AULA - Esporte Adaptado Vanilton
Transcrição
AULA - Esporte Adaptado Vanilton
ATIVIDADE FÍSICA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS Vanilton Senatore [email protected] A Educação Física Adaptada no Brasil 1986/1987 – Reformulação curricular CFE Perfil encontrado: nº escolas X disciplina Projeto SEED/MEC “Carta de Batatais” Atividade Física e o Esporte Adaptado O esporte adaptado no mundo. O esporte tem comprovada importância na qualidade de vida de qualquer pessoa e, sem dúvida, tem uma importância ainda maior para as pessoas com deficiência. A atividade esportiva contribui para o desenvolvimento físico de todas as pessoas mas é, principalmente, uma das mais poderosas ferramentas de ajuda na reabilitação e inclusão das pessoas com deficiências junto à sociedade. Mais que tudo, o esporte lhes propicia independência. O esporte para pessoas com deficiência existe há mais de 100 anos. Nos séculos 18 e 19 a contribuição das atividades esportivas foi maior no sentido da reeducação e da reabilitação das pessoas com deficiência. Depois da I Grande Guerra (1914/1918) a fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas. As primeiras notícias da existência de clubes esportivos para pessoas surdas datam de 1888, em Berlim, Alemanha. Em agosto de 1924 foram realizados, em Paris, os Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países europeus. Essa foi a primeira competição internacional para pessoas com deficiência. Durante o evento, no dia 24 de agosto, foi fundada o Comitê International des Sports Silencieux – CISS. O esporte Paraolímpico no mundo Em 1944, ainda durante a segunda grande guerra, o governo britânico contratou, entre outros, o neurocirurgião alemão, Dr. Ludwig Guttmann, para começar um trabalho de reabilitação para lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra. Dr. Guttmann, também uma vítima da guerra que como judeu foi obrigado a fugir da Alemanha nazista, marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionados aos veteranos de guerra, pelo uso da prática esportiva como parte do tratamento médico. O sucesso do trabalho motivou o Dr. Guttmann a organizar a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas.No dia 29 de julho de 1948 – exatamente a data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, aconteceu a competição denominada Stoke Mandeville Games. Em 1952, ex-soldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke Mandeville, e juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation – Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, dando inicio ao movimento esportivo internacional que viria a ser base para a criação do que hoje conhecemos como esporte paraolímpico. Oito anos depois, em 1960, incentivados pelo Dr. Antonio Maglio, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostio na Itália, o comitê organizador dos jogos de Stoke Mandeville aceitou o desafio e realizou os jogos em Roma logo após a realização dos Jogos Olímpicos. Usando os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das olimpíadas, 400 atletas de 23 paises participaram da primeira Paraolimpíada. A partir de Roma em 1960 e sempre a cada quatro anos, os jogos vêm sendo realizados de forma cada vez mais organizada e sempre com um número crescente de países participantes. Até os jogos de 1972 em Heildelberg, Alemanha, apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos. Em 1976 nas Paraolimpiadas de Toronto, Canadá, houve a inclusão dos atletas cegos e amputados e a partir de 1980 em Arnhem, na Holanda, a inclusão dos paralisados cerebrais. A décima segunda edição dos jogos aconteceu em Atenas, na Grécia, berço do movimento olímpico; Pequim, na China, está se preparando para receber a décima terceira edição dos jogos em 2008. Um dado importante e que demonstra a força do movimento e o seu crescimento contínuo foi o número de paises e atletas presentes em Atenas: 3.806 atletas representando 136 paises número maior do que os de Munique nos Jogos Olímpicos de 1972. O dinamismo e a força do movimento paraolimpico levou os organizadores a mais um desafio: os esportes de inverno e, em 1976, foi realizada a primeira Paraolimpíada de Inverno, evento que teve como sede a cidade de Ornskoldsvik, Suécia. A partir de então e até 1992 os jogos de inverno aconteceram no mesmo ano dos jogos de verão. Em 1994 o ciclo foi ajustado passando a ser realizado no mesmo ano dos Jogos Olímpicos de Inverno. A nona edição das Paraolimpíadas de Inverno aconteceu na cidade de Torino, Itália em 2006; Pelo uso constante nos