Tudo sobre a

Transcrição

Tudo sobre a
VIVER EM EQUILÍBRIO
REVISTA OFICIAL
Nº 73
3
EXERCÍCIOS
DE FORÇA
BENEFÍCIOS DA
BATATA-DOCE
PÉ DIABÉTICO
QUE EXERCÍCIO
POSSO FAZER?
DIABETES TIPO 2
POSSO PRECISAR
DE INSULINA?
Tudo
sobre a
Pré-diabetes
COMO AGIR
PARA TRAVAR
A DIABETES
ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR A PRESSÃO ARTERIAL
Mensagem do Presidente
APDP
Remodelação do Museu da Diabetes
POR LUÍS GARDETE CORREIA
PRESIDENTE DA APDP
A
o revisitar o nosso Museu
da Diabetes, agora em vias
de ser remodelado graças
à doação de um mecenas nacional que
percebeu a importância de preservar
a memória de um passado muito rico
e instrumento precioso na formação das
gerações futuras, reli vários documentos
ali expostos.
Entre o espólio, herança do Dr. Ernesto
Roma, estava um documento do início
dos anos 40 do século passado intitulado
“Compromisso de Honra”. Ao lê-lo,
lembrei-me então de valores do passado
que, de alguma forma, se foram perdendo
na voracidade da vida das últimas
décadas mas que temos procurado
manter na APDP. Esse documento
reconhece, entre os aspetos mais
importantes, e passo a citar, “a exigência
da prática da solidariedade junto dos
doentes, de quem nos dirige e dos colegas
de trabalho, servindo com dedicação
e entusiasmo”. De facto, foi com um
objetivo solidário que a APDP foi criada.
Passava-se então a segunda década do
século XX quando Ernesto Roma criou
a APDP com a finalidade principal
de apoiar os pobres numa doença com
características muito especiais. Não nos
esqueçamos de que naquele tempo não
havia Serviço Nacional de Saúde e os
custos da doença eram suportados pelos
próprios, nomeadamente, a aquisição de
medicação e, em particular, a insulina.
Continuando a citar o texto,
é importante sublinhar o “compromisso
na leal execução dos serviços que
lhe forem entregues, esforço no
aperfeiçoamento dos conhecimentos,
respeito ainda pelos colegas e pelos
doentes, cuidando destes como
gostaria que me cuidassem nas mesmas
condições”. Escreve-se também que há
simultaneamente “um compromisso
em falar com orgulho da sua profissão,
dos colegas e de todos os que, imbuídos
daquele espírito de solidariedade dentro
do princípio da cordialidade, lealdade
e honestidade, se dedicam a cuidar das
pessoas com diabetes”.
Estava-se numa casa solidária e este
documento em que se encontravam estes
princípios era assinado por todos os que
ali prestavam serviço, e logo na primeira
hora. Estes princípios, embora muito
esquecidos na vida deste país, têm hoje
cabimento perfeito não só na prática
quotidiana da APDP como em muitas
instituições públicas ou privadas e muito
para além da área saúde, em todas as
áreas da nossa sociedade.
Por nós, na APDP, temos procurado
preservar estes valores, sendo certamente
esse um dos fatores que justifica
a nossa posição a nível nacional
e internacional como uma instituição
de referência mundial.
Ernesto Roma criou a
APDP com a finalidade
principal de apoiar os
pobres numa doença
com características
muito especiais.
Diabetes
3
Ficha técnica
COLABORAM NESTA EDIÇÃO
ESPECIALISTAS
APDP
LUÍS GARDETE
CARDIOLOGISTA E
EDITOR DA REVISTA
APDP
LUANA LEITÃO
RENATA PIZARRO
DIETISTA
EM ESTÁGIO
PROFISSIONAL
OUTRAS
ENTIDADES
PEDRO MATOS
PRESIDENTE DA APDP
PODOLOGISTA
DA APDP
JOSÉ MANUEL
BOAVIDA
JOÃO FILIPE
RAPOSO
PRESIDENTE DA
FUNDAÇÃO ERNESTO
ROMA
RICARDO RANGEL
ENDOCRINOLOGISTA
DA APDP
DIRETOR CLÍNICO
DA APDP
LEONE DUARTE
ENDOCRINOLOGISTA
DA APDP
JOSÉ LUIZ MEDINA
PRESIDENTE DA SPD
E MEMBRO DA APDP
RUI DUARTE
ESPECIALISTA DE
MEDICINA INTERNA
DA APDP
SOCIEDADE PORTUGUESA
DIABETOLOGIA
PORTUGUESE
SOCIETY OF DIABETOLOGY
DIABETES - VIVER EM EQUILÍBRIO
DIRETOR
Luís Gardete Correia
EDITOR
Pedro Matos
REDATORA PRINCIPAL
Ana Margarida Marques
[email protected]
PERIODICIDADE
Trimestral
REVISÃO
Catarina Almeida, Marta Pinho
COORDENAÇÃO DE PROJETO
Violante Assude
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COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
EXTERNA
António Galveia
CONSELHO CIENTÍFICO
Luís Gardete Correia, João Filipe
Raposo, João Nunes Corrêa, José
Manuel Boavida, Pedro Matos,
João Nabais, Ana Mesquita, Lurdes
Serrabulho
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
INTERNA
Paulo Oliveira
SECRETARIADO
Carla Trincheiras, Cristina Silva e Sónia
Silva
Tel: 213 816 112 | Fax: 213 859 371
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PROPRIEDADE
APDP – Associação Protectora dos
Diabéticos de Portugal
4
SEDE SOCIAL:
Rua do Salitre, 118-120,
1250-203 Lisboa
Diabetes
EDIÇÃO
GOODY S.A.
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PRESIDENTE:
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DIRETOR CLÍNICO:
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TESOUREIRO:
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VOGAIS:
José Valente Nabais e Maria de
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SEDE SOCIAL
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1250-203 Lisboa
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CONTRIBUINTE N.º 500 851 875
Índice
03
PÁG.
10
MENSAGEM DO PRESIDENTE
10
ATUALIDADE
Notícias de bem-estar, nutrição
e exercício físico
PÁG.
28
APRENDA A COMER BEM
22
BENEFÍCIOS DA BATATA-DOCE
26
CONHEÇA E COMPARE
Menus de pequeno-almoço
28
RECEITAS
50
CONTROLO E VIGILÂNCIA
Como posso controlar a tensão
arterial?
54 EXERCÍCIO FÍSICO
Treino de força na piscina
56
TESTEMUNHO DE ATLETISMO
58
ENTREVISTA
Constantino Sakellarides
A SUA APDP
64
ENTREVISTA
Luís Gardete Correia
68
OBSERVATÓRIO DA DIABETES
VIVER BEM A DIABETES
PÁG.
38
38
VIVER COM PRÉ-DIABETES
PÁG.
70
42
70
A DIABETES NA ASSEMBLEIA
DA REPÚBLICA
72
8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES
REVOLUÇÕES NO AUTOCONTROLO
DA DIABETES
74
46
80
CONSULTÓRIO
Bomba de insulina na mulher
com diabetes tipo 1.
Tenho diabetes tipo 2. Posso vir
a ter de tomar insulina?
Tenho pé diabético. Que exercício
físico posso fazer?
NOTÍCIAS APDP
NÚCLEO JOVEM
78
AGENDA
81
DIABÉTICO ILUSTRE
Henrique VIII
Diabetes
5
Editorial
APDP
Uma visão alargada para a diabetes
POR PEDRO MATOS EDITOR
A
nossa associação tem tido ao longo
dos anos uma visão e um papel na área
da diabetes que passa por várias áreas
de intervenção: a actividade assistencial,
a participação associativa e cívica, o ensino
pós-graduado e a investigação, a parceria
com outras instituições e profissionais
de saúde.
Nos últimos meses marcámos presença
em quase tudo o que é a nossa missão. Em
termos associativos e cívicos, e por ocasião
de mais um Dia Mundial da Diabetes,
estivemos na Assembleia da República,
fazendo parte de um grupo de cidadãos
envolvidos na luta contra a diabetes em
Portugal. No mesmo âmbito, fomos um
dos principais dinamizadores do Fórum da
Diabetes, que reuniu profissionais, doentes
e autarcas para partilhar experiências,
dúvidas, problemas, tentar encontrar
soluções e alternativas. Participámos, como
desde a primeira edição e em conjunto
com outras entidades relevantes na área da
diabetes, na elaboração de mais um número
do Observatório Nacional, um documento
essencial para entender a realidade da
doença no nosso país, o seu perfil evolutivo
e o impacto sobre os custos associados.
Na vertente educativa, demos início a um
novo curso de pós-graduação em diabetes,
uma parceria com a Universidade Nova já
anteriormente encetada.
No campo da investigação clínica e básica,
continuamos a participar em ensaios
clínicos internacionais. Em simultâneo, uma
investigadora ligada à APDP foi distinguida
com um prémio da IDF, na área da biologia
celular e molecular aplicada à diabetes.
Por fim, na área assistencial continuamos
a tentar melhorar o que podemos oferecer
aos nossos doentes, optimizar modelos de
funcionamento e padrões de qualidade nos
serviços prestados. Nesse sentido, estamos
a ultimar um processo de acreditação
em qualidade, avaliado por uma entidade
externa independente. A certificação
permitirá que a nossa casa seja reconhecida
por todos os que funcionam na área
da saúde como um centro de excelência,
com procedimentos e normativas definidas,
de acordo com os mais elevados níveis
de exigência.
É esta a visão alargada para a diabetes que
queremos continuar a ter.
Por opção do autor, este texto não está conforme as normas do Acordo Ortográfico.
6
Diabetes
Estamos a ultimar
um processo de
acreditação em
qualidade [na
área assistencial],
avaliado por uma
entidade externa
independente.
JUNTE-SE HOJE À
DAMOS-LHE
10 RAZÕES
PARA SER NOSSO SÓCIO
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Contribuir na luta contra a diabetes e suas complicações
Receber grátis as 4 edições anuais da revista Diabetes
Apoiar a APDP na investigação na área da diabetes
Apoiar a formação na área da diabetes para profissionais
e não profissionais de saúde
Acesso a descontos na APDP: farmácia, óptica e serviços
de saúde
Descontos em publicações editadas pela APDP
Acesso e descontos nos cursos de formação em Lisboa
e Porto
Orientações online na área da diabetes
Acesso ao espaço de actividade física
Participar ativamente na vida associativa da APDP
FAÇA A SU
A
INSCRIÇÃ
O OLINE
AQUI
Correio do leitor
A APDP PERGUNTA
O QUE FAZ PARA GERIR
O STRESS NO DIA A DIA
«Procuro ter momentos agradáveis que
me preparem para ter um dia sereno
e o suportem nas ocasiões de maior
stress. De manhã faço hidroginástica
ou natação.»
Angélica Lopes
«Faço exercício e procuro ocupar o tempo
livre com atividades de que gosto.»
Maria Silva
«Ando de bicicleta e faço caminhadas
sempre que posso.»
João Sousa
«Gosto de dar uma caminhada pela
manhã, para que o dia seja mais
tranquilo.»
Luis Pereira
VIVER COM DIABETES
“Sou feliz com a diabetes”
MARGARIDA AZEVEDO, 18 ANOS
«A diabetes é uma doença que afeta
muitos jovens, hoje em dia. Inicialmente
parece ser assustadora, mas com o
passar do tempo percebemos que ter a
diabetes sob controlo é o mesmo que
viver como as pessoas “normais”. Temos
simplesmente de ser mais responsáveis,
mais cuidadosos com a alimentação,
mas ao fazermos uma alimentação
saudável vamos beneficiar todo o
organismo. No entanto, a diabetes tipo 1
é muitas vezes “chata”, e quando penso
que há muitas pessoas com doenças
muito piores e que mantêm uma elevada
autoestima, então inspiro-me nelas
e penso que sou saudável, que sou uma
sortuda pela vida que tenho. Sou feliz
com a diabetes.»
Há muitas pessoas com doenças muito piores
e que mantêm uma elevada autoestima, então
inspiro-me nelas e penso que sou saudável.
«Tenho 91 anos e vivo praticamente
sozinho. Como não tenho com quem
dialogar, passo o dia escrevendo sobre
os assuntos que estudo e investigando
na Internet. É a melhor maneira de nos
abstrairmos dos nossos problemas.
Outra forma é termos hobbies a que
nos dedicarmos.»
Elisio Romariz Santos Silva
PRÓXIMA PERGUNTA
COMO FAZ O REGISTO DOS
VALORES DA GLICEMIA?
PARTICIPE E PARTILHE A SUA OPINIÃO:
Envie-nos o seu testemunho ou resposta,
com o seu nome completo, para o e-mail
[email protected], ou por correio para a
morada: Av. Infante D. Henrique n.º 306,
Lote 6, R/C – 1950-421 Lisboa.
A APDP reserva-se o direito de cortar
e editar as cartas recebidas.
Diabetes
9
Atualidade DIABETES
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES
RISCO DE
GLAUCOMA NAS
PESSOAS COM
DIABETES
Uma análise de 47
estudos científicos
demonstra que
as pessoas com
diabetes têm mais
probabilidades
de desenvolver
glaucoma do que
aquelas que não
têm diabetes.
Outra conclusão
é que o risco
de desenvolver
a doença
oftalmológica
é mais elevado
nas pessoas
há mais tempo
com diabetes,
segundo um
estudo divulgado
no jornal científico
Ophthalmology.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A
DEPRESSÃO E A OBESIDADE
A obesidade pode estar associada à baixa
autoestima e aos problemas sociais e de
saúde que podem levar à depressão, relatam
os autores de uma investigação americana
levada a cabo pelo National Center for Health
Statistics, cujos resultados indicam que 43%
dos adultos com depressão são obesos e
55% das pessoas que tomam antidepressivos
sofrem também de obesidade.
43% DOS ADULTOS
COM DEPRESSÃO SÃO
OBESOS E 55% DAS
PESSOAS QUE TOMAM
ANTIDEPRESSIVOS
SOFREM TAMBÉM DE
OBESIDADE
Dentistas
em posição
estratégica para
diagnosticar
novos casos.
ESTUDO RECOMENDA ATUAÇÃO DE MÉDICOS DENTISTAS
NO DIAGNÓSTICO DA DIABETES
Os médicos dentistas assumem uma posição estratégica no diagnóstico de novos casos
de diabetes e de pessoas com diabetes em risco de complicações da doença, reforça um artigo
divulgado na publicação Clinical Diabetes. Os autores responsáveis pela investigação alertam
para a importância da cooperação e do trabalho conjunto entre os profissionais de saúde de modo
a que se caminhe para um diagnóstico mais eficaz da diabetes.
10
Diabetes
Atualidade DIABETES
96%
Programas
têm impacto
no colesterol
HDL e
colesterol LDL
CAMPANHAS DE
PREVENÇÃO DA
OBESIDADE INFANTIL
EM FOCO
Os programas de prevenção de
obesidade infantil que promovem
a alimentação saudável e o
exercício físico na infância
contribuem para uma melhoria
do perfil lipídico das crianças,
o que pode significar um menor
risco de doença cardiovascular na
idade adulta, de acordo com uma
revisão científica de 17 estudos
divulgados na publicação Obesity
Reviews, órgão oficial da World
Obesity Federation. De acordo
com a revisão científica a maioria
dos programas de prevenção de
obesidade infantil revelam que,
mesmo quando não reduzem
o risco de obesidade, têm um
impacto positivo no colesterol
HDL (“colesterol bom”) e colesterol
LDL (“colesterol mau”).
12
Diabetes
ALERTA!
Berkeley é a
primeira cidade
dos Estados
Unidos a lançar
uma taxa sobre
os refrigerantes.
A medida foi a
votação e 75%
dos participantes
afirmaram "sim"
ao imposto.
Sabe-se que
o consumo
excessivo e
regular de
refrigerantes
está associado
a problemas
de saúde como
a diabetes e a
obesidade.
Porque é que
as taxas dos
refrigerantes são
tão importantes
é o mote de um
artigo publicado
no site www.
huffingtonpost.
com.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE A
DIABETES TIPO 2 E O STRESS?
A resposta
poderá estar
num novo estudo
que estabelece a
correlação entre
a diabetes tipo
2, o aumento da
exposição ao stresse
e a diminuição
da capacidade
biológica para gerir
o stress. Um grupo
de investigadores
americanos estudou
o sistema biológico
de 140 pessoas
com diabetes tipo
2 e apurou que
estas pessoas têm
menor capacidade
para normalizar a
pressão arterial, o
ritmo cardíaco e os
níveis de colesterol,
para dar resposta ao
stress. Os resultados
estão publicados
na revista científica
Proceedings of the
National Academy
of Sciences of the
United States of
America (PNAS).
