A JORNADA HEROICA DE PERSEU

Transcrição

A JORNADA HEROICA DE PERSEU
Guia para o professor
Projeto de leitura
A JORNADA HEROICA DE PERSEU
ADRIANO MESSIAS/ MANNY CLARK
A OBRA
Indicação de leitura: leitor fluente, a partir dos 9 anos
Perseu, filho de Zeus, precisa derrotar a Medusa. Como não tem
poderes mágicos, conta apenas com sua inteligência e bravura para
cumprir essa tarefa arriscada e mortal; e é justamente nessa aparente
fraqueza que reside sua força.
Resumo: Perseu, filho de Zeus, precisa derrotar a Medusa. Como não
tem poderes mágicos, conta com sua inteligência e bravura para cumprir essa tarefa arriscada e mortal; e é justamente nessa aparente fraqueza que reside sua força. No decorrer de sua caminhada, encontrará
seres fantásticos que irão ajudá-lo a entrar na terrível ilha das górgonas
e realizar a proeza que o imortalizou: cortar a cabeça de Medusa, orientando-se pelo reflexo do monstro na parte interna do escudo que lhe
fora presenteado. Dentro da proposta da coleção Filosofia em Contos,
de propiciar reflexões filosóficas a partir de diálogos platônicos, o leitor
encontrará, ainda, a figura de um misterioso pescador que narrará a três
amedrontadas crianças histórias fascinantes dos personagens gregos.
Como esse semideus irá cumprir seu destino? Este reconto do
clássico mito grego provoca o leitor a questionar-se sobre temas
como medo, fragilidade, violência e coragem.
ISBN 978-85-8232-012-9
ISBN: 978-85-8232-012-9
9 788582 320129
Formato: 24 x 18 cm - 32 páginas
ISBN 978-85-823-2012-9
Eixos temáticos: coragem, medo, violência, prudência, crescimento
pessoal
Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Arte, História, Geografia,
Ciências
POR QUE LER
ESTRUTURA DA OBRA
Os mitos sempre nos ajudaram a entender dimensões profundas da existência humana, tanto
no âmbito pessoal quanto no coletivo. A história de
Perseu e Medusa é um dos clássicos que influenciam
parte do pensamento humano até nossos dias, afinal, a figura horrorosa daquele monstro sendo decapitado pelo herói reserva-nos simbolismos fortes
e universais. Medusa era uma sacerdotisa de Hera
e, ao ser violada por Poseidon no templo da deusa,
foi por ela injustamente castigada, transformando-se em uma horrenda criatura de cabelos de serpentes e olhos petrificadores. Depois, foi exilada
em uma ilha que, em breve, passou a contar com
um jardim de estranhas estátuas: os homens que
por lá passaram e ousaram enfrentar o tenebroso
olhar medúseo. Seu degolamento é, na verdade, a
metáfora de uma redenção: foi preciso ter passado
por esta prova para se tornar eternizada em uma
constelação, ao lado de Perseu. O caráter de peripécia, temor e valentia deste mito agrada muito às
crianças.
O livro, em 32 páginas muito bem ilustradas, trabalha com uma estrutura de reconto, apresentando
dois tempos. O primeiro, em que as três crianças chegam até um pescador, num cair de tarde, intercalado à
narrativa daquele homem do mar. Um segundo tempo,
em que a lenda se desenvolve e faz o leitor conhecer
as aventuras de Perseu.
ANTES DE LER
Antes da leitura, o professor apresenta a capa do
livro aos alunos, ocultando o título, e pergunta de quem
se trata. Algumas crianças provavelmente reconhecerão a Medusa, mesmo que não se lembrem do nome
do herói. Peça para que contem aos colegas quem era
essa personagem e por que era tão perigosa, descrevendo também as características presentes na ilustração.
Depois, se não tiverem dito o nome da figura masculina, o professor revela o título do livro e explica sobre
Perseu. Deve enfatizar que ele se tornou herói porque
conseguiu enfrentar um monstro muito temido. Porém,
o importante é mostrar aos alunos que a trajetória heroica não começou no ato triunfal de arrancar a cabeça
do monstro, mas bem antes. Ao mesmo tempo, instigará a curiosidade da classe e deixará claro que, na vida,
as verdadeiras conquistas precisam de esforço e tempo.
DURANTE A LEITURA
A história tem elementos narrativos que a aproximam da linguagem dos super-heróis: dinamismo, ação,
valentia, enfrentamento do desconhecido e de monstros.