parágrafos anteriores temos uma palavra que já nos é bastante familiar, mas que precisa ter sua origem esclarecida. A palavra Paraolimpico deriva da preposição grega “para” que significa ao lado, paralelo e da palavra “Olímpico“. Os jogos paraolimpicos começaram em paralelo aos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960. A palavra Paraolímpico era originalmente uma combinação de paraplégico e Olímpico. Entretanto com a inclusão de outros grupos de deficientes e a união das associações ao movimento olímpico, mostraram que agora os dois movimentos existem lado a lado. Desde seu início, em 1948, houve por parte dos organizadores dos jogos para as pessoas com deficiência uma grande preocupação em tornar a competição mais justa possível levando em consideração a situação médica de cada participante. Dessa forma, foram surgindo diferentes classes de competidores agrupadas por tipo de lesão. O que inicialmente era apenas uma classificação médica ganhou muito com a contribuição dada pelo professor de educação física, o alemão Horst Strohkendl. Com seus estudos baseados no desempenho dos atletas ele estabeleceu uma classificação funcional que tem por base a possibilidade de utilização da musculatura e das articulações preservadas de cada atleta. Essa junção da classificação médica e funcional tornou ainda mais adequada a divisão das classes de competição permitindo que, em praticamente todas as modalidades esportivas, os atletas possam participar em condições mais próximas em relação às suas deficiências; Com isso os resultados obtidos passam a ser conseqüência natural do talento e do treinamento de cada um. A contribuição do Professor Strohkendl foi de grande valia para que o princípio da igualdade pelo esporte pudesse ser atingido. A participação dos atletas com deficiência mental no movimento paraolimpico. ► A primeira participação ocorreu em algumas provas de atletismo como demonstração nos jogos de Atlanta, USA, em 1996. ► Nos Jogos de Sidney, Austrália, 2000, foram oficialmente incluídos nas modalidades de Atletismo, Basquetebol, Natação e Tênis de Mesa. ► Em face aos sérios problemas de irregularidades e fraudes encontradas quanto à elegibilidade de alguns atletas presentes em Sidney, foi definida a suspensão dos DM nas atividades promovidas pelo IPC até que se encontre um meio eficaz e seguro de definir sua elegibilidade e por isso eles não participaram dos Jogos de Atenas 2004. ► Em decisão recente do IPC publicada em junho de 2006, foi reafirmada a definição de não participação dos atletas com deficiência mental até os Jogos Paraolímpicos de Pequim – 2008. ► A partir de 2009 o sistema de elegibilidade passará a ser de responsabilidade de cada modalidade esportiva, cabendo às mesmas definir, se for o caso, as normas de participação dos atletas deficientes mentais. Entidades mundiais nas diversas áreas de deficiência em ordem cronológica de fundação 1924 – CISS - Comité International des Sports Silencieux – O CISS é a mais antiga entidade internacional em funcionamento na área do esporte das pessoas com deficiências. Em maio de 2001 o COI - Comitê Olímpico Internacional deu autorização ao CISS para alterar o nome dos seus jogos que passaram a ser denominados Deaflympics Games, que em tradução livre pode ser denominado Jogos Olímpicos dos Surdos. O representante brasileiro é a CBDS – Confederação Brasileira de Desportos para Surdos. Site: www.deaflympics.com 1952 - ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation – Criada com o nome de Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, destinava-se ao esporte para deficientes em cadeira de rodas e sua ação esportiva estava mais concentrada no Basquetebol. Posteriormente passou a ser denominada ISMWSF - International Stoke Mandeville Wheelchair Sports Federation – Federação Internacional de Stoke Mandeville para Esportes em Cadeira de Rodas. Em novembro de 2004 a ISMWSF e a ISOD se uniram para formar a IWAS - International Wheelchair and Amputee Sports Federation - Federação Internacional de Esportes para Cadeiras de Rodas e Amputados. Atualmente é representada, interinamente, no Brasil pelo CPB Site: www.iwas.org.uk 1964 – ISOD – International Sport Organization for the Disabled – Em 1960 com o apoio da Federação Mundial para ExCombatentes, foi criado um grupo de trabalho internacional com a finalidade de realizar estudos sobre os problemas do esporte para pessoas com deficiências. Uma das indicações do grupo resultou na criação, em 1964, da ISOD – Organização Internacional de Esportes