Tudo sobre a
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VIVER EM EQUILÍBRIO REVISTA OFICIAL Nº 73 3 EXERCÍCIOS DE FORÇA BENEFÍCIOS DA BATATA-DOCE PÉ DIABÉTICO QUE EXERCÍCIO POSSO FAZER? DIABETES TIPO 2 POSSO PRECISAR DE INSULINA? Tudo sobre a Pré-diabetes COMO AGIR PARA TRAVAR A DIABETES ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR A PRESSÃO ARTERIAL Mensagem do Presidente APDP Remodelação do Museu da Diabetes POR LUÍS GARDETE CORREIA PRESIDENTE DA APDP A o revisitar o nosso Museu da Diabetes, agora em vias de ser remodelado graças à doação de um mecenas nacional que percebeu a importância de preservar a memória de um passado muito rico e instrumento precioso na formação das gerações futuras, reli vários documentos ali expostos. Entre o espólio, herança do Dr. Ernesto Roma, estava um documento do início dos anos 40 do século passado intitulado “Compromisso de Honra”. Ao lê-lo, lembrei-me então de valores do passado que, de alguma forma, se foram perdendo na voracidade da vida das últimas décadas mas que temos procurado manter na APDP. Esse documento reconhece, entre os aspetos mais importantes, e passo a citar, “a exigência da prática da solidariedade junto dos doentes, de quem nos dirige e dos colegas de trabalho, servindo com dedicação e entusiasmo”. De facto, foi com um objetivo solidário que a APDP foi criada. Passava-se então a segunda década do século XX quando Ernesto Roma criou a APDP com a finalidade principal de apoiar os pobres numa doença com características muito especiais. Não nos esqueçamos de que naquele tempo não havia Serviço Nacional de Saúde e os custos da doença eram suportados pelos próprios, nomeadamente, a aquisição de medicação e, em particular, a insulina. Continuando a citar o texto, é importante sublinhar o “compromisso na leal execução dos serviços que lhe forem entregues, esforço no aperfeiçoamento dos conhecimentos, respeito ainda pelos colegas e pelos doentes, cuidando destes como gostaria que me cuidassem nas mesmas condições”. Escreve-se também que há simultaneamente “um compromisso em falar com orgulho da sua profissão, dos colegas e de todos os que, imbuídos daquele espírito de solidariedade dentro do princípio da cordialidade, lealdade e honestidade, se dedicam a cuidar das pessoas com diabetes”. Estava-se numa casa solidária e este documento em que se encontravam estes princípios era assinado por todos os que ali prestavam serviço, e logo na primeira hora. Estes princípios, embora muito esquecidos na vida deste país, têm hoje cabimento perfeito não só na prática quotidiana da APDP como em muitas instituições públicas ou privadas e muito para além da área saúde, em todas as áreas da nossa sociedade. Por nós, na APDP, temos procurado preservar estes valores, sendo certamente esse um dos fatores que justifica a nossa posição a nível nacional e internacional como uma instituição de referência mundial. Ernesto Roma criou a APDP com a finalidade principal de apoiar os pobres numa doença com características muito especiais. Diabetes 3 Ficha técnica COLABORAM NESTA EDIÇÃO ESPECIALISTAS APDP LUÍS GARDETE CARDIOLOGISTA E EDITOR DA REVISTA APDP LUANA LEITÃO RENATA PIZARRO DIETISTA EM ESTÁGIO PROFISSIONAL OUTRAS ENTIDADES PEDRO MATOS PRESIDENTE DA APDP PODOLOGISTA DA APDP JOSÉ MANUEL BOAVIDA JOÃO FILIPE RAPOSO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO ERNESTO ROMA RICARDO RANGEL ENDOCRINOLOGISTA DA APDP DIRETOR CLÍNICO DA APDP LEONE DUARTE ENDOCRINOLOGISTA DA APDP JOSÉ LUIZ MEDINA PRESIDENTE DA SPD E MEMBRO DA APDP RUI DUARTE ESPECIALISTA DE MEDICINA INTERNA DA APDP SOCIEDADE PORTUGUESA DIABETOLOGIA PORTUGUESE SOCIETY OF DIABETOLOGY DIABETES - VIVER EM EQUILÍBRIO DIRETOR Luís Gardete Correia EDITOR Pedro Matos REDATORA PRINCIPAL Ana Margarida Marques [email protected] PERIODICIDADE Trimestral REVISÃO Catarina Almeida, Marta Pinho COORDENAÇÃO DE PROJETO Violante Assude [email protected] COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO EXTERNA António Galveia CONSELHO CIENTÍFICO Luís Gardete Correia, João Filipe Raposo, João Nunes Corrêa, José Manuel Boavida, Pedro Matos, João Nabais, Ana Mesquita, Lurdes Serrabulho COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INTERNA Paulo Oliveira SECRETARIADO Carla Trincheiras, Cristina Silva e Sónia Silva Tel: 213 816 112 | Fax: 213 859 371 [email protected] www.apdp.pt PROPRIEDADE APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal 4 SEDE SOCIAL: Rua do Salitre, 118-120, 1250-203 Lisboa Diabetes EDIÇÃO GOODY S.A. Sede Social Avenida Infante D. Henrique, Nº 306, Lote 6, R/C 1950-421 Lisboa Tel: 218 621 530 DIRETOR GERAL António Nunes ASSESSOR DA DIREÇÃO GERAL Fernando Vasconcelos DIRETORA PUBLICAÇÕES SAÚDE Violante Assude [email protected] COORDENAÇÃO DE CIRCULAÇÃO Carlos Nunes FOTOGRAFIA António Pinto, L. Ribeiro, Mafalda Melo, Pedro Vilela, Ricardo Polónio BANCO DE IMAGENS Dreamstime, Getty Images DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO Joana Nunes ILUSTRAÇÃO Susana Zenóglio, Raquel Pinheiro PUBLICIDADE GOODY S.A. ACCOUNT Fátima Eiras Tel: 218 621 491 | Fax: 218 621 495 [email protected] TIRAGEM 22.000 exemplares PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO Litofinter Mar Mediterráneo 16. San Fernando de Henares 28830 Madrid INSCRIÇÃO NA ERC 101391 DEPÓSITO LEGAL 101662/96 ISSN 0873-45DX DIREÇÃO PRESIDENTE: Luís Gardete Correia DIRETOR CLÍNICO: João Filipe Raposo TESOUREIRO: Luís Nunes Coimbra Nazaré VOGAIS: José Valente Nabais e Maria de Fátima Pinheiro Nogueira SEDE SOCIAL Rua do Salitre, 118-120 1250-203 Lisboa Tel: 213 816 100 | Fax: 213 859 371 [email protected] www.apdp.pt CONTRIBUINTE N.º 500 851 875 Índice 03 PÁG. 10 MENSAGEM DO PRESIDENTE 10 ATUALIDADE Notícias de bem-estar, nutrição e exercício físico PÁG. 28 APRENDA A COMER BEM 22 BENEFÍCIOS DA BATATA-DOCE 26 CONHEÇA E COMPARE Menus de pequeno-almoço 28 RECEITAS 50 CONTROLO E VIGILÂNCIA Como posso controlar a tensão arterial? 54 EXERCÍCIO FÍSICO Treino de força na piscina 56 TESTEMUNHO DE ATLETISMO 58 ENTREVISTA Constantino Sakellarides A SUA APDP 64 ENTREVISTA Luís Gardete Correia 68 OBSERVATÓRIO DA DIABETES VIVER BEM A DIABETES PÁG. 38 38 VIVER COM PRÉ-DIABETES PÁG. 70 42 70 A DIABETES NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 72 8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES REVOLUÇÕES NO AUTOCONTROLO DA DIABETES 74 46 80 CONSULTÓRIO Bomba de insulina na mulher com diabetes tipo 1. Tenho diabetes tipo 2. Posso vir a ter de tomar insulina? Tenho pé diabético. Que exercício físico posso fazer? NOTÍCIAS APDP NÚCLEO JOVEM 78 AGENDA 81 DIABÉTICO ILUSTRE Henrique VIII Diabetes 5 Editorial APDP Uma visão alargada para a diabetes POR PEDRO MATOS EDITOR A nossa associação tem tido ao longo dos anos uma visão e um papel na área da diabetes que passa por várias áreas de intervenção: a actividade assistencial, a participação associativa e cívica, o ensino pós-graduado e a investigação, a parceria com outras instituições e profissionais de saúde. Nos últimos meses marcámos presença em quase tudo o que é a nossa missão. Em termos associativos e cívicos, e por ocasião de mais um Dia Mundial da Diabetes, estivemos na Assembleia da República, fazendo parte de um grupo de cidadãos envolvidos na luta contra a diabetes em Portugal. No mesmo âmbito, fomos um dos principais dinamizadores do Fórum da Diabetes, que reuniu profissionais, doentes e autarcas para partilhar experiências, dúvidas, problemas, tentar encontrar soluções e alternativas. Participámos, como desde a primeira edição e em conjunto com outras entidades relevantes na área da diabetes, na elaboração de mais um número do Observatório Nacional, um documento essencial para entender a realidade da doença no nosso país, o seu perfil evolutivo e o impacto sobre os custos associados. Na vertente educativa, demos início a um novo curso de pós-graduação em diabetes, uma parceria com a Universidade Nova já anteriormente encetada. No campo da investigação clínica e básica, continuamos a participar em ensaios clínicos internacionais. Em simultâneo, uma investigadora ligada à APDP foi distinguida com um prémio da IDF, na área da biologia celular e molecular aplicada à diabetes. Por fim, na área assistencial continuamos a tentar melhorar o que podemos oferecer aos nossos doentes, optimizar modelos de funcionamento e padrões de qualidade nos serviços prestados. Nesse sentido, estamos a ultimar um processo de acreditação em qualidade, avaliado por uma entidade externa independente. A certificação permitirá que a nossa casa seja reconhecida por todos os que funcionam na área da saúde como um centro de excelência, com procedimentos e normativas definidas, de acordo com os mais elevados níveis de exigência. É esta a visão alargada para a diabetes que queremos continuar a ter. Por opção do autor, este texto não está conforme as normas do Acordo Ortográfico. 6 Diabetes Estamos a ultimar um processo de acreditação em qualidade [na área assistencial], avaliado por uma entidade externa independente. JUNTE-SE HOJE À DAMOS-LHE 10 RAZÕES PARA SER NOSSO SÓCIO RECEBA A REVISTA DIABETES EM SUA CASA Contribuir na luta contra a diabetes e suas complicações Receber grátis as 4 edições anuais da revista Diabetes Apoiar a APDP na investigação na área da diabetes Apoiar a formação na área da diabetes para profissionais e não profissionais de saúde Acesso a descontos na APDP: farmácia, óptica e serviços de saúde Descontos em publicações editadas pela APDP Acesso e descontos nos cursos de formação em Lisboa e Porto Orientações online na área da diabetes Acesso ao espaço de actividade física Participar ativamente na vida associativa da APDP FAÇA A SU A INSCRIÇÃ O OLINE AQUI Correio do leitor A APDP PERGUNTA O QUE FAZ PARA GERIR O STRESS NO DIA A DIA «Procuro ter momentos agradáveis que me preparem para ter um dia sereno e o suportem nas ocasiões de maior stress. De manhã faço hidroginástica ou natação.» Angélica Lopes «Faço exercício e procuro ocupar o tempo livre com atividades de que gosto.» Maria Silva «Ando de bicicleta e faço caminhadas sempre que posso.» João Sousa «Gosto de dar uma caminhada pela manhã, para que o dia seja mais tranquilo.» Luis Pereira VIVER COM DIABETES “Sou feliz com a diabetes” MARGARIDA AZEVEDO, 18 ANOS «A diabetes é uma doença que afeta muitos jovens, hoje em dia. Inicialmente parece ser assustadora, mas com o passar do tempo percebemos que ter a diabetes sob controlo é o mesmo que viver como as pessoas “normais”. Temos simplesmente de ser mais responsáveis, mais cuidadosos com a alimentação, mas ao fazermos uma alimentação saudável vamos beneficiar todo o organismo. No entanto, a diabetes tipo 1 é muitas vezes “chata”, e quando penso que há muitas pessoas com doenças muito piores e que mantêm uma elevada autoestima, então inspiro-me nelas e penso que sou saudável, que sou uma sortuda pela vida que tenho. Sou feliz com a diabetes.» Há muitas pessoas com doenças muito piores e que mantêm uma elevada autoestima, então inspiro-me nelas e penso que sou saudável. «Tenho 91 anos e vivo praticamente sozinho. Como não tenho com quem dialogar, passo o dia escrevendo sobre os assuntos que estudo e investigando na Internet. É a melhor maneira de nos abstrairmos dos nossos problemas. Outra forma é termos hobbies a que nos dedicarmos.» Elisio Romariz Santos Silva PRÓXIMA PERGUNTA COMO FAZ O REGISTO DOS VALORES DA GLICEMIA? PARTICIPE E PARTILHE A SUA OPINIÃO: Envie-nos o seu testemunho ou resposta, com o seu nome completo, para o e-mail [email protected], ou por correio para a morada: Av. Infante D. Henrique n.º 306, Lote 6, R/C – 1950-421 Lisboa. A APDP reserva-se o direito de cortar e editar as cartas recebidas. Diabetes 9 Atualidade DIABETES TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES RISCO DE GLAUCOMA NAS PESSOAS COM DIABETES Uma análise de 47 estudos científicos demonstra que as pessoas com diabetes têm mais probabilidades de desenvolver glaucoma do que aquelas que não têm diabetes. Outra conclusão é que o risco de desenvolver a doença oftalmológica é mais elevado nas pessoas há mais tempo com diabetes, segundo um estudo divulgado no jornal científico Ophthalmology. ASSOCIAÇÃO ENTRE A DEPRESSÃO E A OBESIDADE A obesidade pode estar associada à baixa autoestima e aos problemas sociais e de saúde que podem levar à depressão, relatam os autores de uma investigação americana levada a cabo pelo National Center for Health Statistics, cujos resultados indicam que 43% dos adultos com depressão são obesos e 55% das pessoas que tomam antidepressivos sofrem também de obesidade. 43% DOS ADULTOS COM DEPRESSÃO SÃO OBESOS E 55% DAS PESSOAS QUE TOMAM ANTIDEPRESSIVOS SOFREM TAMBÉM DE OBESIDADE Dentistas em posição estratégica para diagnosticar novos casos. ESTUDO RECOMENDA ATUAÇÃO DE MÉDICOS DENTISTAS NO DIAGNÓSTICO DA DIABETES Os médicos dentistas assumem uma posição estratégica no diagnóstico de novos casos de diabetes e de pessoas com diabetes em risco de complicações da doença, reforça um artigo divulgado na publicação Clinical Diabetes. Os autores responsáveis pela investigação alertam para a importância da cooperação e do trabalho conjunto entre os profissionais de saúde de modo a que se caminhe para um diagnóstico mais eficaz da diabetes. 10 Diabetes Atualidade DIABETES 96% Programas têm impacto no colesterol HDL e colesterol LDL CAMPANHAS DE PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTIL EM FOCO Os programas de prevenção de obesidade infantil que promovem a alimentação saudável e o exercício físico na infância contribuem para uma melhoria do perfil lipídico das crianças, o que pode significar um menor risco de doença cardiovascular na idade adulta, de acordo com uma revisão científica de 17 estudos divulgados na publicação Obesity Reviews, órgão oficial da World Obesity Federation. De acordo com a revisão científica a maioria dos programas de prevenção de obesidade infantil revelam que, mesmo quando não reduzem o risco de obesidade, têm um impacto positivo no colesterol HDL (“colesterol bom”) e colesterol LDL (“colesterol mau”). 