ESTUDO ASSOCIA
DIABETES TIPO 2 E
REDUÇÃO DA CAPACIDADE
BIOLÓGICA DE RESPONDER
AO STRESS.
BEM-ESTAR Atualidade
SABIA QUE?
As pessoas que
consomem a
maioria das
refeições em
casa revelam
ter hábitos mais
saudáveis e um
consumo calórico
mais baixo do
que aquelas que
consomem a
maioria das suas
refeições em
restaurantes. O
alerta é dado num
estudo divulgado
no Public Health
Nutrition,
apresentado
num encontro
da American
Public Health
Association,
refere o site
HealthDay News.
Pais saudáveis,
filhos saudáveis.
As crianças cujos
pais permanecem
longos períodos
a ver televisão
passam, também
elas muito tempo
perante o pequeno
ecrã, enquanto as
que têm o hábito
de caminhar
têm mais saúde,
acumulando mais
horas de sono,
alerta um estudo
apresentado
numa reunião da
American Heart
Association,
segundo o site
www.dailyrx.com.
O ar que respiramos
influencia a saúde
desde a infância.
FUMO DO TABACO E POLUIÇÃO
NA INFÂNCIA SÃO FATORES
DE RISCO PARA A OBESIDADE
A exposição ao fumo do tabaco e ao
ambiente com ar poluído contribuem para o
desenvolvimento da obesidade desde cedo
na vida, revela um novo estudo científico. A
pesquisa publicada no Environmental Health
Perspectives comprova que há um ganho de
peso durante a adolescência nas crianças
mais sujeitas ao fumo passivo do tabaco ou a
ambientes com poluição.
AMBIENTE NAS CANTINAS
INFLUENCIA CONSUMO DE
VEGETAIS PELOS ESTUDANTES
Modificar o ambiente das cantinas pode contribuir
para o aumento do consumo de vegetais pelos
estudantes, de acordo com um estudo da Johns
Hopkins Bloomberg School of Public Health.
Um grupo de investigadores observou os
comportamentos de crianças e de jovens de dez
escolas públicas na cidade de Nova Iorque e
concluiu que os estudantes têm mais tendência
para comer vegetais quando: os refeitórios têm
menos ruído ou distrações; são acompanhados por
um professor que faça as refeições em conjunto
com eles; têm mais tempo para almoçar; e os
alimentos no prato são cortados em pequenas
fatias ou porções, relata o site SmartBrief.
HORÁRIOS
NOTURNOS
INTERFEREM
COM O RITMO
BIOLÓGICO, DIZ
ESTUDO.
TRABALHAR EM TURNOS
NOTURNOS CONTRIBUI
PARA GANHO DE PESO
As pessoas que trabalham em turnos noturnos gastam
menos calorias do que aquelas cujos horários ocorrem
em períodos diurnos, pelo que têm mais risco de
aumentar de peso, revela um estudo publicado no
Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os investigadores consideram que as causas podem
estar relacionadas com o facto de os turnos noturnos
interferirem com o ritmo biológico, relata o SmartBrief.
Diabetes
13
Atualidade BEM-ESTAR
ALERTA!
Um estudo
comprova que é
possível detetar
sinais precoces de
doença cardíaca
em crianças e
em jovens com
obesidade, por
intermédio de
indicadores de
saúde como o
perfil lipídico
e a medição dos
níveis da glicemia.
A conclusão é
de um estudo
publicado no
jornal científico
JACC, avança o
The New York
Times.
14
Diabetes
CAMINHAR É
BENÉFICO PARA
A SAÚDE MENTAL
Viver em zonas residenciais com
acessos fáceis para andar a pé pode
contribuir para uma redução da
doença mental nas pessoas idosas,
refere um estudo da Universidade
do Kansas. A investigação
científica envolveu um total de 25
idosos com doença de Alzheimer
e 39 idosos sem quaisquer
problemas ao nível do raciocínio ou
da memória. Durante um período
de 24 meses os participantes no
estudo realizaram um conjunto
de testes para avaliar diversos
parâmetros e competências do foro
mental, por exemplo a atenção e
a memória. A conclusão é que as
pessoas que vivem em zonas onde
seja mais fácil fazer caminhadas
no seu dia a dia apresentam uma
melhor saúde física (pois revelam
ter melhores indicadores como
a gordura corporal e a tensão
arterial) e mental. Os autores do
estudo americano evidenciam que
existe uma associação entre os
fatores, mas não uma causa direta,
refere o site HealthDay News.
Estudo sobre
anemia e diabetes
A prevalência de
anemia existe em
59% das pessoas
com diabetes com
características
específicas
como a idade
avançada e a
longa duração da
diabetes, avança
uma pesquisa
publicada em
outubro na revista
científica Clinical
Diabetes.
Prevalência de
anemia aumenta nas
pessoas com diabetes
de maior duração.
PROGRAMAS ONLINE
INTERATIVOS AJUDAM
AS PESSOAS NA
PERDA DE PESO
As pessoas com excesso de peso
e com obesidade podem beneficiar
a sua saúde com programas digitais
que as ajudem a adquirir estilos
de vida saudáveis. A conclusão é
de um estudo da Diabetes Care, na
sequência de uma experiência que
comparou os resultados de dois
grupos: um primeiro teve acesso
a boletins informativos sobre
alimentação saudável e exercício
e um segundo - que obteve os
melhores resultados - seguiu
um programa digital com vídeos
interativos, relatórios diários de
calorias e de exercício e feedback
relativo ao desempenho prestado.
Atualidade NUTRIÇÃO
CONTEXTO SOCIOECONÓMICO DAS MÃES
INFLUENCIA A ALIMENTAÇÃO A LONGO PRAZO
PERDA DE PESO
ASSOCIADA
A DIETA
VEGETARIANA
Um estudo
comparou cinco
diferentes tipos
de dieta e apurou
que as pessoas
que seguiram a
dieta vegetariana
foram as que mais
peso conseguiram
perder. As
diferentes dietas
incluíram diversas
combinações de
tipos de alimentos
como hidratos
de carbono,
proteínas (peixe,
carne e ovos),
vegetais, frutas
e leguminosas. O
estudo divulgado
na publicação
The International
Journal of
Applied and
Basic Nutritional
Sciences foi
levado a cabo por
uma equipa de
investigadores
da Universidade
da Carolina do
Sul, nos Estados
Unidos, revela o
site MedicalDaily.
com.
16
Diabetes
Os bebés entre 6 e 12 meses cujas mães
têm níveis elevados de escolaridade e
rendimentos têm mais hipóteses de ter uma
alimentação saudável. Pelo contrário, aqueles
cujas mães têm níveis mais reduzidos de
escolaridade e de capacidade económica
têm tendência a seguir uma dieta rica em
gorduras, açúcares e proteínas. O estudo
Hábitos
na dieta
do bebé têm
repercussões na
fase adulta.
do Pediatrics evidencia que o primeiro
ano de vida – período crítico por ocorrer
o desenvolvimento do paladar – é uma
oportunidade para serem estabelecidos
hábitos saudáveis que vão refletir-se desde a
primeira infância à idade adulta, diminuindo
a probabilidade do aparecimento de doenças
como a obesidade e a diabetes.
NUTRIÇÃO Atualidade
CRIANÇAS SÃO
POTENCIAIS
AGENTES NA
COMPRA DE
ALIMENTOS
SAUDÁVEIS
A colocação
de alimentos
saudáveis (em
vez de doces
e salgados)
em pontos
estratégicos nos
supermercados de
forma a incentivar
as crianças e a
motivar escolhas
alimentares
mais saudáveis
é apontada como
uma medida eficaz
de divulgação
de hábitos
alimentares
saudáveis junto
das famílias,
alerta um estudo
publicado no
jornal científico
Appetite.
DÚVIDAS SOBRE
AÇÚCARES? VÁ A
SUGARSCIENCE.ORG
Uma equipa de investigadores
da Universidade da Califórnia
criou o site sugarscience.org
com a finalidade de responder a
todas as dúvidas dos cibernautas
relacionadas com os riscos de
saúde associados ao consumo
excessivo de açúcar. A plataforma
online, de acesso livre e fácil de
navegar, permite a consulta de
informação, em inglês, construída
com base em oito mil estudos e
artigos de investigação científica.
Na plataforma científica é possível
colocar questões aos especialistas,
aprender estratégias para reduzir
o consumo de açúcar no dia a dia e
aceder a um kit livre para download
(vídeos, panfletos, posters) com
informação e sensibilização do
consumo excessivo de açúcares.
A iniciativa pretende dar resposta
ao consumo crescente de açúcar
na dieta americana. A plataforma
poderá ser também útil para a
implementação de programas
científicos pelas entidades
governamentais de saúde
nos Estados Unidos, avança
o site The California Report.
COMO GOSTAR DE
VEGETAIS DESDE
BEBÉ?
Junte ao leite
pequenas porções
de vegetais
reduzidas a puré,
pois ajuda na
transição para
os alimentos
sólidos e aumenta
a probabilidade
de a criança
vir a gostar
de vegetais. A
recomendação é
de um estudo feito
no Reino Unido
que se encontra
publicado na
revista Appetite.
BEBER LEITE FAZ
BEM À SAÚDE:
SIM OU NÃO?
O que uma investigação indica
é que beber três ou mais copos
de leite por dia aumenta o risco
de doença cardiovascular, cancro
e mortalidade na idade adulta.
A conclusão é de uma equipa de
investigação sueca autora de um
estudo divulgado na publicação
BMJ. A equipa alerta que o estudo
não se baseia numa causa direta
entre a ingestão do leite e as
consequências apontadas, pelo que
os autores recomendam às pessoas
que não alterem os seus hábitos
de vida e de nutrição face a estas
conclusões.
No estudo
participaram 36
mães de bebés com
mais de seis meses.
Diabetes
17
Atualidade EXERCÍCIO
PODÓMETRO MOTIVA AS PESSOAS COM DIABETES
A VENCER O SEDENTARISMO
FAZER EXERCÍCIO
TRAZ BENEFÍCIOS
PARA A
SAÚDE, MAS
NEM SEMPRE
SIGNIFICA PERDA
DE PESO.
Uma equipa
americana da
Arizona State
University
organizou um
programa de
12 semanas de
exercícios na
passadeira de
com um grupo de
participantes do
sexo feminino,
com excesso de
peso e uma vida
sedentária. A
conclusão é que
numa grande
parte houve
repercussões
positivas na
sua condição
geral de saúde
e no nível da
capacidade para
realizar exercício
aeróbico, mas
não em termos de
redução de peso,
refere o estudo
na publicação
The Journal of
Strength and
Conditioning
Research.
18
Diabetes
As pessoas com diabetes tipo 2 e uma vida
sedentária beneficiam a sua qualidade
de vida ao fazer caminhadas com um
podómetro - instrumento que serve para
medir as distâncias percorridas. O alerta é
de um estudo da Nanak Dev University em
Amritsar, na Índia, publicado no Journal of
Diabetes & Metabolic Disorder. Um grupo
de 102 pessoas com diabetes tipo 2, 28
mulheres e 74 homens, seguiu um programa
de exercício supervisionado pela equipa
de investigação responsável pelo estudo ao
longo de 16 semanas. A conclusão principal
é que o recurso ao podómetro durante
as caminhadas é uma motivação para as
pessoas pois podem fazer a contagem dos
passos durante o exercício, revela a notícia
divulgada pelo SmartBrief.
CATEGORIAS DE SAÚDE
E FITNESS LIDERAM
CRESCIMENTO DE
APLICAÇÕES DE
TELEMÓVEL
A saúde e o fitness foram as
categorias que registaram um
crescimento maior em 2014, pelo
menos de acordo com a lista das
aplicações mais populares do
Google. Os dados atuais estimam
que existem atualmente cem
mil aplicações de saúde para
telemóvel no mercado, o dobro
do número registado há dois
anos atrás, revela uma notícia
divulgada no SmartBrief.
ESTUDO APONTA QUE PRATICAR
IOGA AJUDA A PREVENIR
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Com base na análise a 37 estudos, uma equipa
de investigação na Holanda concluiu que o ioga pode
representar os mesmos benefícios para a redução do
risco de doenças cardiovasculares do que a aeróbica,
andar de bicicleta ou caminhar. Publicado no European
Journal of Preventive Cardiology, o estudo refere que
os praticantes de ioga reduzem o índice de massa
corporal (IMC), a pressão sanguínea e o colesterol.
Mudar o futuro da Diabetes é o compromisso da Novo Nordisk.
Queremos estar mais atentos, queremos aprender e queremos
olhar para além do tratamento e, assim, ir ao encontro das
necessidades das pessoas e das famílias que vivem com diabetes.
Changing Diabetes é a nossa forma de apoiar as pessoas a gerir
e a viver com a diabetes. Hoje e amanhã.
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D-1306
Anúncio Changing Diabetes
Novo Nordisk, Lda. Rua Quinta da Quintã, 1 – 1.º, Quinta da Fonte, 2744-970 Paço de Arcos • www.novonordisk.pt • Contribuinte N.º 501 485 210 • Capital Social: 250.000E • C.R.C. Cascais: 13.682 – Oeiras
Novo Nordisk
mudar o futuro
da diabetes
ROGÉRIO SILVA
Portugal
O Rogério tem diabetes tipo 2
Aprenda a
COMER BEM
NUTRIÇÃO
Benefícios da
batata-doce
CONHEÇA
E COMPARE
Menus de
pequeno-almoço
CULINÁRIA
Creme de feijão
de soja e coentros
Peito de frango
recheado com
espinafres e
esmagada de
batata-doce
Salmão no forno com
cuscuz de legumes
e hortelã
Cheesecake de kiwi
Aprenda a comer bem
Os benefícios da batata-doce
Saiba como introduzir este alimento na dieta e quais as suas
vantagens na alimentação da pessoa com diabetes.
A
LUANA LEITÃO
DIETISTA
EM ESTÁGIO
PROFISSIONAL NA
APDP
batata-doce (Ipomoea batatas)
é originária dos Andes. Atualmente,
os principais produtores são a China,
Indonésia, Vietname, Japão, Índia e Uganda.
Existem cerca de 400 variedades
disponíveis. A pele e a polpa da batata-doce
podem variar numa gama de branco, amarelo,
laranja, rosa e roxo, apesar de as cores branco
e amarelo ou laranja serem as mais comuns.
Por vezes, a batata-doce adquire a forma
clássica da batata, curta e arredondada,
ou uma forma mais alongada e cónica.
A intensidade da cor está diretamente
relacionada com o índice de betacaroteno
que possui. O betacaroteno (mais presente
na variedade amarela ou cor de laranja) é
utilizado pelo nosso organismo para produzir
vitamina A, sendo por isso denominado
de “pró-vitamina A”. Este também tem
um papel importante na estabilização dos
níveis de glicose sanguínea, uma vez que
aumenta a sensibilidade do organismo à
ação da insulina. As variedades com a polpa
rosa ou roxa, por outro lado, são uma boa
fonte de antocianinas (pigmento natural
presente em algumas frutas, flores e folhas).
Este pigmento, entre outras funções, evita
a produção de radicais livres (compostos
A batata-doce, apesar do nome, e de ter uma maior
quantidade de HC e calorias por 100 g, tem um índice
glicémico mais baixo do que a batata normal.
22
Diabetes
Nutrição
BENEFÍCIOS EM
RESUMO:
Índice Glicémico
mais baixo que o
da batata normal
Alto teor em
fibra solúvel
Elevada
concentração de
betacaroteno
Ajuda a
regularizar os
níveis de glicose
e colesterol
sanguíneos
Ajuda a diminuir
o risco de
aterosclerose
Elevado teor
de vitaminas
Papel
antioxidante
Elevada
densidade
nutricional
Diabetes
23
Aprenda a comer bem
BATATA VERSUS BATATA-DOCE
Embora o valor calórico da batata-doce seja um pouco maior
quando comparado com o da batata normal, a quantidade
de nutrientes e compostos bioativos também o é, como se
pode confirmar na tabela 1:
TABELA 1
BATATA (CRUA)
100 G
ENERGIA
ENERGIA
89 kcal
119 kcal
MACRONUTRIENTES
MACRONUTRIENTES
PROTEÍNA
PROTEÍNA
2,5 g
1,0 g
GORDURA
GORDURA
HIDRATOS DE CARBONO
HIDRATOS DE CARBONO
0g
0g
19,2 g
28,3 g
FIBRA ALIMENTAR
FIBRA ALIMENTAR
VITAMINAS
VITAMINAS
VITAMINA A
VITAMINA A
(EQUIVALENTES DE RETINOL)
(EQUIVALENTES DE RETINOL)
CAROTENO
CAROTENO
A-TOCOFEROL
A-TOCOFEROL
NIACINA
NIACINA
1,6 g
0 ug
0g
0,060 g
2,7 g
650 ug
3900 g
4,6 g
1,4 g
0,50 g
VITAMINA C
VITAMINA C
14 g
25 g
FOLATOS
FOLATOS
35 g
24
BATATA-DOCE
(CRUA) 100 G
Diabetes
17 g
que provocam lesões a
nível celular). Estas últimas
variedades têm a mais alta
taxa de antioxidantes entre
todas as espécies.
