Normas para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas
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Normas para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas
Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Normas para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/Aids Banco Mundia 2008 Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Normas para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/Aids Nora Ellen Groce, PhD Director, Leonard Chehsire Centre on Disability and Inclusive Development University College London email: [email protected] Reshma Trasi, MBBS, MHA, MPH HIV/AIDS & Development Advisor International Center for Research on Women Washington, DC Aisha Yousafzai, PhD Assistant Professor Division of Women and Child Health Aga Kahn University Karachi, Pakistan World Bank Global AIDS Program Website URL:www.worldbank.org/AIDS Disability & Development, Social Protection & Labor, Human Development Website URL:www.worldbank.org/disability Este documento de pesquisa foi preparado como parte do Programa de Ação Global contra o HIV/AIDS em colaboração com a Equipe de Deficiência e Desenvolvimento do Banco Mundial. A pesquisa foi dirigida por Nora Groce, PhD da Leonard Cheshire Centre on Disability and Inclusive Development, University College London em colaboração com Reshma Trasi, MBBS, MHA, MPH, International Center for Research on Women, Washington, EUA, e Aisha Yousafzai, PhD, Departmento de Pediatria e Saúde Infantil, Aga Khan University, Karachi, Paquistão. Os autores desejam agradecer Charlotte McClain-Nhlapo, LLM por sua ajuda e apoio à realização deste projeto, e Karen Peffley pela assistência prestada à produção. As descobertas, interpretações e conclusões expressas neste documento são dos autores e não refletem necessariamente as opiniões do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial e suas organizações afiliadas nem as opiniões dos Diretores Executivos do Banco Mundial ou dos governos que representam. Photo Credit: Alan Abraham, Abraham Photography Studio, India <www.alanabraham.com> Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/Aids NE Groce, R Trasi, AK Yousafzai. Introdução Este artigo tem por objetivo apresentar as normas para a inclusão de Pessoas com Deficiência(PCDs) nas campanhas contra o HIV/Aids. Baseia-se na síntese de documentos reunidos durante a Pesquisa Global sobre HIV/Aids e Deficiência (Global Survey on HIV/AIDS and Disability) conduzida pelo Banco Mundial e a Universidade Yale (Banco Mundial: 2004). As estratégias de intervenções aqui propostas oferecem um modelo a partir do qual os grupos representativos, educadores e encarregados dos planos de ação sobre Deficiência e HIV/Aids podem começar a elaborar intervenções e mecanismos de apoio para populações com Deficiência que estejam “em risco”. Até o momento, foram poucas as intervenções em HIV/Aids que visaram diretamente (ou incluíram indiretamente) Pessoas com Deficiência, e quase nenhuma destas intervenções foram monitoradas ou avaliadas de maneira sistemática. O modelo aqui proposto, portanto, pretende ser apenas uma “primeira etapa” em uma série de publicações sobre os vários aspectos de kits de ferramentas e intervenções em HIV/Aids que incluam a Deficiência. Propomos aqui uma tipologia de três partes, a qual constitui uma continuidade de inclusões e acesso a serviços de HIV/Aids que abrangem: I) a inclusão de Pessoas com Deficiência em campanhas gerais contra o HIV/Aids a um custo baixo ou sem nenhum custo adicional aos programas atualmente existentes, II) programas nos quais possam se fazer modificações secundárias ou moderadas em programas já existentes, garantindo maior participação de Pessoas com Deficiênciaa um custo reativamente baixo e III) campanhas visando pessoas com Deficiência que requerem uma alocação específica de recursos. (Também deve ser observado que mesmo tais campanhas específicas de Deficiência não são excepcionalmente caras nem exaurem recursos de maneira extraordinária). Os autores do presente estudo agradeceriam a opinião de pessoas ou grupos que estão tentando planejar intervenções em base a este modelo proposto. Também agradeceríamos receber comentários de colegas que planejaram outros modelos de intervenção em HIV/Aids para populações com Deficiência ou que tenham identificado materiais de treinamento em HIV/Aids específicos para pessoas sem Deficiência ou materiais relacionados que tenham sido eficazes quando aplicados a populações com Deficiência. Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Fundamentos Estima-se que 335 milhões de pessoas vivam com alguma limitação física, sensorial (cegueira, surdez) ou intelectual pré-existente e que outros 450 milhões de pessoas em todo o mundo possuam problemas mentais, neurológicos ou comportamentais. Elas estão entre as pessoas mais pobres e marginalizadas do planeta. Oitenta por cento delas moram em países em desenvolvimento e uma proporção ainda maior vive em áreas rurais. (Elwan 1999; UN Enable) Embora os fatores de risco associados à Deficiência – extrema pobreza, estigma e marginalização social, taxas de desemprego extremamente altas e falta de acesso à educação e saúde – serem similares àqueles do HIV/Aids, não houve praticamente quase nenhuma preocupação quanto ao impacto da epidemia de Aids nesta população tão grande e amplamente negligenciada. Em 2004, o Banco Mundial, trabalhando em associação com a Professora Nora Groce de Faculdade de Saúde Pública de Yale (World Bank 2004), conduziu uma pesquisa mundial sobre