Análise do videoclip “Can You Feel It?” dos Jackson 5 Semiótica da

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Análise do videoclip “Can You Feel It?” dos Jackson 5 Semiótica da
Análise do videoclip “Can You Feel It?” dos Jackson 5
Semiótica da Comunicação, 2012/2013
Alunos- Ana Luísa Magalhães
Carminda Soares
Diana Silva
Eva Lacerda
Jorge Eusébio
Maria Soares
Mafalda Oliveira
Ricardo Couto
Tiago Dias
Turma 5
Docente – Professor Doutor Jorge Marinho
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Índice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO METODOLÓGICA ....................................................................................................... 3
CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................................................... 4
CONTEXTOS ........................................................................................................................................... 6
A MENSAGEM MUSICAL ..................................................................................................................... 8
ANÁLISE DO VIDEOCLIP ................................................................................................................... 10
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................ 19
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................... 20
ANEXOS................................................................................................................................................. 22
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INTRODUÇÃO
Para a disciplina de Semiótica da Comunicação, no curso de Ciências da Comunicação:
Jornalismo, Assessoria, Multimédia, propõe-se a análise de um videoclip do ponto de vista
semiótico. O videoclip, e objeto de estudo para este trabalho, é da banda “Jackson Five”, com a
música “Can You Fell it?”.
Tanto a semiótica da comunicação como a música são duas áreas de abordagem bastante amplas e
complexas, que incluem uma enorme variedade de conceitos, teorias e vias de interpretação,
principalmente a segunda. Esta complexidade torna-se ainda mais patente quando, à música (entendido
como instrumental e letra) se junta a coreografia, o videoclip, entre outros. Semiótica e música, estão,
então, de mãos dadas, uma vez que a ciência de Charles Pierce é a mais bem posicionada para interpretar
da forma mais profunda e completa a música em todas as suas vertentes, variantes e formas de
expressão, principalmente no que à análise da coreografia e de todo o videoclip diz respeito.
Como não podia deixar de ser, recorremos a autores como Charles Sanders Pierce ou Ferdinand
Saussure, bem como a outro tipo de fontes tanto bibliográficas como webgráficas, estas particularmente
úteis no contexto deste trabalho.
INTRODUÇÃO METODOLÓGICA
A análise semiótica deste vídeo, de acordo com a ciência estudada nesta disciplina, implica,
impreterivelmente, uma abordagem multifacetada, plural, multidisciplinar, para que se tenha informação
de diferentes áreas do saber com diferentes perspetivas sobre o mesmo objeto.
Seria possível fazer a análise em vários formatos: vídeo, áudio, flash ou papel. O grupo optou pelo
formato mais tradicional, o papel, pois acreditamos que se adequa mais aos nossos objetivos.
O segundo passo seria investigar e conhecer os contextos do emissor e do recetor da mensagem, para
melhor compreender essa mesma mensagem. De facto, “contexto” é a palavra-chave nesta análise. Não é
viável, e muito menos correto, avaliar a transmissão da mensagem e a mensagem per si, sem
compreender e interpretar o contexto em que é feita. O contexto influencia o significado dos signos, pelo
que elementos como a história da banda, o contexto em que surgiu a música e o contexto em que a
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música é recebida fazem a diferença em toda dinâmica da mensagem transmitida. Sem isso seria
impossível passar à fase seguinte: a de análise dos elementos semióticos presentes no videoclip.
Esta tem que ser feita em conjunto, isto é, o videoclip tem que ser analisado como um todo. A análise
será feita tendo todos os elementos em consideração. Não será feita uma separação dos elementos, pois
todos os signos reunidos têm um significado diferente do que quando separados. Todos os signos se
“contaminam” uns aos outros. Assim, acreditamos que a interpretação dos vários signos e de todos os
elementos em conjunto traduzirá de melhor forma a mensagem veiculada pelo emissor.
Já que se trata de um videoclip recheado de elementos passíveis de análise, procurou-se
também elementos que fizessem referência a algo extrínseco à música. Uma música, por si só, já
pressupõe uma série de significados acumulados, ou seja, com diferentes níveis sobrepostos de
comunicação. Isto é algo que se torna ainda mais evidente e complexo quando à música se junta
um vídeo. Portanto, e para melhor compreender a mensagem transmitida pela banda, procedeu-se
a análise da música: da mensagem musical, da letra e da melodia.
Ao longo do trabalho, há que ter em conta que o signo diz respeito a um significante (veículo
do signo) um significado (aquilo que é passível de ser substituído pelo significante) e ainda,
segundo Charles Peirce, um terceiro elemento, o referente – tudo aquilo a que se refere um signo
como, por exemplo, o referente de amor ser uma pessoa ou um sentimento. Para além disso, a
“desfragmentação” da música dá-nos os dois ramos de um signo – verbais (linguísticos) e não
verbais.
Além disso, e tendo em conta o caminho da análise, pretende-se a realização de duas
entrevistas: uma com alguém ligado à religião católica e outra com alguém ligado à música.
CONTEXTUALIZAÇÃO
- O EMISSOR
THE JACKSON 5
The Jackson 5 foi um grupo musical surgido em 1966 e composto, na altura, pelos irmãos Jackie, Tito,
Marlon, Jermaine e Michael Jackson. A banda teve um êxito imediato com os quatro primeiros singles –
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“I Want You Back”, “ABC”, “Stop The Love you Save” e “I'll Be There” - a alcançarem o topo das
tabelas americanas e internacionais, em 1970. Foi nessa altura que Michael Jackson começou a ter mais
destaque como dançarino e cantor. Apesar do grande sucesso da banda, a falta de interesse e liberdade
por parte da Motown para o grupo criar as próprias músicas fez com que todos, à exceção de Jermaine,
saíssem da editora e assinassem contrato com a Epic. Após esta mudança, o grupo mudou o nome para
The Jacksons.
O grupo nunca foi oficialmente terminado, contudo, após o lançamento do último álbum, The
Jacksons atuaram apenas em dois espetáculos tributo a Michael Jackson, em 2001.
JACKSON FIVE – A ASCENSÃO DO REI DA POP
“Como vocalista e estrela dos Jacksons, Michael era evidentemente o membro do grupo a quem se
ofereciam mais oportunidades de conseguir uma carreira a solo”(LATHAM, Caroline, 1985: 81).
A sua carreira a solo começou quando ainda estava na Motown. Lançou os álbuns “Got to Be There”,
“Ben, Music & Me” e “Forever, Michael”. A partir de 1973 a popularidade do grupo começou a
diminuir. Em 1975, quando já tinham assinado pela editora Epic, Michael foi o principal compositor do
grupo, escrevendo sucessos como "Shake Your Body (Down to the Ground)", "This Place Hotel" e "Can
You Feel It?".
Em 1980, Michael Jackson já não fazia parte da banda, tal como um dos seus irmãos, Randy Jackson.
Já na idade adulta, Michael grava “Thriller”, “Off the wall”, “Bad”, que chegaram ao topo das vendas.