para Deficientes. A ISOD foi fundada como uma federação esportiva internacional para atender aos deficientes visuais, amputados, paralisados cerebrais e paraplégicos não contemplados pela Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville - ISMGF. A ISOD começou suas atividades com 16 paises filiados e foi muito importante no trabalho que resultou na inclusão dos cegos e amputados nas Paraolimpíadas de Toronto, Canadá em 1976 e dos paralisados cerebrais nas Paraolimpiadas de Arnhem, Holanda em 1980. A ISOD, que havia ficado exclusivamente com os amputados se uniu, em 2004, à ISMWSF formando a IWAS - International Wheelchair and Amputee Sports Federation - Federação Internacional de Esportes para Cadeiras de Rodas e Amputados. 1968 – Special Olympics International – Destinada ao esporte para deficientes mentais e fundada pela Joseph Kennedy Foundation tem como principal característica oferecer esportes sem a preocupação do altorendimento. Com um sistema de organização próprio em que os atletas de cada esporte são agrupados por nível de rendimento esportivo, permite que todos os deficientes mentais, independentemente do seu grau de deficiência, possam participar em condições de igualdade. Pelas características da deficiência mental tem sido a forma mais adequada de oferecer atividade esportiva para esse segmento. No Brasil sua representante é a Special Olympics Brazil. Site: www.specialolympics.org 1978 – CP-ISRA – Cerebral Palsy – International Sports and Recreation Association . Com base no trabalho desenvolvido pela ISOD a partir de 1964 a CP-ISRA foi fundada em 1978 para como entidade internacional especifica para o esporte e a recreação das pessoas com paralisia cerebral. Sua filiada no Brasil é a ANDE – Associação Nacional de Esportes para Deficientes. Site: www.cpisra.org 1981 – IBSA - International Blind Sports Federation – Destinada especificamente ao esporte para cegos e deficientes visuais foi fundada em Paris e tem sua sede na Espanha após um período de mais de 20 anos em que o segmento havia ficado sob a organização da ISOD. No Brasil sua entidade filiada é a CBDC – Confederação Brasileira de Desportos para Cegos. Site: www.ibsa.es 1982 – ICC – International Co-ordination Committee of World Sports Organizations for the Disabled – O rápido desenvolvimento do esporte para pessoas com deficiência deu origem a muitas competições nas diversas áreas de deficiência propiciando o surgimento dos eventos multideficiências e entre eles os de maior importância, as Paraolimpiadas com a inclusão, a partir dos jogos de Toronto em 1976, de atletas com deficiência visual, cegos e amputados e dos jogos de Arnheim em 1980 com os paralisados cerebrais. Com essa nova situação de participação de diferentes áreas de deficiência, foi reforçada a necessidade da criação de um organismo para administrar e realizar os eventos com maior eficácia e ao mesmo tempo também pudesse ter voz junto ao Comitê Olímpico Internacional. Assim, quatro das entidades internacionais existentes criaram em 1982 o ICC – Comitê Internacional de Coordenação das Organizações Mundiais de Esportes para Deficientes, inicialmente composto pelos presidentes da CP-ISRA, IBSA, ISMGF e ISOD, um secretário-geral e um membro adicional. O CISS e a INAS-FID juntaram-se ao comitê em 1986. Por decisão própria o CISS se retirou do movimento paraolimpico em 1995 preferindo continuar realizando seus eventos de forma independente e isoladamente. Seguindo seus objetivos o ICC, com a interlocução e o apoio do COI organizou as Paraolimpiadas de Seul, Coréia, 1988, usando, pela primeira vez de forma oficial, as mesmas instalações dos Jogos Olímpicos promovidos pelo Comitê Olímpico Internacional. O sucesso no trabalho e a crescente pressão dos paises membros por mais representatividade no ICC levaria à fundação, em 1989, de uma nova instituição democraticamente organizada, o IPC - International Paralympic Committee que passou a ser responsável pelas atividades do movimento paraolímpico em todo o mundo. 