HIV/Aids e Deficiência com o objetivo de determinar especificamente o impacto da epidemia de Aids em Pessoas com Deficiência em todo o mundo. Os detalhes específicos das várias intervenções identificadas encontram-se na sua totalidade no website dessa pesquisa (http://globalsurvey.med.yale.edu). Mais de mil respostas provindas de 57 países permitiram aos pesquisadores concluírem que o impacto da epidemia de Aids é amplamente não reconhecido pelos grupos de intervenção e de assessoria da Aids. A possibilidade de as Pessoas com Deficiência serem afetadas por todos os fatores de risco do HIV/Aids é igual ou significativamente maior e, por isso, estas devem começar a ser incluídas em todas as campanhas contra a Aids. Os subgrupos dentro das populações com Deficiência (p.ex.: mulheres, adolescentes, membros de grupo étnicos e minorias com), correm um risco ainda maior (Banco Mundial: 2004; Yousafzai and Edwards 2004, Groce and Trasi 2004, Groce: 2005). Há várias razões pelas quais crianças, adolescentes e adultos que vivem com Deficiência passaram despercebidos nas campanhas contra o HIV/Aids. Entre elas está a idéia comum e errônea de que Pessoas com Deficiência não são sexualmente ativas, têm menor probabilidade de usar drogas ou bebidas alcoólicas e correm menos risco de atos violentos e estupro que pessoas semDeficiência. O estigma e a marginalização, a pobreza, o analfabetismo, o desemprego e a menor probabilidade de que as pessoas com Deficiência venham a ser consideradas como possíveis cônjuges, diminuem significativamente a capacidade de muitos comDeficiência em todo mundo de virem a conseguir relações sexuais mais seguras. Além disso, em muitas comunidades, acreditar que as pessoas com Deficiência não venham a ser sexualmente ativas resulta em menos ou nenhuma educação sexual para adolescentes e adultos comDeficiência, limitando gravemente neles a capacidade de entender as mensagens de relações sexuais mais seguras e de encontrar o caminho para adotar comportamentos sexuais mais seguros. Os fatores de risco para pessoas com doenças mentais têm recebido mais atenção, mas a pesquisa ou a programação para esta população encontra-se significativamente mais atrasada que aquela disponível para a população em geral (Banco Mundial 2004). Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Carências Atuais que Dificultam a Intervenção em Populações com Deficiência Há uma série de perguntas sobre HIV/Aids e Deficiência que continua sem respostas. Qual a melhor forma de que as campanhas contra a Aids possam alcançar as pessoas com Deficiência? Elas deveriam ser incluídas em campanhas gerais contra a Aids e serviços relacionados? Há necessidade de iniciativas especiais e enfoques direcionados? Se assim for, isso implicará em maiores despesas? Se houver maiores despesas, de onde deverão vir esses fundos? Parte do problema é que toda vez que este assunto vem à tona, a discussão é amplamente articulada como uma escolha entre não fazer nada ou implementar programas de ação caros e que exigem muitos recursos. Os pedidos de inclusão de pessoas com Deficiência nas campanhas contra o HIV/Aids são respondidos regularmente com preocupação porque as atividades de HIV/Aids já se encontram em situação limite e porque não há fundos para desenvolver novas atividades específicas em Deficiência. Opinamos veementemente aqui que a inclusão de pessoas com Deficiência nos programas contra o HIV/Aids simplesmente não pode esperar até que todos os demais grupos da população sejam atendidos. O problema abrange os direitos humanos básicos E a saúde pública básica. Começamos com as seguintes pressuposições: A vida das pessoas com Deficiência não vale menos que a de todos os demais cidadãos e não pode haver nenhum argumento substancial que justifique relegar as pessoas com Deficiência ao final da lista de prioridades do setor de HIV/Aids. Além disso, se as pessoas com Deficiência não são incluídas nos programas contra o HIV/Aids, as iniciativas visando reduzir a disseminação ou eliminação do vírus serão infrutíferas. As pessoas com Deficiência representam uma proporção muito grande da população para não serem incluídas. Além disso, acreditamos também que há uma variedade de opções. A opção não é somente entre a inclusão de pessoas com Deficiência nos programas contra a Aids e a proposta de diferentes iniciativas de intervenção que especificamente visa pessoas com Deficiência. Ambos os enfoques são extremamente necessários e, neste momento, nem um nem outro tem atendido à maioria das PCDs. Uma combinação de estratégias, contudo, começaria a alcançar uma porção significativa da comunidade de Pessoas com Deficiência. Sugerimos abaixo uma tipologia de três partes que constitui uma continuidade de inclusões e acessos a serviços que variam desde: I) a inclusão de PCDs a um custo baixo ou sem nenhum custo adicional aos programas atuais de HIV/AIDS, passando por II) programas nos quais são feitas modificações para programas de HIV/Aids já existentes, garantindo maior participação de pessoas com Deficiência, a III) campanhas visando especificamente grupos de pessoas com Deficiência e cujo custo seria maior em razão da necessidade de conhecimento especializado, tempo e materiais. Tal continuidade de possíveis intervenções é apresentada com a advertência de que nenhuma estratégia de intervenção funciona para todos os membros de todos os grupos. A necessidade de uma variedade de estratégias de intervenção é de especial importância para populações de PCDs porque as pessoas que têm diferentes tipos