Texto Completo - Ministério da Agricultura
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Texto Completo - Ministério da Agricultura
UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO CAMPUS DESCALVADO MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM PRODUÇÃO ANIMAL LEILA APARECIDA MUSSI ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS EM CARCAÇAS BOVINAS DE ESTABELECIMENTOS DE ABATE DO BRASIL SOB INSPEÇÃO FEDERAL DESCALVADO, SP 2012 LEILA APARECIDA MUSSI ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS EM CARCAÇAS BOVINAS DE ESTABELECIMENTOS FRIGORÍFICOS DO BRASIL SOB INSPEÇÃO FEDERAL Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio de Andrade Belo Dissertação de Mestrado Profissional apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Produção Animal da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre Profissional em Medicina Veterinária em Produção Animal. DESCALVADO, SP 2012 M979a Mussi, Leila Aparecida Análises microbiológicas em carcaças bovinas de estabelecimento de abate do Brasil sob inspeção Federal. Leila Aparecida Mussi. Descalvado – SP: [s.n.], 2012. xxv, 174p. : il. ; 29 cm Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Camilo Castelo Branco. Curso de Mestrado Profissionalizante em Produção Animal. Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Andrade Belo 1. Suabe. 2. Carcaça bovina. 3. Indicadores de Processo. 4. Escherichia Coli. 5. Micro-organismos Mesófilos Aeróbios Estritos e Facultativos Viáveis (Contagem Total de Viáveis-CVT). 6. Salmonella spp. I. Título. II. Marco Antonio de Andrade Belo. Universidade Camilo Castelo Branco. Curso de Mestrado Profissionalizante em Produção Animal. CDD 636.089601 Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos xerográficos ou eletrônicos. Descalvado, 3 de julho de 2013. Assinatura do discente. Dedico à minha família, em especial às saudosas mães Neusa e “nega” Bel (in memorian). Dedico aos queridos animais. AGRADECIMENTOS A Deus e a Seu Filho; À Fiscal Federal Agropecuário, Dra. Josinete de Barros Freitas, pela autorização da acessibilidade aos dados nos laboratórios credenciados à rede MAPA; A todos laboratórios, pelo atendimento e disponibilidade dos dados e, infelizmente, por princípios de sigilo, não foram identificados; Ao orientador, Prof. Dr. Marco Antonio de Andrade Belo; Ao Prof. Dr. Gener da UNESP de Jaboticabal, pela disponibilidade em dias e horários inapropriados, pela produção, orientação e interpretação estatística dos dados obtidos; meu muitíssimo obrigado; fica registrada aqui, a dívida de publicação deste trabalho, em revista de referência internacional; Ao Fiscal Federal Agropecuário, Dr. Ari Crespim dos Anjos, pelas informações e orientações pertinentes; Ao Técnico da T.I., Sanches, da UNESP de Jaboticabal, pela contribuição fundamental neste trabalho; Ao Prof. de português da minha cidade Casa Branca, José Paulo Bevilacua, pela simplicidade e prontidão; meu muito obrigado; Ao Prof. Dr. Prata, Prof. Dr Fernando Ávila e Prof. Dr. Rigobelo da UNESP de Jaboticabal, pelas importantes discussões; À Lia e Ana Eliza, da Dawm Farms, pelos “megas” suportes; À técnica Cidinha e à Tieko, bibliotecária da Unesp Jaboticabal; A todas as meninas do SIF 745, pelo apoio e paciência, em especial, à Renatinha, pela ajuda na leitura final, momento em que o “tico e o teco” não funcionava mais; Ao Dr. Paulo Murta e esposa e à Ana Patricia que me ajudaram em momentos difíceis da minha vida; A todos que, ao lerem esta mensagem, independente de terem ou não colaborado com este trabalho, sabem que são importantes em minha vida e em minhas conquistas profissionais. “Haverá um dia, em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Neste dia, um crime contra um animal, será considerado um crime contra a própria humanidade.” Leonardo da Vinci “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.“ Mahatma Gandhi vii RESUMO O presente estudo avaliou as análises microbiológicas de carcaças bovinas no período de 2008 a 2012, através de arquivos de laboratórios credenciados na rede MAPA. Os dados são de 24 frigoríficos, sob fiscalização do Serviço de Inspeção Federal, em três regiões do Brasil: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os microorganismos eleitos foram: Escherichia coli, Contagem Total de Viáveis (CTV) e Salmonella spp. O foco principal do trabalho foi a análise estatística de indicadores microbiológicos de processo de carcaça bovina. No Brasil, não há legislação que regulamenta diretrizes oficiais para indicadores microbiológicos de processo, para as indústrias de alimentos, e baseia-se em exigências internacionais, principalmente, americanas e europeias, que se divergem na escolha e identificação de indicadores de processo, para manutenção dos compromissos comerciais. A RDC 12/2001 da ANVISA determina critérios para micro - organismos patogênicos em alimentos, especificamente, para o produto final, no ponto de consumo. O levantamento estatístico, realizado em 37.826 análises para Escherichia Coli de 24 empresas em 5 estados brasileiros, demonstrou a média de prevalência em suabes de carcaças resfriadas 3,87% (porém, estatisticamente com significativa dependência entre os estados e anos), média aritmética dos positivos e negativos de 0,10 UFC/cm 2 (0,013 log10), desvio padrão 1,27 UFC/cm2 (0,1 log10) e enumeração máxima de 77 UFC/cm2 (1,892 log10). A média aritmética apenas dos resultados positivos foi de 2,77 UFC/cm2 (-0,214 log10) e desvio padrão 5,86 UFC/cm2 (0,743 log10). O estudo de 650 suabes para CTV e 2.871 para E. coli, de duas empresas do estado de SP, mostrou diferença significativa nas proporções de ocorrência destes dois micro organismos. Estas 650 suabes para CTV em carcaças teve a média aritmética de 9,87 UFC/cm2 (0,079 log10), desvio padrão 150,08 UFC/cm2 (0,033 log10), enumeração máxima de 2,7 x 103 UFC/cm2 (3,431 log10) e prevalência de 11,69%. Em relação às análises para CTV, método destrutivo, todas as 962 análises, a enumeração foi <5,0 x 100 UFC/cm2. A prevalência de Salmonella spp foi de 0,075%, em 5.308 suabes de carcaças, em 21 empresas de 4 estados. Palavras chave: suabe, carcaça bovina, indicadores de processo, Escherichia coli, Micro-organismos Mesófilos Aeróbios Estritos e Facultativos Viáveis (Contagem Total de Viáveis- CVT), Salmonella spp. viii ABSTRACT This study evaluated the results of microbiological swabs obtained from bovine carcasses held on 24 cold stores under the supervision of the Federal Inspection Service in three regions of Brazil: South, Southeast and Midwest. Data were obtained from 2008 to 2012 and the microorganisms studied were: Escherichia coli, Microorganisms Mesophiles Strict and Total Viable Count – (TVC) and Salmonella spp. The main focus of the study was the statistical analysis of the microbiological indicators process at bovine carcass. In Brazil there are no laws governing official guidelines for microbiological indicators of process and is based on American and European international requirements, which differ in whether choice and identification of process indicators. The National Agency of Sanitary Vigilance has a rule, RDC 12/2001, which determines criteria for micro - pathogenic organisms in foods, specifically for the final product at the point of consumption. The statistical survey performed on 37.826 test results for E. coli of 24 companies in five Brazilian states showed that the average prevalence in swabs chilled carcasses is 3,87% (however, with statistically significant dependence between states and years), and positive and negative arithmetic average of 0,10 cfu/cm2 (0.013 log10), standard deviation of 1,27 cfu/cm2 (0,1 log10) and enumeration maximum of 77 cfu/cm2 (1,892 log10). The arithmetic average of only positive results was 2,77cfu/cm2 (-0.21 log10), standard deviation of 5,86 cfu/cm2 (0,743 log10). The study of 650 swabs analyzes for TVC and 2.871 test results for E. coli in two companies in the state of SP, showed a significant difference in the proportions of occurrence of E. coli and TVC. The 650 swabs carcass for TVC, with prevalence 11,69%, the arithmetic average was 9,87 cfu/cm2 (0,079 log10), standard deviation 150,08 cfu/cm2 (0,033 log10) and maximum enumeration of 2,7 x 103 cfu/cm2 (3,431 log10). Regarding the analyzes for TVC carcass, by destructive method, in all 962 analysis the enumeration was <5.0 x 100 cfu/cm2. The prevalence of 0,075% Salmonella spp in 5.308 swabs carcasses were from 21 companies in 4 states. Keywords: swabs, beef carcass, process indicators, Escherichia coli, Micro-organisms Mesophiles Strict and Facultative Aerobic Viable (Total Viable Count-TVC), Salmonella spp. ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 - Fluxo do Agronegócio Brasileiro em 2011 (exportação) ....................... 4 FIGURA 02 - Exportação de produtos cárneos bovinos (in natura, industrializados, miúdos, salgados e tripas) .......................................................................................... 5 QUADRO 01 - Família Enterobacteriaceae ............................................................... 17 FIGURA 03 - Princípio de micro – organismo indicador: capacidade de crescimento similar ou mais rápida ao micro – organismo perigoso ou deteriorante .................... 20 FIGURA 04 - Resultados logarítmicos de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 a 2012 - 37.826 amostras ............................................................................................ 58 FIGURA 05 - Médias dos resultados aritméticos de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 a 2012 – 1.462 amostras positivas ........................................................................................... 63 FIGURA 06 - Médias dos resultados logarítmicos de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 A 2012 – 1.462 amostras positivas ............................................................................... 64 FIGURA 07 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2008 – 12.119 amostras ..................................................... 70 FIGURA 08 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2009 – 11.717 amostras ..................................................... 71 FIGURA 09 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para e. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2010 – 6.877 amostras ....................................................... 72 FIGURA 10 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para e. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2011 – 6.025 amostras ....................................................... 73 FIGURA 11 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2012 – 1.088 amostras ....................................................... 74 FIGURA 12 - Surtos DTA. Série histórica de surtos e casos no BRASIL, 2000 a 2011 ........................................................................................................................ 130 FIGURA 13 - Classes de alimentos envolvidos em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011 ............................................................................................................ 131 x FIGURA 14 - Classes de alimentos envolvidos em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011 ............................................................................................................ 132 FIGURA 15 - Agentes etiológicos identificados em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011 ............................................................................................................ 133 FIGURA 16 - Agentes etiológicos identificados em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011 ............................................................................................................ 133 FIGURA 17 - Suabes em carcaça bovina resfriada de acordo com FSIS .............. 156 FIGURA 18 - Suabes em carcaça bovina quente de acordo com a Comunidade Europeia .................................................................................................................. 161 FIGURA 19 - Modelo de análise estatística de resultados para Escherichia coli .... 173 FIGURA 20 - Modelo de análise estatística de resultados para Contagem Total de Micro - organismos viáveis (mesófilos ou colônias aeróbias- CTV) ........................ 174 xi LISTA DE TABELAS TABELA 01 - Espécies e Subespécies de Salmonella .............................................. 11 TABELA 02 - Padronização de grupos de bactérias, conforme desenvolvimento em temperaturas aproximadas ...................................................................................... 144 TABELA 03 - Avaliação da contaminação da pele e da carcaça de bovinos nelores em sistema extensivo e intensivo de engorda ........................................................... 23 TABELA 04 - Suabes em pele de bovinos (após a sangria e antes da esfola) ......... 31 TABELA 05 - Suabes carcaça de bovinos (antes do resfriamento) ........................... 31 TABELA 06 - Coliformes fecais (termotolerantes) e E. coli em carcaças quentes e resfriadas................................................................................................................... 39 TABELA 07 - Compilado da revisão bibliográfica internacional (suabes) .................. 41 TABELA 08 - Compilado da revisão bibliográfica nacional (suabes)......................... 44 TABELA 09 - Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por habilitação para exportação ...................................................................................... 50 TABELA 10 - Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por estado ....................................................................................................................... 51 TABELA 11 - Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por ano ............................................................................................................................ 51 TABELA 12 - Quantidade de análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, no estado de São Paulo .............................................................. 52 TABELA 13 - Quantidade de análises para E. coli e CTV (suabes) realizadas pelos autocontroles, no estado de São Paulo ..................................................................... 52 TABELA 14 - Quantidade de análises para CTV (destrutivas) realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul............................................................................................................ 53 TABELA 15 - Quantidade de análises de Salmonella spp. realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por habilitação à exportação ............ 54 TABELA 16 - Quantidade de análises de Salmonella spp. realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por estado ........................................ 54 TABELA 17 - Quantidade de análises de Salmonella spp realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por ano ............................................. 55 xii TABELA 18 - Resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG .......................................... 57 TABELA 19 - Resultados aritméticos por ano de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ........ 59 TABELA 20 - Resultados logarítmicos por ano de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ........ 59 TABELA 21 - Resultados aritméticos por estado de análises para E. coli de positivos e negativos ................................................................................................................ 60 TABELA 22 - Resultados logarítmicos por estado de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG .................................................................................................... 61 TABELA 23 - Resultados de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ................................................... 62 TABELA 24 - Resultados aritméticos por ano de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ........................ 65 TABELA 25 - Resultados logarítmicos por ano de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ........................ 66 TABELA 26 - Resultados aritméticos por estado de análises realizadas para E. coli de positivos pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ...................... 67 TABELA 27 - Resultados logarítmicos por estado de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ......... 68 TABELA 28 - Resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de SP ..................... 75 TABELA 29 - Resultados de análises para E. coli de positivos realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de SP............................. 76 TABELA 30 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG .......................................... 77 TABELA 31 - Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG ................................................................................. 78 TABELA 32 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS ........................................................................................................................ 79 xiii TABELA 33 - Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS.......... 80 TABELA 34 - Resultados do teste de proporção das análises para E. coli e CTV realizadas pelo autocontrole da empresa A, do estado de SP .................................. 81 TABELA 35 - Resultados do teste de proporção das análises para E. coli e CTV realizadas pelo autocontrole da empresa B, do estado de SP .................................. 81 TABELA 36 - Resultados de análises para CTV (suabes) de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles de duas empresas, no estado de SP ....................... 82 TABELA 37 - Resultados das análises para CTV (coletas destrutivas) realizadas pelo Serviço De Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, em 2011 ................................................................................... 83 TABELA 38 - Resultados das análises para Salmonella spp. realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/MG, de 2008 a 2012 ....................................................................................................................... 83 TABELA 39 - Análises dos resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, e Serviço de Inspeção Federal em MS/SP/GO/RS/MG, e resultados de análises realizadas pelo Serviço Oficial Americano (FSIS) ...................................................................................................... 87 TABELA 40 - Análises dos resultados de análises para E.coli de positivos realizadas pelos autocontroles, em MS/SP/GO/RS/MG, pelo Serviço de Inspeção Federal, em SP, e pelo Serviço Oficial Americano (FSIS)............................................................. 89 TABELA 41 - Análises dos resultados de prevalência de E. coli em trabalhos nacionais publicados por Fiscais Federais Agropecuários ........................................ 92 TABELA 42 - Análises dos resultados aritméticos de E. coli em trabalhos nacionais publicados por Fiscais Federais Agropecuários ........................................................ 93 TABELA 43 - Análises dos resultados aritméticos positivos e negativos dos desvios inaceitáveis de E. coli realizadas pelos autocontrole, nos estados de SP/MS/GO/MG/RS .................................................................................................... 96 TABELA 44 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG .......................................... 97 TABELA 45 - Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de São Paulo, e autocontroles nos estados de MS/SP/GO/RS/MG .................................................... 98 xiv TABELA 46 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS ............................................................................................................................. 99 TABELA 47 - Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS........ 100 TABELA 48 - Análise dos resultados de análises para Salmonella spp realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, em MS/SP/GO/MG (Brasil), 2008 a 2012, e resultados de análises realizadas pelo Serviço Oficial Americano (FSIS), em 1997 a 1998 .......................................................................................... 104 TABELA 49 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares nos EUA ,1987 ................................................................................................................................ 134 TABELA 50 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares nos EUA, 1993 ........................................................................................................................ 135 TABELA 51 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares de produtos cárneos e de aves nos EUA, 1993/1995 ................................................................. 136 TABELA 52 - Estimativa anual do número de casos, hospitalizações e mortes por toxi – infecções alimentares nos EUA, 2011 ........................................................... 137 TABELA 53 - Critérios de limites microbiológicos para aeróbios totais em placas para carne “in natura” com exceção de carne de aves e pescados. ICMSF (1986) ........ 154 TABELA 54 - Critérios de limites microbiológicos para E.coli subtipo 1 em bovinos de acordo com AQIS .................................................................................................... 158 TABELA 55 - Critérios de segurança de higiene dos processos da carne “in natura” de acordo com a Comunidade Europeia - CE ......................................................... 162 TABELA 56 - Critérios de segurança da carne “in natura” no varejo de acordo com a Comunidade Europeia - CE..................................................................................... 164 TABELA 57 - Critérios de segurança de higiene dos processos da carcaça, de acordo com “Food Standards Agency” – FSA ......................................................... 166 TABELA 58 – Critérios de segurança da carne “in natura” de acordo com a ANVISA ................................................................................................................... 168 TABELA 59 - Critérios microbiológicos de CTV da Comunidade Europeia adotados pelo MAPA .............................................................................................................. 174 xv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIEC - Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne ALOP - Appropriate Level of Protection - Nível Ideal de Proteção ANUALPEC - Anuário da Pecuária Brasileira ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária AOAC - Association of Official Analytical Chemists - Associação de Análises Químicas Oficiais APHA - American Public Health Association - Associação Americana de Saúde Pública APHIS - Animal and Plant Health Inspection Service - Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle AQIS - Australian Quarentine and Inspection Service - Quarentena e Serviço de Inspeção Australiana ASO – Atestado de Sanidade Ocupacional BPF - Boas Práticas de Fabricação BRICS - Brasil, Russia, India, China e África do Sul - Países com destaque mundial em desenvolvimento BTC - Barreiras Técnicas ao Comércio CDC - National Center for Infectious Diseases - Centro Nacional de Doenças Infecciosas CE - Comissão Europeia CGI - Coordenação Geral de Inspeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento CGPE - Coordenação Geral de Programas Especiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento CNI – Confederação Nacional da Indústria. CONAFFA - Congresso Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários CTV - Contagem Total de Viáveis DCI - Divisão de Controle do Comércio Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento xvi DICAR - Departamento de Inspeção de Carne do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento DIPOA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento DTA - Doenças Transmissíveis pelo Alimento EHEC - Escherichia coli enterohemorrágica EPEC- Escherichia coli enteropatogênica clássica E. coli - Escherichia coli ESAM - Escherichia coli and Salmonella spp. Monitoring – Program - Programa de Monitoramento de Escherichia coli e Salmonella spp ETEC - Escherichia coli enterotoxigênica EUA - Estados Unidos da América FAO - Food and Agriculture Organization - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FDA - Food and Drug Administration - Alimentos para consumo e Administração de Remédios FSIS - Federal Safety Inspection Service - Serviço de Segurança e Inspeção Federal FSA - Food Standard Agency - Agência de Normas Alimentares FSO - Food Safety Objective - Objetivo de Inocuidade Alimentar G 20 - Grupo mundial formado pelos Ministros de finanças, agricultura e chefes dos bancos centrais de 19 países e União Européia GATT - General Agreement of Tariffs and Trade - Acordos Gerais de Tarifas e Comércio GMP - Good Manufacture Process - Boas Práticas de Fabricação HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Point - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle ICMSF - International Commission on Microbiological Specications for Foods Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos IN - Instrução Normativa IPPC - International Plant Protectino Convention - Convenção Internacional de Prevenção de Vegetais e de Produtos de Origem Vegetal ISO - International Standards - Padrões Internacionais xvii IUMS - International Union Microbiology Society - União Internacional das Sociedades de Microbiologia JEMRA - Joint FAO/WHO Experts Meetings on Microbiological Risk Assessment Um grupo da FAO/WHO de especilaistas em microbiologia e avaliação de riscos LG - Habilitação à exportação Lista Geral LI – Limite Inferior LS – Limite Superior MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MC - Microbiological Criteria - Critérios Microbiológicos MERCOSUL - Mercado Comum do Sul da América do Sul MI - Mercado Interno MS - Ministério da Saúde NAHMS - National Animal Helth Monitoring System - Sistema Nacional de Monitoramento da Saúde Animal NAS - National Academy of Sciences - Academia Nacional de Ciências NASA - National Aeronautics and Space Administration - Adminstração Nacional do Espaço Aeronáutico OIA - Objetivo de Inocuidade Alimentar OIE - World Organization for Animal Health - Organização Mundial de Saúde Animal OMC - Organização Mundial do Comércio OMS - Organização Mundial de Saúde ONU - Organização das Nações Unidas PAS - Programa de Alimento Seguro PC - Performance Criteria - Critério de Desempenho PHC - Process Higienic Criteria - Critérios Higiênicos de Processo PO - Performance Objective - Objetivo de Desempenho PPHO - Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional RDC - Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA SDA - Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SOPS - Standard Operating Procedures for Sanitation - Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional SPS - Acordo para a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias xviii SSOP - Standard Operating Procedures for Sanitation - Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional STEC - Shiga toxin–producing E. coli O157 - E. coli produtora de shiga toxina SVS - Serviço de Vigilância Sanitária TBT - Technical Barriers to Trade - Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio UFC - Unidade Formadora de Colônias USDA - United States Department of Agriculture - Departamento de Agricultura dos EUA VTEC - Verocytotoxigenic Escherichia coli - Escherichia coli Verocitotoxigênica WHO - World Health Organization Organização Mundial de Saúde xix LISTA DE SÍMBOLOS spp – espécie n° - número 1° - primeiro cm2 – centímetro quadrado log – logarítmico log10 – logaritmo de dez % - porcento μg – micrograma g – grama kg – Kilograma xx SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 1.1 Objetivos gerais ......................................................................................................... 55 1.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 77 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 1010 2.1 Referências bibliográficas de micro - organismos Indicadores em alimentos ........... 122 2.1.1 International Commission on Microbiological Specications for Foods (Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos) - ICMSF/2000 ................. 13 2.1.1.1 Bactérias aeróbias mesófilas indicadoras (CTV) .............................. 144 2.1.1.2 Bactérias Entéricas Indicadoras (Escherichia coli, Coliformes, Enterobacteriáceas) ................................................................................................ 155 2.1.1.3 Outros micro – organismos indicadores ........................................... 188 2.1.2 International Commission on Microbiological Specications for Foods (Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos) - ICMSF/2004 ............... 199 2.2 Referências bibliográficas de fatores genéricos causadores de contaminação da carcaça bovina................................................................................................................. 2020 2.2.1 Clima ............................................................................................................... 2121 2.2.2 Manejo dos animais ........................................................................................ 2222 2.2.3 Ar atmosférico ................................................................................................. 2424 2.2.4 Capacidade de abate ...................................................................................... 2525 2.2.5 Etapas do processo......................................................................................... 2626 2.2.3 Pele e carcaça bovina ..................................................................................... 2727 2.3 Métodos destrutivos e não destrutivos (suabes) de coletas de carcaça ................. 2727 2.3.1 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas nas fezes, na pele e carcaça bovina ........................................ 2828 2.3.2 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça bovina ................................................................... 3232 xxi 2.3.3 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça resfriada x carcaça quente bovina ......................... 3838 2.3.4 Referências bibliográficas de métodos destrutivos da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça bovina ........................................................................................ 4747 3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 4848 3.1 Universo da pesquisa ............................................................................................. 4848 3.2 Delineameno experimental..................................................................................... 4848 3.2.1 Salmonella spp................................................................................................ 4949 3.2.2 Escherichia coli ............................................................................................... 4949 3.2.3 Mesófilos – Contagem Total de Viáveis........................................................... 5050 3.3 Dados obtidos ........................................................................................................ 5050 3.3.1 Dados de análises de E. coli de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS .................................................................................. 5050 3.3.2 Dados de análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, de uma empresa, no estado de São Paulo, de 2008 a 2010................................................. 5151 3.3.3 Dados de análises de E. coli e Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas (A e B), do estado de São Paulo, de 2008 a 2012 ... 5252 3.3.4 Dados de análises de Contagem Totais de Viáveis (coletas destrutivas) em empresas nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, em 2011 ................................................................................ 53 3.3.5 Dados de análises de Salmonella spp. de 21 empresas realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de SP, MS, GO e MG, de 2008 a 2012 .................................................................................................................................... 53 3.4 Análise estatística .................................................................................................. 5555 4 RESULTADOS .................................................................................................. 5656 4.1 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012 5656 4.2 Resultados positivos das análises de E. coli (suabes) de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012................. 6161 4.3 Resultados positivos e negativos das análises de E. Coli (suabes) de 24 empresas, realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012, de xxii acordo com as Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) ....................................................................... 6868 4.4 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de São Paulo, de 2008 a 20107474 4.5 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) realizadas pelos autocontroles de 23 empresas exportadoras e 1 empresa não exportadora, de 2008 a 2012 ....... 7878 4.6 Resultados de análises de E. Coli e Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de São Paulo, de 2008 a 2012 ............... 8080 4.7 Resultados de análises de Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de São Paulo, de 2008 a 2012. ........................ 8181 4.8 Resultados de análises de Contagem Totais de Viáveis (coletas destrutivas) realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, em 2011 ............................................................................ 8282 4.9 Resultados de análises qualitativas (presença/ausência) de Salmonella spp. (suabes) de 21 empresas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de SP/ MS/GO/MG de 2008 a 2012 ....................................................................... 83 5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 8484 5.1 Discussão dos resultados de E. coli ....................................................................... 8585 5.1.1 Discussão dos resultados aritméticos positivos e negativos para E. coli (suabes) realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP/MS/GO/MG/RS, de 2008 a 2012, de acordo com as Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) ....................................................................... 9494 5.1.2 Discussão comparativa dos resultados das análises para E.coli de coletas oficiais de uma empresa em SP e coletas dos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, de 2008 a 2012..................................................................................................................... 9797 5.1.3 Discussão dos resultados aritméticos das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno do estado de Rio Grande do Sul de 2008 A 2012 ....... 9999 5.2 Discussão comparativa dos resultados de E. Coli e Contagem Total de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de SP, de 2008 a 2012 ...... 101101 5.3 Discussão dos resultados de Contagem Total de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de SP de 2008 a 2012 ................................. 102102 xxiii 5.4 Discussão dos resultados de Salmonella spp. ......................................................... 103 5.5 Discussão dos resultados de Contagem Total de Viáveis (coletas destrutivas) realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de SP/MS, em 2011 .............................................................................................................................. 10606 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES...................................................................... 10808 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 11212 ANEXOS ............................................................................................................. 12828 ANEXO A - COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ALIMENTOS ............................ 12828 A.1 Acordo para a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias – SPS. Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994 – (BRASIL, 1994) ................................................... 12828 ANEXO B - SURTOS DE DOENÇAS ALIMENTARES – DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR ALIMENTOS (DTA) ....................................................... 1300 B.1 Dados Epidemiológicos Nacionais ......................................................................... 1300 B.2 Dados Epidemiológicos dos EUA .......................................................................... 1344 ANEXO C – REFERÊNCIAS DE INOCUIDADE ALIMENTAR .............................. 1388 C.1 Referências Universais de Inocuidade Alimentar ................................................... 1388 C.1.1 Codex Alimentarius CAC/RCP 1-1969 R 2003/pag. 3. (CODEX, 2003) .......... 1388 C.1.2 ISO 17604/2003. International Standards - Organização Internacional de Normatização (ISO 2003) ................................................................................................ 