sociedade cultural pe. nereu de castro teixeira curso de canto

Transcrição

sociedade cultural pe. nereu de castro teixeira curso de canto
SOCIEDADE CULTURAL PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA
CURSO DE CANTO GREGORIANO
DISCIPLINA: TONS SALMÓDICOS
40 ANO DE CANTO GREGORIANO
BELO HORIZONTE, MG
PROFESSOR: PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA
1
INTRODUÇÃO
I - NOÇÕES GERAIS DE SALMODIA E CANTOS SALMÓDICOS
Existem diferentes maneiras de cantar um Salmo em gregoriano. Levando-se em
consideração a estrutura
e a situação primitiva do serviço litúrgico da Igreja cristã,
encontramos três elementos que são:
• as LEITURAS;
• os CÂNTICOS;
• as ORAÇÕES.
Constatando-se também que o texto dos cantos litúrgicos são em sua quase totalidade tirados
do Saltério hebraico (os 150 salmos de Davi), pode-se dizer, com razão, que o dito Saltério é a
"verdadeira coletânea" dos cantos cristãos. A estes salmos se acrescentam os chamados Cânticos do
Novo Testamento: Magnificat (Vésperas) de Maria (Lc 1, 46-55); Benedictus (Laudes) de
Zacarias (Lc 1, 67-79); Nunc dimittis (Completas) de Simeão (Lc 2,28-32).
11 - DIFERENTES
MANEIRAS
DE CANTAR UM SALMO
A Tradição litúrgica nos oferece três maneiras de cantar o Salmo:
1. maneira direta (ou contínua) (in directum): O Salmo é cantado numa sequência contínua, por
um solista ou por todos, do primeiro ao último versículo sem intercalar o refrão. A expressão latina
o diz bem "in directum" (diretamente, continuamente, sem interrupção). O único exemplo são os
TRACTUS (após a primeira leitura; cfr.GT 144; GT 673; GT 465).
2. maneira responsorial: o solista (ou grupo) canta os versos de um Salmo ou certo número de
versos e a assembléia ou a Schola Cantorum responde, depois de cada versículo, intercalando algum
verso com refrão, ou mesmo alguma frase já entoada pelo solista no começo do Salmo. Os exemplos
são frequentes na Liturgia das Horas, como na Completas o responsório breve In manus tuas, cfr.
repertório do coral gregoriano # Ostende, DÓmÍne, 17 Manual Novo - In manus: 138.
3. maneira antifonal ou alternada: menos antigo que os precedentes, este sistema salmódico logo
teve um grande desenvolvimento no Oriente e Ocidente, especialmente nos mosteiros e conventos
onde a Liturgia das Horas é toda cantada durante o dia em coro. Ele consiste na alternância da
assembléia ou da Schola I Coro, cada lado cantando, alternadamente é claro, o salmo, como que
fazendo eco um para o outro. Esta salmodia recebeu logo o nome de antifOnica, do greco "anti +
fonein" = fazer ressoar face a face, cada um por sua vez, como um eco. "Antifoné" = voz contra
voz, voz recíproca, alternada. Um refrão é cantado antes e depois do salmo. Este modo é o mais
comum entre o responsorial e antifonal. Ex.: Ordo Exsequiarum, GT 678; Completas: M. 166.
m - O LIVRO
DOS SALMOS EM GERAL
2
Girard, Marc em seu livro O LIVRO DOS SALMOS, espelho da vida do povo, usa uma
tríplice imagem para enxergar-se melhor a riqueza contida neste patrimônio universal do Saltério:
1. uma reserva florestal: densa, escura, com o risco de se perder dentro dela, ao mesmo
tempo atraente e fascinante, por causa do potencial de vida que ela esconde. Aí encontramos todo
tipo de vida, quer vida rara, quer familiar à gente. Não é à toa que os índios chamam a selva de "a
matriz de toda e qualquer vida".
2. um comedouro para passarinhos: os salmos nunca deixaram de alimentar a oração dos
judeus e dos cristãos, sinal de seu poder nutritivo, alimento básico do povo de Deus. São eles um
alimento de libertação tanto coletiva quanto individual. Veja-se o SI 55, 7-12.
