Dissertação - Institutos Lactec
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Dissertação - Institutos Lactec
LACTEC INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA AIRTON NEUBAUER FILHO VALORAÇÃO DO IMPACTO DO DERRAMAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS NA BAÍA DE PARANAGUÁ Curitiba 2009 AIRTON NEUBAUER FILHO VALORAÇÃO DO IMPACTO DO DERRAMAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS NA BAÍA DE PARANAGUÁ Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia - PRODETEC - do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC, para a obtenção de grau de Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia. Área de Concentração: Meio Ambiente. Linha de pesquisa: Meio Ambiente. Professor Orientador: Dr. Eduardo Marques Trindade. Curitiba 2009 ii TERMO DE APROVAÇÃO AIRTON NEUBAUER FILHO VALORAÇÃO DO IMPACTO DO DERRAMAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS NA BAÍA DE PARANAGUÁ Dissertação aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre no Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC, pela seguinte banca examinadora: Prof. Dr. Eduardo Marques Trindade Departamento de Tecnologia em Materiais Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek Pós-Graduação em Gestão Ambiental Universidade Positivo Profa. Dra. Helena Maria Wilhelm Departamento de Tecnologia em Materiais Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC Curitiba 2009 iii Dedico este trabalho a Deus e à minha família, meus maiores inspiradores. iv AGRADECIMENTOS Aquele que me chamou à vida, plena em realizações e alegrias, por meio do trabalho diário para participar da construção de um mundo melhor, mais honesto e saudável, rezo em silêncio: Amém! Aos meus familiares cujos caminhos trilham com abnegação e esforço, dando sua parcela de contribuição para o meu crescimento. Aos meus colegas de curso, que também batalharam para o alcance de seus objetivos e desejos: sucesso na vida profissional. Aos Coordenadores, Professores e em especial ao meu orientador, que demonstrou grande capacidade técnica. v Há circunstâncias na vida em que a dignidade humana pode exigir grandes sacrifícios, isto é, heroísmo. Ninguém tem autoridade moral para exigir de outro um comportamento heróico. Cada um de nós tem essa obrigação, não porque outros lho peçam ou censurem se o não fizer, mas porque as próprias coisas lho pedem; pede-o, sobretudo a dignidade humana. Juan Luis Lorda vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS Xi LISTA DE TABELAS Xii LISTA DE SIGLAS Xiii RESUMO XV ABSTRACT XV 1 INTRODUÇÃO 16 1.1 ÓLEOS COMBUSTÍVEIS (PETRÓLEO) 16 1.1.1 EFEITOS POTENCIAIS À SAÚDE E O BIOMA 17 1.2 NAFTA 18 1.2.1 EFEITOS POTENCIAIS À SAÚDE 18 1.3 METANOL 19 1.3.1 EFEITOS POTENCIAIS À SAÚDE 19 1.4 ETANOL 20 1.4.1 EFEITOS POTENCIAIS À SAÚDE 20 1.5 RISCOS DE ACIDENTES NA ATIVIDADE PETROLÍFERA 21 1.6 EFEITOS SOBRE O MEIO AMBIENTE 25 1.6.1 ESPALHAMENTO 26 1.6.2 EVAPORAÇÃO 26 1.6.3 DISPERSÃO 1.6.4 EMULSIFICAÇÃO 27 28 1.6.5 DISSOLUÇÃO 28 1.6.6 OXIDAÇÃO 29 1.6.7 SEDIMENTAÇÃO 29 1.6.8 BIODEGRADAÇÃO 30 1.7 PRINCIPAIS VAZAMENTOS DE NAVIOS NO MUNDO 31 1.8 PRINCIPAIS ACIDENTES COM PETRÓLEO E DERIVADOS NO BRASIL 33 1.9 TERMINAL DA CATTALINI 38 1.9.1 TERMINAL 1 39 1.9.2 TERMINAL 2 40 vii 2. OBJETIVOS GERAIS 44 2.1OBJETIVOS ESPECÍFICOS 44 3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 45 4. JUSTIFICATIVA 45 5. METODOLOGIA 46 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 46 5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 48 5.3 COLETA DE DADOS 48 5.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 49 5.5 RESULTADOS ESPERADOS 49 6. REFERENCIAL TEÓRICO 50 7. IMPACTOS AMBIENTAIS 53 7.1 RISCOS À SAÚDE HUMANA 57 7.2 RISCOS ÀS ATIVIDADES ECONÔMICAS 58 8. MATERIAL E MÉTODOS 58 9. ESTUDO DO TEMA E RESULTADOS 60 9.1 ESTUDO DA BAÍA DE PARANAGUÁ 67 9.1.1 MUNICÍPIO DE PARANAGUÁ 68 9.1.2 MUNICÍPIO DE ANTONINA 70 9.1.3 MUNICÍPIO DE GUARAQUEÇABA 70 9.1.4 PESCA NA BAÍA DE PARANAGUÁ 70 10. MATRIZ DE VARIÁVEIS EM RELAÇÃO A POSSÍVEIS ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS 10.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 72 72 10.2 OCORRÊNCIA DOS VENTOS DE ACORDO COM AS ÉPOCAS DO ANO 73 10.3 ESTUDO DA DIREÇÃO DOS VENTOS 74 10.4 MATRIZ DE REFERÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS VARIÁVEIS 77 10.4.1 VARIÁVEL DE EXPOSIÇÃO HUMANA 78 10.4.2 VARIÁVEL DE RISCOS AMBIENTAIS 79 viii 10.4.3 VARIÁVEL DA ECONOMIA LINDEIRA 80 10.4.4 MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA RISCOS À SAÚDE HUMANA 80 10.4.5 MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA RISCOS ECONÔMICOS 81 10.4.6 MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA RISCOS AO MEIO AMBIENTE 82 10.4.7 MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA RISCOS À SAÚDE HUMANA - 82 VENTOS 10.4.8 MATRIZ DE REFERÊNCIA – TEMPERATURA DA ÁGUA – SAÚDE 83 HUMAMA 10.4.9 MATRIZ DE REFERÊNCIA – FASES DA LUA - MEIO AMBIENTE 84 10.4.10 SOMATÓRIA DOS ÍNDICES 85 10.5 CONCLUSÕES DO ESTUDO 88 11. CONCLUSÕES GERAIS 89 12 REFERÊNCIAS 91 ANEXOS ANEXO 1 - PESCA NA BAÍA DE PARANAGUÁ. 95 ANEXO 2 - ZONA ESTUARINA DE USO GERAL. 96 ANEXO 3 - ZONA ESTUARINA DE USO INTENSIVO. 98 ANEXO 4 - ZONA ESTUARINA DE USO SEMI-EXTENSIVO. 100 ANEXO 5 - ZONA COSTEIRA DE USO GERAL. 102 ANEXO 6 - ÁREAS DE RISCO. 104 ANEXO 7 – SALINIDADE. 105 ANEXO 8 - ÁREAS DE NAVEGAÇÃO. 107 ANEXO 9 - QUALIDADE DAS ÁGUAS. 109 ANEXO 10 – TEMPERATURA. 110 ANEXO 11 - ZONA ESTUARINA DE CONSERVAÇÃO – BAÍA DAS 112 LARANJEIRAS. ANEXO 12 - OXIGÊNIO DISSOLVIDO. 114 ANEXO 13 - VARIAÇÃO POPULACIONAL. 116 ANEXO 14 - PESCA DO CAMARÃO. 117 ix ANEXO 15 - TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA. 118 ANEXO 16 - PESCA DE MOLUSCOS, CARANGUEJOS E SIRIS. 120 ANEXO 17 – MARÉS. 121 ANEXO 18 - RECUPERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS MARINHOS COM HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO. x 126 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Biguá afetado pelo óleo 25 Figura 2 – Impacto nos costões de pedra 25 Figura 3 - Tentativa de contanção 25 Figura 4 - Impacto na mata ciliar 25 Figura 5 - Esquema dos processos de intemperização do petróleo 27 Figura 6 - Acidente em plataforma 31 Figura 7 – Incêndio em tanques combustíveis 31 Figura 8 – Incêndio, visão noturna 31 Figura 9 – Terminal I Cattalini 43 Figura 10 – Terminal II Cattalini 43 Figura 11 – Plataforma marinha de extração de petróleo 53 Figura 12 – Instalação petrolífera 53 Figura 13 – Depósito petrolífero 53 Figura 14 – Limpeza de resíduos petrolíferos 53 Figura 15 – Tarrafa para a pesca de camarão 60 Figura 16 – Departamentelização das regiões para utilização da pesquisa 61 Figura 17 – Pescador artesanal 62 Figura 18 – Pesca na Ilha da Banana 62 Figura 19 – Gaiola de caranguejos 62 Figura 20 – Imagem de satélite da Baía de Paranaguá 69 Figura 21 – Biguás enxarcados de óleo 71 Figura 22 – Socó afetado pelo óleo 71 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Porcentagem de petróleo evaporado em função do tempo e da temperatura 27 Tabela 2 - Principais vazamentos de óleo de navios. 32 Tabela 3 – Estatística 2005 para os principais produtos carregados. 42 Tabela 4 – Propriedades toxicológicas dos hidrocarbonetos. 55 Tabela 5 – Efeitos do derrame de petróleo em comunidades biológicas 56 Tabela 6 – Direção dos ventos 74 Tabela 7 – Velocidade dos ventos 76 Tabela 8 – Variação das marés 77 Tabela 9 – Variáveis de riscos SH 79 Tabela 10 – Índices de riscos MA 80 Tabela 11 - Índices de riscos à Economia 80 Tabela 12 – Regiões da Baía de Paranaguá SH 81 Tabela 13 – Regiões da Baía de Paranaguá RE 82 Tabela 14 – Regiões da Baía de Paranaguá MA 82 Tabela 15 – Matriz de Vento Leste ou Nordeste 83 Tabela 16 – Matriz de Vento Sul ou Sudoeste 83 Tabela 17 – Matriz de Temperatura da água abaixo de 18°C -SH 84 Tabela 18 – Matriz da Temperatura da água acima de 18°C – SH 84 Tabela 19 – Matriz das Fases da lua Cheia ou Nova – MA 85 Tabela 20 - Matriz das Fases da Lua Minguante ou Crescente xii LISTA DE SIGLAS ADEMA: Administração Estadual de Meio Ambiente ALL: América Latina logística ANP: Agência Nacional do Petróleo API: Instituto Americano do Petróleo CETESB: Companhia de tecnologia de Saneamento Ambiental CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente COPPE: Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia ESI: Índice de Sensitividade Ambiental FEEMA: Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente FRONAPE: Frota nacional Petroleiros GLP: Gás Liquefeito de Petróleo HP: Hewlett Packard IBAMA: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISL: Índice de Sensitividade do Litoral ITOF: International Tankers Oil Pollution MMA: Ministério do Meio Ambiente PEI: Plano de Emergência Individual PPM: Partes por Milhão REMAN: Refinaria de Manaus REPAR: Refinaria de Araucária SIMEPAR: Sistema Meteorológico do Paraná SQA: Secretaria de Qualidade Ambiental TEBAR: Terminal Almirante Barroso TEDUT: Terminal Almirante Soares Dutra TRANSPETRO: TWA: Time-Weigthted Average xiii RESUMO O trabalho avaliou o estudo do impacto ambiental e das possibilidades de vazamento de alguns produtos químicos na Baía de Paranaguá – Estado do Paraná – Brasil. Têm em vista os efeitos do metanol, do etanol, da nafta e de hidrocarbonetos de petróleo, se um acidente ocorrer em diferentes lugares e condições ao longo da baía. Alguns aspectos sociais também são avaliados. A despeito dos constantes avanços dos sistemas operacionais de segurança, principalmente para o transporte de óleo combustível e derivados, a frequência de acidentes continua com altas taxas e o derramamento de óleo é ainda o maior perigo para as regiões costeiras em todo o mundo. Problemas envolvendo o vazamento de óleos em regiões industrializadas têm crescido o risco para saúde humana e para o meio ambiente. Especificamente na Baía de Paranaguá, existe uma alta possibilidade de acidente envolvendo o derramamento de óleo combustível, etanol e metanol, cada um com suas possíveis consequências. O trabalho descreve o histórico do impacto de óleo em vários segmentos pelo mundo. Também é verificada a evolução dos sistemas protetivos como a prevenção, logística, impactação e adventos de novas tecnologias e finalmente determina-se a Avaliação da Sensitividade Ambiental para Poluição Oceânica na Baía de Paranaguá - Paraná. Os resultados permitiriam identificar as áreas mais sensíveis do ponto de vista dos efeitos ambientais, comerciais, sociais e econômicos da região. Finalmente foi preparada uma lista de matrizes para ser usada em caso de acidentes, considerando as estações do ano, as fases da lua, entre outras variáveis. Palavras-chave: impacto ambiental, óleo combustível, metanol, etanol, nafta, derramamento de óleo. xiv ABSTRACT The project consists of an environmental impact evaluation study of the possibility for some chemical product leakages in Paranagua Bay – Parana State – Brazil. It has in view the effects of methanol, ethanol and petroleum hydrocarbons, if an accident occurs in many different places and conditions along the bay. Some social aspects are also analyzed. In spite of the constant advances on the operational security systems, mainly for the transportation of fuel oil and derivatives, the frequency of accidents remains with high rates, and oil shedding are the major danger to the coastal regions in the whole world. Problems involving oil leakages in industrialized regions had grown the risks to the man’s health and to the environment. Specifically in Paranagua Bay, there is a high possibility of accidents involving the shedding of fuel oil, ethanol and methanol, each one with its possible consequence. The work describes the historic of oil impact on several segments around the world. It is also verified the protection evolution like prevention, logistic, impactation and advents of new technologies and finally determinates the Ambient Valuation Sensivity for Sea Pollution in the Paranagua Bay - Paraná. The results allow identifying de most sensible areas under the point of view of environmental, commercial, social and economical effects in the region. Finally it was prepared a list of matrices to be used in case of accident, considering the seasons of the year, the moon phases, among other variables. Key-words: ambient impact, fuel oil, methanol, ethanol, nafta, oil shedding. xv 1. INTRODUÇÃO Apesar dos constantes avanços nos sistemas de segurança operacional, tanto relacionados à exploração, quanto ao transporte de petróleo e derivados, a freqüência de acidentes ainda permanece alta, e derramamentos de óleo são a maior ameaça para as regiões costeiras em todo o mundo. Além dos problemas relacionados ao petróleo, nas regiões industrializadas, os riscos para a saúde do homem e do ambiente vêm crescendo devido à maior liberação de resíduos perigosos no meio ambiente. O trabalho propõe o estudo de 4 produtos mais transportados e operacionalizados no Porto de Paranaguá, mais especificamente, nos terminais da empresa Cattalini/Petrobrás. 1.1 ÓLEO COMBUSTÍVEL (Petróleo): O Petróleo é uma substância oleosa, inflamável, geralmente menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom (castanho). Composta na sua maioria de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos. Também pode conter quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria inclui petróleos leves, médios e pesados, assim como os óleos extraídos de areias impregnadas de alcatrão. Materiais hidrocarbonatados que requerem grandes alterações químicas para a sua recuperação ou conversão em matérias-primas para a refinação do petróleo tais como óleos de xisto crus e óleos de xisto enriquecidos. O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua prospecção e extração envolve elevados custos. Atualmente é a principal fonte de energia. Serve como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-se: benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo medicamentos. Além de gerar a gasolina que serve de combustível para grande parte dos automóveis que circulam no mundo, vários produtos são derivados do petróleo como, por exemplo, a parafina, gás natural, GLP(Gás Liquefeito de Petróleo), produtos asfálticos, nafta petroquímica, querosene, solventes, óleos combustíveis, óleos lubrificantes, óleo diesel e combustível de aviação. O 16 petróleo constitui uma relação de sustentabilidade sob a ótica da economia mundial, no que diz respeito a dependência energética. De acordo com o Índice Dow Jones de Sustentabilidade World (DJSI), publicado na revista Brasileira de Risco e Seguro, “o mais importante índice mundial de sustentabilidade e que é usado como parâmetro para análise dos investidores social e ambientalmente responsáveis, a Petrobrás conquistou pelo terceiro ano consecutivo o direito de participar deste índice. Com a renovação, a companhia se consolida como uma das oito empresas brasileiras mais sustentáveis. A Petrobras é reconhecida como uma das 20 companhias mundiais do segmento de petróleo e gás e uma das oito empresas brasileiras mais sustentáveis de acordo com o Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI). O DJSI avalia os desempenhos econômico, ambiental e social de mais de 2.500 empresas em 57 setores, em todo o mundo. Atualmente, 20 empresas mundiais de petróleo e gás integram o índice”. Segundo BAYARDINO (2004), as empresas de petróleo acreditam estar atendendo a duas dimensões: a ambiental e a social, sem que para isso seja necessário realizar alterações significativas de caráter técnico e organizacional, sob risco de comprometer sua posição competitiva e, conseqüentemente, seu desempenho econômico. 1.1.1 Efeitos potenciais à saúde e o bioma: É freqüente que o petróleo contamine também as praias e costas. Neste caso o petróleo atinge a areia, onde se reproduzem rapidamente as bactérias e fungos que o decompõe. Se estiver bem misturado com a areia, a degradação ocorre, durante a estação quente do ano. Mas os grandes grumos, sobretudo o petróleo já resinificado, persiste durante anos sem se alterar. O mesmo ocorre com o material vegetal e animal impregnado com este líquido, como exemplo aves cobertas de petróleo, encontradas mumificadas após um ano depois da contaminação. No manguezal o sistema de raízes fica completamente impermeabilizado, o que torna as árvores afetadas incapazes de absorver oxigênio e nutrientes. Os vegetais vão perdendo as folhas e não conseguem realizar a fotossíntese. Os animais que habitam esses ecossistemas podem morrer em poucos dias sem poder 17 respirar. Outros vão se intoxicar ao poucos ao comerem folhas e bichos contaminados. O óleo que cobre o corpo dos animais pode prejudicar o sistema de isolamento térmico, como é o caso das aves cujas penas formam colchões de ar que os aquecem. De acordo com o artigo da Revista Medicina Avançada, “Além da toxicidade, a temperatura do óleo sob o sol pode atingir sessenta graus Celsius (60°C), matando os plânctons, animais e vegetais microscópicos que alimentam milhares de espécies direta ou indiretamente”. 