1399 C.1.3– International Commission on Microbiological Specications for Foods -Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF) ..................... 14040 C.1.4 International Commission on Microbiological Specications for Foods -Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF, 2006) .......... 14040 C.2 Referências Nacionais de Inocuidade Alimentar – MAPA .................................... 14141 C.2.1 Portaria 368, de 04 de setembro de 1997. Regulamento técnico sobre as condições higiênico- sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos elaboradores/industrializadores de alimentos – BPF/MAPA (BRASIL, 1997a) .............. 14141 C.2.2 Portaria 46, de 10 de fevereiro de 1998. Aprova o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle – APPCC/ MAPA. (BRASIL, 1998) ...................................... 14242 xxiv C.2.3 Circular 463/2004/DCI/DIPOA, 176/2005/CGPE/DIPOA-MAPA. Implementa Circular o 175/2005/CGPE/DIPOA, sistema de Circular autocontrole dos estabelecimentos. (BRASIL, 2004) (BRASIL, 2005b ) (BRASIL, 2005c) ............................ 143 ANEXO D - MICRO - ORGANISMOS PATOGÊNICOS IMPORTANTES EM ALIMENTOS........................................................................................................ 14545 D.1 Listeria monocytogenes ....................................................................................... 14545 D.2 Clostridium botulinum .......................................................................................... 14545 D.3 Clostridium perfringens Tipo A............................................................................. 14646 D.4 Staphylococcus aureus........................................................................................ 14747 D.5 Shigella spp. ........................................................................................................ 14848 D.6 Yersinia enterocolítica ......................................................................................... 14848 D.7 Campylobacter spp. ............................................................................................ 14949 D.8 Bacillus cereus .................................................................................................... 14949 D.9 Vibrio spp ............................................................................................................ 15050 D.10 Plesiomonas shigelloides .................................................................................. 15151 D.11 Aeromonas spp. ................................................................................................ 15151 D.12 Toxoplasma gondii ............................................................................................ 15151 D.13 Norovirus (CDC, 2012) ...................................................................................... 15252 ANEXO E – PADRONIZAÇÃO DE CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS ADOTADOS PELA INDÚSTRIA DE CARNE BOVINA “IN NATURA” .......................................... 153 E.1 Referências Internacionais de critérios microbiológicos .......................................... 153 E.1.1 International Commission on Microbiological Specications for Foods -Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF/1986) ................ 153 E.1.2 United States Department of Agriculture/Food Safety and Inspection Service Departamento de Agricultura dos EUA/Serviço de Segurança e Inspeção Alimentar (USDA/FSIS) ................................................................................................................. 15454 E.1.2.1 USDA/FSIS - Pathogen Reduction; Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems. Federal Register / Vol. 61, No. 144/ July 25 1996 (USDA, 1996b) .................................................................................................... 15555 xxv E.1.2.2 FSIS Directive 5100.1 Rev. 3 Enforcement, investigations and analysis officer (EIAO) food safety assessment methodology. Evalution of microbial methods used by establishments 23/08/11 (USDA, 2003) ................................................. 15656 E.1.3 AQIS/Austrália e Nova Zelândia - Australian Quarentine and Inspection Service (Quarentena e Serviço de Inspeção Australiana) ........................................................... 15757 E.1.3.1 AQIS Notice Meat 96/46 e AQIS Notice Meat 2003/6 (AQIS, 1996a; AQIS 1996b; AQIS 2003) .................................................................................... 15757 E.1.4 Comissão Européia CE ..................................................................................... 158 E.1.4.1 Regulamento CE 1441/2007 da Comissão Europeia (CE, 2007) Altera o Regulamento CE 2073/2005 (CE, 2005b).............................................. 15858 E.1.4.2 Regulamento 1688/2005 da Comissão Europeia - especificamente para Finlândia e Suécia. (CE, 2005a) ................................................................. 16565 E.1.5 Food Standards Agency – FSA ..................................................................... 16565 E.2 Referências Nacionais de critérios microbiológicos ............................................ 16666 E.2.1 Empresas não exportadoras ou que destinam o produto a mercados que possuem exigências sanitárias equivalentes à Legislação Brasileira ............................. 16666 E.2.1.1 RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA: critério de limites microbiológicos para Salmonella spp e Coliformes Termotolerantes para mercado varejista. (BRASIL, 2001) ................ 16666 E.2.1.2 Circular nº 02/2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA – Programa de Controle Microbiológico de Carcaças Bovinas (BRASIL, 2012) .......................... 16969 E.2.2 Empresas exportadoras aos Estados Unidos, Canadá e União Européia ..... 16969 E.2.2.1 Pesquisa de Salmonella spp – suabes em carcaças bovinas ...... 17070 E.2.2.2 Pesquisa de E. coli - suabes em carcaças .................................. 17171 E.2.2.3 Contagem Total de Microrganismo Viáveis (Mesófilos ou Colônias Aeróbias- CTV) – suabes em carcaças ................................................................... 173 1 1 INTRODUÇÃO Doenças causadas por patógenos de origem alimentar constituem um problema de saúde pública mundial e a prevenção é o conceito aplicado por organismos referenciados mundialmente. A importância das diferentes doenças de origem alimentar varia entre países dependendo das características microbiológicas da matéria prima, dos procedimentos de processamento, preparação, manuseio e armazenamento, perfil microbiológico do alimento acabado, intenção de uso e da sensibilidade da população (ICMSF, 2006). Enquanto a completa eliminação das doenças de origem alimentar é inatingível, tanto os gestores governamentais de saúde pública quanto a indústria estão comprometidos em reduzir a incidência de doenças causadas por alimentos contaminados (ICMSF, 2006), almejando aumento do grau de proteção ao consumidor. Esse grau de proteção ao consumidor é traduzido tecnicamente em Objetivo de Inocuidade Microbiológica Alimentar (sigla em inglês FSO – Food Safety Objectives), que dá diretrizes à cadeia produtiva, a fim de se atingir metas de segurança alimentar, com intuito de respeitar a frequência máxima ou concentração considerada tolerável de um perigo microbiano em um alimento no momento do consumo. Esse nível de tolerância deve ser mensurado e, com isso, possibilitar a implantação de medidas de controle dos processos de produção pela indústria alimentícia (ICMSF, 2006). Através do Codex Alimentarius e da Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (sigla em inglês ICMSF - International Commission on Microbiological Specications for Foods), a mitigação de risco das toxi – infecções alimentares é o resultado da implantação das Boas Práticas de Fabricação, Procedimentos Padrão de Higiene Operacional e Programas de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle nos estabelecimentos que, por sua vez, através de análises estatísticas de processo, podem promover a aplicabilidade de limites de presença de micro – organismos em alimentos, fundamentada em estudo de análises de riscos por autoridades governamentais e empresariais. 2 Entretanto, a redução do número de casos de toxi – infecções alimentares tem sempre um custo para a sociedade. O termo “custo” compreende não apenas dinheiro, mas também considerações em relação à cultura, hábitos alimentares, etc. (ICMSF, 2006). A segurança microbiológica em alimentos é uma decisão necessária, já tomada em nível internacional pelos gerenciadores da ONU - FAO, OMS (e seus programas conjuntos, como o Codex Alimentarius e o JEMRA), OMC, OIE e outros. Esses compromissos também foram assumidos pelos países membros da ONU em 1994 que firmaram Acordos da OMC, sendo um deles o Acordo para Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Acordo SPS) que confirma o direito dos países membros da OMC de aplicar as medidas necessárias para proteger a saúde humana, animal e vegetal e inclui todas as medidas de Higiene de Alimentos e de Segurança Alimentar (GELLI, 2009). Detalhes do Acordo SPS está no Anexo A deste estudo. O nível do risco que uma sociedade deseja aceitar é chamado de ALOP Appropriate Level of Protection (Risco Aceitável de Proteção), ou seja, é uma meta a ser cumprida e que esteja em consenso ao Acordo Sanitário e Fitossanitário (SPS), (ICMSF, 2006). O FSO (Objetivo de Inocuidade Alimentar) é a ferramenta que contribui ou permite alcançar o ALOP (Nível Ideal de Proteção de uma população) e a decisão, se e quando, um FSO deve ser usado, é de responsabilidade dos governos. Nos EUA, as estimativas de ocorrência de surtos, hospitalização e mortes causadas por toxi – infecções alimentares estão descritas no Anexo B e, especificamente, em relação a este estudo, foram descritos os dados americanos como referência epidemiológica internacional, devido à acessibilidade, quantidade de dados, por ser referência mundial em inocuidade alimentar, e também pelas relações mercadológicas de produtos cárneos que este país tem com o Brasil, obrigando este último ao cumprimento de exigências sanitárias comerciais. No Brasil, somente a partir de 1999, que se obtiveram registros de levantamento epidemiológico das doenças transmitidas por alimentos e, segundo Serviço de Vigilância Sanitária (SVS), a carne bovina “in natura” representa importante causadora de surtos alimentares, mantendo a quarta posição em relação a outros alimentos, conforme Figuras 13 e 14, do Anexo B (BRASIL, 2011b). 3 Os dados do Boletim Sanitário 2011, (BRASIL, 2011b), Anexo B, espelham a deficiência de informações estatísticas nacionais mais evidentes, em relação à realidade da saude pública brasileira. Contracenando com os dados supracitados que expõe a fragilidade do Brasil, em relação à deficiência em diretrizes sanitárias específicas para toxi – infecções alimentares, o país atinge no século XXI um “status” de supremacia internacional, no que diz respeito a crescimento econômico, e é fato conhecedor e de peso, a importante participação do agronegócio no PIB brasileiro. A primeira década deste século viu surgir uma nova era histórica das relações econômicas internacionais do Brasil, Figura 01. Os desafios da diplomacia agrícola brasileira, diante da nova configuração geopolítica mundial, fizeram com que os dirigentes investissem em avanços para cumprimento das novas metas do agronegócio mundial. O MAPA, através da Portaria Interministerial nº 306 de 06 de maio de 2009, selecionou pela primeira vez, servidores federais da área agropecuária, para assumirem cargos diplomáticos, Adidos Agrícolas, em países de relevância no agronegócio brasileiro, tais como EUA, Japão, África do Sul, China, Rússia, Suíça, Bélgica e Argentina (BRASIL, 2009b). A ascensão brasileira mundial é também espelhada, na atualidade, pela escolha, em 2011, de um engenheiro agrônomo brasileiro para a diretoria geral da FAO e também, pela participação do Brasil na cúpula BRICS, fundada em 2001 e que traduz potência econômica, internacionalmente reconhecida, na qual o Brasil ocupa sexta posição. O G - 20, estabelecido em 1999, comitê em que o Brasil também é membro, consolida-se em 2011 com temas dos setores primários, comungando com a atual realidade da emergência dos países do hemisfério Sul. Neste mesmo ano, os Ministros da Agricultura reuniram-se, pela primeira vez, na cúpula do G - 20, uma vez priorizada anteriormente somente pelos chefes de estado, ligados à fazenda e finanças, e os temas que receberam maior apoio foram: segurança alimentar, investimentos na infraestrutura e agricultura. O rebanho bovino para 2012 teve projeção de 185 milhões de cabeças, com taxa de abate de 22%. Em exportações de carne bovina, o índice de 16,9% de 2003 saltou para estimados 19,9% em 2012. O consumo “per capita” de carne bovina no mercado interno passou de 32,5% em 2010 para estimados 34,5% em 2012, 4 coincidindo com a ascensão econômica do consumidor brasileiro. Outro fator que corroborou pelo aumento do consumo de proteína animal, além do crescimento populacional, foi a exteriorização da mulher para o mercado de trabalho, que obrigou a adaptação de costumes alimentares para “food services”, “fast foods” (ANUALPEC/2012). FIGURA 01 - Fluxo do Agronegócio Brasileiro em 2011 (exportação). Fonte: Agronegócio Brasileiro - Carlos Cogo – (II CONAFFA, 2011) O Brasil, em 2011, atingiu a primeira posição mundial de exportação de carne bovina e aves, sendo o segundo em produção destes produtos (ABIEC, 2012). A Figura 02 mostra a ascensão das exportações de produtos cárneos brasileiros, de 2000 a 2011, sendo que neste último chegou à quantidade de 1.097.309,6 toneladas (ABIEC, 2012). 5 FIGURA 02 - Exportação de produtos cárneos bovinos (in natura, industrializados, miúdos, salgados e tripas). Fonte: ABIEC, 2012 1.1 Objetivos gerais Este estudo tem por finalidade principal, sensibilizar as autoridades da necessidade de executar levantamentos estatísticos nacionais, baseados em regulamentações mais específicas e com melhor delineamento metodológico a fim de se estabelecer a inocuidade alimentar durante o processamento de alimentos. É precária no Brasil, a informação estatística relacionada à inocuidade alimentar, tanto dados epidemiológicos de saúde pública, mais específicos, que poderiam dar diretrizes à indústria de alimentos, como dados de contaminação, através de indicadores microbiológicos, durante o processamento destes produtos. Contrariamente, os EUA baseados em levantamentos econômicos e estatísticos de saúde pública, publicaram em 1996 no Federal Register o Programa de Redução de Patógenos, Pathogen Reduction System que implanta com muito rigor, a obrigatoriedade de execução do Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Neste documento, elegeram a Samonella spp. e Escherichia coli, como indicadores de processo em carcaças bovinas, com permanência mínima de 12 horas de resfriamento, e suabes em três pontos da carcaça (USDA, 1996b). A Comunidade Européia, através de várias publicações, sendo a mais recente o Regulamento EC 1441/2007, que além da pesquisa da Salmonella spp. em 6 carcaças bovinas após a lavagem, pesquisa as Enterobacteriáceas e Contagem Total de Viáveis (CTV) como micro – organismos indicadores de processo (CE, 2007). Estas publicações internacionais e outras de importância mundial estão descritas nos Anexo C e Anexo E, e possuem como base, o estudo das toxi – infecções alimentares das suas populações, Anexo B, que determinam metas sanitárias à cadeia alimentar. No Brasil, ainda não há estudo estatístico que permita conhecer a extensão da eventual contaminação dos produtos de origem animal, e a eleição de indicadores de processos, no caso específico deste trabalho, a carcaça bovina. Não há publicação oficial que de diretrizes para cumprimento de metas, para benefício da saúde pública, focando as toxi – infecções alimentares, e menos ainda, o diagnóstico com precisão estimada da ocorrência de micro – organismos patogênicos nos alimentos, o que dificulta a identificação de micro – organismos indicadores de processo. Além da deficiência de definição das metas a serem atingidas tanto pelos estabelecimentos, quanto por instituições governamentais, há a ausência de delineamento estatístico, que dê disponibilidade para consulta e pesquisa e permite conhecer o desempenho individual de cada estabelecimento, ou de uma nação, a fim de definir estratégias de saúde pública, e são itens que se completam negativamente. O procedimento que dá alicerce às metas a serem cumpridas pela indústria alimentícia é denominado de Objetivos de Desempenho (sigla em inglês PO– Performance Objective), que por sua vez, dependem da implantação de Programas de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional, Boas Práticas de Fabricação e outros programas de prérequisitos com a finalidade de redução de patógenos alimentares. O HACCP, ou seja, o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) foi publicado no Brasil, através da Portaria nº 46 de 10 de fevereiro de 1998. Este Manual Genérico de Procedimentos para APPCC em Indústrias de Produtos de Origem Animal oficializa a obrigação das empresas, com envolvimento da diretoria, em adotarem mecanismos de prevenção e controle que atinge todo o segmento de industrialização dos produtos de origem animal, transferindo a esta, a responsabilidade de produzir produtos inócuos, com identidade 7 e qualidade, porém, com a verificação do Serviço de Inspeção Federal (BRASIL, 1998). Possui princípios básicos com a finalidade de prevenção, eliminação ou redução dos perigos em todas as etapas da cadeia produtiva de alimentos e está detalhada no Anexo C. No Brasil, para produtos cárneos bovinos e suínos “in natura”, há apenas definição oficial de critério microbiológico do produto acabado, no ponto de consumo, para a Salmonella spp., ausência em 25 gr, e critérios para Coliformes Termotolerantes, através da RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, (BRASIL, 2001), que identifica o alimento impróprio para o consumo, sem contemplar os critérios a serem adotados durante a produção do alimento. O Anexo E, deste trabalho, descreve parcialmente este documento, de interesse deste trabalho. Atualmente, está vigente no Brasil no nível de processo produtivo de produtos cárneos: - a Instrução Normativa n° 09 de 8 de abril de 2009/MAPA (BRASIL, 2009a) que institui a pesquisa de Listeria monocytogenes em processos produtivos de estabelecimentos, voltados para os produtos de origem animal, prontos para consumo e; - Memorandos Circulares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a fim de cumprimento de cronogramas, pelas empresas e pelo Serviço de Inspeção Federal, de análises microbiológicas, em função dos mercados internacionais compradores do produto cárneo “in natura”, baseado em pesquisa de indicadores de processo e indicadores patogênicos publicados em documentos oficiais internacionais. Estes documentos estão descritos no Anexo E. Com um delineamento estatístico nacional, que transpareça a realidade industrial, e identificando os importantes micro – organismos patogênicos e suas consequências, consequentemente haverá o ingurgitamento de publicações oficiais que deem diretrizes mais pontuais ao segmento produtivo de alimentos e ao sistema oficial de fiscalização. 1.2 Objetivos específicos Além da deficiência de metas para delineamento de critérios microbiológicos, no Brasil, não há levantamento de Análise Estatística de Processo indicando a 8 ocorrência de micro – organismos considerados indicadores de processo, ou especificamente, indicadores de contaminação fecal, e indicadores patogênicos nas indústrias produtoras de alimentos. Países em desenvolvimento, os dados de vigilância de doenças são limitados ou inexistentes. Nesses casos, as estimativas de risco devem ser baseadas nas informações clínicas disponíveis (por exemplo, quantas amostras de fezes são positivas para Salmonellas) em combinação com resultados de pesquisas microbiológicas em alimentos, avaliação dos tipos de alimentos produzidos, formas de produção, armazenamento e intenção de uso (ICMSF, 2006). Se um país estabelece um critério microbiológico, ou qualquer outro limite, para um perigo à saúde em particular, ele deve ser capaz de explicar a base racional e a justificativa para esse critério, utilizando dados científicos, considerações de risco e sociais (ICMSF, 2006). Sendo assim, em 2012, o MAPA publicou a Circular nº 02 de 09 de março de 2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2012), Anexo E, que está em fase de implantação em 47 estabelecimentos nacionais não exportáveis aos EUA, Canadá e UE, ou seja, aqueles que apenas destinam seus produtos ao Mercado Interno ou a países que aceitam este produto sem critérios específicos, denominadas de empresas com Habilitação Lista Geral (LG). Esta iniciativa pretende estabelecer critérios microbiológicos nacionais de indicadores de processo para carcaças bovinas, e fornecerá ferramentas com referência nacional, a fim de verificação da eficiência da implantação dos autocontroles destas empresas, ou seja, a mensuração dos critérios microbiológicos específicos para indicadores de processo, que por sua vez foram eleitos os Mesófilos (Contagem Total de Viáveis – CTV) e a E. coli genérica. O padrão de coleta segue o europeu, ou seja, suabes em quatro pontos de carcaças bovinas quentes, depois da lavagem (CE, 2007). Este estudo busca a análise estatística histórica de resultados microbiológicos, em carcaças bovinas, realizados de 2008 a 2012, para E.coli, CTV e Salmonella spp., em estabelecimentos sob Inspeção Federal, cuja finalidade principal é em fornecer subsídios para definição dos indicadores de processo das indústrias brasileiras. A avaliação da leitura de cartas gráficas obtidas pela média dos resultados microbiológicos somada a dois desvios padrões, que são fundamentadas em circulares do MAPA, e mostram as tendências de perda de controle, foram ilustradas 9 anualmente. Essas cartas são formatadas pela média obtida, desenhando uma linha contínua, e determinam automaticamente o Limite Máximo que o processo envolvido pode chegar. A alimentação dos dados e interpretação dessas cartas, conforme preconizado pelo MAPA, foi amplamente discutido. A verificação pelo serviço oficial dos procedimentos dos autocontroles está pautado no APPCC, Portaria 46 de 10 de fevereiro de 1998, (BRASIL,1998) e neste trabalho, houve a possibilidade de análise estatística de coletas oficiais para E coli em uma empresa habilitada para UE. Com este levantamento, buscou-se também, a análise comparativa do ensaio estatístico de empresas exportadoras para EUA, Canadá e UE em relação a uma empresa que destina seus produtos ao mercado interno. Outra análise realizada foi o estudo da proporcionalidade de ocorrência dos micro – organismos pesquisados, a E. coli, a Salmonella spp. e a CTV, sendo estes, indicadores de processo, que se distinguem nas suas especificidades, ou seja, respectivamente, indicadores fecais e indicadores das boas práticas de fabricação. De maneira geral, pretende-se mostrar um histórico estatístico de análises microbiológicas de suabes de carcaças bovinas, com o pleito de que as autoridades competentes juntamente com os estabelecimentos interpretem o estudo, com finalidade de dirimir metas. a 10 2 REVISÃO DE LITERATURA As diferentes doenças de origem alimentar Podem ser causadas por bactérias ou seus metabólitos, por parasitas, vírus ou toxinas (ICMSF, 2006). Os principais micro – organismos causadores de toxi – infecções alimentares estão descritos no Anexo D, porém a Salmonella spp. e E. coli, resumidamente estão descritas neste estudo. Salmonella spp O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae, sendo constituída de duas espécies: Salmonella enterica, com 6 subespécies e Salmonella bongori (CNI, 2000). O primeiro surto de Salmonelose, transmitida por alimentos, confirmado em laboratório, envolveu 57 pessoas que ingeriram carne de uma vaca doente e a S. enteritidis foi isolada por Gaertner em 1888 do animal (carne e sangue) e dos órgãos de uma vítima que veio a óbito (JAY, 2008). Baseados nos antígenos O e H foram descritos em torno de 2375 sorovares. A Salmonella spp é encontrada nos tratos intestinais de mamíferos, pássaros, anfíbios e répteis, mas não de pescados, crustáceos ou moluscos (CNI, 2000). Pode ser transferida aos frutos do mar, devido à poluição das orlas litorâneas com dejetos humanos e de animais, ou por contaminação pós-captura de peixes (CNI, 2000). É um dos enteropatógenos mais envolvidos em casos e surtos de origem alimentar em diversos países, incluindo o Brasil. S. typhimurium é o sorovar mais encontrado em alimentos. Salmonella enteritidis foi implicada em vários surtos envolvendo ovos e seus produtos (CNI, 2000). Acredita - se que 2 mil sorotipos de Samonella são causadores de enfermidades humanas, porém somente 5 são, epidemiologicamente, importantes. A Tabela 01 apresenta 1.405 de sorotipos de S. enterica. 11 TABELA 01 - Espécies e Subespécies de Salmonella Espécies/subespécies Nº de sorotipos Salmonella enterica 1.405 subespécie salamae 471 subespécie arizonae 94 subespécie diarizonae 311 subespécie houtenae 65 subespécie indica 10 Salmonella bongori 19 Total 2375 Fonte: Popoff, Bockemühl e Hickman-Brenner ,1995 – (apud CNI, 2000) Escherichia coli O reservatório deste agente é os animais. Pertencente ao grupo dos coliformes termotolerantes a E.coli com cepas diarreiogênicas, tem sido agrupada em cinco categorias, baseando-se nas características de virulência, diferenças quanto à epidemiologia e composição antigênica O:H. São denominadas de E. coli enteropatogênica enterotoxigênica clássica (ETEC), (EPEC), E.coli E.coli enteroinvasora enterohemorrágica (EIEC), (STEC-EHEC) e E.coli E.coli enteroagregativa (EAggEC) (CNI, 2000). Possui estreito relacionamento com o tratamento do esgoto doméstico e contaminação cruzada deste com as águas servidas, independente de suas cepas naturalmente serem encontradas nos tratos intestinais de todos os animais. A maioria das cepas não é patogênica, sendo benéfica para o intestino. As cepas ETEC e STEC (EHEC) têm como reservatórios os animais. Vários surtos causados por EHEC envolveram alimentos de origem bovina, e sidra (maçã) produzindo um grande impacto, não só econômico como também em saúde pública. STEC (sigla em inglês) também pode ser chamada de VTEC - E.coli verocitotoxigênica (do inglês, “verocytotoxigenic E.coli”). Os sorogrupos da VTEC O111 e O157, e os 12 sorotipos O111:HNM, O111:H8, O26:H11, O157:H7 e O165:H são agentes da Síndrome Hemolítica-Urêmica no Brasil (CNI, 2000). Citado por Day et al. (1983) no Reino Unido e também por Koohmaraie et al. (2005) nos EUA, Johnson, Lior e Bezanson (1983), descrevem que, em 1980, a importância da E.coli O157:H7 atinge reconhecimento quando se comprovou que a causa das diarreias hemorrágicas no Canadá era devida à ingestão de hambúrgueres impróprios para consumo; sua capacidade de produzir grande quantidade de Shiga Toxina (STEC) causa severos danos hemorrágicos na mucosa intestinal. Desta maneira iniciou-se efetivo controle de processo nas indústrias frigoríficas americanas (DAY et al., 1983). Day et al. (1983) não descartam a possibilidade dos surtos de diarreias, no Reino Unido, serem causados pelo estranho sorotipo de E. coli denominado O157:H7, semelhante aos achados no Canadá. A produção da Shiga Toxina (STEC) pela E. coli está associada, com mais frequência, às enfermidades causadas pelo sorotipo O157:H7 nos EUA (MEAD et al., 1999; NATARO e KAPER, 1998). Segundo Pardi et al. (2001), os animais jovens são mais predispostos às infecções de E. coli, e em relação à E. coli O157:H7, possui maior resistência a ácidos, quando comparada a outros micro – organismos causadores de toxi – infecções alimentares; os ruminantes são portadores assintomáticos, sendo o bovino o principal reservatório desta cepa. Na natureza, seu habitat é o solo, água contaminada e material orgânico em decomposição. 2.1 Referências bibliográficas de micro - organismos Indicadores em alimentos Além dos micro - organismos patogênicos, há os micro – organismos indicadores de processos, micro - organismos deteriorantes (leveduras) e micro organismos fermentadores e os probióticos (bactérias láticas). A definição de micro – organismos indicadores de processo é descrita por vários autores, porém, as prerrogativas do ICMSF são objetos de parâmetros internacionais. 13 2.1.1 International Commission on Microbiological Specications for Foods (Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos) ICMSF/2000 A evidência de riscos baseia-se nas análises de amostras de alimentos, na busca dos agentes causais ou de indicadores de processo com índices inadmissíveis (ICMSF, 2000). As análises de rotina, para pesquisa microbiológica ou de toxinas, devem estar fundamentadas em levantamentos epidemiológicos da população (ICMSF, 2000). Uma das maiores dificuldades encontrada é a ineficiência de metodologia analítica sensível e específica para um determinado agente, principalmente, se este se encontra em pequena quantidade no alimento ou se sua distribuição é desigual. Sendo assim, o diagnóstico tem sido realizado com o grupo ou espécie microbiológica, que por sua vez, sinaliza a exposição do alimento a microorganismos perigosos e/ou que permite a multiplicação de espécies infecciosas ou toxigênicas. Os grupos ou espécies utilizadas para esta finalidade denominam-se micro-organismos indicadores (ICMSF, 2000). O principal objetivo de se utilizar bactérias como indicadores de processos, é revelar as não conformidades durante o processamento do alimento, podendo causar um perigo em potencial que, por sua vez, pode não estar necessariamente presente na amostra analisada, mas sim nas demais amostras paralelas (ICMSF, 2000). O que se busca é uma homogeneidade de procedimentos para as análises microbiológicas dos alimentos. Porém, existem ainda detalhes diferentes nestes procedimentos, utilizados por organizações mundiais de referência, mesmo sendo utilizadas técnicas de considerável semelhança. O ICMSF (2000) referencia os indicadores microbiológicos em alimentos, em dois grupos: A – Grupos de micro - organismos que não oferecem risco direto à saúde pública: mesófilos, psicrófilos, psicrotróficos, termófilos e leveduras; B - Grupos de micro - organismos que oferecem baixo risco ou risco indireto à saúde pública: coliformes totais, coliformes fecais (termotolerantes), enterococos, enterobacteriaceaes e Escherichia coli. Na padronização de critérios microbiológicos nos alimentos, deve-se levar em consideração a análise de grupos, ou de micro - organismos específicos mais 14 importantes, considerados como indicadores, visto que o isolamento de todos os patógenos dos alimentos tornar-se-ia prática inviável (ICMSF, 2000). No entanto, a presença de micro-organismos em alimentos não significa necessariamente um perigo para o consumidor ou qualidade inferior destes produtos. O potencial de risco exacerba-se após violação de princípios de higiene; sob estas condições, haverá multiplicação de micro-organismos patogênicos e toxigênicos. Sendo assim, há a necessidade de quantificação de alguns microorganismos que sinalizam se determinado alimento foi obtido durante seu processamento em condições sanitárias satisfatórias (ICMSF, 2000). Com exceção dos alimentos esterilizados, os alimentos possuem leveduras inócuas, mofos, bactérias e outros micro-organismos. 2.1.1.1 Bactérias aeróbias mesófilas indicadoras (CTV) A sua grande maioria é gram positiva e, comumente, são encontradas na superfície de carcaças bovinas, as seguintes bactérias: Enterobacteriaceaes, Coliformes, Staphylococcus, Micrococcus e Coryneformes, (GILL et al., 2000). Sobrevivem muito bem a uma variação de temperatura de 25°C a 40°C, conforme demonstrado na Tabela 02 (PELCZAR e JOSEPH, 1997). TABELA 02 - Padronização de grupos de bactérias, conforme desenvolvimento em temperaturas aproximadas GRUPO Temperatura Mínima °C Temperatura Ótima °C Termófilos 40 50 a 60 85 Mesófilos *** 25 a 40 *** Psicrófilos 0 Psicrotróficos 0 15 20 a Temperatura Máxima °C *** 30 *** Fonte: Pelczar e Joseph, 1997 A E. coli é um indicador aceitável para contaminação fecal e, portanto, para a possível presença de agentes patogénicos entéricos, porém CTV não o são. As bactérias aeróbias mesófilas podem ser consideradas como microorganismos indicadores, porém, representam menos precisão e confiabilidade dos 15 perigos das toxi-infecções alimentares, quando comparadas a outros indicadores. Contagem elevada de bactérias aeróbias mesófilas em alimentos “in natura” pode significar alteração e não um perigo em potencial à saúde do consumidor. Para o comércio internacional, especificamente para o importador de alimentos, é importante a informação da sanitização do processo, dos fatores intrínsecos tempo/temperatura, e das condições de transporte. Neste contexto, a mensuração da contagem bactérias aeróbias mesófilas é de fundamental importância. Se esta contagem está alta ou se há grandes variações entre as amostras analisadas, significa que, em algum momento do processo de produção daquele alimento, quer seja na manipulação, industrialização, conservação ou transporte, houve um desvio de processo. Gill (1995) publica que, ao se utilizar apenas dados de contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas na superfície de carcaças como indicadores, induz a uma avaliação de riscos limitada, pois não há correlação quantitativa entre o número destas bactérias e o número de bactérias patogênicas. Tergney e Bolton (2006), em consonância com Gill (1995), também demonstraram inviabilidade em relacionar a contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas com o nível de contaminação fecal em carcaças, e consideraram a contagem dessas bactérias apenas como um bom indicador de higiene geral do estabelecimento e não específica. 2.1.1.2 Bactérias Entéricas Indicadoras (Escherichia coli, Coliformes, Enterobacteriáceas) Gill, Mcginnis e Badoni (1996) recomendam que as contagens de E. coli, enterobactérias e coliformes totais sejam ferramentas mais adequadas para a avaliação de riscos à saúde associados à contaminação fecal de carcaças bovinas. Escherichia coli A E. coli, anteriormente chamada de Bacterium coli commune, foi isolada por Theodor Escherich em 1885, na tentativa de isolamento do agente causador da cólera, em todos os pacientes com diarreias (JAY, 2008). 16 Os indicadores sanitários foram, historicamente, desde 1895 sugeridos por Smith, utilizados para detectar contaminação fecal de água e a possível presença de patógenos intestinais. O primeiro indicador fecal foi a E. coli (JAY, 2008). Quando o conceito de indicadores fecais foi aplicado em alimentos, algumas características foram acrescentadas (JAY, 2008): 1 – De forma geral, a bactéria selecionada deve demonstrar especificidade, ocorrendo apenas em ambientes intestinais; 2 – Os indicadores devem ocorrer em altas concentrações nas fezes e podem ser encontrados em altas diluições; 3 – Devem apresentar alta resistência aos ambientes extra entéricos, assim como à poluição na qual estão sendo analisados; 4 – Devem permitir uma detecção relativamente fácil e rápida, mesmo quando presentes em quantidades muito baixas; Está inclusa no grupo dos coliformes, que envolve todas as bactérias gram negativas em forma de bastonete, não formadoras de esporos, aeróbias ou facultativamente anaeróbias, que fermentam a lactose com formação de gás em 48 horas, a 35° C (ICMSF, 2000). É indicador clássico nas análises de água, moluscos, lácteos e demais alimentos. A presença de E. coli em um alimento não implica diretamente a presença de um patógeno, e sim de um certo risco alimentar. Tal raciocínio é diferenciado para a Salmonella spp., que é considerada patogênica (ICMSF, 2000). A escolha da E. coli genérica como indicadora de processo pelo FSIS foi referenciado na conferência técnico científica realizada na Pensilvania, Filadélfia em 1995 que finalizou na publicação de “The Role of Microbiological Testing in Verifying Food Safety” (USDA, 1996c) e tiveram como parâmetros os seguintes pontos analisados: - a incidência de contaminação fecal durante o processo de abate; - associação de E. coli com a presença de bactérias enteropatogênicas; - maior vigilância dessas bactérias de interesse em saúde pública, como a E. coli O157:H7 e Salmonella spp, devido as suas características de crescimento e sobrevivência semelhantes ao indicador E.coli; - maior prevalência de E. coli em relação à Salmonella spp; - os testes quantitativos para E. coli permitiriam ações corretivas mais rápidas dos controles de processos; 17 - a pesquisa de E. coli é de maior segurança biológica em laboratórios dos estabelecimentos comparado com a Salmonella spp. Enterobacteriáceas Em alimentos “in natura” de origem animal, a maior parte das Enterobacteriáceas é originada de contaminação fecal e a presença elevada pode ser considerado deficiente higienização ou conservação inadequada. Alguns países consideram a contagem de Enterobacteriáceas, um indicador de inocuidade alimentar devido a alguns fatores, como exemplo à menor resistência da E. coli e outros coliformes em comparação à Salmonella spp, Erwinia e Serratia; ou seja, a ausência dos primeiros nos alimentos podem surtir resultados falsos negativos em relação à inocuidade alimentar. Os principais gêneros de interesse epidemiológico da família Enterobacteriaceae estão discriminados do Quadro 01. QUADRO 01- Família Enterobacteriaceae (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Gênero Predominantemente de origem Patogênica ao homem fecal I Escherichia SIM Alguns sorotipos II Edwardsiella SIM Alguns sorotipos III Citrobacter Algumas cepas NÃO IV Salmonella SIM SIM V Shigella SIM SIM VI Klebsiella Algumas cepas Alguns sorotipos VII Enterobacter Algumas cepas NÃO VIII Hafnia Algumas cepas NÃO IX Serratia NÃO NÃO X Proteus Algumas cepas Alguns sorotipos XI Yersinia SIM Alguns sorotipos XII Erwinia NÃO NÃO Fonte: ICMSF, 2000 18 Enterococos indicadores Especificamente trata-se dos Streptococcus e sua distribuição ambiental restringe a capacidade deste em ser considerado um indicador de contaminação fecal. Possuem grande resistência à dessecação, altas e baixas temperaturas, principalmente a processos de congelamento, detergentes e desinfetantes e sendo assim, são indicadores de processos de higienização e falhas dos processos tecnológicos descritos. Devido à sua alta resistência, dificilmente são correlacionados com micro – organismos patogênicos como Salmonella e Shiguella as quais são mais sensíveis. 