de Deficiência enfrentam diferentes desafios quando se trata de: Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Ser alvo das mensagens de HIV/Aids Acessar materiais educativos de prevenção ao HIV e preservativos masculinos Acessar serviços relacionados à Aids, como medicamentos, sistemas de apoio social e cuidado relacionados à Aids Por exemplo, campanhas de rádio não chegarão a pessoas surdas ou com Deficiência auditiva; cartazes e campanhas com material impresso não chegarão aos que são cegos. As mensagens de Aids que transmitem muitas informações ou que usam eufemismos para se referirem à Aids e a um sexo mais seguro podem ser confusas para pessoas com deficiência intelectual. Muitos programas de intervenção em HIV/Aids usam uma combinação de enfoques de apoio educativo, clínico e social para garantir que as populações em risco – sejam elas mulheres, adolescentes ou usuários de drogas injetáveis – sejam alcançadas e atendidas. Assim como não se espera que nenhuma campanha contra a Aids possa alcançar todos os membros da sociedade, não há nenhuma razão para antecipar que qualquer uma das intervenções alcance todos os membros com Deficiência de uma comunidade. As organizações que implementam intervenções em HIV/Aids para populações com Deficiência poderiam selecionar um enfoque ou uma combinação de enfoques levando em conta disponibilidade, recursos locais e conhecimento especializado. Modelo Geral para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/Aids As estratégias para incluir grupos com Deficiência encontram-se concebidas como uma continuidade do Tipo I ao Tipo III, como se segue: Tipo I: Inclusão como Parte da Campanha Geral Contra o HIV/Aids Sem Adaptações As pessoas com Deficiência são incluídas nas campanhas contra o HIV/Aids e serviços relacionados como membros de uma população que precisa pouca o nenhuma adaptação ou despesa. Tipo II: Pequenas Adaptações a Programas Gerais que Fomentam a Inclusão As pessoas com Deficiência são incluídas como membros de uma população com pequenas ou moderadas adaptações a programas existentes para garantir que as campanhas existentes incluam pessoas com Deficiência e/ou novos programas sejam inclusivos desde o início. Tipo III: Programação Específica para Deficiências Intervenções específicas para Deficiências visando atender às necessidades de grupos dentro da população de PCDs, os quais em outras circunstâncias não fariam parte das campanhas contra o HIV/Aids direcionadas à população em geral, devido às limitações específicas das Deficiências. Embora classificadas como tendo custo moderados a altos, de fato, nenhum dos custos associados às intervenções referidas na seção III são particularmente altos. Na maioria das vezes, as intervenções sugeridas na Seção III seriam apenas ligeiramente mais caras por causa da maior necessidade de tempo para a equipe, material especializado e recursos exclusivos para atender tais atividades. Os vários tipos de enfoques sugeridos aqui podem ser vistos nas Tabelas I – III: Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Tabela 1: Modificações sem custo ou com baixo custo a programas existentes Estratégia Tipo I Objetivo da estratégia e implicações do custo Atividades Exemplos de sugeridas atividades sugeridas As Pessoas com Deficiência são expostas às mesmas mensagens educativas e os mesmos serviços de Aids oferecidos ao público em geral 1. Utilizar materiais já disponíveis para o público em geral, incorporando adaptações simples para garantir o acesso por todos 1.1 Representar pessoas com Deficiência visível (usuário de cadeira de rodas ou uma pessoa cega que usa uma bengala) em pôsteres e cartazes produzidos sobre Aids Incluir exemplos de Pessoas com Deficiência em materiais publicados 1.1.1 As pessoas com Deficiência – especialmente aquelas às quais se pretende mostrar que todos os tipos de pessoas correm risco – são representadas nos pôsteres, cartazes, etc? 1.1.2 Há Pessoas com Deficiência nas histórias e vinhetas usadas para ilustrar os problemas de HIV/Aids? 1.1.3 Se você inclui pessoas com Deficiência, elas representam todos os membros da população com Deficiência: (isto é, Uma pessoa cega de uma etnia local ou grupo minoritário; um adolescente de uma região rural que usa cadeira de rodas)? 2. Garantir que campanhas educativas sobre Aids e serviços relacionados disponíveis para a população em geral incluam Pessoas com Deficiência 2.1 Mudar eventos educativos, exames e programas de resultados práticos de serviços, bem como programas de drogas, álcool e violência doméstica para locais de reunião acessíveis 2.1.1 O lugar onde você oferece o programa é acessível para pessoas com Deficiência física, o local exige que as pessoas caminhem longas distâncias? 2.1.2 As pessoas com Deficiência física precisam transporte público? Esse transporte é acessível para pessoas com desvantagens? As pessoas podem custear esse transporte? 2.1.3 Você pode fazer a reunião no térreo em vez de no segundo andar de um edifício? No pátio do edifício se os degraus bloqueiam a entrada para algumas pessoas? 2.2 Garantir que Pessoas com Deficiência na comunidade estejam cientes das atividades de Aids sendo oferecidas e saber que elas estão convidadas a comparecer 2.2.1 O pessoal de campo convidou pessoas com Deficiência da região ou os motivou a participar nas atividades do programa? Custo Baixo ou nenhum custo adicional 3. 