URTE Relatório Final
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URTE Relatório Final
2 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Agrossilvopastoril Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária Relatório Final do Projeto URTEs Cuiabá-MT Julho/2014 3 Equipe Responsável Otávio Lemos de Melo Celidônio - Líder do Projeto Daniel Latorraca Ferreira - Responsável Técnico Imea Julio Cesar dos Reis - Responsável Técnico Embrapa Agrossilvipastoril Equipe Executora Marcelo Carauta Montenegro Medeiros de Morais Maria Denize Euleutério Rafael Felice Fan Chen Flávio Jesus Wruck Diego Barbosa Alves Antônio Maurel Behling João Luiz Palma Meneguci Austerclínio Lopes de Farias Neto Equipe Administrativa Méuryn Lima Regiane Campos Talita Takahashi Jessica Brandão Estagiários Caroline Alexandra Peccin Bruno Brito Macedo José Victor Zamparini Kimberly Montagner 4 Sumário Executivo 1. Introdução................................................................................................................... 5 2. Referencial Teórico ...................................................................................................... 8 3. Metodologia para levantamento das informações Econômicas ....................................... 12 3.1 Metodologia de Avaliação Econômica de sistemas iLPF ......................................................... 12 3.2 Funcionalidades da planilha ........................................................................................................ 17 3.3- Operações, detalhamento dos cálculos e definições ................................................................. 24 3.4 - Relatórios................................................................................................................................... 32 4. Caracterização das Unidades de referência tecnológicas – URTEs ................................ 38 4.1- Caracterização da fazenda iLPF Corte ........................................................................................ 38 4.2- Caracterização da fazenda iLPF Leite ......................................................................................... 49 4.3- Nova Xavantina – Fazenda Brasil................................................................................................ 59 4.4- Santa Carmem - Fazenda Dona Isabina ...................................................................................... 65 4.5- Fazenda Gamada - Nova Canaã do Norte/MT ........................................................................... 71 4.6- Fazenda Guarantã - Juara/MT .................................................................................................... 76 4.7- Fazenda Certeza - Querência/MT............................................................................................... 84 5. RESULTADOS ............................................................................................................. 91 5.1- Fazenda iLPF Corte Tratamento 2 – Sinop-MT ........................................................................... 92 5.2- Fazenda iLPF Corte Tratamento 6 – Sinop-MT ........................................................................... 94 5.3- Fazenda iLPF Leite Tratamento 8 – Sinop-MT ............................................................................ 97 5.4- Fazenda Dona Izabina – Santa Carmen-MT................................................................................ 99 5.5- Fazenda Gamada – Nova Canaã do Norte-MT ......................................................................... 102 5.6- Fazenda Brasil – Nova Xavantina-MT ....................................................................................... 104 6. Considerações Finais ................................................................................................ 107 Referências Bibliográficas ................................................................................................ 109 5 1. Introdução Com o crescente avanço nas tecnologias aplicadas à agricultura e buscando obter melhores resultados com produções cada vez mais sustentáveis, os produtores do estado de Mato Grosso tem buscado conhecer novas técnicas produtivas, fazendo experimentos nas propriedades, trocando experiências com outros produtores e se aproximando das instituições de pesquisa. A preocupação com os impactos ambientais e sociais da atividade agropecuária está presente em todas as esferas de discussão relaciondas à tendencias e perspectivas em relação ao futuro da agricultura. E o estado de Mato Grosso, dado suas potencialidades e a sua atual situação de líder nacional na produção de diversas culturas necessita de novas e consistentes alternativas para continuar avançando em relação à sua agricultura. As transformações nas estruturas econômicas, sociais e ambientais observadas em escala global, ao longo dos últimos anos, colocaram o sistema produtivo agropecuário diante do desafio de aumentar, de maneira consistente e constante, a oferta de alimentos e, ao mesmo tempo, preservar os recursos ambientais disponíveis. O crescimento do contingente populacional, aliado ao aumento do nível de renda e à diversificação dos produtos, são alguns dos fatores indutores do aumento da demanda por alimentos. Por outro lado, a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental da produção, potencializada pela mudança do clima e pelos impactos ambientais observados em todas as partes do mundo, reforça a necessidade de discussões e avanços no sentido de identificar alternativas para o setor produtivo agropecuário. Diante dessas questões, modelos alternativos de organização da estrutura produtiva agropecuária baseados no pilar: aumento da produção/produtividade e preservação ambiental passaram a ter grande destaque. É nesse contexto que se encontra a proposta de organização do sistema produtivo baseado no modelo de sistemas integrados de produção. Esses sistemas têm como princípios básicos a produção sustentável por meio da integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizados em uma mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica (Nair, 1991; 1993a; Kluthcouski et. al., 2003; Porfírio da Silva, 2007; Balbino, Barcellos e Stone, 2011). Neste sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa –, representada por sua unidade situada em Sinop, região norte de Mato Grosso, em parceria com o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária – Imea –o Serviço Nacional de Aprendizado Rural – Senar – e Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso – Famato – propuseram o desenvolvimento e o acompanhamento de unidades de referência tecnológica e econômica (URTE) com o objetivo de 6 identificar a viabilidade técnica e econômica das propriedades de ILPF do Estado, além de transferir as tecnologias e a gestão financeira aplicada para os produtores do Estado. A literatura sobre o tema demonstra que os sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (iLPF) possibilitam aumento da eficiência produtiva, incremento em conservação e qualidade do solo, aumento e diversificação da renda para o produtor, conservação de água, aumento do rendimento animal pelo conforto térmico, mitigação de emissão de gases, recuperação de áreas degradadas por meio da intensificação do uso da terra, potencializando os efeitos complementares ou sinergéticos existentes entre as diversas espécies vegetais e a criação de animais, proporcionando, de forma sustentável uma maior produção por área (Kluthcouski et. al., 2003; Martha Jr. et. al.,2006; Trecenti e Hass, 2008; Lazzarotto,2009). Entretanto, pouco se tem pesquisado sobre os impactos econômicos de sistemas de (iLPF). Observam-se resultados fragmentados, focados apenas na análise de custo de produção, sem embasamento estatístico elaborado; ou ainda, relatos práticos de resultados de fazendas comerciais, onde somente se analisam as consequências e não se avaliam as causas dos resultados observados. Logo, pouco se sabe sobre o desempenho e os efeitos econômicos das interações de sistemas (iLPF) vis-à-vis sistemas especializados. Do ponto de vista econômico-financeiro, tem-se como resultados iniciais que os sistemas integrados apresentam como vantagens a possível redução nos custos produtivos em função dos efeitos sinérgicos entre os sistemas produtivos e a mitigação dos riscos da produção uma vez que a base produtiva no sistema integrado é diversificada (Nair, 1993b; 1996; Mercer, 2004; Montambault e Alavalapati, 2005; Martha Jr., 2007). No entanto, esses resultados carecem de aprofundamento uma vez que são baseados, na maioria dos casos, em avaliações individuais. Assim sendo, o presente projeto de pesquisa tem como objeto de estudo os sistemas produtivos agropecuários baseados em sistemas integrados de produção, situados no estado de Mato Grosso, tendo como foco o estabelecimento de um procedimento de coleta e avaliação de informações econômicas de sistemas (iLPF) e com o objetivo de identificar os resultados financeiros proporcionados por esses sistemas, formando um benchmark para que outros produtores do Estado possam estudar os resultados obtidos. Ainda, vale lembrar que, atualmente, a Embrapa Agrossilvipastoril possui uma proposta metodológica de levantamento e processamento de dados dos projetos que já são executados no campo experimental em Sinop/MT. Neste sentido, e com a necessidade cada vez maior de se fazer uma gestão econômica/financeira eficiente da propriedade, o presente projeto se propõe a desenvolver uma metodologia de levantamento e processamento de dados a ser implementado em 7 algumas Unidades de Referência Tecnológica (URTs) incluindo a sistematização dos dados econômicos, transformando-as em URTEs (Unidades de Referência Tecnológica e Econômica). Além disso, dado as particularidades estruturais do projeto, assim como da atividade a ser avaliada, propõe-se que esse projeto tenha como característica ser um projeto de longo prazo, de no mínimo 5 anos. Considerando que a Embrapa Agrossilvipastoril já possuia uma rede de produtores parceiros com sistemas integrados de produção, um conjunto de 9 propriedades foi escolhida para fazerem parte desse projeto. Essas unidades produtivas foram escolhidas tendo em conta o estágio produtivo do sistema, o nível de organização da propriedade, a representatividade delas em relação à região nas quais elas estão estabelecidas e a abertura e familiaridade do produtor em trabalhar com instituições de pesquisa. As propriedades que compôem o grupo das URTEs para essa fase do projeto foram: i) Fazenda Dona Isabina - Santa Carmem; ii) Fazenda Guarantã - Juara; iii) Fazenda Certeza Querencia; iv) Fazenda Brasil - Barra do Garças; v) Fazenda Bacaeri - Alta Floresta1; vi) Fazenda Gamada – Nova Canaa do Norte, além dos dois sistemas implementados no campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril em Sinop. Dessa forma , o presente documento sintetiza os avanços e resultados obtidos no primeiro ano do projeto, chamado de “Fase I”, que, em linhas gerais, teve como objetivos: i) o estabelecimento de uma rotina de coleta de dados, ii) uma maior compreensão dos sistemas produtivos, iii) a elaboração dos instrumentos de coleta de dados e, iv) a identificação das informações econômicas necessárias para a realização das avaliações econômicas propostas. Para tanto, além dessa introdução, esse documento está dividido em mais 4 seções. Na seção dois, será apresentada uma breve revisão da literatura sobre os aspectos econômicos associados aos sistemas integrados buscando identificar as limitações até então observadas no sentido de evidenciar a relevância de estudos como o apresentado aqui. Na seção 3 será apresentada a metodologia de coleta, tratamento e armazenamento das informações econômicas levantadas, com o objetivo de demonstrar como essa etapa é importante para a elaboração dos resultados. Na seção quatro, faremos uma breve descrição dos sistemas integrados implementados em cada uma das 9. Na seção cinco, apresentaremos alguns resultados econômicos dos sistemas avaliados. Aqui, vale uma observação: como não foi possível coletar todas as informações necessárias em todas as propriedades, apresentaremos os resultados apenas para 5 das 9 propriedades que compõem o projeto. Os resultados para as demais serão desenvolvidos na etapa seguinte desse projeto. Uma última seção será destinada às considerações finais. 1 Nessa primeira etapa não realizamos a coleta de dados na Fazenda Bacaeri, pois a área do experimento ainda não foi delimitada. Esse acompanhamento será realizado nas fases seguintes do projeto. 8 2. Referencial Teórico O desempenho do setor agropecuário é fator determinante para a compreensão dos resultados observados para a economia brasileira. Em especial nos últimos anos, nos quais a atividade do setor industrial apresentou uma relativa estagnação e a agricultura assumiu papel de destaque para o alcance de constantes e sucessivos resultados positivos na balança comercial. Em 2013, este setor respondeu por 22,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Deste total, o setor agrícola possui 15,7% de participação e o setor pecuário 6,8% (Cepea, 2013). No ano de 2013, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aproximadamente 41% das exportações brasileiras foram provenientes do setor agropecuário (Conab, 2013). Todavia, em que pese os importantes resultados apresentados, esses, em sua grande maioria, estão associados a sistemas produtivos baseados nos princípios da “Revolução Verde”, que, embora tenha sido fundamental para o atendimento da crescente demanda por alimentos nos últimos 40 anos (Balsan, 2006), e para o desenvolvimento de inúmeras tecnologias que colocaram a atividade agrícola na fronteira do conhecimento em várias áreas da pesquisa científica, apresentou, e apresenta, como contrapartida: i) um crescente passivo ambiental, principalmente em relação à degradação das propriedades físicas e químicas do solo, ii) o aprofundamento das questões de distribuição da renda e da terra. Ademais, a crescente preocupação com os impactos da atividade agropecuária sobre o meio ambiente revela que alternativas produtivas voltadas para a produção sustentável de alimentos precisam ser buscadas e fomentadas. Segundo Martha Jr. e Vilela (2002), nas últimas décadas o processo de evolução dos sistemas de produção foi baseado no uso intensivo do fator capital e pela utilização crescente de insumos no sistema de produção, de corretivos e fertilizantes, de agroquímicos, de máquinas e implementos. Houve, também, crescente incorporação de técnicas modernas de gerenciamento ao processo produtivo, o que levou a uma maior capacitação das pessoas envolvidas na atividade. Contudo, o uso de práticas inadequadas e o uso intensivo do monocultivo na produção de grãos tendem a degradar as propriedades físicas (erosão, compactação e redução das taxas de infiltração de água no solo) e biológicas (decomposição da matéria orgânica) do solo, além de reduzir a produtividade das culturas, aumentar a ocorrência de plantas daninhas, de pragas e de doenças (Kluthcouski et. al., 2003; Martha Jr. et. al., 2006). Assim sendo, observa-se a oportunidade e a necessidade de se desenvolverem alternativas para o reestabelecimento da capacidade produtiva do solo e para que seja possível alcançar a sustentabilidade da atividade agropecuária. É nesse sentido, e buscando se colocar como uma alternativa socialmente justa, ecologicamente correta, economicamente viável e culturalmente 9 aceita, que a proposta de integração Lavoura - Pecuária - Floresta ganha relevância (Kluthcouski et. al., 2003). A integração lavoura-pecuária-floresta é uma estratégia que busca a produção sustentável por meio da integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizados na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema. A iLPF tem como objetivo o uso intensivo e sustentável da terra, proporcionando a máxima produção de alimentos, fibras e energia por unidade de área, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica (Balbino, Barcellos e Stone, 2011). Os sistemas iLPFs se apresentam como sistemas sustentáveis pois preconizam: i) a utilização dos princípios do manejo e conservação do solo e da água; ii) o respeito à capacidade de uso da terra e ao zoneamento climático agrícola; iii) o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas; iv) a otimização dos recursos de produção imobilizados (terra, maquinários, infraestrutura da propriedade, etc...); v) o Sistema de Plantio Direto - SPD e, vi) o sinergismo entre lavoura, pecuária e floresta (Kluthcouski et. al., 2003; Martha Júnior et al., 2006; Porfirio-da-Silva, 2007; Porfirio-da-Silva et. al., 2010; Behling, 2010). Ainda, esses sistemas possuem duas características particulares, e fundamentais para sua aplicabilidade e em diferentes condições: i) permitirem inúmeras combinações, e ii) são sistemas dinâmicos. Dessa forma, não há uma prática ou rotina estabelecida para a condução de um sistema iLPF. Cada caso é único (Wruck, 2010). Todavia, mesmo apresentando muitas potencialidades, existem poucos trabalhos sobre os aspectos econômicos dos sistemas iLPF. Provavelmente, essa é uma das maiores limitações do ponto de vista de geração de informações tendo em conta esse assunto. Como resultados iniciais observou-se que os sistemas integrados apresentam como vantagens a possível redução nos custos produtivos em função dos efeitos sinérgicos entre os sistemas produtivos e a mitigação dos riscos da produção uma vez que a base produtiva no sistema integrado é diversificada (Nair, 1993b; 1996; Mercer, 2004; Montambault e Alavalapati, 2005; Martha Jr., 2007). No entanto, esses resultados carecem de aprofundamento uma vez que são baseados, na maioria dos casos, em avaliações individuais. Trabalhos recentes desenvolvidos pela Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA) em parceria com Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq/USP) voltados para a avaliação econômica de sistemas integrados, mostrou que esses sistemas são economicamente viáveis. Todavia, esses resultados devem ser observados com cautela, pois são sensíveis às condições nas quais foram desenvolvidos e estruturam os resultados de maneira separada, ou seja, não consideram os componentes do sistema de maneira integrada, isto é, para a 10 avaliação dos resultados econômicos foi feita a separação das atividades, o que limita o entendimento da principal característica do sistema que é a sinergia entre os seus componentes. Em relação aos riscos e a diversificação da produção, um dos aspectos mais citados em relação à temática econômica dos sistemas iLPF, alguns estudos mostraram que, em um ambiente de incerteza, a diversidade da iLPF reduz o risco do produtor (Wossink e Rossing 1998; Di Falco e Perrings 2005; Tilman et al. 2005). Segundo Conway (1998), a diversificação de sistemas agrícolas deve ter prioridade máxima no processo de desenvolvimento da agricultura para que se consiga atingir mais estabilidade e menos risco aos fazendeiros com menos recursos (Shennan, 2007). Ademais, sistemas diversificados, como os sistemas iLPF, podem ser vantajosos, pois diversificam as fontes de receitas, diminuem riscos relacionados com frustrações de produção e/ou de preços (Alvarenga e Noce, 2005; Canziani e Guimarães, 2007) e podem reduzir impactos negativos ao meio ambiente (Rotz, 2007; Sulc, 2007; Tracy, 2007). Já na parte de diversificação de receitas, estudos revelaram que a inserção de gramíneas forrageiras e árvores ampliam as opções de produtos dos sistemas de produção de grãos, beneficiando o sistema (Porfirio-da-Silva, 2007; Behling, 2010). Estes estudos também mostram que sistemas iLPF permitem redução dos custos do produtor, pois não há a necessidade de uso de certos insumos em razão da integração lavoura-pecuária-floresta, como fungicidas, herbicidas ou inseticidas (Martha Júnior et al., 2006; Behling, 2010). Há, também, benefícios que não são facilmente visualizados no curto prazo. Um exemplo deste caso acontece quando se consegue atingir maior eficiência no uso dos nutrientes do solo pelas culturas de grãos na integração lavoura-pecuáriafloresta, em relação ao cultivo solteiro, determinando uma maior economia no uso de fertilizantes e, consequentemente, maior redução nos custos de produção (Martha Júnior et al., 2006; Behling, 2010). Entretanto, o que chama a atenção em relação a esses trabalhos é a falta de um padrão de avaliação, o que limita a comparação dos resultados e o avanço da discussão em relação a temas mais complexos em relação aos sistemas integrados, como a valoração de serviços ambientais e a avaliação dos impactos sociais dos sistemas integrados. Nesse sentido, e considerando esses assuntos mais complexos, novos campos de análise vêm ganhando espaço nessa discussão, indicando que os benefícios socioeconômicos e ambientais advindos do sistema integrado vão além da perspectiva individual, e que uma análise mais ampla desse sistema buscando avaliar suas interações com o meio no qual ele está inserido é necessária. Nesse sentido pode-se destacar: i) a possibilidade de geração de trabalho e renda no campo, ii) a potencialidade de redução do avanço da fronteira agrícola - efeito poupa-terra - , ii) o potencial de mitigação de carbono (aumento no teor de matéria orgânica do solo), iii) a maior eficiência no uso de 11 insumos (agroquímicos e fertilizantes), iv) o potencial para a redução de perdas de água e de solo e de redução de emissão de metano pelos animais em pastejo, e também, v) os prováveis ganhos em termos de quantidade e de qualidade de forragem em comparação à pecuária tradicional. Todavia para a discussão desses assuntos é preciso que se tenha um padrão para a avaliação econômico-financeira do sistema integrado, que é o objetivo principal desse projeto. Esse é o principal ponto central para que os pontos acima elencados possam ser abordados em uma segunda fase do projeto. 