização :
1º - Algodão
2º - Esponja de face fina
3º - Esponja de face grossa
4º - Lixa fina
5º - Lixa grossa
6º - Calor superficial pode ser utilizado, com o objetivo pré-cinético
Fortalecimento :
Restabelecimento Físico Geral :
Visamos a melhora do amputado , isto é, sua força , resistência , coordenação motora , respiração , etc.
A cinesioterapia deve ser intensificada também de forma progressiva para potencializar toda sua
musculatura que será necessária durante a reeducação de marcha com prótese.
Cinesioterapia específica para o coto :
O objetivo será o combate às retrações musculares e o fortalecimento . No amputado acima do joelho,
existe uma tendência às contraturas em flexão e abdução , que são mais evidentes nos cotos curtos .
Deve-se fortalecer mais as musculaturas adutoras , extensoras e rotadoras internas de coxo femural e
extensora de joelho em caso de amputação abaixo do joelho .
Cinesioterapia geral :
É trabalhado todo o corpo através da cinesioterapia respiratória , fortalecimento abdominal , quadrado
lombar , os membros superiores para utilização de muletas e priorizar o fortalecimento no membro não
amputado para aumentar sua potência , resistência e equilíbrio .
•
Próteses para membros superiores
Próteses Não Funcionais
Próteses Estéticas ou Passivas
Próteses Funcionais
Próteses ativas (mecânicas) - fonte energia interna (propulsão muscular)
Próteses Mioelétricas - fonte energia externa (energia extracorpórea)
Híbridas:ativa + mioelétrica (fonte interna + externa)
•
As próteses estéticas ou passivas pertencem ao grupo de próteses não funcionais. Elas
restabelecem o aspecto externo, sem proporcionar funções ativas, favorecendo o aspecto
estético. Uma vez que ocorre renúncia do aspecto funcional por parte do paciente que opta por
este grupo de próteses, são grandes as exigências em relação ao aspecto externo, conforto de
uso e peso reduzido.
Ocasionalmente estas próteses podem ser usadas para carregar objetos. Este sistema pode ser usado
em todos os níveis de amputação, e principalmente quando próteses funcionais não obtiveram êxito
•
No grupo das próteses funcionais, as próteses denominadas ativas são acionadas pelo próprio
paciente. As funções da prótese realizam-se mediante o movimento do segmento residual do
membro através da tração de tirantes.
•
Para coordenar as diferentes funções, o paciente necessita de um intenso programa de
treinamento. O treinamento intensivo com próteses ativas acionadas por tirantes é de extrema
importância. O paciente aprende, de forma gradativa, o controle dos diferentes movimentos da
prótese.
•
Encaixe da prótese
A confecção individual do encaixe é de importância fundamental para a qualidade da prótese. O
encaixe é dividido em encaixe interno (ou cartucho) e externo (ou soquete) e constitui o componente de
união entre o corpo do paciente e a prótese.
Para sua confecção deve-se respeitar a fisiologia do coto, a liberdade de movimento, a condição
muscular do coto, as saliências ósseas e regiões sensíveis do coto.
•
Amputações parciais de mão.
Nestes níveis de amputação são utilizadas próteses passivas. As confeccionadas em silicone são mais
estéticas graças às semelhanças das características da mão não amputada.
•
Tipos de próteses para membros inferiores
Existem basicamente dois tipos de próteses:

Próteses convencionais: São feitas em resina ou com componentes em plástico e madeira. São
indicadas para todos os níveis de amputação com exceção da desarticulação do joelho.
Trata-se de um sistema robusto, utilizado principalmente quando situações adversas como determinadas
atividades ou hábitos do paciente, condições geográficas, etc., não permitem o uso de prótese mais
sofisticadas.
As próteses convencionais não são utilizadas acima do joelho devido seu peso excessivo acarretando
dificuldades graves na deambulação, ocorrendo desistência de utilização pelo paciente, o que dificilmente
ocorre nas próteses modulares.

Próteses modulares: Também chamada de prótese endoesquelética com revestimento
cosmético em espuma , este sistema foi lançado em 1969, pela OTTO BOCK, sendo desde
então constantemente aperfeiçoado, podem ser utilizadas em todos os níveis de amputação de
membro inferior.
São constituídas por vários módulos ajustáveis e intercambiais entre si, mais leves e estéticas por serem
revestidas de espuma cosmética, seus componentes podem ser em aço, titânio (metal extremamente leve
e resistente), alumínio e fibra de carbono. Essas próteses oferecem ampla linha de opções para uma
protetização eficaz.
•
Sistema de encaixe
Os encaixes das próteses evoluíram muito nos últimos anos. As resinas substituíram os encaixes de
madeiras e, mais recentemente, os materiais termoplásticos estão substituindo as resinas.
•
Encaixe para amputação acima do joelho:
Quadrilátero: É o tipo de encaixe mais antigo em utilização no mercado , foram desenvolvidos nos
Estados Unidos na década de 40, a partir de modelos europeus, onde a pressão maior é exercida no
ísquio, apoiado no bordo posterior.
É feita compressão em áreas funcionais, favorecendo atrofia; a medida médio- lateral é mais larga,
ocasionando deslocamento lateral do fêmur ; a marcha é feita com inclinação lateral de tronco. Nos
pacientes que usam o encaixe pela primeira vez, o apoio isquiático pode se apresentar doloroso, já que a
descarga de peso é feita quase totalmente naquela região.
Contenção Isquiática: É o tipo de encaixe mais recente utilizado com maior freqüência em pacientes
jovens que praticam atividades desportivas ou que são bastantes dinâmicos. Surgiram na década de 80 e
apesar de largamente aplicados são bastantes recentes.
A distribuição de peso é sobre todo o coto, principalmente sobre o ramal do ísquio. Há maior controle dos
músculos funcionais e maior estabilidade da estrutura óssea e da adução natural do fêmur; os músculos
funcionais ficam liberados, limitando a atrofia.
•
Amputação parcial de pé
Estes níveis de amputações permitem descarga de peso distal, ou seja, apoio sobre o coto de
amputação, porém, cuidados devem ser tomados nos casos onde há diminuição ou perda de
sensibilidade, doenças vasculares obstrutivas e deformidades em eqüino-varo.
Próteses e Órteses – 2° semestre
1-Histórico
No início da história do Egito, aproximadamente há cinco mil anos, os antigos médicos egípcios,
empregavam órteses que formavam uma cobertura protetora em torno do membro defeituoso, com
o único intuito de manter o membro em posição de descanso.
O médico grego Hipócatres em dois de seus livros, apresentou discussões a respeito de métodos
de tratamento para fraturas, deformidades congênitas e outras lesões ortopédicas. Seus princípios a
respeito das órteses permaneceram acreditados como um tratamento para diferentes problemas
ortopédicos cerca de dois mil anos após.
Alguns estudos sobre deformidades realizadas por Galen (131-201 d.c), oferece novas diretrizes
sobre utilização de órteses, o qual utiliza enfaixamentos para correção de escoliose.
O pioneiro na confecção de órteses foi Ambroise Paré (1509-1590), o qual já pensava em
mecanismos de acordo com a anatomia do indivíduo e na necessidade da órtese ser leve e
confortável.
Com o passar do tempo, outras personalidades deram continuidade a esse novo método de
tratamento, utilizando as órteses para diferentes tipos de lesões.
Hoje as órteses não possuem o único objetivo de corrigir um determinado seguimento,
mas possuem algo mais além, como a intenção de transformar o indivíduo e adaptá-lo novamente
dentro de suas funções do dia a dia, através de correções baseadas nas necessidades do mesmo.
2-Conceito
O termo órteses vem do grego (orthós que significa direito ou reto).
Definição: as órteses são equipamentos terapêuticos de auxílio funcional e caracterizam-se por uma
busca sistemática de corrigir e melhorar a função do corpo ou parte dele pela aplicação de um suporte ao
exterior do corpo, com a finalidade de obter uma postura mais correta em uma posição de descanso,
buscar realinhamento de um determinado segmento ou atividade controlada. De acordo com cada
necessidade, as órteses podem imobilizar totalmente uma articulação ou segmento, restringir o
movimento numa dada direção, controlar a motricidade, auxiliar movimento ou reduzir as forças
de sustentação de peso.
Devemos ter em mente que uma órtese é coadjuvante da terapia, visando à manutenção da
amplitude articular obtida através de exercícios de alongamentos e visando a estabilização de uma ou
mais articulações, otimizando a função de outras, através de exercícios de fortalecimento e
proprioceptivos, por exemplo.
O uso de uma órtese deve ser interrompido se causar dor, reduzir a função, piorar a
postura ou marcha, causar desconforto emocional ou quando resultados efetivos puderem ser
obtidos por fisioterapia ou procedimentos cirúrgicos relativamente menores.
2.1-Materiais
Quanto ao material da órtese, uma ampla variedade de materiais tem sido usada para fabricar
utensílios ortóticos. Ao selecionar material apropriado para um dispositivo ortótico, é necessário
considerar cuidadosamente a força, durabilidade, flexibilidade e peso. O design ortótico deve ser
simples, discreto, confortável e tão estético quanto possível.
Durante a prescrição de uma órtese é importante saber que seus componentes funcionam de
forma integrada e qualquer defeito de alinhamento pode causar danos na função do segmento aplicado e
como conseqüência danos ao esquema corporal devido a compensações. Um fator importante durante a
prescrição é que a órtese deve ser adaptada de acordo com as medidas e estruturas anatômicas
de cada indivíduo, proporcionando uma sensação agradável, sem ocorrência de dores,
desconforto ou feridas.
O profissional quando prescreve uma órtese deve avaliar o indivíduo verificando o nível
de condicionamento cardiorespiratório, função músculo-esquelética, atividades e objetivos de
cada paciente. Obtido esses parâmetros, o profissional vai escolher o equipamento adequado para
a colocação da órtese, proporcionando um bom resultado funcional.
2.2-Contra-indicação