1.2 NAFTA: Também conhecida como solvente de petróleo, as naftas (também designadas de gasolinas), cujo ponto de ebulição se encontra entre 20 e 200 graus Celsius, são uma mistura de alcanos e cicloalcanos (C5 a C12). As naftas também contêm pequenas quantidades de benzeno, tolueno, xileno e outros hidrocarbonetos aromáticos. A fração de nafta luminosa, cujo ponto de ebulição se encontra entre 20ºC e 150ºC, é a “fonte principal da gasolina” e representa aproximadamente 25% do petróleo bruto. De certo modo, as naftas são as frações de destilação mais valiosas, porque são úteis, não só como combustíveis, mas também como fontes de matéria-prima da química orgânica industrial. “As características físico-químicas das emissões acidentais são determinantes de sua toxicidade, vias de exposição e extensão das áreas atingidas. No caso da Nafta, suas conseqüências são menos impactantes, dado a sua composição. A forma sólida tem menor capacidade de se estender além dos limites da zona afetada, sendo mais freqüente em casos de armazenamento ou disposição inadequada de resíduos” (Ackermann-Liebrich, 1992). 1.2.1 Efeitos potenciais à saúde: Na forma de vapor, não é irritante para a pele. Não é irritante para os olhos. Se inalado, causará tontura ou perda da consciência. Na forma líquida, irritante para a pele ou em contato com os olhos. Se ingerido causará intoxicação. 18 1.3 METANOL: Também conhecido como álcool metílico, é um composto químico com fórmula química CH3OH. Líqüido, inflamável, possui chama invisível, fundindo-se a cerca de - 98 °C. Também chamado o álcool da madeira, pode ser preparado pela destilação de madeiras, ou pela reação do gás de síntese, vindos de origem fosseis gás natural (uma mistura de H2 com CO passando sobre um catalisador metálico a altas temperaturas e pressões). O metanol é principalmente um solvente industrial, pois ele dissolve alguns sais melhor do que o etanol. É utilizado na indústria de plásticos, na extração de produtos animais e vegetais, e como solvente em reações de importância farmacológica, como no preparo de colesterol, vitaminas e hormônios. Fonte: Wikipédia; 2008. Os antigos egípcios usavam no processo de embalsamamento uma mistura de substâncias que incluía o metanol. Este era obtido por pirólise da madeira. Em 1661, Robert Boyle isolou pela primeira vez o metanol (puro) e chamou-lhe álcool da madeira. Em 1834, Jean Baptiste Dumas e Eugene Peligot determinaram a sua composição elementar. Matthias Pier, em 1923 desenvolveu uma forma de converter uma mistura de monóxido de carbono (CO), com hidrogênio (H) em metanol. Neste processo, usava-se cromato de zinco como catalizador e eram requeridas condições extremas. Fonte: Methanol Institute, 2000. 1.3.1 Efeitos potenciais à saúde: Inalação, causa leve irritação às membranas das mucosas. Tem efeito tóxico no sistema nervoso, particularmente no nervo óptico. Os sintomas da exposição incluem dor de cabeça, náusea, vômito, cegueira, coma e até a morte. Por ingestão é tóxico. Irrita as membranas da mucosa. Pode causar intoxicação e cegueira. Dose fatal: 100 – 150 ml. Em contato com a pele, pode deixar a pele seca e quebradiça. Se ocorrer absorção; sintomas parecidos com a inalação. Em contato com os olhos é irritante. A exposição contínua pode causar lesões nos olhos. Com a exposição crônica, prejudica a visão e causa aumento do fígado. Repetidas ou prolongadas exposições podem causar irritação na pele. Fonte: Wikipédia; 2008. 19 1.4 ETANOL: O etanol é um composto químico com fórmula química (CH3 CH2OH), também chamado de álcool etílico, é uma substância obtida da fermentação de açúcares, encontrado em bebidas como cerveja, vinho e aguardente, bem como na indústria de perfumaria. No Brasil, tal substância é também muito utilizada como combustível de motores de explosão, constituindo assim um mercado em ascensão para um combustível obtido de maneira renovável e o estabelecimento de uma indústria de química de base, sustentada na utilização de biomassa de origem agrícola e renováveis. O etanol é o mais comum dos álcoois. Podem ser vistos como derivados orgânicos da água em que um dos hidrogênios foi substituído por um grupo orgânico.Brasil deveria urgentemente adotar uma política energética de produção em micro-escala que pudesse atender aos anseios de um desenvolvimento urbano mais homogeneamente distribuído pelo território nacional, com características de maior justiça social e num contexto de desenvolvimento sustentável. Um dos sistemas possíveis de serem empregados na produção de energia elétrica, segundo a política proposta, são as células combustíveis. As vantagens desses sistemas são: . Baixíssimos níveis de poluentes são liberados para a atmosfera com a produção de energia (níveis que são iguais a zero quando o hidrogênio é utilizado). . Versatilidade de utilização de diversos combustíveis, tais como o metanol e etanol. Fonte: Revista ECO, 2002. 1.4.1 Efeitos potenciais à saúde: Sua inalação pode causar irritação respiratória. Causa irritação na pele, nocivo se absorvido pela pele. O contato com os olhos pode causar irritação grave. Tem efeito irritante e pode causar lesão no tecido ocular se não for prontamente removido. Pode ser perigoso por inalação. A inalação de vapores pode causar uma ligeira irritação na membrana mucosa. A inalação prolongada ou excessiva pode causar irritação das vias respiratórias. A inalação de vapores em elevadas 20 concentrações pode causar sintomas como dor de cabeça, vertigens, cansaço,náuseas e vômitos. Pode ser perigoso se engolido. A ingestão deste produto pode resultar em efeitos no sistema nervoso central, incluindo dor de cabeça, sonolência, tontura, fala desarticulada e visão embaçada. Fonte: HP. Manual. Folha de dados de segurança. 2004. Os veículos movidos a etanol (álcool combustível) poderiam contribuir para o desenvolvimento de um número maior de enfermidades e até de mortes decorrentes de doenças respiratórias do que os carros e caminhões a gasolina, revelou um estudo feito nos Estados Unidos. Se todos os carros e caminhões forem substituídos por veículos movidos a etanol, as mortes vinculadas à contaminação do ar aumentariam cerca de 4% nos Estados Unidos.(Environmental Science & Technology, 2007). Estes 4 produtos são os mais movimentados no Porto de Paranaguá, constituindo o maior fator de risco à população, costões de pedra e vida marinha, além de impactar diretamente na relação sócio-econômica da região. 1.5 RISCOS DE ACIDENTES NA ATIVIDADE PETROLÍFERA Métodos efetivos de mapeamento, monitoramento e modelagem de áreas potencialmente favoráveis à liberação de resíduos perigosos, bem como de seus fatores influenciadores, devem ser desenvolvidos e constantemente evoluídos. A poluição dos mares e das zonas costeiras originadas por acidentes com o transporte marítimo de mercadorias, em particular o petróleo bruto, contribui anualmente, em 10% para a poluição global dos oceanos, de acordo com informações divulgadas pela organização não-governamental Greenpeace, todos os anos, 600 mil toneladas de petróleo bruto são derramadas em acidentes ou descargas ilegais, com graves conseqüências econômicas e ambientais. Dos acidentes com petroleiros, o óleo se alastra progressivamente, formando extensas manchas negras. São as chamadas marés negras, de efeito altamente destruidor e que provocam uma enorme mortandade de aves marinhas, peixes e moluscos. Espalhado na água, o óleo forma uma camada que impede as trocas gasosas e a passagem da luz. Com isso, muitos peixes ficam com suas brânquias 21 obstruídas, o que os impede de respirar, e as aves, com as penas impregnadas de petróleo, perdem a capacidade de voar e de boiar, o que as condenam a morte. Segundo ambientalistas e pesquisadores, é quando as marés negras atingem as zonas costeiras que os seus efeitos se tornam ainda mais devastadores. Além de destruírem o mangue, a fauna e a flora, provocam enormes prejuízos a atividade pesqueira e têm um forte impacto na atividade turística. De remoção difícil, os resíduos impedem, durante muito tempo, a utilização das praias. Para prevenir acidentes com derramamento de óleo, devem-se monitorar as águas brasileiras, costeiras e internas nas 24 horas do dia. É o que prevê o Programa Nacional de Vigilância para Prevenção e Monitoramento de Derrames de Óleo, criado em comemoração ao 12o aniversário do Centro de Sensoriamento Remoto do MMA/IBAMA. O programa funciona em parcerias com vários ministérios, universidades e órgãos envolvidos diretamente com problemas de acidentes ambientais. Com os avanços tecnológicos, os riscos se potencializaram. Os combustíveis líquidos introduziram novas variáveis – volatilidade, fluidez, inflamabilidade – que aumentaram os riscos de acidentes e facilitaram as contaminações por infiltração no solo e dispersão nas águas (VALLE E LAGE, 2003). É conveniente considerar que as atividades da indústria petrolífera pressupõem riscos variados, que são o resultado de fatores técnicos e condições humanas. Causam impacto ambiental em todo o seu circuito, desde os poços até os motores e caldeiras que queimam combustíveis, além do transporte e de produção no mar, com seus equipamentos especiais de perfuração e de escoamento. Estima-se hoje em 100 milhões de barris/dia o consumo de petróleo e seus derivados. Isto significa lançar na atmosfera, sob a forma de gases e poluentes, uma massa enorme de carbono e outros elementos como enxofre e nitrogênio. Essa massa de petróleo e gás é quase toda queimada, transformando-se basicamente em gás carbônico. É uma massa de carbono, sem precedentes na história, jogado artificialmente na atmosfera. A dispersão desses gases e poluentes, principalmente, em áreas urbanas pode contribuir para a ocorrência de graves acidentes, que afetam a saúde da população e os ecossistemas da região. Mas essa massa de gás jogada na 22 atmosfera é apenas um dos fatores de agressão à natureza, promovido pela indústria do petróleo. As agressões ocorrem em todas as etapas dessa indústria. Um derrame, mesmo que de pequeno porte, pode levar a danos irreversíveis, a depender da sensibilidade do local atingido (Kingston et al., 2003), e esses danos aumentam em função da proximidade com a costa (ITOPF, 1986 apud POFFO, 2000). Nas instalações de produção, há sempre riscos de derramamentos, de incêndios e, normalmente são descartados rejeitos com enormes potenciais de agressão a natureza como as águas de produção, em geral com alta salinidade, e que são inutilizadas ainda contendo significativas massas de óleo. Isso sem falar nos vários meios de transporte do petróleo e seus derivados, da produção até as unidades de refino, onde existem enormes riscos envolvidos, tais como derramamentos e incêndios, por operações de descarga ou limpeza dos tanques de estocagem. Os principais meios utilizados são transporte por água, dutos, ferrovias ou rodovias, e também através de reservatórios oceânicos e por oleodutos sobre a terra. Os riscos estão presentes e se multiplicam ao longo de todo o trajeto percorrido pelo petróleo, em sua viagem de origem até as refinarias, já que os grandes centros consumidores de petróleo estão situados bem distantes dos pólos produtores. Dentre as muitas causas de derramamento, podemos considerar a falta de capacidade dos tanques de navios ou embarcações ou explosões de poços ou de oleodutos danificados na terra. Um derramamento em terra pode ocorrer na ruptura de um oleoduto ou explosão do poço. No caso de ruptura dos oleodutos, as causas mais freqüentes são o equipamento de bombeamento danificado, terremotos, sabotagens, ou derramamento de petróleo deliberado, como o ocorrido na Guerra do Golfo, em 1990, que pode ser considerada uma das maiores tragédias. Os acidentes terrestres causam danos na área onde ocorre, o que possibilita a fácil delimitação do local atingido. Entretanto, nos casos de acidentes na água, os impactos têm suas dimensões ampliadas, pois são propagados pelas correntes, dificultando a determinação das áreas atingidas. A partir da década de 1970, um novo foco no mar começou a se projetar, decorrente da intensificação da exploração em campos petrolíferos submarinos. As plataformas desenvolvidas para esses campos resultaram em instalações de grande 23 porte, fixas ou móveis, capazes de abrigar tripulações de centenas de homens e de concentrar, em espaços reduzidos e muitas vezes confinados, expressivo número de equipamentos e volumes elevados de produtos inflamáveis. Os riscos concentrados nessas unidades têm causado acidentes de grande porte, com muitas perdas humanas. O vazamento de petróleo, provocadas por falhas nos dutos submarinos que interligam essas plataformas entre si ou às bases de terra, podem também ser causas de acidentes ambientais relevantes (VALLE e LAGE, 2003). Na fase de comercialização, os riscos aumentam e se propagam. Como são dispersos e de pequena extensão, passam despercebidos, mesmo pelos órgãos de fiscalização ambiental. A contaminação de áreas urbanas por hidrocarbonetos provenientes de postos de serviços tem sido uma preocupação crescente nas grandes cidades, pelo fato de que muitos desses postos mantêm essas instalações em uso por muitos anos, sem a manutenção adequada. (VALLE e LAGE, 2003). A maioria desses postos opera com tanques vazando e com descarte de combustíveis que se infiltram nas áreas vizinhas dessas instalações podendo atingir redes de esgotos pluviais, redes de energia, túneis de trens e garagens de edifícios. Há também o risco à saúde, pois os frentistas, respirando diariamente hidrocarbonetos, estão expostos diretamente a agentes cancerígenos. Atualmente, todos esses potenciais riscos podem ser minimizados com a tecnologia desenvolvida pela IMP e pelo cumprimento da legislação já existente. No entanto, as próprias indústrias de petróleo, o governo e a sociedade pouco se esforçam para prevenir catástrofes e muito se dedicam para remediá-las. A conseqüência é grande e a recuperação lenta, sobretudo aos animais marinhos e costões de pedra, conforme figuras 1 e 2 a seguir: 24 Figura 1 - Biguá afetado pelo óleo Figura 2 - Impacto nos costões de pedra Próximo às cidades, onde existem refinarias e transporte e condução de óleos combustíveis, também acarretam danos expressivos ao meio ambiente, afetando a vida dos rios e mata ciliar, além de plantações e lençóis d’água (figura 4). Apesar das equipes das empresas envolvidas e defesa civil se utilizarem de bóias de contenção, ainda permanecem resíduos, tornando mais lento o processo de recuperação, conforme demonstra a figura 3. Figura 4 - Impacto na mata ciliar Figura 3: Tentativa de contensão 1.6 ALTERAÇÕES SOFRIDAS NO MEIO AMBIENTE A intemperização, ou seja, a transformação que o petróleo e seus refinados sofrem no ambiente, é um processo de evolução primária que vai afetar as características físicas, tais como densidade, viscosidade, ponto de escoamento e 25 solubilidade. O processo secundário é mais lento, podendo se estender de meses a anos, atuando sobre o produto já envelhecido, tais como a oxidação química, fotoquímica e microbiana.(Oil Association International, 1995). O produto derramado, em contato com o ambiente, passa a sofrer os efeitos de processos físico-químicos e biológicos naturais contínuos tais como os ventos, as temperaturas, a intensidade da luz, ondas e correntes, que irão determinar a sua permanência no ambiente (ITOPF, 2003). Ocorrem de forma simultânea, não havendo uma seqüência lógica entre espalhamento, evaporação, dispersão, dissolução, emulsificação, sedimentação, biodegradação e foto-oxidação. 1.6.1 Espalhamento: Um dos mais significativos processos nas primeiras horas do derrame, que constitui em um movimento horizontal na superfície da água. Depende da força gravitacional, do tipo de derrame, viscosidade, tensão superficial do óleo e de condições climáticas e oceânicas. Dura aproximadamente uma semana, ou enquanto o óleo estiver sendo contido. Com a evaporação, que torna o petróleo mais pesado e viscoso, este processo diminui sensivelmente após os primeiros dias (API, 1999). 1.6.2 Evaporação: Processo de perda para a atmosfera dos compostos com baixo ponto de ebulição, que se evaporam da superfície do derramamento (ITOPF, 2003). É um processo iniciado em seguida ao derrame que se seguirá por, aproximadamente, 14 dias e se seguirá por até um ano, no caso de compostos pesados. A evaporação é o primeiro processo que atua na remoção natural do produto da superfície da água, sendo o mais importante neste aspecto durante as primeiras 24 a 48 horas. Dependendo da composição do produto, a evaporação pode ser responsável pela redução de mais da metade do volume da mancha, podendo chegar de 75 a 100% de redução do volume para muitos refinados leves como gasolina e querosene (LEE, 1980; ITOPF, 1987 apud API, 1999). 26 Tabela 1 - Porcentagem de petróleo evaporado em função do tempo e da temperatura. Porcentagem evaporada em função da temperatura ambiente Tempo em horas 5 10 20 30 40 10ºC 16,5 19,5 21,5 23,0 24,0 21ºC 19,5 22,5 25,0 27,0 28,0 38ºC 23,5 27,0 30,0 32,0 33,0 Fonte: PETROBRAS; 2006 Vão influenciar na evaporação tanto as condições ambientais como a composição e a volatilidade do produto; área e espessura da mancha (manchas menos espessas apresentam maior taxa de evaporação); radiação solar, temperatura da água (quanto maior a temperatura maior a taxa de evaporação) e vento (CETESB, 2002). Figura 5 – Esquema dos processos de intemperização do petróleo e seus derivados. Fonte: FRONAPE (2002). 