3. um espelho fiel: cada um de nós, inclusive cada comunidade, pode se olhar nos Salmos e
assim como num espelho, eles devolvem o retrato fiel do que somos aqui e agora e também do
ideal que Deus quer para nós e que temos que buscar alcançar.
IV - NATUREZA GLOBAL DO SALTÉRIO
Uma coleção das mais belas orações do povo de Israel da qual este mesmo povo se servia
regularmente sobretudo em suas assembléias da comunidade. É uma coleção que recolhe mais ou
menos seis séculos de vida comunitária em Israel.
Um livro de poesia, enquanto que nada pode exprimir melhor os sentimentos e as emoções
do que a poesia, o poema, tendo sido compostos para serem cantados, com ou sem instrumentos
musicais. Por serem poesia não seguem necessariamente uma sequência lógica dos acontecimentos,
mas recorrem muito mais à imaginação e à intuição simbólica: "como a erva do telhado, que seca,
e ninguém a corta" (SI 129,6) e "à sua frente, vem um fogo devorador, e ao seu redor, tempestade
violenta" (S 1 50,). A linguagem simbólica dos Salmos tem o poder de refletir, à semelhança do
espelho fiel, a experiência mais profunda e universal da humanidade.
Uma Palavra de homem ou Palavra de Deus? Na maioria dos Salmos fala um pobre
gritando a sua miséria. Em outros, a comunidade canta os louvores de Deus. Os Salmos, com toda a
Bíblia, são palavras de homens, na experiência rica de suas circunstâncias.
Seus autores
exprimiram com sinceridade, às vezes ''brutal'', o que estavam pensando, sentindo, vivendo. Porém,
são também palavra de Deus, ele como que "nos empresta sua palavra" a partir da experiência do
seu povo e, por ele, da humanidade inteira. Muitas vezes, na medida em que faltam palavras, a Bíblia
as põe na boca do povo, com uma profundidade incomparável. São fórmulas de que Deus se serve
para tratá-lo com familiaridade, como Pai, como saídas do coração humano, com o misterioso
poder de nutrir ainda hoje a oração comum de tanta gente.
Uma palavra que volta a ser de todo o povo, e não de uma elite, como era de todo o povo
de Israel, sobretudo dos mais pobres.
v - QUATRO
GRANDES FAMÍLIAS
DE SALMOS
V. 1. Quatro palavras-chaves, indicadas por verbos: o povo luta, o povo aprende, o povo se
maravilha, e o povo festeja. Esses verbos resumem as quatro grandes famílias dos Salmos:
Salmos de Libertação: o povo luta, enfrenta seus dramas, e problemas, crises,
conflitos, catástrofes e miséria humana.
Salmos de Instrução: o povo aprende, enriquece sua experiência, sendo a vida a
melhor das escolas, aprende a criticar as próprias escolhas morais, reforçar seu sistema de valores.
Salmos de Louvor: o povo se maravilha, a liberdade de sair de si mesmo e louvar,
encontrando o reflexo de Deus na beleza da natureza ou no progresso da pequena história, pessoal,
familiar e de todo o povo.
J
Salmos de Celebração da "Vida": o povo festeja, celebra em meio ao deserto da
provação da vida, ou das duras tempestades da vida cotidiana.
Em outras palavras: DRAMA / LIÇÃO / ADMIRAçÃO / FESTA.
