Somos feitos de esperança e superação

Transcrição

Somos feitos de esperança e superação
N°4
INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA
AGO/SET 2007
página 10
Somos todos Campeões
nº
4
Somos todos Brasileiros
página 4
Somos
feitos
de esperança
e superação
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125 milhões de pontos de vista.
Com certeza, diversidade
é algo que o HSBC valoriza.
na sociedade por meio da capacitação, desenvolvimento e
inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
O programa teve início em 2006 com 7 turmas e treinou cerca
de 140 pessoas. Hoje são 14 turmas (7 em Curitiba, 3 em São
Paulo e 4 no Rio de Janeiro) com 295 participantes.
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Uma edição repleta de medalhas
Em sua quarta edição, “Na Luta” continua na sua trajetória de
consolidação enquanto veículo de informações relacionadas
às deficiências. Nosso informativo tem a intenção de ser
instrumento de um amplo processo de quebra de estigmas e de
preconceitos e um espaço democrático para opiniões e debates
sobre relevantes questões vinculadas aos cidadãos brasileiros
com deficiência e as suas interações com a sociedade da qual
fazem parte. Iguais em direitos, em deveres e no respeito às
diferenças.
Dando ênfase, nesse número, ao esporte paraolímpico, “Na
Luta” trás, entre outros importantes temas, o registro e o resgate
histórico de dois grandes eventos internacionais: Os III Jogos
Mundiais de Cegos da IBSA, em São Paulo, e os Jogos Parapanamericanos, no Rio de Janeiro.
Em São Paulo, 61 países de todo o mundo competiram em sete
modalidades esportivas. Numa competição específica para
atletas cegos e com baixa visão do mais elevado nível técnico
internacional, 24 recordes mundiais foram quebrados e 120
atletas conquistaram suas vagas para os Jogos Paraolímpicos
de Beijing 2008.
No Parapan Rio 2007, o Brasil consolidou a sua posição no
contexto do esporte paraolímpico internacional. Potência
esportiva, o Brasil conquistou a primeira colocação no quadro
de medalhas, com 228, credenciando-se para uma grande
jornada na China em 2008.
Aos Comitês Organizadores dos dois eventos, presididos
por David Farias Costa e Carlos Arthur Nuzman, a todos os
seus membros, aos voluntários, às delegações participante
e, principalmente, aos atletas, o reconhecimento e o muito
obrigado pelo esforço, pela dedicação e por terem propiciado
grandes legados esportivos e sociais.
Demonstrando a força do espírito humano, superando limites e
vivendo a energia e a alegria do esporte, atletas com deficiência
visual e física deram à sociedade brasileira uma verdadeira
“aula de vida”.
E o reconhecimento aos ídolos do esporte paraolímpico
brasileiro veio não somente das arquibancadas dos locais de
competição. No evento “Somos Todos Brasileiros”, idealizado e
dirigido pelo ator Marcos Frota, apresentações de vários artistas
com deficiência desejaram boa sorte aos nossos atletas, numa
espécie de abertura não-oficial do Parapan. Os Paralamas do
Sucesso, de nosso patrono e incentivador, Herbert Vianna,
marcaram presença na festa.
Nesta edição, também apresentamos aos nossos leitores o
trabalho do grupo “Teatro Novo”, formado exclusivamente por
atores com síndrome de Down. Divirta-se e emocione-se com as
peripécias dessa trupe especial.
CARTAS
Aos que fazem o “Na Luta”,
Olá Boa tarde, tive o imenso prazer de receber de uma amiga um e-mail sobre o informativo “Na
Luta”, e achei muito bacana as entrevistas e reportagens
sobre os portadores de deficiência. Estou respondendo pela política de apoio ao portador de
deficiência no estado da Paraíba.
Atenciosamente,
Emanuelle Rosado Xavier
Secretaria da Saúde - PB
http://www.saude.pb.gov.br
Temos recebido muitas manifestações de carinho e incentivo. Agradecemos a todas e continuem
participando! Mande-nos também sua opinião. Sua colaboração é muito importante!
EXPEDIENTE
EDITORIAL
NA LUTA
NA LUTA - n° 4 – AGOSTO/SETEMBRO 2007
Supervisão Editorial , Administrativo e
Comercial:Beatriz Pinto Monteiro
Coordenação da Publicação:
Beatriz Pinto Monteiro
Tel.: 21- 2204-3960
e-mail: [email protected]
Equipe “Na Luta”
I Simpósio de Educação Inclusiva do
Grupo Mão na Roda: Equipe “Na Luta”
Demais Fotos: Arquivos Pessoais
Projeto Gráfico e Editoração:
Roberto Tostes Cel 21-9263-5854
Agradecimentos:
Aline Almeida - CBDC
Luciana Pereira - CPB
Fagga Eventos – Distribuição
Matéria Somos todos Brasileiros – Os Quatro/
Marcos Frota Shows
Jornalista responsável:
João Menescal: MTB 27988/RJ
Consultores:
Antônio João Menescal Conde
Jefferson Maia
Lia Likier Steinberg
Teresa Taquechel
Fotos: Parapan-americano – CPB/Paulo Cruz/
Equipe “Na Luta”
Mundial de Cegos - CBDC
Somos Todos Brasileiros: André Fialho/
Apoio:
Mais Diferenças Educação e Inclusão Social
As matérias e conteúdos deste informativo
podem ser reproduzidos, desde que citada
a fonte.
As opiniões expressas são as transcrições
literais dos depoimentos prestados,
não representando, em sua totalidade,
necessariamente a opinião e a linha
editorial desta publicação.
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NA LUTA
NA LUTA
PARAPAN
Brasil conquista recorde de medalhas
Foto: Gaspar Nóbrega/CPB
Foto: Prof. Paulo Cruz
Foto: Daniel Fachinni/CPB
Foto: Saulo Ramos/CPB
Foto: Saulo Ramos/CPB
Terminada a festa do esporte paraolímpico das Américas, ficam registrados no
papel a liderança brasileira no quadro de
medalhas e, na memória, o brilhante desempenho e o alto nível dos nossos atletas. O Brasil encerrou sua participação
nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007
com 228 medalhas, sendo 83 de ouro,
68 de prata e 77 de bronze. Durante os
sete dias de evento, o Rio de Janeiro e o
país vibraram com o esporte, desta vez o
praticado por deficientes. O Parapan foi
uma extensão do Pan, ou seja, um prato
cheio para os amantes do esporte.
Pela primeira vez na história, o Parapan
foi realizado na mesma cidade e logo
em seguida ao Pan. Foram utilizadas as
mesmas instalações, incluindo o estádio Engenhão, o Parque Aquático Maria
Lenk, a Arena Multiuso e a Vila Pan-americana. Foi nessa última que os atletas
brasileiros receberam a visita, durante os
jogos, do presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Nas próximas linhas, “Na Luta” faz um
resumo do que de melhor aconteceu em
cada modalidade, um registro histórico
para o leitor guardar e, quando quiser,
relembrar o que de melhor aconteceu
no Parapan.
Natação e atletismo - Entre todas as modalidades, a natação foi a que mais trouxe medalhas para o país – 108, sendo
39 de ouro, 30 de prata e 39 de bronze.
O maior vencedor foi o paulista Daniel
Dias, de apenas 19 anos, que levou oito
ouros e ainda bateu o recorde mundial
nos 200 metros livres na classe S5. O
show nas piscinas de Clodoaldo Silva já
era esperado. O nadador confirmou seu
domínio na categoria S4 e conquistou
sete medalhas de ouro, uma de prata
e incríveis oito recordes mundiais. Sua
condição de ídolo foi comprovada pelo
coro que vinha das arquibancadas do
Maria Lenk sempre que se aproximava
a hora de ele entrar na piscina: “Clodoaldo, cadê você? Eu vim aqui só para te
ver”.
O carioca Andre Brasil, da classe S10,
também confirmou seu nome entre os
grandes da natação mundial, levando
seis medalhas de ouro e quebrando três
recordes mundiais. No Parapan, André
superou inclusive o canadense Benoit
Huot, um de seus ídolos e em quem André se inspirou ao começar na natação
paraolímpica. Também merecem destaque na natação, entre outros, atletas
como Adriano Lima, Gledson Soares,
Carlos Farrenberg, Edênia Garcia e Fabiana Sugimori.
No atletismo, foram 72 medalhas, das
quais 25 de ouro, 26 de prata e 21 de
bronze. O maior destaque foi a confirmação da excelente fase do velocista
Lucas Prado, que venceu os 100, 200 e
400 metros rasos da classe T11 (cegos
totais). Lucas já havia tido excelente participação no Mundial de Cegos, em São
Paulo, poucos dias antes, e seu desempenho no Parapan não ficou para trás.
O atletismo também proporcionou ao
público o embate entre Terezinha Guilhermina e Ádria Santos, as duas maiores velocistas cegas do mundo, nos
200m classe T11. Terezinha, que já havia
vencido os 100m e quebrado o recorde
mundial nos 400m, ficou com o ouro e
Ádria com a prata. A família Guilhermina
marcou presença no Parapan. Isso porque a irmã de Terezinha, Sirlene, venceu
ainda os 800m. Também brilharam no
atletismo nomes como Yohanson Ferreira, Odair Santos e Roseane Santos,
mais conhecida como “Rosinha”, entre
outros.
Rivalidade em campo no futebol – Tanto no futebol de cinco (para cegos)
quanto no futebol de sete (para paralisados cerebrais) o Brasil ficou com a
medalha de ouro. Em ambos os casos,
as decisões foram contra os velhos rivais da Argentina. A torcida, que lotou o
Complexo Esportivo de Deodoro todos
os dias, comemorou muito as vitórias da
Seleção Canarinho por 1x0 no futebol de
cinco e por 5x0 no futebol de sete.
O Basquete em cadeira de rodas também conseguiu resultados expressivos.
Apesar de não terem conquistado medalhas de ouro, as equipes masculina
(bronze) e feminina (4ª colocada) garantiram vaga nas Paraolimpíadas de
Pequim, resultados muito festejados. No
voleibol sentado, o Brasil comemorou o
ouro. Dirigida por Amauri Ribeiro, meiode-rede da seleção brasileira de voleibol
prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, 1984, a equipe obteve uma difícil vitória na final sobre os norte-americanos,
por 3 sets a 2.
No judô, o tricampeão paraolímpico Antônio Tenório confirmou seu favoritismo
e sagrou-se campeão. Outra modalidade na qual os brasileiros tiveram muitos
êxitos foi o tênis de mesa, que garantiu
26 medalhas – 11 de ouro, sete de prata
e oito de bronze. No tênis de quadra, o
país ficou com um ouro, uma prata e um
bronze. No halterofilismo, o destaque do
Brasil foi Alexandre Whitaker, ouro na
categoria leve.
Participação do público – Os locais de
competição receberam um grande número de espectadores, incluindo muitas
crianças, especialmente de escolas da
rede pública. Esse foi um dos pontos positivos do Parapan, uma vez que as instituições de ensino perceberam no evento
uma possibilidade de educar os alunos
quanto às diferenças.
Também foi grande a presença de pessoas com deficiência entre os espectadores.
Um exemplo é o menino André Luiz, de
6 anos, cadeirante, morador de Jacarepaguá. A mãe do menino, Ana Peters, o
levou para assistir vôlei, basquete e natação e ele adorou. “Fiquei até sem voz.
Eu gritava: vai, Brasil! Vai, Brasil!”, afirmou
André Luiz, que pratica natação, futebol e
basquete, entre outras modalidades. “Eu
sou um atleta e vou treinar bastante para
um dia ganhar medalhas”. Após a seleção
brasileira de voleibol sentado receber a
medalha de ouro, um dos jogadores se dirigiu até o menino, dedicou a ele a vitória
e o presenteou com o buquê entregue aos
campeões (ver foto à esquerda).
Voluntários – Os voluntários, sem os
quais uma competição desse tamanho
não acontece, também falaram sobre a
importância do evento. De acordo com
José Ricardo Gomes, que trabalhou no
parque aquático, o mais positivo dessa
experiência foi presenciar a capacidade dos deficientes. “Eles me mostraram
que são capazes de fazer tudo que uma
pessoa “normal” é capaz de fazer, coisas
que eu achava impossível, do cotidiano.
Outro ponto positivo foi a amizade deles,
eles sempre são muito solidários com os
seus companheiros”, afirmou.
Para a voluntária Poliani da Silva Pascoutto, que já trabalha com deficientes na Escola Municipal Guatemala, o aprendizado
é sempre importante, já que, segundo ela,
a experiência de um evento tão grande
como um Parapan-americano é inesquecível e surpreendente. “Uma competição
como essa nos faz rever alguns conceitos
em nossas vidas sobre o que realmente
é importante: valorizar a amizade acima
de tudo, a compreensão, a superação dos
limites e traballhar com as diferenças”,
explicou.
Para a educadora artística e funcionária pública Kátia Medeiros, que também
atuou como voluntária, os Jogos Parapanamericanos serão um marco na história
do Brasil . “Diferenças existem. Necessidades também. Que o Brasil seja não
só de todos, mas para todos”, defendeu
Kátia.
Reclamações – O Instituto Brasileiro dos
Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD)
realizou ato público de protesto contra
a organização do Parapan. O motivo da
insatisfação foi a falta de convites para a
cerimônia de abertura do evento e a não
possibilidade de acesso do público ao encerramento. O IBDD alega que mesmo os
familiares dos atletas foram vetados.