Num estudo realizado
para esse efeito, concluiu‑se
que a atividade antioxidante
da batata‑doce de cor roxa
é três vezes superior à do
mirtilo. Curiosamente,
na pele da batata‑doce,
esta atividade é três vezes
mais elevada do que na
polpa (independentemente
da cor).
Um estudo realizado
em 27 pessoas com
diabetes tipo 2 considera
a batata‑doce um
sensibilizador natural
da insulina que tem
também propriedades
antiaterogénicas, isto é,
que impede a formação de
placas de ateroma nos vasos
sanguíneos (aterosclerose).
A batata-doce, apesar do
nome, e de ter uma maior
quantidade de hidratos
de carbono (HC) e calorias
por 100 g, tem um índice
glicémico mais baixo
do que a batata normal,
devido à presença de uma
fibra solúvel denominada
inulina. Esta fibra também
auxilia na redução dos
níveis de glicemia e de
colesterol sanguíneo.
Assim sendo, ingerindo o
mesmo número de porções
de HC provenientes da
batata‑doce, os valores
de glicemia vão ser
menores do que se forem
provenientes da batata
“normal”. Por exemplo: 90
g de batata‑doce contêm
a mesma quantidade de
HC do que 140 g de batata
“normal”, mas a batata‑doce
provoca uma subida menos
acentuada de glicemia.
Nutrição
NÚMEROS
A batata-doce
pode ser usada
na confeção de
variados pratos.
ÍNDICE
GLICÉMICO
(IG)
78
63
Batata (cozida)
Batata-doce
(cozida)
TABELA 2
SUGESTÕES DE CONFEÇÃO
QUANTIDADE DE HIDRATOS
DE CARBONO POR 100G
DE ALIMENTO
A batata-doce consome‑se
sempre cozinhada.
O melhor método de
confeção, quer em termos
nutricionais quer em
termos de sabor e textura,
é assada no forno e inteira,
mas também se pode
ingerir cozida ou frita.
Deve ser confecionada
com casca, uma vez que
é nesta que se encontra
a maior percentagem de
antioxidantes. A perda
de nutrientes durante a
cozedura, como vitamina
C, B6 e ácido fólico,
pode ser evitada, se for
cozida a vapor. Pela sua
particularidade doce,
combina muito bem com
canela, coco, lima e nozmoscada (por exemplo:
batata-doce assada com
Batata-doce
28,3 g
Batata
19,2 g
Abóbora
1,7 g
Curgete
2,0 g
Beringela
2,4 g
Nabo
3,0 g
Tomate
3,5 g
Cenoura
4,4 g
canela; puré de batata‑doce
com noz-moscada;
batata‑doce com legumes
salteados e sumo de lima).
Também se pode utilizar a
batata-doce em substituição
da batata normal, na
confeção de variados pratos
e sopas. Para as sopas, uma
boa estratégia é combiná‑la
com outros legumes
que tenham uma menor
quantidade de HC por
100 g. São bons exemplos a
cenoura, a curgete, o nabo,
entre outros. Na tabela
2 encontram-se alguns
alimentos que contêm uma
quantidade de HC muito
menor e que se podem
utilizar juntamente com
a batata-doce ou a batata
“normal” na confeção de
sopas nutritivas.
Diabetes
25
Conheça e compare
CONHEÇA E COMPARE
CALORIAS E HIDRATOS DE CARBONO EM MENUS DE PEQUENO-ALMOÇO
MENU 1 – EM VEZ DE:
MENU 2 – OPTE POR:
1 SUMO DE LARANJA NATURAL
1 GALÃO (SEM AÇÚCAR)
DOSE:
DOSE:
250 g
250 ml
163
103
KCAL
KCAL
34,3 g
10,7 g
HC
1 CROISSANT
HC
1 FATIA DE PÃO DE CENTEIO
DOSE:
DOSE:
100 g
50 g
416
132
KCAL
KCAL
42,2 g
28,2 g
HC
2 FATIAS DE QUEIJO
1 FATIA DE QUEIJO
DOSE:
DOSE:
40 g
20 g
126
KCAL
0g
0 g
TOTAL: 705 KCAL / 76,5 g HC
Diabetes
63
KCAL
HC
26
HC
HC
TOTAL: 298 KCAL / 39 g HC
ADAPTADO DE
TABELA DA
COMPOSIÇÃO
DE ALIMENTOS,
INSTITUTO
RICARDO JORGE
FOTOGRAFIA
RICARDO POLÓNIO
PRODUÇÃO
E FOODSTYLING
RITA AMARAL DIAS
LIVING ALLOWED®
A TER EM CONTA:
O Menu 1 é
demasiado rico
em calorias e
em hidratos de
carbono; o Menu
2 é uma opção
mais equilibrada
e saudável. Para
quem não gosta ou
não pretende beber
leite, pode substituílo por iogurte não
açucarado ou uma
porção de fruta.
O croissant com
queijo tem um
teor de gordura
muito elevado
relativamente ao
pão com queijo.
O sumo de laranja
natural é feito com
o sumo de várias
laranjas, por isso o
teor em hidratos de
carbono é elevado.
Ao optar por uma
porção de laranja
(uma laranja média)
em vez do sumo,
ingere menos
hidratos de carbono
e mais fibra.
Aprenda a comer bem
(6 PESSOAS)
INGREDIENTES
600 g de soja congelada
1 cenoura
1 cebola
2 dentes de alho
150 g de batata
200 g de couve-flor
1 ramo de coentros
3 colheres de sopa de azeite
Água e sal q.b.
PREPARAÇÃO
1 Lave e descasque
a cenoura, as batatas,
a cebola e os alhos e corte
tudo grosseiramente.
COMPOSIÇÃO
NUTRICIONAL
(média por pessoa)
2 Lave e prepare a couve-flor
e os coentros.
215
kcal
3 Numa panela com
água a ferver, leve a cozer
os legumes juntamente
com a soja.
4 De seguida reduza tudo a
puré com a varinha mágica
e se necessário passe
pelo chinês.
5 Sirva a gosto salpicando
com os coentros previamente
picados.
12 g
hidratos de
carbono
14 g
proteínas
13 g
gordura
Culinária
Receitas desenvolvidas nos cursos de culinária da APDP
CREME DE FEIJÃO DE SOJA
E COENTROS
FOTOGRAFIA RICARDO POLÓNIO PRODUÇÃO E FOODSTYLING RITA AMARAL DIAS
LIVING ALLOWED®
ACESSÓRIOS PRODUÇÃO AREA
Diabetes
29
Aprenda a comer bem
PEITO DE FRANGO RECHEADO
COM ESPINAFRES E
ESMAGADA DE BATATA DOCE
30
Diabetes
Culinária
(6 PESSOAS)
INGREDIENTES
500 g de peito de frango
1 embalagem de espinafres frescos
4 dentes de alho
6 colheres de sopa de azeite
600g de batata doce
Cebolinho q.b.
Ervas da província q.b.
Pimentão doce q.b.
Flor de sal q.b.
Vinho branco q.b.
Sumo de 1 limão
PREPARAÇÃO
1 Lave as batatas e leve-as a assar,
inteiras e com pele a 200 ºC durante
cerca de 25 minutos.
2 Tempere os peitos de frango
COMPOSIÇÃO
NUTRICIONAL
(média por pessoa)
280
kcal
23 g
hidratos de
carbono
22 g
proteínas
11 g
gordura
com o vinho branco, o pimentão doce,
as ervas da província, 2 dentes de alho
e o sumo de limão. Reserve.
3 Salteie os espinafres com 3 colheres
de sopa de azeite e o restante alho.
4 Faça um corte a meio dos peitos
de frango, recheie com os espinafres
e ate com fio de norte.
5 Core os peitos de frango numa
frigideira com o restante azeite e
leve-os ao forno a 200 ºC durante
dez minutos.
6 Quando as batatas estiverem
assadas, retire a pele e esmague
adicionando o cebolinho.
7 Sirva a gosto.
Diabetes
31
Aprenda a comer bem
(6 PESSOAS)
INGREDIENTES
600 g salmão fresco
50 g sementes de sésamo
250 g cuscuz
2 cenouras
2 curgetes
1 cebola
2 dentes de alho
4 colheres de sopa de azeite
Hortelã q.b.
Flor de sal q.b.
Pimenta moinho q.b.
PREPARAÇÃO
1 Limpe o salmão de peles e espinhas e corte
em cubos. Envolva com as sementes de sésamo.
2 Descasque a cebola e os alhos e pique.
3 Descasque a cenoura, lave bem as curgetes
e rale ambos.
4 Numa panela coloque água a ferver,
COMPOSIÇÃO
NUTRICIONAL
temperada com um pouco de azeite, para os
cuscuz (1 dose de água → 1 dose de cuscuz).
(média por pessoa)
5 Quando a água estiver a ferver, adicione
kcal
os cuscuz e desligue de imediato. Espere quatro
minutos e depois solte os cuscuz com um garfo.
6 Salteie a cebola e o alho no restante azeite
445
35 g
e adicione a cenoura e por fim a curgete.
hidratos de
carbono
7 Envolva estes legumes no cuscuz e junte
a hortelã picada.
23 g
8 Leve o salmão ao forno a cerca de 220 ºC
durante cinco minutos.
9 Sirva a gosto.
proteínas
24 g
gordura
Culinária
SALMÃO NO FORNO
COM CUSCUZ DE
LEGUMES E HORTELÃ
Diabetes
33
Aprenda a comer bem
CHEESECAKE
DE KIWI
34
Diabetes
Culinária
(12 PESSOAS)
INGREDIENTES
Para a base:
50 g de farinha tipo 55
50 g de farinha integral
50 g de farinha de amêndoa
30 g de creme vegetal
Para o recheio:
400 g de queijo creme (à temperatura ambiente)
4 iogurtes naturais
40 g de adoçante
Raspa de 1 limão
3 folhas de gelatina
Para a cobertura:
3 kiwis
PREPARAÇÃO
1 Ligue o forno a 180 ºC.
2 Numa taça, misture as farinhas com o creme
vegetal. Junte água e amasse até formar
uma bola de massa consistente.
COMPOSIÇÃO
NUTRICIONAL
(média por pessoa)
186
kcal
12 g
hidratos de
carbono
8g
proteínas
12 g
gordura
3 Estique a massa e disponha numa forma para
tarte. Coloque no forno cerca de 20 minutos
e reserve.
4 Coloque as folhas de gelatina em água fria
para demolhar.
5 Numa taça, junte o queijo creme, os iogurtes
e o adoçante e bata. Junte a raspa de limão.
6 Derreta a gelatina no micro-ondas e junte
à mistura anterior.
7 Verta para a forma e deixe refrigerar de um dia
para o outro.
8 Na hora de servir, desenforme e decore com
os kiwis cortados às rodelas.
Viver bem a
DIABETES
PRÉ-DIABETES
Saiba como agir para travar
a diabetes
TIRAS-TESTE E A1C
As grandes revoluções no
autocontrolo da diabetes
CONSULTÓRIO
Quero engravidar. Devo usar
uma bomba de insulina?
Tenho diabetes tipo 2.
Posso vir a ter de tomar
insulina?
Tenho pé diabético. Que
exercício físico posso fazer?
CONTROLO E VIGILÂNCIA
Como posso controlar
a tensão arterial?
TESTEMUNHO
Atletismo e diabetes
EXERCÍCIO FÍSICO
Exercícios na piscina
para treinar a força
ENTREVISTA
Constantino Sakellarides
Viver bem a diabetes
Tudo sobre
a
Pré-Diabetes
A pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no
sangue são acima do normal, mas não o suficiente
para serem classificados como diabetes.
O melhor
medicamento
na pré-diabetes
é a prática de
exercício físico
e seguir as
recomendações
de uma
alimentação
saudável.
O QUE É A
PRÉ-DIABETES?
A hiperglicemia intermédia, também
designada pré-diabetes, ocorre quando
os níveis de glicose no sangue são
superiores ao normal, não sendo, contudo,
suficientemente elevados para serem
classificados como diabetes.
As pessoas com pré-diabetes podem ter ou
valores anormais da glicemia em jejum ou
tolerância diminuída à glicose ou ambas as
condições. Este quadro de saúde constitui
um fator de risco vascular e um aumento de
risco para a diabetes.
A HbA1C (abreviatura de hemoglobina
glicosilada) ou simplesmente A1C permite
obter a informação sobre a média geral do
controlo das glicemias nos últimos três
meses. Hoje a A1C começa a ser reconhecida
como um critério de diagnóstico da
hiperglicemia intermédia ou pré-diabetes.
QUAIS AS RAZÕES DE
TER PRÉ-DIABETES?
A pré-diabetes é devida
a duas condições: a
insulinorresistência e a
disfunção da célula beta.
No primeiro caso, o pâncreas
produz insulina, mas dada
a alimentação incorreta e a
inatividade física, o organismo
torna-se resistente à ação da insulina,
levando o pâncreas a trabalhar mais do
que a sua capacidade. A gordura acumulada
na região abdominal leva a um aumento da
resistência à ação da insulina nos tecidos
corporais, sendo tóxicas para o organismo.
A disfunção da célula beta ocorre quando
as células do pâncreas vão-se “cansando”
de estar em esforço para produzir cada
vez mais insulina e a sua função
altera-se (disfunção).
Está comprovado cientificamente que a metformina
(medicação) é menos eficaz do que o exercício físico na
normalização dos valores da glicemia na pré-diabetes.
38
Diabetes
Tudo sobre a pré-diabetes
COM OS
DEPOIMENTOS DE
JOSÉ LUIZ MEDINA
ENDOCRINOLOGISTA
ESCRITO POR
ANA MARGARIDA
MARQUES
40%
3,1 MILHÕES
DE INDIVÍDUOS
Da população
portuguesa têm
diabetes ou têm
riscos de vir
a ter diabetes
27%
Da população
portuguesa tem
pré-diabetes
Diabetes
39
Viver bem a diabetes
ALERTA! O QUE DEVO MUDAR NA MINHA
ALGUNS FATORES
QUE AUMENTAM
O RISCO DE TER
DIABETES:
História familiar
de diabetes
Alimentação
inadequada e
inatividade física
Stress
Obesidade
Etnia
Doenças
cardiovasculares,
como enfarte
de miocárdio,
a angina de peito
e a aterosclerose
Hiperlipidemia
(valores elevados
deNÚMEROS
colesterol ou
triglicéridos
As pessoas ou
de ambos)
têm um risco
aumentado de ter
diabetes quando
apresentam ou
anomalia da
glicemia em jejum
ou tolerância
diminuída à
glicose ou ambas
as condições:
GLICEMIA EM
JEJUM
≥ 110 MG/DL
< 126 MG/DL
GLICEMIA ÀS 2
HORAS APÓS A
INGESTÃO DE 75 G
DE GLICOSE
≥ 140 MG/DL
< 200 MG/DL
40
Diabetes
VIDA PARA EVITAR A DIABETES?
A pessoa é a principal cuidadora de si própria. Já que
a genética não se pode modificar, é a pessoa que deve
atuar, adotando um estilo de vida mais saudável.
Deverá fazer exercício físico diário – se possível,
30 minutos de marcha por dia. A alimentação deve
ser saudável e adequada à sua atividade física.
Controle o peso regularmente: todas as semanas,
sempre no mesmo dia e à mesma hora, sem roupa
e depois de urinar. Deve ir ao médico regularmente.
A Associação Americana de Diabetes recomenda
fazer um check-up anual a partir dos 40 anos. Caso
a condição de saúde seja favorável, este período
poderá ser alargado para de três em três anos.
A genética é o terreno-base. Se tiver cuidados os
genes estarão “calmos”. Se os provocar – comer
mais, aumentar de peso, ter uma vida sedentária
– a doença manifesta-se.
HÁ MEDICAMENTOS PARA
TRATAR A PRÉ-DIABETES?
O melhor medicamento na pré-diabetes é adotar
uma alimentação saudável e praticar exercício físico.
Desta forma é possível normalizar os valores da
glicemia, sempre mantendo um comportamento
padrão e a vigilância periódica pela equipa de saúde.
A pessoa com hiperglicemia intermédia ou prédiabetes poderá não precisar de tomar medicação,
embora por vezes seja prescrita a metformina, pela
sua ação no combate à insulinorresistência.
