Hermes Botelho de Campos 7º presidente da Nelore MT – 2010 a

Hermes Botelho de Campos
7º presidente da Nelore MT – 2010 a 2012.
O pecuarista Hermes Botelho de Campos foi unanimidade em sua
gestão no período de 2010 a 2012, e reconhecido como homem
sério, compromissado com o setor pecuário, amigo e excelente
esposo, pai e avô.
Depois de cumprida sua missão e passado o bastão da presidência
da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso, ele deixou
a matéria e foi para o plano espiritual.
Na manhã do dia 08 de junho de 2013, Hermes Botelho de Campos
faleceu no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, depois de 45 dias de
luta contra um câncer no pulmão, aos 59 anos. Casado com Eliete
Vieira Botelho Campos e pai de Hermes Junior, Thiago e Clarissa,
Hermes Botelho também deixou uma lacuna no setor pecuário de
Mato Grosso.
O legado deixado por ele foi grande e podemos avaliar sua
representatividade nos depoimentos abaixo de seu filho Thiago e
alguns amigos.
Thiago Botelho – Filho de Hermes Botelho de Campos
A perda do meu pai é irreparável e minha mãe, meus irmãos e toda
nossa família estão muito abalados com sua morte repentina. Ele
nos deixou muitas lições de vida e apesar da dor de sua perda
vamos dar continuidade ao seu projeto de vida. Quando descobriu
que estava doente ele sempre nos pedia para que não parássemos
com nada, para que continuássemos com os projetos, tanto com o
gado de pista como o de corte. É isso que estamos fazendo. Temos
muitos planos, nosso gado, que leva a marca de Hermes Botelho de
Campos, continua sendo premiado e já estamos preparando um
leilão. Vamos cumprir o prometido ao meu pai e trabalhar muito
para honrar tudo que ele nos ensinou.
Mauro Savi - Presidente da Associação Nelore MT
Hermes esta fazendo muita falta no nosso convívio. Homem sério,
amigo, pai de família exemplar e sempre pronto para contribuir com
o desenvolvimento do setor produtivo. Certamente deixa muitos
exemplos a serem seguidos.
Gilberto Porcel – Ex-presidente da Nelore MT
O Hermes tinha uma maneira de encarar a vida muito diferente, que
era a de conseguir conviver com todos e com uma bondade
inquestionável, que contagiava a todos nós da família Nelore.
Hermes realizou uma gestão primorosa enquanto presidente da
Nelore e seu exemplo será sempre lembrado como o melhor
possível. O Hermes era uma bondade extrema. Ele compartilhava
tudo, não queria errar ou acertar sozinho.
José João Bernardes - Ex-presidente da Nelore MT
O Hermes era uma pessoa que eu gostava muito, era uma pessoas
extremamente agregadora. Ele contribuiu decisivamente para
manter o status do grupo da Nelore, ele foi um presidente que
aparou muitas arestas, consolidou mais uma vez a atividade e vai
fazer falta. No que no que se refere ao aspecto investimento na
raça ele foi uma pessoa que investiu bastante, participou de muitos
eventos em Mato Grosso e fora do estado, obviamente que isso
engrandece a raça, mas muito mais a Associação e os criadores.
Segue entrevista de Hermes Botelho Campos assim que
assumiu a presidência da ACNMT, no dia 15 de outubro de
2010. Nessas questões abaixo, podemos avaliar seu
posicionamento em diversos pontos do setor pecuário.
ACNMT - Nome, profissão, cargo do entrevistado.
HERMES - Hermes Botelho de Campos, nascido no dia 28 de
outubro de 1953, Pecuarista, Presidente da ACNMT.
ACNMT - É criador de gado Nelore? Há quanto tempo, qual o nome
da sua fazenda, quantos animais tem?
HERMES - Iniciamos nossa seleção de plantel em 2002, temos
mais de 2.300 animais na Fazenda Santa Elina S/A – Nelore
Tamarineiro.
ACNMT - O que acha da atividade de pecuarista?
HERMES - Excelente
ACNMT - É associado da ACNMT há quanto tempo?
HERMES - Desde janeiro de 2003
ACNMT - Como chegou ao cargo de presidente? O que acha deste
compromisso?
HERMES - Fui indicado pelo Gilberto Porcel. Acredito ser um
desafio muito grande e que estou disposto a realizar.
ACNMT - Quais as principais mudanças que o pretende implantar
na Associação? De que maneira isso vai influenciar na Nelore MT?
HERMES - Entre os planos para minha gestão, com a Chapa
Integração pretendo integrar os estados do Centro Oeste, Rondônia
e Tocantins para mostrar os animais e trocar ideias.
Vamos também dar continuidade aos trabalhos iniciados por
Gilberto Porcel, com a realização em 2011 do Ranking de Corte e
com isso chamar a atenção dos pecuaristas e incentivá-los a
escolher melhor seus reprodutores e com isso aprimorar seu
rebanho.
ACNMT - Que projetos têm em mente para 2011?