1986 – INAS-FID – International Sports Federation for Persons with Intellectual Disability – Destinada ao esporte de altorendimento para deficientes mentais foi fundada na Holanda. Desde sua criação vem buscando uma forma de definição de elegibilidade que evite a participação de atletas que não sejam efetivamente portadores de deficiência mental. Na única participação oficial em uma paraolimpiada ocorrida em 2000 nos Jogos Paraolímpicos de Sydney, Austrália, houve a comprovação de fraudes na equipe de basquetebol da Espanha que havia conquistado a medalha de ouro. Alguns atletas da equipe não eram deficientes mentais e, simplesmente, haviam fraudado laudos e exames para participarem do evento. A ABDEM – Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais é sua filiada brasileira. Site: www.inas-fid.org 1992 – WOVD – World Organization Volleyball for Disabled – Organização Mundial de Voleibol para Deficientes. O jogo de voleibol sentado para deficientes surgiu na Holanda em 1956 e foi aceito como esporte no programa da ISOD em 1978. Em 1981 a ISOD estabeleceu uma seção de Voleibol em sua estrutura que em 1992 foi transformada em entidade independente denominada World Organization Volleyball for Disabled. A WOVD tem como sua filiada brasileira a ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolimpico. Site: www.wovd.info 1993 - IWBF - International Wheelchair Basketball Federation Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Criada a partir de um desmembramento da ISMGF é a responsável internacionalmente pelo basquetebol em cadeira de rodas. Tem como filiada brasileira a CBBC – Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Site: www.iwbf.org IPC – International Paralympics Committee Fundado em 22 de setembro de 1989 na cidade de Dusseldorf, Alemanha, pelas quatro entidades, CP-ISRA, IBSA, INAS-FID, ISOD e ISMWSF, que em 1982 haviam se juntado para criar o ICC. É a entidade máxima do movimento paraolímpico mundial o IPC é responsável pela organização e execução dos Jogos Paraolímpicos de verão e de inverno, das competições multideficiências como os campeonatos mundiais e por projetos de fomento desenvolvidos ao redor do mundo. Os Jogos Paraolimpicos de Inverno de Lillehammer, em 1994, foi o primeiro evento realizado sob a responsabilidade direta do IPC. Apesar do IPC ter menos de 20 anos de existência oficial, o número de paises que hoje são filiados atesta o rápido e crescente desenvolvimento do movimento paraolímpico em todo o mundo, como ficou comprovado nos Jogos Paraolímpicos de Atenas 2004, em que 3.806 atletas de 136 paises estiveram participando da competição. O Brasil é representado oficialmente junto ao IPC pelo CPB – Comitê Paraolimpico Brasileiro. Uma das ações de maior impacto foi a assinatura em 19 de junho de 2001 de um acordo entre o IPC e o COI – Comitê Olímpico Internacional que tornou obrigatório a partir de Pequim 2008 que a cidade ao apresentar sua candidatura para a os Jogos Olímpicos de Verão e Inverno englobe na mesma proposta a realização das Paraolimpiadas; Assim, o que vinha sendo feito de maneira informal desde Seul em 1988 passa a ser pré-requisito na candidatura de qualquer cidade a sede dos jogos olímpicos. O estreitamento das relações entre o movimento olímpico e paraolimpico se dá também nas diversas Comissões e Comitês do COI e do IPC onde ambos participam em conjunto na busca de melhores caminhos para o esporte mundial. A evolução do esporte paraolimpico também contribui para a modernização da estrutura organizacional do IPC que hoje tem a sua Assembléia Geral como principal poder de decisão e está constituída por quatro IOSDs - Entidades Internacionais por Área de Deficiência, seis IFs - Federações Esportivas Internacionais, onze IPC Sports – esportes administrados diretamente pelo IPC por serem multideficiência, sete IOSD Sports – esportes sob responsabilidade das IOSDs por serem para uma única deficiência, quatro ROs - organizações regionais, duas IPC Regionais e cento e sessenta e um NPCs - Comitês Paraolímpicos Nacionais, entre eles o CPB - Comitê Paraolímpico Brasileiro. O IPC tem um dos mais completos sítios sobre o movimento esportivo das pessoas com deficiência e por isso recomendamos sua a visita para conhecimentos e consultas: www.paralympic.org O esporte Adaptado no Brasil Podemos considerar como marco inicial do movimento esportivo para deficientes NO Brasil a exibição da equipe de Basquetebol em Cadeiras de Rodas “PAN JETS”, formada por funcionários deficientes da Pan American World Airlines. Eles fizeram duas apresentações em novembro de 1957 no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo e em seguida no Ginásio do Maracanãzinho no Rio de Janeiro. A vinda dos americanos foi possível graças aos contatos mantidos por SÉRGIO SERAPHIM DEL GRANDE, um jovem esportista de São Paulo que ao se acidentar em 1951 foi para os Estados Unidos da América em busca de tratamento. Sua passagem pelo Instituto Kesller em Wiste Orange, New Jersey, o fez conhecer a reabilitação através do esporte. Sérgio retornou ao