12 3. Metodologia para levantamento das informações Econômicas 3.1 Metodologia de Avaliação Econômica de sistemas iLPF A cada ano, a atividade agropecuária fica mais competitiva. Dessa maneira, as margens de lucro tendem a se reduzir e surge a necessidade de se buscar novas alternativas produtivas e de gestão para que a sustentabilidade financeira da atividade seja alcançada. Nesse sentido, torna-se necessário uma maior profissionalização da atividade e o papel do administrador rural assume cada vez mais importância. A administração rural pode ser entendida como uma série de funções e atribuições que buscam, como objetivo final, o lucro do sistema de produção agropecuário. As principais funções do administrador rural são: planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando a maximização do lucro (Antunes, L. M., 1999; Santos, et al., 2002). Tendo em conta a natureza da atividade agropecuária, a maximização do lucro pode ser alcançada de duas formas: maximizando a receita ou minimizando os custos. Considerando que no setor agropecuário os preços são formados no mercado internacional, ou seja, os produtores são tomadores de preço, e que as produtividades, apesar da possiblidade dos produtores interferirem, através da tomada de decisão do investimento, dependem de alguns fatores que fogem do controle dos produtores, como os eventos climáticos, sobra pouca margem para a maximização da receita. Sendo assim, a minimização dos custos passa a ser a alternativa para a geração de resultados positivos além do esperado pelo mercado. Dessa forma, a preocupação com o levantamento e o controle dos custos de produção é fator central para a continuidade da atividade produtiva. O custo de produção pode ser definido como o resultado de uma série de informações financeiras que envolvem todo o sistema de produção, desde a preparação do solo até a venda da produção. Assim, o sistema de custos pode ser entendido como um conjunto de procedimentos administrativos que registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção empregados nos serviços rurais (Santos et al., 2002). Através da avaliação dos custos de produção é possível tomar decisões sobre a gestão, planejamento, organização e a eficiência na utilização dos recursos produtivos com o objetivo de maximizar os retornos econômicos esperados com a atividade produtiva em análise. Ao realizamos a apuração correta dos custos de produção, torna-se possível identificar todos os dispêndios, principalmente os diretos, o que facilita a tomada de decisão. Ainda, ao conhecer o custo de produção, torna-se possível verificar se o preço de venda está compatível com a estrutura produtiva 13 em análise e se o agente econômico está em uma situação positiva ou negativa em relação ao mercado. Nesse ponto, vale esclarecer um aspecto importante em relação à proposta de avaliação econômica desse projeto e como a elaboração dos custos de produção permitirá que os resultados propostos sejam alcançados. Mesmo não sendo um tema de pesquisa novo, não há disponível na literatura sistemas de custos de produção para culturas integradas. A maioria dos trabalhos que discutem esse assunto utiliza a estratégia de avaliar o sistema integrado por meio do somatório dos resultados das culturas componentes dos sistemas, como se fossem culturas exclusivas. Essa estratégia, embora interessante do ponto de vista operacional, deixa de considerar o aspecto mais relevante dos sistemas integrados, que é justamente o fato de serem integrados. Ou seja, essa perspectiva do somatório não leva em consideração as sinergias entre os componentes do sistema. Como o objetivo do presente projeto é avaliar sistemas iLPF, surge a necessidade de se desenvolver uma metodologia para a avaliação destes sistemas de forma integrada. Esta mudança de perspectiva em relação à avaliação econômica de sistemas integrados se inicia com a escolha correta do sistema de custeio. Sistemas de custeio são métodos contábeis pelos quais se realizam as atribuições dos custos aos bens, mercadorias ou produtos. A escolha do melhor sistema de custeio deve levar em consideração as características da empresa e de seu ramo de atuação. Sendo assim, ao se eleger um método, deve-se optar pelo método que proporcionar um maior número de informações confiáveis e necessárias para o processo de tomada de decisão. É neste contexto que o método ABC – Custeio Baseado em Atividades - (do inglês Activity Based Costing) ganha relevância. Apesar de seus benefícios, este método ainda não tem uma ampla adoção e atualmente o método mais utilizado é o Sistema de Custeio por Absorção. O sistema de custeio por absorção teve sua origem por volta de 1920, derivado do sistema conhecido por Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit (RKW). Pode ser compreendido como uma forma de apropriação de custos de fabricação aos produtos/serviços. De acordo com Martins (2003), o sistema de Custeio por Absorção é o método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, mas somente os associados à produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos. Atualmente é o único sistema de custos aceito legalmente no Brasil para avaliação de estoques para fins de levantamento das demonstrações contábeis como o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício (Kothe, 2013). Apesar de ser um método legalmente aceito e amplamente utilizado, este método pode apresentar algumas limitações dependendo do tipo de empresa e setor. Para a agropecuária, por exemplo, o método mais recomendado é o ABC. O sistema de Custeio ABC é um instrumento da 14 contabilidade de custos que tem por finalidade melhorar a visualização dos custos através da análise das atividades desenvolvidas pela empresa e suas respectivas relações com os produtos. Neste método, entende-se por atividade uma ação que usa recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros para produzir bens ou serviços, necessários para a concretização de um processo, composto por atividades inter-relacionadas. Como o processo produtivo na agropecuária é dividido em diversas atividades e o bom andamento destas tem relação direta com o lucro da propriedade, utilizar um método de custeio que possibilite um maior entendimento e controle de cada uma das atividades desenvolvidas torna-se fundamental. No método de custeio ABC os custos estão distribuídos de acordo com as atividades executadas pela empresa, e justamente por meio destas atividades é que os custos são apropriados aos produtos, mercadorias ou serviços. Assim, é obtido o impacto de cada uma das atividades no processo produtivo. As principais vantagens apresentadas por este sistema de custeio são: i) permite calcular de forma mais detalhada os custos dos produtos e serviços; ii) proporciona melhores indicadores de desempenho, facilitando a tomada de decisão da empresa; iii) permite visualizar os custos através da análise das atividades; iv) ameniza as distorções causadas pelo rateio arbitrário. Uma das principais características do sistema ABC é que ele é dividido em duas partes: Custo e Despesa. O custo pode ser entendido como o sacrifício financeiro relativo à aquisição de bens e serviços que serão utilizados na produção de outro bem ou serviço. Já a Despesa é todo sacrifício financeiro realizado pelo agente produtivo para obter receita. Figura 1 - Organograma do Sistema de Custeio por Atividades O organograma acima apresenta a estrutura do sistema de custeio por atividades. Dentro do item “Custo” têm-se duas categorias: i) custo direto e, ii) custo indireto. Os custos diretos são aqueles que são alocados diretamente na atividade produtiva, como, por exemplo, os gastos com 15 insumos no plantio ou os gastos com maquinário na colheita. Os custos indiretos são aqueles que estão relacionados à atividade produtiva, mas não podem ser diretamente relacionados a uma atividade produtiva. Normalmente, essa alocação é realizada por algum método de rateio. São exemplos de custos indiretos os gastos com assistência técnica e os gastos com a manutenção e a depreciação de galpões e armazéns. Na categoria “Despesa” há três itens: i) despesas administrativas, ii) despesas financeiras e, iii) despesas com vendas. As despesas administrativas são aqueles desembolsos com a administração da propriedade e que não estão relacionadas de maneira direta com a atividade produtiva, como, por exemplo, o pró-labore, a energia, a alimentação, a telefonia, a assistência contábil e jurídica e as despesas com cartório. As despesas financeiras correspondem às despesas com empréstimos, financiamentos e taxas de juros. Por fim, as despesas de vendas são aquelas que compreendem todas as despesas necessárias para que o produto seja vendido, como os gastos com armazenagem, transporte e beneficiamento dos produtos. Uma vez conhecida a estrutura funcional do sistema de custeio utilizado, é importante detalhar alguns aspectos em relação ao lançamento das informações nestas contas. Isto porque existem fatores de produção que, dependendo de sua utilização, pode ter seu lançamento em mais de uma conta. Um exemplo clássico deste aspecto acontece com o item “mão de obra”. Este fator de produção pode ser utilizado em diferentes atividades, como, por exemplo, no processo de produção ou na gestão da propriedade. Quando sua utilização é no processo produtivo, a mão de obra é lançada como custo. Contudo, se não for possível identificar uma atividade produtiva para a alocação deste gasto, este deve ser lançado como custo indireto (exemplo: Gerente). Quando a identificação da atividade é possível, o lançamento deve ser feito na conta de custo direto (exemplo: tratorista). Há, ainda, uma terceira opção para o item “mão de obra”. Este acontece quando a mão de obra não é utilizada no processo de produção e sim na gestão da fazenda. Nessa situação, este gasto deve ser lançado como despesa administrativa, como por exemplo, despesas com auxiliar de escritório. Este mesmo fato acontece com os itens “maquinários” e “implementos”, que também podem ser lançados nestas três contas - custo direto, custo indireto ou despesa administrativa -, dependendo da atividade na qual eles são utilizados. Ainda, estes fatores de produção possuem uma característica adicional, a depreciação. A depreciação pode ser definida como o desgaste ou a perda da capacidade de utilização de bens tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência tecnológica (Conab, 2010). A depreciação é dividida em três categorias: depreciação 16 de imobilizado direto, depreciação de imobilizado indireto e depreciação de imobilizado administrativo. Entende-se por depreciação de imobilizado direto a depreciação de maquinário ou implemento que possa ser mensurada em horas de trabalho e que esteja ligada à uma atividade produtiva, por exemplo, a depreciação de um trator e de um pulverizador. A depreciação de imobilizado indireto representa a depreciação de maquinário, implemento e benfeitoria que são utilizadas no sistema de produção, porém não podem ser alocadas em uma atividade específica, por exemplo, a depreciação de currais, galpões e cercas. Já a depreciação de imobilizado administrativo representa a depreciação de maquinários, implementos e benfeitorias que não estão relacionadas diretamente com a produção e sim com a gestão e administração da propriedade, como a depreciação de escritórios e alojamentos. Vale ressaltar que cada categoria de depreciação deve ser contabilizada em uma conta específica do sistema de custeio. A depreciação de imobilizado direto deve ser contabilizada na conta de custo direto. A depreciação de imobilizado indireto deve ser lançada na conta de custo indireto e a depreciação de imobilizado administrativa deve ser computada na conta de despesas administrativas. Como as horas de utilização dos maquinários e implementos não são sempre alocados em sua totalidade em atividades de produção, torna-se necessário estimar a quantidade de horas alocadas em alguma atividade de produção e as não alocadas, as horas ociosas. O gasto com depreciação referente às horas alocadas devem ser lançadas na conta de custo direto e os gastos com as horas não alocadas devem ser lançadas na conta de custo indireto. Nesse ponto, vale esclarecer um aspecto importante em relação à discussão sobre os custos de produção considerados aqui. A perspectiva trabalhada nesse projeto é a identificação, o levantamento e a quantificação dos custos de produção econômicos, ou seja, os resultados apresentados levam em consideração os custos explícitos, que se referem ao desembolso efetivamente realizado, e os custos implícitos que dizem respeito àqueles para os quais não ocorrem desembolsos efetivos, como é o caso da depreciação e do custo de oportunidade, que se refere ao valor que um determinado fator poderia receber em algum uso alternativo. Considerando essas questões e devido à grande complexidade em relação aos aspectos produtivos do sistema de ILPF como demonstrado anteriormente, e considerando os inúmeros cálculos e detalhes envolvidos na apuração dos custos de produção de um sistema iLPF, para a apuração desses custos, no presente projeto, desenvolveu-se uma planilha eletrônica com o intuído de padronizar e facilitar a coleta e o cálculo do custo de produção destes sistemas. Dessa forma, 17 abaixo, apresentamos, em linhas gerais, as principais funcionalidades e itens que compõem a planilha de cálculo. Na próxima seção, serão apresentados e discutidos alguns resultados. 3.2 Funcionalidades da planilha A planilha foi elaborada no programa computacional Microsoft Excel®2, por ser o mais conhecido e utilizado, evitando, assim, problemas de compatibilidade e buscando facilitar a utilização por parte dos produtores e técnicos. Ela é estruturada em quatro conjuntos de abas, totalizando doze, sendo: duas de informações, quatro de entrada de dados, duas de relatórios e quatro abas de banco de dados de informações. Uma caracterização da estrutura da planilha pode ser observada na FIG. 2. Figura 2 - Tela inicial do Instrumento para avaliação do iLPF O conjunto “informações” é composto pelas abas “Conab” e “Terminologia”. A aba “Conab” possui informações da vida útil e valor residual, dos maquinários, implementos e benfeitorias, de acordo com Conab (2010). Já a aba “terminologia” é composta por 13 colunas, que definem todos os termos utilizados na planilha, caso o usuario necessite de algum termo que não se encontre nessa aba, basta acrescentar na linha vazia da devida coluna, que o termo já vai estar disponível em toda a planilha. 2 Versão 2010. 18 Figura 3 - Aba "Terminologia" Para cada um dos termos apresentados na FIG. 3, e seguindo a proposta elaborada nesse projeto para avaliação econômica de sistemas integrados tem-se as seguintes definições: i. Atividades = Todas as atividades envolvidas na condução dos sistemas produtivo; ii. Componente = São os sistemas que formam a atividade produtiva (Lavoura, Pecuária e Floresta); iii. Produto final = Resultado do sistema de produção em análise; iv. Classe do produto = Classe fitossanitária do agroquímico; v. Mão de obra = Cargo de todas as funções envolvidas no iLPF; vi. Unidades = Unidades de medidas utilizadas; vii. Despesas administrativas = Foram considerados como despesas administrativas: energia, água, telefone, internet, refeições, pró labore, despesas com escritórios de contabilidade e advocacia; viii. Serviços = Serviços prestados por empresas terceirizadas. ix. Tratamento = Nomenclatura necessária para distinguir os tratamentos utilizados dentro de cada propriedade; 19 x. Impostos = Impostos pagos na comercialização do produto final. São eles: Fethab, Facs, IMA, Facoal, Fabov, Fesa, GTA, Funrural, Famad, ICMS. O conjunto “Entrada de dados” é a principal desse instrumento, pois é nesse local que são listadas e inseridas as informações coletadas em campo. Assim, além de funcionar como uma caracterização da propriedade e da atividade produtiva, a estrutura desse conjunto identifica as informações necessárias para a elaboração dos resultados econômicos que é composto por quatro conjuntos abas. Na aba “Propriedade” são inseridas informações sobre o local no qual é realizada a produção. Ela é composta por cinco janelas: i) fazenda, ii) configuração de plantio, iii) mão de obra, iv) maquinário e implementos, e v) benfeitorias. Na janela “Fazenda”, são inseridas as informações sobre a área da propriedade, assim como seu o custo e demais itens que permitem identificar o local no qual acontece a produção. As informações são preenchidas nos campos amarelos, conforme mostrado na FIG. 4 abaixo. Figura 4 - Janela "Fazenda" Na janela “Configuração de plantio” são inseridas as informações sobre os sistemas de iLPF adotados na propriedade. Nesse momento é possível identificar a safra, os tratamentos e os componentes que formam o sistema de produção, assim como a participação de cada um deles em termos de área da propriedade. Após todos os campos em amarelos serem preenchidos, deve-se clicar no botão salvar, para que os dados sejam devidamente salvos na aba “Uso da Terra”, que compõe o conjunto “ Banco de Dados” conforme FIG. 5. Figura 5 - Janela "Configuração de plantio" 20 Toda a mão de obra envolvida na produção deve ser cadastrada na janela “Mão de obra”. Importante ressaltar que na identificação deve ser levado em consideração o ano safra. Nos campos em amarelo deve ser informado o cargo, o valor do salário mensal, a data de contratação e os meses trabalhados, como identificado na FIG. 6. Esses dados, serão armazenados no banco de dados “MaoDeObra”. Figura 6 - Janela "Mão de Obra" Nas janelas “Maquinários/Implementos” e “Benfeitorias” são cadastrados as informações do inventario da propriedade. Em ambas as janelas, existe o campo “Tipo Conab”, aonde deve ser selecionado a nomenclatura utilizada pela Conab, para que posteriormente seja buscado no banco de dados as informações para os cálculos de depreciações. Essas informações são salvas no banco de dados “Inventários”. Figura 7 - Janela "Maquinário/Implementos" e “Benfeitorias” Na aba “Operacional” são inseridas as informações por atividade agrícola realizada. Nela são computadas as informações gerais por atividade realizada, dos serviços utilizados, além dos fatores de produção mão de obra, maquinários e insumos necessários para a mesma. Na janela “informações Gerais”, são detalhadas as informações sobre a área utilizada, assim como o produto final de cada tratamento/talhão. 21 Figura 8 - janela "Informações gerais" Os serviços utilizados podem são divididos em cinco categorias: mão de obra terceirizada; maquinário terceirizado; mão de obra e maquinários terceirizados; mão de obra, maquinários e insumos terceirizados; mão de obra e insumos terceirizados. Os valores informados são inseridos na janela serviços e devem ser em reais por hectares (R$/ha). Os fatores de produção, mão de obra, maquinários e insumos são inseridos nas respectivas janelas. Nas janelas “Mão de obra” e “Maquinários”, caso o preço por hora (R$/hora) não seja informado, a planilha ira automaticamente calcular. As informações sobre o custo da atividade são salvas ao mesmo tempo e armazenadas no banco de dados “geral”. Figura 9 - janela "Serviços", “Mão de Obra”, “Maquinário” e “Insumos” Na aba “Administrativo”, são coletadas informações sobre a comercialização dos produtos finais, assim como as despesas administrativas. 22 Na janela da comercialização, são dois campos distintos para o preenchimento, um se refere ao transporte da produção e o outro sobre as despesas de armazenagem. Após o devido preenchimento, os dados serão salvos no banco de dados “gerais”. Figura 10 - janela "Comercialização” Na janela de despesas administrativas, são consideradas os gastos diretos com a gestão da propriedade por safra (Energia, água, telefone, internet, contabilidade, advogado, mão de obra administrativa, refeições dos funcionários, pró-labore, cartório). Os dados salvos, são armazenados no banco de dados “geral”. Figura 11 - janela "Administrativo” Na janela sobre o custo do dinheiro, o usuario deve informar a taxa de juros, os meses de financiamento e a porcentagem financiada de cada fonte de renda, por ano safra. Essas informações devem ser salvas, logo após todo o custeio da safra ser lançado no banco de dados “geral”. Figura 12 – janela “Custo do dinheiro” Na última aba de inserção de dados, são inseridas as informações sobre as receitas obtidas na atividade, assim como os impostos pagos na comercialização do mesmo. 23 Figura 13 - janela "Receita” Os impostos devem ser informados pelo imposto pago e o seu valor total pago. Figura 14 - janela "Receita” Para auxiliar o lançamento com as despesas com os impostos, existem duas tabelas de auxilio, com as taxas e as devidas alíquotas a serem deduzidas. Figura 15 - tabela "Imposto de Renda Pessoa Física” e “Imposto Sobre a Comercialização de Produtos Agropecuários” A planilha gera dois relatórios. Um relatório de custo de produção na aba “custo” e outro da demonstração do resultado do exercício na aba “DRE”. 24 Para se obter o relatório de custo de produção, basta ativar a aba “custo” e completar as informações da Safra e tratamento que se deseja obter o relatório de custo de produção e apertar o botão “Roda Relatório”. Figura 16 - aba "Custo” A “Demonstração do resultado do exercício” é gerada, ativando a aba “DRE”, para gerar o relatório basta completar o campo Safra e tratamento. Figura 17 - aba "DRE” 3.3- Operações, detalhamento dos cálculos e definições Uma vez descrita as funcionalidades da planilha, faz-se necessário um detalhamento sobre as operações que ela realiza assim como uma descrição dos cálculos de alguns elementos centrais para a elaboração do custo de produção como a mão de obra e o maquinário e, também, como foi feito a consideração de todos os itens que compõem esses itens como o tratamento do combustível, a depreciação e os encargos trabalhistas. Nesse sentido, o primeiro aspecto a ser considerado é a questão da participação de cada item no processo produtivo tendo em conta que, mesmo para os sistemas implementados em áreas de produtores, esses ainda são experimentos, ou seja, a estrutura da propriedade não é destinada integralmente para a condução do sistema integrado. Assim, é fundamental o estabelecimento de uma regra de rateio, com o objetivo de atribuir ao fator sua real participação no processo produtivo. 25 Divisão por rateio Considerando a interdependência e a múltipla finalidade para algumas das atividades associadas à implementação e condição dos sistemas integrados, alguns dos fatores de produção são utilizados por mais de um componente. Assim, utilizou-se o método do rateio para mensurar o devido impacto dos custos proporcional a cada componente (ANTUNES e ENGEL, 1999). A título de exemplo, o cálculo do rateio pela área consiste em calcular o coeficiente de utilização do solo a partir do plantio de cada uma das culturas em relação ao total plantado entre todas as culturas na propriedade, como demonstrando na Eq. 1 abaixo. R AX AT (1) Em que: R = Rateio das áreas; AX = Área ocupada pelo componente escolhido (agricultura, floresta, pecuária); AT = Área total de todas as culturas cultivadas na propriedade. Para os cálculos que envolvem os fatores de produção mão de obra, maquinários e benfeitorias é realizada a ponderação em relação à utilização desses, tendo em conta a participação na área total de produção, conforme cálculo mostrado na Eq. 1. Mão de obra O custo da mão de obra envolvida na produção é definido pelo total de salários dos funcionários, férias, somados aos encargos sociais e trabalhistas. As normas reguladoras do trabalho rural têm como base a Lei nº 5.889 de 08/06/1973, regulamentada pelo Decreto nº 73.626 de 12/12/1974. No cálculo são considerados as férias, décimo terceiro mais as seguintes contribuições previdenciárias: 2,5 % relativo ao salário educação; 0,2% destinada ao Incra; 0,1% destinado ao seguro contra acidente de trabalho; 0,1% do valor da comercialização da produção que será destinada ao fundo de previdência social. 