Acontece - Curso de Jornalismo Mackenzie

Transcrição

Acontece - Curso de Jornalismo Mackenzie
Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras
Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo
Edição 78
Junho de 2009
Ano VI
Exposição de cartazes relembra
Guerra Civil Espanhola
3
Cuidado! Pode
estar chegando
o “AI-5 digital”
6
Rock fora do
eixo USA-UK
faz sucesso
7
Novas terapias
embalam no
novo século
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9
A crise se tornou
desculpa da virada
cultural fraca
Caro colega,
E
m época de tragédias como essa do avião
de trajeto Rio- Franca, que invadiu nossas
TVs, tendemos a deixar que ela invada
também nossas conversas, seja no bar da esquina
ou no almoço de domingo. Mas, e os assuntos que
dizem respeito ao nosso dia a dia? Não queremos,
com esse olhar, diminuir os impactos de uma
noticia trágica como a do voo 447, mas sim,
chamar a atenção para com o que, ora trágico,
ora cômico, nos deparamos cotidianamente.
Se você ama ou odeia o cigarro - sim, porque
não ha sujeito com opinião morna sobre ele, e
amor ou ódio, claro assim- saiba que em menos
de quinze dias terá uma vida social reformulada
e devera se adequar ou festejar a lei.
Ha uma onda de supervalorização do moderno,
do pratico, do futurista que nos assusta e também
estimula a reservar um espaço de preservação
do passado, da vanguarda empoeirada e porque
não dizer artesanal? Os contrastes de modos
de produção industrial e artesanal diferem e
ecoam entre si os princípios de revolução e
independência representadas na loja Endossa
logo ali, na Rua Augusta ou na feira de artesanato
da Benedito Calixto.
Os problemas de saúde tem sido uma
constante no século XX. O trabalho intenso nas
cidades grandes, o stress provocado pelo trânsito
e as demandas sociais tem causado um grande
número de problemas. Obesidade, desvios
de coluna e stress são parte dos principais
problemas. A material Terapias alternativas
solucionam doenças do século XXI mostra
possíveis soluções, como exercícios físicos,
meditação, aula de pilates e acupuntura.
A crise econômica mundial, iniciada em
2008, tem causado problemas graves ao mundo.
Nesse sentido, é de grande importância o fato
do economista Armínio Fraga ter assumido a
presidência da BM&FBovespa, que é uma das
mais representativas bolsas de valores do mundo.
Fraga já foi presidente do Banco Central e grande
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Diretora: Profa.Dra. Esmeralda Rizzo
Coordenador: Prof. Ms. Osvaldo Hattori
Editor: André Nóbrega Dias Ferreira
Projeto Gráfico: Renato Santana
Diagramação e reportagem:
experiência na área, por tanto a expectativa para
seu mandado é positiva.
A história do futebol já mostrou inúmeras
brigas entre as torcidas organizadas e inúmeras
atitudes do governo já foram realizadas para
resolver isso. Uma das principais e mais graves
completa 20 anos, trata-se da tragédia de
Hillsborough, durante a Copa da Inglaterra, em
disputa entre o Liverpool e o Nottigham Forest,
com 96 mortes.
Evento cultural que resgata a memória da
Guerra civil espanhola foi descoberto, por
curiosidade que beira a sua, em exposição em
cartaz no instituto Cervantes por menos tempo
do que o necessário, mas ainda há tempo de
vocês chegarem antes de a história acabar.
Nessa edição você lerá também sobre a
indústria musical internacional, que está cada
vez mais se diversificando e se distanciando do
eixo EUA-UK. Grande parte do motivo é o fato
de que os jovens passaram a conhecer bandas
não só pela grande mídia, apesar de esta ter
valorizado bastante as cenas musicais de outros
países ultimamente, mas também com a valiosa
ajuda da Internet.
E por falar em música na Internet, falamos
também sobre os podcasts, que invadiram a rede
criando um jeito mais pessoal de passar ideias e
informações sobre as bandas ou qualquer outro
tema que se quer divulgar. É a internet como
mídia em que todos são criadores de conteúdo.
Mas um novo projeto de lei, criado
inicialmente para enumerar e coibir cibercrimes,
pode acabar com este potencial anárquico
da internet. Ela conta com muitas brechas e
ambigüidades que podem restringir o uso de
redes WiFi e criminalizar práticas cotidianas
na internet. Mas os brasileiros já começar a se
mobilizar contra o polêmico projeto, que logo
invadirá não só o maior meio de comunicação
da atualidade, como também aquelas tais
conversas de domingo.
Ana Krepp; Daniella Vergami; Danilo Morelli; Domitila Gonzales; Felipe Aragão;
Fernanda Longatto; Gustavo Gobbi; Lucas
Bastos; Luiz Cruz; Melanie Castro; Olívia
Guariba; Thiago Caires; Yael Peretz.
Jornal Laboratório dos alunos do segundo
semestre do curso de Jornalismo do Centro
de Comunicação e Letras da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo
professor André Nóbrega Dias Ferreira,
jornalista, MTB n° 26514.
Impressão: Gráfica Mackenzie
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Tiragem: 200 exemplares
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Projeto de lei que especifica crimes
digitais e suas penas causa polêmica e
manifestações populares
Apelidado de “AI-5 Digital”, o texto daria brechas ao vigilantismo e a censura na Internet, e
criminalizaria milhões de internautas
Melanie Castro
Thiago Caires
D
esde 2005 o Senador Eduardo
Azeredo, do PSDB, tenta aprovar um projeto de lei que, criado com
o pretexto de combater o cibercrime,
tem brechas e ambiguidades que ameaçam a privacidade e a liberdade de
expressão na Internet. E desde então
tem sido grande o apelo para retirar
artigos do texto que provocam polêmica: um abaixo-assinado na Internet
contra o projeto de lei, disponível no
link http://www.petitiononline.com/
veto2008/petition.html, já ultrapassa
145 mil assinaturas. Apesar da mobilização popular, o projeto já foi aprovado no Senado e na Câmara dos Deputados.