2.1.1.3 Outros micro – organismos indicadores Staphylococcus aureus A presença deste micro – organismo nos alimentos é indicativo de contaminação da pele e orofaringe dos manipuladores. A quantidade alta deste micro – organismo em carnes curadas, tem - se a estimativa de haver cepas de S. aureus enterotoxigênicas em quantidade perigosa. Em relação à presença de Salmonella spp. em carne “in natura”, descreve-se que não é indicadora de processo, e sim de outros incidentes inerentes ao animal vivo e que a aplicação correta de procedimentos sanitários operacionais, não implica nas ações preventivas desta contaminação. Bactérias mesófilas esporuladas São indicadoras de tratamento térmico ineficiente dos alimentos em conserva, ineficiente fechamento da embalagem ou de armazenamento prolongado de carnes cozidas com deficiente temperatura. O micro – organismo de eleição é o Clostridium botulinum e seu crescimento com a produção de toxina se dá principalmente em ambientes onde a acidez não atinge o PH 4,5. Quando se encontram bactérias esporuladas em alimentos refrigerados ou desidratados em quantidade elevada, existe o risco da presença de Clostridium botulinum, Clostridium perfringens e Bacillus cereus, que são altamente patogênicos. 19 Enterovírus A utilidade dos vírus como indicadores em alimentos é problemática devido à dificuldade de demonstração da presença destes. As pesquisas são realizadas nos vírus formadores de placas em cultivo de tecidos. 2.1.2 International Commission on Microbiological Specications for Foods (Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos) ICMSF/2004 De acordo com ICMSF (2004), os princípios que determinam a escolha de micro – organismos indicadores são: 1. Sua presença deve indicar a possibilidade de alteração, falha operacional ou de processo; 2. Deve ser detectável e/ou quantificável facilmente; 3. Sua estabilidade e sobrevivência devem ser similares ou maiores ao micro – organismo perigoso ou deteriorante; 4. Sua capacidade de crescimento deve ser similar ou mais rápido ao micro – organismo perigoso ou deteriorante; 5. Possuir características estáveis; 6. Os métodos de identificação devem ser rápidos, baratos, seguros, sensíveis e podem ser validados e verificados com um controle positivo; 7. Quando os resultados são quantificáveis, a concentração do indicador pode correlacionar com o grau do perigo ou da deterioração do produto; 8. Os resultados podem ser aplicáveis a controles de processo; 9. Não deve expor risco ao analista; 10. Os métodos de análises não expõem risco ao ambiente e podem ser analisados no local da produção. Resumidamente, a Figura 03 ilustra de maneira simples o comportamento dos indicadores em relação ao patógeno cujo quantifica/qualifica. 20 FIGURA 03 - Princípio de micro – organismo indicador: capacidade de crescimento similar ou mais rápida ao micro – organismo perigoso ou deteriorante. Fonte: James M.Jay, 2008 2.2 Referências bibliográficas contaminação da carcaça bovina de fatores genéricos causadores de Pardi et al. (2001), descrevem que a contaminação em matadouro depende do tipo de solo e pastagens, da higiene dos animais (banhos), do ar e poeira, da água utilizada para lavagem de carcaça, dos equipamentos e utensílios, além da contaminação do conteúdo gastrointestinal e fecal, cuja merece destaque. No momento do abate, o rúmen pode conter aproximadamente 6,0 a 8,0 log 10 UFC/g de bactérias aeróbias mesófilas; 2,0 a 5,0 log10 UFC/g de psicrotróficos; 3,0 a 7,0 log10 UFC/g de E. coli e Enterobacteriaceae; e 3,0 log10 UFC/g de Salmonella spp. Nas fezes podem ser encontrados: 7,0 a 9,0 log10 UFC/g de microrganismos aeróbios; 2,0 a 5,0 log10 UFC/g de psicrotróficos; 6,0 a 9,0 log10 UFC/g de E. coli e Enterobacteriaceae; aproximadamente 6,0 log10 UFC/g de Clostridium perfringens; e 4,0 a 5,0 log10 UFC/g de Salmonella spp. Após o término das operações de abate, as carcaças bovinas podem apresentar 3 a 5 log10 /cm² de mesófilos aeróbios, 2 log10 /cm² de psicotróficos e 15 log10 /cm² de Enterobacteriaceae (ROÇA e SERRANO, 1995a). Os mesmos autories afirmam que o gênero Salmonella spp é, possivelmente, o mais perigoso da carne, considerando-se as estatísticas das toxi - infecções alimentares. 21 Os procedimentos operacionais, leiaute e tamanho das plantas frigoríficas, ventilação, estação climática do ano, tipo de criação dos animais, tipo de pelagem, volume de abate e demais fatores, influenciam diretamente na contaminação bacteriana da carcaça bovina. Estudos afirmam que a contaminação da carne ocorre por contato com a pele, pelos, patas, conteúdo gastrintestinal, leite do úbere dos animais e, ainda, equipamentos, mãos e roupas de operários, água utilizada para lavagem das carcaças, e ar dos locais de abate e armazenamento. A contaminação pode ocorrer em todas as operações de abate, armazenamento e distribuição, e sua intensidade depende da eficiência das medidas higiênicas adotadas (ROÇA e SERRANO, 1995a). Descrevem ainda que a variação das contagens microbianas, ao longo da linha de abate, depende da adesão ou fixação de microrganismos na superfície da carne, que pode ser dividida em três fases: a) adsorsão ou imobilização do organismo na superfície (deposição), devido à força de van der Walls que são muito fracas e actuam apenas quando as moléculas estão muito próximas umas das outras; b) consolidação do micro - organismo na superfície, aumentando a força de adesão pela formação de pontes de polissacarídeos (dextrana e ácido lipoteióico); c) colonização ou crescimento e distribuição dos organismos na superfície. Vários fatores afetam a adesão da bactéria na superfície da carcaça, principalmente o gênero da bactéria, temperatura ambiente, substratos presentes na carne, e das características físico químicas da carcaça, como pH e capacidade de retenção de água (ROÇA e SERRANO, 1995a). 2.2.1 Clima Barkocy – Gallagher et al., (2003), monitoraram três plantas frigoríficas de bovinos no Centro Oeste americano.O estudo demonstrou maior prevalência da incidência de O157:H7 nas fezes e maior prevalência na pele de Salmonella spp e E. coli no período de verão em ambos os casos. Entre 2003 a 2005, em um matadouro frigorífico exportador do estado de São Paulo – Brasil, a contaminação pela E. coli teve incidência maior na época da chuva em relação à seca (RIGOBELO et al., 2006). 22 Schwach (2007) descreve, em estudo realizado em um frigorífico exportador no estado de São Paulo – Brasil, em 2.253 carcaças bovinas, que a variação da contaminação microbiana em função das estações climáticas, considerada importante, como mostram os resultados encontrados por Barkocy-Gallagher et al. (2003), deve ser trazida para a realidade brasileira, onde esta variação entre as estações é pouco definida e as condições nacionais de criação são muito diferentes das encontradas nos EUA. Para as condições brasileiras, o clima tem pouca influência se comparado a outras variáveis do processo, como a própria influência das ferramentas do sistema HACCP. Já em 2008, Rigobelo et al. avaliaram no Brasil a contaminação por E. coli de carcaças bovinas durante as estações brasileiras de chuva e seca. Após lavagem de carcaça, 37 (32%) carcaças amostradas apresentaram presença de E. coli e observou-se que o isolamento de E. coli foi duas vezes maior (44%) na estação chuvosa quando comparada à estação seca (20%), corroborando com o estudo de 2006, do mesmo autor principal. Caselani (2010) observou que no período mais chuvoso e quente, de novembro a março, a proporção de resultados não aceitáveis foi superior a de aceitáveis em relação à Contagem Total de Viáveis em vários produtos cárneos analisados em vários setores de uma indústria frigorífica no Brasil. Casagrande (2011) avaliou os resultados de E. coli tipo 1 de 1.111 amostras de suabes de superfície de carcaças bovinas em um estabelecimento habilitado à exportação no estado do Mato Grosso – Brasil, em 2010, e não encontrou diferença significativa entre estações de seca e chuva, porém aponta que a maior ocorrência foi observada em setembro e outubro, 8,7% e 16,7%, respectivamente, sendo, no último, detectada a maior média de contagem, 14,06 UFC/cm². Machado (2012), analisando resultados de 10.124 suabes de carcaças bovinas, em três frigoríficos de 2008 a 2010, encontrou maior incidência de E.coli tipo 1 no período de primavera e verão, ratificando os achados de Casagrande. As coletas para este micro – organismo foram realizadas pela empresa. 2.2.2 Manejo dos animais Jardim et al. (2006) demonstraram resultados na Tabela 03, que permitem afirmar que as pastagens ofereceram um ambiente susceptível à contaminação dos 23 bovinos, principalmente em relação à pele, sendo eventuais fontes de contaminação as gramíneas, humanos, águas, fezes, solo e esgotos, enquanto o ambiente restrito de confinamento ofereceu menores oportunidades de contaminação dos animais. Em matadouro-frigorífico, sob Serviço de Inspeção Federal, localizado no Estado de Minas Gerais – Brasil, foi avaliada a contaminação da pele e da carcaça, através de suabes em cinco pontos, em 40 bovinos nelores do sistema extensivo e intensivo de engorda. TABELA 03 - Avaliação da contaminação da pele e da carcaça de bovinos nelores em sistema extensivo e intensivo de engorda Resultados em log10 UFC/cm2 Micro - organismos Antes da esfola Após esfola Após lavagem Aeróbios mesófilos e 3,72 pastagem 1,89 pastagem 2,19 pastagem anaeróbios facultativos 3,31 confinamento 1,78 confinamento 1,82 confinamento 1,27 pastagem 0,40 pastagem 0,55 pastagem 0,65 confinamento 0,40 confinamento 0,41 confinamento 0,86 pastagem 0,40 pastagem 0,42 pastagem 0,64 confinamento 0,40 confinamento 0,40 confinamento Coliformes totais E. coli Fonte: Jardim et al., 2006 Já Rigobelo et al. (2008) avaliaram a contaminação por E. coli de carcaças bovinas em pequeno abatedouro, no Brasil, em 216 carcaças e descrevem que apenas 4% das carcaças de animais a pasto e 10% das carcaças de animais confinados apresentaram isolamento de E. coli acima do limite satisfatório. Sugerem que os baixos índices de E.coli (STEC), em carcaças bovinas encontrados em alguns trabalhos brasileiros, são devidos ao eficiente operacional durante o procedimento de esfola e também pelo tipo de criação extensiva, uma vez que estes micro - organismos são detectados nas fezes desses animais. Em suabes de 100 carcaças quentes de bovinos, em um frigorífico exportador do estado de São Paulo – Brasil, a CTV foi de 1,12 log UFC/cm2 para 50 animais confinados e de 1,41 logUFC/cm2 para 50 animais terminados a pasto, sendo todos resultados satisfatórios: abaixo de 6,3 x 102 UFC/cm2. Contagens de E. coli para 24 animais terminados a pasto e para os confinados tiveram índices satisfatórios (utilizaram a referência Meat Industry Guidelines, da Food Standards Agency, UK, 2012) e com a mesma variação aritmética de 0,08 a 1,25 x 10 UFC/cm2, mas com médias de 0,78 para os terminados a pasto e 1,97 UFC/cm2 para os confinados, corroborando com os resultados de Rigobelo et al (2008) no que diz respeito à maior contaminação de E.coli em animais provenientes de confinamentos. A ausência de E. coli O157:H7 nas carcaças analisadas e nas amostras de fezes desses animais permite supor que haja uma baixa ocorrência desse sorotipo no Brasil. Apenas para Coliformes Totais, os animais confinados apresentaram 8% de índice insatisfatório (PRATA, 2009). Caselani (2010) encontrou população média de 1,67 ± 0,65 log 10 UFC/cm2 CTV para a terminação a pasto e 1,28 ± 0,63 log10 UFC/cm2 CTV para a terminação confinada, variando de 0,40 a 3,18 log10 UFC/cm2 CTV e de 0,18 a 2,80 log10 UFC/cm2 CTV em carcaças de bovinos criados a pasto e em confinamento, respectivamente. Dodd et al. (2011) relataram que a prevalência de Salmonella spp. em início e final de confinamento, nos EUA é de 64,7% e 72,6% respectivamente. 2.2.3 Ar atmosférico A pele e pelos dos animais mal higienizados podem ressecar a sujeira contida e transformar – se em poeira contaminante na sala de abate. Calcula-se em torno de 25 a 30% de matéria orgânica em suspensão nos aerossóis (PARDI et al., 2001). Entre os principais grupos de micro-organismos presentes no ar atmosférico no matadouro-frigorífico, encontram-se os micrococos, coliformes, bacilos e estafilococos, havendo predomínio de E. coli nos currais e sala de abate (ROÇA e SERRANO, 1995a). A separação física e a ventilação com fluxo de ar da área “limpa”, considerada após a finalização da esfola, em direção à área “suja”, área da sangria e esfola, (Prendergast et al., 2004; Roça e Serrano 1995a; Lutgring et al., 1997; Rahkio e Korkeala, 1997; Whyte et al, 2001) são importantes itens para diminuir a contaminação do produto pelo ar atmosférico, através de partículas sólidas de poeira, aerossóis decorrentes da lavagem de carcaças ou suspensão pela evaporação da água. Tal contaminação depende da qualidade do solo, da condição 25 de higiene e limpeza corporal dos animais, da qualidade do ar e da qualidade da água utilizada nos processos de abate das espécies. 2.2.4 Capacidade de abate Hansson (2001), na Suécia, descreve que, em abatedouros de bovinos de baixa capacidade, não há padronização técnica na metodologia de evisceração, causando grande variação na Contagem Total de Viáveis em comparação a grandes frigoríficos. Em consonância a este estudo, na Austrália, Phillips et al. (2001) encontraram diferença significativa em Contagem Total de Viáveis, sendo maior em estabelecimentos pequenos e estabelecimentos voltados ao mercado interno, enquanto que, especificamente para Salmonella spp e E. coli O157:H7, não houve diferença significativa entre os estabelecimentos. Ainda na Austrália, foi estudada a prevalência de microrganismos em carcaças em dois sistemas distintos de abate: um com práticas tradicionais, sem tecnologia, abatendo no máximo 30 animais por semana; e outro, em instalações modernas, abatendo de 60 a 260 animais por semana, e com funcionários dispostos em linhas de produção para realização da esfola e evisceração. Contrariamente aos dois autores citados acima, o sistema de abate “tradicional” foi menos contaminante em relação ao sistema mecanizado e operado por um número maior de funcionários (SUMNER et al. 2003). Casagrande (2011) avaliou os resultados de E. coli tipo 1 de 1.111 amostras de suabes de superfície de carcaças bovinas, em estabelecimento habilitado à exportação, no estado do Mato Grosso – Brasil, em 2010, observando uma ocorrência significativamente maior no primeiro turno de abate, 6,2%, em comparação ao segundo,1,6%, relacionando a presença do micro-organismo com os procedimentos operacionais. Porém, salienta que investigações adicionais são necessárias para caracterizar essa variação. Machado (2012) analisando resultados de 10.124 suabes de carcaças bovinas, em três frigoríficos, de 2008 a 2010, descreve que abates acima de 1.200 bovinos/dia, aumentam a chance de contaminação na carcaça. 26 2.2.5 Etapas do processo A população de Salmonella spp no rúmen e nas fezes de bovinos, no momento do abate, depende, entre outros fatores, da alimentação e distância de transporte. A proporção de Salmonella spp no rúmen aumenta com a distância de transporte, devido ao maior contato dos animais com material fecal. A incidência de bovinos portadores de Salmonella spp., na propriedade rural, é relativamente baixa, variando de 0,5% (Reino Unido) a 3,1% (Holanda) dos animais; no matadourofrigorífico, aguardando o momento do abate, atinge 20,1% (Reino Unido), apresentando em torno de 22,75 (Holanda) a 35,6% (Reino Unido) das carcaças contaminadas por este microrganismo no final das operações de abate (Ingram, 1972), (apud ROÇA e SERRANO, 1995a) A maior parte da contaminação bacteriana da carcaça que ocorre durante as operações de abate é adquirida durante a esfola. A superfície da carcaça é contaminada principalmente pela pele. A carcaça, após a esfola, apresenta uma contagem total de microrganismos na proporção quase constante de 0,3% do total de microrganismos da pele (ROÇA e SERRANO, 1995a). Zweifel, Fischer e Stephan (2008), na Suiça, descrevem que a quantificação da população de microrganismos viáveis das superfícies das carcaças é comumente utilizada para fornecer dados que indiquem o grau de cuidados higiênico-sanitários, durante as operações de abate, particularmente na esfola e evisceração. Pode-se dizer, portanto, que grande parte da contaminação das carcaças ocorre nas etapas iniciais de abate, porém, além da esfola e da evisceração, a lavagem e o resfriamento das carcaças também são considerados pontos críticos de controle, durante a produção de carne bovina (GILL, BRYANT e LANDERS 2003). Barkocy – Gallagher et al. (2003), nos EUA, descrevem que a contaminação de E. coli O157:H7, Salmonella spp, e non-O157 STEC foi bem mais evidente na pele em comparação com as fezes, enfatizando a importância das operações de esfola. 27 2.2.3 Pele e carcaça bovina Pardi et al. (2001) descrevem como fontes potenciais de contaminação em matadouros, a pele e pelos dos animais impregnados de sujidades e fezes. A pele e os pelos dos animais, depois destes retidos nos currais, contaminam-se sobremaneira em função do aumento da defecação, devido ao stress e pelo hábito do decúbito durante o período de descanso. Fatores como, a incidência da contaminação fecal na pele do animal vivo, a eficiência da evisceração e as práticas de higiene adotadas pelos estabelecimentos podem aumentar ou diminuir os níveis de bactérias nas carcaças bovinas (RIGOBELO et al., 2006). As bactérias patogênicas podem ser transmitidas da pele bovina para a carcaça, durante a esfola, de três maneiras: contato direto com a carcaça, contaminação cruzada através das mãos dos operadores ou utensílios/equipamentos e através da contaminação aérea, (ANTIC et al., 2010). 2.3 Métodos destrutivos e não destrutivos (suabes) de coletas de carcaça Os métodos de amostragem para análises microbiológicas de carcaças podem ser realizadas pelo método destrutivo e não destrutivo (suabe). Roça e Serrano (1995a), e baseado no levantamento microbiológico realizado em carcaças nos EUA (USDA, 1996a), semelhante a outros autores, consideram o método destrutivo mais eficiente, no que diz respeito ao conteúdo microbiológico, pois retira-se tecido superficial para análise, carreando todos micro -organismos da superfície. No entanto, a área em cm2 é reduzida e ocorre a depreciação da carcaça, é trabalhoso, não é possível em qualquer superfície da carcaça. Roça e Serrano (1995 a) citam que, somente as carcaças consideradas com alta contaminação inicial (após a esfola), em torno de 4,3 log10 UFC/cm2, mostram uma diminuição da contagem nos animais nos primeiros minutos das operações de abate (3,1 log10 UFC/cm2) e um leve aumento após 15 minutos (3,3 log10 UFC/cm2); as carcaças, consideradas com baixa contaminação (2,0 log10 UFC/cm2), não apresentavam diminuição da contagem após os primeiros minutos da esfola e aumentavam após 6 - 12 minutos (2,7 log10 UFC/cm2). As bactérias da superfície da carne não penetram no tecido muscular, até que atinjam altas contagens, pois envolvem a atividade proteolítica de bactérias, 28 principalmente hidrólise de colágeno, e as enzimas, responsáveis por esta hidrólise, são produzidas somente na fase logarítmica de crescimento. O método não destrutivo é mais abrangente no que diz respeito à área coletada, porém com menos oportunidade de substrato microbiológico. 2.3.1 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas nas fezes, na pele e carcaça bovina Bacon et al. (2000), nos EUA, utilizando a técnica da esponja (100 cm2) em três regiões da carcaça de bovinos (flanco, peito e alcatra), mensuraram a população microbiana na superfície da carcaça bovina em diferentes estágios do abate em 8 plantas. Os autores obtiveram valores variando de 6,2 a 10,5 log 10 UFC/cm2 para Contagem de Viáveis Totais; 4,0 a 5,9 log10 UFC/cm2 para Coliformes totais; e 3,5 a 5,5 log10 UFC/cm2para E. coli na pele, enquanto que o nível de contaminação, observado nas carcaças após a esfola, estava na faixa de 4,1 a 7,1 log10 UFC/cm2 para Contagem de Viáveis Totais 1,0 a 4,0 log10 UFC/cm2 para Coliformes totais e 0,6 a 3,3 log10 UFC/cm2 para E. coli. Barkocy – Gallagher et al. (2003) monitoraram três plantas frigoríficas de bovinos no Centro Oeste americano. A E. coli O157:H7 foi encontrada em 5,9% das amostras fecais, 60,6% na pele e em 26,7% das amostras de carcaças antes da evisceração. A Salmonella spp. foi encontrada em 4,4% das amostras fecais, 71,0% na pele e em 12,7% das amostras de carcaças antes da evisceração. Um estudo americano demonstrou a prevalência de E. coli O157:H7 em fezes, pele e carcaças bovinas, durante o processo industrial; nos meses de verão, julho e agosto de 1999, a presença de pelo menos uma EHEC nas fezes foi em 72% dos 29 lotes estudados, e na pele, 38%; a prevalência foi de 28% (91 de 327) de testes positivos para o micro - organismo em questão. Há evidências de significativa dependência entre a contaminação da pele pelas fezes (P= 0.001). As carcaças foram avaliadas em três fases do abate, sendo pré - evisceração, pós - evisceração (antes do tratamento antimicrobiano) e após a entrada nas câmaras de resfriamento, apresentando, nesta sequência, as seguintes prevalências de E. coli O157:H7: 43% (148 de 341), 18% (59 de 332) e 2% (6 de 330); ficou evidenciada efetiva ação dos produtos antimicrobianos (ELDER et al., 2000). Na Irlanda, McEvoy et al. (2003) isolaram Salmonella spp. 7,6% das amostras de suabes de 250 carcaças quentes de bovinos e 2% das amostras fecais colhidas 29 em um abatedouro ao longo de 12 meses, sendo mais acentuada entre agosto e outubro. Estes autores identificaram E.coli O157 2,4% nas fezes e 3,2% de ocorrência em carcaças. A prevalência dos patógenos em carcaças foi sugerida por ser resultado de diferentes técnicas e regimes de amostragem, diferenças na higiene das operações de esfola e evisceração ou variações geográficas na incidência de Salmonella spp. Conforme revisão de Koohmaraie et al. (2005) sobre patógenos na carcaça bovina, há a prevalência na pele bovina de 50,3% a 91,8% de Salmonella spp. em duas plantas frigoríficas americanas. Descrevem que, tanto para Salmonella spp. como para E. coli O157:H7 non-O157 STEC, a contagem é menor no material fecal quando comparada às carcaças bovinas, e a contagem bacteriana é excessivamente mais alta imediatamente após a esfola. Para esses autores, a prevalência da E. coli O157:H7 e Salmonella spp da carne bovina têm, como fonte primária de contaminação, a pele. Brichta-Harhay et al. (2008), analisando pele bovina e carcaças na préevisceração e pós – evisceração, em frigoríficos de 4 regiões geograficamente distantes dos EUA, em 2005 e 2006, constataram uma incidência de Salmonella spp de 89,6% na pele, 50,2% na pré evisceração e 0,8% na pós evisceração; para a Contagem Total de Viáveis a média foi 6.17 a 8.19 na pele , 4.24 a 6.47 pré evisceração, e 1.46 a 1.96 log10 UFC/100 cm2 pós evisceração. A prevalência de E.coli O157: H7 foi de 46,9%, 37,3% e 16,7%, na pele, pré evisceração e pósevisceração mostrando transferência de contaminação da pele para a carcaça através da contaminação cruzada durante os procedimentos operacionais. Ficou estabelecido, nos EUA, por Arthur et al. (2009) que, no momento do abate, a pele é a principal fonte de contaminação das carcaças bovinas por E. coli O157:H7. Em sete frigoríficos de pequeno porte, nos EUA, Bosilevac et al. (2009) obtiveram em 1.995 peles bovinas, 71% de E. coli O157:H7 (12% de enumeração ≥ 40 UFC/100 cm2) e 91% de Salmonella spp (36% de enumeração ≥ 40 UFC/100 cm2). Na pré - evisceração das 1.995 carcaças, a prevalência de E. coli O157:H7 foi de 33% (com 2% de enumeração ≥ 0,8 UFC/100 cm2) e para Salmonella spp. foi de 58% (com 8% de enumeração ≥ 0,8 UFC/100 cm2). Foi encontrada a média de 7 log UFC/cm 2 para Contagem Total de Viáveis (CTV), em 40 peles de bovinos em cinco pontos de suabe de 100 cm 2 da carcaça 30 (peito, metacarpo, traseiro, flanco e pescoço), em frigoríficos de pequeno porte, em três regiões da Servia. Em todas as amostras de pele, a presença de E. coli foi constada, porém nenhuma com Salmonella spp. Estudou-se também a contaminação direta da carne por estas bactérias provenientes da pele e a conclusão foi que, a contaminação é cruzada durante os procedimentos e não diretamente (ANTIC et al., 2010). Em dois frigoríficos da Sérvia, foram realizados suabes em duas fases do processo de abate de bovinos e suínos. Em 100 bovinos, 50 em cada frigorífico, as etapas dos suabes foram: 1 - imediatamente após a sangria, mas antes do início da esfola em uma área de aproximadamente 2 000 cm 2 de pele, (traseiro lateralperianal – traseiro medial -flanco-peito-pescoço; 2 - antes do resfriamento nas mesmas áreas correspondente ao primeiro suabe. Os suabes dos bovinos foram para enumeração de Contagem Total de Viáveis (CTV), Enterobacteriáceas e E. coli O 157 e pretendeu-se estimar o nível de higiene dos frigoríficos e os critérios adotados como aceitável, marginal e inaceitável, obedecendo os Critérios Higiênicos de Processo do Regulamento CE 2073/2005 (alterado pelo EC 1441/2007) (BLAGOJEVIC et al., 2011). Os resultados deste trabalho estão elucidados nas Tabelas 04 e 05. 31 TABELA 04 - Suabes em pele de bovinos (após a sangria e antes da esfola) Frigorífico A – 50 peles Frigorífico B - 50 peles bovinas bovinas Contagem Total de 2 Viáveis, TVC (UFC/cm ) Enterobacteriaceae 2 (UFC/cm ) E. coli O157 (%) Média 1.08 x 108 Média 8.28 x 107 Max 1.65 x 1010 Max 3.89 x 109 Min 1.86 x 106 Min 1.45 x 106 Média 1.97 x 102 Média 2.92 x 102 Max 8.13 x 104 Max 4.27 x 103 Min 0.15 x 101 Min 3.02 x 101 52 64 Fonte: Blagojevic et al. 2011 TABELA 05 - Suabes carcaça de bovinos (antes do resfriamento) Frigorífico A - 50 carcaças bovinas Frigorífico B - 50 carcaças bovinas Contagem Total de Média 1.26 x 104 Média 1.42 x 103 Viáveis, TVC em Max 6.92 x 105 Max 3.63 x 104 (UFC/cm2) Min 4.79 x 102 Min 1.58 x 102 Média 1.06 x 101 Média 1.42 x 103 Max 1.48 x 103 Max 3.63 x 104 Min 0.11 x 101 Min 1.58 x 102 12 14 Enterobacteriaceae 2 (UFC/cm ) E. coli O157 (%) Fonte: Blagojevic et al. 2011 32 2.3.2 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça bovina Com a publicação, em 1996, do Programa de Redução de Patógenos/HACCP dos EUA, o FSIS, em junho de 1997, em conjunto com “The Biosciences Division Microbiology Division” e “Data Analysis and Statistical Support Staff - Evaluation and Analysis Division” coordenaram um programa nacional para estimar a prevalência qualitativa da Salmonella spp e E. coli, sendo que, nesta última, a mensuração foi quantitativa também, em carcaças bovinas, em frigoríficos, sob responsabilidade do serviço de Inspeção Federal americano, FSIS . A escolha das bactérias foi baseada an “An Evaluation of the Role of Microbiological Criteria for Foods and Food Ingredients” publicado em 1985 pelo “Subcommittee on Microbiological Criteria of the National Research Council, National Academy of Sciences” (NAS), que resumidamente, descrevem a respeito das bactérias patogênicas e suas toxinas e as bactérias indicadoras. Em relação à E. coli, o conceito era que este micro-organismo estava relacionado aos controles higiênicos dos processos industriais. As coletas foram realizadas por inspetores veterinários do FSIS e a metodologia utilizada foi a recomendada no HACCP, ou seja, suabe de 300 cm² coletadas em três pontos de meias carcaças (flanco, peito e alcatra, obedecendo esta ordem de coleta). A preocupação era identificar as bactérias patogênicas presentes naturalmente no humano ou no próprio animal, que, devido às falhas de processo de abate, poderiam estar presentes na carne bovina em natureza. Ficou entendido, na época, que o processo de abate finalizava após o resfriamento das meias carcaças, ou seja, que as operações de abate é que seriam responsáveis por contaminações das carcaças até esta fase operacional e este seria o momento ideal para avaliar as condições sanitárias do produto em questão (USDA, 1998). O resultado final, obtido em 1.881 análises, foi 312 positivas para E.coli, com prevalência de 16.6%, com erro padrão de 0.9, e 1.2% de Salmonella spp, com erro padrão de 0.3%. A média geométrica de contagem dos resultados positivos da E.coli foi de 0,26 UFC/cm², com variação de 0.22 a 0.32 UFC/cm², com 95% de intervalo de confiança. A média logarítmica foi de -0,58 log10 UFC/cm², com erro padrão 0.04 (USDA, 1998). O limite de detecção para E. coli foi de 0.042 UFC /cm². 33 No Canadá, Gill et al. (1998), analisando suabes de carcaças quentes bovinas de 10 frigoríficos, com abates diários variando de 20 a 2.000 cabeças, encontraram valores médios de E. coli variando entre 2 e <100 UFC/cm2, Coliformes entre 3 e <100 UFC/ cm2 e entre 2 e < 5 UFC/ cm2 para CTV . Gill et al. (2000) em um pequeno abatedouro no Canadá, avaliando 50 carcaças bovinas após a lavagem, através de suabe de 100 cm2, com uso de esponja, obtiveram contagens médias de 2,50 log10 UFC/ cm2 de aeróbios totais, 2,00 log10 UFC/100 cm2 de coliformes e 1,50 log10 UFC/100 cm2 de E. coli. Phillips et al. (2001), na Austrália no ano de 1998, encontraram uma média de 2,42 log10 UFC/ cm2 de Contagem Total de Viáveis, E. coli foi detectada em 10.3%, E. coli O157:H7 encontrada em 0.1% e 0.2% de Salmonella spp em 1.275 suabes de carcaças bovinas em 21 estabelecimentos. Hansson (2001), em análise de 200 carcaças bovinas, em frigoríficos de alta e baixa capacidade da Suécia, encontrou, nas unidades de alta capacidade, coliformes em 50% das amostras, com nível máximo de 3,7 x 102 bactérias/cm2 e 42% nas plantas de baixa capacidade, com índice máximo de 1,5 x 10 4 bactérias/cm2. No teste para E. coli, nos abatedouros de alta capacidade, foi detectada em 34% das amostras de carcaças bovinas e naqueles de baixa capacidade, em 41% das amostras. Sumner et al. (2003), trabalhando com quatro abatedouros de tecnologia mais avançada e treze pequenos estabelecimentos com metodologia tradicional, na Austrália, no ano de 2002, analisaram 159 carcaças resfriadas de bovinos, através de suabes de 200cm2. Foi encontrada a média de 1,82 log10/cm2 (variação de 0,47 a 3.16) para CTV e a E. coli foi detectada em 18,8%, com valor médio de 0,34 log10/cm2. A prevalência de E. coli foi menor nas empresas tradicionais, com média de 8,4% (-0,88), porém, nos abatedouros mais modernos, a detecção foi em torno de 28,4% (-0,33). A CTV nas empresas tradicionais teve média de 1,81 log, e nos abatedouros mais modernos, a média foi em torno 1,72 log. De acordo com Gil (2002), o limite crítico é de 105/cm2 de micro – organismos viáveis na superfície de carcaças de bovinos, sendo que, acima disso, significa que o abate ocorreu em más condições de higiene. Roça e Serrano (1995b) encontraram média de 0,9961log10 UFC/cm2 Contagem Total de Viáveis em carcaças quentes de 16 bovinos da raça nelore, em estudo desenvolvido, em um frigorífico do estado de São Paulo - Brasil. 34 Gill, Bryant e Landers (2003), com objetivo de identificar pontos críticos de controle na produção de carne moída, analisaram 25 carcaças bovinas, pela técnica de suabe, em superfície (100 cm2) após a esfola em um abatedouro, obtendo-se valores médios de 1,86 log10 UFC/ cm2 para aeróbios totais, 3,27 log10 UFC/2.500 cm2 para coliformes totais e 3,16 log10 UFC/2.500 cm2 para E. coli . Na Irlanda, Minihan et al. (2003) isolaram E. coli a partir da região do pescoço, região mediana e alcatra em 100%, 93% e 90%, respectivamente, em carcaças, com contagem >2 log10 UFC/100 cm2. Foi desenvolvido trabalho entre 2003 a 2005 em um matadouro frigorífico do estado de São Paulo – Brasil, sob Inspeção Federal, onde a contaminação de carcaça pela E. coli foi analisada na pré – evisceração com 22.5% a 30% e pós – evisceração com 55% a 70% e após lavagem com 17.5% a 27.5% (RIGOBELO et al., 2006). De acordo com os estudos de Koohmaraie et al. (2005), outros autores descreveram que 53.9% das carcaças bovinas, durante o processamento em várias plantas americanas, apresentaram resultado positivo para E.coli non – O157 STEC antes da evisceração. No Brasil, Rios (2005), trabalhando com 80 meias carcaças bovinas quentes e resfriadas em dois estabelecimentos, sob Serviço de Inspeção Federal, no estado de Goiás, encontrou com a técnica de PCR com pré enriquecimento, a prevalência de 11,40% a 28,80% de E. coli e 2,22% a 14,28% de E. coli O157:H7. Vo et al. (2006) confirmaram a presença de Salmonella em 27,4% das 390 amostras provenientes de fezes, carcaças e carne de bovinos, sendo 16 carcaças positivas, ou seja, incidência de 4,10%. David et al. (2006), em levantamento nacional, finalizado em 2004, através de 1.155 amostras de suabes de carcaças bovinas de 27 frigoríficos da Austrália, não encontraram Salmonella spp, a CTV teve como média de 1,3 UFC/cm2 e a prevalência da E. coli foi de 8% com enumeração de − 0.8 log UFC/cm2. Zweifel, Baltzer e Stephan (2005), em um trabalho desenvolvido na Suiça, em 2004, em cinco frigoríficos de bovino e suíno, com total de abate de 800 bovinos e com capacidade anual de 10 milhões de Kg de produto bovino e suíno, foram avaliadas semanalmente em número de 10 carcaças, através da técnica de suabe preconizada pela Decisão UE 471/2001 (revogada pelo Regulamento EC 2073/2005, e este alterada pelo Regulamento EC 1441/2007) para pesquisa de 35 Enterobacteriáceas e Contagem Total de Viáveis (CTV). A média da contagem em carcaças bovinas para CTV foi de 2.1 a 3.1 UFC/cm2 sem diferença significativa entre os abatedouros e para Enterobacteriáceas variou com média logarítmica de 0.09 a 0.36 UFC/cm2, sendo que a prevalência desta nas carcaças bovinas foi de 12% a 34%, tendo como média 31%. Em trabalho desenvolvido entre 2003 a 2005, em um matadouro frigorífico do estado de São Paulo – Brasil, sob Inspeção Federal, foi identificada a ocorrência de Shiga Toxina (STEC) da E. coli em apenas uma carcaça de bovino, ou seja, 1,25%, das 80 analisadas. (RIGOBELO et al. 2006). No estado de Goiás – Brasil, Lopes (2005) em dois frigoríficos, sob Inspeção Federal, de grande porte, analisou 60 suabes de meias carcaças, sendo que 31,66% foram positivas para E. coli, com variação de 6,67% a 20% para quentes e 3,33% a 33,33% para resfriadas. Não encontrou E. coli O157:H7. Em 1997, de janeiro a dezembro, no sul e sudeste brasileiro, estudos de Silveira, Siva e Contreras (1999), em pesquisa de E. coli O157:H7 em 886 hamburgueres, provenientes de indústrias frigoríficas, não encontraram E. coli O157:H7 em nenhuma amostra. O mesmo se repetiu com Silva et al. (2001), analisando 340 produtos cárneos, também no sul e sudeste brasileiro, em ambientes industriais, não isolaram E. coli O157:H7. Em 2006, Kiermeier et al., através do programa do serviço de inspeção australiano, AQIS (Australian Quarantine and Inspection Service) que implementou o método não destrutivo do programa de monitoramento de E.coli e Salmonella spp. ESAM (Escherichia coli and Salmonella spp. Monitoring – Program), encontraram o índice aproximado de 3,0% de E. coli em 13.600 análises de carcaças de bovinos jovens e 7,1% em bovinos adultos em 7.250 análises. Em 2.700 análises para Salmonella spp, o índice foi de 0.3%. Phillips et al. (2006) realizaram, durante o ano de 2004, levantamento em 27 estabelecimentos, com 1155 análises pelo método não destrutivo, em carcaças bovinas e constataram 8,0% e média quantitativa de 0,16 UFC/cm² (-0,8 logUFC/cm²) de E. coli e ausência de Salmonella spp. Em 2006 e 2007, em Alberta, Canadá, foram analisados suabes de carcaças de bovino e suíno. Os resultados obtidos nas amostras de bovino foram: 0.1% de positivos, em 1036 amostras testadas para Salmonella spp,; 1.5% de positivos para 36 1022 amostras testadas para Campylobacter spp.; e 5.4% de positivos para 1018 amostras de E.coli produtora de toxina Shiga (STEC). O isolamento de bactérias coliformes em carcaças bovinas foi de 22.4%, enquanto que a E. coli genérica estava presente em 14.6% (BOHAYCHUK, GENSLER e BARRIOS, 2011). Schwach (2007) analisou 2.253 amostras de suabes, em quatro pontos de carcaças bovinas após resfriamento, coletadas pelo autocontroles, em matadourofrigorífico exportador, no estado de São Paulo – Brasil, antes e após a implantação de sistemas de autocontrole. Em 2005, a presença de E. coli foi de 51,15% e, em 2006, 13,71% com médias de contagem de 1,15 logUFC x 100/cm² (±1,23) e 0,276 log UFC x 100/cm² (±0,73), respectivamente. As coletas deste trabalho para este micro – organismo foram realizadas pela empresa. Zweifel, Fischer e Stephan (2008) analisaram, em quatro pontos de 535 carcaças bovinas, de acordo com Regulamento Europeu (EC) 2073/2005 (alterado pelo Regulamento EC 1441/2007), em frigoríficos de baixa capacidade, e descrevem que o pescoço é o local mais contaminado, o que havia verificado em 2003, quando trabalharam com 580 carneiros em três abatedouros suíços, onde a maior contaminação foi evidenciada no peito e pescoço. A contaminação microbiana da carcaça no peito é mais relevante em comparação com outras áreas, como o traseiro e o flanco, incluindo a patogênica E. coli O 157, no processo de abate de bovinos; no entanto, a E. coli O157 e a Salmonella spp são evidenciadas mais no metacarpo quando comparado ao peito, mas o risco desta contaminação à carcaça é baixo, devido à facilidade de remoção da área contaminada (NASTASIJEVIC, MITROVIC e BUNCIC, 2007). Rigobelo, Santo e Marin (2008), em um pequeno abatedouro do estado de São Paulo - Brasil, 216 carcaças bovinas foram amostradas com suabes em três fases de produção: pré – evisceração, pós – evisceração e após a lavagem. A prevalência de E.coli foi de 58%, 38% e 32% respectivamente. Somente 3 carcaças, das 85 pesquisadas, ou seja 1,4%, foram positivas para E. coli STEC. Em relação à E. coli O157:H7 foi ausente e comentam que a porcentagem deste micro – organismo em carcaças bovinas, no Brasil, é de 0,06%. Na Espanha, Martínez et al. (2009) obtiveram, na maioria das 60 carcaças amostradas por suabe, níveis de Contagem Total de Viáveis entre 3,10 a 4 log10 UFC/cm2. 