O EXERCÍCIO FÍSICO É MAIS
EFICAZ DO QUE A MEDICAÇÃO
Contudo, está comprovado cientificamente que a
metformina é menos eficaz do que o exercício físico
na normalização dos valores da glicemia. Um estudo
(Diabetes Prevention Program 2007) comparou o
impacto da dieta, do exercício físico e da medicação
num grupo de pessoas dividido em três subgrupos:
um com o tratamento mais focado na dieta, outro no
exercício físico e outro com base na metformina. A
conclusão é que o grupo que utilizou a medicação no
tratamento da pré-diabetes alcançou uma redução
de risco de 17%, enquanto o da atividade física
conseguiu uma redução de risco de 59%.
Tudo sobre a pré-diabetes
SE NADA FIZER, QUE RISCOS DE SAÚDE
CORRO NO FUTURO?
ESTRATÉGIAS
Recentemente publicado em setembro no International Journal
of Basic
and Clinical Endocrinology (Buysschaert, M., Medina, J.L., Bergman, M.,
Shah, A., Lonier, J.), o estudo Prediabetes and associated disorders alerta
para um conjunto de doenças relacionadas com a pré-diabetes, as quais
poderão ser evitadas se a pessoa seguir rigorosamente asArecomendações
pessoa é
a principal
da equipa de saúde, adotando um estilo de vida mais saudável.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Sabe-se haver uma associação
entre a pré-diabetes e as doenças
cardiovasculares.
A periodontite também está
associada à pré-diabetes. Um dos
sinais de periodontite de alerta é
a dor nas gengivas e a hemorragia
gengival.
DISFUNÇÃO COGNITIVA
A disfunção cognitiva é uma doença
que pode também estar associada à
pré-diabetes, afetando a memória
e a atenção. O Alzheimer é uma
das doenças do foro cognitivo
que também poderá aparecer.
PERTURBAÇÕES NA SECREÇÃO
DE TESTOSTERONA
O estudo aponta para a
possibilidade de ocorrência
de perturbações na secreção
de testosterona na pré-diabetes,
nomeadamente a diminuição da
produção desta hormona masculina
(hipogonadismo).
APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
A apneia obstrutiva do sono é outra
doença que pode estar relacionada,
implicando alterações respiratórias
durante o sono. Nestes casos, é
recomendada a realização de um
estudo poligráfico do sono com
um especialista de Pneumologia.
cuidadora de si
própria. Adote
SÍNDROME METABÓLICO
um estilo de vida
O síndrome metabólico
ou
saudável:
perímetro de cintura aumentado
1 predisposição
implica também uma
Tenha
uma
para a diabetes e para
a doença
cardiovascular. alimentação
saudável e
“FÍGADO GORDO”adequada à sua
atividade física.
As doenças hepáticas (“fígado
gordo” – acumulação
2 de gordura
nas células do fígado)
são
Se possível,
faça
igualmente mencionadas
30 minutos de
no mesmo estudo.marcha por dia
3
CANCRO
Controle
o peso
Na pré-diabetes está
também
mais aumentado oregularmente
risco de cancro
de estômago, do cólon e do reto,
4
do fígado, do pâncreas, da mama
Consulte o médico
e do útero.
periodicamente.
Faça um check up
COMPLICAÇÕES VASCULARES
anual.
Também as complicações
microvasculares e complicações
5
macrovasculares podem
Evite o aparecer
consumo
de álcool
e não
desde a pré-diabetes,
havendo
o
fume
risco de lesões nos
tecidos em
diversos órgãos, nos rins, olhos,
nervos periféricos 6
e sistema
Cuide
da saúde
vascular. As lesões
na retina
(olhos)
oral. Utilize uma
podem originar retinopatia; as
escova macia e
lesões nos nervos,pasta
neuropatia;
e
dentífrica
as lesões nos rinsrecomendadas
originam uma
doença designadapelos
nefropatia.
estomatologistas.
Diabetes
41
Viver bem a diabetes
As grandes revoluções
no autocontrolo da diabetes
As tiras-teste e a A1C facilitaram em muito o
autocontrolo da diabetes, abrindo a possibilidade de
a pessoa se tornar cuidadora da sua própria doença.
Nas duas últimas décadas,
ocorreram grandes avanços
no campo da melhoria da
autovigilância e do controlo
metabólico da diabetes:
ESCRITO POR
RUI DUARTE
ESPECIALISTA DE
MEDICINA INTERNA
EDIÇÃO
ANA MARGARIDA
MARQUES
1
O desenvolvimento de técnicas
praticamente indolores e muito
rápidas na determinação da glicemia
capilar (picada no dedo) por
punção digital facilitando, assim,
a monitorização da glicemia pela
própria pessoa.
2
O aparecimento da HbA1C
(abreviatura de hemoglobina
glicosilada) ou simplesmente A1C
como método de avaliação do
controlo metabólico de médio/
longo prazo, permitindo a avaliação
retrospetiva do grau de equilíbrio
metabólico dos 2-3 meses
anteriores.
3
O reforço do conhecimento de que
um bom/ótimo controlo metabólico
pode evitar o desenvolvimento das
complicações tardias da diabetes.
42
Diabetes
AUTOCONTROLO DA DIABETES
O melhor modo de saber se uma pessoa tem
a diabetes controlada no dia a dia é efetuar
testes de glicemia capilar (através da picada
do dedo para medir “o açúcar no sangue”). Um
dos avanços mais importantes no tratamento
e controlo da diabetes é a possibilidade de o
doente verificar os níveis de açúcar no sangue
de modo a poder decidir acerca da necessidade
de ajustes ao tratamento. Os testes feitos
informam, no momento, as pessoas com diabetes
se o açúcar no sangue está elevado, baixo ou
normal e permitem-lhe adaptar (autocontrolo)
se necessário os outros elementos do tratamento
(alimentação/insulina e exercício físico).
A1C E CONTROLO DA DIABETES
Hoje o método mais habitual para avaliar
o estado de controlo da diabetes é a A1C.
O QUE É: É uma análise ao sangue que pode
fornecer uma visão global de como está
a compensação da diabetes nos últimos
três meses e se necessita de uma afinação
no respetivo tratamento.
PARA QUE SERVE: O valor a atingir para um
controlo adequado deve ser individualizado
de acordo com a idade, os anos de diabetes,
a terapêutica e os seus efeito secundários,
nomeadamente o risco de hipoglicemias
(baixas anormais de açúcar no sangue)
e as complicações existentes.
Tiras teste e A1C
TIRAS-TESTE
Durante a década de 80 do século passado
ocorreu uma verdadeira revolução nos
métodos de autovigilância da pessoa
com diabetes, com a introdução e ulterior
generalização de tiras-teste de leitura fácil
e rápida (de poucos segundos a três minutos)
para a determinação da glicemia capilar
por punção digital.
POTENCIALIDADES: Estas tiras-teste
têm vindo a sofrer sucessivas alterações
evoluindo no sentido de tornar a sua
utilização e leitura cada vez mais fáceis
e de rápida execução. Os resultados podem
ser obtidos através de aparelhos com leitura
automática. Encontram-se disponíveis
variados modelos de aparelhos de bolso que
normalmente são oferecidos nos Serviços de
Saúde.
O QUE MUDOU: A introdução deste método
indispensável de autovigilância ficou
mais facilitado com o desenvolvimento de
dispositivos para punção digital, utilizando
agulhas-lancetas muito finas que tornaram
as picadas de polpa digital praticamente
indolores. Algumas pessoas com diabetes
têm inicialmente dificuldade em aceitar
este método de autovigilância. Contudo,
a experiência tem-nos ensinado que,
quanto mais cedo forem introduzidas as
autodeterminações da glicemia no controlo
da pessoa com diabetes, mais facilmente este
adere ao método e o integra na sua rotina
de autovigilância.
Retrospetiva histórica dos métodos de autovigilância
da pessoa com diabetes no Museu da APDP.
Diabetes
43
Viver bem a diabetes
LEITORES DE GLICEMIA
A quase generalização
da utilização destes leitores
de glicemia ou glucómetros
é uma das realidades mais
visíveis nos cuidados de saúde
prestados à pessoa com diabetes
em Portugal.
PARA QUE SERVEM: O
desenvolvimento de leitores
automáticos de glicemia
(glucómetros) de fácil manejo
e razoável fiabilidade veio
revolucionar todo o programa
da autovigilância e autocontrolo
da pessoa com diabetes.
VERSÁTEIS E MODERNOS: São já
variados tipos de aparelho com
funções diversas, permitindo
memorizar as glicemias, calcular
médias, e nalguns casos utilizar
programas de software que
transformam as leituras em
gráficos diários ou semanais,
por exemplo.
VALORES CONTROLADOS:
A determinação seriada das
glicemias permite calcular o
perfil da evolução glicémica ao
longo do dia. Para tal, seria ideal,
por exemplo, a determinação de
6 a 7 glicemias/dia: em jejum;
pré-prandiais; +-1-2h após as
refeições e durante o período
de repouso noturno.
A frequência da autovigilância
glicémica deve ser
individualizada de acordo com
a situação clínica e a terapêutica.
Nalgumas situações pode ser
necessária a vigilância várias
vezes ao dia (2 a 7 vezes), noutras
bastará uma frequência semanal
e noutras situações pode mesmo
tornar-se esporádica.
44
Diabetes
COMO ERA ANTES FEITO
O CONTROLO DA DIABETES?
> «Ainda hoje me recordo da glicofita. Era um método
com uma escala de cores desde o amarelo que indicava
a carga menor de glucose ao verde que representava
o extremo da carga de glucose. A fita era mergulhada
na urina e depois esperava-se para ver o resultado final.
Era um método pouco preciso porque era relativamente
à urina e não ao sangue, como é hoje. Atualmente há
outro rigor que antigamente não era possível.»
> «Quando se passou a picar o dedo para avaliar
a glicemia, houve depois também uma evolução
nas canetas que no início eram diferentes das de hoje,
pois as mais atuais já medem o grau de incisão.»
> «Lembro-me das
seringas de vidro para
administrar a insulina que
eram fervidas numa caixa
metálica e das agulhas que
tinham um diâmetro muito
maior. Hoje as seringas são
menos dolorosas.»
NOME: José Luis Pires
Lopes dos Santos
IDADE: 62 anos
TEM DIABETES TIPO 1
HÁ 51 ANOS
O desenvolvimento de glucómetros
veio revolucionar todo o programa
da autovigilância e autocontrolo
da pessoa com diabetes.
HOJE EM DIA A
MONITORIZAÇÃO
DA DIABETES
SIGNIFICA:
MAIS RAPIDEZ
MAIOR
FIABILIDADE
MAIOR
COMODIDADE
MODERNIDADE
POSSIBILIDADE
DE AJUSTE
DOS OBJETIVOS
TERAPÊUTICOS
Consultório
TENHO DIABETES TIPO 2.
POSSO VIR A TER DE
TOMAR INSULINA?
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SUAS QUESTÕES.
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dúvidas connosco
através do e-mail
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PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL
DIABETES TIPO 2 E MEDICAÇÃO
A
insulina é uma hormona
de que necessitamos,
entre outras funções,
para o organismo poder utilizar
os hidratos de carbono (açúcar) o
principal “combustível” implicado
no funcionamento das células dos
diferentes órgãos.
Quando as quantidades de
insulina produzidas são inferiores
às necessárias, as diferentes células
não conseguem utilizar os hidratos
de carbono presentes no sangue, o
que faz com que os níveis de açúcar
aumentem. É no desequilíbrio entre
as necessidades e disponibilidade
de insulina que surge a diabetes
tipo 2.
Os dois principais fatores
que contribuem para os níveis
insuficientes de insulina são
a diminuição da sua produção
pelo pâncreas, associada entre
outros fatores, ao próprio
envelhecimento, e à “dificuldade
de funcionamento” da insulina,
chamada de insulinorresistência.
Na insulinorresistência, entre
os vários contribuintes para o seu
agravamento, o papel principal é
ocupado pelo excesso de peso e o
sedentarismo.
Quando surge o diagnóstico
de diabetes tipo 2, as principais
orientações para o melhor controlo
passam pela diminuição da ingestão
de hidratos de carbono, evitando
a elevação de açúcar no sangue,
mas também, pelo objetivo de
melhoria da função da insulina,
incentivando-se à redução de peso
e aumento de atividade física,
de forma a melhorar a função de
insulina.
Existem atualmente vários
fármacos orais (comprimidos)
utilizados na diabetes tipo 2, em
que o mecanismo de ação leva
a uma melhoria da função da
insulina, e outros que aumentam a
secreção de insulina pelo pâncreas.
Contudo, ao fim de alguns anos
estes fármacos deixam de atuar de
forma suficiente, mesmo em doses
elevadas, ponderando-se iniciar
terapia com insulina. No entanto,
pode ser necessário administrar
insulina apenas durante alguns
curtos períodos, em que surjam
complicações agudas como
infeções, enfarte, cirurgia ou na
altura do próprio diagnóstico,
se o doente se encontrar muito
descompensado.
Apesar de ser muito provável
que a médio prazo seja necessário
associar insulina aos outros
fármacos, pelo tempo cada vez
maior que se espera que viva com
diabetes, esse início pode ser
atrasado com medidas acessíveis
como a melhoria do peso,
otimização da dieta e manter‑se
ativo.
Pode ser necessário administrar
insulina apenas durante curtos
períodos ou na altura do diagnóstico.
46
Diabetes
RICARDO RANGEL
ENDOCRINOLOGISTA
DA APDP
Apesar de ser
muito provável
que a médio prazo
seja necessário
associar insulina
aos fármacos
orais, pelo tempo
cada vez maior
que se espera que
viva com diabetes,
esse início pode
ser atrasado
com medidas
acessíveis como a
melhoria do peso,
otimização da
dieta e manter-se
ativo.
Consultório
TENHO PÉ DIABÉTICO.
QUE EXERCÍCIO FÍSICO
POSSO FAZER?
PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL
RENATA PIZARRO
PODOLOGISTA
DA APDP
ATIVIDADE FÍSICA E COMPLICAÇÕES
O
pé diabético é definido
pelo International Working
Group on the Diabetic
Foot (IWGDF) como sendo
toda a infeção, ulceração e/ou
destruição dos tecidos profundos
do pé associada à neuropatia
e/ ou doença arterial periférica
no membro inferior da pessoa
com diabetes.
A prática de exercício físico
adequado e regular promove
a melhoria das alterações
metabólicas e da qualidade de
vida das pessoas com diabetes,
melhorando o bem-estar físico
e psicológico, aumentando
a sensibilidade periférica à
insulina, melhorando a cinética/
movimento articular e capacidade
aeróbia, a condição circulatória
e diminuindo a ocorrência
de complicações crónicas
da diabetes.
Ao planear um programa deverá
ser tido em conta o tipo, duração
e intensidade do exercício
e, não menos importante, a
condição de saúde da pessoa
(avaliação cardiovascular,
existência de doença arterial
periférica, retinopatia, nefropatia
e neuropatia autonómica) e
especialmente os pés, se perante
uma situação de pé diabético.
CONSELHOS
PRÁTICOS:
Pode fazer
caminhadas de 20
a 30 minutos.
Nenhuma destas alterações
impedirá a realização de exercício
físico mas irá condicionar o tipo
e a intensidade do exercício que
possa realizar (exercício leve,
moderado ou intenso). Opte por
exercícios de baixa intensidade
consoante a sua condição, idade e
gosto (ver “Conselhos práticos”).
No que diz respeito a aspetos
como a condição circulatória
e neuropatia, as pessoas com
ausência ou diminuição da
sensibilidade apresentam
risco acrescido de desenvolver
lesões nos pés. Pessoas com
boa condição circulatória e
sensibilidade diminuída deverão
ter os cuidados mínimos e usar
calçado adequado aos seus pés
e exercício. Com deformidade ou
ausência de sensibilidade deverão
ter os cuidados anteriores e
usar palmilhas adequadas à
deformidade presente nos seus
pés. Se apresentarem infeção
e/ou lesão deverão consultar
profissional de saúde da área do
pé diabético pois nesse momento
poderão estar impedidas de
realizar exercício físico e o
tratamento da lesão é imperativo.
Em ginásio deverá informar
e estar perante um profissional
de educação física.
Faça exercícios
de intensidade
moderada
(caminhada,
corrida
lenta, dança,
hidroginástica)
durante 40 a 60
minutos.
Em ginásio
deverá informar e
estar perante um
profissional de
educação física.
Evite exercícios
que aumentem a
pressão arterial,
que sejam de alta
intensidade, que
exijam mudanças
bruscas de
posição e em
ambientes muito
quentes.
Diabetes
47
Consultório
QUERO ENGRAVIDAR.
DEVO USAR UMA BOMBA
DE INSULINA?
PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL
DIABETES E GRAVIDEZ
A
s bombas infusoras
de insulina, ou sistemas
de perfusão subcutânea
contínua de insulina (PSCI),
são dispositivos que infundem
quase continuamente insulina
no organismo através de um
cateter e de uma cânula inserida
subcutaneamente. Este sistema
permite uma administração mais
fisiológica de insulina, sendo
o seu objetivo mimetizar o
funcionamento de um pâncreas
normal. Estes dispositivos são
especialmente úteis quando é
necessário obter um controlo
metabólico estrito, como é o
caso do período preconcecional
e da gravidez. O Programa
Nacional para a Diabetes da
Direção‑Geral de Saúde considera
este um grupo prioritário e tem
disponibilizado anualmente
dispositivos de PSCI para estas
mulheres, através dos Centros de
Tratamento onde são seguidas.
As mulheres com diabetes tipo
1 que pretendem engravidar ou
que estejam grávidas e que estão
motivadas para esta terapêutica,
devem ser inscritas pelo seu
médico assistente num Centro
de Tratamento com sistemas
de PSCI. Nestes centros é
avaliada a elegibilidade para
48
Diabetes
o tratamento, feita a inscrição
no Programa Nacional e o
pedido do dispositivo e iniciado
o programa de ensino. Fora do
âmbito do Serviço Nacional de
Saúde, estes dispositivos podem
ser adquiridos a título particular
através das empresas fabricantes.
Dadas as suas especificidades,
é fundamental que o seguimento
seja realizado por uma equipa
de profissionais (médicos,
enfermeiros e nutricionistas)
experientes na terapêutica
com sistemas de PSCI e na área
da diabetes e gravidez.
Na mulher em fase
preconcecional o tratamento
tem de ser otimizado de forma a
atingirem-se objetivos estritos
que assegurem uma gravidez
saudável, com o menor risco
possível para a mãe e para o feto.
Embora não haja um consenso
bem definido, geralmente
pretende-se que a HbA1c seja
inferior a 7% e o mais próxima
possível do limite superior
do normal para o laboratório
certificado, as glicemias em jejum
e pré-prandiais entre 80‑110
mg/dl e as glicemias uma hora
após o início das refeições entre
100-140 mg/dl. É fundamental
ainda o seguimento na consulta
de Ginecologia-Obstetrícia,
a avaliação oftalmológica e
a otimização da terapêutica
de outras eventuais patologias
concomitantes, nomeadamente
hipertensão arterial e patologia
da tiroide.
É fundamental
que o seguimento
seja realizado
por uma equipa
de profissionais
experientes
(médicos,
enfermeiros e
nutricionistas).
LEONE DUARTE
ENDOCRINOLOGISTA
DA APDP
O Programa
Nacional para
a Diabetes da
Direção‑Geral
de Saúde
disponibiliza
anualmente
dispositivos
de PSCI para
as mulheres
no período
preconcecional
e na gravidez.
As mulheres
com diabetes tipo
1 que pretendem
engravidar ou que
estejam grávidas
e que estão
motivadas para
esta terapêutica,
devem ser
inscritas pelo seu
médico assistente
num Centro de
Tratamento com
sistemas de PSCI.
Viver bem a diabetes
50
Diabetes
Controlo e vigilância
COMO POSSO CONTROLAR A
TENSÃO ARTERIAL?
O empenho pessoal na adesão a um estilo de vida saudável e a
colaboração com os profissionais de saúde são alguns dos pontos‑chave
determinantes no controlo dos valores. Conheça as principais
estratégias para conseguir um bom controlo da tensão arterial.
LEIA ANTES DE
SEGUIR AS DICAS
DO ESPECIALISTA:
Conseguir um bom
controlo de tensão
arterial (TA) passa
por variáveis como a
identificação de fatores
precipitantes, a seleção
correta de fármacos
e a individualização
terapêutica. Mas o
sucesso depende também
da própria pessoa.
Aceitação, compreensão,
adesão terapêutica,
colaboração com os
profissionais de saúde,
participação e empenho
pessoal são alguns dos
pontos que consideramos
essenciais para que as
pessoas possam ter
mais possibilidades
de controlar a sua TA.
1. CONSULTE O SEU MÉDICO
REGULARMENTE
Se verificar que tem valores
elevados de TA, deve recorrer
ao seu médico. Ele poderá
decidir quando e como
tratar, quais os fármacos
mais adequados e definir
que valores deverá ter como
objetivo.
2. NÃO ABANDONE OU
INTERROMPA A MEDICAÇÃO
Grande parte do insucesso
no controlo da TA está
relacionado com a falta de
adesão terapêutica. Apesar
de ter os seus valores
controlados, não deve parar
a medicação. A hipertensão
arterial é muitas vezes
assintomática. Parar ou
interromper a medicação
pode causar-lhe uma crise
hipertensiva e complicações
graves, como um acidente
vascular cerebral (AVC).
3. MEÇA A SUA TENSÃO
COM REGULARIDADE
Tal como está recomendado
para a diabetes, deve fazer
autocontrolo da TA no seu
dia a dia. Os valores variam
de dia para dia e ao longo do
próprio dia. Fazer a medição
sempre na mesma altura do
dia ou de longe em longe não
permite uma boa avaliação
do controlo tensional e da
necessidade de ajustar a
medicação.
PEDRO MATOS
CARDIOLOGISTA
DA APDP
4. INFORME O SEU MÉDICO
EM CASO DE EFEITOS
SECUNDÁRIOS
Muitas pessoas consideram
que determinados sintomas
são resultantes dos fármacos
que estão a tomar. Nem
Diabetes
51
Viver bem a diabetes
sempre isso é verdade e outras
causas poderão estar envolvidas.
Não abandone a medicação por sua
iniciativa. Não leia as bulas dos
medicamentos. Esclareça as dúvidas
com o seu médico.
5. REDUZA O SAL E O ÁLCOOL
Controlar a TA pode ser uma tarefa
difícil mesmo com recurso a vários
fármacos e usados de forma certa.
Há outros fatores que podem
condicionar um bom controlo. O
excesso de sal e de álcool é um dos
mais comuns na população. Faça
restrição salina na sua alimentação
e beba com moderação, evitando
os destilados.
6. PRATIQUE EXERCÍCIO REGULAR
E CONTROLE O PESO
Modificar o estilo de vida
contribui de forma decisiva para
uma otimização do controlo da
TA, constituindo um importante
complemento ou alternativa para
o uso de fármacos. Faça exercício
regular, mesmo por mais simples
que pareça.
Andar a pé pode chegar, mas tem de
o fazer quase todos os dias. Perder
peso permite baixar os valores de
TA e diminuir a quantidade de
fármacos necessários ou mesmo
aboli-los.
7. CUIDADO COM OS
ANTI‑INFLAMATÓRIOS
A patologia osteoarticular e outras
doenças inflamatórias são cada vez
mais frequentes. Muitas vezes é
necessário tomar anti-inflamatórios
para reduzir as queixas dolorosas. A
maioria destas substâncias aumenta
a TA, pelo que a sua utilização deve
ser feita de forma limitada. Poderá
ser preciso ajustar a medicação para
a TA em situações de tratamento
mais prolongado.
8. TENTE DORMIR BEM
E GERIR O STRESS
Uma das principais causas de
TA mal controlada é a apneia do
sono. Mesmo um sono irregular
ou um número insuficiente de
horas de sono pode dificultar o
controlo da tensão. O mesmo se
passa com uma gestão inadequada
do stress e a instabilidade
psicológica, responsáveis por
parte das hipertensões arteriais
lábeis. Identifique os potenciais
fatores precipitantes e recorra
ao seu médico. Há tratamentos
apropriados para o efeito.
O sono irregular ou o número insuficiente de horas
de sono pode dificultar o controlo da tensão.
Viver bem a diabetes
3
EXERCÍCIOS PARA
FAZER NA PISCINA
Siga as instruções para realizar os seguintes
exercícios na água para aumentar a força.
1
BENEFÍCIOS:
AFASTA
E JUNTA
1
Melhorar a
circulação
sanguínea.
2
Tonificar os
músculos.
3
Reduzir a pressão
ao nível das
articulações
sobretudo na
coluna vertebral.
4
É uma alternativa
de exercícios
para as pessoas
com neuropatia
periférica,
minimizando a
fricção e o risco
de lesões.
Agarre o rolo
nas extremidades;
54
Diabetes
Com os braços esticados, afaste e junte as mãos
à frente do corpo, mantendo-as debaixo de água.
Exercícios para fazer na piscina
2
EMPURRA
E PUXA
ANTÓNIO FORTUNA
PROFESSOR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
APDP
ANA MARGARIDA
MARQUES
EDIÇÃO
SUSANA ZENÓGLIO
ILUSTRAÇÃO
Agarre o rolo com
as mãos à largura
dos ombros;
3
EXTENSÃO
DA PERNA
Coloque um pé atrás e
outro à frente, mantendo
o tronco fixo e alinhado;
Empurre e puxe o rolo na
linha do umbigo, mantendo
as mãos debaixo de água.
Coloque o pé a meio do
rolo com a perna fletida.
Empurre o rolo para
o fundo, realizando a
extensão da perna.
Diabetes
55
Testemunho
A CORRIDA TEM UM GRANDE
IMPACTO NO MEU DIA A DIA
PERFIL
FERNANDO SANTOS PARTILHA A SUA EXPERIÊNCIA ENQUANTO ATLETA
DE CORRIDA E GESTOR DA SUA DIABETES.
Idade:
44 Anos
QUAL É O IMPACTO DA CORRIDA NO SEU
BEM-ESTAR E NA SUA SAÚDE EM GERAL?
A corrida tem um grande impacto no meu
dia a dia, dá um bem-estar tanto físico
como psicológico. Passei a ter a glicemia
mais controlada, logo a ter menos riscos
para o aparecimento de problemas como
a retinopatia diabética e problemas renais.
Nome:
Fernando Manuel
Ferreira Santos
Tem:
Diabetes Tipo 1
Paixão:
Corrida
O que faz:
Optometrista
QUAL A SUA MOTIVAÇÃO E QUAIS OS SEUS
PRINCIPAIS OBJETIVOS COM A CORRIDA?
A motivação é fazer sempre melhor do que já fiz,
integrado numa equipa de atletismo e com um
treinador, que não deixam que a doença me deixe
ser menos que os outros atletas. Ter sempre
um objetivo para superar na prova seguinte.
E o convívio existente entre atletas.
COMO GERE OS TREINOS E O CONTROLO
DA DIABETES? Os treinos são geridos
diariamente. Sair do trabalho a correr para casa,
13 quilómetros em média. Antes da corrida
controlo a glicemia de acordo com o tipo de
treino que vou fazer, acompanhado sempre pela
glucose caso sinta uma baixa. O mais difícil
é fazer as provas longas, as meias maratonas,
pois temos de já ter um grande controlo e
conhecimento do corpo, dado que são 21 km em
ritmo de competição sem medidor de glicemia.
O QUE ALTERA NA MEDICAÇÃO OU NA
ALIMENTAÇÃO POR CAUSA DA CORRIDA?
Praticamente nada altera a minha alimentação
em relação à corrida. Comemos mais hidratos
de carbono nos dias antes das provas. Mas a
grande alteração é mesmo as doses de insulina
que reduziram drasticamente. Dou muito menos
insulina, tanto a da noite como a das refeições.
Passei de uma A1C 8.9 para uma AC1 6.2 nos
dias de hoje.
Fazer desporto deu uma volta muito
grande ao meu controlo da glicemia e ao
meu modo de vida. Para muito melhor.
56
Diabetes
Entrevista
“AS PESSOAS DEVEM SER PROPRIETÁRIAS DA SUA SAÚDE E DO SEU SNS”
O CENTRO
É A PESSOA
6
Ideias-chave sobre a diabetes e o Serviço
Nacional de Saúde, segundo o especialista
em saúde pública Constantino Sakellarides.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES
FOTOGRAFIA L. RIBEIRO
1 O CENTRO DO PENSAMENTO
DA GESTÃO DA DIABETES NÃO
É O SERVIÇO DE SAÚDE, É AS
PESSOAS APRENDEREM A GERIR
A SUA PRÓPRIA VIDA.
O pensamento central e inovador
da diabetes é que a pessoa que
tem diabetes trata de si, com
o apoio de uma estrutura. O
tratamento da diabetes não se faz
pelo médico, pelas instituições,
não se faz de fora, faz-se de
dentro para fora. São as pessoas
que aprendem o que precisam
de aprender, que conseguem
gerir a sua vida, que têm uma
alimentação equilibrada, sem
prejuízo dos “disparates” de
vez em quando, que conseguem
ter uma vida ativa em termos
físicos, mas também em termos
intelectuais, de gerir o stress e
a sua vida emocional de forma
razoável e que frequentemente
precisam de um medicamento,
de um profissional de saúde.
Portanto, podemos dizer que o
centro do pensamento da gestão
da diabetes não é o serviço de
saúde, não é o medicamento, é
as pessoas gerirem a sua própria
vida, sem abdicar do prazer,
em termos sensatos, através
do conhecimento que têm de si
próprios, dos seus defeitos e das
suas potencialidades.
2 AS PESSOAS DEVEM
REAPROPRIAR-SE DO
SNS, FAZENDO DELE UM
INSTRUMENTO PARA UMA VIDA
MELHOR.
O Serviço Nacional de Saúde
(SNS) é das pessoas, são
elas que o financiam, elas
é que contribuem para o seu
desenvolvimento e é um apoio
que têm para ter uma vida mais
saudável. Tal como as pessoas
apropriam-se da sua diabetes
e utilizam o SNS como apoio útil,
também devem reapropriar-se do SNS e devem fazer dele
um instrumento para uma vida
melhor, para eles, para as suas
famílias, para o conjunto do
PERFIL
É o atual presidente
da Fundação para a
Saúde. Entre outros
cargos, assumiu a pasta
de Diretor‑ Geral da
Saúde (1997-99) e de
presidente do Conselho
Científico da Escola
Nacional de Saúde
Pública (2004‑2006).
Licenciado em Medicina,
pela Faculdade de
Medicina de Lisboa
(1967), tem o Mestrado
em Epidemiologia,
pela Escola de Saúde
Pública da Universidade
do Texas, EUA (1972)
e o Doutoramento
em Saúde Pública,
pela Escola Nacional
de Saúde Pública da
Universidade do Texas,
EUA (1975).
Diabetes
59
Viver bem a diabetes
A SAÚDE É
UM BEM DE
TODOS
«Quando o
professor Ernesto
Roma criou
a Associação
Protectora
dos Diabéticos
Pobres, que é o
primeiro nome
da associação,
a intenção
aproxima-se
com a lógica
e os princípios
que motivaram
décadas mais
tarde a formação
do SNS. E daí
o momento
associativo, o
primeiro aliás
no mundo, no
sentido de criar
um mecanismo,
uma instituição
neste caso capaz
de conseguir
mobilizar
os fundos
necessários
para as pessoas
que não tinham
posses para
beneficiar
da “insulina
milagrosa”.»
Podemos
elaborar o nosso
projeto pessoal
em que tenhamos
opinião,
capacidade de
expressar o nosso
ponto de vista,
o que sentimos
e aquilo que
queremos.
cidadão. O centro é a pessoa.
As pessoas têm de se apropriar
do SNS e apropriação quer dizer
direitos e responsabilidades.
Significa que as pessoas têm de
se sentir mais responsáveis por
aquilo que faz o seu SNS e têm
de saber melhor defender os
direitos que adquirem por serem
suas proprietárias. As pessoas
ao aprenderem a gerir a diabetes
educadamente aprendem também
a utilizar inteligentemente o
seu SNS. As pessoas não podem
simplesmente esperar que o
serviço de saúde resolva a sua
diabetes.
3 O PARADIGMA DA DIABETES
É UM BOM VEÍCULO PARA UMA
NOVA FORMA DE PENSAR.
Eu vejo no Programa Nacional
para a Diabetes não só um
programa sobre diabetes,
mas um programa de cidadania,
de reforçar a ideia que nós
somos pessoas que vivemos
60
Diabetes
num país real, que queremos
ter um projeto de vida, um
projeto de família, um projeto
para o nosso país, e a mensagem
para a diabetes é a de um
paradigma para uma cidadania
diferente do que a passividade
perante todas as questões. Os
impostos, a educação, a saúde, o
financiamento, a escola, o bem-estar, tudo isso deve ser objeto
da nossa reflexão e da nossa ação
ativa como cidadãos. Só teremos
um SNS bom, modernizado, se
o assumirmos como nosso e só
respondemos bem à diabetes se
assumirmos também um projeto
de vida, onde viver bem significa
viver de forma a sentirmo-nos
melhor e sentirmo-nos melhor
significa fazermos coisas que
nos fazem bem a nós como
cidadãos e que fazem muito bem
à diabetes ao mesmo tempo. Este
paradigma da diabetes é um bom
veículo para essa forma diferente
de pensar.