Já o técnico em telecomunicações Hector Luiz de Menezes Neto, de 35 anos,
que tem lesão medular, criticou a visibi-
NA LUTA
Chefe da delegação brasileira
elogia evolução dos atletas
Foto: Saulo Cruz/CPB
O desempenho dos atletas brasileiros no Parapan mostra
que o país está pronto para figurar entre as dez maiores
potências do esporte paraolímpico mundial. A análise é do
chefe da delegação brasileira nos jogos, Alberto Martins da
Costa, que afirma que o quadro de medalhas espelha a
evolução do desporto no país. Leia a entrevista:
lidade no Engenhão. “O arquiteto que projetou ou o engenheiro que fez a obra colocou
uma barra de ferro em tal altura que nem
o cadeirante nem qualquer deficiente ou
acompanhante não deficiente conseguem
ver o estádio todo”, opinou.
Já as críticas da torcedora Andréia Regina
Frezarini devem-se ao fato das transmissões
televisivas do Parapan terem ficado restritas
à tevê a cabo. “Por que só passar na tevê
a Cabo? Qual a diferença? Por que para os
tais “atletas normais” tudo foi mudado? Tiraram muitos programas do ar para poder
televisionar o Pan e quando começa o Parapan só é possível assistir por tevê a Cabo!”,
criticou.
Na Luta - Qual a sua avaliação do desempenho dos atletas
brasileiros nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007?
Alberto Costa – Tenho certeza de que foi a melhor participação do Brasil não somente em jogos parapan-americanos mas em todos os campeonatos e jogos. Essa boa
participação se confirmou não somente nas modalidades em que o Brasil já vinha despontando ultimamente,
como é o caso da natação e do atletismo, mas também
em outras como o voleibol sentado, na qual apresentou
uma grande evolução, assim como no futebol 7 e de 5.
O tênis de mesa também teve a sua melhor participação
até hoje, assim como o tênis de campo. O halterofilismo
também apresentou bons resultados tanto no masculino
como no feminino. Quanto ao basquete em cadeira de
rodas, acredito que tenha tido uma boa evolução, principalmente no feminino, mas acho que falta maior intercâmbio internacional para um melhor amadurecimento.
Com relação ao judô, eu esperava um pouco mais, apesar dos atletas estarem vindo de uma competição importante no mundial de cegos. O feminino demonstrou uma
grande evolução, o que não se configurou com o masculino. Enfim, acho que o Brasil conseguiu demonstrar um
grande amadurecimento, não só na parte técnica mas
também na parte administrativa, com relação à estrutura do CPB. Não tenho dúvidas de que o país está pronto
para figurar entre as dez maiores potências do desporto
paraolímpico mundial.
Na Luta - Em sua opinião, quais foram as surpresas positivas?
Alberto Costa – Eu confesso que não tive surpresas positivas, por estar acompanhando de perto a evolução dos
atletas. Mas se tivesse que apontar algum atleta, eu destacaria o Lucas Prado e o Yohanson Ferreira, ambos do
atletismo.
Na Luta - A liderança no quadro de medalhas foi um sinal
de que podemos esperar um excelente desempenho do
Brasil nas Paraolimpíadas de Pequim 2008?
Alberto Costa - Com relação às expectativas para Pequim,
não tenho dúvidas que podemos esperar uma grande participação nas paraolimpíadas, pois foram quebrados muitos recordes mundiais na natação e atletismo, e os nossos
atletas estão muito bem ranqueados. Por outro lado, temos também outras modalidades que estão aparecendo
muito bem, como é o caso do remo, que classificou oito
atletas, e o futebol, sempre favorito. Eu acredito que o quadro de medalhas realmente espelhou a grande evolução
do desporto paraolímpico no nosso país.
NA LUTA
Atletas na Intimidade
Tudo o que você sempre quis saber sobre os recordistas brasileiros mas tinha medo de perguntar
Se fossem os únicos
atletas de um país
imaginário, esses cinco
fenômenos garantiriam
a sexta colocação no
quadro de medalhas
dos Jogos Parapanamericanos, com 26
ouros conquistados.
Mas, por sorte, eles são
brasileiros. E além das
vitórias, Lucas Prado e
Terezinha Guilhermina,
do atletismo, e André
Brasil, Clodoaldo
Silva e Daniel Dias, da
natação, fazem parte
de um seleto grupo:
todos são detentores
de recordes mundiais.
“Na Luta” falou com
os cinco craques, com
a intenção de traçar
um pequeno perfil de
cada um, de modo
que os fãs brasileiros
conheçam melhor os
seus ídolos.
Andre Brasil
Nome completo: Andre Brasil
Data de nascimento: 23/05/1984
Local de nascimento: Rio de Janeiro/RJ
Local onde reside: São Paulo/SP
Estado civil: solteiro
Histórico: Passei a me interessar pelo
desporto paraolímpico por causa da
grande divulgação pela imprensa das
Paraolimpíadas de Atenas, em 2004.
Fiquei impressionado com as performances de atletas como Clodoaldo Silva e
o canadense Benoit Huot, dentre outros.
Foi através de contatos feitos com o
Comitê Paraolímpico Brasileiro que fiquei
sabendo do Instituto Brasileiro dos Direitos
do Deficiente (IBDD), por onde comecei a
competir.
Hobby: jogar vídeo-game
Ídolos: Meus pais, Gustavo Borges,
Clodoaldo Silva, Alexander Popov e
Michael Phelps.
O que gosta de fazer quando não está
treinando ou competindo: Descansar e
aproveitar momentos com minha família e
namorada.
Música preferida: Sou dela, de Nando Reis
Filme preferido: Em busca da felicidade
Livro preferido: “Os meninos da Rua Paulo”
Frase ideal: “Nada é impossível para
a pessoas sem limite.”
Clodoaldo Silva
Nome completo: Clodoaldo Francisco
da Silva
Data de nascimento: 01/02/1979
Local de nascimento: Natal/RN
Local onde reside: Rio de Janeiro/RJ
Estado civil: Solteiro
Histórico: Como eu nasci com paralisia
cerebral, devido à falta de oxigenação
durante meu nascimento, minhas pernas
eram cruzadas e dobradas. Depois de
passar por quatro operações, recebi a indicação médica para conhecer a natação,
para me reabilitar. Comecei a praticar o
esporte em 1996, aos 17 anos. Me apaixonei pela natação e não parei mais.
Hobby: Assistir a filmes
Ídolos: Na vida é a minha mãe, que
sempre batalhou para nos sustentar. No
esporte, tenho Ayrton Senna como meu
maior ídolo. Ele tinha uma dedicação e
garra invejáveis.
O que gosta de fazer quando não está
treinando ou competindo: Gosto muito
de ir a festas e de ir à praia
Música preferida: Só Hoje – Jota Quest
Filme preferido: O Exterminador do Futuro
Livro preferido: Transformando Suor em
Ouro – Bernardinho
Frase ideal: “Eu posso, eu consigo, eu
faço. É só ter determinação
Daniel Dias
Nome completo: Daniel de Faria Dias
Data de nascimento: 24/05/1988
Local de nascimento: Campinas/SP
Local onde reside: Bragança
Paulista/SP
Estado civil: Solteiro
Histórico: Em 2004, assisti às
Paraolimpíadas de Atenas, e foi aí
que conheci esse meio. Logo após,
meu pai esteve presente em uma
palestra com o presidente da ADD e
gostou do que ouviu. Então, no início
de 2005, eu entrei para a ADD e
comecei a competir.
Hobby: Tocar bateria
Ídolo: Deus
O que gosta de fazer quando não
está treinando ou competindo:
Internet e videogame.
Música preferida: One Way, da Hillsong United, uma banda evangélica
australiana.
Filme preferido: À espera de um
milagre, com Tom Hanks
Livro preferido: Bíblia
Frase ideal: “Nunca coloque limites
em sua vida, fazendo isso veremos
que somos capazes de fazer muitas
coisas.”
Lucas Prado
Nome completo: Lucas Prado
Data de nascimento: 27/05/85
Local de nascimento: Poxoréo/MT
Local onde reside: Curitiba/PR
Estado civil: solteiro
Histórico: Perdi a visão há quatro
anos, quando trabalhava em um banco
e tive descolamento de retina. Fiquei
com apenas 10% da visão, mas acabei
perdendo o resíduo visual no ano
passado. Conheci o atletismo através
da minha amiga e corredora Terezinha
Guilhermina. A amizade é tão forte
que, quando comecei a correr, nós
dois competíamos com o mesmo guia:
Edson Santos, o “Chocolate”.
Hobby: Não tenho.
Ídolo: Eu mesmo!
O que gosta de fazer quando não
está treinando ou competindo:
Gosto de descansar e fazer churrasco
com os amigos.
Música preferida: Qualquer uma de
rap, principalmente as dos “Racionais”.
Filme preferido: Ray (sobre a vida de
Ray Charles)
Livro preferido: Não tenho.
Frase ideal: “Algumas derrotas nos
preparam para grandes vitórias.”
Terezinha Guilhermina
Nome completo: Terezinha Aparecida de
Guilhermina
Data de nascimento: 3/10/1978
Local de nascimento: Betim/MG
Local onde reside: Curitiba/PR
Estado civil: solteira
Histórico: Comecei em Betim, em 1999.
Na primeira competição, me inscrevi na
natação, pois não tinha tênis, somente
maiô. Depois minha irmã me deu um tênis
e eu comecei no atletismo. Para ganhar
dinheiro, eu participava até de corridas
de rua, provas de fundo. Mas eu gosto
de ser velocista! Fiquei feliz com meus
resultados no Parapan, mas esperava que
o reconhecimento fosse maior. Tenho um
sonho, ainda não realizado, de dar uma
casa própria para o meu pai.
Hobby: Ler e estudar alemão.
Ídolo: Jesus
O que gosta de fazer quando não está
treinando ou competindo: Gosto de
viajar. Principalmente para a Alemanha,
aonde mora o meu noivo.
Música preferida: Hino Nacional (gigante
não é por acaso, né?)
Filme preferido: Menina de Ouro
Livro preferido: Bíblia
Frase ideal: “Querer é poder, basta crer.”
O mês de agosto foi mesmo especial para o esporte paraolímpico do Brasil. Além do sucesso conquistado nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007
(ver matéria na página 4 e 5), os atletas brasileiros também deram várias alegrias à torcida nos III Jogos Mundiais de Cegos, realizados nas cidades de São Paulo e São Caetano do Sul, entre os dias 29 de julho e 8 de agosto.
No quadro de medalhas, o Brasil ficou em terceiro, com 17 de ouro, 22 de prata
e 19 de bronze, atrás de Rússia – grande campeã dos jogos - e da surpreendente Bielorrússia. No total de medalhas conquistadas, porém, o país foi o segundo,
com 58, atrás apenas da Espanha, com 62 medalhas. A evolução brasileira em nível mundial é clara, uma vez que nos Jogos Mundiais de Madri (98), o país ficou
em 38º lugar no quadro de medalhas e em Quebec (2003) obteve a 13ª posição.
Essa edição dos Jogos Mundiais foi o maior torneio já realizado voltado exclusivamente para atletas cegos e de baixa
visão. Foram mais de 1.600 participantes, de 61 países, que
disputaram sete modalidades, no mais alto nível, em busca das 487 medalhas. A qualidade da competição pôde ser
atestada pelo número de recordes mundiais batidos – 24.
Além disso, os competidores superaram outras dezenas de
recordes do campeonato.
David Farias Costa, presidente da Confederação Brasileira
de Desporto para Cegos (CBDC), organizadora da competição em conjunto com a International Blind Sports Federation (IBSA), afirmou que o sucesso dos jogos deixou um
legado importante para o Brasil e para o esporte para deficientes visuais como um todo. “Com o mundial, nós contribuímos para o fortalecimento do esporte de cegos não só
do Brasil, mas do mundo todo”, afirmou David Farias.
O melhor desempenho dos brasileiros foi no atletismo, que
trouxe sozinho 22 medalhas para o país, das quais 12 de
ouro, 7 de prata e 3 de bronze. Esse resultado garantiu ao
Brasil a liderança no quadro de medalhas da modalidade
e o posto de maior potência mundial no atletismo para cegos. Em parte, isso se deve às fantásticas performances de
Lucas Prado e Terezinha Guilhermina, hoje os atletas cegos
mais rápidos do mundo. Eles venceram todas as provas
que disputaram (100m, 200m, 400m, 4x100m e 4x400m) e
ainda bateram recordes mundiais: Lucas nos 100m e nos
200m e Terezinha nos 200m e nos 4x400m.
A final dos 100m na categoria B1 (para atletas totalmente
cegos) foi um dos momentos mais marcantes dos Jogos
Mundiais. Isso porque, pela primeira vez na história do esporte paraolímpico internacional, os três primeiros colocados na prova quebraram o recorde mundial. Lucas Prado,
que ficou com o ouro, cravou 11 segundos e 26 centésimos,
seguido pelo por seu maior rival, o angolano José Armando,
que fez 11s30, e pelo também brasileiro Felipe Gomes, que
completou o percurso com 11s35. O recorde anterior, que
já pertencia a Lucas Prado, era de 11s36. Nos 100m B1 feminino, brilhou a estrela de Terezinha Guilhermina, que ficou
com o ouro e estabeleceu o novo recorde com 12s27.
E olha que o Brasil poderia ter conseguido algumas medalhas a mais no atletismo. Isso porque dois de nossos melhores atletas não participaram dos jogos: o recordista e campeão mundial Odair Santos (B2 – visão parcial), especialista
nos 1.500, 5.000 e 10.000 metros, e a velocista Ádria Santos
(B1), maior expoente do país no atletismo para cegos.
Os expressivos resultados dos brasileiros no atletismo indicam que ainda teremos muitas medalhas em competições
“Nós contribuímos para o fortalecimento do esporte de cegos não
só do Brasil, mas do mundo todo”
David Farias, presidente da CBDC
futuras. Só para ilustrar, Lucas têm apenas 22 anos. E Terezinha, com 28, ainda tem muitos anos pela frente competindo em alto nível. Não parece estar longe o dia, portanto,
em que um ser humano totalmente cego correrá os 100
metros rasos em menos de 11 segundos, como a excelente
fase de Lucas Prado sugere. E ele garantiu durante os jogos
que perseguirá essa marca.