26 A hora máquina As máquinas e implementos são as ferramentas de trabalho. Por meio da utilização dessas é possível executar as operações de correção e preparo do solo, adubação e plantio, aplicações, colheita e pós-colheita. Nessa proposta, para a contabilização da participação do maquinário no processo de produção, adota-se o conceito da hora-máquina, que pode ser entendido como o tempo de utilização do maquinário para se realizar determinada atividade, dada como horas/hectare. Assim, o coeficiente técnico do uso do maquinário (CT) pode ser definido como o somatório do tempo de utilização da máquina para executar as atividades. O cálculo do coeficiente técnico do uso do maquinário é dado pela Eq. 2 abaixo: CT HT PA HA (2) Em que: CT = Coeficiente técnico; HT = Horas trabalhadas; HA = Área de realização da atividade; PA = Percentual da área total em que a atividade foi realizada; Combustível O consumo de combustível por hora trabalhada, segundo Conab (2010), é igual a 12% do valor da potência nominal da máquina. Sendo assim, o custo com combustível é dado pela multiplicação deste valor pelo preço corrente do diesel. CC CT D CV 12% (3) Em que: CC = Custo com combustível; CT = Coeficiente técnico, definido conforme Eq. 2; D = Preço do diesel; CV = Potência nominal da máquina Manutenção O estado de conservação da máquina pode influenciar no resultado da operação. É importante que o produtor realize a manutenção adequada do maquinário, visando mantê-lo sempre 27 nas melhores condições possíveis de funcionamento, o que, além de não prejudicar nas operações, pode prolongar a vida útil dos bens. Nessa proposta, o custo de manutenção é considerado preventivo e corretivo. Desta forma, na composição do custo de produção, o valor do serviço de manutenção varia de acordo com o rendimento operacional por hectare, o valor do bem novo e a potência (quando motorizados). A taxa de manutenção aplicada é de 1% para as máquinas e 0,8% para os implementos, com um adicional de 10% das despesas de combustível para os gastos com filtros e lubrificantes nas máquinas. As relações entre esses fatores podem ser descritas conforme a Eq. 4 abaixo. CM CT VN TM 10% CC (4) VUh Em que: CM = Custo com manutenção; CT = Coeficiente técnico, definido conforme Eq. 2; VN = Valor do bem novo; TM = Taxa de manutenção; CC = Consumo de combustível, definido conforme Eq. 3; VUh = Vida útil do bem em horas Depreciação A obsolescência do maquinário provocada pelos anos de trabalho e pelo contínuo avanço tecnológico, aliado ao objetivo de busca contínua pela eficiência evidencia a necessidade da substituição das máquinas após determinado período de tempo, por itens mais novos e com tecnologia de ponta. Nesse sentido, e constituindo-se como um fundo que tem como objetivo criar as condições para a substituição do bem após terminada sua vida útil, determinada ou pela empresa responsável pela produção do equipamento ou pela tabela apresentada em Conab (2010), define-se o valor associado à depreciação. O cálculo da depreciação de máquinas e implementos é dado pela Eq. 5 e seu coeficiente é dado por hectare/hora. CD CT VN (VN TD) VUh Em que: CD = Custo com depreciação; CT = Coeficiente técnico, definido conforme Eq. 2; (5) 28 VN = Valor do bem novo declarado pelo proprietário; TD = Taxa de Depreciação; VUh = Vida útil do bem em horas; Seguro Embora não seja uma prática comum no âmbito da agricultura, mas tendo em conta os pressupostos de eficiência e de maximização dos resultados econômicos observados pelo produtor, é necessário considerar a existência de dispêndios financeiros com seguro das máquinas e implementos, e que este valor seja reservado para ressarcimento de danos que possam ocorrer com maquinários. O valor estipulado como prêmio do seguro é dado pela Eq. 63. VN 0,75 2 CS CT VUh (6) Em que: CS = Custo com seguro CT = Coeficiente técnico, definido conforme Eq. 2; VN = Valor do bem novo; VUh = Vida útil do bem em horas; Benfeitorias As benfeitorias são itens de infraestrutura como barracões, cercas, armazéns, e que não podem ser deslocadas sem destruição ou danos. Uma propriedade pode, ou não, conter bens imobilizados que são necessários ao processo produtivo. Essa necessidade é função da atividade produtiva realizada e, assim como acontece com o maquinário e com os implementos, há um conjunto de custos associados às benfeitorias no sentido de manter suas condições produtivas. Depreciação A utilização e a ocupação das construções causam desgastes ao longo dos anos. Isto faz com que seja necessário fazer uma reserva para uma possível recuperação ou reconstrução dos bens ao longo desse período. O cálculo para a depreciação das benfeitorias é dado conforme a Eq. 7 abaixo. 3 Para obter o Custo com seguro é preciso primeiro ter uma média dos maquinários, por este motivo divide-se por 2 o valor do bem novo. 0,75 é a taxa do seguro. 29 CD R VN VR VUa AT (7) Em que: CD = Custo com depreciação; R = Rateio da área, definido conforme Eq. 1; VN = Valor do bem novo; VR = Valor residual do bem; VUa = Vida útil do bem em anos; AT = Área total. Manutenção Assim como destacado em relação ao item maquinário, a manutenção é essencial para manter as benfeitorias em bom estado de uso. Dessa forma, o custo de manutenção das benfeitorias pode ser definido conforme a Eq. 8. CM R VN TM VUa AT (8) Em que: CM = Custo com manutenção; R = Rateio da área, definido conforme Eq. 1; VN = Valor do bem novo; TM = Taxa de manutenção; VUa = Vida útil do bem em anos; AT = Área total. Insumos Os insumos são essenciais para a realização da atividade produtiva e, na grande maioria das situações, são os itens que apresentam a maior participação nos custos de produção. Assim sendo, uma identificação correta dos custos com insumos é fator determinante para uma boa compreensão do sistema, como também permite identificar possíveis possibilidades de ajustes no sentido de melhorar a eficiência e a produtividade. Assim, nessa proposta, o custo com os insumos é definido 30 como o resultado da quantidade consumida de um determinado produto aplicado em determinada parcela/área, multiplicada pelo seu preço conforme Eq. 9. CI QA PA PP HA (9) Em que: CI = Custo com insumos; QA = Quantia aplicada do produto; HA = Área de aplicação; PA = Percentual da área total em que o produto foi aplicado; PP = Preço do produto. Transporte da produção Transportar a produção até o local onde será realizado o beneficiamento, classificação e armazenamento é um custo que deve ser contabilizado como parte do processo de produção. Para aqueles produtores que não dispõem de estrutura para realizar esse transporte, o modo mais comum de transportar a produção é por meio da contratação de terceiros para realizar o trajeto da fazenda até os locais de beneficiamento e armazenamento. O custo de transporte da produção é calculado em base do preço do frete por saca, conforme demonstrado na Eq. 10. CT P PF (10) Em que: CT = Custo com Transporte; P = Produtividade média de Sacas/Hectare; PF = Preço do Frete. Armazenamento Estocar a produção pronta para ser vendida pode ser uma estratégia para esperar melhores preços no mercado. Entretanto, essa estratégia tem um custo. Normalmente, o armazém recebe a produção, realiza o beneficiamento e estoca a produção. O custo com a armazenagem toma como base o preço do grão dado pelo mercado, conforme demonstrado na Eq. 11. CA P TA PP (11) 31 Em que: CA = Custo com Armazenamento; P = Produtividade média de Sacas/Hectare; TA = Taxa de serviço do Armazenamento; PP = Preço do Produto armazenado. Impostos e taxas Ao vender a produção, o produtor paga certos impostos, taxas e contribuições, que tem as mais variadas destinações, desde auxílios para os trabalhadores rurais até contribuições para fomentar o planejamento, investimentos e habitações em todo o estado mato-grossense. Unidade de Padrão Fiscal - UPF/MT A UPF é um indexador que corrige as taxas cobradas pelos estados brasileiros, inclusive multas aplicadas. Em Mato Grosso é formulado a partir do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna IGP-DI (indicador de inflação calculado pela FGV e apurado do primeiro ao último dia de cada mês), que serve de base para cálculo de diversos tributos incidentes no agronegócio, portanto um incremento muito forte pode inviabilizar o negócio, principalmente no estado, onde são praticados os maiores valores da UPF, sendo que nos demais estados este valor é corrigido apenas anualmente. Fundo Estadual de Transporte e Habitação – FETHAB Fethab é uma contribuição destinada a financiar o planejamento, a execução, o acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação em todo território mato-grossense. Para cada tipo de cultura é cobrado uma porcentagem diferente da UPF, pois cada cultura possui suas particularidades (internas, interestaduais, exportações, entre outros), conforme demonstrado na TAB. 1. Tabela 1 – Impostos e Contribuições Cultura Soja Algodão Madeira Taxa (% da UPF) 9,61% 1,26% 10,24% Valor (R$/t) R$ 10,40 R$ 1,36 R$ 11,09 Fethab R$ 108,31 R$ 108,31 R$ 108,31 Fonte: Sefaz-MT Elaboração: Imea 32 Fundo de Apoio à Cultura da Soja – FACS Facs é a contribuição destinada a financiar ações voltadas ao apoio e desenvolvimento da cultura de soja e organização do respectivo sistema de produção, por meio de entidades representativas do referido segmento. Possui uma porcentagem específica para cada modalidade de comercialização (internas, interestaduais e exportações). Este financia todas as atividades da APROSOJA (Associação dos Produtores de Soja). Atualmente é cobrado 1,26% da UPF para o Fethab, R$ 104,69, o que resulta no valor de R$ 1,36/t (Alíquota x UPF – Fethab). Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL Funrural é a contribuição destinada à assistência e benefícios para os trabalhadores rurais, muito semelhantes à previdência social, disponibiliza o direito de aposentadoria por velhice, aposentadoria por invalidez, pensão, auxílio-funeral, serviço de saúde e serviço social. Atualmente sua alíquota é de 2,3% em cima da produção comercializada pelos produtores sobre a soja e o milho, sendo 2,1% para o governo e 0,2% destinado ao SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Remuneração de Capital A remuneração de capital é o custo que provém da obtenção de capital necessário para adquirir recursos utilizados na produção, ou seja, capital que financia a compra de insumos. Seu custo médio é dado pela taxa de juros dos agentes de financiamento, podendo ser capital próprio ou bancos de financiamentos, pelo percentual financiado e pelo total de meses do financiamento. Quando o produtor imobiliza o capital obtido em forma de maquinários e benfeitorias faz uma escolha, pois poderia estar aplicando este capital em poupança, por exemplo, ao invés de estar investindo no atual negócio. Esta escolha de investimento se configura como custo de oportunidade, o que deixa de ganhar ao imobilizar seu capital em relação aos outros tipos de negócios que poderiam ser feitos. Este valor é dado pelo preço médio do maquinário e benfeitorias em horas utilizadas com uma taxa de 6% a.a. 3.4 - Relatórios Além de todas as funcionalidades e cálculos descritos, como já destacado, o instrumento elaborado permite a geração de dois relatórios síntese: i) um relatório de Custo de Produção por atividade e um relatório com a Demonstração do Resultado do Exercício. Esses instrumentos, além de facilitar a visualização de todo o processo produtivo realizado ao longo do ano, são importantes fontes de informação tanto para a tomada de decisão por parte do produtor quanto para a 33 elaboração de políticas públicas uma vez que permitem a visualização das potencialidades e também os pontos mais críticos do sistema. Relatório do Custo de Produção por atividade O relatório do custo por atividade é uma ferramenta econômica que obedece aos princípios da contabilidade e que tem como finalidade melhorar a visualização dos custos através da análise das atividades desenvolvidas pela empresa e suas respectivas relações com a produção. Os custos são distribuídos de acordo com as atividades executadas pela empresa e seus fatores de produção, demonstrando o impacto de cada uma das atividades no processo de fabricação. O relatório de custo de produção é formado por cinco itens/contas, sendo dois de custos e três de despesas, e o valor estimado é apresentado em reais por hectares (Figura 18). Nos campos referentes ao custo, a primeira coluna de informação se refere a atividade realizada e a segunda coluna ao fator de produção utilizado. Nos campos das despesas, a primeira coluna se refere ao item e a segunda uma descrição do item. Relatório de Custo de Produção Projeto URTE`s Fazenda iLPF Leite / Tratamento 7 Safra 2013/2014 Custo por Hectare Descrição 1 Custo 1.1 Direto Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Compactação de silagem Compactação de silagem Dessecação Dessecação Dessecação Plantio Plantio Plantio Silagem Silagem Transporte Insumo Mão de obra Direta Maquinário Mão de obra Direta Maquinário Insumo Mão de obra Direta Maquinário Insumo Mão de obra Direta Maquinário Mão de obra Direta Maquinário Mão de obra Direta Participação (%) 29,4 0,8% 3,3 0,1% 3,8 0,1% 18,0 0,5% 42,9 118,8 1,2% 3,3% 6,6 0,2% 7,7 932,9 0,2% 25,5% 29,1 0,8% 86,0 2,4% 14,8 0,4% 30,7 0,8% 13,1 0,4% 34 Transporte Total Custo Direto Maquinário 15,9 1.353,0 0,4% 37,0% 654,5 17,9% 1.366,4 37,4% 2.020,9 55,3% 4,0 2,4 9,6 2,4 18,4 0,1% 0,1% 0,3% 0,1% 0,5% 203,9 203,9 5,6% 5,6% 56,3 56,3 1,5% 1,5% 3.652,6 100,0% 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Energia Refeição Telefone Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Impostos Total Despesa Venda Contabilidade Energia Refeição Telefone Juros Funrural Custo Total Figura 18: Relatório do Custo de Produção A apresentação dos custos neste novo formato apresenta múltiplas vantagens, como a possibilidade de permitir o cálculo de forma mais apropriada dos custos dos fatores de produção, amenizar as distorções causadas pelo rateio arbitrário e proporcionar melhores indicadores de desempenho, facilitando a tomada de decisão da empresa. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) fornece uma síntese financeira dos resultados operacionais da empresa durante determinado período, deve ser elaborada obedecendo ao princípio do regime de competência: “As receitas e despesas devem ser incluídas na operação do resultado do período em que ocorreram, independente de recebimento ou pagamento (ASSAF NETO, 2010). ” Em termos gerais, a DRE de uma empresa é estruturada da seguinte maneira: (+) Receita Bruta 35 Valor total recebido com a venda dos produtos (-) Impostos sobre Receita Bruta Impostos incidentes sobre a venda do produto (=) Receita Líquida Receita depois de serem descontados sobre os impostos sobre a venda (-) Custo dos produtos vendidos (CPV) Refere-se a todos os desembolsos realizados para a produção do produto final. São considerados os gastos com o combustível do maquinário, compra dos insumos, salário dos funcionários ligados a produção, e os serviços terceirizados. (=) Lucro Bruto É a receita liquida descontada dos custos dos produtos vendidos (-) Despesas Administrativas Despesas relacionadas a gestão da propriedade. Estão inclusos a mão de obra administrativa, contas de energia, água e telefone, serviços de contabilidade e advocacia. (-) Despesas com Vendas Despesas realizadas com a comercialização do produto vendido. São contemplados os gastos com o transporte, armazenagem do produto final. (=) EBTIDA (Resultado operacional ou lucro antes de juros, impostos e depreciações – LAJIDA) É o lucro bruto descontado as despesas administrativas e despesas com vendas. (-) Depreciações e amortizações Despesas com a depreciação dos maquinários e benfeitorias. (=) EBIT (lucro antes das despesas financeiras – LAJIR) (-) Despesas Financeiras Despesas com os juros do financiamento do custeio da produção. (=) EBT (Lucro antes do imposto de renda – LAIR) Resultado operacional ou lucro antes de juros, impostos e depreciações descontado a depreciação dos maquinários e benfeitorias. (-) Impostos sobre Renda Imposto sobre o lucro antes do imposto de renda 36 (=) Resultado Líquido Resultado da diminuição do lucro após o imposto de renda Uma demonstração para esse resultado pode ser vista na FIG. 19 abaixo. Demonstração do resultado do exercício Projeto URTE`s Fazenda iLPF Leite Safra 2013/2014 Tratamento 8 (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 5.033,9 115,8 (=) Receita Líquida 4.918,1 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 3.240,3 255,6 1.500,5 1.484,2 0,0 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 1.677,8 34% (-) Despesas Administrativas (-) Despesas com Vendas (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) (-) Depreciação e Amortização (=) EBIT (Lajir) Margem (%) 18,4 0,0 1.659,4 654,8 1.004,6 (-) Despesas Financeiras 203,9 (=) EBT (Lair) 800,7 (-) Impostos sobre Renda (=) Lucro Líquido Figura 19 – DRE das propriedades rurais 0,0 800,7 37 A elaboração da DRE nas propriedades rurais fornece um amplo conjunto de informações que subsidiam a tomada de decisão dos produtores. A principal informação da DRE é a correta estimação do lucro líquido do sistema de produção, que é uma das informações mais importantes para a gestão da propriedade. Outro fator é a estimação dos custos com depreciação, pois este é normalmente negligenciado pelos produtores por não ser um item que gera desembolsos no curto prazo. A estimação do custo do produto vendido, lucro operacional e das despesas com vendas também pode contribuir para a boa gestão da fazenda e para o sucesso da atividade. 38 4. Caracterização das Unidades de referência tecnológicas – URTEs 4.1- Caracterização da fazenda iLPF Corte O experimento “iLPF Corte” é um projeto de pesquisa denominado “Estabelecimento e avaliação de sistemas de iLPF no estado do Mato Grosso”, desenvolvido pela Embrapa Agrossilvipastoril e é financiado pela Embrapa e pelo CNPQ. O objetivo deste projeto é o estabelecimento e monitoramento de Sistemas iLPF em bases sustentáveis, com foco na avaliação de indicadores de sustentabilidade. Este é um projeto de longo prazo e teve seu estabelecimento iniciado no segundo semestre de 2011. Localização O “iLPF Corte” está localizado dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, e este se localiza no município de Sinop, Mato Grosso, na rodovia MT 222 km 2,5. A distância da unidade para a capital, Cuiabá, é de aproximadamente 500km. Sinop, assim como quase todos os municípios do estado de MT, não apresenta uma grande infraestrutura logística; dessa forma, todo o deslocamento dos insumos é feito por caminhões via BR-163. Ainda, quase toda a produção da região é escoada via BR-163 até Rondonópolis e de lá ela é redirecionada aos portos de Santos e Paranaguá. Nesse sentido, o frete é um dos principais entraves para a competitividade do agronegócio mato-grossense. E como podemos observar no gráfico abaixo, o preço desse serviço tem se elevado nas últimas duas safras. Preço do Frete (Saindo de Sorriso, MT) 150 Rondonópolis Paranaguá 110 300 250 90 70 200 50 150 30 100 Figura 20 - Evolução do custo do frete saindo de Sorriso, MT (Fonte: IMEA) Paranaguá 130 350 Rondonópolis 39 Características Climáticas O clima predominante na região é o Equatorial, com cerca de seis meses de seca - entre os meses de março a setembro - e precipitação anual de 2.200 mm. A temperatura média anual é de 24°C (com máxima de 40°C e mínima de 20°C). De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é Aw (tropical com estação seca de inverno). Características do Solo e Topografia O solo encontrado na região pode ser classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, argiloso (46%). O terreno pode ser considerado como plano, tipo bem representativo na região. O campo experimental encontra-se na latitude 11°51’S, longitude 55°35’W e altitude média de 384 m. Características do Experimento O sistema “iLPF corte” trata-se de um experimento planejado de longo prazo, com ciclos de 4 anos de avaliações e flexível quanto à escolha das espécies ao longo do tempo. Ele foi construído de forma cooperativa e multidisciplinar, uma vez que vários pesquisadores de diferentes áreas técnicas estão envolvidos com avaliações desse experimento. O experimento segue o delineamento de blocos casualizados com 4 repetições. A área total do ensaio é de aproximadamente 104 ha, e os sistemas são conduzidos em plantio direto, segundo as recomendações técnicas das culturas utilizadas. O experimento conta com 10 (dez) tratamentos, sendo os três primeiros referentes a culturas exclusivas (monocultivo), que funcionam como testemunhas. A partir destes, é realizada a integração de culturas no tempo e no espaço até chegar à rotação de cultura no mesmo tempo e na mesma área. São eles: 1. Sistema de Floresta com cultivo de eucalipto (Eucaliptus urograndis, clone H13), espaçamento entre plantas de 3 metros e 3,5 entre linhas, com 28 linhas de 33 plantas em cada parcela, totalizando 952 mudas em 1 (um) hectare; 2. Sistema de Lavoura com cultivo de soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com Braquiaria brizantha, cv. Marandu na safrinha (1 hectare); 3. Sistema de Pecuária com pasto Braquiária brizantha, cv. Marandu) para sistema de recria e/ou engorda. 40 4. Sistema iLP, com cultivo de lavoura (com soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha) nos dois primeiros anos e com cultivo de pasto nos dois anos subsequentes; 5. Sistema iLP, com cultivo de pasto nos dois primeiros anos e com cultivo de lavoura (com soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha) nos dois anos subsequentes; 6. Sistema iLF, com cultivo de Floresta (eucalipto), em renques de linhas triplas espaçados em 30 metros entre si cultivadas anualmente nos entre renques com soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha. Total de 600 mudas de eucalipto em 0.63 hectares, sendo os 1.37 hectares restantes para a Lavoura; 7. Sistema iPF, com cultivo de Floresta (eucalipto), em renques de linhas triplas espaçados em 30 metros entre si cultivadas anualmente nos entre renques com pasto. Total de 600 mudas de eucalipto em 0.63 hectares, sendo os 1.37 hectares restantes para a Lavoura; 8. Sistema iLPF, com cultivo de floresta (eucalipto), em renques de linhas triplas espaçados em 30 metros entre si cultivadas anualmente nos entre renques com soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha alternado com pasto a cada dois anos. Total de 600 mudas de eucalipto em 0.63 hectares, sendo os 1.37 hectares restantes para a Lavoura; 9. Sistema iLPF, com cultivo de floresta (eucalipto), em renques de linhas triplas espaçados em 30 metros entre si cultivadas anualmente nos entre renques com pasto alternado soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha a cada dois anos. Total de 600 mudas de eucalipto em 0.63 hectares, sendo os 1.37 hectares restantes para a Lavoura; 10. Sistema iLPF, com cultivo de floresta (eucalipto), em renques de linhas triplas espaçados em 30 metros entre si cultivadas anualmente nos entre renques com soja no verão, sucedido pelo consórcio milho com braquiária na safrinha. Total de 600 mudas de eucalipto em 0.63 hectares, sendo os 1.37 hectares restantes para a Lavoura; Vale ressaltar que a parcela experimental para os tratamentos 1 e 2 é de 1ha, já para as demais é de 2 ha. A rotação dos componentes de cada tratamento pode ser resumida na TAB. 1 abaixo. 41 Tabela 2 - Rotação dos componentes em cada tratamento. Sistemas 1 2 3 4 ILP 5 ILP 6 LF 7 PF 8-ILPF 9-ILPF Ano 1 F L P P L LF PF LF PF Ano 2 F Lp P P L LFp PF LF PF Ano 3 F L P L P LF PF PF LF Ano 4 F Lp P L P LFp PF PF LF Ano 5 F L P P L LF PF LF PF Ano 6 F Lp P P L LFp PF LF PF Ano 7 F L P L P LF PF PF LF Ano 8 F Lp P L P LFp PF PF LF 10- ILPF F-LP F-LP F-LP F-LP F-LP F-LP F-LP F-LP Legenda: L =Lavoura LP = Soja Verão + Milho Safrinha Consorciado Com Pasto F = Floresta P = Pecuária de corte p = palha A FIG. 21 abaixo demonstra como as parcelas estão dispostas no campo experimental. Figura 21 - Imagem de satélite do experimento no campo. 