4. Informar educadores, profissionais de extensão e pessoal clínico e de serviço social de Aids sobre os desafios enfrentados por pessoas com Deficiência Estabelecer uma sociedade com organizações de Pessoas com Deficiência (OPDs) para ensinar os profissionais de extensão de Aids sobre assuntos de Deficiência 3.1 Fazer adaptações simples nas intervenções de prevenção contra a Aids para garantir que as mensagens sejam compreendidas pelas pessoas com Deficiência Associar-se com as ONGs para garantir que as apresentações e as línguas utilizadas sejam as mais inclusivas possíveis Pontos de verificação: exemplos de perguntas que devem ser feitas: 3.1.1 Você passou um preservativo masculino para as pessoas cegas da comunidade a fim de terem uma idéia de como é? 3.1.2 A sua mensagem de prevenção é simples e é repetida suficientemente para que as pessoas com Deficiência intelectual possam entendê-la? 3.1.3 Contém eufemismos e analogias que podem aumentar a complexidade da mensagem? 3.1.4 As pessoas com Deficiência sabem onde encontrar recursos como preservativos masculinos e exames de HIV? Esses lugares são acessíveis? 3.1.5 Se houver alguém que precisa ler os lábios, você lembrou-se de lhes dizer que poderiam se sentar em frente ao apresentador? 4.1.1 Você pediu a cooperação das organizações de Pessoas com Deficiência (OPDs) para alcançar pessoas que de outra forma não seria possível? Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Tabela 2: Custos baixos a moderados para modificações e/ou acréscimos a programas existentes Estratégia Tipo II Objetivo da estratégia e Implicações do custo Atividades Exemplos de atividades sugeridas sugeridas São feitas adaptações às campanhas contra a Aids para garantir que as pessoas com Deficiência sejam incluídas como membros do público em geral 1. Adaptar materiais de HIV existentes para garantir que as mensagens sejam acessíveis à população com Deficiência 2. Garantir acesso às informações de HIV/Aids e a sua divulgação em uma série de formatos e mídia 1.1 Anúncios de serviço público sobre Aids adaptados para a comunidade de surdos com legendagem e interpretação da língua de sinais (Em geral, os intérpretes da língua de sinais são contratados por hora; as taxas são moderadas e somente se precisam umas poucas horas de trabalho) Custo Custo baixo a moderado 2.1 Criação de cartazes com histórias em quadrinhos, fotonovelas 2.2 Colocar materiais de Aids à disposição dos cegos em formatos de fitas cassetes de baixo custo 2.3 Colocar materiais de Aids à disposição do surdo em formatos visuais 3. Estabelecer uma sociedade com as organizações de Pessoas com Deficiência (oPds) local e identificar as necessidades de treinamento 2.4 Fazer que os locais de reunião sejam acessíveis para pessoas com deficiência física por meio de modificações de infraestrutura de baixo custo 3.1 Criar um currículo de Treinamento de Formadores com assuntos relevantes para capacitar os profissionais de extensão de Aids sobre Deficiência 3.2 Treinar pessoas com Deficiência para serem educadores de Aids para toda a comunidade Pontos de verificação: A legendagem utilizada nos anúncios de Aids é clara e expressa em linguagem simples - lembre que muitas pessoas surdas têm baixo nível de alfabetização Há alguns termos específicos na língua de sinais local para debater assuntos de HIV/Aids? Há membros locais da comunidade de surdos e intérpretes da língua de sinais local que você possa contatar para obter informações e apoio? 2.1.1 Seus materiais usam formatos e ilustrações simples que possam ser entendidos por aqueles que não têm muita instrução? Lembre que muitas pessoas com Deficiência não têm muitas chances de ir à escola. Algumas pessoas surdas não saberão a língua de sinais local 2.2.1 Há mensagens de Aids disponíveis em fitas ou CDs de baixo custo para serem distribuídas a pessoas cegas ou com visão limitada? 2.2.2 Há uma estação de rádio que esteja disposta a falar sobre HIV/Aids com mensagens simples e que possam alcançar pessoas cegas? 2.2.3 Há um programa local que especificamente vise o cego? 2.3.1 Você lembrou que se você planeja uma campanha de rádio sobre HIV/Aids – a qual não chegará até o surdo – você também tem uma campanha de jornal ou uma série de anúncios em cartazes? 2.4.1 Você já considerou construir rampas nas salas de reunião (as rampas podem ser feitas de barro, pedra, bambu, madeira). 2.4.2 Você já falou com as autoridades locais sobre construir uma rampa na clínica, Assessoria Voluntária e Centro de Exames de HIV? 3.1.1 Os membros da equipe de extensão de HIV estão em contato com as DPOs para orientação e supervisão a fim de garantir que eles entendam os assuntos e problemas relacionados à Deficiência? 3.2.1 Você identificou pessoas com Deficiência que estejam dispostas a ajudar na divulgação de mensagens de HIV/Aids? Você trabalhou com grupos locais de Deficiência (DPOs) para garantir alcançar todos os membros da comunidade com Deficiência? Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Tabela 3: Programas específicos para Deficiência com custos moderados a mais altos visando pessoas de mais difícil acesso Estratégia Tipo III Objetivo da estratégia e implicação do custo Atividades Exemplos de atividades sugeridas sugeridas São feitas adaptações específicas para Deficiências em materiais existentes, e são criados novos materiais para alcançar pessoas com Deficiência fora dos limites do público geral, visando pessoas e populações de acesso mais difícil 1. 