1.6.3 Dispersão: Mares agitados quebram a mancha de óleo em gotas de diversos tamanhos. As menores permanecem em suspensão na coluna d'água, sendo atacadas por processos como biodegradação e sedimentação (ITOPF, 2003). É um dos mais 27 importantes processos de intemperização durante os primeiros dias do derramamento, que se prolonga por muitas semanas. A viscosidade é um fator de forte influência, pois quanto mais viscoso o produto menor a dispersão, assim como a coesão entre as moléculas. Quanto mais espessa a mancha e maior a tensão, menor a dispersão. 1.6.4 Emulsificação: Incorporação de água ao óleo formando um novo produto (emulsão óleoágua, conhecida como mousse) que é relativamente resistente a outros processos de intemperização (ITOPF, 2003). Este processo aumenta de duas a três vezes o volume total de óleo remanescente no ambiente e contém de 30% a 80% de água (API, 1999). A emulsificação é extremamente viscosa e tem densidade próxima a da água do mar, formando como produto final pelotas de óleo ou tar balls. É um processo iniciado ainda no primeiro dia e podendo persistir ao longo do primeiro ano, sendo formado na primeira semana após a perda dos componentes leves principalmente pelos processos de evaporação e dissolução (CETESB, 2002). Depende da viscosidade e composição do óleo e do estado do mar. Óleos mais viscosos (com altos teores de asfaltenos e parafinas), com componentes pesados, tendem a formar emulsões água-óleo estáveis. 1.6.5 Dissolução: A taxa de dissolução do óleo depende de sua composição, do espalhamento da mancha, temperatura e turbulência da água e da taxa de dispersão. É um processo que se inicia logo após o derrame e se perpetua ao longo do tempo. Consiste na transferência dos compostos do produto derramado para a coluna d’água (CETESB, 2002). Apenas uma pequena fração se dissolve, cerca de 2% a 5% (API, 1999). O processo de dissolução é improvável para alguns tipos de óleo, isto porque componentes que poderiam se dissolver provavelmente se evaporam primeiro, já que a evaporação ocorre de 10 a 100 vezes mais rápido (ITOPF, 2003). 28 As frações que se dissolvem são normalmente as mais tóxicas e, uma vez dissolvidas, tornam-se biodisponíveis. No entanto, os compostos dissolvidos concentram-se próximos da superfície, sendo os riscos considerados localizados e de curta duração, devido à evaporação e mistura na coluna d’água. Os compostos leves, como os hidrocarbonetos aromáticos, são mais solúveis. 1.6.6 Oxidação: É a combinação química dos hidrocarbonetos com o oxigênio, formando compostos solúveis, através de uma reação foto-química, na presença de oxigênio, para produzir novos compostos que tendem a ser mais solúveis e tóxicos (CETESB, 2002). O processo é diretamente dependente de irradiação solar. Não tem grande significância na intemperização do óleo como um todo (ITOPF, 2003) e é iniciado dentro de algumas horas após o derrame e pode durar de semanas a meses sem, no entanto, ter um pico durante todo o processo de intemperização. 1.6.7 Sedimentação: Poucos óleos crus são suficientemente densos para afundar. A sedimentação ocorre principalmente devido a adesão de partículas de sedimento ou matéria orgânica ao óleo. A sedimentação depende do grau de dispersão, sólidos suspensos na água e da contaminação de ambientes costeiros, principalmente praias. Ela pode ocorrer essencialmente de três formas: adesão às partículas em suspensão, deposição como pelotas ou por afundamento direto resultante do aumento da densidade em conseqüência da intemperização (CETESB, 2004). É um processo iniciado logo após o derrame, atingindo seu pico algumas semanas depois. Muito importante em áreas costeiras, com alto hidrodinamismo, onde há maior quantidade de organismos e partículas em suspensão na coluna d’água (CETESB, 2002). Uma vez sedimentado, aumenta a residência do produto no ambiente, tornando-o uma fonte de contaminação a longo prazo. Ocorre normalmente com os componentes pesados que não se dissolvem na água. 29 1.6.8 Biodegradação: Consiste na degradação do óleo por bactérias e fungos naturalmente presentes no mar. A taxa de biodegradação é influenciada pela temperatura e disponibilidade de nutrientes, principalmente, nitrogênio e fósforo. Processo através do qual microorganismos (bactérias e fungos) presentes no meio se utilizam dos hidrocarbonetos de petróleo como fonte de alimentação, transformando as moléculas em subprodutos oxidados, que serão, por fim, degradados a CO2 e água (ITOPF, 2003). É um processo significativo, porém lento, que se inicia tão logo ocorra detoxificação do óleo derramado pelos processos de intemperização e a população microbiana residente tenha crescido e se multiplicado. O pico normalmente se dá dentro do primeiro mês. Ocorre na superfície e coluna d’água, no sedimento e na costa. A disponibilidade de nutrientes e oxigênio são fatores limitantes do processo. A atividade microbiana é favorecida em temperaturas moderadas, sendo esta, pois, também um interferente do processo. (CETESB, 2002). Os processos de espalhamento, evaporação, dispersão, emulsificação e dissolução são os mais importantes nos períodos iniciais de um derrame, enquanto que oxidação, sedimentação e biodegradação ocorrem a longo-prazo. Com o passar do tempo, o óleo no ambiente mudará suas características iniciais, ficando menos tóxico, mais denso e viscoso e mais persistente. A dispersão do óleo derramado em solo é mais restrita do que na água. Danos ao solo são causados à vegetação e aos animais, porém com a grande capacidade de absorção e a formação de blocos pelo óleo derramado, a distribuição não é muito efetiva. Essa é a grande diferença entre os ambientes aquáticos e terrestres. 30 Figura 6 - acidente em plataforma O petróleo também tem sido derramado devido a estratégias de Guerra por deliberadas ações de tanques de guerra, como o ocorrido na Segunda Guerra Mundial e na guerra Irã-Iraque de 1981-1983. O maior acidente marinho ocorrido durante a Guerra do Golfo de 1991, quando Iraque forçou o derramamento de 0,8 milhões de toneladas de óleo bruto de muitos tanques. Figura 7- Incêndio em tanques combustíveis Figura 8- Incêndio,visão noturna 1.7 PRINCIPAIS VAZAMENTOS DE ÓLEO COM NAVIOS NO MUNDO Desde o início da comercialização e transporte de óleo combustível e derivados ocorrem acidentes. Com a tecnologia de transporte agregando maior condição logística para volumes transportados, expuseram o meio ambiente e a economia de regiões afetadas, a Tabela 2 demonstra os maiores acidentes ocorridos no mundo: 31 TABELA 2 – Principais vazamentos de óleo de navios. Nome do Navio Ano Local Toneladas 1 Atlantic Empress 1979 Tobago - West Indies 278.000 2 ABT Summer 1991 Angola 260.000 3 Castillo de Bellver 1983 Saldanha Bay - South Africa 252.000 4 Amoco Cadiz 1978 Brittany - France 223.000 5 Haven 1991 Genoa - Italy 144.000 6 Odyssey 1988 Nova Scota - Canada 132.000 7 Torrey Canyon 1967 Scilly Isles - UK 119.000 8 Urquiola 1976 La Coruna - Spain 100.000 9 Hawaiian Patriot 1977 Honolulu 95.000 10 Independenta 1979 Bosphorus - Turkey 95.000 11 Jakob Maersk 1975 Oporto - Portugal 88.000 12 Braer 1993 Shetland Island - UK 85.000 13 Khark 5 1989 Atlantic Coast - Morocco 80.000 14 Aegean Sea 1992 La Coruna - Spain 74.000 15 Sea Empress 1996 Milford Haven - UK 72.000 16 Katina P. 1992 Matupo - Mozambique 72.000 17 Assimi 1983 Muscat - Oman 53.000 18 Metula 1974 Magellan Straits - Chile 50.000 32 1.8 PRINCIPAIS ACIDENTES COM PETRÓLEO E DERIVADOS NO BRASIL O risco de ocorrer um acidente no Brasil constante (24 horas por dia, considerando a operação portuária) e com a possibilidade de ocorrer um espalhamento muito rápido. Abaixo, o histórico dos principais acidentes, segundo International Tanker Owners Pollution Federation, (ITOPF): Março de 1975 - Um cargueiro fretado pela Petrobras derrama 6 mil toneladas de óleo na Baia de Guanabara. Outubro de 1983 - 3 milhões de litros de óleo vazam de um oleoduto da Petrobras em Bertioga. Fevereiro de 1984 - 93 mortes e 2.500 desabrigados na explosão de um duto da Petrobras na favela Vila Socó, Cubatão – SP. Agosto de 1984 - Gás vaza do poço submarino de Enchova (Petrobras): 37 mortos e 19 feridos. Julho de 1992 - Vazamento de 10 mil litros de óleo em área de manancial do Rio Cubatão. Maio de 1994 - 2,7 milhões de litros de litros de óleo poluem 18 praias do litoral norte paulista. Março de 1997 - O rompimento de um duto da Petrobras que liga a Refinaria de Duque de Caxias (RJ) ao terminal DSTE - Ilha D´Água provoca o vazamento de 2,8 milhões de óleo combustível em manguezais na Baía de Guanabara (RJ). Julho de 1997 - Vazamento de FLO (produto usado para a limpeza ou selagem de equipamentos) no rio Cubatão (SP) - Petrobras. Agosto de 1997 - Vazamento de 2 mil litros de óleo combustível atinge cinco praias na Ilha do Governador (RJ) - Petrobras. Outubro de 1998 - Uma rachadura de cerca de um metro que liga a refinaria de São José dos Campos ao Terminal de Guararema, ambos em São Paulo, causa o vazamento de 1,5 milhão de litros de óleo combustível no rio Alambari. O duto estava há cinco anos sem manutenção (Petrobras). 33 Agosto de 1999 - Vazamento de 3 mil litros de óleo no oleoduto da refinaria da Petrobras que abastece a Manaus Energia (Reman) atinge o Igarapé do Cururu (AM) e Rio Negro. Danos ambientais ainda não recuperados. Agosto de 1999 - Na Repar (Petrobras), na grande Curitiba houve um vazamento de 3 metros cúbicos de nafta de xisto, produto que possui benzeno. Durante três dias o odor praticamente impediu o trabalho na refinaria. Agosto de 1999 - Menos de um mês depois, novo vazamento de óleo combustível na Reman. Pelo menos 1.000 litros de óleo contaminaram o rio Negro (AM) Petrobras. Novembro de 1999 - Falha no campo de produção de petróleo em Carmópolis (SE) provoca o vazamento de óleo e água sanitária no rio Siriri (SE). A pesca no local acabou após o acidente (Petrobras). Janeiro de 2000 - O rompimento de um duto da Petrobras que liga a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d'Água provocou o vazamento de 1,3 milhão de óleo combustível na Baía de Guanabara. A mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados. Laudo da Coppe/UFRJ, divulgado em 30 de março, concluiu que o derrame de óleo foi causado por negligência da Petrobras, já que as especificações do projeto original do duto não foram cumpridas. Janeiro de 2000 - Problemas em um duto da Petrobras, entre Cubatão e São Bernardo do Campo (SP), provocam o vazamento de 200 litros de óleo diluente. O vazamento foi contido na Serra do Mar antes que contaminasse os pontos de captação de água potável no rio Cubatão. Fevereiro de 2000 - Transbordamento na refinaria de São José dos Campos (SP) Petrobras, provoca o vazamento de 500 litros de óleo no canal que separa a refinaria do rio Paraíba. Março de 2000 - Cerca de 18 mil litros de óleo cru vazaram em Tramandaí, no litoral gaúcho, quando eram transferidos de um navio petroleiro para o Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), da Petrobras, na cidade. O acidente foi causado pelo rompimento de uma conexão de borracha do sistema de transferência de combustível e provocou mancha de cerca de três quilômetros na Praia de Jardim do Éden. Março de 2000 - O navio Mafra, da Frota Nacional de Petróleo, derramou 7.250 litros de óleo no canal de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo. O produto 34 transbordou do tanque de reserva de resíduos oleosos, situado no lado esquerdo da popa. A CETESB multou a Petrobras em R$ 92,7 mil. Junho de 2000 - Nova mancha de óleo, de um quilômetro de extensão, apareceu próximo à Ilha d'Água, na Baía de Guanabara. Desta vez, 380 litros do combustível foram lançados ao mar pelo navio Cantagalo, que presta serviços à Petrobras. O despejo ocorreu numa manobra para deslastreamento da embarcação. Julho de 2000 - Quatro milhões de litros de óleo foram despejados nos rios Barigüi e Iguaçu, no Paraná, por causa de uma ruptura da junta de expansão de uma tubulação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar - Petrobras). O acidente levou duas horas para ser detectado, tornando-se o maior desastre ambiental provocado pela Petrobras em 25 anos. Julho de 2000 - Fernandez Pinheiro - na região de Ponta Grossa: Um trem da Companhia América Latina Logística - ALL, que carregava 60 mil litros de óleo diesel descarrilou. Parte do combustível queimou e o resto vazou em um córrego próximo ao local do acidente. Julho de 2000 - Fernandez Pinheiro - na região de Ponta Grossa (uma semana depois): Outro trem da Companhia América Latina Logística - ALL, que carregava 20 mil litros de óleo diesel e gasolina descarrilou. Parte do combustível queimou e o resto vazou em área de preservação permanente. O IBAMA multou a empresa em 1,5 milhão. Setembro de 2000 - Morretes: Um trem da Companhia América Latina Logística ALL, com trinta vagões carregando açúcar e farelo de soja descarrilou, vazando quatro mil litros de combustível no córrego Caninana. Novembro de 2000 - 86 mil litros de óleo vazam de cargueiro (Petrobras) e poluição atinge praias de São Sebastião e de Ilhabela – SP. Fevereiro de 2001 - Rompe mais um duto da Petrobras, vazando 4.000 mil litros de óleo diesel no Córrego Caninana, afluente do Rio Nhundiaquara, um dos principais rios da região. Este vazamento trouxe grandes danos para os manguezais da região, além de contaminar toda a flora e fauna. O IBAMA proibiu a pesca até o mês de março. Abril de 2001 - Acidente com um caminhão da Petrobras na BR-277 entre Curitiba Paranaguá, ocasionou um vazamento de quase 30 mil litros de óleo nos Rios do Padre e Pintos. 35 Abril de 2001 - Vazamento de óleo do tipo MS 30, uma emulsão asfáltica, atingiu o Rio Passaúna, no município de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. Maio de 2001 - Um trem da Ferrovia Novoeste descarrilou despejando 35 mil litros de óleo diesel em uma Área de Preservação Ambiental de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Maio de 2001 - O rompimento de um duto da Petrobras em Barueri em São Paulo, ocasionou o vazamento de 200 mil litros de óleo que se espalharam por três residências de luxo do Condomínio Tamboré 1 e atingiram as águas do Rio Tietê e do Córrego Cachoeirinha. Junho de 2001 - A Construtora Galvão foi multada em R$ 98.000.00 pelo vazamento de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) de um duto da Petrobras, no km 20 da Rodovia Castelo Branco, uma das principais estradas do Estado de São Paulo. O acidente foi ocasionado durante as obras da empresa que é contratada pelo governo do Estado, e teve multa aplicada pela CETESB - Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Agosto de 2001 - Um vazamento de óleo atingiu 30 km nas praias do litoral norte baiano entre as localidades de Buraquinho e o balneário da Costa do Sauípe. A origem do óleo é árabe. Agosto de 2001 - Vazamento de 715 litros de petróleo do navio Princess Marino na Baía de Ilha de Grande, Angra dos Reis - Rio de Janeiro. Setembro de 2001 - Vazamento de gás natural da Estação Pitanga da Petrobras a 46 km de Salvador-Bahia atingiu uma área de 150 metros em um manguezal. Outubro de 2001 - O navio que descarregava petróleo na monobóia da empresa, a 8 km da costa, acabou vazando 150 litros de óleo em São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina. Outubro de 2001 - O navio petroleiro Norma que carregava nafta, da frota da Transpetro - subsidiário da Petrobras, chocou-se em uma pedra na baía de Paranaguá, litoral paranaense, vazando 392 mil litros do produto atingindo uma área de 3 mil metros quadrados. O acidente culminou na morte de um mergulhador, Nereu Gouveia, de 57 anos, que efetuou um mergulho para avaliar as condições do casco perfurado. 36 Fevereiro de 2002 - Cerca de 50 mil litros de óleo combustível vazaram do transatlântico inglês Caronia, atracado no Pier da Praça Mauá, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O óleo foi rapidamente contido. Maio de 2002 - O navio Brotas da Transpetro, subsidiária de transportes da Petrobras, derramou cerca de 16 mil litros de petróleo leve (do tipo nigeriano), na baía de Ilha Grande, na região de Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. O vazamento foi provocado provavelmente por corrosão no casco do navio, que estava ancorado armazenando um tipo de petróleo leve, de fácil evaporação. Junho de 2002 - Vazamento de óleo diesel num tanque operado pela Shell no bairro Rancho Grande de Itu, no interior paulista, cerca de oito mil litros de óleo vazaram do tanque, contaminando o lençol freático, que acabou atingindo um manancial da cidade. Junho de 2002 - Um tanque de óleo se rompeu no pátio da empresa Ingrax, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), deixando vazar 15 mil litros da substância. O óleo que vazou é o extrato neutro pesado, um derivado do petróleo altamente tóxico, que atingiu o Rio Atuba, próximo ao local, através da tubulação de esgoto. Agosto de 2002 - Três mil litros de petróleo vazaram de um navio de bandeira grega em São Sebastião, no litoral norte paulista, no início da tarde de sábado. Um problema no equipamento de carregamento de óleo teria causado o despejo do produto. Junho de 2003 - Vazou aproximadamente 25 mil litros de petróleo no Pier Sul do Terminal Martin Almirante Barroso, localizado em São Sebastião, litoral norte de São Paulo pela Transpetro - subsidiária da Petrobras. Novembro de 2003 - Cerca de 460 litros de óleo vazaram da linha de produção da Petrobras em Riachuelo (32 km de Aracajú), atingindo o rio Sergipe e parte da vegetação da região. A Petrobras foi multada em R$ 1 milhão pela Adema Administração Estadual do Meio Ambiente. Fevereiro de 2004 - Vazamento de óleo cru poluiu o rio Guaecá e a praia de mesmo de mesmo nome, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. O acidente aconteceu no oleoduto que liga o Tebar (Terminal Almirante Barroso), em São Sebastião, até a refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. As causas do 37 rompimento do oleoduto são desconhecidas. Ainda não se sabe a quantidade de óleo que vazou. Março de 2004 - Cerca de dois mil litros de petróleo vazaram de um navio desativado, Meganar, pertencente a uma empresa privada, na Baía de Guanabara, próximo a Niterói, no Rio de Janeiro. O alerta foi dado pela Capitania dos Portos ao Serviço de Poluição Ambiental da FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. Novembro de 2004 - O navio de bandeira chilena Vicuña, carregado com 11 mil toneladas de metanol explodiu três vezes e afundou totalmente, com pelo menos metade da carga em seu interior. Acredita-se que possam ter vazado entre 3 e 4 milhões de litros de três tipos de combustíveis e é considerado o maior vazamento em 20 anos na Baía de Paranaguá/PR. Além do impacto no ambiente aquático causado pelas explosões, houve mortes dos tripulantes e de muitas espécies da fauna marinha. Os pescadores locais foram proibidos de pescar e por esse motivo, o governo do Estado repassou cerca de 1,7 milhões às famílias dos pescadores. A mancha de óleo atingiu mais de 30 km e uma equipe de pessoas foi treinada para auxiliar na limpeza e salvamento de espécies atingidas pelo óleo. A Cattalini, a P&I, seguradora da embarcação, a Wilson Sons, contratada como agência marítima, e a Sociedad Naviera Ultragas, proprietária da embarcação, vêm acumulando multas de R$ 250 mil diários cada uma, desde o dia 17/11/2004. 