42 Como já destacado, a área total do experimento iLPF Corte é de aproximadamente 104 hectares. Esse espaço é dividido da seguinte forma: 28,44 hectares destinados para a lavoura, 26,96 hectares para a pecuária de corte e 16,6 hectares para o componente florestal. Assim sendo, 72 hectares são destinados aos 10 tratamentos, com 32 parcelas de 2 hectares e 8 parcelas de 1 hectare cada. A área restante, 32 hectares constitui o “pulmão”, área de escape da pecuária, sendo utilizada para abrigar os animais que não serão avaliados, mas que auxiliarão no controle da altura da forragem. Recursos Hídricos O sistema de produção está inserido na grande bacia do Rio Teles Pires, que por se tratar de um rio federal tem sua gestão realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA). Ainda, o sistema está inserido na sub-bacia do Córrego “Mula Manca”. Nessa sub-bacia, por se tratar de um rio estadual, quem faz a gestão é a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA). A vazão outorgada para a Embrapa Agrossilvipastoril é de 0,0461m3/s. Em relação aos comitês, encontra-se em processo de criação o comitê de bacia hidrográfica da margem direita da bacia do Alto Teles Pires. Meio Ambiente A Embrapa Agrossilvipastoril está localizada em uma região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia, embora com predominância desse último. Levantamentos florísticos ainda são escassos na região, mas os fragmentos de vegetação nativa encontrados são predominantemente florestais, imersos em uma matriz de paisagem também em transição, com largas áreas sendo utilizadas para agricultura, especialmente ao longo do eixo da BR-163. Dessa forma, devido à ocupação relativamente recente, concentrada nos últimos 30-40 anos, esses fragmentos já encontram-se alterados, principalmente devido à exploração madeireira e à passagem de incêndios florestais, além da caça de algumas espécies animais, comprometendo a estrutura original. Ainda assim, a presença desses fragmentos é importante para conservação dos recursos genéticos regionais e para estudos que proporcionem o entendimento dos padrões ecológicos ocorrentes nesses ecossistemas, o que por sua vez fornecerá conhecimentos para manejo florestal de produtos madeireiros e não-madeireiros e também para ações de restauração florestal. Dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, com 620ha, existe uma Área de Preservação Permanente (APP), majoritariamente composta por uma floresta secundária. Essa área será objeto de caracterizações, inicialmente da flora e posteriormente da fauna, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso - campus Sinop. Dentro dessa APP está sendo estruturada uma trilha ecológica, que receberá visitantes tanto de escolas como de técnicos e 43 da população em geral, proporcionando um espaço para conscientização sobre a importância da conservação das matas ciliares. O fragmento florestal presente na APP também é o ecossistema de referência de área conservada para vários parâmetros em estudo nos diferentes sistemas em experimentação na unidade, como solo (características químicas, físicas e biológicas), flora e fauna, emissão de gases do efeito estufa, microclima, qualidade dos recursos hídricos, entre outros. Sistema de Cultivo O plantio foi realizado por meio do Sistema de Plantio Direto. O eucalipto foi estabelecido no mês de Novembro de 2011. Na lavoura, a soja é cultivada no mês de outubro e colhida em finais de janeiro/início de fevereiro seguindo-se então o cultivo do milho em consórcio com a Brachiaria brizantha. Tecnologia A tecnologia de plantio do componente florestal pode ser classificada como média, devido à não utilização do implemento de plantio mecanizado. Na implantação deste componente foi utilizada a tecnologia de cultivo mínimo através do uso do implemento “sulcador subsolador florestal”, que visa o revolvimento mínimo do solo, ou seja, utilizado somente na linha de plantio, gerando menor impacto pelo não revolvimento do solo em área total. Vale ressaltar que este implemento requer um trator com potência elevada, com, no mínimo, 140 cavalos de potência. Na condução, adotou-se como premissa a utilização mínima de componentes externos ao sistema, numa tentativa de induzir manejo integrado e sustentável. Assim, foi feita a dessecação com equipamento com proteção na barra de pulverização – pulverizador florestal / conceição - com o uso de glifosato – 2 a 3 aplicações anuais nos primeiros dois anos de cultivo. Desse modo, é possível manter a área com o mínimo de competição com plantas indesejáveis. Após esse período, é possível realizar o controle de plantas indesejáveis com o uso de roçadeiras tratorizadas ou triton, diminuindo o uso de herbicidas. Adubações de plantio e de condução foram realizadas de forma escalonada, visando atender às demandas nutricionais em cada período do ano e em função do estágio de desenvolvimento das plantas. Estas adubações foram feitas utilizando-se como implemento a adubadeira florestal de filete contínuo. O conjunto dessas operações tem por objetivo diminuir o impacto gerado pelo cultivo convencional - em que se utiliza arado e grade -, implementos que ocasionam perda de solo e consequentemente a perda de nutrientes, além de causar assoreamento de cursos d’água. A pecuária será feita utilizando novilhos inteiros da raça Nelore (Bos taurus indicus) que serão incluídos nos sistemas com peso médio de 180 kg e serão levados até a terminação (480 kg). 44 Os animais serão pesados frequentemente para avaliação de desempenho, nas diferentes épocas do ano, e para que os sistemas trabalhem sempre com altas taxas de lotação, buscando melhorar a eficiência da produção animal. Estes animais serão suplementados durante a estação seca para garantir que os ganhos sejam alcançados, sem que haja perda de peso e eficiência do sistema. As áreas de pastagens foram estabelecidas com o capim Marandu (Brachiaria brizantha), gramínea com alto potencial produtivo e a mais plantada em Mato Grosso. Em razão da ausência de animais até o presente momento, as pastagens têm sido manejadas com o auxílio de uma roçadeira. Na entrada dos animais no sistema, estas pastagens serão utilizadas sob regime de lotação contínua com taxa de lotação variável. Sempre buscando manter uma altura alvo constante que garanta alta eficiência de colheita de forragem pelo animal e ganho de peso por animal e por área. Com este acompanhamento e considerando que é uma planta perene, as pastagens serão adubadas sempre que a produção (forragem e/ou carne) apresentar sinais de decréscimo e em função da análise de solo. Para a lavoura, o milho utilizado se enquadrou na classificação de alta tecnologia, devido à utilização de sementes de alto valor tecnológico, como a cultivar DKB 175 utilizada na Safra 2011/2012, o Híbrido AG 9010 utilizada na safra 2012/2013 e o híbrido DKB 390 VT PRO II, todas com plantio dentro da janela produtiva recomendada (a saber: plantio realizado em 9 de fevereiro de 2012, em 19 de fevereiro de 2013 e 11 de fevereiro de 2014, respectivamente). A adubação ocorreu de forma adequada, conforme recomendação. A soja utilizada também se enquadra na classificação de alta tecnologia, com cultivares de alto potencial produtivo, ampla adaptação e resistência tanto ao acamamento quanto a diversos patógenos. As cultivares utilizadas foram a BRS FAVORITA RR na safra 2011/2012 e a BRSGO 8560 RR nas safras 2012/2013 e 2013/2014, com plantio dentro da época recomendada (a saber: plantio realizado em 19 de outubro de 2011, 10 de outubro de 2012 e 18 de outubro de 2013, respectivamente). A condução foi realizada de acordo com as recomendações técnicas da cultura. Condição da terra A terra é 100% própria, dado que o experimento está estabelecido dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril. O preço médio das terras no Centro Oeste varia de acordo com a condição da mesma, ou seja, as terras que possuem maior valor são as que já possuem lavoura estabelecida. Na sequência vêm as áreas com pastagem formada e, por último, as terras de mata e Cerrado. Como a área na qual o experimento foi implantado já era uma área de lavoura estabelecida, utilizou-se esta categoria como referência para o valor da terra. Assim sendo, para o ano de 2013, o valor médio da terra foi de 45 R$ 10.967 o hectare, sendo que em 2004 o valor médio foi aproximadamente a metade, R$ 5.098. Observa-se que o valor da terra tem se elevado consideravelmente nos últimos anos e este se deve a crescente rentabilidade da produção de soja, decorrente, em grande parte, da trajetória de elevação de preços dessa commodity no mercado internacional nos últimos anos. Benfeitorias Devido ao tamanho do experimento, não se justifica a construção de grandes benfeitorias. Assim, foi necessária a construção de um galpão de aproximadamente 300 m2 para o armazenamento de insumos e de maquinários. O valor aproximado para a construção deste galpão é de R$ 36.000. Para a pecuária, foi necessário a construção de um curral com valor aproximado de R$ 80.000. Foram utilizados apenas um tipo de cerca na fazenda, cercas externas com 5 fios. O valor do investimento foi de aproximadamente R$ 197.474, conforme descrito na tabela abaixo. Tabela 3Máquinas - Tipo de cerca utilizada e implementos Foram utilizados diferentes tipos de maquinários e implementos durante os t Descrição Valor Unitário (R$/km) Quantidade (Km) Valor Total (R$) Cercas Externas 9.227,76 21,40 197.474,00 Máquinas e implementos Foram utilizados diferentes tipos de maquinários e implementos durante os três primeiros anos do experimento, de acordo com a necessidade de cada atividade. A fazenda conta com um trator de médio porte, com potência de 105cv e valor estimado de R$ 345.000. Como implemento, foram adquiridos um pulverizador de arrasto com valor estimado de R$ 62.000 e uma plantadeira de 9 (nove) linhas com valor estimado de R$ 120.000. Os demais maquinários utilizados foram um tanque de 15mil litros, uma colheitadeira de 190cv, pulverizador florestal, roçadeira de arrasto, distribuidor de calcário e adubo à lanço, sulcador florestal, subsolador e grade niveladora. Devido ao tamanho da propriedade, a aquisição destes não se mostrou viável e optou-se por alugá-los a preço de mercado. Tabela 4 - Valor de mercado das atividades mecanizadas terceirizadas Atividades Terceirizadas Atividades Mecanizadas Valor Unitário Unidade Colheita de grão (Soja e Milho) 5% sobre a produtividade (por hectares) Sulcagem 225,00 R$/ha Subsolagem 180,00 R$/ha Gradagem 180,00 R$/ha 46 Mão de obra Foram utilizados diferentes tipos de mão de obra, tanto variável quanto fixa. A mão de obra fixa necessária para o experimento se constitui de um tratorista, um ajudante de campo e um vaqueiro. A tabela abaixo relaciona o tipo de mão de obra com o salário pago e recebido para os três anos do experimento. Tabela 5 - Tabela salarial safra 2013/2014 Cargo Tratorista Ajudante de Campo Vaqueiro Safra 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2011/2012 2012/2013 2013/2014 Salário 3.103,20 3.261,46 3.489,76 1.959,67 2.059,61 2.203,78 1.156,00 1.214,95 1.300,00 Salário + Encargos 4.591,18 4.825,33 5.163,10 2.899,33 3.047,19 3.260,49 1.710,30 1.797,53 1.923,35 Apesar do sistema necessitar de diferentes tipos de mão de obra, optou-se por utilizar apenas uma, a de maior remuneração, dado que a contratação de toda a mão de obra necessária não se mostrou viável devido ao tamanho da propriedade. Vale ressaltar que o funcionário contratado também responderá pelas demais atividades. Para as atividades mais intensivas em mão de obra, como coroamento e plantio, foram utilizadas mão de obra terceirizada. Tabela 6 - Valor de mercado das atividades manuais terceirizadas Atividades Manuais Plantio de Eucalipto Coroamento Atividades Terceirizadas Valor Unitário 1.100,00 0,70 Unidade R$/ha R$/muda Comercialização Devido à estrutura institucional da unidade, não há a comercialização dos produtos produzidos nos projetos. No caso da lavoura, único componente que apresentou produção nas duas primeiras safras, para a safra 2011/2012, a soja foi colhida no dia 06 de fevereiro de 2012 e a cotação neste dia foi de R$ 38,80 por saca de 60kg. Na safra posterior, a colheita se deu no dia 06 de 47 fevereiro de 2012 e a cotação deste dia foi de R$ 52,75 por saca de 60kg. Já para o milho, a colheita foi feita no dia 26 de julho de 2012 e a cotação foi de R$ 22,70 por saca de 60kg. O componente florestal possui duas finalidades de produção: i) as árvores laterais do rank triplo serão destinadas para a produção de energia e, ii) a fileira do meio para serraria. Uma vez que não há no Mato Grosso uma fonte de preços para produtos florestais, utilizamos como indicadores para os preços de madeira, a série histórica de preços do Instituto de Economia Aplicada (IEA) de São Paulo. 53 52 51 energia 50 49 48 47 46 Energia 45 Serraria 44 130 128 126 124 122 120 118 116 114 112 110 serraria Madeira de Eucalipto (R$/m3) Figura 22 - Evolução dos preços de madeira para energia e serraria (Fonte: IEA) Como podemos perceber na FIG. 22 acima, os preços da madeira de eucalipto para energia têm apresentado uma queda nos últimos anos. Já a madeira para serraria, apesar de sua volatilidade, tem permanecido no mesmo patamar que no início da série. Já o cenário para os preços da arroba do boi é bem diferente. Este mercado é caracterizado por uma alta variação de preços, como pode ser observado no gráfico abaixo. Considerando o período em questão, observamos que no início da série o preço era de R$88,00 por arroba, com um pico de R$95,00 no final do ano de 2011. Já no ano seguinte, observamos uma grande queda nos preços, chegando, em julho de 2012, a R$81,00, sendo esse o menor valor observado. Após esse momento, e mesmo com algumas oscilações, observa-se uma recuperação nos preços, e ao final do período, setembro de 2013, tem-se o valor de R$93,00 por arroba. 48 Figura 23 - Evolução do preço da arroba de boi – a vista (Fonte: IMEA) Produtividade Dado a diferença do horizonte temporal das culturas, o único componente que apresentou produtividade nos dois primeiros anos do experimento foi o da lavoura. A pecuária não chegou a apresentar resultados devido a problemas técnicos com a implantação das cercas, o que impossibilitou a entrada dos animais no experimento, fato este que deve acontecer no terceiro ano agrícola. Apesar do componente florestal não ter apresentado resultados devido ao seu ciclo elevado, foram realizadas análises a fim de se estimar o desenvolvimento das árvores do sistema como i) diâmetro na altura do colo (5 cm acima do solo) nos meses iniciais, ii) diâmetro na altura do peito (130 cm acima do solo); iii) altura e qualidade de fuste e iv) cubagem. A produtividade do experimento na safra 2011/2012 para a soja foi de aproximadamente 36 sacos (60kg) por hectare e para o milho foi 76 sacos (60kg) por hectare. Essa baixa produtividade da soja na safra 2011/2012 pode ter sido influenciada por fatores climáticos e pela subsolagem realizada antes do plantio. Já na cultura do milho, na safra 2011/2012, ocorreram problemas de deriva de herbicidas da propriedade vizinha, que realizou aplicações aéreas, ocasionando a perda de 1 bloco experimental do ensaio. Na safra 2012/2013 a produtividade da soja apresentou uma média de 61.01 sacas/ha, resultado que foi superior à média do estado. E na cultura do milho na safra 2012/2013, constatouse um ataque de cigarrinhas no milho, ocasionando a perda do experimento de milho. Um possível fator para explicar esse ataque inesperado foi o crescimento acelerado da pastagem (devido à ausência de animais), o que acelerou o desenvolvimento das cigarrinhas que acabaram migrando para o milho. A tabela abaixo apresenta os dados de produtividade média da fazenda e do estado de MT. 49 Tabela 7 - Produtividade média Safra 2011/2012 2012/2013 Cultura Soja Milho Soja Milho Média Fazenda (sc/ha) 35,79 76,74 61,01 - Média Estado (sc/ha) 52,2 94,7 50,2 96,3 Para o estado de Mato Grosso, segundo dados da Conab (Conab, 2013), a produtividade média para a soja foi de 52 sacas (60kg) por hectare na safra 2011/2012 e 50 sacas (60kg) por hectare na safra 2012/2013. Para o milho safrinha a produtividade média do estado foi de 95 sacas (60kg) por hectare na safra 2011/2012 e 85 sacas (60kg) por hectare na safra 2012/2013. Os fatores que influenciaram positivamente as produtividades na safra 2011/2012 foram as baixas produtividades da safra no sul do país e nos Estados Unidos, o que incentivou os produtores nacionais de milho a investirem mais em tecnologia e em área. Ainda, vale ressaltar que tivemos condições climáticas favoráveis no estado, o que também influenciou positivamente a produtividade. 4.2- Caracterização da fazenda iLPF Leite O experimento “iLPF Leite” é um projeto de pesquisa denominado “Sustentabilidade de sistemas de produção de leite baseados em integração lavoura pecuária floresta em biomas de cerrado e transição”, desenvolvido pela Embrapa Agrossilvipastoril e que é financiado pela Embrapa e pelo CNPQ. O objetivo deste projeto é desenvolver, avaliar e validar a sustentabilidade sócio-ambiental e tecno-econômica de sistemas de produção de leite baseados em integração lavoura-pecuáriafloresta. Este é um projeto de longo prazo e teve seu estabelecimento iniciado no primeiro semestre de 2011. Localização O “iLPF Leite” está localizado dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril e esta se localiza no município de Sinop, Mato Grosso, na rodovia MT 222 km 2,5. A distância da unidade para a capital, Cuiabá, é de aproximadamente 500km. Sinop, apesar de ser uma cidade referência para a região norte do estado, não apresenta uma grande infraestrutura logística; assim, todo o deslocamento dos insumos é feito por caminhões via BR-163. Ainda, quase toda a produção da região é escoada via BR-163 até Rondonópolis e de lá ela é redirecionada aos portos de Santos e Paranaguá. Nesse sentido, o frete é um dos principais entraves para a competitividade do 50 agronegócio mato-grossense. E como podemos observar no gráfico abaixo, o preço desse serviço este tem se elevado nas últimas duas safras. Preço do Frete (Saindo de Sorriso, MT) 150 Rondonópolis Rondonópolis Paranaguá 110 300 250 90 70 200 50 150 30 100 Paranaguá 130 350 Figura 24 - Evolução do custo do frete saindo de Sorriso, MT (Fonte: IMEA) Características Climáticas O clima predominante da região é o Equatorial, com cerca de seis meses de seca - entre os meses de Março à Setembro - e precipitação anual de 2.200 mm. A temperatura média anual é de 24°C (com máxima de 40°C e mínima de 20°C). De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é Aw (tropical com estação seca de inverno). Características do Solo e Topografia O solo encontrado na região pode ser classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, argiloso (46%). O terreno pode ser considerado como plano, tipo bem representativo na região. O campo experimental encontra-se na latitude 11°51’S, longitude 55°35’W e altitude média de 384 m. Características do Experimento O sistema “iLPF Leite” possui uma área de 50 hectares. Deste total, 10 ha são destinados a instalações, cria e recria de novilhas e os 40 ha serão divididos em quatro quadrantes de 10 ha cada, sendo estes subdivididos de acordo com os tratamentos: 1. Sistema iLP, com cultivo de Lavoura, alternado com Pastagem a cada dois anos (tratamento sem sombreamento). Área total de 2.45 hectares; 2. Sistema iLPF, com cultivo de Lavoura, alternado com Pastagem a cada dois anos juntamente com cultivo de Floresta (tratamento com sombreamento parcial/lateral). Área total de 51 2.9 hectares, sendo 2.3 para lavoura/pecuária e 0.6 hectares para o componente florestal (930 mudas de eucaliptos e 70 mudas de castanheira); 3. Sistema iLPF, com cultivo de Lavoura, alternado com Pastagem a cada dois anos juntamente com cultivo de Floresta (tratamento com sombreamento em linhas). Área total de 4.2 hectares, sendo 2.4 para lavoura/pecuária e 1.8 hectares para o componente florestal (2836 mudas de eucaliptos e 164 mudas de castanheira). Foram implantadas três fontes de variação: ausência total de árvores, presença de árvores periféricas e área totalmente arborizada. A pastagem de capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. Piatã) é implantada em integração com milho para silagem em anos consecutivos, havendo todos os anos, 10 ha de pastagens de 1º ano, 10 ha de pastagens de 2º ano, 10 ha de lavoura de 1º ano (sem capim) e 10 ha de lavoura de 2º ano (com capim). A espécie arbórea utilizada neste primeiro ciclo de experimentos é o Eucalipto, em função do seu rápido crescimento inicial. Foram também implantadas mudas de castanheira e sua função é gerar sombreamento após o corte dos eucaliptos. Cada área de 10 ha será dividida em 3 partes, sendo que a primeira sem o plantio de árvores, a segunda com árvores apenas nas divisões de piquetes, projetando a sombra para dentro da parcela parcialmente durante o dia e a terceira, com arvores nas divisões e no interior das parcelas (fileira tripla com 14 m de distância). SAFRA 2011 -2012 2 SAFRA 2012 -2013 3 LAVOURA 2o ANO Milho + Piatã 2 3 PASTO 1o ANO Piatã PASTO 1o ANO PASTO 2o ANO PASTO 2o ANO Piatã LAVOURA 2o ANO LAVOURA 1 ANO CAUPI SAFRINHA o LAVOURA 1 ANO Milho + Ruziziensis CAUPI -SAFRINHA o 1 4 1 3 2 4 SAFRA 2013 -2014 2 SAFRA 2014 -2015 3 PASTO 2 ANO LAVOURA 1o ANO CAUPI SAFRINHA LAVOURA 1o ANO CAUPI SAFRINHA LAVOURA 2 ANO PASTO 1o ANO LAVOURA 2o ANO PASTO 2o ANO PASTO 1o ANO o 1 4 1 o 4 Figura 25 - Croqui experimental e rotação das culturas Recursos Hídricos O sistema de produção está inserido na grande bacia do Rio Teles Pires, que por se tratar de um rio federal tem sua gestão realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA). Ainda, o sistema está 52 inserido na sub-bacia do Córrego “Mula Manca”. Nessa sub-bacia, por se tratar de um rio estadual, quem faz a gestão é a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA). A vazão outorgada para a Embrapa Agrossilvipastoril é de 0,0461m3/s. Em relação aos comitês, encontra-se em processo de criação o comitê de bacia hidrográfica da margem direita do da bacia do Alto Teles Pires. Meio Ambiente A Embrapa Agrossilvipastoril está localizada em uma região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônico, embora com predominância desse último. Levantamentos florísticos ainda são escassos na região, mas os fragmentos de vegetação nativa encontrados são predominantemente florestais, imersos em uma matriz de paisagem também em transição, com largas áreas sendo utilizadas para agricultura, especialmente ao longo do eixo da BR-163. Dessa forma, devido à ocupação relativamente recente, concentrada nos últimos 30-40 anos, esses fragmentos já encontram-se alterados, principalmente devido à exploração madeireira e à passagem de incêndios florestais, além da caça de algumas espécies animais, comprometendo a estrutura original. Ainda assim, a presença desses fragmentos é importante para conservação dos recursos genéticos regionais e para estudos que proporcionem o entendimento dos padrões ecológicos ocorrentes nesses ecossistemas, o que por sua vez fornecerá conhecimentos para manejo florestal de produtos madeireiros e não-madeireiros e também para ações de restauração florestal. Dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, com 620ha, existe uma Área de Preservação Permanente (APP), majoritariamente composta por uma floresta secundária. Essa área será objeto de caracterizações, inicialmente da flora e posteriormente da fauna, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso - campus Sinop. Dentro dessa APP está sendo estruturada uma trilha ecológica, que receberá visitantes tanto de escolas como de técnicos e da população em geral, proporcionando um espaço para conscientização sobre a importância da conservação das matas ciliares. O fragmento florestal presente na APP também é o ecossistema de referência de área conservada para vários parâmetros em estudo nos diferentes sistemas em experimentação na unidade, como solo (características químicas, físicas e biológicas), flora e fauna, emissão de gases do efeito estufa, microclima, qualidade dos recursos hídricos, entre outros. Sistema de Cultivo O plantio foi realizado por meio do Sistema de Plantio Direto. O componente florestal recebeu irrigação na época da seca, suficiente para as mudas recém implantadas não morrerem. Na lavoura, o milho foi plantado em consórcio com a Brachiaria. Ainda sobre o plantio, na lavoura e na 53 pecuária foram utilizadas sementes enquanto que no componente florestal, mudas. O cultivo de grãos utilizou sementes convencionais e transgênicas. Tecnologia Para a lavoura, o milho utilizado se enquadrou na classificação de alta tecnologia, devido à utilização de sementes de alto valor