37 Em frigoríficos de pequeno porte, em três regiões da Servia, através de suabes de carcaças, os locais de contaminação significativamente alta foram o peito e metacarpo, com CTV de 6,9 a 7,1 log UFC/ cm2 com ocorrência de E. coli de 65% a 75% (ANTIC et al., 2010). Através da metodologia europeia de coleta de suabes de carcaça bovina, em um frigorífico do estado de São Paulo – Brasil, em testes para mensurar a pressão e temperatura da água de lavagem, 100 carcaças apresentaram contagem para CTV entre médias aritméticas de 27,7 a 62,4 UFC/cm2, sendo o valor maior para carcaças não lavadas (SABA, BURGER E ROSSI, 2010). No Canadá, Gill e Badoni (2010) relataram valores médios de micro organismos viáveis, variando de 1,20 a 1,60 log10 UFC/cm2, através de suabes de 25 carcaças bovinas quentes. Caselani (2010), em pesquisa com duração de um ano, desenvolvida em abatedouro-frigorífico habilitado à exportação, com abate aproximado de 850 bovinos ao dia, localizado no Estado de São Paulo - Brasil, baseado em coletas em quatro pontos (suabes) de superfície de carcaça, em 200 carcaças para Contagem Bacteriana Total (carcaças quentes), 775 para E. coli, 264 para Salmonella spp. e 100 para Coliformes totais e E. coli O157:H7 (carcaças resfriadas). O autor optou por utilizar critérios de análises de resultados definidos pela “Food Standards Agency”, UK. A contagem total de viáveis variou de 0,18 a 3,18 log 10 UFC/cm2. A enumeração de E. coli foi de 0,21 ± 0,51 log10 UFC/cm2, variando de 0 a 1,81 log10 UFC/cm2, com uma ocorrência de 22% de amostras positivas. Não foram encontrados E. coli O157:H7 e Salmonella spp. Brandão (2011), analisando suabes de 25 carcaças bovinas, pela metodologia europeia (quatro pontos amostrados), em diferentes locais do abate, desde a sangria até depois da lavagem de carcaça, em abatedouro habilitado à exportação, no estado do Paraná - Brasil, encontrou Mesófilos (CTV) entre 2,3 e 3,4 log UFC/cm² com média de 1,46 log UFC/cm², 0,23 log UFC/cm² para Coliformes Termotolerantes e 0,21 log UFC/cm² para E.coli e ausência de Salmonella spp. e de E coli O157:H7. Bello et al. (2011), em estudo realizado em três abatedouros na Nigéria, demonstrou o aumento nas contagens de E. coli em superfície de carcaças após a lavagem, incluindo E. coli O157:H7. Antes da lavagem, 360 carcaças apresentaram 4.3 a 4.6 log10 UFC/cm2 e após lavagem, 4.6 a 4.9 log10 UFC/cm2, com prevalência de 2,8% de E. coli O157:H7. A água utilizada na lavagem das carcaças apresentou 38 contagem de E. coli de 22 a 120 UFC/100ml, inclusive E. coli O157:H7 em 4,2% das 72 amostras analisadas, o que poderia ter contribuído para o aumento da contaminação. Casagrande (2011) avaliou os critérios de verificação (média e limite superior) dos resultados de E. coli de 1.111 amostras de suabes de superfície de carcaças bovinas, em estabelecimento habilitado à exportação, no estado do Mato Grosso – Brasil, em 2010, onde foi encontrada a ocorrência de 4,4% para o microrganismo. As coletas para este micro – organismo foram realizadas pela empresa. Como critério para limite superior, adotou a Circular 1058/2008/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) que orienta somar duas vezes o desvio padrão à média obtida. A média de contagem de E. coli do total de resultados (positivos e negativos) foi de 0,18 UFC/cm², com desvio padrão de 2,56 UFC/cm² e limite superior de 5,31 UFC/m². A média de contagem de E. coli, obtida apenas dos resultados positivos, foi de 4,08 UFC/cm², com desvio padrão de 11,67 UFC/cm² e limite superior de 27,43 UFC/m². As 82 análises para Salmonella spp. foram negativas. Machado (2012), em 10.124 amostras de suabes de carcaças bovinas resfriadas em três frigoríficos de 2008 a 2010, encontrou 1,34 a 22,89 UFC/cm2 de resultados positivos para E. coli Tipo I e o desvio padrão teve uma variação entre 3,36 (0,53 log/cm2) e 90,86 (1,96 log /cm2). As coletas deste trabalho para este micro – organismo foram realizadas pela empresa. Na presente monografia, a E. coli Tipo I ou genérica é aquela com perfil bioquímico para o IMViC (Indol, Vermelho de Metila (VM), Voges-Proskauer e Citrato) caracterizado da seguinte forma: Indol (+ ou -); VM (+); VP (-) e Citrato (-). A prevalência de Salmonella spp em 738 análises foi de 0,14%, ou seja, um positivo. 2.3.3 – Referências bibliográficas de métodos não destrutivos (suabes) da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça resfriada x carcaça quente bovina O programa de redução de patógenos americano entende que o processo de abate finalizava após o resfriamento das meias carcaças, e este seria o momento ideal para avaliar as condições sanitárias do produto em questão (USDA, 1998). No entanto, o Europeu adota que o resfriamento de carcaças significa outro processo e mensura o operacional do abate, após a lavagem de carcaça e antes do resfriamento. 39 A diferença da interpretação dos resultados das análises de amostras de suabes de carcaças, realizadas antes do resfriamento ou após este, significa que, no primeiro caso, mensuram-se os procedimentos realizados durante o abate e, no segundo, estimam-se as ações preventivas realizadas para mitigar a contaminação durante os processos de abate e resfriamento (ICMSF, 2011). Rios (2005), em 80 suabes de meias carcaças bovinas, em Goiás em dois frigoríficos, encontrou variação de 2,22% a 14,28% de E. coli O157:H7 em carcaças quentes e 2,85% a 6,66% em carcaças resfriadas. Também cita que 17,50% foi positivas para E. coli, em carcaças quentes e nas resfriadas, de 26,25%. O trabalho não descreve se houve diferença significativa ou não. Baseado na Decisão CE 471/2001 (CE, 2007), (revogada pelo EC 2073/2005, e esta alterada pelo Regulamento EC 1441/2007), um estudo de um ano, na Irlanda, obteve contagens de aeróbios totais viáveis, variando de 2,80 a 4,30 log10 UFC/cm2 em 36 carcaças bovinas após a lavagem e antes da refrigeração (MCEVOY et al.,2004). Coletaram amostras em várias etapas de processo e os resultados de Coliformes fecais (termotolerantes) e E. coli estão na Tabela 06, não identificando diferença significativa em carcaças quentes e resfriadas. TABELA 06 - Coliformes fecais (termotolerantes) e E. coli em carcaças quentes e resfriadas Coliformes fecais (termotolerantes) E. coli Local Após lavagem Após refrigeração Após lavagem Após refrigeração Peito 3,34 log10 UFC/ cm2 2,85 log10 UFC/ cm2 2,47 UFC/ cm2 1,18 UFC/ cm2 Pescoço 3,41 log10 UFC/ cm2 2,94 log10 UFC/ cm2 2,00 UFC/ cm2 1,95 UFC/ cm2 Fonte: Mcevoy et al.,2004 França et al. (2006), em avaliação bacteriológica de 160 meias carcaças bovinas quentes e resfriadas, através do método não destrutivo no coxão, paleta e pescoço, 100 cm2 cada ponto, em dois grandes frigoríficos exportador, no estado de Goiás – Brasil, sob Inspeção Federal, com média de abate diário nas duas plantas de 2.500 bovinos demonstraram que não houve diferença significativa nos resultados microbiológicos quando comparadas carcaças quentes e resfriadas, 40 durante o ano de 2004. Para CTV apresentaram valores de contaminação máxima de 3 a 5,5x104 UFC/cm2. A média das contagens de E. coli foi de 0,146 log10 (1,4 NMP). Fontoura et al. (2010), trabalhando com superfície de 40 meias carcaças bovinas em matadouro-frigorífico situado no estado de São Paulo - Brasil, com capacidade de abate em torno de 950 bovinos/dia, submetido a programas de autocontrole como procedimento padrão de higiene operacional, análise de perigos e pontos críticos de controle, dentre outros, com inspeção federal permanente, demonstraram não haver diferença estatisticamente significativa (p > 0,05) entre as médias das populações de micro - organismo mesófilos na superfície de carcaças imediatamente após a lavagem (quentes), 1,8 x 10 UFC/cm 2, e após 24 horas sob refrigeração 1,3 x 10 UFC/cm2. O total dos suabes foi de 80 amostras divididas entre coxão, lombo e ponta – de – agulha, sendo 40 logo após a lavagem e 40 após 24 hs de refrigeração. A pesquisa para Salmonella spp foi ausência e apenas uma amostra de carcaça após a lavagem foi positiva para coliformes totais e coliformes fecais (termotolerantes) apresentando número mais provável de 4,0 microrganismos/cm2. As Tabelas 07 e 08 resumem as revisões bibliográficas de coletas não destrutivas, internacionais e nacionais, respectivamente. 41 TABELA 07 – Compilado da revisão bibliográfica internacional (suabes) Amostra Autor PAÍS Quanti- s dade de Escherichia coli (Suabes Estabe- Carcaças leci- Preva- Enume- E. coli ) mentos lência ração O157:H7 1.881 1 - FSIS, 1998 EUA amostras resfriada al.,1998 3 - Bacon et al. 2000 Canadá *** 4 - Gill e badoni, todos 16,6% 5 - Phillips Austrália Suíça 2001 7 - Barkocy Gallagher amostras quentes 10 *** 8 *** amostras EUA et al., 2003 1.275 amostras 200 amostras amostras quentes Preva lência log10 *** *** 2 e <100 UFC/cm2 *** *** *** *** 0,6 a 3,3 log10 UFC/cm Enume- Preva- ração lência *** 1,2% *** 2 UFC/100 *** 10.3% 34% a 41% 3 *** 4 18,8%, 1 *** log10 UFC/cm *** *** 2 2,50 log10 *** *** *** 0.1% *** *** *** *** *** *** *** 26,7% *** *** 12,7% *** *** 3,2% *** *** *** cm2 21 2 e <5 UFC/ cm2 4,1 a 7,1 1,50 log10 1 quentes 6Hansson, quentes a spp UFC/.cm2 50 Canadá 2000 et al., 2001 amostras Salmonell Viáveis - 0,58 s 2 - Gill et Contagem Total de UFC/ cm2 2,42 log10 UFC/ cm2 *** 0.2% 159 8 - Sumner et al., 2003 Austrália amostras resfriada 0,34 log10/cm 2 1,82 log10/cm2 *** s 250 9 - McEvoy Irlanda et al., 2003 Landers, 25 Canadá 1 *** Irlanda amostras quentes/r esfriadas UFC/2.50 0 cm2 36 11 - al.,2004 amostras 3,16 log10 quentes 2003 McEvoy et *** *** 7,6% quentes 10 - Gill Bryant e amostras 1,18 a 1 *** 2,47 UFC/ cm2 1,86 log10 UFC/ cm2 *** 2,80 a 4,30 *** *** log10 UFC/cm2 *** 42 Autor PAÍS Amostra Quanti- Escherichia coli Contagem Total de Salmonell Viáveis a spp s dade de (Suabes Estabe- Carcaças leci- Preva- Enume- E. coli ) mentos lência ração O157:H7 5 *** *** *** *** 27 8% *** *** *** *** *** *** 0.3%. *** *** *** *** 0.1% Preva lência Enume- Preva- ração lência 12 – Zweifel, Baltzer e 800 Suiça Srephan, amostras quentes 2,1 a 3,1 UFC/cm2 *** 2005 13 - David et al.,2006 Austrália 1.155 −0.8 log10 UFC/cm2 1,3 log10 UFC/cm2 Ausência 20.850 amostras para E. coli 14 Kiermeier et al., 2006 Austráli a *** 2.700 3,0% a 7,1% amostras para Salmonel la spp 1.018 14.6% amostras para E. para E. 15 – coli coli Bohaychuk, Gensler e Canadá *** Barrios, 1.036 2011 amostras 5.4% para E. coli para Shiga Salmonel (STEC) la spp 16 BrichtaHarhay et 1.46 a 1.96 EUA amostras quentes *** *** *** 16,7%, *** 17 - al., 2009 0,8% cm2 al., 2008 Martínez et log10 UFC/100 60 Espanha amostras quentes 3,10 e 4 *** *** *** *** *** log10 UFC/cm2 *** 43 Autor PAÍS 18 - Gill e Badoni, et al., 2010 20 – Bello et al., 2011 Quanti- Escherichia coli s dade de (Suabes Estabe- Carcaças leci- Preva- Enume- E. coli ) mentos lência ração O157:H7 1 *** *** *** Contagem Total de Salmonell Viáveis a spp Preva lência 25 Canadá 2010 19 - Antic Amostra amostras *** quentes 65% a 75% 360 Nigéria amostras ração lência log10 UFC/ cm 40 amostras Preva- 1,20 a 1,60 *** quentes Sérvia Enume- *** 2 Max 7,1 *** *** *** log10 UFC/ *** cm2 4.6 a 4.9 3 *** log10 2,8% *** *** *** UFC/cm2 quentes 1.42 x 103 21 Blagojevic et al., 2011 100 Sérvia amostras quentes 2 12% a 14% *** *** *** a 1.26 x 104 UFC/cm2 *** 44 TABELA 08 – Compilado da revisão bibliográfica nacional (suabes) Quanti- AUTOR PAÍS Escherichia coli Contagem Total de Salmonella Viáveis spp Amostras dade (Suabes de Carcaças) Estabe- Preva- Enume- E. coli Preva- Enume- Preva- leci- lência ração O157:H7 lência ração lência *** *** *** *** *** Ausência *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** mentos 1 - Roça e Serrano, Brasil *** *** 0,996 log10 /cm² *** 1995a 31,66% média 60 2Lopes, Brasil 2005 amostras quentes/ 6,67 a 2 20% quentes resfriadas 3,33 a 33,33% resfriadas 80 3 - Rios, Brasil 2005 amostras quentes/ 2 resfriadas et al. 80 Brasil amostras 5- 160 amostras Brasil 2006 2006 22,80 a *** 2,85 a 28,80% 6,66% resfriadas resfriadas coli *** Shiga quentes/ 0,146 2 *** 0,40 a 40 Brasil amostras quentes log10 UFC/cm2 resfriadas 6- et al., quentes (STEC) França Jardim 22.20% quentes para E. 1 quentes 2006 et al., 2,22 a 14,28% 1,25 % 4Rigobelo 11,40 a 1 *** 0,42 log10 UFC/cm2 3 a 5,5x104 UFC/cm2. *** 1,82 a 2,19 *** *** log10 UFC/cm2 *** 45 QuantiAmostras AUTOR PAÍS Escherichia coli Contagem Total de Salmonella Viáveis spp dade (Suabes de Carcaças) Estabe- Preva- Enume- E. coli Preva- Enume- Preva- leci- lência ração O157:H7 lência ração lência *** *** *** *** Ausência *** *** *** mentos 7Schwach 2.250 Brasil , 2007 amostras 0,276 log 1 8– 1,40 % 216 Brasil Marin, amostras para E. 1 quentes coli *** Shiga 2008 (STEC) 9Prata, UFC x 102/cm² resfriadas Rigobelo , Santo e 13,71% 100 Brasil 2009 amostras 1,12 a 1,41 0,78 e 1 *** 1,97 Ausência *** UFC/cm2 quentes log10 UFC/ cm *** 2 10 – Saba, Burger e 100 Brasil Rossi amostras 1 *** *** *** *** quentes 27,7 a 62,4 UFC/cm² *** 2010 200 amostras quentes para CTV 675 amostras 0,21 ± resfriadas 0,51 para log10 E.coli, UFC/cm2 11 Caselani , 2010 Brasil 100 amostras resfriadas para E. coli O157:H7 e 264 amostras resfriadas para Salmonella spp 1 0,22% , variando de 0 a 1,81 log10 UFC/cm2 0,18 a 3,18 Ausência *** log10 UFC/cm2 Ausência 46 QuantiAmostras AUTOR PAÍS Escherichia coli Contagem Total de Salmonella Viáveis spp dade (Suabes de Carcaças) Estabe- Preva- Enume- E. coli Preva- Enume- Preva- leci- lência ração O157:H7 lência ração lência mentos 12 - 80 Fontoura amostras et al., Brasil quentes/ 2010 resfriadas 13 - 25 Brandão, Brasil 2011 amostras 1,3 x 10 a 1 *** *** *** *** 1,8 x 10 Ausência UFC/cm2 0,21 1 *** quentes log10 Ausência *** UFC/cm² 1,46 log10 UFC/cm² Ausência 1.111 amostras resfriadas para E. coli Ausência 82 suabe 14 Casagra nde, no suabe. para Brasil Salmonella 1 4,4% spp. 2011 4,08 UFC/cm2 *** *** *** 0,09% na análise destrutiva. 1.016 destrutivo para Salmonella spp. 10.124 amostras resfriadas para E.coli 15 Machad o, 2012 Brasil 738 amostras resfriadas para Salmonella spp 1,34 a 3 *** 22,89 UFC/cm2 *** *** *** 0,14% 47 2.3.4 Referências bibliográficas de métodos destrutivos da prevalência de bactérias patogênicas na carcaça bovina Não sendo o foco do trabalho, apenas como ícone comparativo em relação aos índices das amostras através de suabes, seguem três trabalhos que utilizaram esta metodologia. Entre 1993 a 1994, USDA realizou 2112 coletas destrutivas em carcaças bovinas, em estabelecimentos sob Inspeção Federal, a fim de estimar a contagem microbiana de interesse em saúde pública. A prevalência de E. coli genérica (biótipo I) foi em 333 amostras, 15,8%, com enumeração dos resultados positivos de 33 UFC/cm² (1,52 logUFC/cm²) (USDA, 1996a). A enumeração foi bem maior comparado com o mesmo trabalho realizado em 1997-1998 baseado em amostras de suabes de carcaças que obteve média logarítimica de -0,58 log10 UFC/cm². A fim de verificação das condições sanitárias de 120 carcaças bovinas após a lavagem, os autores JERICHO et al. (1998), no Canadá, obtiveram, através da técnica (25 cm2) de três regiões da carcaça (alcatra, peito e sacro), contagens médias de 1,972 log10 UFC/ cm2 para aeróbios totais (CTV), 0,495 log10 UFC/cm2 para coliformes totais e 0,396 log10 UFC/ cm2 para E. coli. Collobert et al. (2002), na França, após analisarem 233 carcaças bovinas, em 4 abatedouros, pelo método destrutivo, encontraram 6,0 x 103 UFC/cm2 para a Contagem Total de Viáveis, 0.86 log10 UFC/cm2 para Coliformes fecal (termotolerantes) e três carcaças foram positivas para Salmonella spp, obtendo um índice de 0,01%. 48 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Universo da pesquisa O presente trabalho é uma coleta de dados realizada no ano de 2012, de resultados das análises microbiológicas de suabes de carcaças bovinas de 2008 a 2012 (até março), de Matadouros Frigoríficos brasileiros sob Inspeção Federal obtidos em arquivos de dois laboratórios credenciados pelo MAPA. Utilizou – se de laboratórios credenciados na rede MAPA, A maioria dos dados é de coletas dos autocontroles, porém, há alguns resultados de coletas oficiais, ou seja, realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal. As bactérias eleitas para este levantamento foram a Salmonella spp., Escherichia coli e Mesófilos – Contagem Total de Viáveis. 3.2 Delineameno experimental As coletas, tanto oficiais como realizadas pelos autocontroles, seguem parâmetros publicados em Circulares do MAPA para atender principalmente a demanda internacional. Para E.coli e Salmonella spp, as coletas dos suabes obedecem à legislação americana e são realizadas nas superfícies das meias carcaças resfriadas, em três pontos com gabarito 10 cm x 10 cm, totalizando 100 cm² em cada ponto, obedecendo na ordem: vazio, peito e alcatra, totalizando uma área de coleta de 300 cm² em cada meia carcaça com resfriamento não inferior a 12 horas. Este processo está descrito no Programa de Redução de Patógenos através da Circular nº 245/1996/DCI/DIPOA, de 25 de novembro de 1996, (BRASIL, 1996), Circular nº 463/2004/DCI/DIPOA, de 05 de agosto de 2004 (BRASIL, 2004), Circular nº 835/2006/CGPE/DIPOA, de 13 de novembro de 2006 (BRASIL, 2006c) e Circular nº 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008), Anexos C e E. A frequência de amostragem para E. coli é determinada pelo volume de produção, sendo um teste para cada 300 carcaças de bovinos, e é de responsabilidade da empresa. Em relação às análises Salmonella spp, anualmente o MAPA publica sorteio das análises oficiais, ou seja, coletadas pelo Serviço de Inspeção Federal, dos estabelecimentos, que serão submetidos, no mínimo, a 1 (um) ciclo de amostragem 49 de 82 amostras, sendo uma por dia de abate, de suabe de carcaças bovinas, conforme preconizado pela Circular nº 665/2006/CGPE/DIPOA de 19 de setembro de 2006 (BRASIL, 2006b). Independente deste ciclo de análises oficiais, a empresa realiza a coleta para este micro – organismo obedecendo a protocolos de autocontroles. Para análises para Contagem Totais de Viáveis (Mesófilos - CTV), segue-se a legislação europeia, em quatro pontos da meia carcaça quente, ou seja, após a lavagem, obedecendo na ordem: vazio, peito, pescoço e alcatra, antes da lavagem. Mediante o método destrutivo, devem ser coletadas as quatro amostras de tecido, representando um total de 20 cm2. Quando, para este efeito, utilizar - se o método não destrutivo, a área de amostragem deve abranger pelo menos 100 cm 2 em cada ponto, totalizando uma área de coleta de 400 cm², em caso de bovinos. A Circular nº 835/2006/CGPE/DIPOA, de 13 de novembro de 2006 (BRASIL, 2006c), padroniza em 5 a 10 coletas semanais, totalizando um ciclo semestral de 50 amostras. No presente estudo, algumas empresas enviaram para análise, suabes e outras, enviaram amostras destrutivas; as análises estatísticas foram realizadas separadamente. O histórico das circulares do MAPA padronizando as amostragens está descrito no Anexo E. As metodologias oficiais de análises utilizadas pelos laboratórios credenciados são padronizadas pelo MAPA. 3.2.1 Salmonella spp. Metodologia tradicional de Isolamento e Identificação de Salmonella spp. (MLG 4.04), validada pela Instrução Normativa nº 40 de 12 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005a) que aprova os Métodos Analíticos, Isolamento e Identificação da Salmonella spp, Listéria monocytogenes, Coliformes e E. coli genérica na carne bovina. 3.2.2 Escherichia coli Método Petrifilm (E. coli Petrifilm™; 3M Microbiology, USA) para contagem de E. coli (AOAC 998.08) (AOAC, 2005) validado pela Instrução Normativa nº 40 de 12 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005a). 50 3.2.3 Mesófilos – Contagem Total de Viáveis Contagem Padrão em placa de Microrganismos Mesófilos Aeróbios Estritos e Facultativos Viáveis, validado pela Instrução Normativa nº 62 de 26 de agosto de 2003 (BRASIL, 2003). 3.3 Dados obtidos 3.3.1 Dados de análises de E. coli de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS Os dados de E. coli foram 37.826 resultados de coletas de suabes, em três pontos das carcaças resfriadas, realizadas pelos autocontroles de 24 empresas, em 5 estados brasileiros, de 2008 a 2012, demonstrados pela Tabela 09; apenas uma empresa, do Rio Grande do Sul não é exportadora, ou seja, é mercado interno (MI); as restantes das empresas possuem habilitação para União Européia e habilitação União Européia e Estados Unidos/Canadá. TABELA 09 – Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por habilitação para exportação Porcentagem de Quantidade de Quantidade de empresas resultados 15 31.418 83,06% UE – União Européia 8 5.991 15,84% MI – Mercado Interno 1 417 1,10% TOTAL 24 37.826 100% Habilitação das empresas resultados por habilitação UE – União Européia EUA – Estados Unidos da América e Canadá 51 A quantidade de dados, por estado, está demonstrada através da Tabela 10. TABELA 10 – Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por estado Porcentagem de Quantidade de Quantidade de empresas resultados SP – São Paulo 12 15.434 40,80% MS – Mato Grosso do Sul 6 9.637 25,48% GO - Goiás 4 10.288 27,20% MG – Minas Gerais 1 2.050 5,42% RS – Rio Grande do Sul 1 417 1,10% TOTAL 24 37.826 100% Estado resultados por estado A quantidade de dados obtidos, por ano, está demonstrada através da Tabela 11. TABELA 11 – Quantidade de análises para E. coli realizadas pelos autocontroles, por ano 2012 (até 2008 2009 2010 2011 12.119 11.717 6.877 6.025 1.088 37.826 32,03% 30,97% 18,18% 15,93% 2,89% 100% março) Total de resultados 3.3.2 Dados de análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, de uma empresa, no estado de São Paulo, de 2008 a 2010 Foram obtidos 665 resultados de análises para E. coli, através de suabes em três pontos das carcaças resfriadas, vazio, peito e alcatra, sendo que as coletas foram realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, em uma empresa no estado de São Paulo, exportadora para UE, entre 2008 a 2010, demonstrado através da 52 Tabela 12. Estes dados foram comparados com os 37.826 resultados das coletas dos autocontroles. TABELA 12 – Quantidade de análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, no estado de São Paulo 2008 2009 2010 Total de resultados 157 265 243 665 3.3.3 Dados de análises de E. coli e Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas (A e B), do estado de São Paulo, de 2008 a 2012 Os autocontroles de duas empresas (A e B), com habilitação para União Européia, no estado de São Paulo, realizaram 650 coletas, para Contagem Totais de Viáveis no período de 2008 a 2012, através de suabe, em quatro pontos das carcaças quentes (vazio, peito, pescoço e alcatra), demonstrado através da Tabela 13. Foi comparada a ocorrência de 2.871 análises para E. coli das mesmas empresas, no mesmo período de amostragem, sendo estas em carcaças resfriadas. Ou seja, os desvios ocorridos em 375 análises para CTV em carcaças quentes foram interpretados no mesmo período com 1.625 resultados para E.coli da empresa A em carcaças resfriadas. O mesmo para a empresa B com 275 resultados para CTV comparados à ocorrência de 1.246 resultados para E.coli no mesmo período. TABELA 13 – Quantidade de análises para E. coli e CTV (suabes) realizadas pelos autocontroles, no estado de São Paulo Micro - organismo Empresa A Empresa B Total de resultados E. coli 1.625 1.246 2.871 CTV 375 275 650 53 3.3.4 Dados de análises de Contagem Totais de Viáveis (coletas destrutivas) em empresas nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, em 2011 Em 2011, os autocontroles de duas empresas, com habilitação para exportação, no estado Mato Grosso do Sul, e duas no estado de São Paulo, com habilitação União Européia e habilitação União Européia e Estados Unidos/Canadá, realizaram 811 coletas destrutivas em carcaças quentes, em quatro pontos (vazio, peito, pescoço e alcatra) para Contagem Totais de Viáveis, totalizando uma área de 20 cm2. No mesmo ano, no estado de São Paulo, o Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, com habilitação para União Européia, realizou coletas oficiais destrutivas com a mesma metodologia escrita no parágrafo anterior, conforme demonstrado na Tabela 14 abaixo. TABELA 14: Quantidade de análises para CTV (destrutivas) realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul Responsável pela coleta Quantidade de empresas Serviço de Inspeção Federal 1 (SP) Autocontroles 4 (SP e MS) TOTAL 4 Quantidade de resultados 115 811 926 3.3.5 Dados de análises de Salmonella spp. de 21 empresas realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de SP, MS, GO e MG, de 2008 a 2012 Os dados obtidos para Salmonella spp. foram 5.308 resultados, de 21 empresas exportadoras, com habilitação para União Européia e habilitação União Européia e Estados Unidos/Canadá, em 4 estados brasileiros, de 2008 a 2012. 54 A quantidade de análises de Salmonella spp., por habilitação, está demonstrada na Tabela 15. TABELA 15 – Quantidade de análises de Salmonella spp. realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por habilitação à exportação Quantidade de Quantidade de Porcentagem por empresas resultados habilitação 14 4.032 75,96% UE – União Européia 7 1.276 24,04% TOTAL 21 5.308 100% Habilitação EUA – Estados Unidos da América e Canadá A quantidade de análises de Salmonella spp., por estado, está demonstrada na Tabela 16. TABELA 16 – Quantidade de análises de Salmonella spp. realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por estado Porcentagem de Quantidade de Quantidade de empresas resultados SP – São Paulo 11 2.701 50,88% MS – Mato Grosso do Sul 4 1.383 26,05% GO - Goiás 5 897 16,90% MG – Minas Gerais 1 327 6,17% TOTAL 21 5.308 100% Estado resultados por estado 55 A quantidade de análises de Salmonella spp., por ano, está demonstrada na Tabela 17. TABELA 17 – Quantidade de análises de Salmonella spp realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, por ano 2008 2009 2010 2011 1.408 1.115 1.465 1.320 Total de resultados 5.308 3.4 Análise estatística Os resultados do estudo descritivo foram analisados pelo programa SAS 9.1Statistical Analysis System, de acordo com o modelo proposto por Schlotzhauer e Littell, (1997). Os dados de prevalência foram organizados em tabelas de contigência e analisados pelo teste qui - quadrado. (PETRIE, e WATSON, 2006). 56 4 RESULTADOS Todos os resultados apresentados são baseados em protocolos descritos em Circulares do DIPOA. Os resultados quantitativos são expressos em valores estimados. O limite de detecção para a metodologia destrutiva é de 5,0 x 100 UFC/cm2. O limite de detecção para a metodologia não destrutiva é de 0,08 x 100 UFC/cm2. Todos os resultados menores que os limites de detecção, em uma análise estatística são considerados zero (ICMSF, 2004). Os resultados estão apresentados em escalas aritméticas e logarítimicas. Alguns dados também foram formatados em escala geométrica, com base em resultados logarítmicos. Observar que nas análises de E. coli, houve estudo das análises positivas e negativas e somente das positivas. 4.1 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012 Em 37.826 análises dos autocontroles, no período de 2008 a 2012, obteve-se a média geométrica de 1,030 UFC/cm2, média aritmética de 0,107 UFC/cm2 (0,013 log10), um desvio padrão de 1,271 UFC/cm2 (0,1 log10) e enumeração máxima de 77 UFC/cm2 (1,892 log10). A prevalência de 3,87% de análises positivas em relação ao total de amostras, estatisticamente não se pode afirmar,pois, houve significativa dependência dos resultados comparando-se anos e estados (teste do qui - quadrado < .0001). A Tabela 18 mostra a análise estatística demonstrando uma média aritmética de 0,107 UFC/cm2 (0,013 log10) e desvio padrão de 1,271 (0,1 log10) com enumeração máxima de 77 UFC/cm2 (1,892 log10). 57 TABELA 18 - Resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2 Aritmética (UFC/cm ) Período analisado Número Número de de resultados amostras positivos* Intervalo de Prevalência** Média 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima da média 0,107 0,094 a 0,0065 1,271 0,120 77 2 Log10 (UFC/cm ) Intervalo de Média 2008 a 2012 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima 0,0005 0,1 1,892 da média 37.826 1.462 3,87%* 0,013 0,012 a 0,014 2 Geométrica (UFC/cm ) Média 1,030 Intervalo de 95% de confiabilidade da média 1,028 a 1,033 ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) 0 2 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm A Figura 04 apresenta a evolução anual dos resultados positivos e negativos com a média dos apenas positivos e a média dos positivos e negativos. Para o trabalho estatístico em logarítmico, foi somado + 1 em resultados iguais a zero, elucidando, desta maneira, a linha da média de positivos e negativos estar acima da linha da média dos positivos. 58 FIGURA 04 - Resultados logarítmicos de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 a 2012 - 37.826 amostras A Tabela 19 demonstra a análise estatística aritmética anual dos resultados positivos e negativos. Os dados de 2012 foram obtidos até março. Em 2008, a média teve enumeração mais alta com 0,14 UFC/cm 2, coincidindo com o maior desvio padrão de 1,48 UFC/cm2, porém, a máxima enumeração foi no ano de 2010 com 77 UFC/cm2. 59 TABELA 19 - Resultados aritméticos por ano de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Ano Quantidade Média de amostras UFC/cm Erro variação da média 2 UFC/cm Padrão 2 UFC/cm Média Desvio Enumeração Enumeração Padrão 2 UFC/cm Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 Média inferior superior 2008 12119 0,14 0,12 0,17 0,01 1,48 0,00 37,00 2009 11717 0,07 0,05 0,09 0,01 0,97 0,00 53,00 2010 6877 0,12 0,08 0,15 0,02 1,50 0,00 77,00 2011 6025 0,09 0,06 0,11 0,01 0,98 0,00 30,00 2012 1088 0,13 0,04 0,21 0,04 1,39 0,00 26,00 TOTAL 37.826 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 100 UFC/cm2 A Tabela 20 mostra a análise estatística logarítmica anual dos resultados positivos e negativos. TABELA 20 - Resultados logarítmicos por ano de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Ano Quantidade Média de amostras UFC/cm Erro variação da média 2 UFC/cm Padrão 2 UFC/cm Média Desvio Enumeração Enumeração Padrão 2 UFC/cm Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm Média inferior superior 2008 12119 0,02 0,01 0,02 0,00 0,12 0,00 1,58 2009 11717 0,01 0,01 0,01 0,00 0,08 0,00 1,73 2010 6877 0,01 0,01 0,02 0,00 0,10 0,00 1,89 2011 6025 0,01 0,01 0,01 0,00 0,09 0,00 1,49 2012 1088 0,01 0,01 0,02 0,00 0,11 0,00 1,43 TOTAL 37.826 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 2 60 A Tabela 21 mostra a análise estatística aritmética, por estado, dos resultados positivos e negativos. A maior média foi do estado do Rio Grande do Sul com 0,44 UFC/cm2, com maior desvio padrão também, 2,15 UFC/cm 2. A enumeração máxima ficou com o estado de Goiás. TABELA 21 - Resultados aritméticos por estado de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Quantidade Estado de amostras variação da média Média UFC/cm 2 UFC/cm 2 Erro Desvio Padrão Padrão UFC/cm Média 2 UFC/cm Enumeração Enumeração Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 Média inferior superior MATO GROSSO 9637 0,19 0,16 0,23 0,0168 1,65 0,00 53,00 15434 0,09 0,07 0,11 0,0088 1,10 0,00 40,00 10288 0,05 0,03 0,07 0,0111 1,12 0,00 77,00 417 0,44 0,23 0,64 0,1052 2,15 0,00 30,00 2050 0,06 0,03 0,10 0,0178 0,80 0,00 21,00 DO SUL SÃO PAULO GOIÁS RIO GRANDE DO SUL MINAS GERAIS TOTAL 37.826 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 A Tabela 22 mostra a análise estatística logarítmica, por estado, dos resultados positivos e negativos. 61 TABELA 22 - Resultados logarítmicos por estado de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% Quantidade Estado de amostras confiabilidade de UFC/cm Erro variação da Média 2 média UFC/cm Média Desvio Padrão 2 UFC/cm Média Enumeração Enumeração Padrão 2 UFC/cm Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 inferior superior MATO GROSSO 9637 0,024 0,022 0,027 0,0014 0,134 0,000 1,732 15434 0,01 0,01 0,01 0,0007 0,09 0,00 1,61 10288 0,01 0,00 0,01 0,0006 0,06 0,00 1,89 417 0,06 0,04 0,08 0,0101 0,21 0,00 1,49 2050 0,01 0,01 0,01 0,0018 0,08 0,00 1,34 DO SUL SÃO PAULO GOIÁS RIO GRANDE DO SUL MINAS GERAIS TOTAL 37.826 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 4.2 Resultados positivos das análises de E. coli (suabes) de 24 empresas realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012. Em 37.826 análises dos autocontroles no período de 2008 a 2012, obteve-se 1.462 resultados de análises acima de zero, ou seja, igual ou superior a 0,08 UFC/cm2. A média geométrica foi de 0,610 UFC/cm2, a média aritmética de 2,769 UFC/cm2 (- 0,214 log10), com desvio padrão de 5,867 UFC/cm2 (0,743 log10) e enumeração máxima de 77 UFC/cm2 (1,887 log10). 62 A prevalência de 3,87% de análises positivas em relação ao total de amostras, estatisticamente não se pode afirmar, devido ter havido significativa dependência dos resultados comparando-se anos e estados (teste do qui-quadrado < .0001). A Tabela 23 mostra a análise estatística, somente dos resultados positivos, demonstrando uma média aritmética de 2,769 UFC/cm 2 (-0,214 log10) e desvio padrão de 5,867 (0,743 log10), com enumeração máxima de 77 UFC/cm 2 (1,887 log10). TABELA 23 - Resultados de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2 Aritmética (UFC/cm ) Período analisado Número Número de de resultados amostras positivos* Intervalo de Prevalência ** Média 95% de Erro confiabilidade Padrão Desvio Padrão Enumeração Máxima da média 2,76 2,468 a 0,153 9 3,070 5 5,8678 77 2 Log10 (UFC/cm ) Intervalo de Média 2008 a 2012 37.826 1.462 95% de Erro confiabilidad Padrão Desvio Padrão Enumeração Máxima e da média 3,87% - 0,214 - 0,253 a - 0,019 0,176 0 0,743 1,887 2 Geométrica (UFC/cm ) Média Intervalo de 95% de confiabilidade da média 0,610 0,559 a 0,666 ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) 0 2 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 63 A Figura 05 mostra a evolução, por estado, dos resultados positivos apenas, baseada na análise estatística aritmética anual. Praticamente, os menores índices das médias ocorreram no ano de 2011, sendo que, após este período, houve acentuado aumento das médias dos resultados positivos, sendo destaque o estado do Mato Grosso do Sul. FIGURA 05 – Médias dos resultados aritméticos de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 a 2012 – 1.462 amostras positivas O estado do Rio Grande do Sul está sendo representado por um estabelecimento apenas com destino de seus produtos ao Mercado Interno. A Figura 06 demonstra a evolução, por estado, baseada na análise estatística logarítmica anual dos resultados positivos. 64 FIGURA 06 – Médias dos resultados logarítmicos de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 2008 A 2012 – 1.462 amostras positivas Os índices baixos, do ano de 2011, das médias dos resultados positivos apenas, são também visualizados na Figura 19 onde a quantidade de desvios acima do Limite Superior (média somada a duas vezes o desvio padrão), de acordo com as Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008), apresentaram o índice de 0,86%. A Tabela 24 mostra a análise estatística aritmética anual, apenas dos resultados positivos. O ano de 2012 possui dados compilados até março e em todos os estados, a média e o desvio padrão tiveram aumento destacado, ultrapassando os índices dos anos anteriores, com apenas 20 amostras. 65 TABELA 24 - Resultados aritméticos por ano de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Quantidade Ano de amostras positivas* UFC/cm Erro variação da média Média 2 UFC/cm Padrão 2 UFC/cm Média Desvio Enumeração Enumeração Padrão 2 UFC/cm Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 Média inferior superior 2008 609 2,88 2,40 3,35 0,24 5,98 0,08 37,00 2009 363 2,31 1,79 2,83 0,26 5,04 0,08 53,00 2010 230 3,51 2,54 4,48 0,49 7,48 0,08 77,00 2011 240 2,14 1,58 2,71 0,29 4,45 0,08 30,00 2012 20 6,88 3,20 10,56 1,76 7,87 0,08 26,00 TOTAL 1.462 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 A Tabela 25 mostra a análise estatística logarítmica anual dos resultados positivos. 