- O RECETOR
O PÚBLICO DOS JACKSON 5
O seu estilo de música dançável era direcionado para um público jovem e divertido. E por isso
junto do público mais adolescente ganharam um leal grupo de fãs, os teenyboppers, termo que se refere
a adolescentes que ouviam sobretudo música pop ou rock. Porém não só de jovens se caracterizava o
público dos Jackson 5. A influência da música negra no reportório da banda conduziu também a um
público grande parte negro. O estilo de música R&B, Soul e Funk, as raízes africanas dos elementos da
banda, e a sua origem num país com uma grande percentagem de população negra foram fatores
determinantes.
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Aquando da assinatura com a Motown, adotou-se uma nova estratégia de comercialização: o estilo
de música da banda manteve-se com grandes influências negras mas levemente modificadas, com o
objetivo de conseguir atingir um público branco. Desta forma, os Jackson 5 conseguem estender a sua
música a uma audiência diferente e mais diversificada. Por volta de 1970 apercebe-se que os Jackson 5
são também capazes de agradar a uma audiência mais velha e para isso “iniciou-se então uma manobra
estratégica para integrar os Jacksons no centro da corrente cultural”, entre as quais programa de
animação e um documentário televisivo (LATHAM, Carolina, 1985:44).
A banda reúne também um grande público feminino, por serem uma Boys Band, o que incluía:
rapazes bonitos, videoclips coreografados, e canções que apelavam ao amor, à diversão e ao fim da
guerra. Tudo isto movimentou uma série de raparigas que para além da música, se apaixonaram pelos
próprios elementos da banda.
No início dos Jacksons, nos anos 80, época em que a música Can You Feel It foi gravada, todos os
elementos eram adultos, e Michel Jackson tinha já um papel relevante na banda. O facto de já não haver
crianças, mas só homens, fez com que o desejo e paixão pelos jovens cantores aumentassem, bem como
a estratégia da banda.
Apesar de terem surgido nos Estados Unidos da América, a banda não se limitou a terras americanas,
rapidamente conseguiu chegar ao público internacional. Em 1972, as digressões eram já a nível mundial.
Mesmo com fim dos Jackson 5 eles são ainda considerados uma das melhores Boy Bands de
sempre, tanto pelo público, como pela crítica. A revista norte-americana “Entertainment Weekly”
considerou os Jackson, numa lista de vinte lugares, a melhor boys band da história da música. Para além
disso, ficaram também em quinto lugar nas boys bands favoritas dos leitores da revista Rolling Stones
EUA.
CONTEXTOS
CONTEXTO MUSICAL
Os anos 70 foram uma das décadas em que a música mais se transformou. Eclodiram novos géneros,
renovaram-se outros. Surgiram alguns dos músicos mais populares de sempre, mas começou também a
desenhar-se a efemeridade da fama. Era a prosperidade do fenómeno pop. É também a década onde os
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Rolling Stones atingem o seu auge criativo, tornando-se um dos maiores fenómenos musicais. Não
esquecendo que é nesta década que morre Elvis Presley e que se separam os The Beatles. O Mundo
começava a procurar por novos fenómenos.
Contudo, a verdadeira revolução musical na década de 70 foi o surgimento da dance music.
Conhecida como a “década da discoteca”, a música tornou-se muito popular e todos acorriam às pistas
de dança. A dance music acabaria por influenciar a música pop.
A música pop é um fenómeno transcendente às notas musicais. Não existe, por definição, uma
sonoridade típica que caracterize a música pop. É sobretudo, um sistema de valores que alia à música
uma vertente muito comercial promovendo a imagem, o espetáculo para além da música e, em certos
casos, a personalidade. É um tipo de música que, tal como o seu nome indica, tenta chegar a grandes
massas de público. Não existe um público-alvo definido, logo pretende a apreciação por um grande
conjunto de pessoas. É, por isso, um tipo musical que obtém um grande êxito comercial. Este fenómeno
teve nos Jackson 5 uns dos principais impulsionadores e em Michael Jackson o máximo expoente (ficou
conhecido como o Rei da Pop).
Na década de 70, na música pop, as palavras aliavam-se ao ritmo. As pessoas procuravam ritmo,
balanço e atitude. Esta conjuntura propiciou o aparecimento de músicos que tinham um sucesso muito
efémero, alguns deles apenas com uma canção. Começava a época dos “15 minutos de fama”.
Os anos 70 viriam a fomentar a cultura ligada ao fenómeno pop. As influências de imagem que
vinham do glam rock, a preocupação instrumental do rock progressivo, além do ritmo acelerado do hard
rock ajudaram a construir este estilo musical. Por não ser um estilo muito bem definido, é comum o pop
expandir-se a outros estilos, e é nesta flutuação de conteúdos que consegue retirar um pouco de todos os
caminhos que percorre.
Na década que se seguiria ao videoclip estudado, a de 80, também o pop viria a crescer em grande
proporção, muito por culpa da televisão. É nesta década que surge a MTV e começa a ser desenvolvida a
conceção de videoclip moderno. A televisão foi muito importante para a difusão do idealismo pop. Com
a televisão, a música popular conseguiu chegar a mais público, além de ter conseguido explorar a sua
vertente mais comercial. “(…)É muito duvidoso que a música popular pudesse mudar radicalmente
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como se viu se não fosse pelas mudanças estruturais moldadas pelos desenvolvimentos aparentemente
não relacionados na tecnologia dos mass media” (HIRSCH, Paul M, 1971:12).
CONTEXTO POLÍTICO
Em 1980 o mundo estava mergulhado em plena Guerra Fria, havendo uma clara divisão mundial em
dois blocos: o capitalista (apoiado pelos Estados Unidos da América) e o comunista (apoiado pela União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Em 1980 os Estados Unidos eram presididos por Jimmy Carter, e a União Soviética por Leonid
Brezhnev. No ano anterior, a União Soviética tinha invadido o Afeganistão e a guerra não era, de todo,
um cenário descartado.
Como tal, tendo existido várias situações de tensão a nível mundial semelhantes às acima descritas
desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945) até à queda do Muro de Berlim (1989), muitas
mensagens de teor político foram sendo passadas ao longo do tempo através de diversos meios como a
música, arte, cinema, entre outros.
A MENSAGEM MUSICAL
A semiótica da música estuda o significado musical, através de um procedimento metodológico que
analisa os elementos constituintes do discurso: letra e música. Um dos objetivos que se atribui ao
discurso musical é a transmissão de uma mensagem a partir da letra.
No entanto existe outro sentido que se atribui ao discurso musical, ainda que não verbalizável ou
alheio a uma definição de uma significação. Estamos, portanto, a falar da música, mais precisamente
ritmo, melodia, harmonia e arranjo.
ANÁLISE DA LETRA
A canção “Can You Feel It” tem um anunciador que ao longo da canção vai falando ao ouvinte,
anunciando que uma mudança no mundo se aproxima. Desta forma, o enunciador apela a sentimentos e
valores considerados nobres, por exemplo: o amor, a união, o perdão, a paz.