tecnológico, como as variedades DKB 175 utilizada na Safra 2011/2012, o Híbrido AG 5055 utilizada na safra 2012/2013 e o híbrido DKB 390 VT PRO II, todas com plantio dentro da janela produtiva recomendada (a saber: plantio realizado em 1 de novembro de 2011, em 18 de outubro de 2012 e 21 de novembro de 2013, respectivamente). A adubação ocorreu de forma adequada, conforme recomendação. A tecnologia utilizada no componente florestal pode ser classificada como média, devido à ausência do implemento de plantio mecanizado. Na implantação do componente florestal foi preconizada a tecnologia de cultivo mínimo através do uso do implemento “sulcador subsolador florestal”, que visa o revolvimento mínimo do solo, ou seja, utilizado somente na linha de plantio, gerando menor impacto pelo não revolvimento do solo em área total. Vale ressaltar que este implemento requer um trator com potência elevada, com, no mínimo, 140 cavalos de potência. Na condução, adotou-se como premissa a utilização mínima de componentes externos ao sistema, numa tentativa de induzir manejo integrado e sustentável. Assim, foi feita a dessecação com equipamento com proteção na barra de pulverização – pulverizador florestal / conceição - com o uso de glifosato – 2 a 3 aplicações anuais nos primeiros dois anos de cultivo. Desse modo, é possível manter a área com o mínimo de competição com plantas indesejáveis. Após esse período, é possível realizar o controle de plantas indesejáveis com o uso de roçadeiras tratorizadas ou triton, diminuindo o uso de herbicidas. Adubações de plantio e de condução foram realizadas de forma escalonada, visando atender às demandas nutricionais em cada período do ano e em função do estágio de desenvolvimento das plantas. Estas adubações foram feitas utilizando-se como implemento a adubadeira florestal de filete contínuo. O conjunto dessas operações tem por objetivo diminuir o impacto gerado pelo cultivo convencional - em que se utiliza arado e grade -, implementos que ocasionam perda de solo e consequentemente a perda de nutrientes, além de causar assoreamento de cursos d’água. A pecuária está sendo realizada utilizando novilhas mestiças ¾ e 7/8 holandes x gir que entraram nos sistemas com peso médio de 300 kg. Os animais serão pesados frequentemente para avaliação de desempenho, nas diferentes épocas do ano, e para que os sistemas trabalhem sempre com altas taxas de lotação, buscando melhorar a eficiência da produção animal. Estes animais serão 54 suplementados durante a estação seca para garantir que os ganhos sejam alcançados, sem que haja perda de peso e eficiência do sistema. As áreas de pastagens estão estabelecidas com o capim Piatã (Brachiaria brizantha), gramínea com alto potencial produtivo e a mais plantada em Mato Grosso. Estas pastagens serão utilizadas sob regime de lotação intermitente, sendo que cada sistema foi dividido em 10 piquetes. Sempre buscando manter uma altura alvo constante que garanta alta eficiência de colheita de forragem pelo animal e ganho de peso por animal e por área. Com este acompanhamento e considerando que é uma planta perene, as pastagens serão adubadas sempre que a produção (forragem e/ou carne) apresentar sinais de decréscimo e em função da análise de solo. Condição da terra A terra é 100% própria, dado que o experimento está estabelecido dentro do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril. O preço médio das terras no Centro Oeste varia de acordo com a condição da mesma, ou seja, as terras que possuem maior valor são as que já possuem lavoura estabelecida, em segundo vêm as áreas com pastagem formada e por último as terras de Mata e Cerrado. Como a área na qual o experimento foi implantado já era uma área de lavoura estabelecida, utilizou-se esta categoria como referência para o valor da terra. Assim sendo, para o ano de 2013, o valor médio da terra foi de R$ 10.967 o hectare, sendo que em 2004 o valor médio foi aproximadamente a metade, R$ 5.098. Observa-se que o valor da terra tem elevado consideravelmente nos últimos anos e este se deve a elevada rentabilidade da produção de soja, decorrente, em grande parte, da trajetória de elevação de preços dessa commodity no mercado internacional nos últimos anos. Benfeitorias Devido ao tamanho do experimento, não se justifica a construção de grandes benfeitorias. Assim, foi necessária a construção de um galpão de aproximadamente 300 m2 para o armazenamento de insumos e de maquinários. O valor aproximado para a construção deste galpão é de R$ 60.000. Para a pecuária foi necessário a construção de um curral com sala de ordenha com valor aproximado de R$ 300.000, uma ordenhadeira de R$ 100.000 e um tanque de armazenamento de R$ 20.000. Foram utilizados dois tipos de cercas na fazenda, para as externas foram utilizadas cercas com 5 fios e nas internas cercas elétricas de dois fios. O valor do investimento foi de aproximadamente R$ 149.900 e é detalhado na tabela abaixo. 55 Tabela 8 - Detalhamento da implementação das cercas (Fonte: Anualpec) Máquinas e implementos Descrição Unitário (R$/km) Quantidade (Km) Valor Total (R$)primeiros Foram utilizadosValor diferentes tipos de maquinários e implementos durante os três Cercas Internas 3.559,73 6,86 24.412,60 anos do experimento, de acordo com a necessidade de cada atividade. A fazenda conta com um Cercas Externas 9.227,76 13,60 125.497,49 trator de pequeno porte, com potência de 75cv. Como implemento, foram adquiridos um pulverizador de arrasto, uma plantadeira de 7 (sete) linhas, uma ensiladeira, uma adubadeira à lanço e uma carreta agrícola. Tabela 9 - Valor de aquisição dos maquinários e implementos Descrição Adubadeira (à lanço) Carreta Agrícola Ensiladeira Plantadeira (7 linhas) Pulverizador de Arrasto Trator Pequeno (75cv) Valor Estimado (R$) 20.000,00 10.000,00 15.000,00 70.000,00 62.000,00 128.000,00 Os demais maquinários utilizados foram uma colheitadeira de 190cv, sulcador florestal, subsolador e grade niveladora. Devido ao tamanho da propriedade, a aquisição destes não se mostrou viável e optou-se por alugá-los a preço de mercado. Tabela 10 - Valor de mercado das atividades mecanizadas terceirizadas Atividades Mecanizadas Colheita de grão (Soja e Milho) Sulcagem Subsolagem Gradagem Mão de obra Atividades Terceirizadas Valor Unitário Unidade 5% sobre a produtividade (por hectares) 225,00 R$/ha 180,00 R$/ha 180,00 R$/ha Foram utilizados diferentes tipos de mão de obra, tanto variável quanto fixa. A mão de obra fixa necessária para o experimento se constitui de um tratorista, um vaqueiro e um gerente (proprietário da fazenda). Vale ressaltar que o tratorista também vai exercer a função de ordenhador e que o vaqueiro exerce também a função de ajudante de campo. A tabela abaixo relaciona o tipo de mão de obra com o salário pago e recebido para os três anos do experimento. 56 Tabela 11 - Tabela salarial safra 2013/2014 Cargo Tratorista Vaqueiro Safra 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2011/2012 2012/2013 2013/2014 Salário 3.103,20 3.261,46 3.489,76 1.156,00 1.214,95 1.300,00 Salário + Encargos 4.591,18 4.825,33 5.163,10 1.710,30 1.797,53 1.923,35 Apesar do sistema necessitar de diferentes tipos de mão de obra, optou-se por utilizar apenas uma, a de maior remuneração, dado que a contratação de toda a mão de obra necessária não se mostrou viável devido ao tamanho da propriedade. Vale ressaltar que o funcionário contratado também responderá pelas demais atividades. Para as atividades mais intensivas em mão de obra, como coroamento e plantio, foram utilizadas mão de obra terceirizada. Tabela 12 - Valor de mercado das atividades manuais terceirizadas Atividades Manuais Plantio de Eucalipto Coroamento Atividades Terceirizadas Valor Unitário 1.100,00 0,70 Unidade R$/ha R$/muda Produtividade Dado a diferença do horizonte temporal das culturas, o único componente que apresentou produtividade nos dois primeiros anos do experimento foi o da lavoura. A pecuária não chegou a apresentar resultados devido a problemas técnicos com a implantação das cercas, o que impossibilitou a entrada dos animais no primeiro ano do experimento, e com a instalação do curral, sala de ordenha e ordenhadeira, o que postergou a produção de leite para o quarto ano. Apesar do componente florestal não ter apresentado resultados devido ao seu ciclo elevado, foram realizadas análises a fim de se estimar o desenvolvimento das árvores do sistema como i) diâmetro na altura do colo (5 cm acima do solo) nos meses iniciais, ii) diâmetro na altura do peito (130 cm acima do solo); iii) altura e qualidade de fuste e iv) cubagem. Na lavoura, o milho cultivado teve apenas um fim na primeira safra (2011/2012), a silagem. Já nas próximas safras, seu destino foi duplo, metade para silagem e metade para grãos. A finalidade da silagem é a suplementação animal durante a época de seca e o milho em grão é vendido no 57 mercado. A tabela abaixo resume a produtividade destas culturas nas primeiras duas safras do experimento. Tabela 13 - Produtividade e preço Feijão Caupi Colheita Produtividade (kg/ha) Preço 2011/2012 01-jul-12 6.976,7 2012/2013 07-ago-13 2013/2014 - Silagem de Milho Colheita Produtividade (kg/ha) Preço 2011/2012 25-jan-12 30.555,3 2012/2013 24-jan-13 36.157,1 2013/2014 21.195,2 Milho (grão) Colheita Produtividade (sc/ha) Preço (R$/sc) 2011/2012 - 2012/2013 17-jun-13 109,2 10,7 2013/2014 24-abr-14 17,59 Ainda na lavoura tivemos a produção do feijão caupi, que foi plantado na safrinha após o milho. Sua produção também foi destinada ao mercado. Comercialização Devido à estrutura institucional da unidade, não há a comercialização dos produtos produzidos nos projetos. Ainda na lavoura tivemos a produção do feijão caupi, que foi plantado na safrinha após o milho. Sua produção também foi destinada ao mercado. Comercialização Devido à estrutura institucional da unidade, não há a comercialização dos produtos produzidos nos projetos. O componente florestal possui duas finalidades de produção: i) as árvores laterais do rank triplo serão destinadas para a produção de energia e, ii) a fileira do meio para serraria. Uma vez que não há no Mato Grosso uma fonte de preços para produtos florestais, utilizamos como indicadores para os preços de madeira, a série histórica de preços do Instituto de Economia Aplicada (IEA) de São Paulo. 58 53 52 51 energia 50 49 48 47 46 Energia 45 Serraria 44 130 128 126 124 122 120 118 116 114 112 110 serraria Madeira de Eucalipto (R$/m3) Figura 26 - Evolução dos preços de madeira para energia e serraria (Fonte: IEA) Como podemos perceber na figura acima, os preços da madeira de eucalipto para energia têm apresentado uma queda nos últimos anos. Já a madeira para serraria, apesar de sua volatilidade, tem permanecido no mesmo patamar que no início da série. Já o cenário para o preço do litro do leite é bem diferente. Este mercado é caracterizado por uma alta variação de preços, como pode ser observado no gráfico abaixo. Considerando o período em questão, observamos que no início da série o preço era de R$ 0.55 por litro e, apesar de sua volatilidade, apresentou elevação no período, chegando a R$ 0.75 por litro ao final da série. Figura 27 - Evolução do preço do leite (Fonte: IMEA) 59 4.3- Nova Xavantina – Fazenda Brasil Localização Localizada às margens da BR-158, esta URTE foi implantada no ano/safra 2009/10 em uma área pertencente ao grupo Agropecuária Fazenda Brasil. A propriedade fica a aproximadamente 100 Km do município de Barra do Garças, sentido Nova Xavantina. Sua distância da capital Cuiabá é de aproximadamente 550 km, e esse trajeto pode ser feito através das rodovias BR 158 e BR 163. A região onde a propriedade está localizada, entre os municípios de Nova Xavantina e Barra do Garças, é detentora de um grande potencial turístico. A Serra do Roncador, da qual a propriedade faz divisa, possui inúmeras cachoeiras e trilhas que são procuradas durante todos os períodos do ano. Características climáticas O clima da região é tropical com estação seca, segundo classificação climática de KöppenGeiger é Aw. A propriedade fica numa região com altitude de 270 metros, com temperatura média anual em torno de 24ºC, possuindo duas estações bem definidas, com 4 meses de seca, de maio a agosto. A precipitação anual é de 1.750 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro. Possui uma baixa umidade relativa do ar durante os meses de agosto e setembro, podendo ficar inferior a 12%. Características solo Na região na qual a propriedade está localizada, o solo predominante é o arenoso, típico na região e na propriedade. A gleba onde foi implantado o experimento possui como característica algumas áreas mais planas e outras levemente declivosas (< 3%), permitindo o estabelecimento do ensaio no sentido leste-oeste. Recursos hídricos Como já destacado, a propriedade localiza-se próxima a Serra do Roncador e os recursos hídricos utilizados na propriedade são provenientes de represas artificiais. Especificamente, na gleba onde o experimento de iLPF foi implantado no talhão B07 FIG. 26, existe uma dessas represas do lado leste, margeando cerca de 30% do ensaio. Os tratamentos 9 e 10, ficam numa região com maior declividade e são beneficiados pelas águas dessa represa. 60 Condições de acesso e escoamento de produção A rodovia de acesso a propriedade, BR 158 é asfaltada e em boas condições de trafegabilidade. O escoamento da produção ocorre através dela, podendo ser direcionado ao norte para o Porto de Itaquí no estado do Maranhão, ou para o sul, seguindo até a BR 163 e depois em direção aos Portos de Santos, no estado de São Paulo ou do Porto de Paranaguá, no estado do Paraná. Importante ressaltar que a propriedade também possui silos de armazenamento, não necessitando de negociação imediata da produção. O transporte da produção é feito por veículos terceirizados, tanto dentro da propriedade quanto fora dela. Preço terra e arrendamento Nos municípios de Nova Xavantina, Canarana e Água Boa, o preço da terra aberta para agricultura foi de aproximadamente R$10.117,00/ha no ano de 2013. Esse valor representa uma valorização de 347,1% comparado ao valor de R$2.263,00 registrado no ano de 2004. O valor das áreas ocupadas com pastagem foi de R$4.267,00 no ano de 2013, enquanto em 2004 essas áreas estavam valoradas em R$2.003,00. Característica produtiva da propriedade A propriedade possui um total de 5.945 ha, divididos em 2.890 ha de pecuária, 1.650 ha de agricultura, 70 ha de seringueira. Trabalha com pecuária intensiva em recria e engorda, com confinamento para 8500 cabeças, além de unidade armazenadora para 60 mil sacas. Na área irrigada são 480 ha em 5 pivôs centrais, utilizados para produção de soja, milho, silagem e feijão. Característica do experimento O sistema iLPF implementado na Fazenda Brasil é constituído por 10 tratamentos envolvendo pecuária bovina de corte, produção de biomassa para cobertura do solo, produção de sementes de graníferas a partir de gramíneas forrageiras, silvicultura e produção de grãos. A estratégia de produção, fundamentada na rotação de culturas, na sucessão cultura anual/ forrageira anual e nos consórcios (sistema Santa-fé e sobressemeadura e floresta-forrageiras), consiste em desenvolver em cada módulo, um sistema de produção agrossilvipastoril sustentável e compará-lo aos sistemas tradicionais de lavoura, pecuária e silvicultura mais utilizados na região. A área total do experimento é de 110 hectares, sendo 89 ha de agricultura/pecuária e 21 ha de componentes florestais. Esses 110 ha foram divididos em módulos, nos quis cada um recebeu um 61 tratamento de iLPF conforme apresentados no croqui e imagem abaixo. As espécies utilizadas estão na TAB. 14. Vale ressaltar que, inicialmente, foram definidos 10 tratamentos, entre espécies nativas e exóticas. Mas, devido à dificuldade na obtenção de mudas de Acronomia aculeata (Macaúba), inicialmente projetadas para serem implantadas no tratamento 7 o número de tratamento passou a ser 9. Figura 28 - Imagem aérea do talhão BB07 com diferentes configurações do sistema iLPF. Barra do Garças, 2013 Figura 29- Distribuição espacial dos tratamentos no talhão BB07. Barra do Garças, 2013. 62 Tabela 14 - Relação de espécies arbóreas escolhidas para a área experimental da Fazenda Brasil Espécies/variedade Eucalyptus urograndis Finalidade Covas Mudas Agroenergia 1.500 1.600 Eucalyptus urograndis clone H13 Agroenergia e serraria 5.250 5.500 Eucalyptus urocam Agroenergia 4.000 4.200 Eucalyptus camaldulensis Agroenergia e serraria 4.000 4.200 Eucalyptus grancam Agroenergia 4.000 4.200 Tectona grandis Serraria 3.500 3.680 Azadirachta indica Agroenergia e inseticida 501 530 Acacia mangium Agroenergia 1.313 1.380 Dipteryx alata Serraria e frutífera 948 1.000 Caryocar brasiliense Frutífera 948 1.000 Hymenaea courbari L. Serraria 365 380 Astronium graveleons Agroenergia e serraria 365 380 Swietenia macrophylla Agroenergia 1.502 1.580 Descrição dos Tratamentos Tratamento 1 Objetivo do tratamento: Serraria e Agroenergia, para isso a espécie florestal utilizada foi Eucalyptus urograndis (eucalipto híbrido), clone H13. Foi implantado em uma área de 360 x 250 m, com área total de 90.000 m2 (9 ha). O arranjo populacional utilizado foi de renques formados com 3 linhas espaçadas entre si por 3m, plantas separadas entre si por 2m dentro de cada linha e renques separados entre si por 23m, ocupando assim, 23,33% da área com floresta (5.250 árvores) e 76,67% com lavoura (6,9 ha). Tratamento 2 Objetivo do tratamento: Agroenergia, com a utilização da espécie Eucalyptus urocam (eucalipto híbrido). A área total foi de 360 x 250m = 90.000m2 (9 ha). O arranjo populacional utilizado foi renque formado com 2 linhas espaçadas entre si por 3m, plantas separadas entre si por 2m dentro de cada linha e renques separados entre si por 23m, ocupando assim, 10,55% da área com floresta (4.000 árvores) e 89,45% com lavoura (8,05 ha). 63 Tratamento 3 Objetivo do tratamento: Agroenergia, com a utilização da espécie Eucalyptus grancam (eucalipto hibrido) em uma área de 360 x 250m = 90.000m2 (9 ha). O arranjo populacional utilizado foi renque formado com 2 linhas espaçadas entre si por 3m, plantas separadas entre si por 2m dentro de cada linha e renques separados entre si por 23m, ocupando assim, 10,55% da área com floresta (4.000 árvores) e 89,45% com lavoura (8,05 ha). Tratamento 4 Objetivo do tratamento: Serraria e Agroenergia, com a utilização da espécie Eucalyptus camaldulensis (eucalipto) em uma área de 360m x 250m = 90. 000m2 (9 ha). O arranjo populacional utilizado foi renque formado com 2 linhas espaçadas entre si por 3m, plantas separadas entre si por 2m dentro de cada linha e renques separados entre si por 23m, ocupando assim, 10,55% da área com floresta (4.000 árvores) e 89,45% com lavoura (8,05 ha). Tratamento 5 Objetivo do tratamento: Agroenergia com espécies nativas e exóticas, sendo uma o Eucalyptus camaldulensis (eucalipto) e outra a Acacia mangium (Acácia), em uma área de 180 x 250m = 45.000 m2 (4,5 ha). O arranjo populacional utilizado foi renque formado com 3 linhas espaçadas entre si por 3m, plantas separadas entre si por 2m dentro de cada linha e renques separados entre si por 23m, ocupando assim, 23,33% da área com floresta (2.626 árvores) e 76,67% com lavoura (3,45 ha). Tratamento 6 Objetivo do tratamento: Serraria e produção de frutas com espécies nativas, com as espécies Hymenaea coubaril (Jatobá); Astronium graveolens (Guarita); Dipteryx alata (Baru); Caryocar brasiliense (Pequi) em uma área de 180m x 250m = 45.000m2 (4,5 ha). O arranjo populacional utilizado foi 23m entre renques e 2m entre plantas, com uma configuração espacial de 3 linhas espaçadas entre si por 3m. O plantio foi realizado em sistema de muvuca para todas as espécie em 2,5 ha consorciado, 1 ha somente com pequi e 1 ha somente com baru, sendo que este, com espaçamento de 4m x 3m x 23m (distancia entre plantas/linhas/renques); ocupando, assim, uma área referente a 23,33% com floresta e 76,67% com lavoura, com uma quantidade de 2.625 árvores. 64 Tratamento 7 Objetivo do tratamento: Biocombustível, com a utilização da espécie Acrocomia aculeata (Macaúba) em uma área de 180m x 250m = 45.000m2 (4,5 ha). Entretanto, como descrito anteriormente, esse tratamento não foi implantado em virtude da falta de mudas disponíveis. Tratamento 8 Objetivo do tratamento: Serraria e controle biológico, com a utilização das espécies Swietenia macrophylla (Mogno brasileiro) e Azadirachta indica (Nim), em uma área de 180m x 250m = 45.000m2 (4,5 ha). O arranjo populacional utilizado foi de 23m entre renques e 2m entre plantas, com uma configuração espacial de 2 linhas espaçadas entre si por 3m, sendo 2,25 ha de mogno solteiro e 2,25 ha de mogno intercalado ao Nim, ocupando uma área referente a 10,55% com floresta e 89,45% com lavoura, implicando em um total de 2.000 árvores. Tratamento 9 Objetivo do tratamento: Serraria, com a utilização da espécie Tectona grandis (Teca), em uma área de 180m x 250m = 45.000 m2 (4,5 ha). O arranjo populacional utilizado foi de 23m entre renques e 2m entre plantas, com uma configuração espacial de 3 linhas espaçadas entre si por 3m, ocupando assim uma área referente a 23,33% com floresta e 76,67% com lavoura, com um total de 2.625 árvores. Tratamento 10 Objetivo do tratamento: Serraria e energéticas, com a utilização das espécies florestais Eucalyptus grandis (eucalipto) e Tectona grandis (Teca) em uma área de 448m x 250m = 120.000m2 (12 ha). O arranjo populacional utilizado foi de faixas compostas de 115 metros de largura por 250 metros de comprimento. Estas são compostas por duas configurações, eucalipto intercalado por Teca em um espaçamento de 8m x 3m e nas entrelinhas destas Brachiaria ruziziensis. Já a faixa composta por lavoura possui 115 m de largura e 250m de comprimento com linhas de eucalipto a cada 23 metros em espaçamento de 23 x 2m; sendo, então, duas faixas de lavoura e uma de eucalipto e outra de teca mais eucalipto, com uma área total de 12 ha, onde 48,43% com floresta e 51,57% com lavoura, representando um total de 4.502 árvores. 65 Para todos os tratamentos apresentados, o plantio das mudas das espécies florestais ocorreu após as operações de demarcação e dessecação da área e logo após a aplicação de glifosato em pós emergência da cultura da soja. Esse plantio foi realizado na direção leste-oeste. Nos dois anos iniciais, em função do pequeno porte do eucalipto e das outras espécies florestais, não ocorreu entrada de animais na área. Assim, as forrageiras foram exploradas como biomassa. O pastoreio deverá seguir, a partir do ano safra 2014/15, o critério adotado pelo pessoal responsável pela pecuária assim como o manejo da altura de pastagem por ocasião da entrada dos animais. 