Demais modalidades - O Brasil também saiu vencedor no
futebol B1. No esporte mais popular do mundo, os eternos
rivais, Brasil e Argentina, se enfrentaram na final, disputada
no ginásio da Escola Estadual Joana Mota, em São Caetano,
que estava lotado, com os torcedores criando um verdadeiro clima de clássico. A partida foi nervosa e a seleção
ESPORTE
Atletas brasileiros dão show nos
III Jogos Mundiais de Cegos
NA LUTA
canarinho não conseguiu vencer o forte sistema defensivo
argentino no tempo normal. Com o placar de zero a zero, a
partida foi para a prorrogação, quando os brasileiros finalmente fizeram valer sua maior habilidade e fizeram dois
gols, um de João Batista e outro de Ricardinho, considerado o melhor jogador do mundo. O ouro estava garantido.
Quem também teve um desempenho excepcional nos
jogos foi o goalball do Brasil, que pela primeira vez classificou suas duas equipes (masculina e feminina) para os
jogos paraolímpicos, uma vez que ambas conquistaram o
quarto lugar nos Jogos Mundiais. As medalhas de ouro ficaram com a Espanha, no masculino, e com a Alemanha, no
feminino. Em Pequim 2008, a equipe masculina do Brasil
disputará pela primeira vez uma paraolimpíada, enquanto as meninas repetiram a classificação conquistada para
Atenas, em 2004. Modalidade criada exclusivamente para
atletas cegos, o goalball hoje é um dos esportes mais praticados por cegos no Brasil.
Na natação, o domínio foi de Rússia e Bielorrússia, que conquistaram muitas medalhas de ouro e recordes mundiais.
Entre os brasileiros, o destaque foi Fabiana Sugimori, vencedora do ouro nos 800m livres e nos 100m borboleta, além de
prata nos 100m e 200m livres e bronze no 4x100 medley.
No powerlifting, (levantamento de peso), o domínio foi do
Irã, que levou oito medalhas de ouro e uma de prata. A modalidade ainda engatinha no Brasil, mas os nossos atletas
conseguiram alguns bons resultados. Rosinha Brito, na categoria até 90kg, conquistou o ouro, enquanto Ricardo de
Oliveira (até 75kg) e Fabiano Ferreira dos Anjos (até 90kg)
ficaram com a prata.
No judô, Cuba, China e Azerbaijão foram os maiores destaques, conquistando boa parte das medalhas. Na modalidade, vale ressaltar a dobradinha brasileira no pódio do
judô feminino por equipes. Ouro e prata para as judocas
brasileiras.
Fotos: Comitê Paraolímpico Brasileiro
NA LUTA
A emoção da Tocha do ParaPan 2007
“Na Luta” procurou algumas figuras ilustres do desporto para deficientes e fez a seguinte pergunta: sendo alguns dos pioneiros do esporte
paraolímpico no Brasil, como vocês se sentiram ao carregar a tocha em um grande evento como os Jogos Parapan-americanos Rio 2007?
Aldo Miccolis
Presidente
de
Honra do Comitê Paraolímpico
Brasileiro (CPB),
Cônsul Paraolímpico, Presidente
do Clube do Otimismo, Patrono do Instituto Aldo
Miccolis, Presidente de Honra da ABDC, Presidente de Honra da ANDE e Grande Benemérito
da ABRADECAR.
“Foi com alegria inusitada que recebi o convite
para carregar a tocha do Parapan RIO 2007 em 11
de Agosto ao lado de companheiros que marcaram a História Paraolímpica no Brasil e de alguns
convidados especiais.
Apesar da tarde ensolarada e dos meus 76 anos
de idade, 49 dedicados ininterruptamente para
o desenvolvimento do esporte paraolímpico em
nosso país, a emoção subiu-me à alma a partir do
momento em que dava os primeiros passos para
cumprir a determinação de correr 200 metros
em plena pista de Copacabana. Estive, durante o
percurso, acompanhado por batedores em suas
modernas motocicletas e uma equipe de honra
constituída de militares. Confesso que o peso da
responsabilidade era tanto que por vezes ameacei dar uma paradinha para recuperar a força
e ânimo. Porém, as imagens que percorriam a
minha mente e o meu coração eram grandiosas
demais e portanto mereciam todo o respeito, es-
forço e abnegação da minha parte para o cumprimento da tarefa, sob aplausos das pessoas
que circulavam pela praia de Copacabana.
A mente fora invadida por memoráveis recordações a partir de 1958, quando convidado
por Róbson Sampaio de Almeida, iniciamos o
treinamento da primeira equipe competitiva
de basquete em cadeira de rodas no Brasil, seguindo-se a primeira participação internacional,
em Buenos Aires, em 1969, nos II Jogos Panamericanos em Cadeiras de Rodas. Em seguida,
recordei-me da participação dos atletas brasileiros na Jamaica, Peru, México, quando fundamos
a primeira Associação Nacional, a ANDE, em 18
de Agosto de 1975.
Tocava-me a emoção de ter organizado muitos
jogos nacionais; de ver com os próprios olhos a
criação de entidades relevantes como a ABRADECAR, ABDEM, ABDA e ABDC, sendo desta última seu Presidente de Honra.
A tocha pesava-me os braços, mas a mente avançava num memorial empolgante quando da criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro em 09 de
Fevereiro de 1995, quando logo após surgiu a Lei
Piva e em seguida o apoio do Banco do Brasil e
a partir de 2004 nos Jogos de Atenas o patrocínio
da Loteria da Caixa Econômica Federal. A tocha
ardia no meu coração porque pude, a mercê de
Deus, da generosidade dos Dirigentes, das Associações Nacionais ser homenageado com o título
de Presidente de Honra do Comitê Paraolímpico
Brasileiro e posteriormente com o título de Cônsul Paraolímpico.
Estranhei o fato que a partir dos primeiros cem
metros da corrida os braços estavam fortalecidos e na mente, com os olhos da fé, percebi
que um grupo acompanhava o percurso correndo pelas laterais. Eram os pioneiros, todos já
desfrutando da eternidade, entre os quais pude
distinguir na imagem do coração Róbson Sampaio, Sérgio Del Grande, Abraão de Souza, José
Gomes Blanco, Talma Alvin, Paulo Bonfim, Celsino Húngaro, Joel Lopes, Sérgio Coelho, Marlene Sudário, Valter Sales, Roberto Freire, Nelza,
Jorjão, entre outros. E todos em voz uníssona diziam: “Vai em frente! Esta tocha não pode apagar”. De repente contemplei no segundo grupo
Jacó Scarpate, Jorge Escovino, Lourival Piedade, João Lourenço, Osvaldo Borges, Anderson
Lopes, Celso Lima, José Carlos de Oliveira, Luís
Carlos da Costa, Lia Mara Pereira, Sebastião
Costa, Luiz Cláudio Pereira, Silvio Moreira, Áurea
Bittencourt, Roberto Vidal, Flávio Arns, Iranilson
Oliveira, José Rosélio, Sidney de Oliveira, José
Maria Gonçalves, Jorge Lima, Amintas Piedade,
Miracema Ferraz, Roberto Ramos, Paulo César,
José Haroldo, Parré, Cláudio Antônio de Araújo
e um grande número de ex-atletas que tanto
contribuíram para o desporto paraolímpico no
Brasil através de medalhas e recordes. Havia ou-
tros que não pude distinguir seus nomes.
Aos desviar o olhar para a Comissão de Honra que acompanhava, percebi a presença de
numerosos atletas, tais como Clodoaldo Silva, Ádria dos Santos, Antônio Tenório, Mauro
Brasil, André Brasil, Sônia Gouveia, Rosinha
Ferreira, Danilo, Luiz Delfino, Maria José,
Adriano, Luciano, Marcos, Suely Guimarães,
Mário Sérgio, Fabiana Sugimori acompanhados de João Batista, Ivaldo Brandão, Ciraldo
Reis, Doínha, Cláudio, Menescal, Paulo Miranda, Teresa Amaral, Adilson Ramos, Paulo Fernandes, Marcel, Severino Vital, Alberto, Cléber
Veríssimo, Bia Monteiro, Irajá de Brito Vaz e
tantos outros.
Ao retornar os olhos para frente relembrei-me
de dois amigos, Róbson Sampaio de Almeida e
Sérgio Serafim Del Grande, que me incentivaram
a compartilhar de seus sonhos de reintegração
social, política e de cidadania das pessoas portadoras de deficiência deste país. A eles, sem os
quais certamente não estaria conduzindo essa
tocha,presto, in memorian, a minha mais sincera homenagem, ornada por elevado espírito de
gratidão.
Centenas de nomes que não foram aqui citados
estão compondo o Memorial Paraolímpico, organizado pelo Instituto Aldo Miccolis no Clube do
Otimismo, com inauguração prevista para o mês
de novembro de 2007.”
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NA LUTA
Teófilo Faria
Técnico e árbitro de basquete em cadeira de rodas, com
destacada atuação nacional e internacional nessas funções.
“Quando fui convidado para conduzir a tocha parapanamericana pela orla marítima do Rio de Janeiro, senti não
como uma simples homenagem por ser uma das pessoas
que acreditou no esporte para pessoas portadoras de deficiência, mas sim como um ser humano que dedicou grande parte de sua vida
profissional ao desenvolvimento do esporte para portadores de qualquer deficiência. Hoje, sou uma pessoa completamente realizada profissionalmente,
por ter sido o primeiro profissional de Educação Física a ter dirigido uma seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas e também ter sido o primeiro
Brasileiro a ser árbitro de basquete em cadeira de rodas em jogos internacionais, na Inglaterra, em Stoke Mandeville.”
Luis Alberto Menescal Pedrinha
Técnico de natação, ex-técnico de seleções nacionais de deficientes físicos, com mais de 35
anos de atuação na área.
”Senti-me extremamente honrado com o convite
e emocionado com o momento. As competições
regionais, brasileiras e mundiais das quais participei nestes muitos anos no movimento sempre
tiveram grande importância em minha vida. Não posso, contudo, deixar
de externar que o simbolismo da tocha é de imensa representatividade
para quem vive e tem o paradesporto totalmente integrado em sua vida.
Na véspera do evento, não conseguia dormir, apenas cochilava em momentos curtos e logo me ligava na hora. Cheguei no local bem antes do
combinado, tamanha era a expectativa. O coração acelerou quando vi
o cavaleiro paraatleta que se aproximava empunhando a tocha do alto
de seu cavalo. Ao receber o símbolo dos Jogos Parapan-americanos, a
emoção tomou conta de mim, os olhos ficaram marejados e algumas
lágrimas escaparam pelo rosto. Torço para que todos os próximos jogos
estejam pelo menos no NÍVEL OLÍMPICO do realizado no Brasil.”
Celso Lima
Um dos pioneiros do esporte paraolímpico no Brasil. Atleta
em paraolimpíadas, dirigente e participante ativo do movimento de luta das pessoas com deficiência pela garantia
plena de seus direitos de cidadãos.
“Eu me senti muito honrado e recompensado pelos serviços prestados ao paradesporto durante toda a minha vida.
Tudo começou do nada. Participei da fundação das primeiras equipes, levei dez anos para tornar um time de basquete campeão brasileiro. Tenho medalhas de ouro, prata e bronze em todos os
torneios nacionais e internacionais daquela época, com exceção de torneios
paraolímpicos. Mas são campeonatos nacionais, parapans, sul-americanos e
mundiais de Stoke Mandeville, por exemplo. E ainda me dei ao luxo, junto com
Zé Carlos Morais, de implantar o tênis em cadeira de rodas neste país.
Já me senti ao mesmo tempo muito feliz por não ter sido mal tratado, mas apesar da cerimônia da tocha olímpica, fui um ilustre desconhecido. Tanto que para
assistir a abertura do evento tive de contar com uma entrada fornecida pela
Rede Globo de Televisão.
Durante a realização dos jogos, para falar com atletas ex-atletas, tinha de mendigar aos conhecidos para que me colocassem para dentro das instalações. Não
há nada pior para a um ex-atleta do que não ser reconhecido pelo seu país e
principalmente no meio que desenvolveu e participou.
A organização do parapan, em que pese o sucesso apresentado, varreu pra debaixo do tapete coisas horríveis, sendo a principal a falta de dinheiro para a
realização do evento, parece que foi feito com as sobras.
O meu exemplo, meu ídolo como dirigente esportivo, caiu. O Nuzman pra mim
era um exemplo e depois das coisas que presenciei durante o parapan me decepcionaram de tal forma que não tenho mais parâmetros.
O Comitê Paraolímpico, grata decepção, falta de personalidade, falta de raça,
falta de brios para dizer: quem discursa na abertura de parapan é dirigente de
deficientes. Isso me cheirou a uma exclusão bárbara, será que o co-rio acha que
não temos competência para trabalhar e nem sequer falar num evento como
esse?
Engana-se. Temos muito a dizer, muita bagagem. Basta trazer um pouco da historia deste desporto para a luz dos holofotes e verão que o resultado alcançado
aqui nada mais é que os resultados sempre apresentados por delegações paraolímpicas brasileiras.
Problemas, temos sim. Necessitamos resgatar honestidade, vontade política e
raça na condução deste deporto. Temos afastar algumas pessoas andantes que
se aproveitam deste deporto em benefício próprio, desviam verbas para suas
instituições, são processados. Mas como neste país roubar parece ser normal,
estavam lá sentados com credenciais de dirigentes desportivos fazendo politicagem.