A música começa com uma pergunta (“Can You feel it?”). Esta pergunta, direcionada ao ouvinte, é
repetida vezes sem conta, como se a insistência intensificasse a certeza de que o ouvinte deveria sentir
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algo. Inicialmente o enunciador não refere o que é que o ouvinte deveria conseguir sentir, isso só se
percebe ao longo da música.
Na segunda estrofe da música, o enunciador fala que se o ouvinte olhar em volta poderá ver o
mundo a unir-se. A pergunta “Can you feel it?” repete-se novamente, e aqui, pela primeira vez, percebese a que é que o enunciador se refere: à união do mundo.
Na terceira estrofe, anuncia-se que as cores do mundo deveriam estar-se amando. As cores aqui, que
divergem em termos de tons, representam todas as pessoas, que são também diferentes, mas que se
deviam de amar, e de aceitar as suas diferenças.
E depois, surgem duas ordens, já que a frase é claramente imperativa. Na primeira ordem o
enunciador diz para que o ouvinte leve a mensagem ao seu irmão. (“Take my message to your brother
and tell him”). Aqui a palavra “irmão”, refere-se não a um irmão de sangue, mas uma qualquer outra
pessoa. Esta terminologia é usada na religião católica já que segundo a mesma todo o Homem é filho de
Deus.
Já na quinta estrofe, existem novamente ordens. (“Sing out loud/ Because we want to make a
crowd/Touch a hand and sing a sound so pure, salvation/rings”). O verbo cantar desde sempre esteve
associado a algo puro e poderoso. Tal como diz o provérbio “Quem canta seus males espanta” e nesta
letra onde se refere que o ódio tem de desaparecer, tenta-se passar a mensagem que a força da música
conseguirá afastar o mal e unir as pessoas.
Na nona estrofe, tem-se pela primeira vez, uma visão triste do mundo, mas também uma visão
atual. (“Every breath you take/Is someone's death in another place/Every healthy smile/Is hunger and
strife to another child”). Há quase que uma acusação ao ouvinte: enquanto ele suspira, morre alguém;
enquanto ele sorri, uma criança passa fome. Mostra uma visão cruel do mundo, onde apesar de sermos
iguais, não o somos nos direitos. Mas, rapidamente, o enunciador, faz surgir a esperança (“But the stars
do shine”) com a palavra estrelas, símbolo da verdade, do espírito e de esperança. As estrelas, devido ao
seu brilho, representam a luta contra as forças da escuridão. Assim o emissor anuncia que a hora da
salvação aproxima-se.
O refrão é composto pela pergunta “Can you feel it?”, repetida seis vezes. Mais do que uma forma
de questionar o ouvinte, é uma forma de o preparar para a mudança, para a hora da salvação, para o fim
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da fome, da guerra, do ódio, como se isso se sentisse no ar. É quase uma pergunta retórica, que garante
que a mudança chegou.
Ao longo das estrofes, o enunciador dá um papel fundamental ao ouvinte. Apesar de, segundo a
letra, a mudança estar já a decorrer, e o mundo estar já a unir-se, a verdade é que é o ouvinte que deve
espalhar a mensagem. Os Jeovás têm como uma das suas principais missões a evangelização casa em
casa. Para isso, baseiam-se nos seguintes versículos: “Jesus ordenou que seus discípulos ‘fizessem
discípulos de pessoas de todas as nações’”. (Mateus 28:19, 20). “Quando enviou seus primeiros
discípulos, Jesus os orientou a ir às casas das pessoas. (Mateus 10:7,11-13)”. “Após a morte de Jesus, os
cristãos do primeiro século continuaram a divulgar sua mensagem “publicamente e de casa em casa””.
(Atos 5:42; 20:20). A evangelização é a transmissão da palavra de Deus. O videoclip pode ser também
encarado como uma forma de transmitir a mesma mensagem.
ANÁLISE DA MÚSICA
A música Can you feel it inicia-se com a voz do narrador, ao mesmo tempo que ouvimos uma
música de fundo, que quase complementa a voz off. O narrador fala cerca de 50 segundos. Depois disso,
temos a introdução instrumental da música propriamente dita, onde são apresentados os diversos
elementos musicais: bateria, teclado, guitarra e baixo. Posteriormente temos a introdução dos versos
cantados. A música é ritmada e dançável, com uma batida repetitiva e sincopada e chega mesmo a ter
algum som eletrónico. Tudo isto é complementado pelas vozes agudas e ainda jovens dos Jackson 5. Isto
complementa a mensagem da letra da música, porque o dinamismo e o ritmo da música são como a
celebração de algo de bom que se aproxima.
A estrutura de Can you feel it compreende seis estrofes, sem contar com os refrões. Para além disso, os
sons mais acentuadas e que se repetem mais ao longo da música são os “f” e os “c”, muito presentes no
refrão da música. A letra não apresenta também rimas regulares e a pausa entre a estrofe e o refrão é
mínima. A voz de Michael Jackson é a que mais se destaca.
ANÁLISE DO VIDEOCLIP
Baseados em duas biografias: "Michael Jackson: The Magic and the Madness" e "La Toya: Growing
Up in the Jackson Family" pudemos concluir que Michael Jackson foi criado sob os valores religiosos
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dos Testemunhas de Jeová. A sua mãe Katherine Jackson foi batizada em 1963, quando Michael tinha
apenas 5 anos. Desde então a família Jackson começou a integrar-se nas reuniões do Reino de Deus,
local de adoração dos devotos a Jeová.
Michael foi criado como Testemunha de Jeová e foi sempre um meio ativo até que foi desassociado
em 1987, já depois de ter alcançado o sucesso. Na evangelização porta a porta, Michael teve mesmo de
usar disfarces para que não fosse reconhecido.
“O Michael e eu fomos muito ativos na fé de Testemunhas de Jeová… Cinco dias por semana nós e a
nossa mãe estudávamos a Bíblia em casa e íamos ao Reino de Deus… Todas as manhãs o Michael e eu
batíamos às portas por Los Angeles, divulgando a palavra de Jeová… À medida que a fama do meu
irmão foi aumentando, ele teve que usar disfarces convincentes, como um fato de borracha que o
tornava gordo que ele comprou anos mais tarde…” (JACKSON, La Toya, La Toya: Growing Up in the
Jackson Family, 1991:53)
A fama não impediu Michael de continuar com os seus deveres religiosos: ” Em 1984, apesar da sua
grande fortuna e fama, Michael Jackson continuou a evangelização para a fé dos Testemunhas de Jeová
“duas vezes por semana, durante uma hora ou duas” segundo Katherine. Ele também assistia a
reuniões do Reino de Cristo com a sua mãe quatro vezes por semana quando estava na sua cidadenatal” (TARABORELLI, J.Randy, 2009:269).
Muitos olhavam para Michael como um dos 144 000 mil salvadores do Armagedão. Segundo os
devotos a Jeová são estes os que sobreviverão para proclamar o verdadeiro Reino de Deus. Contudo,
Michael acabou por ser expulso em 1987 numa altura em que a sua fama e o seu estilo desagradavam
aos responsáveis da sua igreja que viam nele plasmados alguns dos principais pecados: a perseguição
pela fama e provocação sexual.