4.4- Santa Carmem - Fazenda Dona Isabina Localização Localizada na região Norte de Mato Grosso, na bacia do Rio Xingu, com coordenadas de latitude: 11º40’ S e longitude: 55º30’ W esta URTE foi implantada no ano/safra 2010/11. A propriedade está localizada na cidade de Santa Carmem, região conhecida como a “Terra do pé de soja gigante”. Nesse município há o produtor com os recordes nacionais e internacionais na produção de plantas com excelência genética e produtividade, mantendo o recorde há alguns anos consecutivos. Em 2014, segundo dados do “RankBrasil”, a planta chegou a quase 3 metros de altura e 21.425 vagens. Sua distância da capital Cuiabá é de 530 km percorridos através das rodovias MT 140 e BR 163 na ligação Sinop-Cuiabá. Santa Carmem fez parte do processo de colonização iniciado por Enio Pipino, idealizador de inúmeras cidades nos estados de Mato Grosso e Paraná. A cidade desenvolveuse no movimento colonizador que ocorreu em Sinop, principal centro da região norte do estado. Características climáticas O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Am, ou seja, tropical chuvoso, com um pequeno período de chuvas inferiores a 60 mm no mês mais seco. A pluviosidade média da região pode ultrapassar 2.000 mm (2.064 mm), com cerca de 5 meses secos. Dentre esses, o trimestre mais seco é de Julho a Setembro, e em alguns anos há ausência total de chuvas nestes meses, sendo o mês de julho o mais seco. Outro fator relevante é que no período de seca são comuns as queimadas, fazendo com que se forme uma névoa seca e densa que dificulta a visibilidade; essa situação prolonga-se até setembro, quando iniciam-se o período das chuvas, aumentando progressivamente até dezembro. A 66 umidade relativa do ar que encontra-se, em boa parte do ano em 70%, mas cai para 40% nos períodos de seca. Características solo O município fica localizado no planalto residual norte do Mato Grosso, denominado Planalto dos Parecis. O relevo é de pouca declividade, sendo a altitude média de 435,00 metros acima do nível do mar. O solo da região possui características de solos arenosos nas imediações dos rios Tartaruga e Arraias. Para as demais áreas, observa-se latossolos vermelho amarelo distrófico, textura média; latossolo vermelho amarelo escuro distrófico e areias quartzosas distróficas. Recursos hídricos O Município de Santa Carmem é localizado na confluência de três bacias hidrográficas, constituídas pelos mananciais Azul, Tartaruga e o Arraias. Ainda, vale destacar a profundidade do lençol freático em quase toda extensão do Município, nas áreas agricultáveis os poços de captação de água subterrânea tem profundidade numa faixa de 14,00 a 18,00 m. Condições de acesso e escoamento de produção A rodovia de acesso a propriedade é asfaltada. Entretanto, encontra-se, atualmente, em más condições de trafegabilidade. A propriedade, que apresenta sistemas integrados desde 2005, trabalha com sistemas de rotação entre lavoura e pecuária, pioneiro na região. O escoamento da produção ocorre através da rodovia MT 140 até a BR 163, podendo ser direcionada ao norte no Porto de Itaquí no estado do Maranhão, ou ao sul, seguindo pela BR 163, em direção aos Portos de Santos, no estado de São Paulo ou do Porto de Paranaguá, no estado do Paraná. Preço terra e arrendamento No município de Santa Carmem, o valor da terra ocupada com agricultura ficou em torno de R$10.967,00/ha no ano de 2013, enquanto o valor da área de pastagens foi de R$3.900,00/ha no mesmo ano. Nota-se que o valor da área agrícola é mais que o dobro do valor da área de pastagem. Um dos motivos pode ser o fato de que nos últimos anos muitos produtores migraram da pecuária para a agricultura na região em função dos altos preços dos grãos no mercado nacional e internacional. 67 Característica produtiva da propriedade A Fazenda Dona Isabina apresenta tanto o cultivo de lavoura quanto de pecuária. Possui uma área de 2000 hectares na qual é cultivado, em sistema de rotação, soja, milho e arroz. Como característica importante, a propriedade foi pioneira na implantação de sistemas integrados no estado de Mato Grosso, iniciando com uma área de 100 hectares na safra 2005/2006. Posteriormente, no ano safra 2010/2011, houve a implantação da segunda Unidade de Referência Tecnológica e Econômica, em uma área menor, que abrangia o componente florestal, antes suprimido no sistema anterior (iLP). Dessa forma, na Fazenda Dona Isabina, observamos dois experimentos de sistemas integrados e ambos compõem o presente projeto. Assim sendo, inicialmente, serão listados os experimentos em andamento bem como suas configurações. Posteriormente, será detalhado experimento já concluído. Figura 30 - Imagem aérea da Fazenda Dona Isabina; Juara, MT; 2014. Característica do experimento (iLPF) Esta unidade experimental foi implantada no ano safra 2009/2010 e sua configuração foi definida por um grupo gestor que na época era composto de representantes da propriedade, Sr Agenor Pelissa e a Engª Agrª responsável técnica Berenice Santos, representantes da Embrapa, pesquisador Flávio Wruck e o Engº Florestal da Flora Sinop, Sr Jaldes Langer. Dentre os objetivos da implantação, destacam-se a estudos voltados para: i) utilização de sistemas integrados de produção para a reforma da pastagem; ii) aumento da oferta de forragem; iii) a produção madeireira visando uso múltiplo; iv) validação de espécies florestais, conforto térmico animal e, v) melhoria nas condições do solo. Importante ressaltar que esses pontos apresentavam conexão direta com as condições produtivas da propriedade no momento de estabelecimento do experimento, uma vez que a propriedade apresentava uma pastagem com elevado grau de degradação com a presença de 68 formigas, cupins, plantas invasoras e baixa produtividade. Nessa área o produtor realizava a criação de ovinos e bovinos, visando a produção de carne e leite, em uma área total de 8 hectares com Braquiaria humidicola. O experimento foi implantado conforme a FIG. 31 abaixo: Figura 31 - Imagem aérea da distribuição espacial das diferentes configurações de sistema iLPF implantados na Fazenda Dona Isabina; Santa Carmem; 2014. Considerando a questão de validação de espécies florestais no sentido de identificar espécies mais adaptadas às condições de solo e clima da região, o componente florestal do experimento foi estruturado da seguinte forma: Tabela 2- Relação de espécies arbóreas escolhidas para a área experimental da Fazenda Dona Isabina, 2014. Componente Florestal Mogno Africano (Khaya ivorensis) 2 arranjos + reboleira Eucalyptus urograndis 4 clones (H-13, I-144, GG-100 e 1277) urograndisdos tratamentos. Abaixo, Eucalyptus uma breve descrição 4 clones (H-13, I-144, GG-100 e 1277) Tratamento 1 Finalidade Serraria Plantas 56 30 Agroenergia e Serraria 560 Agroenergia e Serraria 1.680 Objetivo do tratamento: Produção de madeira para serraria. Espécie utilizada: Khaya ivorensis (Mogno Africano). Foi implantado em uma área de 2,8 ha, com 2 arranjos populacionais: 69 Arranjo 1: renques simples de 24 metros de comprimento, com distância entre plantas de 5 metros (24 x 6m), com um total de 32 plantas neste arranjo; (69) Arranjo 2: renques simples de 24 metros de comprimento, com distância entre plantas de 6 metros (24 x 6m), com um total de 24 plantas neste arranjo. Tratamento 2 Objetivo do tratamento: Agroenergia e Serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus urograndis, distribuídos entre 4 clones (H-13, I-144, GG-100 e 1277). Implantados numa área de 3,5 hectares, com arranjo populacional de renques simples de 24 metros de comprimento, com distância entre plantas de 2 metros (24 x 2m), com um total de 208 plantas por hectare, correspondendo a 8,3% da área total do hectare. Tratamento 3 Objetivo do tratamento: Agroenergia e Serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus urograndis, distribuídos entre 4 clones (H-13, I-144, GG-100 e 1277). Implantado numa área de 1,2 hectares, com arranjo populacional de renques triplos de 24 metros de comprimento, com distância entre linhas de 3 metros e entre plantas de 2 metros (24 x 3 x 2m), com um total de 500 plantas por hectare, correspondendo a 26,7% da área total do hectare. Característica do experimento (iLP) O experimento possuía uma área útil total de 100 há e essa foi dividida em 5 módulos conforme demonstrado na figura abaixo: 1546,4 m 314 m 912,7 m 1506 m Figura 32 - Distribuição espacial dos arranjos experimentais no sistema iLP da Fazenda Dona Isabina; Santa Carmem, 2014. 70 A partir da implantação do sistema, os módulos foram rotacionados de maneira que, no período das águas, a área contemplasse sempre dois módulos com soja (40%), um módulo com arroz (20%) e dois módulos com pasto (40%), permitindo que o sistema fosse formado por 60% de lavoura e 40% de pecuária. No período das secas, posterior a colheita da safrinha, o sistema apresentava 100% de pecuária. A rotação de agricultura e pecuária no sistema foi realizada através da utilização de culturas de soja e arroz em cultivo solteiro, milho, milheto e sorgo consorciadas com forrageiras posteriormente disponibilizadas para pastagem. Tanto o milheto quanto o sorgo, foram utilizados como silagem, com objetivo de incremento na produtividade e ganho de peso animal nas fases de terminação. Os animais utilizados para corte tinham idade média entre 15 a 28 meses, machos e fêmeas. Essa dinâmica de uso da terra assim como das cultivares para cada ano safra podem ser observadas no quadro abaixo: Tabela 16 – Dinâmica do uso da terra – Experimento iLP Dona Isabina Período Módulos A B C D E Ano/safra – 2005/06 Águas (verão) Seca (inverno) Soja Precoce Soja Precoce Arroz Soja Precoce (pasto) (pasto) Sorgo pastejo Sorgo pastejo e B. Milheto e B. Milho + B. e B. ruziziensis brizantha cv brizantha cv ruziziensis (Pasto) Marandu (Pasto) Marandu (Pasto) Soja Precoce Milheto + B. ruziziensis Ano/safra – 2006/07 Águas (verão) Soja Precoce B. brizantha cv Marandu (Pasto) B. brizantha cv Marandu (Pasto) Seca (inverno) Milheto + B. ruziziensis B. brizantha cv Marandu (Pasto) Sorgo pastejo Milho + B. B. brizantha cv + B. brizantha cv Marandu (Pasto) ruziziensis Piatã Soja Precoce Arroz Ano/safra – 2007/08 Águas (verão) Seca (inverno) Arroz B. brizantha cv Marandu (Pasto) B. brizantha cv Marandu (Pasto) Sorgo Pastejo + B. ruziziensis B. brizantha cv Marandu (Pasto) B. brizantha cv Milheto + B. Marandu (Pasto) ruziziensis Soja Precoce Soja Precoce Milho + B. brizantha cv Piatã Ano/safra – 2008/09 Águas (verão) Soja Precoce Seca (inverno) Milho + B. brizantha cv Marandu Arroz Feijão B. brizantha cv Marandu (Pasto) Soja Precoce B. brizantha cv Milheto + B. Marandu (Pasto) ruziziensis Soja B. brizantha cv Piatã (Pasto) 71 Ano/safra – 2009/10 Águas (verão) Pasto Seca (inverno) B. brizantha cv Marandu Soja Milho + B. ruziziensis Arroz B. brizantha cv Marandu (pasto rebrota) Soja Milheto + B. ruziziensis Pasto B. brizantha cv Piatã (Pasto) 4.5- Fazenda Gamada - Nova Canaã do Norte/MT Localização Localizada às margens da MT 320, no km 105, essa unidade experimental foi implantada no ano/safra 2009/09, em uma área que pertence ao grupo proprietário das Fazendas Gamada e Fortuna. A propriedade fica a 30 Km do município de Nova Canaã do Norte, sentido Alta Floresta. Sua distância da capital Cuiabá é cerca de 760 km, percorridos via rodovias MT 320 e BR 163. A cidade de Nova Canaã do Norte possui como principal atividade econômica a pecuária, tanto para corte quanto para leite. A região possui frigoríficos e indústrias de beneficiamento de leite in natura. Em relação à agricultura, os sistemas de larga escala ainda são uma atividade concentrada em algumas áreas dessa região. De forma geral observa-se uma relativa concentração em relação ao cultivo de arroz, milho, feijão e café em propriedades médias e pequenas. Características climáticas O clima da região é classificado como tipo Aw, clima tropical chuvoso, segundo classificação climática de Köppen-Geiger. Isto é, clima tropical chuvoso, com duas estações bem definidas, sendo média de 3 meses de seca, entre os meses de junho a agosto, e período chuvoso entre setembro a maio. O relevo apresenta como característica principal a depressão interplanáltica da Amazônia Meridional. O município de Nova Canaã do Norte está localizado na Bacia Amazônica, próximo da Serra dos Caiabis e da Serra do Cachimbo, apresenta precipitação anual de 2.500 mm, concentrada nos meses de janeiro a março. Nesse período, a umidade relativa do ar é de 80%, com temperatura média anual de 24ºC. Características solo O solo característico da região da propriedade apresenta variações. Podem ser encontrados desde Terra Roxa Estruturada, Podzólico Vermelho-amarelo e Latossolos Vermelhos-amarelo, sendo estes últimos os predominantes na região. 72 Já na área experimental da Fazenda Gamada, o solo pode ser classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distroférrico de textura média. A área onde o ensaio foi implantado possui terreno levemente declivoso (< 3%), permitindo a implantação do ensaio no sentido leste-oeste. Recursos hídricos e meio ambiente O município é banhado pelo Rio Teles Pires, Rio Bonito, Tapaiuna e Rio Avai. A propriedade possui poço artesiano, com encanamento de água, responsável pelo abastecimento das áreas onde o gado se encontra. Em locais onde isso não ocorre, é realizado o transporte através de tanques. Condições de acesso e escoamento de produção A rodovia de acesso à propriedade é asfaltada e em boas condições de uso. A propriedade é predominantemente voltada para a atividade de pecuária, utilizando a integração Lavoura e Pecuária para recuperação de pastagens. Esse fator, somado as características da região, permitem ao produtor o armazenamento em silos próprios parte da produção até sua negociação. O escoamento da produção ocorre através da rodovia MT 320 até a BR 163 e, a partir desse ponto, ser direcionada ao norte no Porto de Itaquí no estado do Maranhão, ou ao sul, seguindo pela BR 163, em direção aos Portos de Santos, no estado de São Paulo ou do Porto de Paranaguá, no estado do Paraná. Preço terra e arrendamento O município de Nova Canaã do Norte, em 2012, possuía 23.000 hectares de área de cultivo de soja, enquanto a área de pastagem era de 252.317,84 hectares. O preço das terras agrícolas na região foi de R$6.583,00/ha em 2013, e o preço das áreas de pastagem foi de R$5.650,00, para o mesmo ano. Característica produtiva da propriedade A Fazenda Gamada apresenta 2.420 hectares, sendo 800 ha para produção de soja e 400 ha para o milho. Também é desenvolvida a pecuária, com 480 cabeças de gado das raças Nelore e Rúbia galega em regime de confinamento. Além disso, a fazenda possui uma fábrica de ração e suprimento mineral, a Fortuna Nutrição Animal, com produção de 40 mil sacas por mês, comercializadas em toda a região norte de Mato Grosso. A área na qual propriedade se encontra, foi aberta ha mais de 10 anos, iniciando seu cultivo com lavoura (arroz e soja) para, posteriormente, ser utilizada a pecuária, através da implantação da forrageira B. brizanta cv Xaraés. 73 Característica do experimento O experimento foi definido pelo Gestor Técnico, em parceria com o produtor, com diferentes configurações do sistema iLPF, levando em consideração as características econômicas da região, aspectos edafoclimáticos e as condições socioeconômicas do produtor. Nesse sentido, foi disponibilizada uma área de 85 hectares, subdivididos em 10 configurações/tratamentos distintos, contemplando renques simples, duplos e triplos, com espécies florestais nativas e exóticas. A estratégia de condução do sistema, fundamentada na rotação/sucessão de culturas, definiu a utilização de lavoura nos anos iniciais para posterior implantação de pastagem até o período de corte raso do componente florestal. A figura 33, mostra a imagem da Fazenda Gamada, com base no sistema SIMLAM, cedido pela SEMA/MT. Figura 33 - Imagem Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte – MT. Fonte: Sistema SIMLAM, SEMAMT Abaixo, uma ilustração da disposição do experimento, identificando os tratamentos. 74 Figura 34 - Distribuição espacial dos tratamentos. Nova Canaã do Norte, 2014. A seguir, uma tabela indicando as espécies florestais utilizadas nesse experimento. Tabela 17 - Relação de espécies arbóreas escolhidas para a área experimental da Fazenda Gamada, 2014. Componente Florestal Eucalyptus urograndis Swietenia macrophylla Finalidade Mourão (cerca) e Serraria Schizolobium amazonicum Swietenia macrophylla Agroenergia e Serraria Eucalyptus urograndis Schizolobium amazonicum Eucalyptus urograndis Schizolobium amazonicum Tectona grandis Ochroma pyramidalis Eucalyptus urograndis Mourão (cerca) e Serraria Agroenergia Mourão (cerca) e Serraria Agroenergia Mourão (cerca) e Serraria Serraria Mourão (cerca) e Serraria Varjão (Consórcio de forrageiras gramíneas e leguminosas alternado com lavoura graníferas no verão e consórcios no inverno) Lavoura tradicional Pecuária tradicional Floresta tradicional Plantas 955 102 920 108 1.839 1.836 2.832 2.802 1.450 1.450 Hectares 5 5 5 5 5 5 5 5 15 15 Grãos Corte Mourão (cerca) e Serraria 5 5 5 A seguir, uma breve descrição dos tratamentos. Tratamento 1 Objetivo do tratamento: Produção de mourões (cercas) e serraria. Espécie florestal utilizada: Eucalyptus urograndis (eucalipto híbrido), clone H13. Foi implantado em uma área de 5 ha, intercalada com mogno, com arranjo populacional de renques simples de 250 m de comprimento, separadas entre si por 20 m com distância entre plantas de 2 m (20x2m). 75 Tratamento 2 Objetivo do tratamento: Agroenergia. Espécie utilizada: Schizolobium amazonicum (Pinho cuiabano ou Paricá,) em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, intercalado a cada 20 metros por plantas Swietenia macrophylla (Mogno brasileiro) em renques simples separados entre si por 20 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros (20m x 2m). Tratamento 3 Objetivo do tratamento: Produção de mourões (cercas) e serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus grancam (eucalipto hibrido), em uma área de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques duplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). Tratamento 4 Objetivo do tratamento: Agroenergia. Espécie utilizada: Schizolobium amazonicum (Pinho cuiabano ou Paricá), em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques duplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). Tratamento 5 Objetivo do tratamento: Produção de mourões (cercas) e serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus gran-cam (eucalipto hibrido), em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques triplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). Tratamento 6 Objetivo do tratamento: Agroenergia. Espécie utilizada: Schizolobium amazonicum (Pinho cuiabano ou Paricá), em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques triplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). 76 Tratamento 7 Objetivo do tratamento: Produção de mourões (cercas) e Serraria. Espécie utilizada: Tectona grandis (Teca), em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques triplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). Tratamento 8 Objetivo do tratamento: Serraria. Espécie utilizada: Ochroma pyramidalis (Pau de balsa), em uma área total de 5 hectares. O arranjo foi formado por faixas com 200 metros de largura, compostos de renques triplos de 250 metros de comprimento, separados entre si por 3 metros com espaçamento entre plantas de 2 metros e distância entre sub-faixas de 20 metros (20m / 3m x 2m). Tratamento 9 Objetivo do tratamento: Serraria e energéticas. Espécie utilizada: Eucalyptus grandis (eucalipto) em uma área total de 15 ha. O arranjo foi formado por faixas com 150 metros de largura, compostos por 37 linhas de 250 metros de comprimento, separados entre si por 4 metros com espaçamento entre plantas de 3 metros consorciado com forrageiras (gramíneas e leguminosas) e alternando com outra faixa de 150 metros de largura, exclusiva de lavoura (graníferas no verão e consórcios no inverno). Tratamento 10 Objetivo do tratamento: Varjão (termo utilizado para designar um local com pastagem mais próxima das condições naturais), com a utilização das forrageiras e lavoura, em uma área de 15 ha. O arranjo foi formado por faixas com 150 metros de largura, compostos por 30 linhas de 250 metros de comprimento, separados entre si por 5 metros com espaçamento entre plantas de 5 metros (5m x 5m) consorciado com forrageiras (gramíneas e leguminosas) e alternando com outra faixa de 150 metros de largura, exclusiva de lavoura (graníferas no verão e consórcios no inverno). 4.6 - Fazenda Guarantã - Juara/MT Localização Localizada às margens da MT 325, essa área experimental foi implantada no ano/safra 2011/12, em uma área pertencente ao Grupo Janba. A propriedade está localizada a 40 km da cidade 77 de Juara, em uma região chamada Vale do Arinos. Sua distância em relação à capital Cuiabá é de 730 km, que podem ser percorridos através das rodovias MT 338 e BR 163 na ligação Juara-Cuiabá. O sistema econômico de Juara está baseado em três setores: extração de madeira, pecuária e agricultura. O município de Juara é conhecido como o detentor do maior rebanho bovino de Mato Grosso. Dados do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso), com base na campanha de vacinação contra febre aftosa do ano de 2014, demonstra que o rebanho bovino do Mato Grosso é de 28,77 milhões de cabeças e o rebanho de Juara corresponde a 3% desse total, com 945 mil cabeças. Entretanto, essa concentração econômica na produção de carne vem sendo modificada ao longo dos últimos anos pela introdução de agricultura na região. Dados do IMEA (2014), demonstram que a área agricultável do município é de cerca de 45 mil hectares e na safra 2012/2013 foram cultivados aproximadamente oito mil hectares com soja. Nesse sentido, a integração LavouraPecuária-Floresta (iLPF) pode ser uma boa alternativa para os pecuaristas introduzirem a lavoura em suas áreas. Características climáticas O clima da região é classificado como tipo Aw segundo classificação climática de KöppenGeiger. Isto é, equatorial quente e úmido, com 3 meses de seca, nos períodos de junho a agosto, sendo o mês de julho, historicamente, mais seco. A precipitação média anual é de 2.500 mm, concentrada nos meses de janeiro a março. A temperatura média anual é de 25º C. A cidade de Juara fica no planalto residual norte de Mato Grosso, próximo à Serra dos Caiabís. O relevo possui como característica a depressão interplanáltica da amazônia meridional. Características solo A cidade de Juara está localizada a uma altitude de 292 metros, e em relação ao tipo de solo, podem ser encontrados Terra Roxa Estruturada, Podzólico Vermelho-amarelo e Latossolos Vermelhos-amarelo, sendo este último, o predominante na região. Na área experimental da Fazenda Gamada, observa-se o a incidência do Latossolo Vermelho Amarelo distroférrico de textura média, com teor de argila entre 18 a 25% e baixa saturação de bases. A área na qual o ensaio foi implantado possui terreno levemente declivoso (< 3%), o que permitiu a implantação do ensaio no sentido leste-oeste. 78 Recursos hídricos A região é banhada pela Grande Bacia do Amazonas, merecendo destaque nesse sentido os rios Arinos, Teles Pires e Apiacás. Devido à abundância de rios, a cidade possui considerável potencial turístico, com grandes cachoeiras e atrativos naturais. Os principais pontos turísticos são a Ilha do Netinho e a cachoeira Teodoro. Condições de acesso e escoamento de produção A rodovia de acesso à propriedade é asfaltada e em boas condições de uso. A propriedade tem como atividade principal a pecuária, utilizando o sistema de integração lavoura e pecuária para recuperação de pastagens. O escoamento da produção se dá através da rodovia MT 320 até a BR 163, podendo ser, então, direcionado ao norte para o Porto de Itaquí no estado do Maranhão, ou ao sul, seguindo pela BR 163, em direção aos Portos de Santos, no estado de São Paulo ou do Porto de Paranaguá, no estado do Paraná. Preço terra e arrendamento No município de Juara as terras são predominantemente usadas para pastagens. Em 2012 eram 630.133,17ha cobertos por pasto, enquanto para a produção de soja foram ocupados apenas 530 ha, no mesmo ano (Agrolink, 2012). O preço das terras de pastagem formada era de R$3.033,00/ha no ano de 2013, mais que o dobro do valor registrado no ano de 2004, que ficou em torno de R$1.684,00/ha. Característica produtiva da propriedade A Fazenda Guarantã pertence ao Grupo Janba e foi adquirida no ano de 2008. Nesse período, nessa propriedade já era desenvolvida atividade pecuária, com parte da área já convertida em pastagens. 