4 A PESSOA COM DIABETES
TEM O DIREITO A TER UMA VIDA
COMO AS OUTRAS PESSOAS.
O aspeto mais interessante
do pensamento moderno é a
coexistência, por um lado, da
consciência plena de que somos
um ente efémero, um significante
incidente na grande ordem do
universo e, por outro lado, da
vontade de sermos alguém, de
influenciar o mundo que nos
rodeia e de deixarmos a nossa
marca no universo.
Esta simultaneidade a
consciência da nossa pequenez e
da vontade de assumir aspirações
de bem-estar tem um grande
valor cultural e social. A solução
está na pessoa, no compreender
o que tem, ver o que quer fazer
na sua vida para passar bem,
porque a pessoa com diabetes
pode passar tão bem como
os outros, desde que aprenda
a viver, e aprenda a assumir
um projeto de vida.
Entrevista
5
O ATUAL MOVIMENTO
CIVIL PELA DIABETES, NAS
AUTARQUIAS, NAS ESCOLAS,
NAS ASSOCIAÇÕES, É UMA
VIA PARA AS PESSOAS SE
AFIRMAREM ENQUANTO
CIDADÃOS.
As instituições no país
estão a reconhecer que isto
é fundamental para a saúde
em geral e para a diabetes
em particular. A diabetes é
um bom veículo porque é
muito prevalente e é muito
sensível a esses aspetos.
Passar para um modelo de
autonomia é um processo
de democratização. Nós
vamo‑nos democratizando.
O que é que quer dizer
democratizar? É reconhecer
que eu sou proprietário da
minha saúde, mas também sou
proprietário das autarquias,
sou proprietário do SNS e
portanto tenho de exercer
esse sentido de propriedade.
O que precisamos das
autarquias é que colaborem
A pessoa com
diabetes pode
passar tão
bem como os
outros, desde
que aprenda a
viver, e aprenda
a assumir um
projeto
de vida.
com os cidadãos para que
tenham espaços onde possam
usufruir de uma vida ativa,
fisicamente, intelectualmente
e emocionalmente. Há
claramente um movimento
que tem a ver com a diabetes
e com esta ideia de pôr as
pessoas a tomar decisões
inteligentes sobre a sua saúde
e sobre tudo o que lhes diz
respeito, incluindo o seu país.
Portanto este é um processo
de democratização e as
pessoas devem aproveitar o
movimento da diabetes para
se afirmarem como cidadãos
e conhecerem os seus direito
e responsabilidades e pedirem
que as instituições apoiem
o seu projeto de vida.
6 EM NÓS, HÁ UM
PROCESSO DE DECISÃO
QUE NOS FAZ SENTIR BEM
BIOLOGICAMENTE.
Todos nós temos limitações,
alguém nos limita, mas
mesmo assim, dentro do
nosso pequeno cubículo,
podemos elaborar o nosso
projeto pessoal em que
tenhamos opinião, capacidade
de expressar o nosso ponto de
vista, o que sentimos e aquilo
que queremos. No fundo, é
criar um estilo próprio apesar
das limitações que temos.
Há pequenas decisões diárias
que nós podemos tomar de
forma leviana e sentirmo-nos
mal e outras que tomamos
com inteligência e que nos
fazem sentir bem, não é só
porque tem bons efeitos,
há um processo de decisão
que nos faz sentir bem
biologicamente. E sentirmo-nos bem é muito importante.
SERVIÇO
NACIONAL
DE SAÚDE
– PARA UMA
CONVERSAÇÃO
CONSTRUTIVA
(DIÁRIO DE
BORDO, 2014)
O RECENTE LIVRO
PUBLICADO PELA
FUNDAÇÃO PARA
A SAÚDE TEM
COMO OBJETIVO:
Ajudar a
compreender
o SNS
Promover
o debate sobre
o futuro
Mobilizar
o cidadão/
contribuinte,
também
proprietário do
SNS, para que
se interesse e
contribua para
o seu progresso.
Diabetes
61
A sua
APDP
ENTREVISTA
Luís Gardete Correia
OBSERVATÓRIO
Apresentação dos números
e factos
O DESAFIO DA DIABETES
Sessão parlamentar
8.º FÓRUM NACIONAL
DA DIABETES
Maior círculo humano azul
pela diabetes
NOTÍCIAS
APDP abriu as portas
a toda a população
Parcerias precisam-se para
ajudar pessoas com diabetes
3 Perguntas a Carlos Carreiras
Cozinha saudável, diabetes
e hemodiálise
Portuguesa premiada
no Parlamento Europeu
1.º Encontro das UCFD
AGENDA
DIABÉTICO ILUSTRE
Henrique VIII
Viver bem a diabetes
RELATÓRIO EVIDENCIA URGÊNCIA DE APOSTA NA PREVENÇÃO DA DIABETES
OBSERVATÓRIO
DA DIABETES
O diretor do Observatório Luís Gardete Correia faz
o balanço dos números e factos da diabetes em 2013.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES
FOTOGRAFIA L. RIBEIRO
B.I. DO
RELATÓRIO
– Resume a
informação
disponível em
Portugal sobre
a diabetes no ano
de 2013.
– Reúne dados com
base em diversas
fontes científicas
e institucionais.
– Foca a
epidemiologia
da diabetes, o
seu controlo e os
custos associados,
indicadores por
regiões.
– Visa a divulgação
da informação
sobre a diabetes.
64
Diabetes
DIABETES EM PORTUGAL VS.
DIABETES NO MUNDO
«Em comparação com outros
países a diabetes em Portugal
está a crescer rapidamente.
A Turquia é o país que está a
crescer mais, mas Portugal tem
valores próximos da Alemanha,
por exemplo, e um pouco abaixo
dos Estados Unidos. E depois há
muitos países que não têm estes
números estudados tal como nós
temos. É o caso da Inglaterra que
apresenta números baixos, mas
também não é uma fonte fiável»,
comenta Luís Gardete Correia.
PESSOAS COM PRÉ-DIABETES:
GRUPO-ALVO NA PREVENÇÃO
Em Portugal, 40% das pessoas
entre os 20 e os 79 anos tem
diabetes (13%) ou pré-diabetes
(27%).
«A pré-diabetes é relativa
às pessoas que estão em risco
de ter diabetes. Se não atuarmos,
ao fim de cinco ou dez anos estas
pessoas passam para o grupo das
que têm diabetes. Por isso, esta é
a população eleita para se atuar e
prevenir a diabetes. Os indivíduos
com pré-diabetes já têm riscos
macrovasculares e portanto são
indivíduos que têm probabilidade
de ter mais doenças como enfarte
de miocárdio», explica.
DIABETES É UMA “EPIDEMIA”
Em Portugal há um milhão de
pessoas com diabetes, das quais
44% não estão diagnosticadas.
Em 2013, foram detetados 160
novos casos de diabetes por dia.
Mais de 1 em cada 4 pessoas
com 60-79 anos tem diabetes.
Há maior prevalência nos
homens (15,6%) do que nas
mulheres (10,7%).
PESSOAS COM DIABETES TIPO 1
Em 2013 foram detetados 18,2
novos casos por cada cem mil
crianças e até aos 14 anos, valor
superior ao de 2004, dinâmica
semelhante à verificada no
escalão etário dos 0 aos 19 anos.
A DIABETES EM 2013
13%
É a prevalência da diabetes
em Portugal, ou seja,
mais de um milhão de
portugueses tem diabetes.
40%
Da população portuguesa
entre os 20 e os 79
anos já têm diabetes
ou pré‑diabetes.
25%
Das pessoas que morrem
nos hospitais têm diabetes.
10%
Da despesa em saúde é
gasta com a diabetes.
1%
Do Produto Interno
Bruto (PIB) é gasto
com a diabetes.
Viver bem a diabetes
PÉ DIABÉTICO É ÁREA
PRIORITÁRIA. FALTAM
PODOLOGISTAS NO PAÍS.
O número de utentes
saídos de internamentos
hospitalares por pé diabético
registou um acréscimo de
mais de 201 episódios nos
últimos dois anos. «Há
um caminho muito longo
a percorrer na área do pé
diabético. Notamos que há
que ter uma atenção mais
focalizada a este respeito»,
refere Luis Gardete Correia
Entre as medidas para dar
uma resposta a este número,
o diretor do Observatório
refere a criação da Via Verde
do Pé Diabético e de mais
consultas do pé atualmente
«insuficientes».
ATUAÇÃO MAIS PRECOCE
EVITARÁ MAIS AMPUTAÇÕES
Associado principalmente
ao aumento das amputações
minor, o número total de
amputações dos membros
inferiores, por motivo de
diabetes, regista também
um ligeiro crescimento
nos últimos dois anos.
Há mais
profissionais
sensibilizados,
mas continua a
haver falta de
técnicos para
trabalhar na
área do pé.
66
Diabetes
«As amputações major, que
são as mais incapacitantes,
reduziram, mas aumentaram
as amputações minor», refere,
adicionando: «É preciso
atuar precocemente. Há mais
profissionais sensibilizados
para esta situação, mas
continua a haver falta de
técnicos para trabalhar na
área do pé.»
PESO NA MORTALIDADE
EXIGE MAIS CUIDADOS
EFICAZES NOS HOSPITAIS
A diabetes continua a ter
um peso significativo nas
causas de morte. O relatório
aponta que ¼ das pessoas que
morrem nos hospitais têm
diabetes, o que quer dizer que
«apesar da população estar
envelhecida, há mais razões
para haver cuidados eficazes
nos hospitais».
DIABETES É PRINCIPAL
DIAGNÓSTICO DOS
INTERNAMENTOS
O número de utentes
saídos de internamentos
nos hospitais do SNS em
que a diabetes se assume
como diagnóstico principal
apresenta uma tendência
para crescer nos últimos
cinco anos (40%). Por outro
lado, o que é positivo, há
uma redução da duração
média dos internamentos
associados a descompensação
e complicações (redução
superior a 20 mil dias de
internamento na última
década), mantendo‑se,
contudo, os valores médios de
internamento superiores aos
dos restantes internamentos
do SNS.
DADOS MAIS
FIÁVEIS
«A população vai
envelhecendo,
o que por si só
representa um
peso na diabetes.
Se os jovens se
vão embora, se
cerca de cem mil
por ano emigram,
por outro lado o
grupo etário mais
alto engrossa e
naturalmente
que há um
deslocamento
da diabetes para
esse lado, o que
faz aumentar
a prevalência
geral da diabetes.
Temos também
outras fontes
que nos levam
a cruzar a
informação e
que também
é o número de
registos feito no
Serviço Nacional
de Saúde (SNS).
Há uns anos
atrás os dados
não eram tão
fiáveis porque
não havia um
registo apurado
como há agora.
Hoje cada vez
mais não se pode
ver um doente
sem computador
(ACSS) e
sem registar
a patologia
associada.
Entrevista
A população
com pré-diabetes
é a eleita para se
atuar e prevenir.
A DIABETES
EM 2013
160
É o número de
novos casos de
diabetes por dia
em Portugal.
62 MIL
ALERTA PARA O AUMENTO
DE OBESIDADE E DIABETES
São duas doenças com estreita
relação. A prevalência da diabetes
nas pessoas obesas – Índice de
Massa Corporal (IMC) ›= 30 – é
cerca de quatro vezes maior do
que nas pessoas com IMC normal
(IMC‹25). «A obesidade continua
a ser um fator de risco. Um 1/3
da população portuguesa com
diabetes tem excesso de peso ou
tem obesidade. Na Europa, há
também uma prevalência elevada
em termos de excesso de peso
e de obesidade», refere Gardete
Correia.
2/3 DOS UTENTES SEGUIDOS
NO CENTRO DE SAÚDE TÊM
A DIABETES CONTROLADA
As consultas de diabetes
representam 8% das consultas
dos cuidados primários
(em 2011 representavam 6%).
Outro sinal relevante é que,
comparativamente a 2012,
verificou-se um aumento
de 8,8% do número de utentes
com diabetes registados na rede
de Cuidados de Saúde Primários
(CSP), nomeadamente um
acréscimo de 62 mil utentes.
Segundo o relatório, cerca de
2/3 dos utentes nos CSP têm
a diabetes controlada.
GASTOS COM DIABETES TÊM
PESO ENORME NO SNS
Os gastos com a diabetes
representaram 1% do PIB
português em 2013 e 10% da
despesa no SNS. «Estes gastos
têm a ver em grande parte com os
internamentos. A hospitalização
por diabetes até reduziu, de
2013 para 2014 passou de 469
para 454 milhões de euros. Mas
a medicação, que é um fator de
peso, passou de 208 para 226
milhões de euros, e a tendência é
crescer devido ao aparecimento
de novos fármacos, que são
também muito caros.»
GASTOS COM OS MEDICAMENTOS
CONTINUAM A CRESCER
O custo médio das embalagens
de medicamentos da diabetes
mais do que duplicou o seu
valor nos últimos dez anos,
portanto, avança o diretor: «Há
que racionalizar os custos com
os medicamentos, quer pela
parte dos profissionais que os
prescrevem quer da parte dos
doente em seguirem a terapêutica
prescrita. Nos doentes crónicos,
só cerca de 30% é que adere à
terapêutica».
DIABETES CONTINUA A TER PESO
NOS TRANSPLANTES
«A diabetes continua a ter
um peso grande em todos
os transplantes», refere
Gardete Correia, sendo que
o responsável apela que «a
área dos transplantes deveria
dar um salto qualitativo muito
grande – de rim e de pâncreas
em simultâneo.»
É o acréscimo
de utentes
com diabetes
registados
na rede de
Cuidados de
Saúde Primários,
representando
um aumento
de 8,8%.
8%
Das consultas
dos cuidados
primários são
relativas à
diabetes (em 2011
representavam
6%).
5,8%
Da população
parturiente
que utilizou o
SNS em 2013
teve diabetes
gestacional.
X2
O custo médio
das embalagens
de medicamentos
da diabetes mais
do que duplicou
o seu valor nos
últimos dez anos.
Diabetes
67
A sua APDP
PÚBLICO-ALVO
O relatório visa
a divulgação da
informação sobre
a diabetes junto
da sociedade,
dirigindo-se a:
Profissionais
de saúde
Alunos
Investigadores
Profissionais
da comunicação
social
Ao grande
público em geral.
DIVULGADOS NÚMEROS DO
OBSERVATÓRIO DA DIABETES
É A 6.ª EDIÇÃO DO RELATÓRIO ANUAL DO OBSERVATÓRIO NACIONAL
DA DIABETES. A PREVALÊNCIA CONTINUA A AUMENTAR EM PORTUGAL,
REFORÇANDO A NECESSIDADE DE PREVENIR E COMBATER A DOENÇA.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L.RIBEIRO
O relatório Diabetes: Factos e Números
referente a 2013 do Observatório Nacional,
foi divulgado, em conferência de imprensa
no dia 4 de novembro, na Escola da Diabetes.
Diversos responsáveis políticos e especialistas
da saúde em Portugal, profissionais da área da
diabetes e membros da Associação Protectora
dos Diabéticos de Portugal (APDP) marcaram
presença na apresentação oficial do documento.
Constituído como uma estrutura integrada
da Sociedade Portuguesa de Diabetologia
(SPD), o relatório foca a epidemiologia da
diabetes, o seu controlo e os custos associados,
e indicadores por regiões.
68
Diabetes
OBJETIVOS DO RELATÓRIO ANUAL
FACTOS E NÚMEROS
Esta é a 6.ª edição do relatório anual
do Observatório Nacional que resume
a informação disponível em Portugal sobre
a diabetes no ano de 2013, com base em
diversas fontes científicas e institucionais.
O relatório visa pois “a divulgação
da informação sobre a diabetes junto
da sociedade, dirigindo-se a profissionais
de saúde, a alunos e investigadores, aos
profissionais da comunicação social e ao
grande público em geral”, é referido numa nota
introdutória do documento disponível online.
Acontece na APDP
1
A abertura da
sessão a cargo
de Luís Gardete
Correia, diretor
do Observatório
Nacional da Diabetes
e presidente
da Associação
Protectora dos
Diabéticos de
Portugal (APDP).
2
O Diretor do PND
José Manuel Boavida
a concretizar um
balanço dos sinais
positivos e dos sinais
negativos da diabetes
em Portugal.
3
Em representação do
governo português, o
Secretário de Estado
Adjunto do Ministro
da Saúde Fernando
Leal da Costa.
2
1
4
José Luis Medina,
presidente da
SPD e membro do
Conselho Científico
do Observatório.
3
5
Especialistas como
o Diretor-Geral da
Saúde Francisco
George marcaram
presença no
auditório da Escola
da Diabetes.