Deformidade grave;
Atitude viciosa do membro de difícil correção;
Úlcera por pressão.
Deve-se lembrar que estas contra indicações não são absolutas, uma vez que se o problema for
solucionado através de cirurgia ou outro procedimento a órtese pode ser prescrita.
2.3-Reabilitação antes e depois da colocação de uma órtese
Após a decisão do tipo de órtese para determinado caso, devemos ter em mente que o paciente
necessitará de uma preparação para a colocação desse dispositivo. Essa preparação abrange aspectos
psicológicos e aspectos funcionais. No ponto de vista da fisioterapia é necessário realizar um programa
de treinamento cardio-respiratório caso a aplicação da órtese ocasionar como conseqüência um aumento
do gasto energético para realização de uma atividade; outros aspectos importantes, além da manutenção
da amplitude do movimento, abrangem estímulo à função através de atividades funcionais, preparação
dos demais segmentos para suportar a nova condição, orientação do paciente quanto à necessidade da
órtese e orientação quanto à manutenção do peso corporal. Após a colocação da órtese, deve ser
realizado um treinamento utilizando exercícios funcionais e/ou que simulem as atividades realizadas no
dia-a-dia do indivíduo. Esta última pode ser realizada pelo terapeuta ocupacional.
Lembrando que após o paciente estar adaptado ao dispositivo, o profissional da reabilitação, seja
ele o fisioterapeuta ou o terapeuta ocupacional, devem realizar avaliações periódicas, preferencialmente
em conjunto, para orientação quanto ao uso e para indicações de cirurgias, bloqueios neuromusculares
ou até mesmo troca da órtese por qualquer alteração do quadro.
2.4-Classificação das órteses de membros inferiores
As órteses de membros inferiores podem ser divididas em:


Órteses de posicionamento: tem como objetivo manter determinadas articulações em posição
fisiológica, evitando assim deformidades.
Órteses funcionais: possuem o papel de estabilizar determinadas articulações em posição
funcional, permitindo assim a otimização do padrão da marcha e do padrão durante o
ortostatismo.
Esta última pode ser:


Estática: tem o papel de imobilizar determinado membro, otimizando a função de outros
segmentos, não auxilia diretamente na execução do movimento.
Dinâmica: utiliza-se de alavancas móveis e de dispositivos de acumulação de potência externa,
para melhorar a função.
3-Órteses de pé
São suportes colocados no interior do calçado, removíveis, feitos de materiais variáveis,
utilizados para tratar diferentes sintomas e deformidades dos pés. Geralmente utilizam-se palmilhas de
compensação feitas sobre medida, principalmente quando estiver indicada a manutenção de um
alinhamento específico do pé por longos períodos de tempo. As indicações clínicas habituais para estas
palmilhas são: aliviar a pressão sobre as áreas dolorosas, ulceradas, cicatrizadas ou calosas; sustentar
arcos longitudinais ou transversais do pé que sejam fracos ou planos; controlar a posição do pé, afetando
o alinhamento de outras articulações do membro inferior; e compensar discrepância de membros
inferiores.
Alguns tipos de deformidades do pé são tratados melhor quando realizamos a modificação de
calçados ou quando indicamos órteses de pé. Cada caso tem que ser avaliado individualmente, sendo
consideradas modificações de calçados ou diferentes intervenções. Devemos lembrar que uma órtese de
pé ou de tornozelo-pé pode negar a necessidade de modificação de calçado e que cirurgias podem ser
necessárias para se obter correções ótima. Hoje em dia com utilização de novos recursos tem se
permitido substituir a bota ortopédica por tênis ou outro tipo de calçado comum, de acordo que este
calçado deve oferecer estabilidade para articulação do tornozelo e proporciona correção de varismo ou
valgismo através do uso da palmilha. Correias, acolchoamento e outros utensílios podem ser aplicados
diretamente ao pé e dedos, para que seja possível corrigir deformidades e para proteção de áreas
dolorosas, como calos cutâneos ou ósseos, úlceras, unhas, hipertrofias ósseas e excesso de fricção ou
pressão (fig.1).
fig.1- palmilha de silicone e em couro
Sandália para Gesso
Indicações
Apoio e proteção de botas gessadas quando permitida a
marcha.
Uso nas deformidades permanentes dos pés e dedos,
causados pela artríte reumatóide.
Características
Solado em EVA em discreta cruva;
Laterais em tecido sintético resistente;
Adaptável a ambos os pés;
Fecho em velcro;
Lavável.
4-Órteses tornozelo-pé
As órteses tornozelo-pé (AFOS) são geralmente utilizadas para fraqueza muscular, afetando
articulações como a tibiotársica e subtalar. Estas órteses tem a função de realizar a manutenção dessas
articulações deixando-as em uma posição funcional. Também possuem a função de prevenção ou
correção de deformidades do pé e tornozelo e redução das forças de sustentação de peso. As AFOs
também podem influenciar a função de outras articulações mais proximais com a variação do grau de
flexão plantar e dorsiflexão. Desta forma, um tornozelo com uma deformidade ou uma tendência a flexão
plantar geralmente causa hiperextensão do joelho com possível conseqüência de flexão de quadril e
tronco; e um tornozelo em dorsiflexão causa flexão de joelho e quadril.
Ainda nos dias atuais são prescritas as órteses tradicionais de metal, porém as AFOs plásticas
(goteiras) são mais comuns. Essas órteses podem ser mudadas de calçados para calçado, sendo
importante que todos os calçados tenham a mesmas medidas, proporcionando com isso um efeito
biomecânico igual no tornozelo e como conseqüência um efeito correto nas articulações mais proximais.
Os componentes para ereção em AFO plásticas ou termoplásticas variam em forma ou altura,
dependendo da função desejada, mas geralmente estes se estendem desde a planta do pé até a
panturrilha, de acordo que a borda superior deve ficar abaixo da cabeça da fíbula em cerca de 3 cm,
principalmente para não causar escoriações e limitação da função desejada da articulação do joelho. A
AFO plástica pode ser fabricada para controlar flexão plantar, dorsiflexão, inversão ou eversão do
tornozelo, proporcionando também estabilidade médio-lateral.
As AFOs metálicas possuem eretores mediais e laterais, com um mecanismo articulável na
altura do tornozelo. Os eretores são adaptados ao calçado por um estribo e são fixados na panturrilha,
com uma faixa de panturrilha almofadada coberta por couro, correia de couro e uma fivela. Diferentes
mecanismos de articulação no tornozelo permitem dorsiflexão ou flexão plantar fixa, limitada ou plena,
geralmente permitindo certo grau de movimento para melhor adaptação do paciente durante a marcha.
As Afos dinâmicas são geralmente utilizadas para fraquezas musculares que afetam o padrão
da marcha. Essas órteses apresentam um estreitamento posterior à região do calcâneo e um recorte de
suas paredes passando por trás dos maléolos, permitindo um movimento passivo de dorsiflexão e
limitando a flexão plantar. A mola de codivilla é composta por uma haste flexível, unida a um aro posterior
na panturrilha. Esta última vem sendo substituída pelas órteses dinâmicas e é indicada para paralisia do
músculo tibial anterior (pé caído). Este modelo é encontrado em aço, polipropileno, courvin e velcro (fig.2).
fig.2 – mola de codivilla
Imobilizador de Tornozelo
Indicações
Entorses de tornozelo substituí a goteira gessada.
Prevenção e tratamento das deformidades da artríte reumatóide,
usada em atividades esportivas retirando-se as barbatanas
dorsais.
Características
Tecido sintético e resistente com espuma;
Barbatanas laterais em Duralumínio para moldar no tornozelo;
Fecho em velcro;
Lavável.
Estabilizador de Tornozelo
Indicações
Evitar artroses, melhorando a estabilidade da articulação do tornozelo na prática
esportiva.
Tratamento de entorses leves.
Prevenção precoce das deformidades da artríte reumatóide.
Auxiliar na marcha dos pacientes com dorso flexores dos pés.
Características
Lona dublada em algodão;
Barbatanas laterais em plástico;
Cinta elástica cruzada;
Fecho em velcro;
Lavável.
fig3- órteses estáticas e articuladas
As Afos estáticas geralmente são prescritas em caso de deformidades graves, hipertonia ou
lesões graves que não há possibilidade de movimento voluntário. Estas órteses não permitem
movimentos do tornozelo, porém o ante-pé pode permanecer livre para realização de uma marcha mais
perto do normal.
AFOs articuladas permitem movimentos controlados de dorsiflexão e flexão plantar, sendo
indicadas para pacientes que apresentam algum movimento de dorsiflexão, quando a flexão plantar está
limitada (fig.3).
Existem AFOs para diversos tipos de lesão, por isso é importante avaliar quais são os déficits e
as capacidades de cada indivíduo para escolher a órtese mais adequada para cada caso. Entre outros
tipos de AFOs estão:

Órtese de reação ao solo: é indicada para paciente com déficit em sóleo e gastrocnêmio com
conseqüente flexão de joelhos (comum em diplégicos). Apresenta apoio na região anterior do
joelho, rigidez na região de ante-pé, tornozelo em posição neutra. Neste tipo de órtese a força de
reação ao solo age proporcionando extensão de joelho durante a fase de apoio e o tornozelo a
90° impede a rolamento da tíbia em relação ao pé. Feita em polipropileno (fig.4).
fig.4- órtese de reação ao solo

AFO submaleolar (SubMO): promove estabilidade médio-lateral do pé e calcâneo, permitindo
movimento do tornozelo no plano frontal e sagital. Indicada geralmente para pacientes
hipotônicos.