HERMES - Tenho muitos planos para o próximo ano. Um deles será
a maior integração com os outros estados, pois Mato Grosso é
referência em genética e precisamos nos aproximar mais dos
produtores de outros estados. Pretendemos ainda participar de
forma mais efetiva da exposição de Uberaba.
Estamos também trabalhando para a realização da primeira
Expoinel Indoor que acontecerá no período de 25/02 a 03/03, pois
acreditamos no potencial da genética de Mato Grosso.
ACNMT - Comparado a 2010, o que espera de 2011 para a
pecuária nacional e de sua região?
HERMES - Estamos no início de um novo ciclo em Mato Grosso, já
que a pecuária mato-grossense deve se recuperar não via abertura
de novas áreas, mas utilizando-se de melhor tecnologia, com maior
adubação, melhor manejo e genética mais avançada, buscando-se
o aumento de produtividade.
E o Brasil e o único país com capacidade para atender a demanda
do mundo por alimentos. Neste contexto, Mato Grosso se desponta
como o grande supridor de alimentos para o mundo, especialmente
no segmento de carnes e produtos agrícolas.
ACNMT - O que pretende fazer para incentivar a melhoria genética
de sua região?
HERMES - Temos planos de realização da Expogenética em
outubro de 2011 onde serão organizados leilões de Touros, sendo
uma oportunidade para que o pecuarista adquira touros com padrão
genético. A finalidade dos leiloes é disponibilizar animais com
aptidão para produção de carne e facilitar o acesso dos produtores
à aquisição de touros melhoradores.
ACNMT - Qual a meta de sua gestão até o final de 2011, ou seja,
no final do ano que vem, qual a "imagem" que pretende projetar do
Nelore MT?
HERMES - Nossa principal meta e a realização do 1º leilão
Integração da Região Centro Oeste na Expozebu de Uberaba ,
sonho de todo produtor, já que o Centro Oeste não deve nada para
nenhuma região quando o assunto e qualidade de rebanho.
ACNMT - O senhor é um dos principais produtores de gado PO de
Mato Grosso. Qual a sua expectativa de desempenho do setor?
HERMES - O setor do gado PO vem crescendo como um processo
natural do desenvolvimento do setor. Hoje Mato Grosso não precisa
mais buscar em outros estados amimais reprodutores de alto valor
genético e matrizes, pois temos aqui amimais de alta qualidade.
Esses benefícios estão disponíveis para todos os produtores de
Mato Grosso, principalmente via leilões.
ACNMT - A humanidade precisará de carne para se alimentar,
portanto a pecuária se tornou um bom negócio em longo prazo?
HERMES - Não vejo a pecuária só como um bom negócio, mas
uma atividade essencial para a humanidade que necessita de
proteína vermelha para sobreviver.
ACNMT - Os negócios ligados à carne ganham rentabilidade, o que
desperta a atenção de novos investidores?
HERMES - O planeta esta cada dia mais povoado e a demanda por
alimentos aumenta. Tem ainda o fator de um melhor poder
aquisitivo em diversos países, como o Brasil e a Índia.
ACNMT - Em sua opinião, qual o nicho do agronegócio?
HERMES - O mercado esta cada dia mais exigente e o produtor vai
chegar em um momento de ter produzir para determinado nicho,
bem especificado. O melhor nicho será aquele que atender a
vocação do produtor.
ACNMT - O mercado está em alta?
HERMES - O mercado esta em alta e vai continuar assim.
ACNMT - Qual o maior desafio do setor?
HERMES - O maior desafio é produzir com sustentabilidade, pois
precisamos ter um equilíbrio, com o mesmo peso, na questão
ambiental, de renda e social.
ACNMT - A pecuária do ponto de vista de negócio é mais
interessante que a agricultura?
HERMES - Isso depende da tomada de decisão do produtor, do
local de sua propriedade rural e outros fatores. São realidades bem
diferentes e o ‘negócio é mais interessante ‘ é aquele que satisfaça
quem o conduz.
ACNMT - Como o senhor imagina uma política governamental de
desenvolvimento para o agronegócio?
HERMES - Precisamos de políticas públicas claras, tanto do
governo federal como estadual. O produtor precisa de segurança
jurídica para produzir, por exemplo. Precisamos, no caso da
pecuária, de linhas de crédito compatíveis com o setor, que ainda
não existem. Enfim, o produtor ainda vive no compasso de espera
para fazer aquilo que os homens do campo e da cidade precisam
que é produzir alimento. Esperamos que o novo Código Florestal
venha nos dar um pouco dessa paz que buscamos.
ACNMT - O senhor investe em tecnologia a mais de 30 anos.
Comente sobre esses avanços tecnológicos no campo. Aspectos
positivos e negativos
HERMES - Um exemplo simples. Há menos de 15 anos o boi gordo
era abatido com 60 meses e 16 arrobas, hoje o boi esta pronto para
o abate com 36 meses, ou até 24 meses, com 17 arrobas. Esse é
um fator preponderante que afeta principalmente o meio ambiente,
pois quanto menos tempo um boi fica no pasto, menor é o impacto
ambiental.
Não falaria de fator negativo, mas só lembraria que todo esse
desenvolvimento foi promovido pelo produtor, sem nenhum
incentivo do poder público.