12 Diabetes ALERTA! Berkeley é a primeira cidade dos Estados Unidos a lançar uma taxa sobre os refrigerantes. A medida foi a votação e 75% dos participantes afirmaram "sim" ao imposto. Sabe-se que o consumo excessivo e regular de refrigerantes está associado a problemas de saúde como a diabetes e a obesidade. Porque é que as taxas dos refrigerantes são tão importantes é o mote de um artigo publicado no site www. huffingtonpost. com. QUAL A RELAÇÃO ENTRE A DIABETES TIPO 2 E O STRESS? A resposta poderá estar num novo estudo que estabelece a correlação entre a diabetes tipo 2, o aumento da exposição ao stresse e a diminuição da capacidade biológica para gerir o stress. Um grupo de investigadores americanos estudou o sistema biológico de 140 pessoas com diabetes tipo 2 e apurou que estas pessoas têm menor capacidade para normalizar a pressão arterial, o ritmo cardíaco e os níveis de colesterol, para dar resposta ao stress. Os resultados estão publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS). ESTUDO ASSOCIA DIABETES TIPO 2 E REDUÇÃO DA CAPACIDADE BIOLÓGICA DE RESPONDER AO STRESS. BEM-ESTAR Atualidade SABIA QUE? As pessoas que consomem a maioria das refeições em casa revelam ter hábitos mais saudáveis e um consumo calórico mais baixo do que aquelas que consomem a maioria das suas refeições em restaurantes. O alerta é dado num estudo divulgado no Public Health Nutrition, apresentado num encontro da American Public Health Association, refere o site HealthDay News. Pais saudáveis, filhos saudáveis. As crianças cujos pais permanecem longos períodos a ver televisão passam, também elas muito tempo perante o pequeno ecrã, enquanto as que têm o hábito de caminhar têm mais saúde, acumulando mais horas de sono, alerta um estudo apresentado numa reunião da American Heart Association, segundo o site www.dailyrx.com. O ar que respiramos influencia a saúde desde a infância. FUMO DO TABACO E POLUIÇÃO NA INFÂNCIA SÃO FATORES DE RISCO PARA A OBESIDADE A exposição ao fumo do tabaco e ao ambiente com ar poluído contribuem para o desenvolvimento da obesidade desde cedo na vida, revela um novo estudo científico. A pesquisa publicada no Environmental Health Perspectives comprova que há um ganho de peso durante a adolescência nas crianças mais sujeitas ao fumo passivo do tabaco ou a ambientes com poluição. AMBIENTE NAS CANTINAS INFLUENCIA CONSUMO DE VEGETAIS PELOS ESTUDANTES Modificar o ambiente das cantinas pode contribuir para o aumento do consumo de vegetais pelos estudantes, de acordo com um estudo da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. Um grupo de investigadores observou os comportamentos de crianças e de jovens de dez escolas públicas na cidade de Nova Iorque e concluiu que os estudantes têm mais tendência para comer vegetais quando: os refeitórios têm menos ruído ou distrações; são acompanhados por um professor que faça as refeições em conjunto com eles; têm mais tempo para almoçar; e os alimentos no prato são cortados em pequenas fatias ou porções, relata o site SmartBrief. HORÁRIOS NOTURNOS INTERFEREM COM O RITMO BIOLÓGICO, DIZ ESTUDO. TRABALHAR EM TURNOS NOTURNOS CONTRIBUI PARA GANHO DE PESO As pessoas que trabalham em turnos noturnos gastam menos calorias do que aquelas cujos horários ocorrem em períodos diurnos, pelo que têm mais risco de aumentar de peso, revela um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences. Os investigadores consideram que as causas podem estar relacionadas com o facto de os turnos noturnos interferirem com o ritmo biológico, relata o SmartBrief. Diabetes 13 Atualidade BEM-ESTAR ALERTA! Um estudo comprova que é possível detetar sinais precoces de doença cardíaca em crianças e em jovens com obesidade, por intermédio de indicadores de saúde como o perfil lipídico e a medição dos níveis da glicemia. A conclusão é de um estudo publicado no jornal científico JACC, avança o The New York Times. 14 Diabetes CAMINHAR É BENÉFICO PARA A SAÚDE MENTAL Viver em zonas residenciais com acessos fáceis para andar a pé pode contribuir para uma redução da doença mental nas pessoas idosas, refere um estudo da Universidade do Kansas. A investigação científica envolveu um total de 25 idosos com doença de Alzheimer e 39 idosos sem quaisquer problemas ao nível do raciocínio ou da memória. Durante um período de 24 meses os participantes no estudo realizaram um conjunto de testes para avaliar diversos parâmetros e competências do foro mental, por exemplo a atenção e a memória. A conclusão é que as pessoas que vivem em zonas onde seja mais fácil fazer caminhadas no seu dia a dia apresentam uma melhor saúde física (pois revelam ter melhores indicadores como a gordura corporal e a tensão arterial) e mental. Os autores do estudo americano evidenciam que existe uma associação entre os fatores, mas não uma causa direta, refere o site HealthDay News. Estudo sobre anemia e diabetes A prevalência de anemia existe em 59% das pessoas com diabetes com características específicas como a idade avançada e a longa duração da diabetes, avança uma pesquisa publicada em outubro na revista científica Clinical Diabetes. Prevalência de anemia aumenta nas pessoas com diabetes de maior duração. PROGRAMAS ONLINE INTERATIVOS AJUDAM AS PESSOAS NA PERDA DE PESO As pessoas com excesso de peso e com obesidade podem beneficiar a sua saúde com programas digitais que as ajudem a adquirir estilos de vida saudáveis. A conclusão é de um estudo da Diabetes Care, na sequência de uma experiência que comparou os resultados de dois grupos: um primeiro teve acesso a boletins informativos sobre alimentação saudável e exercício e um segundo - que obteve os melhores resultados - seguiu um programa digital com vídeos interativos, relatórios diários de calorias e de exercício e feedback relativo ao desempenho prestado. Atualidade NUTRIÇÃO CONTEXTO SOCIOECONÓMICO DAS MÃES INFLUENCIA A ALIMENTAÇÃO A LONGO PRAZO PERDA DE PESO ASSOCIADA A DIETA VEGETARIANA Um estudo comparou cinco diferentes tipos de dieta e apurou que as pessoas que seguiram a dieta vegetariana foram as que mais peso conseguiram perder. As diferentes dietas incluíram diversas combinações de tipos de alimentos como hidratos de carbono, proteínas (peixe, carne e ovos), vegetais, frutas e leguminosas. O estudo divulgado na publicação The International Journal of Applied and Basic Nutritional Sciences foi levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, revela o site MedicalDaily. com. 16 Diabetes Os bebés entre 6 e 12 meses cujas mães têm níveis elevados de escolaridade e rendimentos têm mais hipóteses de ter uma alimentação saudável. Pelo contrário, aqueles cujas mães têm níveis mais reduzidos de escolaridade e de capacidade económica têm tendência a seguir uma dieta rica em gorduras, açúcares e proteínas. O estudo Hábitos na dieta do bebé têm repercussões na fase adulta. do Pediatrics evidencia que o primeiro ano de vida – período crítico por ocorrer o desenvolvimento do paladar – é uma oportunidade para serem estabelecidos hábitos saudáveis que vão refletir-se desde a primeira infância à idade adulta, diminuindo a probabilidade do aparecimento de doenças como a obesidade e a diabetes. NUTRIÇÃO Atualidade CRIANÇAS SÃO POTENCIAIS AGENTES NA COMPRA DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS A colocação de alimentos saudáveis (em vez de doces e salgados) em pontos estratégicos nos supermercados de forma a incentivar as crianças e a motivar escolhas alimentares mais saudáveis é apontada como uma medida eficaz de divulgação de hábitos alimentares saudáveis junto das famílias, alerta um estudo publicado no jornal científico Appetite. DÚVIDAS SOBRE AÇÚCARES? VÁ A SUGARSCIENCE.ORG Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia criou o site sugarscience.org com a finalidade de responder a todas as dúvidas dos cibernautas relacionadas com os riscos de saúde associados ao consumo excessivo de açúcar. A plataforma online, de acesso livre e fácil de navegar, permite a consulta de informação, em inglês, construída com base em oito mil estudos e artigos de investigação científica. Na plataforma científica é possível colocar questões aos especialistas, aprender estratégias para reduzir o consumo de açúcar no dia a dia e aceder a um kit livre para download (vídeos, panfletos, posters) com informação e sensibilização do consumo excessivo de açúcares. A iniciativa pretende dar resposta ao consumo crescente de açúcar na dieta americana. A plataforma poderá ser também útil para a implementação de programas científicos pelas entidades governamentais de saúde nos Estados Unidos, avança o site The California Report. COMO GOSTAR DE VEGETAIS DESDE BEBÉ? Junte ao leite pequenas porções de vegetais reduzidas a puré, pois ajuda na transição para os alimentos sólidos e aumenta a probabilidade de a criança vir a gostar de vegetais. A recomendação é de um estudo feito no Reino Unido que se encontra publicado na revista Appetite. BEBER LEITE FAZ BEM À SAÚDE: SIM OU NÃO? O que uma investigação indica é que beber três ou mais copos de leite por dia aumenta o risco de doença cardiovascular, cancro e mortalidade na idade adulta. A conclusão é de uma equipa de investigação sueca autora de um estudo divulgado na publicação BMJ. A equipa alerta que o estudo não se baseia numa causa direta entre a ingestão do leite e as consequências apontadas, pelo que os autores recomendam às pessoas que não alterem os seus hábitos de vida e de nutrição face a estas conclusões. No estudo participaram 36 mães de bebés com mais de seis meses. Diabetes 17 Atualidade EXERCÍCIO PODÓMETRO MOTIVA AS PESSOAS COM DIABETES A VENCER O SEDENTARISMO FAZER EXERCÍCIO TRAZ BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE, MAS NEM SEMPRE SIGNIFICA PERDA DE PESO. Uma equipa americana da Arizona State University organizou um programa de 12 semanas de exercícios na passadeira de com um grupo de participantes do sexo feminino, com excesso de peso e uma vida sedentária. A conclusão é que numa grande parte houve repercussões positivas na sua condição geral de saúde e no nível da capacidade para realizar exercício aeróbico, mas não em termos de redução de peso, refere o estudo na publicação The Journal of Strength and Conditioning Research. 18 Diabetes As pessoas com diabetes tipo 2 e uma vida sedentária beneficiam a sua qualidade de vida ao fazer caminhadas com um podómetro - instrumento que serve para medir as distâncias percorridas. O alerta é de um estudo da Nanak Dev University em Amritsar, na Índia, publicado no Journal of Diabetes & Metabolic Disorder. Um grupo de 102 pessoas com diabetes tipo 2, 28 mulheres e 74 homens, seguiu um programa de exercício supervisionado pela equipa de investigação responsável pelo estudo ao longo de 16 semanas. A conclusão principal é que o recurso ao podómetro durante as caminhadas é uma motivação para as pessoas pois podem fazer a contagem dos passos durante o exercício, revela a notícia divulgada pelo SmartBrief. CATEGORIAS DE SAÚDE E FITNESS LIDERAM CRESCIMENTO DE APLICAÇÕES DE TELEMÓVEL A saúde e o fitness foram as categorias que registaram um crescimento maior em 2014, pelo menos de acordo com a lista das aplicações mais populares do Google. Os dados atuais estimam que existem atualmente cem mil aplicações de saúde para telemóvel no mercado, o dobro do número registado há dois anos atrás, revela uma notícia divulgada no SmartBrief. ESTUDO APONTA QUE PRATICAR IOGA AJUDA A PREVENIR DOENÇAS CARDIOVASCULARES Com base na análise a 37 estudos, uma equipa de investigação na Holanda concluiu que o ioga pode representar os mesmos benefícios para a redução do risco de doenças cardiovasculares do que a aeróbica, andar de bicicleta ou caminhar. Publicado no European Journal of Preventive Cardiology, o estudo refere que os praticantes de ioga reduzem o índice de massa corporal (IMC), a pressão sanguínea e o colesterol. Mudar o futuro da Diabetes é o compromisso da Novo Nordisk. Queremos estar mais atentos, queremos aprender e queremos olhar para além do tratamento e, assim, ir ao encontro das necessidades das pessoas e das famílias que vivem com diabetes. Changing Diabetes é a nossa forma de apoiar as pessoas a gerir e a viver com a diabetes. Hoje e amanhã. ® D-1306 Anúncio Changing Diabetes Novo Nordisk, Lda. Rua Quinta da Quintã, 1 – 1.º, Quinta da Fonte, 2744-970 Paço de Arcos • www.novonordisk.pt • Contribuinte N.º 501 485 210 • Capital Social: 250.000E • C.R.C. Cascais: 13.682 – Oeiras Novo Nordisk mudar o futuro da diabetes ROGÉRIO SILVA Portugal O Rogério tem diabetes tipo 2 Aprenda a COMER BEM NUTRIÇÃO Benefícios da batata-doce CONHEÇA E COMPARE Menus de pequeno-almoço CULINÁRIA Creme de feijão de soja e coentros Peito de frango recheado com espinafres e esmagada de batata-doce Salmão no forno com cuscuz de legumes e hortelã Cheesecake de kiwi Aprenda a comer bem Os benefícios da batata-doce Saiba como introduzir este alimento na dieta e quais as suas vantagens na alimentação da pessoa com diabetes. A LUANA LEITÃO DIETISTA EM ESTÁGIO PROFISSIONAL NA APDP batata-doce (Ipomoea batatas) é originária dos Andes. Atualmente, os principais produtores são a China, Indonésia, Vietname, Japão, Índia e Uganda. Existem cerca de 400 variedades disponíveis. A pele e a polpa da batata-doce podem variar numa gama de branco, amarelo, laranja, rosa e roxo, apesar de as cores branco e amarelo ou laranja serem as mais comuns. Por vezes, a batata-doce adquire a forma clássica da batata, curta e arredondada, ou uma forma mais alongada e cónica. A intensidade da cor está diretamente relacionada com o índice de betacaroteno que possui. O betacaroteno (mais presente na variedade amarela ou cor de laranja) é utilizado pelo nosso organismo para produzir vitamina A, sendo por isso denominado de “pró-vitamina A”. Este também tem um papel importante na estabilização dos níveis de glicose sanguínea, uma vez que aumenta a sensibilidade do organismo à ação da insulina. As variedades com a polpa rosa ou roxa, por outro lado, são uma boa fonte de antocianinas (pigmento natural presente em algumas frutas, flores e folhas). Este pigmento, entre outras funções, evita a produção de radicais livres (compostos A batata-doce, apesar do nome, e de ter uma maior quantidade de HC e calorias por 100 g, tem um índice glicémico mais baixo do que a batata normal. 