Brasil no final de 1955 e no ano seguinte apresentou ao Dr. Renato Bonfim, um dos fundadores da AACD – Associação de Atenção a Criança Defeituosa de São Paulo, sua experiência com a reabilitação através do esporte. Com o sucesso alcançado nas apresentações e incentivado por amigos Sérgio formou a primeira equipe brasileira de Basquetebol em Cadeiras de Rodas denominada “AZES DA CADEIRA DE RODAS” que fez a sua estréia em exibição pública em fevereiro de 1958 no Ginásio de Esportes do “Conjunto Desportivo Baby Barioni” na Água Branca em São Paulo. O passo seguinte foi naturalmente a criação do primeiro clube voltado ao esporte para pessoas com deficiência. Em 28 de julho de 1958, aconteceu a assembléia de fundação do CPSP - Clube dos Paraplégicos de São Paulo, mais uma iniciativa de Sérgio Seraphim Del Grande que podemos considerar, sem dúvida alguma, como um dos maiores nomes do esporte paraolimpico brasileiro. O CPSP permanece em efetiva atuação até a presente data oferecendo iniciação, treinamento e oportunidades de competição para deficientes físicos. Sua primeira diretoria eleita teve o Dr. Fernando Boccolini como presidente e Sérgio Seraphim Del Grande como vice. Site: www.cpsp.com.br No mesmo ano de 1958 na cidade do Rio de Janeiro foi criado o Clube do Otimismo, idealizado por ROBISON SAMPAIO DE ALMEIDA outro grande nome de destaque no esporte paraolimpico e que contou com o apoio do Professor Aldo Micolis. Em 1959 o CPSP e o Clube do Otimismo realizaram o primeiro jogo de basquetebol em cadeira de rodas ente equipes brasileiras. Do pioneirismo do CPSP em1958 aos dias de hoje, centenas de entidades de prática esportiva para as pessoas com deficiência foram sendo criadas. Essas associações e clubes são, como em todo sistema esportivo, a base onde o esporte é efetivamente praticado desde sua iniciação até as competições de mais alto nível. Sem sua existência, sem o trabalho muitas vezes silencioso e de completa dedicação, na maioria dos casos voluntariamente, dos seus dirigentes e técnicos não teríamos os atletas para fazerem a historia do esporte adaptado em nosso país. Organizados por deficiência ou por esporte eles são filiados às diversas entidades dirigentes estaduais e nacionais e garantem o funcionamento continuo do esporte paraolimpico brasileiro. Os primeiros 20 anos do movimento brasileiro tiveram como fator principal à dedicação e a abnegação de alguns atletas, dirigentes, entidades e profissionais de Educação Física, que não mediram esforços no firme propósito de garantir sustentabilidade ao ainda frágil e incipiente desporto paraolimpico em nossa terra. Até o final da década de 80, o movimento foi conduzido de forma heróica e conseguiu crescer e fincar raízes graças a um grupo de pessoas as quais rendemos as homenagens e os agradecimentos. Sem demérito a tantos outros nos permitimos citar apenas três pessoas que já nos deixaram e muito bem simbolizaram essa época de lutas: José Gomes Blanco, Sergio Del Grande e Robinson Sampaio de Almeida. No final da década de 80 acompanhando os acontecimentos internacionais e para organizar adequadamente a participação brasileira nos Jogos Paraolimpicos de Seul - 1988, as entidades nacionais existentes, ABDC -Associação Brasileira de Desporto para Cegos, presidida por Mario Sérgio Fontes, ABRADECAR Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas , sob a presidência de José Gomes Blanco e a ANDE - Associação Nacional de Desporto para Deficientes, tendo como presidente o Professor Aldo Miccolis, buscaram o apoio do Governo Federal através da SEED/MEC - Secretaria de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação e da CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Deficiente. Em reunião realizada no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro em 11 de abril de 1988, o saudoso José Gomes Blanco, então Presidente da SADEF – RJ e da ABRADECAR, propôs a criação do Comitê Paraolimpico Brasileiro. Após consultas ao COB – Comitê Olímpico Brasileiro e ao CND – Conselho Nacional dos Desportos, órgão do MEC - Ministério da Educação e Cultura e responsável máximo pela regulamentação do esporte brasileiro, foi verificada a impossibilidade legal da criação do comitê em função das restrições da Constituição vigente, da Lei Nº. 6.251 de 1975 e o Decreto Nº. 80.228 de 1977 que, na época, normatizavam a prática esportiva em nosso país. Como alternativa para o problema e por iniciativa da CORDE foi constituída, por meio da Portaria Interministerial Nº 1207/88 – SEDAP / Secretaria da Administração