O projeto de lei prevê que os servidores de internet mantenham um
cadastro com RG e CPF de todos os
internautas, assim como dados de
sua conexão. Esses dados ficariam armazenados durante três anos. Além
de invasiva e inconstitucional (uma
vez que cria uma “polícia privada”
e joga para a sociedade os custos do
processo), essa medida pode aumentar drasticamente o custo da conexão
à internet, e limitar o uso de Wi-Fis,
uma vez que nesse tipo de rede vários
computadores usam o mesmo IP,
o que dificultaria a identificação do
usuário.
Já um trecho da lei diz que é crime
“obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou
sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando
exigida”. Segundo especialistas, isso
criminalizaria atos corriqueiros e inofencivos como o compartilhamento
de arquivos em redes ponto a ponto
(P2P), como o Torrent, copiar um CD
para um pendrive e postar um trecho
de uma matéria de um jornal num
blog, mesmo com os devidos créditos
e link para o original.
Com estes e outros pontos em
vista, cada vez mais autoridades de
diversas áreas se unem para retirar
os artigos ambíguos do projeto. Já os
defensores do projeto afirmam que
os logs conterão só a data e horário
do começo e término da conexão, e
só serão disponibilizados em caso de
denúncia. Jomar Silva, especialista
em segurança da informação, rebate
este argumento trazendo a lei para o
‘mundo real’: “será que o “criminoso”, sabendo que todos os seus passos serão anotados, vai utilizar o seus
documentos verdadeiros no dia a
dia? Será que os transtornos que uma
medida dessa irão causar, vão trazer
com certeza algum ganho ? Será que
uma sociedade que vive assim pode
ser chamada de sociedade democrática?”
Apesar da aprovação do projeto,
as manifestações tiveram algum efeito: se no princípio exigia-se a retirada
dos artigos 285-A, 285-B, 163-A, 171 e
22, após oito revisões pela Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania
somente os dois últimos permanecem
na lei.
O combate ao projeto de lei tem
até um blog próprio, no endereço
http://meganao.wordpress.com/,
em que são postados a todo momento textos e ensaios de diversos autores, explicando as falhas no texto do
projeto de lei e suas brechas, assim
como porquê ele acabará não atingindo os verdadeiros criminosos da
Internet. Recentemente, o time organizou um ato cívico em São Paulo que reuniu autoridades políticas
(como o senador Eduardo Suplicy,
o deputado federal Ivan Valente e
os deputados estaduais Rui Falcão
e Paulo Teixeira), especialistas do
ramo da informática e de redes e
grandes defensores da liberdade na
Internet. Fernando Anitelli, líder
da banda Teatro Mágico, protestou:
“por que não criminalizam o jabá?”.
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Jargão que significa pagamento ilícito por favorecimento em determinadas situações.
Diante de tantas opiniões divergentes, e ficando ainda os artigos que
abrem espaço para interpretações que
criminalizariam milhões de internautas, fica claro que o texto da lei, apesar
de parecer bem intencionado, precisa
ser reescrito em sua totalidade. O Senador Eduardo Suplicy leu, na ocasião
do ato cívico, uma carta do Ministro
Tarso Genro que afirma que o próprio
governo já está elaborando um novo
texto para os crimes da internet.
“Um radialista me perguntou
quando vão acabar os crimes na internet. Ora, quando acabarem os crimes
na sociedade”, observou o sociólogo
Sérgio Amadeu.
Fim da privaciade?
Podcast: a nova janela virtual
A tecnologia que possibilita que cada um tenha sua própria rádio
Gustavo Gobbi
Equipamento usado para o Podcast
Gustavo Gobbi
Luis Cruz
V
ocê com certeza já deve ter visto
ou escutado um podcast na internet. Podcast é aquele arquivo que
funciona mais ou menos como uma
rádio virtual. O termo, criado num
artigo veiculado no jornal britânico
The Guardian, é uma junção entre as
palavras Ipod (aquele mesmo, o mp3
player) e broadcasting (transmissão,
em inglês). A invenção é creditada ao
ex-VJ da MTV Adam Curry, que criou
a base do programa, e Dave Winer, que
o disponibilizou para que pudesse ser
utilizado por todos. O principal objetivo de Curry era criar um programa,
uma radio virtual, em que o telespectador não precisasse estar conectado a
internet para ouvir.
Atualmente existem podcasts dos
mais variados assuntos e temas, desde cinema a religião, passando obviamente por aqueles dedicados exclusivamente a música, e não apenas a
geral, mas também gêneros específicos como rock, hip-hop ou reggae. A
duração de um podcast geralmente
varia entre 30 e 60 minutos e ele vem
no formato mp3, o que ajuda se você
quiser colocar ele no seu mp3 player e
ir escutando o programa no caminho
para a faculdade ou trabalho.
O conceito de podcast, de fazer
um, é mais um dos casos de ‘faça você
mesmo’ que a internet propicia. Blogs, flogs, e agora os podcasts, qualquer pessoa pode criar um e espalhar
suas idéias na rede mundial de computadores, basta ter um hospedeiro
para o arquivo, um microfone e muita
criatividade.
Rafael Moretinni, diretor do portal
da MTV e responsável pelos podcasts
do site. Rafael diz que o primeiro do
site foi criado em outubro de 2006,
no começo o programa era só para
falar sobre o portal, e, com o tempo,
novas idéias foram sendo elaboradas
resultando na criação de novas temáticas. Moretinni acredita também
que os arquivos podem influenciar o
rádio, e é o que está acontecendo nos
EUA, diversas rádios estão fechando
e fazendo apenas programação online. “As rádios têm de se tornar mais
segmentadas, apostar num grupo de
pessoas, e fazer aquilo com o coração,
sem jabá. O público não é burro, ele
sabe quando está sendo enganado. E
por que diabos ele vai perder tempo
com uma rádio que toca música ruim
sendo que ele pode ir para um site
qualquer e baixar um podcast com as
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músicas que ele quer ouvir? Não vai
fazer mais o menor sentido”, diz Moretinni.