22 Diabetes Nutrição BENEFÍCIOS EM RESUMO: Índice Glicémico mais baixo que o da batata normal Alto teor em fibra solúvel Elevada concentração de betacaroteno Ajuda a regularizar os níveis de glicose e colesterol sanguíneos Ajuda a diminuir o risco de aterosclerose Elevado teor de vitaminas Papel antioxidante Elevada densidade nutricional Diabetes 23 Aprenda a comer bem BATATA VERSUS BATATA-DOCE Embora o valor calórico da batata-doce seja um pouco maior quando comparado com o da batata normal, a quantidade de nutrientes e compostos bioativos também o é, como se pode confirmar na tabela 1: TABELA 1 BATATA (CRUA) 100 G ENERGIA ENERGIA 89 kcal 119 kcal MACRONUTRIENTES MACRONUTRIENTES PROTEÍNA PROTEÍNA 2,5 g 1,0 g GORDURA GORDURA HIDRATOS DE CARBONO HIDRATOS DE CARBONO 0g 0g 19,2 g 28,3 g FIBRA ALIMENTAR FIBRA ALIMENTAR VITAMINAS VITAMINAS VITAMINA A VITAMINA A (EQUIVALENTES DE RETINOL) (EQUIVALENTES DE RETINOL) CAROTENO CAROTENO A-TOCOFEROL A-TOCOFEROL NIACINA NIACINA 1,6 g 0 ug 0g 0,060 g 2,7 g 650 ug 3900 g 4,6 g 1,4 g 0,50 g VITAMINA C VITAMINA C 14 g 25 g FOLATOS FOLATOS 35 g 24 BATATA-DOCE (CRUA) 100 G Diabetes 17 g que provocam lesões a nível celular). Estas últimas variedades têm a mais alta taxa de antioxidantes entre todas as espécies. Num estudo realizado para esse efeito, concluiu‑se que a atividade antioxidante da batata‑doce de cor roxa é três vezes superior à do mirtilo. Curiosamente, na pele da batata‑doce, esta atividade é três vezes mais elevada do que na polpa (independentemente da cor). Um estudo realizado em 27 pessoas com diabetes tipo 2 considera a batata‑doce um sensibilizador natural da insulina que tem também propriedades antiaterogénicas, isto é, que impede a formação de placas de ateroma nos vasos sanguíneos (aterosclerose). A batata-doce, apesar do nome, e de ter uma maior quantidade de hidratos de carbono (HC) e calorias por 100 g, tem um índice glicémico mais baixo do que a batata normal, devido à presença de uma fibra solúvel denominada inulina. Esta fibra também auxilia na redução dos níveis de glicemia e de colesterol sanguíneo. Assim sendo, ingerindo o mesmo número de porções de HC provenientes da batata‑doce, os valores de glicemia vão ser menores do que se forem provenientes da batata “normal”. Por exemplo: 90 g de batata‑doce contêm a mesma quantidade de HC do que 140 g de batata “normal”, mas a batata‑doce provoca uma subida menos acentuada de glicemia. Nutrição NÚMEROS A batata-doce pode ser usada na confeção de variados pratos. ÍNDICE GLICÉMICO (IG) 78 63 Batata (cozida) Batata-doce (cozida) TABELA 2 SUGESTÕES DE CONFEÇÃO QUANTIDADE DE HIDRATOS DE CARBONO POR 100G DE ALIMENTO A batata-doce consome‑se sempre cozinhada. O melhor método de confeção, quer em termos nutricionais quer em termos de sabor e textura, é assada no forno e inteira, mas também se pode ingerir cozida ou frita. Deve ser confecionada com casca, uma vez que é nesta que se encontra a maior percentagem de antioxidantes. A perda de nutrientes durante a cozedura, como vitamina C, B6 e ácido fólico, pode ser evitada, se for cozida a vapor. Pela sua particularidade doce, combina muito bem com canela, coco, lima e nozmoscada (por exemplo: batata-doce assada com Batata-doce 28,3 g Batata 19,2 g Abóbora 1,7 g Curgete 2,0 g Beringela 2,4 g Nabo 3,0 g Tomate 3,5 g Cenoura 4,4 g canela; puré de batata‑doce com noz-moscada; batata‑doce com legumes salteados e sumo de lima). Também se pode utilizar a batata-doce em substituição da batata normal, na confeção de variados pratos e sopas. Para as sopas, uma boa estratégia é combiná‑la com outros legumes que tenham uma menor quantidade de HC por 100 g. São bons exemplos a cenoura, a curgete, o nabo, entre outros. Na tabela 2 encontram-se alguns alimentos que contêm uma quantidade de HC muito menor e que se podem utilizar juntamente com a batata-doce ou a batata “normal” na confeção de sopas nutritivas. Diabetes 25 Conheça e compare CONHEÇA E COMPARE CALORIAS E HIDRATOS DE CARBONO EM MENUS DE PEQUENO-ALMOÇO MENU 1 – EM VEZ DE: MENU 2 – OPTE POR: 1 SUMO DE LARANJA NATURAL 1 GALÃO (SEM AÇÚCAR) DOSE: DOSE: 250 g 250 ml 163 103 KCAL KCAL 34,3 g 10,7 g HC 1 CROISSANT HC 1 FATIA DE PÃO DE CENTEIO DOSE: DOSE: 100 g 50 g 416 132 KCAL KCAL 42,2 g 28,2 g HC 2 FATIAS DE QUEIJO 1 FATIA DE QUEIJO DOSE: DOSE: 40 g 20 g 126 KCAL 0g 0 g TOTAL: 705 KCAL / 76,5 g HC Diabetes 63 KCAL HC 26 HC HC TOTAL: 298 KCAL / 39 g HC ADAPTADO DE TABELA DA COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS, INSTITUTO RICARDO JORGE FOTOGRAFIA RICARDO POLÓNIO PRODUÇÃO E FOODSTYLING RITA AMARAL DIAS LIVING ALLOWED® A TER EM CONTA: O Menu 1 é demasiado rico em calorias e em hidratos de carbono; o Menu 2 é uma opção mais equilibrada e saudável. Para quem não gosta ou não pretende beber leite, pode substituílo por iogurte não açucarado ou uma porção de fruta. O croissant com queijo tem um teor de gordura muito elevado relativamente ao pão com queijo. O sumo de laranja natural é feito com o sumo de várias laranjas, por isso o teor em hidratos de carbono é elevado. Ao optar por uma porção de laranja (uma laranja média) em vez do sumo, ingere menos hidratos de carbono e mais fibra. Aprenda a comer bem (6 PESSOAS) INGREDIENTES 600 g de soja congelada 1 cenoura 1 cebola 2 dentes de alho 150 g de batata 200 g de couve-flor 1 ramo de coentros 3 colheres de sopa de azeite Água e sal q.b. PREPARAÇÃO 1 Lave e descasque a cenoura, as batatas, a cebola e os alhos e corte tudo grosseiramente. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa) 2 Lave e prepare a couve-flor e os coentros. 215 kcal 3 Numa panela com água a ferver, leve a cozer os legumes juntamente com a soja. 4 De seguida reduza tudo a puré com a varinha mágica e se necessário passe pelo chinês. 5 Sirva a gosto salpicando com os coentros previamente picados. 12 g hidratos de carbono 14 g proteínas 13 g gordura Culinária Receitas desenvolvidas nos cursos de culinária da APDP CREME DE FEIJÃO DE SOJA E COENTROS FOTOGRAFIA RICARDO POLÓNIO PRODUÇÃO E FOODSTYLING RITA AMARAL DIAS LIVING ALLOWED® ACESSÓRIOS PRODUÇÃO AREA Diabetes 29 Aprenda a comer bem PEITO DE FRANGO RECHEADO COM ESPINAFRES E ESMAGADA DE BATATA DOCE 30 Diabetes Culinária (6 PESSOAS) INGREDIENTES 500 g de peito de frango 1 embalagem de espinafres frescos 4 dentes de alho 6 colheres de sopa de azeite 600g de batata doce Cebolinho q.b. Ervas da província q.b. Pimentão doce q.b. Flor de sal q.b. Vinho branco q.b. Sumo de 1 limão PREPARAÇÃO 1 Lave as batatas e leve-as a assar, inteiras e com pele a 200 ºC durante cerca de 25 minutos. 2 Tempere os peitos de frango COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa) 280 kcal 23 g hidratos de carbono 22 g proteínas 11 g gordura com o vinho branco, o pimentão doce, as ervas da província, 2 dentes de alho e o sumo de limão. Reserve. 3 Salteie os espinafres com 3 colheres de sopa de azeite e o restante alho. 4 Faça um corte a meio dos peitos de frango, recheie com os espinafres e ate com fio de norte. 5 Core os peitos de frango numa frigideira com o restante azeite e leve-os ao forno a 200 ºC durante dez minutos. 6 Quando as batatas estiverem assadas, retire a pele e esmague adicionando o cebolinho. 7 Sirva a gosto. Diabetes 31 Aprenda a comer bem (6 PESSOAS) INGREDIENTES 600 g salmão fresco 50 g sementes de sésamo 250 g cuscuz 2 cenouras 2 curgetes 1 cebola 2 dentes de alho 4 colheres de sopa de azeite Hortelã q.b. Flor de sal q.b. Pimenta moinho q.b. PREPARAÇÃO 1 Limpe o salmão de peles e espinhas e corte em cubos. Envolva com as sementes de sésamo. 2 Descasque a cebola e os alhos e pique. 3 Descasque a cenoura, lave bem as curgetes e rale ambos. 4 Numa panela coloque água a ferver, COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL temperada com um pouco de azeite, para os cuscuz (1 dose de água → 1 dose de cuscuz). (média por pessoa) 5 Quando a água estiver a ferver, adicione kcal os cuscuz e desligue de imediato. Espere quatro minutos e depois solte os cuscuz com um garfo. 6 Salteie a cebola e o alho no restante azeite 445 35 g e adicione a cenoura e por fim a curgete. hidratos de carbono 7 Envolva estes legumes no cuscuz e junte a hortelã picada. 23 g 8 Leve o salmão ao forno a cerca de 220 ºC durante cinco minutos. 9 Sirva a gosto. proteínas 24 g gordura Culinária SALMÃO NO FORNO COM CUSCUZ DE LEGUMES E HORTELÃ Diabetes 33 Aprenda a comer bem CHEESECAKE DE KIWI 34 Diabetes Culinária (12 PESSOAS) INGREDIENTES Para a base: 50 g de farinha tipo 55 50 g de farinha integral 50 g de farinha de amêndoa 30 g de creme vegetal Para o recheio: 400 g de queijo creme (à temperatura ambiente) 4 iogurtes naturais 40 g de adoçante Raspa de 1 limão 3 folhas de gelatina Para a cobertura: 3 kiwis PREPARAÇÃO 1 Ligue o forno a 180 ºC. 2 Numa taça, misture as farinhas com o creme vegetal. Junte água e amasse até formar uma bola de massa consistente. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa) 186 kcal 12 g hidratos de carbono 8g proteínas 12 g gordura 3 Estique a massa e disponha numa forma para tarte. Coloque no forno cerca de 20 minutos e reserve. 4 Coloque as folhas de gelatina em água fria para demolhar. 5 Numa taça, junte o queijo creme, os iogurtes e o adoçante e bata. Junte a raspa de limão. 6 Derreta a gelatina no micro-ondas e junte à mistura anterior. 7 Verta para a forma e deixe refrigerar de um dia para o outro. 8 Na hora de servir, desenforme e decore com os kiwis cortados às rodelas. Viver bem a DIABETES PRÉ-DIABETES Saiba como agir para travar a diabetes TIRAS-TESTE E A1C As grandes revoluções no autocontrolo da diabetes CONSULTÓRIO Quero engravidar. Devo usar uma bomba de insulina? Tenho diabetes tipo 2. Posso vir a ter de tomar insulina? Tenho pé diabético. Que exercício físico posso fazer? CONTROLO E VIGILÂNCIA Como posso controlar a tensão arterial? TESTEMUNHO Atletismo e diabetes EXERCÍCIO FÍSICO Exercícios na piscina para treinar a força ENTREVISTA Constantino Sakellarides Viver bem a diabetes Tudo sobre a Pré-Diabetes A pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no sangue são acima do normal, mas não o suficiente para serem classificados como diabetes. O melhor medicamento na pré-diabetes é a prática de exercício físico e seguir as recomendações de uma alimentação saudável. O QUE É A PRÉ-DIABETES? A hiperglicemia intermédia, também designada pré-diabetes, ocorre quando os níveis de glicose no sangue são superiores ao normal, não sendo, contudo, suficientemente elevados para serem classificados como diabetes. As pessoas com pré-diabetes podem ter ou valores anormais da glicemia em jejum ou tolerância diminuída à glicose ou ambas as condições. Este quadro de saúde constitui um fator de risco vascular e um aumento de risco para a diabetes. A HbA1C (abreviatura de hemoglobina glicosilada) ou simplesmente A1C permite obter a informação sobre a média geral do controlo das glicemias nos últimos três meses. Hoje a A1C começa a ser reconhecida como um critério de diagnóstico da hiperglicemia intermédia ou pré-diabetes. QUAIS AS RAZÕES DE TER PRÉ-DIABETES? A pré-diabetes é devida a duas condições: a insulinorresistência e a disfunção da célula beta. No primeiro caso, o pâncreas produz insulina, mas dada a alimentação incorreta e a inatividade física, o organismo torna-se resistente à ação da insulina, levando o pâncreas a trabalhar mais do que a sua capacidade. A gordura acumulada na região abdominal leva a um aumento da resistência à ação da insulina nos tecidos corporais, sendo tóxicas para o organismo. A disfunção da célula beta ocorre quando as células do pâncreas vão-se “cansando” de estar em esforço para produzir cada vez mais insulina e a sua função altera-se (disfunção). Está comprovado cientificamente que a metformina (medicação) é menos eficaz do que o exercício físico na normalização dos valores da glicemia na pré-diabetes. 38 Diabetes Tudo sobre a pré-diabetes COM OS DEPOIMENTOS DE JOSÉ LUIZ MEDINA ENDOCRINOLOGISTA ESCRITO POR ANA MARGARIDA MARQUES 40% 3,1 MILHÕES DE INDIVÍDUOS Da população portuguesa têm diabetes ou têm riscos de vir a ter diabetes 27% Da população portuguesa tem pré-diabetes Diabetes 39 Viver bem a diabetes ALERTA! O QUE DEVO MUDAR NA MINHA ALGUNS FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE TER DIABETES: História familiar de diabetes Alimentação inadequada e inatividade física Stress Obesidade Etnia Doenças cardiovasculares, como enfarte de miocárdio, a angina de peito e a aterosclerose Hiperlipidemia (valores elevados deNÚMEROS colesterol ou triglicéridos As pessoas ou de ambos) têm um risco aumentado de ter diabetes quando apresentam ou anomalia da glicemia em jejum ou tolerância diminuída à glicose ou ambas as condições: GLICEMIA EM JEJUM ≥ 110 MG/DL < 126 MG/DL GLICEMIA ÀS 2 HORAS APÓS A INGESTÃO DE 75 G DE GLICOSE ≥ 140 MG/DL < 200 MG/DL 40 Diabetes VIDA PARA EVITAR A DIABETES? A pessoa é a principal cuidadora de si própria. Já que a genética não se pode modificar, é a pessoa que deve atuar, adotando um estilo de vida mais saudável. Deverá fazer exercício físico diário – se possível, 30 minutos de marcha por dia. A alimentação deve ser saudável e adequada à sua atividade física. Controle o peso regularmente: todas as semanas, sempre no mesmo dia e à mesma hora, sem roupa e depois de urinar. Deve ir ao médico regularmente. A Associação Americana de Diabetes recomenda fazer um check-up anual a partir dos 40 anos. Caso a condição de saúde seja favorável, este período poderá ser alargado para de três em três anos. A genética é o terreno-base. Se tiver cuidados os genes estarão “calmos”. Se os provocar – comer mais, aumentar de peso, ter uma vida sedentária – a doença manifesta-se. HÁ MEDICAMENTOS PARA TRATAR A PRÉ-DIABETES? O melhor medicamento na pré-diabetes é adotar uma alimentação saudável e praticar exercício físico. Desta forma é possível normalizar os valores da glicemia, sempre mantendo um comportamento padrão e a vigilância periódica pela equipa de saúde. A pessoa com hiperglicemia intermédia ou prédiabetes poderá não precisar de tomar medicação, embora por vezes seja prescrita a metformina, pela sua ação no combate à insulinorresistência. O EXERCÍCIO FÍSICO É MAIS EFICAZ DO QUE A MEDICAÇÃO Contudo, está comprovado cientificamente que a metformina é menos eficaz do que o exercício físico na normalização dos valores da glicemia. Um estudo (Diabetes Prevention Program 2007) comparou o impacto da dieta, do exercício físico e da medicação num grupo de pessoas dividido em três subgrupos: um com o tratamento mais focado na dieta, outro no exercício físico e outro com base na metformina. A conclusão é que o grupo que utilizou a medicação no tratamento da pré-diabetes