1.9 TERMINAL DA CATTALINI A Cattalini Terminais Marítimos Ltda. foi fundada em 1981, no bairro Costeira, na cidade de Paranaguá, pelos irmãos Dino e Stefano Cattalini. Inicialmente, foram construídos 5 tanques para a estocagem de óleo de soja. Sua capacidade era 12.000 toneladas. A velocidade de handling era de 100 toneladas/hora para o transbordo rodoviário de óleo, saindo do terminal até o cais comercial. Havia um grande esforço desprendido para a execução da tarefa. Simultaneamente aconteciam os primeiros negócios para a movimentação de produtos diferenciados, notadamente a importação de soda cáustica para a indústria papeleira. Evidentemente a transferência de produtos químicos a granel para caminhões tanque junto ao costado dos navios, era muito arriscada. 38 Tomou-se, então, a decisão de mudar radicalmente a estratégia da Empresa e, em meados de 1987, iniciou-se a construção do Complexo no bairro do Rocio, que constitui-se de um Terminal para armazenagem de qualquer líquido; inicialmente com 38.000 m³ e que com seqüentes ampliações, atinge hoje a capacidade de 186.000 m³ em 50 tanques e um Píer próprio para a atracação simultânea de dois Navios de até 50.000 DWT. Paralelamente, em 1987, foi adquirida mais uma tancagem (T2), que tinha capacidade de armazenagem para 13.000 m³ e que com a construção de mais dezenove tanques, totaliza hoje 94.000 m³ em 35 tanques para a armazenagem de líquidos com elevado ponto de fulgor. Novos projetos de ampliação e especialização estão em pauta. No momento, a grande satisfação é saber que na busca constante pela excelência no atendimento de clientes e amigos chegamos a 2005 com 280.000 m³ de capacidade, distribuída em 85 tanques já com certificação ISO-14001, autorizados pela ANP para operações com derivados de petróleo e totalmente alfandegados. 1.9.1 TERMINAL 1 O terminal da Cattalini opera simultaneamente com a Petrobras. Atualmente, no terminal 1 opera com 50 tanques, todos com sistema de carga e descarga independentes, sendo 6 de 900 m³, totalmente em aço inox AISI 316-L, 7 revestidos e com sistemas operacionais em aço inox e os restantes em aço carbono, totalizando 186.000 m³. O Terminal está interligado ao Pier por oito dutos pigáveis com 1.300 m de comprimento, sendo um de 13" e um de 10" em aço carbono, além de seis dutos em aço inoxidável, sendo dois de 12", um de 10", um de 8" e dois de 6", inclusive em AISI 316L, além de uma tubulação de serviço de 3", em aço inoxidável AISI 444, utilizada nas operações de pigagem com ar comprimido e Nitrogênio. Vazões em embarques e desembarques de 200m³/h a 650m³h por duto, dependendo da viscosidade dos produtos e condições técnicas do(s) navio(s) em operação. Conta ainda com: . Quatorze pontos para descarga de caminhões com até 7 produtos diferentes. 39 . Plataformas de carregamentos com 8 vagas para carga de caminhões com até 20 produtos diferentes. . Desvio ferroviário que comporta 23 vagões com até 3 produtos diferentes em descarga. . Cinqüenta e seis hidrantes num completo sistema de combate a incêndios, inclusive com Brigada constantemente treinada. . Duas balanças rodoviárias eletrônicas com capacidade de 60 toneladas. . Caldeira para geração de vapor, aquecimento de produtos e limpeza de tanques/tubulações. 1.9.2 TERMINAL 2 Opera com 35 tanques para armazenagem de produtos não inflamáveis, capacidade total de 94.000 m³. Está interligado ao Terminal 1 e ao Píer por dois oleodutos, sendo um em aço carbono (diâmetro de 10") e um em aço inoxidável (diâmetro de 12"), permitindo bombeios simultâneos aos navios com vazões de até 380 m³/h e 540 m³/h, respectivamente, se as condições operacionais do(s) navio(s) assim permitirem; Conta também com: . Quatro pontos para carga e quinze pontos para descarga de caminhões. . Desvio ferroviário que comporta 20 vagões em operação simultânea com 2 produtos diferentes. . Duas balanças rodoviárias, sendo uma de 60 e outra de 80 toneladas. . Vinte e quatro hidrantes no sistema de combate a incêndios. O terminal da Cattalini opera 24 horas por dia através das cargas da empresa, em comandita com as cargas da Petrobrás. A proximidade da cidade de Paranaguá, bem como a falta de histórico em relação às possibilidades climáticas podem, em potencial ser uma verdadeira bomba, aguardando as condições certas para causar um acidente de grandes proporções. Os riscos não se limitam à área de 40 navegação ou à Baía, mas, também à população que vive em Paranaguá e comunidades próximas. Conforme a tabela 3 a seguir, as principais movimentações de exportação feitas pelos terminais da Empresa, é o álcool etílico hidratado, representando 17,52% do total. Outros derivados de álcool, além do óleo cru representam 71,16% das exportações, com um volume de mais de 1 bilhão de litros exportados. A importação se dá basicamente de metanol (8%), oriundo, sobretudo dos países europeus. O saldo é bastante positivo, considerando o saldo de nossa balança comercial, resgatando as divisas e contrastando os efeitos negativos ao ecossistema e população. Outros produtos de menor representação também são comercializados, como o álcool anidro e o composto Q AV-1. O total comercializado corresponde a mais de 1,7 bilhão de litros/ano. Atualmente, o terminal está investindo R$ 60 milhões, a empresa construirá numa área de cerca de 25 mil m² entre 18 e 20 tanques com uma capacidade total de cerca de 100 mil m³ para armazenagem de produtos inflamáveis, principalmente etanol, metanol, biodiesel e diesel. O chamado "Terminal 3" somar-se-á aos outros dois já instalados no Porto de Paranaguá, com capacidade total de 278 mil m³. A meta é iniciar as obras em julho de 2009 e gerar mais de 120 empregos diretos. Para os próximos anos, a expectativa é retomar os embarques e fechar o ano com a exportação de 850 milhões a 900 milhões de litros de álcool, volume que representa quase 30% de todo o etanol exportado pelo Brasil. 41 Tabela 3: Estatística 2005 para os principais produtos carregados: Geral Produto Exportação Quantidade % Quantidade Importação % quantidade % Álcool E. Anidro 21.495.126 1,24% 21.495.126 1,37% - 0,00% Álcool E. Hidratado 304.274.839 17,52% 304.274.839 19,46% - 0,00% Metanol 147.303.018 8,48% 0,00% 147.303.018 85,31% Álcool Petroscreen 20.155.418 1,16% 1,29% - 0,00% Q Av-1 7.497.593 0,43% Outros 1.235.514.852 71,16% Totais 1.736.240.846 100,00% 42 20.155.418 - 0,00% 7.497.593 4,34% 1.217.643.652 77,88% 17.871.200 10,35% 1.563.569.035 100,00% 172.671.811 100,00% A seguir, o layout dos terminais I e II, representados pelos tanques e suas capacidades de armazenagem. A planta foi elaborada para adequar o fluxo produtivo e logístico da movimentação de carga. Também o cuidado com possíveis acidentes e o meio ambiente, como a estação de tratamento de efluentes: Figura 9: Terminal I Cattalini Figura 10: Terminal II Cattalini 43 2. OBJETIVOS GERAIS Desenvolver escala de graduação do impacto ao meio ambiente, social e econômico do vazamento de produtos químicos na Baía de Paranaguá. Utilizam-se os fatores: maré, vento, temperatura da água, efeitos para o ser humano, efeitos ambientais e sócio-econômicos. Desenvolver o mapeamento relacionado às áreas sensíveis à poluição ambiental, no que tange a possibilidade de acidentes envolvendo óleo combustível, nafta, etanol e metanol, em áreas possivelmente afetadas da Baía de Paranaguá, como o estuário marinho, manguezais, rios, áreas de baía e de acesso ao largo, envolvendo a atividade pesqueira e qualidade de vida da população. Desenvolver um mapeamento de Sensitividade Ambiental utilizandose uma matriz considerando os ventos, fases da lua, correntes marítimas, as épocas do ano, entre outros fatores, utilizando-se um sistema de informações geográficas. Com essa análise, espera-se identificar e avaliar o impacto de um possível acidente e mensurar possíveis danos ao meio ambiente e a população. A partir daí, estabelecer um referencial metodológico que possa ser utilizado para avaliar a extensão de danos e administrar as conseqüências de forma eficiente e quantificada. A abordagem deve levar em consideração os processos logísticos com seus modais, a operação portuária e as condições ambientais. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Levantar o histórico do impacto do petróleo sobre a Baía de Paranaguá. - Verificar a evolução do ecossistema, as conseqüências do derramamento de petróleo e derivados e sua relação com aos moradores de Paranaguá e região e suas condições de vida. - Identificar os pontos mais suscetíveis a acidentes e seus possíveis danos ao ambiente. - Mapear as áreas mais sensíveis e estabelecer uma matriz para verificação de danos à população, economia e meio conseqüências. 44 ambiente e quantificar possíveis 3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Diante do cenário apresentado, formula-se a seguinte questão: - Quais as conseqüências de um derramamento de óleo, metanol, etanol ou nafta sobre a baía de Paranaguá, considerando os ventos, época do ano, marés, entre outros e quais as possíveis amplitudes de gravidades, de acordo com estas variáveis ? 4. JUSTIFICATIVA A Baía de Paranaguá é um ponto geográfico onde concentra a operação de milhões de litros de produtos químicos. Ao mesmo tempo, encontra-se uma biodiversidade extremamente rica. Convivendo, ao mesmo tempo em que se destina a atenção ao desenvolvimento e suprimento energético, este local necessita adequar este desenvolvimento com a preservação da vida. Com uma combinação de fatores, pode haver um acidente de enorme proporção. Por conta de que alguns fatores combinados ainda não ocorreram e segundo fontes de preparo para contenção, o terminal da Cattalini ainda não oferece condições adequadas para que os desdobramentos de um possível acidente não sejam ainda maiores. Portanto, este trabalho se justifica à medida que se utilize da Matriz de variáveis para possíveis derramamentos de produtos químicos na Baía de Paranaguá de forma a identificar a combinação de fatores como o vento, marés e época do ano. Com esta Matriz, pode-se avaliar rapidamente a extensão de possíveis danos, com as suas diferentes variáveis. O ineditismo do trabalho origina-se da singularidade da operação, uma vez que, embora existam as brigadas e órgãos governamentais especializados para eventuais acidentes, não há informação da existência de uma Matriz de variáveis para precaução e avaliação de possíveis danos. 45 5. METODOLOGIA A adoção do método científico tem relevância por indicar o modo como a pesquisa se efetiva, por apontar os caminhos e garantir a validade dos resultados alcançados. Entretanto, para que o trabalho seja considerado científico, ele deve ter estrutura e critérios próprios de coleta, além de análise de dados aceitos no meio acadêmico. A seguir serão descritos os procedimentos iniciais, a caracterização da pesquisa, a população e amostra, a coleta de dados, o tratamento e análise dos dados e a delimitação da pesquisa. O fundamento da metodologia adotada no neste projeto está no entendimento da estrutura geográfica da Baía de Paranaguá e logística da operação portuária relativa ao óleo combustível e derivados, com base em estudos já realizados com meio ambiente, transporte e operação. A finalidade é a previsão e quantificação dos elementos variáveis em caso de acidente. O trabalho considerou o estudo das marés e os ventos para efeitos de espalhamento de produtos químicos e suas conseqüências ao meio ambiente. Também a temperatura da água está referenciada a evaporação de produtos mais voláteis. A estes dados foram atribuídos valores, variando de 0 a 10, dando origem a uma matriz de variáveis. Um questionário elaborado e aplicado junto aos moradores e pescadores da região complementou a base de dados para as conclusões finais. A matriz retrata a maior e menor possibilidade de dano, considerando 3 aspectos: saúde humana, economia lindeira e meio ambiente. Foram consideradas 2 zonas estuarinas de uso geral e de us semi-extensivo, compreendendo a combinação do canal de navegação com as atividades pesqueiras. Com isso, pode-se determinar as áreas de impacto e suas variações de intensidade. Nestas zonas estuarinas, prevê os usos permitidos de atividades de pesca, ecoturismo, recreação e navegação (anexos 2 e 3). 5.1 Caracterização da Pesquisa Como ocorre na maior parte das pesquisas de cunho científico, primeiramente se realizará a pesquisa exploratória. Segundo Mattar (2005,) a 46 pesquisa exploratória “é apropriada para os primeiros estágios de investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes”. A pesquisa exploratória pode contribuir como passo inicial de um processo contínuo de pesquisa. Ela abrange também o levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes em relação ao problema em questão. Para Aaker (2001), A pesquisa exploratória é usada quando se busca um entendimento sobre a natureza de um problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis relevantes que precisam ser consideradas. Normalmente se possui pouco conhecimento prévio daquilo que se pretende conseguir. Os métodos são muito flexíveis, não estruturados e qualitativos, para que o pesquisador comece seu estudo sem preconcepções sobre aquilo que será encontrado. A falta de estrutura rígida permite que se investiguem diferentes idéias e indícios sobre a situação (AAKER, 2001, p. 94). A pesquisa exploratória utiliza também dados secundários disponíveis, que são pré-requisitos para a coleta de dados primários, e ajuda a definir o problema e formular hipóteses para sua solução. Neste projeto a pesquisa exploratória abrangerá dois tipos de procedimentos: o primeiro reporta-se a realização de contatos com pessoas que tiveram experiência prática aproximada com o tema pesquisado para trocar idéias. O segundo destina-se ao levantamento bibliográfico (de livros e publicações periódicas), que tem como seqüência o levantamento de literatura, a organização e registros dos documentos de interesse, a leitura interpretativa e o fichamento. Após a realização das etapas anteriores, serão identificadas as características assumidas por esta investigação: a pesquisa descritiva e a pesquisa quantitativa. A pesquisa descritiva, porque, como afirma Gil (1996, p. 46), o seu principal objetivo é “a descrição das características de determinada população ou fenômeno” e é realizada “habitualmente pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática”. E também porque Mattar (2005) aponta a pesquisa descritiva em casos em que uma pesquisa tem os objetivos de: descrever as características de grupos; estimar a proporção de elementos numa população específica que tenha 47 comportamentos específicos; analisar se existem relações entre as variáveis. Adotase também a pesquisa quantitativa, porque é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos (MATTAR, 2001). A pesquisa tem natureza quantitativa por permitir a quantificação dos dados e a aplicação de testes estatísticos na busca por uma precisão dos resultados (RICHARDSON, 1999). Opta-se pelo procedimento técnico de levantamento, por se caracterizar “pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 1996, p. 56). Seguidos esses procedimentos, será apresentado o modelo para a matriz variável de análise sócio-ambiental e econômico, com base nas fases da lua, fluxo das marés, época do ano e local onde possivelmente ocorra um derramamento. 