66 TABELA 25 - Resultados logarítmicos por ano de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Quantidade Ano de amostras positivas* variação da média Média UFC/cm 2 UFC/cm 2 Erro Desvio Padrão Padrão UFC/cm Média 2 UFC/cm Enumeração Enumeração Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 Média inferior superior 2008 609 -0,23 -0,29 -0,17 0,03 0,75 -1,10 1,57 2009 363 -0,22 -0,29 -0,15 0,04 0,69 -1,10 1,72 2010 230 -0,07 -0,17 0,03 0,05 0,76 -1,10 1,89 2011 240 -0,35 -0,45 -0,26 0,05 0,73 -1,10 1,48 2012 20 0,29 -0,12 0,70 0,20 0,88 -1,10 1,42 TOTAL 1.462 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 A Tabela 26 mostra a análise estatística aritmética, por estado, apenas dos resultados positivos, sendo que, o estado que se destacou pela quantidade de positivos em termos porcentuais, foi o Rio Grande do Sul, com 16,55% (69 positivos em 417 amostras). A quantidade de análises, por estado, encontra-se na Tabela 10. Nesta análise apenas dos resultados positivos, o estado de São Paulo lidera a média com 3,02 UFC/cm2 e o estado de Goiás, lidera o desvio padrão, apresentando 7,45 UFC/cm2. 67 TABELA 26 - Resultados aritméticos por estado de análises realizadas para E. coli de positivos pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Quantidade Estado de amostras positivas* variação da Média UFC/cm 2 média UFC/cm 2 Erro Desvio Padrão Padrão UFC/cm Média 2 UFC/cm Enumeração Enumeração Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 Média inferior superior MATO GROSSO DO SUL 669 (6,95%) SÃO 460 PAULO (2,98%) GOIÁS RIO GRANDE DO SUL MINAS GERAIS TOTAL 216 (2,10%) 69 (16,55%) 48 (2,34%) 2,78 2,35 3,21 0,22 5,65 0,08 53,00 3,02 2,51 3,54 0,26 5,62 0,08 40,00 2,26 1,26 3,26 0,51 7,45 0,08 77,00 2,63 1,50 3,77 0,57 4,73 0,08 30,00 2,71 1,38 4,04 0,66 4,57 0,08 21,00 0 2 1.462 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm A Tabela 27 demonstra a análise estatística logarítmica, por estado, somente dos resultados positivos. 68 TABELA 27 - Resultados logarítmicos por estado de análises para E. coli de positivos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG 95% confiabilidade de Quantidade Estado de Média amostras UFC/cm positivas* variação da 2 média UFC/cm Média 2 Média Erro Desvio Padrão UFC/cm Enumeração Enumeração Padrão 2 UFC/cm Mínima 2 UFC/cm 2 Máxima UFC/cm 2 inferior superior MATO GROSSO 669 -0,16 -0,22 -0,11 0,028 0,72 -1,10 1,72 460 -0,18 -0,25 -0,11 0,036 0,77 -1,10 1,60 216 -0,46 -0,56 -0,37 0,047 0,70 -1,10 1,89 69 -0,28 -0,48 -0,08 0,099 0,82 -1,10 1,48 48 -0,07 -0,28 0,14 0,104 0,72 -1,10 1,32 DO SUL SÃO PAULO GOIÁS RIO GRANDE DO SUL MINAS GERAIS TOTAL 1.462 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 4.3 Resultados positivos e negativos das análises de E. Coli (suabes) de 24 empresas, realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP, MS, GO, MG e RS, de 2008 a 2012, de acordo com as Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) Quando a variável de um estudo estatístico segue uma distribuição normal, o desvio padrão fornece uma informação adicional, acerca da forma como as observações se distribuem, em torno da média; aproximadamente 68,2% das observações estão contidas no intervalo, definido por média ±1 desvio padrão, 95,4% no intervalo média ± 2 desvios padrão e 99,7% no intervalo média ± 3 desvios padrão (Lunet, Severo e Barros. 2006). 69 As Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) definem uma análise estatística, em escala logarítmica, de processo com limite inferior (LI), considerado como limite de detecção do método analítico (0,08 UFC/cm2) e o limite superior (LS) sendo a média histórica, acrescentada ao dobro do desvio padrão. As cartas gráficas originadas pela linha superior, Limite Superior (LS), linha inferior, Limite Inferior (LI), delimitam entre elas, os chamados resultados marginais, sendo os resultados inaceitáveis, aqueles que ultrapassam a LS. Os resultados aceitáveis são aqueles que atingem até o Limite Inferior. Neste estudo, os 37.826 resultados foram plotados em gráficos, em escala logarítmica e separados em figuras por ano, devido à imensidão de pontos, a fim de melhor visualização. 70 Durante o ano de 2008, houve 12.119 análises, com 135 resultados acima do LS (1,11%), representado pela Figura 07. 80,0 Resultados aritméticos das análises de E. coli do ano de 2008 Quantidade de amostras: 12.119 com 135 acima do LS Resultado em UFC/cm2 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Resultados em UFC/cm2 Limite Superior = 2,96 0 0,00 = Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm Limite Inferior 2 FIGURA 07 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2008 – 12.119 amostras 71 Durante o ano de 2009, houve 11.717 análises, com 363 resultados acima do LS (3,03%), representado pela Figura 08. Resultados aritméticos das análises de E. coli do ano de 2009 80 Quantidade de amostras: 11.717 com 363 acima do LS Resultados em UFC/cm2 70 60 50 40 30 20 10 0 Resultados em UFC/cm2 Limite superior = 1,94 0 0,00 = Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm Limite Inferior 2 FIGURA 08 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2009 – 11.717 amostras 72 Durante o ano de 2010, houve 6.877 análises, com 230 resultados acima do LS (3,35%), representado pela Figura 09. Resultados aritméticos das análises de E. coli do ano de 2010 80,00 Quantidade de amostras: 6.877 com 230 acima do LS Resultados em UFC/cm2 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Resultados em UFC/cm2 Limite superior = 3,01 0 0,00 = Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm Limite infrior 2 FIGURA 09 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para e. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2010 – 6.877 amostras 73 Durante o ano de 2011, houve 6.025 análises, com 52 resultados acima do LS (0,86%), representado pela Figura 10. Resultados aritméticos das análises de E.coli do ano de 2011 Quantidade de amostras: 6.025 com 52 acima do LS Resultados em UFC/cm2 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Resultados em UFC/cm2 Limite Superior = 1,96 0 0,00 = Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm Limite inferior 2 FIGURA 10 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para e. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2011 – 6.025 amostras 74 Durante o ano de 2012, houve 1.088 análises, com 11 resultados acima do LS (1,01%), representado pela Figura 11. 80 Resultados aritméticos das análises de E.Coli do ano de 2012 (até março) Quantidade de amostras: 1.088 com 11 acima do LS Resultados em UFC/cm2 70 60 50 40 30 20 10 0 Resultados em UFC/cm2 Limite superior = 2,78 0 0,00 = Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm Limite inferior 2 FIGURA 11 - Resultados aritméticos com limite superior de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, em 2012 – 1.088 amostras 4.4 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de São Paulo, de 2008 a 2010 Entre os anos de 2008 até meados de 2010, o Serviço de Inspeção Federal de uma empresa habilitada a União Europeia, no estado de São Paulo, realizou coletas através de suabes de carcaças resfriadas, obedecendo à metodologia americana, obtendo 665 amostras neste período. Entende-se que, na época, houve uma interpretação errada das circulares do DIPOA pelo servidor oficial, passando este a realizar análises oficiais para E. coli, enquanto que este procedimento deveria ter sido realizado pelo autocontrole. Graças a esta falha interpretativa, este estudo aproveita estes 665 resultados obtidos oficialmente para compará-los aos dados de 37.826 resultados obtidos pelas coletas dos autocontroles. 75 A Tabela 28 apresenta a análise dos resultados positivos e negativos, sendo que a média aritmética apresentada foi de 0,232 UFC/cm 2 (0,027 log10), com desvio padrão 2,175 UFC/cm2 (0,142 log10) e enumeração máxima de 38 UFC/cm2. TABELA 28 - Resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de SP 2 Aritmética (UFC/cm ) Período analisado Número Número de de resultados Amostras positivos* Intervalo de 95% Prevalência de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima 0,232 0,067 a 0,398 0,0844 2,175 38,00 Média da média 2 Log10 (UFC/cm ) 2008 a 2010 Intervalo de 95% 665 45 6,77% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima 0,027 0,017 a 0,038 0,0055 0,142 1,591 Média da média 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 A Tabela 29 apresenta a análise somente dos resultados positivos, sendo que a média aritmética apresentada foi de 3,43 UFC/cm2 (0,404 log10) com desvio padrão 7,757 UFC/cm2 (0,385 log10). 76 TABELA 29 - Resultados de análises para E. coli de positivos realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa, no estado de SP 2 Aritmética (UFC/cm ) Período analisado Número Número de de resultados Amostras Intervalo de Prevalência Média positivos* 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima da média 3,43 1,103 a 5,764 1,1564 7,757 38 2 Log10 (UFC/cm ) 2008 a 2010 Intervalo de 665 45 6,77% 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima 0,404 0,288 a 0,519 0,0575 0,385 1,591 Média da média 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 A média aritmética, erro padrão e desvio padrão dos resultados positivos e negativos das coletas realizadas Serviço de Inspeção Federal, em comparação, com as coletas dos autocontroles, não apresentaram diferença significativa, ou seja, P > 0,05 no teste de “t-student”. conforme demonstrado na Tabela 30. 77 TABELA 30 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG Responsável pela coleta Quantidade Quantidade de de empresas amostras Quantidade de resultados Aritméticos UFC/cm 2 P do Prevalência positivos* Valor de teste “tMédia Erro Desvio Padrão Padrão 2,18 student” Serviço de Inspeção 1 665 45 6,77% 0,23 0,0844 24 37.826 1.462 3,87%** 0,10 0,0065 Federal Autocontroles 0,139 1,27 ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) 0 2 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm As coletas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal tiveram 6,77% de prevalência, com 665 amostras, em relação às coletas dos autocontroles, cujas apresentaram 3,87 % de prevalência, com 37.826 amostras. Logo, a Tabela 31 mostra que, no teste de proporções, houve diferença significativa (P < 0,01) entre as porporções dos resultados das coletas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, em relação às coletas dos autocontroles. 78 TABELA 31– Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG Responsável Período Quantidade Quantidade de pela coleta analisado de amostras resultados positivos* 665 45 Serviço de Inspeção 2008 a 2010 Federal Prevalência Valor de P do teste de proporções 6,77% 0,003 Autocontro 2008 a les 2012 37.826 1.462 3,87%** ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado)Limite de 0 2 detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 4.5 Resultados positivos e negativos das análises de E. coli (suabes) realizadas pelos autocontroles de 23 empresas exportadoras e 1 empresa não exportadora, de 2008 a 2012 Os resultados para E. coli, de 37.409 amostras coletadas pelos autocontroles, de estabelecimentos exportadores do MS/SP/GO/MG e de uma empresa, do estado do Rio Grande do Sul, sem habilitação à exportação (Mercado Interno), com coleta de 417 amostras estão representadas na Tabela 32. Com a média aritmética de 0,44 UFC/cm 2 e desvio padrão de 2,15 UFC/cm2 para a empresa não exportadora (mercado interno), e para as exportadoras, 0,10 UFC/cm2 de média aritmética e 1,26 UFC/cm2 de desvio padrão, a Tabela 32 mostra diferença significativa, ou seja, P < 0,01 no teste de “t-estudent” para as amostras independentes. 79 TABELA 32 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS Habilitação Não Exportadora Quantidade Quantidade de de empresas amostras 1 417 Quantidade Aritméticos UFC/cm de 2 Prevalência resultados positivos* do teste “tMédia 69 16,54% Valor de P 0,44 Erro Desvio Padrão Padrão 0,11 2,15 student” 0,002 Exportadoras 23 37.409 1.397 3,73% 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 0,10 0,0065 1,26 2 A empresa mercado interno apresentou prevalência de 16,54%, com 69 amostras positivas, enquanto que as exportadoras, 3,73% de prevalência, com 1.397 amostras positivas, Tabela 33, mostrando que, no teste de proporções, houve diferença significativa (P < 0,01) entre as porporções dos resultados da empresa não exportadora (mercado interno) em relação às exportadoras. 80 TABELA 33– Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS Quantidade Habilitação Período Quantidade de analisado de amostras resultados Prevalência Valor de P do teste de proporções positivos* Não 2010 a Exportadora 2012 417 69 16,54% 0,000 Exportadoras 2008 a 2012 37.409 3,73% 1.397 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 4.6 Resultados de análises de E. Coli e Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de São Paulo, de 2008 a 2012 Nos testes de proporções das duas empresas, houve diferença significativa nas proporções de ocorrência da E. coli (carcaças resfriadas) e CTV (carcaças quentes), com maior diferença na empresa B, significando que os dois micro – organismos ocorrem independentemente durante as operações de abate e resfriamento de carcaças bovinas, respectivamente, conforme Tabelas 34 e 35. apresentando P=0,092 e P=0,16 81 TABELA 34 - Resultados do teste de proporção das análises para E. coli e CTV realizadas pelo autocontrole da empresa A, do estado de SP Micro organismos E. coli Quantidade de Empresa A Valor de P do teste de resultados Prevalência proporções positivos* 1.625 24 1,47 % 0.092 CTV 375 40 10,66 % 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 TABELA 35 - Resultados do teste de proporção das análises para E. coli e CTV realizadas pelo autocontrole da empresa B, do estado de SP Micro - Empresa organismos B E. coli 1.246 Quantidade de Valor de P do teste de resultados Prevalência positivos* 7 proporções 0,56 % 0,16 CTV 275 45 16,36 % 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 4.7 Resultados de análises de Contagem Totais de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de São Paulo, de 2008 a 2012. Duas empresas, com habilitação à UE, realizaram, de 2008 a 2012, 650 análises para CTV em carcaças bovinas quentes e através de suabes coletadas pelos autocontroles. O limite de detecção foi 0,08 x 100 UFC/cm2. A média aritmética e logarítmica, o desvio padrão, erro padrão e a maior enumeração estão descritos na Tabela 36. 82 TABELA 36 - Resultados de análises para CTV (suabes) de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles de duas empresas, no estado de SP 2 Aritmética (UFC/cm ) Período analisado Número Número de de resultados amostras positivos* Intervalo de Prevalência Média 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima da média - 1,691 a 9,87 5,8867 150,083 21,426 2700 2 Log10 (UFC/cm ) Intervalo de Média 95% de Erro Desvio Enumeração confiabilidade Padrão Padrão Máxima 0,0130 0,333 3,431 da média 2008 a 2012 650 76 11,69% 0,053 a 0,079 0,104 2 Geométrica (UFC/cm ) Média Intervalo de 95% de confiabilidade da média 1,199 1,130 a 1,2 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 2 4.8 Resultados de análises de Contagem Totais de Viáveis (coletas destrutivas) realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, em 2011 Não houve resultados acima do limite de detecção do método, para as coletas destrutivas em pesquisa à CTV de carcaças quentes, tanto em coletas oficiais em uma determinada empresa paulista, mostrado na Tabela 37, como também nas coletas realizadas pelos autocontroles. O limite de detecção foi < 5,0 x 100 UFC/cm2. 83 TABELA 37 - Resultados das análises para CTV (coletas destrutivas) realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, em 2011 Responsável pela coleta Serviço de Inspeção Federal Quantidade de Quantidade de resultados empresas 1 (SP)* Resultados UFC/cm 2 115 <5,0x100 Autocontroles 4 (SP* e MS) 811 <5,0x100 TOTAL 4* 926 <5,0x100 0 Limite de detecção do método empregado < 5,0 x 10 UFC/cm 2 * A empresa de SP na coleta oficial é a mesma de uma das empresas da coleta pelo autocontrole 4.9 Resultados de análises qualitativas (presença/ausência) de Salmonella spp. (suabes) de 21 empresas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de SP/ MS/GO/MG de 2008 a 2012 As amostras de carcaças bovinas para Salmonella spp. seguem as exigências americanas, ou seja, carcaças resfriadas e coletas em três pontos (vazio, peito e alcatra). A quantidade de resultados com presença está identificada na Tabela 38. TABELA 38 - Resultados das análises para Salmonella spp. realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/MG, de 2008 a 2012 Habilitação Quantidade de amostras Quantidade de resultados positivos Porcentagem de positivos Erro Padrão União Européia - Estados Unidos da América e 4.032 3 0,07% ** União Européia 1.276 1 0,08% ** TOTAL 5.308 4 0,08% 0,037% Canadá 84 5 DISCUSSÃO A contaminação fecal da carcaça é um desvio pontual, ou seja, a pele contamina a carcaça, direta ou indiretamente, em alguma(s) etapa(s) do processo produtivo, principalmente na esfola (PARDI et al. 2001; GILL, BRYANT e LANDERS, 2003; BARKOCY – GALLAGHER et al., 2003; RIGOBELO et al., 2006). Na prática, é visível que falhas operacionais pontuais, como por exemplo, se os animais não são bem higienizados nos currais e/ou rampa de acesso, e adentram à sala de abate, aumentam a chance de “transferência” dos contaminantes da pele à carcaça; e, aliados a estes desvios, outros procedimentos ineficazes sanitariamente, como lavagem do reto na praia de vômito, esfola da carcaça e amarração do reto, contribuem sobremaneira, com o aumento da contaminação fecal na carcaça. Para os americanos, estas falhas operacionais pontuais estão correlacionadas à presença de E. coli e Salmonella spp nas carcaças bovinas (USDA, 1996c). Sendo assim, estas bactérias entéricas foram eleitas, pelo FSIS, como indicadores de processo até a etapa de refrigeração de carcaça,, cuja presença indica contaminação fecal, que por sua vez, podem estar sinalizando a presença da patogênica e virulenta E. coli O 157:H. Nos EUA, devido aos hábitos alimentares, tipo de consumidor e rotina doméstica, este agente, juntamente com a Salmonella spp., são causadores de severos danos à saúde pública americana (USDA, 1996e). O trabalho de Machado (2012) faz um alerta para gestão de riscos e enfatiza a preocupação, não só com a cepa E. coli O 157:H7, mas também com a E. coli Verocitotoxigênica (VTEC) que causa a Síndrome Hemolítica-Urêmica no Brasil. A pele é a grande vilã da contaminação fecal no abate de bovinos, sendo citada em várias literaturas, como, Barkocy – Gallagher et al. (2003), nos EUA, onde descrevem que a contaminação de E. coli O157:H7, non-O157 STEC e Salmonella spp, foi bem mais evidente na pele em comparação com as fezes, enfatizando a importância das operações de esfola. A revisão de Koohmarie et. al. (2005), descrevem que, tanto para Salmonella spp. como para E. coli O157:H7, non-O157 STEC, a contagem é menor no material fecal, quando comparados às carcaças bovinas e a contagem bacteriana é excessivamente mais alta imediatamente após a esfola. Para esses autores, a prevalência da E. coli O157:H7 e Salmonella spp da carne bovina tem, como fonte primária de contaminação, a pele. 85 A Comunidade Européia nomeia a Contagem Total de Viáveis e as Enterobacteriáceas, como indicadoras do processo do abate de bovinos, além da Salmonella spp, e no caso da pesquisa específica, a CTV induz a uma interpretação dos monitoramentos dos aspectos sanitários genéricos da indústria, como as Boas Práticas de Fabricação, os Procedimentos Sanitários Operacionais e os Procedimentos de Higienizações Operacionais. A presença de níveis inaceitáveis de CTV representa, que a empresa necessita rever de modo abrangente seus autocontroles, a fim de diagnosticar a causa do desvio, quer seja de higienização, de armazenamento, de temperatura, procedimentos sanitários, enfim, rever o BPF. Em relação à contaminação fecal, especificamente, nomeia o grupo das Enterobacteriáceas que contempla várias bactérias, conforme exposto no Anexo E, com importância sanitária, e não especificamente a E. coli. Corroborando com esta interpretação, o ICMSF (2000), descreve que a presença de desvios da Contagem Total de Viáveis e Enterobacteriáceas não indica, pontualmente, a presença de um patógeno específico, e sim, que o estabelecimento apresenta deficiências de procedimentos sanitários na linha de produção, com desvios de contaminação fecal, no caso da presença desta última, e falhas nas BPF, no caso da CTV. Este estudo demonstrou que a E. coli, Salmonella spp. e CTV, são micro – organismos que ocorrem com iterdependência, na etapa do abate ao resfriamento de carcaças, e devem ser analisados separadamente, individualizando - se os objetivos. A CTV é indicadora de processos pertencentes ao Grupo A (não patogênicas), sendo que a E. coli, Salmonella spp. e Enterobacteriáceas, pertencem ao Grupo B (patogênicas) de acordo com a classificação do ICMSF (2000). Por sua vez, a Salmonella spp é um indicador patogênico que além de sinalizar contaminação fecal, é indicadora das espécies de Salmonella com alta virulência, importantes para a saúde pública, porém, neste trabalho, ficou evidenciado que o risco, da contaminação da carcaça bovina, é baixo. 5.1 Discussão dos resultados de E. coli Tomaram-se, como referência principal para discussão deste estudo, os resultados do Baseline dos EUA (USDA, 1998), devido à similaridade de pesquisa, 86 às relações comerciais e acordos sanitários que possui com o Brasil. e por ter um critério microbiológico mais exigente e específico, no que diz respeito ao indicador de processo de origem fecal. Porém, entende – se que a comparação fica prejudicada, devido às amostras americanas do Baseline, terem sido submetidas a tratamentos antimicrobianos, que é rotina nos EUA, Rios (2005) e Schwach (2007), e as amostras deste trabalho não possuem interferência bactericida. A escolha da E. coli genérica como indicadora de processo pelo FSIS teve, como alicerce, o estudo epidemiológico dos EUA que identificou a morbidade e mortalidade ocorrida por toxi – infecções alimentares pela E. coli O157:H7, além da Salmonella spp, descritas no Anexo B; observaram também que havia incidência de contaminação fecal, durante o processo de abate, e essas bactérias são enteropatogênicas. As características de crescimento e sobrevivência destas bactérias enteropatogênicas são semelhantes ao indicador E.coli, sendo que, há maior prevalência de E. coli em relação à Salmonella spp (USDA, 1996c). O levantamento estatístico americano foi realizado, baseado em coletas oficiais pelo FSIS, de 1997 a 1998, e utilizado o erro padrão, para visualização dos desvios das médias (USDA, 1998). O erro padrão da média de uma amostra é uma estimativa do desvio padrão da distribuição das médias amostrais, com o mesmo tamanho, obtidas da mesma população, e dessa forma, uma medida da incerteza associada à estimativa da média na população. O erro padrão é um passo intermediário no cálculo de intervalos de confiança, e é obtido dividindo o desvio padrão da amostra, pela raiz quadrada do número de observações na amostra. O erro padrão da estimativa diminui com o aumento do tamanho da amostra, refletindo o aumento de precisão da estimativa com o tamanho da amostra (LUNET, SEVERO e BARROS, 2006). De acordo com os autores, se várias amostras aleatórias forem obtidas de uma população, elas vão diferir relativamente ao valor médio da população em cada uma e, à semelhança do que acontece com as observações de cada amostra individualmente, a distribuição das médias amostrais tem também um desvio padrão. Na Tabela 39, observa-se que os EUA avaliaram os resultados positivos e negativos, através do erro padrão e sob a mesma metodologia estatística, os estados brasileiros foram avaliados neste estudo, apresentando menor erro padrão, nas coletas dos autocontroles, devido à quantidade de amostras ser bem superior, 37.826 amostras, em relação ao trabalho americano com 1.881 amostras. 87 TABELA 39 - Análises dos resultados de análises para E. coli de positivos e negativos realizadas pelos autocontroles, e Serviço de Inspeção Federal em MS/SP/GO/RS/MG, e resultados de análises realizadas pelo Serviço Oficial Americano (FSIS) PAÍS/Estado Período Quantidade s analisado de amostras MS/SP/GO 2008 a 2012 /RS/MG Erro Quantidade de resultados padrão Prevalência aritmético positivos UFC/cm 2 Limite de detecção UFC/cm 2 Responsável pelas coletas 37.826 1.462 3,87%** 0,0065 0,08 Coletas dos autocontrole s SP 2008 a 2010 665 45 6,77% 0,0844 0,08 Coletas oficiais EUA* 1997 a 1998 1.881 312 16,60% 0,9 0,042 Coletas oficiais * = Fonte USDA, 1998 ** = porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) Outro fator interessante é em relação à representatividade dos estabelecimentos americanos, onde as análises foram efetuadas em todos os estabelecimentos, exportadores ou não, e o presente estudo, contou com 15 estabelecimentos exportadores UE/EUA/Canadá, 8 habilitados à UE e 1 mercado interno, totalizando 24 estabelecimentos, porém não representa a totalidade brasileira, Tabela 09. Consideração também importante é notar que o levantamento deste estudo foi realizado de 2008 a 2012, tomando-se como marco referencial de conscientização de autocontrole microbiológico, o ano de 2006, ano em que foi publicada no Brasil, através de circulares do MAPA, a implementação do Programa de Redução de Patógenos, para todas as empresas exportadoras para UE, e não somente àquelas habilitadas aos EUA/Canadá. Nos EUA, o Baseline foi realizado de 1997 a 1998, pouco tempo após a publicação do Programa de Redução de Patógenos, em 1996 (USDA, 1996e). O limite de detecção da metodologia americana foi 0,042 UFC/cm2. O limite de detecção, utilizado pelo Brasil, é 0,08 UFC/cm2, ou seja, a quantidade de 1.462 análises positivas, em 37.826 análises realizadas, foi identificada a partir da visualização de 0,08 UFC/cm2. O Baseline dos EUA (USDA, 1998), apresentou 88 maior eficiência no diagnóstico laboratorial, em relação à metodologia, ou seja, com uma mesma área de carcaça analisada, 1 cm2, identificam a presença da E. coli com maior sensibilidade. Analisando somente a média dos positivos,a americana para E. coli, foi menor, apresentando - 0,58 log10 UFC/cm2; a média encontrada neste trabalho, pelos autocontroles foi de - 0,21 log10 UFC/cm2 e pelo serviço oficial em uma empresa, habilitada para União Européia, foi de 0,40 log10 UFC/cm2. A Tabela 40 mostra estes dados. 89 TABELA 40 - Análises dos resultados de análises para E.coli de positivos realizadas pelos autocontroles, em MS/SP/GO/RS/MG, pelo Serviço de Inspeção Federal, em SP, e pelo Serviço Oficial Americano (FSIS) Períod Quantidad PAÍS/E o e de stados analisa amostras e do empresas MS/S 2008 37.826 P/GO/ a 24 RS/M Log10 Quantidad e de resultados positivos e Média UFC/cm prevalência 2 Média Geométrica (log10) Erro Média padrão Geométric UFC/cm a 2 UFC/cm 2 Limite Intervalo de de Responsá 95% de detecçã vel pelas confiabilidad o coletas e da média UFC/cm geométrica Coletas 1.462 (3,87%**) dos - 0,21 0,02 0,61 0,55 a 0,66 0,08 2012 empresas SP EUA* 665 a 1 2010 empresa 1997 1.881 a todas 1998 empresas autocont roles G 2008 2 45 (6,77%) 312 (16,6%) 0,40 0,06 2,55 1,94 a 3,30 0,08 - 0,58 0,04 0,26 0,22 a 0,32 0,042 Coletas oficiais Coletas oficiais * = Fonte USDA, 1998 **= porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) A variabilidade das amostras brasileiras é maior, principalmente das coletas oficiais de uma empresa apenas, que apresentou uma média relativamente alta. “No entanto, a prevalência de ocorrência de E. coli, nos EUA foi de 16,6% com coletas oficiais; no Brasil, em um estabelecimento apenas, com coletas oficiais, habilitado à UE, a prevalência foi de 6,77% e prevalência de 3,87% (com significativa dependência entre os estados e anos), <.0001 no teste do “qui – quadrado, nas coletas dos autocontroles das outras empresas. O que se pode traduzir da alta prevalência, 16,6%, de E. coli nas carcaças bovinas americanas, porém com média da enumeração bem inferior aos dados deste trabalho, é supor que essas amostras americanas estão sob o efeito de 90 antimicrobianos, uma vez que foram coletadas após o resfriamento, que é uma tecnologia utilizada rotineiramente nos abates nos EUA (RIOS, 2005 e SCHWACH, 2007). Ou seja, é provável que a tecnologia de descontaminação da carcaça bovina, pode estar proporcionando uma seleção de colônias de E.coli, (por isso a presença de 16,6%), porém com baixa população devido à ação antimicrobiana. Neste raciocínio, o que não poderia ser realizado, é a citação em alguns trabalhos, da comparação dos índices nacionais de E. coli com os índices americanos, devido a grande diferença do tipo de amostras, tratada e não tratada. Na Austrália, as prevalências de E. coli variam de 3%, Kiemeier et al., (2006), a 18,8% com média para este último, de 0,34 log10 UFC/cm2, Sumner et. al. (2003). David et. al (2006) descrevem a prevalência de 8% e média de – 0,8 log10 UFC/cm2 em 27 estabelecimentos. Em recente trabalho no Canadá, Bohaychuk, Gensler e Barrios. (2011) encontraram prevalência de 14,6 % de E. coli em 1.018 carcaças bovinas. Na Sérvia, em estudos realizados com carcaças bovinas quentes, Antic et al. (2010) relatam a prevalência de 65% a 75% de E. coli e Blagojevic et al. (2011), 12% a 14%. A eleição, pelos americanos, da E. coli como indicadora de processo, na etapa de abate e refrigeração de bovinos, é fundamentada, principalmente, na busca da presença da E. coli O157:H7, e esta preocupação é evidente, em vários trabalhos americanos de pesquisa. Brichta-Harhay et al. (2008) encontraram a prevalência de 16,7% de E. coli O157:H7 nos EUA, e Barkocy - Gallanger et al. (2003), 26,7%, sendo os dois trabalhos em amostras quentes. É importante observar, que esses dois trabalhos foram realizados em amostras quentes, ou seja, sem que tenha sido utilizado, nesta etapa do processo, os antimicrobianos, e nestes casos, a prevalência da virulenta E. coli O157:H7, chega a se igualar e até superar, à prevalência da E. coli no estudo Baseline (USDA, 1998), que foi realizado em carcaças sob a ação bactericida. Com o mesmo tipo de amostra, McEvoy et al. (2003), na Irlanda, encontraram, em 250 carcaças, a prevalência de 3,3% de E. coli O157:H7. A Austrália, em 21 estabelecimentos, através do trabalho de Phillips et al. (2001), em 1.275 amostras, apresentou índice de 0,1% de E. coli O157:H7 com prevalência de 10,3% de E. coli genérica. 91 Sendo assim, o levantamento das referências bibliográficas internacionais, apresentado neste trabalho, corroboram com a verificação da preocupação internacional, em relação à E coli, e por sua vez, à E. coli O157:H7. No Brasil, em 1997 de janeiro a dezembro, no sul e sudeste brasileiro, estudos de Silveira, Silva e Contreras. (1999), em pesquisa à E. coli O157:H7, em 886 hamburgueres, provenientes de indústrias frigoríficas, não encontraram este agente em nenhuma amostra. Prata (2009) e Brandão (2011), analisando carcaças bovinas, não encontraram a E. coli O157:H7 e Caselani, em 2010, encontrou 0,22% de E. coli em 675 meias carcaças resfriadas e ausência para E. coli O157:H7. Contrariamente, Rios (2005) trabalhando com 80 meias carcaças bovinas quentes e resfriadas em dois estabelecimentos sob Serviço de Inspeção Federal no estado de Goiás, encontrou com a técnica PCR com pré enriquecimento, a prevalência de 11,40% a 28,80% de E. coli e 2,22% a 14,28% de E. coli O157:H7. Porém, Rigobelo et. al (2006) citam que, em 80 meias carcaças quentes de bovinos, a prevalência da E. coli Shiga (STEC) foi de 1,25%. O mesmo autor Rigobelo, Santo e Marin (2008), em 216 meias carcaças quentes de bovinos, encontraram a prevalência de 58%, 38% e 32% de E. coli e 1,4%, foram positivas para E. coli STEC. Em relação à E. coli O157:H7, foi ausente e comentam que a porcentagem deste micro – organismo em carcaças bovinas no Brasil é de 0,06%; descrevem ainda, a resistência da E. coli O157:H7 ao meio ácido, afirmação corroborada por Rios (2005) e Pardi et al. (2001), induzindo raciocínio em relação à microflora ruminal do bovino brasileiro, que dificilmente proporcionará crescimento bacteriano específico para este agente, uma vez que, a alimentação é típica de pastagem, que não proporciona acidez alimentar; no entanto, os confinamentos causam uma acidez na microflora ruminal, porém no Brasil, são realizados em curto espaço de tempo.. Pardi et al., (2001) afirmam que a E. coli O157:H7 é comum no Brasil, em bezerros apenas, causando, clinicamente, diarreia profusa. Mesmo com a citação, neste estudo, de pesquisas nacionais para E. coli O157:H7, E. coli VTEC (STEC) ou outras cepas, em carne bovina, entende-se que o volume é reduzido, o que não deveria, devido aos compromissos com o agronegócio e principalmente, para fornecer dados de interesse à saúde pública e finanças. Os levantamentos da ocorrência e quantificação da E.coli genérica, em carcaças bovinas no Brasil, realizados por Fiscais Federais Agropecuários do 92 Serviço de Inspeção Federal, a fim de publicação de dissertações para graduação de mestrado, juntamente dom os dados deste trabalho estão descritos nas Tabelas 41 e 42. Mesmo que, em alguns desses trabalhos, não haja a informação clara de que as coletas são realizadas pelos autocontroles, sabe-se que, este procedimento é de obrigatoriedade dos autocontroles das empresas, conforme descrito nas Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008). TABELA 41 - Análises dos resultados de prevalência de E. coli em trabalhos nacionais publicados por Fiscais Federais Agropecuários Quantidade de Quantidade de Período Quantidade de amostras analisado empresas 37.826 2008 a 2012 24 1.462 3,87%* 10.124 2008 a 2010 3 *** 2 a 10% 1.111 2010 1 49 4,4% 1.162 2006 1 153 13,17% resultados Prevalência Referência positivos Presente estudo Machado, 2012 Casagrande, 2011 Schwach, 2007 * - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) 0 2 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm Conforme demonstrado na Tabela 41, a ocorrência da E. coli genérica em carcaças bovinas resfriadas, de frigoríficos sob inspeção federal (a grande maioria exportadores), variou de 2% a 13,17%; este último resultado é do trabalho de Schwach (2007) que foi realizado assim que foram publicadas as circulares do MAPA, em 2006 que implementaram o Programa de Redução de Patógenos, para as empresas exportadoras UE, o que permite a avaliação da queda evidente de 93 contaminação por este agente, com o passar dos anos, tendo – se, também como referência desta queda, o trabalho de Lopes (2005), com 31,66%. As médias aritméticas, apresentadas na Tabela 42, dos resultados positivos e negativos variaram de 0,10 UFC/cm2, deste estudo, a 22,89 UFC/cm2 (Machado, 2012), sendo que esta maior média obteve maior desvio padrão, chegando em 90,86 UFC/cm2, não sendo encontrada, em outros trabalhos nacionais, esta grande variação. TABELA 42 - Análises dos resultados aritméticos de E. coli de positivos e negativos em trabalhos nacionais publicados por Fiscais Federais Agropecuários Resultados Aritméticos UFC/cm Quantida de de amostras 37.826 10.124 Período Enume analisado ração máxima 2008 a 2012 2008 a 2010 77 *** Média de Média positivos e dos negativos positivos 0,10 1,34 a 22,89 2 Desvio Padrão de Desvio Padrão positivos e de positivos negativos 2,77 *** 1,27 3,36 a 90,86 5,86 *** 1.111 2010 77 0,18 4,08 2,56 11,67 1.162 2006 *** 0,27 *** 0,73 *** 0 Referências Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm Presente estudo Machado, 2012 Casagrande, 2011 Schwach, 2007 2 Neste estudo o número de amostras foi bem superior ao trabalho de Casagrande (2011), e Schwach, (2007), e as médias aritméticas e desvios padrões, dos resultados positivos e negativos, foram menores; o estudo de Machado (2012) apresentou acentuada variabilidade de médias e desvios padrões, conforme descrito na Tabela 42. Em relação às médias aritméticas, dos resultados positivos apenas, o trabalho de Casagrande (2011) apresentou 4,08 UFC/cm2 e neste estudo, 2,77 UFC/cm2, com a mesma enumeração aritmética máxima de 77 UFC/cm2 para os 94 dois trabalhos. Uma média maior significa, maior variabilidade e consequentemente mais resultados acima do Limite Inferior. A média logarítmica, de resultados positivos e negativos, de E. coli, encontrada no presente trabalho, foi de 0,013 log10 UFC/cm2, sendo que a menor enumeração encontrada foi na Austrália, David et.al. (2006), em 27 estabelecimentos com – 0,08 log10 UFC/cm2, sendo a maior, encontrada por et al., (2011), na Nigéria, em 3 estabelecimentos, com 4,9 log10 UFC/cm2. Nos trabalhos nacionais, esta média variou de 0,146 log10 UFC/cm2, França et. al, (2006), a 1,97 log10 UFC/cm2, com Prata (2009). Uma media alta, causa grande variabilidade de resultados e induz ao aumento da variância do desvio padrão. 