V. 2. Alicerces bíblicos dos Salmos são os mesmos de toda a Bíblia, enquanto história da
salvação de Deus para com seu povo:
· Opressão-êxodo,
assim começa a história do povo eleito, com a passagem da
opressão para a libertação, o que depois passaria a ser perfeito na morte! ressurreição do Cristo, o
Messias Libertador;
· . Eleição-a1ianca,
uma vez sendo povo eleito, Deus faz com ele uma aliança,
sempre renovada, prefigurando a aliança "nova e eterna" do sangue do Cordeiro, o Servo Sofredor,
o Cordeiro de Deus. Tudo na história do povo eleito tem que ser visto, vivido, revisto, celebrado à
luz desta aliança e eleição;
· .. Criacão, enquanto Deus se manifesta a seu povo não apenas como o Criador da
natureza e do cosmos, e sobretudo do homem, mas também como o criador da história e do tempo,
autor de um plano de salvação tão misterioso quanto admirável. Cada vez que a comunidade cristã
se maravilha com o Senhor e as obras dele, está refazendo por sua conta a teologia bíblica da
criação;
· •.. Festa, sobretudo em ocasiões especiais a realçar a celebração, a festa, a alegria
da história da salvação. Grande número de relatos bíblicos são de festa: clã, tribo, família
(casamentos, nascimentos, revelações ...), feriados nacionais, festas populares. A oração pública em
Israel chegou a dar a tais manifestações de alegria um sentido religioso de suma importância.
Estes são ainda hoje, os alicerces da história de um povo, que sempre continua a querer
satisfazer suas necessidades fundamentais:
1. livrar-se dos problemas (89 Salmos: 3-7; 140-144, etc.);
2. deixar-se instruir (19 Salmos: 78; 50. 52-53; 95, etc.);
3. maravilhar-se com o que é belo e bom (25 Salmos: 29. 98-99);
4. fazer festa (17 Salmos: ligadas ao rei: 2, 72. 132; núpcias: 45; viajantes: 46. 48.
84. 121-122; colheita; 65. 67).
VI - PISTAS DE APLICAÇÃO
PRÁTICA
Situação geral dos Salmos, e o detalhe de cada um.
FAMÍLIA DE SALMOS
1. Salmos de Libertação
2. Salmos de Instrução
3. Salmos de Louvor
4. Salmos de Celebração
da "Vida"
PALAVRA - CRAVE
EVENTO BÍBLICO
CORRESPONDENTE
drama
opressão-êxodo
lição
eleição-aliança
admiração
criação
festa
ocasiões especiais
V11 - l:LASSlIfl<":A(,-'AU DA SALMUUlA
A Salmo dia pode ser considerada sobre diversos aspectos. Segundo estes aspectos ela pode
ser assim classificada:
vu.
1. Segundo o ESTILO MELÓDICO:
a)
b)
c)
d)
simples (exemplo: Completas M.166-168; Ritual dos Defuntos GT 678);
neumática (exemplo: Missa de Reqmem GT 669);
ornada ou solene (exemplo: GT 15);
melismática (exemplo: GT 673).
VU. 2. Segundo a ESTRUTURA INTERNA ou CADÊNCIA:
a) tônica, se baseada sobre o acento tônico (GT 679);
b) cursiva, se baseada no "cursus" latino (GT 22/ 343); 235
VU. 3. Segundo a SYNAXE LITÚRGICA (celebração litúrgica):
a) Salmodia da Missa (eucaristia, sacramentos);
b) Salmodia do Oficio Divino (Liturgia das Horas).
VU. 4. Segundo o MOMENTO em que ela é executada:
a)
b)
c)
(salmos cantados
graças).
Salmodia depois de uma Leitnra (Gradual, Trato, Resp ..);
Salmodia durante uma ação (SI. do Introito, Comunhão);
Salmodia simplesmente eucológica, i.é. independente de uma ação ou leitura
numa Hora Canônica; um Salmo cantado no momento final da missa como ação de
VllI - ESTRUTURA DAS FÓRMULAS SALMÓDICAS
Três são os elementos de que se compõem as fórmulas melódicas:
A. Entoação;
B. Tenor;
C. Cadência.
A. Entoação:
Serve para ligar o final da refrão (antífona) à corda de recitação do Salmo, a qual nos Modos
autênticos em geral é a quinta, e nos plagais a terça ou a quarta acima da tônica. Portanto, é um
inciso melódico destinado a tornar fácil a passagem de um canto para outro. Nos Tratos e nos
cantos sem refrão, ele serve apenas de introdução, mais ou menos solene. GT 686; 687; 688; cfr.
Nunc dimittis # 140, p.170 (tenor: Si)
A entoação tem o mesmo estilo do gênero salmódico à qual ela pertence, sendo sempre
relativamente curta; nos cantos simples, ela contém uma, duas ou no máximo três sílabas.