5.2 População e Amostra O trabalho prevê a realização de um levantamento que abordou os pontos geográficos onde haja fluxo de navios, próximos a cidades e áreas com potencial impacto sobre animais marinhos, aves e população. Um questionário elaborado para uma amostra de 64 pescadores, em pontos geográficos diversos. Segundo a Cooperativa de pesca de Paranaguá, existem cadastrados 4230 pescadores em toda a Baía de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba. Abordará as condições de vida da população, trabalho e atividades, em relação ao meio ambiente e histórico. 5.3 Coleta de Dados A coleta dos dados adotada foi do tipo intencional, por se acreditar que, segundo Selltiz (1998), na amostra intencional o pesquisador utiliza o seu julgamento para selecionar os membros da população que são boas fontes de informação. A coleta de dados se realizou por meio da entrevista, para as informações qualitativas. Para tanto, atenta-se para os cuidados apontados por Lakatos (1996), como a preparação para o planejamento da entrevista, a escolha dos entrevistados, 48 pessoas que têm familiaridade com o tema da pesquisa; a disponibilidade dos entrevistados e os agendamentos com antecedência. No segundo momento foram utilizados questionários com perguntas fechadas, o que favorecerá maior dinamismo na análise quantitativa. As áreas de navegação, conforme o anexo 8, constituem a base de referência para o estudo. Sobretudo, a rota de entrada dos navios, onde passam carregados com produtos químicos, ale de carga geral. A partir destes pontos, se constitui a matriz de referência, por proximidade. A salinidade e temperatura das águas é importante para a determinação do processo de evaporação e espalhamento, além de combinação com óleos combustíveis e suas consequências (anexos 7 e 8). O crescimento da população é um fator relevante para a obtenção dos índices de intensidade de variáveis. Quanto mais próximo estivermos de uma comunidade, maior a possibilidade de danos à saúde humana, principalmente por conta da evaporação de produtos químicos (anexo 13). 5.4 Delimitações da Pesquisa Esta pesquisa se limita ao estudo dos fatores que interferem nas conseqüências sobre um derramamento de óleos combustíveis, a nafta, além do metanol e o etanol. A amplitude da pesquisa abrange toda a Baía de Paranaguá, compondo as cidades de Antonina, Guaraqueçaba, Paranaguá e pequenas vilas de pescadores da região. 5.5 Resultados Obtidos Como o modelo apresentado envolve a condição geográfica, espera-se ter uma boa correlação entre fatores relativos ao clima, sua temporalidade e os fatores sócio-econômicos envolvidos, durante e após um vazamento. Pode-se aplicar a matriz de referência através de órgãos governamentais e representantes de brigadas do Porto de Paranaguá, tanto na prevenção, quanto na rapidez para as ações de emergência em relação aos possíveis acidentes. Identificar a amplitude dos danos através das combinações de fatores, diminuindo os danos e operacionalizando o processo. 49 Objetiva-se o estabelecimento de um referencial para o futuro, considerando fatores ainda não previstos. A combinação negativa de elementos causados por um derramamento poderá causar danos ainda não previstos. 6. REFERENCIAL TEÓRICO Desde o momento em que o homem aprendeu a dominar a natureza, ele deixou de ser apenas um membro para ser um agente, desenvolvendo a capacidade de alterar a dinâmica do meio ambiente, de forma consciente, com o comprometimento de potencializar o seu bem estar (RANDALL, 1987). No entanto, na mesma medida em que os recursos naturais nos fornecem conforto e promovem a manutenção e o desenvolvimento de nossas sociedades, a ação humana tem gerado uma série de pressões negativas que se traduzem em degradação ou depreciação do meio ambiente. Podemos considerar como uma das maiores ameaças para as regiões costeiras, em todo o mundo, a freqüência de acidentes com derramamento de óleo, ainda com alta incidência, apesar dos constantes avanços nos sistemas de segurança operacional tanto relacionados à exploração, quanto ao transporte de petróleo e derivados. De acordo com a Lei do Óleo (9.966/2000), é de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, a identificação, localização e definição dos limites das áreas ecologicamente sensíveis, com relação à poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. A Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA/MMA) preparou as Especificações e Normas Técnicas para a Elaboração de Cartas de Sensibilidade Ambiental para Derramamentos de Óleo na zona costeira e marinha, em conjunto com o IBAMA, responsável direto pelo controle ambiental e pelo licenciamento das atividades da indústria do petróleo, e com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão regulador do setor petrolífero. Atualmente, a Resolução Conama 293 de 2001, obriga as empresas do setor de petróleo e portos a apresentarem um Plano de Emergência Individual (PEI) para obtenção ou renovação de licença de operação. Os Planos de Áreas, de acordo com o decreto 4.871, devem ser elaborados pelos órgãos licenciadores 50 (órgãos estaduais de meio ambiente e IBAMA), integrando os planos de emergência das empresas e portos e delimitando as regiões para as ações de combate. As atividades de mapeamento de sensibilidade ambiental ao óleo da zona costeira e marinha prosseguirão, apoiadas por ação específica, inseridas no Plano Plurianual do Governo Federal para o período 2004-2007 (PPA 2004-2007). O petróleo (do latim petrus, pedra e oleum, óleo), é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom, constituída basicamente por uma combinação de carbono e hidrogênio, resultado da decomposição de animais e plantas, que se acumularam em camadas por milhares de anos. O efeito do tempo e a ação de bactérias, aliados a pressão e ao calor, formaram o petróleo bruto e o gás natural. É uma mistura de compostos, cujos principais constituintes são os hidrocarbonetos. Os outros constituintes são compostos contendo elementos químicos como nitrogênio, enxofre, oxigênio e metais. O petróleo está associado a grandes estruturas que comunicam a crosta e o manto da terra, sobretudo nos limites entre placas tectônicas. Existem estudos avançados de astronomia, astrofísica, oceanologia, biologia, termodinâmica, dentre outros que permitem supor novas teorias a respeito da formação do petróleo, discussões ainda paradoxais, entre geólogos e pesquisadores. Os álcoois comerciais combustíveis e de uso doméstico possuem teor alcoólico superior ao de bebidas. No entanto, estes álcoois não podem ser ingeridos, pois possuem aditivos conhecidos como agentes desnaturantes que são responsáveis pela alteração de gosto do produto. Um dos agentes desnaturantes mais utilizados é o benzoato de denatônio. A partir do século XX o petróleo tem sido a principal fonte de energia do planeta, como riqueza distribuída de forma desigual, tornando-se a mais importante das negociações entre países e corporações, quase o principal fator político causador de crises entre governos. “A contaminação de áreas urbanas por hidrocarbonetos provenientes de postos de serviços tem sido uma preocupação crescente nas grandes cidades, pelo fato de que muitos desses postos mantêm essas instalações em uso por muitos anos, sem a manutenção adequada” (VALLE E LAGE, 2003, p.82). 51 Análises detalhadas das relações espaciais dos diversos parâmetros do ambiente são efetuadas pelo sistema de informações geográficas, permitindo assim uma efetiva e oportuna avaliação do impacto no ambiente, causado por um acidente (ESTES et al., 1987). Em se tratando de desenvolvimento de estratégias de monitoramento racional de recursos costeiros, de planos de emergências e zoneamentos de futuras comunidades vizinhas, as informações obtidas pelo sistema de informações geográficas têm auxiliado sobremaneira os administradores. A sensitividade ambiental pode ser avaliada através do Índice de Sensitividade Ambiental (ESI), o qual foi desenvolvido pela RPI International, Inc. e patrocinado pela Hazardous Matrials Response Branch of NOAA. O ESI tradicional é baseado nas investigações científicas de alguns dos maiores derramamentos de óleos da história, entre eles o Amoco Cadiz, o Burmah Agate, o Urquiola e o Metula, e tem sido extensivamente testado em derramamentos atuais, incluindo o derramamento de óleo causado pelo Exxon Valdez (JENSEN et al., 1990). As Bacias Sedimentares Marítimas, no Brasil, abrangem uma área de 1.550.000 km², sendo praticamente a metade em águas de profundidade até 400 metros. A outra metade em águas profundas a ultraprofundas Desta forma, foi preparado um Plano Cartográfico para o Mapeamento de Sensibilidade Ambiental ao Óleo da zona costeira e marinha, prevendo o mapeamento nos níveis estratégico, tático e operacional. As Cartas de Sensitividade Ambiental, internacionais de preservação do meio ambiente, desenvolvidas por órgãos trabalham com três tipos de informações. A primeira define o Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL) ao óleo, baseado nas características geomorfológicas da costa, como tipo de substrato, declividade do litoral e grau de exposição à energia de ondas e marés. Outra informação levanta todos os recursos biológicos sensíveis, indicando locais de concentrações de espécies, áreas de alimentação, reprodução, berçários, nidificação, e rotas de migração, além de listar as espécies em perigo de extinção. O sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas têm sido utilizados na obtenção de índices de sensitividade do ambiente e na coordenação de ações em casos de acidentes com resíduos perigosos, e vem alcançando resultados 52 bastante satisfatórios (ESTES et al. 1987; JENSEN et al., 1990; POPOLUS et al., 1995; EL-RAEY et al., 1996). Figura 11 -Plataforma marinha de extração do petróleo. Fonte: Wikipedia. Figura 13 - Depósito petrolífero. Fonte: Wikipedia. Figura 12 - Instalação petrolífera. Fonte: Wikipedia. Figura 14 - Limpeza de resíduos petrolíferos. Fonte: Wikipedia. 7. IMPACTOS AMBIENTAIS Os impactos ambientais decorrentes de derramamentos de petróleo podem ser classificados como agudos, que são aqueles que causam efeitos letais aos organismos, geralmente decorrentes de um evento acidental que os expõe ao agente contaminante por um curto período de tempo, ou crônicos, que é caracterizado pela exposição prolongada ao agente contaminante, fazendo com que as frações tóxicas persistam no ambiente, o que dificulta a recuperação, gerando 53 efeitos subletais, que podem afetar algum estágio do ciclo de vida do organismo, como o crescimento, a reprodução e o desenvolvimento larval. Esses impactos decorrem de atividades desenvolvidas ao longo dos anos com aporte constante de poluentes – normalmente em baixas concentrações – no meio ambiente, sendo esse tipo de poluição ecologicamente mais grave do que a aguda (RAND, 1995). De acordo com as propriedades toxicológicas dos hidrocarbonetos do FRONAPE( tabela 3), podem ser divididos em leves ou voláteis e moderados a pesados, pesados e residuais. Sua toxicidade varia de acordo com a sua concentração capacidade de evaporação, abafamento, entre outros. Os efeitos do derrame de petróleo em comunidades biológicas são variados, podendo ser positivos em relação às bactérias que degradam o óleo, com mortalidade inicial, para os bentos, até a mortalidade de moluscos, carangueijos e peixes ( Tabela 5). Em se tratando de transporte de petróleo e de derivados, a poluição marinha por hidrocarbonetos de petróleo ocorre de forma crônica. Infelizmente, é o resultado de ações rotineiras de manutenção, com as constantes descargas nos portos e terminais. Ocorre também de forma aguda, devido aos derrames acidentais com petroleiros (KHANNA & BARUA, 2001). A recuperação dos ecossistemas marinhos impactados pelos hidrocarbonetos de petróleo, de acordo com o anexo 18 são variáveis. Para os estuários, a recuperação pode ser mais rápida ( 5 a 10 anos). Para os alagados, a recuperação pode durar muito mais tempo( 20 anos). Os costões de rocha sofrem também um tempo longo de recuperação ( 5 a 10 anos). Segundo Figueiredo (1993) e Crapez (2001), os efeitos podem ser divididos em dois grupos: os visíveis, como a morte de aves, mamíferos marinhos e peixes, etc., incluindo o gosto de óleo nos recursos pesqueiros e a sujeira nas praias, nas redes de pesca e nas embarcações, e os não visíveis, que representam interferências nos diversos níveis de organização de um sistema, desde funções celulares e fisiológicas até a estrutura ecológica das comunidades aquáticas. A toxicidade relaciona-se a substâncias de alta volatilidade e, portanto, raramente ocorre mortalidade em grande escala decorrente da toxicidade do produto. No entanto, efeitos subletais com repercussão na capacidade de 54 reprodução, crescimento e alimentação foram observados experimentalmente (KHANNA & BARUA, 2001). Tabela 4 - Propriedades toxicológicas dos hidrocarbonetos. Hidrocarbonetos Propriedades Físicas e Químicas - Toxicidade aguda em função do teor e concentração de frações aromáticas. Leves (Voláteis) - Muito tóxicos para a biota quando fresco, mas devido a evaporação a toxicidade diminui rapidamente. A toxicidade aguda variará em função das espécies devido às diferenças nos graus de assimilação e de liberação das frações aromáticas. - Toxicidade variável dependendo do conteúdo de aromáticos. Moderados a Pesados Hidrocarbonetos - A toxicidade aguda diminuirá ao longo do tempo por evaporação das frações voláteis. - Toxicidade aguda e crônica para os organismos marinhos, em resultado de um abafamento físico/mecânico, toxicidade química (exposição a frações aromáticas muito tóxicas) e/ou combinação destes dois efeitos. Propriedades Físicas e Químicas - Toxicidade relativamente baixa. Os compostos de peso molecular elevado são de imediato, menos tóxicos, mas podem ser responsáveis por efeitos crônicos uma vez que muitos deles são reconhecida ou potencialmente carcinogênicos. Pesados - A toxicidade aguda e crônica ocorre mais pelo efeito de abafamento do que pela toxicidade química, dada a pequena porcentagem de frações aromáticas tóxicas. - As plantas marinhas e os organismos sedentários são mais susceptíveis de serem afetados do que os organismos móveis. Tabela 4 - continuação 55 - Podem também resultar danos causados por estresse térmico provocado por temperaturas elevadas existentes em habitats contaminados com hidrocarbonetos em áreas de águas mornas. - Abafamento/asfixia. - Relativamente não tóxicos. Baixa toxicidade na maioria dos ambientes. Residuais - Pequena quantidade de frações aromáticas tóxicas. - A toxicidade converte-se num problema apenas quando os hidrocarbonetos são retidos por longos períodos de tempo em ambientes sensíveis, tais como manguezais. Fonte: FRONAPE (2002a) A poluição por óleo pode causar danos às comunidades e aos ecossistemas marinhos, produzindo alterações na composição específica, como as espécies mais sensíveis, que vão sendo substituídas por espécies mais tolerantes à poluição (HOWARTH, 1988). Tabela 5 - Efeitos do derrame de petróleo em comunidades biológicas. Comunidade Efeito Bactérias Positivos para os grupos que degradam o óleo, com expressivo aumento das populações, e negativos para os grupos que não têm afinidade com o mesmo. Plâncton Biomassa e produtividade do fitoplâncton Aumento devido à diminuição da pastagem; depressão da clorofila A. Zooplâncton Redução da população; contaminação. Bentos Anfípodas, isópodas, ostracodas Mortalidade inicial; população decresce. Moluscos, especialmente bivalves Mortalidade inicial; contaminação, histopatologia. 56 Tabela 5 - continuação Comunidades do macrobentos Decréscimo de diversidade. Entre marés e litoral Crustáceos da meiofauna, carangueijos Mortalidade inicial; população decresce. Moluscos Mortalidade inicial; contaminação, histopatologia. Poliquetas oportunistas População aumenta. Maioria das comunidades Decréscimo de diversidade. Algas Decréscimo de biomassa; espécies são substituídas. Peixes Ovos e larvas Diminuição de eclosão e sobrevivência. Adultos Mortalidade inicial; contaminação, histopatologia. Normalmente afastam-se do local atingido. Aves Adultos Mortalidade por esgotamento físico (recobrimento), intoxicação; decréscimo populacional. Mamíferos e répteis aquáticos Recobrimento e intoxicação. Normalmente afastamse do local atingido. Fonte: FRONAPE (2002) 7.1 Riscos à saúde humana: A maioria dos postos de gasolina opera com tanques vazando e com descarte de combustíveis que se infiltram nas áreas vizinhas dessas instalações podendo atingir redes de esgotos pluviais, redes de energia, túneis de metrôs e garagens de edifícios. Há também o risco à saúde, pois os frentistas respirando diariamente hidrocarbonetos estão expostos diretamente a agentes cancerígenos. Quanto à água de lastro, alguns organismos presentes podem ser patogênicos e disseminar moléstias. Um exemplo é a epidemia de cólera na América Latina, provavelmente procedente da Ásia (SILVA et al., 2002); CARLTON & GELLER, 1993). 57 7.2 Risco às atividades econômicas: Traduz-se em prejuízo para as atividades que utilizam recursos vivos do mar e no desequilíbrio do ecossistema. Sendo assim, alguns setores da sociedade podem sofrer perdas econômicas com ou sem danos à propriedade. O pescador que tem seus instrumentos de trabalho contaminados fica impedido de praticar seu ofício. Isto representa dano à propriedade. Por outro lado, a inviabilização de extração de recursos naturais ou uso de ambientes naturais caracteriza perdas econômicas sem dano à propriedade e, como exemplo, citam-se os prejuízos aos setores da pesca e do turismo (JACOBSSON, 1987; WHITE & MOLLOY, 2001). O impacto causado por um derrame de óleo extrapola os limites puramente biológicos e afeta social e economicamente as regiões afetadas. Um derrame de óleo tem potencial para causar prejuízos diretos e indiretos ao homem (STEGEMAN, 1977). 8. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa com um universo de 64 pescadores, compreendendo toda a Baía de Paranaguá. Os questionários foram divididos em maior quantidade para as regiões com maior concentração de moradores ( 13 Paranaguá, 6 – Antonina, 4 – Guaraqueçaba). As entrevistas foram gravadas. Levou-se 3 meses para cobrir toda a região. Os dados foram considerados em relação à linguagem do pesquisado e as formas de observação informal. As principais atividades pesqueiras são: a pesca de rede fixa, rede para camarão, pesca de tarrafa, de linha, pesca de arrasto, pesca de espinhel, pesca do caranguejo e ostras (cultivo). Foi dividido o mapa da Baía de Paranaguá em 11 áreas, com o objetivo de avaliar condições sazonais de impacto ambiental, cultura de pesca, estrutura e atividades de subsistência. Utilizou-se a entrevista simples, explorando as condições de vida, as formas de exploração do ambiente pesqueiro e principalmente, os impactos próximos as datas dos derramamentos e ao longo do tempo de suas atividades. 58 1. Qual a localidade que reside? 2. Que tipos de pesca são praticados? 3. Há quantos anos trabalha na atividade? 4. Exerce mais alguma atividade produtiva? 5. Quantas pessoas compõem sua família? 6. Houve alterações no volume de peixes/outros pescados? 7. Existe alteração no volume pescado em relação especificamente a época do ano? 8. Quando ocorre acidente com derramamento de óleo combustível, ocorrem mudanças visíveis / médias / mínimas / imperceptíveis, em sua atividade pesqueira? 9. Quando ocorre acidente com derramamento de produtos químicos, em sua opinião, ocorreram mudanças visíveis / médias / mínimas, em sua atividade pesqueira? 10. Em sua opinião, a pesca e caça predatória contribuem igualmente / menos / mais com a degradação do meio ambiente? 11. Como ocorre o seguro pago aos pescadores cadastrados quando ocorrem acidentes na Baía de Paranaguá? 59 9. ESTUDO DO TEMA E RESULTADOS A Secretaria Especial de Aqüicultura e da Pesca tem cerca de 3,3 mil pescadores cadastrados, na Baía de Paranaguá, segundo dados de 2005. Este número é questionável, pois, dependendo da época e da disponibilidade de determinados tipos de pescados, como o camarão (Figura 18) este número varia bastante. Muitos pescadores alternam sua atividade produtiva com agricultura ou trabalhos informais e/ou temporários. A partir de 2007, os pescadores de pequenas comunidades poderão se beneficiar da agricultura em pequenos locais de roçados, até então proibidos. Com isso, poderá equilibrar a subsistência de famílias, diminuindo ou complementando a atividade pesqueira. Figura 15 - Tarrafa para pesca de camarão 60 Figura 16 - Departamentalização das regiões para utilização da pesquisa 61 A pesca de rede e de camarão se dá em toda a Baía, inclusive, encontra-se com freqüência em épocas proibidas (figura 15). Figura 17 – pescador artesanal. A pesca de cerco está atualmente proibida e já não é mais encontrada na Baía de Paranaguá (anexo 1). O cultivo de moluscos, ostras e outros, conforme a Figura 16, se dá em toda a área de manguezais, mas o cultivo não é expressivo, ficando boa parte dos mesmos sujeitos a caça em seu meio. O caranguejo tem sua produção em áreas específicas de mangues, em regiões próximas a Antonina, Ilha da Banana (figuras 16 e 17) e Guaraqueçaba. Figura 18 - Pesca na Ilha da Banana Figura 19 - gaiola de caranguejos O camarão é pescado o ano todo na Baía de Paranaguá, porém, o aparecimento deste pescado ocorre de forma sazonal, como o 7 barbas na região 9 e o camarão branco, que tem uma produtividade maior nos meses de fevereiro até agosto. Em relação a fauna e flora da região, os danos são menores em relação a animais silvestres e aves, mas os manguezais são os principais prejudicados por 62 conta dos berçários de pequenos peixes, moluscos e ostras. Isto, sobretudo por causa do vazamento de óleo combustível. Em relação a nafta, metanol e etanol, não ocorre diretamente, por conta de sua volatilidade. Os seguintes dados foram observados com a pesquisa: Pergunta 1 - Qual a localidade que reside? De acordo com as 11 regiões descritas no mapa abaixo, os entrevistados foram assim distribuídos: Região 1: 8 entrevistados; Região 2: 8 entrevistados; Região 3: 8 entrevistados; Região 4: 6 entrevistados; Região 5: 3 entrevistados; Região 6: 5 entrevistados; Região 7: 5 entrevistados Região 8: 7 entrevistados; Região 9: 4 entrevistados; Região 10: 6 entrevistados; Região 11: 4 entrevistados. Pergunta 2 - Que tipos de pesca são praticados? A forma de pesca não difere em relação com as diferentes regiões, mas o tipo de pescado e a época do ano fazem com que tipo de pesca seja diferente. De acordo com o entrevistado número 23, “A média da minha pesca é de 20 Kg por pescaria, descontando os dias que eu não saio”, referindo-se a pesca de rede na região número 7. Em outra região (4), o entrevistado número 2 comenta: “Aqui em Antonina, o peixe, o camarão e o caranguejo diminuiu muito. Antigamente tinha pescado o ano todo, hoje a gente mata 10 vezes menos”. Na região próxima a Paranaguá, também ocorreu de forma visível a diminuição da pesca. 63 Pergunta 3 - Há quantos anos trabalha na atividade? Por conseqüência da falta de oportunidade para diversificação de atividades, as famílias dependem diretamente da pesca e passam toda a vida nesta atividade. Em todas as áreas pesquisadas encontra-se uma média de 30 a 40 anos de experiência. Alguns dos mais jovens emigram para cidades, mas o contingente de pessoas aumenta conforme o tempo passa. Segundo o entrevistado número 42, “...tenho 40 anos de pesca e vivo aqui durante toda a vida. Nunca pensei em fazer outra coisa”. Pergunta 4 - Exerce mais alguma atividade produtiva? Nas regiões próximas a Ilha do Mel, Paranaguá e Superagüi, a atividade do turismo, principalmente no verão, é bastante acentuada. Na região de Antonina, Ilha das peças e Guaraqueçaba, as condições de infra-estrutura diminuem a fonte de renda dos habitantes. Nas áreas mais remotas, utiliza-se a roça de subsistência, cultivo de ostras, cultivo de mel, colheita ilegal de palmito, caça, entre outros. Como é possível identificar na entrevista número 50, “...aqui, antigamente a gente pegava 200 kg de peixe em um dia. A gente ia de remo até Paranaguá vender o pescado. Levava 5 horas pra ir e mais 5 pra voltar. Tinha uma fartura no mar. A gente comprava tudo o que faltava com o dinheiro da pesca. Hoje temos que fazer um roçado, caçar um bicho de vez em quando, pra não passar fome”. Pergunta 5 - Quantas pessoas compõem sua família? As famílias dos entrevistados têm em média 3,7 pessoas. As mulheres não exercem a atividade pesqueira, tendo quase na totalidade atividade no lar e na roça de mandioca. Pergunta 6 - Houve alterações no volume de peixes/outros pescados? O volume dos pescados diminuiu sensivelmente, salvo na região 9 e11, onde os pescadores não relataram uma diminuição tão acentuada. Em áreas 64 isoladas da região 6, também foi identificada alteração mínima. O fato a salientar das regiões 9 e 11, segundo os entrevistados 25 e 33 “...estamos próximos ao mar aberto, então, o peixe deste local é menos batido. Mesmo com barcos grandes de pesca que vêm de Santos e da região de Santa Catarina, ainda tem bastante pescado”. Nas outras regiões, seja pelo desrespeito ao defeso (época do ano onde a pesca é proibida, por conta da reprodução), seja pela poluição ou pelo derramamento de óleo e derivados, ou todos os fatores conjuntamente, observou-se uma queda muito grande e de 10 anos para cá. Pergunta 7 - Existe alteração no volume pescado em relação especificamente a época do ano? Considerando o tipo de pescado e sua época de produção, chega-se a conclusão de que houve diminuição de todas as espécies, inclusive o caranguejo, que por questões climáticas, desapareceu das regiões 2, 3 8 e 10, em seu tempo de produção. Na prática, todas as espécies aparecem, mas, como relatou um entrevistado da região 6, “estamos indo até Cananéia pescar Baiacu e outros peixes, porque aqui não tem mais quase nada”. Pergunta 8 - Quando ocorre acidente com derramamento de óleo combustível, ocorrem mudanças visíveis / médias / mínimas / imperceptíveis, em sua atividade pesqueira? Nas regiões 6, 7 e 11, mesmo com um volume grande de derramamento de óleo combustível, por conta do fluxo da maré, não houve uma alteração visual em seu habitat, mas não quer dizer que não possa ter afetado. Nas outras regiões, houve, segundo declarações dos entrevistados, além de alterações visuais, como a mancha e o depósito nas regiões de pedras e mangues, a diminuição do pescado e mortandade pequena de peixes e aves. Pergunta 9 - Quando ocorre acidente com derramamento de produtos químicos, em sua opinião, ocorreram mudanças visíveis / médias / mínimas, em sua atividade pesqueira? 65 De acordo com o relato de moradores que presenciaram acidentes com etanol e metanol, ocorreu de forma muito pequena ou imperceptível, tanto na diminuição da produção de pescados, mortandade de animais e peixes, quanto na questão visual, até porque, estes produtos são voláteis e não causam impacto direto sobre o ecossistema. Pergunta 10 - Em sua opinião, a pesca e caça predatória contribuem igualmente / menos / mais com a degradação do meio ambiente? Em todas as regiões, os entrevistados culpam a utilização indevida do meio ambiente, como poluição, pesca predatória e desrespeito as épocas de defeso. Segundo entrevista número 56, “O próprio pescador não cuida do mar. Muita gente coloca rede em cima de pedra, nos rios, caça caranguejo fora de hora, pesca as fêmeas de caranguejo e siri, além de esgotos. O petróleo também ajuda, mas o pescador não faz a sua parte”. Pergunta 11 - Como ocorre o seguro pago aos pescadores cadastrados quando ocorrem acidentes na Baía de Paranaguá? Quando ocorre de proporções, a proibição é bastante efetiva. Porém, existe uma demora muito grande para dar um suporte ao pescador enquanto a pesca estiver proibida. Como relatou uma entrevistada da região 6:...”Depois de 2 meses sem poder pescar, a nossa casa estava sem nada pra comer. Tivemos que reunir o povo e ameaçar o pessoal do IBAMA. Depois disso, chegou a comida, até demais”. A pesquisa demonstra uma base de dados para a confecção da Matriz de Referência. A diminuição de pescados imediatamente após o derramamento de produtos químicos, a incidência de ventos em épocas específicas, a diminuição gradativa da economia lindeira, por conta da pesca predatória, o impacto dos acidentes ao meio ambiente, fazem com que tenhamos um indicativo para a elaboração da Matriz. 66 9.1 ESTUDO DA BAÍA DE PARANAGUÁ A Baía de Paranaguá apresenta um rico ecossistema de manguezais, e comporta muitas comunidades de pescadores que vivem em aldeias simples nas margens do estuário, bem como vários canteiros de obras de importantes companhias. É possível o acesso a diversos pontos no continente, tais como as cidades de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba, e as ilhas das Cobras, do Mel, das Peças e do Superagüi. Possui diversos rios que desembocam e também é um criadouro marinho de centenas de espécies. Localiza-se um dos últimos lugares do mundo ainda intactos, que é a região de Guaraqueçaba e sua Mata Atlântica. Possui um ecossistema de variadas espécies raras e preservadas, sendo um potencial turístico ainda não explorado. O Brasil está inserido num processo de comercialização internacional, escoando sua produção com uma porcentagem elevada através do modal marítimo. Isto nos faz ponderar sob o aspecto econômico e tecnológico que advém do comércio exterior. Sem isso, o Brasil fica isolado do mundo e um processo autárquico em um mundo globalizado é muito danoso para uma economia. Desta forma, é imprescindível sustentar o crescimento, bem como, monitorar, fiscalizar e desenvolver novas tecnologias em relação ao petróleo combustível, sobretudo o utilizado em embarcações para fins comerciais em comércio exterior. O complexo estuarino de Paranaguá (25° 10’- 35’ S e 48° 20’- 45’W, PR) apresenta uma grande diversidade de ambientes, incluindo planícies de maré, baixios, ilhas, costões rochosos, marismas, rios de maré (gamboas) e manguezais (LANA, 1986). Os manguezais constituem um dos sistemas mais produtivos do mundo e funcionam como "habitats" de criação, proteção e alimentação de diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes estuarinos e costeiros, muitas das quais representam importantes recursos pesqueiros (MANN, 1982). Além disso, atuam na regulação dos ciclos químicos, influenciando na manutenção de nutrientes e material orgânico particulado na zona costeira (DAY et al., 1989). Dentro do complexo estuarino de Paranaguá, destacam-se as baías de Antonina e Paranaguá, pela maior urbanização que ocorre em suas margens, por 67 abrigarem um terminal de combustíveis da Petrobras e pela presença de dois portos, os quais estão entre os principais do país. A conexão do complexo estuarino com o oceano se processa através de três canais principais: o da Galheta e o Norte, separados pela ilha do Mel e o canal de Superagüi, entre a ilha das Peças e a ilha de Superagüi. Todo o sistema abrange uma superfície líquida de 601 km2 (MARONE et al., 1995) e caracteriza-se geomorfologicamente como um estuário de planície costeira, ocorrendo feições deltaicas (i.e. deltas de maré) em sua desembocadura (ANGULO, 1995). 9.1.1 Município de Paranaguá O município de Paranaguá está situado no litoral do Paraná. Com uma área de 458.41 km2, se limita ao norte com o município de Guaraqueçaba, ao sul com o município de Matinhos, a oeste com os municípios de Morretes e Antonina e a leste: com Pontal do Paraná e o Oceano Atlântico. Formada praticamente por famílias tradicionais e pescadores, sua população aproximada é de 127.000 habitantes (IBGE, 2000). Sua localização é: Latitude = 25o 31’ 15’’ Sul, Longitude = 48o 30’ 35’’ Oeste e o Fuso Horário = -3h em relação a Greenwich. Clima Tropical Superúmido. Meses mais quentes (temperatura média superior a 22 °C). Meses mais frios isento de geadas (temperatura média superior a 18 °C). Sem estação seca. A economia da cidade está intimamente ligada ao funcionamento do Porto Dom Pedro II, importante terminal, corredor de exportação do Estado, além do comércio, turismo, agricultura e pesca. 68 Figura 20 - Imagem de satélite da Baía de Paranaguá (fonte SIMEPAR). 1 CIDADE DE GUARAQUEÇABA E PORTO 9 PONTAL DO PARANÁ 2 BAÍA DAS LARANJEIRAS 10 ILHA DA GALHETA E CANAL DA GALHETA 3 CIDADE DE ANTONINA E PORTO 11 RIO CACHOEIRA 4 BAÍA DE ANTONINA 12 RIO NHUNDIAQUARA 5 BAÍA DE PARANAGUÁ 13 ILHA RASA 6 CIDADE DE PARANAGUÁ E PORTO 14 ILHA DAS COBRAS 7 CANAL NORTE 15 RIO SERRA NEGRA 8 ILHA DO MEL Os rios que banham o município de Paranaguá se originam na Serra do Mar cruzam a planície costeira e desembocam diretamente no oceano, fazendo parte da Bacia Atlântica. Os outros numerosos rios que deságuam na baía de Paranaguá, constituem a sua bacia hidrográfica. Entre eles estão o Rio Itiberê, que a esquerda banha a cidade de Paranaguá e, à direita, a ilha dos Valadares, o Rio dos Correias, ao lado direito da ilha dos Valadares, o Rio dos Almeidas, paralelo ao Rio dos Correias, o Rio Guaraguaçu, que tem um braço de embocadura formando outro rio com nome de Rio Maciel e finalmente o Rio Perequê. (IBGE, 2000). Estes rios correm paralelos, marginais a costa oceânica, estendendo-se ao rumo sul-norte e desembocando em frente da ilha da Cotinga e são influenciados pelos fluxos e refluxos das marés. 69 9.1.2 Município de Antonina Com uma altitude média de 500 m e área de 845.853 km2, sua localização é: latitude 25º 06’ 00” Sul e longitude 48º 43’00” Oeste, com uma população de 19.007 habitantes. Clima: Tropical Superúmido. Meses mais quentes, temperatura média superior a 22 ºC. Meses mais frios com fracas geadas, temperatura média superior a 18 ºC. (IBGE 2000). 9.1.3 Município de Guaraqueçaba Sua população é de 8.288 habitantes e o clima da região é o temperado superúmido. A temperatura média anual fica na ordem dos 18 ºC, com máxima média anual de 24 ºC e mínima de 12 ºC (IBGE, 2000). 9.1.4 Pesca na Baía de Paranaguá Os principais peixes pescados na Baía são: Anchova (Pomatomus saltator), Badejo Mira (Mycteroperca rubra), Badejo Quadrado (Mycteroperca bonaci), Baiacu (Sphoeroides spenglers), Bagre (Bagre marinus), Betara (Menticirrhus americanus), Corvina (Plagioscion spp), Garoupa (Epinephelus Guaza), Linguado (Paralichthys brasiliensis), Miraguaia (Pogonias cromis), Mero (Epinephelus itajara), Parati (Mugil curema), Pescada (Cynuscion sp), Prejereba (Lobotes surinamensis), Robalo (Centropomus spp), Sargo (Archosargus probetocephalus), Sardinha (Sardinella brasiliensis) e Tainha (Mugil brasisiensis). Além dos peixes, são pescados o Camarão branco e o Camarão sete barbas (Penaeus spp), em épocas sazonais e a pesca do caranguejo (Cardisoma guanhumi), nos meses de dezembro e janeiro, o siri (Callinectes sapidus), durante todo o ano, além do cultivo e extração de ostras e mariscos (Paralichthys brasiliensis). O Vicuña explodiu no dia 15 de novembro de 2004, quando desembarcava uma carga de 14 milhões de litros de metanol no Porto de Paranaguá. O navio afundou junto ao terminal e também derramou parte de sua reserva de 1.350 toneladas de óleo diesel e óleo combustível pela baía, contaminando várias áreas de 70 preservação ambiental e de reprodução biológica (Fonte: Folha de São Paulo). Aves marinhas como biguás e socós sofreram o impacto do acidente, impregnando em suas penas o produto derramado como demonstram as figuras 21 e 22: Figura 21: Biguás enxarcados de óleo. Figura 22 - Socó afetado pelo óleo. Dez dias após o acidente com o navio Vicuña, na Baía de Paranaguá, as equipes de resgate de fauna já haviam recolhido mais de 50 animais atingidos pelo derramamento de óleo, incluindo 3 botos, 15 aves e 15 tartarugas mortas (Folha de São Paulo, 25.11.2004). 