A possibilidade da nova mídia acabar com as rádios faz Rafael refletir
sobre a aura que a rádio possui ainda
nos dias de hoje, “por mais que a Internet possibilite ouvir a música que
você quiser na hora que você quiser,
ainda assim existe um gosto bacana
de estar ouvindo a rádio e, de repente, tocar aquela música que você ama.
Saber que alguém colocou aquela música ali, naquela hora, pra você. Mas
como eu disse, as rádios vão ter de
mudar se quiserem continuar existindo”, relata..
Já Marcelo Innocente, colaborador do portal MTV, que faz o podcast
para o programas 2deep mixtapes
dedicado exclusivamente ao rap underground, acredita que o podcast
só serve para divulgar artistas novos,
que estão começando e ainda não tem
espaço na grande mídia, diferente do
rádio que, além de divulgar músicos,
tem um papel fundamental na sociedade de informar a população.
Num ritmo cada vez mais acelerado, o podcast vem ganhando mais
e mais importância para a música e
vem incomodando as rádios. É esperar e ver o rumo que as coisas vão
tomar.
Caçada aos fumantes
Projeto de lei proíbe o consumo de tabaco nos ambientes fechados
domitila gonzalez
Domitila Gonzalez
Olívia Guariba
A
O governo arrecada R$ 7 bilhões
em impostos recolhidos com a
indústria do cigarro
cos e os infratores, por enquanto, somente serão avisados pelo responsável do estabelecimento e poderão ser
retirados do local, se necessário, com
auxílio de policia. Quem pode receber
uma multa de até R$ 3 milhões são os
donos de estabelecimentos que descumprirem a lei.
Cerca de 16,2% da população
adulta brasileira são fumantes com
consumo de aproximadamente 100
bilhões de cigarros ao ano, segundo a
Organização Mundial de Saúde.
O atual governador, José Serra,
já havia mostrado sua repugnância
com o ato de fumar quando era Ministro da Saúde, aprovando em 2002 a
obrigatoriedade de impressão de fotos
chocantes no verso dos maços, como
forma de advertir os consumidores
dos males causados.
A polêmica atual, no entanto,
reside na proibição de os fumantes
consumirem um produto e não na
diminuição do consumo em si. O governo arrecada por ano cerca de R$ 7
bilhões em impostos recolhidos com
a indústria do cigarro e isso significa que mais de 70% do preço de um
maço vai para os cofres públicos.
A OMS também indica que 100
milhões de pessoas morreram até o
ano 2000 de doenças relacionadas ao
tabaco e 8 milhões deverão ter o mesmo destino anualmente até 2030.
Conversamos com José Luiz Lucas, garçom do bar The Joy, e com
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DIVULGAÇão
lei aprovada pela câmara do Estado tenta fechar o cerco em relação
aos fumantes e ao cigarro, combatendo tanto a indústria, por meio da diminuição de consumidores, quanto ao
hábito cultural que o fumo se transformou no decorrer do século XX.
Quando Jean Nicot isolou o principal
alcaloide do tabaco em 1828, a nicotina, não imaginava que o cigarro se
tornaria tão popular algumas décadas
depois.
Um dos pontos altos do consumo
foi durante a Primeira Guerra Mundial, quando os soldados recebiam
carteiras de cigarros nas trincheiras
de guerra.
A indústria cinematográfica também foi uma das principais responsáveis por impulsionar a venda de cigarros. O ator Humphrey Bogart tornouse o ideal de beleza a ser alcançado
pelos jovens americanos, com cenas
tabagistas que se tornaram clássicos
do cinema, como no filme Casablanca.
Já nos anos 1970, fumar passou
a significar status, ser Cult, era o ideal
de liberdade perante a sociedade. As
mulheres se faziam presentes com o
movimento feminista, os homens se
mostravam atraentes e a propaganda
do produto reforçava esse ideal, mostrando cowboys em paisagens exuberantes consumindo o cigarro.
Hoje nos encontramos entre a popularização e a guerra contra o fumo,
mais recentemente representada pelo
projeto de lei nº 577/2008 que foi
aprovado pela Assembleia estadual
no dia 22 de abril e aguarda sanção
em no máximo 15 dias. Ele proíbe “no
território do Estado de São Paulo, em
ambientes de uso coletivo, públicos
ou privados, o consumo de cigarros,
cigarrilhas, charutos ou qualquer outro produto fumígero, derivado ou
não do tabaco”.
Se regulamentada, a lei passa a
valer após 90 dias da publicação no Diário Oficial e permitirá fumar apenas
em residências, vias públicas (ruas),
tabacarias, cultos religiosos específi-
Enoque Pinheiro, gerente do Blend
Bar, a respeito da proibição e descobrimos opiniões controversas. Enquanto o garçom afirma que o movimento cairá, o gerente garante que
os clientes frequentarão o estabelecimento, independentemente da lei.
Bruna Redis Accurso, aluna
de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é fumante e cliente do bar The Joy. Ela declarou que “a
lei tem seu lado bom e seu lado ruim:
em bares realmente o cigarro fará falta, porque o vício pede que eu fume
quando estou tomando uma cerveja,
mas ao mesmo tempo vai ajudar muita gente a parar”.
José Antonio Negretti, empresário e cliente do Blend Bar, também é fumante, mas expressou-se de
forma radical. “Por que não cortam
de vez a produção de cigarros? Se não
pode fumar em lugar nenhum, não
deveria vender em lugar nenhum”, diz
Negretti.