O professor pode frisar que o traço das ilustrações
lembra o de histórias em quadrinhos e ir anotando os
nomes dos personagens mitológicos no quadro. À medida que a leitura avança, os alunos visualizam e fazem associações. E, como a mitologia oferece uma divertida árvore genealógica de deuses, semideuses e mortais, isso
depois pode ser mais bem trabalhado pelo professor.
COMO LER AS ILUSTRAÇÕES
As ilustrações têm um estilo dinâmico, próprio dos
quadrinhos e filmes de heróis. Na página 15, por exemplo, o professor pode estimular os alunos a descreverem as roupas e a atitude de Perseu. Na página 22,
ele já está com seu elmo e as sandálias aladas. Quais
poderes ele tinha? Como era sua roupa? Será que ele
teria algum ponto fraco? Qual? Também se pode pedir que descrevam os seres monstruosos da narrativa:
como eles aparecem? Quais seus poderes e pontos fracos? Como demonstram ser maus ou perigosos? Como
se vestem? E suas expressões? Como são? Quais tons
cromáticos o ilustrador empregou no livro? Que sensações as cores transmitem ao leitor? Por exemplo, a
ilha das górgonas parece sombria, enquanto as ninfas
estão resplandecendo.
DEPOIS DE LER
O pós-leitura pode ser um momento em que o professor oferece algumas informações mais específicas. Ele
pode apresentar rapidamente quem foram os deuses
Zeus, Hermes e Atena, e estimular uma pesquisa posterior feita pela classe pelos demais deuses do panteão grego e o local em que moravam, o Monte Olimpo. A pesquisa também pode incluir outros seres mitológicos, como
as górgonas, as greias, as ninfas e o cavalo Pégaso.
O professor tem também a opção de discutir sobre a
diversidade de deuses na Grécia Antiga e sobre o tipo de
comportamento que eles costumavam ter (por exemplo,
não eram apenas bons e justos, mas pareciam se mover
por vaidades e invejas, como os seres humanos).
Diversas atividades podem ser realizadas a partir
da história. Como se trata de uma aventura com várias cenas, o professor pode criar um pequeno projeto
e transformar a história em uma revista em quadrinhos coletiva. Grupos diferentes de alunos podem se
responsabilizar por etapas específicas do enredo, ou,
ainda, se dividir por funções: alguns podem preferir
apenas desenhar, enquanto outros vão querer colorir
ou criar as falas. Essa atividade une as áreas de Língua
Portuguesa e Arte.
Além disso, para se fazer uma boa revista, é preciso
que conheçam melhor o mito, e aqui entram elementos
de História e Geografia. Mesmo que não faça parte do
currículo, o professor pode apresentar brevemente um
mapa-múndi (e, se quiser, um mapa específico do continente europeu) e explicar sobre a Grécia: onde esse
país se localiza, como é formado geograficamente, que
importância os povos que passaram por aquele território têm para o mundo de hoje. E também acrescentará informações históricas que tratem, por exemplo, do
nascimento da filosofia grega ou da variedade de mitos.
Os alunos podem participar desse momento trazendo,
previamente, algumas informações de casa.
A partir desta discussão, chega-se também a uma
atividade de artes: modelar argila ou gesso e pintar ou
esculpir em peças de cerâmica pode ser bem divertido
e ensinar mais sobre técnicas de artes plásticas e de
estética. Conceitos como alto-relevo ou os formatos
de vasos antigos podem integrar o conteúdo.
O conhecimento sobre os deuses do Olimpo sempre é uma oportunidade para se conhecer melhor a
mitologia. O professor tem aí uma deixa para explicar
a formação de uma árvore genealógica. Por exemplo:
a origem dos mitos gregos está em Caos e Gaia. Apesar
de os casamentos serem muitos e múltiplos e haver
sempre várias versões para as narrativas míticas, o
professor tem a oportunidade de escolher explicações
mais simples: Gaia, a terra, unindo-se a Urano, o firmamento, geraram seis titãs e seis titânides. Dentre
os titãs, talvez o mais importante seja Cronos. Foi ao
castrar seu pai, Urano, que Cronos pôde se casar com
Reia e gerar o que comumente se chama de a primeira
geração dos deuses olímpicos, que eram seis: Héstia,
Deméter, Hera, Poseidon, Hades e Zeus. A eles, somou-se a segunda geração, basicamente dos filhos de
Zeus com Hera: Hefesto, Ares, Atena, Apolo, Ártemis,
Hermes. Como atividade secundária, cada aluno pode
fazer sua própria árvore genealógica, começando pelos avós ou bisavós.