alcançou uma redução de risco de 17%, enquanto o da atividade física conseguiu uma redução de risco de 59%. Tudo sobre a pré-diabetes SE NADA FIZER, QUE RISCOS DE SAÚDE CORRO NO FUTURO? ESTRATÉGIAS Recentemente publicado em setembro no International Journal of Basic and Clinical Endocrinology (Buysschaert, M., Medina, J.L., Bergman, M., Shah, A., Lonier, J.), o estudo Prediabetes and associated disorders alerta para um conjunto de doenças relacionadas com a pré-diabetes, as quais poderão ser evitadas se a pessoa seguir rigorosamente asArecomendações pessoa é a principal da equipa de saúde, adotando um estilo de vida mais saudável. DOENÇAS CARDIOVASCULARES Sabe-se haver uma associação entre a pré-diabetes e as doenças cardiovasculares. A periodontite também está associada à pré-diabetes. Um dos sinais de periodontite de alerta é a dor nas gengivas e a hemorragia gengival. DISFUNÇÃO COGNITIVA A disfunção cognitiva é uma doença que pode também estar associada à pré-diabetes, afetando a memória e a atenção. O Alzheimer é uma das doenças do foro cognitivo que também poderá aparecer. PERTURBAÇÕES NA SECREÇÃO DE TESTOSTERONA O estudo aponta para a possibilidade de ocorrência de perturbações na secreção de testosterona na pré-diabetes, nomeadamente a diminuição da produção desta hormona masculina (hipogonadismo). APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO A apneia obstrutiva do sono é outra doença que pode estar relacionada, implicando alterações respiratórias durante o sono. Nestes casos, é recomendada a realização de um estudo poligráfico do sono com um especialista de Pneumologia. cuidadora de si própria. Adote SÍNDROME METABÓLICO um estilo de vida O síndrome metabólico ou saudável: perímetro de cintura aumentado 1 predisposição implica também uma Tenha uma para a diabetes e para a doença cardiovascular. alimentação saudável e “FÍGADO GORDO”adequada à sua atividade física. As doenças hepáticas (“fígado gordo” – acumulação 2 de gordura nas células do fígado) são Se possível, faça igualmente mencionadas 30 minutos de no mesmo estudo.marcha por dia 3 CANCRO Controle o peso Na pré-diabetes está também mais aumentado oregularmente risco de cancro de estômago, do cólon e do reto, 4 do fígado, do pâncreas, da mama Consulte o médico e do útero. periodicamente. Faça um check up COMPLICAÇÕES VASCULARES anual. Também as complicações microvasculares e complicações 5 macrovasculares podem Evite o aparecer consumo de álcool e não desde a pré-diabetes, havendo o fume risco de lesões nos tecidos em diversos órgãos, nos rins, olhos, nervos periféricos 6 e sistema Cuide da saúde vascular. As lesões na retina (olhos) oral. Utilize uma podem originar retinopatia; as escova macia e lesões nos nervos,pasta neuropatia; e dentífrica as lesões nos rinsrecomendadas originam uma doença designadapelos nefropatia. estomatologistas. Diabetes 41 Viver bem a diabetes As grandes revoluções no autocontrolo da diabetes As tiras-teste e a A1C facilitaram em muito o autocontrolo da diabetes, abrindo a possibilidade de a pessoa se tornar cuidadora da sua própria doença. Nas duas últimas décadas, ocorreram grandes avanços no campo da melhoria da autovigilância e do controlo metabólico da diabetes: ESCRITO POR RUI DUARTE ESPECIALISTA DE MEDICINA INTERNA EDIÇÃO ANA MARGARIDA MARQUES 1 O desenvolvimento de técnicas praticamente indolores e muito rápidas na determinação da glicemia capilar (picada no dedo) por punção digital facilitando, assim, a monitorização da glicemia pela própria pessoa. 2 O aparecimento da HbA1C (abreviatura de hemoglobina glicosilada) ou simplesmente A1C como método de avaliação do controlo metabólico de médio/ longo prazo, permitindo a avaliação retrospetiva do grau de equilíbrio metabólico dos 2-3 meses anteriores. 3 O reforço do conhecimento de que um bom/ótimo controlo metabólico pode evitar o desenvolvimento das complicações tardias da diabetes. 42 Diabetes AUTOCONTROLO DA DIABETES O melhor modo de saber se uma pessoa tem a diabetes controlada no dia a dia é efetuar testes de glicemia capilar (através da picada do dedo para medir “o açúcar no sangue”). Um dos avanços mais importantes no tratamento e controlo da diabetes é a possibilidade de o doente verificar os níveis de açúcar no sangue de modo a poder decidir acerca da necessidade de ajustes ao tratamento. Os testes feitos informam, no momento, as pessoas com diabetes se o açúcar no sangue está elevado, baixo ou normal e permitem-lhe adaptar (autocontrolo) se necessário os outros elementos do tratamento (alimentação/insulina e exercício físico). A1C E CONTROLO DA DIABETES Hoje o método mais habitual para avaliar o estado de controlo da diabetes é a A1C. O QUE É: É uma análise ao sangue que pode fornecer uma visão global de como está a compensação da diabetes nos últimos três meses e se necessita de uma afinação no respetivo tratamento. PARA QUE SERVE: O valor a atingir para um controlo adequado deve ser individualizado de acordo com a idade, os anos de diabetes, a terapêutica e os seus efeito secundários, nomeadamente o risco de hipoglicemias (baixas anormais de açúcar no sangue) e as complicações existentes. Tiras teste e A1C TIRAS-TESTE Durante a década de 80 do século passado ocorreu uma verdadeira revolução nos métodos de autovigilância da pessoa com diabetes, com a introdução e ulterior generalização de tiras-teste de leitura fácil e rápida (de poucos segundos a três minutos) para a determinação da glicemia capilar por punção digital. POTENCIALIDADES: Estas tiras-teste têm vindo a sofrer sucessivas alterações evoluindo no sentido de tornar a sua utilização e leitura cada vez mais fáceis e de rápida execução. Os resultados podem ser obtidos através de aparelhos com leitura automática. Encontram-se disponíveis variados modelos de aparelhos de bolso que normalmente são oferecidos nos Serviços de Saúde. O QUE MUDOU: A introdução deste método indispensável de autovigilância ficou mais facilitado com o desenvolvimento de dispositivos para punção digital, utilizando agulhas-lancetas muito finas que tornaram as picadas de polpa digital praticamente indolores. Algumas pessoas com diabetes têm inicialmente dificuldade em aceitar este método de autovigilância. Contudo, a experiência tem-nos ensinado que, quanto mais cedo forem introduzidas as autodeterminações da glicemia no controlo da pessoa com diabetes, mais facilmente este adere ao método e o integra na sua rotina de autovigilância. Retrospetiva histórica dos métodos de autovigilância da pessoa com diabetes no Museu da APDP. Diabetes 43 Viver bem a diabetes LEITORES DE GLICEMIA A quase generalização da utilização destes leitores de glicemia ou glucómetros é uma das realidades mais visíveis nos cuidados de saúde prestados à pessoa com diabetes em Portugal. PARA QUE SERVEM: O desenvolvimento de leitores automáticos de glicemia (glucómetros) de fácil manejo e razoável fiabilidade veio revolucionar todo o programa da autovigilância e autocontrolo da pessoa com diabetes. VERSÁTEIS E MODERNOS: São já variados tipos de aparelho com funções diversas, permitindo memorizar as glicemias, calcular médias, e nalguns casos utilizar programas de software que transformam as leituras em gráficos diários ou semanais, por exemplo. VALORES CONTROLADOS: A determinação seriada das glicemias permite calcular o perfil da evolução glicémica ao longo do dia. Para tal, seria ideal, por exemplo, a determinação de 6 a 7 glicemias/dia: em jejum; pré-prandiais; +-1-2h após as refeições e durante o período de repouso noturno. A frequência da autovigilância glicémica deve ser individualizada de acordo com a situação clínica e a terapêutica. Nalgumas situações pode ser necessária a vigilância várias vezes ao dia (2 a 7 vezes), noutras bastará uma frequência semanal e noutras situações pode mesmo tornar-se esporádica. 44 Diabetes COMO ERA ANTES FEITO O CONTROLO DA DIABETES? > «Ainda hoje me recordo da glicofita. Era um método com uma escala de cores desde o amarelo que indicava a carga menor de glucose ao verde que representava o extremo da carga de glucose. A fita era mergulhada na urina e depois esperava-se para ver o resultado final. Era um método pouco preciso porque era relativamente à urina e não ao sangue, como é hoje. Atualmente há outro rigor que antigamente não era possível.» > «Quando se passou a picar o dedo para avaliar a glicemia, houve depois também uma evolução nas canetas que no início eram diferentes das de hoje, pois as mais atuais já medem o grau de incisão.» > «Lembro-me das seringas de vidro para administrar a insulina que eram fervidas numa caixa metálica e das agulhas que tinham um diâmetro muito maior. Hoje as seringas são menos dolorosas.» NOME: José Luis Pires Lopes dos Santos IDADE: 62 anos TEM DIABETES TIPO 1 HÁ 51 ANOS O desenvolvimento de glucómetros veio revolucionar todo o programa da autovigilância e autocontrolo da pessoa com diabetes. HOJE EM DIA A MONITORIZAÇÃO DA DIABETES SIGNIFICA: MAIS RAPIDEZ MAIOR FIABILIDADE MAIOR COMODIDADE MODERNIDADE POSSIBILIDADE DE AJUSTE DOS OBJETIVOS TERAPÊUTICOS Consultório TENHO DIABETES TIPO 2. POSSO VIR A TER DE TOMAR INSULINA? TODOS OS MESES OS NOSSOS ESPECIALISTAS RESPONDEM ÀS SUAS QUESTÕES. Partilhe as suas dúvidas connosco através do e-mail [email protected] PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL DIABETES TIPO 2 E MEDICAÇÃO A insulina é uma hormona de que necessitamos, entre outras funções, para o organismo poder utilizar os hidratos de carbono (açúcar) o principal “combustível” implicado no funcionamento das células dos diferentes órgãos. Quando as quantidades de insulina produzidas são inferiores às necessárias, as diferentes células não conseguem utilizar os hidratos de carbono presentes no sangue, o que faz com que os níveis de açúcar aumentem. É no desequilíbrio entre as necessidades e disponibilidade de insulina que surge a diabetes tipo 2. Os dois principais fatores que contribuem para os níveis insuficientes de insulina são a diminuição da sua produção pelo pâncreas, associada entre outros fatores, ao próprio envelhecimento, e à “dificuldade de funcionamento” da insulina, chamada de insulinorresistência. Na insulinorresistência, entre os vários contribuintes para o seu agravamento, o papel principal é ocupado pelo excesso de peso e o sedentarismo. Quando surge o diagnóstico de diabetes tipo 2, as principais orientações para o melhor controlo passam pela diminuição da ingestão de hidratos de carbono, evitando a elevação de açúcar no sangue, mas também, pelo objetivo de melhoria da função da insulina, incentivando-se à redução de peso e aumento de atividade física, de forma a melhorar a função de insulina. Existem atualmente vários fármacos orais (comprimidos) utilizados na diabetes tipo 2, em que o mecanismo de ação leva a uma melhoria da função da insulina, e outros que aumentam a secreção de insulina pelo pâncreas. Contudo, ao fim de alguns anos estes fármacos deixam de atuar de forma suficiente, mesmo em doses elevadas, ponderando-se iniciar terapia com insulina. No entanto, pode ser necessário administrar insulina apenas durante alguns curtos períodos, em que surjam complicações agudas como infeções, enfarte, cirurgia ou na altura do próprio diagnóstico, se o doente se encontrar muito descompensado. Apesar de ser muito provável que a médio prazo seja necessário associar insulina aos outros fármacos, pelo tempo cada vez maior que se espera que viva com diabetes, esse início pode ser atrasado com medidas acessíveis como a melhoria do peso, otimização da dieta e manter‑se ativo. Pode ser necessário administrar insulina apenas durante curtos períodos ou na altura do diagnóstico. 46 Diabetes RICARDO RANGEL ENDOCRINOLOGISTA DA APDP Apesar de ser muito provável que a médio prazo seja necessário associar insulina aos fármacos orais, pelo tempo cada vez maior que se espera que viva com diabetes, esse início pode ser atrasado com medidas acessíveis como a melhoria do peso, otimização da dieta e manter-se ativo. Consultório TENHO PÉ DIABÉTICO. QUE EXERCÍCIO FÍSICO POSSO FAZER? PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL RENATA PIZARRO PODOLOGISTA DA APDP ATIVIDADE FÍSICA E COMPLICAÇÕES O pé diabético é definido pelo International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF) como sendo toda a infeção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos do pé associada à neuropatia e/ ou doença arterial periférica no membro inferior da pessoa com diabetes. A prática de exercício físico adequado e regular promove a melhoria das alterações metabólicas e da qualidade de vida das pessoas com diabetes, melhorando o bem-estar físico e psicológico, aumentando a sensibilidade periférica à insulina, melhorando a cinética/ movimento articular e capacidade aeróbia, a condição circulatória e diminuindo a ocorrência de complicações crónicas da diabetes. Ao planear um programa deverá ser tido em conta o tipo, duração e intensidade do exercício e, não menos importante, a condição de saúde da pessoa (avaliação cardiovascular, existência de doença arterial periférica, retinopatia, nefropatia e neuropatia autonómica) e especialmente os pés, se perante uma situação de pé diabético. CONSELHOS PRÁTICOS: Pode fazer caminhadas de 20 a 30 minutos. Nenhuma destas alterações impedirá a realização de exercício físico mas irá condicionar o tipo e a intensidade do exercício que possa realizar (exercício leve, moderado ou intenso). Opte por exercícios de baixa intensidade consoante a sua condição, idade e gosto (ver “Conselhos práticos”). No que diz respeito a aspetos como a condição circulatória e neuropatia, as pessoas com ausência ou diminuição da sensibilidade apresentam risco acrescido de desenvolver lesões nos pés. Pessoas com boa condição circulatória e sensibilidade diminuída deverão ter os cuidados mínimos e usar calçado adequado aos seus pés e exercício. Com deformidade ou ausência de sensibilidade deverão ter os cuidados anteriores e usar palmilhas adequadas à deformidade presente nos seus pés. Se apresentarem infeção e/ou lesão deverão consultar profissional de saúde da área do pé diabético pois nesse momento poderão estar impedidas de realizar exercício físico e o tratamento da lesão é imperativo. Em ginásio deverá informar e estar perante um profissional de educação física. Faça exercícios de intensidade moderada (caminhada, corrida lenta, dança, hidroginástica) durante 40 a 60 minutos. Em ginásio deverá informar e estar perante um profissional de educação física. Evite exercícios que aumentem a pressão arterial, que sejam de alta intensidade, que exijam mudanças bruscas de posição e em ambientes muito quentes. Diabetes 47 Consultório QUERO ENGRAVIDAR. DEVO USAR UMA BOMBA DE INSULINA? PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL DIABETES E GRAVIDEZ A s bombas infusoras de insulina, ou sistemas de perfusão subcutânea contínua de insulina (PSCI), são dispositivos que infundem quase continuamente insulina no organismo através de um cateter e de uma cânula inserida subcutaneamente. Este sistema permite uma administração mais fisiológica de insulina, sendo o seu objetivo mimetizar o funcionamento de um pâncreas normal. Estes dispositivos são especialmente úteis quando é necessário obter um controlo metabólico estrito, como é o caso do período preconcecional e da gravidez. O Programa Nacional para a Diabetes da Direção‑Geral de Saúde considera este um grupo prioritário e tem disponibilizado anualmente dispositivos de PSCI para estas mulheres, através dos Centros de Tratamento onde são seguidas. As mulheres com diabetes tipo 1 que pretendem engravidar ou que estejam grávidas e que estão motivadas para esta terapêutica, devem ser inscritas pelo seu médico assistente num Centro de Tratamento com sistemas de PSCI. Nestes centros é avaliada a elegibilidade para 48 Diabetes o tratamento, feita a inscrição no Programa Nacional e o pedido do dispositivo e iniciado o programa de ensino. Fora do âmbito do Serviço Nacional de Saúde, estes dispositivos podem ser adquiridos a título particular através das empresas fabricantes. Dadas as suas especificidades, é fundamental que o seguimento seja realizado por uma equipa de profissionais (médicos, enfermeiros e nutricionistas) experientes na terapêutica com sistemas de PSCI e na área da diabetes e gravidez. Na mulher em fase preconcecional o tratamento tem de ser otimizado de forma a atingirem-se objetivos estritos que assegurem uma gravidez saudável, com o menor risco possível para a mãe e para o feto. Embora não haja um consenso bem definido, geralmente pretende-se que a HbA1c seja inferior a 7% e o mais próxima possível do limite superior do normal para o laboratório certificado, as glicemias em jejum e pré-prandiais entre 80‑110 mg/dl e as glicemias uma hora após o início das refeições entre 100-140 mg/dl. É fundamental ainda o seguimento na consulta de Ginecologia-Obstetrícia, a avaliação oftalmológica e a otimização da terapêutica de outras eventuais patologias concomitantes, nomeadamente hipertensão arterial e patologia da tiroide. É fundamental que o seguimento seja realizado por uma equipa de profissionais experientes (médicos, enfermeiros e nutricionistas). LEONE DUARTE ENDOCRINOLOGISTA DA APDP O Programa Nacional para a Diabetes da Direção‑Geral de Saúde disponibiliza anualmente dispositivos de PSCI para as mulheres no período preconcecional e na gravidez. As mulheres com diabetes tipo 1 que pretendem engravidar ou que estejam grávidas e que estão motivadas para esta terapêutica, devem ser inscritas pelo seu médico assistente num Centro de Tratamento com sistemas de PSCI. Viver bem a diabetes 50 Diabetes Controlo e vigilância COMO POSSO CONTROLAR A TENSÃO ARTERIAL? O empenho pessoal na adesão a um estilo de vida saudável e a colaboração com os profissionais de saúde são alguns dos pontos‑chave determinantes no controlo dos valores. Conheça as principais estratégias para conseguir um bom controlo da tensão arterial. LEIA ANTES DE SEGUIR AS DICAS DO ESPECIALISTA: Conseguir um bom controlo de tensão arterial (TA) passa por variáveis como a identificação de fatores precipitantes, a seleção correta de fármacos e a individualização terapêutica. Mas o sucesso depende também da própria pessoa. Aceitação, compreensão, adesão terapêutica, colaboração com os profissionais de saúde, participação e empenho pessoal são alguns dos pontos que consideramos essenciais para que as pessoas possam ter mais possibilidades de controlar a sua TA. 1. CONSULTE O SEU MÉDICO REGULARMENTE Se verificar que tem valores elevados de TA, deve recorrer ao seu médico. Ele poderá decidir quando e como tratar, quais os fármacos mais adequados e definir que valores deverá ter como objetivo. 2. NÃO ABANDONE OU INTERROMPA A MEDICAÇÃO Grande parte do insucesso no controlo da TA está relacionado com a falta de adesão terapêutica. Apesar de ter os seus valores controlados, não deve parar a medicação. A hipertensão arterial é muitas vezes assintomática. Parar ou interromper a medicação pode causar-lhe uma crise hipertensiva e complicações graves, como um acidente vascular cerebral (AVC). 3. MEÇA A SUA TENSÃO COM REGULARIDADE Tal como está recomendado para a diabetes, deve fazer autocontrolo da TA no seu dia a dia. Os valores variam de dia para dia e ao longo do próprio dia. Fazer a medição sempre na mesma altura do dia ou de longe em longe não permite uma boa avaliação do controlo tensional e da necessidade de ajustar a medicação. PEDRO MATOS CARDIOLOGISTA DA APDP 4. INFORME O SEU MÉDICO EM CASO DE EFEITOS SECUNDÁRIOS Muitas pessoas consideram que determinados sintomas são resultantes dos fármacos que estão a tomar. Nem Diabetes 51 Viver bem a diabetes sempre isso é verdade e outras causas poderão estar envolvidas. Não abandone a medicação por sua iniciativa. Não leia as bulas dos medicamentos. Esclareça as dúvidas com o seu médico. 5. REDUZA O SAL E O ÁLCOOL Controlar a TA pode ser uma tarefa difícil mesmo com recurso a vários fármacos e usados de forma certa. Há outros fatores que podem condicionar um bom controlo. O excesso de sal e de álcool é um dos mais comuns na população. Faça restrição salina na sua alimentação e beba com moderação, evitando os destilados. 6. PRATIQUE EXERCÍCIO REGULAR E CONTROLE O PESO Modificar o estilo de vida contribui de forma decisiva para uma otimização do controlo da TA, constituindo um importante complemento ou alternativa para o uso de fármacos. Faça exercício regular, mesmo por mais simples que pareça. Andar a pé pode chegar, mas tem de o fazer quase todos os dias. Perder peso permite baixar os valores de TA e diminuir a quantidade de fármacos necessários ou mesmo aboli-los. 7. CUIDADO COM OS ANTI‑INFLAMATÓRIOS A patologia osteoarticular e outras doenças inflamatórias são cada vez mais frequentes. Muitas vezes é necessário tomar anti-inflamatórios para reduzir as queixas dolorosas. A maioria destas substâncias aumenta a TA, pelo que a sua utilização deve ser feita de forma limitada. Poderá ser preciso ajustar a medicação para a TA em situações de tratamento mais prolongado. 8. TENTE DORMIR BEM E GERIR O STRESS Uma das principais causas de TA mal controlada é a apneia do sono. Mesmo um sono irregular ou um número insuficiente de horas de sono pode dificultar o controlo da tensão. O mesmo se passa com uma gestão inadequada do stress e a instabilidade psicológica, responsáveis por parte das hipertensões arteriais lábeis. Identifique os potenciais fatores precipitantes e recorra ao seu médico. Há tratamentos apropriados para o efeito. O sono irregular ou o número insuficiente de horas de sono pode dificultar o controlo da tensão. Viver bem a diabetes 3 EXERCÍCIOS PARA FAZER NA PISCINA Siga as instruções para realizar os seguintes exercícios na água para aumentar a força. 1 BENEFÍCIOS: AFASTA E JUNTA 1 Melhorar a circulação sanguínea. 2 Tonificar os músculos. 3 Reduzir a pressão ao nível das articulações sobretudo na coluna vertebral. 4 É uma alternativa de exercícios para as pessoas com neuropatia periférica, minimizando a fricção e o risco de lesões. Agarre o rolo nas extremidades; 54 Diabetes Com os braços esticados, afaste e junte as mãos à frente do corpo, mantendo-as debaixo de água. Exercícios para fazer na piscina 2 EMPURRA E PUXA ANTÓNIO FORTUNA PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA APDP ANA MARGARIDA MARQUES EDIÇÃO SUSANA ZENÓGLIO ILUSTRAÇÃO Agarre o rolo com as mãos à largura dos ombros; 3 EXTENSÃO DA PERNA Coloque um pé atrás e outro à frente, mantendo o tronco fixo e alinhado; Empurre e puxe o rolo na linha do umbigo, mantendo as mãos debaixo de água. Coloque o pé a meio do rolo com a perna fletida. Empurre o rolo para o fundo, realizando a extensão da perna. Diabetes 55 Testemunho A CORRIDA TEM UM GRANDE IMPACTO NO MEU DIA A DIA PERFIL FERNANDO SANTOS PARTILHA A SUA EXPERIÊNCIA ENQUANTO ATLETA DE CORRIDA E GESTOR DA SUA DIABETES. Idade: 44 Anos QUAL É O IMPACTO DA CORRIDA NO SEU BEM-ESTAR E NA SUA SAÚDE EM GERAL? A corrida tem um grande impacto no meu dia a dia, dá um bem-estar tanto físico como psicológico. Passei a ter a glicemia mais controlada, logo a ter menos riscos para o aparecimento de problemas como a retinopatia diabética e problemas renais. Nome: Fernando Manuel Ferreira Santos Tem: Diabetes Tipo 1 Paixão: Corrida O que faz: Optometrista QUAL A SUA MOTIVAÇÃO E QUAIS OS SEUS PRINCIPAIS OBJETIVOS COM A CORRIDA? A motivação é fazer sempre melhor do que já fiz, integrado numa equipa de atletismo e com um treinador, que não deixam que a doença me deixe ser menos que os outros atletas. Ter sempre um objetivo para superar na prova seguinte. E o convívio existente entre atletas. COMO GERE OS TREINOS E O CONTROLO DA DIABETES? Os treinos são geridos diariamente. Sair do trabalho a correr para casa, 13 quilómetros em média. Antes da corrida controlo a glicemia de acordo com o tipo de treino que vou fazer, acompanhado sempre pela glucose caso sinta uma baixa. O mais difícil é fazer as provas longas, as meias maratonas, pois temos de já ter um grande controlo e conhecimento do corpo, dado que são 21 km em ritmo de competição sem medidor de glicemia. O QUE ALTERA NA MEDICAÇÃO OU NA ALIMENTAÇÃO POR CAUSA DA CORRIDA? Praticamente nada altera a minha alimentação em relação à corrida. Comemos mais hidratos de carbono nos dias antes das provas. Mas a grande alteração é mesmo as doses de insulina que reduziram drasticamente. Dou muito menos insulina, tanto a da noite como a das refeições. Passei de uma A1C 8.9 para uma AC1 6.2 nos dias de hoje. Fazer desporto deu uma volta muito grande ao meu controlo da glicemia e ao meu modo de vida. Para muito melhor. 56 Diabetes Entrevista “AS PESSOAS DEVEM SER PROPRIETÁRIAS DA SUA SAÚDE E DO SEU SNS” O CENTRO É A PESSOA 6 Ideias-chave sobre a diabetes e o Serviço Nacional de Saúde, segundo o especialista em saúde pública Constantino Sakellarides. TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L. RIBEIRO 1 O CENTRO DO PENSAMENTO DA GESTÃO DA DIABETES NÃO É O SERVIÇO DE SAÚDE, É AS PESSOAS APRENDEREM A GERIR A SUA PRÓPRIA VIDA. O pensamento central e inovador da diabetes é que a pessoa que tem diabetes trata de si, com o apoio de uma estrutura. O tratamento da diabetes não se faz pelo médico, pelas instituições, não se faz de fora, faz-se de dentro para fora. São as pessoas que aprendem o que precisam de aprender, que conseguem gerir a sua vida, que têm uma alimentação equilibrada, sem prejuízo dos “disparates” de vez em quando, que conseguem ter uma vida ativa em termos físicos, mas também em termos intelectuais, de gerir o stress e a sua vida emocional de forma razoável e que frequentemente precisam de um medicamento, de um profissional de saúde. Portanto, podemos dizer que o centro do pensamento da gestão da diabetes não é o serviço de saúde, não é o medicamento, é as pessoas gerirem a sua própria vida, sem abdicar do prazer, em termos sensatos, através do conhecimento que têm de si próprios, dos seus defeitos e das suas potencialidades. 2 AS PESSOAS DEVEM REAPROPRIAR-SE DO SNS, FAZENDO DELE UM INSTRUMENTO PARA UMA VIDA MELHOR. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é das pessoas, são elas que o financiam, elas é que contribuem para o seu desenvolvimento e é um apoio que têm para ter uma vida mais saudável. Tal como as pessoas apropriam-se da sua diabetes e utilizam o SNS como apoio útil, também devem reapropriar-se do SNS e devem fazer dele um instrumento para uma vida melhor, para eles, para as suas famílias, para o conjunto do PERFIL É o atual presidente da Fundação para a Saúde. Entre outros cargos, assumiu a pasta de Diretor‑ Geral da Saúde (1997-99) e de presidente do Conselho Científico da Escola Nacional de Saúde Pública (2004‑2006). Licenciado em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Lisboa (1967), tem o Mestrado em Epidemiologia, pela Escola de Saúde Pública da Universidade do Texas, EUA (1972) e o Doutoramento em Saúde Pública, pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade do Texas, EUA (1975). Diabetes 59 Viver bem a diabetes A SAÚDE É UM BEM DE TODOS «Quando o professor Ernesto Roma criou a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres, que é o primeiro nome da associação, a intenção aproxima-se com a lógica e os princípios que motivaram décadas mais tarde a formação do SNS. E daí o momento associativo, o primeiro aliás no mundo, no sentido de criar um mecanismo, uma instituição neste caso capaz de conseguir mobilizar os fundos necessários para as pessoas que não tinham posses para beneficiar da “insulina milagrosa”.» Podemos elaborar o nosso projeto pessoal em que tenhamos opinião, capacidade de expressar o nosso ponto de vista, o que sentimos e aquilo que queremos. cidadão. O centro é a pessoa. As pessoas têm de se apropriar do SNS e apropriação quer dizer direitos e responsabilidades. Significa que as pessoas têm de se sentir mais responsáveis por aquilo que faz o seu SNS e têm de saber melhor defender os direitos que adquirem por serem suas proprietárias. As pessoas ao aprenderem a gerir a diabetes educadamente aprendem também a utilizar inteligentemente o seu SNS. As pessoas não podem simplesmente esperar que o serviço de saúde resolva a sua diabetes. 