AFO supra maleolar (SMO): estabiliza articulação subtalar, maior estabilidade do pé e
tornozelo. Indicada para desvios mais graves em inversão e eversão.

Dyna Ankle: limita movimento de inversão do tornozelo através de uma tira que sai da lateral da
órtese se direcionando para região medial.
Dyna Ankle

AFO de adequação de tônus (TRAFOs – Tone-Reducing Ankle Foot Orthosis):
confeccionada de material plástico, apresenta um molde com apoios que facilitam extensão de
dedos e dosiflexores. Indicada para pacientes com hipertonia.
5-Órteses de Joelho-Tornozelo-Pé
As órteses Joelho-Tornozelo-Pé (KAFOs), também conhecidas como tutor curto, são
prescritas a fim de proporcionarem estabilidade ao joelho para sustentação de peso em presença
de fraqueza de membro inferior, devido a lesões do sistema nervoso central ou periférico.
Geralmente são indicadas para pacientes hemiplégicos ou paraplégicos que possuem controle
pélvico, pois essa órtese não possui cinto pélvico.
Embora a órtese possua uma articulação anatômica do joelho com um eixo de rotação
mutável, as junções de joelho com design policêntrico têm poucas aplicações clínicas, pois durante a
deambulação a articulação ortótica do joelho geralmente fica travada. Uma junção de joelho livre
somente é indicada quando estiver presente instabilidade médio-lateral ou genu recurvatum, mas é
fundamental que o indivíduo tenha força de extensão de joelho suficiente para sustentação de peso ao
apoiar o membro inferior.
Portanto se os extensores do joelho estiverem deficitários, fica indicada uma trava de
joelho. A trava mais utilizada neste tipo de órtese é a trava de anel em queda. É colocada no eretor
lateral, na barra, caindo sobre a junta quando ela está plenamente estendida, desta forma, não permitindo
movimento na articulação do joelho. Um bastão para puxar contendo mola pode ser acrescentado ao anel
para facilitar travar e destravar. A trava suíça, também conhecida como trava em alça, consiste em um
arco nivelado, que fica em posição travada na extensão do joelho e destrava automaticamente quando
pressionada contra um objeto (por exemplo, uma cadeira). Caso paciente apresente uma contratura em
flexão do joelho, pode-se prescrever uma junta ajustável de joelho, usando-se uma trava em leque ou
dial.
Na ausência de espasticidade ou contratura em flexão do joelho, uma articulação de joelho
posteriormente compensada proporciona um joelho estável durante a fase de apoio e permite flexão
durante a fase de balanço. O joelho é estabilizado por correias acima e abaixo da patela ou por uma
correia patelar, coxins de couro macio cobrindo a calota do joelho, apertada através de correias
ajustáveis. Desta forma evita-se que o joelho se curve durante a sustentação do peso.
A fixação na coxa é realizada por quatro eretores que são conectados por uma coxeira rígida,
com acolchoamento superior e fechamento macio anterior. Esta faixa deve liberar o ísquio em 4 cm, a
menos que seja prescrito repouso isquiático. O apoio isquiático deve ser prescrito com critério.
Geralmente o apoio isquiático é indicado para pacientes que necessitam de alívio da carga axial nos
membros inferiores ou que apresentem instabilidade pélvica.
A Free Walk (órtese longa de controle na fase de apoio), tem como objetivo, proporcionar uma
marcha mais funcional, permitindo durante a fase de balanço, movimento de flexão e extensão de joelho,
proporcionando uma marcha mais rápida e com menos gasto energético. Apresenta uma única haste
lateral e quatro aros anteriores com fixação por velcros. Não necessita de modificações em calçados.
Para utilizar está órtese, é necessário que o paciente tenha certo controle muscular (entre 3 a 5 grau de
força muscular), possua ADM (amplitude de movimento) maior que 10° em tornozelo, não possua
deformidade em flexão de joelho, peso corpóreo deve ser menor que 120 kg, não possua hipertonia e não
tenha alteração cognitiva grave. Durante o movimento em dorsiflexão a articulação do joelho é liberada e
no momento no toque do calcâneo a articulação do joelho é travada.
KAFO MODIFICADA é um tipo de órtese de coxa-joelho-tornozelo de plástico laminado
(KAFO) que pode incorporar componentes de tornozelo e joelho padrão, mas os eretores e faixas são
feitos de plástico laminado cor da pele, que se adapta intimamente à extremidade e é leve. A peça da
coxa é uma concha posterior em forma de quadrilátero, com ou sem apoio isquiático, fechado
anteriormente por uma faixa de plástico e uma correia de Velcro. Uma concha supra patelar ou pré tibial
proporciona força de extensão de joelho, proporcionando também estabilidade médio-lateral desta
articulação. Nas partes inferiores, os eretores estão conectados a uma placa que se direciona ao pé,
moldada em plástico, também utilizada no interior de calçado.
KAFO supracondilar de plástico laminado é indicada para paciente que não tenha força
muscular no joelho e tornozelo e total extensão do joelho. Caracteriza-se por uma placa moldada para o
pé com um tornozelo sólido imobilizando o pé e o tornozelo em eqüino, produzindo uma força de
extensão de joelho durante o apoio. Genu recurvatum é controlado por uma concha supra condilar
anterior e uma concha poplítea que contrabalança posteriormente. A ausência de uma junta mecânica no
joelho permite livre flexão do joelho durante a fase de balanço, com melhora do padrão de marcha e
redução do gasto de energia.
Utilizada mais na medicina desportiva as órteses de joelho (KO) são prescritas para prevenir
genu recurvatum e possibilitar estabilidade médio-lateral. Entre outras indicações encontram-se
portadores de lesão ligamentar do joelho em tratamento conservador ou convalescença pós-cirúrgica. A
maioria dos KOs consiste em dois eretores, juntas de joelho livres ou ajustáveis e manguitos de coxa ou
panturrilha. A gaiola suíça de joelho impede o recurvatum, mas permite flexão, isto ocorre porque essa
órtese possui um mecanismo posterior que impede que o joelho vá para extensão.
A órtese estabilizadora de três modos (TKS) é semelhante e oferece bom controle de
instabilidade estrutural do joelho nas direções lateral, medial e posterior e está indicada para genum
valgum, varus e recurvatum. As KO padrão têm braços de alavanca curtos e podem não ser eficiente
quando são necessárias grandes forças (fig.5).
fig.5- KAFO´s
6-Órteses de Quadril-Joelho-Tornozelo-Pé
Órteses de quadril-joelho-tornozelo-pé (HKAFO), também conhecidas como tutores
longos, consistem nos mesmos componentes descritos para AFOs e KAFOs, com acréscimo de uma
junta de quadril travável presa em faixa pélvica para controlar movimentos na articulação anatômica do
quadril. Geralmente o tipo de trava utilizada na articulação do quadril é a trava em anel. A faixa pélvica,
que pode ser unilateral ou bilateral, engloba a pelve entre a crista ilíaca e o trocanter maior lateralmente,
curva-se para baixo na região glútea e passa para cima novamente sobre o sacro. As indicações para
prescrever um cinto pélvico são controversas, porque diversos estudos indicam que aumenta a excursão
lombar e deslocamento da gravidade durante a deambulação e, desta forma, o gasto de energia pode ser
maior. O cinto pélvico quando bloqueado tem a função de suprir o déficit de controle da articulação de
quadril. No paciente lesado medular, o cinto pélvico tem a importância de obter extensão de tronco e
evitar desvios rotacionais durante a reeducação da locomoção, podendo este dispositivo ser substituído
por controle muscular fisiológico com o decorrer dos treinamentos. Para a maioria dos paraplégicos as
faixas pélvicas provavelmente não são necessárias, embora elas possam melhorar o equilíbrio em pé,
especialmente se a espasticidade for grave.
Existem as faixas pélvicas com apoio sacral que permitem a extensão do quadril e os cintos
pélvicos sem apoio sacral que permitem uma flexão do quadril, com conseqüente hiperlordose
compensatória.
As órteses de reciprocação (RGO – Reciprocation Gait Orthosis), são indicadas para
pacientes que não possuem controle de membros inferiores e troncos. Essa órtese foi desenvolvida para
permitir a marcha de quatro pontos com menor gasto energético. Ela pemite o avanço de um membro
simplesmente com a transferência do peso do corpo sobre o lado contralateral. Isso ocorre através de um
cabo de reciprocação que funciona como um pistão e conecta as duas articulações do quadril. Durante a
atividade de sentar e levantar o pistão atua evitando descidas bruscas, além de impulsionar o paciente no
momento de levantar. Entre os principais tipos de RGO estão:

Parawalker (HGO – Hip Guidance Orthose): esta órtese é indicada para facilitar as atividades
motoras, trocas posturais, colocação, retirada, manutenção da posição de pé sem necessidade
de apoio e marcha com baixo gasto energético. A articulação do joelho é do tipo trava suíça e a
articulação quadril é bloqueada, porém pode chegar a uma amplitude de flexão superior a 100º
se desbloqueada, facilitando trocas posturais. Para o paciente se manter em posição ereta são
utilizados alguns pontos de fixação, sendo eles: posterior ao calcâneo, posterior a pelve, apoio
anterior em joelhos e região torácica. A marcha geralmente é realiza com o uso de bengalas ou
andadores.