Tendo em conta o contexto da produção do videoclip e sendo Michael Jackson o criador da letra e do
conceito é importante estudar a sua história. Além disso a visualização e recolha dos vários elementos
semióticos levou-nos a símbolos com notação bíblica. Os Testemunhas de Jeová desconsideram os
símbolos católicos como a cruz, mas prestam adoração à Bíblia, o verdadeiro livro sagrado.
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O videoclip inicia-se com um amanhecer. Aos poucos, a luz do sol sobrepõe-se à escuridão.
Concomitantemente, o narrador diz: ”No início, a terra era pura. Até na luz do amanhecer, vocês
podiam ver a beleza nas formas da natureza”.
As primeiras palavras do narrador coincidem com as primeiras palavras da Bíblia Sagrada (Génesis,
1, 1): “No princípio”. Na Bíblia, o Génesis refere-se ao momento da Criação, a altura em que Deus
criou o Mundo. É também no Génesis que se fala da criação do Homem e o narrador refere que
“Brevemente homens e mulheres de todas as cores e formas estariam aqui também”.
O amanhecer é procedido de um anoitecer. Ou seja, passou um dia. É no Génesis que Deus define o
dia e a noite. “Deus disse: “Que exista a luz!» E a luz começou a existir”. (Génesis, 1, 3), ou seja, o
amanhecer (o nascer do dia). “ Deus viu que a luz era boa. Deus separou a luz das trevas: à luz Deus
chamou «dia», e às trevas chamou «noite». Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro
dia”.(Génesis, 1, 4-5).
A cor preta inunda o ecrã. “No universo existe um preto ainda mais profundo: o que resulta da
ausência absoluta de luz” (HELLER, Eva, 2009:129). É símbolo da total ausência de vida e do vazio.
Depois sobrepõe-se o amarelo do Sol que “tem um efeito leve porque parece vir de cima” (HELLER,
Eva, 2009:86).Tal como Deus. E por isso é símbolo da existência de vida. Sem Sol não há vida. As cores
do amanhecer são o amarelo, entendido como símbolo de tristeza pois aparece associado, no
catolicismo, ao momento em que Jesus é colocado no túmulo; e o azul, cor do infinito, do eterno e do
mundo espiritual e angelical. O espírito sobrepõe-se à tristeza. A luz às trevas. O Bem ao Mal.
Também as palavras do narrador remetem para a convivência do Bem e do Mal: “E descobririam que
é fácil não ver as cores, por vezes. E ignorar a beleza entre eles. Mas nunca perderiam de vista o sonho
de um mundo melhor, que pudessem unir, e construir juntos num Triunfo”. O Triunfo é a vitória do Bem
sobre o Mal. Os Testemunhas de Jeová são intitulados “Proclamadores do Reino de Deus”. O Reino que
se erguerá após o Armagedão. Os devotos a Jeová acreditam que o Armagedão é o meio através do qual
Deus conseguirá alcançar o seu propósito para a Terra. Esta será povoada por seres humanos saudáveis e
felizes, livres de pecados e da morte. Serão eles os únicos sobreviventes.
Vemos, do minuto 0:42 a 0:43, uma estrela cadente que atravessa o céu no sentido descendente. Na
tradição cristã, a estrela cadente refere-se à estrela de Belém, a estrela que anunciou o nascimento do
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Messias e que guiou os três magos até si. A estrela de Belém atravessou os céus de forma ascendente.
Contudo, as testemunhas de Jeová vêm a Estrela de Belém como uma obra de Satanás uma vez que ela
provocou o plano de Herodes para matar Jesus. Talvez por isso a estrela é apresentada de forma
descendente.
Durante o primeiro dia a música é pautada por ritmos calmos que acentuam a ideia do vazio e da
ausência de vida. A sonoridade transmite também um mistério que se conjuga com a predominância da
cor negra, a cor do desconhecido. Quando ao minuto 0:50 o ritmo se torna rápido e acelerado é marcada
a passagem para um plano onde se observa a superfície agitada da água.
Depois existe outra mudança de plano para uma imagem “do interior” da água. Existe uma separação
entre “as duas águas”. Essa separação é uma referência aos versículos 6 e 7 do capítulo Génesis da
Bíblia a propósito da criação do elemento água: “Deus disse: «Que exista um firmamento no meio das
águas para separar águas de águas!»; Deus fez o firmamento para separar as águas que estão acima
do firmamento das águas que estão abaixo do firmamento. E assim se fez”.
A água representa a vida. Sem água não existiria biodiversidade na Terra e até o nosso corpo é
composto maioritariamente por água. Por ser fulcral para a vida, a água representa a eternidade. A água
assume também uma importância no Catolicismo. É símbolo da pureza e, por isso, é usada no momento
do batismo, o momento a partir do qual se consagra a comunhão com Deus. A água é símbolo da
presença de Deus.
No minuto 1:00 vemos uma onda inundar a terra seca. A onda começa no horizonte. O horizonte que
marca a separação das águas. Podeser estabelecida a analogia com a criação dos elementos terra e mar.
“Deus disse: «Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num só lugar e apareça o chão seco».
E assim se fez; Deus chamou ao chão seco «terra», e ao conjunto das águas «mar». E Deus viu que era
bom”.(Génesis, 1, 9-10). A onda nasce no céu e inunda o visor, dando até a sensação que vai para além
dele. A onda é largada no sentido descendente, assumindo uma trajetória ascendente como se rebatesse
no chão. A onda nasce no céu, lugar divino e vai para a terra, lugar do Homem. A água é uma oferta de
Deus ao Homem para que ele possa viver e sustentar a vida na Terra.
Do minuto 1:11 ao minuto 1:16 vemos um conjunto de partículas douradas irem numa direção
conjunta, como se se unissem no seu destino: o firmamento. É o momento da criação da luz do dia:
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“Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de
sinais e marquem o tempo, os dias e os anos, e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a
terra". E assim se fez. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para
presidir à noite; e fez também as estrelas”.(Génesis, 1, 14-16). O dourado simboliza a Glória de Deus e
a natureza divina. O divino é também ligado ao azul. É para o azul que se encaminham as partículas.
Ao minuto 1:17 vemos o fogo. O fogo é normalmente associado ao Sol, o elemento central da vida. É
desse mesmo elemento que, ao minuto 1:20, vão surgir os Jackson 5. O plano em que é filmado dá a
sensação que eles descem de um plano superior para a Terra, onde aterram na água. É a chegada dos
Proclamadores do Reino de Deus (nome pelo que são conhecidos os devotos a Jeová). Estes seres são
iluminados a dourado o que lhes afigura uma áurea divina.
Ao minuto 1:24 vemos os Jackson correr sobre a água. ”Deus disse: "Pululem as águas de uma
multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus."”( Génesis, 1, 20).