E, de acordo com o pensamento grego antigo, vários deuses e seus feitos se transformavam em constelações. Uma boa atividade para ampliar os conhecimentos
dos estudantes sobre a astrofísica é explicar sobre a constelação de Perseu,
que, entretanto, só pode ser vista no Hemisfério Norte e tem três estrelas
mais brilhantes: Mirtaka, Algol e Gama. A partir dessa informação, os alunos
podem pesquisar elementos básicos de astronomia: a diferença entre um
planeta e uma estrela; o que é uma lua, um asteroide, um cometa, uma
galáxia... E eles poderão descobrir e mapear nossas constelações mais famosas, como a do Cruzeiro do Sul, fazendo uma maquete do sistema solar
e uma visita a um planetário para finalizar o projeto.
ASSUNTO PUXA ASSUNTO
Os alunos percebem no texto que as personagens femininas sofriam
bastante: eram tratadas com menosprezo e como meros objetos. Dânae
chegou a ser uma mãe solteira abandonada. O mito de Perseu e Medusa
é uma excelente oportunidade para se discutir a condição feminina no
decorrer da história, ou, ainda, a situação das mulheres no mundo de hoje
– de acordo com um determinado país ou cultura. Será que as mulheres
têm direitos iguais em todos os lugares? As diversas religiões tratam de
fato a mulher como igual ao homem?
Porém, um dos tópicos mais importantes deste mito é, de fato, a
questão do medo e da coragem. O professor pode discutir com seus alunos que medo e coragem fazem parte da condição humana e que Perseu,
ao ver a imagem de Medusa reproduzida no escudo, entendeu tratar-se
de algo “irreal” – apenas um reflexo – e, portanto, sentiu-se seguro para
matar o monstro. Deve-se também mostrar que a nossa relação com nossos medos costuma melhorar à medida que crescemos: o menino mais
novo, por ser menos experiente e maduro, tinha um temor maior da cara
feia modelada na ânfora carregada pela sádica velha. O medo, de fato,
petrifica como os olhos da Medusa. É preciso, entretanto, ter coragem
para se encarar o desconhecido e prudência para se escolher até quando
o enfrentamento deve ser levado adiante. De toda maneira, coragem e
medo são temas muito pertinentes em qualquer época e lugar.
SOBRE O ESCRITOR
Adriano Messias escreveu mais de trinta livros para crianças e jovens,
recebeu prêmios e menções literárias e já teve títulos selecionados para
o Catálogo de Bolonha. É formado em Letras e Jornalismo e tem mestrado em Comunicação. Em seu doutorado em Comunicação e Semiótica
(PUC-SP), estuda o fantástico na literatura e no cinema, sobretudo os
monstros. Além de ser tradutor e adaptador de obras variadas, Adriano
também realiza palestras e está sempre viajando pelo Brasil.
SOBRE O ILUSTRADOR
Especializado em desenho clássico e acadêmico, Manny Clark domina
diferentes técnicas, como anatomia, luz e sombra, perspectiva, composição, cor e aerografia. Seus trabalhos incluem escultura, cartoons,
mangás, pintura a óleo e ilustração digital. Atua tanto no mercado publicitário, criando storyboards e ilustrações, quanto no editorial, desenhando para HQs e livros infantis e juvenis.
CONECTE-SE
Audiovisual
Fúria de Titãs (Clash of theTitans,
Desmond Davis, 1981) traz informações relevantes sobre o mito
de Perseu, com variações e acréscimos. Há um remake de 2010
desse filme, dirigido por Louis
Leterrier. Essa é uma alternativa
contemporânea ao filme clássico.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios
(Percy Jackson and the Olimpians:
The Lightning Thief, Chris
Columbus, 2010) é outro filme
que traz a figura de personagens
mitológicos gregos, dentre eles a
própria Medusa.
Há também uma série de excelentes documentários sobre figuras da mitologia grega intitulada
Confronto dos Deuses (Clash of the
Gods, 2009), em dez episódios. O
episódio 5 trata da Medusa e o
primeiro é sobre Zeus.
Artes plásticas
Nas artes plásticas, Medusa e
o herói Perseu foram várias vezes retratados. Vale pesquisar
pela internet por imagens como
Medusa Murtola, de Caravaggio;
Perseu e Medusa, de Camille
Claudel; Medusa, de Franz Von
Stuck. Um breve estudo comparativo entre as obras pode ser feito,
destacando-se traços do estilo e a
expressividade dos personagens
retratados.
ELABORADO POR ADRIANO MESSIAS

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