5.1.1 Discussão dos resultados aritméticos positivos e negativos para E. coli (suabes) realizadas pelos autocontroles, nos estados de SP/MS/GO/MG/RS, de 2008 a 2012, de acordo com as Circulares 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006c) e 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) Processos produtivos, não analisados estatisticamente, possuem grande chance de estarem fora de controle e as leituras retilíneas em cartas gráficas demonstram bom desempenho de processo. O controle estatístico de processo permite comprovar a média e minimizar a variabilidade (ICSMF, 2004). A Circular 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) que aditou a Circular 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008), Anexo E, adota a soma de dois desvios padrões, à média histórica dos resultados, conforme demonstrado neste estudo através, das Figuras 19 e 20 do Anexo E, ou seja, média + 2 desvios padrão, originando a linha do Limite Superior, LS, da carta gráfica. O Limite Inferior, LI, é o limite de detecção do método, e os valores entre essas duas linhas, são os resultados marginais. Ficou determinado que, essa média histórica, seria de responsabilidade de cada empresa identificar a sua, e um processo produtivo de alimentos, que está sob controle, transmite dados medianos com níveis de variações previsíveis, dentro de limites superiores esperados. Este controle de processo é alcançado gradativamente, de modo geral, através da eliminação das causas dos desvios com a implementação dos autocontroles industriais. 95 No entanto, as publicações do MAPA não dirimem se a média a ser plotada na carta gráfica, seria a média geral dos positivos e negativos, ou a média somente dos resultados positivos, conforme estudo do Baseline (USDA, 1998). A diferença das duas médias é grande estatisticamente; quando se usa a somente média dos positivos para se calcular o Limite Superior, a tendência é uma plotagem de linha média com enumeração maior, aumentando a amplitude do eixo Y, e consequentemente, o Limite Superior (soma desta média + 2 desvios padrões) fornecerá maior chance de maior quantidade das variabilidades do processo, estarem abaixo da LS, ou seja, nos limites marginais. Esta interpretação ficou bem representada no trabalho de Casagrande (2011), que analisou as variantes das duas médias. Para os resultados gerais, positivos e negativos, encontrou para média de aritmética, o valor de 0,18 UFC/cm2,, para o LS 5,31 UFC/cm2 (média + 2 DP) com 16,32% de desvios inaceitáveis. Para os resultados somente positivos, encontrou para média de aritmética, o valor de 4,08 UFC/cm2, para o LS 27,43 UFC/cm2 (média + 2 DP) com 4,08% de desvios inaceitáveis. Neste trabalho, foi considerado para análise, os resultados gerais, positivos e negativos, com média aritmética de 0,10 UFC/cm2, tendo como LS o valor de 2,53 UFC//cm2, apresentando 2,09% de desvios inaceitáveis, conforme Tabela 43, cuja discrimina as diferenças estaduais desses desvios. Desta maneira, a chance de ocorrer mais resultados inaceitáveis é maior, pois o LS é mais baixo. Se utilizássemos a média aritmética, somente dos positivos, 2,76 UFC/cm2 e desvio padrão de 5,85 UFC/cm2, mostrado na Tabela 23, causaria uma linha LS com maior valor e consequentemente, mais amostras estariam abaixo desta, diminuindo a quantidade de inaceitáveis e consequentemente, aumentaria o risco sanitário. O ICMSF (2004), quando da apresentação dos modelos de cartas propostos, não exclui os resultados negativos para obter as médias. O mesmo documento, referenciado mundialmente, dispõe de outros modelos de cartas gráficas que, em se tratando de pesquisa de agentes com alto risco, entende-se que o modelo adotado de LI e LS, pode não ser o ideal em um sistema de alerta rápido. Resumidamente, a Tabela 43 mostra a porcentagem dos desvios inaceitáveis, entre 2008 a 2012, com os respectivos valores superiores (LS). 96 TABELA 43 - Análises dos resultados aritméticos positivos e negativos dos desvios inaceitáveis de E. coli realizadas pelos autocontrole, nos estados de SP/MS/GO/MG/RS ANO Quantidade Quantidade de Resultados de amostras Positivos acima do LS* (inaceitáveis) Porcentagem dos desvios inaceitáveis Valor do LS* (média + 2 DP) UFC/cm 2008 12.119 135 1,11% 2,96 2009 11.717 363 3,03% 1,94 2010 6.877 230 3,35% 3,01 2011 6.025 52 0,86% 1,96 2012 1.088 11 1,01% 2,78 TOTAL/MÉDIA 37.826 791 2,09% 2,53 2 * valor de LS = média histórica dos resultados positivos e negativos somado ao dobro do desvio padrão Em relação ao período analisado, que deve ser levado em consideração, durante as interpretações das cartas gráficas, (ICMSF, 2004), as circulares do MAPA também não citam a obrigatoriedade de se determinar o período analisado, Os dados são inseridos, partindo do princípio, de que as coletas para E. coli são efetuadas a cada 300 carcaças bovinas, porém, não determinam a periodicidade analítica; ou seja, esta média deve ser relativa a um período analisado que possui as variantes que ocorreram no processo, em determinado momento. Os dados devem ser organizados e revisados rotineiramente, a fim de ajustes de processo (ICMSF, 2004). Esse período analisado é interpretado por alguns países, por número máximo de amostras, ou quantidade de janelas móveis envolvidas em determinada análise estatística. O FSIS preconiza que três amostras com valores marginais ou um inaceitável, ou seja, presença de E. coli em 13 amostras consecutivas avaliadas, 23,07%, significa que ocorreu desvios durante o processo. Entende ser apropriada esta avaliação e garante 80% de probabilidade para que os estabelecimentos estejam operando com objetivos de desempenho adequados (USDA,1996e). 97 Na Austrália, a avaliação é feita em 15 coletas consecutivas e o critério adotado é o mesmo do americano, ou seja, se houver mais de três resultados marginais entre o limite inferior e superior, ou um resultado inaceitável acima do limite superior, significa que o estabelecimento não detém o controle de processo (AQIS, 2003). Casagrande (2011) analisou estatisticamente as 13 e 15 janelas móveis, para interpretação estatística de resultados, aceitáveis, marginais e não aceitáveis e não encontrou diferença significativa. 5.1.2 Discussão comparativa dos resultados das análises para E.coli de coletas oficiais de uma empresa em SP e coletas dos autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG, de 2008 a 2012 A média aritmética, erro padrão e desvio padrão dos resultados positivos e negativos das coletas realizadas Serviço de Inspeção Federal, em comparação, com as coletas dos autocontroles, não apresentaram diferença significativa, ou seja, P > 0,05 no teste de “t-student”. conforme demonstrado na Tabela 44. TABELA 44 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal no estado de SP e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG Responsável pela coleta Quantidade Quantidade de de empresas amostras Quantidade de resultados Aritméticos UFC/cm 2 P do Prevalência positivos* Valor de teste “tMédia Erro Desvio Padrão Padrão student” Serviço de Inspeção 1 665 45 6,77% 0,23 0,0844 2,18 24 37.826 1.462 3,87%** 0,10 0,0065 1,27 Federal Autocontroles 0,139 ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado) 0 2 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm As coletas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal tiveram 6,77% de prevalência, com 665 amostras, em relação às coletas dos autocontroles, cujas apresentaram 3,87 % de prevalência (com significativa dependência entre os 98 estados e anos), com 37.826 amostras. Logo, a Tabela 45 mostra que, no teste de proporções, houve diferença significativa (P < 0,01) entre as porporções dos resultados das coletas realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, em relação às coletas dos autocontroles. TABELA 45 – Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal (SP) e autocontroles, nos estados de MS/SP/GO/RS/MG Responsável Período Quantidade Quantidade de pela coleta analisado de amostras resultados positivos* 665 45 Serviço de Inspeção Federal Autocontroles 2008 a 2010 Prevalência Valor de P do teste de proporções 6,77% 0,003 2008 a 2012 37.826 1.462 3,87%** ** - porém, com significativa dependência entre os estados e anos (<.0001, qui – quadrado)Limite de 0 2 detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm 2 * Resultados acima de 0,08 UFC/cm Isto significa alta variabilidade nas coletas oficiais, em relação à quantidade de ocorrências de contaminação por E. coli, em comparação às coletas dos autocontroles, porém com a média de contagem de colônias, sem diferença significativa. Estas análises puderam ser realizadas, devido à interpretação errônea das circulares vigentes entre 2008 a 2010, pelo Serviço de Inspeção Federal de uma empresa paulista com habilitação UE, e este realizou as coletas que deveriam ter sido de competência das empresas. As coletas oficiais apresentaram maior índice de prevalência, com 6,77% em relação aos 3,87% das coletas dos autocontroles. Apesar da diferença significativa na prevalência, este fato é representado por apenas uma empresa, sem habilitação para EUA/Canadá, que são mais exigentes a este patógeno, e é necessário que haja maiores estudos, devido à ausência de trabalhos publicados com este foco. O mesmo não aconteceu com as análises para Salmonella spp., que foram obtidas, tanto do Serviço de Inspeção Federal, como dos autocontroles das 99 empresas, ou seja, não houve diferença significativa nos resultados, quanto à competência de responsabilidade para realizar as coletas. 5.1.3 Discussão dos resultados aritméticos das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno do estado de Rio Grande do Sul de 2008 A 2012 A comparação das médias dos resultados para E. coli, entre as amostras positivas coletadas pelos autocontroles, de estabelecimentos exportadores do MS/SP/GO/MG e de uma empresa, do estado do Rio Grande do Sul, sem habilitação à exportação (Mercado Interno), apresentaram diferença significativa, demonstrando P < 0,01 no teste “t-student”, conforme Tabela 46. A média aritmética foi de 0,44 UFC/cm2 da empresa não exportadora, enquanto que das empresas exportadoras foi de 0,10 UFC/cm2, Tabela 46. TABELA 46 - Análises dos resultados aritméticos do teste “t- student” das médias para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS Habilitação Não Exportadora Quantidade Quantidade de de empresas amostras 1 417 Quantidade Aritméticos UFC/cm de 2 Prevalência resultados positivos* do teste “tMédia 69 16,54% Valor de P 0,44 Erro Desvio Padrão Padrão 0,11 2,15 student” 0,002 Exportadoras 23 37.409 1.397 3,73% 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 0,10 0,0065 1,26 2 2 Em relação ao teste de proporção, a empresa mercado interno apresentou prevalência de 16,54%, com 69 amostras positivas, enquanto que as exportadoras, 3,73% de prevalência, com 1.397 amostras positivas, Tabela 47, mostrando que, 100 houve diferença significativa (P < 0,01) entre as porporções dos resultados da empresa não exportadora (mercado interno) em relação às exportadoras. TABELA 47– Análises dos resultados do teste de proporção das análises para E. coli realizadas pelos autocontroles de estabelecimentos exportadores, nos estados de MS/SP/GO/MG e de um estabelecimento mercado interno, no estado do RS Quantidade Habilitação Período Quantidade de analisado de amostras resultados Prevalência Valor de P do teste de proporções positivos* Não 2010 a Exportadora 2012 417 69 16,54% 0,000 Exportadoras 2008 a 2012 37.409 0 Limite de detecção do método empregado 0,08 x 10 UFC/cm * Resultados acima de 0,08 UFC/cm 3,73% 1.397 2 2 Esta análise poderá auxiliar nas diretrizes a serem tomadas pelo DIPOA, em relação à Circular nº 02/2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA, que institui o Programa de Controle Microbiológico de Carcaças Bovinas (BRASIL, 2012) para estabelecimentos não exportadores às listas específicas. Demonstrou que uma empresa, não exportadora, cometeu mais falhas nas operações pontuais do abate, contrariando os achados de Sumner et al.(2003) e Machado (2012), onde descrevem que empresas com maior volume de abate, propiciam maior contaminação devido à velocidade. . Os achados desta análise, contrariam também o que Phillips et al. (2001), descreveram na Austrália: especificamente para Salmonella spp e E. coli O157:H7, não houve diferença significativa entre os estabelecimentos que se diferem em capacidade. E neste mesmo estudo, encontraram diferença significativa em Contagem Total de Viáveis, sendo maior em estabelecimentos pequenos e estabelecimentos voltados ao mercado interno, corroborando com Hansson, (2001), na Suécia, que descreve haver grande variação na Contagem Total de Viáveis em 101 abatedouros de bovinos de baixa capacidade, pois, não há padronização técnica na metodologia de evisceração, em comparação a grandes frigoríficos. Já abordado no início desta discussão, em relação ao indicador fecal E. coli, tem – se como fundamentação das pesquisas citadas, que estes desvios específicos, são originados por falhas pontuais durante a produção. 5.2 Discussão comparativa dos resultados de E. Coli e Contagem Total de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de SP, de 2008 a 2012 Não houve dependência de ocorrência de E. coli em carcaças resfriadas e CTV em carcaças quentes, analisadas no mesmo período, em duas empresas. Esta análise ratifica várias pesquisas em relação E. coli, em especial a de Tergney e Bolton (2006), que demonstraram inviabilidade em relacionar a contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas com o nível de contaminação fecal em carcaças, e consideraram a contagem dessas bactérias apenas como um bom indicador de higiene geral do estabelecimento e não específica. Corroborando com os achados deste estudo, Gill, Mcginnis e Badoni (1996), analisando suabes de 250 carcaças bovinas, concluíram que a CTV é evidente em três pontos de coletas: peito, pescoço e garupa, com maior prevalência no pescoço. Por outro lado, a contaminação com a E. coli é muito mais evidente na garupa, sugerindo indicador de contaminação fecal por deficiência na operação de esfola, especificamente. Desta maneira, descreveram seguramente, que a enumeração de CTV não significa falha operacional na esfola da carcaça bovina, uma vez que não foi encontrado correlação na enumeração destes micro – organismos em relação à E. coli.,. Os achados sugerem que, para verificação das operações de esfola de carcaça bovina, as análises de risco para o HACCP devem se basear na enumeração de E. coli, e, às vezes, até de coliformes, porém deve-se evitar o uso de CTV como indicador de desvios de procedimentos higiênicos desta operação. Contrariamente, França et al. (2006), realizando estudo em 160 meias carcaças bovinas quentes e resfriadas, em dois frigoríficos no estado de Goiás – Brasil, encontrou alta correlação entre CTV e E. coli. A E. coli é um indicador aceitável para contaminação fecal e, portanto, para a possível presença de agentes patogénicos entéricos, porém, a CTV não, pois 102 representam com menos precisão e confiabilidade os perigos das toxi-infecções alimentares, quando comparadas a outros indicadores (ICMSF, 2000). 5.3 Discussão dos resultados de Contagem Total de Viáveis (suabes) realizadas pelos autocontroles de 2 empresas, do estado de SP de 2008 a 2012 Contagem elevada de bactérias aeróbias mesófilas, em alimentos “in natura”, pode significar desvios no processo produtivo em relação à higienização, temperatura, boas práticas de fabricação e não um perigo em potencial à saúde do consumidor (ICMSF, 2000). A Comunidade Europeia possui critérios microbiológicos, conforme descrito no Anexo E, contrariamente às regras americanas que se baseiam no histórico estatístico dos autocontroles, rechaçando os desvios do processo. O ICMSF (2011) descreve que em superfície de carcaça, durante as operações de abate, o que se encontra geralmente são índices de CTV, cultivadas a 35°C, menores que 103 UFC/cm2 e em cortes, menores que 104 UFC/g. A média aritmética para CTV, encontrada nas 650 amostras quentes, através de suabes, deste estudo, em duas empresas paulistas habilitadas à UE, foi de 9,87 UFC/cm2, porém com elevado desvio padrão de 150 UFC/cm2. A enumeração máxima atingida foi de 2,7 x 103 UFC/cm2 e 3,43 log10 UFC/cm2. Roça e Serrano (1995b) encontraram média de 0,9961 log 10 UFC/cm2 para CTV, em carcaças quentes de 16 bovinos; este trabalho apresentou média de 0,079 log10 UFC/cm2. A média logarítmica preconizada para CTV, pela CE, é de 3,5 log10 UFC/cm2 a 5,0 log10 UFC/cm2 como média logarítmica diária. Mesmo com o máximo de enumeração de 3,43 log10 UFC/cm2, os resultados estão em conformidade com a legislação europeia. A média logarítmica encontrada de 0,079 log10 UFC/cm2, nas duas empresas avaliadas, estão muito inferiores aos trabalhos internacionais citados, como exemplo mais recentemente, o trabalho de Martinez et al (2009), em carcaças quentes, na Espanha, que encontrou uma variação média logarítmica de 3,10 a 4 log 10 UFC/cm2 e o estudo de Gill e Badoni (2010), em carcaças quentes, no Canadá, com variação média de 1,20 a 1,60 log10 UFC/cm2. Está também bem abaixo da referência microbiológica preconizada por Roça e Serrano (1995a), ²que é de 3 a 5 log10 /cm2. 103 Em relação aos trabalhos nacionais publicados, este estudo também obteve menor média de CTV, citando, por exemplo, o trabalho de Caselani (2010) com 200 amostras e média de 0,18 a 3,18 log10 UFC/cm2, e o trabalho de Prata (2009), com 100 amostras e apresentando uma variação de 1,12 a 1,41 log 10 UFC/cm2, sendo que este último teve como critério microbiológico os parâmetros ingleses do FSA (Reino Unido) e seus resultados estavam em conformidade com os parâmetros. Gill (1995) publica que, ao se utilizar apenas dados de contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas na superfície de carcaças como indicador, induz a uma avaliação de riscos limitada, pois não há correlação quantitativa entre o número destas bactérias e o número de bactérias patogênicas. A interpretação que se teve neste estudo, em relação aos indicadores CTV, comunga com os achados de Hansson (2001) e Phillips et al. (2001), onde citam que os maiores resultados de CTV, são encontrados em estabelecimentos pequenos e estabelecimentos voltados ao mercado interno. O levantamento para CTV foi realizado em grandes empresas exportadoras. Zweifel, Fischer e Stephan (2008), na Suiça, descrevem que a quantificação da população de microrganismos viáveis das superfícies das carcaças é comumente utilizada para fornecer dados que indiquem o grau de cuidados higiênico-sanitários durante as operações de abate, porém relatam que a esfola e a evisceração são importantes fontes de contaminação para este micro - organismo. Os resultados apresentados espelham as Boas Práticas de Fabricação das duas empresas analisadas, de acordo com os conceitos internacionais e trabalhos de pesquisa referenciados. Independente de serem resultados de apenas duas empresas exportadoras para UE, este levantamento poderá ser útil, como referência comparativa aos resultados nacionais, que serão 02/2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA, que obtidos institui através o da Programa Circular de nº Controle Microbiológico de Carcaças Bovinas (BRASIL, 2012). 5.4 Discussão dos resultados de Salmonella spp. A presença deste agente, neste trabalho foi de 0,075%, baseada em coletas oficiais e de autocontroles de empresas exportadoras, em 5.308 análises de suabes 104 de carcaças bovinas resfriadas, com 4 amostras positivas em 21 empresas brasileiras. Não há uma interpretação correta da Circular nº 665/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006b), que implementa o Programa de Redução de Patógenos, que é um programa oficial de vigilância epidemiológica realizada anualmente em 82 carcaças por estabelecimento, e coletada pelo Serviço de Inspeção Federal. Observou-se em algumas empresas, que o responsável por esta coleta foi o autocontrole. A empresa realiza rotineiramente o monitoramento de Salmonella spp. de acordo com seu plano escrito e exigências do MAPA, porém o Serviço de Inspeção Federal deve cumprir o cronograma oficial. O Baseline americano (USDA, 1998), identificou 1,2% de prevalência em carcaças bovinas resfriadas, conforme demonstrado na Tabela 48. Conforme revisão de Koohmaraie et al. (2005), sobre patógenos na carcaça bovina, há a prevalência na pele bovina de 50,3% a 91,8% de Salmonella spp. em duas plantas frigoríficas americanas. Descrevem que, tanto para Salmonella spp., como para E. coli O157:H7 nonO157 STEC, a contagem é menor no material fecal, quando comparados às carcaças bovinas, e a contagem bacteriana é excessivamente mais alta imediatamente após a esfola. Para esses autores a prevalência da E. coli O157:H7 e Salmonella spp da carne bovina tem, como fonte primária de contaminação, a pele. TABELA 48 - Análise dos resultados de análises para Salmonella spp realizadas pelo Serviço de Inspeção Federal e pelos autocontroles, em MS/SP/GO/MG (Brasil), 2008 a 2012, e resultados de análises realizadas pelo Serviço Oficial Americano (FSIS), em 1997 a 1998 Período PAÍS/Est analisado ados MS/SP/G O/MG Quantidad e de amostras Quantidade de resultados positivos Porcentage m de positivos Erro Responsável pelas Padrão coletas 2008 a Coletas oficiais 5.308 4 0,08% 0,037% e autocontroles 1.881 23 1,2% 0,3% Coletas oficiais 2012 1997 EUA* a 1998 * = Fonte USDA, 1998 105 O trabalho de Barkocy – Gallagher et al., 2003 nos EUA a prevalência de Salmonella spp chegou a 12,7% em carcaças bovinas e Ingram (1972), (apud Roça e Serrano, 1995a) cita prevalência de 22,75% a 35,6% na Europa. Na Irlanda, McEvoy et al. (2003) , em 250 amostras, encontrou 7,6% de Salmonella spp. Recentemente, em 2011, nos EUA, Dodd et al., analisando fezes em confinamento de bovinos, descreveram um índice de 64,7% a 72,6% de Salmonella spp. Em relação à Salmonella spp., além dos dados de saúde pública americana, citados no Anexo B, este país entendeu que o conhecimento da prevalência desta, em carcaças bovinas, por ser um patógeno entérico, exerceria também efeito de controle da ocorrência indicador patogênico E. coli O157:H7 (USDA, 1996c). Os Estados Unidos utilizam, rotineiramente, várias opções de tratamentos antimicrobianos, durante as operações de abate, a fim de assegurar Tolerância Zero para a E. coli O157:H7. Entre os métodos de higienização de carcaça utilizados encontram-se: a depilação química, a lavagem com água quente, a pasteurização por vapor, a pasteurização por vapor e vácuo, a toalete com faca, a lactoferrina e a aplicação de produtos químicos (ácido lático, ácido acético, ácido cítrico). Tais procedimentos de descontaminação das carcaças bovinas, nos EUA, são muito bem explorados, no trabalho de Rios (2005). Este procedimento influencia sobremaneira, a quantificação ou qualificação de qualquer micro – organismo, e mesmo assim, os resultados são elevados (USDA, 1998; BARKOCY GALLAGHER et al, 2003; BRICHTA-HARHAY et al. 2008). No Brasil, Fontoura et al. (2010), Caselani (2010) e Brandão (2011) somam 369 resultados de análises de suabes de carcaça bovina, e não encontraram a Salmonella spp nos 3 estabelecimentos de abate envolvidos na pesquisa. Os trabalhos de Casagrande (2011) e Machado (2012) somam 820 resultados de análises de suabes de carcaça bovina, para Salmonella spp., em 4 estabelecimentos de abate, com apenas 1 resultado positivo, resultando em 0,1% de prevalência. Casagrande (2011) através do método destrutivo do produto final, para atender um mercado específico europeu (Suécia e Finlândia), em 1016 análises encontrou a prevalência de 0,09% para Salmonella spp. 106 A soma de todas as análises realizadas nos trabalhos nacionais supracitados somam 6.497 resultados de análises de suabes de carcaças, em 28 empresas brasileiras, com prevalência ausente ou desprezível para Salmonella spp. Nestes mesmos trabalhos nacionais (com exceção do Fontoura et al., 2010), os autores pesquisaram a presença e/ou enumeração de E. coli e a maioria demonstrou identificação deste agente com grande variação do desvio padrão, reforçando o que a literatura descreve no que diz respeito a indicadores de contaminação fecal em carcaça bovina, porém, não significou risco da presença de Salmonella spp.na carcaça. Em relação à presença de Salmonella spp. e Clostridium perfringens, em carne “in natura”, descrevem que não são indicadoras de processo, e sim de outros incidentes inerentes ao animal vivo, e que a aplicação correta de procedimentos sanitários operacionais, não implica nas ações preventivas desta contaminação. (ICMSF, 1980, p. 347, apud ICMSF/1986). Pardi et al. (2001) descreveram que, em relação aos eventuais portadores de assintomáticos, deveria ser incluído o exame de fezes entre os exames periódicos, normalmente exigidos aos manipuladores de produtos comestíveis. Para os portadores positivos, a medicina recomenda o afastamento do manipulador, até que os exames de seis coproculturas demonstrem negatividade. O MAPA estabeleceu, que, durante o processo de abate de bovídeos, a Salmonella spp. seria o micro-organismo de eleição para o plano APPCC na etapa bate de bovinos, considerado como perigo para a saúde pública e que o risco da presença desta, seria eliminado através do monitoramento visual das fezes, com remoção a faca, da contaminação gastrointestinal presente na carcaça; o limite crítico é ausência de contaminação, e a etapa de processo eleita para este ponto crítico de controle, foi antes da lavagem de carcaça. 5.5 Discussão dos resultados de Contagem Total de Viáveis (coletas destrutivas) realizadas pelos autocontroles e Serviço de Inspeção Federal, nos estados de SP/MS, em 2011 Todas as 926 análises para CTV, pelo método destrutivo em carcaças quentes, sendo 115 coletas oficiais, resultaram em enumeração < 5,0 x 10 0 UFC/cm2 e está dentro dos limites microbiológicos aceitáveis europeus. 107 No entanto, a presente análise, não forneceu subsídios importantes para a avaliação da variação dos procedimentos sanitários industriais, que é função primordial dos indicadores de processo. Em contato com o laboratório, para elucidação dos resultados sem desvios, este retratou que não está ocorrendo uma padronização no envio destas amostras em relação à área amostrada e os documentos do MAPA, que dão diretrizes para esta análise, em específico, não são claros; ratifica os resultados em função da metodologia oficial do cálculo utilizada pelo corpo técnico. 108 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES A eleição, pelos órgãos governamentais, de indicadores de processos da cadeia produtiva de carne bovina “in natura”, neste estudo, especificamente carcaça, deverá ter lucidez quanto ao objetivo sanitário que se busca. A importância das diferentes doenças de origem alimentar varia entre países, dependendo do clima, perfil microbiológico da matéria prima e produto acabado, dos procedimentos industrais, intenção de uso e da sensibilidade da população. Uma vez eleitos, deverá haver sistema de controle estatístico, baseado no princípio de que cada produto é produzido por um processo e que, está sujeito a variações que devem ser interpretadas e controladas, a fim de cumprimento de metas de critérios microbiológicos, baseadas na Avaliação de Riscos. Sendo assim, no caso específico dos produtos de origem animal, além da importância do sistema de inspeção tradicional, fundamentada no “ante mortem” e “post mortem”, há a necessidade emergencial em se adotar critérios de desempenho, determinados por metas, proporcionando efetiva redução das toxi – infecções alimentares no Brasil, uma vez que a gestão da saúde pública brasileira é precária, no sentido de identificação da causa específica dos agentes das toxi – infecções alimentares. São necessárias metas governamentais do Ministério da Saúde, com base em ALOP (risco aceitável de proteção da população) e FSO (objetivo de inocuidade alimentar), a fim de que, o MAPA exerça a função reguladora de implantação dos POs (Objetivos de Desempenho) através das ferramentas: autocontroles APPCC/BPF/PPHO das empresas alimentícias. De acordo com a revisão bibliográfica, a presença de E. coli na carcaça bovina é falha pontual operacional, principalmente nas operações da esfola, e o maior contaminante é a pele. No Brasil há poucos relatos da presença da E. coli O157:H7 na carne bovina, e esta é resistente a meios ácidos Desta maneira, estudos apontam que os confinamentos por longos períodos propiciam uma acidez ruminal, que por sua vez seleciona cepas de E. coli O157:H7; tal manejo alimentar, por tempo prolongado, não é prática no Brasil. A pesquisa do indicador E. coli genérica tem como objetivo principal, a prevenção da ocorrência de E. Coli O 157:H7 e de outras cepas importantes para a saúde pública, como por exemplo E. coli Verocitotoxigênica (VTEC), causadora de Síndrome Hemolítica-Urêmica no Brasil. 109 Os resultados apresentados neste estudo, juntamente com o levantamento bibliográfico realizado, em relação à ocorrência da E. coli genérica em carcaças bovinas no Brasil, demonstraram, de modo generalizado, uma baixa prevalência e médias menores, quando comparado à maioria das literaturas internacionais. Em relação, especificamente ao Baseline (USDA, 1998), a média dos estados brasileiros foi maior. Houve oportunidade também de verificar, que a prevalência da E. coli no Brasil tem caído, com o decorrer dos anos. A análise estatística de coletas oficiais para E. coli em uma empresa habilitada para UE, apresentou diferença estatística, em relação à prevalência, sendo esta maior quando comparada às coletas dos autocontroles das demais 23 empresas. Porém, sem significativa diferença nas médias de contagem de quantidade de colônias. Está descrito, na Portaria 46 de 10 de fevereiro de 1998, APPCC, (BRASIL, 1998), a verificação pelo serviço oficial dos procedimentos dos autocontroles. O aprofundamento destes resultados poderia ser proporcionado, caso o MAPA regulamentasse a verificação oficial para a ocorrência de indicadores de processo, ou que haja mais estudos específicos com este perfil de pesquisa. A ocorrência de E. coli apresentou diferença significativa em relação às 23 empresa exportadoras, em comparação com uma empresa não exportadora, o que poderá oferecer subsídios para implementação das análises dos resultados que serão obtidos pela Circular nº 02/2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA que instituiu o Programa de Controle Microbiológico de Carcaças Bovinas (BRASIL, 2012). Estudos voltados à média e variabilidade, estimam a eficácia industrial. No entanto, o critério adotado pelo MAPA, para a verificação desta variabilidade dos desvios, através da Circular 1058/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008) que adita a Circular 835/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2008), não estabelece critérios para avaliação da média. Ou seja, uma empresa pode apresentar uma média, que julga ser normal, que consequentemente indicará um Limite Superior que pode, às vezes, ser alto, podendo causar danos à saúde pública, dependendo do risco do agente patogênico. Esta média também não está definida se seria utilizada, a média dos resultados microbiológicos, positivos e negativos, ou somente, a média dos positivos, cuja é utilizada nos levantamentos pelo FSIS/EUA. Outra deficiência documental observada foi a ausência de definição de período analisado, ou seja, não determinam a periodicidade analítica. 110 A regulamentação do critério para determinar a variabilidade é de responsabilidade das autoridades, com baseada em metas delineadas por uma gestão de avaliação de riscos à saúde pública. Em relação às comparações com os estudos americanos, efetuadas por alguns autores, em relação aos dados da literatura nacional, de contaminação microbiológica por E. coli e Salmonella spp., em carcaças bovinas, , vale enfatizar que estes últimos utilizam rotineiramente os tratamentos antimicrobianos, durante o processo de abate; o mesmo não é utilizado no Brasil. A prevalência da Salmonella spp em carcaças bovinas no Brasil é infinitamente menor, aos achados internacionais, apresentando dados qualitativos de ausência em alguns trabalhos e neste estudo, a prevalência foi de 0,075%. O perigo microbiológico eleito, Salmonella spp, é contemplado, atualmente, nos planos APPCC dos autocontroles industriais, na etapa do abate de bovinos. Com os resultados e revisão bibliográfica apresentados neste estudo, entende-se que a escolha deste agente patogênico, nesta etapa de processo, deverá ser revista. A Circular nº 665/2006/CGPE/DIPOA não é interpretada com clareza por alguns SIFs, que é publicação que implementa o Programa de Redução de Patógenos, e as coletas devem ser oficiais; muitos dados obtidos de Salmonella spp., 82 amostras, eram coletas dos autocontroles. Entende-se que é de interesse do órgão, que esse sistema de vigilância epidemiológica, seja normatizada oficialmente, com narrativa mais clara das competências oficiais. Se há presença desta bactéria enteropatogênica na carne bovina, esse ganho microbiológico, provavelmente está ocorrendo em outra fase do processo, onde há maior manipulação do produto e atenção deverá ser dada, à possibilidade de contaminação cruzada originada dos colaboradores. Mais específicos e exigentes, deveriam ser os ASOs, Atestados de Sanidade Ocupacional, para a finalidade “Manipulador de Alimentos”. Outra hipótese seria se a metodologia de coleta e/ou análise para Salmonella spp., em carcaças bovinas não estão sendo adequadas para a identificação da bactéria. Estudos e referências internacionais, em relação à CTV, descrevem que é um indicador genérico de verificação das Boas Práticas de Fabricação, Procedimentos Padrão de Higiene Operacional, e a conformidade desses autocontroles é, geralmente, encontrada em empresas maiores e exportadoras. Neste estudo, as duas empresas envolvidas, são exportadoras e apresentaram enumeração muito 111 baixa na contagem desses micro – organismos, estão muito inferiores aos trabalhos internacionais e nacionais citados, porém o desvio padrão foi elevado, demonstrando descontrole de processo. O estudo não apresentou proporcionalidade quanto às contaminações por E. coli, Salmonella spp. e CTV. Estas são de ocorrências independentes, da etapa do abate de bovinos à refrigeração das carcaças. A ausência de variabilidade nos resultados para CTV, através da coleta destrutiva, apontou deficiência na descrição das circulares do MAPA, para melhor padronização na metodologia de coleta dessas amostras. A informação obtida nos laboratórios foi a irregularidade das amostras, em relação à quantidade, A divulgação mais detalhada deste procedimento, com capilaridade intersetorial da Secretaria de Defesa Agropecuária, a fim de que as informações cheguem aos laboratórios credenciados, resultaria, provavelmente em resultados mais diferenciados. Mesmo sem definição de metas, sem políticas de controle oficial e ausência de levantamento estatístico para determinação de um critério microbiológico, os órgãos oficiais reguladores, publicam procedimentos de tecnologia de abate, que influenciam diretamente a contagem microbiológica, através do sistema de aspersão da carcaça bovina (BRASIL, 2011a). Os principais objetivos das pesquisas, na área de microbiologia de alimentos, são o entendimento de quais perigos são importantes e, em quais alimentos, a previsão de problemas futuros, relacionados com inocuidade dos alimentos e, o mais importante, o desenvolvimento de procedimentos para o processamento e produção de alimentos, de forma a prevenir a ocorrência de doenças de origem alimentar, e prevenindo custos desnecessários à produção e rechaços no agronegócio. 112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTIC, D.; BLAGOJEVIC, B.; DUCIC, M.; NASTASIJEVIC, I., MITROVIC, R.; BUNCIC, S. Distribution of microflora on cattle hides and its transmission to meat via direct contact. Food Control, Oxford, v. 21, n. 7, p. 1025–1029, 2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.foodcont.2009.12.022>. ANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ANUALPEC –, 2012. FNP. Consultoria & Comércio. NEHMI, J. M. D.; NEHMI FILHO, V.; FERRAZ, J. V. (Coord.). São Paulo: Argos. ARTHUR, T. M.; KEEN, J. E.; BOSILEVAC, J. 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Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1016/j.meatsci.2007.06.025>. 128 ANEXOS ANEXO A - COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ALIMENTOS O Brasil é internacionalmente reconhecido como “celeiro” mundial. Ë visível os constantes rechaços sanitários de países importadores, porém em alguns casos, o interesse comercial passa a ser o fator limitante do agronegócio. Independente desta análise mercadológica, há uma deficiência acentuada de metas sanitárias na cadeia alimentar brasileira. Todos os países objetivam reduzir as doenças de origem alimentar, porém muitos países, como o Brasil, ainda não estabeleceram o nível para o qual desejam reduzir essas doenças em seu país. A.1 Acordo para a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias – SPS. Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994 – (BRASIL, 1994) A Rodada Uruguaia das Negociações Multilaterais de Comércio, com a participação de mais 100 países, realizada em 1994, concretizou a nova Organização Mundial do Comércio (OMC), em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT - General Agreement of Tariffs and Trade). Nas negociações da Rodada Uruguaia, foi discutida pela primeira vez, a liberalização do comércio de produtos agrícolas, um tema excluído das Rodadas e negociações anteriores. Também foram incluídas negociações para a redução de barreiras não tarifárias no comércio internacional de produtos agrícolas e culminou em dois acordos: o Acordo para a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Acordo SPS), emanado da Rodada Uruguaia, oficializado no Brasil através do Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994, e o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (Acordo BTC ou TBT - Technical Barriers to Trade), emanado da Rodada de Tóquio. Estes acordos são aplicáveis aos membros da OMC pelos gerenciadores da ONU - FAO, OMS e, em termos gerais, também aos não membros da OMC. O Acordo SPS confirma o direito dos países membros da OMC de aplicar as medidas necessárias para proteger a saúde humana, animal e vegetal. Este direito foi incluído no original do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) em 1947. A 129 finalidade do Acordo SPS é assegurar que as medidas estabelecidas pelos governos, para a proteção da saúde humana e da saúde animal e vegetal no setor agrícola, são condizentes e coíbem a discriminação arbitrária e injustificada no comércio entre os países nos quais prevalecem as mesmas condições, ou ainda, uma restrição velada em relação ao comércio internacional. O outro acordo da Organização Mundial do Comércio, o Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT Agreement), estabelece também que “um país não pode exigir dos alimentos importados um grau de proteção superior ao exigido para o mesmo alimento em seu país”. É necessário que, com relação às medidas sanitárias, os membros da OMC tenham suas medidas nacionais em padrões, manuais e outras recomendações internacionais, conforme estabelecidos pela Comissão do Codex Alimentarius FAO/OMS, quando existirem. O Acordo SPS inclui todas as medidas de Higiene de Alimentos e de Segurança Alimentar, como por exemplo, o controle de resíduos de drogas veterinárias, pesticidas ou outras substâncias químicas usadas na produção da carne. Inclui, ainda, as medidas de quarentena animal e vegetal e a prevenção às toxi - infecções aimentares. O Acordo SPS é complementado por um programa de harmonização coordenado pelo Comitê sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC, que indica o Codex Alimentarius, a Organização Internacional de Epizootia (OIE International Office of Epizootic) e a Convenção Internacional de Prevenção a Vegetais e de Produtos de Origem Vegetal (IPPC - International Plant Protection Convention), para tratar de assuntos técnicos destes Acordos. Como consequência, o trabalho da Comissão do Codex Alimentarius (incluindo a "Norma para a Aplicação de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - HACCP") tornou-se referência para os requisitos internacionais de segurança alimentar. O Brasil possui dois pontos focais para o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da OMC: a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/MAPA) e o outro é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA/MS). 130 ANEXO B - SURTOS DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR ALIMENTOS (DTA) ALIMENTARES – DOENÇAS B.1 Dados Epidemiológicos Nacionais Somente em 1999, o Brasil iniciou levantamento epidemiológico das doenças transmitidas por alimentos. De acordo com este levantamento, de 2000 a 2011, foram notificados 8.663 surtos de DTA com 163.425 pessoas doentes e 112 óbitos (BRASIL, 2011b). A Figura 12 mostra a evolução dos casos e surtos de DTA deste período. FIGURA 12 - Surtos DTA. Série histórica de surtos e casos no BRASIL, 2000 a 2011. Fonte: SVS/BRASIL, 2011b A carne bovina “in natura” representa importante causadora de surtos alimentares, mantendo a quarta posição em relação a outros alimentos, apresentando o número de 358 em 3.487 alimentos identificados, constatando índice de 10,26% conforme Figuras 13 e 14 (BRASIL, 2011b). 131 FIGURA 13 - Classes de alimentos envolvidos em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011. Fonte: SVS/BRASIL, 2011b 132 FIGURA 14 - Classes de alimentos envolvidos em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011. Fonte: SVS/BRASIL, 2011b De 2000 a 2011, as Figuras 15 e 16 mostram que 3.927 agentes etiológicos foram identificados dentre os 8.663 surtos alimentares, ou seja, 45,33%, sendo 1.660 de Salmonella spp. (42,27%), 799 de Staphilococcus aureus (20,34%), 300 de Bacillus cereus (7,63%) e 411 de Escherichia coli (10,46%) (BRASIL, 2011b). 133 FIGURA 15 - Agentes etiológicos identificados em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011. Fonte: SVS/BRASIL 2011b FIGURA 16 - Agentes etiológicos identificados em surtos alimentares no BRASIL, 2000 a 2011. Fonte: SVS/BRASIL 2011b 134 B.2 Dados Epidemiológicos dos EUA Os dados econômicos - sanitários relativos às décadas de 1980 a 1990 foram fatores fundamentais para alavancar o Programa de Redução de Patógenos em 1996, Pathogen Reduction System; Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP). Levantamento realizado entre 1977 a 1981 constatou a presença de 17.7% a 29.3% de Salmonella spp. em 235 casos clínicos (USDA, 1998). A quantidade de casos estimados e de mortes nos EUA em 1987 de origem alimentar está exposto na Tabela 49 e observa-se que a Salmonella spp., mantém se em primeiro lugar em estimativa de casos e óbitos. O custo foi estimado em 2,9 a 5,4 bilhões de dólares. TABELA 49 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares nos EUA ,1987 – (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Quantidade de casos Quantidade estimada de estimados mortes 1.375.000 – 1.750.000 110 - 511 Clostridium perfringens 10.000 100 Escherichia coli O157:H7 8.000 – 16.000 160 - 400 Listeria monocytogenes 1.526 – 1.767 378 - 485 696.000 – 3.840.000 696 – 3.840 1.513.000 1.210 Patógeno Campylobacter jejuni ou Campylobacter coli Salmonella spp. Staphylococcus aureus Fonte: Buzby e Roberts – 1995 Food Safety (May – August) (apud BRASIL, 2000) Em 1994, a causa dos 80% dos casos esporádicos de enfermidades por E. coli O157:H7 nos EUA foram os hambúrgueres de preparo caseiro (CDC, 1994). Este fato é ratificado em 2004, quando Kassenborg et al., descreveram que os hambúrgueres insuficientemente cozidos é o veículo mais frequente nas toxi infecções alimentares por E. coli O157:H7 e a fonte de infecção pode ser tanto caseira, como restaurantes. 135 A Tabela 50 foi extraída (modificada) do Federal Register – FSIS (USDA, 1996a), e aponta a Salmonella spp., E. coli O157:H7, Campylobacter e a L. monocytogenes como bactérias importantes nos alimentos cárneos e em produtos de aves devido à sua patogenicidade. Estimam que a contaminação desses produtos com estas bactérias resultaram em mais de 4.000 mortes anuais e 5.000.000 de doentes. Custo estimado em 4.5 a 7.5 bilhões de dólares. TABELA 50 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares nos EUA, 1993 – (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Quantidade de casos Quantidade estimada de estimados mortes 2.500.000 200 – 730 Clostridium perfringens 10.000 100 Escherichia coli O157:H7 10.000 – 20.000 200 – 500 Listeria monocytogenes 1.795 –1.860 445 – 510 Salmonella spp 800.000 – 4.000.000 800 – 4.000 Staphylococcus aureus 8.900.000 7.120 Toxoplasma gondii - parasita 4.111 82 Patógeno Campylobacter jejuni ou Campylobacter coli Fonte: Federal Register / Vol. 61, No. 144, pg 38.963/4 FSIS, (USDA,1996a) Com dados de 1993 a 1995, os EUA publicam no Federal Register– FSIS (USDA, 1996a), Tabela 51, a estimativa de contaminação por 4 agentes patogênicos dos produtos cárneos e de aves que apontam para uma porcentagem que varia de 41 a 72%. 136 TABELA 51 - Estimativa de casos de toxi – infecções alimentares de produtos cárneos e de aves nos EUA, 1993/1995 (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Porcentagem de casos Porcentagem de casos atribuídos à carne e produtos atribuídos à carne e produtos de aves – 1993 de aves - 1995 Campylobacter 50 41 - 53 Salmonella spp 48 43 - 72 Escherichia coli O157:H7 50 60 Listéria monocytogenes 43 43 - 48 Patógeno Fonte: Federal Register / Vol. 61, No. 144, pg 38.965 FSIS, 1996a. Nos EUA, Mead et al. (1999) descreveram que as toxi – infecções alimentares chegaram a aproximadamente a 76 milhões (14 milhões com confirmação diagnóstica) de pacientes, 325 mil hospitalizações (60 mil com confirmação diagnóstica) e 5 mil mortes (1.800 com confirmação diagnóstica) nos EUA, anualmente, sendo que os patógenos Salmonella, Listeria e Toxoplasma foram responsáveis por 1.500 mortes. Lynch et al. (2006) descreveram em levantamento realizado de 1998 a 2002, que 55% de surtos de toxi – infecções alimentares nos EUA eram causados por bactérias. As carnes moídas, geralmente, eram contaminadas por Escherichia coli O157:H7 e alimentos frescos contaminados por Salmonella spp. e E. coli O157:H7. Nos EUA, mesmo com a queda de 25%, constatada em 2009, em comparação com a década passada, em toxi - infecções alimentares causadas por Shigella, Yersinia, STEC (Shiga toxin–producing E. coli) O157, Campylobacter, e Listeria e queda de 10 % para Salmonella spp., o Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Origem Alimentar (CDC - National Center for Infectious Diseases), em 2011, estimou que, anualmente, 1 em cada 6 americanos, ou seja, 48 milhões de habitantes ao ano adoecem, 128.000 são hospitalizados e 3.000 morrem de doenças alimentares (CDC, 2011). Neste mesmo ano, o CDC classifica a estimativa da quantidade de casos, hospitalizações e mortes pelos cinco principais patógenos alimentares, Tabela 52. 137 TABELA 52 - Estimativa anual do número de casos, hospitalizações e mortes por toxi – infecções alimentares nos EUA, 2011 (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Patógeno Quantidade de casos estimados Quantidade Quantidade estimada de estimada de hospitalizações mortes Campylobacter spp 4°lugar - 854.024 3°lugar - 8.463 5°lugar - 76 Clostridium perfringens 3°lugar - 965.958 *** *** Escherichia coli STEC O157 *** 5°lugar - 2.138 *** Listeria monocytogenes *** *** 3°lugar - 255 Salmonella spp 2°lugar - 1.027.561 1°lugar - 19.336 1°lugar - 378 Staphylococcus aureus 5°lugar - 241.148 *** *** Toxoplasma gondii - parasita *** 4°lugar - 4.428 2°lugar - 327 Norovirus 1°lugar - 5.461.731 2°lugar - 14.663 4°lugar - 149 Fonte: CDC, 2011 Além destes cinco patógenos, existem mais 26 outros, totalizando 31 patógenos identificados como causadores de toxi – infecções nos EUA (CDC, 2011). A redução, observada nos índices de 2009, está diretamente relacionada ao avanço das medidas adotadas pelos estabelecimentos pela inocuidade alimentar dos produtos de origem animal, em especial às carnes de origem bovina, que vêm sofrendo processos tecnológicos como descontaminação da pele e tratamentos em carcaças. (CDC, 2011). Scallan et al. (2011) estimaram a ocorrência de 9,4 milhões de casos anuais de doenças alimentares, com 55.961 hospitalizações e 1.351 mortes nos EUA. 138 ANEXO C – REFERÊNCIAS DE INOCUIDADE ALIMENTAR C.1 Referências Universais de Inocuidade Alimentar Para serem efetivas, as ações de controle devem ser iniciadas nas primeiras etapas da cadeia de produção por autoridade competente ou por empresa de alimentos, pelo estabelecimento de POs (Objetivos de Desempenho), Critério de Desempenho e Padrões Microbiológicos, quando necessários (GELLI, 2009). O FSO determina uma meta que a cadeia produtiva deve atingir, sem especificar a maneira como essa meta deve ser atingida. Assim, o FSO dá flexibilidade para que, na cadeia produtiva, sejam utilizadas técnicas de processamento mais adequadas para cada situação, Boas Práticas na Agricultura, Boas Práticas de Higiene, PPHO e HACCP desde que o nível máximo do perigo especificado não seja ultrapassado no momento do consumo (ICMSF, 2006). Essas ferramentas utilizadas durante a produção proporcionam um nível a ser atingido em uma etapa na cadeia produtiva, anterior ao consumo, chamado de Objetivo de Desempenho (PO – Performance Objective). Em produtos prontos para consumo, os POs podem ser calculados a partir de um FSO, descontando-se a contaminação bacteriana esperada e/ou a multiplicação entre os dois pontos (ICMSF, 2006). Os POs podem ser estabelecidos pelo governo ou pela indústria na ausência ou na presença das metas estabelecidas pelos FSOs. POs, tal como qualquer outro limite microbiológico para produtos acabados, devem levar em consideração o nível inicial do perigo antes do processamento, e também o possível aumento deste nível até o momento do consumo (ICMS, 2006). C.1.1 Codex Alimentarius CAC/RCP 1-1969 R 2003/pag. 3. (CODEX, 2003) Os princípios gerais do Codex Alimentarius para higiene dos alimentos são de recomendações a governos, indústria e consumidores. Identificam os princípios essenciais de higiene dos alimentos aplicáveis ao longo da cadeia alimentar até o consumidor final com a finalidade de inocuidade alimentar. Os objetivos dos Princípios Gerais do Codex para Higiene dos Alimentos são: 1- identificar os princípios essenciais (pré-requisitos de Higiene dos Alimentos aplicáveis através da cadeia alimentar, incluindo produção primária até 139 consumo final) para alcançar o objetivo do alimento seguro e adequado para o consumo humano; 2- recomendar os conceitos com base no APPCC, como forma de aumentar a segurança do alimento; 3- indicar como implementar estes princípios; 4- estabelecer normas para códigos específicos, que sejam necessários para setores da cadeia de alimentos; processos ou instalações, de forma a ampliar os requisitos de higiene necessários. Os pré-requisitos do programa APPCC, como o Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional – PPHO (SSOP) e as Boas Práticas de Fabricação – BPFs (GMPs), são avaliados para verificar sua conformidade com os requisitos mínimos dos Princípios Gerais do Codex para a Higiene dos Alimentos. Estes prérequisitos são considerados como etapas definidas, universais, ou procedimentos que controlam as condições operacionais dentro de um estabelecimento de alimentos, levando-se em conta as condições ambientais favoráveis para a produção de um alimento seguro (GELLI, 2009). C.1.2 ISO 17604/2003. International Standards - Organização Internacional de Normatização (ISO 2003) O critério desta regra internacional, em específico, é utilizado por estabelecimentos de abate de animais de carne vermelha e dispõe de padronização para amostragem de coletas de carcaças frescas tanto para coletas destrutivas como não destrutivas. Na ausência de normas mais específicas, em matéria de amostragem e preparação de amostras para análise, utilizam - se como métodos de referência, as normas ISO e as diretrizes do Codex Alimentarius. Além da base legal internacional, a amostragem de carcaças bovinas e de cortes para análise bacteriológica em matadouros frigoríficos, em estabelecimentos de desossa e preparados de carne, pode seguir a metodologia descrita nas normas ISO 17604 (ISO, 2003). O respectivo documento esclarece as vantagens e desvantagens dos métodos não destrutivo (suabe) e destrutivo em carcaças, além de determinar pontos de maior contaminação em vários tipos de carcaças das espécies animais. 140 As desvantagens para uma coleta destrutiva é no caso de a contaminação ser baixa e heterogênea ou quando a presença dos micro – organismos seja esparsa. A vantagem é a contagem bacteriana ser mais precisa do que em outros métodos, pois nem todas as bactérias são removidas pelo método não destrutivo (suabe); também este último método proporciona uma maior variabilidade de resultados, pois depende muito do operacional de coleta (ISO 17604/2003). C.1.3– International Commission on Microbiological Specications for Foods Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF) A Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF) é um grupo de especialistas, constituído em 1962, com o objetivo de promover informação científica básica para governos e indústrias em assuntos relacionados com segurança microbiológica de alimentos e faz parte da União Internacional das Sociedades de Microbiologia (IUMS) e tem vínculo com Organização Mundial da Saúde (OMS). C.1.4 International Commission on Microbiological Specications for Foods Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF, 2006) Boas Práticas e HACCP O sistema HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), foi desenvolvido por indústrias químicas da Grã-Bretanha na década de 50. Nas décadas de 50, 60 e 70, o sistema foi empregado pela Comissão Americana de Energia Atômica para o planejamento de usinas nucleares. A “National Aeronautics and Space Administration – NASA”, nos EUA adotou a metodologia anos 60, para que o sistema HACCP fosse empregado na produção de alimentos para os tripulantes dos voos espaciais, a fim de minimizar a incidência de ocorrência de doenças de origem alimentar. Tendo em vista as muitas limitações da inspeção tradicional e da amostragem/análise de lotes e sua incapacidade de garantir a segurança dos alimentos, em 1970 foi desenvolvido o conceito o HACCP, inicialmente em alimentos de baixa acidez e depois em estabelecimentos processadores de carne, que trouxe 141 uma grande contribuição para a produção de alimentos seguros. Os objetivos do HACCP são focados nos perigos em um determinado alimento que tenha alguma probabilidade de afetar a saúde pública, caso não sejam controlados, e no desenvolvimento de produtos alimentícios e de condições de processamento, comercialização, preparação e uso que permitam controlar esses perigos. Para que seja bem sucedido, é necessário que o HACCP esteja apoiado em Boas Práticas, como as BPA - Boas Práticas na Agricultura, e BPF - Boas Práticas de Fabricação, que minimizam a ocorrência de perigos no produto e no ambiente de produção. O HACCP constitui-se em uma avaliação dos perigos em uma sequência de produção em particular e também define as etapas em que medidas de controle críticas devem ser adotadas para assegurar a inocuidade do produto. O HACCP estabelece também limites, procedimentos de monitoramento e medidas corretivas (ICMSF, 2006). C.2 Referências Nacionais de Inocuidade Alimentar – MAPA A maioria das publicações do MAPA, no que diz respeito a este trabalho, foi para atender ao mercado importador americano, canadense e europeu; no entanto, na atualidade, é dever de toda a indústria de alimento de produtos de origem animal, registrada no MAPA, implantar as diretrizes propostas nestes documentos. Praticamente, resume-se em duas palavras: controle de processo. Em síntese, esse procedimento fundamenta-se na inspeção contínua e sistemática de todos os fatores que, de alguma forma, podem interferir na qualidade higiênicosanitária dos produtos expostos ao consumo da população. C.2.1 Portaria 368, de 04 de setembro de 1997. Regulamento técnico sobre as condições higiênico- sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos elaboradores/industrializadores de alimentos – BPF/MAPA (BRASIL, 1997a) Estabelece os requisitos gerais e essenciais de higiene e de Boas Práticas de Fabricação (BPF) para alimentos elaborados/industrializados para o consumo humano. Orienta os procedimentos sanitários a serem adotados em toda a fase de produção, quer sejam procedimentos operacionais, como estruturais desde a 142 recepção da matéria prima, até a expedição do produto final. Possui âmbito em produtos comercializados nacional e internacionalmente. Envolve as seguintes fases do processamento: 1 - Matéria prima 2 - Condições Higiênico Sanitárias dos Estabelecimentos 3 - Higiene Pessoal 4 - Procedimentos Sanitários na elaboração do produto 5 - Armazenamento e Transporte de Matérias Primas e Produto acabado. 6 - Análise Laboratorial As BPFs, juntamente com o Procedimento Padrão de Higiene Operacional, PPHO, através da Circular 245/1996/DCI/DIPOA/MAPA (BRASIL,1996) e Circular 463/2004/DCI/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2004), são as ferramentas fundamentais para elaboração do plano Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, APPCC. C.2.2 Portaria 46, de 10 de fevereiro de 1998. Aprova o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle – APPCC/ MAPA. (BRASIL, 1998) Com a publicação, nos EUA, do Pathogen Reduction - Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems - Final Rule, em 1996, a necessidade de adequação das atividades do Serviço de Inspeção Federal - SIF aos modernos procedimentos adotados no controle higiênico-sanitário das matérias-primas e dos produtos de origem animal e a necessidade de atendimento aos compromissos internacionais assumidos no âmbito da Organização Mundial de Comércio e consequentes disposições do Codex Alimentarius, assim como no do MERCOSUL o Brasil, através do MAPA, publica a Portaria 46 que rege sobre o Sistema de Prevenção e Controle nas etapas de processo de produtos de origem animal, com base na Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle- APPCC, do inglês "HAZARD ANALYSIS AND CRITICAL CONTROL POINTS - HACCP". O compromisso da diretoria das empresas é fator fundamental para o desenvolvimento do programa e os princípios básicos do APPCC são três: a) os produtos de origem animal devem ser elaborados sem riscos à saúde pública; b) apresentem padrões uniformes de identidade e qualidade; 143 c) atendam às legislações nacionais e internacionais, no que tange aos aspectos sanitários de qualidade e de integridade econômica. O APPCC baseia-se na prevenção, eliminação ou redução dos perigos em todas as etapas da cadeia produtiva. Constitui-se de sete princípios básicos, a saber: 1. identificação do perigo; 2. identificação do ponto crítico; 3. estabelecimento do limite crítico; 4. monitorização; 5. ações corretivas; 6. procedimentos de verificação; 7. registros de resultados. Consiste em medidas preventivas e corretivas sobre um ou mais fatores, com o objetivo de prevenir, reduzir a limites aceitáveis ou eliminar os perigos biológicos, químicos ou físicos para a saúde pública, a perda da qualidade e a fraude econômica. C.2.3 Circular 463/2004/DCI/DIPOA, Circular 175/2005/CGPE/DIPOA, Circular 176/2005/CGPE/DIPOA-MAPA. Implementa o sistema de autocontrole dos estabelecimentos. (BRASIL, 2004) (BRASIL, 2005b ) (BRASIL, 2005c) Inicialmente, essas circulares foram publicadas para atender ao mercado importador americano, canadense e europeu; no entanto, na atualidade é dever de toda a indústria de alimento de produtos de origem animal, registrada no MAPA, implantar as diretrizes propostas nestes documentos. Praticamente, resume-se em duas palavras: controle de processo. Em síntese, esse procedimento fundamenta-se na inspeção contínua e sistemática de todos os fatores que, de alguma forma, podem interferir na qualidade higiênicosanitária dos produtos expostos ao consumo da população. Os avanços das legislações no tocante às responsabilidades dos fabricantes inseriram, nas suas tarefas rotineiras, a avaliação da implantação e da execução, por parte da indústria inspecionada, dos chamados programas de autocontrole. As modernas legislações, dirigidas ao controle sanitário de alimentos, tratam esses programas como requisitos básicos para a garantia da inocuidade dos produtos. No DIPOA, estes programas incluem três princípios básicos: 144 1 - Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional – PPHO (SSOP), pré requisito para APPCC; 2 - Boas Práticas de Fabricação – BPFs (GMPs); pré requisito para APPCC; 3 - Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC (HACCP). A matéria-prima, instalações e equipamentos, pessoal e metodologia de produção, estão, direta ou indiretamente, envolvidos na qualidade higiênico-sanitária do produto final. O SIF fica na responsabilidade de verificação dos procedimentos de autocontroles das indústrias. 145 ANEXO D - MICRO - ORGANISMOS PATOGÊNICOS IMPORTANTES EM ALIMENTOS Além da importância da Salmonella spp. e da E. coli, citadas neste estudo, outros micro - organismos são importantes na cadeia alimentar e através dos dados descritos no Programa de Alimento Seguro PAS/SENAI/SEBRAE, (CNI, 2000), serão citados resumidamente alguns destes agentes patogênicos e suas consequências. D.1 Listeria monocytogenes O gênero Listeria constitui-se das seguintes espécies: L. monocytogenes, L. ivanovii, L. innocua, L. seeligeri, L. denitrificans, L. murrayi, L. grayi e L. welshimeri. Todas são contaminantes de alimentos, sendo que a L. monocytogenes constitui-se importante patógeno para o homem e animais. Devido aos inúmeros surtos, envolvendo o consumo de alimentos contaminados com L. monocytogenes, ficou comprovado que a via de infecção é a oral e a dose infectiva pode ser baixa. Os alimentos, comumente envolvidos, são produtos prontos para consumo, pois as cepas de L. monocytogenes são termolábeis: queijos, produtos cárneos, pescados e vegetais (CNI, 2000). D.2 Clostridium botulinum São agrupados sete tipos de C. botulinum, de A a G, baseado na especificidade sorológica das neurotoxinas que produz. O Botulismo humano, incluindo intoxicação (toxinose) de origem alimentar, ferida e botulismo infantil, está associado aos tipos A, B, E e, muito raramente, F. Os tipos C e D causam botulismo em animais. Até o presente, não há nenhuma evidência do envolvimento do tipo G com doenças. O C. botulinum encontra-se dividido em quatro grupos, baseado em diferenças fisiológicas. As cepas do grupo II de C. botulinum, produtoras de toxina tipo E, muito comuns em peixe e produtos de pescados, são particularmente preocupantes porque crescem a temperaturas tão baixas quanto 3.3 °C e não produzem muitas evidências de deterioração (CNI, 2000). Os esporos de C. botulinum são, comumente, encontrados no solo e sedimentos. Têm sido isolados de carnes, mel, vegetais, produtos de laticínios, pescados, tratos intestinais de peixe e vísceras de caranguejos e outros frutos do 146 mar. A termorresistência dos esporos possibilita a sua sobrevivência em temperaturas normais de cocção e, por serem anaeróbios, crescem em embalagens a vácuo e em ambientes com atmosfera modificada. Assim, o botulismo tem sido comumente associado aos alimentos enlatados (normalmente conservas caseiras). Frutos do mar semipreservados, incluindo peixe defumado, salgado e fermentado, têm sido, também, identificados como causas de botulismo (CNI, 2000). D.3 Clostridium perfringens Tipo A Clostridium perfringens produz doenças de largo espectro, tanto em humanos como em animais. A sua patogenicidade está associada à capacidade de produzir toxinas de natureza proteica, das quais duas são particularmente ativas no trato intestinal de humanos. O tempo de geração, em 10 minutos, permite uma multiplicação acelerada no alimento, atingindo a dose infectante em tempo bastante curto. Os esporos de C. perfringens são extremamente resistentes ao estresse ambiental, como à radiação, à dessecação e ao calor (CNI, 2000). Toxi-infecção de origem alimentar, causada por C. perfringens, é muito frequente em instituições, pois o fator que contribui para esse padrão epidemiológico é a necessidade de preparar os alimentos com muita antecedência para serem servidos posteriormente, permitindo a multiplicação desse microrganismo quando mantido em temperatura inadequada (CNI, 2000). Alimentos, como carne e frangos cozidos e mantidos sem aquecimento ou refrigeração adequados antes de servir, são os principais veículos desse micro organismo. A presença de pequeno número de C. perfringens não é incomum em carnes cruas, frangos, sopas desidratadas e molhos, legumes crus e especiarias. Pelo fato de os esporos de algumas cepas serem resistentes a temperaturas tão altas como 100°C por mais de uma hora, sua presença em alimentos é praticamente inevitável. Além disso, o nível de oxigênio, durante a cocção, encontra-se bastante reduzido, permitindo a multiplicação dos clostrídios. Esporos que sobrevivem à cocção podem germinar e as células vegetativas desenvolvem-se, rapidamente, em alimentos não refrigerados adequadamente (CNI, 2000). 147 D.4 Staphylococcus aureus A peculiar resistência de S. aureus, facilita a contaminação e a multiplicação em alimentos. O gênero Staphylococcus pertence à família Micrococcae, juntamente com os generos Planococcus, Micrococcus eStomatococcus. (SANTOS et al., 2007). É dividido em mais de 23 espécies e subespécies, muitas delas sendo encontradas em alimentos como resultado de contaminação de humanos, animais ou ambiente. Seis espécies são isoladas com maior frequência: S. aureus, S. chromogenes, S. hyicus, S. intermedius, S. epidermidis e S. saprophyticus, as três primeiras de grande relevância para a Microbiologia de alimentos (CNI, 2000). Staphylococcus aureus é a espécie que apresenta maior potencial patogênico para os humanos e é extremamente importante para a microbiologia de alimentos, por ser uma das mais frequentes causas de gastroenterite de origem alimentar em todo o mundo. Cepas de S. aureus produzem várias enzimas e toxinas que participam no seu mecanismo de patogenicidade. As enterotoxinas são particularmente importantes no processo de gastroenterite de origem alimentar. A intoxicação (toxinose) estafilocócica é provocada pela ingestão de alimentos contendo enterotoxina pré-formada, não havendo participação direta das células vegetativas. São vários os tipos de enterotoxina envolvidos em intoxicações alimentares por S. aureus: A, B, C1, C2, C3, D e E. Apesar de haver outras espécies com capacidade para produzir enterotoxina, a maioria das intoxicações têm sido causadas por S. aureus (CNI, 2000). Os humanos são os principais reservatórios para os estafilococos, incluindo S. aureus, envolvidos em doenças. Apesar de pertencer à flora normal das mucosas e pele, S. aureus é um dos mais importantes patógenos para os humanos. Coloniza principalmente as mucosas nasal e oral, podendo colonizar outros locais como períneo, pele e cabelo de indivíduos saudáveis. Indivíduos portadores são os principais disseminadores desse microrganismo (CNI, 2000). A disseminação do S. aureus entre os humanos e destes para os alimentos pode ocorrer por contato direto ou indireto, através de fragmentos de pele ou por secreções do trato respiratório. Além da contaminação, através dos manipuladores de alimentos, portadores de S. aureus, essa bactéria pode ser introduzida no alimento a partir de equipamentos e utensílios usados no processamento de alimentos, como moedores de carne, facas, tábuas de cortar e serras. Os animais 148 constituem uma outra importante fonte de S. aureus, pois são frequentemente colonizados por esse microrganismo. Isso se torna um problema de saúde pública uma vez que resulta na contaminação de alimentos, principalmente do leite obtido de animais com mastite (CNI, 2000). As condições que favorecem o aparecimento de surtos de intoxicação de origem alimentar são: refrigeração inadequada; preparo de alimentos com muita antecedência; higiene pessoal precária; cocção ou aquecimento inadequado do alimento; uso prolongado de pratos aquecidos para servir os alimentos, pois propicia o crescimento de S. aureus e consequente produção de enterotoxina. A enterotoxina estafilocócica não é destruída pelo calor, mesmo por 30 minutos a 100 °C, ao contrário do que ocorre com a neurotoxina botulínica (CNI, 2000). D.5 Shigella spp. O gênero Shigella é constituído de quatro espécies designadas S. dysenteriae, S. flexneri, S. boydii e S. sonnei. É encontrada no trato intestinal de humanos e na grande maioria dos casos, a disseminação se dá pela transmissão pessoa a pessoa. No entanto, têm sido documentados surtos de infecção causados pela ingestão de alimentos ou água contaminados. Alimentos prontos para consumo (saladas, leite, etc.) são os principais veículos desse microrganismo (CNI, 2000). D.6 Yersinia enterocolítica O gênero Yersinia, da família Enterobacteriaceae inclui 11 espécies: Y. pestis, Y. enterocolitica, Y. pseudotubeerculosis, Y. frederiksenii, Y. kristensenii, Y. intermedia, Y. aldovae, Y. rohdei, Y. beercovieri, Y. mollaretti e Y. ruckeri, sendo as três primeiras patogênicas para os humanos. Uma das características de Y. enterocolítica é a de se multiplicar bem à temperatura de refrigeração, levando alguns pesquisadores a considerar esse enteropatógeno importante apenas para os países de clima frio. No entanto, tem sido documentado o seu isolamento de espécimes clínicos também em países de clima tropical, inclusive no Brasil (CNI, 2000). Vários surtos têm indicado que esse microrganismo provoca enterite de origem alimentar, sendo o leite cru, leite achocolatado, carne de suínos e seus 149 derivados, ostras e pescados, comumente implicados como veículos da infecção. Encontra-se amplamente distribuído na natureza, sendo os suínos os seus principais reservatórios. Foram isolados também de vacas, chinchilas, coelhos, aves, pescados e outros animais (CNI, 2000). D.7 Campylobacter spp. Campylobacter jejuni constitui, dentro da família Campylobacteriaceae, a espécie mais importante para a medicina humana. É uma das mais comuns e importantes causas de doenças diarreicas em humanos. É uma bactéria zoonótica, com muitos animais servindo de reservatório para as doenças humanas. Encontrase amplamente distribuída no trato intestinal de animais como coelhos, roedores, carneiros, cavalos, bovinos, suínos, aves, como pássaros selvagens e galinhas, e animais domésticos de sangue quente (CNI, 2000). Gastroenterites por C. jejuni podem ser transmitidas por alimentos, em particular, por leite cru. Outros alimentos, envolvidos em surtos, são frangos, ovos, carne bovina, bolo gelado, moluscos crus, mexilhões e ostras. Suprimentos de água contaminada têm sido responsáveis por surtos em várias cidades nos Estados Unidos. Contaminação cruzada de alimentos por superfícies de contato sujas, incluindo tábuas de cortar e mãos, pode ser a rota mais frequente. A transmissão também pode ser pelo contato pessoa a pessoa (CNI, 2000). D.8 Bacillus cereus Bacillus cereus encontra-se largamente distribuído na natureza, sendo o solo o seu reservatório natural. Comumente, contamina vegetais, cereais, condimentos, além de muitos outros alimentos crus e processados. O alimento, comumente envolvido em surtos e casos esporádicos de síndrome emética, é o arroz cozido a vapor ou frito (CNI, 2000). Toxi - infecção gastrintestinal causada por B. cereus ocorre, em geral, quando os alimentos, após a sua cocção, são mantidos sem refrigeração apropriada durante várias horas antes de serem servidos. Muitas vezes, o aquecimento não é suficiente para destruir os esporos, frequentes nos cereais e vegetais. O calor favorece a germinação dos esporos e a manutenção a uma temperatura propícia favorece a 150 multiplicação das formas vegetativas, podendo alcançar a dose infectante (CNI, 2000). D.9 Vibrio spp. O gênero Vibrio pertence à família Vibrionaceae. Possui várias espécies patogênicas para o homem, destacando-se: V. cholerae, V. parahaemolyticus e V. vulnificus pela sua importância em microbiologia de alimentos (CNI, 2000). Vibrio cholerae Foram descritos mais de 100 sorogrupos de V. cholerae. As epidemias de cólera foram sempre associadas às cepas produtoras de toxina termolábil pertencentes ao sorogrupo O1. Por isso, são descritas como V. cholerae O1, para indicar o agente da cólera e V. cholerae não O1, para designar cepas pertencentes aos demais sorotipos não relacionados à colera. A cólera pode ser causada por dois biotipos de V. cholerae, o clássico e o El Tor. Cada biotipo é classificado em 3 sorotipos: Inaba, Ogawa e Hikojima. A pandemia que atingiu a América do Sul, em 1991, teve início no Peru e se estendeu para outros países, inclusive o Brasil. Ela foi causada pelo V. cholerae O1, biotipo El Tor. Vibrio cholerae é encontrado em estuários, baías e águas salgadas. Aparentemente, o homem é o seu reservatório. No entanto, há evidências de que plantas aquáticas e frutos do mar possam ser reservatórios dessa bactéria. Ocorre naturalmente na água e tende a ser mais numeroso no ambiente durante os meses mais quentes (CNI, 2000). Vibrio parahaemolyticus Vibrio parahaemolyticus ocorre naturalmente em estuários e ao longo de outras áreas litorâneas na maior parte do mundo. Na maioria das áreas, V. parahaemolyticus é mais numeroso no ambiente durante os meses mais quentes; assim, a maioria dos surtos ocorre nesse período. A doença tem sido associada ao consumo de caranguejos contaminados, ostras, camarão, lagosta e peixe cru. Ocorre com grande frequência no Japão, devido ao hábito alimentar de ingerir peixes crus (sashimi e sushi) (CNI, 2000). Vibrio vulnificus Vibrio vulnificus é uma bactéria que ocorre naturalmente em ambiente marinho, requerendo sal para sobrevivência. Ocorre principalmente no Golfo do México, mas também foi isolado dos oceanos Atlântico e Pacífico. Os níveis dessa 151 bactéria no ambiente são mais elevados durante os meses mais quentes. Infecções por V. vulnificus têm sido associadas ao consumo de ostras, moluscos e caranguejos azuis (CNI, 2000). D.10 Plesiomonas shigelloides Estudos genéticos indicam que o Plesiomonas shigelloides possui estreito relacionamento com a família Enterobacteriaceae e tem relação ancestral ao gênero Proteus (JAGGER, 2000), sendo constituído por micro - organismos bastonetes Gram-negativos, anaeróbios facultativos, citocromooxidase positivos e fermentadores de carboidratos. Os reservatórios desse micro – organismo incluem animais como aves, peixes, crustáceos, mamíferos (cães, gatos, ovelha), répteis e os seres humanos. Surtos de enterites têm sido documentados incriminando alimentos e água como veículos. Os alimentos comumente associados aos surtos foram: pescados, como caranguejos, ostras cruas ou cozidas e peixe (CNI, 2000). D.11 Aeromonas spp. O gênero Aeromonas pertence à família Aeromonadaceae (SILVA, 2010). As espécies, comumente associadas a doenças, são móveis e incluem A. hydrophila, A. veronii biotipo sóbria (Vibrio sobria) e A. caviae. A sua patogenicidade é bastante questionada. No entanto, investigações epidemiológica, microbiológica, clínica e imunológica, confirmam a sua relevância como agentes de enterites. São comumente isoladas da água para beber, de uma imensa variedade de alimentos, como mariscos, carnes de aves e bovinos, vegetais e leite cru. Os reservatórios desses microrganismos são: água doce, águas residuais e água marinha. Contato ou consumo de água contaminada, especialmente no verão, é o maior fator de risco para a enterite por Aeromonas. Alimentos contaminados podem ser veículos da infecção. Além disso, espécies de Aeromonas parecem contribuir para a deterioração de uma variedade de alimentos (CNI, 2000). D.12 Toxoplasma gondii É um protozoário coccídio intracelular, o reservatório é o felino, e que pertencem à família Sarcocystidae, da classe Sporozoa. Os oocistos podem 152 sobreviver durante meses no ambiente e são resistentes a desinfetantes, congelamento e processo de secagem, mas destruídos pelo aquecimento a 70ºC por 10 minutos. A distribuição da doença é mundial, e afeta os mamíferos e as aves. A infecção no homem é comum, sendo de maior ocorrência em regiões de clima quente e de baixa altitude. Alta prevalência (85%) de infecção foi relatada na França pelo consumo de carne crua ou mal cozida, e os EUA apontam importância epidemiológica desta da toxoplasmose, Tabelas 44 e 46 Anexo B. Os hospedeiros definitivos de Toxoplasma gondii são os gatos e outros felinos que se contaminam pela ingestão de mamíferos. O Toxoplasma gondii é transmitido ao homem por diversas maneiras: através da ingestão de carne mal cozida contendo cistos de Toxoplasma, pela ingestão de oocistos provenientes de mão contaminada por fezes ou alimento e água e outros (CVE, 2012). D.13 Norovirus É um vírus altamente contagioso. A contaminação pode ocorrer através da água e alimento contaminados. Causa gastroenterite, e atualmente, é a causa mais comum de toxi-infecções alimentares agudas, nos EUA, com incidência anual de 21 milhões de casos, 70 mil hospitalizações e 800 mortes. A prevenção é a higienização das mãos dos manipuladores e boas práticas de fabricação (CDC, 2012). 