Ao momento 1:28 assiste-se a uma retração da água em direção aos Jackson que continuam
iluminados e que proferem um movimento circular que está normalmente associado a um movimento de
perfeição, união e plenitude. O ponto simboliza o centro e a divindade. Neste caso, Michael Jackson é o
ponto, ou seja, a divindade. Depois do movimento circular baixa-se e recolhe a água para depois a
elevar. No topo, nasce, da água, o fogo. Logo existe uma convivência de elementos antagónicos que
juntos acabam por se complementar. É também feita uma referência à música que retrata esses conflitos
interiores entre o ódio e o amor. Há união. Segundo a letra, o vento está a levar os sentimentos de união
para todo o lado.
A partir do minuto 1:42 até ao minuto 1:56 assiste-se a Michael Jackson no centro com os braços
abertos e os outros elementos a contemplarem o que está a ser feito. Entre os braços de Michael Jackson
são emitidas luzes para o céu, que se vão intensificando até que se constitui uma luz forte. Eram as
estrelas: “Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra,” (Génesis,1, 17). As
estrelas são a luz que ilumina a noite.
Ao momento 1:56, o videoclip começa a fazer analogia ao quarto dia da Criação. Nos segundos
seguintes, o elemento água invade o ecrã e, aos poucos, separa-se para ladear o que aparenta ser um
caminho que vai até ao horizonte, de onde é emitida uma luz forte. Este momento de junção dos três
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elementos, água, terra e ar relaciona-se com o versículo 20 do Génesis «E disse Deus: Produzam as
águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu». Pelo que já foi
analisado e também à luz do que o videoclip mostra nos segundos e minutos seguintes, podemos ainda
interpretar a agitação das águas seguida da explosão da luz dourada como sendo o momento de criação,
surgimento, de algo.
Aos 2:10 minutos, nasce um ser dourado no horizonte, como consequência dessa emissão de luz. A
criatura surge inicialmente pequena e vai crescendo sempre quase em posição fetal, como se
representasse o nascimento. Por isso, podemos entender este ser como sendo a representação do modelo
da criação humana. A sua cor dourada está relacionada com a cor do sol, que é um símbolo central do
Universo e que representa a vida.
A partir do minuto 2:12, surgem vários pontos de luz (ou pó de ouro) que cercam o ser e que são
depois polvilhados sobre uma cidade. Fazendo novamente referência à Bíblia, este pó poderá representar
as sementes da criação, como refere a génesis, no versículo 28 “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a
terra e sujeitai-a”.
Ao momento 2:16 o plano de imagem muda completamente e vê-se uma mão esquerda a espalhar
sobre a cidade o pó de ouro (semente da criação). A mão esquerda remete, em termos religiosos, para
pureza, para a purificação do homem e o afastamento do mal, já que esta é a simbologia associada à mão
esquerda de Deus. No segundo seguinte surge uma mão direita que, sendo agora relacionada com a mão
direita de Deus, é simbolicamente compreendida como a bênção e a criação do bem. Após estes dois
planos, percebe-se que as mãos que espalham o pó dourado pertencem aos elementos dos Jackson 5. Os
cinco rapazes são representados como sendo mais altos que os arranha-céus, sendo isso, juntamente com
o facto de serem eles a espalhar a semente, uma clara evidência de superioridade. Para além disso, os
cinco músicos apresentam-se também de dourado, uma cor associada à vida, e que se relaciona com a
função que estão a desempenhar: espalhar a vida.
Aos 3:01 minutos, aparece novamente o ser dourado com formas humanas mais delineadas, com o
corpo reto e de braços abertos a dirigir-se para o ponto de origem num cenário que faz lembrar o Espaço.
Ao momento 2.38, esse ser explode no horizonte, formando uma massa de água de onde emergem
quinze novos seres; dá-se multiplicação do homem. A água representa a fertilidade e é, simbolicamente,
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necessária ao processo da multiplicação, daí ser o elemento central da imagem. Fazendo referência à
Bíblia, podemos encontrar esta ordem de multiplicação no versículo 26 do Génesis, «E disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança».
Aos 2:45 minutos, vê-se a cor da água a mudar de azul para verde e os seres que entretanto haviam
saído, aparecem em redor de uma espécie de arco-íris circular e acima da água. No Cristianismo o verde
é símbolo da regeneração da consciência e da criação. Esta cor também é muitas vezes associada à
natureza, exprimindo a vida dada à vegetação e simbolizando o crescimento e a fertilidade, tal como
referem os autores do livro “ La imagen, Análisis y representación de la realidad: “El verde se asocia
con el color de la natureza y de la esperanza, de la juventud y de la fertilidad. Se dice que tiene incluso
propiedades sedantes y tranquilizadoras” (ACEDO, Sara Osuna, et alli, 2009). Para Aeropagita o verde
é também sinónimo juventude e vitalidade. Estes significados são todos válidos para a análise que está a
ser feita, uma vez que o videoclip retrata o momento da criação e a letra da música apela à união e
renovamento da consciência da sociedade.
Ao momento 2:54 volta a aparecer um ser dourado, desta vez com formas femininas, que se dirige
novamente para o horizonte, ponto de partida e lugar onde se dá uma nova explosão. Como
consequência, aparece um rosto feminino no centro rodeado de fogo, que é associado de forma
simbólica à masculinidade. Por isso, podemos inferir que esta imagem representa o encontro entre o
sexo masculino e feminino, encontro esse necessário para que haja multiplicação. Segundo a Bíblia,
Deus “homem e mulher os criou” (Génesis, 1, 27) para que estes se multipliquem. Esta associação entre
mulher e homem é representada através de um círculo, sinónimo de “perfección y equilíbrio”(ACEDO,
Sara Osuna, et alli, 2009).
A partir dos 3:06 aparecem três crianças a serem cobertas com o pó dourado e a reagirem todas de
modo diferente ao acontecimento: uma fica espantada, outra fica confortada e a outra aparece em
posição de reza. As três crianças são de raças diferentes, o que reforça a mensagem que os Jackson 5
pretendem transmitir, que é a de união e igualdade entre povos.
Aos 3.21 minutos, os elementos dos Jackson 5 continuam a espalhar o pó dourado e mantêm-se numa
posição superior em relação aos outros. O plano seguinte mostra o pó a cair sobre uma ponte que se
ilumina à passagem deste e se transforma num arco-íris. Sendo a ponte um símbolo de união, já que
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representa a ligação de dois locais distintos, e sendo também o arco-íris visto como uma ponte que liga
dois mundos e como um caminho que conduz o Homem da Terra ao Céu, esta transformação é um
indício de que a união está a chegar. Para além disso, o arco-íris forma-se apenas nas ocasiões em que
chove e de seguida o Sol aparece. Este facto simboliza novamente a ligação entre a água e a sol, dois
elementos antagónicos, mas que, neste caso se complementam, constituindo muita relevância no
contexto do videoclip.