Walkabout: indicada para paraplegia baixa. É composta por duas KAFOs unidas medialmente
por mecanismo de reciprocação, facilitando o direcionamento dos passos, sem ocorrer rotações
e desvios laterais. Possui ponto de fixação na região posterior de calcâneo, coxa e anterior ao
joelho. Vale lembrar, que o mecanismo de reciprocação pode ser retirado transformando-as em
KAFOs convencionais.

ARGO: composta por KAFOs, componente pélvico com articulações de quadril unidas por um
único cabo de reciprocação, além de AFOs termoplásticas fixadas a hastes que se ligam com as
articulações de joelho e quadril. Este tipo de órtese permite flexão simultânea de quadril, de
acordo que esta articulação encontra-se desbloqueada (fig.6).
fig.6 –órtese reciprocada

LSU (Louisiana State University): oferece as KAFOs bilaterais juntas de joelho, peças pélvicas
posteriores de tornozelo-pé e coxa, uma cintura pélvica moldada sob medida, possui também
dois cabos de reciprocação que conectam as articulações pévicas. O mecanismo de
acoplamento a cabo dá estabilidade ao quadril, embora permita flexão/extensão unilateral do
quadril de maneira recíproca quando se tenta o passo. Usando duas muletas, paraplégicos são
capazes de deambular em padrão de marcha em quatro pontos.