1.1 Treinar/contratar educadores e equipes de Aids para se especializarem em assuntos relacionados à assistência de populações com Deficiências específicas Desenvolver campanhas de extensão específicas para Deficiências Custos 2. Custo moderado a maior 3. Treinar grupos representativos de pessoas com Deficiência para serem educadores de Aids especificamente para a comunidade com Deficiência Produzir novos materiais para serem usados nas campanhas de extensão 1.2 Trabalhar em colaboração com organizações locais de Pessoas com Deficiência, equipes de reabilitação baseadas na comunidade (Community Based Rehabilitation – CBR) e outras, identificar todas as populações com Deficiência de difícil acesso e identificar uma estratégia local para alcançar essas pessoas com Deficiência 2.1 Desenvolver e testar currículos de treinamento com pessoas de diferentes grupos de Deficiência 3.1 Adaptar ou desenvolver novos materiais, mídia e cursos de treinamento para pessoas com Deficiência que não foram alcançadas pela inclusão geral ou pequenas adaptações enumeradas acima nos tipos I e II Pontos de verificação: 1.1.1 Há educação sexual disponível em escolas especiais para crianças com Deficiência? 1.1.2 Quando as crianças com Deficiência são integradas em aulas regulares, lhes é permitido assistir às aulas de educação sexual ou elas são retirados da sala de aula porque os professores não acreditam que elas precisam dessa informação? 1.1.3 Quando há programas especiais para crianças de rua, as crianças e os adolescentes com Deficiência são incluídos? (Lembre: 30% de todas as crianças de rua têm Deficiência). 1.1.4 Sua organização oferece cursos de treinamento especial para subgrupos dentro da comunidade com Deficiência? Pelo tipo de Deficiência? 1.1.5 Eles têm sessões que atrairiam pessoas com experiências de vida e problemas similares para se reunirem, discutirem e adquirirem mais autonomia? Por exemplo, você mantém sessões especiais de extensão para indivíduos que são surdos? Mulheres com Deficiência? Adolescentes com Deficiência? 1.2.1 Você sabe quantas pessoas com Deficiência vivem em sua região? 1.2.2 Você sabe quantas delas são expostas às campanhas contra a Aids? 1.2.3 Você avaliou o conhecimento, as atitudes e práticas delas sobre HIV/Aids e os comparou com os da população sem Deficiência das áreas circunvizinhas? 2.1.1 Há um usuário da língua de sinais nativa que poderia ser treinado para alcançar a comunidade de surdos? 2.1.2 Há alguma pessoa com deficiência intelectual que poderia oferecer informações aos seus congêneres? 3.1.1 Você tem programas que são simples, diretos e usam uma língua básica e muitas figuras para descrever sexo, sexualidade e HIV/Aids a pessoas com Deficiência intelectual? 3.1.2 Você tem vídeos de treinamento em língua de sinais ou legendados para usuários de língua de sinais à disposição da comunidade de surdos? 3.1.3 Você tem sessões para pessoas surdas onde as discussões podem ser conduzidas em língua de sinais? 3.1.4 Você tem um intérprete de língua de sinais disponível para clínicas/hospitais para garantir privacidade aos pacientes surdos, bem como para explicar os exames de HIV e regimes complicados de medicamentos de Aids e programas de acompanhamento? 3.1.5 Você oferece informações específicas de Deficiência sobre assuntos relacionados ao HIV/Aids – (p.ex.: violência doméstica, abuso de substâncias químicas ou tomada de decisão sobre sexo entre pessoas jovens)? Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Discussão Os vários tipos de intervenções propostos nas tabelas apresentam uma série de opções. Oferecemos abaixo questões relacionadas às intervenções sugeridas e observadas nas tabelas anteriores: Tipo I: (Tabela I: Modificações Sem Custo ou Com Baixo Custo a Programas Existentes) Dentre as intervenções inclusivas sugeridas no Tipo I, algumas precisam não mais do que a conscientização dos grupos representativos e do pessoal do Setor da Aids sobre os problemas relacionados à Deficiência. Um convite para participar de um curso ou uma mudança de local talvez não custe nada. Muitas decisões eficazes podem ser tomadas imediatamente pelos grupos representativos no campo da Aids e profissionais de saúde se forem cientes de que as pessoas com Deficiência estão em risco. Por exemplo, uma das atividades de Deficiência da África do Sul relatou: “Vejo os educadores de Aids indo de porta em porta na minha vila, convidando todos os adultos para uma reunião sobre Aids. Eles passam e abanam para uma mulher que está em uma cadeira de rodas à porta da sua casa, cuidando dos filhos, mas eles não a convidam para vir” (Groce: 2005). Muitas vezes, quando não se incluem membros de uma comunidade comDeficiência são simplesmente casos como este, em que se perdem oportunidades. Outra mulher, com muletas, disse a uma pesquisadora que ela gostaria de participar das sessões educativas sobre Aids, abertas a todos os membros da comunidade dela, mas que é difícil – “eles decidiram fazer a reunião na prefeitura. Eu teria que subir todas aquelas escadas. Se eles tivessem feito a sessão no prédio da escola, que é térreo, em vez de na prefeitura, teria sido muito mais fácil. Se eles passassem a sessão da prefeitura para o lado de fora, no parque, embaixo das árvores, também seria bom’. O líder de uma organização para pessoas cegas no sul da África relatou que, de fato, conhecia pessoas cegas que corriam risco de contrair HIV/Aids, várias pessoas cegas que ele conhecia já haviam falecido por causa da doença. Por esse motivo, ele convidou um educador de Aids para vir dar uma palestra aos membros da sua associação. O educador de Aids veio e falou sobre muitas coisas, levantando várias vezes um pacote de preservativos masculinos na frente da sala para ilustrar suas idéias. Levantar alguma