Pública, a Comissão Paradesportiva Brasileira formada por dois representantes do Governo Federal, um da SEED / MEC e um da CORDE e pelos presidentes da ABDC, ABRADECAR e ANDE. A comissão, presidida pelo representante da CORDE, assumiu a responsabilidade pela organização administrativa e participação da delegação brasileira nos Jogos de Seul. O trabalho da comissão foi apresentado oficialmente ao público com um ato solene no Salão Nobre do Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1988. A proposta de criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro, discutida na comissão, foi apresentada oficialmente durante a solenidade firmando-se o propósito que as ações deveriam ser intensificadas após a promulgação da nova Constituição Brasileira em debate na Assembléia Nacional Constituinte. A constituição foi promulgada em 3 de outubro de 1988 e a partir dela foi iniciado o processo de reforma da Lei Nº 6.251/75 e do Decreto Nº 80.228/77 finalizado com a sanção da Lei Nº 8.672 de 6 de julho de 1993 que ficou conhecida como Lei Zico. O sucesso da participação brasileira nas Paraolimpíadas de Seul-88, quando foram conquistadas 27 medalhas, 04 de ouro, 09 de prata e 14 de bronze, contribuiu para tornar o movimento paraolimpico mais conhecido em nosso país e foi decisivo na formulação do modelo de administração esportiva adotado pelo governo eleito em 1989 que ao assumir em março de 1990 criou a Secretaria dos Desportos da Presidência da República – SEDES tendo na sua estrutura organizacional o Departamento de Desportos para Pessoas Portadoras de Deficiência – DEPED. A SEDES teve como primeiro Secretário Arthur Antunes Coimbra – ZICO, que, além de amigo pessoal de José Gomes Blanco, era um entusiasta e incentivador do esporte paraolimpico. A partir de 1991 a SEDES incluiu em seu orçamento anual, pela primeira vez na história do governo brasileiro, recursos específicos para o esporte das pessoas portadoras de deficiência. Em razão da legislação esportiva vigente e ainda não reformulada que dificultava as ações para a fundação do Comitê Paraolimpico, a SEDES resolveu, em janeiro de 1991, re-editar a Comissão Interministerial, mantendo o mesmo formato adotado em 1988 com a participação de dois representantes do Governo Federal, SEDES e CORDE, e os três presidentes das entidades nacionais de desporto para deficientes envolvidas, ABDC, ABRADECAR e ANDE. A Comissão ficou, mais uma vez, com a responsabilidade pela coordenação dos preparativos e da participação da delegação brasileira nos Jogos Paraolímpicos de Barcelona - 1992 tendo trabalhado durante 18 meses em estreita parceria com as três entidades nacionais. Em Barcelona os atletas paraolimpicos brasileiros conquistaram 07 medalhas, 03 de ouro e 04 de bronze. Os trabalhos desenvolvidos pelas duas comissões em 1988 e 1991/1992 além de se pautarem pelas normas e procedimentos adotados internacionalmente pelo ICC e IPC, foi base sólida para o estabelecimento de uma nova postura no movimento paraolimpico brasileiro. Essa base e a nova estrutura legal do esporte brasileiro permitiram que as entidades nacionais, espelhadas na tendência mundial e na experiência adquirida na preparação e participação nos Jogos Paraolímpicos de 1988 e 1992, caminhassem de forma determinada no processo que finalizou, naturalmente, com a fundação do CPB - Comitê Paraolímpico Brasileiro em 09 de fevereiro de 1995. A criação oficial do CPB propiciou ao Brasil o inicio de um segundo estágio no seu ainda jovem movimento paraolímpico. Com ações que se caracterizaram pela busca da consolidação e do desenvolvimento com mais qualidade, nosso pais conquistou na Paraolimpíada de Atlanta - 1996, 21 medalhas sendo 02 de ouro, 06 de prata e 13 de bronze. Mais quatro anos e nos Jogos de Sidney - 2000 nosso país conseguiu 22 medalhas, 06 de ouro, 10 de prata e 06 de bronze, com evidências claras de que o trabalho desenvolvido estava no rumo certo. A garantia dos recursos públicos estabelecida no orçamento federal a partir de 1991 e a entrada em vigor, em julho de 2001, da Lei N° 10.264/2001, que definiu o repasse continuado de recursos financeiros das loterias exploradas pela Caixa Econômica Federal para o esporte brasileiro, incluído o esporte paraolimpico, foram decisivos para que o movimento iniciasse um novo estágio de organização e desenvolvimento. A Lei AGNELO / PIVA, como é conhecida a Lei N 10.264/2001, representa o grande diferencial da história paraolimpica brasileira. Ela tem assegurado ao movimento a condição fundamental de trabalho permitindo