Alguns tons salmódicos, silábicos ou ornados, têm duas entoações diferentes, uma para a
primeira, e outra para a segunda parte do versículo. Mas na Salmodia simples na Liturgia das Horas
(Oficio), existe apenas uma entoação. GT 669; 216; 219.
B. Tenor:
E a corda sobre a qual se recita ou se canta a parte do texto compreendida entre a entoação e
a cadência. Em época recente, esta corda de recitação recebeu o nome de dominante (!)
A recitação salmódica se faz sempre sobre uma corda mais elevada (terça, quarta, quinta) da
tônica modal, e ao redor dela a voz executa muitas vezes ondulações melódicas dando relevo aos
acentos principais do texto. Esses acentos, como sabemos, eram para os antigos elevações da voz.
Pode ser:
1. tonal ou subtonal, conforme a nota que está abaixo do tenor for um tom ou um semi-tom;
2. único, duplo ou triplo, conforme houver, na recitação do versículo uma, duas ou três
cordas de recitação.
GT 612 = La - Sol- Fa
252 = La - Fa
216 (Quasimodo)
C. Cadência:
Ela se constitui pelo traçado melódico que termina a primeira e a segunda parte do versículo.
Pode ser então:
• mediana (ou mediante); também chamada intermediária; ou final;
• a cadência mediana é suspensiva, e a final é conclusiva;
• podem ser tônicas ou cursivas, conforme forem baseadas nos acentos (tônicas) ou nos cursus
literário (cursiva); GT 235 (cursiva)
• as cadências cursivas somente são finais; as tônicas podem ser finais ou medianas; GT 235 e
264
• as cadências cursivas se encontram somente na Salmodia solene e ornada.
SALMODIA E CANTOS ANTIFÔNICOS
L Observação inicial
Já falamos das três maneiras de cantar um salmo: direta, responsorial e antifonal (alternada).
Em nosso estudo, a maneira que vai nos ocupar é a terceira: salmodia antifõnica.
Lembrando suas características:
1° ) não há solo (solista);
2° ) os versículos são alternados pelas duas partes do Coro;
3° ) portanto é uma salmodia essencialmente coral;
4° ) o refrão tem seu nome do próprio sistema salmódico: antífona, ou seja,
A (antífona) - B (salmo) - A' (repetição da antífona)
li. Salmodia e cantos antifônicos da Missa
lI.l. Antífonas do INTROITO e da cOMUNHÃo
a) estes três cantos acompanham uma ação: ação de entrar, introito; ação de ir comungar,
comunhão; ação de apresentar as ofertas, ofertório.
b) portanto, são dois cantos processionais, terminada a ação (procissão) eles devem também
terminar; serão três cantos caso haja procissão das ofertas;
c) o canto de entrada, abre a sinaxe litúrgica, como prelúdio dando o sentido da festa e do mistério
da celebração, mostrando aos fiéis os sentimentos de fé e piedade que devem marcar sua atitude de
celebrar, contendo a idéia central da celebração dentro da festa e do ano litúrgico. É uma espécie de
fio condutor da ação celebrativa;
o
d) o canto de comunhão, fecha a celebração, tendo uma relação direta ou indireta com a
Eucaristia, e com o fruto da comunhão no coração do fiel; às vezes, contém também uma alusão à
festa do dia. Trata-se de um canto mais de louvor, ação de graças. mais recolhido e calmo do que o
introito;
e) o estilo dos introitos e das comunhões, deixadas de lado as diferenças apontadas, são um meio
termo entre o estilo silábico e o melismático. As "Communio", normalmente, são menos ricas de
grupos neumáticos do que os Introitos, também pelo lugar que ocupam na celebração.
g) o Introito é sempre seguido de um salmo, mais ou menos longo dependendo da duração da
procissão (ação); a Communio deveria também ser seguida do salmo, mas nem sempre isso acontece,
por várias razões.