3 O PARADIGMA DA DIABETES É UM BOM VEÍCULO PARA UMA NOVA FORMA DE PENSAR. Eu vejo no Programa Nacional para a Diabetes não só um programa sobre diabetes, mas um programa de cidadania, de reforçar a ideia que nós somos pessoas que vivemos 60 Diabetes num país real, que queremos ter um projeto de vida, um projeto de família, um projeto para o nosso país, e a mensagem para a diabetes é a de um paradigma para uma cidadania diferente do que a passividade perante todas as questões. Os impostos, a educação, a saúde, o financiamento, a escola, o bem-estar, tudo isso deve ser objeto da nossa reflexão e da nossa ação ativa como cidadãos. Só teremos um SNS bom, modernizado, se o assumirmos como nosso e só respondemos bem à diabetes se assumirmos também um projeto de vida, onde viver bem significa viver de forma a sentirmo-nos melhor e sentirmo-nos melhor significa fazermos coisas que nos fazem bem a nós como cidadãos e que fazem muito bem à diabetes ao mesmo tempo. Este paradigma da diabetes é um bom veículo para essa forma diferente de pensar. 4 A PESSOA COM DIABETES TEM O DIREITO A TER UMA VIDA COMO AS OUTRAS PESSOAS. O aspeto mais interessante do pensamento moderno é a coexistência, por um lado, da consciência plena de que somos um ente efémero, um significante incidente na grande ordem do universo e, por outro lado, da vontade de sermos alguém, de influenciar o mundo que nos rodeia e de deixarmos a nossa marca no universo. Esta simultaneidade a consciência da nossa pequenez e da vontade de assumir aspirações de bem-estar tem um grande valor cultural e social. A solução está na pessoa, no compreender o que tem, ver o que quer fazer na sua vida para passar bem, porque a pessoa com diabetes pode passar tão bem como os outros, desde que aprenda a viver, e aprenda a assumir um projeto de vida. Entrevista 5 O ATUAL MOVIMENTO CIVIL PELA DIABETES, NAS AUTARQUIAS, NAS ESCOLAS, NAS ASSOCIAÇÕES, É UMA VIA PARA AS PESSOAS SE AFIRMAREM ENQUANTO CIDADÃOS. As instituições no país estão a reconhecer que isto é fundamental para a saúde em geral e para a diabetes em particular. A diabetes é um bom veículo porque é muito prevalente e é muito sensível a esses aspetos. Passar para um modelo de autonomia é um processo de democratização. Nós vamo‑nos democratizando. O que é que quer dizer democratizar? É reconhecer que eu sou proprietário da minha saúde, mas também sou proprietário das autarquias, sou proprietário do SNS e portanto tenho de exercer esse sentido de propriedade. O que precisamos das autarquias é que colaborem A pessoa com diabetes pode passar tão bem como os outros, desde que aprenda a viver, e aprenda a assumir um projeto de vida. com os cidadãos para que tenham espaços onde possam usufruir de uma vida ativa, fisicamente, intelectualmente e emocionalmente. Há claramente um movimento que tem a ver com a diabetes e com esta ideia de pôr as pessoas a tomar decisões inteligentes sobre a sua saúde e sobre tudo o que lhes diz respeito, incluindo o seu país. Portanto este é um processo de democratização e as pessoas devem aproveitar o movimento da diabetes para se afirmarem como cidadãos e conhecerem os seus direito e responsabilidades e pedirem que as instituições apoiem o seu projeto de vida. 6 EM NÓS, HÁ UM PROCESSO DE DECISÃO QUE NOS FAZ SENTIR BEM BIOLOGICAMENTE. Todos nós temos limitações, alguém nos limita, mas mesmo assim, dentro do nosso pequeno cubículo, podemos elaborar o nosso projeto pessoal em que tenhamos opinião, capacidade de expressar o nosso ponto de vista, o que sentimos e aquilo que queremos. No fundo, é criar um estilo próprio apesar das limitações que temos. Há pequenas decisões diárias que nós podemos tomar de forma leviana e sentirmo-nos mal e outras que tomamos com inteligência e que nos fazem sentir bem, não é só porque tem bons efeitos, há um processo de decisão que nos faz sentir bem biologicamente. E sentirmo-nos bem é muito importante. SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE – PARA UMA CONVERSAÇÃO CONSTRUTIVA (DIÁRIO DE BORDO, 2014) O RECENTE LIVRO PUBLICADO PELA FUNDAÇÃO PARA A SAÚDE TEM COMO OBJETIVO: Ajudar a compreender o SNS Promover o debate sobre o futuro Mobilizar o cidadão/ contribuinte, também proprietário do SNS, para que se interesse e contribua para o seu progresso. Diabetes 61 A sua APDP ENTREVISTA Luís Gardete Correia OBSERVATÓRIO Apresentação dos números e factos O DESAFIO DA DIABETES Sessão parlamentar 8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES Maior círculo humano azul pela diabetes NOTÍCIAS APDP abriu as portas a toda a população Parcerias precisam-se para ajudar pessoas com diabetes 3 Perguntas a Carlos Carreiras Cozinha saudável, diabetes e hemodiálise Portuguesa premiada no Parlamento Europeu 1.º Encontro das UCFD AGENDA DIABÉTICO ILUSTRE Henrique VIII Viver bem a diabetes RELATÓRIO EVIDENCIA URGÊNCIA DE APOSTA NA PREVENÇÃO DA DIABETES OBSERVATÓRIO DA DIABETES O diretor do Observatório Luís Gardete Correia faz o balanço dos números e factos da diabetes em 2013. TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L. RIBEIRO B.I. DO RELATÓRIO – Resume a informação disponível em Portugal sobre a diabetes no ano de 2013. – Reúne dados com base em diversas fontes científicas e institucionais. – Foca a epidemiologia da diabetes, o seu controlo e os custos associados, indicadores por regiões. – Visa a divulgação da informação sobre a diabetes. 64 Diabetes DIABETES EM PORTUGAL VS. DIABETES NO MUNDO «Em comparação com outros países a diabetes em Portugal está a crescer rapidamente. A Turquia é o país que está a crescer mais, mas Portugal tem valores próximos da Alemanha, por exemplo, e um pouco abaixo dos Estados Unidos. E depois há muitos países que não têm estes números estudados tal como nós temos. É o caso da Inglaterra que apresenta números baixos, mas também não é uma fonte fiável», comenta Luís Gardete Correia. PESSOAS COM PRÉ-DIABETES: GRUPO-ALVO NA PREVENÇÃO Em Portugal, 40% das pessoas entre os 20 e os 79 anos tem diabetes (13%) ou pré-diabetes (27%). «A pré-diabetes é relativa às pessoas que estão em risco de ter diabetes. Se não atuarmos, ao fim de cinco ou dez anos estas pessoas passam para o grupo das que têm diabetes. Por isso, esta é a população eleita para se atuar e prevenir a diabetes. Os indivíduos com pré-diabetes já têm riscos macrovasculares e portanto são indivíduos que têm probabilidade de ter mais doenças como enfarte de miocárdio», explica. DIABETES É UMA “EPIDEMIA” Em Portugal há um milhão de pessoas com diabetes, das quais 44% não estão diagnosticadas. Em 2013, foram detetados 160 novos casos de diabetes por dia. Mais de 1 em cada 4 pessoas com 60-79 anos tem diabetes. Há maior prevalência nos homens (15,6%) do que nas mulheres (10,7%). PESSOAS COM DIABETES TIPO 1 Em 2013 foram detetados 18,2 novos casos por cada cem mil crianças e até aos 14 anos, valor superior ao de 2004, dinâmica semelhante à verificada no escalão etário dos 0 aos 19 anos. A DIABETES EM 2013 13% É a prevalência da diabetes em Portugal, ou seja, mais de um milhão de portugueses tem diabetes. 40% Da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos já têm diabetes ou pré‑diabetes. 25% Das pessoas que morrem nos hospitais têm diabetes. 10% Da despesa em saúde é gasta com a diabetes. 1% Do Produto Interno Bruto (PIB) é gasto com a diabetes. Viver bem a diabetes PÉ DIABÉTICO É ÁREA PRIORITÁRIA. FALTAM PODOLOGISTAS NO PAÍS. O número de utentes saídos de internamentos hospitalares por pé diabético registou um acréscimo de mais de 201 episódios nos últimos dois anos. «Há um caminho muito longo a percorrer na área do pé diabético. Notamos que há que ter uma atenção mais focalizada a este respeito», refere Luis Gardete Correia Entre as medidas para dar uma resposta a este número, o diretor do Observatório refere a criação da Via Verde do Pé Diabético e de mais consultas do pé atualmente «insuficientes». ATUAÇÃO MAIS PRECOCE EVITARÁ MAIS AMPUTAÇÕES Associado principalmente ao aumento das amputações minor, o número total de amputações dos membros inferiores, por motivo de diabetes, regista também um ligeiro crescimento nos últimos dois anos. Há mais profissionais sensibilizados, mas continua a haver falta de técnicos para trabalhar na área do pé. 66 Diabetes «As amputações major, que são as mais incapacitantes, reduziram, mas aumentaram as amputações minor», refere, adicionando: «É preciso atuar precocemente. Há mais profissionais sensibilizados para esta situação, mas continua a haver falta de técnicos para trabalhar na área do pé.» PESO NA MORTALIDADE EXIGE MAIS CUIDADOS EFICAZES NOS HOSPITAIS A diabetes continua a ter um peso significativo nas causas de morte. O relatório aponta que ¼ das pessoas que morrem nos hospitais têm diabetes, o que quer dizer que «apesar da população estar envelhecida, há mais razões para haver cuidados eficazes nos hospitais». DIABETES É PRINCIPAL DIAGNÓSTICO DOS INTERNAMENTOS O número de utentes saídos de internamentos nos hospitais do SNS em que a diabetes se assume como diagnóstico principal apresenta uma tendência para crescer nos últimos cinco anos (40%). Por outro lado, o que é positivo, há uma redução da duração média dos internamentos associados a descompensação e complicações (redução superior a 20 mil dias de internamento na última década), mantendo‑se, contudo, os valores médios de internamento superiores aos dos restantes internamentos do SNS. DADOS MAIS FIÁVEIS «A população vai envelhecendo, o que por si só representa um peso na diabetes. Se os jovens se vão embora, se cerca de cem mil por ano emigram, por outro lado o grupo etário mais alto engrossa e naturalmente que há um deslocamento da diabetes para esse lado, o que faz aumentar a prevalência geral da diabetes. Temos também outras fontes que nos levam a cruzar a informação e que também é o número de registos feito no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Há uns anos atrás os dados não eram tão fiáveis porque não havia um registo apurado como há agora. Hoje cada vez mais não se pode ver um doente sem computador (ACSS) e sem registar a patologia associada. Entrevista A população com pré-diabetes é a eleita para se atuar e prevenir. A DIABETES EM 2013 160 É o número de novos casos de diabetes por dia em Portugal. 62 MIL ALERTA PARA O AUMENTO DE OBESIDADE E DIABETES São duas doenças com estreita relação. A prevalência da diabetes nas pessoas obesas – Índice de Massa Corporal (IMC) ›= 30 – é cerca de quatro vezes maior do que nas pessoas com IMC normal (IMC‹25). «A obesidade continua a ser um fator de risco. Um 1/3 da população portuguesa com diabetes tem excesso de peso ou tem obesidade. Na Europa, há também uma prevalência elevada em termos de excesso de peso e de obesidade», refere Gardete Correia. 2/3 DOS UTENTES SEGUIDOS NO CENTRO DE SAÚDE TÊM A DIABETES CONTROLADA As consultas de diabetes representam 8% das consultas dos cuidados primários (em 2011 representavam 6%). Outro sinal relevante é que, comparativamente a 2012, verificou-se um aumento de 8,8% do número de utentes com diabetes registados na rede de Cuidados de Saúde Primários (CSP), nomeadamente um acréscimo de 62 mil utentes. Segundo o relatório, cerca de 2/3 dos utentes nos CSP têm a diabetes controlada. GASTOS COM DIABETES TÊM PESO ENORME NO SNS Os gastos com a diabetes representaram 1% do PIB português em 2013 e 10% da despesa no SNS. «Estes gastos têm a ver em grande parte com os internamentos. A hospitalização por diabetes até reduziu, de 2013 para 2014 passou de 469 para 454 milhões de euros. Mas a medicação, que é um fator de peso, passou de 208 para 226 milhões de euros, e a tendência é crescer devido ao aparecimento de novos fármacos, que são também muito caros.» GASTOS COM OS MEDICAMENTOS CONTINUAM A CRESCER O custo médio das embalagens de medicamentos da diabetes mais do que duplicou o seu valor nos últimos dez anos, portanto, avança o diretor: «Há que racionalizar os custos com os medicamentos, quer pela parte dos profissionais que os prescrevem quer da parte dos doente em seguirem a terapêutica prescrita. Nos doentes crónicos, só cerca de 30% é que adere à terapêutica». DIABETES CONTINUA A TER PESO NOS TRANSPLANTES «A diabetes continua a ter um peso grande em todos os transplantes», refere Gardete Correia, sendo que o responsável apela que «a área dos transplantes deveria dar um salto qualitativo muito grande – de rim e de pâncreas em simultâneo.» É o acréscimo de utentes com diabetes registados na rede de Cuidados de Saúde Primários, representando um aumento de 8,8%. 8% Das consultas dos cuidados primários são relativas à diabetes (em 2011 representavam 6%). 5,8% Da população parturiente que utilizou o SNS em 2013 teve diabetes gestacional. X2 O custo médio das embalagens de medicamentos da diabetes mais do que duplicou o seu valor nos últimos dez anos. Diabetes 67 A sua APDP PÚBLICO-ALVO O relatório visa a divulgação da informação sobre a diabetes junto da sociedade, dirigindo-se a: Profissionais de saúde Alunos Investigadores Profissionais da comunicação social Ao grande público em geral. DIVULGADOS NÚMEROS DO OBSERVATÓRIO DA DIABETES É A 6.ª EDIÇÃO DO RELATÓRIO ANUAL DO OBSERVATÓRIO NACIONAL DA DIABETES. A PREVALÊNCIA CONTINUA A AUMENTAR EM PORTUGAL, REFORÇANDO A NECESSIDADE DE PREVENIR E COMBATER A DOENÇA. TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L.RIBEIRO O relatório Diabetes: Factos e Números referente a 2013 do Observatório Nacional, foi divulgado, em conferência de imprensa no dia 4 de novembro, na Escola da Diabetes. Diversos responsáveis políticos e especialistas da saúde em Portugal, profissionais da área da diabetes e membros da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) marcaram presença na apresentação oficial do documento. Constituído como uma estrutura integrada da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), o relatório foca a epidemiologia da diabetes, o seu controlo e os custos associados, e indicadores por regiões. 68 Diabetes OBJETIVOS DO RELATÓRIO ANUAL FACTOS E NÚMEROS Esta é a 6.ª edição do relatório anual do Observatório Nacional que resume a informação disponível em Portugal sobre a diabetes no ano de 2013, com base em diversas fontes científicas e institucionais. O relatório visa pois “a divulgação da informação sobre a diabetes junto da sociedade, dirigindo-se a profissionais de saúde, a alunos e investigadores, aos profissionais da comunicação social e ao grande público em geral”, é referido numa nota introdutória do documento disponível online. Acontece na APDP 1 A abertura da sessão a cargo de Luís Gardete Correia, diretor do Observatório Nacional da Diabetes e presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). 2 O Diretor do PND José Manuel Boavida a concretizar um balanço dos sinais positivos e dos sinais negativos da diabetes em Portugal. 