a formulação e o desenvolvimento de um planejamento estratégico que está contribuindo, de forma incontestável, para sua consolidação e expansão em todo o país. Com ela temos, a partir de 2001, o início do terceiro e mais importante estágio até o momento do paraolimpismo brasileiro. Como demonstram os resultados alcançados nos Jogos de Atenas-2004, o Brasil está trilhando, com decisão e firmeza, o caminho correto na consolidação do movimento paraolimpico. Foi motivo de orgulho e honra para todos os brasileiros poder acompanhar nossos atletas na conquista do melhor resultado da história paraolimpica de nosso país no berço secular do movimento olímpico mundial. Foram 33 medalhas, 14 de ouro, 12 de prata e 07 de bronze, resultado que, por si só, retrata a luta e obstinação desses heróis guerreiros. Em 2005 começou a vivência de mais um ciclo paraolimpico que se estenderá até Pequim – 2008. Sem traumas e angústias sabemos que alguns dos nossos heróis, dentro de uma lógica natural da vida, já começam a sentir o peso dos anos e deverão, em algum tempo, estar cedendo seus lugares aos novos campeões. É preciso que o trabalho de busca desses novos talentos seja constante e estruturado para garantir que o processo natural de renovação não seja interrompido. Durante a vigência da Lei Nº. 6.251/1975, e do Decreto Nº. 80.228/1977, a criação das entidades dirigentes para o esporte das pessoas portadoras de deficiência fossem elas municipal, estadual ou nacional, dependia de aprovação prévia do CND – Conselho Nacional de Desportos que emitia deliberações autorizando sua existência. A base legal do CND, o Decreto Nº. 80.228/1977, preceituava em seu Artigo 186: “A organização das entidades dirigentes e das atividades desportivas praticadas por paraplégicos, surdos, cegos e excepcionais, será estabelecida de acordo com normas fixadas pelo Conselho Nacional de Desportos, cabendo a este celebrar convênios com órgãos de outros Ministérios, ou entidades a eles vinculados, quando convier, inclusive para a obtenção de recursos.” Entidades criadas para administrar o esporte para pessoas com deficiência em nosso país: ANDE - Associação Nacional de Desporto de Deficientes Fundada em 1975 na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de atender aos atletas de todas as áreas de deficiência. Seu primeiro presidente foi Professor Aldo MIccolis. Com o desenvolvimento do esporte adaptado no Brasil foram sendo criadas as entidades por áreas de deficiência ficando a ANDE como responsável pelos atletas portadores de paralisia cerebral e lês autres. Internacionalmente está filiada a CP-ISRA e nacionalmente ao CPB sendo responsável no movimento paraolimpico pelos esportes da bocha e futebol de sete. Site www.ande.org.br ABRADECAR - Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas A Deliberação 03/82 do CND – Conselho Nacional de Desportospublicada no Diário Oficial da União em 31 de março de 1982 autorizou a criação da ABRADECAR, que teve como seu primeiro presidente José Gomes Blanco. A entidade surgiu para atender as modalidades esportivas praticadas por usuários de cadeira de rodas. Sua ação inicial mais forte se concentrou no Basquetebol, Atletismo e Natação. Filiada em nível nacional ao CPB representa hoje no movimento paraolimpico as modalidades de Esgrima e Rugby. Site: www.abradecar.org.br CBDS - Confederação Brasileira de Desporto para Surdos – A CBDS teve a sua criação autorizada pelo CND – Conselho Nacional de Desportos por meio da Deliberação Nº. 07/82 publicada no Diário Oficial da União em 17 de setembro de 1982. Seu primeiro presidente foi o Sr. Sentil Delatorre. A CBDS representa o Brasil no CISS- Comitê Internacional de Esportes de Surdos. Por decisão própria da entidade internacional os surdos realizam seus próprios jogos e não participam do movimento paraolimpico. Site: www.surdos.com.br/cbds ABDC - Associação Brasileira de Desporto para Cegos A Deliberação 14/83 editada pelo CND – Conselho Nacional de Desportos em 09 de dezembro de 1983 e publicada no Diário Oficio da União em 26 de dezembro de 1983 autorizou a criação da ABDC. Seu primeiro presidente foi o Professor Aldo Micolis. Em dezembro de 2006 a entidade decidiu em Assembléia Geral alterar sua denominação para Confederação Brasileira de Desportos para Cegos – CBDC. É filiada internacionalmente a IBSA e nacionalmente ao CPB. No movimento paraolimpico é responsável pelas modalidades de Futebol de Cinco, Goalball e Judô. Sua sede está situada na cidade de São Paulo. Site www.cbdc.org..br ABDEM - Associação