Apagou-se - Fátima Missionária

Transcrição

Apagou-se - Fátima Missionária
mundo missionário
Apagou-se
um apóstolo
de vontade
férrea e tenaz
Na madrugada de 18 de Dezembro, com 85 anos e 54
de sacerdócio, o missionário
da Consolata, padre Augusto
Fatela, deixou-nos. Partiu serena e silenciosamente para a
morada daqueles que porfiaram tenazmente em seguir a
chamada do Senhor da messe. Deixou em herança, aos
seus irmãos missionários, a
dor e um grande exemplo de
paixão pela missão. A partir
de 2001, viveu em Fátima,
tendo aí começado o seu calvário. Carregou a pesada cruz
de Alzheimer, que não deixava de progredir, tolhendo-lhe
pouco a pouco os movimentos e o usa da fala. Sentado na
sua cadeira de rodas, a cabeça
curva sobre o peito, era fácil
perceber o que se passava naquele coração que já só podia
sorrir e chorar lá no fundo do
seu ser envolto na solidão.
Natural de Meimoa, Pena-
macor, nasceu a 13 de Julho
de 1925. Foi no seminário de
Beja que de repente, veio ao
seminarista Augusto Fatela
uma ideia que não mais o
largou. Já tinha três irmãos
sacerdotes diocesanos, pois
então iria ele para outras
terras como missionário.
Pequeno de estatura, mas
ferrenho de vontade, quando se lhe metia uma ideia na
cabeça, não era fácil mudar-lha. Entrou para os Missionários da Consolata em 1953
e foi ordenado sacerdote em
1956, em Fátima, pelo então
bispo de Beja, José do Patrocínio Dias. Desenvolveu uma
intensa actividade missionária, desde professor a superior nos vários seminários da
Consolata em Portugal. No
Canadá, trabalhou com o seu
irmão, padre Frederico, que
era pároco dos portugueses em Montreal. De volta a
Portugal, foi por vários anos
director do Hotel Pax, em
Fátima, tendo sido eleito superior provincial, em 1971.
Mas o olhar e o coração estavam longe: em 1974, partiu
para as missões de Moçambique. Eram tempos difíceis,
de revolução, ambiente ideal
para a sua força de vontade.
Delicado e esperto, e usando
os fracos meios ao seu dispor, soube contornar de maneira admirável dificuldades
perigosas para dar ao seu
povo os direitos humanos
e religiosos que lhe pertenciam. Cobriu várias tarefas
em diversas cidades, desde
Maputo até Lichinga, no
norte do país. A saúde fragilizada forçou-o a regressar a
Portugal para descansar das
canseiras apostólicas.
Migrantes afegãos com os olhos na Europa arriscam tudo em busca de uma vida melhor
FÁTIMA MISSIONÁRIA
08
Não há riscos nem custos que façam desistir os refugiados afegãos de conseguir chegar à Europa. Quando não lhes resta senão
a pobreza e a incerteza política, não há como pôr-se a caminho e
suportar os perigos da arriscada viagem. Foram quase 30 mil os
pedidos de asilo político em 2009, o que representa um aumento de 45 por cento relativamente ao ano anterior. Estes números das Nações Unidas não incluem os refugiados por motivos
económicos, que são bem mais numerosos. A maior parte deles
atravessam as fronteiras sem documentos de viagem válidos,
arriscando-se a serem tratados duramente pelas autoridades
dos países de passagem. Mesmo que consigam chegar ao seu
destino, mais de metade vêem os seus pedidos recusados. Tudo
para tentarem fugir a um futuro sombrio. No Afeganistão, “toda
a gente é pobre, excepto os senhores da guerra, os criminosos e
os ministros”, confessa um afegão em busca de asilo.
JANEIRO 2011
Tobias Oliveira,
NAIROBI, Quénia
Quénia 2011
Ano de justiça
África do Sul na entrega do Nobel da Paz representa África
O opositor chinês Liu Xiaobo não pode
receber pessoalmente, em Oslo, o Nobel da Paz de 2010. Nem sequer a sua
esposa, Liu Xia, em prisão domiciliária, desde a atribuição do prémio em