71 10. MATRIZ DE VARIÁVEIS EM RELAÇÃO A POSSÍVEIS ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS 10.1 Considerações iniciais A baía de Paranaguá possui características particulares. A incidência dos ventos é variável, podendo assumir uma constante, como no verão a tarde, a predominância de vento leste, com incidência moderada. Outro fator particular é o fato da Baía ser cercada de montanhas, fazendo com que os ventos não sejam constantes e diretos. É o chamado “vento sujo”, termo utilizado pelos velejadores, definindo esses ventos que não são constantes. Em relação ao local onde possivelmente ocorram derramamentos, teremos de avaliar separadamente o óleo combustível do metanol e etanol. No caso do óleo, a ação dos ventos poderá acarretar maior ou menor agravante no tocante a corrente de marés. Neste caso, estudos feitos no ano de 2005, quando do derramamento de 1.5 milhões de óleo combustível (montante a ser utilizado neste caso somente como combustível), a dispersão ocorreu entre a Baía de Paranaguá e o canal sul da Ilha do Mel. No canal norte e na Baía de Guaraqueçaba não se observou a mancha, mas não quer dizer que estas regiões não tenham sido afetadas. Chega-se a conclusão de que a corrente marítima dispersou, mesmo que em quantidades consideráveis, o derramamento, contando com as correntes marítimas e com a corrente de vazante que não é difusa, mas estabelece uma direção definida. Em relação ao etanol e metanol, que são produtos voláteis, se ocorrer um acidente com estes produtos e a temperatura, neste dia, estiver elevada, sua evaporação, somada a uma direção de vento como destino uma cidade ou vilarejo, poderá acarretar problemas à população, pela sua inalação ou contato com a pele ou olhos. Sua gravidade pode ser medida pela coincidência destes fatores e o volume de produtos envolvidos em possíveis acidentes. A variação das marés é definida pela fase da lua. Neste caso, pode-se prever com exatidão o fluxo das marés (anexo 17). Nas águas internas de Baía, se a lua estiver na fase cheia ou nova, a força de enchente é maior e se, coincidentemente, estiver no começo desta enchente, os danos, com certeza, serão 72 maiores e vice-versa. No caso dos navios atracados ao largo, ou seja, na região das águas de fora da Ilha do Mel, dependendo da corrente, os estragos poderão ser mínimos na Baía. Se a maré estiver enchendo, a Ilha do Mel poderá ser afetada, considerando a proporcionalidade do volume envolvido. Neste caso, o etanol e o metanol teriam um impacto pequeno, considerando somente a direção dos ventos. 10.2 Ocorrência dos ventos de acordo com as épocas do ano Nas diferentes épocas do ano, verifica-se uma base constante na ocorrência dos ventos. Segundo o estudo junto a 20 pescadores e moradores antigos, comparando com a incidência identificada no quadro demonstrativo abaixo, obtido do SIMEPAR, pode-se identificar as seguintes incidências: . Nos meses de janeiro, fevereiro e março ocorrem ventos nordeste e leste, de forma alternada, das 11:00 hs até às 17:00 hs, conforme demonstra a tabela 6. . Quando ocorre vento leste no mar aberto, também o tempo fica ruim e o mar agitado. Os pescadores, neste caso, não saem para pescar. . No mês de abril, o vento noroeste ocorre de manhã e a tarde é freqüente o vento sul ou sudeste, sempre sinônimo de tempo ruim. . Em qualquer época do ano, caso ocorra o vento noroeste forte durante um tempo e parar, ocorrerá em seguida o vento sul. . Nos meses de frio, quase não ocorre ventos noroeste e com isso, o vento sul é mais raro, ao contrário do verão (tabela 7). . Ventos nordeste ocorrem quase todos os dias, mais freqüente as tardes. . Vento noroeste é comum de madrugada (depois das 3:00 hs) e é quente. . Ventos norte são bem difíceis de ocorrer na Baía de Paranaguá (só ocorrem na madrugada). . A incidência de vento oeste é maior no inverno e quando ocorre, acompanha o frio em seguida. . A velocidade dos ventos na Baía de Paranaguá não varia muito, variando de 0,4 a 0,8 m/s ( tabelas 8 e 9). . As marés variam de -0,10 a 1,9m, dependendo das ocorrências das luas. No mês de agosto ocorre a maior variação do ano. Nas luas cheia e nova, a maré muda 73 a cada 12 horas e varia com maior incidência. Nas luas minguante e crescente, a variação é menor, por conta de mudar a maré de 6 em 6 horas (tabela 10). 10.3 Estudo da direção dos ventos A incidência de ventos na baía de Paranaguá segue um roteiro padrão. Dependendo da época do ano, é possível determinar com precisão de onde se originará. Porém, como a a geografia da baía está composta com morros cercando, sobretudo com a presença da umidade da mata atlântica, faz com que haja dispersão de vento. É o chamado “vento sujo”, ou seja, há circulação por conta dos morros, ao contrário do vento incidente em mar aberto, onde se identifica a presença de ventos com maior velocidade e incidência constante. Abaixo, a tabela 6 detalha um estudo de incidência de ventos na baía de Paranaguá. TABELA 6 – Direção dos ventos. Instituto Tecnológico SIMEPAR Freqüência Mensal da Direção do Vento (%) Mês/Ano 01/1999 02/1999 03/1999 04/1999 05/1999 06/1999 07/1999 08/1999 09/1999 10/1999 11/1999 12/1999 01/2000 02/2000 03/2000 04/2000 05/2000 06/2000 07/2000 08/2000 Norte 10,93 8,70 9,32 7,71 6,32 8,19 4,91 7,26 8,06 6,10 7,48 8,05 9,86 8,09 8,66 9,22 14,17 13,56 10,48 9,81 Nordeste 10,04 6,96 5,34 5,89 4,70 5,83 7,52 4,44 5,00 6,37 4,94 8,19 7,16 5,64 5,14 3,66 5,80 4,26 3,90 4,57 Leste Sudeste 13,98 17,20 9,65 16,93 9,45 12,19 10,94 14,17 7,80 12,10 11,53 12,50 13,34 18,40 8,20 13,98 8,33 17,36 10,03 18,70 8,60 19,18 9,28 16,92 9,46 14,59 8,24 16,04 7,71 13,94 6,15 12,45 6,34 11,61 5,84 14,04 4,17 11,42 5,91 18,15 74 Sul 10,04 10,28 12,05 12,76 7,93 8,19 10,28 11,83 11,81 14,77 13,68 16,10 11,62 12,72 15,56 12,01 9,31 9,46 12,23 12,37 Sudoeste 8,60 9,02 10,27 10,10 8,33 7,22 5,52 8,87 7,78 11,25 11,85 12,82 10,14 8,82 10,96 7,61 4,32 7,57 6,99 7,26 Oeste 15,59 19,46 19,59 16,69 20,56 20,14 15,03 23,92 21,67 19,38 16,93 14,87 17,57 19,65 16,51 12,88 7,83 9,46 10,48 10,48 Noroeste 13,26 18,99 21,10 20,76 28,09 26,39 17,79 21,51 20,00 13,41 17,07 13,37 19,46 20,66 21,38 35,72 40,49 35,65 40,32 31,45 TABELA 6 – Direção dos ventos (continuação). 09/2000 10/2000 11/2000 12/2000 01/2001 02/2001 03/2001 04/2001 05/2001 06/2001 07/2001 08/2001 09/2001 10/2001 11/2001 12/2001 01/2002 02/2002 03/2002 04/2002 05/2002 06/2002 9,22 8,37 10,47 11,96 11,84 12,54 12,01 12,64 11,42 15,56 13,04 10,62 9,44 10,22 8,75 9,27 11,02 11,61 12,10 9,17 20,56 20,14 6,15 4,66 6,42 4,62 6,94 5,89 5,26 4,44 5,24 5,14 6,32 5,11 6,81 6,05 5,98 6,59 6,45 6,40 5,38 5,83 8,20 5,28 6,56 10,43 5,45 7,88 7,62 6,50 6,48 7,50 6,72 5,56 7,26 6,59 7,50 6,72 7,00 5,65 7,93 7,74 8,33 8,89 5,91 6,94 18,99 18,79 17,60 13,59 13,74 16,01 13,36 13,33 12,63 12,92 13,44 13,71 16,11 13,58 18,37 16,13 12,23 12,50 11,42 15,00 9,41 14,58 17,74 16,87 17,04 14,67 14,01 12,24 12,42 11,94 10,89 9,44 11,69 12,50 13,47 15,86 15,16 14,38 11,83 12,35 11,29 12,50 9,01 12,92 10,06 11,52 10,61 8,97 10,61 8,76 10,12 11,11 9,01 6,81 7,66 7,53 9,58 11,69 12,39 11,56 12,63 12,20 9,14 9,58 8,06 8,61 10,34 10,56 9,08 12,23 9,66 10,42 12,28 11,81 12,23 8,33 10,22 8,74 13,89 12,23 11,66 13,84 13,71 14,14 12,37 12,50 9,27 6,39 20,95 18,79 22,77 25,68 25,17 27,34 28,07 27,22 31,85 36,25 30,38 35,22 23,19 23,66 20,70 22,58 24,19 23,07 29,97 26,53 29,57 25,14 TABELA 6 – Direção dos ventos (continuação). 08/2002 09/2002 10/2002 11/2002 12/2002 01/2003 02/2003 03/2003 04/2003 05/2003 06/2003 07/2003 08/2003 09/2003 10/2003 11/2003 16,80 15,69 13,60 16,60 17,66 19,59 19,08 17,88 17,52 20,83 16,67 16,53 18,82 10,83 11,16 14,31 6,45 5,56 6,66 7,81 6,79 8,78 5,72 5,51 6,26 5,65 4,72 3,36 6,18 5,42 4,70 6,39 5,38 5,42 5,38 7,11 6,93 5,95 6,36 5,65 5,98 3,90 5,69 6,18 4,30 8,06 5,65 7,22 15,46 12,36 12,61 12,69 13,18 12,03 11,92 10,62 10,99 8,06 11,53 13,98 11,16 11,53 13,98 12,50 75 15,86 18,75 18,56 15,06 15,49 11,76 13,83 11,96 13,21 9,41 13,61 14,65 11,42 15,83 17,47 14,44 9,68 10,14 12,32 10,46 9,78 11,89 8,43 11,02 10,43 9,54 9,86 8,20 7,39 15,14 13,04 11,94 6,85 8,06 8,78 9,07 8,56 7,84 8,43 10,62 8,21 6,85 6,11 7,93 8,20 9,17 10,75 10,00 23,52 24,03 22,10 21,20 21,33 21,62 26,07 26,75 27,40 35,75 31,81 29,17 32,53 24,03 23,25 23,19 TABELA 6 – Direção dos ventos (continuação). 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004 10/2004 11/2004 12/2004 01/2005 02/2005 03/2005 04/2005 05/2005 06/2005 07/2005 08/2005 09/2005 10/2005 15,36 12,50 16,24 18,15 21,11 22,72 22,08 16,40 15,73 15,56 15,88 15,14 14,11 16,40 15,63 20,03 19,03 11,69 13,33 12,63 11,56 10,14 13,58 5,49 5,65 7,18 4,57 4,72 6,45 6,81 7,93 6,18 5,69 6,73 6,67 6,05 6,85 4,17 6,05 6,29 4,30 4,03 4,97 2,96 8,06 6,72 7,96 6,72 5,17 5,78 4,72 4,57 4,17 8,06 5,38 5,69 6,59 7,92 6,59 8,06 6,40 7,66 7,73 7,12 5,42 5,65 5,65 6,11 9,54 10,84 12,10 9,34 10,62 8,89 8,06 12,08 9,54 10,75 12,36 10,36 11,25 13,44 11,96 9,97 12,90 10,44 13,31 11,81 12,77 12,90 17,08 15,19 15,09 18,68 13,22 11,69 13,75 11,29 9,72 16,40 14,25 16,81 15,48 16,11 15,86 13,31 13,24 11,83 12,45 9,54 7,22 9,54 10,75 15,14 13,04 13,03 11,56 13,51 11,29 10,83 8,33 6,94 10,89 10,08 14,44 14,54 13,19 13,71 12,10 13,84 9,14 10,87 7,39 6,25 7,80 8,74 12,50 11,56 11,39 10,35 12,36 10,75 8,33 7,66 5,00 7,80 7,39 7,22 10,36 9,31 12,77 8,74 13,54 9,54 7,58 9,68 10,14 10,35 10,35 10,14 9,27 Fonte: Simepar - 2005 TABELA 7 – Velocidade dos ventos A velocidade média em metros/segundo: Velocidade do Vento Média (m/s) Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Jan 0,6 0,7 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 Fev 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 Mar 0,4 0,6 0,7 0,5 0,5 0,5 Abr 0,1 0,5 0,6 0,5 0,2 0,4 0,4 76 Mai 0,7 0,8 0,5 0,5 0,6 0,4 0,5 Jun 0,6 0,6 0,6 0,5 0,4 0,5 0,5 Jul 0,5 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 0,6 20,85 22,45 22,99 27,15 27,64 30,91 33,19 22,98 30,24 22,22 20,05 20,42 17,47 22,58 23,21 22,85 25,61 36,96 41,81 36,29 37,10 20,83 21,10 Tabela 7 – Velocidade dos ventos (continuação) Ano Ago 0,7 0,7 0,6 0,6 0,6 0,6 0,7 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Set 0,8 0,5 0,6 0,7 0,5 0,5 0,4 Out 0,6 0,6 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 Nov 0,7 0,6 0,6 0,7 0,7 0,6 Dez 0,7 0,7 0,6 0,6 0,5 0,5 Fonte: Simepar – 2005 Tabela 8 – Variação das marés Abaixo, a variação das marés. O estudo retrata a variação média durante o período de 1 ano. Este período é repetido durante os anos indistintamente: LUA NOVA D H Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 29 28 29 27 27 25 25 23 22 22 20 14 0 10 19 5 16 4 19 11 5 22 M 15 31 15 44 26 05 31 10 45 14 18 CRESCENTE D H M Jan 6 18 56 Fev 5 6 29 Mar 6 20 16 Abr 5 12 01 Mai 5 5 13 Jun 3 23 06 Jul 3 16 37 Ago 2 8 46 Ago 31 22 56 Set 30 11 04 Out 29 21 25 Nov 28 6 29 Dez 20 14 01 LUA CHEIA D H M Jan 14 9 48 Fev 13 4 44 Mar 14 23 35 Abr 13 16 40 Mai 13 6 51 Jun 11 18 03 Jul 11 3 02 Ago 9 10 54 Set 7 18 42 Out 7 3 13 Nov 5 12 58 Dec 5 0 25 Dez 27 14 48 MINGUANTE D H M Jan 22 15 14 Fev 21 7 17 Mar 22 19 10 Abr 21 3 28 Mai 20 9 21 Jun 18 14 08 Jul 17 19 13 Ago 16 1 51 Set 14 11 15 Out 14 0 26 Nov 12 17 45 Dez 12 14 32 Fonte: Ministério da Marinha 2008. 10.4 Matriz de Referência em Relação às Variáveis A matriz referencia as variáveis de vento, temperatura da água, época do ano, considerando frio ou quente e as fases da lua. O vento interfere no processo considerando a evaporação de produtos em possíveis acidentes. Por exemplo: Se considerar uma região em frente ao porto, o produto acidentado ser a Nafta e o vento estiver soprando em direção à cidade, haverá problemas à população da cidade de Paranaguá. O estudo separa os ambientes em quente e frio por causa do processo de evaporação. Quanto mais quente, maior a sua volatividade. O vento é determinante também para o deslocamento de resíduos. Nos meses quentes, o 77 vento e as tempestades de verão são fatores de maior ou menor risco ao meio ambiente, dependendo da área afetada. As fases da lua são muito importantes, sobretudo as luas nova e cheia. No caso da lua cheia e nova, as marés mudas de enchente e vazante de 12 em 12 horas, ou seja, o nível da água atinge níveis maiores e com maior amplitude de expansão de possíveis vazamentos. No caso de maré enchente em acidentes, o produto espalhado na água poderá atingir as águas internas, chegando até os rios do final da Baía de Antonina, como aconteceu no último acidente, com o navio Vicunha. Da mesma forma, os acidentes com a maré vazante, podem dispersar os produtos derivados do petróleo com mais agilidade, sobretudo com as fases da lua cheia ou nova. Nas luas minguante e crescente, a maré muda a fase de enchente/vazante a cada 6 horas. Com isso, o impacto sobre a Baía de Paranaguá é menor, no atingimento das costas e rios. Portanto, as variáveis designadas a seguir, seguem um padrão de periculosidade considerando os fatores mencionados acima. Dependendo da combinação de fatores, a Baía de Paranaguá poderá ter prejuízos graves para o estuário marinho, aves e até, com índice elevado de gravidade, a população da cidade de Paranaguá e ribeirinhos. Por exemplo: se houver um acidente com a maré enchente, lua cheia, vento nordeste, com a água quente e o produto ser óleo combustível, metanol ou Nafta, seria a pior combinação possível e os danos de proporções enormes. 10.4.1 Variável de Exposição Humana De acordo com as referências de valores limites de exposição humana para substâncias químicas no desenvolvimento do trabalho (Threshold Limit Values for Chemical Substances in the Work Environment), determinam a intensidade de risco à saúde humana. Foram considerados a partir do TWA (Time-Weighted Average) os níveis de ppm (partes por milhão) máximos de exposição ao produto até que se tenham comprometimentos à saúde humana. Tomando como exemplo o óleo combustível, atribui-se um índice de exposição de 300 ppm, ou seja, o óleo combustível quando apresentado em circunstâncias de vazamento, por exemplo, possui uma tolerância de 300 ppm. A partir deste limite, afetará invariavelmente a saúde humana. O Metanol apresenta 78 um índice de 200 ppm, portanto, com uma tolerância menor aos possíveis riscos. O Etanol, com uma tolerância de 1000 ppm e a Nafta 300 ppm. Com base nos índices apresentados acima, desenvolveu-se uma Tabela de risco para estabelecimento de base de referência de riscos á exposição aos produtos químicos, considerando fatores que variam de 7 a 10(Tabela 9). Em um estudo futuro, poderemos identificar produtos com um fator de exposição maior, podendo atribuir-se valores inferiores a 7. Tabela 9: Variáveis de Riscos SH Produto Índices de Riscos à Saúde Humana Petróleo 8 Etanol 7 Metanol 10 Nafta 8 Fonte: autor. 10.4.2 Variável de Riscos Ambientais O Programa Nacional de Vigilância para Prevenção e Monitoramento de Derrames de Óleo, criado em comemoração ao 12o aniversário do Centro de Sensoriamento Remoto do MMA/IBAMA. O programa funciona em parcerias com vários ministérios, universidades e órgãos envolvidos diretamente com problemas de acidentes ambientais. O programa formula diferentes graus de intensidades ao meio ambiente, considerando fatores como tipo de produto, local do acidente e condições do clima. Os valores são correlatos ao impacto relativo ao meio ambiente, considerando as áreas de manguezais, castões de rocha, vida marinha e aves. A partir destas referências, obtiveram-se os fatores indicativos, variando de 7 a 10, para a Tabela 10 a seguir: 79 Tabela 10: Índices de Riscos MA Produto Índices de Riscos ao Meio Ambiente Petróleo 10 Etanol 8,5 Metanol 8,5 Nafta 7 Fonte: autor. 10.4.3 Variável da Economia Lindeira A Secretaria de Finanças do Governo do Estado do Paraná, em conjunto com o Instituto para o Desenvolvimento Humano – Micro regiões, realizou um estudo a partir do histórico de impactos econômicos considerando acidentes envolvendo óleos combustíveis, nafta e etanol. A ação adotada nestes casos pela Defesa Civil, restringe ou proíbe a pesca artesanal, base da economia na Baía de Paranaguá. Também foram feitos estudos com o impacto sobre o turismo, artesanatos, gastronomia, entre outros. Com base nestes dados, elaborou-se a Tabela 11 abaixo, com base na economia da região de Paranaguá: Tabela 11: Índices de Riscos à Economia Produto Índices de Riscos à Economia Petróleo 10 Etanol 7,5 Metanol 7,5 Nafta 7 Fonte: autor. 