Levamos esse questionamento ao deputado estadual Mauro Bragato e ele declarou que “cigarro é um
produto legalizado e, neste momento,
não é isso que está sendo discutido”.
Completou dizendo que “o que esta lei
quer é estabelecer uma conscientização contínua para diminuir o uso do
tabaco e, se esse objetivo for alcançado, com campanhas de orientação,
com certeza o consumo vai diminuir
quem sabe até o ponto de inviabilizar
a produção de cigarros no Brasil”.
Humphrey Bogart - a tragada mais
famosa do cinema
Alguém falou em revolução?
Como os fãs estão levando bandas de fora do eixo USA-UK para o mainstream
tes. O grupo de hip hop Teriyaki Boyz
(Japão) vem ganhando fama e prestíMelanie Castro
gio desde que participou da trilha do
Thiago Caires
filme Velozes e Furiosos – Desafio em
Tóquio. t.A.T.u., a dupla russa que ganhou projeção mundial graças a boas
ue o rock foi inventado nos Esta- ações de marketing, também teve seu
dos Unidos, e que a maior febre momento de febre. Porém são poucas
mundial foi causada por bandas in- as que, cantando em outras línguas,
glesas, todo mundo sabe. Mas, hoje marcam definitivamente o cenário
em dia, o que há de mais interessante musical mundial. Mas isso está para
no rock é justamente sua adaptação, mudar.
sua junção com outras culturas. E se
De fã pra fã, a revolução vem acona imprensa insiste em não mostrar tecendo aos poucos, mas já passa
isso, dando sempre destaque maior às grandeza. O público do mundo todo,
bandas americanas e inglesas, a Inter- manifestando suas opiniões das mais
net veio para dar gás a bandas e cenas diversas maneiras, vem trazendo suas
musicais de outros países.
bandas favoritas (que a mídia jogaNão raro, bandas de países euro- va para escanteio) para mais perto
peus, sul-americanos e asiáticos alcan- do mainstream. E não é diferente no
çam fama mundial. É o caso de Daft Brasil.
Punk (França) que ganhou o mundo e
Petições online, enquetes no Orkut,
marcou a música eletrônica dos anos e-mails em massa para grandes em90. Silverchair veio da Austrália e fez presários de shows, não importa. Os
bastante sucesso entre os adolescen- resultados são visíveis, e cada vez
mais bandas esticam
suas turnês para o Brasil e fazem shows bemsucedidos, mesmo sem
nenhuma divulgação.
Bons exemplos são as
bandas Skatalites (Jamaica); Boom Boom
Kid, Dos Minutos e
Attack 77 (Argentina);
e Bambix e No Fun At
All (Bélgica), que só foram trazidas ao Brasil
porque os fãs tomaram
a dianteira e se organizaram para exigir suas
performances.
Neste ano, a banda
Ill Niño, formada por
latinos, se apresentará
no Brasil graças à insitência de seus fãs, que
passaram mais de um
ano e meio correndo
atrás de produtoras de
shows (ligando, mandando e-mails e até
se organizando e indo
pessoalmente). Esse
fator é tão forte hoje
Grupo Teriyaki Boyz, que teve uma de suas músicas que muitas produtoras, como a gigante Tiinseridas no filme Velozes e Furiosos
me4Fun, trazem ban-
Q
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das baseadas no tamanho e atividade
de suas comunidades no Orkut.
Um interessante caso de fãs que
se uniram em escala mundial para divulgar toda uma cena musical são os
fãs de Visual Kei (primeira corrente
de rock genuinamente japonesa, e,
como o nome indica, de forte apelo visual). Na França, fãs criaram um site
(conhecido como JaME, sigla para
“Japanese Music Entertainment”) de
notícias, entrevistas e perfis que logo
passou a levar shows de bandas japonesas para a Europa e hoje tem filiais
em 26 países, inclusive no Brasil.
Aqui, onde a comunidade de fãs do
rock japonês tem mais membros que a
maior comunidade de rock brasileiro,
foram os fãs que conseguiram mais de
6 mil votos únicos em 4 dias, trazendo
assim a maior estrela da cena nessa
geração: Miyavi. Numa matéria tristemente equivocada, o Jornal Nacional
creditou a vinda do astro ao centenário da imigração japonesa.
Mas nem todas as mídias viram as
costas para os apelos dos fãs. Os fãs de
j-rock encheram várias vezes a caixa
de e-mails da MTV, e hoje conquistaram seu espaço no portal do canal
(www.mtv.com.br/jrock),
mantido
por fãs, e inserts na programação. “Ficamos muito contentes em receber tal
convite e aceitamos com imenso prazer essa responsabilidade de divulgar
o Rock Japonês, o Visual Kei e todas
as suas vertentes para o público”, afirmou a equipe, que também mantém o
blog JapanVisualKei, em sua apresentação. Os diretores do portal dizem
ser hoje fãs do estilo; Rafael Losso
afirmou ter tido curiosidade pela cena
de tantos e-mails que recebia sobre o
assunto. Anos atrás, já tinha indicado
o mesmo Miyavi em seu blog pessoal.
O resultado desta e de outras divulgações movidas pelos fãs já pode ser
sentida. “Antes, você era considerado
‘o diferente’. Hoje, todo mundo tem
um amigo, um primo ou um vizinho
que conhece rock japonês”, disse Juliana Pinho, universitária.
Se mostra aí mais uma faceta libertadora da Internet: se a imprensa
insiste em não mostrar o que o público quer ver, o próprio público fará a
divulgação a seu modo. E com uma
força e insistência surpreendentes.