E nós, os atletas, que colocamos do bolso no passado, para ver o que hoje acontece, nem ingresso tínhamos para entrar. Lamentável!”
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EVENTO
10
NA LUTA
“Somos
Todos Brasileiros” homenageia atletas do Parapan
A arte unida ao esporte
As 15 mil pessoas que estiveram no
Ginásio do Maracanãzinho no dia 7 de agosto
participaram de uma emocionante celebração. Foi mais uma edição do “Somos Todos Brasileiros”, espetáculo idealizado e dirigido
pelo ator Marcos Frota, e que dessa vez homenageou os atletas
paraolímpicos brasileiros, numa espécie de abertura não oficial
dos Jogos Parapan-americanos Rio 2007.
O “Somos Todos Brasileiros” surgiu em 2003, e desde então busca
alertar a sociedade por meio da arte – circo, acrobacias, música,
dança – para a questão da inclusão social das pessoas com deficiência. “Em ambos – arte e esporte – a pessoa pode descobrir novas virtudes, valores e talentos”, afirmou Marcos Frota, indicando
a intenção do evento.
Segundo ele, a importância de uma celebração como essa é a de
ampliar o diálogo a respeito do tema deficiência física. “Em alguns
países do exterior, as pessoas deficientes têm boas condições de
ir e vir, têm seus direitos respeitados. Porém, no Brasil, nós ainda
engatinhamos nesse sentido”, disse Frota.
Patrono e incentivador do “Na Luta”, Herbert Vianna esteve presente ao evento com os Paralamas do Sucesso. A banda é parceira
antiga do “Somos Todos Brasileiros”, a ponto de Frota referir-se a
Herbert como seu “centroavante”. O vocalista elogiou a iniciativa
do ator em realizar eventos pela inclusão. “Espetáculos como esse
chamam a atenção para as carências e necessidades das pessoas
com deficiência, mas também mostram os seus sonhos”, afirmou
Herbert.
O baterista da banda, João Barone, destacou a importância de
contribuir com o evento e também de prestar uma homenagem
aos atletas paraolímpicos brasileiros. “Nós emprestamos os Paralamas para essa causa bacana de incentivar a inclusão social. Nos
orgulhamos muito disso”, disse Barone.
Na regência do espetáculo esteve o maestro João Carlos Martins.
Ele, que já fora considerado o maior pianista de Bach do mundo,
perdeu os movimentos das mãos em dois acidentes distintos. Reinventou-se e agora demonstra todo o seu talento regendo orquestras. “Após passar por tudo o que passou, ele conseguiu começar
de novo, se redescobriu” disse Marcos Frota sobre o regente.
A celebração contou ainda com a presença de diversos outros protagonistas, como a Orquestra Bachiana Jovem e a Orquestra Filarmônica de São Paulo, a Cia. Balé de Cegos Fernanda Bianchini,
o Grupo de Para-atletas radicais, o Coral de Surdos Somos Todos
Iguais, a Bateria da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio,
o elenco da Universidade Livre do Circo e acrobatas portadores
de deficiência.
Quem também participou do evento foi a bailarina Aline Tomaz,
portadora de síndrome de Down, e que foi tema de reportagem
em nossa edição anterior (Nº3). Aline emocionou a todos no ginásio com seu talento e pela paixão que demonstra pela dança.
Leia a entrevista com o ator Marcos Frota, idealizador e diretor do
“Somos Todos Brasileiros”:
Na Luta – O evento foi um sucesso e serviu como um aquecimento
para os Jogos Parapan-americanos. De quem foi a idéia de fazer
do “Somos Todos Brasileiros” uma
espécie de abertura não oficial do
Parapan?
Marcos Frota – Conversando com
o Lars Grael, ele me sugeriu realizar o evento como uma espécie de
homenagem aos atletas brasileiros
que disputariam o Parapan. Então,
eu falei com o Andrew Parsons,
presidente do Comitê Paraolímpico
das Américas, que deu o aval para
que a celebração acontecesse.
Nunca foi pensado, no entanto, em
fazer do “Somos Todos Brasileiros”
a abertura oficial do Parapan, até
porque cerimônias de abertura de
competições esportivas precisam
seguir um protocolo, com discursos, desfiles de delegações etc.
Nós não tínhamos essa intenção.
Pretendemos apenas demonstrar a
arte como possibilidade de expressão e de reflexão sobre a questão
da deficiência.
Na Luta – Em sua opinião, qual a
importância de um evento como
esse? O que ele deixa de mais positivo para a sociedade?
Marcos Frota – A importância é que
ele amplia o diálogo a respeito da
questão da deficiência no Brasil. Em
alguns países do exterior, as pessoas
deficientes têm boas condições de ir
e vir, têm seus direitos respeitados.
Porém, no Brasil, nós ainda engatinhamos nesse sentido. Essa situação precisa ser revertida, pois nosso
país possui um número grande de
cidadãos com deficiência, cerca de
15% da população, e essas pessoas
têm todo o direito de viverem suas
vidas de forma independente e com
seus direitos garantidos. Portanto,
o “Somos todos brasileiros” é um
grande abraço que nós fazemos à
causa. Isso ficou claro, uma vez que
em todos os números, seja de circo,
acrobacias, balé, música, havia pelo
menos um artista com deficiência.
Foi uma bela demonstração de que
o talento supera qualquer dificuldade. E aí eu traço um paralelo entre
os artistas deficientes e os atletas
paraolímpicos, na questão da quebra de limites. O “Somos Todos Brasileiros” apresentou a arte aliada ao
esporte.
Na Luta – E de que maneira você
analisa a participação dos artistas
com deficiência? Considera a arte
como tendo papel fundamental na
inclusão?
Marcos Frota – Deficiente que não
se expõe, não se impõe. É preciso
que ele se lance em busca de alguma coisa, do que quer que ele
deseje. É preciso mostrar a cara,
constranger-se mesmo, se for o
caso, porque o excesso de zelo é
prejudicial e é também uma espécie de preconceito. A pessoa com
deficiência precisa transgredir os
estigmas criados pela sociedade, e
um excelente exemplo disso é o do
maestro João Carlos Martins, regente da nossa cerimônia. Após passar
por tudo o que passou, ele conseguiu começar de novo, se redescobriu. Tanto a arte quanto o esporte
mostram claramente que é possível
essa volta por cima, essa “libertação espiritual”, contribuindo para a
auto-estima de artistas e atletas. Em
ambos – arte e esporte – a pessoa
pode descobrir novas virtudes, valores e talentos.
Na Luta – O que traz de positivo a
participação no evento dos Paralamas do Sucesso, do vocalista Herbert Vianna, patrono e incentivador
do nosso informativo?
Marcos Frota – Os Paralamas estão com a gente desde a primeira
edição do “Somos Todos Brasileiros”. A presença da banda traz
muita visibilidade, é lógico, mas
também muito encantamento. Eu
considero o Herbert o nosso centroavante.
Na Luta – E o que você achou da
recepção por parte do público?
Marcos Frota – No início, eu percebi
que o público estava achando que
participaria de uma grande “festa”.
E, para falar a verdade, nossa intenção não era essa, mas sim de fazer
uma celebração, um momento de
reflexão. O evento foi pensado e dirigido de forma a não parecer apenas mais um show, ao qual o público
assiste, se diverte e vai embora sem
levar nada de positivo. Queríamos
deixar uma mensagem, então tudo
foi planejado nesse sentido, desde
os números circenses e de dança
até a escolha do repertório que foi
tocado. Aos poucos, no decorrer
do evento, as pessoas começaram
a perceber qual a mensagem que
nós queríamos passar e disponibilizaram seus olhos e ouvidos para a
cerimônia. E o público estava num
clima tão bom, tão positivo que,
mesmo com 15 mil pessoas lotando o Maracanãzinho, não tivemos
nenhum problema.
Na Luta – Como surgiu a idéia do
“Somos Todos Brasileiros” e quando ele foi realizado pela primeira
vez? Você já tem uma nova edição
do evento agendada?
Marcos Frota – A idéia nasceu quando o professor Carlos Lessa, então
presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social (Bndes), me pediu para organizar um evento grande de uma
linha de crédito que o banco disponibilizou voltada para a questão da
inclusão, amparo e reabilitação de
pessoas com deficiência. A intenção
era e ainda é de realizar um evento
que gerasse espaço na mídia e que
atraísse grandes nomes. A primeira
edição aconteceu em setembro de
2003 e cumpriu o seu papel, tanto
que o “Somos Todos Brasileiros”
continua até hoje. Nós pretendemos
realizar uma nova edição no dia 3
de dezembro, dia internacional das
pessoas com deficiência, no Ginásio
do Ibirapuera, em São Paulo.
NA LUTA
Na Luta – De que maneira você começou a se envolver com a questão
da deficiência?
Marcos Frota – Foi a proximidade
com o tema que me chamou a
atenção para a causa. Eu tenho no
meu currículo vários personagens
com algum tipo de deficiência.
Tudo começou no teatro, há quase
20 anos, quando interpretei o Marcelo Rubens Paiva, na adaptação
de “Feliz Ano Velho”, papel pelo
qual comecei a ficar conhecido.
Em seguida, já na televisão, vivi
o surdo-mudo Tomás, na novela
Sexo dos Anjos, o deficiente mental Tonho da Lua, em Mulheres de
Areia, e mais recentemente o cego
Jatobá, em América.
Na Luta –Um dos temas de nossa
edição é a educação. O que você
tem a dizer sobre a importância da
educação na conscientização da
sociedade quanto à necessidade da
inclusão social?
Marcos Frota – Tudo começa pela
base, com trabalho de base. E a
educação é isso, um acompanhamento desde o início. As escolas
precisam ser “invadidas” por crianças com deficiência. Escolas especiais como o Instituto Benjamin
Constant são importantes sim, e
realizam um belo trabalho, mas todas as escolas das redes pública e
privada precisam estar preparadas
para receber e oferecer educação
de qualidade para alunos deficientes. Eu penso que a sociedade, as
famílias precisam lutar para que
isso aconteça. Uma criança, seja
deficiente ou não, quer é participar, não quer ser excluída. Além
disso, somente pela educação
as pessoas com deficiência conseguem chegar em igualdade de
condições no mercado de trabalho. Hoje em dia não adianta ficar
achando que não é preciso estudar
e se aprimorar porque o mercado
reserva vagas para os deficientes.
É preciso estar preparado.
Fotos cedidas pela Nestlé
11
OPINIÃO
12 NA LUTA
Medicina
Esportiva
A Medicina do Esporte ou Medicina Esportiva é uma especialidade reconhecida no Brasil pela Associação Médica Brasileira,
pelo Conselho Federal de Medicina e pela Comissão Nacional de
Residência Médica.
É uma das especialidades médicas mais antigas, uma vez que há
relatos de 1.550 a.C. do uso clínico da atividade física e do exercício físico. Na antiga Grécia, por exemplo, foi construído próximo
a Atenas um hospital que entre outros setores contava com um
ginásio de esportes.
Várias são as definições que têm sido propostas para a Medicina do Esporte. A Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS), por exemplo, adotou em 1977 a seguinte definição:
“Medicina do Esporte é uma especialidade que inclui segmentos teóricos e práticos da medicina com o objetivo de investigar
a influência do exercício, do treinamento e do esporte sobre as
pessoas sadias ou doentes, com a finalidade de prevenir, tratar
e reabilitar.”
É importante ressaltar que a Medicina do Esporte não lida somente com atletas de alto rendimento. Esse é apenas um dos
segmentos da especialidade. Talvez o termo “Medicina do Exercício e do Esporte” seja mais elucidativo. Assim, utiliza-se também o exercício como instrumento de prevenção primária (por
exemplo, programas de exercícios para indivíduos aparentemente saudáveis; prevenção de lesões ortopédicas) e secundária (por
exemplo, programas de reabilitação cardiovascular e pulmonar;
reabilitação de lesões ortopédicas); como instrumento de diagnóstico e avaliação (por exemplo, o teste de esforço clínico; o
teste de exercício cardiopulmonar; ou a avaliação clínica de um
atleta); e como coadjuvante no tratamento de doenças cronicodegenerativas (por exemplo, programas de exercícios para cardiopatas, pneumopatas, obesos, diabéticos, etc). Por uma série
de mecanismos, o exercício auxilia também melhorando o prognóstico em uma série de situações clínicas.
Em suma, a Medicina do Esporte é uma especialidade que trabalha com um conteúdo específico, não contemplado ou apenas
parcialmente contemplado em outras especialidades médicas,
utilizando o exercício e a atividade física como instrumentos de
promoção da saúde e da qualidade de vida.
A medicina do Esporte é muito freqüentemente referida como a
especialidade médica do terceiro milênio. Apesar dos avanços
tecnológicos, que trazem recursos cada vez mais sofisticados
para diagnóstico cada vez mais precoce e tratamento não-invasivo e / ou invasivo cada vez mais eficiente para um série de
doenças que antes eram incuráveis ou de controle mais difícil,
a medicina do terceiro milênio aponta de forma inevitável para
a prevenção. Este não pretende ser um discurso idiossincrásico
contra a medicina curativa: somente pretende colocar as medicinas curativas e preventiva nos seus verdadeiros locais e tem a
intenção de chamar a atenção para a importância desta para
que aquela possa se ocupar melhor com as condições causadas
por traumatismo ou as não-traumáticas não-preveníveis.
Evidências científicas cada vez mais consistentes têm mostrado
a atividade física regular como capaz de reduzir a incidência
e/ou atuar como importante coadjuvante no tratamento de doenças não somente cardiovasculares, mas também pulmonares, metabólicas, gastrintestinais, hematológicas, oncológicas,
neurológicas, do aparelho locomotor, renais, psiquiátricas, etc.
a atividade física não pretende se apresentar como uma panacéia. Mas é importante reconhecer nas discussões científicas a
verdadeira importância da atividade física, freqüentemente tão
ou mais importante do que o tratamento farmacológico, e não
apenas incluí-la de modo secundário na categoria das “medidas
higieno-dietéticas”.