10.4.4 Matriz de Referência para Riscos à Saúde Humana Foram consideradas as 11 regiões divididas no trabalho de pesquisa. Na Tabela 12, estão mostrados os índices considerando os produtos: petróleo, metanol, etanol e nafta e sua relação com as diferentes regiões, com relação a fatores de riscos para a saúde humana, com os índices variando de 7 a 10. O índice se inicia 80 no valor 7 por conta de que os valores menores serão destinados à continuação deste trabalho, inserindo produtos com menor incidência de riscos. O valor 10 se dá por conta da amplitude de impacto, considerando o petróleo um produto extremamente danoso aos fatores estudados. Portanto, neste estudo determinou-se o número 7 referente a uma intensidade pequena e 10 a maior possibilidade: Tabela 12: Regiões da Baía de Paranaguá SH REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ Produto 1 Petróleo 8 Etanol 7 Metanol 10 Nafta 8 Fonte: autor 2 8 7 10 8 3 7,6 7 9,6 7,6 4 7,2 7 9,2 7,2 5 7,6 7 9,6 7,6 6 7,2 7 9,2 7,2 7 7,4 7 9,4 7,4 8 7,8 7 9,8 7,8 9 7 7 8,8 7 10 7 7 9 7 11 7 7 9 7 10.4.5 Matriz de Referência para Riscos Econômicos Na Baía de Paranaguá existem concentrações de moradores com suas respectivas formas de sustento. A grande maioria sobrevive da pesca artesanal, sobretudo nas regiões mais afastadas. O petróleo é o produto mais impactante, considerando suas propriedades. Os outros, conforme estudos de derramamentos anteriores, demonstra um menor estrago, inclusive aparente, sob o aspecto visível das águas. Quando ocorre um acidente, a pesca é totalmente proibida, impactando diretamente em seus sustentos. A proibição se dá sobretudo para a pesca, podendo o turismo ser explorado normalmente. Porém, a diminuição do fluxo de pessoas é imediato, podendo levar meses para a sua total recuperaçãoPara a matriz foram atribuídos fatores variando de 7 a 10 e identificam o grau de risco, considerando a concentração da economia e suas variações da Tabela 13: 81 Tabela 13 Regiões da Baía de Paranaguá RE REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ Produto 1 Petróleo 10 Metanol 7,5 Etanol 7,5 Nafta 7 Fonte: autor 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 10 7,5 7,5 7 9,8 7,3 7,3 7 9,6 7,1 7,1 7 9,4 7 7 7 9,6 7,1 7,1 7 9,4 7 7 7 10 7,5 7,5 7 9,2 7 7 7 9,4 7 7 7 9,2 7 7 7 10.4.6 Matriz de Referência para Riscos ao Meio Ambiente Avalia as regiões de acordo com o impacto potencial causado por um possível acidente, envolvendo a fauna marinha, aves, costões de rocha, manguezais, entre outros. Neste caso, além do petróleo, o metanol e etanol também correspondem a um índice elevado na matriz, por conta de danos elevados e tempo grande para recuperação, por causa de suas propriedades. Índices variando de 7 a 10, sendo 7 uma intensidade pequena e 10 a maior possibilidade de acorde com a Tabela 14: Tabela 14: Regiões da Baía de Paranaguá MA REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ Produto 1 Petróleo 9,6 Metanol 8,1 Etanol 8,1 Nafta 7 Fonte: autor 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 9,6 8,1 8,1 7 10 8,5 8,5 7 9,4 7,9 7,9 7 9,8 8,3 8,3 7 9,4 7,9 7,9 7 10 8,5 8,5 7 9,6 8,1 8,1 7 9,2 7,7 7,7 7 9,6 8,1 8,1 7 9,8 8,3 8,3 7 10.4.7 Matriz de Referência para Riscos à Saúde Humana – Ventos Os ventos são importantes para a determinação de maior ou menor impacto, caso ocorra um vazamento. De acordo com pesquisas feitas pelo SIMEPAR, existe uma incidência constante e previsível de ventos incidentes em determinadas épocas do ano. A partir desta pesquisa, podemos definir com precisão os efeitos de previsibilidade da incidência de ventos e sua correlação com as possíveis consequências sob uma incidência de acidente. A Matriz também varia com índices 82 de 7 a 10. Não ocorre o aparecimento do índice 10 por conta da quantidade necessária para que a saúde humana chegasse a níveis extremos. Atualmente, a quantidade transportada nos navios não permite este índice. e considera o impacto à saúde humana, sobretudo com a possibilidade de evaporação dos produtos mais voláteis, como a nafta, metanol e etanol, conforme as tabelas 15 e 16: Tabela15: Matriz de Vento Leste ou Nordeste REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ - Vento leste ou nordeste Produto 1 Petróleo 8 Metanol 7 Etanol 10 Nafta 8 Fonte: autor 2 8 7 10 8 3 4 5 6 7 7,8 7 9,8 7,8 7,6 7 9,6 7,6 7,8 7 9,8 7,8 7,6 7 9,6 7,6 7,6 7 9,6 7,6 8 8 7 10 8 9 10 11 7,6 7 9,6 7,6 7,8 7 9,8 7,8 7,6 7 9,6 7,6 Tabela 16: Matriz de Vento Sul ou Sudoeste REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ - Vento sul ou sudoeste Produto 1 Petróleo 7 Metanol 7 Etanol 7 Nafta 7 Fonte: autor 2 7 7 9,8 7,8 3 7 7 7 7 4 7 7 7 7 5 7 7 7 7 6 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 7 7 9,8 7,8 9 7 7 7 7 10 7 7 9,8 7,8 11 7 7 7 7 10.4.8 Matriz de Referência -Temperatura da água – Saúde Humana Considera-se a temperatura da água fria e quente. Para a temperatura fria, a seguir, toma-se como referência estudo da Universidade Federal do Paraná como médias anuais, 18°C, de acordo com a Tabela17: 83 Tabela 17 Matriz de Temperatura da Água abaixo de 18°c - SH REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ Produto 1 Petróleo 7,6 Metanol 7 Etanol 9 Nafta 7,6 Fonte: autor 2 3 8 7 10 8 8 7 10 8 4 5 6 7 7,6 7 9 7 7,6 7 9 7 7,6 7 9 7 7,6 7 9 7 8 8 7 10 8 9 10 11 7,4 7 7 7 7,4 7 8 7,4 7,4 7 8 7 A Tabela 18 considera temperaturas acima de 18°C e suas médias anuais: Tabela 18: Matriz de Temperatura da Água acima de 18°c - SH REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ Vento Sul ou Sudoeste Produto 1 Petróleo 7,8 Metanol 7 Etanol 9,8 Nafta 7,8 Fonte: autor 2 3 8 7 10 8 8 7 10 8 4 5 6 7 7,8 7 9,8 7,8 7,8 7 9,8 7,8 7,8 7 9,8 7,8 7,8 7 9,8 7,8 8 8 7 10 8 9 10 11 7,6 7 9,6 7,6 7,6 7 9,6 7,6 7,6 7 9,6 7,6 10.4.9 Matriz de Referência Fases da Lua - Meio Ambiente Os efeitos das fases da lua impactam principalmente ao meio ambiente, por conta de suas fases. Quando da incidência da lua cheia ou nova, a maré enche e esvazia com a maior intensidade. Nestes casos, o espalhamento de produtos químicos se dará com maior amplitude e rapidez. Através da tábua de marés, podemos identificar o momento exato em que a maré mudará de posição. Abaixo a matriz para as luas cheia e nova, na Tabela 19: 84 Tabela 19: Matriz das Fases da Lua Cheia ou Nova - MA REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ – Lua Cheia ou Nova Produto 1 Petróleo 9,8 Metanol 8,3 Etanol 8,3 Nafta 7 Fonte: autor 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 10 8,5 8,5 7 10 8,5 8,5 7 9,6 8,5 8,5 7 9,6 8,3 8,3 7 9,8 8,3 8,3 7 9,8 8,3 8,3 7 9,4 8,1 8,1 7 9,4 8,1 8,1 7 9,6 8,1 8,1 7 9,4 8,1 8,1 7 Com a incidência de lua minguante ou crescente, a força de enchente vazante é menor, fazendo com que o espalhamento seja menos intenso e as ações de contensão sejam mais eficazes (Tabela 20): Tabela 20: Matriz das Fases da Lua Crescente ou Minguante - MA REGIÕES DA BAÍA DE PAR ANAGUÁ – Lua Crescente ou Minguante Produto 1 Petróleo 9 Metanol 8,1 Etanol 8,1 Nafta 7 Fonte: autor 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 10 8,5 8,5 7 10 8,5 8,5 7 8,8 7,9 7,9 7 8,8 7,9 7,9 7 9 8,1 8,1 7 9 8,1 8,1 7 8,6 7,7 7,7 7 8,6 7,7 7,7 7 8,8 7,9 7,9 7 8,6 7,7 7,7 7 Os índices de impacto serão a somatória dos índices da matriz para a determinação das possibilidades. Abaixo, as melhores e piores possibilidades para a combinação de fatores considerando a Saúde Humana, Meio Ambiente e Economia Lindeira: 10.4.10 Somatória dos índices Para a obtenção da combinação a seguir dos fatores mais e menos impactantes, foram tomadas as seguintes tabelas: . Considera-se inicialmente as tabelas 9, 10 e 11, onde são identificados os índices de saúde humana, meio ambiente e economia lindeira. A partir destas tabelas, utiliza-se as variáveis mais impactantes nas regiões geográficas, com a variável vento e maré. Com estas combinações, pode-se estabelecer parâmetros para as 85 possibilidades mais intensas e menos intensas. Abaixo, as conclusões a partir das referências das tabelas anteriores: Combinação de fatores: Mais Impactante – Saúde Humana • vazamento de petróleo, em frente ao Porto de Paranaguá (região 2): 8 • lua cheia ou nova: 10 • vento leste ou nordeste: 8 • temperatura da água elevada: 8. Somando-se a referência de fatores de saúde humana: 8 Total: 42. Combinação de fatores: Menos Impactante – Saúde Humana • vazamento de nafta ao largo (região 9): 7 • lua crescente ou minguante: 7 • vento sul ou sudoeste: 7 • temperatura da água fria: 7. Somando-se a referência de fatores de exposição humana: 8 Total: 34. Combinação de fatores: Mais Impactante – Meio Ambiente • vazamento de petróleo, na região 3: 10 • lua cheia ou nova: 10 • vento leste ou nordeste: 7,8 • temperatura da água elevada: 8. Somando-se a referência de fatores de Meio Ambiente: 10 Total: 45,8. 86 Combinação de fatores: Menos Impactante – Meio Ambiente • vazamento de nafta na região 9: 7 • lua crescente ou minguante: 7 • vento sul ou sudoeste: 7 • temperatura da água fria: 7. Somando-se a referência de fatores de Meio Ambiente: 7 Total: 35. Combinação de fatores: Mais Impactante – Economia Lindeira • vazamento de petróleo, em frente ao Porto de Paranaguá (região 2): 10 • lua cheia ou nova: 10 • vento leste ou nordeste: 8 • temperatura da água elevada: 8. Somando-se a referência de fatores da Economia Lindeira: 8 Total: 44. Combinação de fatores: Menos Impactante – Economia Lindeira • vazamento de nafta na região 9: 7 • lua crescente ou minguante: 7 • vento sul ou sudoeste: 7 • temperatura da água fria: 7. Somando-se a referência de fatores de Meio Ambiente: 7 Total: 35. 87 10.5 CONCLUSÕES DO ESTUDO As matrizes foram idealizadas em algumas condições muito favoráveis ou muito pouco favoráveis. Pode-se caracterizar em um determinado acidente com a maré enchendo e o vento sul a oeste. Neste caso, o etanol e metanol não terão impacto direto sobre a população. Porém, no caso do produto ser óleo combustível, a maré enchente levará na proporcionalidade de seu volume até o fundo da Baía de Antonina, podendo chegar até os rios. No caso da maré estar vazando e o vento ser de norte a sul e o acidente ter ocorrido próximo a uma concentração de habitantes, no caso do produto ser o óleo combustível, o impacto será menor, desde que as equipes de contenção sejam rápidos, o que não ocorre na atualidade. Mas poderá causar impacto sobre a população se ainda ocorrer a situação agravante da água estar com a temperatura elevada. Existe um risco real em relação aos impactos ao meio ambiente e especificamente à população. Atualmente, não se conhece nenhuma literatura alertando um possível impacto que afete de forma muito intensa também a população, mas é possível, considerando as variáveis climáticas coincidentes no dia de um possível acidente. As variações considerando os ventos e marés, além do tipo de produto derramado em questão são muito amplas. De qualquer forma, a dispersão ocorrerá de forma mais célere, caso esteja com a maré favorável, o vento esteja no sentido de mar-afora, o produto derramado seja o mais volátil, as equipes de salva-guarda estejam preparadas e consigam de forma ágil, conter o mais rápido possível. Podemos, pela matriz exposta, determinar o menor quadro de conseqüências, até a pior possibilidade de danos, dependendo da época do ano, do vento, da maré e do tipo de produto derramado. Por exemplo, se a maré estiver enchendo, a lua estiver na fase cheia ou nova e o vento estiver na direção norte/nordeste, configurará a pior possibilidade. Se o produto for volátil e estivermos com temperatura elevada, poderá causar conseqüências sérias às populações próximas. Esta matriz, muito útil, por exemplo, para os órgãos do governo diretamente ligados para ações contra acidentes, pode dar uma noção imediata do perigo, das condições atenuantes ou agravantes do momento em que está inserido. Com isso, através do estudo, poderemos projetar a extensão do dano e o tempo de recuperação do bioma, dos costões de pedra, dos animais e pássaros, além do risco 88 à saúde humana, podendo até, dentro de uma pior expectativa, necessitar a evacuação de determinados locais. Para futuros estudos, pode-se desenvolver uma equação de variáveis, onde poderemos identificar as possíveis conseqüências e ações a serem tomadas, assim que alimentarmos com os dados da configuração do momento do acidente. 11. CONCLUSÔES GERAIS A Baía de Paranaguá possui um ecossistema muito rico. Milhares de famílias dependem diretamente de seu ambiente pesqueiro para suas sobrevivências. Observou-se que, em alguns locais, como a comunidade do Guapicú, algumas espécies de peixes, como a Pescada Terezinha, o Baiacu, o Badejo, entre outros, quase não existem mais. Pescadores desta comunidade estão realizando suas pescas no litoral sul de São Paulo. Afirmar que esta diminuição se dá por conta de acidentes com derramamentos de óleo e seus derivados, podem ser considerados uma leviandade. De acordo com estudos relativos a acidentes e segundo um questionário feito nas regiões, não ocorre diminuição imediata de pescados após um acidente. Pode-se sugerir que este impacto possa se dar ao longo do processo de crescimento de alevinos, ou com a mudança de hábitos alimentares de peixes, procurando outras regiões, ou também pela pesca predatória de redes em locais de pedra, ou o desrespeito ao defeso. Não se pode afirmar com certeza se um ou todos estes fatores influenciam o meio ambiente. Pode-se afirmar, com certeza, que se ocorrer um acidente, com derramamento de óleo, em local onde possa ser espalhado ou evaporado, dependendo do local, se ainda estivermos em condições de correntes, temperatura e época do ano, pode-se ter um quadro grave, tanto para o ecossistema, quanto à população, no que tange a evaporação do etanol ou metanol. De acordo com estudo feito pelo SIMEPAR, a dispersão de óleo combustível se dá no canal da Ilha da Cotinga, não se apresentando de forma visível no fundo da Baía de Guaraqueçaba. Este quadro foi averiguado com o derramamento de 1.5 milhões de litros de óleo combustível. Seria difícil afirmar esta mesma condição com duas ou três vezes mais volume derramado. 89 De acordo com o Laboratório de Física Marinha – Centro de Estudos do Mar – UFPR, através de seu relatório técnico 2006/2007, com o título Medições Correntes (2007), a temperatura das águas da Baía de Paranaguá foram analisadas durante este período e, através dos relatórios de 54 pontos de análise em pontos distintos da Baía, chegou-se às seguintes conclusões: - Valores máximos e mínimos: 10 a 30º C; - Temperaturas mínimas e máximas identificadas: 14,8 e 29°C; - Média do ano: 22,6°C. A qualidade das águas da Baía de Paranaguá está parcialmente ou totalmente recuperada, no que se refere ao último derramamento, ocorrido no ano de 2005, com o Navio Vicunha, apesar de serem ainda visíveis manchas nos costões de pedra. A poluição gerada por parte da população avança sensivelmente e os esgotos são ainda pouco tratados. O fato da Baía de Paranaguá ser fechada, formando uma área fim, levará mais tempo para que seja refeita, sobretudo em relação à dispersão de óleo, esgotos e ação dos ventos. Os ventos não podem ser mudados, mas, pode-se elaborar projetos preventivos considerando a ação dos mesmos. Ainda não existem projetos efetivos de exploração de atividades sustentáveis, como o cultivo de moluscos, mel, turismo, entre outros, apesar de existirem dezenas de ONGs na região. Uma estrutura logística adequada pode melhorar as condições existentes na atualidade. Como os acidentes com produtos químicos não ocorrem com freqüência, as ações preventivas relaxam, bem como, não evoluem em princípio de tecnologia e desempenho de contenção. As prefeituras trabalham de forma individual e os moradores mais antigos vivem ainda segundo tradições do passado, sendo mais difícil lhes impor uma conscientização. A pesca predatória ainda é praticada de forma natural, apesar da coibição por parte das autoridades. Um plataforma de atracação em Pontal do Paraná pode diminuir as possibilidades de impacto de acidentes (representada nas tabelas como sendo de pequeno impacto), pois está localizada próximo ao mar aberto, diminuindo o impacto, sobretudo de espalhamento de produtos químicos. Estrategicamente é uma possibilidade a ser explorada. 90 12. REFERÊNCIAS ALFONSIN, R. B. O Brasil e o Direito Ambiental. 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Ecossistema Tempo médio de recuperação (em anos) 3 5 10 20 100 Estuários Principalmente ostras e moluscos encontram-se em recuperação Populações de ostras e moluscos ainda em recuperação Recuperado Recuperado Recuperado Praias Estado final de repovoamento Repovoada e provavelmente recuperada Recuperado Recuperado Recuperado Costão rochoso Comunidades não recuperadas Geralmente comunidades recuperadas Recuperado Recuperado Recuperado Região entre marés Os bivalves não se recuperaram Bivalves ainda reduzidos Recuperado Recuperado Recuperado Alagados Recuperação de plantas anuais de vida curta e tamanho reduzido Plantas de vida longa não restabelecidas; outros organismos recuperados Estado final de recuperação Recuperado, exceto para os grandes sistemas Mar aberto Área repovoada é muito pequena Organismos de vida longa e tamanho reduzido em recuperação Maior parte das espécies presentes Recuperado, exceto para os grandes sistemas Fonte: Cairns (1988 apud Crapez, 2001). 126 Recuperação de alagados e mar aberto dependerá do tamanho da área afetada Recuperação de alagados e mar aberto dependerá do tamanho da área afetada