Pouco se aprendeu com de Hillsborough
A tragédia de Hillsborough faz 20 anos em abril de 2009, e a situação nos estádios está longe de melhorar
divulgação
Felipe Aragão
Danilo Morelli
Lucas Bastos
D
urante a Copa da Inglaterra, o Liverpool enfrentava a equipe Nottingham Forest, quando 96 torcedores
foram mortos esmagados contra as
grades da arquibancada do estádio de
Hillsborough, em Sheffield. As mortes
foram constatadas depois das investigações que não foram por causa de
violência entre os torcedores, mas sim
pela falta de condições no estádio. A
tragédia gerou mudanças imediatas
no futebol inglês, os dirigentes exigiram mudanças nos estádios e na segurança contra os hooligans e na profissionalização dos clubes e ligas, sem
falar no treinamento da polícia e das
leis duras contra os atos de vandalismo. Atual, no há mais grades separando os astros do público, que passou a
ser muito mais consciente, ajudando
para melhorar o espetáculo.
A violência entre “torcidas organizadas” no Brasil e um fenômeno comum e preocupante. Nos jogos considerados clássicos é comum ofensas
entre as torcidas, nas quais intimidações são postadas e o confronto entre
elas é marcado em sites. As principais
torcidas do estado de São Paulo, ou
seja, Torcida Jovem do Santos, Mancha Verde do Palmeiras, Gaviões da
Fiel do Corinthians, e Independente
do São Paulo criam esquemas para
driblar as autoridades e entrando em
confronto em elas, transformando em
verdadeiros palcos de guerra, e muitas vezes envolvendo torcedores inocentes, como no episódio de 2005 no
metrô Tatuapé, no qual 15 torcedores
atingiram um torcedor palmeirense,
Diogo Lima Borges, de 23 anos, baleado pelas costas. Diogo que estava com
o pai no metro durantes os disparos,
chegou a ser evado ao Pronto Socorro
porem morreu durante a cirurgia. O
crime, que ocorreu em 16 de outubro,
foi supostamente acertado pelo site de
relacionamentos Orkut.
No Brasil, as autoridades estudam
maneiras e estratégias de manter o ní-
vel de segurança. Uma das formas utilizadas e a da realização do jogos de
uma torcida única, como ocorre por
exemplo em jogos na Argentina entre o River Plate e Boca Juniors. Em
jogos grandes e decisivos o policiamento é aumentado nas imediações
dos estádios e criam rotas alternativas
para os torcedores adversários. Uma
outra medida muito comum é a presença maciça de fiscalização na porta
de entrada. Infelizmente, por falta de
recursos, os estádios brasileiros ainda apresentam deficiências, apesar
de já ter melhorado muito, adotando
por exemplo um espaçamento grande com policiamento pesado entre as
torcidas. A instauração do estatuto do
torcedor também promoveu melhorias importantes. Um exemplo recente esta ocorrendo na final do Campeonato Paulista. Neste ano o numero de
torcedores adversários reduziu muito
nos clássicos e a chegada e saída são
controladas pelo policiamento.
rsitários merecem portanto atenção especial e apoio das autoridades
no intuito manter a paz.
O JUCA - Jogos Universitários de
Comunicação e Artes esta indo ao seu
décimo sexto ano e marca disputas
acirradas entre oito das mais importantes faculdades de São Paulo: Belas Artes, Casper Líbero, ECA-USP,
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FAAP, Mackenzie, Metodista, PUC-SP
e PUCCAMP. Nesses eventos, brigas
são extremamente comuns, devido a
fatores como o alto consumo de álcool e a rivalidade. A direção do JUCA
toma suas precauções mantendo as
torcidas bem separadas e utilizando
de recursos de segurança para evitar
o confronte direto entre os torcedores
mais exaltados. De acordo com lideres das torcidas, com o aumento da
importância do evento (chega a ter
10 mil pessoas), a preocupação com
ações violentas tem aumentado crescentemente.
O futebol e o esporte são causadores de adrenalina e disputa acirrada.
Tanto os jogos de times profissionais,
quanto o de jogos univerrsitários merecem portanto atenção especial e
apoio das autoridades no intuito manter a paz.
MáscondiçõessãoregranosjogosUniversitários de Comunicação e Artes
Fraga assume a presidência da BM&F Bovespa
Com a crise econômica, Fraga assume a presidência da BM&FBovespa com grande responsabilidade
Felipe Salles
Danilo Morelli
Lucas Bastos
A
BM&FBovespa é uma das mais representativas bolsas de valores do
mundo e a mais importante do continente Latino Americano. Ela possui
extrema importância para a economia
brasileira e internacional. O economista e professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie Oscar Roberto Júnior comentou o fato: “a bolsa
é um termômetro muito interessante
na economia do país. As economias
maduras, as economias sérias tem de
ter um Mercado de capitais intenso e
que participa do dia a dia da economia. Desta forma, é fundamental para
uma economia madura ter a bolsa”.
A bolsa de mercadorias e futuros
foi criada no ano de 2008 por meio da
junção entre a Bolsa de mercadorias
& futuros e a bolsa de valores de São
Paulo. O objetivo da BM&FBovespa
é atuar macroeconomicamente para
proporcionar o crescimento susten-
tável do pais. São utilizados para isso
a negociação de commodities, ações e
outros instrumentos financeiros. No
ultimo dia 28 de Abril de 2009 o novo
conselho de administração do grupo
escolheu o renomado economista Arminio Fraga para assumir a presidência do grupo, em sucessão ao mandado do ex-presidente Gilberto Mifano.