Brasileira de Desporto de Deficientes Mentais Deliberação Nº. 04/85 editada pelo CND – Conselho Nacional de Desportos em 06 de março de 1985 e publicada no Diário Oficial da União em 20 de março do mesmo ano, autorizou a criação da ABDEM sob responsabilidade da Federação Nacional das APAES. Entretanto somente em 1989 a entidade entrou em funcionamento oferecendo esportes para as pessoas com deficiência mental. Filada internacionalmente a INAS-FID e no Brasil ao CPB tem como modalidades paraolimpicas o Atletismo, Basquetebol, Natação e Tênis de Mesa.. Site: www.abdem.com.br ABDA - Associação Brasileira de Desporto para Amputados Fundada em 1990 para desenvolver o esporte de amputados tem sua atuação basicamente voltada para o futebol. Foi uma das entidades presentes na criação do Comitê Paraolimpico Brasileiro em 1995 mas deixou de ser filiada ao CPB por não ter vinculação internacional e ainda pelo fato do futebol de amputados não ser um esporte reconhecido oficialmente pelo IPC – Comitê Paraolimpico Internacional. Site: www.abda.org.br AOEB – Associação Olimpíadas Especiais Brasil Criada em Brasília, DF, em dezembro de 1990 e foi até o ano de 2002 a representante oficial do Brasil junto a SOI - Special Olympics International, entidade internacional que desenvolve programas esportivos para pessoas com deficiência mental voltados para o esporte de participação sem preocupação com o alto rendimento. A partir de 2003 foi substituída por uma nova organização criada pela SOI com o nome de Special Olympics Brazil que tem sede em São Paulo, SP. Site: www.specialolympicsbrasil.org.br CBBC – Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas Seguindo a tendência do movimento paraolimpico internacional que caminha para ter sua representação por esportes e não mais por área de deficiência, foi fundada em dezembro de 1997 a CBBC - Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas. A CBBC é uma das entidades filiadas ao CPB e internacionalmente seu vínculo é com a IWBF - Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Site: www.cbbc.org.br CBTMA - Confederação Brasileira de Tênis de Mesa Adaptado Em maio de 2000 tivemos a fundação da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa Adaptado com o objetivo de promover e incentivar a modalidade do Tênis de Mesa Adaptado, praticado pelos atletas com deficiência física motora. Por ainda não haver uma entidade internacional que comande o esporte que continua sob a responsabilidade do IPC, a CBTMA é vinculada ao CPB para o desenvolvimento da modalidade. Site: www.tenisdemesaparaolimpico.br.gs ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolimpico Foi criada em 2003 a ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolimpico. A ABVP está filiada no Brasil ao CPB e internacionalmente a WOVD – Organização Mundial de Voleibol para Deficientes. Site: www.voleiparaolimpico.org.br PARAOLÍMPICOS DO FUTURO - Projeto de Desenvolvimento do Desporto Paraolímpico em Nível Escolar - Crianças e adolescentes são o futuro do Brasil? - Barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência? - O esporte como importante meio de inclusão. - O projeto Paraolímpicos do Futuro visa implantar, em âmbito nacional, a prática do esporte para pessoas com deficiência em escolas do ensino fundamental e médio, públicas e privadas. - A busca de novos talentos deve ser constante e estruturada para garantir que o processo natural de renovação dos atletas não seja interrompido. - Este projeto propõe resultados em médio e longo prazo, e poderão ser sentidos a partir de 2008, com a realização dos I Jogos Paraolimpicos Escolares Brasileiros. - Lei N° 10.264/2001 - determinação legal que destina parte dos recursos para o esporte escolar. PARAOLÍMPICOS DO FUTURO Seminário de Capacitação dos Professores Campo Grande - MS PARAOLÍMPICOS DO FUTURO Seminário de Capacitação dos Professores Campo Grande - MS PARAOLÍMPICOS DO FUTURO 1º Campeonato Paraolímpico Escolar Brasileiro Atletismo e Natação PARAOLÍMPICOS DO FUTURO 1º Campeonato Paraolímpico Escolar Brasileiro Atletismo e Natação PARAOLÍMPICOS DO FUTURO 1º Campeonato Paraolímpico Escolar Brasileiro Atletismo e Natação PARAOLÍMPICOS DO FUTURO 1º Campeonato Paraolímpico Escolar Brasileiro Atletismo e Natação
Documentos relacionados
Lesões traumato-ortopédicas nos atletas paraolímpicos
social das pessoas com deficiência, tem recentemente atingido o reconhecimento da sociedade como esporte de alto nível, com a participação crescente da mídia, patrocinadores e audiência, aumentando...
Leia mais