coisa em uma sala cheia de pessoas cegas é muito pouco produtivo, e pelo fato da Aids já ser um assunto estigmatizado nesta região, os membros do grupo de cegos estavam muito encabulados para perguntar ao educador se podiam tocar o preservativo e assim pudessem entender o que era ou como deveria ser usado. Só foi meses depois que o líder da associação de cegos observou que outro profissional de extensão da Aids pensou em abrir o pacote e deixar que as pessoas cegas que ali estavam pudessem tocar o preservativo. “Então, é claro, entendi em seguida o que era e como funcionaria”, disse o defensor cego. O interessante é perceber que, mesmo ali, o educador de Aids perdeu uma oportunidade para passar o conhecimento aos membros da associação de cegos, o que não teria ocorrido se houvesse uma simples conscientização dos problemas de Deficiência. “Agora que sabemos o que são os preservativos masculinos”, perguntaram ao líder cego, “onde podemos consegui-los?” “Não sei”, respondeu, mesmo morando em uma comunidade onde em quase todos os banheiros públicos há uma caixa de preservativos masculinos disponível a simples vista no balcão, perto da pia, e muitos prédios públicos têm caixas de preservativos destacadamente expostos na entrada ou em um corredor. Pelo fato de o educador de Aids não haver pensado em dizer aos membros da associação de cegos onde os preservativos masculinos poderiam ser encontrados, eles não sabiam que poderiam procurá-los nesses lugares públicos. Tipo II: (Tabela II: Custo Baixo a Moderado para Modificações ou Acréscimos em Programas Existentes). Embora muitas das intervenções possam ser implementadas a baixo ou nenhum custo ou com pequena ou nenhuma alocação de tempo adicional ou energia por parte dos funcionários de extensão, outras intervenções exigirão Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS quantidades pequenas a moderadas de planejamento e alocação de recursos. Não obstante, mesmo aqui, a criatividade, inovação e disposição de trabalhar com recursos locais podem manter os custos a um mínimo e, ao mesmo tempo, alcançar o máximo número possível de Pessoas com Deficiência. Por exemplo, contatar pessoas cegas tem sido freqüentemente citado como um desafio particular. Embora colocar o material de informação de Aids em braile seria uma solução ideal, para muitos, tal empreendimento seria uma proposta cara, muito além dos meios de muitas organizações empenhadas na luta contra a Aids e em defesa das Pessoas com Deficiência. A despesa de colocar os dados sobre Aids em braile foi citada por vários grupos que responderam à Pesquisa Global como sendo a razão pela qual as pessoas cegas não seriam incluídas para receber suas mensagens sobre Aids. Contudo, se bem muitos cegos cultos lêem braile, na realidade, 90% de todas as pessoas com deficiência visual não lêem braile ou são analfabetos. Não obstante, pode haver uma alternativa que não seja cara. Hoje, em quase qualquer mercado, mesmo em áreas rurais ou muito distantes, um viajante pode usualmente encontrar fitas e CDs baratos de vocalistas e bandas de música populares locais. Se há facilidade de se encontrar fitas e CDs baratos dos grupos musicais locais mais populares no mercado, então não deve haver nenhuma razão pela qual os dados sobre Aids não possam ser oferecidos em formatos similares. Muitas – não todas, claro –, mas muitas pessoas cegas ou que têm pouca visão também têm algum acesso a gravadores de fita ou aparelhos de CDs ou moram em casas ou bairros que os têm. Fitas e CDs baratos sobre a Aids podem ser produzidos e distribuídos à população cega local. A produção de tais fitas e CDs a baixo custo traz um benefício adicional. Em muitos países, embora haja uma língua nacional que é utilizada nas escolas e nos locais de trabalho, fala-se uma língua tribal local ou um dialeto regional no lar e na comunidade vizinha. Com o uso de fitas, as informações sobre a Aids podem ser produzidas em muitos línguas e dialetos locais, propiciando um melhor entendimento pelas pessoas que se comunicam preferentemente com o seu próprio idioma. E é provável que muitos ou a maioria dos casos de pessoas com deficiência visual e sem muito acesso à educação se incluam nesta categoria. Uma tecnologia similar de baixo custo pode ser utilizada para alcançar certas porções da população de surdos por meio da interpretação de sinais. Onde há disponibilidade de televisão, muitas pessoas surdas assistirão à TV, muito embora a capacidade deles de entender completamente o que se passa pode ser limitada pela Deficiência deles de acompanhar sons. Mesmo que a legendagem para as pessoas portadoras de deficiência auditiva seja cara e exija tecnologias adicionais, uma simples imagem gravada de um intérprete de sinais no canto da tela poderá ser facilmente incluída quando da transmissão de um comercial ou de um programa sobre a Aids. Muitos comerciais sobre Aids são produzidos uma vez e transmitidos continuamente. Sendo assim, o trabalho do intérprete de sinais de gravar previamente a mensagem pagaria esse custo em muitas vezes. Usualmente, os intérpretes de sinais cobram por hora e seus honorários são tipicamente bastante razoáveis. Tipo III: (Tabela III: Programas Específicos para Deficiências de Custo Moderado a Alto) Outras populações são mais difíceis de poder alcançar. Por exemplo, a literatura atual de programas contra o HIV/Aids reconhece ser especialmente difícil alcançar e prestar assistência médica às pessoas com doenças mentais importantes. O comprometimento da capacidade de tomar decisões, o aumento de