Armio Fraga tem uma carreira
muito importante, com passagem
como presidente do BC do Brasil entre 1 de marco de 1999 a 17 de janeiro de 2003, durante mandando do
ex-presidente da república Fernando
Henrique Cardoso. Oscar comentou
ainda que “ele é um sujeito extremamente respeitado, ele é um sujeito sério, que antes dele ser chamado para
ser presidente do BC, em 1999 (é, ele
foi eleito, nós demos o prêmio acho
que em 2000 ou 2001). Em 99, ele
foi chamado para ser presidente depois de uma crise muito grande que
o Brasil passou. Havia muita crítica
a presidência dele no BC porque ele
era um dos responsáveis pelas finanças do Jorge Sorus que é um grande
capitalista internacional e diziam então que ele tendo trabalhado com um
grande capitalista, com um grande especulador, não era uma boa, um bom
maestro (digamos assim), não seria
uma boa autoridade monetária. Ele
teve um papel no BC excelente, muitos críticos dele passaram a elogiá-lo.
Quer dizer, ele é um sujeito de muito
bom senso, muito conhecimento, com
uma bagagem técnica gigantesca e a
visão do BC vai ajudá-lo, a experiência do BC vai naturalmente ajudá-lo
pela visão macroeconômica que ele
lapidou naquele período. Então ele
vai ser presidente da Bovespa/BM&F
com uma visão macroeconômica, com
uma experiência, com uma bagagem.
Quer dizer, o BC teve no meu juízo
uma influencia muito importante pela
bagagem que deu para ele. Por ter ampliado ainda mais a bagagem dele”.
Arminio Fraga atuou como diretor-gerente da Soros Fund Management de Nova Iorque por seis anos,
foi membro da junta de diretores e
diretor do departamento de assuntos
internacionais do BC do Brasil, tendo
também trabalhado da Salomon Brothers (NY), no banco de investimentos
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garantia. Academicamente, se formou
pela prestigiada escola de economia
da PUC-RJ , tendo se doutorado em
Economia pela Universidade de Princeton em Nova Jersei. Deu aulas na
Escola de Assuntos Internacionais da
Universidade de Columbia, em Nova
Iorque, na Escola Wharton e na Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro, alem da Escola de PósGraduação em Economia da FGV-RJ.
O prêmio Nobel de Economia Joseph
Stiglitz, indicou em 7 de Maio de 2007
Arminio Fraga para presidir o BIRD,
em um momento de crise do Banco
Mundial pela repartição entre os americanos e os europeus junto ao FMI.
Fraga, que é sócio da Gávea Investimentos (umas das mais importante
empresas do setor econômico) terá um
possível problema pela frente: a fato
da empresa atuar na BM&FBovespa.
Sobre isso, veja a opinião do economista e professor Oscar: “ele naturalmente vai ter que ser muito ético
porque ele vai algumas informações
muitas vezes privilegiadas e ele vai
ter que administrar muito bem essas
informações. Pode ser um problema?
Pode. Eu, particularmente, acredito
nele, na história dele. Eu vejo o Armínio. Repito, pode ser que eu esteja
extremamente errado, mas assim a
visão que eu tenho dele é que é um
homem muito agressivo, como tem
que ser, agressivo no bom sentido.
Ele é um sujeito que conhece muito bem o mercado, é agressivo, tem
um tino comercial bastante apurado.
Naturalmente, não é nenhum idiota.
Agora, ele até onde eu conheço, me
parece uma pessoa muito ética e que
tem muito bom senso. A sua pergunta é: pode? Eu não acredito que aconteça, mas pode”.
O
novo
presidente
da
BM&FBovespa terá responsabilidades, ainda mais agora em um momento de crise econômica mundial. Como
ele mesmo disse, no dia de sua posse,
a internacionalização e maior inversão do Brasil na economia será um de
seus principais objetivos: “Vamos explorar as oportunidades da bolsa, que
é uma das que tem maior potencial de
crescimento no mundo”, disse Fraga a
jornalistas logo após a reunião em que
foi nomeado.
A crise virou resposta para tudo
Falta de dinheiro pode ser problema na Virada Cultural
Palco rock da virada cultural do ano passado é um dos poucos que já estão confirmados para 2009
Ana Krepp
Yael Peretz
C
riada em 2005 sob a gestão de
José Serra, a Virada Cultural é
inspirada na Nuit Blanche, iniciada em
Paris, que anualmente agita grandes
cidades européias. O evento, em vinte
e quarto horas ininterruptas, promove
o encontro de diversas tribos musicais
e artísticas na capital. Nos últimos três
anos a Virada Cultural alcançou tanto
sucesso que já faz parte da agenda da
cidade e é aguardado ansiosamente
por paulistas e visitantes de outros
estados que buscam atrações de
qualidade a preço zero.
Em fevereiro foi anunciado o corte
de R$ 1 milhão no orçamento destinado
à edição de 2009 e que, segundo a
Secretaria Municipal de Cultura, esta
inserido no contingenciamento de 33%
da verba destinada à área cultural. O
valor correto acima se refere aos dados
obtido junto à Camara Municipal, e
não o valor divulgado pela imprensa
de R$1,5 milhão. Para Giovanna
Longo, representante da Assessoria
de Comunicação da Secretaria, o corte
é reflexo do panorama econômico
mundial e da expectativa de
arrecadação para o ano de 2009.
É pertinente que em momentos
de crise, como o de agora, os gastos
sejam reduzidos. Sabe-se que o
valor dos impostos que determinam
a arrecadação continuam sendo
os mesmos do ano passado, é
interessante compreender para onde
será destinado o excedente. Qual
retorno o contribuinte terá?
O evento será adaptado à nova
realidade
orçamentária.
Para
isto os palcos do parque Dom
Pedro, Avenida Rio Branco e o do
Anhangabaú (instrumental) ficarão
de fora. Entretanto, os organizadores
asseguram que a qualidade da
produção não será comprometida,
já que a curadoria é a mesma do ano
anterior. Vale lembrar; a programação
não esta fechada e ainda não há
artistas contratados.