A partir dos 3.24 minutos, vê-se um elemento dos Jackson 5 a erguer o arco-íris com as mãos,
aproximando-o do céu. O arco-íris, como já foi dito, simboliza um caminho que conduz o Homem da
Terra ao Céu. Fazendo o paralelismo com o vídeo, é como se finalmente o caminho de ligação ao céu
tivesse sido criado e as pessoas o pudessem percorrer. Várias crianças, símbolo da inocência e pureza,
apontam para os céus, como se algo de incrível estivesse a acontecer. No momento 3:44, as mãos do
músico incendeiam-se e cria-se de imediato uma chama entre as mãos, como se esse acontecimento
fosse capacidade do músico. Logo de seguida, uma enorme massa de água invade o ecrã. Estamos
novamente perante a ligação de dois elementos que se contrariam, água e fogo, mas que se
complementam, como referido anteriormente. O fogo sobre o arco-íris é apagado pela água, o que
continua a ideia já expressa, para além de que este propósito, a convivência de sentimentos opostos,
também se verifica as pessoas. De facto, a título de exemplo, tanto podemos sentir-nos tristes como
contentes e mudar de estado de espírito com alguma facilidade. Aos 3:49 minutos, aparece um dos
elementos da banda com semblante carregado a tocar uns acordes de guitarra. Nesse momento também
soam na música umas notas mais fortes e que se destacam. Estendendo a análise do momento anterior a
este, podemos entender a situação à luz dos sentimentos e emoções. A expressão de aborrecimento e
movimentação do guitarrista aliados aos sentimentos associados ao estilo de música Rock levam-nos a
pensar nas sensações de raiva e ódio. A par disso, o facto da figura do guitarrista ser dourada, pode ser
importante dado os desenvolvimentos do videoclip e a simbologia que já foi feita relativamente ao
dourado.
No momento 3.52, quando o Jackson faz o último acorde, surge um raio de luz igualmente dourado
vindo da guitarra e que depois preenche todo o ecrã. No momento seguinte, pequenas bolas de sabão
com pessoas dentro começam a surgir vindas do referido foco de luz em direção à cidade. Na história
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Bolhinhas de Amor, de Regina Amélia de Oliveira, uma das personagens fazia todas as noites bolas de
sabão para que as suas palavras chegassem até Deus, já que achava que Ele estava muito longe e que
essa era a única forma de ser ouvido. Assim sendo, as bolinhas de sabão representam, de uma forma
geral, as preces a ir ao encontro de Deus. Contudo, no videoclip acontece exatamente o contrário. É
Deus, representado pela luz, que envia para a Terra as pequenas bolas de sabão que contêm pessoas no
interior. As pessoas podem ser interpretadas como sendo mensageiros enviados por Deus, pessoas
elevadas. Esta interpretação é coerente com as aceções que vão ser tidas em conta à frente no vídeo
sobre o Armagedão, constituindo um indício desse acontecimento.
Ao momento 4:09, é dado a conhecer o plano da cidade, já com as novas pessoas em terra. Dá-se o
amanhecer que, segundo as Testemunhas de Jeová, significa o início do Armagedão - "A vereda do justo
é como a luz clara, que clareia mais e mais, até o dia estar firmemente estabelecido" (Provérbios 4:18).
Aos 4.11 minutos, começa a subir o Sol no espaço ao mesmo que tempo que anoitece em Terra.
Alguns segundos depois, o Sol incendeia-se e fica tapado. Ocorre um eclipse, sendo apenas visível um
arco de fogo resultado desse incêndio do Sol. “O seu eclipse é sinal de desgraça e do fim” como diz o
padre José António Antunes. Mais uma vez, a presença de dois elementos antagónicos, Lua e Sol, que se
complementam. O sol eclipsado sai do ecrã por uns segundo e volta a aparecer ao minuto 4:29, ainda
eclipsado.
Aos 4.33 minutos o plano muda e aparece um aglomerado de pessoas com expressão de medo e
preocupação e iluminado pela luz das brasas que saem do sol. Volta a aparecer a imagem do eclipse, que
vai alternando com imagens das pessoas cada vez mais assustadas e menos iluminadas. A imagem final
mostra as pessoas a baixarem-se apavoradas e a receberem cada vez menos luz, até que o fundo fica
preto. A nosso ver, e à luz do que foi dito anteriormente sobre o Armagedão, esse momento representa a
chegada do dia em que a Terra sofre uma grande alteração populacional e que apenas sobrevivem os
bons, entendidos no videoclip como as pessoas que aterraram nas bolhas de sabão. Por outro lado, os
maus serão estes que apareceram apavorados no final e que vão desaparecer. Como diz, em entrevista o
padre José António Antunes, “O Armagedão é o Juízo de Deus”.
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CONCLUSÃO
“A união das pessoas é um objetivo constante e um projeto a construir”. Esta frase de José António
Antunes acaba por marcar todo o nosso trabalho. A mensagem que a música e o seu videoclip nos
transmitem é a da união. Independentemente das nossas cores, raças, o povo deve unir-se pois só assim
será possível a convivência pacífica.
Esta mensagem é fortemente influenciada pela vivência religiosa de Michael Jackson. Apesar da
música apelar a sentimentos supra-religiosos de fraternidade e união, a verdade é que toda a conceção do
videoclip anda em redor de símbolos bíblicos. José António Tavares diz que “A Bíblia quando entendida
como deve ser é ocasião de unidade entre as pessoas”. A Bíblia é o grande instrumento da adoração dos
Testemunhas de Jeová, religião que Michael pertencia na altura da realização do vídeo. Este fator é
determinante para a perceção da mensagem transmitida. Esta é a chave dos contextos que rodeiam o
videoclip.
Segundo António Pinheiro, “Michael Jackson é o tipo de artista que marca a história da música, por
três factores fundamentais: está sempre um passo à frente; introduz algo de novo e é factor de mudança
e abre portas para outros artistas”. Foi ele quem sugeriu o conceito e foi ele que escreveu a música.
“Can you feel it?” é uma obra que pretende transmitir a ideia de que apesar das diferenças, todos
podemos conviver em paz. Ao longo do vídeo, elementos aparentemente antagónicos convivem entre si
para se complementarem. Devia ser assim com o Homem. Também ele tem de lidar com sentimentos
opostos mas o esforço da paz e da união pode ajudá-lo a gerir melhor os seus dilemas interiores e em
sociedade.
A simbiose entre som, imagem e dança constitui o nosso objeto de estudo e a sua análise foi a peça
fulcral de todo o trabalho. A proposta de interpretação que propomos é uma proposta com uma
conotação religiosa, nomeadamente, à religião dos Testemunhas de Jeová. O grupo de trabalho
concordou nesta abordagem desde as primeiras reuniões de trabalho.
Em suma, esta realidade de análise semiótica constitui um grande desafio para todos nós pois exigiu
um grande domínio da matéria lecionada para que pudéssemos apresentar justificações fundamentadas
teoricamente. Julgamos que o produto final vai de encontro ao pretendido pois conseguimos aplicar tudo
o que fomos aprendendo.