Outubro, foi autorizada a representar
o ex-professor de 54 anos. Mais de 250
dissidentes chineses no exílio marcaram
presença na cerimónia, juntamente com
uma parte do corpo diplomático acreditado na capital da Noruega. Reuniram-se diante de duas cadeiras vazias,
símbolo eloquente, que “demonstra que
o prémio foi bem atribuído”, declarou
o presidente do comité Nobel, Thorbjoern Jagland. Antiga figura de proa do
movimento de Tiananmen, de 1989, Liu
Xiaobo foi condenado, no dia de Natal
de 2009, a 11 anos de prisão, acusado de
«subversão do poder do Estado», depois
de ter redigido a chamada «Carta 08»,
reclamando a democratização do gigante asiático. Pressionando os países amigos, a China tentou, de todos os modos,
desvalorizar e até boicotar a cerimónia.
Entre os seis países africanos convidados pela academia do Nobel, apenas a
África do Sul respondeu favoravelmente.
No total, foram 19 os países com embaixada em Oslo que declinaram o convite,
desde a Rússia a Cuba, Iraque, Venezuela e Afeganistão. Alguns, como a Sérvia,
invocaram claramente a necessidade de
preservar os laços com a China.
Frio e neve debilitam crianças do Paquistão
Temperaturas baixas, casas que deixam
entrar o frio por todos lados, após as
inundações, provocam tosse e febre nas
crianças. O Inverno rigoroso vai isolar
diversas regiões e o frio provocará “um
aumento sensível de doenças respiratórias agudas, agravadas pela desnutrição,
responsáveis pela mortalidade infantil”,
refere o organismo das Nações Unidas
para a infância. “Temos a impressão que
o resto do mundo esqueceu as crianças do Paquistão. Antes, ainda chegavam algumas ajudas a conta-gotas, mas
agora não chega quase nada”, explica a
responsável daquele organismo. Os médicos presentes não têm mãos a medir.
Aumenta o número de pessoas “que nos
procuram porque sofrem de infecções
das vias respiratórias superiores e de
outras doenças”. Vivem em tendas, têm
falta de alimentos, enfrentam um frio
glacial: “As crianças não comem o suficiente, o que aumenta a sua vulnerabilidade às pneumonias e a outras doenças”.
Desde os últimos dias de 2010 uma
nova estrela brilha sobre as alturas
do monte Quénia. Não é a estrela
dos Reis Magos mas sim a estrela
duma nova esperança. A 15 de
Dezembro, três anos menos poucos
dias depois das atrocidades que
dizimaram mais de mil pessoas e
desalojaram centenas de milhares
o Tribunal Internacional de Justiça
de Haia acusou formalmente seis
altas personalidades quenianas
de cumplicidade nos massacres.
Os acusados são o vice primeiro
ministro e ministro das finanças
Uhuru Kenyatta, o ministro da
indústria Henry Kosgey, o ex-ministro
da educação William Ruto, o secretário
do conselho de ministros, o ex-chefe
da polícia e o chefe executivo de uma
estação radiofónica.
Finalmente a justiça começa a citar
nomes e sobrenomes. Ainda há dias
o presidente Mwai Kibaki declarou
pela enésima vez que o Quénia vai
estabelecer um tribunal nacional
para julgar os culpados, mas parece
que a comunidade internacional
já atingiu o limite da tolerância e
decidiu agir já, pelo menos no que
diz respeito aos grandes actores.
Para o Quénia, com os seus 47
anos de independência, chegou o
tempo da purificação. O povo está
cansado duma classe política que
ultimamente tem sido definida nas
manchetes dos jornais como antro
de corrupção. Não faltam no entanto
razões para manter alta a esperança.
Identificado o mal e aplicada a
medicina, a cura não se fará esperar
e, num país, onde reina a harmonia
também a nossa acção missionária
produzirá frutos mais abundantes.
09
JANEIRO 2011
FÁTIMA MISSIONÁRIA

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