“As grandes atrações não deixarão
de ser convidadas, mas as menores
Acontece • Página 9
não terão oportunidade de mostrar
seu trabalho’’, acredita Marcelo
Guanabara, músico da banda Homem
do Brasil. Ainda conclui que, desta
forma, a organização poderá afirmar
que com R$ 1 milhão a menos o
evento manteve o reconhecimento e
prestígio.
Enquanto a Secretaria não se
aprofundou nas explicações sobre
como os corpos estáveis (infraestrutura, segurança, limpeza e
banheiros) do evento serão afetados,
o vereador Roberto Trípoli, integrante
da Comissão de Orçamento da
Câmara Municipal de São Paulo,
em entrevista, disponibilizou uma
planilha. Afirmou, também, que é
direito de todo cidadão o acesso aos
dados oficiais orçamentários.
Somente nos dias 2 e 3 de maio
poderá se saber qual será a sensação do
público ao ver a comemoração enxuta
dos cinco anos da Virada Cultural em
São Paulo que contara com as medidas
realizadas pelas políticas publicas,
seja em conseqüência da crise
internacional ou da desorganização
municipal.
Terapias alternativas solucionam doenças do século XXI
Exercícios físicos, meditação, aula de pilates e acupuntura podem ser vias alternativas para
amenizar doenças do homem moderno
Domitila Gonzalez
Olívia Guariba
D
Acontece • Página 10
fotos: DIVULGAÇÃO
iante de doenças como obesidade, desvios de coluna e estresse,
as chamadas doenças do século XXI,
o homem moderno pode encontrar a
solução para seus problemas nas terapias alternativas.
Segundo o neurologista Jorghson
Ksam, formado pela USP, o século
XXI é caracterizado pelo estresse da
população da metrópole que passa o
dia todo no trânsito, trabalha, vive
estressada e se alimenta cada vez
pior.
Hoje, as facilidades oferecidas
pela internet, somadas à correria dos
grandes centros formam uma população de pessoas sedentárias. Aliado
a isto, por sua vez, está a má alimentação, cujos símbolos são as redes de
fast-food.
A nutricionista Vera Nascimento
disse que a obesidade está relacionada ao consumo de alimentos industrializados. Apesar de afetar, hoje,
mais de 38 milhões de brasileiros
com mais de 20 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde, ela vem
crescendo entre crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos, principalmente nas áreas urbanas.
Desvios de coluna são mais frequentes entre meninas de 10 a 12
anos e podem atingir tanto a região
do tórax quanto da bacia. Também é
comum aparecerem desvios como a
escoliose e a cifose em homens e mulheres a partir de 40 anos.
Existem alguns tratamentos alternativos para essas doenças. Um
deles é a meditação e o controle da
respiração. Por meio de relaxamento e condicionamento respiratório, o
paciente libera toxinas causadoras do
estresse, aumenta a capacidade pulmonar e aumenta o bem-estar mental, podendo até evitar a depressão.
Ambas as técnicas podem estar
ligadas ao yôga, que também exercita os músculos do corpo e auxilia no
tratamento de doenças ligadas à postura, assim como as aulas de pilates.
Daniel Senna, fisioterapeuta e
que potencializa as mudanças eletroquímicas
no corpo e faz com que
elas entrem em equilíbrio.
Yone Lelis tem 63
anos e há um ano é aluna de pilates de uma
academia da zona sul de
São Paulo. Ela contou
que sofria de desvio na
coluna e dores musculares constantes. “Me sinto bem mais relaxada,
hoje, depois das aulas.
Minha postura melhorou e não tenho mais dores musculares. Conheci
meu corpo e minhas
limitações e aprendi a
trabalhá-las”.
Natállia Shiroma tem
19 anos, é bailarina e já
passou por terapias alternativas como a acupuntura e pilates. “Como
ensaio todos os dias e por
longos períodos, muitas
vezes sem intervalos, a
tendência é o estresse
muscular e mental aumentar. Com as sessões
de acupuntura, consigo
liberar o estresse e relaAula de Pilates: sala cheia e alunos recuperados xar. Já o pilates ajuda a
trabalhar minha flexibiprofessor de pilates disse que “a técnica funciona muito bem, porque lidade e o condicionamento respiratrabalha com o alongamento e a to- tório, que é fundamental”.
nificação muscular ao mesmo tempo,
além da concentração, oxigenação do
sangue, relaxamento, flexibilidade e
resistência física e mental”.
A acupuntura também ajuda contra o estresse, dores musculares e
obesidade. No tratamento contra o
excesso de peso, controla a vontade
de comer e a ansiedade e reeduca o
sistema intestinal. Contudo, a acupuntura não emagrece, mas coloca
o paciente em condições de perder
peso.
Baseada em estudos da neurociência, essa é uma técnica milenar
que propõe a aplicação de estímulos
em áreas determinadas que estão diretamente ligadas à rede do sistema
nervoso periférico. Esses estímulos
provocam uma transmissão elétrica
Artesanato na era da tecnologia
A produção de bens artasanais combate a velocidade da tecnologia com talento
Ana Krepp
Yael Peretz
A
produção de bens em massa,
saldada ao mesmo tempo como
um benção e uma maldição da era
industrial, tem causado diferentes
fenômenos sociais e culturais através da história recente. Nesta óptica,
poucas invenções influenciaram tanto como a máquina a vapor. O motor
de James Watt promoveu um desenvolvimento mais rápido da industrialização, pois possibilitava que a
produção fosse maior em um menor
espaço de tempo. Assim, o trabalho
artesanal, naquele momento, perdeu
espaço para o maquino faturado.
Foto da loja Endossa
Dois séculos se passaram e a tecnologia foi continuamente renovada.
Hoje em dia podem ser produzidos
100 mil carros novos e vendidas 10
milhões de canetas Bic. Para sobreviver à concorrência o artesão também teve de se reinventar e, muitas
vezes, encontrou no comércio, distribuidor de produtos de massa, o
apoio necessário para voltar a ocupar espaço.