D.2. Os oito Tons da Salmodia dos Introitos e Comunhões
Na época clássica da Liturgia (I. Média, por aí), os oito Tons aplicados ao salmo do Introito
e da Comunhão eram os mesmos, evidentemente quando o Modo do Introito e Comunhão era o
mesmo, a supressão, portanto, do Salmo na Comunhão não trouxe prejuízo nenhum para o
repertório dos Tons gregorianos. Estes Tons são do estilo das antífonas que os precedem, i.é.
neumáticos e fazem parte da Salmodia Solene e clássica do canto litúrgico romano. Ficaram
substancialmente intactos ao longo dos séculos e os encontramos tais quais estão nos
documentos mais antigos. Pode-se pois afirmar com toda certeza: os Tons Salmódicos dos
Introitos, como aparecem na Edição Vaticana, são verdadeiramente tradicionais.
No manuscrito 121 de Einsiedeln cada Introito é seguido de seu versículo salmódico,
enquanto que os versículos das Comunhões se encontram no fim do livro, precedidos da "incipit"de
cada Comunhão.
IlL Salmodia e cantos antifônicos do Oficio (Liturgia das Horas)
IlLl. As antífonas do Oficio
Levando em conta a fonte de onde foram tirados os textos das anífonas, elas podem ser
organizadas em quatro classes:
a) salmódicas, GT 700 - Sitívitánima mea Ps. 41,3.
b) bíblicas (não salmódicas), GT 689 - Audívivocem Apoc. 14, 13; GT 676 - Lux aetérna.
c) eclesiásticas (compostas por autores da igreja), GT 141 - Glória, laus - não é antífona, mas
apenas um exemplo de testo "eclesiástico". Em geral todos os Hinos, sequências são textos
eclesiásticos: GT 159 - Redémptor; GT 168 - Ubi cáritas; GT 170 - Pange língua.
d) históricas (tiradas das "Paixões" e "Vida dos santos") GT 861 - Vir Dei (Festa de S. Bento).
É necessário acrescentar a estas as chamadas antífonas aleluiáticas, aquelas compostas
unicamente da palavra alleluia, cantadas no Tempo pascal. Note-se que, no mesmo T. pascal, todas
as antífonas devem terminar por um ou mais alleluias, exeção feita para o Oficio dos Mortos. (cfr.
GT 825 - 827) para antífonas da Missa.
IlL2. Os Tons da Salmodia simples do Oficio
A Salmodia simples do Oficio se desenvolveu sobretudo nas comunidades monásticas do
Oriente e do Ocidente, desde os primeiros séculos do cristianismo. Não há documentos que
informem exatamente sobre o caráter desta Salmodia, nem sobre os Tons empregados no momento
de sua aparição. Os documentos mais antigos são do século IX. Assim Aureliano de Réomé (século
'/
IX) fala sobre uma salmodia da Missa e do Ofício: ele diz coisas interessantes mas se limita quase
só a considerações gerais sem informar sobre a maneira concreta e esquemática das fórmulas
dos Tons Salmódicos. Ele dá também conselhos sobre como cantar bem os salmos, porém nada
sobre os Tons. Outros autores, como Hucbald, Réginon de Prum e os Tonários (Livro Litúrgico
contendo os Tons Salmódicos) também trazem indicações sobre os Salmos, inclusive sobre os Tons
da salmo dia.
a) os elemeutos da salmodia simples do Oficio são os mesmos de outras salmodias: entoação,
tenor, cadência. Somente que os elementos são muito simples como o exige o estilo silábico das
antífonas e o caráter coral cotidiano.
b) a salmodia simples do Oficio é calcada sobre a Salmodia ornada dos intróitos, segundo análise
dos mais antigos documentos:
- tenor (corda de recitação) é a mesma;
- tanto tenor quanto os outros elementos são uma redução e simplificação da salmo dia
dos intróitos;
- diferentemente da Missa e dos Responsórios de Natal e Vigília Pascal (GT 185 - Iubilate), a
salmo dia das Horas canônicas aparece, na sua origem, muito variável, mostrando a ausência de uma
prática uniforme e universal;
- a fixação das fórmulas e a prática uniforme foram se configurando pouco a pouco,
podendo-se dizer, com certeza, que já estavam realizadas no século xn, pois as variantes que
aparecem nos Antifonários dos séculos XI - XII e nos seguintes se reduzem a muito pouca coisa;
- certamente, neste trabalho de elaboração e de fixação, houve um estágio intermediário
entre as fórmulas de intróito e as do Oficio, estágio este que é representado, mais ou menos, pelos
Tons salmódicos dos Cânticos Evangélicos (Magnificat, Benedíctus M.73 I 104 e Nunc Dimittis M.