Há evidências de que a prevenção através da atividade física
possui também uma relação custo/benefício extremamente favorável do ponto de vista econômico. Os indivíduos fisicamente
ativos adoecem menos, e se adoecerem o fazem com menor
gravidade; se tiverem que ser internados, terão em média um
menor período de permanência hospitalar. Em outras palavras:
para a equipe econômica de um governo – federal, estadual ou
municipal – promover a atividade física na população fará com
que se economize muito mais a médio e longo prazos do que se
gastaria nessa promoção.
Os idosos ativos são mais independentes – é sempre importante
lembrar que com o declínio fisiológico que sofre a capacidade
funcional com a idade, muitos idosos mal são capazes de executar tarefas do seu cotidiano, como a própria higiene – o que se
reflete na sua qualidade de vida. Fatores culturais – entre outros
– se encarregam de acentuar esse declínio.
Em países mais populosos, mais de uma centena de milhar de
indivíduos falecem a cada ano simplesmente por serem sedentários, o que equivale em média a mais de 10% das mortes. O
sedentarismo tem prevalência superior a 70% em muitos países.
Esta prevalência cresce na população mais idosa, em grande
parte por fatores culturais. Infelizmente ainda as estranho para
muitos indivíduos –inclusive de bom padrão cultural – a idéia de
promover a atividade física para idosos; exercícios predominantemente aeróbico ainda são mais aceitos, mas quando se fala
em contemplar outros componentes d aptidão física – como flexibilidade, força e endurance musculares – qualidades tão importantes no cotidiano, a aceitação não é tão automática. Também é necessário incluir na mentalidade da população em geral,
inclusive dos profissionais da área de saúde, a noção de que a
prevenção da grande maioria das doenças deve ser iniciada na
infância. A formação – por exemplo – de uma placa aterosclerótica coronariana, que em algum momento poderá causar um
infarto agudo do miocárdio, tem início na vida pré-natal e a sua
evolução ao longo da vida dependerá de uma série de fatores
inter-relacionados.
É pouco freqüente que profissionais da área de saúde questionem os seus pacientes sobre a prática regular de atividade física
ou trabalhem para promovê-la. Atualmente esta realidade esta
mudando com a implantação nos cursos de medicina, de uma
disciplina com conteúdo especifico de Medicina do Exercício e
do Esporte, que são muito importantes para mudar esta mentalidade.
É importante que, para a população em geral, a atividade física
se torne um hábito tão comum e automático quanto a higiene
pessoal ou a alimentação. Para isto, é interessante que várias
frentes sejam contempladas. A inclusão de conteúdo especifico
sobre atividade física nos cursos de graduação da área de saúde, acrescentará esta idéia à mentalidade dos profissionais de
saúde do terceiro milênio. A presença de ações governamentais
e não governamentais para a implementação de programas de
atividade física orientada (Ex: Bosque dos namorados, calçadão
da praia dos artistas, calçadão de Ponta Negra, etc), facilitará
e democratizará a prática de exercícios à população em geral,
independente da sua condição socioeconômica. A ação de organizações não-governamentais que lutam por tantas causas
justas auxiliará os governos a mais rapidamente disponibilizar
a atividade física orientada a um maior número de brasileiros.
O fantástico poder de divulgação e difusão de informações da
mídia fará com que esta mensagem chegue a todos os cantos do
país, ajudando a tornar mais natural na cabeça de todos a idéia
da prática regular de atividade física.
Finalmente, é importante lembra que raríssimas são as condições que contra-indicam a prática de exercícios de caráter não
–competitivo. A prática orientada de atividade física possui relações risco/benefício e custo/benefício extremamente favorável,
e é capaz de beneficiar a enorme massa de brasileiros, independente de idade, sexo, condição socioeconômica ou qualquer outra característica. Cabe a nós, que acreditamos nessa
idéia, promovê-la.
Roberto Vital
Especialista em Medicina Esportiva
Diretor Médico do Comitê Paraolímpico Brasileiro
Médico da UFRN
Jefferson Maia
[email protected]
DIVERSIDADE
Estar envolvido num trabalho de qualquer tipo, mas que
seja enriquecedor, é sempre muito bom. A gente consegue produzir com mais prazer, e consequentemente sentimo-nos sempre mais recompensados por isso. Tenho tido
comprovação real a cada dia que vou experimentando novidades positivas das coisas que faço, principalmente nesse
engajamento com a produção do “NA LUTA”, onde todos nós
do jornal temos tido boas experiências e recebido cada vez
mais dos nossos leitores variados estímulos e manifestações
que são naturalmente prazerosas.
Pois é disso que eu gosto. Trabalhar lidando com a diversidade humana na sua essência. E melhor, ainda poder fazer
parte de um jornal que vai além do caráter informativo, levando para todas as pessoas notícias ligadas à deficiência,
mas sem parar por aí; o “NA LUTA” nos dá oportunidade de
ir além. Traz informação, e também, uma intenção implícita
consigo, algo de instigação filosófica – eis aí nosso desejo
de fazer o indivíduo refletir sobre o que vê e toma conhecimento numa mídia que embora pareça apenas um mero
informativo apresenta o seu diferencial.
Isto posto, tratamos sim da diversidade humana, que sob
uma falsa égide chamada ‘inclusão’, vive sem perceber que
a mesma deixa tanto a desejar.
É uma pena ainda ser assim, pois às vezes perdemos oportunidades singulares de galgarmos mais alguns degraus na
nossa almejada evolução. Infelizmente, exemplos não faltam, e não precisamos nem ‘pesquisar’ tanto para ver.
Por exemplo: tivemos episódios dos mais variados no Pan
e no Parapan, ocorridos aqui no Rio de Janeiro. Claro que
no geral foram bons eventos no aspecto esportivo e até no
social, como podemos muito bem ver nas páginas desta
edição. Mas, também nos cabe apontar ‘filosoficamente’ os
pontos negativos, que refletem diretamente na imagem da
Pessoa com Deficiência, ou seja, “detalhes” como as ‘providências’ no falecimento do mesatenista da Argentina, ou
dos ‘fiascos’ com o público barrado na “festa só para convidados” nas cerimônias de abertura e encerramento, entre
outros; e episódios assim nos remetem a essa reflexão filosófica da qual citei. Pena que ainda lidam com o binômio:
Deficiência + Diversidade, como minoria inexpressiva sem
maiores considerações. Um tipo de desinteresse por conta
de uma ideologia de Exclusão à qual somos vistos há tanto
tempo.
Mas eis que temos caminhos e escolhas a serem feitas, e, se
temos condições e oportunidades de unirmos nossas experiências de labuta com o prazer de fazer bem feito o ganho é,
e sempre será bom. E, mesmo sabedores, com senso crítico,
das coisas negativas que vemos a toda hora, podemos ainda tirar algo de bom para todos.
Lidar com a diversidade me faz sempre aprender mais
com a vida, e isso me mostra o quanto é sublime a arte
do bem-viver. Não sei se estou no caminho certo em meio
a esses conflitos – mas tenho me esforçado. Onde posso
até, dentro da gratidão e da intenção do nosso trabalho no
“NA LUTA”, no trato destas Diversidades, terminar citando
um trecho da sabedoria de Cora Coralina que diz: “Não
sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei
que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o
coração das pessoas”.
“Na Luta” teve o prazer de receber a visita de integrantes de um grupo de teatro muito especial, o
Grupo Teatro Novo, o que rendeu um bate-papo divertido e esclarecedor sobre a arte ligada à deficiência. Essa trupe diferente é formada exclusivamente
por atores com síndrome de Down, que têm encantado platéias pelos locais nos quais se apresentam.
O psicólogo Rubens Emerick Gripp, idealizador e diretor da companhia, descreve o Grupo Teatro Novo como
mais um movimento de arte no Brasil, fugindo um pouco
da questão da reabilitação e da educação. Segundo ele,
que trabalha com pessoas com síndrome de Down desde 1980, o motivo da existência do grupo é a expressão
artística. “As pessoas vão ao teatro esperando ver outra
coisa, esperando ver uma coisa ruim, sem uma estética.
E quando chegam lá se surpreendem, pois nós fazemos
espetáculos de 40 minutos, baseados no improviso. E esse
eu acho que é o grande barato dos nossos espetáculos”,
afirmou Rubens.
Mas não pense o leitor que esse improviso significa bagunça em cena. Afinal, as falas podem ser improvisadas,
para que os atores não se atrapalhem, mas todas as peças
encenadas pelo grupo possuem uma trama definida. As
histórias são sempre de criação coletiva. Todos participam
do processo – diretor, a assistente de direção, Cristina Guimarães, e os atores.
O grupo tem quatro espetáculos: um que fala sobre o nascimento de um menino com síndrome de Down; outro sobre a sexualidade de um adolescente; uma encenação de
época que fala do encontro de um ator do Grupo Teatro
Novo com o grande artista do Barroco brasileiro, Aleijadinho; e um espetáculo alertando os jovens para os perigos
de se misturar bebida e direção.
E em breve haverá novidades, pois a trupe está ensaiando
uma nova peça, sobre vampiros. “Os vampiros voltaram
e estão atacando o Brasil. Só quem consegue mata-los é
quem possui um cromossomo a mais. É uma comédia, é
claro, falando que os salvadores da humanidade serão
aqueles que possuem um cromossomo a mais, ou seja,
que têm síndrome de Down”, antecipou o diretor.
Todo esse talento e criatividade levaram o grupo a viajar
pelo Brasil e também pelo exterior. Já tiveram a oportunidade de mostrar a sua arte em 15 capitais brasileiras, municípios interioranos e até em festivais nos Estados Unidos
e na Colômbia.
Além disso, o Teatro Novo realiza oficinas no teatro Cacilda Becker, no Largo do Machado, e no Teatro Niemeyer,
em Niterói, ensinando arte a mais de 60 pessoas com síndrome de Down.
Relação com o público – Rubens contou uma bela história,
sobre um encontro seu com um menino da platéia após
um espetáculo, que sintetiza bem o poder da arte como
ferramenta de inclusão: “Nós estávamos apresentando
uma peça no Rio de Janeiro e na platéia havia uma família de São Paulo: pai, mãe, uma menina de sete meses com síndrome de Down e um menino de 11 anos sem
qualquer deficiência. Ao final do espetáculo, esse menino
me procurou e perguntou se nós não poderíamos fazer
uma apresentação na escola dele em São Paulo. E eu me
pergunto: por que ele me fez esse pedido? Sinceramente,
eu acredito que aquele garoto queria mostrar para os colegas de escola pessoas como a irmã dele sendo aplaudidas
de pé. Depois esse menino voltou e perguntou: Rubens,
você gostaria de ter um filho com síndrome de Down? Por
um momento, fiquei sem saber o que responder. Mas logo
em seguida apontei para os atores, que ainda estavam no
palco, e falei: Olha lá quantos filhos eu tenho!”.
13
CULTURA
O teatro como forma de inclusão social
NA LUTA
Apresentando dois atores do grupo
Paulo César Monsores e Lúcia Maria Forneiro (no canto esquerdo e direito da foto) são dois dos mais
experientes atores do Teatro Novo, tendo acompanhado toda a história do grupo. “Quem conheceu o
Paulo e a Lúcia há 20, 25 anos percebe o quanto eles se desenvolveram. Além de favorecer as expressões verbal e corporal, o teatro também desenvolve a disciplina, essa coisa de convívio com o grupo.
Ensina a estar num hotel cinco estrelas, por exemplo, e saber se comportar adequadamente”, afirma
Rubens.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a relação de ambos os atores com o teatro:
Bate-papo com Paulo César Monsores
Bate-papo com Lúcia Maria Forneiro
Na Luta - Conte um pouco sobre a sua experiência no teatro. Para você,
o que é atuar?
Na Luta - O que é o teatro para você e qual foi a
importância dele na sua vida?
Paulo César – Para mim, o mais importante é quando o público fica alegre
com o nosso teatro, aplaude de pé, e nos convida pra irmos apresentar
nossas peças em outros lugares. Eu fico emocionado, porque quando a
gente faz um trabalho legal, as pessoas percebem que o nosso teatro é
muito especial, porque é feito para emocionar o público. Sempre depois
das apresentações, fazemos debates com a platéia, o que para nós é muito bom. Eu me sinto feliz com o teatro. Quando estou em cima do palco
sou outra pessoa. O Paulo César é um, aquele no palco é outro. As pessoas
que me conhecem me cumprimentam, me elogiam por eu fazer teatro. As
pessoas da minha rua acham muito legal, já me viram na televisão dando
entrevistas. Sinto uma emoção muito forte quando estou no palco.
Lúcia Maria - Teatro para mim é uma coisa que desenvolve qualquer habilidade que a gente tem. É
uma experiência ótima, de convivência com o grupo, de criação de amizades. As peças são feitas na
espontaneidade, os atores ficam à vontade e sobem
ao palco no peito e na raça para mostrar a nossa capacidade. Tenho um vínculo com o teatro que não
vou desfazer nunca. Nós já temos muita história
juntos, nós do grupo.
Na Luta - Já passaram por alguma história engraçada nos palcos?
De vez em quando nas viagens nós enfrentamos alguns problemas, mas superamos tudo no peito e na
raça. É bom viajar, né? Eu conheço a Colômbia!!!