4
5
Diabetes
69
A sua APDP
ENTREGA
DA CARTA
DE INTENÇÕES
DAS PESSOAS
COM DIABETES
A cerimónia
serviu também
para a entrega
de uma Carta
de Intenções
das Pessoas
com Diabetes
à Presidente
da Comissão
Parlamentar
de Saúde Maria
Antónia de
Almeida Santos.
O DESAFIO DA DIABETES
Sensibilizar os parlamentares e a sociedade civil para a realidade
da diabetes em Portugal foi o mote de uma sessão informativa a
11 de novembro na Sala do Senado da Assembleia da República.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L.RIBEIRO
A
Assembleia da República (AR) abriu
portas para uma sessão informativa
no decorrer da semana do Dia
Mundial da Diabetes. Sensibilizar os
parlamentares e a sociedade civil para
a realidade da diabetes em Portugal foi o
objetivo da sessão O Desafio da Diabetes,
promovida pelo Programa Nacional para a
Diabetes (PND), a Associação Protectora
dos Diabéticos de Portugal (APDP),
a Associação de Jovens Diabéticos de
Portugal (AJDP), do Núcleo Jovem APDP
e da Federação Internacional de Diabetes
(IDF) Europa e Sociedade Portuguesa de
Diabetologia (SPD). Jovens com diabetes
e suas famílias marcaram presença na
cerimónia que serviu também para a entrega
de uma Carta de Intenções das Pessoas
com Diabetes à Presidente da Comissão
Parlamentar de Saúde Maria Antónia de
Almeida Santos. Seguiu-se o debate na AR
sobre a prevenção e o combate à diabetes.
DEBATE E REFLEXÃO PAINEL DE ESPECIALISTAS NA AR:
O debate, moderado pela Presidente
da Comissão Parlamentar de Saúde
Maria Antónia Almeida Santos, contou
com a intervenção de João Nabais,
presidente da IDF Europa, de José
Luiz Medina, Presidente da SPD e do
Diretor do PND José Manuel Boavida.
Teresa Caeiro, vice-presidente da
AR e deputada (CDS-PP), interveio
a propósito da rede ExPAND, uma
plataforma que reúne parlamentares
nacionais e europeus no combate
à diabetes.
70
Diabetes
Acontece na APDP
CONCLUSÕES
1
A Presidente
da Comissão
Parlamentar de
Saúde referiu:
O enquadramento
europeu da diabetes
esteve a cargo do
português João
Nabais, Presidente
da IDF Europa.
A importância
de garantir
o acesso de
cuidados de
saúde a todas
as pessoas
com diabetes.
2
José Manuel
Boavida, diretor
do PND, fez um
balanço dos números
da prevalência
da diabetes
em Portugal,
apelando aos novos
compromissos na
a prevenção e no
combate à diabetes.
1
2
3
O papel ao nível
dos municípios e
do poder central
na prevenção
da diabetes.
O papel dos
parlamentares,
políticos e
decisores
políticos de dar
resposta e dar voz
às pessoas com
diabetes.
3
José Luis Medina
da SPD focou a
importância da
multidisciplinaridade
dos profissionais de
saúde ao serviço da
diabetes.
A relevância de
institucionalizar
a educação da
diabetes em
todos os níveis
dos cuidados
de saúde.
4
Maria de Belém
Roseira (PS), Ricardo
Baptista Leite (PSD)
e Paula Santos (PCP)
foram alguns dos
deputados a intervir
na AR.
4
Diabetes
71
A sua APDP
MAIOR CÍRCULO HUMANO AZUL NO
8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES
O CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL RECEBEU NO DIA 2 DE NOVEMBRO
O FÓRUM NACIONAL DA DIABETES QUE TODOS OS ANOS ENVOLVE
PROFISSIONAIS, PESSOAS COM DIABETES E FAMILIARES OU CUIDADORES.
Cozinhar no
dia a dia
Os participantes
aprenderam
receitas saudáveis
para o dia a dia,
numa sessão a
cargo de Joana
Oliveira e do chefe
Ivo Maurício.
Atividade física
no fórum
Uma sessão
assegurada por Rui
Barros permitiu às
pessoas realizar
exercício durante o
evento.
Maior círculo
humano azul
Os participantes
foram mobilizados
para fazer o
recorde mundial
do Maior Círculo
Humano pela
Diabetes nos
jardins do Casino
do Estoril.
O 8.º Fórum Nacional da Diabetes é
uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de
Diabetologia, da Associação Protectora dos
Diabéticos de Portugal (APDP), da Sociedade
Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), da
Sociedade Portuguesa de Endocrinologia,
Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e do
Programa Nacional para a Diabetes (PND)
da Direção-Geral de Saúde (DGS). O Fórum
72
Diabetes
pretende reunir todos aqueles que se
interessam pelo tema e que contribuem
para a luta contra a doença em Portugal.
Na sua oitava edição os participantes foram
mobilizados para fazer parte do recorde
mundial do Maior Círculo Humano pela
Diabetes. Este ano Ricardo Araújo Pereira
associou-se à causa, tendo participado
na sessão “Os políticos pela diabetes”.
Acontece na APDP
1
1
Painel de abertura:
Isabel Correia,
Presidente do Fórum,
Luís Medina (SPD),
Luís Gardete (APDP),
Raúl Cunha, (ANMP),
José Boavida,
(PND), Francisco
George (DGS) e
Carlos Carreiras
(Câmara Municipal
de Cascais).
2
“Uma rede europeia
de deputados pela
diabetes” por João
Nabais, da FDI
Europa.
3
“Os portugueses
comem mal?”, por
Pedro Graça, com
a moderação de
Manuela Carvalheiro,
Luís Gardete,
Carlos Godinho,
Júlia Figueiredo
e Rui César.
4
“Os políticos pela
diabetes”: Bernardino
Soares, Maria Antónia
Almeida Santos,
Marisa Matias,
Ricardo Baptista
Leite e o embaixador
do Fórum Ricardo
Araújo Pereira.
5
2
3
4
João Raposo
(APDP) moderou
a sessão “Jovens
com diabetes: Que
estilos de vida?”, por
Lurdes Serrabulho,
Alexandra Costa,
Carlos Neves, João
Tiago Silva.
5
Diabetes
73
A sua APDP
Para dar
seguimento a este
tipo de projetos
são necessários
programas
de incentivo
ao emprego,
mecenato e
financiamento
que permitam
preparar
profissionais com
competência para
cuidar de pessoas
com diabetes.
José Manuel
Boavida,
presidente da
Fundação Ernesto
Roma e diretor
do Programa
Nacional para
a Diabetes
PARCERIAS PRECISAM-SE PARA
AJUDAR PESSOAS COM DIABETES
SÃO NECESSÁRIOS MEIOS PARA LEVAR A CABO PROJETOS QUE AJUDEM
NOS CUIDADOS ÀS PESSOAS COM DIABETES: FINANCEIROS, ESTRATÉGICOS
E HUMANOS. O ALERTA É DO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO ERNESTO ROMA.
O projeto “Oficina da Diabetes”, que arrancou em 2014, preparou 40 mulheres imigrantes, de diferentes origens culturais
e linguísticas, para prestar cuidados a pessoas com diabetes.
Está concluído o projeto Oficina da Diabetes,
da Fundação Ernesto Roma, selecionado
pelo Programa Cidadania Ativa, da Fundação
Calouste Gulbenkian, para formar mulheres
imigrantes à procura de mais qualificação
e emprego, em cuidados a crianças e idosos
com diabetes. Em comunicado de imprensa,
o presidente da Fundação Ernesto Roma e
diretor do Programa Nacional para a Diabetes,
José Manuel Boavida, alerta que «outros
projetos podem e urgem seguir», pelo que são
necessários meios «financeiros, estratégicos
e humanos». Sobre a Oficina da Diabetes,
a coordenadora do projeto Joana Oliveira,
frisou: «O cuidador pode fomentar a atividade
física, criando momentos adequados para
tal e controlar a alimentação da pessoa com
diabetes. Estes incentivos podem ter um
excelente impacto no sucesso da boa gestão
diária da doença.»
DIA MUNDIAL DA DIABETES
APDP ABRIU AS PORTAS A TODA A POPULAÇÃO
NO DIA 14 DE NOVEMBRO A ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS DIABÉTICOS DE
PORTUGAL OFERECEU RASTREIOS, AULAS DE GINÁSTICA E DE COZINHA
A TODAS AS PESSOAS.
No Dia Mundial da Diabetes decorreu um
rastreio gratuito na sede da APDP, com testes
de avaliação de risco, medição do perímetro
abdominal, peso, altura, índice de massa
corporal e glicémia. Na Escola da Diabetes
aconteceram também aulas de ginástica.
Porque a alimentação é uma componente
fundamental, uma sessão de culinária, com um
74
Diabetes
chefe e uma dietista, permitiu dar conselhos
e dicas para pratos saudáveis e saborosos.
«São necessárias ações que vão ao encontro
do quotidiano das pessoas, mostrando-lhes
a necessidade de uma mudança de estilo
de vida e de como essa mudança pode ser
implementada na vida de cada pessoa», referiu
João Filipe Raposo, Diretor Clínico da APDP.
Entrevista
PERFIL
Nome:
Carlos Carreiras
Cargo:
Presidente da
Câmara Municipal
de Cascais
Lema:
Promover a saúde
em meio escolar.
Combater o
sedentarismo.
Fomentar a
atividade física em
espaços urbanos
em fusão com
a natureza.
Missão:
Sermos o melhor
concelho para se
viver um dia, uma
semana ou uma
vida inteira.
3
QUESTÕES
CARLOS CARREIRAS
Criar políticas públicas municipais ao nível da prática
de atividade física e da promoção de uma alimentação
saudável são linhas de ação no combate à diabetes.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES FOTOGRAFIA L RIBEIRO
1 QUAL PENSA SER O SEU
PAPEL NA PROMOÇÃO DOS
ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEL?
Um cidadão saudável é um
cidadão com maior capacidade
de exercer a participação
democrática. Ao nível da
prática da atividade física, é
determinante o desenvolvimento
de ambientes físicos favoráveis
à adoção de estilos de vida
mais saudáveis, como ciclovia,
pedovia, parques urbanos,
circuitos de manutenção
no paredão e em parques, hortas
comunitárias, prática desportiva.
Ao nível da alimentação mais
saudável, temos iniciativas
direcionadas para os cidadãos
jovens. Temos também o melhor
peixe do mundo com todas as
características associadas à dieta
mediterrânea. Alguns eventos
gastronómicos promovem essa
alimentação mais saudável.
2 DE QUE FORMA O PODER
LOCAL PODE INTERVIR NA
PREVENÇÃO E CONTROLO
DA DIABETES? Ao nível da
educação para a saúde, poder
reforçar a intervenção no
âmbito da Plataforma Saúde na
Escola – projeto de promoção
da saúde em meio escolar –,
desenvolvendo novas abordagens
em torno da alimentação saudável
e da prática de exercício físico.
Reforçar as estratégias
de literacia em saúde para
a população em geral, com
particular incidência junto das
crianças e jovens e população
ativa sobre as consequências
da diabetes e a importância de
adotar estilos de vida protetores
da diabetes. Poder ainda
desenvolver parcerias a nível
local que melhor respondam
às necessidades de munícipes
com diabetes.
3 QUAL O ÂMBITO E A
PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA
DE FORMAÇÃO DE GESTORES
DE DIABETES PROMOVIDO
PELA APDP?
A Câmara Municipal de
Cascais participa no programa
de Formação de Gestores de
Diabetes com três técnicas,
nomeadamente: uma técnica
da Divisão de Promoção da
Saúde, uma técnica da Divisão
de Intervenção Educativa e uma
técnica da Divisão de Desporto.
Esta participação foi concertada
com o Agrupamento de
Centros de Saúde (ACES) de
Cascais, representado pela
enfermeira‑chefe da Unidade
de Cuidados na Comunidade
da Parede. Pretende-se que este
grupo de trabalho possa reforçar
as estratégias já em curso no
contexto da Plataforma Saúde
na Escola.
Diabetes
75
A sua APDP
COZINHA SAUDÁVEL, DIABETES E HEMODIÁLISE
TEXTO CRISTINA ANTUNES – NUTRICIONISTA NEPHROCARE APDP
OPINIÕES DOS
PARTICIPANTES
Os participantes
gostaram da
iniciativa,
referiram ter
adquirido novos
conhecimentos
sobre métodos
de preparação
e confeção dos
alimentos, assim
como opções
alternativas que
permitirão tornar
a sua alimentação
mais variada
e sugeriram
que a iniciativa
se repetisse.
A alimentação das pessoas com diabetes
e insuficiência renal crónica em programa
de hemodiálise deve ser ajustada de forma
a conciliar as recomendações alimentares
de ambas as doenças, sendo que acabam por
prevalecer os cuidados alimentares associados
à insuficiência renal nomeadamente a restrição
de líquidos, sódio, potássio, controlo da
ingestão de fósforo e a ingestão suficiente
de proteínas.
PRATOS CONFECIONADOS
No dia 8 de março de 2014, decorreu, nas
instalações da Escola da Diabetes da APDP,
um workshop de cozinha para pessoas com
diabetes em hemodiálise. Durante a manhã
confecionaram-se os seguintes pratos:
1 CUSCUZ DE FRANGO E COGUMELOS:
O cuscuz, para muitos, um alimento
desconhecido, utilizou-se como alternativa
ao arroz ou à massa, todos apropriados para
pessoas com diabetes em hemodiálise e
preferíveis à batata, devido ao seu elevado
teor em potássio. Os cogumelos, apesar de
ricos em diversos minerais como potássio,
poderão fazer parte do dia alimentar em
pequena quantidade, como complemento
de uma refeição principal.
2 TOSTA DE BACALHAU COM OVO
ESCALFADO:
O ovo e o bacalhau (bem demolhado), assim
76
Diabetes
como qualquer tipo de peixe e de carne
são excelentes fontes de proteína de alto
valor biológico, fundamentais para quem
faz hemodiálise. O bacalhau não deverá ser
confecionado demasiado tempo (8-10 minutos)
para que fique mais suave e fácil de mastigar.
Para a tosta, utilizou-se o pão de mistura,
a opção ideal para as pessoas com diabetes
em hemodiálise.
3 QUEQUE DE CLARAS COM FRAMBOESAS:
As claras, muito ricas em albumina, são
o melhor alimento para quem é submetido
a este tratamento. Por outro lado, as gemas
deverão ser consumidas com moderação (até
três gemas por semana) de forma a evitar uma
ingestão de fósforo excessiva. As framboesas
(dez unidades) pertencem ao grupo de frutas
com menor teor de potássio, assim como os
mirtilos (30 unidades) que podem também ser
utilizados nesta receita.
Acontece na APDP
SUGESTÃO DE RECEITA
INDICADA PARA PESSOAS
COM DIABETES EM
HEMODIÁLISE
CUSCUZ DE FRANGO
E COGUMELOS
Ingredientes (por pessoa):
80 g de cuscuz
1 colher de sopa de azeite
extravirgem
100 g de frango
20 g de pimento vermelho
30 g de cebola
5 g de alho
50 g de cogumelos Paris
Tomilho q.b.
Preparação:
Cortar em pedacinhos
pequenos os peitos de frango
e reservar.
Limpar os cogumelos e cortar
em fatias não muito grossas.
Lavar os pimentos e cortar
em cubinhos pequenos
(quase picado).
Picar o alho e a cebola.
Aquecer azeite num tacho
e adicionar a cebola e depois
o alho.
Acrescentar o frango e deixar
corar, adicionar o tomilho.
Baixar o lume e deixar o frango
confecionar.
Quando estiver quase, adicionar
os pimentos e os cogumelos.
Envolver tudo e deixar
confecionar.
De seguida ferver a água
(na mesma quantidade que
os cuscuz).
Quando estiver a ferver, retirar
do lume e adicionar
os cuscuz.
Mexer e deixar tapado por quatro
minutos (sem mexer).
Depois soltar com um garfo e deixar
repousar cinco minutos.
Misturar os cuscuz com o preparado
do frango e cogumelos e servir.
INVESTIGADORA
PORTUGUESA PREMIADA
NO PARLAMENTO EUROPEU
JOANA GASPAR RECEBE PRÉMIO EUROPEU DA FEDERAÇÃO
INTERNACIONAL DE DIABETES (IDF) PARA JOVEM INVESTIGADOR.
Joana Gaspar, investigadora de
pós-doutoramento na Associação
Protectora dos Diabéticos de Portugal
(APDP-ERC) e no Centro de Doenças
Crónicas (CEDOC) da Universidade
Nova de Lisboa, foi galardoada com
o prémio Europeu da IDF para jovem
investigador.
O prémio atribuído durante as
cerimónias no Parlamento Europeu,
em Bruxelas, no dia 5 de novembro
de 2014, foi entregue por João
Nabais, Presidente da IDF Europa.