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia Católica;
MORRIS, Charles, 1959, Foundations of the Theory of Signs;
PEIRCE, Charles Sanders, 1977, Semiótica, São Paulo: Editora Perspectiva;
LATHAM, Carolina (1985). “Conhecer melhor Michael Jackson”. Dom Quixote;
JACKSON, Davis J. (2009). “The Influence of Pop Culture on Young Adult Political Socialization”.
Peter Lang;
RADOS, Milan (1985). “Mundo e Comunicação, Uma História Política Contemporânea”. Edições
Afrontamento;
CARDENAL, Jozieli Camila; GIARETA, Gustavo (2009). “A simbologia das cores na interpretação
de uma mensagem” in http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2009/resumos/R16-0842-1.pdf;
JACKSON, La Toya; ROMANOWSKI, Patricia (1991), “La Toya: Growing Up in the Jackson
Family”;
TARABORELLI, J.Randy (2009), Michael Jackson: The Magic and the Madness;
HELLER, Eva (2009), A psicologia das cores, Editorial Gustavo Gili;
HIRSCH, Paul M.; “Sociological approaches to the Music Pop Phenomenon”.
WEBGRAFIA
PRODUÇÃO INTERSEMIÓTICA DE SENTIDO E DE PRAZER:Uma análise do videoclipe “The
zephyr song”http://seer.fclar.unesp.br/casa/article/view/546/467
Análise semiótica do clip de This is the new shit de Marilyn Manson –
http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es/eSSe2/2006-eSSe2-D.L.CANDEIAS.pdf
Por uma metodologia de análise mediática dos videoclipes: Contribuições da Semiótica da
Canção e dos Estudos Culturais –
20
http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Soares.PDF
Narración y Descripción en el Videoclip Musical –
http://www.www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n56/asedeno.html
PARA LEER EL VIDEOCLIP, Ignacio Pérez Barragán –
http://bidi.unam.mx/libroe_2007/1022941/06_c02.pdf
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ANEXOS
Anexo 1 - Ficha Técnica do Videoclip
Música:
Data gravação: março, 1980
Data lançamento: 22 setembro 1980
Álbum: Triumph
Letra: Jackie e Michael Jackson
Cantores principais: Michael e Randy Jackson
Arranjos: Michael & Jackie Jackson
Teclado: Greg Phillinganes, Ronnie Foster
Guitarra: Tito Jackson, David Williams
Baixo: Nathan Watts
Bateria: Ollie E. Brown
Coordenador e diretor do coro: Stephanie Spruill
Vídeo:
Realizadores: Bruce Gowers and Robert Abel
Data lançamento: 1981
Efeitos especiais: Robert Abel and Associates
Conceito: Michael Jackson
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Anexo 2 - Entrevista a José António Antunes, padre das paróquias de São Paio e de São Sebastião e
arciprestado de Guimarães e Vizela, presidente da direção da Instituição Particular de Solidariedade
Social (IPSS) e professor na Escola Secundária Francisco de Holanda
O que é que o sol e a água significam de acordo com a Bíblia?
A lua era fonte de luz, medida do tempo. Entre os povos orientais, a revolução dos astros constituía,
desde tempos antigos, o fundamento da cronologia. Em Israel, os cálculos faziam-se sobretudo pelo ano
lunar( 254 dias= 12 semanas cada uma de 29 ou 30 alternadamente). Se, no entanto, se tivesse seguido o
ano lunar sem atender ao ano solar, as festas, no decurso de 30 anos, teriam passeado pelo não inteiro.
Para evitar esta situação, também se introduzia em Israel, em tempo oportuno, um mês intercalar, como
se fazia na Mesopotâmia; o Antigo Testamento nada diz a este respeito. Alguns grupos de judeus tinham
uma divisão diferente do ano:1 ano= 364 dias= 52 semanas de 7 dias cada uma. A lua era a causa da
fertilidade, do crescimento, da chuva, da saúde, da morte. A lua nova era festivamente saudada. No
Antigo Testamento, a Lua é apresentada expressamente como criatura de Deus (Génesis: 1,16). No
Antigo Oriente, o culto da Lua estava muito estendido: nele a Lua era venerada como uma divindade;
para a sua difusão em Israel podemos ver em Jeremias 8,2 -Haran era um centro de culto da Lua. Em
muitas descrições do fim dos tempos, a Lua desempenha um papel: obscurecer-se-á (Marcos 13,24),
tornar-se-á vermelha como sangue (Apocalipse 6,12), brilhará como o sol (Isaias 30,26) ou desaparecerá
completamente (Apocalipse 21,23).
O sol é, segundo o Livro do Génesis (Gn 1,16)” o grande luzeiro”. É considerado uma criatura de
Deus, mas ele próprio não é divino, como se supunha por exemplo no Egipto e na Babilónia. O Sol é
relacionado com a sua função (dador de luz). O seu calor é temido. O seu eclipse é sinal de desgraça e
do fim (Apocalipse 6,12). A Sagrada Escritura descreve o Sol segundo as aparências: a terra está no
meio, o Sol nasce e põe-se (levanta-se e afunda-se).
E a união dos povos? Em que altura da Bíblia surge?
A união das pessoas é um objetivo constante e um projeto a construir. Veja-se o caminho que tem sido
feito ultimamente pelos Papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI. Todos procuram com iniciativas
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levadas a efeito a unidade de todos os homens. Em Assis com dezenas de profissões religiosas, os
encontros feitos com pessoas de diferentes culturas e religiões na procuram da unidade respeitando as
diferenças. Jesus Cristo deixou o mandamento do amor e que é ele senão o desejo de que todos
caminhemos para a unidade?
No videoclip encontramos representados os dias da criação, do livro de Génesis do Antigo
Testamento. De que forma é que estes contribuíram para a união dos povos?
Indo ao princípio da bíblia, os três primeiros capítulos do Génesis são dos mais importantes, mais
estudados e discutidos de toda a Bíblia. Desde que a exegese descobriu o valor positivo do género
literário “mito”, os autores esforçam-se por descodificar a sua estrutura e encontrar o denominador
comum dos mesmos. O autor Northrop Frye, um dos mais conceituados críticos da Literatura estuda a
Bíblia a partir das suas grandes narrativas míticas e metafóricas, que vieram influenciar, em grande
parte, a literatura ocidental. Segundo ele, “há uma identidade entre mitologia e literatura, e no modo
como as estruturas do mito, os contos populares, as lendas e géneros afins, seguem dando forma às
estruturas literárias. A função fundamental do mito é de tipo social e, como tal,”cada sociedade humana
possui uma mitologia herdada, transmitida e diversificada pela literatura”. A literatura deriva do mito,
principio que dá à literatura o seu poder de comunicação ao longo dos séculos e através de todos os
câmbios ideológicos. Adotar o principío de identidade entre mitologia e literatura implica prestar muita
atenção às ligações entre literatura e religião. Sem esquecer que a literatura é uma faceta da cultura que
provêm de uma época em que a palavra “religião” cobria uma franja do espectro cultural muito mais
vasta do que agora. A.Couto como praticamente todos os exegetas modernos sobre a narrativa de
Génesis 1,1-2,4 concorda com a leitura mítico religiosa mas realça o próprio da Bíblia. Sobre Génesis
1,2 onde aparece o caos primitivo que os autores comparam com os mitos mesopotâmicos António
Couto é do parecer que as comparações são apenas de nível literário mas não temático. Ao contrário dos
mitos mesopotâmicos e gregos, nas descrições bíblicas é Deus que preexiste e não a matéria; não é Deus
que nasce mas exatamente o contrario. Na Bíblia, a criatura é mais antiga do que a natureza.