Paulo César – Uma vez, durante uma apresentação em Nilópolis, o nosso
CD com as músicas e os efeitos da peça deu defeito, travou. Mas por incrível que pareça a gente continuou a apresentação sem ele, e deu tudo certo. Depois que acabou a peça, todos nos aplaudiram de pé e perceberam
como a gente gosta de teatro, com ou sem CD.
Na Luta - Como você começou no teatro?
Paulo César – Quando eu era pequeno, comecei a captar a mensagem do
teatro. Ele é a minha vida, sempre foi a minha vida. Eu sempre gostei de
estar junto com o meu grupo de teatro. É uma coisa que me ajudou muito,
porque eu não andava sozinho, não tinha independência. Andava com o
meu pai ou minha mãe o tempo todo. De braços dados, me levavam de
um lado para o outro e eu não gostava mais disso. Pedi para fazer um
teste com o Rubens, para ver se eu poderia ser ator. Passei no teste e pedi
para fazer o papel de um menino sujo que não gostava de tomar banho.
Na primeira apresentação, o público gostou, aplaudiu de pé e eu continuo
fazendo teatro até hoje.
Na Luta - Como é, para você, viajar para apresentar
os espetáculos?
Na Luta - O que a sua mãe acha de você fazer
teatro?
Ela acha bom para mim, por que o teatro faz com
que a gente se solte. Quando eu nasci, eu não chorava, porque eu sabia que teria todos os cuidados
dos meus pais. Se não fossem minha mãe e meu
pai, eu não resistiria. Se eu não pudesse fazer teatro, faria o que? Ficaria em casa, sem fazer nada.
Teria que ir para um psicólogo. Se não fosse o teatro, não saberia me virar sozinha. Não ia ter carteira de identidade, passaporte, título de eleitor. E eu
gosto de votar.
INCLUSÃO
14 NA LUTA
Simpósio discute rumos da
educação inclusiva no Brasil
“Mais diferenças” na luta
pela inclusão social
e educacional
Uma oportunidade para troca de informações sobre a
inclusão de alunos com deficiência na rede regular de
ensino. Esta foi a proposta do I Simpósio de Educação
Inclusiva do Grupo Mão na Roda, realizado no dia 1º
de setembro, no Instituto Benjamin Constant (IBC), no
Rio de Janeiro. O evento contou com palestras, debates,
atividades práticas e apresentações culturais, atraindo
um grupo de professores e pessoas ligadas de alguma
maneira à causa, que lotaram o auditório do IBC.
De acordo com Kelem Zapparoli, organizadora
do simpósio, a intenção foi levar aos educadores
esclarecimentos sobre como lidar com uma criança
deficiente. “Algumas vezes, notamos um desconforto
da parte dos professores no convívio com um aluno que
tenha alguma deficiência, por medo do desconhecido.
Portanto, decidimos realizar um encontro com o intuito
de levar informação aos educadores”, explicou.
Na primeira palestra do dia, sobre os desafios e
possibilidades da educação inclusiva, a educadora Lia
Faria, doutora e professora da UERJ, afirmou que a cultura
política transformou o Brasil em um país excludente
e desigual. De acordo com ela, a arma contra essas
distorções é a informação – partir para a comunicação
e para a disseminação da informação. Lia afirmou que
simpósios como esse são a cara do Brasil que trabalha e
sonha. “As pessoas são sempre maravilhosas se formos
capazes de perceber o melhor delas. E é esse o papel do
educador: perceber o melhor de cada aluno”, defendeu.
Coordenador geral e diretor teatral do Grupo Mão na
Roda, Alcides Peixe tratou, durante a sua palestra, sobre
a inclusão social pela arte. Ele contou sua experiência ao
dirigir o espetáculo “Mulheres Rodadas”, montado pelo
Mão na Roda, que tratava do dia-adia de mulheres cadeirantes, mas
sem os estereótipos. “A intenção era
acabar com essa visão de coitado
atribuída ao deficiente. Isso porque
o objetivo da arte é preparar as
pessoas para que elas olhem o
mundo de uma forma melhor”,
afirmou Alcides.
Ainda no campo da arte, o evento
contou com um número de
dança de salão, apresentado pela
dançarina Viviane Macedo, da
Companhia Conexão sobre Rodas
(Na foto ao lado). Cadeirante,
devido à seqüelas de pólio, Viviane
dança há dez anos, tendo sido
inclusive a primeira pessoa em
cadeira de rodas a desfilar como porta-bandeira em
uma escola de samba, em 2005, na Tradição, do Rio
de Janeiro. Ela fez coro com os colegas de simpósio ao
ressaltar a importância da informação na inclusão e
sugeriu aos educadores uma maior atenção à arte. “Eu
vejo o teatro e a dança como um conjunto para melhorar
a auto-estima de qualquer pessoa”, disse Viviane.
Em seguida, houve uma mesa-redonda com o
tema “Diversos olhares na educação inclusiva”, um
debate reunindo educadores e militantes da questão.
Participaram da mesa Glória Almeida, professora e chefe
de gabinete do Instituto Benjamin Constant, o professor
Hildemar Veríssimo, do Instituto Brasileiro de Medicina
de Reabilitação (IBMR), Lílian Azevedo, do Centro
Educacional Anísio Teixeira, Fabíola Tannus, do Grupo
Mão na Roda, além da advogada Margarete Pereira
Nunes.
Na última palestra do dia, Denise Teperine, do Grupo
Brasil, falou sobre os desafios dos educadores ao lidar
com a surdocegueira. Segundo ela, muitas vezes a
criança surdocega é confundida com autista. “O processo
de alfabetização dessas crianças começa na escrita.
A leitura é mais difícil, é um desafio maior”, explicou.
Denise indicou aos interessados o congresso nacional
de surdocegueira, que será realizado em Sergipe, em
novembro. Os interessados podem obter informações
pelo telefone: (11)5579-5438.
O evento foi encerrado num clima descontraído, com
atividades práticas, desenvolvidas por Kelem Zapparoli
e Fernanda Mendes, envolvendo jogos e materiais
adaptados, além de um sorteio de brindes.
http://www.maisdiferencas.org.br/
A Mais Diferenças vem fazendo a diferença em seus projetos
desenvolvidos em redes públicas de educação, empresas privadas ou
ainda grupos de famílias com pessoas com deficiência, através de uma
relação direta entre todos os envolvidos nas situações para a formulação,
implementação e avaliação de ações sociais e educacionais.
A inclusão das pessoas com deficiência no Brasil deu um grande salto nos
últimos anos. Discussões sobre acessibilidade em bancos, restaurantes
e outros serviços ou locais de lazer, assim como o direito de acesso a
uma escola regular, por exemplo, não estão mais restritas apenas a
grupos diretamente ligados a alguém com deficiência. Juntando-se a
este esforço, a Mais Diferenças, uma organização não-governamental
(ONG), vem trabalhando pela inclusão social e educacional de todos,
prioritariamente das pessoas com deficiência. Foi por acreditarmos nessa
possibilidade de mudança e por termos o desejo de participar ativamente
da transformação da realidade de exclusão social, que nos reunimos um grupo de profissionais de diferentes percursos e formações - para
juntos percorrermos esse caminho que busca a realização e ampliação
do potencial de cada um, valorizando as múltiplas formas de ser e estar
no mundo.
Sabemos que muito já foi conquistado e que há, ainda, muito a ser feito
para que tenhamos uma sociedade realmente inclusiva.
Essa sensibilização em torno da inclusão ganhou um reforço especial
em 2007 com a assinatura da Convenção Internacional dos Direitos
das Pessoas com Deficiência, lançada em março pela Organização das
Nações Unidas (ONU) e em vias de ser ratificada pelo Brasil.
Ao assinar tal tratado, cuja principal contribuição é trazer uma mudança
na visão da deficiência no mundo, no tratamento e encaminhamento
das questões de vida, trabalho e lazer das pessoas com deficiência, o
Brasil assume a responsabilidade de implementar as proposições do
documento e de ter um estatuto consoante com essas idéias.
Esta mudança passa do modelo médico e assistencialista, no qual a
deficiência é tratada como uma doença e que deve ser curada, para o
modelo social de direitos humanos, no qual é vista como um fato que
em si não limita, sendo as desvantagens causadas pelo meio e logo,
deixando de ser uma questão apenas individual, torna-se coletiva.
A Mais Diferenças, assumindo esta dimensão de mudança, valoriza o
saber de cada um, acreditando no aprender gerado pela diversidade,
seja ela social, intelectual, física ou sexual. Essas diferenças são como
as imagens de um caleidoscópio, que juntas formam um todo de beleza
ímpar.
Com a parceria que se inicia com o Jornal Na Luta, abre-se um novo
espaço de comunicação e debate sobre temas importantes relacionados
à inclusão das pessoas com deficiência. Universo esse formado por 24
milhões de pessoas no Brasil, a maioria delas ainda sem acesso aos seus
direitos, incluindo o mais básico como o de circular em lugares públicos.
Por isso, convidamos o leitor para trocar conosco suas experiências, para
dar sua opinião a respeito dos temas que vamos abordar nesta coluna.
Escreva para [email protected] e conheça mais da gente pelo site www.
md.org.br
Luis Mauch
Equipe da Mais Diferenças
Rua João Moura, 1453 - Pinheiros
São Paulo - SP - Brasil Cep 05412.003 - Fone: 55+ (11)3881.4610
NA LUTA
MEMÓRIA
A Grande
Alavanca
EEPG Professora Inah de Mello, segundafeira à tarde, hoje o dia está ensolarado...
Foi assim, que comecei uma jornada que
transformaria minha vida. A maquina Braille
Perkins, empestada pela escola e uma sala
lotada de crianças “normais” faziam parte de
um cenário sonhado por mim e principalmente
pelos meus pais, que acreditavam que o estudo
era a única “cura” para qualquer problema e
principalmente para minha deficiência.
Por Carlos Ferrari
Meu pai, Sr. Sebastião, então metalúrgico, quando
criança cursou só os quatro primeiros anos do
antigo primário e foi diplomado, segundo ele diante
de uma grande comemoração de toda a família,
regada de mortadela e tubaína.
Minha mãe, dona Climéria, dona de casa,
infelizmente teve que parar antes. Porém as escolas
entraram definitivamente em sua vida, logo em meu
primeiro ano de vida. Como uma heroína, ela lutava
por minha educação incansavelmente, na busca por
livros em Braille, pela doação da máquina Perkins,
pelo espaço nas diferentes escolas que estudei. Os
dois repetiam sempre: filho, se quiser vencer tem
que estudar e estudar em uma escola normal!
Assim foi feito. E além de português, ciências,
matemática, e outras disciplinas, tínhamos aulas
diárias de inclusão. Essa disciplina, que não tinha
professor definido e nem era parte do currículo da
escola, foi descoberta por nós crianças que entre
brincadeiras, pequenas brigas e muitas perguntas
encontrávamos respostas que talvez resolvessem
problemas gigantescos de caráter social.
Uma das principais lições que todo ano era reforçada
e que hoje enquanto professor ainda faço questão
de sempre exercitar é o potencial das limitações.
Descobrimos que quando se tem alguma deficiência,
se tem a vantagem de lembrar-se disso o tempo
todo. Não dá para esquecer ou jogar de baixo do
tapete e aí, é transformar isso em uma grande
alavanca ou em uma grande cortina.
A alavanca faz com que cada limite se transforme
em meios para alcançar potencialidades escondidas
e a cortina serve como esconderijo dos desafios que
a vida pode nos trazer.
Com a ajuda de meus pais, professores e de todos
os colegas de escola, escolhi a alavanca! Ainda me
lembro como jogávamos bola depois da aula. De
início, fui eleito técnico do time da terceira série
A, pois todos queriam que eu estivesse no jogo
de alguma forma. Mesmo sem enxergar nada,
o jogo era narrado por um jogador que ficava no
banco. Cada substituição ou idealização de um
novo esquema tático era respeitada e cumprida
por todos. Depois descobrimos a possibilidade de
brincar com uma bola ensacada em uma sacola
15
de supermercado. Isso logo se tornou uma nova
brincadeira realizada logo depois dos jogos que
eram realizados após as aulas. A bola fazia barulho
e jogávamos “Gol a Gol”, onde o potencial do chute
era valorizado.
Minha limitação em copiar matéria da lousa
também fez surgir um novo personagem em sala
de aula. Era o aluno que ditava. Quase todos se
candidatavam a uma função, que além de ser
valorizada pelas professoras, ainda garantia a
possibilidade de conversar um pouquinho, mas
sem nenhuma punição.
O aluno com deficiência, inserido em uma sala de
aula, infelizmente acaba sempre herdando algum
rótulo, que vai do super aluno, até o de coitado,
incapaz de realizar as tarefas solicitadas.
Sempre estive na primeira condição, e ao longo dos
anos isso passou a me incomodar. Vinha junto o
medo de ser rejeitado pelos colegas, ou mesmo de
ser obrigado a sempre ir bem. A solução, que alguns
diriam inconsciente, para mim foi clara e pragmática.
Eu tinha que não ser tão bom! Essa solução acabou
sendo extremamente divertida. Ruim para meus
pais, que começaram a ser chamados pelas
professoras que diziam que eu era responsável pela
organização da bagunça em sala de aula, porém
saudável na construção de um aprendizado natural.
Pontos negativos, advertências e uma recuperação que veio como uma catástrofe - se misturavam com
boas notas e com a participação em cada vez mais
espaços dentro de todas as atividades escolares.
Foram muitas conquistas!
Minha esposa, que conheci no cursinho pré-vestibular
há 13 anos, no início apenas uma colega de sala, em
meio a muita leitura de romances e contos passou a
fazer parte da minha história. O amigo e padrinho
de casamento, Marcio, ex-companheiro de banda
de heavy metal e atual sócio em uma consultoria,
fruto de uma amizade de quase 20 anos, além de
muitos professores e escolas por onde passei, fazem
parte de um conjunto de tesouros impossíveis de
contabilizar.