IRGO: apresenta um cinto pélvico com uma articulação isocêntrica centralizada posteriormente,
responsável pelos movimentos de flexão e extensão do quadril. Esta órtese também possui
sistema de trava que permite flexão simultânea do quadril (fig.7).
fig.7 – IRGO
Órteses
Quadril
Abdução de quadril
Abdução de quadril Atlanta Brace ou Schotish Brite
Indicações
Tratamento de Legg Perthes e Luxação Congênita de Quadril.
Características
Possibilita ampla liberdade de movimentos mantendo abdução
de 45° em ambas articulações do quadril.
Com haste telescópica e juntas esféricas universais de alta
qualidade.
Peças de coxa e cinto pélvico moldados em polipropileno, com
nervuras de reforço estrutural.
Todas as peças são intercambiáveis permitindo diversas
possibilidades de montagem.
Peças revestidas internamente com espuma softform para
maior conforto.
Estrutura metálica com revestimento anti-oxidante.
Fechos de velcro
Suspensório de Pavlik
Indicações
Tratamento da luxação congênita do quadril do recém-nascido
até o 6º mês de idade
Órteses
Tronco e coluna vertebral
Colares, faixas, coletes e imobilizadores
Colares
Colar Cervical Noturno
Indicações
Torcicolos, traumatismo, artroses, artrites,
estabilização da postura durante o sono.
Características
Espuma macia de alta densidade;
Reforço de apoio interno;
Fecho em velcro.
Colar Cervical Tipo Thomas
Indicações
Torcicolos, traumatismo, artroses, artrites e
afecções da coluna cervical.
Características
Polietileno de alta densidade;
Bordas acolchoadas;
Altura ajustável;
Fecho em velcro;
Lavável.
Colar com Apoio Mentoniano
Indicações
Torcicolos, traumatismo, reumatóide, artroses
e outras afecções da coluna cervical.
Características
Polietileno de alta densidade;
Apoio metoniano;
Bordas acolchoadas;
Altura ajustável;
Fecho em velcro;
Lavável.
Colar Cervical Philadelphia
Indicações
Torcicolos, traumatismos, artroses, artrites e
afecções da coluna cervical.
Características
Confeccionado em softform com suporte
mentoniano e occiptal em plástico rígido;
Proporciona controle de flexão, extensão e
rotação;
Perfurado para melhor ventilação;
Fecho em velcro.
Colar Philadelphia com Oríficio
Indicações
Ideal para tratamentos de traqueostomia,
torcicolo, traumatismos, artrites, artroses,
afecções da coluna cervical.
Características
Confeccionado em softform com suporte
mentoniano e occipital em plástico rígido,
proporciona controle de flexão, extensão e
rotação;
Com oríficio frontal para procedimentos de
traqueostomia e fecho em velcro.
Faixas
Faixa Colete com Barbatanas de
Duralumínio
Indicações
Estabilização da coluna dorso lombar em
artroses, traumatismo, fraturas osteoporóticas,
escolioses dolorosas e outras afecções da
região. Estabilização do tronco no lesado
modular.
Características
Confeccionada em elástico macio e resistente;
Reforço lateral;
4 Barbatanas de duralumínio;
Fecho em velcro;
Lavável.
Faixa Torácica de 15 cm
Indicações
Contusões torácicas, fraturas de costela,
fraturas de vértebras torácicas osteoporóticas.
Características
Confeccionada em elástico macio e resistente;
Fecho em velcro;
Lavável.
Faixa Abdominal de 20 cm
Indicações
Flacidez e fraqueza da parede abdominal pósparto e pós-cirurgia.
Características
Confeccionada em elástico macio e resistente;
Fecho em velcro;
Lavável.
Faixa Lombar de 25 cm
Indicações
Estabilização da coluna lombar em casos de
lombalgia e outras afecções da região.
Características
Confeccionada em elástico macio e resistente;
Fecho em velcro;
Lavável.
Coletes
Colete de Brim Tipo Putti
Indicações
Estabilização da região dorso-lombar sacra de
hérnia de disco sujeitas à cirurgias ou não,
traumatismo, espondilolisteses, fraturas
osteoporóticas, artroses, pós-operatório e
outras afecções da região.
Características
Confeccionado em brim macio e resistente;
Fecho frontal em velcro;
Barbatanas de fita plana de aço flexível;
Auto ajustável;
Lavável.
Colete Putti Elástico Baixo
Indicações
Estabilização da coluna lombo sacra em casos
de contratura para-vertebral pós traumáticas,
artroses, espondilolisteses, lordoses, pósoperatório e outras afecções do região.
Características
Confeccionado em brim macio e resistente;
Reforço lateral;
4 barbatanas de duralumínio;
Fecho em velcro;
Lavável.
Colete Putti Elástico Alto
Indicações
Estabilização da região dorso lombo sacra em
casos de hérnia de disco sujeitas à cirurgias ou
não, traumatismo, fraturas osteoporóticas,
artroses, estabilização no tronco no lesado
medular e outras afecções da região.
Características
Confeccionado em brim macio e resistente;
Reforço lateral;
4 barbatanas de duralumínio;
Fecho em velcro;
Lavável.
Colete de Jewett
Indicação
Indicado para postura cifótica, fratura da
coluna torácica. Princípio dos 3 pontos de
apoio, lombar permanece em lordose, com
apoio esternal e pubiano.
Colete de Millwaukee
Indicação
tratamento de escolioses, etc.
Imobilizadores
Imobilizador em Oito para Clavícula
Indicações
Ideal para a imobilização e alinhamento da
clavícula.
Características
Tiras estofadas com espuma, passantes
metálicos e almofadas axilares.
Espaldeira Simples
Indicações
Correção da postura dos ombros e tratamento
da cifose torácica postural e juvenil.
Características
Elástico macio e resistente;
Almofada axilar de espuma;
Ajuste em velcro:
Lavável.
Espaldeira para Postura em Brim
Indicações
Correção de postura dos ombros e tratamento
de cifose torácica postural. Modelo para casos
extremamente acentuados.
Características
Confeccionada em brim resistente e
confortável;
Almofada auxiliares de espuma revestida;
Barbatanas laterais aspirais auto-ajustáveis
que multiplicam a eficiência;
Fecho em velcro;
Lavável.
Órteses
Membros inferiores
Imobilizadores e acessórios
Imobilizadores
Imobilizador de Joelho Posição Funcional
Indicações
Instabilidade de artrose e artrite reumatóide.
Afecções traumáticas do joelho em substituição ao
aparelho gessado.
Treinos de ortostatismo em lesões paralíticas dos
membros inferiores.
Características
Confeccionado em tecido dublado em espuma;
Barbatanas posteriores em duralumínio;
Barbatanas laterais de polipropileno removíveis;
Cinta elástica para compressão do joelho;
Fecho em velcro.
Imobilizador Parcial do Joelho
Indicações
Afecções traumáticas do joelho.
Prevenção da recidiva no retorno às atividades.
Reeducação da marcha em seqüelas da AVC,
artroses, artrite reumatóide.
Características
Confeccionado em tecido duplo em espuma;
Barbatanas posteriores em duralumínio;
Barbatanas frontais em polipropileno;
Cinta elástica para compressão do joelho.
Imobilizador de Tornozelo
Indicações
Entorses de tornozelo substituí a goteira gessada.
Prevenção e tratamento das deformidades da artrite
reumatóide, usada em atividades esportivas retirandose as barbatanas dorsais.
Características
Tecido sintético e resistente com espuma;
Barbatanas laterais em Duralumínio para moldar no
tornozelo;
Fecho em velcro;
Lavável.
Joelheira Articulada Elástica
Indicações
Afecções traumáticas do joelho, instabilidades láteromediais não muito graves, artroses, artrite reumatóide
e outras afecções que necessitem de apoio e
compressão.
Prevenção da recidiva na prática esportiva.
Características
Confeccionada em elástico macio e resistente;
Barbatanas lateral e medial articuláveis de
Duralumínio;
Fecho em velcro;
Lavável.
Estabilizador de Tornozelo
Indicações
Evitar artroses, melhorando a estabilidade da
articulação do tornozelo na prática esportiva.
Tratamento de entorses leves.
Prevenção precoce das deformidades da artrite
reumatóide.
Auxiliar na marcha dos pacientes com dorso flexores
dos pés.
Características
Lona dublada em algodão;
Barbatanas laterais em plástico;
Cinta elástica cruzada;
Fecho em velcro;
Lavável.
Acessórios
Sandália para Gesso
Indicações
Apoio e proteção de botas gessadas quando
permitida a marcha.
Uso nas deformidades permanentes dos pés e dedos,
causados pela artrite reumatóide.
Características
Solado em EVA em discreta curva;
Laterais em tecido sintético resistente;
Adaptável a ambos os pés;
Fecho em velcro;
Lavável.
Tira Sub-Patelar em Tubo
Indicações
Tendinites do tendão patelar (joelho saltador), alívio
da tensão na inserção do tendão patelar.
Características
Confeccionada em tecido dublado em espuma;
Tubo de microespuma revestido e estofado;
Ajuste em velcro;
Lavável.
Outras Órteses
Completa linha de órteses confeccionadas sob
medida, em material copolímero, polipropileno, fibra
de carbono, aço, alumínio, etc
Geno Valgo e/ou Geno Varo
Para correção de valgismo e ou varismo
Tutor
Tutor para fratura de tíbia/fíbula
Trilateral
Para tratamento de Legg-Perthes
Tutor Longo unilateral ou bilateral
Controle de quadril mas não controle de joelho
Órteses de MMSS
Funções da mão (J.R.Napier): - não preênsil
-preênsil
FUNÇÃO PREENSIL:
Força:p.palmar
•
p. em gancho
Precisão: pinça polpa-à-polpa
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pinça em 3 pontos
pinça látero-lateral (pinça da chave)
Tecnologia Assistiva
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•
É a tecnologia utilizada para auxiliar pessoas com dificuldades no desempenho de suas
atividades.
Seu objetivo é desenvolver equipamentos para suportar ou compensar as limitações
biomecânicas e possibilitar função ao portador de necessidades especiais.
Classificação das órteses quanto à sua confecção:
-Pré-fabricadas : fabricadas em série, geralmente com plástico de alta temperatura ou tecidos.
- Moldadas: confeccionadas em plástico de baixa temperatura e moldados sobre uma parte do corpo.
Classificação das órteses quanto à função:
Estáticas :não têm partes móveis e são usadas para imobilizar ou estabilizar em uma posição
específica.São passivas e podem ser seriadas.
Objetivos das Órteses estáticas:
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Proteção do segmento.
Repouso das articulações.
Redução dos processos inflamatórios e de dor.
Impedir movimentos indesejados.
Substituir perdas de função muscular.
Prevenir ou corrigir deformidades.
- Dinâmicas: São as que têm uma parte móvel, proporcionando movimentos articulares, pela
aplicação de tração.Requerem o conhecimento das forças aplicadas, para sua confecção.
Objetivo das Órteses dinâmicas:
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Reduzir retrações tendinosas.
Reduzir retrações cápsulo-ligamentares.