A investigadora recebeu um cheque de
dez mil euros que será doado a uma
instituição à sua escolha (APDP).
A atribuição do prémio reconhece a
excelência da investigação científica
na área da biologia celular e molecular
aplicada à diabetes.
Em comunicado de imprensa, Joana
Gaspar avança: “É uma honra para
mim receber este prémio. Mais do que
o reconhecimento do meu trabalho,
é o reconhecimento do empenho
de todas as pessoas que trabalham
comigo e que tornam possível estas
descobertas. É isto que nos motiva
a fazer mais para compreender
a diabetes, melhorar a vida das
pessoas que vivem nesta condição e,
finalmente, ajudar a encontrar a cura
para esta doença.”
Segundo o mesmo comunicado e de
acordo com a investigadora: “O nosso
principal objetivo é descobrir novos
fatores fisiológicos que aumentem
a sensibilidade à insulina, de modo
a prevenir e superar a resistência
inicial à insulina que está associada ao
desenvolvimento da diabetes tipo 2”.
1.º ENCONTRO DAS UCFD
No dia 8 de novembro, na
antiga FIL, em Lisboa, decorreu
o 1.º Encontro das Unidades
Coordenadoras Funcionais da
Diabetes (UCFD), com o intuito
de acompanhar a consolidação
das UCFD e dos seus planos anuais
de trabalho. As UCFD nascem
da necessidade de articular os
hospitais e os cuidados de saúde
primários para uma resposta mais
integrada à diabetes, concretizando
uma das medidas previstas no
Programa Nacional da Diabetes.
Diabetes
77
Agenda
IDS 2015
LOCAL Munique/ Alemanha
Arranca o 14.º Congresso Internacional
da Immunology of Diabetes Society (IDS),
sociedade científica dedicada a melhorar
a compreensão e o tratamento da diabetes
tipo 1. O evento é dirigido aos profissionais
da área clínica da diabetes.
CONTACTOS
CURSO INTEGRADO
DE DIABETES
LOCAL APDP Norte
Em horário laboral e durante dois dias, o curso
dirige-se aos médicos, enfermeiros, dietistas,
nutricionistas, psicólogos e farmacêuticos
com interesse profissional na área da diabetes.
O objetivo é obter uma abordagem inicial da
prática clínica desta doença.
12
abril
ESCOLA
DIABETES
Departamento
de Formação
Rua do Sol
ao Rato, 11
1250-261 Lisboa
MAIS
INFORMAÇÕES
Tel.: 213 816 140
Tlm.: 936 186 340
[email protected]
www.apdp.pt
IDS 2015
Registo online em
www.ids2015.org
09
março
Eventos para
PROFISSIONAIS
DE SAÚDE
15
abril
23
março
TERAPÊUTICA NA DIABETES
TIPO 2
LOCAL Escola da Diabetes
Dirigido a médicos com experiência clínica
na diabetes, o curso de dois dias baseia-se
na reflexão e discussão de profissionais sobre
terapêuticas farmacológicas e casos clínicos.
78
Diabetes
XXVI CONGRESSO
NACIONAL DA SOCIEDADE
ESPANHOLA DE DIABETES
LOCAL Valência/Espanha
Até 17 de abril, decorre o evento organizado
pela Sociedade Espanhola de Diabetes,
que pretende reunir os profissionais de
saúde na área clínica da diabetes.
XXVI
CONGRESSO
NACIONAL DA
SOCIEDADE
ESPANHOLA DE
DIABETES
Registo online em
www.sedvalencia2015.com
Agenda
CUIDADOS ÀS PESSOAS
IDOSAS COM DIABETES
LOCAL Escola da Diabetes
Atendendo à necessidade de formação
dos profissionais que trabalham com
pessoas idosas, a formação melhora as
competências destes técnicos nos cuidados
às pessoas idosas com diabetes.
PESSOAS COM DIABETES
TIPO 1
LOCAL Escola da Diabetes
Orientada por médicos, enfermeiros,
dietistas, nutricionistas e uma psicóloga,
a sessão dirige-se às pessoas com diabetes
tipo 1 e acompanhantes, tendo a finalidade de
melhorar os conhecimentos para melhor gerir
a diabetes. A formação tem a duração de dois
dias e decorre em horário laboral.
16
março
CONTACTOS
ESCOLA
DIABETES
Departamento
de Formação
Rua do Sol
ao Rato, 11
1250-261 Lisboa
MAIS
INFORMAÇÕES
Tel.: 213 816 140
Tlm.: 936 186 340
[email protected]
www.apdp.pt
12
março
Eventos para
PESSOAS
COM DIABETES
21
fevereiro
20
março
PAIS DE CRIANÇAS COM
DIABETES TIPO 1
LOCAL Escola da Diabetes
O curso pretende melhorar as competências
na gestão da diabetes com as crianças.
É destinado aos pais de crianças com diabetes
tipo 1 com idades até aos 12 anos.
SÁBADOS DESPORTIVOS
LOCAL Quinta das Conchas, Lisboa
O evento dirige-se às pessoas com diabetes
e seus acompanhantes, tendo o objetivo de
promover o exercício físico num ambiente
divertido e familiar. Todas as pessoas
poderão participar, independentemente
da idade, sexo ou capacidade física.
A sessão, realizada mensalmente, decorre
de manhã, entre as 10h e as 12h30.
Diabetes
79
Núcleo Jovem
PARTILHA AS TUAS IDEIAS COM O NJA ATRAVÉS DO E-MAIL [email protected] OU DO TELEFONE 21 381 61 51
8.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES
LANÇAMENTO DO LIVRO “JOVENS COM
DIABETES – QUE ESTILOS DE VIDA?”
N
o âmbito do 8.º Fórum
Nacional da Diabetes, decorreu
a sessão intitulada “Jovens
com Diabetes – Que estilos de
vida?”. Durante a ocasião ocorreu
o lançamento do livro A Saúde e os
Estilos de Vida dos Jovens Adultos
com Diabetes tipo 1 da autora Lurdes
Serrabulho. O livro tem por base o
resumo da sua tese de doutoramento,
baseado num estudo quantitativo (278
questionários entre os 18 e os 35 anos)
e qualitativo (entrevistas em grupo a
30 jovens) para conhecer os estilos de
vida dos jovens adultos com diabetes.
A capa do livro é da autoria de Piedade
Pina, membro do NJA.
NJA APELA À PARTICIPAÇÃO ATIVA
DE MAIS JOVENS COM DIABETES
Destinado a crianças, jovens e jovens adultos
com diabetes, o NJA surge como resposta
ao facto de hoje haver cada vez mais jovens
com diabetes com necessidade de atuar
na sua qualidade de vida e com o intuito de
encorajar a partilha das suas experiências
com a diabetes.
O NJA pretende organizar atividades
para crianças, jovens e jovens adultos,
envolvendo‑as numa causa comum que
é a diabetes. Para alcançar este objetivo
a coordenadora do NJA, Alexandra Costa,
deixa o apelo: «Precisamos de ter mais
jovens que se envolvam ativamente no NJA.»
80
Diabetes
Podem
participar
os jovens com
diabetes, bem
como familiares
e amigos.
E continua: «Há muitas
pessoas que querem
participar em atividades,
mas somos nós juntos
que temos de as desenvolver,
e ao pertencerem ao NJA podem conhecer
outros jovens com diabetes, partilhar
as suas vivências e trocar experiências».
O convite é dirigido aos jovens com diabetes,
mas também aos seus familiares e amigos,
a partir de todos os pontos do país.
Os interessados em participar devem
contactar o NJA por e-mail, indicando o seu
nome, idade, telemóvel e zona de residência.
INSCRIÇÕES PARA
A EQUIPA DE
FUTSAL
Os jovens com
diabetes podem
participar nos
treinos da equipa
de futsal do NJA e
da Associação de
Jovens Diabéticos
de Portugal (AJDP).
Criada em 2012,
a equipa de futsal
do NJA/AJDP já
conta com um 2.º
e 4.º lugares nos
Europeus de futsal
para pessoas com
diabetes, o DiaEuro.
Com treinos
semanais, a equipa
prepara-se para
participar de novo
no torneio em 2015
e, até lá, em provas
nacionais.
Para além
de contribuir
no combate ao
sedentarismo
e de promover
práticas saudáveis,
a partilha de
experiências é
uma mais-valia
para os membros
da equipa.
Os candidatos que
vivem longe da
zona de Lisboa,
onde decorrem
os jogos, podem
inscrever-se, já que
o NJA encontrará
uma solução para
que todos possam
participar.
Inscrições por
email/telefone
do NJA ou
91 683 42 24.
Diabético ilustre
Henrique VIII
1491-1547
H
enrique teve uma
educação esmerada, mas
o trono estava destinado
ao seu irmão, o príncipe Artur,
pois a Henrique esperava-o uma
vida religiosa. Em 1501, Artur
casa-se com Catarina de Aragão,
com 15 e 16 anos, respetivamente.
Um ano mais tarde Artur adoece
e morre com tuberculose. Como
consequência, aos onze anos,
Henrique, Duque de York, passa
a herdeiro do trono inglês e é
nomeado Príncipe de Gales.
Encantado com Catarina desde
a infância, aos 17 anos Henrique
casa-se com a viúva de seu irmão,
Catarina de Aragão, com 23 anos.
Em 1509, são coroados rei e
rainha de Inglaterra na Abadia de
Westminster. A primeira gravidez
da rainha Catarina terminou em
aborto em 1510. Logo deu à luz um
bebé, chamado Henrique, a 11 de
janeiro de 1511, que só viveu até 22
de fevereiro do mesmo ano. Logo
após a sua coroação, Henrique
VIII mostrou a sua inclinação
bélica com a decapitação de
dois dos membros do gabinete
do seu pai que, durante a sua
vida, privilegiaram as soluções
políticas e diplomáticas em
vez das violentas. Em 1511,
Henrique VIII e o rei Fernando
II da Espanha assinam o tratado
de Westminster contra a França.
Em 1514, Fernando II abandona
a aliança e faz separadamente a
paz com a França. A consequente
irritação com Espanha teve
repercussões no relacionamento
de Henrique VIII com a rainha
Catarina. Entretanto, Henrique
reconcilia‑se com o rei da
Espanha. Em 1516 a rainha deu
à luz uma menina, Maria,
renovando as esperanças de
Henrique de poder ter um
herdeiro varão, apesar dos prévios
fracassos de sua esposa. O povo
inglês não parecia satisfeito
com as regras de uma sucessão
feminina. A rainha Catarina
ficou grávida pelo menos sete
vezes, mas só uma das crianças,
a princesa Maria, sobreviveu
à infância. Henrique mantinha
relacionamentos com várias
amantes como Maria Bolena
e Isabel Blount, com quem
tinha tido um filho ilegítimo.
Em 1526, quando ficou claro
que Catarina não poderia ter
mais filhos, Henrique começou
a perseguir a irmã de Maria
Bolena, Ana Bolena. O rei
ficou imensamente atraído por
Ana Bolena, que determinou
que só se lhe renderia se ele a
reconhecesse como rainha. Muito
rapidamente, o rei procura anular
o seu casamento com Catarina.
Henrique apelou diretamente
à Santa Sé. Clemente VII não
CRÓNICA DE
LUIS GARDETE
CORREIA
Diabetes
81
Diabético ilustre
estava de acordo com a anulação
do matrimónio. O rei destituiu
o seu interlocutor, o Cardeal
Wolseley, por incompetência,
e nomeia o arcebispo Cranmer
para o substituir. No inverno
de 1532 Henrique e Ana fizeram
um casamento em segredo. Ana
Bolena ficou grávida e fizeram
uma cerimónia oficial que teve
lugar em Londres, em 1533. Em
23 de maio, o novo arcebispo
Cranmer convocou uma sessão
especial da corte no Priorado de
Dunstable para se pronunciar
sobre a validade do casamento
do rei com Ana Bolena, tendo
sido o casamento com Catarina
declarado nulo. Cinco dias depois,
Cranmer declarou o matrimónio
como válido. Catarina foi
despojada do seu título de rainha
e Ana foi coroada rainha consorte
a 1 de Junho de 1533. A Princesa
Maria (futura rainha Maria I de
Inglaterra) passou a filha ilegítima
e foi substituída como provável
herdeira pela nova filha de Ana,
Isabel (a futura rainha Isabel I
de Inglaterra). Catarina recebeu
o título de Princesa Viúva de
Gales. Em 1536, morre de causas
não esclarecidas. Esta atitude
de afronta sem precedentes à
Igreja Católica valeu a Henrique
a excomunhão, declarada
por Clemente VII, em 1533.
Henrique decidiu o rompimento
com a Igreja Católica Romana
e formou a Igreja Anglicana,
da qual se declarou líder. Passado
pouco tempo começam a surgir
dificuldades de relacionamento
entre o rei e a rainha. Henrique
fez com que Ana fosse presa sob
a acusação de bruxaria, de ter
relações adúlteras com cinco
homens, de incesto, de injuriar o
rei e conspirar para assassiná-lo,
82
Diabetes
com a agravante de traição. As
acusações eram fabricadas por
Thomas Cromwell, secretário
particular de Henrique VIII.
A Corte que tratou do caso foi
presidida pelo próprio tio de
Ana, Thomas Howard, Duque
de Norfolk. Em 1536, Ana e
seu irmão foram condenados
à morte; entre a fogueira ou
a decapitação, o rei escolheu
que Ana fosse decapitada. Um
dia depois da execução de Ana
em 1536, Henrique ficou noivo
de Joana Seymour, uma das
damas de companhia da rainha.
O casamento ocorreu dez dias
depois. Em 1537, Joana deu à luz
Os sintomas
historicamente
referidos
sugerem que
Henrique VIII
e a sua irmã
tinham diabetes
tipo 2.
um filho, o Príncipe Eduardo,
e futuro Eduardo VI. O parto
foi difícil e a rainha morreu
poucos dias depois de ter dado
à luz, devido a uma infeção.
Henrique considerou Joana a sua
“verdadeira” esposa, por ter sido
a única que lhe deu o herdeiro
varão que tão desejava. Na época
de seu casamento com Joana
Seymour, Henrique concedeu
a sua aprovação à Constituição
de Gales (Laws in Wales Act)
em que era anexado o País de
Gales a Inglaterra. Henrique quis
casar novamente. Foi sugerido o
nome de Ana de Cleves, irmã do
Duque de Cleves. Quando Ana
chegou a Inglaterra, Henrique
achou-a pouco atraente, porém
casou-se com ela a 6 de Janeiro
de 1540. Pouco tempo depois,
Henrique decidiu terminar
o casamento e, a 28 de julho
de 1540, casou com Catarina
Howard, prima e dama de
companhia de Ana Bolena. Logo
após o casamento, Catarina teve
um caso com o cortesão Thomas
Culpeper e empregou como seu
secretário Francis Dereham, com
quem tinha tido um caso antes de
casar com Henrique VIII. Thomas
Cranmer apresentou evidências
das atividades extraconjugais da
rainha. Quando interrogada, esta
admitiu o caso com Dereham,
mas alegou que fora forçada por
ele a ter esta relação extraconjugal.
Porém, Dereham denunciou o
relacionamento de Catarina com
Thomas Culpeper. O casamento
foi anulado após a execução de
Catarina. Como no caso de Ana
Bolena, Catarina Howard pode
ter sido vítima de uma acusação
falsa de adultério, porém nada
foi provado. Henrique casou
com sua última mulher, a viúva
rica Catarina Parr, a 12 de julho
de 1543. Tiveram um casamento
cheio de discussões sobre
religião; ela era uma radical e
Henrique conservador. Embora
isso desagradasse ao rei, era uma
mulher submissa, ajudando na
reconciliação de Henrique com
as suas duas filhas, Lady Maria e
Lady Isabel. Em 1544, uma lei do
Parlamento colocou-as de volta
na linha de sucessão ao trono
inglês, embora continuassem a ser
consideradas ilegítimas.
CURIOSIDADE
Nos últimos
anos da sua vida,
Henrique adquiriu
uma obesidade
mórbida
(perímetro
abdominal de 137
cm) que acelerou
a sua morte, aos
55 anos de idade,
ocorrida a 28 de
janeiro de 1547.
Os sintomas
historicamente
referidos sugerem
que ele e a sua
irmã mais velha,
Margarida Tudor,
tinham diabetes
tipo 2.
Henrique VIII
nasce em
Pembroke
Castle no sul do
País de Gales
a 28 de janeiro
de 1457, filho
de Edmund
Tudor e de
Lady Margaret
BeauFort. Em
1547 morre
e é sepultado
na Capela de
São Jorge,
no Castelo de
Windsor, ao
lado da sua
terceira esposa,
Joana Seymour.

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