140 I 170). Cfr. Manual do Repertório Gregoriano. Estes Tons são mais ornados que os Tons
simples das Horas canônicas, e seu estilo se conforma bem ao de suas respectivas antífonas.
TONS SALMÓDICOS DA EDIÇÃO VATICANA
(Tons eclesiásticos tradicionais)
L Observações
preliminares
a) No Saltério Monástico (pSM 1981) se encontra todo o elenco dos Tons salmódicos usados
atualmente no canto do Oficio:
- tons do OCTOECHOS, tradicionalmente usados e encontrados nos livros litúrgicos
precedentes ao PsM;
- tons ARCAICOS e PRE-OCTOECHOS, existentes antes da reforma carolíngia do século
VIII.
b) No Aniphonale Romanum (AR 1924) se encontram, no estilo daqueles do Octoechos, outros
TRÊs TONS salmódicos, diretamente ligados à uma Antífona:
- Tom direto para a salmodia direta;
- Tom pascal, usado até a reforma litúrgica de 1964 para a Hora Canônica da Terça do dia de
Páscoa, também nos salmos sem antífona e Cântico de Simeão no Oficio da Páscoa até as Vésperas
do Dom. in Albis.
- Tom dos defuntos, usado nas Completas dos fiéis defuntos.
c) O tom salmódico é uma fórmula fixa sobre a qual é aplicado o texto de um salmo.
Originariamente, era constituído de uma estrutura monocordal com uma das três cordas-mãe: DO,
RE, MI, sobre as quais o salmista executava o texto. Daí nasceu a breve composição modal do
"ritornello" (refrão) na salmodia responsorial (Ex.: GT 683 Ps. 88, Ordo Exsequiarum; Ps 129, GT 681,
8
etc.) e da Antífona na salmodia antifonada (GT 678 - 680; Manual p. 165 - 168 - Completas). Com o
aparecimento desta última o tom salmódico se estabilizou em uma fórmula esquematizada
substancialmente igual à que cantamos hoje (Tons salmódicos da Vaticana, tons eclesiásticos tradicionais).
d) Nas edições atuais de gregoriano no início de cada Antífona, além da indicação do tom salmódico,
vem colocada uma letra alfabética para assinalar a terminação a ser escolhida. Esta letra corresponde
ao último som (nota) da terminação ou diferença do salmo. Às vezes acrescenta-se um * acima da
letra indicando que deve ser acrescentada uma nota superior (aguda) para poder ligar com a
entoação da Antífona.
e) Existem hoje NOVE TONS SALMÓDICOS dos quais:
= OITO são considerados regulares e normais (estrutura clássica da salmodia); Octoechos
= UM (1) considerado irregular (estrutura própria: 2 cordas de recitação, uma para o
primeiro e outra para o segundo hemistíquio) (Tom Peregrino).
f) As cadências finais têm várias terminações diferentes nos tons regulares, conforme a variedade de
entoação das Antífonas para que a ligação melódica seja bem feita e facilitada;
g) Sendo cadências tônicas, silábicas e portanto métricas, o lugar dos acentos tônicos e secundários
tem que ser bem observado, com aparecimento de notas suplementares em função do texto, às vezes
com notas de preparação do acento. Por serem métricas é possível uma adaptação ao vernáculo,
guardando-se a natureza dos acentos nas cadências.
h) A flexa acontece só no primeiro hemistíquio, quando o texto é longo, podendo-se fazê-la com
simples episema em recto tono.
No GT encontram-se exemplos tirados do Oficio dos Fiéis Defuntos:
• GT 688: Miserere mei Deus (Salmo 50);
• GT 691: Memento, Dómine, David (Salmo 131);
• GT 699: Confitémini Dómino (Salmo 117).
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