Aumentar ou manter amplitude de movimento articular passivo ou ativo.
Aumentar força muscular.
Aspectos para confecção de uma Órtese:
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1- Aplicação de um protocolo de avaliação e confecção de órteses.
2- Considerações anatômicas.
3- Considerações mecânicas .
4- Estética.
5- Orientações ao paciente/família.
Aspectos da anatomia da mão a serem respeitados quando se aplica uma órtese:
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Revestimento cutâneo.
Arcos.
Pregas.
Estruturas ósseas.
Revestimento cutâneo:
-Dorso da Mão: pele fina , elástica e móvel. (face estética)
-Palma da Mão: pele espessa, pouco elástica e com grande número de terminações nervosas.(face
funcional)
Arcos
Devem ser protegidos durante a confecção de órtese para preservar as estruturas anatômicas
normais e proporcionar conforto.
São 3 arcos: longitudinal,transverso proximal e transverso distal.
Pregas
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As pregas palmares da mão são pontos de referência de superfícies importantes.
Devem ficar totalmente livres para permitir a flexão total das articulações.
A órtese que ultrapassa uma prega, causa um bloqueio da mobilidade desta articulação.
Acomodação das proeminências ósseas
•
•
Deve-se evitar pressão sobre as proeminências ósseas da mão, punho, antebraço e braço
durante a confecção de uma órtese.
Áreas problemáticas:articulações metacarpo-falangeanas,base do 1ºmetacarpiano,processos
estilóide do rádio e da ulna,pisiforme, epicôndilos lateral e medial do úmero .
Obs:Evitar sobrecarga às estruturas ligamentares das articulações. A preservação da tensão correta
dessas estruturas é outro pricípio anatômico fundamental.
Aspectos Mecânicos
- A mecânica estuda a ação das forças sobre os corpos materiais.
- Biomecânica é o estudo dos movimentos dos organismos vivos.
- A compreensão dos conceitos básicos de mecânica e dos tipos de alavancas é pré-requisito para o
desenho e construção de uma órtese efetiva , confortável, durável e cosmeticamente aceitável.
Princípios mecânicos
-tranferência de pressão: As órteses que atravessam o punho devem se estender a 2/3 de distância
do antebraço.A órtese mais longa no antebraço, diminui a pressão resultante causada pelo peso
transferido proximalmente da mão ao antebraço.
-pressão: É preciso evitar a concentração de pressão nos três pontos de apoio da órtese.Nos “slings”
usados nas órteses dinâmicas também pode ocorrer pressão exagerada.A área de apoio do “sling”
nas falanges deve ser grande, tiras estreitas podem causar isquemia por pressão.Princípio válido
para as tiras de fixação da órtese que devem ser o mais largas possível para distribuir a pressão
adequadamente reduzindo ao mínimo o edema localizado.
-ângulo de tração: É essencial que toda tração forme um ângulo de 90° com o segmento que está
sendo imobilizado.Órteses dinâmicas aplicadas para a correção de contraturas fixas, devem ser
revestidas para que seja corrigido o ângulo de tração.
Estética
- aparência aceitável e ser leve.
- Não devem ter superfícies
irregulares, margens irregulares,
cantos pontiagudos, marcas de
caneta ou lápis, impressão digital
ou manchas de sujeira.
- Utilizar equipamentos adequados
para bons resultados.
Orientações
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Proposta
Maneira de colocar e retirar
Verificar pontos de pressão
Não deve causar dor
Não substitui terapias
Alterações só podem ser feitas pela Fisio/TO
Horário de uso (imobilização X mobilização)
Material plástico de baixa temperatura
As placas se diferenciam pelo fabricante, pela composição, pela apresentação, pela espessura,pelas
cores, pela temperatura para moldagem, pelo tempo de aquecimento e esfriamento.
Propriedades dos termplásticos:
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Plásticos
Plásticos emborrachados
Emborrachados
Borracha
Ezeform
Composição química:polímero plástico
Vantagens:fácil manusear
proporciona firmeza e rigidez,
bordas podem ser aparadas,
molda-se com facilidade
não se estira excessivamente
não deixa impressão digital .
Desvantagens: É suscetível ao tempo
Aquecimento: Trabalha à temperatura de 75° C e esfria em 4 a 6 minutos.
Outras considerações: placas lisas ou perfuradas, cor branca, bege ou azul. Espessura 1/8 de
polegada.Deve ser lavado com sabão neutro e água fria. É auto-adesivo. Os restos são recicláveis.
Sugestão de uso: órteses longas ou pequenas.
Não provoca reações alérgicas.
Precauções: Não expor a calor e nem deixar dentro do carro.
A órtese precisa ser adaptada à mão, e não a mão ser adaptada a uma órtese pré existente.(Judith
Bell/Anne Harkrider)
Modo de confecção de órteses em material plástico de baixa temperatura
-moldes pré existentes
-moldes criados e adaptados
Material utilizado para fixação e proteção:
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Coban
Malha tubular (algodão e compressiva)
Velcros
Velfoan
Cushionstrap
Moleskin
tenossinovite de Quervain
Síndrome do Túnel do Carpo
Amputação Paraolímpica
Histórico
Foi após a I Guerra Mundial que o esporte começou a ser utilizado como ferramenta para reabilitação e
inserção social da pessoa portadora de deficiência. Primeiramente, a intenção era oferecer uma
alternativa de tratamento aos indivíduos que sofreram traumas medulares durante o conflito. Entretanto,
em 1944, por meio de um convite do Governo Britânico, Dr. Ludwig Guttmann inaugura um centro de
traumas medulares dentro do Hospital de Stoke Mandeville. É exatamente neste ponto da história que
começa, segundo estudiosos e documentos coletados em sites direcionados para o assunto, a trajetória
do que chamamos hoje de Esporte Paraolímpico.
Dr. Guttmann introduziu o esporte como parte do tratamento de reabilitação de lesados medulares. A
receptividade positiva fez com que rapidamente a atividade física evoluísse para o nível competitivo.
Assim, em 1948 foram realizados os primeiros Jogos de Stoke Mandeville, paralelamente aos Jogos
Olímpicos que ocorriam em Londres. Com isso, aconteceram as primeiras competições de atletas em
cadeira de rodas. Desde então, de quatro em quatro anos são realizados os Jogos de Stoke Mandeville.
Este primeiro passo foi fundamental para o crescimento do Paradesporto Mundial. Em 1952, foi fundado o
Comitê Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, que depois viria a se tornar a Federação
Internacional de Esportes em Cadeira de Rodas de Stoke Mandeville (ISMWSF). Hoje, a ISMWSF é
responsável pela organização e realização de eventos mundiais direcionados aos atletas cadeirantes.
Em 1960, o Dr. Antônio Maglio, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia, Itália, sugeriu ao
Comitê Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville que a competição fosse realizada em Roma, logo
após das XVI Olimpíadas. Assim, aconteceriam os primeiros Jogos Paraolímpicos. A competição utilizou
as mesmas instalações dos atletas não portadores de deficiência e reuniu 400 paratletas. No total,
participaram da primeira Paraolimpíada 23 países e o evento contou o apoio de autoridades locais. A
partir daí, com raras exceções, os Jogos Paraolímpicos passaram a ser realizados algumas semanas
após os Olímpicos na mesma cidade sede.
Fruto do crescimento do esporte adaptado, em 1964, foi criada a Organização Internacional de Esportes
para Deficientes (ISOD). A ISOD, na época, oferecia aos atletas com outras deficiências, que não a lesão
medular, a oportunidade de participarem de eventos que contribuíssem para o desenvolvimento esportivo
dos mesmos. Já no início, a ISOD contava com a filiação de 16 países. Até então somente havia
competições paraolímpicas para pessoas em cadeira de rodas.
E foi por meio de um trabalho sério e árduo que a ISOD conseguiu incluir nos Jogos Paraolímpicos de
Toronto, em 1976, provas para os atletas cegos e amputados. Em 1980, nos Jogos Paraolímpicos de
Arnhem, foi a vez dos atletas paralisados cerebrais se juntarem à competição.
Toda esta movimentação impulsionou o fortalecimento do paradesporto enquanto esporte de rendimento.
O número de atletas cresceu e com isso surgiu a necessidade de organizações que cuidassem do
fomento do esporte para cada deficiência. Assim, em 1978, foi criada a Associação Internacional de
Esportes e Recreação para Paralisados Cerebrais (CP-ISRA) e, em 1980, a Associação Internacional de
Esportes para Cegos (IBSA). Com isso, a ISOD agora ficaria responsável pelo desenvolvimento mundial
dos esportes para atletas amputados.
O surgimento destas organizações tornou imperativo a criação de uma coordenação geral que,
democraticamente, envolvessem as quatro áreas de deficiência (cadeirantes, amputados, paralisados
cerebrais e cegos) na organização dos Jogos Paraolímpicos. Diante disso, em 1982, foi fundado o Comitê
Internacional Coordenador dos Esportes para Deficientes no Mundo (ICC). Faziam parte do ICC os
presidentes das quatro entidades administradoras do paradesporto mundial (ISMWSF, ISOD, CP-ISRA e
IBSA), além de um secretário geral e, primeiramente, um vice-presidente, que depois viria a se tornar um
diretor técnico.
Em 1986, a Federação Internacional de Esportes para Deficientes Mentais (INAS-FID) e o Comitê
Internacional de Esportes para Surdos (CISS) juntam-se ao ICC. Entretanto, o CISS - que já existia desde
de 1922 – continuou mantendo a organização de seus jogos; não se envolvendo nas competições das
outras deficiências.
Apesar do ICC ser fruto da união das seis organizações de esporte para deficientes, o crescimento do
paradesporto no mundo implicava a criação de uma entidade autônoma que propiciasse o fomento e
acompanhasse o crescimento do esporte adaptado nos diversos países do planeta. Uma entidade capaz
de gerenciar as demandas nacionais e regionais do paraolimpismo. Assim, em 1989, foi fundado o Comitê
Paraolímpico Internacional (IPC) na Alemanha.
Hoje, o IPC é a única entidade internacional responsável pela organização e realização de eventos
esportivos que envolvam mais de uma deficiência. São membros do Comitê a ISMWSF, ISOD, CP-ISRA,
IBSA, INAS-FID e mais 160 Comitês Paraolímpicos Nacionais.
Em 2000, durante os Jogos Paraolímpicos de Sydney, foi assinado um acordo de cooperação entre o IPC
e o Comitê Olímpico Internacional, garantindo a colaboração entre as duas entidades. Em 2001, outro