79 Figura 35 - Imagem aérea da Fazenda Guarantã, Juara, MT. 2014. Característica do experimento O experimento implementado na Fazenda Guarantã foi definido após pedidos dos produtores e lideranças da região. Um dos objetivos principais era a introdução da lavoura, uma vez que a região do Vale do Arinos é predominantemente de pecuária. Nesse sentido, foi definida uma área de 85 hectares, subdivididos em 10 configurações/tratamentos distintos, contemplando renques simples, duplos e triplos, com espécies florestais nativas e exóticas. A estratégia, baseada na rotação/sucessão de culturas, definiu a utilização de lavoura nos anos iniciais para posterior implantação de pastagem até o período de corte raso do componente florestal. Figura 36 - Imagem aérea dos talhões na área experimental Fazenda Guarantã, Juara – MT, 2014. Abaixo, uma ilustração da disposição do experimento, identificando os tratamentos. 80 Figura 37 - Distribuição espacial dos tratamentos no talhão. Juara, MT, 2014 A seguir, uma tabela indicando as espécies florestais utilizadas nesse experimento. Tabela 2 - Relação de espécies arbóreas escolhidas para a área experimental da Fazenda Guarantã, 2014. Componente Florestal Finalidade Hectares Bagassa guianenesis Agroenergia e Serraria 10 Schizolobium amazonicum Agroenergia e Serraria 10 Schizolobium amazonicum Agroenergia e Serraria 10 Agroenergia e Serraria 10 Agroenergia e Serraria 10 Agroenergia e Serraria 10 Tectona grandis Serraria 10 Khaya ivorensis Serraria 10 Hevea brasiliensis L Extração 5 Extração 5 Eucalyptus urograndis 4 clones (H13, GC100, 1277, 144) Eucalyptus urograndis 4 clones (H13, VM01, 144, 1004) Eucalyptus urograndis 2 clones (H13 e 144) Elaeis guineensis Acronomia aculeata Tratamento 1 Objetivo do tratamento: serraria. Espécie utilizada: Bagassa guianenesis (Tatajuba). 81 Esse tratamento foi implantado em uma área de 10 hectares com 212 metros de comprimento por 470 metros de largura, distribuídas em 4 arranjos populacionais sendo: Arranjo 1: (53 m x 470 m) com espaçamento de 6 x 5m, em combinação com pastagem; Arranjo 2: (53 m x 470 m) distribuídas em renques triplos com espaçamento de 21 metros entre renques e 4 metros entre plantas e linhas (21 x 4 x 4 m), em combinação com lavoura; Arranjo 3: (53 m x 470 m) distribuídas em renques duplos com espaçamento de 21 metros entre renques e 4 metros entre linhas e plantas (21 x 4 x 4), em combinação com lavoura; Arranjo 4: (53 m x 470 m) distribuídas em renques simples com espaçamento de 21 metros entre renques e 4 metros entre plantas (21 x 4m), em combinação com lavoura. Tratamento 2 Objetivo do tratamento: Agroenergia. Espécie utilizada: Schizolobium amazonicum (Pinho cuiabano ou Paricá), em uma área total de 10 hectares. O arranjo foi implantado em uma área total de 10 hectares, dispostos por 212 metros de comprimento e 470 metros de largura. Essa área foi dividida em 2 arranjos: Arranjo 1: (106 m x 470 m) distribuídos em renques triplos com espaçamento de 21 metros entre os renques e 4 metros entre plantas e entre linhas (21 x 4 x 4 m); Arranjo 2: (106 m x 470 m), distribuídos em renques triplos com espaçamento de 21 metros entre os renques, 4 metros entre plantas e 3 metros entre linhas (21 x 4 x 3 m). Nesse tratamento, o corte raso foi programado para ocorrer aos 5 anos de idade do componente florestal. Tratamento 3 Objetivo do tratamento: Agroenergia. Espécie utilizada: Schizolobium amazonicum (Pinho cuiabano ou Paricá). A área total foi de 10 hectares. Foi utilizada uma área total de 10 hectares, distribuídas em 212 metros de comprimento por 470 metros de largura, com 4 arranjos populacionais: Arranjo 1: (53 m x 470 m) distribuídos em espaçamento de 6 metros entre linhas e 4 metros entre plantas, combinados com pastagem; Arranjo 2: (53 m x 470 m) distribuídos em renques simples distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento entre plantas de 2 metros, combinados com lavoura; Arranjo 3: (53 m x 470 m) distribuídos em espaçamento de 6 metros entre linhas e 5 metros entre plantas, combinados com pastagem; Arranjo 4: (53 m x 470 m) distribuídos em renques simples distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento de 2 metros entre plantas, combinados com lavoura. 82 Tratamento 4 Objetivo do tratamento: Agroenergia e Serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus urograndis (eucalipto) distribuído em 4 clones (H13, GC100, 1277, 144). A área total desse tratamento foi de 10 hectares. O arranjo foi implantado em uma área com 212 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em renques duplos, distanciados entre si por 21 metros, totalizando 8 renques. O espaçamento entre linhas foi de 3,5 metros e entre plantas 2,5 metros (21 x 3,5 x 2,5 m). Tratamento 5 Objetivo do tratamento: Produção de mourões (cercas) e serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus urograndis (eucalipto) distribuído em 4 clones (H13, VM01, 144, 1004) em uma área de 10 hectares. O arranjo foi implantado em uma área com 212 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em renques triplos, distanciados entre si por 21 metros, totalizando 8 renques. O espaçamento entre linhas foi de 3,5 metros e entre plantas 2,5 metros (21 x 3,5 x 2,5 m). Este tratamento foi constituído com o objetivo de diversificação na utilização da madeira. Assim sendo, nos renques triplos, a linha central teria como finalidade a produção de madeira para serraria (H13/VM01) e nas linhas periféricas plantas com dupla aptidão, serraria ou lenha (144/1004). Tratamento 6 Objetivo do tratamento: Agroenergia e Serraria. Espécie utilizada: Eucalyptus urograndis com a utilização de 2 clones (H13 e 144) em uma área total de 10 hectares. O arranjo foi implantado em uma área com 212 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em 4 arranjos populacionais: Arranjo 1: (53 m x 470 m) com a utilização do clone H13, com espaçamento entre linhas de 8 metros e entre plantas de 6 metros, combinados com pastagem; Arranjo 2: (53 m x 470 m) com a utilização do clone 144, disposto em renques simples, distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento de 2,5 metros entre plantas, combinados com lavoura; Arranjo 3: (53 m x 470 m) com a utilização do clone H13, com espaçamento entre linhas de 8 metros e entre plantas de 6 metros, combinados com pastagem; Arranjo 4: (53 m x 470 m) com a utilização do clone 144, disposto em renques simples, distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento entre plantas de 2,5 metros, combinados com lavoura. 83 Tratamento 7 Objetivo do tratamento: Serraria. Espécie utilizada: Tectona grandis (Teca), em uma área total de 10 hectares. O arranjo foi implementado em uma área com 212 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em 2 arranjos populacionais: Arranjo 1: (212 m x 470 m) dispostos em renques triplos, distanciados por 21 metros, com espaçamento entre plantas e linhas de 3 metros (21 x 3 x 3m); Arranjo 2: (212 m x 470 m) dispostos em renques quadruplos, distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento entre plantas e linhas de 4 metros (21 x 4 x 4 m). Tratamento 8 Objetivo do tratamento: Serraria. Espécie utilizada: Khaya ivorensis (Mogno Africano) em uma área total de 10 hectares. O arranjo foi implementado em uma área com 212 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em 2 arranjos: Arranjo 1: (212 m x 470 m) dispostos em renques simples, distanciados por 21 metros, com espaçamento entre plantas de 7 metros, utilizando-se 350 mudas no total (21 x 7 m); Arranjo 2: (212 m x 470 m) dispostos em renques simples, distanciados entre si por 21 metros, com espaçamento entre plantas de 9 metros, utilizando-se 270 mudas no total (21 x 9 m). Tratamento 9 (Ainda não implantado) Objetivo do tratamento: Extração de látex. Espécie utilizada: Hevea brasiliensis L (seringueira) em uma área de 5 hectares. O arranjo será implementado com faixas entre lavoura e pecuária (pastagem e arroz), com uma faixa com 106 metros de comprimento, e 470 metros de largura, dispostos em 4 arranjos a seguir. Arranjo 1: com linhas utilizando duas enxertias (3 partes), espaçadas com 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas; Arranjo 2: composto de 8 linhas utilizando clone 1, com espaçamento de 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas; Arranjo 3: composto de 8 linhas utilizando clone 2, com espaçamento de 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas; Arranjo 4: composto de 8 linhas utilizando o clone 3, com espaçamento de 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas. 84 Tratamento 10 Objetivo do tratamento: Extração de óleo. Espécies utilizadas: Elaeis guineensis (Dendê) e Acronomia aculeata (Macaúba) em uma área de 5 hectares. O trataemento foi implantado uma faixa com 106 metros de comprimento e 470 metros de largura, dispostos em 2 aranjos: Arranjo 1: bloco com a utilização de Elaeis guineensis (Dendê) com espaçamento de 7,8 metros entre plantas e 9 metros em quincôncio, totalizando 1350 mudas; Arranjo 2: bloco com a utilização de Acronomia aculeata (Macaúba) distanciados entre si por renques com 21 metros, com espaçamento de 3 metros entre plantas e linhas (21 x 3 x 3 m). 4.7- Fazenda Certeza - Querência/MT Localização Localizada a 42 km da cidade de Querência/MT, essa unidade experimental foi implantada no ano/safra 2007/08, em uma área pertencente ao Sr. Neuri Norberto Winck. A propriedade está localizada a 915 km da capital do estado, Cuiabá, que podem ser percorridos através das rodovias MT 243 até a cidade de Ribeirão Cascalheira, para posteriormente seguir pela BR 158 até o município de Barra do Garças, e pela BR 364 e BR 163 até Cuiabá. O município de Querência faz parte de um grande conjunto de localidades de Mato Grosso que foram colonizadas por imigrantes do sul do país. Em Querência, especificamente, observa-se uma predominância de pessoas oriundas do norte Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná. Nesse município, o influxo de pessoas se deu, de maneira mais intensa, após 1987 quando a comunidade do Projeto de Assentamento Querência atingiu 350 famílias e elevou o projeto de assentamento a categoria de distrito do Município de Canarana. Esse fato deu início a um novo ciclo de desenvolvimento que teve como desdobramento a emancipação política e administrativa em 1991. Atualmente, segundo informações do IBGE, o município possui pouco menos de 15 mil habitantes. No início desse processo de ocupação e estabelecimento, até em função dos recursos naturais da região, a principal atividade econômica de Querência era a extração de madeira. Entretanto, atualmente, o município já apresenta como principais setores a agricultura e a pecuária. 85 Características climáticas O clima da região é classificado como tipo Aw, segundo classificação climática de KöppenGeiger, equatorial quente e úmido característico da transição do bioma Cerrado/Amazônico. Apresenta, de modo geral, 4 meses de seca, de maio a agosto, e um índice pluviométrico de 1.750 mm, com maior intensidade entre os meses de novembro a março, sendo dezembro, janeiro e fevereiro os mais chuvosos. A temperatura média anual do município é de 24º C. Características solo A topografia da cidade é plana, circundada de modestas elevações que formam pequenos vales. A planície prolonga-se em direção à parte meridional da Planície Amazônica, ao norte, denominada de Microrregião Norte Araguaia. O solo da propriedade é areno-argiloso e foi corrigido pelo produtor antes e durante a condução dos experimentos de Integração Lavoura e Pecuária. A Fazenda Certeza fica localizada na depressão Xingu e Araguaia. Recursos hídricos e meio ambiente O município de Querência está localizado na Grande Bacia Amazônica, mais especificamente na Bacia do Rio Xingu e tem como principais rios o Tanguro, Suiá-Missu. Já em relação à propriedade, esta possui poço artesiano com encanamento de água, responsável pelo abastecimento das áreas nas quais é realizado o manejo do gado. Nos locais onde isso não ocorre, é realizado o transporte através de tanques. Condições de acesso e escoamento de produção O acesso à propriedade é realizado através de estradas de chão, cascalhadas, mas com boas condições de uso. Entretanto, em períodos chuvosos, o escoamento da produção torna-se complicado pelo alto tráfego de caminhões e possibilidades de atolamento, uma vez que, como já destacado, a propriedade está localizada a 40 km da cidade. O escoamento da produção ocorre através da rodovia MT 243 até a BR 158, e a partir desse ponto pode ser direcionada ao norte para o Porto de Itaquí no estado do Maranhão, ou pra o sul, seguindo pela BR 163, em direção aos Portos de Santos, no estado de São Paulo ou do Porto de Paranaguá, no estado do Paraná. 86 Preço terra e arrendamento No município de Querência, a área de agricultura apresenta um valor mais que duas vezes maior que o valor da área de pastagem. No ano de 2012, a área de agricultura foi de 277.398 há. Já a área de pastagem foi de 89.524,37ha. O preço das terras agrícolas que são as que possuem maior valor foi de R$11.500,00/ha em 2013, ao passo que o preço das áreas de pastagem foi de R$4.917,00 no mesmo ano. Característica produtiva da propriedade A Fazenda Certeza é composta por uma área que pertence ao Sr. Neuri Wink e outra que é arrendada. No total são 2.409 hectares, sendo 1.646 ha (próprios) e 763 ha (arrendados). Desse total, 1.665 ha são de área plantada para produção agrícola e pecuária em rotação, 135 ha de mata (arrendado) e 212 ha (próprio) também para mata nativa. Nessa propriedade há dois experimentos com sistemas integrados: um sistema de iLP, instalado no ano safra 2007/2008 e um sistema de iLF com seringueira no ano sagra 2008/2009. Característica do experimento (iLP) O experimento implantado na Fazenda Certeza foi definido em parceria entre Grupo Gestor e o produtor, levando em consideração as características socioeconômicas da região e aspectos edafoclimáticos. Para isso, foi destinada uma área de 112 hectares, subdivididos em 5 configurações/tratamentos distintos, com diferentes componentes de lavoura e pecuária em rotação. A figura abaixo mostra a área na qual o sistema iLP foi implantado, ao lado da mata (reserva legal) e próximo a sede da propriedade. Figura 36 - Distribuição de área na Fazenda Certeza, Querência; 2014. 87 Abaixo, uma ilustração da disposição do experimento, identificando os tratamentos. Figura 37 - Distribuição espacial dos módulos/tratamentos. Querência; 2014. A FIG. 37 demonstra a distribuição em faixas dos tratamentos, que foram rotacionados segundo definição do grupo gestor e produtor conforme descrito na TAB. 18. Essa rotação foi detalhada de acordo com o ano/safra, para a utilização de culturas de verão e inverno na lavoura e pecuária. 88 Tabela 19 - Rotação e sucessão das culturas e das pastagens, em cada módulo, em função do ano agrícola. Querência, 2014. Período A (sede) Módulos B C Ano/Safra – 2007/08 (Implantação) Soja precoce Verão Soja precoce 2º ano (Pasto 2º ano) Soja precoce 1º ano Inverno Girassol + B. ruziziensis Milho + B. ruziziensis Milho + B. ruziziensis Verão Arroz (SPC) Inverno Milheto + B. brizantha cv marandu e piatã Verão Pasto 1º ano Inverno Pasto 1º ano Verão Pasto 2º ano Inverno Pasto 2º ano Ano/Safra – 2008/09 Soja precoce 1º Soja precoce 2º ano ano Milho + B. ruziziensis Milheto + B. ruziziensis Ano/Safra – 2009/10 Soja precoce 2º Arroz (SPD) ano Milheto + B. Milho + B. ruziziensis brizantha Cv (germinou nas Piatã águas de 2010) Ano/Safra – 2010/11 Milho + B. Pasto 1º ano brizantha Cv Piatã B. brizantha Cv Piatã Pasto 1º ano D E (mata) Arroz Pasto 1º ano – (B. briz. cv marandu e piatã) + Estilosantes Campo Grande (20% em VC) (SPD + SPC) Milheto + B. brizantha cv piatã Pasto 1º ano Pasto 1º ano Pasto 2º ano Pasto 1º ano Pasto 2º ano Pasto 2º ano Pasto 2º ano Soja precoce 1º ano Milheto + B. ruziziensis Soja precoce 1º ano Milho (não colheu) + B. ruziziensis (pouca palhada em função da seca!) Arroz (SPD) BRS Sertaneja Soja-safrinha Para a pecuária, levou-se em consideração a quantidade inicial de animais que o produtor Ano/Safra 2011/12 possuía, e seu fluxo no ano/safra 2010/11. Em –2010 iniciou-se com 409 animais. Houve venda de Pasto 1º Milho + B. Soja precoce Sojaaoprecoce 232, nascimentos e aquisições somaram 282 animais, gerando um saldo de 459 animais final de ano Verão Pasto 2º ano brizantha (Y30/Y12) 1º ano 2º ano (Y12) Cv Piatã BRS Piatã ano safra 2010/11. A taxa de lotação nesse período foi de 2,9 animais/hectare. Pasto 1º Para o ano/safra seguinte, foram vendidos 247 animais, sendo destes 108 Compras Pasto “0”vacas.Milho + B. e ano Inverno Milho + B. ruziziensis Pasto 2º ano ruziziensis nascimentos somaram 328 animais e o saldo final para a safraBRS 2011/12 de 575 animais. A taxa de Piatã foi BRS Piatã Ano/Safra – 2012/13 lotação nesse período foi de 3,5 animais/hectare. Pasto 2º Pasto 1º Pasto 1º ano Soja precoce 1º Característica do experimento (iLF Seringueira) ano ano Verão Soja precoce 2º ano ano Piatã B. ruziziensis Como já destacado, esse experimento foi implantadoBRS no Piatã ano/safraBRS 2009 e apresenta, como Pasto 2º Pasto 1º [Milho + B. Pasto 1º ano ponto de destaque, a utilização da Seringueira (Hevea brasiliensis) como componente florestal. ano ano Inverno ruziziensis] + B. B. ruziziensis ruziziensis BRS Piatã BRS Piatã B. ruziziensis 89 Para a pecuária, levou-se em consideração a quantidade inicial de animais que o produtor possuía, e seu fluxo no ano/safra 2010/11. Em 2010 iniciou-se com 409 animais. Houve venda de 232, nascimentos e aquisições somaram 282 animais, gerando um saldo de 459 animais ao final de ano safra 2010/11. A taxa de lotação nesse período foi de 2,9 animais/hectare. Para o ano/safra seguinte, foram vendidos 247 animais, sendo destes 108 vacas. Compras e nascimentos somaram 328 animais e o saldo final para a safra 2011/12 foi de 575 animais. A taxa de lotação nesse período foi de 3,5 animais/hectare. Característica do experimento (iLF - Seringueira) Como já destacado, esse experimento foi implantado no ano/safra 2009 e apresenta, como ponto de destaque, a utilização da Seringueira (Hevea brasiliensis) como componente florestal. Esse experimento foi implantado por iniciativa do produtor, em uma área de 10 hectares. A estratégia adotada foi o plantio das árvores em linhas simples, dispostas em espaçamento de 2,5 metros entre plantas e 8 metros entre linhas. Esse espaçamento foi definido em função do tipo de maquinário disponível na propriedade (conjunto trator + semeadora e, também, pulverizador). A densidade populacional de arvores foi de 500 árvores/ha, o que representa um total de 25% da área, consorciadas com soja (2010) e milho (2011). A estratégia de produção para os 7 primeiros anos de cultivo foi definida conforme o quadro abaixo: Tabela 20 – Estratégia de produção – Fazenda Certeza Ano/safra Cultura Implantação - Abril-Maio/2009 1º ano - 2009/2010 2º ano - 2010/2011 3º ano - 2011/2012 4º ano - 2012/2013 5º ano - 2013/2014 6º ano - 2014/2015 7º ano - 2015/2016 Seringueira (Hevea brasiliensis) Soja-Milheto Soja-Milho Soja-Milheto Soja-Pousio Forrageira (leguminosa) Forrageira (leguminosa) Exploração Látex (Seringueira) Para a implantação desse sistema, foi utilizado realizado pelo produtor com a ajuda de mais um funcionário da propriedade, após colheita de soja/milheto (1ª e 2ª safra). Foi feita apenas a cova para o plantio da muda encima do milheto, e irrigação manual. Apesar dos cuidados, no ano seguinte por falta de irrigação houve falhas na implantação. Foram utilizadas 3 mil mudas produzidas inicialmente em sacos e posteriomente implantadas com perdas mínimas (5%), e 2 mil mudas foram feitas através de raiz nua, onde houve perda de 70%. 90 O maquinário utilizado para a semeadura de soja foi de 11 linhas com tamanho equivalente da colhedoura de 19 pés TC 57 da New Holland. Segundo o produtor, houve 80% de recuperação dos custos de produção nos 4 anos em que foram utilizadas culturas agrícolas, preconizando o não revolvimento do solo. A adubação utilizada foi preferencialmente ao pé do componente florestal. Para o ano/safra 2013/14 utilizou-se também adubação orgânica (esterco) no período de seca. A estimativa de compartilhamento de custos é de 35% para o seringueiro/extrator. A produção média é de 800 gramas/árvore/mês para uma média de 450 árvores produtivas (90%). A um preço de US$ 1,00 o quilo do látex da seringueira, chega-se a uma produtividade e US$ 320,00/hectare/mês durante o período de 9 meses durante cada ano. A seringueira produz em média durante 30 anos. Produtividade A produtividade média da propriedade no ano/safra de 2012/13, para a soja foi de 3.500 kg/ha para a cultura da soja e 5.200 kg/ha para o cultivo do milho. Para a pecuária, o fluxo de entrada e saída de animais ocorre na ocasião da "safra" do boi, sendo escolha do produtor terminação de engorde a pasto suplementado com nutrição mineral. 91 5. RESULTADOS Após determinar as premissas, os conceitos e a metodologia para o levantamento dos dados de custo e receita das produções em integração lavoura-pecuária-floresta nas URTEs foram feitos os primeiros testes da ferramenta gerando-se seis custos de produção considerando os sistemas integrados implementado na Embrapa Agrossilvipastoril, na Fazenda Brasil, na Fazenda Gamada e na Fazenda Dona Isabina. Vale destacar que os todos os dados utilizados foram levantados antes da construção da ferramenta e, por isso, são referentes às safras anteriores e alguns passaram por ajustes para se encaixar na nova metodologia proposta. Além disso, na análise dos resultados de custo tem que se levar em consideração que os dados são em caráter experimentais, que tem por característica áreas pequenas e, em especial na Embrapa, custos administrativos elevados e algumas técnicas não comerciais. Para este primeiro momento se optou em colocar um tratamento com produção agrícola solteira para calibrar a metodologia, uma vez que a maior expertise do grupo é nas produções de soja primeira safra e milho de segunda safra. Para as URTEs situadas nas fazendas Dona Isabina e Brasil os dados inseridos na ferramenta foram para área total do experimento de 100 e 110 hectares, respectivamente. Já para a fazenda Gamada e Embrapa-Sinop a análise de custo foi por tratamento, sendo que para Embrapa-Sinop foram inseridos dados de três tratamentos com características presente na lista abaixo: URTE – Fazenda Brasil – Safra 2012/13 - Lavoura-Floresta – Área 110 hectares; URTE – Fazenda Dona Isabina – Safra 2009/10 – Lavoura-Pecuária – Área 100 hectares; URTE – Fazenda Gamada – Safra 2008/09 – Lavoura-Floresta – Área 5 hectares; URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Corte – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 8 hectares; URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Leite – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 2,9 hectares; URTE – Embrapa Agrossilvipastoril – iLPF Corte – Safra 2013/14 – Lavoura Solteira – Área 4 hectares. Sendo assim, todos os dados de custo com insumos, mão de obra, serviço, maquinários, administrativos, além dos dados produtivos e de receita foram inseridos para estas URTEs para as safras acima listada. 