Danilo Leite se relaciona com
tal cultura de maneira diferente.
Ele utiliza o material produzido
em série para fazer suas esculturas com materiais reciclados e
expõe seu trabalho em duas das
principais feiras autorizadas pela
prefeitura de São Paulo, além de
buscar o apoio de ferramentas de
divulgação, como a internet. A n a
Luisa Paiva, outra artista, adotou a
mesma estratégia e agora também
vende seus bonecos feitos de pano
em um blog.
Gustavo, Rafael Pato e Carlos
Margarido são três amigos, com
aproximadamente 25 anos, que viram no artesanato uma oportunidade empreendedora. Em março de
2008 abriram a Endossa, loja que
propõe um novo conceito de comercialização. Inspirados no mundo
virtual e nos blogueiros que publicam a custo zero a Endossa foi criada buscando oferecer aos artesãos,
estilistas, designers iniciantes ou
qualquer pessoa que faz algum trabalho por diversão ou para ganhar
dinheiro, um espaço no qual podem
Acontece • Página 11
vender seus produtos investindo
quase nada. O “minimicroempreendedor” paga um aluguel e define o
preço de seus produtos, não precisa
se preocupar com taxas e impostos,
pois são recolhidos pela própria
loja. O desafio esta em satisfazer o
cliente. Se até o final do mês o valor total da venda for menos que do
aluguel o locatário perde o espaço.
A intenção é manter uma concorrência democrática definida pelo
cliente além de diversidade e versatilidade, ou seja, a cada dia uma
nova loja.
Nelson Candido dos Santos, com
seus 11 anos de experiência, diz não
temer a concorrência com a industria, pois o artesanato é um trabalho
demorado e delicado. “O produto
industrial é totalmente diferente do
artesanal que é criativo e diferenciado. O industrializado é padronizado, não muda muito. A diferença do
artesanato para o industrializado é
que o cliente pode escolher”.
Especialistas
O artesão ainda é um produtor
independente dono da matéria
prima e das ferramentas de
produção. É especialista naquilo
que faz, por isso participa de todas
as etapas de produção, portanto
não há uma divisão de trabalho.
Que vende diretamente o produto
de seu trabalho e não a força de seu
trabalho.
A Guerra Civil Espanhola faz 70 anos
Exposição de cartazes em São Paulo celebra o fim do conflito
Daniella Vergani
Fernanda Longatto
A
Entrevistamos Francesc Puértolas,
chefe de atividades culturais do Instituto Miguel Cervantes, responsável
pela exposição.
partes dos artistas tinham que sair do
país. Para superar a história e entender
a Espanha atual tem que conhecer o
passado, identificar os parentes que foram fuzilados, a Espanha é herdeira da
republica e a guerra não é um final para
ser comemorarado e sim para chorar.
para o mundo inteiro. A Espanha não
tinha um governo muito estável e procurou ajuda da França e Inglaterra, mas
ninguém ajudou nem tomou partido.
A Espanha ainda não resolveu alguns
problemas históricos. No final do Franquismo acontece a mudança política da
ditadura para democracia e as maiores
Puértolas: A parte estética, de designers atentos a vanguarda e sua influência. E a ideia do uso de imagens, é porque estas tinham importância radical
naquela época, já que a TV não existia.
E também porque não era só um conflito de espanhóis, mas sim de todo o
mundo devido aos vários sistemas políticos, a Espanha foi cobaia de varias
experiências políticas e militares. A
freqüência é de 100 pessoas por dia.
Acontece: Qual a importância da
Guerra Civil Espanhola para a Espanha de hoje? Qual a questão culAc: Da onde surgiu a idéia da
tural da Espanha naquela época?
Puértolas: A guerra não foi só im- exposição? Qual tem sido sua
portante para Espanha, mas também frequência?
Fotos: daniella vergani
Guerra Civil Espanhola, que ocorreu de 1936 a 1939, foi um conflito
bélico de grande dimensão. Devido a
grande dor causada ao povo espanhol,
pela derrota que sofreu o Governo democrático da Segunda Republica e por
servir de campo de provas para as potências do futuro Eixo e da União Soviética como preâmbulo para a Segunda
Guerra mundial, além de representar
um desenlace entre as principais ideologias políticas do momento.
Para comemorar os 70 anos do fim
do confronto, o Instituto Cervantes,
apresenta a exposição Cartazes da
Guerra Civil Espanhola, da Fundação
Pablo Iglesias, junto com a colaboração da USP, que fornece um ciclo de
documentários históricos e da Cinemateca Brasileira.
A coleção de cartazes constitui um
testemunho do cartazismo republicano, por sua amplitude e pela variedade
de temas, autores, instituições e organizações editoriais. Eles seguem a arte
vanguardista, em especial do construtivismo russo. A exposição mostra a
força, a sensibilidade, os sentimentos
e a capacidade intelectual daqueles
pintores e cartazistas.
Durante a guerra, artistas do mundo
todo se engajaram na luta contra o fascismo. Entre os poetas, destacam-se, Garcia
Lorca, Rafael Alberti, César Vallejo, Pablo
Neruda, Manuel Bandeira, Drummond,
Murilo Mendes, entre outros.
Ac: O que significa a comemoração
desses 70 anos? E Qual a importância e influência das imagens escolhidas na Guerra Civil?
Cartazes da exposição no Instituto Miguel Cervantes
Acontece • Página 12
Puértolas: É a combinação da política com a estética para convencer e informar a massa. Nos anos 20/30 a Espanha era subdesenvolvida e começa
a se modernizar a partir de Salvador
Dali, com o apoio da igreja católica
que controlava a massa, e a partir daí
surge um nível muito alto de produção cultural que faz com que a Espanha entre no Institucional Cível.