comportamentos de alto risco, como Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS exposição a drogas injetáveis e sexo desprotegido, e, infelizmente, a pobreza e o isolamento social colocam muitas pessoas com problemas de saúde significativos em perigo substancial. Apesar disso, programas criativos têm alcançado tais populações com eficácia. Por exemplo, Collins et al. (2001) descreveram um programa inovador na cidade de Nova Iorque, em que palestras, apresentações e advertências sobre a Aids não tiveram muito sucesso em obter a atenção das mulheres de “alto risco” com doenças mentais. Não obstante, uma nova intervenção foi bemsucedida – um curso de capacitação em Aids foi montado como se fosse um show de televisão – tendo uma mulher como moderadora, várias outras como convidadas e o resto dos participantes como público do estúdio. Um pequeno microfone manual passou de mão em mão e a moderadora entrevistou as “convidadas” sobre HIV/Aids e depois abriu uma sessão de perguntas e respostas para o público. O educador de Aids permaneceu ao lado, pronto para incluir os dados corretos ou fazer uma pergunta direcionada para ter certeza de que as informações fossem transmitidas. A participação da moderadora, convidadas e membros do público foi cheia de entusiasmo. A despesa com o programa não foi mais do que o custo do tempo que um educador de Aids usaria para proferir uma palestra especificamente para este subgrupo – e o uso do microfone por uma tarde (o mesmo papel faria um microfone de brinquedo, adquirido em alguma loja de brinquedos local). Outras intervenções precisarão um enfoque mais direcionado – por exemplo, a comunidade de pessoas surdas na maioria dos países é uma rede social coesa, unida não somente pela linguagem de sinais local, mas por compartilhar as mesmas experiências sociais e educativas, famílias e amizades locais. Se bem é verdade que muitas pessoas surdas em tais redes sociais podem falar e ler a língua oral local, muitas delas são mais fluentes na sua língua de sinais. A necessidade de fazer apresentações claras sobre a Aids na língua de sinais local é evidente. É somente nessa língua que as pessoas surdas poderiam entender completamente, formular perguntas e receber respostas sobre o HIV/Aids para poder usá-las no seu cotidiano. Programas, Monitoração e Avaliação Em Andamento Juntamente com as intervenções sugeridas acima, várias questões adicionais descobertas durante a coleta de dados pela Pesquisa Global devem ser levantadas: 1. Atualmente, as intervenções em HIV/Aids para Pessoas com Deficiência não são muitas. As existentes são muito pequenas – no máximo alcançando somente uns poucos centos de pessoas em populações constituídas por milhões delas. A maioria é específica para Deficiência; um programa de intervenção alcançaria membros da comunidade local de surdos, mas não aqueles que são cegos ou doentes mentais. Os programas alcançam pessoas com deficiência física, mas não são adequados para pessoas com deficiência intelectual. A maioria dos programas atualmente em andamento não alcança grupos com diferentes deficiências nem integram PCDs em campanhas gerais de intervenção. Algumas das intervenções em HIV/Aids que existem são extraordinárias, inovadoras, criativas e eficazes. Outras são menos abrangentes. A maioria tem sido apresentada a pequenos grupos e quase nenhuma delas tem sido sistematicamente avaliada. 2. Se as Pessoas com Deficiência têm de ser incluídas nas campanhas contra o HIV/Aids, também é imperativo que isso seja feito como parte de uma programação regular e não como uma atividade isolada ou que ocorre “só uma vez”. Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Na maioria dos casos relatados na Pesquisa Global, uma série de dois ou três cursos foram oferecidos, um pequeno número (de 20 a 40) de PCDs receberam instrução e depois os cursos terminaram. Mesmo que toda tentativa de educar populações portadoras de Deficiência sobre HIV/Aids seja louvável, tais empenhos em educar grupos vulneráveis sobre HIV/Aids, limitados e efêmeros – (mulheres, por exemplo, ou membros de grupos tribais) –, não seriam considerados adequados. 3. Ao pôr em prática campanhas contra a Aids, é importante garantir que as PCDs sejam contatadas regularmente e em número que reflita a sua presença na sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos 10% da população mundial é portadora de Deficiência. Se os educadores de Aids, programas contra Aids ou profissionais da saúde que fornecem medicamentos de Aids e serviços de intervenção não encontram que uns 10% de todos os contatados e atendidos sejam PCDs, então perguntas sobre como alcançar e incluir adequadamente pessoas com Deficiência devem ser formuladas. Se alguém estiver executando uma campanha contra o HIV/Aids e nunca viu ninguém com Deficiência no grupo-alvo ou se alguém é responsável de uma clínica que oferece exames de HIV e ninguém com Deficiência apareceu para fazer um exame, então parte da comunidade que tem de ser atendida não está sendo alcançada. 4. Não somente houve excepcionalmente poucas intervenções em HIV/Aids para populações com Deficiência, mas as intervenções executadas são raramente avaliadas. A necessidade de avaliar os programas contra o HIV/Aids para Pessoas com Deficiência é imediata e premente. Precisamos tanto conhecer os programas executados quanto saber se esses programas fazem verdadeira diferença no conhecimento, atitudes e práticas das PCDs com respeito ao HIV/Aids e nos resultados práticos da educação e dos serviços de Aids para essa população. Além disso, precisamos saber não somente se esses programas funcionam, mas também a razão da sua eficácia. Tais programas também precisam ser regularmente monitorados a fim de garantir que continuem a ser eficazes e que se adaptem e expandam à medida que novas informações e enfoques sobre HIV/Aids fiquem disponíveis. 