A cosmologia primitiva dos tempos do autor é utilizada para ensinar a criação de todas as coisas por
Deus. Insiste-se no poder absoluto da transcendência divina. Enquanto nos poemas pagãos descrevem a
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criação como o resultado de uma luta entre os deuses e as forças do caos, o relato bíblico sublinha a
tranquila atividade do Deus único. Nos mitos pagãos muitos destes termos descrevem o caos primitivo,
donde surgiram os deuses o “vazio informe”, a Baau fenícia, a deusa mãe noturna.
É uma linguagem muito técnica esta que usei atrás (propositada!) mas para se perceber os textos
bíblicos temos de facto de fazer uma exegese que tenha em conta os géneros literários para não cairmos
em erros graves como há muitos anos acontecia, v.g. Adão e Eva serem criaturas realmente existentes
quando são figuras míticas para explicar realidades para além das próprias palavras. A Bíblia não é um
jornal diário com notícias acontecidas ontem. Não é um compêndio de ciências ou física.
A Bíblia quando entendida como deve ser ela é ocasião de unidade entre as pessoas. Quando
queremos ver na Bíblia informações físicas, científicas ou outras é evidente que em vez de elemento de
união ela torna-se de desunião mas isso por nossa culpa porque não sabemos ler. Não usamos a crítica
literária. Não entendemos os géneros literários que o autor sagrado usou. Não nos inculturamos com o
autor tendo em conta para quem se dirigia, a linguagem que usava, o objetivo que pretendia.
Qual é o papel do Messias?
O Messias designa o Ungido de Deus no sentido cultual e metafórico, por exemplo: o rei, o sumosacerdote, o Messias futuro. A esperança num Messias rei aparece não antes do tempo dos Reis,
sobretudo pela fé na promessa de Javé e pela critica à realeza existente. No decurso do tempo, acentuase a crítica e cresce a esperança. Um dos pontos culminantes é a profecia de Isaías. Miqueias evita o
titulo de rei. O Messias deve nascer da raiz de Isaí (=pai de David) portanto não da dinastia reinante. A
destruição de Jerusalém(586 a.C.), o colapso da realeza e o exílio criam novos pressupostos: a esperança
já não pode dirigir-se à cidade e ao rei. Com isto começam três direcções da teologia do Messias:
Alguns esperam, apesar de tudo uma restauração politica. Estes vêem uma confirmação (por exemplo,
no começo do domínio dos Macabeus), cultivam o ódio contra a potencia ocupante romana e os seus
colaboradores(zelotes), aclamam Messias o chefe da última revolta impotente(até 135 a.C.).
Outros têm esperança paciente e pacifica com uma grande fidelidade à Lei: Ele enviará depois o
Messias.
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A imagem do Messias de outros está marcada pela imagem do servo de Deus ou espera—se um novo
Moisés.
O Novo Testamento anuncia: Jesus é o Messias (= o Cristo). Quem se declarasse partidário desta
mensagem tinha de introduzir correções na sua conceção do Messias: são rejeitadas pretensões politicas
de poder.
Descobrimos ainda que a parte final do videoclip retrata o Armagedão. Como interpreta este
momento Bíblico?
O Armagedão é o Juízo de Deus. Segundo o Apocalipse 16,16 três espíritos demoníacos reúnem os
reis da terra na localidade Armagedão para lutarem contra Deus. Alguns interpretam o nome Armagedão
como monte(=har) de Megido. Mas na Sagrada Escritura só se fala da planície de Megidoç. Outros
pensam em “har mo ‘ed” (nome da assembleia, alusão a Isaias 14,13). Outros pensam na ligação de
várias ideias (por exemplo: Megido como campo de batalha: os montes de Israel, como lugar da derrota
de Gog).
O livro do Apocalipse- o último de toda a Bíblia- é, talvez o texto bíblico que mais discussão tem
levantado ao longo dos tempos tanto nas igrejas cristãs como fora delas. Não estamos perante uma
narrativa histórica, à semelhança dos evangelhos ou dos profetas. Não são cartas como as de Paulo nem
poesia como os Salmos ou o Cântico dos Cânticos. Estamos diante de uma narrativa apocalíptica que só
tem paralelo, a nível literário com o Livro de Daniel e outras obras apocalípticas judaicas
intertestamentárias que nos podem ajudar na compreensão do respetivo género literário.
A palavra Apocalipse significa Revelação sobre realidades a acontecer em tempos próximos e futuros.
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Anexo 3 – Entrevista com António Pinheiro. António Pinheiro tem 33 anos, obteve a sua formação
musical na Escola de Música da Sociedade Filarmónica de Crestuma, na qual foi também docente e na
Fundação Conservatório Regional de Gaia, onde, entre outros, teve como mestre o Professor Saúl Silva.
É clarinetista (solista B) na Banda Musical de Souto (Santa Maria da Feira), saxofonista e clarinetista
na Orquestra Ligeira Vale do Sousa Big Band (Paredes). Em 2011 foi um dos fundadores da orquestra
“Invicta Big Band”, da qual é Director Musical.
Possui uma larga experiência a nível do ensino da música sendo, alguns dos seus antigos alunos,
músicos de mérito reconhecido.
Que importância atribui a Michael Jackson na "História" da música?
O Michael Jackson é o tipo de artista que marca a história da música, por três factores fundamentais:
está sempre um passo à frente; introduz algo de novo e é factor de mudança e abre portas para outros
artistas.
Isto são características comuns a todos os nomes imortais na História da Música e que conferem a
estas figuras uma importância ainda maior, numa era em que tudo parece formatado.
E isto deriva desse estilo próprio que o MJ cultivou.
Olhando à era musical dos anos 80, pode-se dizer que o MJ foi uma das principais referências
ou figuras?
Não só nos anos 80, mas ainda hoje. Todo o seu trabalho é uma referência para áreas tão diversas da
música como o Pop, a Soul, o R’n’B e até mesmo o Jazz (Miles Davis fez versões de músicas do MJ).
Ou seja, as suas músicas atravessam épocas e estilos. Conseguimos ouvir as músicas do “Thriller”, por
exemplo, e senti-las como actuais e não datadas.
Para si, qual foi o melhor álbum de MJ ? E single ?
Há dois álbuns que gosto muito: o Thriller e o Bad. Talvez o melhor seja o Thriller, pois de uma ponta
a outra são todas grandes canções. E tem a produção genial de Quincy Jones. Relativamente a singles,
aprecio muito o Bad e o Black or White, este último principalmente pelo videoclip que o acompanha.
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