3 Em representação do governo português, o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde Fernando Leal da Costa. 2 1 4 José Luis Medina, presidente da SPD e membro do Conselho Científico do Observatório. 3 5 Especialistas como o Diretor-Geral da Saúde Francisco George marcaram presença no auditório da Escola da Diabetes. 4 5 Diabetes 69 A sua APDP ENTREGA DA CARTA DE INTENÇÕES DAS PESSOAS COM DIABETES A cerimónia serviu também para a entrega de uma Carta de Intenções das Pessoas com Diabetes à Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde Maria Antónia de Almeida Santos. O DESAFIO DA DIABETES Sensibilizar os parlamentares e a sociedade civil para a realidade da diabetes em Portugal foi o mote de uma sessão informativa a 11 de novembro na Sala do Senado da Assembleia da República. TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L.RIBEIRO A Assembleia da República (AR) abriu portas para uma sessão informativa no decorrer da semana do Dia Mundial da Diabetes. Sensibilizar os parlamentares e a sociedade civil para a realidade da diabetes em Portugal foi o objetivo da sessão O Desafio da Diabetes, promovida pelo Programa Nacional para a Diabetes (PND), a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP), do Núcleo Jovem APDP e da Federação Internacional de Diabetes (IDF) Europa e Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). Jovens com diabetes e suas famílias marcaram presença na cerimónia que serviu também para a entrega de uma Carta de Intenções das Pessoas com Diabetes à Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde Maria Antónia de Almeida Santos. Seguiu-se o debate na AR sobre a prevenção e o combate à diabetes. DEBATE E REFLEXÃO PAINEL DE ESPECIALISTAS NA AR: O debate, moderado pela Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde Maria Antónia Almeida Santos, contou com a intervenção de João Nabais, presidente da IDF Europa, de José Luiz Medina, Presidente da SPD e do Diretor do PND José Manuel Boavida. Teresa Caeiro, vice-presidente da AR e deputada (CDS-PP), interveio a propósito da rede ExPAND, uma plataforma que reúne parlamentares nacionais e europeus no combate à diabetes. 70 Diabetes Acontece na APDP CONCLUSÕES 1 A Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde referiu: O enquadramento europeu da diabetes esteve a cargo do português João Nabais, Presidente da IDF Europa. A importância de garantir o acesso de cuidados de saúde a todas as pessoas com diabetes. 2 José Manuel Boavida, diretor do PND, fez um balanço dos números da prevalência da diabetes em Portugal, apelando aos novos compromissos na a prevenção e no combate à diabetes. 1 2 3 O papel ao nível dos municípios e do poder central na prevenção da diabetes. O papel dos parlamentares, políticos e decisores políticos de dar resposta e dar voz às pessoas com diabetes. 3 José Luis Medina da SPD focou a importância da multidisciplinaridade dos profissionais de saúde ao serviço da diabetes. A relevância de institucionalizar a educação da diabetes em todos os níveis dos cuidados de saúde. 4 Maria de Belém Roseira (PS), Ricardo Baptista Leite (PSD) e Paula Santos (PCP) foram alguns dos deputados a intervir na AR. 4 Diabetes 71 A sua APDP MAIOR CÍRCULO HUMANO AZUL NO 8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES O CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL RECEBEU NO DIA 2 DE NOVEMBRO O FÓRUM NACIONAL DA DIABETES QUE TODOS OS ANOS ENVOLVE PROFISSIONAIS, PESSOAS COM DIABETES E FAMILIARES OU CUIDADORES. Cozinhar no dia a dia Os participantes aprenderam receitas saudáveis para o dia a dia, numa sessão a cargo de Joana Oliveira e do chefe Ivo Maurício. Atividade física no fórum Uma sessão assegurada por Rui Barros permitiu às pessoas realizar exercício durante o evento. Maior círculo humano azul Os participantes foram mobilizados para fazer o recorde mundial do Maior Círculo Humano pela Diabetes nos jardins do Casino do Estoril. O 8.º Fórum Nacional da Diabetes é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e do Programa Nacional para a Diabetes (PND) da Direção-Geral de Saúde (DGS). O Fórum 72 Diabetes pretende reunir todos aqueles que se interessam pelo tema e que contribuem para a luta contra a doença em Portugal. Na sua oitava edição os participantes foram mobilizados para fazer parte do recorde mundial do Maior Círculo Humano pela Diabetes. Este ano Ricardo Araújo Pereira associou-se à causa, tendo participado na sessão “Os políticos pela diabetes”. Acontece na APDP 1 1 Painel de abertura: Isabel Correia, Presidente do Fórum, Luís Medina (SPD), Luís Gardete (APDP), Raúl Cunha, (ANMP), José Boavida, (PND), Francisco George (DGS) e Carlos Carreiras (Câmara Municipal de Cascais). 2 “Uma rede europeia de deputados pela diabetes” por João Nabais, da FDI Europa. 3 “Os portugueses comem mal?”, por Pedro Graça, com a moderação de Manuela Carvalheiro, Luís Gardete, Carlos Godinho, Júlia Figueiredo e Rui César. 4 “Os políticos pela diabetes”: Bernardino Soares, Maria Antónia Almeida Santos, Marisa Matias, Ricardo Baptista Leite e o embaixador do Fórum Ricardo Araújo Pereira. 5 2 3 4 João Raposo (APDP) moderou a sessão “Jovens com diabetes: Que estilos de vida?”, por Lurdes Serrabulho, Alexandra Costa, Carlos Neves, João Tiago Silva. 5 Diabetes 73 A sua APDP Para dar seguimento a este tipo de projetos são necessários programas de incentivo ao emprego, mecenato e financiamento que permitam preparar profissionais com competência para cuidar de pessoas com diabetes. José Manuel Boavida, presidente da Fundação Ernesto Roma e diretor do Programa Nacional para a Diabetes PARCERIAS PRECISAM-SE PARA AJUDAR PESSOAS COM DIABETES SÃO NECESSÁRIOS MEIOS PARA LEVAR A CABO PROJETOS QUE AJUDEM NOS CUIDADOS ÀS PESSOAS COM DIABETES: FINANCEIROS, ESTRATÉGICOS E HUMANOS. O ALERTA É DO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO ERNESTO ROMA. O projeto “Oficina da Diabetes”, que arrancou em 2014, preparou 40 mulheres imigrantes, de diferentes origens culturais e linguísticas, para prestar cuidados a pessoas com diabetes. Está concluído o projeto Oficina da Diabetes, da Fundação Ernesto Roma, selecionado pelo Programa Cidadania Ativa, da Fundação Calouste Gulbenkian, para formar mulheres imigrantes à procura de mais qualificação e emprego, em cuidados a crianças e idosos com diabetes. Em comunicado de imprensa, o presidente da Fundação Ernesto Roma e diretor do Programa Nacional para a Diabetes, José Manuel Boavida, alerta que «outros projetos podem e urgem seguir», pelo que são necessários meios «financeiros, estratégicos e humanos». Sobre a Oficina da Diabetes, a coordenadora do projeto Joana Oliveira, frisou: «O cuidador pode fomentar a atividade física, criando momentos adequados para tal e controlar a alimentação da pessoa com diabetes. Estes incentivos podem ter um excelente impacto no sucesso da boa gestão diária da doença.» DIA MUNDIAL DA DIABETES APDP ABRIU AS PORTAS A TODA A POPULAÇÃO NO DIA 14 DE NOVEMBRO A ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS DIABÉTICOS DE PORTUGAL OFERECEU RASTREIOS, AULAS DE GINÁSTICA E DE COZINHA A TODAS AS PESSOAS. No Dia Mundial da Diabetes decorreu um rastreio gratuito na sede da APDP, com testes de avaliação de risco, medição do perímetro abdominal, peso, altura, índice de massa corporal e glicémia. Na Escola da Diabetes aconteceram também aulas de ginástica. Porque a alimentação é uma componente fundamental, uma sessão de culinária, com um 74 Diabetes chefe e uma dietista, permitiu dar conselhos e dicas para pratos saudáveis e saborosos. «São necessárias ações que vão ao encontro do quotidiano das pessoas, mostrando-lhes a necessidade de uma mudança de estilo de vida e de como essa mudança pode ser implementada na vida de cada pessoa», referiu João Filipe Raposo, Diretor Clínico da APDP. Entrevista PERFIL Nome: Carlos Carreiras Cargo: Presidente da Câmara Municipal de Cascais Lema: Promover a saúde em meio escolar. Combater o sedentarismo. Fomentar a atividade física em espaços urbanos em fusão com a natureza. Missão: Sermos o melhor concelho para se viver um dia, uma semana ou uma vida inteira. 3 QUESTÕES CARLOS CARREIRAS Criar políticas públicas municipais ao nível da prática de atividade física e da promoção de uma alimentação saudável são linhas de ação no combate à diabetes. TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L RIBEIRO 1 QUAL PENSA SER O SEU PAPEL NA PROMOÇÃO DOS ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEL? Um cidadão saudável é um cidadão com maior capacidade de exercer a participação democrática. Ao nível da prática da atividade física, é determinante o desenvolvimento de ambientes físicos favoráveis à adoção de estilos de vida mais saudáveis, como ciclovia, pedovia, parques urbanos, circuitos de manutenção no paredão e em parques, hortas comunitárias, prática desportiva. Ao nível da alimentação mais saudável, temos iniciativas direcionadas para os cidadãos jovens. Temos também o melhor peixe do mundo com todas as características associadas à dieta mediterrânea. Alguns eventos gastronómicos promovem essa alimentação mais saudável. 2 DE QUE FORMA O PODER LOCAL PODE INTERVIR NA PREVENÇÃO E CONTROLO DA DIABETES? Ao nível da educação para a saúde, poder reforçar a intervenção no âmbito da Plataforma Saúde na Escola – projeto de promoção da saúde em meio escolar –, desenvolvendo novas abordagens em torno da alimentação saudável e da prática de exercício físico. Reforçar as estratégias de literacia em saúde para a população em geral, com particular incidência junto das crianças e jovens e população ativa sobre as consequências da diabetes e a importância de adotar estilos de vida protetores da diabetes. Poder ainda desenvolver parcerias a nível local que melhor respondam às necessidades de munícipes com diabetes. 3 QUAL O ÂMBITO E A PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE DIABETES PROMOVIDO PELA APDP? A Câmara Municipal de Cascais participa no programa de Formação de Gestores de Diabetes com três técnicas, nomeadamente: uma técnica da Divisão de Promoção da Saúde, uma técnica da Divisão de Intervenção Educativa e uma técnica da Divisão de Desporto. Esta participação foi concertada com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Cascais, representado pela enfermeira‑chefe da Unidade de Cuidados na Comunidade da Parede. Pretende-se que este grupo de trabalho possa reforçar as estratégias já em curso no contexto da Plataforma Saúde na Escola. Diabetes 75 A sua APDP COZINHA SAUDÁVEL, DIABETES E HEMODIÁLISE TEXTO CRISTINA ANTUNES – NUTRICIONISTA NEPHROCARE APDP OPINIÕES DOS PARTICIPANTES Os participantes gostaram da iniciativa, referiram ter adquirido novos conhecimentos sobre métodos de preparação e confeção dos alimentos, assim como opções alternativas que permitirão tornar a sua alimentação mais variada e sugeriram que a iniciativa se repetisse. A alimentação das pessoas com diabetes e insuficiência renal crónica em programa de hemodiálise deve ser ajustada de forma a conciliar as recomendações alimentares de ambas as doenças, sendo que acabam por prevalecer os cuidados alimentares associados à insuficiência renal nomeadamente a restrição de líquidos, sódio, potássio, controlo da ingestão de fósforo e a ingestão suficiente de proteínas. PRATOS CONFECIONADOS No dia 8 de março de 2014, decorreu, nas instalações da Escola da Diabetes da APDP, um workshop de cozinha para pessoas com diabetes em hemodiálise. Durante a manhã confecionaram-se os seguintes pratos: 1 CUSCUZ DE FRANGO E COGUMELOS: O cuscuz, para muitos, um alimento desconhecido, utilizou-se como alternativa ao arroz ou à massa, todos apropriados para pessoas com diabetes em hemodiálise e preferíveis à batata, devido ao seu elevado teor em potássio. Os cogumelos, apesar de ricos em diversos minerais como potássio, poderão fazer parte do dia alimentar em pequena quantidade, como complemento de uma refeição principal. 2 TOSTA DE BACALHAU COM OVO ESCALFADO: O ovo e o bacalhau (bem demolhado), assim 76 Diabetes como qualquer tipo de peixe e de carne são excelentes fontes de proteína de alto valor biológico, fundamentais para quem faz hemodiálise. O bacalhau não deverá ser confecionado demasiado tempo (8-10 minutos) para que fique mais suave e fácil de mastigar. Para a tosta, utilizou-se o pão de mistura, a opção ideal para as pessoas com diabetes em hemodiálise. 3 QUEQUE DE CLARAS COM FRAMBOESAS: As claras, muito ricas em albumina, são o melhor alimento para quem é submetido a este tratamento. Por outro lado, as gemas deverão ser consumidas com moderação (até três gemas por semana) de forma a evitar uma ingestão de fósforo excessiva. As framboesas (dez unidades) pertencem ao grupo de frutas com menor teor de potássio, assim como os mirtilos (30 unidades) que podem também ser utilizados nesta receita. Acontece na APDP SUGESTÃO DE RECEITA INDICADA PARA PESSOAS COM DIABETES EM HEMODIÁLISE CUSCUZ DE FRANGO E COGUMELOS Ingredientes (por pessoa): 80 g de cuscuz 1 colher de sopa de azeite extravirgem 100 g de frango 20 g de pimento vermelho 30 g de cebola 5 g de alho 50 g de cogumelos Paris Tomilho q.b. Preparação: Cortar em pedacinhos pequenos os peitos de frango e reservar. Limpar os cogumelos e cortar em fatias não muito grossas. Lavar os pimentos e cortar em cubinhos pequenos (quase picado). Picar o alho e a cebola. Aquecer azeite num tacho e adicionar a cebola e depois o alho. Acrescentar o frango e deixar corar, adicionar o tomilho. Baixar o lume e deixar o frango confecionar. Quando estiver quase, adicionar os pimentos e os cogumelos. Envolver tudo e deixar confecionar. De seguida ferver a água (na mesma quantidade que os cuscuz). Quando estiver a ferver, retirar do lume e adicionar os cuscuz. Mexer e deixar tapado por quatro minutos (sem mexer). Depois soltar com um garfo e deixar repousar cinco minutos. Misturar os cuscuz com o preparado do frango e cogumelos e servir. INVESTIGADORA PORTUGUESA PREMIADA NO PARLAMENTO EUROPEU JOANA GASPAR RECEBE PRÉMIO EUROPEU DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (IDF) PARA JOVEM INVESTIGADOR. Joana Gaspar, investigadora de pós-doutoramento na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP-ERC) e no Centro de Doenças Crónicas (CEDOC) da Universidade Nova de Lisboa, foi galardoada com o prémio Europeu da IDF para jovem investigador. O prémio atribuído durante as cerimónias no Parlamento Europeu, em Bruxelas, no dia 5 de novembro de 2014, foi entregue por João Nabais, Presidente da IDF Europa. A investigadora recebeu um cheque de dez mil euros que será doado a uma instituição à sua escolha (APDP). A atribuição do prémio reconhece a excelência da investigação científica na área da biologia celular e molecular aplicada à diabetes. Em comunicado de imprensa, Joana Gaspar avança: “É uma honra para mim receber este prémio. Mais do que o reconhecimento do meu trabalho, é o reconhecimento do empenho de todas as pessoas que trabalham comigo e que tornam possível estas descobertas. É isto que nos motiva a fazer mais para compreender a diabetes, melhorar a vida das pessoas que vivem nesta condição e, finalmente, ajudar a encontrar a cura para esta doença.” Segundo o mesmo comunicado e de acordo com a investigadora: “O nosso principal objetivo é descobrir novos fatores fisiológicos que aumentem a sensibilidade à insulina, de modo a prevenir e superar a resistência inicial à insulina que está associada ao desenvolvimento da diabetes tipo 2”. 