5. Participação das Organizações de Pessoas com Deficiência (OPDs): Os grupos representativos, educadores e encarregados dos planos de ação da Aids e outros agora interessados em tentar comunicar-se com comunidades portadoras de Deficiência contam com um poderoso aliado: as organizações de Pessoas com Deficiência (OPDs) podem ser uma fonte inestimável de informações e orientação. Cada vez mais, as OPDs estão tomando a liderança na organização e implementação de programas de HIV/Aids – e, nesses casos, as organizações, os grupos representativos e os encarregados dos planos de ação da AIDS serão importantes fatores de sucesso. Seguidamente, as OPDs podem oferecer as melhores opiniões com relação a atitudes, crenças e práticas sobre Deficiência locais, têm as melhores informações disponíveis sobre o número de pessoas com Deficiência nas suas comunidades e mantêm fortes redes de contatos que podem notificar às Pessoas com Deficiênciapor toda a área sobre educação e serviços disponíveis para a Aids. Nem todas as PCDs de uma comunidade qualquer estão ligadas a redes Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS de contatos formais ou informais de pessoas com Deficiência, mas muitas são e tais grupos poderão ser parceiros inestimáveis na luta contra a Aids. Também é importante observar que tais grupos de defesa das pessoas com Deficiência, formais ou informais, podem ser muito úteis se são incluídos como parceiros nas iniciativas contra o HIV/Aids no início do programa e não simplesmente ser contatados para obter sua aprovação só no final do processo. Muito importante é saber que, com freqüência, os orçamentos desses grupos são bastante limitados. Se forem convidados para participar nas campanhas contra o HIV/Aids, prover fundos para ajudar a apoiar tal oferta de tempo e energia seria muito útil. Finalmente, as Pessoas com Deficiência nunca devem ser consideradas somente como receptoras de tais campanhas. As PCDs podem e devem ser recrutadas e instruídas para que elas mesmas venham a ser profissionais de campanhas contra o HIV/Aids tanto para o público geral como para as campanhas focadas em Deficiência. Lista de Verificação para Garantir a Inclusão: A seguinte lista de verificação pode ser útil em avaliar a eficácia atual de alcançar Pessoas com Deficiência (PCDs) e populações que têm Deficiência com mensagens de HIV/Aids. Pergunta Sim ( ) Não () As PCDs vem para cursos de treinamento/receber serviços? Quantos vêm? O número de PCDs que você vê é proporcional ao número deles na comunidade – (~10% da população total)? Você atende pessoas com todos os tipos de Deficiência (física, intelectual, surdez e problemas de saúde mental)? Você serve subgrupos: igual número de homens e mulheres? Adolescentes com Deficiência? Membros de populações de etnias locais/minoritárias de PCDs ? Os serviços aliados – centros de exames, programas de saúde e tratamento de HIV – igualmente acessíveis e inclusivos? Você monitora o conhecimento/atitudes/práticas para garantir que os membros da comunidade com Deficiência tenham os níveis de conhecimento e conscientização sobre a Aids comparáveis aos congêneres que não têm Deficiência? Finalmente, seria útil para fins de programação e futuro planejamento, acompanhar qual a proporção da instrução que é feita como parte da inclusão geral (tipo I); adaptado para garantir inclusão (tipo II) ou específico para Deficiência (tipo III). Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Conclusões e Recomendação para o Futuro A tipologia proposta aqui continua sendo desenvolvida e será vinculada aos dados baseados nas evidências de “melhor prática.” Contudo, ainda há várias questões quanto ao impacto da epidemia da Aids em populações com Deficiência. Entre as mais prementes estão: A pesquisa sobre a epidemiologia da epidemia de HIV/Aids nas populações com Deficiência. O melhor entendimento dos fatores atuais que limitam o acesso a informações e serviços de HIV/Aids para populações com Deficiência e melhor entendimento dos mecanismos que podem melhorar o acesso. O melhor entendimento do papel e da eficiência da reabilitação comunitária, campanhas realizadas pelas clínicas e outros serviços existentes de HIV/Aids para alcançar populações com Deficiências ao redor do mundo. Mais pesquisa sobre o papel de liderança que as organizações de defesa dos Direitos das PCDs podem e devem cumprir com relação a assuntos de HIV/Aids e tópicos relacionados à saúde em geral. A tipologia proposta aqui visa somente ser a primeira etapa para facilitar a inclusão prática desta população tão freqüentemente negligenciada. Diretrizes para a Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Campanhas Contra o HIV/AIDS Referências Collins, P. Geller, S. Miller et al.. 2001 Ourselves, Our Bodies, Our Realities. Journal of Urban Health, 78:1:162-175 Elwan A 1999. Poverty and Disability: A Survey of the Literature. Washington: World Bank, Social Protection Unit, Human Development Network. Groce N. 2005. HIV/AIDS and Disability. Health and Human Rights. 8:2;215-225. Groce N. & Trasi R. 2004. Rape of individuals with disability: AIDS and the folk belief of virgin cleansing. The Lancet, 363:1663-1664. 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