153 ANEXO E – PADRONIZAÇÃO DE CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS ADOTADOS PELA INDÚSTRIA DE CARNE BOVINA “IN NATURA” As análises microbiológicas de alimentos devem ser realizadas em diferentes etapas do processo produtivo, selecionados de acordo com a análise de risco, a fim de controle e mitigação do perigo, a limites aceitáveis. Cada processo produtivo é único e o APPCC é um fragmento preventivo do sistema de controle de processo, para obtenção da seguridade alimentar, e as análises microbiológicas são uma das ferramentas. Existem duas importantes metodologias de interpretação de resultados microbiológicos: - um modelo estabelecido pelos órgãos governamentais que determinam limites em duas classes ou em três classes (m, M), podendo, o resultado, ser satisfatório, aceitável e não satisfatório; - controle estatístico de processo, através de cartas gráficas, sendo um atributo da própria empresa a determinação da média histórica, do Limite inferior (LI) e do Limite superior (LS). E.1 Referências Internacionais de critérios microbiológicos E.1.1 International Commission on Microbiological Specications for Foods Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF/1986) O ICMSF, em 1986, publica o padrão microbiológico para diversos alimentos. O critério microbiológico adotado é somente para Salmonella spp e Contagem em placa de Aeróbios (Mesófilos- CTV); este último está representado na Tabela 53. Em relação à presença de Salmonella spp e Clostridium perfringens em carne “in natura”, descreve que não são indicadoras de processo, e sim de outros incidentes inerentes ao animal vivo e que a aplicação correta de procedimentos sanitários operacionais, não implica nas ações preventivas desta contaminação. (ICMSF, 1980, p. 347, apud ICMSF,1986). Recomenda ausência de Salmonella spp em 25 gramas de produto. Determina que a Contagem de Aeróbios em Placas (mesófilos- CTV) é indicadora de processo. Descreve que não há estudos de análise de risco à saúde 154 pública em relação aos micro-organismos envolvidos e que as Boas Práticas de Fabricação influenciam diretamente na contagem microbiana. TABELA 53- Critérios de limites microbiológicos para aeróbios totais em placas para carne “in natura” com exceção de carne de aves e pescados (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). ICMSF (1986) Quantidade Produto Quantidade de de amostras amostras aceitáveis Limites cm2 (suabes) entre m e M n c m M Carcaça antes da refrigeração 5 3 105 106 Carcaça resfriada 5 3 106 107 Carcaça congelada 5 3 106 107 No entanto, em 2011, o mesmo comitê descreve que em superfície de carcaça, durante as operações de abate, o que se encontra geralmente são índices de CTV cultivadas a 35°C, menores que 103 UFC/cm2 e em cortes, menores que 104 UFC/g (ICMSF, 2011). E.1.2 United States Department of Agriculture/Food Safety and Inspection Service - Departamento de Agricultura dos EUA/Serviço de Segurança e Inspeção Alimentar (USDA/FSIS) Os EUA possuem grande preocupação com inocuidade alimentar e apresentam estatísticas de toxi – infecções alimentares preocupantes, devido ao hábito alimentar “fast food”. Os levantamentos estatísticos que realizam, Anexo B, são referências internacionalmente conceituadas, e em 1996 publicaram o Programa de Redução de Patógenos Alimentares. 155 E.1.2.1 USDA/FSIS - Pathogen Reduction; Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems. Federal Register / Vol. 61, No. 144/ July 25 1996 (USDA, 1996b) Em 25 de julho de 1996, o Serviço de Inspeção Americano, FSIS publicou na imprensa oficial daquele país, Federal Register o “HazardAnalysis and Critical Control Points” – HACCP, em português, Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC. A finalidade é implementar requisitos para os estabelecimentos de carnes e produtos de aves para redução na ocorrência e quantidade de micro – organismos patogênicos nestes produtos, para diminuir a incidência das toxi - infecções alimentares e promover novas estruturações no sistema de produção das indústrias frigoríficas. O novo sistema basicamente descreve os seguintes princípios: 1 – Requer que cada estabelecimento desenvolva, implemente e registre os procedimentos sanitários padrões operacionais, SSOP’s; 2 – Requer um regular controle microbiológico dos abatedouros, a fim de verificação da adequação das empresas no processo de prevenção e remoção de contaminação fecal bacteriana; da ênfase na E. coli genérica; 3 – Estabelece um programa de redução de Salmonella spp em estabelecimentos de abate e de produção de carne moída; 4 – Requer que todo estabelecimento produtor de carne e de ave desenvolva e implemente o sistema de prevenção e controle que, por sua vez, venha a garantir a inocuidade de seus produtos, conforme determinado pelo HACCP. O prazo estipulado para as empresas se adequarem às novas regras foi de janeiro de 1997 a janeiro de 2000, respeitando a capacidade de cada estabelecimento, sendo os maiores obrigados a respeitar o menor prazo. Com auxílio de um gabarito de 100 cm 2 e esponjas estéreis, determinaram que as amostras devem ser coletadas pelo método não destrutivo, em três partes da carcaça bovina resfriada com no mínimo 12 horas de abate, totalizando 300 cm 2, conforme Figura 17. 156 FIGURA 17 - Suabes em carcaça bovina resfriada de acordo com FSIS (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Fonte: USDA, 1996b A eleição para ser coletado na ordem descrita é do local menos contaminado para mais contaminado: 1° Vazio 2° Peito 3° Alcatra. Preconiza que se três amostras apresentar valores marginais, ou uma acima do nível inaceitável, ou seja, presença de E. coli, em 13 amostras consecutivas avaliadas, há a probabilidade de 23,07% de ocorrência de desvios durante o processo. Entende ser apropriada esta avaliação e garante 80% de probabilidade para que os estabelecimentos estejam operando com objetivos de desempenho adequados. E.1.2.2 FSIS Directive 5100.1 Rev. 3 Enforcement, investigations and analysis officer (EIAO) food safety assessment methodology. Evalution of microbial methods used by establishments 23/08/11 (USDA, 2003) Os patógenos causadores das toxi-infecções alimentares podem ser de difícil detecção e uma das causas é a sua distribuição irregular no alimento ou ambiente, causando níveis de detecção muito baixos. A metodologia para o cálculo do limite de detecção (0,08 UFC) foi baseada na Directive 5100.1 FSIS Revisão 3/ 2011 (USDA, 2003). Ë uma simples conta matemática. 157 A esponja, que realiza o suabe nos 300 cm² da carcaça bovina, é hidratada com solução específica de 25 ml. Sendo assim, cada ml desta solução representa 12 cm² da carcaça. O resultado da E. coli é expresso em Unidade Formadora de Colônias (UFC) em 1 cm². Logo, se em 1 ml de inoculação em placa há detecção de 1 UFC, significa que tenho 1 UFC em 12 cm². Finalizando, se há 1 UFC em 12 cm² , tem se 0.08 UFC em 1 cm² (USDA, 2003). E.1.3 AQIS/Austrália e Nova Zelândia - Australian Quarentine and Inspection Service (Quarentena e Serviço de Inspeção Australiana) No mesmo ano de 1996, quando os EUA, através do United States Department of Agriculture (USDA) publicaram Pathogen Reduction - Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems - Final Rule, os governos da Austrália e Nova Zelândia representados pelo AQIS publicou o AQIS Notice Meat: 96/38 e 96/46. E.1.3.1 AQIS Notice Meat 96/46 e AQIS Notice Meat 2003/6 (AQIS, 1996a; AQIS 1996b; AQIS 2003) O primeiro diz respeito especificamente aos Standard Operating Procedures for Sanitation (SOPS), PPHO e o AQIS Notice Meat: 96/46 descreve a respeito de três fundamentais processos de controle: HACCP, SOPS e teste microbiológico para Salmonella spp e E. coli (AQIS, 1996a; AQIS 1996b). A padronização de limites para E. coli (subtipo 1) na Austrália, segue a americana. A frequência da coleta é uma a cada 300 carcaças e, porém a parametrização é realizada com 15 coletas consecutivas, a fim de delinear os procedimentos sanitários para os desvios ocorridos. Em 15 coletas consecutivas, se houver mais de três resultados marginais entre o limite inferior e superior, ou um resultado inaceitável acima do limite superior, desencadeia o processo de “E. coli Alert” e o ciclo das coletas reinicia-se (AQIS, 2003). Para Salmonella spp a frequência da coleta é uma a cada 1.500 carcaças e o ciclo é de 82 amostras; caso haja presença de Salmonella spp durante o ciclo, este reinicia – se (AQIS, 2003). Os locais de coleta utilizando dos suabes são no flanco, peito e traseiro totalizando 300 cm2 em carcaças resfriadas, semelhante às coletas americanas. 158 Em todos os desvios, são investigadas as falhas de processos que levaram aos resultados não satisfatórios, e deverá haver implementação aos programas de autocontroles de HACCP, SOPS. A Tabela 54 identifica o padrão australiano para enumeração de E. coli em carcaças bovinas amostradas através de suabes. TABELA 54 - Critérios de limites microbiológicos para E.coli subtipo 1 em bovinos de acordo com AQIS (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Espécie m M n c Bovinos 0,08 UFC/cm2* 20 UFC/cm2 15 3 2 * se o resultado for abaixo de 0,08 UFC/cm (limite de detecção) é considerado negativo. E.1.4 Comissão Européia CE A Comissão Européia estabelece critérios microbiológicos para certos microrganismos e as regras de Boas Práticas de Fabricação, através de Regulamentos publicados no Jornal Oficial da União Europeia. Para a Comissão Européia, os indicadores avaliados são a Salmonella spp, Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos), Escherichia coli e Enterobacteriáceas. O critério de limites microbiológicos e a metodologia de amostragem abordam as indústrias de carne e o mercado varejista e são diferenciadas entre si, na amostragem e pesquisa microbiológica. E.1.4.1 Regulamento CE 1441/2007 da Comissão Europeia (CE, 2007) - Altera o Regulamento CE 2073/2005 (CE, 2005b) O capítulo 3 do anexo I do Regulamento (CE) n.o 2073/2005 estabelece regras em matéria de amostragem de carcaças de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e equídeos para análise à Salmonella spp. De acordo com essas regras, a área de amostragem deve abranger pelo menos 100 cm 2 por ponto de amostragem selecionado e deve ser feita na carcaça quente após a lavagem. Todavia, não são especificados o número de pontos de amostragem e a área mínima total de amostragem. A fim de melhorar a aplicação daquelas regras na Comunidade, convém especificar melhor no Regulamento (CE) n.o 2073/2005 que devem ser 159 selecionadas para amostragem as áreas mais susceptíveis de serem contaminadas e que deve ser aumentada a área total de amostragem. Na ausência de normas mais específicas, em matéria de amostragem e preparação de amostras para análise, utilizar-se-ão, como métodos de referência, as normas ISO (Organização Internacional de Normalização) pertinentes e as diretrizes do Codex Alimentarius. Amostragem para análise bacteriológica em matadouros e em estabelecimentos de produção de carne picada e de preparados de carne Para carnes picadas (cortes), a CE pesquisa E. coli e Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos - CTV), conforme Tabela 55. Especificamente para carcaças de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e equídeos, os métodos de amostragem destrutivos e não destrutivos, a escolha dos pontos de amostragem e as normas em matéria de armazenagem e transporte das amostras estão descritos na norma ISO 17604 (ISO, 2003). Durante cada sessão de amostragem são coletadas aleatoriamente amostras de cinco carcaças. Os pontos de amostragem devem ser selecionados, baseando-se na tecnologia de abate utilizada em cada instalação, porém em bovinos, são quatro pontos, Figura 18. Em carcaças, pesquisam-se Enterobacteriaceae, Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos - CTV) e Salmonella spp. Enterobacteriaceae e Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos) Devem ser colhidas amostras de quatro pontos de cada carcaça (Figura 18). Se for utilizado o método destrutivo, devem ser colhidas quatro amostras de tecido, representando um total de 20 cm2. Quando se utilizar o método não destrutivo, a área de amostragem deve abranger pelo menos 100 cm 2 (50 cm2 no caso de carcaças de pequenos ruminantes) por ponto de cada amostragem, totalizando 400 cm2. 160 Salmonella spp. Deve utilizar-se método não destrutivo de amostragem com esponja abrasiva. Devem ser selecionadas as áreas mais susceptíveis à contaminação. A área total de amostragem deve cobrir no mínimo 400 cm2, Figura 18. Frequências de amostragem carcaças, carne picada, preparados de carne e carnes separada mecanicamente Para análise de Salmonella spp, a frequência de amostragem pode ser reduzida para testes quinzenais se obtiverem resultados satisfatórios durante 30 semanas consecutivas. A frequência da amostragem para a análise de Salmonella spp pode também ser reduzida, no caso de existir um programa nacional ou regional, de controle de Salmonella spp, desde que este programa preveja a realização de testes que substituam a amostragem descrita no presente número. A frequência da amostragem pode ser ainda mais reduzida se o programa nacional ou regional de controle de Salmonella spp demonstrar que a prevalência de Salmonella spp é baixa nos animais adquiridos pelo matadouro. Exceção se faz à Finlândia e Suécia que possuem exigência sanitária específica para Salmonella spp através do Regulamento 1688/2005/CE (CE, 2005a). Devem ser colhidas amostras semanais, no mínimo, para análise microbiológica, sendo que, o dia da semana deverá ser variado, no sentido de assegurar que sejam abrangidos todos os dias da semana. Para a carne picada e preparados de carne, a análise para E. coli e determinação da Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos), a frequência pode ser reduzida para testes quinzenais, se obtiverem resultados satisfatórios durante seis semanas consecutivas. Para carcaças, a frequência pode ser reduzida para testes quinzenais, se obtiverem resultados satisfatórios, durante seis semanas consecutivas, quando se pesquisa Enterobacteriaceae e Contagem Total Viáveis Aeróbios (Mesófilos). No entanto, os pequenos matadouros e os estabelecimentos de produção de carne picada ou de preparados de carne em pequenas quantidades, podem ser isentados da aplicação destas frequências de amostragem, se tal se justificar, e for autorizado pela autoridade competente, na sequência de uma análise dos riscos. 161 Segundo este Regulamento, na técnica de suabe, amostra-se apenas uma porção (20 % ou menos) da flora total presente na superfície da carne. Por isso, trata-se apenas de um indicador da higiene superficial. Ao utilizar método de suabe, os critérios de desempenho microbiológico devem ser individualmente estabelecidos para cada método aplicado, no sentido de relacioná-lo ao método destrutivo e ser aprovado pela autoridade competente. FIGURA 18 - Suabes em carcaça bovina quente de acordo com a Comunidade Europeia (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Fonte: Comunidade Européia/2007 A Tabela 55 expõe resumidamente, a padronização dos critérios microbiológicos utilizada atualmente pela CE, para carcaças e cortes de carnes na Indústria Frigorífica. 162 TABELA 55 - Critérios de segurança de higiene dos processos da carne “in natura” de acordo com a Comunidade Europeia - CE (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Categoria de alimentos (carne “in natura”) I - Carcaças de bovinos, ovinos, caprinos e (4) equídeos Microrganismos e respectivos toxinas e metabólitos Número de colônias Aeróbias/ (Mesófilos) Enterobacteriáceaes II - Carcaças de bovinos, ovinos, caprinos e equídeos Salmonella Número de colônias aeróbias (7) (Mesófilos) Plano de Amostragem (1) n *** *** 50 (5) Limites (2) c m M *** 3,5 log 2 ufc/cm média logarítmica diária 5,0 log 2 ufc/cm média logarítmica diária *** 1,5 log 2 ufc/cm média logarítmica diária 2,5 log 2 ufc/cm média logarítmica diária (6) 2 Ausência na área testada em cada carcaça 5 5 2 5x10 ufc/g 5 5x10 ufc/g Método Medidas em Fase em de análise caso de que o de resultados n c critério se referência m M insatisaplica (3) fatórios ISO 4833 Carcaças antes da refrigeração Melhoria da higiene no abate e revisão de controle dos processos. ISO 21528-2 Carcaças antes da refrigeração Melhoria da higiene no abate e revisão de controle dos processos. Carcaças antes da refrigeração Melhoria da higiene no abate e revisão de controle dos processos e da origem dos animais. EN/ISO 6579 ISO 4833 Melhoria da higiene na Fim do produção e da processo seleção e/ou de fabrico origem das matériasprimas. ISO 16649-1 ou 2 Melhoria da higiene na produção e da seleção e/ou origem das matériasprimas. III - Carne em cortes Escherichia (8) coli 5 2 50 ufc/g 50 ufc/g Fim do processo de fabricação 163 Legenda, modificado de acordo com a necessidade deste trabalho: (1) n = número de unidades que constituem a amostra; c = número de unidades da amostra com valores entre m e M. (2) m=M no item II. (3) Utilizar-se-á a edição mais recente da norma. (4) Os limites (m e M) só se aplicam a amostras colhidas pelo método destrutivo. A média logarítmica diária é calculada determinando em primeiro lugar o valor logarítmico do resultado de cada teste e calculando em seguida a média destes valores. (5) As 50 amostras serão colhidas durante 10 sessões de amostragem consecutivas, de acordo com as normas e frequência de amostragem prevista no presente regulamento. (6) Número de amostras em que é detectada a presença de Salmonella spp. O valor c está sujeito a reexame, a fim de ter em conta os progressos conseguidos na redução da prevalência de Salmonella spp. Os Estados Membros ou as regiões em que a prevalência de Salmonella spp seja baixa podem aplicar os valores c inferiores, mesmo antes deste reexame. (7) Este critério não é aplicável a cortes produzidos a nível do comércio varejista quando o período de vida útil do produto for inferior a 24 horas. (8) A E. coli é utilizada como indicador de contaminação fecal. Interpretação dos resultados 1 - Os limites indicados referem-se a cada unidade da amostra testada, salvo no caso dos testes de carcaças, em que o limite refere – se às amostras coletivas. 2 - Os resultados dos testes revelam a qualidade microbiológica do processo testado. 3 - Enterobacteriáceaes e número de Colônias Aeróbias nas carcaças de bovinos, ovinos, caprinos, equídeos e suínos: — satisfatória, se a média logarítmica diária for ≤ m; — aceitável, se a média logarítmica diária estiver entre m e M; — não satisfatória, se a média logarítmica diária for > M. 4 - Salmonella spp em carcaças: — satisfatória, se a presença de Salmonella spp for detectada num máximo de c/n amostras; 164 — não satisfatória, se a presença de Salmonella spp for detectada em mais de c/n amostras. 5 - Após cada sessão de amostragem, avaliar-se-ão os resultados das últimas dez sessões de amostragem, a fim de obter o número n de amostras. 6 – E. coli e número de Colônias Aeróbias em cortes, preparados de carne e carne separada mecanicamente: — satisfatória, se todos os valores observados forem ≤ m; — aceitável, se houver um máximo de c/n valores entre m e M e os restantes valores observados forem ≤ m; — não satisfatória, se um ou mais valores observados forem > M ou mais do que c/n valores estiverem entre m e M. Para o mercado varejista, a CE adota o critério microbiológico de ausência de Salmonella spp. em 25 g, conforme descrito na Tabela 56. TABELA 56 - Critérios de segurança da carne “in natura” no varejo de acordo com a Comunidade Europeia - CE (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Categoria de alimentos (carne “in natura”) Microrganismos e Plano de Amostragem (1) Limites (2) análise de respectivos referência toxinas e metabólitos Método de n c m M (3) 1 - Carne em serem consumidos crus aplica colocados preparados destinados a o critério se Produtos cortes e de carne Fase em que Salmonella 5 0 Ausência EN/ISO em 25 g 6579 no mercado, durante o seu período de vida útil 165 Legenda, (modificada de acordo com a necessidade deste trabalho): (1) n = número de unidades que constituem a amostra; c = número de unidades da amostra com valores entre m e M. (2) m=M no item II. (3) Utilizar-se-á a edição mais recente da norma. Interpretação dos resultados 1 - Os resultados dos testes revelam a qualidade microbiológica do processo testado. 2 - Salmonella: — satisfatória, se todos os valores observados indicarem a ausência da bactéria, — não satisfatória, se for detectada a presença da bactéria em qualquer uma das unidades da amostra. E.1.4.2 Regulamento 1688/2005 da Comissão Europeia - especificamente para Finlândia e Suécia. (CE, 2005a) Além da coleta através de suabes de carcaças, estes mercados exigem amostragem dos cortes pelo método destrutivo e em uma frequência mais acentuada em relação à quantidade de embalagens comercializadas. E.1.5 Food Standards Agency – (FSA, 2012) O Reino Unido possui padronização de critérios microbiológicos para carcaças mais rígidos à Comunidade Européia, conforme demonstrado através da Tabela 57. 166 TABELA 57 - Critérios de segurança de higiene dos processos da carcaça, de acordo com “Food Standards Agency” – FSA, 2012 (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Análise CTV Salmonella spp. Unidade / Interpretação Log10 UFC/cm2 Positivo / Negativo Satisfatório Aceitável Insatisfatório < 2,8 2,8 - 4,3 > 4,3 Ausência ≤ 2 em 5 > 2 em 5 E.2 Referências Nacionais de critérios microbiológicos Não há referências brasileiras de critérios microbiológicos para carcaças bovinas. O que está disponível é a base legal da ANVISA, que não contempla o processo produtivo, e sim determina, através de critérios específicos, alimentos impróprios para consumo que já se encontram no mercado. E.2.1 Empresas não exportadoras ou que destinam o produto a mercados que possuem exigências sanitárias equivalentes à Legislação Brasileira Para estas empresas que não exportam seus produtos para mercados com exigências específicas, ou seja, destinam seus produtos a mercados internacionais que mantém a equivalência sanitária do Brasil ou destinam ao mercado interno, têm por obrigatoriedade respeitar a RDC 12/2001 da ANVISA. E.2.1.1 RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA: critério de limites microbiológicos para Salmonella spp e Coliformes Termotolerantes para mercado varejista. (BRASIL, 2001) A RDC 12/2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária determina critérios para micro - organismos patogênicos em alimentos, especificamente para o produto final no ponto de consumo, não sendo específica para a indústria frigorífica e, segundo seu conceito, qualquer desvio do limite ultrapassado, torna o produto impróprio para o consumo. A Tabela 58 descreve resumidamente, os critérios adotados para produtos cárneos. 167 As metodologias para amostragem, colheita, acondicionamento, transporte e para análise microbiológica de amostras de produtos alimentícios devem obedecer ao disposto pelo Codex Alimentarius, "International Commission on Microbiological Specifications for Foods" (I.C.M.S.F.), "Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods" e "Standard Methods for the Examination of Dairy Products" da American Public Health Association (APHA)", "Bacteriological Analytical Manual" da Food and Drug Administration (FDA), editado por Association of Official Analytical Chemists (AOAC), em suas últimas edições e ou revisões, assim como outras metodologias internacionalmente reconhecidas. Plano de Amostragem É realizado a colheita de amostras dos alimentos em suas embalagens originais não violadas, observando a quantidade mínima de 200g ou 200mL por unidade amostral. Quando se tratar de produtos a granel, ou de porções não embaladas na origem, devem-se cumprir as Boas Práticas de Colheita, respeitandose a quantidade mínima necessária. Tipos de plano a) Duas classes: quando a unidade amostral a ser analisada pode ser classificada como aceitável ou inaceitável, em função do limite designado por M, aplicável para limites qualitativos.Ex: Salmonella spp. b) Três classes: quando a unidade amostral a ser analisada pode ser classificada como aceitável, qualidade intermediária, aceitável ou inaceitavél, em função dos limites m e M. Além de um número máximo aceitável de unidades de amostra com contagem entre os limites m e M, designado por c. As demais unidades, n menos c, devem apresentar valores menores ou iguais a m. Nenhuma das unidades n pode apresentar valores superiores ao M. 168 TABELA 58 - Critérios de segurança da carne “in natura” de acordo com a ANVISA (modificado de acordo com a necessidade deste trabalho). Grupo de alimentos Tolerância Tolerância para Amostra Micro- para Representativa organismo Amostra Indicativa n c m M Ausência 5 0 Ausência * 5x10³ 5 3 5x10² 5x10³ 104 5 2 10³ 104 a) carnes resfriadas, ou congeladas, "in natura", de bovinos, suínos e outros mamíferos (carcaças inteiras ou Salmonella spp fracionadas, quartos ou /25g cortes); carnes moídas; miúdos de bovinos, suínos e outros mamíferos g) carnes embaladas a Coliformes a vácuo, maturadas 45°C/g h) carnes embaladas a Coliformes a vácuo, não maturadas 45°C/g Legenda: n: é o número de unidades a serem colhidas, aleatoriamente, de um mesmo lote e analisadas individualmente. Nos casos nos quais o padrão estabelecido é ausência em 25g, como para Salmonella spp e L. monocytogenes (neste último em produtos prontos para consumo) e outros patógenos, é possível a mistura das alíquotas retiradas de cada unidade amostral, respeitando-se a proporção p/v (uma parte em peso da amostra, para 10 partes em volume do meio de cultura em caldo). c: é o número máximo aceitável de unidades de amostras com contagens entre os limites de m e M (plano de três classes). Nos casos em que o padrão microbiológico seja expresso por "ausência", c é igual a zero, aplica-se o plano de duas classes. 169 m: é o limite que, em um plano de três classes, separa o lote aceitável do produto ou lote com qualidade intermediária aceitável. M: é o limite que, em plano de duas classes, separa o produto aceitável do inaceitável. Em um plano de três classes, M separa o lote com qualidade intermediária aceitável do lote inaceitável. Valores acima de M são inaceitáveis. E.2.1.2 Circular nº 02/2012/DICAR/CGI/DIPOA/MAPA – Programa de Controle Microbiológico de Carcaças Bovinas (BRASIL, 2012) Em 2012, foi a fase de implantação de coleta de dados de resultados microbiológicos de carcaças bovinas, em estabelecimentos sob Serviço de Inspeção Federal, com exceção de estabelecimentos exportadores a União Européia, Estados Unidos da América e Canadá, e implementa o Programa Nacional de Controle Microbiológico, com a prerrogativa de se estabelecer limites microbiológicos com referência nacional. As coletas estão sendo realizadas pelo método não destrutivo, em quatro pontos da carcaça, após a lavagem desta e antes da refrigeração, e a área amostrada é mensurada por um gabarito de 10 cm2, ou seja de 100 cm2 totalizando 400 cm2. A pesquisa está sendo realizada para micro – organismos Mesófilos Aeróbios e Escherichia coli como indicadores de processo de carcaça bovina. O trabalho foi iniciado neste primeiro semestre de 2012. E.2.2 Empresas exportadoras aos Estados Unidos, Canadá e União Européia Além do cumprimento da RDC 12 de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001) da ANVISA e da IN 09/2009/MAPA, Programa Nacional de Controle de L. monocytogenes para produtos prontos para consumo (BRASIL, 2009a), o MAPA cumpre critérios de exigências internacionais específicas para a manutenção das exportações de produtos agropecuários brasileiros. Logo, publica documentos com referências sanitárias do comprador, a fim de manutenção dos mercados importadores. 170 Em julho de 1996, através do Federal Register - Vol. 61, No. 144, os EUA publicam o Pathogen Reduction - Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems - Final Rule (USDA, 1996e). Em novembro do mesmo ano, o DIPOA publicou documento oficial, que “traduz” emergencialmente a exigência americana de mudanças drásticas de princípios de inspeção, para as indústrias americanas produtoras de carne, e que, o princípio de equivalência seja cumprido pelas indústrias mundiais produtoras de carne com interesse em exportar seu produto para os EUA. Esta publicação oficial, a Circular 245/1996/DCI/DIPOA/MAPA, foi dirigida especialmente às empresas produtoras de matérias primas e/ou produtos à base de carne para os EUA (BRASIL,1996). Passa a ser, a partir desta data, o início de um marco divisório e histórico para a empresa brasileira, em assumir a responsabilidade, não somente do serviço oficial, em colocar, na mesa do consumidor, produtos alimentícios inócuos. É estabelecido no Brasil o PPHO, “Procedimento Padrão de Higiene Operacional", em inglês SSOP “Sanitation Standard Operating Procedures”, que na época interpretavam como “pré – APPCC” (BRASIL,1996). Logo, para atender os dois importantes mercados compradores de carne bovina “in natura” do Brasil, o MAPA cumpre as exigências sanitárias dos EUA e CE, e elege a Salmonella spp e E. coli para amostragens em carcaças resfriadas, para EUA, e coletas em carcaças quentes para CTV e Enterobacteriáceas, para atender a CE. E.2.2.1 Pesquisa de Salmonella spp – suabes em carcaças bovinas Além dos autocontroles realizarem o controle para este patógeno, o MAPA publica anualmente a grade de sorteio para as coletas oficiais, em aditamento à. Circular nº 665/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006b), que institui a vigilância oficial de ocorrência de Salmonella spp em carcaças bovinas. 171 E.2.2.1.1 Circular nº 665/2006/CGPE/DIPOA (BRASIL, 2006b) O MAPA, a partir de 2006, através da implementação do Programa de Redução de Patógenos em carcaças bovinas, padroniza a amostragem para Salmonella spp, considerando um histórico de prevalência de Salmonella spp. de 1%, particularmente para a categoria novilho/novilha industriais abatidos em estabelecimentos brasileiros habilitados à exportação para os Estados Unidos da América. Realizada através de coleta oficial, a amostragem da superfície das carcaças, mediante sorteio aleatório e no mínimo 12 horas após o início do resfriamento, passa a ser constituída de ciclo anual de 82 testes (n = 82), aceitando-se 1 amostra positiva (c = 1) para cada ciclo, sendo que cada amostra deverá representar um dia de abate, independentemente do número de animais abatidos. Se houver desvio acima de um teste positivo (c > 1), o ciclo deverá ser repetido. Atualmente, esta coleta é também de obrigatoriedade às empresas exportadoras para UE. E.2.2.1.2 Circular nº484/2006/CGPE/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2006a) Baseado no Regulamento 1688/2005 da Comissão Europeia (CE, 2005a), as empresas, com interesse a exportar para Finlândia e Suécia, são obrigadas a realizar coletas destrutivas dos cortes, em quantidade proporcional à quantidade de produto embalado exportável; ou seja, 500 embalagens acima de 10 Kg, analisamse 60 amostras. E.2.2.2 Pesquisa de E. coli - suabes em carcaças Além das análises para Salmonella spp., que atende os dois mercados, EUA e CE, o MAPA pesquisa a E. coli especificamente para os compromissos firmados, principalmente, com EUA e Canadá. 172 E.2.2.2.1 Circular 245/1996/DCI/DIPOA/MAPA (BRASIL, 1996) O Pathogen Reduction - Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) Systems - Final Rule nomeia, principalmente, a Salmonella spp., E. coli, Campilobacter jejuni ou Campilobacter coli, Clostridium perfringes e Staphilococcus aureus, como causadores principais de toxi - infecções alimentares nos EUA (USDA, 1996d). O DIPOA institui a programação oficial de testes específicos para E. coli com frequência estabelecida na amostragem de uma coleta a cada 300 carcaças (BRASIL, 1996). Sendo assim, esta publicação oficial foi dirigida especialmente às empresas produtoras de matérias primas e/ou produtos a base de carne para os EUA. E.2.2.2.2 Circular 121/1997/DCI/DIPOA - Circular 273/1997/DCI/DIPOA – Circular 463/2004/DCI/DIPOA – Circular 835/2006/CGPE/DIPOA Circular 1058/2008/CGPE/DIPOA. (BRASIL, 1997b) (BRASIL, 1997c) (BRASIL, 2004) (BRASIL, 2006c) (BRASIL, 2008) Estas circulares chegam a denominadores comuns durante a evolução das datas, na metodologia de coleta, remessa de material e interpretação de resultados para testes de E. coli e delegam às empresas exportadoras de produtos aos EUA, Canadá e União Européia: - mantém a frequência de uma amostra a cada 300 carcaças resfriadas, conforme determinado na Circular 245/1996/DCI/DIPOA (BRASIL, 1996); - método não destrutivo de coleta, utilizando suabe em três regiões da carcaça (vazio, peito e por último traseiro), cada uma de 100 cm², totalizando 300 cm²; - os sorteios são aleatórios e a coleta é realizada na quinta meia carcaça anterior ao número sorteado; - análise do material no máximo 24 horas após a coleta; - aprovação pela AOAC de metodologia para quantificação de E. coli: três métodos NMP (três tubos), em Petrifilm e em Membrana Filtrante; - análise estatística de processo; 173 - não definem limites preestabelecidos; definem uma média histórica de resultados de cada empresa que é lançada em gráficos com escalas logarítmicas com o limite inferior (LI) e limite superior (LS) destes gráficos; o limite inferior é considerado como limite de detecção do método analítico e o superior é a média histórica, acrescentado o dobro do desvio padrão, com expectativa de 95% de abrangência dos resultados dos estabelecimentos; A Figura 19 mostra um exemplo de gráfico com Limite Superior aproximado de 1 UFC. Os valores considerados marginais seriam acima do limite inferior que é o valor 0,08 (detecção do método) até linha do LS. A partir da linha do LS, os resultados são considerados inaceitáveis e a empresa deverá rever seus autocontroles. 1,5 1 Limite Superior = 1 Limite Inferior = 0,01 0,5 0 FIGURA 19 – Modelo de análise estatística de resultados para Escherichia coli. Fonte: Circular nº 835/2006/CGPE/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2006c) E.2.2.3 Contagem Total de Microrganismo Viáveis (Mesófilos ou Colônias Aeróbias- CTV) – suabes em carcaças Para atender o Mercado Comum Europeu, que considera indicadores de processo a Contagem Total de Viáveis, o MAPA publicou, em 2006, circular que descreve, parcialmente, as exigências da CE. Não cita o controle de Enterobacteriáceas. E.2.2.3.1 Circular nº 835/2006/CGPE/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2006c) Este documento determina a coleta de 5 a 10 amostras, através de suabes, no mínimo uma vez por semana, em diferentes dias semanais, de modo que totalize 50 amostras em cada ciclo de coletas (n=50). Este ciclo de coletas deve ser no 174 mínimo a cada seis meses, e as coletas devem ser realizadas antes do resfriamento, portanto podendo ser antes ou após a lavagem de carcaça. Os critérios microbiológicos adotados para atender este mercado específico, estão na Tabela 59. O interessante é obtenção de resultados abaixo do Limite Aceitável; caso os resultados estejam no Limite Marginal ou atinjam o Limite Inaceitável, a empresa deverá rever seus autocontroles de higiene e demais procedimentos sanitários. TABELA 59 - Critérios microbiológicos de CTV da Comunidade Europeia adotados pelo MAPA Limite Aceitável (m) Limite Marginal ( ≥ m < M) Limite Inaceitável < 3,5 x 10³ ≥ 3,5 x 10³ < 105 ≥ 105 A Figura 20 identifica do Limite inaceitável acima ou igual a 10 5 UFC e Limite aceitável, menor que 3,5 x 103 UFC. 1200000 1000000 800000 600000 400000 Limite Inaceitável (≥ 105) Limite aceitável (˂ 3,5 x 10³) 200000 0 FIGURA 20 - Modelo de análise estatística de resultados para Contagem Total de Micro organismos viáveis (mesófilos ou colônias aeróbias- CTV). Fonte: Circular nº 835/2006/CGPE/DIPOA/MAPA (BRASIL, 2006c)