1.º ENCONTRO DAS UCFD No dia 8 de novembro, na antiga FIL, em Lisboa, decorreu o 1.º Encontro das Unidades Coordenadoras Funcionais da Diabetes (UCFD), com o intuito de acompanhar a consolidação das UCFD e dos seus planos anuais de trabalho. As UCFD nascem da necessidade de articular os hospitais e os cuidados de saúde primários para uma resposta mais integrada à diabetes, concretizando uma das medidas previstas no Programa Nacional da Diabetes. Diabetes 77 Agenda IDS 2015 LOCAL Munique/ Alemanha Arranca o 14.º Congresso Internacional da Immunology of Diabetes Society (IDS), sociedade científica dedicada a melhorar a compreensão e o tratamento da diabetes tipo 1. O evento é dirigido aos profissionais da área clínica da diabetes. CONTACTOS CURSO INTEGRADO DE DIABETES LOCAL APDP Norte Em horário laboral e durante dois dias, o curso dirige-se aos médicos, enfermeiros, dietistas, nutricionistas, psicólogos e farmacêuticos com interesse profissional na área da diabetes. O objetivo é obter uma abordagem inicial da prática clínica desta doença. 12 abril ESCOLA DIABETES Departamento de Formação Rua do Sol ao Rato, 11 1250-261 Lisboa MAIS INFORMAÇÕES Tel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 340 [email protected] www.apdp.pt IDS 2015 Registo online em www.ids2015.org 09 março Eventos para PROFISSIONAIS DE SAÚDE 15 abril 23 março TERAPÊUTICA NA DIABETES TIPO 2 LOCAL Escola da Diabetes Dirigido a médicos com experiência clínica na diabetes, o curso de dois dias baseia-se na reflexão e discussão de profissionais sobre terapêuticas farmacológicas e casos clínicos. 78 Diabetes XXVI CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE ESPANHOLA DE DIABETES LOCAL Valência/Espanha Até 17 de abril, decorre o evento organizado pela Sociedade Espanhola de Diabetes, que pretende reunir os profissionais de saúde na área clínica da diabetes. XXVI CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE ESPANHOLA DE DIABETES Registo online em www.sedvalencia2015.com Agenda CUIDADOS ÀS PESSOAS IDOSAS COM DIABETES LOCAL Escola da Diabetes Atendendo à necessidade de formação dos profissionais que trabalham com pessoas idosas, a formação melhora as competências destes técnicos nos cuidados às pessoas idosas com diabetes. PESSOAS COM DIABETES TIPO 1 LOCAL Escola da Diabetes Orientada por médicos, enfermeiros, dietistas, nutricionistas e uma psicóloga, a sessão dirige-se às pessoas com diabetes tipo 1 e acompanhantes, tendo a finalidade de melhorar os conhecimentos para melhor gerir a diabetes. A formação tem a duração de dois dias e decorre em horário laboral. 16 março CONTACTOS ESCOLA DIABETES Departamento de Formação Rua do Sol ao Rato, 11 1250-261 Lisboa MAIS INFORMAÇÕES Tel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 340 [email protected] www.apdp.pt 12 março Eventos para PESSOAS COM DIABETES 21 fevereiro 20 março PAIS DE CRIANÇAS COM DIABETES TIPO 1 LOCAL Escola da Diabetes O curso pretende melhorar as competências na gestão da diabetes com as crianças. É destinado aos pais de crianças com diabetes tipo 1 com idades até aos 12 anos. SÁBADOS DESPORTIVOS LOCAL Quinta das Conchas, Lisboa O evento dirige-se às pessoas com diabetes e seus acompanhantes, tendo o objetivo de promover o exercício físico num ambiente divertido e familiar. Todas as pessoas poderão participar, independentemente da idade, sexo ou capacidade física. A sessão, realizada mensalmente, decorre de manhã, entre as 10h e as 12h30. Diabetes 79 Núcleo Jovem PARTILHA AS TUAS IDEIAS COM O NJA ATRAVÉS DO E-MAIL [email protected] OU DO TELEFONE 21 381 61 51 8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES LANÇAMENTO DO LIVRO “JOVENS COM DIABETES – QUE ESTILOS DE VIDA?” N o âmbito do 8.º Fórum Nacional da Diabetes, decorreu a sessão intitulada “Jovens com Diabetes – Que estilos de vida?”. Durante a ocasião ocorreu o lançamento do livro A Saúde e os Estilos de Vida dos Jovens Adultos com Diabetes tipo 1 da autora Lurdes Serrabulho. O livro tem por base o resumo da sua tese de doutoramento, baseado num estudo quantitativo (278 questionários entre os 18 e os 35 anos) e qualitativo (entrevistas em grupo a 30 jovens) para conhecer os estilos de vida dos jovens adultos com diabetes. A capa do livro é da autoria de Piedade Pina, membro do NJA. NJA APELA À PARTICIPAÇÃO ATIVA DE MAIS JOVENS COM DIABETES Destinado a crianças, jovens e jovens adultos com diabetes, o NJA surge como resposta ao facto de hoje haver cada vez mais jovens com diabetes com necessidade de atuar na sua qualidade de vida e com o intuito de encorajar a partilha das suas experiências com a diabetes. O NJA pretende organizar atividades para crianças, jovens e jovens adultos, envolvendo‑as numa causa comum que é a diabetes. Para alcançar este objetivo a coordenadora do NJA, Alexandra Costa, deixa o apelo: «Precisamos de ter mais jovens que se envolvam ativamente no NJA.» 80 Diabetes Podem participar os jovens com diabetes, bem como familiares e amigos. E continua: «Há muitas pessoas que querem participar em atividades, mas somos nós juntos que temos de as desenvolver, e ao pertencerem ao NJA podem conhecer outros jovens com diabetes, partilhar as suas vivências e trocar experiências». O convite é dirigido aos jovens com diabetes, mas também aos seus familiares e amigos, a partir de todos os pontos do país. Os interessados em participar devem contactar o NJA por e-mail, indicando o seu nome, idade, telemóvel e zona de residência. INSCRIÇÕES PARA A EQUIPA DE FUTSAL Os jovens com diabetes podem participar nos treinos da equipa de futsal do NJA e da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP). Criada em 2012, a equipa de futsal do NJA/AJDP já conta com um 2.º e 4.º lugares nos Europeus de futsal para pessoas com diabetes, o DiaEuro. Com treinos semanais, a equipa prepara-se para participar de novo no torneio em 2015 e, até lá, em provas nacionais. Para além de contribuir no combate ao sedentarismo e de promover práticas saudáveis, a partilha de experiências é uma mais-valia para os membros da equipa. Os candidatos que vivem longe da zona de Lisboa, onde decorrem os jogos, podem inscrever-se, já que o NJA encontrará uma solução para que todos possam participar. Inscrições por email/telefone do NJA ou 91 683 42 24. Diabético ilustre Henrique VIII 1491-1547 H enrique teve uma educação esmerada, mas o trono estava destinado ao seu irmão, o príncipe Artur, pois a Henrique esperava-o uma vida religiosa. Em 1501, Artur casa-se com Catarina de Aragão, com 15 e 16 anos, respetivamente. Um ano mais tarde Artur adoece e morre com tuberculose. Como consequência, aos onze anos, Henrique, Duque de York, passa a herdeiro do trono inglês e é nomeado Príncipe de Gales. Encantado com Catarina desde a infância, aos 17 anos Henrique casa-se com a viúva de seu irmão, Catarina de Aragão, com 23 anos. Em 1509, são coroados rei e rainha de Inglaterra na Abadia de Westminster. A primeira gravidez da rainha Catarina terminou em aborto em 1510. Logo deu à luz um bebé, chamado Henrique, a 11 de janeiro de 1511, que só viveu até 22 de fevereiro do mesmo ano. Logo após a sua coroação, Henrique VIII mostrou a sua inclinação bélica com a decapitação de dois dos membros do gabinete do seu pai que, durante a sua vida, privilegiaram as soluções políticas e diplomáticas em vez das violentas. Em 1511, Henrique VIII e o rei Fernando II da Espanha assinam o tratado de Westminster contra a França. Em 1514, Fernando II abandona a aliança e faz separadamente a paz com a França. A consequente irritação com Espanha teve repercussões no relacionamento de Henrique VIII com a rainha Catarina. Entretanto, Henrique reconcilia‑se com o rei da Espanha. Em 1516 a rainha deu à luz uma menina, Maria, renovando as esperanças de Henrique de poder ter um herdeiro varão, apesar dos prévios fracassos de sua esposa. O povo inglês não parecia satisfeito com as regras de uma sucessão feminina. A rainha Catarina ficou grávida pelo menos sete vezes, mas só uma das crianças, a princesa Maria, sobreviveu à infância. Henrique mantinha relacionamentos com várias amantes como Maria Bolena e Isabel Blount, com quem tinha tido um filho ilegítimo. Em 1526, quando ficou claro que Catarina não poderia ter mais filhos, Henrique começou a perseguir a irmã de Maria Bolena, Ana Bolena. O rei ficou imensamente atraído por Ana Bolena, que determinou que só se lhe renderia se ele a reconhecesse como rainha. Muito rapidamente, o rei procura anular o seu casamento com Catarina. Henrique apelou diretamente à Santa Sé. Clemente VII não CRÓNICA DE LUIS GARDETE CORREIA Diabetes 81 Diabético ilustre estava de acordo com a anulação do matrimónio. O rei destituiu o seu interlocutor, o Cardeal Wolseley, por incompetência, e nomeia o arcebispo Cranmer para o substituir. No inverno de 1532 Henrique e Ana fizeram um casamento em segredo. Ana Bolena ficou grávida e fizeram uma cerimónia oficial que teve lugar em Londres, em 1533. Em 23 de maio, o novo arcebispo Cranmer convocou uma sessão especial da corte no Priorado de Dunstable para se pronunciar sobre a validade do casamento do rei com Ana Bolena, tendo sido o casamento com Catarina declarado nulo. Cinco dias depois, Cranmer declarou o matrimónio como válido. Catarina foi despojada do seu título de rainha e Ana foi coroada rainha consorte a 1 de Junho de 1533. A Princesa Maria (futura rainha Maria I de Inglaterra) passou a filha ilegítima e foi substituída como provável herdeira pela nova filha de Ana, Isabel (a futura rainha Isabel I de Inglaterra). Catarina recebeu o título de Princesa Viúva de Gales. Em 1536, morre de causas não esclarecidas. Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica valeu a Henrique a excomunhão, declarada por Clemente VII, em 1533. Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana e formou a Igreja Anglicana, da qual se declarou líder. Passado pouco tempo começam a surgir dificuldades de relacionamento entre o rei e a rainha. Henrique fez com que Ana fosse presa sob a acusação de bruxaria, de ter relações adúlteras com cinco homens, de incesto, de injuriar o rei e conspirar para assassiná-lo, 82 Diabetes com a agravante de traição. As acusações eram fabricadas por Thomas Cromwell, secretário particular de Henrique VIII. A Corte que tratou do caso foi presidida pelo próprio tio de Ana, Thomas Howard, Duque de Norfolk. Em 1536, Ana e seu irmão foram condenados à morte; entre a fogueira ou a decapitação, o rei escolheu que Ana fosse decapitada. Um dia depois da execução de Ana em 1536, Henrique ficou noivo de Joana Seymour, uma das damas de companhia da rainha. O casamento ocorreu dez dias depois. Em 1537, Joana deu à luz Os sintomas historicamente referidos sugerem que Henrique VIII e a sua irmã tinham diabetes tipo 2. um filho, o Príncipe Eduardo, e futuro Eduardo VI. O parto foi difícil e a rainha morreu poucos dias depois de ter dado à luz, devido a uma infeção. Henrique considerou Joana a sua “verdadeira” esposa, por ter sido a única que lhe deu o herdeiro varão que tão desejava. Na época de seu casamento com Joana Seymour, Henrique concedeu a sua aprovação à Constituição de Gales (Laws in Wales Act) em que era anexado o País de Gales a Inglaterra. Henrique quis casar novamente. Foi sugerido o nome de Ana de Cleves, irmã do Duque de Cleves. Quando Ana chegou a Inglaterra, Henrique achou-a pouco atraente, porém casou-se com ela a 6 de Janeiro de 1540. Pouco tempo depois, Henrique decidiu terminar o casamento e, a 28 de julho de 1540, casou com Catarina Howard, prima e dama de companhia de Ana Bolena. Logo após o casamento, Catarina teve um caso com o cortesão Thomas Culpeper e empregou como seu secretário Francis Dereham, com quem tinha tido um caso antes de casar com Henrique VIII. Thomas Cranmer apresentou evidências das atividades extraconjugais da rainha. Quando interrogada, esta admitiu o caso com Dereham, mas alegou que fora forçada por ele a ter esta relação extraconjugal. Porém, Dereham denunciou o relacionamento de Catarina com Thomas Culpeper. O casamento foi anulado após a execução de Catarina. Como no caso de Ana Bolena, Catarina Howard pode ter sido vítima de uma acusação falsa de adultério, porém nada foi provado. Henrique casou com sua última mulher, a viúva rica Catarina Parr, a 12 de julho de 1543. Tiveram um casamento cheio de discussões sobre religião; ela era uma radical e Henrique conservador. Embora isso desagradasse ao rei, era uma mulher submissa, ajudando na reconciliação de Henrique com as suas duas filhas, Lady Maria e Lady Isabel. Em 1544, uma lei do Parlamento colocou-as de volta na linha de sucessão ao trono inglês, embora continuassem a ser consideradas ilegítimas. CURIOSIDADE Nos últimos anos da sua vida, Henrique adquiriu uma obesidade mórbida (perímetro abdominal de 137 cm) que acelerou a sua morte, aos 55 anos de idade, ocorrida a 28 de janeiro de 1547. Os sintomas historicamente referidos sugerem que ele e a sua irmã mais velha, Margarida Tudor, tinham diabetes tipo 2. Henrique VIII nasce em Pembroke Castle no sul do País de Gales a 28 de janeiro de 1457, filho de Edmund Tudor e de Lady Margaret BeauFort. Em 1547 morre e é sepultado na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, ao lado da sua terceira esposa, Joana Seymour.