Hoje sou professor universitário, na área de
administração. A inclusão em sala de aula,
desta forma, acaba sendo de novo para mim um
aprendizado constante.
Neste contexto, posso afirmar com certeza que o
convívio com o diferente precisa ser estimulado
e praticado em todos os níveis de formação
educacional. Nossa sociedade carece de advogados,
arquitetos, médicos, policiais, dentre outros
profissionais, que a compreenda como um meio de
diversidade.
Por fim, esse relato não pode ser entendido como
uma bandeira. Não devemos transformar o debate
em torno da educação inclusiva em uma batalha de
dois lados, os que defendem e os que são contra.
Tenho certeza da importância das escolas e
institutos especiais. Precisamos nos unir e construir
um país que verdadeiramente seja de todos.
A construção desse novo país depende de um
trabalho conjunto, onde toda a sociedade utilize
suas limitações como alavancas de seus potenciais.
Milhares de livros são vendidos dizendo: “você
pode”, “você é um vencedor”, “o sucesso depende
de você”. Proponho que escrevamos livros sobre
nossos limites! Precisamos enxergá-los e encará-los
frente-a-frente. Só assim poderemos transformálos nas grandes alavancas que resgatarão a autoestima e a real capacidade inerente a todos de ir
além.
Carlos Ferrari é administrador de empresas pósgraduado em marketing pela fundação Cásper Líbero
e mestrando em administração. Ferrari é deficiente
visual de nascença e ficou cego total aos sete anos
de idade. Atualmente é professor universitário nas
Universidades Ítalo Brasileira e Faculdade Interação
Americana, além de vice-presidente institucional da
AVAPE (Associação para valorização e promoção de
excepcionais).
Ferrari ainda é presidente da Federação Paulista de
Desportos para Cegos - FPDC, sócio proprietário da
Supera Treinamento e Gestão Sócio-ambiental e
idealizador do treinamento Superação de limites e
Identificação de Potencialidades.
[email protected]
CIÊNCIA
16 NA LUTA
Debates: Célula-tronco
Um tema controverso como a utilização de células-tronco em pesquisas científicas merece uma ampla discussão por
toda a sociedade. Consciente desse fato, “Na Luta” prossegue o debate iniciado em nossas edições anteriores. Dessa vez,
abrimos espaço para a coordenadora de relacionamento do paciente e familiar do Instituto Virtual de Células-Tronco (IVCT)
e presidente da ONG Movitae – Movimento em prol da Vida, Andréa Bezerra de Albuquerqu
Pesquisar é salvar vidas
Bastam algumas injeções e tudo ficará
bem. Quiséramos nós, todos nós, que fosse assim o milagroso tratamento através de
células-tronco. Mas não é assim, aliás, não
é milagroso. Nem é tratamento, não agora,
ainda não.
Às vezes, culpamos a mídia pela expectativa gerada em torno deste assunto. E ela
tem sim sua parcela de responsabilidade
diante dessa busca por um tratamento que,
por enquanto, é apenas pesquisa. São também responsáveis, ou neste caso, bastante
irresponsáveis, os ex-médicos, cassados após a comprovação da denúncia de que vendiam falsos tratamentos, ditos ser à base de células-tronco em pó. Os contrários às pesquisas com células-tronco embrionárias
humanas têm também sua parcela de culpa por mal entendidos, pois
disseram, no Supremo Tribunal Federal, que já existem algumas dezenas
de doenças tratadas com células-tronco adultas, o que - infelizmente - é
mentira.
Também não ajuda em nada ficar aqui pontuado ou apontando ações
equivocadas. Precisamos é trabalhar com a verdade, informar corretamente a todos que querem saber sobre o andamento dos estudos.
Vale a pena então descrevermos rapidamente quais são as primeiras
etapas ou os principais tipos de pesquisa científica.
A pesquisa básica é desenvolvida por cientistas que estão estudando
meticulosamente as células-tronco (adultas e embrionárias) em seus laboratórios. É na pesquisa básica que se percebe o comportamento das
células-tronco, como elas se multiplicam, como elas se expressam diante
de diferentes componentes adicionados ao material biológico. A pesquisa básica é, portanto, o início de tudo, e pode-se levar anos para se avançar deste estágio à pesquisa clínica, ou seja, um estudo desenvolvido no
laboratório pode levar bastante tempo até que possa ser experimentado
em seres humanos.
Existe uma etapa igualmente fundamental estabelecida entre os dois
estágios que citamos agora: é a chamada pesquisa pré-clínica, que en-
volve modelos animais, como camundongos ou animais de grande porte,
como cães e macacos.
A última etapa, que por sua vez se divide em mais de uma fase, é
talvez a que parece estar mais próxima de nós - é a pesquisa clínica,
como falamos anteriormente, é o experimento nos seres humanos. São
testados na pesquisa clínica a segurança do método e sua eficácia, não
necessariamente no mesmo estudo.
Os pesquisadores clínicos escrevem protocolos nos quais constam critérios de inclusão, critérios de exclusão, número de participantes e outros
inúmeros detalhes.
Todo experimento em humanos necessita de autorização prévia. No
Brasil é de responsabilidade da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) o parecer para que seja - ou não - iniciada uma pesquisa
clínica.
E é neste estágio da pesquisa científica que muitos de nós queremos
estar. Quem participa de um estudo clínico é denominado sujeito de pesquisa. Muitos desejam ser sujeitos de pesquisa, e muitos serão, sem dúvida. Mas para a grande maioria das patologias, o estudo está ainda nas
fases iniciais. E será por meio do incentivo às pesquisas básica e pré-clínica que teremos mais estudos clínicos com células-tronco.
Mas sabe quando a gente diz que não se pode queimar etapas? É isso
mesmo! Não se pode queimar etapas.
E sabe quando a gente diz Células-tronco, esperança!? É isso mesmo também! Podemos e devemos manter a esperança. A terapia celular
poderá realmente revolucionar a medicina. O tratamento é ainda uma
possibilidade, mas as pesquisas com células-tronco são, de fato, uma
realidade.
Inúmeros pesquisadores, em todo o mundo, estão debruçados sobre
esses estudos. E se depender de nós eles terão todo o apoio, tecnologia
e investimento necessário para fazer ciência. Porque pesquisar é salvar
vidas!
Andréa Bezerra de Albuquerque
[email protected]
www.movitae.bio.br
Anuncie aqui:
Seu anúncio será visto não apenas ne edição impressa mas no site do informativo “Na Luta”
que fica na página oficial do Paralamas, que tem milhares de visitantes
Nosso número de assinantes cresce a cada número com distribuição para todo Brasil.
http://www2.uol.com.br/paralamas/na_luta/index.htm
contato: Tel.: 21- 2204-3960
e-mail: [email protected]
Sugestão aos médicos:
Sensibilidade
Por João Tomaz da Silva
Dentre as várias situações que se verificam por ocasião do nascimento de uma criança com síndrome de Down, sem conhecimento prévio, é
preciso haver, por parte dos médicos e para-médicos que assistiram ao
parto, uma “diplomacia” para comentar o fato com os pais e parentes
mais chegados presentes no ambiente da maternidade.
Obviamente, se os pais perceberem o fato, as coisas se tornam mais
simples. Caso contrário, não se deve interromper os instantes de alegria e
contentamento tão naturais por ocasião do nascimento de um filho.
Se a síndrome de fato se fizer presente, segundo experiência do médico, o caminho mais correto é deixar passar alguns dias, pelo menos até
a mãe se refazer dos desconfortos do parto, quer tenha sido normal ou
cesariana. Depois disso, é preciso que o corpo médico vá contando suas
suspeitas aos poucos, como que preparando para uma notícia definitiva.
Com certeza, a reação dos pais não será de contentamento, porém não
será tão desesperadora como se fosse dada de sopetão.
Após o impacto inicial, os pais e avós e principalmente a mãe, arregaçarão as mangas, enxugarão as naturais lágrimas e partirão em busca
do que for melhor para o recém-nascido. Nada de drama, pois tal fato
não representa nenhum fim de mundo. Poderá representar sim, o começo de um mundo novo.
Conheço um caso onde a mãe mal se recuperava das dores do parto,
com a família toda reunida e alegre na sala de espera, e a notícia foi
transmitida sem a menor cerimônia, como se estivessem dando a notícia
que ganharam na loteria. É lógico que o desespero tomou conta de todos.
O avô entrou em depressão profunda. A mãe teve as glândulas mamárias
prejudicadas, ficando sem condições de amamentar o recém-nascido. O
que era para ser uma festa, se transformou numa situação quase mórbida. Ficarei só neste exemplo, pois o mesmo serve para ilustrar todo um
comportamento que precisa e deve ser mudado.
No meu caso particular, quando do nascimento de Aline, muito embora o pediatra e ginecologista que assistiram ao parto desconfiassem
de algo, foram muito cuidadosos. O pediatra, dr. Carlos Bogar, de São
Bernardo do Campo, marcou para depois de treze dias a primeira consulta. Nesta, após as verificações costumeiras, manifestou sua dúvida e
sugeriu que fosse realizado o exame de sangue específico, conhecido por
Cariótipo, para poder concluir. Prescreveu todos os procedimentos pediátricos e como o resultado do exame mostrou a trissomia simples no par
de cromossomo 21, fechou-se o diagnóstico de forma lenta e gradual. As
primeiras e razoáveis lágrimas foram substituídas por uma busca constante pelo bem estar da recém-nascida.
Hoje ela brilha, porém foi preciso muita luta. No entanto, temos certeza que a maneira cuidadosa como a notícia foi transmitida representou
um ponto altamente positivo no desenvolvimento de Aline.
Portanto, está nas mãos do corpo médico a grande responsabilidade
em não cometer a primeira decepção que certamente a sociedade como
um todo, mais dia, menos dia, poderá impor aos pais de uma criança
especial.
Não atirem a primeira pedra!!!
João é pai da bailarina Aline Tomaz, portadora de síndrome de
Down, tema de reportagem em nossa edição passada.
O Lugar da Família na
contemporaneidade
Por Antônia Yamashita
Eu diria que ter uma criança com deficiência é
como nascer de novo, pois você passa a fazer parte
de um novo mundo. Um mundo onde somos minoria, onde só nós conhecemos, e, mesmo entre nós
poucos adotam a causa. Poucos fazem questão de
lutar em busca do nosso lugar.
Hoje, quando nasce uma criança, os parentes e
amigos se mobilizam até o hospital para conhecê-la
e esperá-la junto à família. É uma verdadeira festa.
Todos comemoram com muita alegria o nascimento
daquele novo ser.
Porém, quando alguma coisa não sai como o esperado e a criança vem com alguma deficiência, tudo
se transforma; começando com a visita dos amigos e
parentes, que nem chega a acontecer.
Na verdade, a princípio nem há muito o que comemorar. Em geral, o
nascimento de uma criança com deficiência traz
consigo um misto de profunda tristeza, decepção, revolta, culpas e questionamentos sem respostas. Isso
porque o pai, a mãe e todos na família esperam sempre que nasça uma criança saudável.
É um momento decisivo para a família. São segundos que marcarão o futuro destas pessoas para
sempre. São instantes de perdas irreparáveis. Rapidamente, a família acorda de um sonho maravilhoso e tem que reestruturar uma realidade da qual
ela não tem o menor domínio. É preciso que os laços
familiares estejam bem estruturados para não desmoronarem diante deste acontecimento, pois fatalmente haverá uma alteração em todas as áreas de
suas vidas.
Sentimentalmente ocorre uma grande confusão
diante do ocorrido, então, surgem as perguntas: porquê comigo? Será castigo? Justo o meu filho! A área
financeira também será abalada, pois o custo dos
tratamentos de uma criança com deficiência é muito
alto. No caso das famílias que possuem uma vida
financeira mais frágil, a situação se torna ainda mais
crítica.
Passado a fase inicial, é hora de levar a criança
para casa. Muitos pais na verdade não tem ciência
da real situação do bebê. A maioria dos hospitais não
prepara os pais para enfrentar e aceitar a deficiência
de seu filho. Em alguns casos, esta não será sequer
notada durante os primeiros meses de vida, sendo
percebida apenas durante seu desenvolvimento.
O relacionamento entre o casal, parte fundamental da família, também é afetado. A mãe geralmente
é quem mais se dedica à criança. Muitas vezes entram em uma outra dimensão – num mundo de sofrimento e dor - e não conseguem sair, esquecendo da
vida que sempre existiu. O pai é quem mais se afasta.
Como mostram as pesquisas, a maioria acaba por
abandonar a família; muitos por acharem que não
tem condições de enfrentar a situação.
Com o passar do tempo e com a ajuda do cuidador, a criança vai ampliando seus contatos sociais, e
aproxima-se o momento de conquistar outros espaços fora do seu meio familiar. É o contato com a so-
17
OPINIÃO
NA LUTA
ciedade. Geralmente, esse primeiro contato se dá na
ida para creche ou escolinha. A família enfrenta neste período a dificuldade da aceitação e convivência
com a criança deficiente. Esse momento, como não
poderia deixar de ser, mexe muito com o sentimento
da família. É preciso ser forte para buscar seu lugar
em meio a uma sociedade completamente despreparada para lidar com o diferente.
Toda família tem seu lugar na sociedade, com a
liberdade de escolher onde seus filhos vão estudar,
passear e morar; tudo de acordo com suas condições.
A família na qual um dos membros possui alguma deficiência sente com mais intensidade as dificuldades nas coisas mais comuns e simples da vida
como estudar, trabalhar e passear. E acabam fazendo uma triste opção: algumas famílias desistem dos
locais comuns e optam por colocar seus filhos em escolas especiais, impedindo que ele cresça por outro
meio - o da convivência em sociedade.