acordo foi assinado assegurando que os Jogos Paraolímpicos seriam sempre realizados na mesma
cidade e com a mesma organização dos Jogos Olímpicos.
JOGOS PARAOLÍMPICOS
Em 1960, foram realizados os primeiros Jogos Paraolímpicos. Estes Jogos tiveram como cidade sede
Roma e aconteceram logo após os Jogos Olímpicos – realizados também na Itália. Desde então, já foram
realizadas mais dez Paraolimpíadas. No quadro abaixo, estão especificadas as cidades que acolheram o
evento, o número de participantes e a quantidade de países envolvidos.
Ano
Cidade
País
Nº de atletas
Nº de países
1960
Roma
Itália
400
23
1964
Tóquio
Japão
390
22
1968
Tel Aviv
Israel
750
29
1972
Heidelberg
Alemanha
1.000
44
1976
Toronto
Canadá
1.600
42
1980
Arnhem
Holanda
2.500
42
Nova Iorque
Estados Unidos
4.080
42
Stoke Mandeville
Inglaterra
1988
Seul
Coréia do Sul
3.053
61
1992
Barcelona
Espanha
3.020
82
1996
Atlanta
Estados Unidos
3.195
103
2000
Sydney
Austrália
3.843
123
2004
Atenas
Grécia
4.000
142
1984
As Paraolimpíadas de Atenas aconteceram nos dias 17 e 28 de setembro de 2004 e reuniram quatro mil
atletas de 142 países. Além disso, a cidade recebeu cerca de três mil jornalistas e fotógrafos; 1.000
técnicos e arbitrários; 2.000 apoios de delegação; 2.500 convidados oficiais e 35.000 pessoas
encarregadas pela organização dos jogos, sendo que, desse total, 1.500 foram voluntários.
Hoje, são disputadas 19 modalidades nos Jogos Paraolímpicos de verão. São elas: tiro com arco,
atletismo, bocha, ciclismo, hipismo, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, judô, halterofilismo, tiro,
natação, tênis de mesa, vôlei, basquete em cadeira de rodas, esgrima, rugby, tênis e iatismo. Já nos
Jogos Paraolímpicos de Inverno, são disputadas as modalidades de esqui, esqui nórdico, hockey,
wheelchair curling , dança em cadeira de rodas e bowls.
O PARADESPORTO NO BRASIL
Há 45 anos surgiam no Brasil as primeiras entidades com o objetivo de desenvolver o esporte para
pessoas portadoras de deficiência. Assim, em 1958, foi fundado o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro;
sendo seguido pelo Clube dos Paraplégicos de São Paulo, em São Paulo. Os precursores deste
movimento foram Robson de Almeida Sampaio e Sérgio Delgrande. Um ano depois, em 1959, aconteceu
a primeira competição de atletas portadores de deficiência em nosso país. Foi um jogo de basquete em
cadeira de rodas que reuniu as equipes do Rio de Janeiro e São Paulo.
Foi por meio do basquete que se iniciou a prática esportiva para pessoas portadoras de deficiência no
Brasil. Com o tempo, outras modalidades foram incorporadas e surgiu a necessidade da criação de uma
entidade que organizasse o paradesporto nacionalmente; uma entidade que falasse numa única voz com
as organizações internacionais.
Assim, em 1975, foi fundada a Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE). A ANDE já
nasceu com um desafio: realizar os Jogos Para-panamericanos de 1977. Era preciso uma entidade capaz
de responder e acompanhar o crescimento do esporte adaptado brasileiro. Dessa maneira, a ANDE
acolheu todas as áreas de deficiência.
Entretanto, a exemplo do que aconteceu internacionalmente, o desenvolvimento do paradesporto nacional
e o aumento expressivo do número de atletas e de modalidades fomentadas exigiu que a estrutura, até
então formatada, fosse reestruturada. Assim, em 1984, são criadas a Associação Brasileira de Desporto
para Cegos (ABDC) e a Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas (ABRADECAR). Como
o próprio nome já diz, estas duas associações surgem com o intuito de organizar, desenvolver e fomentar
o esporte praticado por atletas cegos e em cadeira de rodas, respectivamente.
A ANDE ficaria, ainda, até a década de 90, responsável pelas outras áreas de deficiência. No entanto, em
1990, é criada a Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA) e, em 1995, a Associação
Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais (ABDEM). Hoje, a ANDE organiza os esportes para
paralisados cerebrais e les outres. Até então, o paradesporto no Brasil era desenvolvido por meio de
campeonatos regionais e nacionais; entretanto de forma bastante precária devido à falta de recursos para
investir na realização de grandes eventos.
Em 1995, as cinco entidades nacionais de administração do paradesporto (ANDE, ABDC, ABRADECAR,
ABDA e ABDEM) se unem e criam o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). O CPB, a partir de então, é o
órgão responsável pela organização de eventos nacionais, que envolvam mais de uma deficiência, bem
como a entidade que, por dever, envia os nossos paratletas aos campeonatos sancionados pelo Comitê
Paraolímpico Internacional (IPC).
Neste mesmo ano e em 1996, com o apoio do Governo Federal, principalmente do Ministério
Extraordinário dos Esportes, e de várias empresas públicas e privadas, são realizados os Jogos
Brasileiros Paradesportivos. A primeira edição do evento reuniu em Goiânia cerca de 700 atletas cegos,
cadeirantes, amputados, paralisados cerebrais, deficientes metais e les outres. Já os II Jogos Brasileiros
Paradesportivos aconteceram no Rio de Janeiro e foram seletivos para as Paraolimpíadas de Atlanta. A
competição contou com a participação de artistas, esportistas olímpicos, do Ministro Pelé e com a criação
de um Hino em homenagem aos atletas paraolímpicos brasileiros.
Em 2001, foi sancionada a Lei 10.264 (Lei Agnelo-Piva) que estabelece que 2% da arrecadação bruta dos
prêmios das loterias federais sejam repassados aos comitês olímpicos e paraolímpicos brasileiros. Deste
montante, 15% dos recursos são direcionados ao CPB e devem ser investidos na formação, preparação
técnica, manutenção e locomoção dos atletas aos locais de competição.
Assim, o esporte paraolímpico no Brasil conta com uma receita fixa de cerca de R$ 10 milhões por ano e
está crescendo e se desenvolvendo tecnicamente. Hoje, esporte adaptado também é sinônimo de esporte
de alto rendimento em nosso país. Todo este investimento deve ser revertido em medalhas nas
Paraolimpíadas de Atenas, em 2004.
BRASIL NOS JOGOS PARAOLÍMPICOS
O Brasil foi representado pela primeira vez em Paraolimpíadas, nos jogos de Heidelberg (Alemanha), em
1972. Entretanto, as primeiras medalhas somente viriam quatro anos depois, nos Jogos Paraolímpicos de
Toronto, Canadá. Foram duas medalhas de prata, conquistadas na bocha, pelos atletas Robson Sampaio
e Luís Carlos “Curtinho”. Nas Paraolimpíadas de Arnhem, Holanda, o Brasil não conquistou nenhuma
medalha, sendo representado somente pelo time masculino de basquete em cadeira de rodas.
Em 1984, as competições dos Jogos Paraolímpicos foram divididas em duas cidades: Nova Iorque (EUA)
e Stoke Mandeville (Inglaterra). Em Nova Iorque foram realizadas as provas para atletas cegos,
paralisados cerebrais e amputados. Já em Stoke Mandeville aconteceram as competições dos atletas em
cadeira de rodas. Esta foi a melhor participação brasileira em jogos paraolímpicos, conquistando 28
medalhas (sete de ouro, 17 de prata e quatro de bronze).
Em Seul (1988), os atletas paraolímpicos do Brasil ganharam de 27 medalhas e, com isso, alcançaram a
25ª colocação entre os 61 países participantes. No total foram quatro medalhas de ouro, dez de prata e
13 de bronze.
Em 1992, aconteceram os Jogos Paraolímpicos de Barcelona e o Brasil não manteve a quantidade de
medalhas conquistadas na competição anterior. Na Espanha, os atletas brasileiros ganharam apenas sete
medalhas, sendo três de ouro e quatro de bronze. No entanto, voltamos para casa com dois recordes
mundiais, conquistados pelos atletas de atletismo Luiz Cláudio Pereira e Suely Guimarães. Com isso o
Brasil terminou em 30° lugar da competição, entre os 82 países participantes.
Já em Atlanta, em 1996, a quantidade de medalhas conquistadas pelos nossos paratletas voltou a subir.
No total, o Brasil subiu 21 vezes ao pódio, sendo que por duas vezes foi tocado o nosso Hino Nacional.
Foram duas medalhas de ouro, seis de prata e 13 de bronze. Participaram destes Jogos Paraolímpicos 58
atletas brasileiros, que alcançaram a 37ª posição entre os 103 países participantes.
Em 2000, nos Jogos Paraolímpicos de Sydney a delegação do Brasil fez uma linda campanha. Foram
quebrados quatro recordes mundiais no atletismo com as atletas Roseane Santos (Rosinha) e Ádria
Rocha. No total, os atletas brasileiros conquistaram 22 medalhas (seis de ouro, dez de prata e seis de
bronze) e alcançaram a 24ª colocação entre os 123 países que atenderam à competição. No geral, esta
foi a melhor participação brasileira em Paraolimpíadas desde os Jogos de 1984, que aconteceram em
Nova Iorque e Stoke Mandeville.
Os atletas paraolímpicos brasileiros estão de parabéns! Em 2004, nos jogos de Atenas, eles quebraram o
recorde de medalhas conquistadas pelo nosso País. Foram 33 conquistas, 14 medalhas de ouro, 12 de
prata e sete de bronze; além de sete recordes mundiais e dois paraolímpicos.
O Brasil foi representado nos jogos de Atenas por 13 modalidades e alcançou recordes louváveis, como o
da prova de lançamento de disco. Roseane Santos, conhecida como Rosinha, conquistou o recorde
mundial da prova, estabelecendo a marca de 31,73 metros na categoria F - 58.
Outro recordista mundial, que também se destacou, foi o velocista Antônio Delfino, o brasileiro
estabeleceu o tempo de 48s47 e consagrou-se como o atleta mais rápido do mundo na prova dos 400 m
rasos. Delfino também recebeu medalha de ouro na prova de 200m rasos.
No quadro abaixo estão relacionadas as Paraolimpíadas em que o Brasil participou e a relação de
medalhas conquistadas:
Ano
Cidade
País
Ouro
Prata
Bronze
Total
1972
Heidelberg
Alemanha
0
0
0
0
1976
Toronto
Canadá
0
2
0
2
1980
Arnhem
Holanda
0
0
0
0
Nova Iorque
EUA
1
3
2
28
Stoke Mandeville
Inglaterra
6
14
2
22
1988
Seul
Coréia do Sul
4
10
13
27
1992
Barcelona
Espanha
3
0
4
7
1996
Atlanta
EUA
2
6
13
21
2000
Sydney
Austrália
6
10
6
22
2004
Atenas
Grécia
14
12
7
33
1984
Queimados
Com o avanço da industrialização, e das descobertas do mundo, aumentou o
número de queimaduras pelo descuido e por acidentes causados pelos produtos
oriundos das novas tecnologias.Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,
revelam que no ano de 1986, 6.747 pessoas foram internadas por queimaduras,
dessas, 2.366 somente no Estado de São Paulo. Estes dados indicam apenas os