92 5.1- Fazenda iLPF Corte Tratamento 2 – Sinop-MT O relatório gerado para o tratamento 2 do iLPF Corte demonstrou um custo total de R$ 4.726,5/hectare para as duas culturas cultivadas nos 4 hectares na safra 2013/14. Os custos diretos com a produção tiveram participação de 68,9% do total, com destaque para as atividades de adubação e plantio que somaram, entre maquinário, insumo e mão de obra, R$ 1.010,27/ha e R$ 1.220,64/ha, respectivamente. Afim de se avaliar os resultados encontrados nos primeiros números, realizou-se um comparativo entre os resultados encontrados na ferramenta e os custos médios do Imea para mesma safra referentes as produções de soja e milho. Nesse contexto, o custo total para soja e milho médio para a região médio-norte foi de R$ 4.200/ha para uma propriedade típica de 1.500 hectares. Assim, com esse primeiro indicador já começou-se a validar as rotinas criadas neste projeto. Tabela 21 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril – iLPF Corte – Tratamento 2 – Safra 2013/14 – Lavoura Solteira – Área 4 hectares Descrição 1 Custo 1.1 Direto Adubação Adubação Adubação Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Colheita Colheita Correção de Solo Correção de Solo Correção de Solo Dessecação Dessecação Dessecação Plantio Plantio Plantio Total Custo Direto Custo por Hectare Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário 966.00 25.97 18.31 179.99 11.19 13.11 177.50 9.33 13.10 61.94 13.55 13.25 24.67 71.94 250.50 7.49 10.75 144.59 11.19 13.11 1,025.10 36.51 159.04 3,258.08 Participação (%) 20.4% 0.5% 0.4% 3.8% 0.2% 0.3% 3.8% 0.2% 0.3% 1.3% 0.3% 0.3% 0.5% 1.5% 5.3% 0.2% 0.2% 3.1% 0.2% 0.3% 21.7% 0.8% 3.4% 68.9% 93 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Energia Pró Labore Refeição Telefone Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Armazenagem da Produção Impostos Impostos Impostos Transporte da Produção Total Despesa Venda Custo Total Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta 480.4 505.8 986.2 10.2% 10.7% 20.9% Contabilidade Energia Pró Labore Refeição Telefone 4.0 2.4 83.5 23.1 2.4 115.4 0.1% 0.1% 1.8% 0.5% 0.1% 2.4% Juros 113.0 113.0 2.4% 2.4% 46.8 4.8 36.8 102.9 62.4 253.7 4,726.5 1.0% 0.1% 0.8% 2.2% 1.3% 5.4% 100.0% Armazenagem Facs Fethab Funrural Frete Tabela 22 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril – iLPF Corte – Tratamento 2 – Safra 2013/14 – Lavoura Solteira – Área 4 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 4,473.0 144.5 (=) Receita Líquida 4,328.5 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 3,754.2 303.0 2,805.6 645.7 0.0 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 574.2 13% (-) Despesas Administrativas 115.4 94 (-) Despesas com Vendas 109.2 (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) 349.6 8% (-) Depreciação e Amortização 480.8 (=) EBIT (Lajir) Margem (%) (-) Despesas Financeiras (=) EBT (Lair) (131.2) 113.0 (244.2) (-) Impostos sobre Renda (=) Lucro Líquido 0.0 (244.2) Com já relatado no início deste capitulo, por se tratar de uma área experimental e dentro da Embrapa o custo de depreciação foi de R$ 480,40/ha e da mão de obra indireta de R$ 505,08/ha representando juntos 20,9% do total do custo apurado. Em uma realidade com escalas e estrutura administrativa mais dentro da moda do Estado esses custos sofreriam redução. Inclusive, a análise por este ponto de vista é muito relevante, já quando se passa a analisar o lucro da safra, através do Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE – observa-se que no momento que se desconta o custo com depreciação o lucro se torna negativo. Ainda sobre a DRE, a margem do EBITDA, dada pela divisão do próprio EBITDA pela Receita Líquida é de 8%, não ficando fora dos padrões visualizados para as produções agrícolas. Cabe ainda uma observação que, como a venda dos produtos é uma operação fora do mercado não houve a inserção do Imposto de Renda na apuração do Lucro Líquido que foi - R$ 244,20/hectare. 5.2- Fazenda iLPF Corte Tratamento 6 – Sinop-MT Ainda dentro da Embrapa a análise do custo do tratamento 6 no iLPF corte, onde se plantou soja e milho de segunda safra entre as linhas de eucalipto, o custo total na safra 2013/14 ficou em R$ 3.748,70/ha, sendo 21% menor ao do tratamento dois, por ter uma utilização de área menor. Vale destacar também que, dentro deste valor estão os gastos com a condução do eucalipto plantado nos 8 hectares de experimento. Vale destacar que, mais uma vez, os custos indiretos com depreciação e mão de obra obteve uma participação de 26,3%, com um custo de R$ 985,9/hectare. 95 Como envolve os custos da floresta, mesmo estando no mesmo período de tempo e cenário de mercado e macroeconômico do tratamento 2, o EBITDA desse tratamento no iLPF corte foi de –R$ 82,6/ha. Como a análise da viabilidade tem a ótica de geração de valor (longo prazo) para o produtor e não no lucro (curto prazo), tem que se esperar o final do primeiro ciclo da floresta para se fazer a comparação entre os dois sistemas. Tabela 23 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Corte – Tratamento 6 – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 8 hectares Descrição 1 Custo 1.1 Direto Adubação Adubação Adubação Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Colheita Colheita Controle de formigas Controle de formigas Correção de Solo Correção de Solo Correção de Solo Dessecação Dessecação Dessecação Plantio Plantio Plantio Replantio Replantio Total Custo Direto 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Custo por Hectare Participação (%) Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta 661.7 16.5 12.1 123.3 10.6 12.4 121.6 9.0 12.9 53.7 15.5 15.7 22.8 66.5 1.3 1.0 171.6 7.7 11.0 99.0 10.6 12.4 702.2 33.3 145.3 0.7 10.2 2,360.6 17.7% 0.4% 0.3% 3.3% 0.3% 0.3% 3.2% 0.2% 0.3% 1.4% 0.4% 0.4% 0.6% 1.8% 0.0% 0.0% 4.6% 0.2% 0.3% 2.6% 0.3% 0.3% 18.7% 0.9% 3.9% 0.0% 0.3% 63.0% Imobilizado Indireto 480.1 12.8% 96 Mão de Obra Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Pró Labore Refeição Telefone Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Armazenagem da Produção Impostos Impostos Impostos Transporte da Produção Total Despesa Venda Custo Total Mão de Obra Indireta 505.8 13.5% 985.9 26.3% Contabilidade Pró Labore Refeição Telefone 4.0 83.5 23.1 2.4 115.4 0.1% 2.2% 0.6% 0.1% 3.1% Juros 113.0 113.0 3.0% 3.0% 32.1 3.3 25.2 70.5 42.7 173.8 3,748.7 0.9% 0.1% 0.7% 1.9% 1.1% 4.6% 100.0% Armazenagem Facs Fethab Funrural Frete Tabela 24 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - em R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Corte – Tratamento 6 – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 8 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 3,064.0 99.0 (=) Receita Líquida 2,965.0 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 2,857.4 279.3 1,935.1 642.9 0.0 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 107.6 4% (-) Despesas Administrativas 115.4 (-) Despesas com Vendas 74.8 97 (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) (82.6) (-) Depreciação e Amortização 480.8 (=) EBIT (Lajir) Margem (%) (563.4) (-) Despesas Financeiras 113.0 (=) EBT (Lair) (676.4) (-) Impostos sobre Renda 0.0 (=) Lucro Líquido (676.4) 5.3- Fazenda iLPF Leite Tratamento 8 – Sinop-MT O custo total para a URTE situada no iLPF leite em Sinop para a safra 2013/14 se apresentou em R$ 4.454,2/ha, tendo sobre os 2,9 ha eucalipto, silagem de milho e feijão caupi. Neste caso, o efeito da escala pequena nas áreas de experimento se intensifica já que a área total do iLPF leite é menor ainda do que a área total do iLPF corte. Sendo assim, os custos indiretos foram na ordem de R$ 2.021,0/ha, representando 45,4% do custo total. Todavia, como, em especial, o feijão caupi a presentou um preço de mercado de R$ 55,0/saca de 60 kg o lucro líquido para esta parcela do experimento atingiu os R$ 583,5/ha. Tabela 25 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Leite – Tratamento 8 – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 2,9 hectares Custo por Hectare Descrição Participação (%) 1 Custo 1.1 Direto Aplicação de herbicida Insumo 40.8 0.9% Aplicação de herbicida Maquinário 5.3 0.1% Compactação de silagem Mão de obra Direta 25.0 0.6% Compactação de silagem Maquinário 59.6 1.3% Dessecação Insumo 164.9 3.7% Dessecação Mão de obra Direta 9.1 0.2% Dessecação Maquinário 10.7 0.2% 98 Plantio Insumo 1,294.8 29.1% Plantio Mão de obra Direta 40.4 0.9% Plantio Maquinário 119.4 2.7% Silagem Mão de obra Direta 20.5 0.5% Silagem Maquinário 42.6 1.0% Transporte Mão de obra Direta 18.2 0.4% Transporte Maquinário 22.0 0.5% 1,877.9 42.2% 654.6 14.7% 1,366.4 30.7% 2,021.0 45.4% 4.0 0.1% 219.6 4.9% Total Custo Direto 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Contabilidade Energia Energia Refeição Refeição 9.6 0.2% Telefone Telefone 2.4 0.1% 235.6 5.3% 203.9 4.6% 203.9 4.6% 115.8 2.6% 115.8 2.6% 4,454.2 100.0% Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Juros Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Impostos Funrural Total Despesa Venda Custo Total Tabela 26 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - em R$/ha para URTE – Embrapa Agrossilvipastoril iLPF Leite – Tratamento 8 – Safra 2013/14 – Lavoura-Floresta – Área 2,9 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 5,033.9 115.8 (=) Receita Líquida 4,918.1 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) 3,240.3 99 Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 255.6 1,500.5 1,484.2 0.0 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 1,677.8 34% (-) Despesas Administrativas 235.6 (-) Despesas com Vendas (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) 0.0 1,442.2 (-) Depreciação e Amortização 654.8 (=) EBIT (Lajir) Margem (%) 787.4 (-) Despesas Financeiras 203.9 (=) EBT (Lair) 583.5 (-) Impostos sobre Renda (=) Lucro Líquido 0.0 583.5 5.4- Fazenda Dona Isabina – Santa Carmen-MT Já para URTE situada na fazenda Dona Isabina na safra 2009/10 o custo de produção total do sistema lavoura-pecuária foi de R$ 4.425,90/hectare. Para esse sistema vale ressaltar que, assim como para produção solteira de gado de corte, o maior custo da referida safra com a compra de animais magros, que representou 77% do custo total, com valor de R$ 3.412,50/hectare. O valor é referente à compra de 390 bois magros no ano de 2009, quando esse foram adquiridos pelo dono da propriedade. Logo após esse custo, a atividade de semeadura da soja é a que tem a maior representatividade com 7%, atingindo um valor total de R$ 321,30/hectare. Ainda sobre o último valor, sabe-se que a maior parte desse custo se destinou a compra de fertilizantes. Um dos supostos benefícios da integração lavoura-pecuária foi validado nesse experimento nessa safra, pois nos mesmos 100 hectares aonde foram semeados soja e arroz de primeira safra, foi plantado pasto de segunda safra em 2010, no qual se terminou as 390 cabeças de gado adquiridas no ano de 2009. Desta forma, a lotação no período considerado de seca em Mato Grosso foi de 3,9 100 cabeças/hectare sem suplementação, validando esse grande benefício que a integração pode trazer ao pecuarista, principalmente àqueles que se veem em um momento decisivo para realização do investimento em reforma de pastagem. Além disso, como o mercado do boi gordo se mostrou extremamente favorável para venda dos animais em 2010, a margem bruta desse sistema integrado em 100 hectare foi de R$ 3.279,00/hectare, ou 44%, demonstrando-se fora do padrão tanto para pecuária quanto para agricultura. Tabela 27 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Fazenda Dona Isabina – Safra 2009/10 – Lavoura-Pecuária – Área 100 hectares Custo por Hectare Descrição 1 Custo 1.1 Direto Adubação Adubação Alimentação Alimentação Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Colheita Colheita Engorda Sanidade animal Sanidade animal Semeadura Semeadura Total Custo Direto 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Depreciação Pró Labore Insumo Serviço Insumo Mão de Obra Direta Insumo Serviço Insumo Serviço Insumo Serviço Insumo Serviço Insumo Insumo Mão de Obra Direta Insumo Serviço Participação (%) 129.77 3.00 1.29 1.88 23.74 2.00 40.28 4.00 53.28 8.00 37.70 87.84 3,412.50 42.17 3.75 308.30 13.00 4,172.51 2.9% 0.1% 0.0% 0.0% 0.5% 0.0% 0.9% 0.1% 1.1% 0.2% 0.9% 2.0% 77.1% 1.0% 0.1% 7.0% 0.3% 94.3% Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta 2.4 40.8 43.3 0.1% 0.9% 1.0% Contabilidade Imobilizado Administrativo Pró Labore 10.0 0.2% 0.0 0.0% 80.0 1.8% 101 Refeição Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Armazenagem da Produção Impostos Impostos Impostos Impostos Transporte da Produção Total Despesa Venda Custo Total Refeição Juros Armazenagem Facs Fethab Funrural GTA Frete 12.0 102.0 0.3% 2.3% 2.1 2.1 0.0% 0.0% 45.8 8.3 8.3 16.9 4.3 22.5 106.0 4,425.9 1.0% 0.2% 0.2% 0.4% 0.1% 0.5% 2.4% 100.0% Tabela 28 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - em R$/ha para URTE – Fazenda Dona Isabina – Safra 2009/10 – Lavoura-Pecuária – Área 100 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 7,530.0 37.7 (=) Receita Líquida 7,492.3 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 4,213.4 0.0 4,049.0 46.5 117.8 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 3,279.0 44% (-) Despesas Administrativas (-) Despesas com Vendas (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) (-) Depreciação e Amortização (=) EBIT (Lajir) Margem (%) 102.0 68.3 3,108.7 41% 2.5 3,106.2 102 (-) Despesas Financeiras 2.1 (=) EBT (Lair) 3,104.1 (-) Impostos sobre Renda 754.5 (=) Lucro Líquido 2,349.6 5.5- Fazenda Gamada – Nova Canaã do Norte-MT Na fazenda Gamada, na qual se fez a semeadura de arroz entre as linhas de eucalipto na 2008/09, os custos foram bem menores em relação ao demais devido ao tempo. De qualquer forma o custo direto foi de R$ 674,00/hectare e gerou um EBITDA de R$ 186,50/ha. Mais uma vez, um destaque no custo direto é a semeadura da lavoura que somou entre insumos e serviço, no qual estão mão de obra e maquinário, R$ 259,54/ha, registrando uma participação de 32,5% no total. Devido a característica do produto comercializado um ponto com relativo peso no custo total fora dos custos diretos foram as despesas com armazenagem, que atingiu os R$ 49,3/ha, com uma participação no total de 6,2%. Tabela 29 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Fazenda Gamada – Safra 2008/09 – Lavoura-Floresta – Área 5 hectares Custo por Hectare Descrição 1 Custo 1.1 Direto Adubação Adubação Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida aplicação de inseticida aplicação de inseticida Coroamento Dessecação Plantio Plantio Semeadura Semeadura Total Custo Direto 1 Custo Insumo Serviço Insumo Serviço Insumo Serviço Serviço Serviço Insumo Serviço Insumo Serviço Participação (%) 59.9 5.7 50.1 11.3 4.6 4.6 105.3 1.6 104.1 67.2 204.0 55.5 674.0 7.5% 0.7% 6.3% 1.4% 0.6% 0.6% 13.2% 0.2% 13.0% 8.4% 25.5% 7.0% 84.4% 103 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Contabilidade Contabilidade Energia Energia Pró Labore Pró Labore Refeição Refeição Telefone Telefone Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Juros Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Armazenagem da Produção Armazenagem Impostos Funrural Transporte da Produção Frete Total Despesa Venda Custo Total 4.0 0.5% 33.3 4.2% 37.3 4.7% 0.4 0.0 0.4 0.1 0.0 1.0 0.1% 0.0% 0.1% 0.0% 0.0% 0.1% 0.3 0.3 0.0% 0.0% 49.3 22.6 14.5 86.4 799.0 6.2% 2.8% 1.8% 10.8% 100.0% Tabela 30 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - em R$/ha para URTE – Fazenda Gamada – Safra 2008/09 – Lavoura-Floresta – Área 5 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 981.1 22.6 (=) Receita Líquida 958.6 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 707.3 0.0 422.6 33.3 251.4 (=) Lucro Bruto Margem Bruta 251.3 26% (-) Despesas Administrativas 1.0 104 (-) Despesas com Vendas 63.8 (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) 186.5 (-) Depreciação e Amortização 4.0 (=) EBIT (Lajir) Margem (%) 182.4 (-) Despesas Financeiras 0.3 (=) EBT (Lair) 182.1 (-) Impostos sobre Renda 0.0 (=) Lucro Líquido 182.1 5.6- Fazenda Brasil – Nova Xavantina-MT Com a semeadura de soja entre eucalipto a URTE localizada na fazenda Brasil, com 110 ha de experimento, registrou um EBITDA de R$ 283,5/ha para a safra 2012/13. Isso ocorreu devido ao fato de que a receita líquida de R$ 1.942,6/ha superou a soma dos custos com produto vendido com as despesas administrativas e com vendas, que juntos atingiram R$ 1.407,2/ha. Voltando a análise para o relatório de custo, nota-se que a atividade adubação somou entre insumos e serviços terceirizados para a produção de soja R$ 630,1/ha. Esse valor representou 40,6% do valor total, que foi de R$ 1.551,2/ha. Outro ponto interessante, foi a atividade de aplicação inseticida que apresentou um custo de R$ 277,6/ha, tendo assim uma participação de 14,7% no custo total. Este aumento no custo do inseticida ocorreu de maneira generalizada no Estado, já que novas pragas com a helicoverpa ssp. tem prejudicado as lavouras de soja dos produtores. Tabela 31 – Relatório de Custo de produção em R$/ha para URTE – Fazenda Brasil – Safra 2012/13 - Lavoura-Floresta – Área 110 hectares (1993) Custo por Hectare Descrição 1 Custo 1.1 Direto Adubação Adubação Aplicação de fungicida Insumo Serviço Insumo Participação (%) 571.8 58.3 84.3 36.9% 3.8% 5.4% 105 Aplicação de fungicida Aplicação de fungicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de herbicida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Aplicação de inseticida Colheita Irrigação Semeadura Semeadura Total Custo Direto 1 Custo 1.2 Indireto Depreciação Mão de Obra Total Custo Indireto 2 Despesa 2.1 Administrativa Outros Total Despesa Administrativa 2 Despesa 2.2 Financeira Financiamento de Insumos Total Despesa Financeira 2 Despesa 2.3 Venda Armazenagem da Produção Transporte da Produção Total Despesa Venda Custo Total Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Insumo Mão de Obra Direta Maquinário Serviço Mão de Obra Direta Insumo Serviço Imobilizado Indireto Mão de Obra Indireta Outros Juros Armazenagem Frete 0.8 0.1% 12.0 29.8 0.8% 1.9% 0.8 0.1% 11.6 162.3 0.7% 10.5% 4.2 0.3% 61.1 117.8 3.9% 7.6% 14.2 0.9% 87.7 109.2 1,326.1 5.7% 7.0% 85.5% 34.7 2.2% 10.0 0.6% 44.8 2.9% 0.1 0.1 0.0% 0.0% 109.3 109.3 7.0% 7.0% 33.6 37.4 71.0 1,551.2 2.2% 2.4% 4.6% 100.0% Tabela 32 – Relatório de Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE - em R$/ha para URTE – Fazenda Brasil – Safra 2012/13 - Lavoura-Floresta – Área 110 hectares (+) Receita Bruta (-) Impostos sobre Receita Bruta 1,942.6 0.0 106 (=) Receita Líquida 1,942.6 (-) Custo do Produto Vendido (CPV) Maquinário Insumo Mão de Obra Serviço 1,336.1 84.7 936.0 30.0 285.4 (=) Lucro Bruto Margem Bruta (-) Despesas Administrativas (-) Despesas com Vendas (=) EBITDA (Lajida) Margem (%) (-) Depreciação e Amortização 606.5 31% 0.1 71.0 535.4 34.7 (=) EBIT (Lajir) Margem (%) 500.7 (-) Despesas Financeiras 109.3 (=) EBT (Lair) 391.4 (-) Impostos sobre Renda (=) Lucro Líquido 22.3 369.1 107 6. Considerações Finais Aliar aumentos de produção e produtividade com responsabilidade ambiental e promover a redução das desigualdades sociais é o grande desafio para a atividade agropecuária. Modelos alternativos de produção precisam ser desenvolvidos uma vez que as tecnologias disponíveis demonstram relativa incapacidade para a solução desse problema. Nesse sentido, os sistemas integrados de produção podem ser uma alternativa interessante uma vez que esses apresentam, como premissas, sistemas produtivos economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos (Balbino; Barcellos; Stone, 2011). Entretanto, considerando a relativa falta de informação em relação a vários aspectos desses sistemas, em especial, em relação aos seus resultados econômicos, o presente projeto buscou contribuir para essa discussão ao elaborar uma metodologia para avaliação econômica de sistemas integrados de produção. Como destacado, essa iniciativa é uma parceria entre a Embrapa Agrossilvipastoril, o Imea, o Senar e o Sistema Famato, e a perspectiva é que esse projeto seja um projeto de longo prazo, até mesmo em função das características dos sistemas avaliados, que dificultaram a realização de avaliações de viabilidade econômica, pois seriam necessárias muitas extrapolações e estimações o que poderia distorcer os resultados e gerar expectativas viesadas em relação ao desempenho do sistema. Assim, essas questões ficarão para as próximas fases desse projeto. Ainda, e como ficou claro, essa primeira fase apresentou como preocupação o estabelecimento de uma rotina de avaliação assim como a identificação das informações necessárias para a avaliação econômica de sistemas integrados. Entretanto, e dado a falta de informações disponíveis, vários aspectos relacionados à sinergia entre os componentes do sistema ainda não foram avaliados, e esses aspectos também ficarão para as próximas etapas. Contudo, essa perspectiva de avaliação, aliada aos resultados observados indicam que os sistemas integrados apresentam grande potencial uma vez que, em algumas situações, seus resultados econômicos por unidade de área (ha) foram melhores do que os observados para as atividades exclusivas já consolidadas. Todavia, e buscando consolidar uma proposta inicial de avaliação, a análise realizada teve como foco os resultados dos sistemas considerando apenas seu desempenho dentro da porteira. Para que os potenciais benefícios econômicos, sociais e ambientais dos sistemas integrados sejam avaliados, nas fases seguintes desse projeto, novos campos de análise precisarão ser incorporados. Nesse sentido pode-se: i) a possibilidade de geração de trabalho e renda no campo, ii) a 108 potencialidade de redução do avanço da fronteira agrícola - efeito poupa-terra - , ii) o potencial de mitigação de carbono - aumento no teor de matéria orgânica do solo -, iii) a maior eficiência no uso de insumos, - agroquímicos e fertilizantes -, iv) o potencial para a redução de perdas de água e de solo e de redução de emissão de metano pelos animais em pastejo, e também, v) os prováveis ganhos em termos de quantidade e de qualidade de forragem em comparação à pecuária tradicional. Por fim, vale destacar que uma perspectiva de avaliação compreensiva como essa, buscando avaliar as potencialidades de utilização dos sistemas integrados como instrumentos de transformação social representa a implementação das diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal brasileiro nos projetos que têm como prioridade a viabilização de um novo modelo de desenvolvimento para as Regiões do Cerrado e da Amazônia, que são baseados na inclusão social, na redução das desigualdades sócio-econômicas, no respeito à diversidade cultural, na viabilização de atividades econômicas dinâmicas e competitivas que gerem emprego e renda e no uso sustentável dos recursos naturais, com a valorização da biodiversidade e a manutenção do equilíbrio ecológico desse importante patrimônio brasileiro. Dentre esses planos merecem destaque o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da BR-163 - Rodovia CuiabáSantarém - o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu e o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Ademais, a consolidação dessa proposta e a elaboração do modelo de avaliação que contemple os elementos descritos acima seriam fundamentais para todos os agentes envolvidos na atividade agropecuária uma vez que os resultados gerados permitiriam ao Brasil alcançar seus compromissos assumidos perante a comunidade internacional em relação à promoção de uma agricultura sustentável e o aumento da área de sistemas integrados de produção contidos no Plano ABC. 109 Referências Bibliográficas ABRAMOVAY, R. Agricultura, diferenciação social e desempenho econômico. Texto apresentado no seminário Desafios da Pobreza Rural no Brasil, Rio de Janeiro, 30-31 de maio de 2000. ALVARENGA, R. C.; NOCE, M. A. Integração lavoura e pecuária. 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Editores técnicos: Fábio Gelape Faleiro, Austeclinio Lopes de Farias Neto. – Planaltina, DF: Embrapa Cerrados; Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. 1198 p.
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