Na minha opinião, tal ação dificulta ainda mais
a inclusão. Ao impedir o
contato entre as pessoas diferentes cria-se a ilusão de uma sociedade
perfeita. Entretanto, ao levantarmos esta cortina
enxergamos uma sociedade com bases e raízes tão
frágeis que, talvez por medo do contato com a realidade, acaba se escondendo atrás de pré-conceitos
fundamentados na falta de informação e conhecimento.
Passados os acertos, entendimentos e desentendimentos, e chegando a aceitação do inevitável,
agora a família parte para uma nova conquista: a do
seu lugar na sociedade, lugar esse que não existe. Ao
mesmo tempo em que se criam leis para melhorar a
vida do deficiente, estas não são postas em prática e
quando são apresentam-se de maneira incorreta e
em pequenas partes. (literalmente em doses homeopáticas!!)
Apesar de todo desconforto que sentimos, ainda
assim mesmo acredito que vale a pena; vale a pena
continuar; pelo meu, pelo seu, e por todos os filhos e
filhas que a vida poderá nos proporcionar. Mas para
isso precisamos dar as mãos e mostrar a nossa importância no mundo, pois nossos filhos também têm
o direito ao respeito, à ética, à dignidade e à cidadania.
É nesta sociedade que está inserida a família do
deficiente.
Antônia Yamashita é mãe do menino Lucas, de
seis anos, que tem paralisia cerebral em virtude de
falta de oxigenação durante o parto. Desde que seu
filho nasceu, Antônia dedica-se integralmente ao desenvolvimento da criança, tendo aprendido muito sobre como a questão da deficiência ainda é marcada
por paradigmas e preconceitos. Ela é autora do livro
independente “A trajetória de uma mãe especial”, no
qual relata sua história ao lado de Lucas e discute se
a sociedade está realmente preparada para conviver
com pessoas com deficiência. O livro pode ser adquirido pelo site www.umamaeespecial.com.br.
NOTAS
18 NA LUTA
Festival de cinema sobre deficiência no CCBB
um portador de deficiência física que tem o ponto de vista
posto à altura de 1m12. Fred também participa do “Projeto
Um programão para quem gosta de cinema é a mostra
Percepções”, do Instituto Muito Especial”, que resultará em
“Assim Vivemos - 3º Festival Internacional de Filmes sobre
um livro, a ser lançado até o final do ano, que apresentará
Deficiência”, que acontece até 30 de setembro no Centro
a obra de diversos artistas portadores de deficiência. Para
Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília/DF. Evento bie-
saber mais sobre o trabalho do fotógrafo, o interessado
nal, a mostra exibe filmes de vários países, sempre com
pode acessar o site www.fredcarvalho.com.br.
debates após as sessões. O público com deficiência tem a
acessibilidade garantida, uma vez que o festival mantém
Conheça Matheus e Mariana
Em nossa edição passada, informamos aos leitores sobre o nascimento dos gêmeos Matheus e Mariana, filhos
Vem aí o Mundial de Futebol de Sete
da jornalista e ativista dos direitos humanos Flávia Cintra.
Agora, a pedido dos leitores, publicamos a foto das crian-
dois atores fazendo dublagens ao vivo dos filmes e distribui
catálogos em braile com sinopses e informações (para os
Terminados os Jogos Parapan-americanos, o público
ças. Em depoimento emocionado ao “Na Luta” número 2,
cegos), e insere legendas auto-descritivas (para deficientes
de Rio de Janeiro terá em breve uma nova oportunidade
Flávia, que é tetraplégica, contou as alegrias e dificuldades
auditivos). A entrada é franca e a programação pode ser
de torcer pelos atletas paraolímpicos brasileiros, pois a ci-
passadas na gravidez.
consultada no site www.assimvivemos.com.br.
dade receberá, entre os dias 3 e 18 de novembro, o Mundial de Futebol de Sete, modalidade disputada por pessoas
CVI capacita para o mercado de trabalho
com paralisia cerebral. A Seleção Canarinho, que acabou
Projeto Integrarte oferece opções de lazer
de conquistar a medalha de ouro no Parapan, derrotando
O Centro de vida Independente do Rio de Janeiro
a Argentina na final, tem um novo desafio: o país busca
(CVI- RIO) realizará em outubro e novembro cursos de
Promover atividades que auxiliem no processo de rea-
seu primeiro mundial. Os jogos serão realizados no mes-
atendente voltados para pessoas com deficiência. As au-
bilitação e sociabilização de pessoas com deficiência, den-
mo local do Parapan, ou seja, no Complexo Esportivo de
las serão ministradas na Pontifícia Universidade Católica
tro de uma lógica inclusiva. Essa é a proposta do Projeto
Deodoro, na Vila Militar, Zona Oeste da cidade. Além de
(PUC-RIO), na Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea.
Integrarte, que desde 1994 oferece oportunidades de lazer
Brasil e Argentina, o torneio reunirá seleções de outros pa-
Informações sobre o curso no telefone (21)2512-1088.
e entretenimento adaptadas. Atualmente, o projeto oferece
íses com tradição no futebol, tais como Espanha, Holanda
quatro opções aos interessados: acampamento de férias
e Inglaterra.
(em janeiro e julho), acompanhamento terapêutico, Day
Camping (um dia no interior) e recebendo amigos. Maiores informações no endereço eletrônico www.projetointe-
Feira Reintegra reprogramada para 2008
Feiras
internacionais de equipamentos
para deficientes
A Reintegra – Feira Internacional de Reabilitação
e Acessibilidade, que aconteceria em novembro deste ano, foi reprogramada para setembro do ano que
grarte.org.
Outubro é o mês das duas maiores feiras mundiais de
vem. Segundo os organizadores do evento, a decisão,
equipamentos voltados para pessoas com deficiência físi-
estratégica, levou em conta a necessidade de conceder
ca. Estamos falando da MEDTRADE, que acontece entre os
maiores prazos para que visitantes de todo o Brasil pos-
dias 2 e 4, em Orlando, nos Estados Unidos, e da REHACA-
sam programar sua presença com antecedência, como
O fotógrafo Fred Carvalho, tetraplégico, está à frente
RE, de 3 a 6 do mesmo mês, em Düsseldorf, na Alemanha.
também para os expositores alocarem o investimento
do projeto “Cidades sobre rodas: João Pessoa, Olinda e
Informações sobre os dois eventos nos respectivos ende-
da participação no orçamento de 2008. A feira reunirá
Recife em Foco”, que resultará em um livro de fotografias e
reços eletrônicos: www.medtrade.com e www.rehacare.
instituições públicas, organizações privadas, profissio-
duas exposições em 2008. O livro constará de 100 fotos, tex-
de. Além de mostrarem as últimas novidades em produtos
nais especializados e empresas fornecedoras de servi-
tos em português, espanhol e inglês e apresentará a histó-
para deficientes, ambas as feiras abrem espaço debates a
ços e equipamentos para pessoas com deficiência ou
ria, cultura e beleza das três cidades através das lentes de
respeito do tema.
mobilidade reduzida.
Fotografia sobre rodas: a arte
de Fred Carvalho
CLASSILUTA
ARQUITETURA
Gabriela Reis
Designer de Interiores e
Arquitetura, São Paulo.
Projetos de interiores e
arquitetura em geral, lay
out e acompanhamento da
obra
Tel.: 11-9285-0387
[email protected]
DANÇA
Margareth Medeiros Teresa Taquechel
Experiência em projetos
de adaptação (deficientes
físicos.)
Santa Catarina, escritório
atuante em todo Brasil.
Tel.: 48 - 91712188
E-mail: [email protected]
Aulas de dança contemporânea e consciência do
movimento para pessoas
com ou sem deficiência
– Diretora da Pulsar Cia.
de Dança
Tel.: 21 – 99735534
teresataquechel@terra.
com.br
FISIOTERAPIA
Evelin D’Angelo
Fisioterapeuta –
pós-graduada em traumatoortopedia –
atende à domicilio –
Rio de Janeiro
Tel.: 21 9771-3186
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PERSONAL TRAINING PROJETOS WEB
Profª Carmen Marins Maria Teresa RodFisioterapeuta - pós gradu- Especializada pessoas com rigues de Moraes
Gisele Lopes
ada em traumato-ortopedia
atende à domícilio - Rio de
Janeiro Tel.: 21 9801-6983
E-mail: [email protected]
deficiência.
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NA LUTA
HSBC na luta pela inclusão
O HSBC está promovendo um programa para valorizar a diversidade na sociedade, incluindo a capacitação
e a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de
trabalho.
Em 2006, iniciaram com sete turmas, com cerca de
140 treinados. Hoje já são mais de 14 turmas, sete em
Na foto, uma palestra no Rio de Janeiro feita
Curitiba, três em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro,
pelo gerente de Diversidade do HSBC, Mau-
com 295 participantes nos três estados.
ro Raphael, para uma dessas turmas.
Caixa apresenta exposição de fotos
do Parapan
tora Imprint Gráfica (r$25, 140 páginas). A obra é um
Simpósio Sobre Distúrbios De Aprendizagem
relato romanceado da vida da família do autor com a
filha Aline, que tem síndrome de Down e é bailarina
O Colégio Notre Dame, em Ipanema, no Rio de Janeiro,
A Caixa Cultural Rio apresenta, até 21 de outubro, a ex-
clássica (tema de reportagem em nossa edição ante-
receberá no dia 27 de outubro o “Simpósio sobre Distúrbios
posição “Olhar Cúmplice Fotografias do Parapan”, fruto do
rior). O outro livro é “A Trajetória de uma Mãe Espe-
de Aprendizagem em uma Abordagem Inclusiva”, parceria en-
trabalho coletivo de nove fotógrafos da agência Imagens
cial”, de Antônia Yamashita (r$26, 123 páginas). Trata-
tre o Instituto de Desenvolvimento e Capacitação Profissional
do Povo, projeto do Observatório de Favelas, os quais re-
se de um relato verídico de uma mãe que viu seu filho
(IDCP) e a Editora WAK. O encontro terá como palestrantes
vezaram-se para documentar os Jogos Parapan-america-
se desenvolver de forma como ela jamais esperava.
Nadia Bossa (Dra. em Psicologia e Educação), Marta Relvas
nos. No texto em que apresenta as fotos do Parapan, Beth
Caetano, coordenadora do CVI-Rio (Centro de Vida Inde-
(psicanalista), Lou de Olivier (autora do livro “Distúrbios de
Oficina gratuita de capacitação de ledores
pendente do Rio de Janeiro) sugere que a partir dessa ex-
aprendizagem e comportamento”), Ruth Cohen (Dra. em Psicologia), Carla Gikovate (neurologista), Fátima Alvez (fono-
periência, pode-se criar “uma nova cultura do olhar sobre o
O Centro de Inclusão, Arte e Meio Ambiente (CIAMA),
audióloga e psicomotrista), Márcia Cavadas (fonoaudióloga e
diferente”. E ela justifica: “Impressiona-me a imensa força
em parceria com a Caixa, oferece a Oficina de Capacitação
Dra. em distúrbios da comunicação humana) e Olívia Porto
política e de resistência desses fotógrafos. A exposição é
de Ledores com o intuito de formar ledores
(psicopedagoga). Informações pelo telefone (21)2553-7524 ou
aberta para visitantes de terça a domingo, das 10 às 22h.
voluntários para a gravação de livros adaptados
A CAIXA Cultural fica na Av. Almirante Barroso, 25, Centro
para pessoas com deficiência visual. Serão oferecidas
(Metrô Carioca) – Rio de Janeiro.
apenas 20 vagas em cada praça àqueles que possuam
pelos sites www.idcp.pro.br e www.wakeditora.com.br.
Esporte e autismo debatidos em seminário
o ensino médio completo e sejam leitores assíduos. Na
“Na Luta” indica boas leituras
oficina, os alunos terão aulas práticas e teóricas sobre
Em conjunto com o Congresso Internacional de Autismo
questões ligadas à cegueira, técnica do livro falado, téc-
e o Encontro Ibero-americano de Educação Especial – CIAT
nicas de dicção e de boa leitura e manuseio do equipa-
2008, em Buenos Aires, Argentina, em novembro de 2008, será
Ler é o mais saudável dos hábitos. Tendo isso em
mento de gravação. A oficina, que aconteceu no Rio de
realizado também o “Segundo Seminário Internacional de
mente, “Na Luta” sugere aos leitores, a seguir, dois li-
Janeiro entre os dias 19 e 21 de setembro, segue agora
Esporte, Autismo e Deficiência”. O evento é destinado a pro-
vros que tratam de deficiência, cujos autores foram
para São Paulo (17 a 19 de outubro) e Brasília (24 a 26
fissionais do esporte, pais de crianças autistas e interessados
nossos colaboradores nesta edição. O primeiro é “A
de outubro). Informações e inscrições pelo e-mail livro-
em geral. Informações pelo e-mail: www.ciat2008.com.ar ou
Eficiência na Deficiência”, de João Tomaz da Silva, Edi-
[email protected]
[email protected].
“Na Luta” na Internet
Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut participam de enquete!
Fizemos nova enquete com a seguinte pergunta:
Quais matérias você mais gostou no 3º número do “Na Luta”?
Vejam o resultado após 131 votos:
- Na estrada, um desafio para os Paralamas do Sucesso: 14% dos votos.
- Brasil em busca do ouro no Parapan 2007: 13% dos votos
- Hotéis preocupados com acessibilidade e Debates: Célula – Tronco: 10% dos votos cada uma
Confira, nosso endereço é:
http://www.orkut.com/Community.
aspx?cmm=31216821 .
Faremos uma nova enquete sobre as
matérias deste novo número. Junte-se a
nós e participe!
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