casos mais graves que necessitaram de internação, representando 30% dos
pacientes queimados. O restante, representado por queimaduras leves, são pessoas
atendidas e tratadas em ambulatórios, pronto-socorros, farmácias e nos domicílios.
A faixa etária mais atingida são as crianças até 5 anos de idade.Apesar dos dados
dramáticos, os constantes avanços da ciência médica reduziram significativamente,
o número de óbitos ocasionados pelas queimaduras (O’SULLIVAN-1993). Além das
novas técnicas médicas que vem surgindo, o processo de reabilitação também vem
se atualizando, tendo início na chegada do paciente ao serviço de saúde,
percorrendo seu cotidiano até alguns meses após a alta. O processo de reabilitação
compreende várias etapas e métodos terapêuticos variados, onde a meta é a
integração funcional, social e familiar do paciente (RUSSO,1976). Dentro deste
processo, se enquadra a fisioterapia; que usa de vários métodos e técnicas para
melhora do bem estar físico e psíquico do indivíduo (O’SULLIVAN,1993).
Queimadura Elétrica
É a lesão de pele (em alguns casos o tecido gorduroso, músculos e até ossos
podem estar comprometidos) causada pela transformação da energia radiante em
calor. Aqui, as queimaduras são invariavelmente graves podendo resultar até
mesmo em morte no local do acidente. Devido as peculariedades das lesões, as
queimaduras elétricas devem ser tratadas exclusivamente por cirurgiões plásticos
e suas equipes, de preferência em centros de referência em atendimentos a
queimados.
Queimaduras Químicas
São as lesões da pele decorrentes da ação cáustica aguada causada por um
determinado agente químico. Dependendo do agente, estas queimaduras se
revestem de grande importância e gravidade. Por isso é fundamental o mais rápido
atendimento por médicos especializados, de preferência em centros de referência.
São entretanto, mais raras em nosso meio.
Qual a primeira coisa a fazer diante de um acidentado com pequenas e
médias queimaduras?
Em qualquer tipo de acidente é muito importante que se observe se o acidentado
está respirando bem. Nas queimaduras mais comuns, que são causadas por
líquidos aquecidos, fogo, ou eletricidade, a melhor conduta é resfriar as lesões seja
através de água corrente (torneira, chuveiro, mangueira) ou por aposição de
toalhas e panos umedecidos em água gelada ou temperatura ambiente. Essa
medida interrompe o calor residual que permanece mesmo após o acidente
melhorando intensamente a dor. Em seguida, deve-se levar o acidentado a um
posto médico de preferência que tenha um cirurgião plástico de plantão.
Classificação de acordo com o grau da lesão
Queimadura de Primeiro Grau: A parte externa da epiderme, é o local
acometido pelo traumatismo e as lesões celulares. Devido a avascularização
da epiderme, não há sangramento. Há uma reação eritematosa, devido a
irritação da derme subjacente. Geralmente ocorre leve reação inflamatória.
Há sinal de dor ao toque. Não existe a formação de bolhas, e a cicatrização
acontece entre 2 a 5 dias. Há descamação da epiderme
externa;
Queimadura de Segundo Grau: classifica queimadura
de segundo grau como sendo aquela em que o epitélio e parte do corpo são
destruídos, mas não são poupados os apêndices cutâneos, a partir dos quais
a reepitelização pode ocorrer. Conforme a profundidade , as queimaduras de
segundo grau são subclassificadas como queimaduras de espessura parcial
superficiais ou profundas. A menos que existam condições ótimas para a
manutenção dos elementos dérmicos e apêndices epidérmicos, as
queimaduras de espessura parcial profundas podem converter-se em
necrose de espessura total.
Queimadura de Terceiro Grau: a queimadura de
terceiro grau é a lesão de toda a espessura da derme e, e a resolução ocorre
apenas pelo crescimento epitelial a partir das bordas da ferida ou por
enxerto de pele das áreas não queimadas do corpo.
Queimadura de Quarto Grau: a queimadura de
quarto grau é aquela que estende-se a tecidos subjacentes como a gordura
subcutânea, fáscia, músculo ou osso. Para o fechamento das feridas, além
do enxerto cutâneo, pode-se ter necessário a implantação de retalhos locais
ou regionais para cobertura definitiva.
Classificação de acordo com a gravidade da lesão pela American Burn
Association
1.Mínima:
a. < 15% da espessura parcial da superfície corporal(10% em crianças).
b.< 2% da espessura plena da superfície corporal(não envolvendo olhos,
orelhas, face ou períneo).
2.Moderada:
a. Todas com 15-25% da superfície corporal(10-20% em crianças).
b. 2-10% da espessura total da superfície corporal(não envolvendo olhos
orelhas, face ou períneo).
3.Maior:
a. Todas > 25% de espessura da superfície corporal(20% em criança);
ou = a 10% da espessura total da superfície corporal.
b. Todas as queimaduras de face, olhos, orelhas, pés.
c.Todas as elétricas.
d.Todas por inalação.
e. Todas as queimaduras com fratura ou trauma tecidual importante.
f. Todas as queimaduras com grande risco, secundário a idade ou doença.
Queimadura de Segundo Grau Profundo em MMII e Terceiro Grau emMMSS e Tronco. Um mês pós
trauma.
Queimadura de Segundo Grau Superficial. Segundo dia pós trauma. Notar a grande área edemaciada.
Cinesioterapia durante Balneoterapia em queimadura de Terceiro Grau.
Queimadura de Segundo Grau Profundo em MMII e Terceiro Grau em MMSS e Tronco. 45 dias pós
trauma, pós enxertia.
Metas do tratamento fisioterapêutico
Com base nas avaliações, na intensidade e grau da queimadura, no estado de saúde atual do paciente,
sua idade e suas condições físicas e mentais, o prognóstico para tal paciente será determinado pela
equipe de tratamento de queimaduras.
O tratamento reabilitativo e fisioterápico são contingentes com o prognóstico e potencial do paciente. É
difícil determinar metas específicas por causa da natureza variada das lesões, porém, as metas típicas
que precisam ser estabelecidas pelo fisioterapeuta são:
-Obter uma ferida limpa por queimadura, para o desenvolvimento da cicatrização e aplicação de enxerto;
-Manter a amplitude de movimentos;
-Impedir complicações ou reduzir as contraturas cicatriciais;
-Impedir as complicações pulmonares;
-Promover a independência na deambulação;
-Promover a independência nas atividades de vida diária;
-Melhorar a resistência e a força cardiovascular;
-Viabilizar o retorno do paciente ao funcionamento normal, e á vida preexistente à lesão por queimadura.
É importante destacar que se o paciente realizar uma aplicação de enxerto, este não poderá realizar o
tratamento fisioterapêutico no primeiro momento e ele precisará aguardar a total cicatrização e
recuperação cirúrgica a fim de iniciar a fisioterapia. Há duas preocupações principais na determinação da
seriedade e
quantidade de área queimada. A primeira é o percentual da área da superfície corporal total que foi
queimada. Outra é a profundidade da área queimada.
O paciente queimado precisa concentrar toda a sua energia para que se tente ressuscitá-lo. Há uma
exigência nutricional muito grande
apresentada pelo organismo por conta do seu hipermetabolismo, e, dependendo do caso, o fisioterapeuta
não pode manipular esse paciente, caso contrário, ele irá hiperventilá-lo e complicar sua parte
respiratória. Porém, este pode atuar no posicionamento, elevando o braço por exemplo, em abdução de
90º para evitar a contratura na região axilar ou o mantendo em extensão cervical para evitar a
contratura nessa área. Vale resaltar que as regiões cervicais e axilares são as duas áreas de maior risco
e que mais deixam o paciente deformado. Com a queimadura o paciente perde a pele, que é a proteção
do seu corpo, então o primeiro passo a ser dado é a reposição hidroeletrolítica, ou seja, a hidratação do
paciente. Além
disso, o fisioterapeuta precisa dar uma atenção especial à hidratação da pele do paciente, utilizando
vários recursos, como por exemplo, óleos que tem por finalidade manté-la constantemente hidratada.
Uma forma de reduzir o risco da infecção é o trabalho da fisioterapia na redução do edema, que é fator
favorável à colonização bacteriana.
Tratamento Fisioterapêutico
O tratamento fisioterapêutico terá início no dia da admissão. No tratamento fisioterapêutico, vamos utilizar
os seguintes recursos, que serão detalhados posteriormente:
-Limpeza da ferida por queimadura (é necessário realizar limpeza da ferida a fim de evitar possíveis
processos infecciosos e também para que estas estejam preparadas para o processo de cicatrização);
-Hidroterapia (A hidroterapia é de grande importância a fim de manter a amplitude de movimentos
disponível do paciente. A água atua como um meio de flutuabilidade, para a redução do peso do membro,
e também serve para manter úmida a pele em processo de cicatrização, o que facilitará o movimento.
Enquanto o paciente estiver dentro da água, a amplitude de movimentos ativos e passivos precisa ser
monitorada e cuidadosamente documentada, para que fique assegurado que o paciente não esteja
perdendo amplitude de movimento);
-Exercícios ativos e passivos (O exercício ativo é encorajado em todas as áreas queimadas. Todas as
articulações, mesmo as das regiões não queimadas, devem passar por exercícios ativos de amplitude
integral. Exercícios ativos auxiliados e passivos deverão ser iniciados se o paciente não conseguir realizar
a total amplitude de movimentos com exercícios ativos);
-Posicionamento e imobilização das feridas por queimaduras (O posicionamento e imobilização têm início
no dia da admissão, exigindo cuidados e atenção constantes para que não ocorram contraturas. O
paciente está propenso ao desenvolvimento de contraturas devido a cicatrização e hipertrófica e a
formação
de colágeno através das articulações. Podem ser usadas, com grande eficácia, técnicas de facilitação
neuromuscular propioceptiva de contração-relaxamento).
Malhas Compressivas de Revestimentos
Tem o objetivo de evitar as cicatrizes heterotróficas.
Material: malha sintética sob medida, que exerce a pressão de 25mmHg sobre a fibrose e auxilia na
drenagem de edemas.
Deve-se manter essa malha por um período de 12 a 18 meses para cicatrização tecidual , com ajuste da
malha a cada 6 meses.
Fisiopatologia da malha
-provoca isquemia da cicatriz heterotrófica;
-obliteração dos vasos neoformados;
-formação de colágeno;
obs: deve associar o uso da malha a cinesioterapia.